Viver em comunidade é buscar o bem comum

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano • n° 2082 8 Juazeiro do Piauí Para mim é um motivo de satisfação ajudar as pessoas, me envolver, buscar melhorias para minha família e para comunidade.” É assim que se define a agricultora e Sindicalista Maria do Desterro Gomes, de 58 anos, moradora do Assentamento Salão Dourado, no município de Juazeiro do Piauí. Casada com o agricultor José Sérgio Filho e mãe de sete filhos biológicos e três adotivos, Dona Desterro, como é mais conhecida, assume um papel de liderança quando o assunto é participar e buscar melhorias para sua comunidade. A agricultora conta que na verdade a necessidade foi a primeira motivação para participar e ser voluntária na luta por melhorias para sua comunidade. Ela disse que sempre viveu na região onde está localizado o assentamento Salão Dourado, mas antes morava em uma comunidade chamada Tinguizeiro, onde educação e a saúde na época era precária. No início da década de 90, quando todos os seus filhos já tinham nascidos, a falta de atendimento médico a obrigava ir, sempre que precisava, até a sede de Castelo do Piauí para vacinar ou consultar os filhos. A educação era outra deficiência na comunidade. Vendo seus cinco filhos sem estudar, ela viu que precisava correr atrás, por isso foi até o prefeito do município da época pedir que fosse construída uma escola na localidade, demorou um pouco, mas a comunidade conquistou a escola. Dona Desterro passou em um concurso e começou a trabalhar como agente de saúde, e a partir daí foi se envolvendo, participando e se inteirando das necessidades da comunidade. Quando perdeu o emprego na saúde, ela começou a contribuir na Pastoral da Criança e nesta mesma época se inscreveu para sócia no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, hoje faz parte da diretoria. Ela também atua no núcleo do território da cidadania. Foi a partir de seu trabalho como sindicalista que Dona Desterro conheceu o Programa de Formação e Mobilização Social Para a Convivência com o Semiárido. Hoje ela faz parte da Comissão Permanente Para a Convivência com o Semiárido que ajuda no desenvolvimento dos Programas Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) e Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro – Asa Brasil, que tem como proposta garantir água de qualidade para o consumo e independência Maio/2015 Viver em comunidade é buscar o bem comum

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A história da a agricultora e Sindicalista Maria do Desterro Gomes, de 58 anos, moradora do Assentamento Salão Dourado, no município de Juazeiro do Piauí. Casada com o agricultor José Sérgio Filho e mãe de sete filhos biológicos e três adotivos, Dona Desterro, como é mais conhecida, assume um papel de liderança quando o assunto é participar e buscar melhorias para sua comunidade.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano • n° 20828

Juazeiro do Piauí

“ Para mim é um motivo de satisfação ajudar as pessoas, me envolver, buscar melhorias para minha família e para comunidade.” É assim que se define a agricultora e Sindicalista Maria do Desterro Gomes, de 58 anos, moradora do Assentamento Salão Dourado, no município de Juazeiro do Piauí. Casada com o agricultor José Sérgio Filho e mãe de sete filhos biológicos e três adotivos, Dona Desterro, como é mais conhecida, assume um papel de liderança quando o assunto é participar e buscar melhorias para sua comunidade.

A agricultora conta que na verdade a necessidade foi a primeira motivação para participar e ser voluntária na luta por melhorias para sua comunidade. Ela disse que sempre viveu na região onde está localizado o assentamento Salão Dourado, mas antes morava em uma comunidade chamada Tinguizeiro, onde educação e a saúde na época era precária. No início da década de 90, quando todos os seus filhos já tinham nascidos, a falta de atendimento médico a obrigava ir, sempre que precisava, até a sede de Castelo do Piauí para vacinar ou consultar os filhos. A educação era outra deficiência na comunidade. Vendo seus cinco filhos sem estudar, ela viu que precisava correr atrás, por isso foi até o prefeito do município da época pedir que fosse construída uma escola na localidade, demorou um pouco, mas a comunidade conquistou a escola.

Dona Desterro passou em um concurso e começou a trabalhar como agente de saúde, e a partir daí foi se envolvendo, participando e se inteirando das necessidades da comunidade. Quando perdeu o emprego na saúde, ela começou a contribuir na Pastoral da Criança e nesta mesma época se inscreveu para sócia no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, hoje faz parte da diretoria. Ela também atua no núcleo do território da cidadania. Foi a partir de seu trabalho como sindicalista que Dona Desterro conheceu o Programa de Formação e Mobilização Social Para a Convivência com o Semiárido.

Hoje ela faz parte da Comissão Permanente Para a Convivência com o Semiárido que ajuda no desenvolvimento dos Programas Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) e Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro – Asa Brasil, que tem como proposta garantir água de qualidade para o consumo e independência

Maio/2015

Viver em comunidade é buscar o bem comum

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

alimentar das famílias agricultoras do semiárido, a partir da construção de tecnologias sociais, capacitações e técnicas agrícolas sustentáveis. De forma voluntária ela acompanha as etapas de execução dos Programas no município, junto com as famílias e os técnicos das entidades que os executam, desde a seleção até o momento da entrega da tecnologia.

Dona Desterro conta que por conhecer os benefícios das cisternas sua felicidade foi imensa quando descobriu que sua comunidade poderia ser beneficiada com elas. “Eu sabia que dentro dos critérios os assentamentos não podiam receber esse benefício porque, quando construídos, eles vêm com poços que teoricamente garantiria água para todos, mas na realidade nem sempre é assim”, conta. No Assentamento Salão Dourado, o poço construído não deu evasão de água suficiente para abastecer toda comunidade. Por isso eles foram atrás de conseguir junto à empresa que perfurou o poço um documento que constatava isso, o que possibilitou a comunidade ter acesso às cisternas. Hoje quase todas as 47 famílias do Assentamento possuem água para o consumo humano, e 15 delas foram beneficiadas com a cisterna de 52 mil litros de água, destinada à produção de alimentos.

“Com a chegada da cisterna eu acho que vai melhorar a vida da comunidade, porque muitos deles não produziam porque faltava água, existem também as capacitações, o debate abre muito a mente pra muita coisa, e tem o caráter produtivo que vem incentivar práticas agrícolas que não agridam o solo, e não usa veneno, faz bem para a saúde e para o meio ambiente”

Dona Desterro destaca o conhecimento como item essencial na busca dos direitos sociais e na luta por condições de vida digna. Além de participar, envolver a comunidade é importante porque a união é que faz a força. “Muitas vezes não recebemos o reconhecimento pelo que fazemos, mas isso é o que menos importa. Muitas das conquistas no nosso município tem influência do Sindicato e também o que a gente faz como cidadão, quando vejo as coisas acontecendo a partir das nossas lutas é gratificante, eu me sinto muito realizada”, comenta Dona Desterro.

Realização

Alguns moradores se juntaram para produzire comercializar a produção. Todo o cuidado com a área é feita em grupo, assim como a comercialização, o lucro é dividido entre eles.

A horta comunitária do Assentamento Salão Dourado