VLADIMIR JUROU NUNCA MAIS CALAR-SE

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VLADIMIR JUROU NUNCA MAIS CALAR-SE VICENT VEGA

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Compilação para o 4ºPrémio Literário António Serrano | 1º Classificado

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VLADIMIR JUROU NUNCA MAIS

CALAR-SE

VICENT VEGA

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O que fazes tu enquanto foges da luz? Corres por caminhos lamacentos? Cospes nos homens de lanterna em punho? Acaricias o vulto das sombras? Que fazes tu? Que fazes tu enquanto foges da luz?

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Provavelmente Não há nada errado. É apenas azia passageira, Ilusão de óptica, Ouvidos por limpar, Falta de percepção. Eu não sei. Algo há-de ser. Quando eu tiver a noção, Eu dir-te-ei como lá chegar, Mas se não chegar lá desiste de mim.

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Seria tão bom se errasses de vez em quando. Nem sabes o nem que faria ao meu ego.

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O passado é sempre imperfeito, Mas por mais imperfeito que seja Há sempre momentos perfeitos Que fazem valer a pena Qualquer resto de passado imperfeito.

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Ecos da náusea (Eu deixei de ver o que queria ver, O vento passou e não deixou nada, Nada que se visse, Apenas ecos da náusea Que me preenchem vazios por todo o corpo.) Vladimir não gostou do que viu, Vladimir não gostou do que ouviu, Vladimir despediu-se do mundo E jurou nunca mais voltar. Ninguém, sabe o que aconteceu. Apenas sobrou vazio, silêncio. Ninguém sabe se há amanhã. Vladimir pegou na sua mala, despediu-se do mundo E jurou nunca mais voltar. Do fundo do poço, alguém gritou, Vladimir para onde vais? O que ficou para trás não foi nada mais do que uma cara azul índigo. Vladimir deixou de falar ao mundo, E jurou nunca mais calar-se.

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A Cisma O pássaro da indiferença descansa em paz. Pegou nas suas coisas e remou até a cisma. O seu pai já não lhe fala há cinco anos e ele já não sabia o que fazer consigo. Tudo mudou. Finalmente encontrou um novo sítio par morrer longe, já só lhe basta enterrar a sua cabeça a pensar no vazio que não é o branco. Seja como for é a cisma que o cuida, que o protege do céu nublado que lhe corta as asas.

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Na terra dos homens não se respira. Não se vive, Não se morre, Não se nasce. Na terra dos homens há um menino Que anseia pela realidade muda, De gentes sem voz.

9

Não era suposto trazer algo mau para aqui, Não era suposto eu ter a ambição de sair daqui. Eu só queria ser alguém uma vez mais. Um dia, é só um desejo Ela foi viver para longe. Fez dos seus olhos fechados, moradia. Desvaneceu-se na tundra, na sua pele pálida, branca, com restos de desejo que nunca existiram.

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Marta Marta perdeu o seu vício de vida. Por mais que corra A sua virtude já estava caída. Sua mãe vive numa casa abandonada, Inundada de analgésicos. Já nada importa. Só lhe resta afogar-se no seu mal. O comboio passou E não quis parar. Marta deitou-se no apeadeiro Na espera de eu a ir buscar, Mas eu já estava no comboio Para impedir que o maquinista parasse...

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Passeio sobre a linha do comboio E divirto-me com o meu silêncio… Ando à procura do fim da linha, Para por um fim a tudo o que tenho. Que melhor fim de tarde poderia ter?

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A ignorância Consome-me A ignorância consome-me E a minha estupidez começa a tornar-se exaustiva. Quem nunca viu, foi só porque não quis, Visto que um mais um, ainda são dois. Há quem diga que são coisas impossíveis de controlar. Eu digo, - Não quero controlar! Apenas existem pequenos pormenores, Que prefiro esconder para não me ferir. Não me ferir, não a ferir. É que prefiro isto a nada, E a reacção é bastante previsível.

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Levitar Por instantes deixei de ter contacto com o chão, Plena lufada de ar quente, que me levita Em torno do nada. Será por causa deste gole corrosivo? Acontece que não sei, mas sei que me sinto vivo, E isso, penso que já é alguma coisa. Pela primeira vez, há algo que me excita De forma não clara, abstracta... São estas as incoerências Que me levam além da superfície, Criando tangentes compulsivas Que me levam de novo a roçar o mosaico frio.

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Porta 55 Para lembrar do que fui, Para esquecer a escória que sou, Quero limpar a ardósia Que deixaste escrita. Parto a cabeça ao meio Para cheirar o mofo interior da insanidade. Já tenho o estômago colado às costas de tanta desilusão. Uma vez que todos nascemos das sombras, Experimenta andar com os meus pés, Vais ver como é difícil seguir em frente. Se passares pela porta 55, Diz ao dono da casa: O fim está para breve; A visão anula-se; E o pulso começa a enfraquecer.

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Animal, animal Tudo corre bem. O comboio já passou e a linha ainda estremece. As pessoas ainda olham para a caixa, E ela ainda não se mexeu. O animal continua a esconder-se na sua precipitação, Tentado fugir a cada gota que lhe corta a pele. São as tensões tendenciosas que o assustam, E que o levam às cavernas menos iluminadas. É o seu invulgar preconceito que o põe abaixo, Sempre com a ajuda do cartucho caçador, Que a ameaça de morte a cada segundo passado. O animal é provocado e foge da cerca electrificada. Tu és tu, e não irás mudar. O animal é sangue e tu o caçador. Queima o teu papel para conseguires viver! Queima o teu ego para conseguires ver! Deita a tua caixa fora, Ela não te serve de nada. Deixa de ser o animal que eu sou, Fraco, gélido, incompreendido, energúmeno. Cala a tua voz para te ouvires! Tu não sabes o que dizes.

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Ela olha para mim com desdém Com ar, de quem matou alguém. Deixei cair as chaves que tinha na mão, Corri pela rua a gritar o nome dela Mas as pessoas ignoram-me como se fosse um senil. Dou um murro no peito E deixo de ser quem sou. Dei por mim com os pés na água Quando deviam estar bem assentes na terra O senhor do táxi até foi gentil Por ficar à minha espera. Ando descalço de preconceitos Piso as beatas mal apagadas Dou um murro no peito e deixo de ser quem sou.

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É pelo defeito de ser Quem sou Que me vejo obrigado A me esconder De tudo o que me rodeia, Sem ter que pensar Duas vezes Naquilo que me poderá acontecer.

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19 Pedras O saco já vai pesado, E a sua abertura sempre esteve à vista. Já se contam dezanove pesadas pedras, Que me torturam a coluna. As ultimas cinco, sim as ultimas cinco... Essas sim, Descrevem os maiores vincos da minha coluna. De tão pesadas que essas pedras são. Não me posso queixar. Estas ultimas pedras deram-me importância. Mais do que isso, deram-me a conhecer as importâncias Que me têm definido como importância. Viva ou morta, Assassina ou assassinada. Não me posso queixar, É para essas importâncias que trabalho todos os dias Para corrigir erros passados, Que esganam o fino pescoço do futuro. Quero que as importantes pessoas Que me circundam me matem! Que seja uma morte rápida. Que não provoque dor nem agonia, Que seja à faca fria Se assim o for necessário. Pois é para elas que vivo E é para elas que morro. Que se montem os puzzles, Feitos tal e qual um Mondrian. Só quero acaba-lo Antes de chegar ao cimo do saco. Não quero deixar nenhuma peça por colocar! E mais tarde ou mais cedo, Bem ou mal, elas irão ser colocadas, Tudo a seu tempo.

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É pelo defeito de ser Quem sou Que me vejo obrigado A me esconder De tudo o que me rodeia, Sem ter que pensar Duas vezes Naquilo que me poderá acontecer.

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A tua alegria está pendente Da imagem opaca da tua vida. O ecrã negro e mudo da televisão olhou para ti Com um olhar de satisfação. Ele não queria comer-te viva, Mas a tua alma largou-se à despedida Do seu ser. Eu hoje trago comigo a razão, Razão de ser quem tu queres ser. Vivo ou não, isso não importa Porque um dia, alguém Te trará a resposta A esta realidade nua e crua.

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De pés descalços Faço-me à estrada De pés descalços. Já nem olho para trás Com medo do que possa surgir… Olha bem para mim! Não te esqueças do passado que fui, Amanhã não sei onde estou, Nem sei para onde ir. Já não sei bem quem sou, Apenas sei que procuro quem quero ser. Quero saber quem me amou, Quero saber quem me odiou, Quero saber, os porquês e os para quês Quero saber, o que está para acontecer. Raios partam esta merda! Já nem sei onde ficou a minha queda… A vida corre entre facas e machados Sugerindo uma subtil matança, Enquanto tu ecoas essa dança No meio de perdidos e achados. Julgas ter uma vida de cão, Que te consome cada osso, E cais no erro da solidão Que te leva até ao fundo do poço. Não, isto não te faz parte… Isto não te interessa, Isto é apenas lixo que nos consome até ao fim.

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Os Bichos Os bichos corroem almas ocas Como se fossem pequenos pedaços de madeira, Eles comportam-se de forma inofensiva no seu meio, Mas o ser de duas patas Anseia por lhe por o pé em cima, Como se não fosse nada. Porém, há-de chegar o dia Em que o escaravelho entre pelo ouvido Do tipo de duas patas, E o torture até à exaustão, E eu só espero estar vivo nesse dia Para poder saborear o fim da minha raça, Ou o inicio de uma nova cadeia alimentar. Estando tipos como eu Bem no fim da mesma.

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Agora que o dia findou, Dou por mim de cara lavada e transparente alma, Apenas vagueando por cemitérios de mármore, Onde jazem as cinzas de quem ainda está para vir. Ainda hoje, não sei por onde este corpo andou, Mas sei que, olhando para trás, posso sorrir. Por isso, vou-te dizer: “Quero-te mentir!” Isto é, sem negar aquilo que nunca se passou, Mas seja como for, tudo seria bom Se a dor, não fosse real em tempos passados; Pois, acontece que ela hoje não me queima a pele, E a cabeça volta à independência total.

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O café escoa-se até ao fim da chávena O café escoa-se até ao fundo da chávena Com pernas curtas, que o reduzem até ao seu fundo. Por mais estranho que pareça, Ele gosta, E delicia-se por estar nos lábios de quem o degola. Ele sabe que é um acto irreversível, Mas mergulha pela garganta a dentro, Sem ter medo do escuro, nem do aspecto claustrofóbico Das paredes cavernosas. Pronto. Acabou. Estava um pouco amargo. Mas quem sou eu para dizer quem é ou não amargo? Ainda bem que o café não é droga. Provavelmente teria de ir para uma reabilitação, Teria que admitir que era um drogado. Sim, admitir seria o começo da desintoxicação. É que a verdade custa a subir à superfície, E a mentira veste uma escura toga. Acabo de pedir mais um café.

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Oxalá um dia a memória se cale de uma vez por todas. O seu silêncio, neste momento seria mais consolador. Eu sei que é estranho, mas quero sentir sem memória. É que a sua persistência tende em ferir-me e um dia destes há-de magoar mais alguém.

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As Paredes As paredes são brancas, E eu estou farto de falar para elas. Elas não me respondem! É por isso que vivo um monólogo Partilhado com o betão. As paredes vivem para reflectir o meu tédio sóbrio. As paredes vivem para me ver cair. Mas é certo que é nas paredes que tenho de confiar, Para ver se mais tarde ou mais cedo, Elas não me caiam em cima. O velho lá da rua, voltou a olhar-me com desdém. Ainda não percebi onde é que ele quer chegar. Continuo a ignorá-lo como sempre ignorei, E volto às paredes que me circundam. Se elas ainda me ignoram, isso eu já não sei.

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Real ou irreal? Prefiro ficar por aqui. Eu não posso lá chegar. Porque as nossas vidas são curtas E o meu medo continua a esticar. Estou confuso. Já não sei o que é real ou irreal. Não sei se o homónimo ainda interessa, Mas que se dane isso, Que eu quero é paz interior, e tu não me deixas!

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Vou continuando a sorrir de forma normal Vou continuando a sorrir de forma normal, Sem remorsos de algum dia ter agido mal. Até já desisti do auto-conhecimento, P’ra ver se não caiu Num assassino de bom humor, Que por vezes sente o sabor de cadáveres No seu prato. E é entre estes cadáveres grotescos Que por vezes se juntam Certas angustias, Outrora apagadas, Que neste momento mordem os tornozelos De quem não fazia mais a conta De as encontrar. E é assim que o homem mata Tudo o que mexe em seu torno. E é assim que se vai deliciando Com aortas esmagadas Que em falta de melhor, Escolhem o seu quente adorno.

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Hoje perguntaram-me com quem estava. Eu pensei para comigo. Da maneira como este mundo é, com quem mais eu poderia estar?

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Bonança Chegou a hora da bonança. A tempestade acabou. Finalmente os meus olhos abrem-se perante a escura luz da noite. Ainda meio acabrunhado, Dou-me conta das falácias que me rondam os olhos. É tarde. É tarde, e só agora é que trinco a maçã real, Impingida por alguém sobrenatural, Que teima em não mostrar o verdadeiro rosto. Esse alguém, sabe mostrar-me o caminho, Mas não o faz. Não o faz, e eu não quero saber. Já me dei conta dos passos Que querem que dê E os atrasos que isso me tem causado. É por isso que não tenho passado De um mero peão, Pouco prestável, Que é utilizado apenas em ultimo caso Ou quando o primeiro outorgante precisa de lago meu. Quero deixar de ser quem tenho sido. Talvez a solução passe por ser igual a toda gente, Visto que já só me procuram Para palas secundárias, de importância insignificante. A minha cabeça está feita numa espessa névoa, Que não magoa, nem atordoa, Mas que estremece qualquer orgulho presente no meu rosto. Chega de altruísmos… A tempestade acabou, Chegou a hora da bonança.

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A confusão persiste Acontece que o meu rumo é um abismo giratório, Que roda em torno de ti, Como se de uma translação planetária se tratasse. E não sei porquê, mas escrevo isto ao som De um fumo intenso intravenoso, que me decompõe. A confusão persiste, e não consigo livrar-me dela. Persegue-me para todo o lado, E eu já não sei o que é viver sem ela. Talvez fosse mais saudável, Se não fosse um acérrimo adepto da monogamia…

Mas eu até estou bem assim. Eu sei que isto pode não ser real, Mas as garras já vão fundas, E sinto que o necrotério espera por mim. Eu só queria que não fosses tão surreal!

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Preciso gritar Preciso gritar! Este casulo já não chega para mim, E começo a entrar em asfixia. Que estas pulsações abrandem, Que o sangue estanque, Que o corpo se imobilize, Que tudo pare de andar à roda. Que o tempo pare de vez!

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Causas, razões, eu sei lá… Já não o disfarço. Ela parece não ver e estou aqui tão perto. Eu mostro-lhe aquilo que a minha boca não diz, E ela nem pestaneja. Quero ouvi-la dizer, Mas também não tenho coragem. Prefiro ouvir a totalidade do não, A ouvir um meio-não que é o talvez. Embora não tenha coragem, Tenho uma longa curiosidade Em conhecer a reacção Como se isto nem fosse nada comigo, Ainda assim a minha camuflagem tapa-lhe os olhos, Não deixando, talvez, ver quem eu quero ser De onde venho e para onde vou, As minhas causas, As minhas razões. As razoes dos meus medos. As especulações.

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Caído Há um anjo que paira no meio de nós. É um anjo caído, feito estranho meteoro, Que por dentro de mim segrega algo sem o saber. O seu espírito, vagueia por outros lados Que não este. Embora coexistam em pisos semelhantes, O seu apoio é diferente.

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As cotovias As cotovias, reticentes de si mesmas Corrompem os óleos desnudados, Coerentes dos seus actos e omissões. O seu fastio é notório. Coisas estranhas se passam E o tempo estanca, e o músculo Estala ao som da cãibra. No seu voou picado, Elas buscam o vazio, Fruto do paranormal, o seu velho amigo, o ninguém. As cotovias cospem o seu âmago neutro, Ao encontro de novas experiências, Divagando por entre a matéria que somos. Alguém esta aí? É o que ela quer saber, Tentando chegar ao auge da sua caça; Sente o seu calor, mas não a beija; A sensação é estreme e paralisa-a, Esmagando-a brutalmente.

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Quarto 421 Tenho à minha frente, um tecto Pintado de branco, Que sente a dor de nunca ter sido tocado. Nele, é concreto O desalento produzido Por uma preocupação invulgar. Este tecto não aparece nos mapas, Não é um lugar…

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A tristeza, Merece ser tratada com frieza. Sinto a perna a tremer… Raios partam este sentimento tresloucado Que me deixa sem amparo E sem forças para poder responder A qualquer coisa que me arranhe Este tal espírito pseudo-anarquista Que fluí dentro das minhas veias. Mas sei que assim que as tenha Irei correr ao longo da pista, Que esta dividida a meias com o ódio, Ódio que cria a tal tristeza Que em mim é uma fraqueza…

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Andam por aí uns homens vestidos de negro. Fazem-me ter medo, Disso não guardo segredo… Eles transpiram um tal tédio Que, para o qual não existe remédio. Fujo agora desses homens Por não querer criar nenhum conflito. Mas não sei por onde ando. Estou perdido, E começo a estar aflito.

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Hoje perguntaram-me com quem estava. Eu pensei para comigo. Da maneira como este mundo é, com quem mais eu poderia estar?

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Fecha o livro e volta a abri-lo numa página qualquer Hipócrita! Que mais dizer? Eu sou um reles hipócrita sem rumo, cheio de incertezas. O livro manda escolher um Deus, para que possas entrar no jogo. Se calhar, partir nem era má ideia. Desde que a retaguarda esteja segura, o louco não nos fará mal, nem nos afogará no seu lodo! Ah! Ah! Ah! Deus é o político perfeito! Mata em seu nome, e um dia serás eleito! Erros! Erros! Erros! Uns atrás doutros, comendo o que há por aí; nem a boa vontade os cura. Traz o teu Deus e senta-te para jogar.

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O meu corpo não para de vaguear; A mente anda por um lugar incerto E estou longe Apenas sei que amanhã estarei por perto.

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O vazio não passa de um falso nada, que nos invade o espírito e que nos leva a uma cegueira errónea, impingida por uma visão irreal.

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Hoje já não estou a espera. Já esqueci o dia em que toquei o mar, E agora sei que tudo não passou de erosão, Um pleno desgaste do que nunca fomos. Isto é só mais uma pedra no meu saco. As costas já não me doem. Já só me doem as pernas de tanto correr. Só tenho pena de nunca ter visto a bandeira de meta. Espero que te divirtas no teu carrossel. Pode ser que nos vejamos num dia destes.

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O fumo começa a desaparecer E o cigarro já vai no fim. Começo a ver algum sentido nisto E acho que já posso outra vez nascer. Está a chegar a hora. Hora de nada, Hora de tudo. Hora de fazer algo Que realmente valha a pena. Hoje é dia de Earl Grey. Só por estar aqui Junto a tudo e todos Faz-me sentir bem, Por isso, quero um Earl Grey. O momento vale a pena.