Você já investiu hoje? Não? Então leia as dicas de um expert na área!

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hoje junho 2014 | ano 2 | nº 6 | www.sbn.com.br Você já investiu hoje? Não? Então leia as dicas de um expert na área! ESPECIAL | Conheça a história de um neurocirurgião que foi caminhoneiro PROFISSÃO | Dois mestres falam sobre a hora de suspender o ato cirúrgico POLÍTICA | Neurocirurgião do Piauí quer ser senador em Brasília As perspectivas para 2014 são de baixo crescimento da economia brasileira e alta do dólar. Diante desse cenário, onde aplicar o dinheiro?

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hojejunho 2014 | ano 2 | nº 6 | www.sbn.com.br

Você já investiu hoje? Não? Então leia as dicas de um expert na área!

ESPECIAL | Conheça a história de um neurocirurgião que foi caminhoneiro

PROFISSÃO | Dois mestres falam sobre a hora de suspender o ato cirúrgico

POLÍTICA | Neurocirurgião do Piauí quer ser senador em Brasília

As perspectivas para 2014 são de baixo

crescimento da economia brasileira e

alta do dólar. Diante desse cenário, onde

aplicar o dinheiro?

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Expediente

Presidente: Sebastião Gusmão

Vice-presidente: Jair Raso

Secretário geral: Aluízio Augusto Arantes Junior

Tesoureira: Marise Augusto Fernandes Audi

1º Secretário: Carlos Batista Alves de Souza Filho

Secretário executivo: José Carlos Esteves Veiga

Secretaria Geral:

Rua dos Otoni, 909 - Sala 408 - CEP: 30150-270

Belo Horizonte/MG - Tel.: (31) 3658-3235

Email: [email protected]

Secretaria Permanente:

Rua Abílio Soares, 233 - cj. 143 - Paraíso

CEP 04005-001 - São Paulo/SP

Tel.: (11) 3051-6075 - Email: [email protected]

Reportagem, Redação e Edição:

Fazito Comunicação

Jornalista responsável: Vilma Fazito -

1988/MT JP

Reportagem e Edição: Marina Rodrigues

1900/MT JP

Site: www.fazitocomunicacao.com.br

Índice desta edição: • HCB: referência nacional – pg 04

• O caminho das pedras – pg 08

• Lições de vida – pg 10

• Projeto Pense Bem – pg 11

• Especial: O neurocirurgião viajante – pg 12

• Muito além da neurocirurgia – pg 14

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Um dos destaques desta edição do SBN Hoje é a reportagem sobre o Hos-pital de Câncer de Barretos, um dos maiores centros mundiais de tratamen-to da doença. O idealismo de um gru-po de médicos do interior de São Paulo conseguiu tornar a cidade de Barretos famosa não só por sua Festa do peão boiadeiro, mas também pelo exercício de medicina avançada com foco no tra-tamento e prevenção do câncer. Todos os atendimentos são realizados pelo Serviço Único de Saúde (SUS). O hos-pital conta com doações de importan-tes nomes de nossa música sertaneja.

SBN Hoje entrevista dois médicos com trajetórias interessantes: Dr. War-ley Carvalho da Silva Martins, o ca-minhoneiro que virou médico e o Dr. Wilson Martins, o neurocirurgião que

MENSAGEM DO PRESIDENTE

Gostaria de lembrá-lo de nosso mais importante encontro: o Congresso Brasileiro de Neurocirurgia que será em Curitiba, de 13 a 18 de Setembro.

Serão dois dias de pré-congresso e quatro dias de congresso com a partici-pação de 200 palestrantes nacionais e 30 internacionais.

O presidente do Congresso, Dr. Luis Alencar Borba preparou uma gra-

EDITORIAL

de científica de alto nível que inclui palestras, simpósios e seminários sobre os principais temas da neurocirurgia. Haverá também sessões interativas e uma sala especial para sessões de víde-os.

Como ocorre em todos nossos Con-gressos teremos a entrega dos Prêmios Exercício Profissional, Prêmio Elyseu Paglioli e Prêmio Jovem Neurociru-gião. Não deixe de participar. O regu-lamento dos prêmios encontra-se em nosso site e você pode inscrever seu trabalho até o dia 28 de julho.

A programação social tem como pano de fundo a belíssima Curitiba anunciando a primavera, belo cenário para nosso encontro.

O XXX Congresso marca o fim de nossa gestão e gostaria de encontrá-lo

virou político. Dr. Warley nos conta a luta para se tornar médico e entrar na residência. Dr. Wilson foi governador do Piauí e é candidato ao Senado nas próximas eleições.

Como investir para uma aposentaria tranquila? Quando se aposentar? Para responder a estas perguntas SBN Hoje entrevistou os neurocirurgiões Franci-naldo Lobato Gomes, Ronald Fiuza e Djacir Gurgel de Figueiredo. Eles dão dicas preciosas que podem nos ajudar a trilhar “o caminho das pedras”.

Jair Raso

para um abraço agradecido. Como Pre-sidente da SBN pude comprovar o que já percebia: a grandeza de nossa socie-dade é fruto da generosa participação de cada neurocirurgião brasileiro.

Sebastião Gusmão

Serão dois dias

de pré-congresso e quatro

dias de congresso com

a participação de 200

palestrantes nacionais e

30 internacionais

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Barretos (SP), cidade a 400 quilô-metros da capital, tem vocação para ser grande.

Grande e famosa é a sua Festa do Peão Boiadeiro. Milhares de pessoas, de várias regiões do Brasil, vão para a Festa ver os rodeios e participar dos shows.

Grande e famoso é também o Hospital de Câncer de Barretos, um dos maiores centros mundiais de tra-tamento da doença.

Os números aqui também são em milhares. Somente em 2013, a insti-tuição realizou 620.849 atendimen-tos a 107.944 pacientes. Eles vieram de 1655 cidades do país. Só em exa-mes preventivos, foram 81.965 ma-mografias e 113.168 papanicolaus.

E mais importante: todos os aten-dimentos foram e são realizados to-talmente pelo Serviço Único de Saú-de (SUS).

O HCB de ontemO HCB, inaugurado em 24 de

março de 1962 pelo casal de médi-cos Paulo Prata e Scylla Duarte Prata, era, nessa época, o Hospital São Ju-das Tadeu. Nasceu com intuito de ser um hospital geral. Mas a frequência de casos de câncer em pacientes ma-joritariamente de baixa renda mudou o foco da instituição. Em 1967, pas-sou a ser administrado pela entidade filantrópica Fundação Pio XII e, há 20 anos, ganhou o nome de Hospital de Câncer de Barretos.

No início, a obra contava com apenas quatro médicos: o casal Pra-ta, Miguel Gonçalves e Domingos Boldrini. O trabalho era em tempo integral, com dedicação exclusiva e caixa único.

O HCB de hojeHoje, o hospital possui 260 mé-

dicos com dedicação exclusiva, 3 mil funcionários, 4 mil atendimentos di-ários, uma unidade de cuidados pa-liativos (o embrionário Hospital São Judas Tadeu) e mais duas unidades em Jales (SP) e Porto Velho (RO). É pioneiro em um projeto de preven-ção, que conta com unidades fixas em Juazeiro (BA), Campo Grande (MS) e Fernandópolis (SP), além de pos-suir oito unidades móveis que reali-zam exames preventivos de câncer de

Hospital de Câncer de Barretos

Hospital de Câncer de Barretos se torna referência nacional no tratamento da doença

mama, colo do útero, pele, próstata e boca. Elas percorreram, ano passado, 78.153 km.

Barretos é a única cidade do con-tinente americano a ter um centro de treinamento em cirurgia minima-mente invasiva e robótica IRCAD para aperfeiçoar o trabalho de médi-cos cirurgiões do mundo inteiro. Em 2012, foi inaugurado o Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos, um centro de tratamento completo e temático para facilitar o convívio das crianças e suas famílias com o am-biente hospitalar.

NeurocirurgiaO Departamento de Neurocirur-

gia do Hospital de Câncer de Barre-tos tem, atualmente, cinco neuroci-rurgiões titulares e um fellow. Além do atendimento aos pacientes, a equipe ainda se dedica ao ensino e à pesquisa em neuroncologia. Segundo o chefe do Departamento, o neuroci-rurgião Carlos Afonso Clara são rea-lizadas, por ano, 400 neurocirurgias. O hospital conta com diagnóstico por imagem com 2 RNM, uma delas de 3 teslas e a outra com 1,5 tesla. O

centro cirúrgico tem neuronavegador, microscópio Zeiss de última geração, aspirador ultrassônico e faz procedi-mentos endoscópicos de base de crânio. E, em breve, no novo hospital infantil, haverá uma sala dedicada à neurocirur-gia com RNM intra-operatória.

Os nomes dos pavilhõesO deficit mensal do HCB é de

R$5 milhões. O que eles fazem? Campanhas. Podem ser doações pelo site, de notas fiscais e até projetos de incentivo fiscal para pessoas físicas e jurídicas. E as doações deram resulta-dos. Dezesseis pavilhões de tratamen-tos específicos receberam o nome de seus doadores. Entre eles, está o Pa-vilhão Chitãozinho & Xororó, onde funciona o departamento de Radio-logia. No Pavilhão Sérgio Reis está o laboratório de Patologia Clínica, onde são realizados exames nas áreas de hematologia, bioquímica, micro-biologia, sorologia, fluídos orgânicos, dosagens hormonais, imunologia e marcadores tumorais.

Os 60 leitos para internação ci-rúrgica, que permite acompanhante, ficam nos pavilhões Zezé di Camar-

go & Luciano e Sandy & Junior.

Rick & Renner dão nome ao pavilhão onde funciona a farmácia e no pavilhão Alexandre Pires está a lavanderia, onde são higienizados, por dia, 2.000 quilos de roupa.

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Vista panorâmica do Hospital do Câncer de Barretos

Imagem do prédio antigo

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Hospital de Câncer de BarretosHenrique Prata

A ideia de dar “nome aos bois”, isto é, de nomear os pavilhões com o nome dos artistas que fizeram do-ações, é do diretor do Hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata. E, por incrível que pareça, ele não é médico: é pecuarista. Filho dos fun-dadores da instituição, Paulo e Scylla Prata, Henrique foi, desde os 15 anos, um empreendedor. A vivência com seu avô fazendeiro reforçou esse perfil.

Sua história cruzou-se com a do hospital no final dos anos 1980, quando a instituição passava por difi-culdades. E ele fala sobre aquele mo-mento:

“Meu pai tinha o objetivo de dar um tratamento aos pobres com a mesma igualdade que se dá aos ri-cos. Nesta árdua trajetória, nunca ti-vemos recursos financeiros. Quando compreendi a alma deste projeto e assumi a direção, foi para realizar o sonho do meu pai: transformar nosso hospital em um centro de tratamento com começo, meio e fim, e que ti-vesse foco na prevenção, tratamento e pesquisa. Hoje, temos uma medi-cina personalizada, uma tecnologia de ponta, os melhores profissionais e remédios – fatores que só o serviço privado possuía. Somos uma refe-rência no Brasil, na América Latina e no mundo. Quando entrei nessa fa-mília, tinha 80 colaboradores. Hoje nós estamos com 3 mil. Eu digo nós, porque do porteiro até o médico mais graduado, somos todos iguais, com o mesmo coração, o mesmo semblante, a mesma filosofia, e com a condição de trabalhar numa obra abençoada por Deus”.

Ele comenta, também, sobre a ideia de colocar o nome dos doadores nos pavilhões:

“Assim que assumi a gestão do Hospital, passei a correr atrás de ver-bas, articulando campanhas que mo-tivassem as pessoas a ajudar. Nessa mesma época, eu fazia parte do clube “Os Independentes” (grupo que orga-niza a festa do peão), que estava pon-do em prática uma fórmula vitoriosa de unir shows de cantor sertanejo ao rodeio. Minha cabeça ficava rodando em torno da mesma preocupação: precisava encontrar alguma coisa for-te para chamar a atenção das pessoas. Logo percebi que o jeito mais lógico era encontrar artistas ligados ao meio em que eu e o hospital estávamos in-seridos – no caso, o rural. Com a ade-são da primeira dupla, foi fundamen-tal colocar o nome dos artistas nos pavilhões. São nomes formadores de opiniões, e pessoas importantes cha-mam atenção e motivam as pessoas.”

DepoimentoO cirurgião oncológico Vinicius

Vasquez é o diretor clínico do HCB. Ele é um dos 260 médicos do HCB. Formado pela Faculdade de Medici-na da UNESP em Botucatu, Vinicius está há quase 11 anos no hospital.

Na entrevista que a SBN Hoje fez com ele, o médico falou sobre a missão da instituição: “O trabalho e proposta do HCB podem ser avalia-do por vários aspectos. O primeiro, técnico, é extremamente gratificante, pois o corpo clínico e funcionários têm participado ao longo dos anos de um crescente ganho de qualidade, tecnologia e destaque do hospital. Poder trabalhar em alto nível técnico, ter possibilidade e acesso a tecnolo-gias novas, bons equipamentos para exercer uma boa medicina, é algo in-vejável neste nosso país. Muitos mé-dicos, infelizmente, têm que exercer uma medicina bem longe do ideal ou do que gostariam. Considero-me pri-vilegiado em poder praticar uma me-

dicina boa, com acesso a tratamentos e técnicas modernas. O envolvimento em ensino e pesquisa, principalmente nos últimos anos, trouxe também um tremendo ganho. Ganho na qualifi-cação do corpo clínico e dos colabo-radores, além da criação e desenvol-vimento de massa crítica. E, ainda, a participação ativa como centro espe-cializado, não só em tratamento do câncer, mas no ensino, descoberta e inovação na área. No plano social, o HCB tem méritos inegáveis de ofere-cer, a quem necessita, uma boa me-dicina em oncologia, sem cobrar por isso nem oferecer privilégios a qual-quer grupo de pacientes”.

E completa: “O que mais me emociona no hospital é poder, dentro de minha rotina profissional, mesmo quando não penso no assunto, saber que estou fazendo a diferença para quem eu atendo. Estou ajudando as pessoas, sem diferença social, sem precisar cobrar para tratar. Sentir a gratidão dos pacientes e suas famílias é algo tocante.”

Saiba maisHospital de Câncer de Barretoswww.hcancerbarretos.com.br www.facebook.com.br/hcancer-

barretos

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O diretor do HCB Henrique Prata

A ala Chitãozinho & Xororó.

Alas com nomes de duplas sertanejas

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XXX Congresso Brasileiro de Neurocirurgia

O XXX Congresso Brasileiro de Neurocirurgia será realizado de 13 a 18 de setembro, em Curitiba, no Pa-raná.

Na programação dos dois dias de pré-congresso e quatro dias de con-gresso, está prevista a participação de 200 palestrantes nacionais e 30 inter-nacionais.

Durante o pré-congresso, nos dias 13 e 14, serão realizados, entre ou-tros, os cursos “Abordagens Cirúrgi-cas aos Meningiomas”, por Ossama Al Mefty, e o “Simpósio AOSpine: Conceitos Atuais em Tumores da Co-luna Vertebral e Medula Espinhal”.

Segundo o presidente do evento, Luis Alencar Biurrum Borba, além de simpósios e seminários com temas importantes da neurocirurgia em coluna, tumores, vascular, pediatria, funcional, nervo periférico e trauma, haverá sessões interativas e uma sala especial para sessões de vídeos em HD.

PrêmiosOutro destaque da programação é

a entrega de três prêmios.O Prêmio SBN Exercício Profis-

sional será concedido para contem-plar Membros Titulares e efetivos da SBN. Serão outorgados, pela banca, três trabalhos. Dez temas foram in-dicados no edital que está postado no site da SBN. A premiação será em livros científicos. Todos os trabalhos, em todos os prêmios deverão ser es-critos em português.

O Prêmio Elyseu Paglioli será para trabalho original, experimen-tal ou clínico, sobre o tema ‘’Novas Técnicas e Aquisições em Neuroci-rurgia’’, que não tenha sido publica-do ou apresentado em congressos. A premiação será em forma de patrocí-nio na participação de congresso da especialidade. Poderá também haver uma Menção Honrosa para trabalhos considerados de qualificação elevada mesmo que não tenham se classifica-do em primeiro lugar.

E o Prêmio Jovem Neurocirurgião é para trabalho experimental ou clíni-co publicado, no prelo ou submetido à publicação no período de gestão da Diretoria da SBN em exercício, em periódico nacional ou internacional. O autor principal deverá ter nascido a partir de 1979, isto é, ter 35 anos. O prêmio será em material cirúrgico.

A data para apresentar os traba-lhos é até o dia 28 de julho.

O valor dos prêmios varia de 1000 a 2500 dólares, dependendo da categoria e da colocação. E mais: os

trabalhos escolhidos serão postados no site da SBN.

Links dos Prêmios

http://www.sbn.com.br/upload/Pre-mio_Ex_Profissional.pdf

http://www.sbn.com.br/upload/Pre-mio_Elyseu_Paglioli.pdf

http://www.sbn.com.br/upload/Pre-mio_Jovem_Neurocirurgiao.pdf

Sobre o XXX Congressowww.neurocirurgia2014.com.br

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Os prêmios do XXX Congresso Brasileiro de Neurocirurgia

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Investimento

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O Caminho das PedrasAs perspectivas para 2014 são de bai-

xo crescimento da economia brasileira, alta do dólar por causa da queda dos estí-mulos à economia norte-americana, crise nos países do euro e a incerteza tradicio-nal da época de eleições presidenciais.

Diante desse cenário, onde aplicar o dinheiro?

Bom, quem responde a essa pergunta e outras feitas pela SBN Hoje é o neuroci-rurgião, analista e investidor do mercado financeiro, Francinaldo Lobato Gomes. Quem participou do XVI Congresso Bra-sileiro de Atualização em Neurocirurgia, realizado em setembro de 2013, em Belo Horizonte, conheceu Francinaldo. Ele fez várias palestras sobre o mercado financei-ro.

Qual o povo que mais investe no mundo? Por quê?

O povo que mais investe, pelo me-nos quando falamos de investimento em ações, é o povo americano. Cerca de 60% dos americanos investem em ações, en-quanto no Brasil apenas cerca de 0,3% da população possui este tipo de inves-timento. Há várias razões para esta dife-rença. Dentre elas, destacam-se a baixa taxa de juros da economia americana, o que estimula as pessoas a buscarem in-vestimentos mais rentáveis; a presença de uma bolsa de valores já consolidada e com mais de um século de tradição, por-tanto já incorporada na vida das pessoas; grande variedade de empresas de capital aberto (empresas cujas ações são nego-ciadas em bolsa de valores), permitindo mais liberdade de escolha por parte dos investidores. Vale ressaltar que, em 2010, a bolsa de valores de São Paulo (BMF & Bovespa) iniciou uma campanha chama-da “Quer ser sócio?”, protagonizada por Edson Arantes do Nascimento (Pelé), com o objetivo de atrair mais investidores pessoas físicas para o mercado de ações. Além disso, no site da BMF & Bovespa (www.bovespa.com.br), existem informa-ções e cursos para aqueles que desejarem obter conhecimento e iniciar investimen-tos em ações.

Nós, brasileiros, somos receptivos a investir ou temerosos?

É muito importante frisar que inves-tir requer coragem para assumir riscos, atitude para sair da zona de conforto e dedicação para buscar a melhor rentabili-dade e, assim, multiplicar o patrimônio. Não é à toa que poucos conseguem tal

feito. Investir significa fazer uso inteli-gente dos juros compostos ao longo do tempo. O brasileiro, em geral, é receptivo à ideia de investir, mas costuma ser teme-roso quando chega a hora de colocar em prática o investimento. Em geral, a pro-porção de brasileiros que investe é muito pequena se comparada à de outros países. Aliás, antes de investir é preciso poupar e o brasileiro, tradicionalmente, não é pou-pador. Há várias razões que contribuem para este comportamento.

1) Falta de informação.Este é o fator mais importante. To-

dos nós tememos aquilo que não conhe-cemos. Infelizmente, educação financeira ainda não faz parte do currículo escolar na grande maioria das escolas brasileiras. Um exemplo da falta de informação pode ser visto olhando-se o comportamento das classes sociais no Brasil. As pessoas pertencentes à classe C, na grande maio-ria, costumam comprar bens considera-dos passivos (que geram custos ao invés de lucro, como televisão, carro popular) por não terem qualquer tipo de informa-ção sobre finanças. Já as pessoas perten-centes à classe B costumam comprar bens passivos achando que os mesmos são ati-vos (que geram lucro ao invés de custos). Um exemplo seria trocar um carro popu-lar por um importado ou mesmo mudar para um apartamento maior sem que haja real necessidade. Por fim, as pessoas da classe A, com maior nível de informação, quase que inteiramente, compram bens ativos (que geram lucro) como ações, tí-tulos, fatias de empresas etc. Isso mostra claramente como a falta de informação pode fazer com que as pessoas desperdi-cem boas possibilidades.

2) Falta de planejamento.Para alcançar a saúde financeira é

preciso ter um planejamento estratégico com relação a finanças. Este planejamen-to deve abranger metas de curto, médio e longo prazo. Por exemplo, fazer uma via-gem de férias é uma meta de curto prazo; comprar ou trocar de carro ou de aparta-mento são metas de médio prazo e pagar a faculdade dos filhos (quando eles ainda estão pequenos) e programar a aposenta-doria são metas de longo prazo. Para cada uma destas metas, existe um planejamen-to financeiro próprio a ser seguido.

3) Impaciência.Conquistar a saúde financeira deve

fazer parte de um projeto de vida. É algo

que não se consegue da noite para o dia (a não ser que se ganhe na loteria ou que se descubra ter herdado uma fortuna). Por-tanto, é preciso ter paciência para esperar que as sementes plantadas hoje tornem-se árvores frutíferas no futuro.

4) Falta de disciplina.Para alcançar a saúde financeira é pre-

ciso ter disciplina para estudar, para pou-par e para investir. Isso porque, durante o processo de construção da riqueza, sur-girão muitas dificuldades que tendem a fazer com que vocês se desviem do cami-nho. A pressão pelo consumo exagerado que vemos diariamente na mídia é um exemplo. Não é fácil resistir à tentação de comprar, comprar e comprar. As pessoas costumam comprar coisas que elas não precisam com o dinheiro que elas não têm. E acabam por assumir dívidas des-necessárias, ainda tendo que pagar juros. É preciso ter disciplina para quebrar este círculo vicioso de trabalhar para pagar contas. É preciso trabalhar para seu pró-prio enriquecimento.

Quem investe mais: homens ou mu-lheres? Jovens?

Aqui, novamente, os dados disponíveis vêm do mercado de ações. Não há dados sobre a média de idade das mulheres investi-doras. Em 2007, as mulheres representavam cerca de 10% dos investidores na bolsa de valores. Hoje, as mulheres já somam 25% do total. O mais interessante é que, mesmo em 2011, ano de crise na bolsa, quando muitos investidores abandonaram suas aplicações, as mulheres ampliaram seu espaço. Isso mostra que as mulheres estão, cada vez mais, perce-bendo a importância de cuidarem bem do dinheiro que ganham e de que há necessi-dade de buscar investimentos mais rentá-

Francinaldo Lobato Gomes

Os conselhos de um expert na área de investimentos

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Investimentoveis. Além disso, esses dados mostram que as mulheres são menos emotivas com relação aos investimentos, que elas pensam no lon-go prazo e não saem correndo no primeiro susto.

O risco é inerente ao investimento?Sim, cada tipo de investimento tem um

risco. E este risco é proporcional ao retorno que se espera do investimento. Apenas a tí-tulo de informação, quando se fala em in-vestimento, a palavra risco significa variação, tanto para o ganho quanto para a perda. Em anexo está um gráfico que mostra a relação retorno/risco de diferentes tipos de investi-mentos. Observem que os investimentos de baixo risco (títulos públicos, fundos de ren-da fixa) apresentam também baixo retorno (ganho) ao longo do tempo. Por outro lado, investimentos em renda variável (ações, fun-dos de ações) apresentam risco e retorno maiores.

E, por fim, o tipo de investimento que pode gerar o maior retorno, mas que tam-bém tem maior risco, é o negócio próprio. E isto é de extrema importância para nós médicos, porque nosso consultório ou clíni-ca são negócios próprios. Grande parte dos colegas médicos, quando decide montar um consultório ou uma clínica, desconhece este aspecto e, muitas vezes, acaba tendo prejuí-zo. Uma das palestras que faço para os mé-dicos pelo Brasil (e também o título do meu próximo livro que deverá ser lançado em setembro deste ano) chama-se “Finanças no Consultório: Consultório + Conhecimen-to + Planejamento + Dedicação = Lucro”. Nesta palestra, eu mostro aos colegas como gerenciar de forma adequada as finanças para garantir a sobrevivência do consultório e ob-ter lucro.

O Sr. conhece o mercado de trabalho para os neurocirurgiões. Salários e be-nefícios. Qual o principal conselho que daria aos jovens que estão iniciando a carreira? Por quê?

O principal conselho que dou aos co-legas em início de carreira é para que eles construam uma boa reputação e cuidem desta reputação. Ao contrário do que se pode pensar, a maior parte do ganho do neuroci-rurgião (e dos médicos de uma forma geral) não vem da formação, mas sim da reputação construída ao longo do tempo. Por mais que o neurocirurgião tenha uma ótima forma-ção e um consultório luxuoso, no começo da carreira ele não deve esperar nem buscar retornos tão altos. Um erro muito comum cometido pelos jovens neurocirurgiões em início de carreira é tomar como exemplo o padrão de vida dos neurocirurgiões mais an-tigos, usualmente seus mestres e professores. E eles se esquecem de levar em conta o cami-nho percorrido ao longo de anos para que os neurocirurgiões mais antigos conquistassem

a reputação que têm hoje. Assim, muitos jovens neurocirurgiões em início de carreira acabam por prio-rizar o ganho ao invés do investi-mento em formação e qualifica-ção. A princípio, isso parece bom, mas com o tempo, sem construir sua reputação, este neurocirurgião ficará à margem do mercado de trabalho.

E para quem está com 50 anos?

Para os colegas neurocirur-giões com 50 anos de idade ou mais, aconselho que começassem, o quanto antes, a construir um patrimônio que lhes proporcione a independência fi-nanceira. Isto porque eles terão que parar de trabalhar um dia, seja por vontade própria ou não, e terão que tirar dinheiro de algum lugar para manter um padrão digno de vida. E não dá para deixar o futuro nas mãos do governo, uma vez que não há nenhum plano de aposentadoria diferenciado para os médi-cos. Tampouco, pode-se deixar o futuro nas mãos dos filhos, pois pode comprometer o futuro deles. Assim, cabe a cada neurocirur-gião começar, o quanto antes, a construir um patrimônio que sirva de fonte de renda futu-ra para quando ele não mais puder trabalhar. Usando a frase presente na música “Eu nasci há dez mil anos atrás”, do finado cantor e compositor Raul Seixas: “Quando todos praguejavam contra o frio, eu fiz a cama na varanda”. Quero convidar todos os leitores a começarem, desde já, a preparar a cama, porque o frio vai chegar.

Especialistas da área enfatizam que investimento deve ser o “dízimo” dos ganhos. O que acha disso?

Sou plenamente de acordo. Na minha opinião, desde criança o brasileiro deveria ser orientado (pelos pais) a fazer o dinheiro tra-balhar a seu favor. Assim, pelo menos 10% de tudo aquilo que se ganha deveria ser usa-do para construir o fundo de independên-cia financeira, isto é, deveria ser investido. Na fórmula dos juros compostos, o único fator que está no expoente é o tempo. As-sim, quanto mais cedo uma pessoa começar a investir, mais seu patrimônio aumentará como resultado da ação dos juros compostos ao longo do tempo. Só para exemplificar, eu (como a imensa maioria dos brasileiros) não recebi educação financeira nem na família, nem na escola ou na faculdade. Aprendi a cuidar bem do dinheiro quando tinha 30 anos de idade, após ter passado por sérias dificuldades financeiras enquanto ainda era residente de neurocirurgia. Como resultado da educação financeira adquirida, comecei a construir e multiplicar um patrimônio que, quando eu tiver por volta dos 45 anos de idade, será capaz de me proporcionar a inde-

pendência financeira. A partir deste momen-to, pretendo trabalhar por gosto e não mais por necessidade. E o mais importante foi que eu passei todo esse conhecimento para a minha filha quando ela tinha 15 anos. As-sim, ela deverá conquistar a independência financeira em idade bem mais jovem, por-que ela terá mais tempo para fazer o dinheiro trabalhar para ela.

As perspectivas da economia para 2014 são de baixo crescimento no Brasil e fora daqui. Realmente é este o cenário? O Sr. faria outras observações?

Ao que tudo indica, este deve, sim, ser o cenário econômico para 2014 e talvez até para os anos subsequentes. Particularmente no Brasil, os dados econômicos mostram que o país está caminhando para um cenário de estagflação, com diminuição das ativida-des econômicas e aumento dos índices de desemprego (estagnação), além de inflação alta. No entanto, perspectivas são apenas perspectivas. O mais importante é que, num cenário de incertezas e de crises, costumam surgir ótimas oportunidades de ganhos para os investidores mais aptos e criativos. Por-tanto, todos nós devemos acompanhar de perto o desenrolar dos fatos e devemos estar preparados para aproveitar as oportunidades que irão surgir, procurando formas inteli-gentes de obter ganhos mesmo num cenário economicamente desfavorável.

Sobre o autorFrancinaldo Lobato Gomes é médico e

mestre em neurociências pela Universidade Federal do Pará. É neurocirurgião especia-lista em neurocirurgia funcional e epilepsia pela Universidade Federal de São Paulo. Atua como investidor autônomo no merca-do de ações desde 2007, tendo feito cursos sobre o mercado financeiro, análise técnica, mercado à vista e mercado de opções. É au-tor do livro Bolsa de Valores para Médicos (Editora DOC, 2012, www.editoradoc.com.br) e escritor da coluna Finanças da Revista DOC (ambos em parceria com o também neurocirurgião Francisco Vaz Guimarães). Contatos: [email protected]

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Mudança

Lições de Vida “O tempo só anda de ida”

Manoel de Barros

As reportagens O caminho das Pedras e esta estão “linkadas” ao eixo que move a vida: o tempo. Mais do que ninguém, os médicos têm no tempo ora um aliado, ora um inimi-go. Eles precisam de tempo, muito tempo para se preparar na profissão, alcançar experiência e maturidade. E nessa busca de excelência, o tempo...passa.

Na reportagem anterior, Franci-naldo mostrou o “caminho das pe-dras” na área de investimentos. São conselhos para garantir, com tempo, uma aposentadoria mais tranquila.

E no caminho da ap sentadoria de um cirurgião, outra decisão inadi-ável: a hora de parar o ato cirúrgico.

Dois neurocirurgiões, mestres em sua profissão, dão aqui seus depoi-mentos. A passagem do tempo foi, para eles, assimilada de maneira posi-tiva, proporcionando uma reorgani-zação de vida.

O neurocirurgião Ronald Fiuza se formou em Medicina pela UFMG, em 1970. Fez residência na Santa Casa de Belo Horizonte em Neuro-logia e Neurocirurgia, que, naquela época, eram juntas e isso foi impor-tante para a opção futura. Fez, ainda, uma extensão de um ano e meio em Munique. Quando voltou, montou a Clínica Neurológica de Joinville (SC), que contém hoje 22 especia-listas na área. Seu foco sempre foi a Neurocirurgia Geral.

Veja a entrevista com Ronald Fiu-za:

Quando o Sr. parou de realizar as cirurgias?

Com 30 anos de formado e 55 de idade, passei a dedicar-me mais à ci-rurgia da dor e, finalmente, à clínica de dor, com ênfase em cefaleia.

Porque parou?Aos 50 anos, dei uma pausa na

Medicina, quando fui Secretário de Estado da Saúde de Santa Catarina.

Naquele tempo, refleti que queria exercer a Medicina enquanto tivesse forças e que a Neurocirurgia se tor-naria difícil depois de determinada idade (pelo menos para a maioria das pessoas). Como eu tinha formação básica também em Neurologia, a coi-sa foi evoluindo.

Como se preparou psicologi-camente para este momento?

Foi aos poucos. Fui aumentando a atividade clínica e diminuindo a atividade cirúrgica. Tive, na mesma época, muita atividade administrati-va e política, como na administração de minha clínica e na presidência da SBN. Foi suave.

E financeiramente?Trabalhar em grupo ajudou mui-

to. Pude fazer a transição mantendo meus honorários médicos.

Que conselho daria aos jovens em relação à aposentadoria?

Os jovens devem, antes de tudo, realizar seu sonho: ser um neuroci-rurgião vitorioso. Alcançado isto, ele pode abrir-se para outros sonhos e, aí, a imaginação é o limite.

Djacir Gurgel de Figueiredo tem 84 anos. Nasceu em Limoeiro do Norte, no Ceará, e se formou na Fa-culdade de Medicina da Universida-de Federal do Ceará, em 1955.

A residência foi no Instituto de Neurocirurgia de Porto Alegre e, depois, no Service of Neurosurgery--College of Physicians and Surge-ons- Columbia-Presbyterian Medical Center - New York - USA. Aposen-tou-se como professor de Neuroci-rurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.

Há três anos, deixou a função de cirurgião principal e, agora, partici-pa dos procedimentos como auxiliar do filho, o neurocirurgião Daniel Fi-gueiredo.

Djacir foi também enfático na hora de falar sobre o momento de pa-rar o ato cirúrgico:

“Creio que o cirurgião deve parar por uma das seguintes razões: a) per-da ou redução da habilidade manual; b) incapacidade mental de exercer o ato cirúrgico; c) desejo de não mais se submeter ao estresse que envolve a re-alização de intervenções neurocirúr-gicas. No meu caso, a razão foi a letra C. Não tive problemas psicológicos, mesmo porque, continuo participan-do de cirurgias.” E completou: “O as-pecto financeiro é relevante, porque há mesmo uma redução e, para isso, o neurocirurgião, como qualquer ou-tro profissional, deve se preparar para ter aposentadoria compatível e com alguma reserva”.

Ronald Fiuza

Djacir Gurgel

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Projeto Pense Bem

Projeto Pense Bem cresce e se expandeO Projeto Pense Bem foi criado

em 1995. Cresceu e evoluiu em suas propostas.

Paulatinamente, o alerta dos peri-gos dos traumas causados por aciden-tes vem sendo repassado a crianças e jovens. A SBN Hoje já documentou, em suas edições de março, junho e dezembro do ano passado, eventos que ocorreram em Natal, Recife, Dis-trito Federal, Sobral e Taubaté, no Vale do Paraíba. Na edição de dezem-bro, inclusive, uma das reportagens foi sobre o Projeto Crescer Seguro, inspirado no Pense Bem e realizado em Botucatu (SP).

O registro mais recente do Pro-jeto foi em Fortaleza, no Ceará. Os acadêmicos da Liga Cearense de Neurologia e Neurocirurgia (LI-CENNE), que congrega os alunos das quatro Faculdades de Medicina de Fortaleza (Universidade Federal do Ceará, Universidade Estadual do Ceará, Unichristus e Unifor) e está sob a supervisão do professor e neu-rocirurgião Carlos Eduardo Jucá, se uniram nessa proposta. As ações de conscientização e divulgação das in-formações foram realizadas nos dias

13 e 14 de março. Na primeira etapa do programa, os alunos da LICEN-NE apresentaram as orientações e distribuíram o material para os alu-nos do Ensino Fundamental da Esco-la 7 de Setembro. Depois, eles foram para a Praça Jacarey fazer o corpo a corpo com a comunidade. Além da aferição de pressão arterial, a equipe conversou com os pedestres e distri-buiu cartilhas.

Os próximos passosOs planos imediatos para o Pense

Bem é mobilizar as Sociedades Re-gionais e Estaduais de Neurocirurgia, de forma que haja um representante em cada estado brasileiro que desen-volva as ações do programa em seu respectivo estado e congregue novos neurocirurgiões como multiplicado-res.

O neurocirurgião Cármine Por-celli Salvarani é da equipe de Coor-denação Pense Bem/SBN. Ele parti-cipou do evento em Fortaleza e falou sobre a atuação das Ligas: “As Ligas Acadêmicas, sempre coordenadas por um neurocirurgião, têm papel funda-mental na divulgação e implantação do Pense Bem. Esta atividade insere

o aluno de Medicina na comunidade, estabelecendo uma relação de lide-rança, fundamental da formação do médico brasileiro. O neurotrauma é a principal causa de mortes entre as pessoas vítimas de trauma, principal-mente entre crianças, adolescentes e jovens. Acredito que o desenvolvi-mento social e cultural só se estabe-lece através de processos educativos, que devem ser iniciados desde a in-fância. Assim, a mensagem do Pense Bem é capaz de transformar a socie-dade de uma forma eficaz e duradou-ra”.

Cárrmine comentou, também, sobre os resultados das campanhas: “Medir o impacto do programa, ba-seado em estatísticas populacionais, é muito difícil. Até o momento, o único estudo da medida do impacto do Programa Pense Bem, voltado à prevenção de acidentes de trânsito, se deu em Maringá, cidade do inte-rior do Paraná. O estudo resultou em uma tese de doutorado que pode ser acessada no link http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17137/tde-01042007-105437/pt-br.php

Projeto Pense BemFundador: Otacílio Moreira GuimarãesCoordenadores Nacionais: Cármine Porcelli Salvarani, Marise Audi e Modesto Cerioni Jr.O neurocirurgião Cármine Porcelli Salvarani e os acadêmicos da LICENNE

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Especial

A longa história de um neurocirurgião viajante

A iniciativa revela um traço mar-cante na personalidade desse R2 em neurocirurgia da Santa Casa em Belo Horizonte: a emoção. Com a mesma intensidade, ele é persistente. E foi essa qualidade que levou o menino - que ti-nha o pai como dono de um bar e a mãe, costureira - a perseguir um sonho e conquistá-lo.

A história começa em 1985. Nessa época, Warley trabalhava em uma ser-ralheria e tinha 12 anos. Um cisto na testa o levou a procurar atendimento médico. Um diálogo curto com o ci-rurgião que extirpou o nódulo deter-minou, naquele momento, o seu futu-ro:

- Doutor, quando eu crescer quero ser cirurgião!

- É, mas para você conseguir isto vai ter que estudar muito!

Pronto. Estava criado o desafio. Bom aluno e com gosto pelas exatas, percebeu que só economizando iria conseguir estudar e se preparar para

Ele se chama Warley Carvalho da Silva Martins. Mas o sobrenome que consta na certidão de nascimento é somente o Martins. Então, o que aconteceu? Simples: ao invés da mulher, foi Warley quem adotou o Carvalho

da Silva em homenagem à família da esposa.

o curso de Medicina. Abriu três con-tas em um banco e juntou o que pode. Mas no dia 16 de março de 1990, o Pla-no Collor atrasou seu sonho. Tudo que tinha economizado foi confiscado.

Não desanimou. Warley não é dado à autocompaixão. Seguiu em frente na serralheria, adiando, mas nunca se esquecendo do sonho de ser médico. Abriu, juntamente com três sócios, uma empresa de programação de sof-tware. Deixou a empresa um ano e meio depois e, mais uma vez, se viu “sem chão”. Mas por pouco tempo. Uma nova etapa em sua vida ia come-çar em breve.

Seguiu em frente

na serralheria,

adiando, mas nunca

se esquecendo do

sonho de ser médico.

““ ““

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Warley na Santa Casa onde faz residência

O casal Warley e Dayse no dia do casamento e o padrinho Sebastião Gusmão

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EspecialCaminhoneiroJeremias e Sebastião eram vizi-

nhos da família Martins. E amigos. Eles foram trabalhar na Empresa Transcapuxin, que faz transporte ro-doviário de cargas.E levaram Warley. Lá, o futuro médico começou como ajudante de mecânico.

Logo depois, já ia buscar carros no Rio de Janeiro. Em 1994, com planos de aumentar a poupança, tor-nou-se caminhoneiro. O fundador da empresa, José Orlando de Carva-lho, lembra-se de Warley: “Correto, honesto, trabalhador e obstinado. Muito obstinado. Sempre dizia que, enquanto precisasse, continuaria na-quela vida, mas o que queria mesmo era ser médico. E ele conseguiu, por-que só conquista aquele que almeja”.

Depois da Transcapuxim, ele foi trabalhar na mesma função na Aline Transportes Ltda, que era do irmão de José Orlando. Ganhou as estra-das. O trajeto era longo: saía de Belo Horizonte para Belém com cargas da Belgo Mineira e voltava com madei-ra carregada em Ilianópolis, no Pará. Noite e dia, o moço fez esse trajeto na boleia de um caminhão. Noite e dia, por quase oito anos, o último já em outra empresa e, dessa vez, circu-lando só pela região da Grande BH.

Nessas idas e vindas e diante de uma proposta de ser dono de seu pró-prio caminhão, a vida cobrou a pro-messa e ele decidiu que não iria mais adiar seu sonho.

Mochila amarelaWarley largou o volante e, em

2001, entrou em um cursinho para o vestibular de Medicina da UFMG. Foi lá que conheceu sua futura espo-sa. Dayse se preparava para o vestibu-lar de Química. Hoje, é professora da especialidade na UFMG. Ela notou o rapaz quieto e estudioso que carrega-va uma mochila amarela. Na troca de olhares e ajuda nos estudos, começa-ram a namorar. Casaram-se há dois anos.

Mas a conquista de entrar na Faculdade de Medicina testou a sua obstinação. Não conseguiu passar em 2001. Nem em 2002, nem em 2003. Nesses mesmos anos, ele se inscrevia em outros cursos para treinar, como Matemática e Física. Passava neles, mas bloqueava em Medicina. Em

2004, aos 31 anos, era, finalmente, um calouro.

NeurocirurgiaOs cursinhos e uma operação de

grande porte no maxilar deixaram o ex-caminhoneiro sem saldo no ban-co. Vida dura e regrada novamente. “Um belo dia”, como diz ele, “disse-cando um cadáver, o médico Paulo Serrano, que me via o tempo todo, inclusive aos sábados, no laboratório, convidou-me para trabalhar com ele. Foi o meu primeiro contato com o campo da neurocirurgia. O chefe do laboratório era o neurocirurgião Se-bastião Gusmão. Depois de conhecê--lo em uma palestra, ele me indicou para uma bolsa de iniciação científi-ca. E foi esse dinheiro que me ajudou a me formar”. Nesse ponto da con-versa, Warley fica emocionado com as lembranças. E completa: “O Dr. Gusmão é nosso padrinho de casa-mento”.

Novos sonhosA rotina de residente é pesada. E

o Dr. Warley Carvalho da Silva Mar-tins é dedicado. Trata seus pacientes como se fossem de sua família, com respeito e cuidado. A sua infância e adolescência simples vividas no bairro Lindéia, em Belo Horizonte, o tornaram sensível às dores de seus pacientes. Muitas vezes, se vê neles. E essa experiência ele quer passar para

seus futuros colegas, porque agora o seu sonho é ser professor. Quem o conhece sabe que é uma questão de tempo. É só esperar.

Dr. Warley não gosta muito de música, mas a SBN Hoje termina esse artigo citando alguns versos de uma guarânia do músico sertanejo Pedro Bento, que faz dupla com o Zé Estrada. Entre suas composições, há essa especial para caminhoneiros e que, sem querer, coloca letra na saga do Dr. Warley:

Quem me vê assim cantando/ Pensa que eu não sofri/ Passei horas de amargura/ Sem ter onde dormir/ Quantas noite no relento/ Mas so-frendo eu aprendi/ Que o mundo dá muitas voltas/ E abriu-me uma por-ta/ Aproveitei e subi.

““ ““. Noite e dia, o

moço fez esse

trajeto na boleia de

um caminhão.

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O enfeite do bolo de casamento

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O neuropolítico do PiauíMuito Além da Neurocirurgia

Wilson Martins é natural de Santa Cruz do Piauí. É neurocirurgião formado pela Universidade Federal do Piauí. A residência na especialidade foi feita na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É

especialista em Neurologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em Administração Hospitalar e Sanitária pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, com curso de aperfeiçoamento

feito em Berlim, Alemanha. É casado com a deputada estadual Lílian Martins e pai dos médicos Rafhael, Victor e Wilson Filho, falecido em 2008.

Wilson Martins é também político. De carteirinha. E de certidão de nasci-mento. Pais e avós fazem parte da his-tória política do estado. Entre os vários cargos exercidos, estão o de secretário municipal de Saúde de Teresina e presi-dente da Fundação Municipal de Saúde na cidade.

Eleito vice-governador do Piauí para o quadriênio 2007-2010, assumiu o cargo de governador no final do mandato, com a renúncia de Welling-ton Dias. Em 4 de abril, pediu exone-ração para concorrer a uma vaga no Senado nas eleições deste ano.

Já envolvido com as demandas da campanha, o Dr. Wilson conversou com a SBN Hoje.

Vamos tentar separar o político do neurocirurgião. O que o levou a ser médico?

Nasci na zona rural, em um povo-ado no semiárido do interior do Piauí, e pude acompanhar ainda na infância a precariedade da assistência médica à população. Meus pais viviam da roça e de um pequeno comércio. Somos 13 irmãos. A primeira vez que avistei um médico por aquelas bandas foi em 1961, aos 8 anos de idade. Ele che-gou à cidade impecavelmente vestido de branco e montado em um cavalo braiador. Veio atender a um chamado da velha parteira, a mãe Chica, que não estava “dando conta” de fazer o par-to de minha mãe, que já agonizava há mais de 24 horas. Pouco mais de uma hora, sob o olhar pasmo e de admira-ção de quase todo o povoado, retorna o doutor. O parto a fórceps do meu 11º irmão, hoje também médico, sal-vou a minha mãe. Fiquei encantado. O start para a minha escolha profissional teve início aí. Depois, já adolescente, agora de forma racional, passei a me identificar inteiramente com a área. A decisão, então, estava definitivamente tomada.

Por que a neurocirurgia?Logo no início me identifiquei com

a neuroanatomia. Virei monitor. De-pois, com a neurofisiologia. Acompa-nhei, desde o 3° ano do curso de Medi-cina da Universidade Federal do Piauí, os professores da disciplina de neuro-logia. Eram apenas dois neurocirurgi-ões para atender todo o Piauí, parte do Ceará e uma quantidade enorme de pa-cientes vindos do Maranhão. Gostei de lidar com pacientes neurológicos. Fui estimulado pelos mestres, incentivado pelo Governo, não tive dúvidas que este era o caminho.

O Sr. se especializou na área fora de seu Estado. Em algum mo-mento ficou “tentado” a exercer a profissão longe de sua terra?

Nunca. Saí convicto da importân-cia e da necessidade de voltar! Apesar dos convites, guardava um compro-misso e tinha uma verdadeira obsessão pela aplicação dos meus conhecimen-

tos no meu Estado, à época tão caren-te de profissionais e de condições de trabalho.

Qual a avaliação que faz sobre o nível técnico de seus pares?

No geral, todos têm um bom nível técnico. Hoje, as residências são mais longas. As oportunidades de qualifica-ção são maiores e, a cada dia, chegam novos e excelentes profissionais.

Que conselho daria aos jovens neurocirurgiões?

Não ter pressa. Fazer o que tiver que ser feito. Insistir em uma residên-cia médica reconhecida, em serviço de referência, é imprescindível. Outros cursos de pós-graduação, a exemplo de mestrado, doutorado, nunca são demais. O importante é que o jovem neurocirurgião se sinta seguro para o exercício do seu mister, que apresente resultados de excelência e corresponda às expectativas de uma clientela cada vez mais esclarecida e exigente.

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Wilson Martins, esposa, filhos. No quadro, a imagem do filho que faleceu

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Muito Além da Neurocirurgia

O senhor é sobrinho-neto de um ex-governador e tetraneto de um visconde que governou por duas décadas a Província do Piauí. A po-lítica está em seu sangue...

É verdade. Desde muito cedo con-vivi com essa fascinante arte. Meu pai, um caboclo, sertanejo de pouco estu-do, porém, o mais letrado do recém emancipado município onde nasci, foi o primeiro prefeito. Meus avós pater-no e materno haviam sido vereadores de Oeiras, a primeira Capital do Piauí. Como ser humano e médico, adquiri, nas relações de poder que atravessam o tecido social, uma posição de destaque que me estimulou a exercitar a política partidária, porque, da política partici-pativa, eu já fazia parte desde jovem, como líder estudantil no ensino médio, na Universidade e depois na política de classe.

Na relação política e medicina, nunca deixei que o risco da manipula-ção estivesse presente, e a cegueira ide-ológica nunca fez parte de minha vida. Comecei a fazer política por idealismo. Durante algum tempo pude conciliar as duas atividades, mas, com o passar do tempo, as exigências inerentes a cada uma delas me impossibilitaram de exercê-las simultaneamente. Por con-siderar uma missão, finalmente, optei pela política, mas, claro, guardo uma certa nostalgia da minha profissão. A crescente participação de médicos na política pode engrandecer as duas, tudo depende da motivação de cada um e da forma como ascenderam à vida pública.

Os jovens atualmente estão mais “apáticos” em relação à polí-tica? Por quê? E o que fazer?

O engajamento social da juventude sempre resulta em conquistas conside-ráveis, e a ausência de algo que hoje a mobilize como um todo é muito sen-tida. As discussões diversificadas e fragmentadas ficam sem a ressonância necessária junto ao poder público. É muito relativo falar que hoje os jovens são apáticos e alienados, entretanto, essa aparente mudança pode ser em função de que eles não se sintam mais representados no nosso sistema po-lítico atual. É uma questão de identi-ficação. Acho que eles não perderam seus ideais, também não entendo que sua participação seja tão inexpressiva. Há que se considerar que a atuação

dos jovens ocorre de várias maneiras. O lu-gar que você está no mundo favorece uma visão das coisas de determinado ângulo e esses diversos modos de participação devem ser considerados, mu-dando só o nível e o parâmetro de atuação. Nas manifestações de junho de 2013, parte considerável externou não se achar repre-sentada pelo Con-gresso Nacional. Uma significativa parcela prefere se posicionar de forma coletiva em manifestações ou se organizar através da internet. Num quadro em que é visível o des-gaste da imagem par-lamentar, apenas 30% dos jovens brasileiros reconhecem que os partidos políticos são importantes para a democracia. Um terço faz distinção entre a figura dos políticos, cujas práticas são, em sua maioria, condenáveis. Tudo isso con-tribui para o distanciamento de nossos jovens da política. Devemos motivá--los através de organismos específicos que fomentem políticas públicas claras que assegurem, de forma irrestrita e universal, a oportunidade participativa da juventude.

A Câmara Técnica de Neurolo-gia/Neurocirurgia da SBN tem se empenhado junto ao SUS por me-lhores condições de trabalho e de remuneração. As negociações são feitas com o Ministério da Saúde. Se for eleito senador, como poderia reforçar essas negociações?

Vamos fortalecer a Frente Par-lamentar da Saúde, participar efeti-vamente das comissões correlatas, convidar todos os segmentos repre-sentativos das entidades médicas, mo-bilizá-los, lutar incansavelmente por mais recursos para a saúde e, conse-quentemente, por melhores condições de trabalho e de remuneração. A SBN, especificamente, terá um defensor in-conteste.

Existe o Projeto de Lei de Ini-ciativa Popular Saúde + 10, que

assegura o repasse de 10% das re-ceitas correntes brutas da União para a saúde pública brasileira. Se aprovado, serão de 60 a 70 bilhões de reais aplicados na área que, por conseqüência, vão corrigir a tabe-la do SUS. O projeto está parado no Congresso. O que acha sobre o Projeto? O Sr. se empenharia em sua aprovação?

Um dos maiores problemas da saúde pública brasileira é o insignifi-cante financiamento por parte do Go-verno Federal. Vamos defender não só este Projeto, mas analisar e enca-minhar novas propostas que visem, de forma célere e efetiva, a co-financiar a saúde com obrigatoriedade e res-ponsabilidade, não só dos municípios e estados brasileiros, mas também e, principalmente, do Governo Central.

Qual a sua opinião sobre o pro-grama Mais Médicos?

O programa, embora possa suprir parcialmente as necessidades imedia-tas na atenção básica de saúde de mui-tos municípios brasileiros, necessita de uma análise mais profunda, pois, por si só, ele não é capaz de resolver as maiores demandas de saúde do país.

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Wilson em família e o neto

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