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Jan / Fev / Mar / 2012 | edição especial | nº 112 | ano X | www.fidelidadespirita.org.br Pureza doutrinária Série Antologia Volume II Dom Quixote Espírita? A “maldição” da mediunidade A Revista que se Responsabiliza Doutrinariamente pelos Textos Publicados

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Jan / Fev / Mar / 2012 | edição especial | nº 112 | ano X | www.fidelidadespirita.org.br

Pureza doutrinária

Série AntologiaVolume II

Dom Quixote Espírita?

A “maldição” da mediunidadeA Revista que se

Responsabiliza Doutrinariamente

pelos Textos Publicados

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EditorEmanuel Cristiano

Depto. EditorialJornalista ResponsávelRenata Levantesi (Mtb 28.765)

DiagramaçãoMauro A. Kasi

RevisãoZilda Nascimento

Administração e ComércioElizabeth Cristina S. Silva

Apoio CulturalBraga Produtos Adesivos

ImpressãoCitygráfica

Fale [email protected] 55 19 3233.5596

AssinaturasAssinatura anual: R$ 50,00Exterior: US$ 55,00

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Dr. Luís Silvério, 12013042-010 Vila MarietaCampinas | São Paulo | Brasil CNPJ: 01.990.042/0001-80I.E.: 244.933.991.112

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O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

Expediente Sumário

03 Editorial

04 MétodoComo Analisar Mensagens Psicografadas

06 Espiritismo e CulturaDom Quixote Espírita?

08 Ciência e EspiritismoExperiências fora do Corpo

12 FilosofiaOrfeu e a Imortalidade da Alma

14 CapaPureza Doutrinária

18 Aconteceu ComigoUm Raio em minha casa

20 HagiografiaOs Santos e a Mediunidade.Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis

24 MediunidadeA “maldição” da mediunidade

26 Fé e razãoIsaac Newton e a Criação

27 ResponsabilidadeSimonia e Movimento Espírita

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Editorial

Quanto mais avança o Tempo nas trilhas da História, apartando-se-lhe da figura subli-me, mais amplo esplendor lhe assinala a

presença.

Ele não era legislador e a sua palavra colo-cou os princípios da Misericórdia nos braços da Justiça.

Não era administrador e instituiu na Carida-de o campo da assistência fraternal em que os mais favorecidos podem amparar os irmãos em penúria.

Não era escritor e inspirou e ainda inspira as mais belas páginas da Humanidade.

Não era advogado e ainda hoje, é o defensor de todos os infelizes.

Não era engenheiro e continua edificando as mais sólidas pontes, destinadas à aproximação e ao relacionamento entre as criaturas.

Não era médico e prossegue sanando os males do espírito, além de suscitar o levantamento cons-tante de mais hospitais e mais extensas obras de benemerência, capazes de estender alívio e socorro aos doentes.

Ensinou a prática do amor, renunciando à feli-cidade de ser amado.

Pregou a extinção do ódio, desculpando sem condições a todos aqueles que lhe ultrajaram a existência.

Não dispunha dessa ou daquela posse, na or-dem material dos homens, e enriqueceu a Terra de esperança e de alegria.

Não viajou pelos continentes do Planeta, mas conversando com alguns necessitados e desvali-dos, na limitada região em que morava, elevando constantemente os destinos da vida comunitária.

Embora crucificado e tido por malfeitor, há quase vinte séculos, quando os povos tentam apa-gar-lhe os ensinamentos, a Civilização treme nas bases.

Esse homem que conservava consigo a sabe-doria e a beleza dos anjos, tem o nome de Jesus Cristo.

O seu imenso amor é a presença de Deus na Terra e a sua vida é e será sempre a luz das nações.

Emmanuel

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Esperança e Luz. Págs. 15 a 17. CEU. 1993.

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Como analisar mensagenspsicografadas

* Allan Kardec - O Livro dos Médiuns. Cap. 10 item 136 - Ed. Feb.

** A articulista é Presidente do Centro Espírita “Allan Kardec” Campinas / SP no qual se dedica há 60 anos de trabalho, quer nas atividades assistenciais, quer doutrinárias. Possui larga experiência no diálogo com os espíritos e na

direção de reuniões de desobsessão. Zelando, durante todos esses anos, pela Fidelidade Espírita.

“Os Espíritos verdadeiramente superiores recomendam-nos de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica”*, é o que nos alerta Kardec em O Livro dos Médiuns.Mas quais métodos e critérios devemos utilizar ao analisar as comunicações obtidas em nossos grupos ou as que nos chegam vindas de outros núcleos espíritas?Esse roteiro que nos oferece Daisy Jurgensen Machado é resultado de seus estudos e pesquisas, realizados no Centro Espírita “Allan Kardec”, de Campinas.

por Daisy Jurgensen Machado** | Campinas SP

Método

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Para saber mais consulte:

O Livro dos Médiuns – 2ª parte, cap. 10 e 15 - Ed. Feb

Método

2. Com relação ao conteúdo:a. É doutrinariamente correta?b. Contém um ensinamento impor-

tante?c. São exatas todas as citações sobre

personagens da história ou referên-cias bíblicas/evangélicas?

Esta análise deve ser efetuada com bom senso e conhecimento doutriná-rio seguro por parte de quem analisa a mensagem ou do grupo que a recebe.

3. Quanto aos objetivos:A quem é dirigida a mensagem?

Com qual intenção?a. Ao próprio grupo como estímulo,

instrução, aconselhamento, adver-tência ou apenas uma manifestação de apreço e carinho.

b. À Casa Espírita como estímulo, instrução, comprovação de presen-ça dos amigos espirituais nas tarefas e na direção da Casa, advertência a todos os colaboradores.

c. Para divulgação geral (por volantes, pela imprensa, livros, etc.), quando se tratar de mensagem doutrinária de teor elevado e importante.

d. A alguém em particular? Quem? Está presente? É conhecido? Temos como localizar? A mensagem con-tém elementos de comprovação da identidade, quanto ao espírito que a transmite?

4. Quanto à forma gramatical:A análise da mensagem deve se es-

tender, também, à sua forma. Deve ter começo, meio e fim, isto é, coerência, correção na apresentação da ideia cen-tral da mensagem.

A linguagem deve ser simples, cla-ra, objetiva, concisa, elegante, sem

vícios. Deve ser, também, gramatical-mente correta (pontuação adequada, concordância de tempos e modos, gra-fia correta das palavras).

A correção ou incorreção gramatical da mensagem psicografada pode ter por causa o espírito (seu saber ou ignorância) ou ser devida à interferência do médium e não invalida a qualidade do seu conte-údo. Mas se formos publicar essa mensa-gem, devemos fazer as correções grama-ticais necessárias.

O aperfeiçoamento do médium na psicografia

É natural que, no início de seu tra-balho mediúnico, o médium encontre várias dificuldades. Ex.: Muita interfe-rência do próprio médium na escrita. É preciso perseverar no treinamento e no estudo da Doutrina para oferecer facilidades aos comunicantes. Lem-bremos que Chico Xavier e Divaldo Franco, depois de alguns anos de tra-balho na psicografia, foram orientados a inutilizar o que haviam feito (porque ainda eram exercícios) e recomeçarem.

Médiuns e dirigentes não devem se entusiasmar demais com as primeiras mensagens recebidas em seus trabalhos. É preciso estudo, perseverança e critérios rígidos de análise das mensagens, orien-tação segura e fraterna aos médiuns, com estímulos para que se sintam motivados a continuar treinando, aprendendo e, so-bretudo, analisarem com bom senso as mensagens que recebem.

Obs.: Cuidado com os nomes que assinam as mensagens. Se forem no-mes de espíritos elevados e conhecidos, os cuidados devem ser redobrados.

1. Qual foi o tipo da psico-grafia?

É importante considerar se a men-sagem foi recebida por psicografia mecânica, semi-mecânica ou intuiti-va, para compreender se há maior ou menor possibilidade de interferência do médium na mensagem.

Como se verifica em O Livro dos Médiuns, cap. XV, temos:

Médium passivo ou mecânicoIdeia que muitos fazem a respeito:

Não tem a menor consciência do que escreve. O espírito atua diretamente sobre a mão do médium. O médium mecânico é uma máquina.

Entretanto, toda ação física, volun-tária ou não, se verifica pelo comando do cérebro. Neste caso, a ação se dá (pe-rispírito a perispírito) através da região cerebral que impulsiona o movimento de escrever e o conhecimento da comu-nicação vem depois do ato da escrita.

Médium intuitivoTransmissão do pensamento por

meio do espírito do médium. Atua sobre a alma com a qual se identifica. Esta recebe o pensamento do espírito e o transmite.

Nessa situação, o médium tem cons-ciência do que escreve, embora não ex-prima o seu próprio pensamento. O médium intuitivo age como o faria um intérprete. O pensamento precede o ato.

Médium semi-mecânicoParticipa de ambos os gêneros. Sen-

te que à sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medi-da que as palavras se formam. O pensa-mento acompanha o ato da escrita.

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Dom Quixote Espírita?

Espiritismo e Cultura

“És um fracasso em literatura, mas te tornarás célebre com o nosso concurso”

por Marcus Augusto | Campinas SP

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Espiritismo e Cultura

A editora Nova Cultural lançou, recentemente, a coleção: Obras Primas, contendo os clássicos da literatura mundial. O primeiro lançamento, em edição luxo, capa dura, foi Dom Quixote, o fidalgo espanhol que de tanto ler romances de cavalaria acreditou ser, ele mesmo, um cavaleiro medieval.

Para saber mais consulte:

•Dom Quixote. Miguel de Cervantes Saavedra. Ed. Nova Cultural.

•Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo. Sylvio Brito Soares. Ed. Feb.

•O Livro dos Espíritos. Allan Kardec itens 459 - 472. Ed. Feb.

Todavia, Sylvio Brito Soares em sua obra Grandes Vultos da Hu-manidade e o Espiritismo, Ed.

Feb, traz informações valiosas acerca do autor e sua obra.

Baseando-se em vasta bibliogra-fia, Sylvio Brito afirma que Miguel de Cervantes Saavedra tinha pouco ou nenhum talento para a literatura.

Aproximadamente, quarenta peças escritas por ele fracassaram. E diz um de seus biógrafos que ele era “um vul-cão de energia em plena erupção. Mas um vulcão que, em vez de lavas, lançava apenas cinzas”. Os dramas eram piores que as poesias. Tudo indicava que Cer-vantes jamais alcançaria êxito na arte de escrever. Depois de vários tumultos na vida pessoal, chegou aos 58 anos, passando por muitas lutas e reveses!

Completamente desiludido, sen-tiu vontade de escrever, mas escrever o quê? Ele não sabia! Obedecendo, porém, a essa vontade tomou do pa-pel e bastante surpreso ouviu uma voz dentro de si que lhe dizia: “És um fra-casso em literatura, mas te tornarás célebre com o nosso concurso”. E automaticamente iniciou o seu traba-lho para dentro em breve ser publicado o Dom Quixote, considerado uma das obras primas do engenho humano!

Concluída a primeira parte da obra de Miguel de Cervantes, os Espíritos dele se afastaram e durante dez anos consecutivos ele escreveu apenas po-esias medíocres, inúmeras peças que nunca subiram ao palco e uma coleção de contos igualmente medíocres.

Os espíritos voltaram, depois, es-creveram por seu intermédio, conclu-íram a obra que surgiu no mercado de livros em 1615 e, no ano seguinte, Mi-guel de Cervantes faleceu, retornando ao plano espiritual!

A obra Dom Quixote, portanto, embora não seja uma obra doutrinária Espírita, comprova o fenômeno da psi-cografia, bem como o da inspiração, patenteando o interesse dos espíritos no progresso e na cultura humanas, confirmando, ainda, O Livro dos Espí-ritos: L.E. item 462. Os homens de inteligência e de gênio tiram sempre suas ideias de si mesmos?

Algumas vezes as ideias surgem de seu próprio Espírito, mas freqüentemen-te lhes são sugeridas por outros Espíritos, que os julgam capazes de as compreender e dignos de as transmitir. Quando eles não as encontram em si mesmos, apelam para a inspiração; é uma evocação que fazem, sem o suspeitar.

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Ciência e Espiritismo

ExperiênciasForadoCorpoCorpo“O corpo espiritual se projeta para fora do corpo físico em situações diferentes, mas revelando a ocorrência de um desdobramento produtivo e complexo.”

Corpopor Prof. Dr. Nubor Orlando Facure* | Campinas SP

Exclusivo para FidelidadESPÍRITA

Uma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SP Assine 19 3233.55968 FidelidadESPÍRITA Jan/Fev/Mar/2012

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Uma notícia recente nos jor-nais afirmava que cientis-tas tinham encontrado uma

determinada área do nosso cérebro, onde, um pequeno choque podia de-sencadear, no paciente, a sensação de “estar fora do corpo”.

Desde que surgiu a possibilidade de se examinar o cérebro funcionan-do, através da tomografia por emis-são de pósitrons, os cientistas estão se especializando em revelar locais inu-sitados no cérebro para compreender onde percebemos as cores, os movi-mentos dos objetos, a recordação de fatos antigos ou recentes, a leitura de palavras estrangeiras, o cálculo e as sensações psíquicas relacionadas com afeto, emoção, fome e desejos.

Sinto muita dificuldade em ver reduzida a uma função biológica dos neurônios, aquela sensação desconfor-tante que a saudade dos meus netos me provoca. Pior, ainda, é achar que aque-las férias que passei com minha esposa podem ser resumidas a pequenas tro-cas químicas nos meus hipocampos.

Tanto a literatura leiga quanto tra-balhos sérios de psiquiatras america-nos popularizaram os relatos de “expe-riências fora do corpo”.

É claro que uma descrição desse tipo, por não contar com uma com-provação material, ainda deixa em completa descrença a maioria dos cientistas. Algumas descrições são grosseiramente fantasiosas e ridícu-las, trazendo mais desconfiança ain-da a um tema tão sério. Outras, no entanto, particularmente as do meio médico especializado, tentam encon-trar, no fenômeno, uma sistemática de apresentação dos fatos, preten-dendo, desta forma, dar uma feição “científica” aos que forçam nos seus relatos. A presença de túneis, de enti-dades luminosas, de jardins imensos, de alertas quanto a procedimentos fu-turos, recomendações enfáticas para voltar ao corpo e diálogos reveladores são comuns nessas descrições.

Ciência e Espiritismo

RelatosNuma recordação rápida, gostaria de lembrar três relatos interessantes que podem servir de estudo para quem estiver interessado em expandir seu aprendizado sobre o tema.

Johannes Kepler, o famoso as-trônomo que nos revelou as leis que governam os movimentos dos astros, escreveu um livro au-tobiográfico onde ele faz relato de sua viagem à Lua. Para fugir da perseguição religiosa ele teve que escrever em forma de romance e fazer suas descrições como se ti-vesse sido um sonho. Este livro só foi publicado após a sua morte e propositadamente com o título de Somnium. Ele relata que estando nas alturas do firmamento pôde compreender os movimentos dos planetas que uma hora nos pare-cem ir para frente e outras vezes parecem caminhar para traz. Po-demos questionar se Kepler não teria sido levado realmente às imensidões do espaço sideral para ver os planetas de um ponto es-tratégico que o permitisse compre-ender a grandiosidade das leis que estava descobrindo.

Nesses três casos pode-se perceber que o corpo espiritual se projeta para fora do corpo físico em situações dife-rentes, mas revelando, com certeza, a ocorrência de um desdobramento pro-dutivo e complexo, que um simples es-tímulo cerebral, como aquele pequeno choque que os cientistas produziram,

nunca será capaz de reproduzir. Seria muito bom se isto pudesse ocorrer, por-que, quem sabe, teríamos encontrado a chave para desencadear descobertas científicas como fez o Kepler ou escrever obras máximas da literatura como fize-ram Goethe e Dante.

Mais conhecidas ainda são as descri-ções de Dante Alighieri, que acompa-nhado do seu guia, faz relatos impres-sionantes sobre o “céu, o purgatório e o inferno”.

Goethe, o grande escritor alemão, escreveu que em certa ocasião, es-tando em viagem para Drusenheim, percebeu alguém cruzando a estra-da, podendo ver claramente os trajes usados pela imagem que, no primei-ro momento, não reconhecia. Cerca de oito anos depois, surpreendeu-se passando pelos mesmos lugares, só que agora era ele mesmo quem es-tava usando os trajes que tinha visto.

Kepler Goethe

Dante Alighieri

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Ciência e Espiritismo

Análise EspíritaEm O Livro dos Espíritos, Allan

Kardec elaborou uma série de pergun-tas abordando o tema da “emancipa-ção da alma”.

Neste capítulo (Cap. VIII do se-gundo livro), Kardec aborda o sono e os sonhos, as visitas espíritas entre pessoas vivas, a transmissão oculta do pensamento, as mortes aparen-tes, o sonambulismo, o êxtase e a dupla vista.

De início, já percebemos que Kar-dec não utilizou o sincretismo cienti-fico ou a linguagem rebuscada que os termos técnicos de hoje permitem.

Sobre o que hoje chamamos de “ex-periência fora do corpo” os instruto-res espirituais nos esclarecem que:

1. “O Espírito encarnado aspira cons-tantemente a sua libertação e tanto mais deseja ver-se livre do seu in-vólucro, quanto mais grosseiro é este”.

2. (...) “O Espírito jamais está inativo. Durante o sono... ele se lança pelo espaço e entra em relação mais di-reta com os outros Espíritos”.

3. Quando o corpo repousa... “Tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o fu-turo. Adquire maior potencialida-de e pode pôr-se em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro”.

4. Durante o sono, o Espírito tem, portanto, liberdade parcial que lhe permite exercer uma intensa ativi-dade. No entanto, “o corpo dificil-mente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais”.

5. O sonambulismo, “é um estado de independência do Espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquire suas faculdades. No sonambulismo o Espírito está na posse plena de si mesmo”. Pode se utilizar do seu próprio corpo para realizar uma ação qualquer que esteja preocupa-do em fazer.

Serve-se do seu corpo “como se ser-ve de uma mesa ou de outro objeto material no fenômeno das mani-festações físicas, ou mesmo como se utiliza da mão do médium nas comunicações escritas”.

6. Quando Kardec perguntou aos Espíritos porque é que o sonâm-bulo não vê tudo e tantas vezes se engana, Eles responderam que “primeiramente aos Espíritos im-perfeitos não é dado ver tudo e tudo saberem”.

7. O sonâmbulo revela, na verdade, as capacidades da sua alma, ele tan-to vê à distância porque para lá se transporta sua alma, como vê atra-vés dos corpos opacos; rememora o passado de suas existências pretéri-tas e pode prever acontecimentos do futuro.

8. O estático é ainda mais indepen-dente do que o sonâmbulo, o que lhe permite penetrar realmente nos mundos superiores. “Vê esses mun-dos e compreende a felicidade dos que os habitam, donde lhes nasce o desejo de lá permanecer. Há, po-rém, mundos inacessíveis aos Espí-ritos que ainda não estão bastante purificados”.

9. Preocupado com a fidelidade das informações dos estáticos que poderiam se mostrar influencia-dos pela sua própria imaginação,

Kardec pergunta se “não seria justo concluir-se que nem tudo que o es-tático vê é real?”.

Os Espíritos responderam que “o que o estático vê é real para ele, mas como seu Espírito se conserva sem-pre debaixo das ideias terrenas, pode

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Ciência e Espiritismo

acontecer que veja a seu modo, ou melhor, que exprima o que vê numa linguagem moldada pelos precon-ceitos e ideias que se ache imbuído, ou, então, pelos vossos preconceitos e ideias, a fim de ser mais bem com-preendido. Nesse sentido, principal-mente, é que lhe sucede errar”.

Podemos perceber que as experi-ências fora do corpo fazem parte do cotidiano da vida de todos nós. A possibilidade de retermos todas essas memórias no nosso cérebro físico é questão de tempo que, um dia, nossa evolução espiritual vai permitir.

* O articulista é médico, formado pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba. Fez especialização em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Lecionou na Faculdade de Medicina de Campinas UNICAMP - durante 30 anos, onde fez doutorado, livre-docência e tornou-se professor titular. Fundador do Instituto do Cérebro em Campinas, em 1987, tendo ultrapassado a marca de 100.000 pacientes neurológicos registrados em sua clínica particular. Além disso, é espírita sobejamente conhecido, respeitado e querido dentro e fora do nosso movimento. Seus artigos guardam, sempre, absoluta FidelidadESPÍRITA.

11Jan/Fev/Mar/2012 FidelidadESPÍRITAUma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SPAssine 19 3233.5596

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Narram os mitólogos que Or-feu, o poeta trácio, ganhara de Apolo, o deus das artes, uma

lira, transformando-a em cítara, alte-rando de sete para nove cordas em ho-menagem às nove musas; e porque fora abençoado por Calíope (a voz bela), a musa da eloquência, retórica e da po-esia épica, ele cantava lindamente e, também, encantava. Quando entoava seu canto era capaz de acalmar as feras mais terríveis, de amansar os homens mais tirânicos e até as copas das árvo-res se reclinavam para ouvi-lo.

Todavia, Orfeu apaixonou-se por Eurídice, uma bela ninfa e se casou com ela. Entretanto, um dia o api-cultor Aristeu tentou violar a esposa do cantor da Trácia, ao fugir, Eurídi-ce pisou numa serpente, que a picou, causando-lhe a morte. Inconformado com a morte da esposa, o grande vate resolveu descer às trevas do Hades, para trazê-la de volta.

Orfeu, com sua cítara e sua voz di-vina, encantou de tal forma o mundo subterrâneo que as entidades que so-friam no tártaro tiveram momentos de alívio. Comovidos por tamanha prova de amor, Plutão (o deus dos infernos) e Prosérpina (sua mulher) concordaram em devolver-lhe a esposa. Impuseram--lhe, todavia, uma condição extrema-mente difícil: ele seguiria à frente e ela lhe acompanharia os passos, mas, en-quanto caminhassem pelas trevas in-fernais, ouvisse o que ouvisse, pensas-se o que pensasse, Orfeu não poderia

Filosofia

Orfeu e a Imortalidade da Almada Redação

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Filosofia

olhar para trás, enquanto o casal não transpusesse os limites do império das sombras. O poeta aceitou a imposição e estava quase alcançando a luz quan-do uma terrível dúvida lhe assaltou o espírito: e se não estivesse atrás dele a sua amada? E se os deuses do Hades o tivessem enganado? Mordido pela impaciência, pela incerteza, pela sau-dade, pela “carência”, o cantor olhou para trás, transgredindo a ordem dos soberanos das trevas. Ao voltar-se, viu Eurídice, que se esvaiu para sempre numa sombra, “morrendo pela segun-da vez...”; ainda tentou regressar mas o barqueiro Caronte não mais permitiu.

De volta à superfície, Orfeu decide contar tudo quanto havia visto na re-gião do Hades, fundando uma escola teológica que haveria de influenciar Pi-tágoras, Sócrates e Platão.

A escola dos órficos pregava os se-guintes princípios:• no homem se hospeda um princí-

pio divino, um espírito (...);• esse espírito não apenas preexiste

ao corpo, mas também não morre com o corpo, estando destinado a reencarnar-se em corpos sucessivos, através de uma série de renascimen-tos (...);

• com seus ritos e suas práticas, a “vida órfica” é a única em con-dições de pôr fim ao ciclo das re-encarnações, libertando, assim, a alma do corpo;

• para quem se purificou (os inicia-dos nos mistérios órficos) há um prêmio no além (da mesma forma que há punição para os não inicia-dos).Em algumas tabuinhas órficas en-

contradas nos sepulcros de seguidores dessa seita, entre outras, podem-se ler estas palavras, que resumem o núcleo central da doutrina:

“Alegra-te, tu que sofreste a paixão: antes, não havias sofrido. De homem, nasceste deus!”*

Para saber mais consulte:

•Junito Brandão, Mitologia Grega, vol. II, cap. V, Ed. Vozes.

•Abril Cultural, Mitologia, vol. II, pág. 513-528.

•Luiz A. P. Victoria, Dicionário Básico de Mitologia, pág. 111, Ed. Ediouro.

•Thomas Bulfinch, O Livro de Ouro da Mitologia, cap. XXIV, Ed. Ediouro.

•Giovanni Reale, História da Filosofia Antiga, vol. I. pág. 18 e 19.

•Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Introd. item 4, Ed. Feb.

AnáliseOrfeu representa um canto sobre a

imortalidade, sua tragédia simboliza a inconformação do ser em relação à morte e sua luta para compreender o porquê da vida.

Esse mito evidencia e fundamenta a crença dos gregos na imortalidade da alma.

Quando Eurídice é picada pela ser-pente, sua psiquê é levada para o Ha-des, onde continua viva na companhia dos outros “mortos”. Orfeu, ao se diri-gir para as regiões inferiores, comprova que aqueles que estão vivos, os encar-nados, podem falar com os chamados “mortos”, os desencarnados. Destarte, sob essa perspectiva, bradar de manei-ra dogmática que a alma é mortal, que a vida acaba com a morte do corpo biológico, sem se colocar à disposição para pesquisar e analisar seriamente as coisas, sem usar o logos (o raciocínio) proposto por Platão, sem se voltar para si no “conheça-te a ti mesmo”, é perma-necer no orgulho e na desconfiança sem jamais ter certeza.

Todavia, mergulhando no mundo e nas tradições helênicas, “vendo” com o raciocínio, o que se constata é que para os habitantes das ilhas do Egeu a imor-talidade da alma, bem como sua inter-ferência na vida humana e o seu retorno ao corpo físico, faziam parte das tradi-ções mais sagradas dos gregos.

O EspiritismoO Espiritismo, como Terceira Re-

velação, através de metodologia pró-pria, na chamada ciência Espírita, comprova mediante fatos aquilo que os gregos cultivavam em suas tradi-ções. Desdobra, explica e completa es-ses ensinamentos. Não, o Espiritismo nada copiou das tradições helênicas, mas como a verdade é sempre a verda-de, a Doutrina Espírita vem, agora que a humanidade está mais desenvolvida,

*Giovanni Reale, História da Filosofia Antiga, vol. I, p. 18 e 19.

explicar de manei-ra metódica e racio-nal aquilo que estava na conta de “mistérios”, vem, ainda, colocar ao al-cance de todos o que era reservado somente para os iniciados.

Com efeito, pode-mos constatar que as ideias de Orfeu in-fluenciaram Pitágo-ras, Sócrates e Platão e estes dois últimos são considerados por Allan Kardec como os precursores do Cristia-nismo e do próprio Es-piritismo.

Destarte, a filosofia Es-pírita, com as cinco obras bá-sicas que a constituem, abre-nos as asas da razão e permite-nos voar nos céus da eternidade, ento-ando, junto aos poetas e filósofos mais ilustres da antiguidade, o canto da Imortalidade da Alma!

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Todo espírita precisa estar bem conscientizado e preparado para fazer a necessária análise de tudo e atuar corretamente no Movimento Espírita, aceitando o que for bom e recusando o que não for condizente com a codificação kardequiana.

Pureza Doutrinária

por Therezinha Oliveira | Campinas SP

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Importância da Unidade e Integridade

Revelada pelos Espíritos Supe-riores e fielmente codificada por Allan Kardec, a Doutrina

Espírita constitui-se de princípios que são as mais avançadas informações já recebidas pela Humanidade do plano espiritual sobre as leis divinas que re-gem o Universo e a vida dos seres.

Kardec empenhou-se em divulgar o mais possível essa doutrina, a fim de “revolver e reformar o mundo intei-ro”. Mas, avisava, em Obras Póstumas (Projeto 1868):

“Um dos maiores obstáculos ca-pazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade” e “o único meio de evitá-la, senão quan-to ao presente, pelo menos quanto ao futuro, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mais mínimos deta-lhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpre-tação divergente”.

Foi o que Kardec se empenhou em fazer:• observando os fenômenos, estu-

dando suas causas e efeitos;• colocando os ensinos em ordem di-

dática;• comentando e difundindo-os oral-

mente e por escrito.“O Espiritismo veio libertar defini-

tivamente o homem de todas as estru-turas psíquicas milenares que amor-daçam o espírito (...) deve permanecer íntegro no estudo, na pregação e na prática (...) caso contrário, o povo não conhecerá a grandeza da Doutrina de Kardec e nem a sublimidade do Evan-gelho do Cristo”. (Walter Barcelos, A Base da Pureza Doutrinária, Revista Informação, setembro 1997).

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Mas o Espiritismo não tem caráter progressivo?

Dado a esse caráter progressivo da doutrina, a ela se poderão incorporar novas revelações espirituais e novos conhecimentos que a ciência venha a alcançar.

Mas não sem que passem, antes, pelo crivo da razão e, quando possível, da experimentação.

Além disso, os princípios funda-mentais da Doutrina Espírita já foram solidamente estabelecidos e não preci-sam nem devem ser alterados.

A obra doutrinária de Kardec não será substituída e, sim, apenas anali-sada mais profundamente ou comple-mentada no decorrer do tempo.

Doutrina e MovimentoPor que e como surgem as impu-

rezas doutrinárias?Doutrina Espírita é uma coisa, ou-

tra, porém, é o movimento espírita, ou seja, o que os espíritas, os adeptos do Espiritismo, fazem (realizam) em nome dessa doutrina.

O movimento espírita pode apre-sentar falhas, deturpações, acréscimos indevidos, tanto nas ideias como nas práticas espíritas.

Isso porque, quem adere à Doutri-na Espírita e entra no seu movimento já traz consigo ideias, costumes, con-dicionamentos da religião anterior (dos quais ainda não se despojou) e ainda continua a receber influência de outras obras e movimentos que exis-tem no meio social.

Se não assimilar bem o conteúdo doutrinário espírita, ao começar a exer-cer atividades em nome do Espiritismo, poderá desfigurá-lo, por lhe mesclar doutrina ou práticas com ensinamentos ou procedimentos que não condizem com as suas bases doutrinárias.

Quando isso acontece, perdem-se as diretrizes de raciocínio e bom senso, pode-se voltar às crendices e supersti-ções, ao mágico, sobrenatural, maravi-lhoso, ou à crença cega, às práticas ex-teriores mais diversas e mais estranhas, quem sabe até se retomar o domínio sacerdotal.

Assim, surgiram, no passado, e continuam a surgir na atualidade, des-vios ou enxertias indesejáveis (tanto de conceitos como de práticas).

Por isso, é possível encontrar cen-tros fazendo um “Espiritismo à moda da casa”:

a. No campo das ideiasApresentando Deus segundo as

antigas concepções antropomórficas, como se fosse uma pessoa, um ser hu-mano, e dos piores, por ser colérico, vingativo, caprichoso e até venal, pois aceitaria ser “comprado” com oferen-das materiais.

Falando de Jesus como se ele fosse Deus, quando é criatura e não criador.

Não esclarecendo que a Santíssima Trindade é apenas um simbolismo da perfeita integração de Jesus e dos bons espíritos com a lei divina, agindo como um só, porque nada fazem que não es-teja de acordo com a vontade de Deus.

Pregando, ainda, a existência de seres criados diferentes da humanida-de, como o seriam os supostos anjos e demônios.

Dizendo que há seres que nun-ca encarnaram; que a reencarnação acontece como um castigo por uma “queda” espiritual; que um espíri-to humano pode voltar a encarnar como animal; ou que há, para cada espírito, um número definido de en-carnações em cada planeta. Todas elas afirmativas errôneas, contrárias aos princípios doutrinários do Espi-ritismo quanto à igualdade de ori-gem e destinação dos espíritos rumo ao progresso incessante.

Nesses centros pouco preparados doutrinariamente, poderemos encon-trar a tribuna cedida a expositores to-talmente inexperientes e sem o neces-sário conhecimento espírita. Em sua livraria e biblioteca, poderemos ver livros doutrinariamente incorretos, se-meando, ao mesmo tempo, trigo e joio na mente dos leitores.

b. No campo das práticas

1. Assistência materialHá centros que se deixam absorver

pelo trabalho de assistência material, com prejuízo da sua atividade espiritual.

Sem dúvida, a caridade material é necessária e meritória, mas essencial e primordial para as criaturas é a assis-tência espiritual, em que a Casa Espí-rita é especializada, constituindo o seu fim precípuo.

2. MediunidadeOutros centros, em vez de enten-

derem a mediunidade como atividade meio ou auxiliar que é, fazem dela a atividade principal, empregando-a in-devidamente para:• atender a desejos pessoais, mate-

riais, imediatistas; • produzir fenômenos a fim de tentar

impressionar e atrair freqüentadores;• ensejar freqüentes consultas aos

“guias” sobre os mais comezinhos assuntos, deixando as pessoas de-pendentes desse aconselhamento, sem que haja a certeza da qualidade e validade da orientação que está sendo ministrada.

Em relação à desobsessão, méto-dos e técnicas impróprios têm surgido, como por exemplo, o que propõe aten-dimento “voltado para as multidões” ou o que diz empregar apenas o desdo-bramento de assistidos e médiuns, sem fazer o diálogo esclarecedor com os es-píritos obsessores, que seria necessário “para induzi-los ao arrependimento e apressar-lhes o progresso”, como reco-mendam os bons espíritos (O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, 254, 5ª edição.)

Sobre o desenho ou pintura medi-única, indispensável avaliar se o traba-lho tem real qualidade artística e não se pode prescindir da análise da natu-reza do espírito que os produz e dos motivos que o levam a essa atividade. Consideremos ainda se é aconselhável a exibição pública da mediunidade e que as obras produzidas sejam vendi-das no local, em leilão.

Curas e Terapias AlternativasMuitas vezes, o Centro Espírita mal

orientado se dedica quase que inteira-mente à tentativa das curas físicas pela ação mediúnica, sem considerar que:

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• as enfermidades não acontecem por acaso, refletem condições espiritu-ais, guardam relação com o estado evolutivo do ser, traduzem carên-cias, lesões, perturbações espirituais com origem nesta ou em existências anteriores e, portanto, nem todos os doentes poderão ser curados;

• a Casa Espírita existe não para tra-tar de corpos mas de almas, porque o Espiritismo cura, sobretudo, os males morais. Aliás, nessa questão de curas me-diúnicas, é necessário lembrar que todo tratamento espiritual de pro-blemas físicos precisaria de prévia avaliação médica (até mesmo com exames) e acompanhamento da evolução do estado do enfermo, feito por profissionais com conhe-cimento técnico e habilitação legal, para se chegar a uma conclusão confiável quanto aos resultados re-almente obtidos ou não.No caso das chamadas “cirurgias espiri-tuais” feitas com instrumentos e cortes materialmente, é indispensável analisar (como em todas as manifestações me-diúnicas) a natureza do espírito que está atuando (no caso como médico cirur-gião, utilizando o corpo do médium) e procurar avaliar de seus propósitos, por que e para que ele está agindo assim. Quanto às terapias alternativas (cro-moterapia, cristalterapia, fitoterapia, acupuntura, do-in, jo-rei, etc.), podem ter alguns pontos concordantes com o conhecimento espírita, mas, se têm ou não algum valor como práticas médi-cas, caberá à ciência definir; não são, porém, atividades próprias do Centro Espírita, porque, além de curar corpos não ser o objetivo primordial do Espi-ritismo, essas terapias requerem profis-sionais habilitados e locais apropriados e, no Centro Espírita, estariam des-viando finalidades, ocupando tempo, local e trabalhadores, em prejuízo do verdadeiro labor espírita.

A Responsabilidade do EspíritaAí estão alguns desacertos advin-

dos da falta de pureza doutrinária no

movimento espírita. E, quanto mais se amplia o movimento, maior o perigo dessa mescla ocorrer, pela dificuldade em se orientar bem a todos.

“(...) Não podemos de forma algu-ma desfigurar a Doutrina dos Espíri-tos, mutilar seus textos, deformar suas leis morais, anular seus princípios, cancelar pontos explicativos, ajeitar interpretações ao agrado da cultura humana, inventar conceitos estranhos, incorporar crendices e superstições ou explicar os fundamentos espíritas aprisionando-os à óptica acanhada da Ciência oficial.

Tudo que se pregue, divulgue e pratique contrário aos princípios da Doutrina Espírita, é responsabilidade direta de quem escreve, de quem en-sina; de quem dirige Casas Espíritas; de quem comanda sessões mediúnicas; de quem psicografa; de editoras que investem em obras deficientes ou car-regadas de erros doutrinários; de livra-rias que vendem de tudo, preocupadas muito mais com o lucro fácil; dos jor-nais espíritas que apreciam mais pole-mizar, agredir e destruir que instruir e educar, informar e unir”.2

Daí se fazer empenho pela pureza doutrinária, isto é, de:• preservar o conteúdo doutrinário

e sua divulgação (sem deturpações ou acréscimos indevidos);

• manter a prática espírita doutrina-riamente correta, (isenta de forma-lidades exteriores, objetivos egoís-tas ou puramente materialistas).

Como Manter Pura a Doutrina?1. Conhecendo e divulgando correta-

mente o Espiritismo. Qual a sua ver-dadeira doutrina, o que prega, quais os seus princípios fundamentais para distingui-lo de outras doutrinas. Como conhecer sem estudar? Neces-sário se faz ler, ouvir, trocar ideias.

2. Zelando (vigiando, tomando cuida-do). Para não deixar que se infiltrem ideias errôneas, nem haja deturpa-ções pela ignorância ou pela má-fé no que estamos divulgando, nas prá-

ticas que fazemos como movimento espírita, em nome do Espiritismo.Não se trata de desconfiança nem intransigência, mas zelo. Como o que Jesus tinha pela pureza de sua doutrina (do que pregava, da men-sagem que trazia) e do movimen-to cristão, que começava. É assim que o vemos: (ensinando sobre “o trigo e o joio”; recomendando aos discípulos se acautelarem quan-to ao “fermento dos fariseus” e aos “falsos profetas”; aconselhan-do “não será assim entre vós”). Todo espírita precisa estar bem conscientizado e preparado para fazer a necessária análise de tudo e atuar corretamente no movimento espírita, aceitando o que for bom e recusando o que não for condizente com a Codificação Kardequiana.

Perguntemo-nos, finalmente:• Conhecemos bem o Espiritismo?

Seus princípios fundamentais?• Estamos fazendo de cada Centro

Espírita um instrumento da me-lhora moral da Humanidade?

• Que se estão ensinando e que prá-ticas se fazem neles, em nome do Espiritismo?

Praticar, viver sua convicção espíri-ta, transmitir corretamente a doutrina e exemplificar para que outros tam-bém consigam essa convicção.

É o que se espera do adepto do Es-piritismo.

Esforcemo-nos em dar o exemplo, em demonstrar que, para nós, a dou-trina não é letra morta.

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2. Ibid

Este artigo foi publicado pela autora em seu livro de nome: Espiritismo - A Doutrina e o Movimento - Ed. CEAK.

“Fé inabalável só o é a que encara a razão, face a face, em qualquer época da Humanidade.”Allan Kardec - O Evangelho Segundo o

Espiritismo. Cap. XIX.

17Jan/Fev/Mar/2012 FidelidadESPÍRITAUma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SPAssine 19 3233.5596

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Aconteceu Comigo

Um Raio em minha casa!!!por Roseli Santana | Birigüi SP

“De repente, meus olhos viram uma cena rápida, algo que me pareceu improvável. Um clarão enorme, um estrondo, minha casa sendo invadida por um raio, meu marido, inconsciente, sendo jogado contra a parede...”

Há dez anos, eu ainda ministra-va aulas de inglês.

Como estava chovendo, resolvi voltar para casa pegando o ôni-bus no ponto mais próximo da escola.

Chovia e os pingos finos me fa-ziam refletir presunçosamente se não haveria outra hora para a chuva cair. Depois de alguns minutos, o ônibus finalmente chegou. Adentrei e sentei--me em banco duplo próximo à janela.

Estava muito cansada naquele dia. Comecei a pensar nas tarefas que teria que executar quando chegasse em casa e apoiei minha cabeça no vidro da ja-nela como quisesse dormir.

Abri meus olhos e vi que a chuva não passava.

“Que chuvinha sem vergonha. Nem barulho faz” - pensei.

De repente, meus olhos viram uma cena rápida, algo que me pareceu im-

provável. Um clarão enorme, um es-trondo, minha casa sendo invadida por um raio, meu marido, inconscien-te, sendo jogado contra a parede.

Abri meus olhos novamente e ba-lancei a cabeça. O que seria aquilo? Minha imaginação?

Saltei do ônibus e andei alguns quarteirões até minha casa. Lá che-gando, meu marido, Milton Santana, já me esperava para o jantar. Tomei

18 FidelidadESPÍRITA Jan/Fev/Mar/2012 Uma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SP Assine 19 3233.5596

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Aconteceu Comigo

um banho e na hora do jantar ansiava em saber as novidades do dia. Sugeri que assistíssemos à TV que, pequeni-na, poderia ser colocada em cima da mesa. Milton se esforçava em captar a melhor imagem, virando a anteninha para lá e para cá.

E daí veio o raio que deixou um rastro pálido por toda a casa. Seu es-trondo fez com que os vidros tilintas-sem. Simultaneamente, Milton estava sendo lançado fora da mesa. Corri em sua direção e chorando implorei por algum sinal de vida. Milton estava apenas um pouco tonto e tentava se levantar.

Enquanto isso, eu gritava por socor-ro pois minha casa era a única da região sem energia elétrica. Só no dia seguinte pudemos ver que o raio havia caído no fio que conduzia a energia até em casa. Meu marido tinha escapado por pouco. Segundo meus alunos, ele teria servido de “fio terra” e, por isso, nenhum apa-relho elétrico havia queimado.

Minhas premonições se manifesta-ram, muitas vezes, e em sua maioria houve a confirmação positiva do que eu havia visto com antecedência. Ser-viram, em muitos casos, para que eu estivesse moralmente fortalecida, para suportar com maior resignação as ne-cessidades de provas e expiações que todos, os que estamos encarnados, ne-cessitamos para o nosso próprio pro-gresso. Mais tarde, compreendi que o raio em minha casa era a expiação de atos praticados no passado, em outra encarnação. Embora eu tenha conhe-cimento do que fiz em outra existên-cia, me reservo o direito de silenciar. O que posso dizer é que as Leis Divinas são perfeitas e, de fato, nada acontece por acaso.

Explicação EspíritaComo é possível o conhecimento

do futuro?Nos livros Obras Póstumas e A Gê-

nese, capítulos denominados respecti-vamente de: A Segunda Vista e Teoria da Presciência (saber antes), Kardec aponta os esclarecimentos necessários

para compreendermos o fenômeno. A seguir, com base nos livros acima cita-dos, publicamos uma síntese da expli-cação espírita do fenômeno do conhe-cimento do futuro.

O Espírito não está aprisionado no corpo como o caramujo em sua concha, em estados especiais, a alma (espírito encarnado) poderá afastar-se parcial-mente do corpo, estender sua ação e ter acesso a informações espirituais, previamente programadas, acerca dos acontecimentos da vida. Na maioria das vezes, os fenômenos são espontâne-os. Kardec adotou o termo dupla vista, referindo-se aos fenômenos de vidência.

Os Espíritos podem falar sobre o futuro? Com qual objetivo?

Quando os bons Espíritos julgam oportuno, poderão nos revelar deter-minados acontecimentos com o fito de evitarmos que coisas dolorosas, que po-dem ser alteradas, aconteçam (para isso precisaremos ter merecimento ou neces-sidade). Servirá, inclusive, como prova da imortalidade e comunicabilidade dos espíritos. Todavia, não costumam nos aterrorizar, nem precisam datas.

O fenômeno pode se dar sem o concurso de Espíritos Desencarna-dos?

O fenômeno poderá se dar, tam-bém, por meio dos recursos do pró-prio sensitivo que, mais desprendido do corpo, pode, com suas próprias capacidades espirituais, penetrar no conhecimento das programações da vida do infinito, comprovando sua na-tureza espiritual e capacidade de ação da alma fora do corpo físico.

Quando a situação não pode ser mudada, de que adianta o vidente saber antes?

Quando certos acontecimentos não podem ser mudados e mesmo as-sim o vidente os percebe, servirá para fortalecê-lo, prepará-lo moralmen-te, para enfrentar com confiança as provas ou expiações da vida. Servirá, também, como prova das capacidades espirituais dos seres humanos.

Todavia, na história de todos os povos encontramos registros de acon-tecimentos que foram previstos, com-provando que o homem não é apenas corpo mas, sobretudo, um espírito que se utiliza do vaso biológico como instrumento de progresso e, acima de tudo, tais fenômenos atestam, muitas vezes, a atuação de inteligências extra-físicas - os Espíritos - que executam por toda parte as Leis de Deus.

A Teoria da Presciência“Suponhamos um homem coloca-

do no cume de uma alta montanha, a observar a vasta extensão da planície em derredor. Nessa situação, o espaço de uma légua pouca coisa será para ele, que poderá facilmente apanhar, de um golpe de vista, todos os acidentes do terreno, de um extremo a outro da es-trada que lhe esteja diante dos olhos. O viajor, que pela primeira vez percor-ra essa estrada, sabe que, caminhan-do, chegará ao fim dela. Constitui isso simples previsão da conseqüência que terá a sua marcha. Entretanto, os acidentes do terreno, as subidas e des-cidas, os cursos que terá de transpor, os bosques que haja de atravessar, os precipícios em que poderá cair, as ca-sas hospitaleiras onde lhe será possível repousar, os ladrões que os espreitem para roubá-lo, tudo isso independe da sua pessoa; é para ele o desconhe-cido, o futuro, porque a sua vista não vai além da pequena área que o cerca. Quanto à duração, mede-a pelo tem-po que gasta em perlustrar o caminho. Tirai-lhe os pontos de referência e a duração desaparecerá. Para o homem que está em cima da montanha e que o acompanha com o olhar, tudo aqui-lo está presente. Suponhamos que esse homem desce do seu ponto de obser-vação e, indo ao encontro do viajante, lhe diz: ‘Em tal momento, encontrarás tal coisa, serás atacado e socorrido’. Es-tará predizendo o futuro, mas, futuro para o viajante, não para ele, autor da previsão, pois que, para ele, esse futuro é presente.” (A Gênese Cap. XVI).

19Jan/Fev/Mar/2012 FidelidadESPÍRITAUma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SPAssine 19 3233.5596

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Hagiografia

Os Santos e a MediunidadeSanta Rita de Cássia,a santa das causas impossíveisda Redação

Assine 19 3233.5596Uma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SP20 FidelidadESPÍRITA Jan/Fev/Mar/2012

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Hagiografia

dois filhos, provavelmente gêmeos: João Jácomo e Paulo Maria. Numa noite chegou o noticiador com uma sinistra informação:

- Mataram seu Paulo!A futura santa perdoa o assassino

do marido, escondendo-o em sua pró-pria casa, mas os filhos desejam vingar a morte do pai.

Foi nesse período que Rita, em pre-ce fervorosa, rogou a Deus:

- Senhor, se eu tiver de ter filhos as-sassinos rogo-te que os retires de mim!

Assim, uma terrível febre os consu-miu levando-os à morte do corpo físico.

Viúva e sozinha, ela decidiu reali-zar o seu grande sonho: entrar para o convento. Mas a Madre Superiora do “Mosteiro de Santa Maria Madalena”,

consagrado à ordem de Santo Agos-tinho, não a recebeu alegando que o convento só admitia moças virgens.

De volta para casa, Rita orou com fervor vários dias. Numa noite, quan-do estava absorta em profundas rogati-vas, ouviu uma voz lhe chamar:

- Rita! Rita!Receosa, pois a noite ia avançada,

aproximou-se da janela mas não viu ninguém. Pensando ter se enganado voltou à oração, mas, logo depois, re-petiu-se o apelo:

- Rita! Rita! Ela levantou-se, abriu a porta e foi

Região da Úmbria, Itália

Em 1381, no vilarejo de Rocca Porena, a cinco quilômetros de Cássia (cidade), região da Úm-

bria na Itália, nasceu uma menina de nome Margherita (do latim Margari-ta, que significa pérola ou pedra pre-ciosa), que foi logo apelidada por um pedacinho do seu nome – Rita. Leão XIII, quando a declarou santa, cha-mou Rita de “Pérola preciosa da Úm-bria”. Desde sua infância ocorreram fenômenos estranhos. De presença de abelhas brancas, que lhe depositavam mel na boca sem ferroá-la, até a cura da mão de um camponês. Desde os pri-meiros anos da juventude cultivava o desejo de seguir a vida religiosa, queria ser freira, mas os pais convenceram-na, amigavelmente, a se casar. Consorciou--se, então, aos quatorze anos.

Seu marido, Paulo di Ferdinando, era criatura feroz, violenta; amado por poucos e odiado por muitos. Tiveram

Uma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SPAssine 19 3233.5596 21Jan/Fev/Mar/2012 FidelidadESPÍRITA

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Hagiografia

à rua. Quem seria? De repente, um homem venerável apresentou-se la-deado por dois outros e todos esta-vam nimbados de luz, fazendo com que a viúva de Paulo di Ferdinando, reconhecesse neles a figura de men-sageiros espirituais. Eram eles: Santo Agostinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, que a convida-ram para segui-los. Logo estavam em Cássia, diante do “Mosteiro de Santa Maria Madalena”; as religiosas repou-savam e a porta estava trancada. Os seus guias, porém, pegaram-na nos braços e num lindo vôo colocaram-na dentro do mosteiro, no local do coro onde as monjas oravam.

Na manhã seguinte, surpreendidas pela presença de Rita no convento, chamaram a Madre Superiora que, diante do acontecido, ouviu o relato da visitante inesperada e vendo que, de fato, nenhuma porta havia sido arrom-bada, admitiu Rita como membro da comunidade das monjas agostinianas em 1407.

Um dia, no mosteiro consagrado a Santo Agostinho, Rita pediu em oração, que gostaria de receber no seu corpo os ferimentos de Jesus, e porque estivesse diante de uma ima-gem do Cristo crucificado e sendo intensa a sua prece, um espinho da coroa se desprendeu atingindo sua testa, causando-lhe uma feia, es-tranha e dolorosa ferida. Ao mesmo tempo Rita sentiu, no coração, uma indizível alegria que a levou a pro-longado êxtase.

Aos sessenta e dois anos de idade, Rita adoeceu. Muitos dos que iam vi-sitá-la no leito ficavam curados.

No dia 22 de maio de 1447, Rita de-sencarnou e os sinos do convento de San-ta Maria Madalena “misteriosamente”

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tocaram, sem o concurso de mãos hu-manas, anunciando a morte física da santa e o retorno do seu espírito à pá-tria espiritual.

Análise EspíritaÀ luz do Espiritismo, não há nada

de sobrenatural na vida de Santa Rita de Cássia. Na realidade, Rita era ape-nas médium.

A mediunidade, como faculdade humana e natural, não é propriedade do Espiritismo. Acompanha o Ho-mem desde toda Humanidade, por isso é natural encontrá-la nos mais variados povos, nas mais diversas cul-turas e nas mais variadas igrejas. A di-ferença básica entre o Espiritismo e as outras religiões é que a Doutrina Espí-rita estuda o fenômeno, comprova-o com metodologia científica e demons-tra uma aplicação útil da mediunidade para o progresso do Homem.

Rita apresentou as seguintes facul-dades mediúnicas:

1. Efeitos físicos (ver O Livro dos Mé-diuns, 2ª parte, cap XVI)

• CurasQuando o camponês tem o corte da mão cicatrizado.

• Translação e Suspensãoa. Quando Santo Agostinho, São

João Batista e São Nicolau de To-lentino (espíritos já desencarnados) fizeram-na levitar introduzindo-a no mosteiro;

b. Quando um espinho da coroa da imagem do crucificado lhe caiu so-bre a testa, produzindo a dolorosa ferida (certamente sob atuação es-piritual).

Hagiografia

Para saber mais consulte:

•Rita de Cássia, a santa dos casos impossíveis. Franco Cuomo. Ed. Paulinas.

•Santa Rita de Cássia. L. De Marchi. 23ª edição. Ed. Paulus.•Santa Rita. Pe. Aloísio Teixeira. Ed. Santuário Aparecida SP.

•O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, Caps. IV, VIII e XVI - 2ª parte. Ed. Feb.

•O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Cap. I item 7. Ed. Feb.

• MotoresQuando, por ocasião da sua morte física, os sinos do convento badala-ram sem o concurso de mãos hu-manas (provocados pelos espíritos).A mediunidade de efeitos físicos é caracterizada, na classificação de Allan Kardec, por um fluido ani-malizado emanado pelo médium de efeitos físicos, que os espíritos combinam com os seus próprios fluidos, permitindo, assim, a atu-ação dos espíritos diretamente na matéria densa.2

2. Efeitos inteligentes

Vidência e audição mediúnicas: Rita viu, ouviu os espíritos e falou com eles desde a infância.

ConclusãoA palavra Santo vem do latim sanc-

tu, que quer dizer bom. Na realidade, os chamados Santos são pessoas que, quando encarnadas, através das atitu-des cristãs, se santificaram, isto é, se purificaram fazendo o bem, suportan-do e jamais revidando o mal.

Todavia, no Ocidente durante a Idade Média, não era permitida outra religião que não fosse a da Igreja Ro-mana com seus dogmas e crendices, que eclipsavam e deturpavam os ensi-nos de Jesus; por isso, os bons espíritos quando encarnavam procuravam fazer o melhor dentro do seguimento reli-gioso que lhes era imposto, vivendo o cristianismo com pureza de propósito, até que os homens estivessem suficien-temente desenvolvidos no campo da lógica, da razão e das pesquisas cien-tíficas, para poderem absorver a essên-cia dos ensinamentos espirituais, reve-

lados por Jesus, adorando a Deus em Espírito e verdade. Essa é a proposta do Espiritismo. “Ele nada ensina con-trário ao ensinamento do Cristo mas, o desenvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito sob forma alegórica”.3

Rita de Cássia é considerada pela Igreja Romana como a Santa das causas impossíveis, pois seria impos-sível uma mulher não virgem, viúva, adentrar num convento! Contudo, foram os próprios Espíritos superiores que vieram buscá-la, ensinando que a verdadeira pureza é de alma e que a prática cristã santifica todo aquele que desejar servir verdadeiramente ao Senhor. E segundo a lei de progresso, através das reencarnações, todos, um dia, seremos espíritos puros.

A hagiografia é o registro da his-tória dos santos; trouxemos a biogra-fia resumida de Santa Rita de Cássia, como subsídio para uma existência de renúncia, perdão, trabalho, perseve-rança e resignação diante dos acon-tecimentos da vida, bem como para testemunhar que a mediunidade está espalhada por toda a Terra, não é in-venção do Espiritismo e se manifesta, como em toda parte, também no seio da própria Igreja. Tenhamos, portan-to, em MargheRita o exemplo cla-ro do intercâmbio com os chamados “mortos”, além, do trabalho e vivência cristãs como mecanismos necessários para atingirmos os objetivos nobres e edificantes que inicialmente nos pa-recem impossíveis, conduzindo-nos, através das reencarnações, ao progres-so intelecto-moral.

2. O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. IV e VIII.

3. O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec, cap. I item 7, Ed. Feb.

23Jan/Fev/Mar/2012 FidelidadESPÍRITAUma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SPAssine 19 3233.5596

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Mediunidade

A “maldição”mediunidade

Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência (...). LM – Introdução.

o Editor

da

24 FidelidadESPÍRITA Jan/Fev/Mar/2012 Uma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SP Assine 19 3233.5596

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Muitas pessoas afirmam sofrer uma espécie de “maldição” por não “desenvolverem” a

mediunidade. Alguns chegam ao ab-surdo de mandar “amarrar” o guia a fim de que a pessoa se liberte desse “fardo”.

Lamentamos a falta de entendi-mento!

A mediunidade é uma faculdade concedida por Deus aos homens a fim de auxiliar o progresso.

Ninguém foi castigado ou exalta-do por Deus pelo fato de ser médium. Mediunidade é uma faculdade huma-na com raízes no corpo biológico.

Geralmente o que acontece é uma inabilidade do ser na aplicação desse sublime recurso.

O médium é uma estrutura sensiti-va, preparada para perceber o mundo invisível que nos cerca. Em espírito poderá transcender (afastar-se) do cor-po e entrar em contato com o mundo espiritual.

A questão, portanto, não é de mal-dição e sim de educação. Muitos não aceitam essa capacidade, negam-se a estudá-la e, por isso, terão eventuais problemas. O diabético, por exemplo, que não se preocupa com o açúcar terá naturais dificuldades pela falta de edu-cação alimentar.

A faculdade mediúnica, obviamen-te, não é doença, é um convite das leis divinas a uma existência de trabalho em benefício de si mesmo e dos seres humanos.

Mas, quando o médium nega-se, veementemente, ao serviço mediúnico os bons espíritos, seus amigos, respei-tam seu livre-arbítrio e, naturalmente,

afastam-se. Mas o médium continua com suas capacidades sensitivas e po-derá perceber ambientes desagradá-veis, espíritos menos felizes que dele poderão se aproximar.

Como não se dedicou ao estudo dessa sensibilidade, não saberá iden-tificar os “sintomas” de presenças es-pirituais ou ambientes perturbadores, confundindo-os com doenças físicas, sentindo-se atormentado. Com isso, provavelmente, ficará irritado, terá dificuldade de manter o equilíbrio na vida de relacionamento, poderá ter al-terações do humor e perturbar-se fa-miliar e profissionalmente; os resulta-dos poderão ser muito difíceis.

É nesse momento que muitos di-zem sofrer a maldição da mediunidade, uma espécie de castigo pela negativa de trabalhar suas sensibilidades espiri-tuais. Não se trata disso! A mediuni-dade é uma faculdade neutra, orgânica e indissociável do ser. Você não sofre porque é médium; perturba-se porque não sabe conduzir esses recursos psí-quicos. Como alguém que podendo enxergar perfeitamente, negue-se a abrir os olhos e tropeça no caminho. A queda não foi culpa dos olhos e sim da teimosia do seu portador.

Cultivemos a mediunidade osten-siva que, por ventura, possuirmos com alegria e devotamento. Médiuns equi-librados costumam colaborar em reu-niões mediúnicas bem estruturadas, em média, uma vez por semana. Você descobrirá, no Espiritismo, um uni-verso de sabedoria, um mundo novo em que Jesus é o grande sol da verda-de, e que a maldição da mediunidade é mero mito dos desinformados.

Mediunidade

25Jan/Fev/Mar/2012 FidelidadESPÍRITAUma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SPAssine 19 3233.5596

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Fé e razão

Isaac Newton e a Criação

e observou com indisfarçada admiração os corpos celestes movendo-se todos na velocidade relativa às suas órbitas. Afas-tando-se alguns pés, exclamou: “Oh! que coisa primorosa! Quem fez isso?” Newton, sem levantar os olhos de seu livro, respondeu: “Ninguém!”

Voltando-se rapidamente para Newton, o incréu disse: Evidentemen-te não entendeu a minha pergunta. Perguntei quem fez isso? Levantando então os olhos, Newton assegurou-lhe solenemente que ninguém o fizera, mas que o conjunto de materiais, tão admi-rado, assumira por acaso a forma que tinha. Mas o incréu assombrado repli-cou um pouco acaloradamente: “Deve pensar que sou tolo! Naturalmente foi feito por alguém e este é um gênio, e eu gostaria de saber quem é.”

Conta-se que certa vez, Sir Isaac Newton pediu a um mecânico dotado de extraordinária perícia

para fazer-lhe uma réplica em miniatura do nosso sistema solar, com esferas repre-sentando os planetas, conjugadas por en-grenagens e correias que lhes conferissem movimento harmônico na medida em que fossem acionadas por uma pequena manivela. Mais tarde, Newton recebeu a visita de um colega cientista que não acreditava em Deus. Sua palestra foi re-latada no Minnesota Technology:

“Certo dia, quando Newton estava sentado no seu estúdio, lendo, com seu mecanismo perto de si, numa grande mesa, entrou seu amigo incréu. Como cientista, reconheceu imediatamente o que tinha diante de si. Chegando-se perto, moveu vagarosamente a manivela

por Eliseu da Motta Jr.

Pondo de lado o livro, Newton levantou-se e deitou a mão no om-bro de seu amigo, dizendo-lhe: “Esta coisa é somente uma imitação insignificante de um sistema mais grandioso, cujas leis conhece e eu não o posso convencer de que este mero brinquedo não foi projetado nem feito por alguém; no entan-to, você professa crer que o gran-dioso original, de que se copiou o desenho, veio a existir sem ter sido projetado e feito por alguém! Ora, diga-me, por meio de que espécie de raciocínio chegou a tal conclusão incongruente?” Fonte: MOTTA, Jr. Eliseu da. Que é Deus. Ed. O Clarim. Matão/ SP

Assine 19 3233.5596Uma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SPFidelidadESPÍRITA Jan/Fev/Mar/201226

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Responsabilidade

Simonia e Movimento Espírita

Urge atuarmos com ética cristã em tudo o que fizermos em nome da Doutrina

“Quando Simão (o mago) viu que o Espírito era dado pela imposição das mãos aos

apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: “Dai-me também a mim este poder para que

receba o Espírito Santo todo aquele a quem eu impuser as mãos”. Pedro, porém, replicou: “Pereça o teu dinheiro, e tu com ele, porque julgaste poder comprar com dinheiro o dom

de Deus!” (At: 8:18-21)

• A Bíblia de Jerusalém (Atos 8:18-21).• A Igreja do Renascimento e da Reforma

Daniel Rops – cap. V, 1962, pág. 325.

• 20 séculos de caminhada da Igreja. Luiz Cechinato – pág. 242, 3ª edição.

• Toda a História. José J. Arruda e Nelson Piletti - pág. 167/168.

• Nova Enciclopédia Barsa – vol.7, 9, 14/2001.

• O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XXVI, Ed. Feb.

• Revista Espírita – Julho de 1859, pág. 183.

• Jogos e rifas – artigo publicado em O Espírita de janeiro/março de 1996.

por Joseana Hypolito | Jundiaí SP

Esse episódio deu origem ao termo simonia que literalmente quer di-zer ato de Simão. E passou para a

história como símbolo do comércio do sagrado ou das coisas espirituais.

Nos séculos XV e XVI, a Igreja Romana vendia indulgências, isto é, o perdão dos pecados; e esse absurdo atingiu tamanhas proporções que na Alemanha corria o seguinte ditado:

Sobald das Geld im Kasten Klingt die Seele aus dem Fegfeuer springt!

Tradução: Logo que o dinheiro tilinta na caixinha, imediatamente a alma (em favor de quem se dá) salta para fora do Purgatório.

E, em 1517, protestando contra os abusos da Igreja, Martinho Lutero, um religioso da ordem dos agostinianos, pu-blicou na porta da igreja do castelo de Wittenberg (Alemanha) as 95 teses for-muladas contra o sistema de indulgên-cias, iniciando a Reforma Protestante.

No século XIX, o Espiritismo, como Consolador prometido, vem re-lembrar tudo quanto disse Jesus.

Analisando nossa conduta:E a instrução “De graça recebes-

tes de graça dai” (Mat.10:8) necessita ser valorizada.

No Espiritismo, portanto, todas as atividades doutrinárias e espirituais

devem ser absolutamente gratuitas.As práticas espíritas são simples,

sem cultos exteriores, sinceras, bus-cando sempre a verdade, e objetivando exclusivamente o bem.

Daí em nossas Instituições atentar-mos para mantermos a pureza desses ensinos, orientando os médiuns para a gratuidade da sua tarefa mediúnica.

Pensamos, também, nos livros e nas editoras que veiculam a mensa-gem Espírita. Certamente, são fonte de renda e manutenção para muitas Instituições, contudo, é preciso cuidar para que o comércio exagerado, com os altos preços das obras, não traga, para os nossos templos, os vendilhões da atualidade.

Rifas e bingos, oferecidos ao gran-de público, em ambientes que deve-riam ser consagrados à oração e ao tra-balho fraterno, além de estimularem a crença nos jogos de “azar”, desviam o dinheiro do pão, do leite e incitam a competição.

Festas juninas com bebidas alcoó-licas, típicas da época, sob o pretexto de angariar fundos, não nos parecem adequadas para uma doutrina que orienta sobre o prejuízo dos vícios e a transformação moral.

Obras assistenciais, absorvendo todo o campo doutrinário e sob o jugo das necessidades a cumprir, fazem cam-panhas em que até o assistido pela flui-doterapia, em sua primeira vez no Cen-

tro, sai com um carnê de pizza, como se ele, de alguma forma, tivesse de pagar “com a caridade” o benefício recebido!

Tudo isso é uma forma de comér-cio e de simonia! Façamos, então, das nossas Casas templos dedicados à edi-ficação humana, lembrando que: “O objetivo do Espiritismo é de tornar melhores aqueles que o compreen-dem”. (R.E. Julho/1859 p. 183).

Atuemos, portanto, com ética cris-tã em tudo que fizermos em nome da Doutrina, a fim de que o Centro Espí-rita não se transforme em um comér-cio, onde o interesse pelo lucro esteja acima do próprio Espiritismo. Para saber mais consulte:

27Jan/Fev/Mar/2012 FidelidadESPÍRITAUma Publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Campinas SPAssine 19 3233.5596

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C&C Construções

Cemitérioda Saudade

PostoShell

Padaria

NossoLar

R. da Abolição

Av. D

r. Be

tim

Av. da Saudade

R. Dr. Luis Silvério

Av. Eng. Antonio Franc. de Paula Souza

Av. Eng. Roberto Mange

Modalidades Dias Horários Início

1º Ano: Curso de Iniciação ao Espiritismo com aulas e projeção de filmes (em telão) alusivos aos temas. Duração 1 ano com uma aula por semana.

2ª feira 20h00 – 21h30 05/03/2012

Sábado 16h00 – 17h00 03/03/2012

Domingo 10h00 – 11h00 04/03/2012

2º Ano (restrito)3ª feira 20h00 – 22h00 07/02/2012

Domingo 9h00 – 11h00 05/02/2012

3º Ano (restrito)2ª feira 20h00 – 22h00 06/02/2012

Domingo 9h00 – 11h00 05/02/2012

Evangelização da Infância (aberto ao público) Domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov

Mocidade Espírita (aberto ao público) Domingo 10h00 – 11h00 Ininterrupto

Rua Dr. Luís Silvério, 120 | Vila Marieta | Campinas | SPTel.: 19 3233.5596 CEP 13042-010

Usar ônibus 348 Vila Marieta ponto da Benjamim Constant em frente à biblioteca municipal

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5ª feira 20h00 – 20h40

6ª feira 20h00 – 20h40

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Atendimento ao públicoAssistência espiritual: Passes

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Domingo 10h00 – 11h00

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