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Revista Acadêmica de Ciência Equina (RACE) ISSN 2526-513X Volume 01, nº 1, p. 1 - 58 GRUPO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO EM EQUIDEOCULTURA htpp://www.gege.agrarias.ufpr.br 2016

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GRUPO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO EM EQUIDEOCULTURA

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Sumário

O PAPEL MULTIFUNCIONAL DA EQUINOCULTURA EM AMBIENTES

URBANIZADOS

João Paulo Gomes de Carvalho, Raisa Larcher Fantin, João Ricardo Dittrich

Páginas 1 – 18.

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO E A PERFORMANCE EQUINA

Guilherme de Camargo Ferraz

Páginas 19 – 27.

ESTADOS COMPORTAMENTAIS DE EQUINOS SUBMETIDOS ÀS PROVAS

DE TAMBOR E BALIZA

Erika Zanoni, Barbara Hilgemberg, Nei Moreira

Páginas 28 – 35.

PLANEJAMENTO ALIMENTAR E NUTRICIONAL DA CRIAÇÃO DE POTROS

João Ricardo Dittrich

Páginas 37 – 58.

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O PAPEL MULTIFUNCIONAL DA EQUINOCULTURA EM AMBIENTES

URBANIZADOS

João Paulo Gomes de Carvalho1, Raisa Larcher Fantin2, João Ricardo Dittrich 3

1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFPR.

2 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFPR.

3 Professor Doutor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná.

RESUMO

O intenso processo de urbanização, ocorrido com pouco planejamento

prévio, compromete a qualidade da vida nas grandes metrópoles em relação

ao ambiente. A poluição do ar, temperatura atmosférica elevada, limitado

escoamento da água das chuvas e enchente, são consequências deste

processo. Este quadro se agrava com a redução de praças, bosques e outras

formas de áreas verdes urbanas, diante da pressão imobiliária. A

equinocultura possui um papel multifuncional, ao interagir com os centros

urbanos no uso da terra e diversificando a paisagem urbana com

componentes naturais e rurais, capazes de produzir serviços ecossistêmicos

e melhorar a qualidade ambiental da vida urbana, além de oferecer serviços

relacionados ao lazer, terapia e bem-estar humano, com forte apelo à

educação e consciência ambiental. O objetivo desta revisão é explorar as

formas de interação das atividades relacionadas à equinocultura com os

centros urbanos e a responsabilidade da atividade em relação à qualidade

de vida humana.

Palavras chave: áreas verdes, equinocultura, multifuncionalidade,

paisagem urbana

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INTRODUÇÃO

O intenso processo de urbanização, ocorrido com pouco

planejamento prévio, compromete a qualidade de vida nas grandes

metrópoles em relação às condições ambientais. A poluição do ar,

temperatura atmosférica elevada, limitado escoamento da água das chuvas

e enchente, são consequências deste processo. Este quadro se agrava com a

falta de infraestrutura verde, responsável pela qualidade ambiental no

ambiente urbano, com a transformação de praças, bosques e outras formas

de áreas verdes urbanas remanescentes de domínio público e privado diante

da pressão imobiliária. Casos recentes ganharam notoriedade pelas

manifestações populares contrárias a supressão das áreas verdes dos seus

bairros em construções ou ampliação das vias para melhorar as condições

de trânsito.

As atividades agropecuárias avançaram em produtividade, com

aumento do uso de insumos e energia, buscando eficiência econômica.

Atualmente, com a proposta de valorizar o papel sócioecológico destes

sistemas produtivos, o desafio se torna maior: atender demandas crescentes

por produtos e serviços com competitividade e ainda oferecer serviços

ecossistêmicos (Doré et al., 2011), importantes para o resgate da qualidade

de vida no ambiente urbano.

A agricultura, em especial as pastagens, tem posição de destaque e

contribuições relacionadas, por exemplo, à biodiversidade, ao ciclo da água

e à mitigação do efeito estufa (Boval & Dixon, 2012). O livro “Grassland

Productivity and Ecosystem Services” (Lamaire et al, 2011) se dedica à

discutir detalhadamente o papel das pastagens, enquanto ecossistemas, para

o interesse humano no sentido amplo, e suas relações com a produção.

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A relevância e complexidade do agronegócio do cavalo foram

exploradas por Lima (2006) no que se refere à esfera econômica. Porém,

enquanto atividade pecuária, a equinocultura também possui um papel mais

amplo relacionado às esferas social e ecológica. Por ser uma atividade com

características particulares, principalmente pela localização muitas vezes

urbana, e pela relação com seus clientes, que acessam as propriedades

como forma de lazer, torna a importância multifuncional desta atividade

uma discussão relevante no momento atual. Por este ponto de vista, a

equinocultura é desvalorizada pelos próprios envolvidos e nem sempre é

pensada como uma atividade com potencial de prover ampla gama de

serviços e contribuições (Wilton, 2008). Reconhecer a multifuncionalidade

das atividades é uma forma de promovê-las (Deelstra, 2001).

A equinocultura é um setor com importância subestimada em

relação ao número crescente de animais, e o tamanho da área que ocupam

nas áreas urbanizadas, onde existe crescente demanda pelas áreas rurais

remanescentes (Bomans et al., 2011). Esta tendência foi observada na

Suécia, por Elgaker (2010), que relatou aumento na população equina, de

70.000 para 300.000, nos últimos 30 anos, e 75% destes animais estão

localizados no entorno das maiores cidades, em áreas “periurbanas”.

O Brasil possui hoje, segundo os dados do MAPA (2012), o terceiro

maior rebanho equino do mundo e o maior da América Latina, com oito

milhões de cabeças e acompanha a tendência mundial de crescimento do

número de cavalos relacionados a atividades de lazer, constatada inclusive

com o crescimento do número de eventos esportivos (Lima et al., 2006).

O objetivo desta revisão é explorar o papel amplo da equinocultura,

nas formas de interação positivas ou negativas, no contexto urbano.

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Infraestrutura verde nas grandes cidades

As grandes cidades enfrentam consequências negativas do

crescimento e urbanização com impacto na qualidade de vida dos

habitantes. A diminuição da qualidade do ar (Fenger, 1999) e da água

(Göbel, Dierkes e Coldewey, 2007), temperatura atmosférica (Yuan e

Bauer, 2007), são alguns exemplos. A presença de áreas verdes nas

cidades atenua os efeitos da urbanização e com base no reconhecimento

destas funções, a ONU preconiza 12 m2 por habitante de área verde nas

cidades.

A multifuncionalidade é um conceito que diz respeito à

possibilidade de obtenção de diversas funções e serviços que as áreas

agrícolas possuem quando assumem um papel de, além da produção,

realizar outros serviços importantes, que contribuem para qualidade

ambiental (Marsden & Sonnino, 2008; Hansen & Francis, 2007).

Áreas urbanas como bosques, campos, jardins ou matas, praças,

parques, unidades de conservação, áreas de mananciais e canteiros,

desempenham funções ambientais, econômicas, sociais e recreacionais

(Tzoulas, 2007; Konijnendijk & Gauthier, 2006; Caspersen et al., 2006)..

Atividades rurais são capazes de, quando presentes em áreas urbanas,

principalmente de forma associada a programas sociais e educacionais,

oferecer benefícios diversos do uso destas áreas (Deelstra, 2001; Tixier &

Bon, 2006). Esta definição pode incluir também as atividades agrícolas

desenvolvidas nas cidades, que enriquecem a qualidade ecológica da vida

urbana e esta importância pode ser atribuída à equinocultura.

As pastagens desempenham, além das funções produtivas, um papel

de importância, se bem manejadas, para o funcionamento dos ecossistemas,

através de serviços ambientais no que diz respeito à manutenção da

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biodiversidade animal e vegetal, necessários para o fluxo de nutrientes,

água e energia, além da função produtiva (Kemp & Michalk, 2005; Cuttle,

2008) e assim deve ser considerada uma forma de infraestrutura verde. O

papel multifuncional das pastagens é cada vez mais reconhecido como

essencial entre as atividades econômicas, pela importância ecossistêmica e

pela diversidade biológica (Bencke, 2009).

Segundo Wilton (2008), o papel da equinocultura se estende entre

três esferas: serviços ecossistêmicos, de produção e à comunidade. Os

serviços ecossistêmicos são exemplificados pela filtração da água,

preservação de espaços abertos e de fazendas, de habitat natural e da

biodiversidade. A atividade exerce serviços produtivos relacionados às

pastagens e feno, esporte e turismo. E, finalmente, em relação à sociedade,

as contribuições da atividade envolvem educação, serviços sociais,

recreação, saúde e estética.

Como exemplo do efeito benéfico do incremento da qualidade do

ambiente urbano, De Vries et al. (2003) demonstraram que ambientes

naturais são mais saudáveis para as pessoas que neles vivem, mesmo em

diferentes graus de urbanização. Para estes autores, a qualidade ambiental

possui correlação positiva com indicadores de saúde, principalmente para

as mulheres e idosos ou pessoas com menor grau de educação.

A manutenção de áreas verdes nas cidades depende de

planejamento e investimento, uma vez que a tendência natural do

crescimento das cidades é urbanizar áreas agrícolas, resultando em regiões

residenciais ou industriais (Caspersen et al., 2006).

Portanto, por meio das propriedades onde são mantidos cavalos nas

cidades, a equinocultura pode ser reconhecida como uma forma importante

de área verde urbana, com todas as suas funções, principalmente pela

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presença das pastagens. A equinocultura consiste de uma atividade

essencialmente rural que permeia áreas urbanizadas pela forte relação com

a população urbana. Para Elgaker (2010), a complexidade deste setor esta

relacionada à essência do uso multifuncional da terra em uma interface

urbana e rural, levantando questões ambientais, sociais e econômicas com

interesses quase sempre conflitantes. Esta autora define a equinocultura,

neste contexto, como uma grande forma de uso da terra, não

necessariamente visível nas estatísticas, emergente a nível mundial,

marcado pelas tradições locais, para outros fins que não produzir alimentos

e fibras. Também como um novo e importante fator econômico que não se

ajusta aos modelos de desenvolvimento econômico rural.

Diversificação da paisagem urbana

O conceito de paisagem se refere a uma composição de fatores

naturais e culturais, ou uma área como ela é percebida pelas pessoas e

possuem valor cultural, econômico e ecológico (Moran, 2005). Em termos

práticos, a paisagem é a aparência de uma área e inclui sua forma, texturas

e cores, onde a interação destes componentes cria uma identidade distinta,

resultante da topografia, geologia, ecologia, uso da terra e arquitetura

(Shetland Islands Council, 2006). As paisagens naturais e rurais

diversificadas constituem, Segundo Kane (1981), um recurso tão vital

quanto à água ou ao solo que deve ser manejado para manter o equilíbrio

entre os aspectos naturais e humanos (Bulut & Yilmaz, 2008).

Os centros de treinamentos equestres são compostos de

componentes naturais, na forma de bosques, reserva legal, corpos d’água,

componentes rurais, tais como pastagens e outros cultivos para os animais,

hortas e cavalos, e ainda componentes culturais, como casas, cocheiras,

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pistas e outras instalações. Todos estes componentes contribuem com a

diversificação e incremento da qualidade da paisagem urbana.

A beleza cênica de uma paisagem é, por si só, capaz de promover

melhoria na qualidade de vida e na saúde das pessoas. Conforme Velarde,

Fry e Tveit (2007) apontam em sua revisão, os benefícios de paisagens

naturais para a saúde humana abrangem a redução do estresse, aumento na

capacidade de concentração, mais rápida recuperação de doenças,

mudanças comportamentais, melhora do humor e bem-estar, pela simples

apreciação visual da paisagem, seja em uma caminhada ou pela janela.

A qualidade da paisagem está associada à preferencia e sua

atratividade, do ponto de vista das pessoas (Kane, 1981). Pode também ser

pontuada em função da participação relativa de classes de qualidade visual

presentes na área, onde os componentes naturais, como água, mata ou

afloramentos rochosos, constituem as classes de maior valor, atividades

produtivas, tais como agricultura, campos e pastagens ou reflorestamento,

recebem valor intermediário e, finalmente, áreas degradadas, ou com solo

exposto, recebem a menor pontuação (Landovsky et al., 2006).

Ribe (2002) acrescentou o conceito de aceitabilidade do uso de uma

área, que junto à percepção estética da paisagem, sofre influência dos

valores culturais e do perfil de cada indivíduo, diferindo entre indivíduos

produtivistas e protecionistas, e define até que ponto a sociedade considera

aceitável a degradação da paisagem pelo uso da terra.

Os esforços para restaurar e preservar a biodiversidade nos meios

rurais e urbanos, com objetivo de criar novos habitats que atraem insetos e

pássaros, explorando o uso de vegetação nativa levaram à criação do

conceito de paisagismo natural. Neste sentido, Schiere et al (2006)

discutem o resgate da criação de animais dentro e em torno das cidades,

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também como ferramenta de diversificação das atividades e uso da terra.

Ledin & Jonasson (2006) relatam o caso sueco da utilização de herbívoros,

principalmente ovelhas, no manejo áreas verdes urbanas, por exemplo, em

parques. Segundo os autores, a interação destes animais com o ambiente,

através de pisoteio e pastejo, cria condições para enriquecer a fauna e flora.

Além disso, a opinião pública foi avaliada e mostrou aceitação à iniciativa,

com comentários positivos a respeito do efeito do enriquecimento da

paisagem. Em relação aos parques, Ozguner (2011) avaliou a percepção de

frequentadores de parques na Turquia e aponta que os fatores que levam as

pessoas a frequentar estes locais são atividades sociais em ambiente

natural, e os componentes mais apreciados neste ambiente são a

naturalidade, ar fresco, as árvores e áreas verdes. Segundo este autor, o

fator que mais comprometeu a satisfação dos entrevistados foi a falta de

limpeza e manutenção. Estas pessoas relataram que neste ambiente

experimentam sensações de relaxamento, paz e calma. Assim, o estudo da

paisagem integra-se ao planejamento do uso das áreas e participa da

implantação de projetos (Lambe & Smardon, 1985) pela preocupação com

o impacto de empreendimentos na composição da paisagem (Landovsky,

2006).

Estes exemplos ilustram as possibilidades de benefícios possíveis

pela manutenção, ou pelo contato com animais e a responsabilidade dos

centros de treinamento em relação à sociedade, aos animais e ao ambiente.

A manutenção de equinos nos centros de treinamento e a destinação de

áreas para esta atividade contribuem, portanto, para a composição da

paisagem urbana, inserindo componentes rurais e áreas verdes dentro de

áreas urbanas, distantes de áreas de agricultura, florestas ou de pastagens

(Bomans et al., 2011).

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Consequências para os animais

Os pontos críticos de bem-estar animal em equinos neste contexto

abordado são as restrições impostas em relação ao espaço, de acesso à

pastagem, dietas desbalanceadas (com baixa inclusão de volumosos e alto

teor de energia) e privação social, que geralmente levam a quadros de

estereotipias. Também são comuns algumas práticas que restringem o bem-

estar animal, como mutilações e o manejo precoce dos potros (Nicosia,

2011, Broom, 2007).

A composição da dieta, rica em alimentos concentrados comerciais,

e as práticas de arraçoamento não são compatíveis com o comportamento

ingestivo e com o bem-estar dos cavalos (Dittrich, 2010).

As condições típicas dos centros de treinamento e o manejo adotado

raramente atendem às necessidades dos animais no que se refere ao

ambiente, comportamento, alimentação e bem-estar. Pelo preço da terra e

pressão imobiliária, as propriedades são relativamente pequenas. Além

disso, a quantidade de animais estabulados tende a ser maior do que a área

da propriedade poderia acomodar, em função do retorno financeiro.

Outro ponto limitante é o custo e disponibilidade de mão-de-obra

adequada. Tanto a higienização das cocheiras, cochos e dos animais, como

o fracionamento das refeições e o manejo das pastagens são restringidos

pela escassez da mão-de-obra.

Como resultado, as condições são restritivas aos animais pela

dificuldade em atendê-las. Por outro lado, faltam conhecimentos a respeito

das complexas relações do cavalo com o ambiente.

Impacto ambiental da manutenção de equinos em ambiente urbano

Pode-se dizer que, em grande parte dos casos, as mesmas causas

dos pontos críticos de bem-estar animal nos centros de treinamento causam

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também o impacto ambiental gerado pela atividade, pois ambos estão

relacionados à concentração de animais, tamanho da propriedade, manejo

adotado, disponibilidade de mão-de-obra e conhecimento.

Um fator que favorece a falta de sensibilidade dos produtores com o

ambiente é o foco no animal isoladamente, é possível manter os animais e a

atividade, mesmo após a degradação do ambiente (Lodge, 1998). Como o

foco dos produtores tende a se restringir ao componente animal (Kemp &

Michalk, 2005), o uso de alta pressão de pastejo leva à degradação do

ambiente, mas a atividade produtiva se mantém dependente do uso de

suplementação nutricional e controle farmacológico de doenças para

manutenção da atividade. Ao ponto em que se percebe declínio na

produtividade ou ineficiência econômica, já houve degradação dos outros

componentes do sistema: o solo e a vegetação. Em termos de tempo, a

recuperação do componente animal também é a mais simples, seguida pelo

componente vegetal, ou pastagens cultivadas. A diversidade de espécies

vegetais e, principalmente, o solo levam mais tempo para recuperação

(Lodge, 1998). Os danos causados ao solo alteram sua estrutura e

diminuem sua capacidade de manter cobertura vegetal (Fiorellino, 2010),

havendo perda progressiva de matéria orgânica, através da emissão de CO2

para atmosfera (Paulino & Teixeira, 2002). Com a cobertura vegetal é

degradada, o desenvolvimento de espécies invasoras é favorecido, a

composição botânica é alterada e apenas as espécies mais rústicas ou não

pastejadas permanecem (Fiorellino, 2010; Moraes, 1995). Os sintomas

visíveis neste caso são a exposição e compactação do solo, erosão e

diminuição da produtividade (Dias-Filho e Ferreira, 2009). O estado de

degradação das pastagens é considerado por Albernaz (2007) um dos

principais problemas da pecuária no Brasil.

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A falta da visão do sistema é ilustrada pelos dados apresentados por

Lima et al. (2006), que demonstram a grande dependência do setor em

insumos. 73,8% dos animais recebem fármacos e ração, que são os dois

segmentos de maior movimentação econômica, com R$ 54 e 53

milhões/ano, respectivamente.

Nos centros de treinamento, o grande número de animais em

cocheiras e o mau manejo dos dejetos acumulados, muitas vezes a céu

aberto, são fonte de poluição de rios, lençóis freáticos e atmosfera com

minerais provenientes da dieta, princípios ativos de medicamentos e

hormônios administrados aos animais e patógenos diversos, quem

contribuem principalmente para a poluição difusa (Martin, 1997).

As cavalgadas são atividades que buscam áreas com forte apelo

turístico, principalmente áreas com a paisagem mais preservada. Os

impactos decorrentes desta atividade equestre se dão pelo intenso tráfego

de animais, causando principalmente erosão, compactação, pisoteio, perda

de cobertura vegetal e disseminação de espécies invasoras (Abbott et al.,

2010).

Assim, os proprietários dos animais, gerentes das propriedades e

técnicos envolvidos nos processos da atividade devem estar cientes de suas

responsabilidades no descarte dos materiais, tratamento e destino de

dejetos, planejamento do percurso das trilhas e difusão de informações e

conscientização.

Equinocultura no lazer e bem-estar humano

Uma particularidade da equinocultura, enquanto atividade pecuária,

é possuir um ramo que se concentra junto às grandes cidades, nas quais a

prática dos esportes equestres é popular (Elgåker, 2011). Os centros de

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treinamento, centros hípicos, centros equestres e ranchos, de acordo com a

classificação de Marins & Leschonski (2005), concentram animais

destinados à prática de esportes equestres. Tais estabelecimentos oferecem

serviços relacionados à prática de esportes, bem-estar, lazer, educação e

terapia, com apelo à educação e consciência ambiental, pelo resgate da

relação das pessoas com a natureza (Mesquita, 2006). As atividades de

equoterapia e equitação lúdica oferecem à sociedade a oportunidade de

alcançar ganhos físicos, psicológicos e educacionais (Copetti, 2007),

especialmente quando praticados ao ar livre, propiciando ao paciente

ligação íntima com a natureza (Silva, 2006). Bomans et al. (2011) relatam

também que 46% destes proprietários de cavalos se veem ligados à

natureza através destas atividades, para 25% é uma ligação com agricultura

e para outros 36% existe uma ligação com tradições.

Segundo dados deste autor, em ambientes urbanizados na Bélgica,

86% dos cavalos são mantidos para lazer e apenas 12% para uso

profissional. O uso em esporte e para recreação somam 99% e 96%

respectivamente. No Brasil, pelo contexto social onde os cavalos ainda

possuem outras funções, como fonte de tração dentro de áreas urbanas, a

parcela da tropa ligada à esportes e lazer provavelmente ainda represente

um percentual menor dentro da população. Mesmo assim, o processo de

crescimento da concentração de animais nos centros urbanos no Brasil deve

seguir a mesma tendência de crescimento que a observada na Europa.

Equitação e educação ambiental

A educação ambiental tem como desafio formar indivíduos com

consciência do papel do ser humano nas interações do meio natural e o

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social (Jacobi, 2003), enquanto e a vida urbana distancia as crianças do

convívio com a natureza e dos animais.

O ecoturismo é visto como uma ferramenta de educação ambiental

não formal que, por meio de visitas à parques e reservas, podem

desenvolver a sensibilidade humana para a questão ambiental (Lopes,

2004). A cavalgada ecológica, inclusive, é considerada uma modalidade de

ecoturismo, mas todas as outras formas de atividades equestres podem ser

consideradas oportunidades de desenvolver a consciência ambiental e de

reforçar o vínculo dos indivíduos com a natureza e os animais. Cavalgadas

são atividades disponíveis às crianças que vivem em centros urbanos e

permite a elas terem contato com animais e explorar áreas verdes,

observando espécies de plantas e animais silvestres durante uma atividade

lúdica. Para explorar este potencial ao máximo, os instrutores devem ter

esta visão e apresentar o cavalo como indivíduo e como componente de um

ambiente rico, para aproveitar a curiosidade das crianças em explorar o

ambiente e conhecer a propriedade e seus arredores, o bioma a que

pertence, fauna, flora e topografia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A equinocultura possui um papel multifuncional e contribui em

questões atualmente valorizadas pela sociedade, ao interagir com os centros

urbanos no uso da terra e incorporando à paisagem urbana áreas verdes e

componentes rurais, que possuem o potencial de produzir serviços

ecossistêmicos, importantes para a qualidade de vida neste ambiente, que

beneficiam tanto os clientes quanto a população vizinha. A importância da

atividade também se estende a serviços relacionados ao bem-estar, lazer e

terapia oferecidos. É indispensável, no entanto, o adequado manejo das

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áreas e dos animais, dado o potencial de degradação pela concentração de

animais e produção e acúmulo de dejetos nos centros equestres.

REFERÊNCIAS

ABBOTT, E., NEWSOME, D. e PALMER, S. A case study analysis of horse

ridiing and its management in a peri-urban setting. Sustainable tourism, 2010.

BENCKE, G. A. Diversidade e conservação da fauna dos Campos do Sul do

Brasil. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília:

MMA, 2009.

BOMANS, K., DEWAELHEYNS, V. e GULINCK, H., Pasture for horses: An

underestimated land use class in a urbanized multifunctional area. International

journal of sustainable development and planning. v. 6, n. 2 p. 195–211, 2011.

BOVAL, M. e DIXON, R.M. The importance of grasslands for animal

production and other functions: a review on management and methodological progress

in the tropics. Animal. v. 5, p. 748-762, 2012.

BROOM, D.M., FRASER, A.F. Comportamento e bem-estar de animais

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO E A PERFORMANCE EQUINA

Guilherme de Camargo Ferraz1

1Professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP Jaboticabal.

INTRODUÇÃO

Atualmente o complexo do agronegócio cavalo configura-se como uma potência

econômica tanto para o mercado interno por meio da geração de empregos, diretos e

indiretos, como para as exportações. Segundo a Comissão Nacional do Cavalo, o Brasil

possui 23 associações de produtores de cavalos sendo que a atividade equestre

movimenta R$ 7,3 bilhões anuais. Desta maneira, a busca de novas soluções

tecnológicas e execução de pesquisas devem considerar a utilização sustentável dos

animais. Assim, itens relacionados à prevenção do excesso de treinamento que,

invariavelmente provocam lesões, principalmente músculo-esqueléticas, acarretam em

perdas tanto da vida útil do atleta quanto financeira. Para enfrentar esses desafios

emergentes, o meio acadêmico deve integrar as atividades de ensino, pesquisa e

extensão, gerando conhecimento técnico para médicos veterinários, zootecnistas e

agrônomos que atuam no campo. Estes precisam integrar profissionais, treinadores,

criadores e proprietários nesta visão sustentável. Isto posto, a fisiologia do exercício,

por meio da utilização de testes de esforço, realizados no campo para avaliação do

desempenho, torna-se ferramenta fundamental no estabelecimento da intensidade do

treinamento e avaliação de atletas da espécie equina.

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Dentre as subdivisões da fisiologia do exercício, destaca-se a parte que avalia o

desempenho atlético por meio de testes físicos realizados tanto em esteiras (FERRAZ et

al., 2006) como a campo (LINDNER et al., 2006; ERCK et al., 2007), que determinam

a dinâmica de variáveis fisiológicas, como o limiar de lactato e a frequência cardíaca

(FC).

O emprego de testes para a avaliação do desempenho atlético realizados a campo

(pista), juntamente com as respostas fisiológicas obtidas pela ação do exercício e do

treinamento, pode ser uma valiosa ferramenta para maximização dos resultados obtidos

nas competições. O programa de treinamento deixa de ser realizado somente de maneira

empírica tornando-se um processo técnico, com embasamento clínico e fisiológico

(LINDNER et al., 2006; ERCK et al., 2007). Além disso, os testes a campo possuem

utilidade clínica no monitoramento de enfermidades respiratórias e musculo-

esqueléticas (COUROUCÉ, 1998).

BIOENERGÉTICA

Como ressaltou MUÑOZ et al. (1999), o sucesso do cavalo atleta está intimamente

ligado à relação entre a capacidade oxidativa e glicolítica do indivíduo. Sendo assim, o

estudo da fisiologia e do metabolismo muscular durante o exercício torna-se necessário

para o melhor treinamento dos atletas, passando obrigatoriamente pela compreensão dos

mecanismos de geração de energia no músculo por meio de variáveis fisiológicas como

a lactatemia (FERRAZ et al., 2008) e hemogasometria (FERRAZ et al., 2010). Todo

exercício depende da biodisponibilidade de adenosina trifosfato (ATP). Embora a ATP

não seja a única molécula transportadora de energia celular, ela é a mais importante, e

sem quantidades suficientes de ATP a maioria das células morre rapidamente. Quando a

ATP é hidrolisada pela ação enzimática da ATPase ocorre a formação de adenosina

difosfato (ADP) e do fosfato inorgânico (Pi). O ADP e o Pi são unidos por uma ligação

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de alta energia e quando a enzima ATPase rompe essa ligação, a energia é liberada e

pode ser utilizada para realização de trabalho, como a contração muscular.

As fibras musculares dos equinos armazenam quantidades limitadas de ATP.

Setenta e cinco por cento da energia gerada pela hidrólise da ATP é liberada na forma

de calor. Portanto, o restante desta energia é utilizado nos processos que envolvem a

contração muscular, como o deslocamento dos filamentos de miosina na célula

muscular e o bombeamento do cálcio de volta para seus sítios de estocagem celular. Por

esta razão, como o exercício muscular requer um suprimento constante de ATP para

fornecer a energia necessária à contração, deve-se existir vias metabólicas celulares com

capacidade de produção rápida de ATP.

Uma avaliação das reações bioquímicas que sustentam o catabolismo no músculo

revela que o equilíbrio de próton na fibra muscular é influenciado pelos sistemas

energéticos que produzem a ATP como as vias creatina fosfato, glicolítica e a respiração

mitocondrial (ROBERGS et al., 2004).

O sistema fosfagênio, representado pelos estoques de creatina fosfato, fornece um

grupamento fosfato para produção de ATP durante o início e nos primeiros segundos de

contração muscular. Esta reação é catalisada pela enzima creatina cinase (CK), sendo

esta via conhecida como alática na produção anaeróbia de energia. Inicialmente estes

estoques de ATP são restabelecidos pela via glicolítica e posteriormente pela via

aeróbia, sendo que esta última utiliza primeiramente glicogênio e em seguida lipídeos

como substratos (SPURWAY, 1992).

A predominância da via energética dependerá tanto da intensidade do exercício

como da sua duração. Deve-se considerar que a única forma de se obter elevação em

curto período de tempo da produção de energia, é por meio da glicólise anaeróbia

concomitante à produção de lactato, o que não parece ser deletério para a saúde ou

indutor de fadiga, como tem sido postulado, por vezes. Atualmente, aceita-se que o

lactato seja um substrato energético para o coração e musculatura esquelética durante o

exercício. Sendo assim, parte do lactato produzido pelos músculos esqueléticos é

transportado ao fígado através do sangue. Ao entrar no fígado, o lactato pode ser

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convertido em glicose pela gliconeogênese. O ciclo do lactato à glicose entre os

músculos e o fígado é denominado ciclo de Cori.

TESTES PARA AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA

FREQUÊNCIA CARDÍACA

Uma avaliação que pode ser realizada é a resposta do coração e vasos sanguíneos de

um cavalo que é submetido a um treinamento intensivo. A frequência cardíaca (FC) é

facilmente aferida durante o exercício, fornecendo um índice indireto da capacidade e

função cardiovasculares. Esta avaliação pode ser realizada durante a prática de

exercício, por meio da utilização de um frequencímetro digital específico para cavalos.

A relação entre a velocidade e a FC costuma ser utilizada na avaliação do potencial

atlético. Respectivamente, a V160, V180 e V200 representam as velocidades que a FC

atinge 160, 180 e 200 batimentos/min (LELEU et al., 2005; HADA et al., 2006;

FERRAZ et al . 2007)

Adicionalmente, testes a campo, monitorados por GPS e frequencímetro digital

mostraram que a relação entre a velocidade máxima (Vmáx) e a velocidade observada

durante a frequência cardíaca máxima (VFCMÁX) pode auxiliar na predição de

desempenho nas diversas modalidades esportivas equestres (GRAMKOW e EVANS,

2006).

LIMIAR DE LACTATO

O ponto da curva lactato-velocidade, também conhecido como deflexão, representa

o início do desequilíbrio entre a produção e a remoção e/ou metabolização de lactato

(FERRAZ et al., 2008). Este ponto é comumente conhecido como início do acúmulo de

lactato no sangue (em inglês, OBLA - onset of blood lactate accumulation) ou

simplesmente limiar de lactato (LL). Com menos precisão, outro termo, o limiar

anaeróbio, que representa um momento de interrupção entre o metabolismo

predominantemente aeróbio aquele com participação significativa da via anaeróbia

também tem sido utilizado (LINDNER 2010).

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Segundo SIMÕES et al. (1999), TRILK et al. (2002) e ERCK et al. (2007) a

concentração de lactato sanguíneo [Lac-]s é utilizada tanto para avaliação do

condicionamento físico como para prescrever a intensidade de treinamento e detectar

adaptações decorrentes da prática de exercício crônico. A determinação do limiar de

lactato, que pode por vezes ser denominado limiar anaeróbio, é empregada

intensivamente para o diagnóstico da capacidade aeróbia que está correlacionada com a

resistência (“endurance”). Existem vários testes com incrementos gradativos da

intensidade de esforço (teste incremental) que utilizam a resposta da lactacidemia para o

diagnóstico aeróbio.

O limiar anaeróbio individual (LAI) (SIMÕES et al., 1999), e o ponto estacionário

entre a produção e remoção de Lac-min, teste incremental precedido de um exercício

intenso para indução de hiperlactacidemia (GONDIM et al., 2007) são protocolos que

usam a [Lac-]s para avaliar a capacidade aeróbia.

No método do V4 se assume como LL a velocidade em que a lactacidemia é

igual a 4 mmol/L. Na espécie humana, embora haja controvérsias, a velocidade que

produz esta concentração é reconhecida quando o ponto estacionário dinâmico entre a

produção e a remoção do lactato se rompe, significando o LL. Entretanto, essa

metodologia vem sofrendo críticas, pois ela desconsidera diferenças individuais, estado

de treinamento e disponibilidade de glicogênio (SVENDAHL e MACINTOSH, 2003;

GONDIM et al., 2007). Ademais, outras pesquisas citam casos em que indivíduos

treinados foram incapazes de sustentar intensidades de exercícios na qual se alcançavam

lactacidemias de 4 mmol/L (FOXDAL et al, 1996).

Em equinos, embora não se encontre na literatura nenhum artigo que a

justifique, a interpretação de que o LL ocorre na velocidade que determina 4mmol/L de

lactacidemia também é considerada verdadeira por vários pesquisadores e treinadores

(COUROUCÉ, 1998; EVANS, 2000; TRILK et al., 2002; LELEU et al., 2005; ERCK et

al., 2007).

A deflexão observada na curva lactato-velocidade ocorre em equinos em [Lac-]s

que variam entre 1,5 a 4 mmol/L sendo observado a utilização frequente da uma

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unidade arbitrária de 4 mmol/L tanto para a prescrição e avaliação como para

comparação de programas de condicionamento físico (LINDNER, 2010; CAMPBELL,

2011). Em equinos, embora não se encontre na literatura nenhum artigo que a justifique,

a interpretação de que o LL ocorre na velocidade que determina 4mmol/L de lactatemia

também é considerada verdadeira por vários pesquisadores e treinadores (COUROUCÉ,

1999; EVANS, 2000; TRILK et al., 2002; LELEU et al., 2005; ERCK et al., 2007;

CAMPBELL, 2011). Neste sentido um estudo essencial para esta discussão foi

realizado por Lindner (2010) que determinou a V1,5 (velocidade que determina

1,5mmol/L de lactatemia) como aquela que está mais próxima de predizer o limiar de

lactato.

É indiscutível a importância da determinação do LL, tanto para a definição de

esquemas e treinamento para cavalos atletas, como para a própria avaliação da eficácia

de um determinado treinamento. “No pain, no gain” é uma frase muito utilizada entre

profissionais de fisiologia do exercício humano para justificar o fato de muitos

fisiologistas e treinadores indicarem o treinamento no limiar de lactato para atletas

fundistas, com o objetivo de desenvolver ao máximo a sua capacidade aeróbica e

muscular.

Tratando-se de atletas da espécie equina, entretanto, o que se observa é muito

diferente. Tem sido sugerido programa de treinamento à velocidade correspondente ao

V2 (velocidade do cavalo em que sua lactacidemia atinge 2 mmol/L) por 45 minutos,

três vezes por semana (TRILK et al., 2002). Não é incomum a preconização de

treinamentos apenas ao “passo”.

Esta postura, para alguns, conservadora, traz alguns benefícios, particularmente

no que se refere à prevenção de injúrias músculo-esqueléticas, porém, com certeza, não

é a melhor decisão no que se refere à melhora da capacidade aeróbia e anaeróbia dos

cavalos atletas. Em nosso Laboratório de Fisiologia do Exercício (LAFEQ), por

exemplo, trabalhamos os animais em esteira rolante na “V3” por 60 minutos, três vezes

por semana e obtivemos bons resultados, sem nenhum caso de injúria musculo-

esquelética (Ferraz, 2003).

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Acreditamos que parte dessas aparentes incongruências seja devida ao pouco

estudo, em equinos, dos métodos para determinação do LL, fazendo com que

imperfeições na interpretação dos resultados obtidos pelos métodos utilizados possam

estar levando animais a um “sobretreinamento”, favorecendo a ocorrência de injúrias

músculo-esqueléticas.

CONCLUSÃO

Finalizando, o sucesso nas competições equestres depende de vários fatores que

influenciam o desempenho. Estes incluem a “vontade” de ganhar, intrínseca de cada

cavalo, da força, potência e velocidade, que estão diretamente relacionadas com a

capacidade metabólica de cada atleta. Os resultados obtidos nos testes que avaliam o

desempenho atlético, como a frequência cardíaca e o lactato sanguíneo podem ser

utilizados como guia, auxiliando proprietários e treinadores das mais diversas

modalidades, na elaboração de protocolos de treinamento sustentáveis, que contribuem

para manutenção da integridade física dos cavalos atletas.

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ISSN 2526-513X

ESTADOS COMPORTAMENTAIS DE EQUINOS SUBMETIDOS ÀS PROVAS DE

TAMBOR E BALIZA

BEHAVIORAL STATES OF HORSES SUBMITTED TO DRUM TEST AND GOAL

Erika Zanoni1; Barbara Hilgemberg2; Nei Moreira3;

1 Doutoranda em Zoologia – UFPR 2 Médica Veterinária autônoma

3 Professor da Universidade Federal do Paraná, Campus Palotina – PR.

RESUMO

Os animais possuem necessidades emocionais como os seres humanos e experimentam

sofrimento físico e psicológico. O objetivo do trabalho foi avaliar o estresse e bem-estar

de equinos que participam de provas de tambor e baliza através de testes de

comportamento, hematologia e de bioquímica sanguínea. O experimento foi

desenvolvido na cidade de Maringá-PR, utilizando oito animais da raça Quarto de

Milha. A avaliação comportamental foi realizada no local da prova e os animais foram

classificados em: calmo/alerta/medo/agressivo. Foram realizadas coletas de sangue

para avaliação bioquímica e hematológica com os animais em repouso e após a

competição. Na avaliação psicológica, observou-se que 87,5% dos animais apresentam

alterações em seu comportamento (7/8). Entre as variáveis avaliadas no hemograma a

única que apresentou diferença estatística significativa foi o número de neutrófilos,

porém não acompanhado de linfócitos, como seria esperado. Conclui-se que as provas

de tambor e baliza, podem promover alterações psicológicas nos animais atletas e que

a resposta hematológica frente ao exercício pode estar relacionada ao aumento de

neutrófilos.

Palavras-chaves: comportamento, etologia, estresse

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ABSTRACT

Animals have emotional needs just like humans and they too experience psychological and

physical pain. This work’s goal was to evaluate the stress and well-being of equine which

participate in barrel and base competitions through behavior, hematology and blood

biochemistry tests. The experiment was developed in the city of Maringá-PR, by using 8

Quarter Horses. The behavioral evaluation was conducted at the competition site and the

animals were categorized in: calm/alert/fear/aggressive. Blood samples for biochemical and

hematological evaluation were obtained with the animals at rest after the competition. On the

psychological evaluation, it was observed that 87,5% of the animals presented behavior

alterations (7/8). Between the variables evaluated on the CBC (Complete Blood Count) the only

one which has presented significant statistical difference was the neutrophils count, not

accompanied by lymphocytes however, as it would be expected. It concludes that barrel and

base competitions can promote psychological alterations on the athlete animals and that the

hematological response to the exercise may be related to the increased number of neutrophils.

Keywords: behavior, ethology, stress

INTRODUÇÃO

Diversos autores relatam que os animais são considerados sencientes, ou seja, são

capazes de sentir raiva, medo, alegria e compaixão (GRIFFIN & SPECK, 2004; MOLENTO,

2007). Algumas experiências emocionais intensas como nas provas de tambor e baliza podem

desencadear mecanismos neurobiológicos complexos. Animais atletas apresentam

frequentemente comportamentos anormais no que dizem respeito a sua resposta a um ambiente

aversivo.

As regiões encefálicas relacionadas com o comportamento emocional encontram-se nas

estruturas que integram o sistema límbico, a área pré-frontal e o hipotálamo. Além da

participação nos processos emocionais essas áreas regulam as atividades do sistema nervoso

autônomo. Intimamente relacionados com essas funções estão os processos motivacionais

primárias, essenciais à sobrevivência como fome, sede e sexo, que parecem também estar

relacionadas com estas áreas cerebrais. (NETO, 2003)

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Fowler (2008) divide os agentes estressores em 4 grupos: somáticos, psicológicos,

comportamentais e mistos. Os agentes somáticos são os que produzem sensações físicas. Os

psicológicos são os que provocam sentimento de frustração, rejeição, medo, ansiedade, etc. Os

agentes comportamentais são ligados ao psicológicos, porém que limita os movimentos, as

motivações internas e a execução do comportamento natural para a espécie. Já os agentes mistos

são a diminuição da variedade de alimentos, má nutrição, intoxicações, problemas sanitários,

cirurgias, queimaduras, medicamentos e contenção. Os hormônios envolvidos em situações de

estresse são os glicocorticoides e catecolaminas. Esses hormônios são indicadores da atividade

da adrenal e de seus distúrbios (MOSTL & PALME, 2002). A dopamina é um dos principais

neurotransmissores e revela o funcionamento dos circuitos cerebrais e decisões

comportamentais em equinos. O estresse cria uma superdosagem de dopamina e estas estão

relacionadas com mudanças estruturais cerebrais (LESTÉ-LASSERRE 2015; HEALEY, 2014).

JAIN (1993) descreveu as alterações hematológicas em equinos, tais como leucocitose

com neutrofilia (sem desvio) como sendo indicadoras de estresse, fato que ocorre com os

animais que participam de provas esportivas. Parâmetros bioquímicos são utilizados para se

avaliar a intensidade dos treinamentos aplicados a equinos. Segundo LINDER (2000), o lactato

é o melhor substrato a ser avaliado e valores dentro da referência para espécie, indicam bom

condicionamento.

O objetivo do trabalho foi avaliar as respostas comportamentais, hematológicas e

bioquímicas de equinos submetidos ás provas de tambor e baliza e a sua relação com o bem-

estar físico e psicológico dos animais. Buscamos compreender como os comportamentos de

equinos estão influenciados pelo ambiente das provas de tambor e baliza. Se determinados

comportamentos de equinos eram influenciados pelo estresse, então esperaríamos encontrar:

emoções negativas relacionadas com parâmetros hematológicos indicadores sofrimento

psicológico e físico.

MATERIAL E MÉTODOS

A coleta de dados foi realizada na cidade de Maringá-PR, durante a 4ª Etapa do VI

Campeonato NBHA-PR no dia 23 de junho de 2013, no Parque de Exposições Francisco Feio

Ribeiro. Foram utilizados oito equinos da raça Quarto de Milha, competindo nas provas dos três

tambores, com idades variando de 4 a 13 anos, pesando aproximadamente 450 Kg.

Os cavalos foram submetidos a avaliação comportamental durante a competição e

classificados em: calmo/alerta/ medo e agressivo. A classificação do comportamento foi

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realizada por meio de expressões de emoções (Tabela 1). As observações foram realizadas pelo

atleta que era responsável pelo animal e por seu treino, utilizando o método animal do focal

através de suas características.

Tabela 1. Classificação das manifestações comportamentais em equinos.

Classificação Manifestação Comportamental

(Calmo-emoção positiva) Pescoço alto, vocalização, balança a cabeça, exibicionismo e forragear.

(Alerta-emoção negativa) Semblante abatido, olhar sombrio, inquieto estereotipia, balança a cauda de

um lado para outro, narina dilatadas e orelha para trás.

Raiva (agressividade-

emoção negativa)

Pulos, lançar-se sobre as grades, bater, perseguir, cauda entre as pernas,

narinas totalmente voltadas para trás e agressão.

Medo (emoção negativa) Tentativa de fuga e pupilas dilatadas.

As amostras de sangue foram colhidas da jugular dos animais em tubos com

antcoagulante EDTA. As coletas ocorreram em repouso e logo após o exercício. Os paramétros

hematimétricos utilizados foram: contagem de eritrócitos, hematócrito (Hto), hemoglobina

(Hb), volume globular médio (VGM), hemoglobina globular média (HGM), concentração de

hemoglobina globular média (CHGM). Os parâmetros foram obtidos através do método BC-

2800 vet e microscopia.

Para as análises de bioquímica sérica utilizou-se o soro do sangue para a mensuração de

CPK (creatinina quinase) e ácido lático, através do método cinético e método enzimático,

respectivamente. Os dados recolhidos das amostras foram apresentados em média (desvio

padrão), de acordo com o método de Student bicaudado.

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RESULTADOS

Dos animais avaliados observou-se alterações de comportamento em sete deles (N=7;

87,5%), ou seja, equinos encontraram- se em situação de emoções negativas (Tabela 2).

Tabela 2. Estados comportamentais dos equinos durante a competição.

Animal Comportamento

Véio

Viola

Super Moon

Essência

Dart

Agnes

Girl

Violeira

Calmo

Alerta

Medo

Calmo

Alerta

Alerta

Alerta

Alerta

Na avaliação hematológica foi possível verificar as diferenças entre a primeira e a

segunda coletas nos animais que se mantiveram calmos e os que se mantiveram em estado de

alerta, justificando que os alertas possivelmente passaram por um estresse momentâneo.

O resultado do leucograma apresentou em ambas as classificações, dos animais uma

leucocitose fisiológica recorrente a uma resposta à adrenalina. Os animais em alerta

manifestaram um aumento não significativo de linfócitos em relação à primeira coleta, porém

esse aumento foi inferior do que o apresentado nos classificados como calmos. O aumento de

neutrófilos foi considerado significativo (p=0,04) e atribuído ao “pool” marginal de células no

vaso sanguíneo (tabela 3).

Na avaliação bioquímica em que se avaliou CPK e o ácido lático, foi observado um

aumento dos valores quando comparados os momentos antes e depois da prova. Embora tenha

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sido observada uma variação importante, tal diferença não atingiu o limiar de significância

estatísticas e mostrou significativa (p = 0,6).

Tabela 3. Resultados apresentados em média e desvio padrão das variáveis avaliadas.

Calmos Outros Calmos Outro Calmos Outros

n-2 n=6 p* n-2 n=6 p* n-2 n=6 p*

Hemácias 8,58 (2,65) 8,40 (0,69) 0,9 8,36 (1,61) 8,60 (1,09) 0,8 ­ 0,22 (1,03) 0,20 (1,13) 0,7

Hematócrito (%) 40,1 (10) 39,7 (5) 0,4 38,6 (5,44) 42 (5,44) 0,5 ­ 1,45 (4,5) 2,33 (4) 0,3

Neutrófilos 1109 (9,9) 4080 (1538) 0.04 1613 (1232) 4603 (2294) 0,1 504 (1242) 519 (1948) 0,9

Linfócitos 4482 (4840) 3882 (2522) 0,8 6722 (3984) 4116 (1615) 0,1 2240 (855) 234 (1513) 0,1

CPK (UI/l) 221 (17) 208 (47) 0,7 223 (24) 247 (65) 0,6 1,5 (6,3) 39,3 (42,8) 0,2

Ácido lático (mmol/l) 4,4 (0,7) 5 (6,3) 0,8 4 (0,8) 6,8 (4,5) 0,4 ­ 0,4 (0,14) 1,78 (9,2) 0,7

Antes do exercício Após o exercício Variação

Dados apresentados em média (desvio-padrão). Teste t de Student bicaudado

DISCUSSÃO

O estudo teve por objetivo avaliar as respostas emocionais e físicas dos equinos de

provas de tambor e baliza. Sabe-se que o bem-estar é uma ciência voltada para o conhecimento

e a satisfação das necessidades básicas dos animais. Este determina o grau em que as

necessidades físicas, psicológicas, comportamentais, sociais e ambientais de um animal são

satisfeitas, bem como sua capacidade de se adequar a situações. Por meio de sinais fisiológicos

ou do comportamento eles demonstram o que estão sentindo. Os distúrbios comportamentais,

portanto, teriam como função inicial uma compensação para a frustração ou inadequação do

meio (BROOM & MOLENTO, 2004)

A avaliação dos aspectos emocionais, a partir de um instrumento padronizado que deve

levar em conta o contexto de expressão corporal e facial é capaz fornecer informações sobre o

bem-estar. Sabe-se que esses ambientes podem promover mudanças fisiológicas no organismo,

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porém existe um número reduzido de trabalhos com relação a expressão de emoções desses

animais. No presente estudo observa-se que o comportamento é influenciado pelo estresse. É

preciso conhecer quais os efeitos do estresse aos animais e investigar se existe uma justificativa

fisiológica para os diversos comportamentos enfatizando a importância dos componentes

emocionais para a constituição da preservação do bem-estar psicológico. A criação de

instrumentos para avaliar qualidade de vida psicometricamente é bastante utilizada na

psicologia e psiquiatria humana, porém não há relatos da sua utilização na medicina veterinária.

A escassez de instrumentos nacionais parece refletir a dificuldade da comunidade científica em

desenvolver instrumentos de avaliação de qualidade de vida que se apliquem aos equinos.

O medo foi observado em um dos animais avaliados e ocorre quando um animal é

confrontado com uma ameaça ao seu bem-estar ou à sua própria sobrevivência, ele apresenta

um conjunto de respostas comportamentais. Nessa situação o perigo é real e definido. A

ocorrência repetida do medo pode provocar uma reatividade neuroendócrina ou autonômica

intensa e duradoura. O medo é um tipo de emoção que provoca a ação do simpático (MELO,

2015; BRANDÃO, 2004).

Há várias teorias para explicar as alterações no leucograma e estas dependem da

intensidade e duração do exercício, bem como do grau de estresse ao qual o animal atleta é

submetido. Após análise de outros estudos, observa-se que a leucocitose é fisiológica ocorre

com frequência, junto com neutrofilia e linfocitose (CAPELLETO et al,2009; TRALL et al,

2007; MIRANDA et al, 2011). No presente trabalho, encontra-se apenas um aumento

significativo de neutrófilos. Atribui-se esse efeito ao compartimento marginal de neutrófilos

e/ou linfócitos que são mobilizados para a circulação geral, aumentando a contagem total de

leucócitos e o número de neutrófilo absoluto e de linfócitos nos cavalos.

A dosagem de lactato é largamente utilizada como informativa do desempenho

negativo de cavalos de desporto na prática e sobre condições de treinamento desses animais

(LINDNER, 2000). A CPK reflete o metabolismo muscular esquelético e cardíaco (CÂMARA

E SILVA et al, 2007). Os valores elevados observados nesse trabalho são devido ao esforço

físico em que os cavalos foram submetidos.

São necessários mais estudos para confirmar os efeitos psicológicos e físicos

das provas de tambor e baliza, com maior número de indivíduos, principalmente com o objetivo

de avaliar de maneira mais precisa a duração do efeito do estresse. É preciso conhecer também o

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papel do cortisol no funcionamento neuropsicológico e sua a relação com o comportamento em

equinos. A simples avaliação da expressão da emoção associada a hematologia e bioquímica a

campo utilizada nesta pesquisa, mostra que se pode acompanhar o desempenho de cavalos e se

existe sofrimento físico e psicológico.

CONCLUSÃO

Frente ao objetivo desta pesquisa, concluiu-se que os equinos que participam das provas de

três tambores e três balizas sofrem alterações psicológicas e físicas durante as competições

esportivas. A resposta hematológica frente ao exercício pode estar predominantemente

relacionada ao aumento de neutrófilos (pool de células marginais) recorrente a uma resposta à

adrenalina desencadeada por distúrbios emocionais e físicos durante as provas.

AGRADECIMENTOS

As autoras gostariam de expressar gratidão ao Dr. Marcelo Derbli Schafranski,

da Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR, pela ajuda com a análise estatística.

Agradecem também à Karla Capição, da Universidade Federal do Paraná, pelo

incentivo à publicação e à Carla Grasiele Zanin Hegel que ofereceu comentários

proveitosos para a melhoria do manuscrito.

COMITÊ DE ÉTICA E BIOSSEGURANÇA

Aprovado pelo Subcomitê de Ética e Pesquisa Animal, do Centro de Ensino

Superior dos Campos Gerais, município de Ponta Grossa – PR.

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PLANEJAMENTO ALIMENTAR E NUTRICIONAL DA CRIAÇÃO DE POTROS

FEEDING AND NUTRITION MANAGEMENT OF FOALS BREEDING

João Ricardo Dittrich1

Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná.

RESUMO

O planejamento alimentar e nutricional de potros é muito mais amplo do que o simples

conhecimento das necessidades nutricionais, pois a assimilação dos nutrientes

necessários, para a plena expressão do potencial genético de cada indivíduo, está

associada à interferência humana, denominada manejo. O manejo deve considerar o

profundo conhecimento do ambiente, das particularidades comportamentais da espécie,

raça e categoria, das necessidades nutricionais específicas, das instalações e

equipamentos disponíveis. O crescimento dos potros é resultado do aporte energético,

proteico, mineral e vitamínico fornecido pela dieta, que pode ser composta por

forragens na forma de pastos ou fenos e suplementos concentrados. A partir do correto

planejamento alimentar é possível identificar as deficiências alimentares e nutricionais e

corrigi-las por meio da utilização de alimentos volumosos e/ou concentrados. As

necessidades nutricionais dos potros podem ser atingidas somente pela utilização de

alimentos volumosos, dependendo da qualidade dos mesmos e a utilização de

concentrados deve ser embasada no diagnóstico alimentar e nutricional realizado com

critérios específicos. Cada item a ser avaliado e manejado representa uma importante

parte da meta principal da equinocultura que é a reposição de animais para esporte,

trabalho e lazer.

Palavras chave: exigências nutricionais, planejamento alimentar, ambiente.

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ABSTRACT

The feeding and nutrition management of foals is beyond the knowledge of the daily

requirements, because the nutrients necessary for the expression phenotypic are

associated of management by human. The management must respect the knowledge of

the environment, the digestive physiology of the horses, the races and categories, the

specific daily requirements and the available installations and equipment. The foals’

growth is consequence of the content of energy, protein, mineral and vitamin on the

daily ration. The forages, hay and concentrates are the daily ration. Identifying and

correcting the feeding mistakes is possible by planning the nutrition of foals. The foals’

requirements nutritional can be reached only offering forages, depending on their

quality. The additional concentrate must be based on the correct planning of the feeding

and nutrition. Each point evaluated on the planning of the feeding and nutrition of foals

represents an important part of the main goal of horse production, which is to keep

horses healthy to make various functions.

Key words: nutritional requirement, feeding management, environment.

INTRODUÇÃO

A criação de potros tem por objetivo fazer com que estes animais na idade

adulta, apresentem boa condição corporal para serem comercializados e/ou utilizados

nas mais diferentes funções. A condição corporal ideal é a resposta de outras

necessidades específicas como o desenvolvimento (altura, peso, massa muscular),

adequados aprumos e a condição sanitária. Para atingi-lo, dependendo da genética de

cada potro, são necessários de dois a três anos de manejo.

Quando se planeja o manejo alimentar e nutricional de potros, devemos

contextualizar os fatores que estão muito além do simples conhecimento das

necessidades nutricionais, pois a assimilação dos nutrientes necessários, para a plena

expressão do potencial genético de cada indivíduo está associada à interferência

humana, denominada manejo. Na maioria das vezes o manejo está condicionado a

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diversas limitações físicas como a área, equipamentos disponíveis e de pessoas

(criadores, técnicos, treinadores e tratadores) que conheçam e respeitem as

características inerentes à espécie. Para a implantação de um manejo alimentar e

nutricional na criação de potros se faz necessário profundo conhecimento do ambiente,

das particularidades de alimentação da espécie, raça e categoria, das necessidades

nutricionais específicas e das instalações e equipamentos disponíveis. Cada item citado

representa uma importante parte da meta principal da equinocultura que é a reposição de

animais para esporte, trabalho e lazer.

Este texto tem por objetivo permitir a visibilidade do planejamento alimentar e

nutricional de potros de forma sistêmica e, de forma individual, a tomada de decisões

pontuais durante o crescimento dos potros, para contribuir na obtenção de animais

adequados às atividades equestres.

Comportamento e necessidade alimentar de potros

O comportamento alimentar de potros lactentes pode ser considerado similar aos

animais adultos, difere apenas na característica do alimento consumido. O principal

alimento para potros lactentes é o leite produzido pela mãe. Potros saudáveis começam a

mamar uma a duas após o nascimento, de 10 vezes por hora no primeiro dia até 1,5

vezes por hora as 17 semanas de vida. O tempo de cada mamada varia de 47 a 79

segundos de acordo com a raça, despendendo de 28 a 78 minutos por dia e consumo de

até 14,7 kg de leite por dia para potros da raça PSI (Cameron et al., 1999). A ingestão de

alimentos sólidos inicia no primeiro dia de vida, embora com uma semana os potros

despendam apenas 8% do tempo diário com este tipo de alimento. O tempo de ingestão

de alimentos sólidos é progressivo até atingir, aproximadamente aos cinco meses, 73%

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do tempo diário de ingestão (Duncan, et al., 1984). Caracteriza-se assim, a importância

da correta alimentação da égua para adequada produção de leite e do comportamento

específico da espécie equina de ingerir pequenas porções de alimento em intervalos

frequentes de refeição. A disponibilidade de pastagens em quantidade e qualidade para a

égua, permite ao potro iniciar a ingestão deste alimento e, desta forma, preparar-se para

o futuro desmame. A ingestão de grãos também pode ocorrer por aprendizado de

consumo com suas mães (Coleman, 1999).

O desenvolvimento corporal é resultado do aporte energético, proteico, mineral

e vitamínico e pode ser quantificado pela taxa de crescimento do animal. A taxa de

crescimento é o reflexo do ganho diário em massa corporal (peso) e em altura, variáveis

que são diferentes entre raças e até indivíduos. Em raças como o PSI (Kavazis e Ott,

2003) e Quarto de Milha (Coleman et al., 1997) a taxa de crescimento está bem

definida, mas para as raças brasileiras estudos mais aprofundados devem ser realizados,

pois esta é uma importante ferramenta de controle do aporte alimentar e nutricional da

égua lactante para o potro e, após o desmame, do alimento fornecido pelas pastagens,

fenos e concentrados.

O consumo diário de alimento é relativo à massa corporal do potro. Para potros

recém desmamados o consumo voluntário de pasto é aproximadamente de 18 g a 20 g

de massa seca (M.S.) por kg de massa corporal (kg MS/100kg de p.v.; 1,8 a 2,0 % do

p.v.) (Grace et al. 2003). O crescimento dos potros reflete no aumento das necessidades

de ingestão até a idade adulta quando, aproximadamente aos três anos, se estabiliza. O

consumo de pasto máximo diário por potros em pastejo será alcançado se não houver

restrições da massa instantânea de forragem e do tempo diário de pastejo (Pond, 1993;

Sá Neto et al., 2008). A produção anual de forragem deve ser identificada, pois a

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disponibilidade de alimento no ambiente é variável ao longo do ano, principalmente no

inverno, devido à diminuição da precipitação pluviométrica e baixas temperaturas. O

manejo geral diário dos potros deve ser caracterizado para se identificar possíveis

restrições no tempo diário de pastejo, o que afetará a ingestão total de forragem, vale

ressaltar que os potros utilizam de 10 a 16 horas do dia para o consumo de forragens e

40% deste é no período noturno (Doreau et al., 1980; Fleurance et al., 2001; Dittrich,

2001; Melo, 2007).

Necessidades nutricionais de potros

As necessidades nutricionais diárias de potros em crescimento são

expressas, de acordo com o NRC (2007), em energia digestível (ED Mcal/dia), proteína

(PB, g/dia), lisina (Lys, g/dia), cálcio (Ca, g/dia) e fósforo (P, g/dia), além de outros

macro e micro minerais e vitaminas. Estas necessidades nutricionais diárias são

apresentadas de acordo com o peso corporal na idade adulta (200 a 900 kg). Na Tabela 1

estão apresentadas as necessidades nutricionais diárias de potros com 500 kg de peso

adulto. O aporte energético aos potros pode ser controlado por análise da dieta

(quantidade e qualidade) e também por acompanhamento periódico do peso e do escore

corporal. A energia fornecida pelos alimentos é a única variável que pode ser

visualizada diretamente nos animais, pois a deficiência energética na dieta de potros é

normalmente o primeiro fator limitante ao crescimento (Henneke et al., 1983). O escore

corporal de potros é o principal indicativo e deve estar por volta de quatro

(moderadamente magro, na escala de 1 a 9), com a finalidade de evitar o sobrepeso, o

que pode ocasionar nos animais o desenvolvimento de doenças ortopédicas (DOD)

(Kronfeld et al., 1990). A deficiência de energia na dieta é consequência da baixa

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disponibilidade e/ou baixa qualidade das pastagens, associada ao tempo de inadequado

de pastejo. A manutenção do escore corporal não é referência exclusiva para a nutrição

de potros, pois as outras necessidades nutricionais são tão importantes quanto a

energética.

A proteína não é só importante em quantidade, mas também a qualidade é

fundamental para potros em crescimento. A qualidade de proteína é identificada pelo

perfil de aminoácidos essenciais, em particular a lisina, o qual é variável entre os tipos

de forragens e de concentrados. A proteína ingerida, independente da origem, será

digerida de forma total ou parcial pela digestão enzimática, assim a qualidade da

proteína ingerida deve ser avaliada pelo próprio perfil de aminoácidos. A deficiência de

lisina limita o crescimento de potros (Ott et al, 1979) e pode afetar a qualidade da

proteína do leite produzido pela égua e, consequentemente, do lactente (Glade e Luba,

1990). A necessidade de lisina é 4,3 % da necessidade de proteína (NRC, 2007).

Os minerais são classificados de acordo com a quantidade necessária ao animal

diariamente, em macroelementos (Ca, P, Na, K, Mg, Cl e S) e microelementos (Co, Cu,

I, Fe, Mn, Se e Zn) (NRC, 2007). Todos os elementos minerais são importantes para o

metabolismo celular e, consequentemente, para o crescimento dos potros, mas no

planejamento nutricional os maiores cuidados devem ser para o cálcio, o fósforo e o

sódio.

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Tabela 1. Necessidades nutricionais diárias de potros (peso corporal adulto 500 kg)

Idade dos potros Peso

(kg)

Ganho

(kg)

E.D.

Mcal

P.B.

g

Lys

g

Ca

g

P

g

Vit. A

UI

Vit. D

UI

Vit. E

UI

4 meses 168 0,84 13,3 669 28,8 39,1 21,7 7,6 3740 337

6 meses 216 0,72 15,5 676 29,1 38,6 21,5 9,7 4793 432

12 meses 321 0,45 18,8 846 36,4 37,7 20,9 14,5 5589 642

18 meses 387 0,29 19,2 799 34,4 37,0 20,6 17,4 6161 775

18 meses

Exercício leve

387 0,29 22,1 853 36,7 37,0 20,6 17,4 6161 775

18 meses

Exercício

moderado

387 0,29 25,0 906 39,0 37,0 20,6 17,4 6161 775

24 meses 429 0,18 18,7 770 33,1 36,7 20,4 19,3 5880 858

24 meses

Exercício leve

429 0,18 21,8 829 35,7 36,7 20,4 19,3 5880 858

24 meses

Exercício

moderado

429 0,18 24,8 888 38,2 36,7 20,4 19,3 5880 858

24 meses

Exercício intenso

429 0,18 27,9 969 41,7 36,7 20,4 19,3 5880 858

24 meses

Exercício muito

intenso

429 0,18 32,5 1091 46,9 36,7 20,4 19,3 5880 858

FONTE: Nutrients Requirements of Horses – National Research Council

(NRC, 2007).

As vitaminas necessárias para o pleno desenvolvimento dos potros são

representadas pelas vitaminas A, vitamina D, vitamina E, vitamina C e as do complexo

B (B1, B2, B12 e Biotina) (NRC, 2007). O beta-caroteno é o mais importante carotenóide

precursor da vitamina A. As forragens contêm de 30 a 385 mg de beta-caroteno/kg

M.S., quantidade suficiente para suprir as necessidades diárias. A vitamina D é

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sintetizada na pele por meio dos raios ultravioleta e não há relatos de deficiência desta

vitamina em cavalos manejados com exposição diária à luz do sol. A vitamina E é

encontrada nas forragens em concentrações de 30 a 100 UI/kg M.S., o suficiente para

suprir as necessidades, enquanto que nos grãos de 20 a 30 UI/kg M.S. A necessidade de

vitamina C na dieta não tem sido determinada por haver produção pelo próprio

organismo dos equinos. As vitaminas do complexo B são sintetizadas e absorvidas no

trato gastrointestinal dos cavalos e deficiências não têm sido relatadas (NRC, 2007).

Recursos disponíveis para o planejamento alimentar e nutricional

A relação entre a alimentação e a nutrição diária de potros traz a necessidade de

avaliarmos as características quantitativas e qualitativas dos alimentos disponíveis. De

forma objetiva, os alimentos são divididos em duas classes denominadas volumosos e

concentrados de acordo com o conteúdo de fibra, de energia e/ou proteína (NRC, 2007).

Os volumosos representados pelas pastagens, fenos e até silagens, podem suprir todas

as necessidades nutricionais de potros, desde que ofertados em quantidade e qualidade.

Além da oferta, outro importante fator é o tempo disponível para colheita do alimento, o

qual é constantemente influenciado pelo manejo dos animais. Potros mantidos em

pastagens ingerem alimentos volumosos por 10 a 16 horas no dia e de 20 a 50 % no

período noturno (Doreau et al., 1980; Fleurance et al., 2001; Dittrich, 2001; Melo,

2007).

Os alimentos concentrados, representados principalmente pelos grãos de cereais

e sementes de oleaginosas, quando necessário, podem e devem ser utilizados para

complementar a alimentação e a nutrição de potros. É importante salientar que a

ingestão de alimentos concentrados permite maior ingestão diária de nutrientes, mas os

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volumosos devem contribuir com a maior parte da dieta de potros, porque permite

funcionamento adequado do aparelho digestório. Os equinos, por serem monogástricos,

apresentam a capacidade de digerir boa parte dos compostos presentes nos alimentos

concentrados, mas as particularidades do aparelho digestório refletem no

comportamento alimentar da espécie e exigem cuidados no que diz respeito à utilização

de alimentos concentrados aos animais.

O planejamento para alimentar e nutrir os potros depende do conhecimento

vários temas, entre eles, do ambiente de criação (solo, clima, espécies vegetais, etc...),

dos recursos alimentares alternativos disponíveis, do comportamento alimentar, da

anatomia e fisiologia digestiva, das necessidades alimentares e nutricionais. Para a

coleta de informações, com o objetivo de elaborar um planejamento alimentar e

nutricional de potros, estão disponíveis várias ferramentas de diagnóstico. O

conhecimento necessário para este trabalho é multidisciplinar e inicia na quantificação

da área realmente utilizada para produção de forragens e concentrados, nas

características físicas (relevo) e químicas (fertilidade) das mesmas, no conhecimento

climatológico local e estacional, na quantidade e qualidade do alimento produzido pelas

espécies e variedades utilizadas, nas características comportamentais dos potros em

pastejo, nas exigências alimentares e nutricionais e nas curvas de desenvolvimento

corporal. A identificação destas características norteará o planejamento e,

consequentemente, o manejo a ser adotado.

Para cada etapa do diagnóstico estão disponíveis profissionais,

equipamentos, laboratórios e conhecimento para identificarmos a realidade e

transformá-la em números, planilhas e/ou gráficos que facilitam a interpretação e nos

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permitam tomar decisões para ajustar o manejo da criação de potros com boa condição

para serem comercializados e/ou utilizados nas mais diferentes funções.

Caracterização quantitativa e qualitativa do ambiente

Inicialmente, faz-se necessário a quantificação exata das áreas disponíveis para a

produção de alimentos volumosos e concentrados. Em seguida, a avaliação da

fertilidade do solo das áreas das pastagens é um ponto importante e deve ser realizada

para identificar as necessidades de correção e adubação. A pastagem, independente da

espécie, expressará seu máximo potencial em condições de boa fertilidade e,

consequentemente, a disponibilidade de nutrientes no ambiente será maior. A massa de

forragem instantânea (kg/ha), ou ao longo do ano, pode ser identificada por meio de

técnicas não destrutivas de avaliação (Nascimento Junior, 1982). A massa de folhas é a

principal informação a ser aferida, pois os equinos selecionam esta estrutura durante o

pastejo e há uma relação positiva entre a massa de folhas, a qualidade do dossel e

qualidade da dieta colhida. Para relacionar a massa de folha disponível com a

necessidade alimentar dos animais, devemos aplicar os conceitos de consumo e oferta

de forragem. Consumo é a ingestão voluntária de pastagem, que para potros

desmamados varia de 1,8 a 2,0% do p.v. (Grace et al. 2003). Oferta é a massa

instantânea de forragem disponível em relação à massa corporal dos animais, a qual

reflete na pressão de pastejo (Mott, 1960). Para que a pastagem permita a máxima

ingestão voluntária de folhas, esta deve disponibilizar aos potros no mínimo o dobro da

necessidade de ingestão diária, permitindo, assim, a rejeição de parte da pastagem por

pisoteio, a rejeição de áreas com excrementos, a possibilidade de selecionar as folhas e

permitir a sobra de folhas para a rebrota.

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A qualidade da forragem é consequência das partes que compõem o dossel, a

família dos vegetais (gramíneas e leguminosas), as espécies, as variedades (genética

selecionada), as partes das plantas (folhas, colmos, inflorescências e sementes), as quais

também são influenciadas pelas características físicas e químicas do solo, do clima e do

estádio de desenvolvimento. O conteúdo de nutrientes nas forrageiras é variável, mas as

leguminosas apresentam, em média, maior conteúdo de proteína e maior concentração

de aminoácidos essenciais, especificamente a lisina, maiores conteúdos de cálcio e

maior digestibilidade (Sturgeon et al., 2000). Algumas leguminosas bem manejadas

podem apresentar até 8,5 vezes mais lisina do que de gramíneas na mesma condição

(NRC, 2007). Esta diferença reforça a importância da presença de leguminosas nas

pastagens. As pastagens em fase vegetativa apresentam nas folhas o maior valor

nutritivo e a preferência dos potros em pastejo é por esta estrutura, tanto de gramíneas

quanto de leguminosas (Dittrich, 2007). O crescimento e a permanência das

leguminosas em mistura com gramíneas tropicais são prejudicados, principalmente

porque as gramíneas tropicais apresentam altas taxas de crescimento e maior adaptação

aos solos menos férteis. O crescimento das pastagens, bem como a ação do pastejo,

promovem alterações na estrutura do dossel. O estádio de desenvolvimento interfere na

qualidade do pasto disponibilizado aos potros e há necessidade de acompanhar a

variação da qualidade do dossel ao longo do ano, principalmente nos conteúdos de

proteína. Deve-se levar em consideração também a possibilidade das gramíneas

tropicais apresentarem conteúdos de oxalatos (oxalato de cálcio) que podem fazer com

que o cálcio na forragem fique indisponível para a absorção (McKenzie et al., 1981).

A análise bromatológica laboratorial é o meio mais indicado para acompanhar a

qualidade da dieta colhida pelos potros nas pastagens. As amostras colhidas para serem

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enviadas para análise, devem representar o ambiente de pastejo. Para tanto, a técnica

mais indicada para colheita das amostras é a de simulação do pastejo (Burns, et al.,

1989), pois permite associar a qualidade da amostra colhida à dieta dos animais. O

número de amostras colhidas para tal finalidade é variável e depende da diversidade de

espécies na pastagem, do manejo imposto aos animais e do sistema de lotação utilizado

para pastejo das áreas.

As técnicas laboratoriais para análise de alimentos (AOAC, 1995; VAN SOAST,

1995) quantificam os conteúdos de PB, EE, FB, ENN, FDN, FDA, Ca, P e Mg. A

energia digestível da forragem pode ser identificada por aplicação da fórmula:

ED (Kcal/Kg M.S.) = 2.118 + 12,18 x (%PB) – 9,37 x (%FDA) – 3,83 x

(%hemicelulose) + 47,18 x (%gordura) + 20,35 x (% carboidrato não estrutural) – 26,3

(% resíduo mineral) (NRC, 2007). Onde hemicelulose = FDA (Fibra Detergente Ácido)

– FDN (Fibra Detergente Neutro) e Carboidrato Não Estrutural = (100 - % FDN - %

gordura - % resíduo mineral - % PB).

Os resultados destas análises são obtidos a partir da amostra enviada ao

laboratório e devem ser interpretados e correlacionados com o conhecimento do

ambiente de pastejo. A correta interpretação da qualidade nutricional da pastagem é de

extrema importância para identificar se há ou não necessidade de suplementar e quais

nutrientes seriam necessários.

Análise quantitativa e qualitativa da suplementação

A estimativa da ingestão de alimento e de nutrientes frente às necessidades

alimentares e nutricionais indicam a necessidade quantitativa e qualitativa da

suplementação. A suplementação é necessária quando a ingestão de alimentos é

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insuficiente ou quando a qualidade não permite o pleno desenvolvimento dos potros. A

necessidade suplementar pode ser de alimentos volumosos e/ou concentrados.

Alimento volumoso suplementar é necessário quando a massa de forragem ou o

tempo de pastejo não foram suficientes para permitir a ingestão mínima deste tipo de

alimento. Não há relatos de pesquisas que apresentem a real necessidade de forragem na

dieta de potros, mas está claro que a forragem é a base da dieta e há muitas evidências

da importância do conteúdo de alimentos volumosos para prevenção de acidoses

(Medina et al., 2002), de cólicas (Tinker et al., 1997) de úlceras gástricas (Murray et al.,

1989) e dos desvios comportamentais (Gillham, et al., 1994). Além da presença da

fibra, os volumosos também contribuem com os outros nutrientes. Se há necessidade da

suplementação de volumosos, as forragens conservadas na forma de fenos, podem ser

amplamente utilizadas (Almeida et al., 1999). Além dos fenos, as silagens de boa

qualidade também podem ser utilizadas na referida suplementação, mas esta prática é

menos frequente (Müller & Udén, 2007). A qualidade alimentar e nutricional destes

alimentos deve ser avaliada deve ser avaliada por meio de técnicas visuais e análise

bromatológica laboratorial.

As necessidades alimentar e nutricional dos potros podem ser atingidas somente

pela utilização de alimentos volumosos, dependendo da qualidade dos mesmos. Potros

da raça P.S.I. alimentados exclusivamente com pastagens (Brown-Douglas, 2003)

apresentaram crescimento similar aos alimentados com concentrados e fenos

suplementares no pasto (Pagan, 1996). Se não for possível, há possibilidade de se

utilizar alimentos concentrados. Vale ressaltar que nem sempre este tipo de alimento

está disponível na propriedade e a aquisição acarreta em aumento nos custos da criação.

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Potros desmamados podem receber uma dieta composta de volumoso e

concentrado na proporção de 50:50 ou 35:65, respectivamente, e apresentarem

desenvolvimento similar de altura e peso (Ott & Kivipelto, 2003). Todo alimento

concentrado apresenta baixo conteúdo em fibra e quantidades significativas de amido,

óleos e proteínas. Os grãos de cereais e as sementes de oleaginosas são os mais

utilizados. O amido e os óleos são considerados fontes de energia e as tortas (produto

após a extração do óleo) fontes de proteínas (NRC, 2007). Os grãos de cereais que são

alimentos ricos em amido, como o milho, a aveia e a cevada, podem ser amplamente

utilizados para suprir a deficiência de energia na dieta dos potros. Apesar de serem ricos

em amido também apresentam conteúdos de proteína, minerais e vitaminas. O grão de

milho é a fonte suplementar mais econômica e de maior conteúdo em energia, quando

comparada ao grão de aveia e de cevada, por possuir maior peso específico, maior

conteúdo de amido e menor de fibra. Por apresentarem pouca fibra, os grãos de cereais,

se utilizados de maneira indiscriminada, podem desencadear problemas no aparelho

digestório dos animais, como as cólicas. Outro ingrediente utilizado na suplementação

de energia são os óleos e desde que utilizados com critério podem substituir o amido na

dieta de potros (Hoffman, 1999).

A deficiência proteica é menos perceptível, comparada à energética, mas muito

frequente. Muitos dos alimentos concentrados proteicos tais como farelo de soja, de

algodão, de linhaça, de girassol e levedura de cana tem sido utilizado nos suplementos,

todavia fontes de proteína como leite (subprodutos), farelo de soja e farelo de canola

(Cymbaluk, 1990) têm apresentado resultados superiores para potros em crescimento,

provavelmente devido ao melhor perfil de aminoácidos e maior digestibilidade (Ott et

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al., 1979). A escolha da fonte suplementar de proteína para potros deve levar em

consideração os níveis de lisina.

Todos estes alimentos contêm minerais em diferentes quantidades, mas as

principais fontes inorgânicas suplementares são o calcário, o fosfato bicálcico e o sal

comum (NaCl). O sal comum, devido a grande importância do sódio em diferentes

funções no organismo, é procurado pelos animais e, desta forma, amplamente utilizado

para a suplementação de outros macro e microelementos (Hintz, 1987). O calcário e o

fosfato bicálcico podem ser utilizados tanto no sal mineral suplementar quanto em

alimentos proteicos e energéticos, para suprir a deficiência de cálcio e fósforo na dieta e

manter adequada relação entre estes minerais.

Os elementos minerais de maior preocupação no que diz respeito à nutrição são

o cálcio e o fósforo. A avaliação da quantidade destes minerais na dieta dos potros nas

pastagens é de grande importância, pois há ampla variação relacionada à espécie,

maturidade e características ambientais. Outro ponto importante na nutrição mineral é a

relação entre os conteúdos de cálcio e fósforo na dieta. A ingestão absoluta destes

elementos deve ser adequada, mas é importante avaliar a relação entre os mesmos. Se a

ingestão de cálcio for menor do que a de fósforo, a absorção de cálcio poderá ser

prejudicada, da mesma forma, se a dieta contém adequado conteúdo de cálcio e

excessivo fósforo poderá ocorrer osteodistrofias (Schyver et al., 1971a,b). A utilização

de concentrados para potros, sem critérios alimentares e nutricionais, principalmente

com a utilização de grãos de cereais pode ocasionar problemas ósseos graves nos

animais em crescimento. Os conteúdos de fósforo das gramíneas, leguminosas, grãos de

cereais e farelos de oleaginosas estão entre 0,25 a 0,40% e absorção do fósforo varia

entre 30 a 45% (NRC, 2007). A suplementação deste elemento, por meio de fontes

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inorgânicas, não é necessária para potros em crescimento em padrões adequados de

alimentação (Oliveira et al., 2008). Desta forma, quantificar os conteúdos de cálcio e

fósforo na dieta é fundamental para identificar a necessidade de ajustes na relação entre

os dois elementos. A relação cálcio/fósforo (Ca:P) é importante para a absorção,

retenção e excreção do cálcio (VITTI, 2008). Se a ingestão de fósforo for adequada,

recomenda-se que esta relação seja no mínimo de 1:1, podendo ser aceitável nível maior

(até 6:1) para potros em crescimento, (NRC, 2007). Deve-se salientar que a avaliação

dos conteúdos e da relação Ca:P deve ser completa, levando-se em consideração a

ingestão nas pastagens, nos concentrados e no sal mineral.

As forragens e os grãos possuem pequenas quantidades de sódio (Na) e devido à

necessidade de ingestão deste elemento o sal comum (NaCl) deve ser disponibilizado

aos potros em livre acesso. A ingestão voluntária do sal comum pode ser utilizada para

suplementar os outros minerais. O produto final da adição de outras fontes de macro e

microelementos minerais ao sal comum é denominado sal mineral. Este composto

permite a ingestão simultânea de outros minerais importantes na nutrição, mas devem

ser ingeridos em pequenas quantidades. A utilização de misturas minerais específicas

para equinos, formuladas por empresas idôneas, auxiliam na suplementação correta

tanto dos macroelementos, quanto dos microelementos minerais.

Suplementação de potro lactente

O crescimento inicial é o resultado do aporte energético, proteico, mineral e

vitamínico do leite produzido pela égua, assim todos os critérios de avaliação da dieta

devem ser aplicados para alimentar e nutrir as éguas lactantes. O controle do peso e

altura (taxa de crescimento) deve ser realizado quinzenalmente e projetado aos padrões

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da raça, pois reflete a quantidade e a qualidade do leite produzido, o que pode indicar a

necessidade de suplementação. Meyer (1995) relata que há necessidade de

suplementação nutricional aos potros a partir de dois meses de vida, mas esta deve ser

criteriosa, principalmente no que diz respeito à qualidade e quantidade. A quantidade

poderá ser de até 1% do peso dos potros. A qualidade deve levar em consideração a

energia, a proteína (perfil de aminoácidos), o cálcio e fósforo (disponibilidade) dos

ingredientes utilizados para confecção do suplemento. Deve-se lembrar que o leite da

égua é o melhor alimento para potros lactentes e utilizar suplementos de forma

inadequada, tanto em quantidade quanto em qualidade, pode ocasionar inúmeros

problemas, desde osteodistrofias até enterotoxemias.

Manejo da criação e suplementação

Para cada uma das diferentes raças criadas no Brasil há o momento em que se

inicia a “doma de baixo”. Dependendo da situação pode acontecer já nos primeiros dias

de vida, como na raça P.S.I., ou somente após o desmame como em outras raças

nacionais. Em cada um destes casos deve-se levar em consideração o tempo em que os

potros permanecem nas atividades impostas pelo homem, o que pode levar à

necessidade de suplementação alimentar e nutricional criteriosa. Quando do início da

ginástica funcional, rotineiros exercícios de condicionamento físico e desenvolvimento

muscular, normalmente progressivos na intensidade e no esforço, há aumento nas

necessidades energéticas e de minerais, principalmente sódio, cloro e potássio (Coenen,

2005). Percebe-se que além do incremento das necessidades nutricionais, ocorre

diminuição do tempo de colheita de forragem por parte destes animais,

consequentemente diminuição da quantidade de alimento no dia e há necessidade de

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suplementação. O manejo imposto pelo homem, para cada uma das situações, interfere

no que podemos considerar natural da espécie, desta forma uma análise criteriosa das

nossas práticas de manejo é imprescindível para alimentar e nutrir os potros de forma

correta e permitir a expressão de todo potencial genético individual.

O correto planejamento alimentar e nutricional identifica se há ou não

necessidade de suplementar e a forma é uma questão que deve considerar as

particularidades da propriedade. A melhor estratégia é aquela que se enquadra para

suprir as necessidades dos potros, das instalações e do pessoal de apoio. Obviamente, a

suplementação individual é mais indicada, pois permite maior controle da quantidade

que o potro consome, mas normalmente são necessárias instalações adequadas para esta

finalidade. Outra vantagem da suplementação individual é o manejo dos animais no que

diz respeito à “doma de baixo”, a qual é iniciada de forma precoce. Na suplementação

coletiva, o controle quantitativo do alimento consumido pelos potros individualmente

fica prejudicado e neste momento o comportamento competitivo leva ao domínio de

determinados indivíduos.

Quando houver necessidade de suplementar os potros lactentes (“ao pé da égua”)

podem ser utilizadas instalações denominadas “creep feed”, as quais permitem o acesso

exclusivo dos potros e não das suas mães onde são disponibilizados suplementos de alto

valor alimentar. A desvantagem deste sistema é a competição que também ocorre entre

os animais do grupo e, consequentemente, diferentes quantidades do suplemento serão

ingeridas por indivíduo.

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