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ABENO ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico REVISTA DA Associação Brasileira de Ensino Odontológico Revista da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - volume 8 - número 1 - janeiro/junho - 2008 volume 8 número 1 janeiro/junho 2008 ISSN 1679-5954 ABENO ABENO ABENO ABENO

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ABENOABENOAssociação Brasileira de Ensino Odontológico

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Associação Brasileira de Ensino Odontológico

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volume 8número 1janeiro/junho2008

ISSN

1679

-595

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ABENO

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Para a saúde total da boca, a limpezadeve ser muito mais completa.

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1. Sharma N et al J Am Dent Assoc 2004; 135:496-504.2. Segundo pesquisa realizada pela GFK Indicator 2008 em São Paulo (Capital), Santos, Bauru, Ribeirão Preto, Vale do Paraíba, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Salvador. *Comparação feita entre o uso de escova, fio e Listerine® vs escova e fio.

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ABENOAssociação Brasileira de Ensino Odontológico

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Presidente Alfredo Júlio Fernandes NetoE-mail: [email protected]: www.abeno.org.br

Apoio para esta edição:Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo MandicJohnson & Johnson - Divisão Oral Care

Copyright © Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2005Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorização da ABENO.

Catalogação-na-publicação(Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo)Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico. – Vol. 1, n. 1, (jan.-dez. 2001).– São Paulo : ABENO, 2001-SemestralISSN# 1679-5954A partir de 2005, vol. 5, n. 1 a publicação passa a ser semestral.1. Odontologia (Periódicos) I. Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo)II. ABENOCDD 617.6BLACK D05

Associação Brasileira deEnsino OdontológicoAssociação Brasileira deABENO

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Associação Brasileira de Ensino Odontológico

DIRETORIA (2006 a 2010)

PresidenteAlfredo Júlio Fernandes Neto

Vice-PresidenteOrlando Ayrton de Toledo

Secretário GeralOdorico Coelho da Costa Neto

1º SecretárioVanderlei Luis Gomes

Tesoureiro GeralRicardo Alves Prado

1º TesoureiroSérgio de Freitas Pedrosa

Conselho FiscalEduardo Gomes Seabra (Presidente)Luiz Alberto Plácido Penna Maria da Glória Chiarello Matos Omar Zina Rita de Cássia Martins Moraes

Assessores do PresidenteAntonio Cesar Perri de CarvalhoElen Marise de Oliveira OletoHorácio Faig LeiteJosé Dilson Vasconcelos de Menezes

José Galba de Meneses GomesJosé Thadeu PinheiroLuiza Isabel Taveira da RochaMario Uriarte NetoOscar Faciola PessoaReinaldo Brito e DiasRicardo Prates Macedo

Comissão de EnsinoElaine Bauer Veeck (Presidente)Cresus Vinícius Depes de Gouveia Efigenia Ferreira e FerreiraLéo Kriger Nilce Emy Tomita Rui Vicente Oppermann

Comissão de Pós-GraduaçãoSigmar de Mello Rode (Presidente)Adair Luis Stefanello BusatoAna Cristina Barreto BezerraAntônio de Lisboa Lopes CostaCélio PercinotoHilda Maria Montes R. de SouzaIsabela Almeida PordeusJosé Carlos PereiraLino João da Costa Nilza Pereira da CostaSamuel Jorge Moyses

Comissão de ComunicaçãoVera Lúcia Silva Resende (Presidente)Ângelo Giuseppe Roncalli C. OliveiraCléo Nunes de SouzaNelson Rubens Mendes Loretto

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SumáRIOv. 8, n. 1, janeiro/junho - 2008

ARTIGOS

Prática laboratorial de cirurgia periodontal: otimizando o

ensino-aprendizagem

Laboratorial practice of periodontal surgery: improvement of the

teaching and learning process

Adriane Yaeko Togashi, Priscila Corraini, Francisco Emilio Pustiglioni, Luiz Antonio Pugliesi Alves de Lima, Marco A. P. Georgetti . . . . . . . . . . . . . .5

Projeto de Lei do Ato médico e o trabalho multiprofissional

Medical Act Bill and Multiprofessional Team

Ana Laura de Oliveira Fagundes, Flávia Helena Dias Santiago, Elza Maria de Araújo Conceição, Andrea Maria Duarte Vargas, Efigênia Ferreira e Ferreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

DASH entre estudantes de curso de odontologia,

Belo Horizonte, 2007

DASH evaluation among dentistry students, Belo Horizonte, 2007

Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu, Adriano Rodrigues da Costa, Alexandre Ramos Braga, Geraldo Fabiano de Souza Moraes . . . . . . .16

Atividades extramuros na ótica de egressos do curso de

graduação em odontologia

Extramural activities in the view of graduate students of Dentistry

Graduation Course

Suzely Adas Saliba Moimaz, Nemre Adas Saliba, Cléa Adas Saliba Garbin, Lívia Guimarães Zina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

AnAIS DA �3a REunIãO AnuAL - 2008

Comissão Organizadora e Programação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

Trabalhos selecionados para apresentação

Seminários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Pôsteres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37

APênDICESÍndice de artigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97

Índice de resumos apresentados na �3ª Reunião Anual . . . . . . . . . . .98

normas para apresentação de originais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103

A Revista da ABENO é umapublicação oficial daAssociação Brasileira de Ensino OdontológicoPresidente:Alfredo Júlio Fernandes Neto

Vice-presidente:Orlando Ayrton de Toledo

Editor Científico:Vera Lúcia Silva Resende (UFMG)([email protected])

Editores Adjuntos:Ângelo Guiseppe Roncalli C. Oliveira (UFRN)Kátia Regina Hostilio Cervantes Dias (UFRJ/UERJ)Luísa Isabel Taveira Rocha (UFG)Nelson Rubens Mendes Loretto (UPE)

Conselho Editorial:Adair Luis Stefanello Busato (ULBRA-RS)Ana Christina Claro Neves (UNITAU)Ana Cristina Barreto Bezerra (UCB)Ana Isabel Fonseca Scavuzzi (UNIME/UEFS)Antonio César Perri de CarvalhoAntônio de Lisboa Lopes Costa (UFRN)Arnaldo de França Caldas Júnior (UPE)Carlos de Paula Eduardo (FO-USP)Carlos Estrela (UFG)Célio Jesus do Prado (UFU)Célio Percinoto (FOA-UNESP)Cresus Vinícius Depes de Gouveia (UFF)Eduardo Batista Franco (FOB-USP)Eduardo Dias de Andrade (UNICAMP)Eduardo Gomes Seabra (UFRN)Efigenia Ferreira e Ferreira (UFMG)Elaine Bauer Veeck (PUC-RS)Elen Marise de Oliveira Oleto (UFMG)Gersinei Carlos de Freitas (UFG)Hilda Maria Montes Ribeiro de Souza (UERJ)Horácio Faig Leite (FOSJC-UNESP)Isabela Almeida Pordeus (UFMG)Jesus Djalma Pécora (FORP-USP)João Humberto Antoniazzi (FO-USP)José Carlos Pereira (FOB-USP)José Luiz Lage-Marques (FO-USP)José Ranali (UNICAMP)José Thadeu Pinheiro (UFPE)Léo Kriger (PUC-PR)Liliane Soares Yurgel (PUC-RS)Lino João da Costa (UFPB)Luiz Alberto Plácido Penna (UNIMES)Luiz Clovis Cardoso Vieira (UFSC)Manuel Damião de Sousa Neto (UNAERP)Marco Antonio Campagnoni (FOAR-UNESP)Maria Celeste Morita (UEL)Maria da Gloria Chiarello Matos (FORP-USP)Maria da Graça Kfouri Lopes (UnicenP)Maria Ercília de Araújo (FO-USP)Nilce Emy Tomita (FOB-USP)Nilza Pereira da Costa (PUC-RS)Omar Zina (UNIVAG)Oscar Faciola Pessoa (UFPA)Raphael Carlos Comelli Lia (FEB-SP)Ricardo Prates Macedo (ULBRA-RS)Rui Vicente Oppermann (UFRS)Samuel Jorge Moyses (PUC-PR)Sigmar de Melo Rode (FOSJC-UNESP)Simone Tetu Moysés (UFPar)Vanderlei Luís Gomes (UFU)Vania Ditzel Westphallen (PUC-PR)

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lares. Para que isso ocorra, devemos dispor de instru-mentos pedagógicos que possibilitem a construção do conhecimento de forma didática e dinâmica.

Segundo Vieira11 (1974), as aulas práticas visam ensinar técnicas, desenvolver habilidades e domínio na utilização dos instrumentos e materiais utilizados pelo dentista, através do desempenho pelo aluno. O autor enfatiza a importância do conhecimento básico e científico pelo aluno e que o mesmo saiba aplicá-los durante o emprego da técnica.

O conceito de ensino integrado, ou seja, a integra-ção dos conceitos das disciplinas básicas e técnicas e a inter-relação das disciplinas técnicas visam à formação de um profissional apto ao exercício da clínica geral.

O curso de Odontologia apresenta peculiaridades inerentes à área da saúde, que consiste no tratamento do paciente.10 Relacionadas a isso há, pelo menos, duas dificuldades com que nos defrontamos na formação do graduando em Odontologia. Essas se referem à prá-tica clínica nos pacientes e à bioética. A prática clínica nos pacientes por alunos que estão passando por um

RESumOO objetivo deste trabalho foi apresentar uma ativi-

dade de laboratório com mandíbula de porco utilizada na Disciplina de Periodontia da Faculdade de Odon-tologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) que otimiza o ensino-aprendizado das técnicas cirúrgicas periodontais. A mandíbula de porco tem característi-cas anatômicas semelhantes às das estruturas gengivais e periodontais humanas. É importante ressaltar que essa prática pré-clínica parece ter resultado num apri-moramento do aprendizado por parte dos alunos.

DESCRITORESEnsino. Educação em odontologia. Cirurgia bu-

cal/educação. Modelos animais. Periodontia.

no processo ensino-aprendizagem em Odontolo-gia é importante a elaboração de atividades que

permitam ao aluno o desenvolvimento progressivo dos sentidos para a habilidade, competência técnica e compreensão do significado dos conteúdos curricu-

Prática laboratorial de cirurgia periodontal: otimizando o ensino-aprendizagem

Além de desenvolver habilidade e competência técnica, a atividade pré-clínica prepara o aluno para discernir quanto à dimensão ética de sua atuação.

Adriane Yaeko Togashi*, Priscila Corraini**, Francisco Emilio Pustiglioni***, Luiz Antonio Pugliesi Alves de Lima****, Marco A. P. Georgetti*****

* Doutoranda em Periodontia do Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected].

** Mestranda em Periodontia do Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

*** Professor Titular da Disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

**** Professor Associado da Disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

***** Professor Doutor da Disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

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processo de aprendizagem pode ser passível de erros e comprometer alguns aspectos da bioética com atos de imprudência e imperícia, mesmo quando conduzi-da pelo professor. Nesse aspecto, a prática laboratorial ajuda a amenizar essa problemática.1,8,9 Nesse ensaio laboratorial os erros podem ser aceitos como parte do aprendizado e comentados e corrigidos, sem que isso signifique prejuízo aos pacientes e à moral do aluno.

Kamaura et al.5 (2003) observaram uma estreita relação entre o aprendizado no laboratório e sua apli-cação nas atividades clínicas. Afirmaram que o método de ensino integrado produziu capacitação discente.

Os instrumentos pedagógicos laboratoriais disponí-veis, atualmente, para a prática periodontal consistem de manequins de plástico ou silicone e de imagens digi-talizadas e animadas tridimensionais.6,7 Independente-mente da tecnologia disponibilizada por cada um desses meios laboratoriais pré-clínicos, nenhum deles permite reproduzir a textura, espessura e consistência dos tecidos ósseo e mole que compõem o periodonto humano.

O ensino de cirurgia periodontal em laboratório, com o uso de mandíbula de porco, é um recurso didá-tico que permite elaborar técnicas e demonstrá-las ao aluno, além de proporcionar ao mesmo a possibilidade de raciocinar e praticar as técnicas cirúrgicas periodon-tais passo a passo. Isso torna possível que ele visualize as estruturas anatômicas envolvidas nos procedimentos e lide com elas. Dessa forma, facilita a fixação do co-nhecimento adquirido na sala de aula. Essa ferramen-ta de ensino disponibiliza aos docentes um modelo de treinamento para os alunos que apresenta custo-bene-fício compatível com a realidade curricular brasileira.

Levando em consideração o aspecto “conteúdo programático” e os processos de ensino, por entende-rem a importância de sua atuação e responsabilidade pedagógica, docentes da Disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo desenvolveram uma atividade pré-clínica através da prática laboratorial de cirurgias periodontais, em mandíbulas de porco, que vem sendo aplicada há al-guns anos no Curso de Graduação em Odontologia.

O objetivo deste trabalho é apresentar uma meto-dologia de atividade laboratorial que otimiza o ensi-no-aprendizado das técnicas cirúrgicas periodontais.

mETODOLOGIAAnteriormente à prática clínica, os conceitos bá-

sicos, princípios biológicos, acidentes anatômicos e as técnicas cirúrgicas são discutidos em sala de aula. No laboratório faz-se, inicialmente, uma demonstra-ção, que é transmitida aos alunos que a acompanham por vídeo, no próprio laboratório. Posteriormente,

os alunos realizam a prática laboratorial assistida.

1. Descrição e seqüência das atividades laboratoriais

Preparo das mandíbulas a. Devem ser obtidas mandíbulas frescas e resfria-

das, diretamente do frigorífico ou distribuidor. b. Lavagem da peça (dos tecidos e dos dentes),

dissecção dos músculos e da pele. c. Preservar as estruturas periodontais que serão

manipuladas durante a atividade laboratorial, especialmente a linha mucogengival e boa par-te da mucosa de revestimento (Figura 1).

d. Acondicionamento em embalagem plástica individual.

e. Congelamento em freezer. f. Descongelamento gradual, por cerca de 24 h, a

fim de preservar as características originais dos te-cidos. Desaconselha-se o descongelamento rápido, como por exemplo no forno de microondas.

2. Estrutura e material necessário à prática laboratorial

a. Bancada. b. Material e instrumental cirúrgico simplificado

(pinça anatômica ou de Adson, pinça mosquito curva, tesoura Goldman-Fox, espátula de Freer ou cureta de Molt, cabo de bisturi e lâmina 12/15, porta-agulha Mayo-Hegar, cureta de Gracey 5-6, sonda NC 15 mm e fio de sutura Nylon 5.0 (AG 3/8 ∇ 2 cm).

c. Campo cirúrgico ou papel absorvente (prote-ção e forramento da bancada).

3. Demonstração pelo professor a. Filmadora e lente “zoom”/macro com repro-

dução em vídeo ou telão.

�. Prática assistida pelo alunoA prática laboratorial em mandíbula de porco

permite o treinamento de diferentes técnicas de su-turas (Figuras 2 e 3) e cirúrgicas periodontais (Figu-ras 4, 5 e 6), tais como:

• gengivectomia;• retalho de espessura total (Widman Modificado)

e deslocamento apical; • cunha distal.

Essas técnicas vêm sendo aplicadas no Curso de Graduação da Faculdade de Odontologia da Univer-sidade de São Paulo.

DISCuSSãOA prática laboratorial, anteriormente à prática

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clínica, consiste num recurso didático necessário que, de certa maneira, diminui as dificuldades clínicas de procedimentos, principalmente cirúrgicos, realiza-dos em pacientes.3,4

Os recursos audiovisuais disponíveis não permi-tem ao aluno assimilar completamente e executar o

ensinamento das técnicas cirúrgicas. A prática labo-ratorial de cirurgias periodontais tem propiciado esse tipo de ensinamento, uma vez que o aluno pode acompanhar com maior detalhe cada passo da técni-ca e tem a oportunidade de realizá-la.2

A atividade cirúrgica pré-clínica, no ensino da Pe-

Figura 1 - Estruturas anatômicas gengivais na mandíbu-la de porco (gengiva ceratinizada, linha mucogengival e mucosa alveolar).

Figura 2 - Região mais anterior da mandíbula de porco onde é realizado o treinamento das técnicas de sutura.

Figura 3 - Treinamento das diversas suturas. Figura � - Incisão realizada com preservação da papila.

Figura 6 - Reposicionamento e sutura do retalho.Figura � - Realização da raspagem e do alisamento coro-nário e deslocamento do retalho.

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riodontia, representa um momento de integração en-tre teoria e prática clínica. Assim, deveria ser realizada com recursos que mais se assemelhem com as estrutu-ras anatômicas periodontais e com a realidade clínica. Isso deve ser realizado de forma que os alunos possam elaborar, na prática, o que aprendem na teoria e que possam vivenciar situações complexas e/ou os mais variados tipos de casos clínicos. O treinamento das técnicas de manipulação dos tecidos ósseo e mole, ci-rurgias regenerativas, pré-protéticas, amputação e he-missecção pode ser empregado em nível mais avança-do do aprendizado, como nos cursos de pós-graduação, por apresentarem maior grau de complexidade.

A mandíbula de porco é utilizada no laboratório de cirurgia periodontal por apresentar dentes e repa-ros anatômicos com características de cor e consistên-cia próximas às dos humanos. Existe, na mandíbula de porco, uma área localizada mais ante-riormente que, por ser desdentada, pode servir para a prática de sutura. Entretanto, considera-se a maxila inadequada para qualquer prática, pois o tecido pa-latino é muito fibroso e a rafe palatina, rasa.

Quando os docentes possibilitam aos alunos o con-fronto entre o aprendizado teórico e as situações reais, a compreensão se torna mais significativa e a experiên-cia, enriquecedora. Assim, a Disciplina de Periodontia tem se preocupado em organizar atividades integrado-ras da prática com a teoria, em estimular a compreen-são e a vivência, o ato de se fazer e refletir, de forma sistemática ao longo do seu curso de graduação.

A atividade pré-clínica não deve ser vista apenas como uma maneira de desenvolver habilidade e com-petência técnica nos domínios de aspectos biológicos envolvidos na prática clínica, mas, essencialmente, o aluno deve ser preparado para discernir quanto à dimensão ética da sua atuação.

COnCLuSãOA prática laboratorial de cirurgias periodontais

em mandíbula de porco empregada na Disciplina de Periodontia da FOUSP tem sido bem aceita pelos dis-centes e parece possibilitar a sedimentação continu-ada do conhecimento adquirido previamente e o treinamento das habilidades técnicas do aluno.

ABSTRACTLaboratorial practice of periodontal surgery: improvement of the teaching and learning process

The purpose of this study was to demonstrate an activity of laboratory with pig low jaw-bone used to Periodontology Discipline in Dentistry School of Uni-versity of São Paulo that improves the teaching and

learning methodology of the periodontal surgical technique. The pig low jaw-bone has similar charac-teristics of the anatomy of human gingival and peri-odontal structures. Its important to point out that this pre-clinic practice seems to result in improvement to the learning process of students.

DESCRIPTORSTeaching. Education, dental. Surgery, oral/edu-

cation. Models, animal. Periodontics. §

REFERênCIAS BIBLIOGRáFICAS 1. Akisue E, Gavini G, Caldeira CL, Lemos EM. Comparação qua-

litativa da utilização de dentes simulados e naturais no apren-

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cavel: Universidade Estadual do Oeste do Paraná; 2002. p. 369-70.

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Planejamento de uma Faculdade de Odontologia. Bauru: Fa-

culdade de Odontologia de Bauru; 1974. p. 118-38.

Recebido para publicação em 28/03/2006

Aceito para publicação em 18/05/2006

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Projeto de Lei do Ato médico e o trabalho multiprofissionalAna Laura de Oliveira Fagundes*, Flávia Helena Dias Santiago*, Elza Maria de Araújo Conceição**, Andrea Maria Duarte Vargas**, Efigênia Ferreira e Ferreira***

* Alunas do Curso de Especialização em Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia da UFMG.

** Professores Adjuntos do Curso de Odontologia da UFMG.

*** Prof. Associado do Curso de Odontologia da UFMG.

RESumOConsiderando a repercussão que o chamado “Pro-

jeto de Lei do Ato Médico” (PLS 25/2002 e PLS 25 substitutivo de 2002) vem gerando na mídia, entre pro-fissionais de saúde e outros setores da sociedade, bem como seus reflexos na formação interdisciplinar, obje-tivou-se detectar o nível de conhecimento, opiniões e expectativas de profissionais da saúde a respeito deste projeto. O estudo foi realizado com um total de 90 voluntários sendo 28 médicos e 62 denominados “ou-tros profissionais”. Foram distribuídos questionários por intermédio dos Gerentes de cada Unidade de Saú-de da Regional Nordeste de Belo Horizonte. Os dados foram coletados a partir da avaliação de 90 questioná-rios aplicados. Destes 90 questionários, 25 (28%) res-ponderam que a possível aprovação do projeto de lei poderia trazer benefícios para sua atividade profissional e 50 (56%) responderam que não. Em outra questão, 57 (64%) responderam que poderia trazer prejuízos para sua atividade profissional, e 22 (25%) responde-ram não. A respeito dos benefícios que a possível apro-vação do projeto de lei teria para o atendimento à po-pulação 23 (26%) respondentes consideram que trará benefícios e 56 (62%) não. Quando consultados sobre prováveis prejuízos para o atendimento que a aprova-ção poderá acarretar 66 (73%) responderam afirmati-vamente e 13 (15%) responderam que não. Através da análise dos questionários foi possível constatar o desco-nhecimento do Projeto de Lei e de seu Substitutivo por uma grande maioria dos profissionais consultados. E, quanto aos benefícios, malefícios, implicações na sua atividade profissional e no atendimento da população a maioria discorda da aprovação do projeto.

DESCRITORESProjeto lei do ato médico. Sistema Único de Saú-

de. Equipe multiprofissional.

Tramitam no Senado Federal dois projetos de lei que vêm causando grande repercussão na mídia

nacional e gerando muitas discussões entre profissio-nais de saúde e outros segmentos da população. O Projeto de Lei do Senado (PLS 25/2002), que institui o Ato Médico, de autoria do ex-senador Geraldo Al-thoff (PFL/SC), baseia-se no argumento de que a medicina precisa regulamentar o exercício de suas práticas profissionais, delimitando o campo de atua-ção dos diversos profissionais de saúde, e estabelecen-do as atividades terapêuticas que devem ser exercidas exclusivamente por médicos;13 e o seu Projeto de Lei Substitutivo (PLS 25/2002 substitutivo) de autoria do Senador Tião Viana (PT/AC).14

Segundo a Senadora Lúcia Vânia (2005) que as-sumiu em 2005 a relatoria o texto visa regulamentar a profissão do médico, mas gera polêmica por limitar a área de atuação de outros profissionais da saúde. Após ampliar a discussão e envolver vários segmentos da área da saúde ficam evidenciados os vários pontos críticos deste projeto que são: o exercício de chefia e ensino, a divisão de competências, a prescrição tera-pêutica e o direito ao diagnóstico.12

O substitutivo em questão estabelece um concei-to de ato médico privativo, ao lado do ato médico compartilhado com outras profissões. Ampara-se nos fundamentos da prevenção primária, secundá-ria e terciária, moderniza a classificação e estabele-ce basicamente que os atos de prevenção secundária e terciária e os que impliquem em procedimentos diagnósticos de enfermidades e de indicação tera-pêutica constituem atos privativos dos médicos. Fica aberta para as outras profissões da área da Saúde a porta da prevenção primária e terciária sem diag-nóstico ou terapêutica. Além disso, expande-se o campo dos atos privativos da profissão médica nas atividades de coordenação, direção, chefia, perícia,

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Projeto de Lei do Ato Médico e o trabalho multiprofissional • Fagundes ALO, Santiago FHD, Conceição EMA, Vargas AMD, Ferreira EF

10

auditoria, supervisão e ensino dos procedimentos médicos.8

O mesmo autor ressalta que, a reforma da regula-ção profissional deve ser constituída, principalmente por diretrizes que garantam a qualidade dos padrões técnicos e éticos do exercício profissional e de prote-ção ao público.

O Conselho Federal de Medicina (CFM)4 argu-menta que o diagnóstico das doenças configura uma prerrogativa exclusiva dos médicos e aceita como ex-ceção, a Odontologia. Os médicos brasileiros buscam a definição de seu campo de trabalho, que significa a definição jurídica de sua identidade profissional.

No entanto, a forma como o fazem provoca o con-flito com as outras categorias profissionais investidas no campo da saúde, que identificam no projeto de lei uma ingerência unilateral que prejudica o avanço do modelo de atenção propugnado pelo Sistema Úni-co de Saúde (SUS)3 e não resulta em benefícios para os usuários.

Esta discussão não pode ser considerada separa-damente dos outros fatos da história atual, pois ao longo dos últimos anos, o setor saúde vem passando por sucessivos reordenamentos, tanto no que se refe-re à normatização como aos vinculados às mudanças no conhecimento científico, tecnológico, político, social e outros.

Fruto de um intenso debate da sociedade e for-temente liderado por profissionais da área de saú-de, notadamente, da área médica, as transições da ação do Estado brasileiro no que se refere ao setor saúde ocorreram muito rapidamente. Nos últimos dez anos, com o aprimoramento da gestão do SUS e das instâncias de controle social, incorporam-se novos espaços de atuação e novos processos de tra-balho à atenção à saúde. Este fato requer efetivo compromisso dos trabalhadores com a concepção ampliada de saúde, estabelecendo-se a transcen-dência do setorial e uma diversificação dos campos de prática.10

A inovação apresentada pelo SUS é o seu “concei-to ampliado de saúde”, resultado de um processo de embates teóricos e políticos, que traz consigo um diag-nóstico das dificuldades que o setor saúde enfrentou historicamente, e a certeza de que a reversão deste quadro extrapolava os limites restritivos da noção vi-gente. Considerar a saúde apenas como ausência de doenças, nos legou a um quadro repleto não só das próprias doenças, como de desigualdades, insatisfa-ção dos usuários, exclusão, baixa qualidade e falta de comprometimento profissional.6 De acordo com Cor-

rêa (2003),5 o cuidado com a saúde pela população é um ato político e econômico, dependente do poder aquisitivo das classes mais necessitadas e das políticas de saúde vigentes.

O Programa de Saúde da Família (PSF),2 uma das estratégias de consolidação do SUS, objetiva melho-rar o estado de saúde da população incluindo desde a promoção e proteção da saúde até a identificação precoce e o tratamento das doenças. Estrutura-se a partir de uma equipe multidisciplinar, da abordagem situacional no local onde vivem as pessoas, da incor-poração da representação social da doença e utiliza como ferramenta básica a busca ativa de casos. Este modelo tanto ultrapassa o ato reconhecido como con-sulta ao profissional de saúde, quanto o amplia, já que nele se inspiram nos aspectos tocantes à intimidade, o respeito, o sigilo das informações, entre outros. Este impõe o recurso a novas teorias, metodologias e tec-nologias e se traduz, evidentemente, em nova confi-guração do trabalho em saúde.

Mais do que nunca, no SUS, e em especial no PSF, prevê-se a organização de equipes, cuja concepção está vinculada à de processo de trabalho e se sujeita, no campo da saúde, às transformações pelas quais este vem passando ao longo do tempo. A idéia de equipe advém da necessidade histórica do homem de somar esforços para alcançar objetivos e da imposição que o desenvolvimento e a complexidade do mundo mo-derno têm imposto ao processo de trabalho, gerando relações de complementaridade de conhecimentos e habilidades para o alcance dos objetivos.11

O embate de idéias apresentado pelos profissio-nais de saúde que são contrários à aprovação do Pro-jeto de Lei do ato Médico e aqueles que defendem a sua aprovação é a principal motivação deste estudo. Uma reflexão a respeito dos malefícios e/ou benefí-cios que a aprovação deste projeto de lei poderia pro-porcionar para a atividade profissional de médicos e não-médicos e também no atendimento do usuário do sistema público de saúde constitui-se em uma ne-cessidade.

Este trabalho tem como objetivo geral, conhecer a opinião de profissionais de saúde que trabalham em Equipes de Saúde da Atenção Básica e/ou do Progra-ma de Saúde da Família (PSF)/Equipes de Saúde Bucal (ESB) a respeito do PLS/25 e PLS/25 (substi-tutivo). Pretende-se avaliar o grau de conhecimento destes profissionais acerca dos projetos e identificar, segundo as opiniões do grupo pesquisado, quais se-riam os possíveis malefícios e/ou benefícios que a aprovação do PL25/2002 poderia trazer para sua ati-

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vidade profissional, para o atendimento do usuário, e para a rotina de trabalho.

mETODOLOGIAApós aprovação do protocolo de pesquisa (Pare-

cer Nº ETIC 190/05 aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e Parecer Nº 031/2005 aprovado pelo Comitê de Éti-ca em Pesquisa – Secretaria Municipal de Belo Hori-zonte), foi realizada a coleta de dados através da apli-cação de questionários aos profissionais, nível terceiro grau, atuantes na rede de prestação de servi-ços de saúde, na Regional Nordeste do Município de Belo Horizonte.

A amostra foi calculada através da estimativa de proporção, com erro de 10%, nível de significância de 90% e padrão (p) 50% indicando uma amostra final mínima de 53 indivíduos.7

Os questionários e os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram distribuídos nas 20 Unidades Básicas de Saúde que integram a Regional Nordeste, através dos seus gerentes, sendo posterior-mente recolhidos e entregues às pesquisadoras em envelopes lacrados, visando a confidencialidade dos respondentes.

Para efeito de análise dos dados, os resultados fo-ram organizados e tabulados em dois grupos: médicos e outros profissionais (enfermeiros, cirurgiões-den-tistas, psicólogos e assistentes sociais).

RESuLTADOS E DISCuSSãONa Tabela 1, apresenta-se um resumo do número

de profissionais que trabalham na Regional Nordeste e do número desses profissionais que responderam o questionário distribuído. A amostra foi categorizada em Médicos e Outros Profissionais (Enfermeiros, Ci-rurgiões-dentistas, Psicólogos e Assistentes Sociais).

Observa-se que foram respondentes neste estudo, 26,4% dos médicos e 45,9% de outros profissionais.

Na Tabela 2, apresentam-se os itens questionados e respondidos pelos profissionais a respeito do Proje-to de Lei do Ato Médico e do Substitutivo, cujas ques-tões tratavam sobre o conhecimento dos projetos de

lei, se havia concordância e qual a expectativa de be-nefícios e prejuízos, tanto para a atividade profissio-nal, quanto para o atendimento à população.

Constata-se, na verdade, que a maioria conhece apenas superficialmente o Projeto de Lei. Dos 66 pro-fissionais entrevistados, que responderam já ter ouvi-do falar, 18 (20%) são médicos e 48 (54%) outros profissionais.

Sobre a existência do substitutivo, 53% não sabem ou revelam apenas já ter ouvido falar (43%). As res-postas indicam que apesar da acirrada polêmica e do destaque dado pela mídia e pelas entidades regula-doras das profissões envolvidas - Conselhos Federais e suas instâncias regionais - o tema ainda não foi bem aprofundado pelos profissionais atuantes na rede de prestação de serviços de saúde, na Regional Nordeste do Município de Belo Horizonte.

Com relação à concordância com o Projeto de Lei, apesar da relatada desinformação, 65 profissionais (73%) responderam que não concordam com a sua aprovação. Ressalta-se que este número reflete clara-mente o conflito instalado entre a proposta do Pro-jeto de Lei do Ato Médico e todas as outras profissões que participam da atenção básica de saúde do usuário do SUS.8

Dentre os 19 profissionais que concordam com a aprovação do PL 25/02 (21%), estão 18 médicos e apenas 1 entre os “outros profissionais”. Assim, são quase exclusivamente os médicos que respondem pela concordância com a regulamentação profissio-nal contida no PL 25/2002.

Para 56% não havia expectativa de benefícios com a possível aprovação do PL25/2002 referentes à sua atividade profissional e para 64% haveria prejuízos em sua atividade profissional.

As principais justificativas apresentadas pelos mé-dicos para o reconhecimento dos benefícios parecem estar ligadas a interesses corporativos e das condições de trabalho, definição dos limites de atuação (o aten-dimento exclusivo pelo médico), mais que aos resul-tados da atuação ou ao modelo de atenção. Entre os outros profissionais considerou-se como vantagem a diminuição da carga de trabalho.

MédicosOutros profissionais

Enfermeiros Cirurgiões-dentistas Psicólogos Assistentes sociais

Em exercício profissional 106 74 41 7 13

Respondentes 28 62

Tabela 1 - Distribuição de profissionais da área de saúde na Regional Nordeste, em Belo Horizonte e da amostra deste estudo.

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12

Aqueles que responderam que “não haverá bene-fício para a atividade profissional” fizeram análises mais abrangentes, englobando aspectos do processo de trabalho. As opiniões em comum foram a centra-lização na figura do médico, que traria prejuízos ao trabalho em equipe, e o retrocesso no processo de trabalho em saúde.

Alguns dos médicos argumentaram que somente haverá benefícios para aqueles que atuam em ativida-des liberais e precisam defender o mercado de tra-balho. “Os outros profissionais” acenaram para o aumento na burocracia do atendimento, impossibili-dade de prescrição de medicamentos, restrições em

algumas atividades, diminuição das competências profissionais e queda na qualidade do atendimento para a população.

O reconhecimento de “prejuízos para a atividade profissional” (64%) novamente nos aproxima dos números que revelaram discordância do projeto (73%), desta vez com aumento do número de médi-cos. Entre as justificativas comuns a todos os profis-sionais retorna a perda de autonomia com a centra-lização do atendimento no profissional médico, com repercussões no funcionamento da equipe. Em maior ou menor nível, a reflexão de todos os segmentos se voltou para a atuação em saúde coletiva.

Ato médicoMédicos

Outros profissionais

n % n %

O ato médico

Já ouviu falar 18 20 48 54

Conhece bem 10 11 12 13

Nunca ouviu falar 0 0 2 2

Não respondeu 0 0 0 0

O substitutivo

Já ouviu falar 14 16 24 27

Conhece bem 2 2 0 0

Não sabe da existência de substitutivos 12 13 36 40

Não sabe da existência do Ato Médico e nem dos substitutivos

0 0 2 2

Concordância com a aprovação do Projeto de Lei

Sim 18 20 1 1

Não 8 9 57 64

Não respondeu 1 1 2 2

Não soube opinar 1 1 2 2

Expectativa de benefícios para atividade profissional

Sim 18 20 7 8

Não 7 8 43 48

Não respondeu 1 1 7 8

Não soube opinar 2 2 4 4

O PL não se aplica à odontologia 0 0 1 1

Expectativa de prejuízos para atividade profissional

Sim 10 11 47 53

Não 15 17 7 8

Não respondeu 2 2 4 4

Não soube opinar 1 1 4 4

Expectativa de benefícios para o atendimento à população

Sim 16 18 7 8

Não 10 11 46 51

Não respondeu 1 1 6 7

Não soube opinar 1 1 3 3

Expectativa de prejuízos para o atendimento à população

Sim 12 13 54 60

Não 13 15 0 0

Não respondeu 2 2 5 6

Não soube opinar 1 1 3 3

Tabela 2 - Itens questionados aos profissionais da área de saúde na Regional Nordeste de Belo Horizonte.

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Alguns “médicos” focaram a sobrecarga de tra-balho, aumento da responsabilidade profissional, excessivo corporativismo, aumento da demanda re-primida da população, e benefícios somente para a iniciativa privada, onde a demanda é regulada pelo poder aquisitivo, entendendo que os prejudicados serão os usuários. Outros entendem que certos pro-cedimentos só competem a eles, e consideram que não haverá prejuízo, desde que os demais profissio-nais da saúde exerçam suas atividades de acordo com a lei.

Schreiber (1995); Silva & Waissman (2005) res-saltam a importância do enfrentamento multipro-fissional das questões como elemento impulsiona-dor do conhecimento, da ordenação e do desenvolvimento de novas tecnologias no campo da saúde.15,16. Assim, afirma Araújo (2003) que a regu-lamentação do ato médico tem que considerar o conjunto das práticas dos profissionais no setor saú-de, levando em conta o seu desenvolvimento histó-rico e a prática sustentada em conhecimento e em realizações concretas.1

Os argumentos daqueles que consideram que a aprovação “trará benefícios para o atendimento à po-pulação” convergiram no sentido de que, uma vez determinados os campos de atuação, definindo com-petências e qualificando os profissionais para a reali-dade da saúde pública, podem ser aprimorados os projetos para a saúde coletiva e aumentada a dispo-nibilização de médicos. Esses entendem que a popu-lação será mais bem assistida, recebendo o diagnósti-co e a terapêutica por profissionais competentes e capacitados.

Algumas respostas dos “Outros Profissionais” que também consideram que o projeto trará bene-fícios para a população foram no sentido de haver mais segurança no atendimento pelo profissional habilitado, desde que cada um atue em sua área com ética, obedecendo a normatização das atribuições médicas.

Entre os respondentes que afirmam “que não ha-verá benefícios”, as opiniões foram a respeito da limi-tação do exercício profissional com diminuição da autonomia, a atitude corporativista dos médicos com aumento de sua carga de trabalho, a incapacidade de eles sozinhos resolverem os problemas de saúde pú-blica, e a permanência do modelo de atendimento assistencialista e curativista.

Há uma ênfase no reconhecimento de “prejuízos para o atendimento a população”, partilhada por 73% dos respondentes, inclusive médicos que concordam

com a aprovação do Projeto de Lei.Dentre os “outros profissionais” as respostas sobre

“expectativa de prejuízos para a população”, se deram no sentido da supervalorização com centralização do atendimento no profissional médico, subordinação dos “outros profissionais” a ele, corporativismo, so-brecarga de atendimento, falta de capacitação do médico em saúde pública, estresse profissional, maior dificuldade de acesso, impedimento ao direito de li-vre escolha dos usuários, retrocesso no modelo de saúde que voltará a ser hospitalocêntrico, aumento das filas com descontentamento da população.

Somente médicos (15%) consideram que a apro-vação não “trará prejuízos para o atendimento à saú-de da população”, ressaltando a necessidade de se esclarecer à população e aos demais profissionais a respeito do PL, da sua aprovação e da regulamentação das atividades privativas do médico, excetuando-se as condições e programas estabelecidos nas leis que re-gulam as demais profissões. Destacam ainda a impor-tância de se respeitar a hierarquia profissional.

Por muito tempo a medicina tem exercido forte domínio sobre as discussões, propostas e tratamento das doenças e dos doentes em nossa sociedade. A emergência de novos papéis e processos de trabalho mudou a configuração do trabalho médico, da sua autonomia e passa a ameaçar, não apenas os setores mais conservadores, mas a profissão como um todo, que luta pela preservação das suas prerrogativas his-tóricas, culturais e de poder.

Destaca-se neste contexto que todas as proposi-ções de definição de espaços profissionais, caracterís-ticas do corporativismo vigente conflita com os pro-jetos em discussão, que envolve a reforma curricular nas escolas de saúde em todo pais, estimuladas pelo governo, como proposta de integração entre as equi-pes de saúde.

Esse estudo aponta que muito teremos que cami-nhar nas discussões, para que as outras profissões de saúde e os seus profissionais sejam valorizados pelos pacientes e os órgãos governamentais, resultando em maior benefício para toda população.

COnCLuSÕESA grande maioria dos profissionais que atuam na

atenção básica da Regional Nordeste não conhece na íntegra o referido PL, não concorda com ele e, os que concordam, são basicamente os médicos.

Os achados nos permitem afirmar que há mais clareza, entre os profissionais da área médica, sobre os efeitos do PL na rede privada, onde poderá existir

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uma grande reserva de mercado, apoiando-se em ar-gumentos corporativistas.

Os argumentos contra a aprovação do PL e os seus efeitos, caso seja aprovado, revelam que a maior pre-ocupação de todos os “outros profissionais” é a cen-tralização das ações nas mãos dos médicos, com re-dução da sua autonomia e do valor da sua contribuição, expressando preocupação com as per-das no trabalho em equipe e prejuízo para o modelo de atenção proposto pelo SUS.

Alguns benefícios para a atuação em saúde cole-tiva são reconhecidos, tais como, melhor divisão de tarefas e melhor qualificação dos médicos dentro do modelo de atenção. Mas o número de profissionais de outras áreas que reconhece tais ganhos é extrema-mente reduzido.

As perdas para a população parecem constituir-se o melhor consenso, embora, os profissionais da área médica reafirmem a posição de que podem haver benefícios decorrentes do atendimento exclusivo por eles.

Os argumentos dos “outros profissionais” rela-cionados aos prejuízos que a população teria no atendimento contemplam um conhecimento da demanda, do volume de necessidades da população, das implicações da restrição do acesso aos serviços de saúde. Agregam ainda o entendimento de que as necessidades não são apenas de diagnóstico e terapêutica, valorizando a abordagem multiprofis-sional.

ABSTRACTMedical Act Bill and Multiprofessional Team

Considering the repercussion that the called “Bill of the Medical Act” (PLS 25/2002 and amendment PLS 25 of 2002) has caused in the media, among pro-fessionals and other sections of society, as well as its reflexes on interdisciplinary formation, it was aimed to detect the level of knowledge, opinions and expec-tations of health professionals about the new Bill. The study was carried out with a total of 90 volunteers, being 28 phisicians and 62 named as other profession-als. Questionnaires were distributed by the local man-agers of the health units of the northeastern area of Belo Horizonte. Data were collected from the avalia-tion of 90 applied questionnaires. Among the 90 ques-tionnaires, 25 (28%) answered that the possible ap-proval of the bill could bring benefits for their professional activity and 50 (56%) answered that it could not. In another question , 57 (64%) answered, that it could damage their professional activity, and

22 (25%) answered that it could not. Regarding the benefits that the possible approval of the bill could have on the service to the population, 23 (26%) par-ticipants considered that it could bring benefits and 56 (62%) that it could not. When asked about possible damages to the health service, 66 (73%) aswered af-firmatively and 13 (15%) aswered negatively. Through the analysis of the questionnaires, it was possible to verify the lack of knowledge about the Bill and its Amendment among most professionals. As for the benefits, harms and implications on their profession-al activity and on the health care for the population majority of those interviewed disagreed with the ap-proval of the Bill.

DESCRIPTORSDraft bill. Health systems. Dental staff. §

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Recebido para publicação em 20/03/2007

Aceito para publicação em 28/02/2008

A Revista da ABENO – Associação Brasileira de Ensino Odontológico – tem como missão primordial:

ABENOABENOAssociação Brasileir

a de Ensino Odontológico

R E V I S T A D A

ABENOABENO

Associação Brasileira de Ensino Odontológico

volume 8

número 1

janeiro/junho

2008

ISSN

1679

-595

4

A Revista da ABENO – Associação Brasileira de Ensino Odontológico – tem como missão primordial:

contribuir para a obtenção de indicadores de qualidade do ensino odontológico respeitando os desejos de formação discente e capacitação docente;

assegurar o contínuo progresso da formação profissional;

produzir benefícios diretamente voltados para a coletividade;

produzir junto aos especialistas a reflexão e análise crítica dos assuntos da área em nível local, regional, nacional e internacional.

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Revista da ABENO • 8(1):16-2216

DASH entre estudantes de curso de odontologia, Belo Horizonte, 2007Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu*, Adriano Rodrigues da Costa**, Alexandre Ramos Braga**, Geraldo Fabiano de Souza Moraes***

* Professor Titular do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva.

** Cirurgiões-Dentistas pelo Centro Universitário Newton Paiva.

*** Coordenador do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Newton Paiva.

RESumOA odontologia é considerada uma profissão de

risco ocupacional para os Distúrbios Osteomuscula-res Relacionados ao Trabalho. Esses quadros podem ser mensurados pelo instrumento denominado DASH (Disabilities Arm, Shoulder and Hand). Entretanto, há pouca informação sobre essas condições entre es-tudantes de odontologia brasileiros. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar as incapacidades de braço, ombro e mão entre esses estudantes, bem como os fatores associados, no ano de 2007. Questio-nários auto-aplicáveis foram entregues ao universo de estudantes de odontologia, do 1º. e 8º. períodos, de um curso em Belo Horizonte, no segundo semestre de 2007. Para a avaliação das incapacidades, foi utili-zado o instrumento DASH validado no Brasil. Para a mensuração das variáveis independentes, foi aplicado um questionário com questões sobre o período do curso, gênero, trabalho, prática de esportes, sono e atendimento clínico na odontologia. Esta última va-riável só foi avaliada para discentes do 8º. período. A análise estatística, realizada no programa SPSS versão 11.0, envolveu os testes de Kolmogorov-Smirnov, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, considerando p < 0,05. Do universo de 90 estudantes, 74 (82,2%) preencheram corretamente os questionários. A única associação estatística identificada envolveu maiores incapacidades de braço, ombro e mão entre os indi-víduos que nunca praticaram esportes em relação àqueles que praticavam esportes no momento da pes-quisa (p = 0,02). Conclui-se que parece não haver impacto das atividades clínicas desenvolvidas pelos estudantes, bem como das variáveis sócio-demográfi-cas e do sono nessas incapacidades. A prática de es-portes pode ser vista como um fator de proteção para o quadro avaliado entre estudantes de odontologia.

DESCRITORESSaúde ocupacional. Odontologia. Epidemiolo-

gia.

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) represen-tam uma síndrome de dor nas extremidades su-

periores com queixa de grande incapacidade funcio-nal, causada pelo uso dos membros superiores, ombro, pescoço em tarefas que envolvam movimen-tos repetitivos ou posturas forçadas (FONSECA, 1998). No Brasil, a terminologia LER foi introduzida em 1986 e foi reconhecida como doença do trabalho através da portaria nº. 3751 de 13 de novembro de 1990 (RIBEIRO, 1997). Os Distúrbios Osteomuscula-res Relacionados ao Trabalho (DORT) correspon-dem a um conjunto de afecções heterogêneas que acometem músculos, tendões, sinóvias, articulações, vasos e nervos. Podem ocorrer em qualquer local do aparelho locomotor, embora a região cervical, lom-bar e os membros superiores sejam os mais freqüen-temente atingidos (FERREIRA, 1997). A denomina-ção DORT passou a ser adotada mais recentemente, quando o Ministério da Previdência e Assistência So-cial baixou a ordem serviço 606/98, publicada no Diário Oficial da União de 19 de Agosto de 1998. A nomenclatura DORT veio substituir a bastante difun-dida LER, apesar de ambas ainda serem utilizadas. A mudança foi efetuada para evitar que a própria de-nominação apontasse causas ou efeitos definidos. A adoção do termo DORT significa, portanto, que a dor crônica pode existir sem que para isso haja obrigato-riamente uma lesão. Dessa forma, tornam-se mais compreensíveis os mecanismos que produzem o so-frimento e se orientam ações mais eficazes do trata-mento e prevenção do problema. (NICOLETTI, 1999). Os DORT constituem um dos maiores proble-

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DASH entre estudantes de curso de odontologia, Belo Horizonte, 2007 • Abreu MHNG, Costa AR, Braga AR, Moraes GFS

mas enfrentados nos serviços de referência de saúde do trabalhador dado sua alta incidência, difícil trata-mento e grande limitação física ocasionando ônus econômicos e sociais aos trabalhadores (MENDES, 1995).

A odontologia é uma profissão cujos trabalhado-res desempenham funções de risco para o desenvol-vimento dos DORT. Diversos trabalhos avaliaram es-ses distúrbios entre cirurgiões-dentistas no Brasil. Santos Filho e Barreto (2001) realizaram um estudo para avaliar prevalência de dor osteomuscular e fato-res associados ao sintoma em cirurgiões-dentistas vin-culados ao Serviço Público de Saúde de Belo Hori-zonte (SUS/BH). A coleta de dados foi feita através de um questionário auto-aplicável, contendo infor-mações sócio-demográficas, aspectos ergonômicos e do ambiente de trabalho, organização do trabalho, hábitos pessoais, fatores individuais, características psicológicas e psicossociais e história de saúde. 58% dos dentistas apresentaram queixa de dor musculo-esquelética em uma ou mais regiões no segmento superior do corpo, dos quais 41% têm queixa em ape-nas uma região, 14% em duas regiões e 3% em três locais. O principal sintoma, com uma prevalência de 22%, foi a dor no membro superior. Em segundo lugar apareceu a queixa de dor na coluna torácica e/ou lombar (21%), predominando a dor lombar. Em terceiro lugar surgiu o pescoço (20%), seguido do ombro (17%).

Paula e Araújo (2003) realizaram um estudo de revisão buscando aprofundar conhecimento sobre as LER/DORT enfatizando as principais etiologias e as possíveis formas de prevenção. Os fatores etiológicos envolvem o desrespeito aos fatores ergonômicos e antropométricos; excesso de jornada de trabalho; fal-ta de intervalos apropriados; técnicas incorretas; pos-turas indevidas; força excessiva na execução de tare-fas; sobrecarga estática e sobrecarga dinâmica. O desenvolvimento dessas lesões é multifatorial, por isso é importante avaliar os fatores de risco envolvidos direta ou indiretamente. Esses fatores incluem inade-quada postura, carga estática, carga musculoesquelé-tica, invariabilidade de tarefas, pressões locais sobres os tecidos, vibração, estresse, além de fatores não-ocupacionais como atividades domésticas e manuais. Há necessidade de conscientização por parte do ci-rurgião-dentista sobre a relevância e importância da prevenção das LER/DORT. Esse profissional deveria adotar um estilo de vida saudável com práticas de atividades físicas, alongamentos, alimentação saudá-vel, controle do estresse, além de organizar-se no tra-

balho seguindo as normas ergonômicas.Barbosa et al. (2004) realizaram um estudo para

avaliar os aspectos ergonômicos da atividade laboral do cirurgião-dentista e a existência de sintomatologia dolorosa nas regiões do corpo, indicativas de LER. Foi realizado um estudo observacional, prospectivo. Os dados foram coletados pela observação direta ex-tensiva, na qual foi utilizado um questionário como instrumento para obter as informações. Dentre os principais resultados observou-se que o tempo médio de exercício profissional foi de 17,95 anos e a jornada média de trabalho foi de 8,3 horas diárias. A maioria dos dentistas (68,9%) relatou apresentar dores após a jornada de trabalho, sendo as regiões do pescoço, costas, ombros e mãos as áreas mais relatadas. Este estudo mostrou que devido ao grande número de cirurgiões-dentistas que sofrem pela sintomatologia indicativa de LER, faz com que a necessidade da in-formação seja aplicada com os princípios ergonômi-cos na prática clínica por estes profissionais, melho-rando, assim, as condições de trabalho.

Regis Filho et al. (2006) realizaram um estudo epi-demiológico transversal para encontrar evidências da existência da relação entre as tarefas executadas pelo cirurgião-dentista e as LER/DORT. De um total de 3618 questionários enviados, em 2000, 771 retorna-ram devidamente preenchidos. Em relação ao tempo de graduação em odontologia observou-se uma con-centração de 46,40% de profissionais com 10 a 19 anos de formados. Desta forma, quase que metade dos cirurgiões-dentistas está exposta a um período de tempo relativamente longo para adquirir algum tipo de LER/DORT. Ao serem perguntados se apresenta-vam ou não alguma manifestação dolorosa nos mem-bros superiores, cintura escapular ou pescoço, em virtude da repetição de um mesmo padrão de movi-mento no exercício da profissão, 437 (56,68%) res-ponderam que sim. Os resultados mostram que o ci-rurgião-dentista faz parte de um grupo profissional exposto a um risco considerável de adquirir algum tipo de LER/DORT pela realização de tarefas inade-quadamente prescritas e pela utilização de instru-mentos que não obedecem a requisitos ergonômi-cos.

Graça et al. (2006) realizaram um estudo de revi-são da literatura para discutir a relação entre o traba-lho e as desordens musculoesqueléticas. As desordens musculoesqueléticas estão presentes entre as queixas principais dos profissionais de saúde bucal, e essas queixas representam um problema de grande impor-tância. A literatura científica mostra a existência de

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associação entre a prática odontológica e as desor-dens musculoesqueléticas, devido ao desgaste físico do cirurgião-dentista na sua profissão. Assim proble-mas com degeneração dos discos intervertebrais da região cervical da coluna, bursite, inflamação das bai-nhas tendinosas e artrite das mãos começaram a ser relacionadas com as patologias mais comuns entre os cirurgiões-dentistas. As desordens musculoesqueléti-cas implicam em graves problemas presentes na vida do cirurgião-dentista, e freqüentemente interferem na sua capacitação funcional. Os autores concluíram que é necessário que os profissionais de odontologia se conscientizem quanto ao cuidado com seu próprio corpo e adotem medidas preventivas para as lesões.

O diagnóstico das LER/DORT tem sido conside-rado difícil, pois se baseia, muitas vezes, nas queixas dos pacientes (AMORIM et al., 2006) ou em testes com baixos valores de sensibilidade e especificidade (MACDERMID; WESSEL, 2004). Entretanto, há uma tendência, atualmente, de se avaliar a capacidade fun-cional do sujeito, ao invés de apenas definir a doença por padrões biomédicos (HAGBERG; VIOLANTE, 2007). Neste sentido, Drummond (2006) avaliou a possibilidade de utilização do instrumento Disabili-ties Arm, Shoulder and Hand – DASH para avaliação das LER/DORT. Foi constatado que o DASH pode ser um dos métodos para avaliação dessas condi-ções.

Apesar de existir alguma literatura científica sobre LER/DORT entre estudantes de odontologia (ME-LIS et al., 2004; RISING et al., 2005; TEZEL et al., 2005; WERNER et al., 2005; MORSE et al., 2007), pouca li-teratura científica existe em relação às essas condições entre estudantes de odontologia brasileiros. Além disso, a utilização do DASH como instrumento de avaliação de incapacidades entre estudantes de odon-tologia não tem sido observada na literatura científi-ca.

Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar as incapacidades de braço, ombro e mão entre esses estudantes de odontologia, bem como os fatores as-sociados, no ano de 2007.

mATERIAL E mÉTODOS Trata-se de um estudo epidemiológico transversal

analítico (Pereira, 1995). Um estudo piloto foi reali-zado no primeiro semestre de 2007, visando testar a metodologia proposta. Pequenas modificações na forma dos instrumentos de coleta de dados foram realizadas, após esta etapa. O universo do estudo prin-cipal foi composto pela totalidade dos estudantes de

1º e 8º períodos do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte - MG, no segundo semestre de 2007. A secretaria do curso de odontologia do Centro Universitário Newton Paiva forneceu a lista dos alunos regularmente matricula-dos. Foi utilizado um questionário auto-aplicável de-nominado “DASH Brasil” validado para a língua por-tuguesa por Orfale et al. (2005). O questionário é composto por 38 perguntas e utiliza escala de Lickert. Para o estudo principal, os questionários foram dis-tribuídos entre os dias 27 de Agosto de 2007 e 13 de Setembro de 2007. A mensuração das incapacidades de braço, ombro e mão (variável dependente) foi determinada para cada período (1º e 8°) de acordo com os valores de respostas ao DASH. Os fatores as-sociados ao DASH (variáveis independentes) foram analisados através de outro questionário modificado de Oliveira e Gonçalves (2003). Os fatores analisados foram: prática de esporte, horas de sono por noite, tipo de visão utilizada, número de pacientes atendi-dos por dia, posições assumidas no atendimento, ida-de, sexo, exerce atividade laboral fora da instituição. A análise estatística utilizada foi descritiva, bem como foram utilizados testes não-paramétricos de Kolmo-gorov-Smirnov, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, cor-reção de Bonferroni e correlação não-paramétrica de Spearman, considerando p < 0,05 (SPSS, 2001). O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-quisa da Universidade Estadual de Montes Claros.

RESuLTADOSDos noventa questionários distribuídos setenta e

quatro (82,2%) foram preenchidos corretamente.Do universo pesquisado, observa-se que a maioria

(77,0%) dos alunos é do gênero feminino e não exer-ce qualquer profissão fora do curso (73,0%). A maior parte (54,1%) dos estudantes relatou que praticava esportes e parou. A maioria dos entrevistados dorme mais de 6 horas por noite (71,6%). A visão direta e o posicionamento de 9 horas são os mais utilizados pe-los estudantes durante o atendimento odontológico (87,2% e 53,9%, respectivamente) (Tabela 1). A ida-de média dos estudantes é 22,2 (± 4,4) anos. Dentre os estudantes do oitavo período (n = 39), o número médio de pacientes atendidos por dia foi igual a 2,0 (± 0,3).

O DASH médio foi igual a 10,3 (± 12,0). O teste de Kolmogorov-Sminorv indicou que os dados do DASH não assumem a distribuição gaussiana (p = 0,007). Desta forma, serão apresentadas outras medidas de tendência central e de variabilidade. O

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valor mediano do DASH foi igual a 7,1. Os valores máximo e mínimo foram iguais a 70,1 e 0,0. Os pri-meiro e terceiro quartis valem 2,3 e 13,3, respectiva-mente. Valores mais altos de DASH indicam maior incapacidade de braço, ombro ou mão.

Quando se avalia a associação entre o período do discente e as medidas de DASH, observa-se que não há diferenças estatísticas entre essas variáveis (p = 0,12). Da mesma forma, não há associação entre os valores de DASH e as variáveis sexo (p = 0,06), tra-balho (p = 0,13), horas de sono (0,09), posiciona-mento adotado para o atendimento odontológico (0,32) e tipo de visão para o atendimento odontoló-

gico (p = 0,33). A única variável que está associada (p = 0,02) com os valores de DASH foi àquela relativa à prática de esportes. Após a realização de Correção de Bonferroni e testes de Mann-Whitney, foi identifi-cado que os indivíduos que relataram nunca praticar esportes apresentam valores mais altos de DASH do que aqueles que praticam esportes atualmente (p = 0,007) (Tabela 2). Os coeficientes de correlação de Spearman entre idade e DASH e entre número de pacientes atendidos por dia e DASH foram fracos (rs = -0,12 e rs = -0,17, respectivamente).

DISCuSSãOA realização de estudos epidemiológicos transver-

sais analíticos favorece a rápida coleta de dados e aponta para prováveis fatores de risco para as condi-ções de saúde avaliadas. Entretanto as associações estatísticas identificadas não podem ser consideradas causais, uma vez que tais estudos não respeitam a tem-poralidade entre doença e exposição (Pereira, 1995).

Variáveis DASH

(rank médio)Valor de p

PeríodoPrimeiro 41,60

0,12Oitavo 33,80

SexoMasculino 29,03

0,06Feminino 40,03

Prática de esportes

Nunca praticou

56,42

0,02

Pratica e parou

40,20

Pratica atualmente

28,69

Sem informação

41,25

Realização de trabalho fora do curso de odontologia

Sim 43,670,13

Não 35,21

Horas de sono por noite

Até 6 horas 43,11

0,09Mais de 6 horas

33,58

Posicionamento mais adotado para o atendimento

9 horas 19,48

0,3210 horas 22,12

11 horas 7,50

12 horas 14,75

VisãoDireta 20,71

0,33Indireta 15,20

Tabela 2 - Distribuição de valores de DASH de acordo com variáveis explicativas entre discentes de odontologia, Belo Horizonte, 2007.

VariáveisFreqüência

absolutaFreqüência

relativa

Sexo

Masculino 17 23,0

Feminino 57 77,0

Total 74 100,0

Realização de trabalho fora do curso de odontologia

Sim 20 27,0

Não 54 73,0

Total 74 100,0

Prática de esportes

Nunca praticou

6 8,1

Praticava e parou

40 54,1

Pratica atualmente

26 35,1

Sem informação

2 2,7

Total 74 100,0

Horas de sono por noite

Até 6 horas 18 24,3

Mais de 6 horas

53 71,6

Não informa 3 4,1

Total 74 100,0

Visão para atendimento odontológico

Direta 34 87,2

Indireta 5 12,8

Total* 39 100,0

Posicionamento mais adotado para atendimento odontológico

9 horas 21 53,9

10 horas 13 33,3

11 horas 2 5,1

12 horas 2 5,1

Outra 1 2,6

Total 39 100,0

Tabela 1 - Distribuição de informações sociodemográfi-cas e clínicas dos discentes do curso de Odontologia, Belo Horizonte, 2007.

*O número de indivíduos analisados é menor do que outras variáveis, pois essa pergunta foi realizada apenas para discentes do 8o. período.

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Apesar das limitações do presente estudo, a ausência de trabalhos sobre incapacidades em braço, ombro e mão entre estudantes de odontologia brasileiros e a importância de se identificar, de forma precoce, as possíveis incapacidades associadas ao trabalho, justi-fica a realização do mesmo.

A literatura consultada (Santos Filho; Barreto, 2001; Barbosa et al., 2004; Regis Filho et al., 2006) revelou que há presença de queixas compatíveis com LER/DORT entre cirurgiões-dentistas que já atuam no mercado há vários anos. Outros autores (Paula; Araújo, 2003; Graça et al., 2006) ainda comentam so-bre a importância de se conhecer as causas dessas condições para se atuar de forma preventiva. Neste sentido, o presente estudo teve como uma das hipó-teses a relação entre o tempo de atuação clínica do estudante e o aparecimento de incapacidades. Entre-tanto, não houve diferenças significativas nos valores de DASH entre os alunos iniciantes e concluintes do curso. Neste sentido, Werner et al. (2005) observaram que estudantes de odontologia, quando comparados com trabalhadores do setor administrativo, apresen-taram menos queixas de LER/DORT nos membros superiores. Provavelmente, o pequeno tempo de tra-balho clínico, o número reduzido de pacientes aten-didos e as pausas entre os atendimentos podem ex-plicar os achados do presente estudo e daquele citado anteriormente.

Por outro lado, Rising et al. (2005) observaram que dores musculoesqueléticas eram mais freqüentes na medida em que o estudante estava em períodos mais avançados do curso de odontologia. As diferen-ças metodológicas entre os dois trabalhos e as prová-veis diferenças entre as atividades pedagógicas desen-volvidas pelos estudantes brasileiros e os norte-americanos podem explicar os resultados dís-pares.

A relação entre gênero de estudantes e LER/DORT é, também, conflitante na literatura científica. Enquanto Tezel et al. (2005) não observaram diferen-ças entre gêneros em relação às LER/DORT, Rising et al. (2005) concluíram que havia diferenças na lo-calização das LER/DORT de acordo com o sexo do aluno. Assim, as mulheres apresentavam mais queixa na região de ombro e pescoço e os homens, na colu-na vertebral. O presente trabalho não identificou diferenças entre os gêneros em relação aos valores de DASH.

Esse estudo não avaliou relato de incapacidades na coluna vertebral. Desta forma, os achados de Melis et al. (2004), que identificaram mais queixas de dor

na coluna lombar entre estudantes de odontologia, comparados com alunos de psicologia, não podem ser relacionados com esse trabalho. Estudos posterio-res poderiam avaliar essa queixa específica entre es-tudantes brasileiros.

O efeito protetor da prática regular de esportes sobre as incapacidades de braço, ombro ou mão pode indicar que a prática de exercícios físicos é fator pro-motor de saúde e apresenta, também, um bom im-pacto sobre essa condição. Paula e Araújo (2003) também identificaram que a prática de exercícios fí-sicos são aspectos importantes para a prevenção de LER/DORT. Meta-análise publicada recentemente identificou que exercícios físicos são eficazes sobre tendinopatias (Woodley et al., 2007), reforçando os achados do presente estudo.

Em relação às atividades laborais, Morse et al. (2007) observaram que estudantes de odontologia que exerciam a função de auxiliar de consultório den-tário (“dental assistant”) apresentava maior risco de DORT. Esse achado não foi identificado no presente trabalho.

O perfil dos alunos desse curso de Odontologia pode explicar a falta de associação identificada entre DASH e a maioria das co-variáveis estudadas. Trata-se de um universo hegemonicamente jovem, com relato de sono adequado e que não exerce, na sua maioria, atividades laborais fora do curso. Rose (1987; 1995) relata que quando as populações estão expostas de forma homogênea a certo fator de risco, torna-se ex-tremamente difícil identificar, através de métodos epidemiológicos analíticos a relação entre esse fator de exposição e a doença estudada.

O acompanhamento dos estudantes do primeiro período, nos próximos semestres, através de um estu-do de coorte, permitirá avaliar o impacto das ativida-des acadêmicas da odontologia, sobre um mesmo grupo de indivíduos. Assim, maiores conhecimentos sobre o impacto do curso de graduação em odonto-logia sobre as incapacidades de ombro, braço e mão poderão ser alcançados e a adoção de medidas pre-ventivas, se necessária, deverá ser prontamente toma-da.

COnCLuSãOParece não haver impacto das atividades clínicas

desenvolvidas pelos estudantes, bem como das variá-veis sócio-demográficas e do sono nas incapacidades de braço, ombro e mão. A prática de esportes pode ser vista como um fator de proteção para essa condi-ção entre estudantes de odontologia.

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DASH entre estudantes de curso de odontologia, Belo Horizonte, 2007 • Abreu MHNG, Costa AR, Braga AR, Moraes GFS

AGRADECImEnTOSA todos os estudantes que contribuíram para o

presente trabalho.

ABSTRACTDASH evaluation among dentistry students, Belo Horizonte, 2007

Dentistry is considered a profession of occupa-tional risk for Work- Related Musculoskeletal Disor-ders/Repetitive Strain Injuries. These conditions can be measured by an instrument named DASH (Dis-abilities Arm, Shoulder and Hand). However, there is little information about these conditions among den-tistry students. Thus, the aim of the present study was to evaluate disabilities of arm, shoulder and hand among these students and also the associated factors in 2007. Self-applicable questionnaires were given to the universe of dentistry students, from the 1st to the 8th terms, of a course in Belo Horizonte, in the second semester, 2007. To evaluate disabilities, it was used the instrument DASH which has been validated in Brazil. In order to measure independent variables, it was ap-plied a questionnaires with questions about the period of course, gender, labor, exercising, sleeping and den-tal clinical assistance. The last variable was only as-sessed for students from the 8th term. Statistical analy-sis was carried out using SPSS software version 11.0 applying Kolmogorov-Smirnov, Mann-Whitney and Kruskal-Wallis tests, considering p < 0,05. From the universe of 90 students, 74 (82,2%) filled correctly the survey forms. The only statistical association found involved higher disabilities of arm, shoulder and hand among individuals who have never practiced sports compared which those who exercised regularly by the research time (p = 0,02). It was concluded that it seems there is no impact caused by clinical activities devel-oped by the students and also socio-demographic vari-ables and sleeping for those disabilities. Exercising can be seen as a protection factor for the evaluated condi-tion among dentistry students.

DESCRIPTORSOccupational health. Dentistry. Epidemiology. §

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Recebido para publicação em 20/03/2007

Aceito para publicação em 02/01/2008

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Revista da ABENO • 8(1):23-9 23

Atividades extramuros na ótica de egressos do curso de graduação em odontologiaSuzely Adas Saliba Moimaz*, Nemre Adas Saliba**, Cléa Adas Saliba Garbin***, Lívia Guimarães Zina****

* Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia de Araçatuba e Livre-Docente em Educação Odontológica.

** Professora Titular da Faculdade de Odontologia de Araçatuba/UNESP.

*** Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia de Araçatuba/UNESP.

**** Doutoranda em Odontologia Preventiva e Social pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba/UNESP.

RESumOA participação de acadêmicos da área da saúde

em atividades extramuros possibilita o conhecimento e atuação nas dimensões estruturais dos serviços pú-blicos de saúde e faz parte da proposta das diretrizes curriculares dos cursos de graduação em odontologia e das recomendações da lei 8080 que regulamenta o Serviço Único de Saúde. O objetivo deste trabalho foi avaliar o Serviço Extramuro Odontológico (SEMO) e suas atividades correspondentes, sob a ótica dos egressos da FOA-UNESP. Foi realizado um estudo descritivo transversal, de abordagem quali-quantitativa. Foi en-viado por correio um questionário abordando diver-sos aspectos relacionados ao SEMO, para 76 ex-alunos formados em 2003. Os dados obtidos foram submeti-dos à análise quantitativa pelo software Epi Info. Para interpretação das questões abertas, utilizou-se o mo-delo Análise de Conteúdo. Retornaram respondidos 47% do total enviado, sendo que 100% destes afirma-ram que a participação no SEMO foi satisfatória. Vá-rios fatores foram relacionados à contribuição do SEMO na formação profissional, como conhecimen-to da realidade e contexto social (21,2%) capacidade de adaptação de recursos disponíveis (18,2%) e con-tato com a realidade (15,2%). Por meio da técnica de associação de palavras, foram identificadas categorias como “Importância do SEMO” (100%), “realidade social” (53,1%), e “ensino” (40,6%). Dentre algumas dificuldades encontradas, foram listadas as deficiên-cias na infra-estrutura (63,6%). Os objetivos propos-tos pelo SEMO foram plenamente e razoavelmente

alcançados para 36,4% e 63,6% dos ex-alunos, respec-tivamente. O SEMO foi avaliado pelos egressos como uma experiência válida, contribuindo na sua capaci-tação para atuarem com eficiência e resolutividade no Sistema Único de Saúde.

DESCRITORESEducação em odontologia. Relações comunida-

de-instituição. Serviços de saúde. Avaliação educacio-nal. Odontologia comunitária. Recursos humanos em odontologia.

na Universidade, o ensino constitui um processo de busca, de construção científica e de crítica ao

conhecimento produzido, de conscientização de seu papel na construção e transformação da sociedade. Os cursos de graduação na área da saúde devem pau-tar suas metas na formação de um profissional capa-citado para atuar de maneira eficiente dentro do modelo assistencial brasileiro, consciente das neces-sidades e particularidades da população. Como ator social, este profissional deve ser capaz de articular conhecimentos e promover mudanças em seu am-biente de trabalho. Nesse sentido, as atividades extra-muros contribuem para a efetivação desse processo, ao promover a articulação e integração com os servi-ços de saúde e inserirem os alunos na realidade con-textual da população. Tais atividades possibilitam aos acadêmicos o conhecimento das estruturas organiza-cional, administrativa, gerencial e funcional dos ser-viços públicos de saúde; a participação no atendimen-

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2�

to à população; a compreensão das políticas públicas de saúde e do papel do profissional de saúde e o co-nhecimento dos parâmetros e instrumentos de pla-nejamento utilizados nos projetos de saúde.21

As atividades de extensão apresentam caracterís-ticas transitórias, podendo servir tanto de campo de pesquisa, quanto para atividades de ensino. Faz parte do processo educativo, cultural e científico, que arti-cula ensino e pesquisa de forma indissociável e viabi-liza a ação transformadora entre a universidade e a sociedade, ao formar um profissional comprometido com a realidade social.11 Diversos documentos apon-tam para a importância e necessidade de estabeleci-mento de estágios e convênios entre as instituições de ensino e os serviços de saúde como ferramenta imprescindível para a formação de recursos huma-nos.2-3,6

A Constituição Federal estabelece no seu arti-go 200 que:2 “ao Sistema Único de Saúde compete: III- ordenar a formação de recursos na área da saú-de”.

A lei 8080 que regulamenta o SUS estabelece nos seus artigos de 27 a 30 que:4

“a política de recursos humanos na área de saúde será

formalizada e executada, articuladamente, pelas diferen-

tes esferas de governo, em cumprimento dos objetivos:

organização de um sistema de formação de recursos hu-

manos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-gra-

duação, além da elaboração de programas permanentes

de aperfeiçoamento de pessoal...”

As Diretrizes Curriculares para o curso de Odon-tologia estabelecem o perfil do formando egresso como um profissional “capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreen-são da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade” - e definem a realização de estágios supervisionados e programas de extensão, visto ser necessária a inserção do acadê-mico no contexto social e a sua capacitação para “atu-ar com qualidade, eficiência e resolutividade, no Sis-tema Único de Saúde (SUS), considerando o processo da Reforma Sanitária Brasileira”:3

“Art. 7º - A formação do Cirurgião Dentista deve garantir

o desenvolvimento de estágios curriculares, sob supervisão

docente. Este estágio deverá ser desenvolvido de forma

articulada e com complexidade crescente ao longo do

processo de formação”.

“Art. 8º- O projeto pedagógico do Curso de Graduação em

Odontologia deverá contemplar atividades complementa-

res e as Instituições de Ensino Superior deverão criar me-

canismos de aproveitamento de conhecimentos, adquiri-

dos pelo estudante, através de estudos e práticas

independentes presenciais e/ou a distância, a saber: mo-

nitorias e estágios; programas de iniciação científica; pro-

gramas de extensão; estudos complementares e cursos

realizados em outras áreas afins”.

Também, o aluno deve conhecer os princípios e funcionamento da Estratégia Saúde da Família, pro-grama este importante no cenário nacional.19

Além desses, o relatório final da 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal, realizada em 2004, reforça a necessidade de estabelecimento de estágios e con-vênios, como segue o parágrafo:6

“Promover a mudança dos cenários de práticas nos cursos

de graduação por meio da realização de convênios entre

as instituições de ensino superior e as secretarias estaduais

e municipais, possibilitando contato direto dos estudantes

de odontologia com a realidade social, incluindo a presta-

ção de serviços odontológicos, durante o período de um

ano junto à comunidade carente.”

Assim, as instituições de ensino superior vêm de-senvolvendo atividades extramurais como parte inte-grante de seus cursos de graduação em saúde. Diver-sos estudos têm mostrado a efetividade dessas atividades, trazendo grandes perspectivas de inovação e concretização no que se refere à integração docen-te-assistencial.8,10-13,16-17,20-24

Na Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA/UNESP) as atividades de extensão foram ins-tituídas em 1964 pela Odontologia Social, em convê-nio com a Prefeitura Municipal. Ao longo desses 40 anos, passou por diversas transformações do modelo de atenção, de acordo com a prática de saúde vigen-te na época. O Serviço Extramuro Odontológico - SEMO tem por objetivo geral propiciar a prestação de serviços à população, de acordo com os princípios do SUS, tendo como finalidade principal a aprendi-zagem de soluções de problemas reais de saúde bucal da população, adequadas às necessidades observadas e às condições locais de recursos materiais e humanos. Também têm por objetivo levar os universitários de encontro com a realidade local, fazendo-os conhecer

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Atividades extramuros na ótica de egressos do curso de graduação em odontologia • Moimaz SAS, Saliba NA, Garbin CAS, Zina LG

a população e o contexto social, no qual está inseri-da.14-15

Para a manutenção da qualidade do serviço, é de suma importância a avaliação periódica de suas ativi-dades. Dessa forma, são apresentados neste estudo os resultados referentes à avaliação feita com os profis-sionais que participaram do SEMO, com o intuito contribuir para a discussão sobre as atividades extra-muros nos cursos de graduação.

PROPOSIÇãOO objetivo deste trabalho foi avaliar o Serviço Ex-

tramuro Odontológico - SEMO e suas atividades cor-respondentes, sob a ótica dos cirurgiões dentistas formados no curso de graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista (FOA-UNESP).

mATERIAL E mÉTODOEste é um estudo descritivo transversal, tipo inqué-

rito, construído a partir de abordagens quantitativa e qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram todos os ex-alunos (n = 76) do curso de graduação em Odon-tologia da FOA-UNESP, formados no ano de 2003.

Os dados foram coletados a partir de um questio-nário com 24 questões abertas e fechadas abordando diversos aspectos relacionados à filosofia do serviço, ações desenvolvidas e percepção dos egressos sobre sua atuação enquanto alunos. Dentro da metodologia proposta, optou-se por enviar o questionário por cor-reio, juntamente a uma carta explicativa e envelope selado e endereçado para posterior devolução. Ao mesmo tempo, os questionários foram enviados por correio eletrônico – e-mail – com o intuito de testar a eficácia desse meio. Após o período de 1 mês, os ques-tionários foram reenviados, pelos dois meios, para os endereços que não haviam retornado, com o intuito de obter um maior número de respostas. A participa-ção na pesquisa foi voluntária, com obtenção do ter-mo de Consentimento Livre e Esclarecido de cada sujeito, mantendo-se o anonimato dos participan-tes.

Não foi necessária a realização de um estudo pi-loto, visto que o instrumento de coleta de dados já havia sido testado em estudos anteriores.14-15

Os dados quantitativos foram codificados, dupla-mente conferidos e digitalizados. As análises foram realizadas por meio da distribuição das freqüências, utilizando-se para isso o software Epi Info, versão 3.2.2.9

Para a interpretação das questões abertas, foi uti-

lizada a Análise de Conteúdo.1 Dentre as técnicas de Análise de Conteúdo, foi realizada, neste trabalho, a análise categorial, funcionando através de operações de desmembramento do texto em unidades, em ca-tegorias segundo reagrupamentos analógicos, e a associação de palavras.1 Para esta última, foi solicitado aos egressos que associassem três palavras, livre e ra-pidamente, a partir da seguinte questão: “Para você, o SEMO foi...”. Uma vez reunida a lista de palavras, procedeu-se a análise descritiva de conteúdo. Em um primeiro momento foi realizada a aproximação se-mântica, reunindo-se palavras idênticas, sinônimas ou com mesmo nível semântico. Em seguida foram classificadas unidades de significação, nas quais foram identificadas as categorias.

Em algumas situações a somatória das respostas pôde não corresponder a 100%, visto que o número de citações foi superior ao número de respondentes. Ou seja, o sujeito daria uma resposta que se encaixa-ria em duas ou mais categorias, desde que desmem-brada.

RESuLTADOS E DISCuSSãOApesar da presença cada vez mais constante da

internet no cotidiano das pessoas, o correio mostrou-se o meio mais eficaz para este tipo de estudo, apre-sentando uma taxa de retorno maior que o e-mail. Isso porque provavelmente essa tecnologia ainda não seja esteja tão disseminada no Brasil como nas nações de-senvolvidas, e a inclusão tecnológica seja um desafio para o país.

Dos 78 questionários enviados, 33 retornaram res-pondidos, correspondendo a 43% da população de estudo, valor já esperado para a metodologia empre-gada.14-15,18

A média de idade dos ex-alunos foi de 22,3 anos, sendo que 66,7% eram mulheres e 33,7% homens, representando a atual tendência da odontologia, pela presença de profissionais mais jovens e predominân-cia do sexo feminino.

Segundo 54,5%, as atividades propostas e execu-tadas pelo SEMO responderam às necessidades de saúde bucal da comunidade. Todos (100%) afirma-ram que houve colaboração e motivação satisfatória por parte da população atendida.

As atividades realizadas no SEMO, em um grau decrescente de importância dado pelos ex-alunos, foram: palestras/reuniões didático-pedagógicas; edu-cação para saúde individual; consultas com finalidade de diagnóstico; raspagem e alisamento corono-radi-cular; restauração de dentes; tratamento endodônti-

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co conservador; exodontia. Dentre os procedimentos mais realizados, destacou-se a dentística restauradora (75,8%), o selamento de fóssulas e fissuras (18,2%), atividades de educação em saúde (18,2%), a aplicação tópica de flúor (6,1%) e raspagem e alisamento radi-cular (3,0%).

As atividades extramuros têm como base as ações de promoção de saúde e prevenção, sendo esta uma característica importante de sua filosofia de traba-lho.8,11,13,21 As ações curativas também são realizadas, porém um dos objetivos deste tipo de serviço é capa-citar e instrumentalizar o paciente como agente de sua própria saúde e deixar de ser um ator passivo dentro do processo saúde-doença. Assim, vê-se pelo relato dos ex-alunos a ênfase nas ações educativas e preventivas, ficando os procedimentos reabilitadores em segundo plano.

O ensino odontológico não depende somente da boa qualidade técnica de sua equipe, mas também, e fundamentalmente, da adoção de uma postura ética e da capacidade de articulação e entrosamento dos professores com seus alunos. Para 97% dos respon-dentes houve uma boa integração entre os membros da equipe e o respeito pelos princípios da racionali-zação do trabalho no serviço. Todos (100%) relata-ram coerência da orientação dada pelos professores com a realidade da população assistida.

A experiência em serviços extramuros tem sido descrita como importante nos trabalhos de integra-ção docente-assistencial, na melhoria do processo de formação acadêmica; uma vez que estimula a sensibi-lidade social tão necessária a qualquer profissional, principalmente o da saúde, especialmente quando visam à integração multiprofissional de trabalho em equipe.11

Segundo 97% dos egressos, o grau de satisfação da população atendida foi bom. Noventa e quatro por cento afirmaram ter se conscientizado sobre as neces-sidades em saúde pública. Estes dados tornam claro como o estágio proporcionou o conhecimento do con-texto da população assistida e trouxe a prática da saú-de bucal coletiva para o cotidiano do profissional.

As atividades de extensão, como o SEMO, foram introduzidas nos cursos com o propósito de despertar a sensibilidade social e formar um profissional com-promissado com a saúde bucal coletiva.8

A participação no SEMO foi considerada extrema-mente satisfatória para 42,4% dos ex-alunos (Gráfi-co 1), que consideraram estar o serviço alcançando seus objetivos inicialmente propostos (36,4%) (Gráfico 2).

Vários fatores foram relacionados à contribuição

do SEMO na formação profissional, como o conheci-mento da realidade e do contexto social (21,2%) e a capacidade de adaptação dos recursos disponíveis (18,2%) (Gráfico 3).

As principais dificuldades encontradas no SEMO são apresentadas no quadro 1.

As dificuldades relacionadas à infra-estrutura são comuns nesse tipo de serviço, já que em muitos casos

Gráfico 1 - Participação ou atuação no SEMO, segundo egressos da FOA/UNESP. Araçatuba, 2007.

c - 0%

b - 57,60%a - 42,40%

a - Extremamente satisfatóriab - Satisfatóriac - Insatisfatório

Gráfico 2 - Objetivos propostos pelo SEMO, segundo egressos da FOA/UNESP. Araçatuba, 2007.

15,20%c - 3%

d - 15,20%e - 3%f - 18,20%

g - 21,20%

h - 15,20% a - 15,20%b - 9%

a - Formação generalista

b - Estímulo para criação/renovação na prestação de serviços

c - Desenvolvimento de pesquisas epidemiológicas

d - Assistência à saúde

e - Participação em equipes multiprofissionais

f - Adaptação de recursos disponíveis

g - Conhecimento da realidade social

h - Outros

Gráfico 3 - Contribuição do SEMO para a formação pro-fissional, segundo egressos da FOA/UNESP. Araçatuba, 2007.

b - 63,60%a - 36,40%

c - 0%

a - Plenamente alcançados

b - Razoavelmente alcançados

c - Não alcançados

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eles são realizados fora do ambiente da faculdade, na própria comunidade, onde os recursos são escassos.18 A aprendizagem pode se dar, como já foi relatado anteriormente pelos ex-alunos, no desenvolvimento de habilidades para a adaptação dos recursos dispo-níveis, qualidade esta necessária quando se trabalha em comunidades carentes. O SEMO tem um convê-nio firmado em parceria com a Prefeitura Municipal e muitos dos seus recursos dependem desta última, e a falta desses é a mesma observada nos serviços locais do município.

Sobre a representação do SEMO para os alunos, foram identificadas categorias, de acordo com a téc-nica de associação de palavras (Quadro 2).

Por meio dessa técnica, foi possível verificar as percepções dos alunos sobre o SEMO, revelando di-ferentes estereótipos, predominantemente vincula-dos à categoria coletividade e saúde, muitos deles partilhados pelo grupo. Essas categorias semânticas representam valores positivos desejáveis, indo de acordo com os objetivos do SEMO.

A avaliação é uma ferramenta que deve ser cons-tantemente utilizada para monitoramento dos ser-viços. O processo de planejamento é constante e nesse sentido a avaliação proporciona o feedback ne-cessário para o aprimoramento das atividades e con-seqüente sucesso na obtenção de seus objetivos. Este estudo faz parte de um projeto de avaliação perió-dica do Serviço Extramuro da Faculdade de Odon-tologia de Araçatuba.14-15 Em estudos anteriores, realizados com egressos formados no ano de 1999, foi verificada a percepção dos ex-alunos sobre as atividades realizadas no SEMO. A partir daí, obser-vou-se a necessidade de estender a avaliação para os

egressos dos anos seguintes. O intuito foi o de ana-lisar a contribuição do SEMO ao longo dos anos, acompanhar a evolução do serviço e verificar sua adequação às necessidades dos novos profissionais diante dos desafios do mercado de trabalho. O que se observa com estes estudos é que o serviço extra-muro vem desempenhando adequadamente o seu papel na formação profissional dos recém-forma-dos. A qualidade do serviço tem-se mantida em óti-mos níveis, verificada pela excelência do trabalho relatada pelos egressos. E, principalmente, tem con-tribuído para a inserção dos alunos na comunidade local, ao sensibilizá-los para as necessidades de aten-dimento dessa clientela e capacitá-los para o traba-lho dentro dos princípios e doutrina do Sistema Único de Saúde.

Embora o Brasil disponha de considerável núme-ro de cirurgiões-dentistas, tecnicamente bem qualifi-cados, pouco se tem feito, em nível nacional, para melhorar as condições de saúde bucal da população.17 O relatório final da 1ª Conferência Nacional de Saú-de Bucal, realizada em 1986, afirmava que a situação de saúde bucal no país era caótica e que o modelo de prática odontológica cobria as necessidades de ape-nas 5% da população.7 Em 1993, foi realizada a 2ª

Dificuldades %

Infra-estrutura“Recursos relacionados a equipamentos e materiais de consumo”

63,6

Atendimento“Falta de continuidade de tratamento com os mesmos pacientes”

18,2

Transporte“ (...) necessidade de carregar todo material que não é pouco”

15,2

Técnicas“ (...) dificuldades de técnica, atendimento”

9,1

Horário 6,1

Nenhuma 3,0

Quadro 1 - Principais dificuldades encontradas no SEMO, segundo egressos da FOA/UNESP. Araçatuba, 2007.

Categorias n %

Importância do SEMO“necessário”, “satisfatório”, “importante”, “interessante”

47 100

Realidade social“realista”, “experiência com a realidade”, “socialização”, “novos contextos reais”

17 53,1

Ensino“educação profissional”, “aprendizado”, “formador”, “educativo”

13 40,6

Experiência“adaptação”, “oportunidade”, “experiências novas”, “atuação da prática odontológica aprendida”

12 37,5

Saúde“saúde bucal coletiva”, “saúde”

02 6,3

Dificuldades“possíveis dificuldades em atendimento público”

01 3,1

Aspectos negativos“desgastante”, “cansativo”

03 9,4

Quadro 2 - Categorias semânticas relacionadas ao SEMO, através da técnica qualitativa de associação de palavras, em resposta dos egressos à pergunta “O SEMO foi...”. Ara-çatuba, 2007.

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Conferência Nacional de Saúde Bucal, cujas discus-sões se voltaram principalmente para os problemas decorrentes da resistência do governo federal em efe-tivar a mais ampla e democrática participação da so-ciedade nas decisões e processos de gestão do Sistema Único de Saúde e em avançar na descentralização das ações e serviços; naquele momento, a situação da saú-de bucal no País foi caracterizada como “iatrogênica, excludente e ineficaz”.5 A 3.ª Conferência Nacional de Saúde Bucal, em 2004, foi realizada numa conjun-tura marcada pelo agravamento das condições de vida do povo brasileiro, pela persistência de gravíssimos problemas sociais e, também, pelas enormes dificul-dades para fazer as mudanças reclamadas pela maio-ria da população.6 O relatório dessa conferência dis-cutiu a construção de um Plano Nacional de Saúde que reflita os reais anseios da população sobre suas condições de vida com saúde, em que a atenção em saúde bucal deve estar inserida como uma das priori-dades nacionais relacionadas ao setor Saúde.6 Este é grande desafio da saúde bucal no país. Os cirurgiões dentistas não podem estar alheios a essa discussão que se reflete diretamente em sua prática profissional e em sua ação como sujeito da comunidade. Os serviços extramuros possibilitam aos acadêmicos nas Univer-sidades a inserção na realidade que irão encontrar ao se formar e também contribui essencialmente na ca-pacitação de recursos humanos preparados para atu-ar dentro do modelo assistencial vigente no país, se-guindo as recomendações das diretrizes curriculares, da lei 8080 que regulamenta o SUS e do relatório da 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal.3-4,6 Preparar o profissional de saúde, com capacidade crítica e pos-tura ética, para esse mercado é tarefa imprescindível nas faculdades de odontologia do país.

COnCLuSãOPara os cirurgiões dentistas formados pela FOA/

UNESP, o SEMO foi uma experiência válida. Foram destacadas a eficácia das ações realizadas e organiza-ção do serviço, bem como a importância na formação profissional e na capacitação para o atendimento às necessidades da população.

ABSTRACTExtramural activities in the view of graduate students of Dentistry Graduation Course

The participation of students’ health area in ex-tramural activities makes possible the knowledge and performance in the structural dimension of public health services. It is part of the graduation curriculum

guidelines of dentistry graduation courses and of law n.8080 recommendations that regulates the National Health Service (SUS). The aim of this study was to evaluate the Extramural Dental Service (SEMO) and its corresponding activities, under graduate students’ point of view of FOA-UNESP. A cross-sectional study was carried out, with a quali-quantitative approach. A questionnaire was sent by mail approaching several aspects related to the SEMO, for 76 former students graduated in 2003. The data were submitted to the quantitative analysis though the software Epi Info. For the interpretation of the open questions, it was used the model Analysis of Content. Of the total, 47% re-turned answered, and 100% of those affirmed the participation in the SEMO was satisfactory. Several factors were related to the SEMO contribution in the professional formation, like the knowledge of the re-ality and social context (21.2%), the capacity of ad-aptation of available resources (18.2%) and the con-tact with the reality (15.2%). Through the Association of Words Technique, categories as “Importance of SEMO” (100%), “social reality” (53.1%) and “teach-ing” (40.6%) were identified. Among some difficul-ties cited, it was listed the deficiency in the infrastruc-ture (63.6%). The objectives proposed by the SEMO were fully and reasonably reached for 36.4% and 63.6% of the graduated students, respectively. The graduated students evaluated the SEMO as a valid experience, contributing in their qualification to act with efficiency and resolution capacity in the Nation-al Health Service.

DESCRIPTORSDental education. Community institutional rela-

tions. Health services. Educational measurement. Community dentistry. Dental staff. §

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Recebido para publicação em 20/03/2007

Aceito para publicação em 24/03/2008

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Revista da ABENO • 8(1):30-130

�3a Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico

Tema central: Processo Ensino-Aprendizagem: “A Responsabilidade da Pós-Graduação no Ensino de Graduação” e “O Dilema do Professor Especialista no Ensino Generalista”

Porto Alegre - RS - 22 a 25 de julho de 2008

COmISSÕES/DIRETORIA

Presidente da AbenoAlfredo Júlio Fernandes Neto (UFU)

Coordenador GeralRui Vicente Oppermann (UFRGS)

Secretária GeralVania Fontanella (ULBRA/UFRGS)

Coordenadora CientíficaElaine Veeck (PUCRS)

Comissão OrganizadoraBeatriz Baldo Marques (UNISC)Carlos Alberto Feldens (ULBRA)Carmen B. B. Fortes (UFRGS)Cristiane de Oliveira (UPF)Helena de Oliveira (PUCRS)Liliane Yurgel (PUCRS)Maria Salete S. Linden (UPF)Nilza Pereira da Costa (PUCRS)Pantelis V. Rados (UFRGS)Patrícia dos S. Jardim (UFRGS)Pedro Gonzales Hernandez (ULBRA)Sergio Miguens Jr. (ULBRA)Sonia Blauth Slavutzky (UFRGS)

PROGRAmAÇãO GERAL

Dia 22 – TERÇA-FEIRA

07h30 às 08h30: Abertura e credenciamento

0�h00 às 12h00: Encontro das Instituições participantes do PRÓ-SAÚDE

1�h00 às 1�h30: Conferência Pré-eventoMinistrante: Ana Estella Haddad (DEGETS – MS)

Coordenador: Celeste Morita (UEL)

16h30 às 17h30: Apresentação do ENADECoordenação: Léo Kriger (PUCPR)

•••

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Revista da ABENO • 8(1):30-1 31

18h30 às 20h30: Abertura da 43ª Reunião da ABENO

Dia 23 – QuARTA-FEIRA

08h30 às 0�h30: Conferência Presidente da CAPESMinistrante: Jorge Guimarães (DF)

0�h30 às 12h00: Painel Sub-tema 1: O Papel da Pós-Graduação no Ensino de GraduaçãoCoordenador: Sigmar de Melo Rode (UNESP – SP)

Conferencistas: Isabela Almeida Pordeus (UFMG – MG)José Carlos Pereira (USP-Bauru – SP)Rui Vicente Oppermann (UFRGS – RS)Jorge Guimarães - Presidente da CAPES (DF)

12h00 às 1�h00: Almoço

1�h00 às 18h30: Sub-tema 1: Trabalho em GruposRelatório final por Grupo

18h30 às 20h30: Avaliação dos Pôsteres

Dia 2� – QuInTA-FEIRA

08h30 às 12h00: Painel Sub-tema 2: O Dilema do Professor Especialista no Ensino GeneralistaCoordenador: Cresus Vinícius Depes de Gouvêa (UFF – RJ)

Conferencistas: Hilda Maria Montes R. de Souza (UERJ – RJ)Cassiano K. Rösing (UFRGS - ULBRA – RS)Efigênia Ferreira e Ferreira (UFMG – MG)Ana Isabel Fonseca Scavuzzi (UNIME – BA)

12h00 às 1�h00: Almoço

1�h00 às 18h30: Sub-tema 2: Trabalho em GruposRelatório final por Grupo

Seminário: “Ensinando e Aprendendo”

20h30: Jantar de confraternização

Dia 2� – SEXTA-FEIRA

08h30 às 13h30: Assembléia Geral da ABENOApresentação dos Relatórios Finais

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avaliativos da CAPES, não atendem às exigências atuais para a docência. Os entrevistados fizeram diversas su-gestões, das quais destacam-se: resgatar um sistema cognitivo com disciplinas integradas, introduzir pes-quisa sobre docência e integração de políticas públicas de educação e saúde que favoreçam a formação inte-gral do docente de Odontologia.

A responsabilidade da pós-graduação na formação de qualidadeApresentador: Luiz Roberto Augusto NoroAutores: Luiz Roberto Augusto Noro, Kamilla

Batista BonfimInstituição: Universidade de Fortaleza

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação preconiza que a preparação para o exercício do magistério

superior far-se-á em nível de pós-graduação, em pro-gramas de mestrado (docência) e doutorado (pesqui-sa). O presente estudo constituiu-se da análise docu-mental referente aos vinte e três Cursos de Mestrado dos Programas de Odontologia e Ciências Odontoló-gicas dos anos 2005/2006 com avaliação superior ou igual a 4, disponibilizada pela CAPES. Em relação às 650 dissertações observou-se que 39,5% tiveram seu desenvolvimento baseado na clínica, com enfoque em procedimentos e/ou materiais; 38,8% foram desen-volvidos a partir de experimentos “in vitro” ou em animais e apenas 21,7% com elementos da epidemio-logia ou saúde coletiva. Vale ressaltar que ínfimas 26 dissertações (4%do total) apresentavam a palavra “saúde” em seu título. No total, 266 (40,9%) dos alu-

A formação docente em Odontologia: um processo curricular em construçãoApresentador: Andréa Mara de Oliveira AzevedoAutores: Andréa Mara de Oliveira AzevedoInstituição: PUC São Paulo

O objetivo desta pesquisa é verificar se os progra-mas de mestrados acadêmicos em Odontologia,

considerados de alto nível de excelência, segundo os padrões avaliativos da CAPES, atendem às exigências atuais para a docência. Evidencia-se a necessidade de rever as estruturas curriculares e pedagógicas nos cur-sos de formação docente, uma vez que há uma tendên-cia de priorizar a pesquisa e negligenciar os processos de aprendizagem. O estudo faz uma reflexão teórica, no campo do currículo, da formação docente e das políticas de educação na pós-graduação. Por meio de uma abordagem qualitativa, com o recurso metodoló-gico da análise de conteúdo, foram utilizadas as técni-cas de análise documental. O material de análise são os documentos dos programas de mestrados acadêmi-cos, que receberam notas 6 e 7 da Avaliação da CAPES – Triênio 2001-2003, entrevistas e questionários com coordenadores, professores colaboradores e professo-res do programa. Observou-se que a estrutura curri-cular desses programas está baseada em disciplinas justapostas, reforço da especialização, estratificação do conhecimento e as atividades docentes restritas a uma disciplina, também desconectada das demais. Consta-tou-se também o incentivo para a pesquisa e a produ-ção científica nos padrões internacionais. Conclui-se que os programas de mestrados acadêmicos conside-rados de alto nível de excelência, segundo os padrões

Trabalhos selecionados para apresentação na �3ª Reunião Anual da ABEnO, 2008

Tema central: Processo Ensino-Aprendizagem: “A Responsabilidade da Pós-Graduação no Ensino de Graduação” e “O Dilema do Professor Especialista no Ensino Generalista”

Porto Alegre - RS - 22 a 25 de julho de 2008

SEmInáRIO “EnSInAnDO E APREnDEnDO”

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Trabalhos selecionados para apresentação • 43ª Reunião Anual da Abeno, 2008

nos nestes programas receberam algum tipo de bolsa, sendo que destes apenas 49 (18,4%) desenvolveram suas dissertações na área de saúde coletiva ou epide-miologia. Quanto às 5 melhores produções dos pro-gramas, 85,8% foram publicações internacionais, sen-do 64,6% do total em periódicos Qualis Internacional “A”. Já quanto à oferta de disciplinas, em média 59,5% da carga horária está destinada às especialidades odontológicas; 21,7% à pesquisa; 9,5% à área básica e apenas 9,3% às disciplinas ligadas à docência (em mui-tos casos, estágios docentes de acompanhamento da clínica na graduação). É inegável o aumento de pu-blicações internacionais de pesquisadores brasileiros, vinculados aos cursos de pós-graduação stricto-sensu. Infelizmente, este aumento ocorre em desarmonia com uma luta pela melhor formação, tendo-se como perspectiva as Diretrizes Curriculares Nacionais (2002) uma vez que a pós-graduação strictu-sensu ca-racteriza-se como ultra-especialista (69% das discipli-nas vinculadas à área clínica e básica), menos de 4% das dissertações referem a palavra “saúde” em seu tí-tulo, assim como apenas 21,7% são direcionadas para epidemiologia ou saúde coletiva (34,7% financiadas por recursos públicos), pilares na formação de futuros cirurgiões-dentistas. Junte-se a isto a perspectiva de pesquisas cada vez mais focadas nos detalhes das espe-cialidades, que pouco contribuem para a formação de um professor que possa construir com seu estudante numa visão mais holística da saúde, de forma mais humana e crítica. Resultado disto, as IES apresentam professores com alto nível de titulação (mestrado e doutorado) sem preparação pedagógica para alterar o paradigma do professor especialista na formação do generalista. Num país onde, apesar de contar com o maior número de cirurgiões-dentistas do mundo e dos atuais investimentos públicos na área, os níveis de saú-de bucal da população ainda apresentam situação al-tamente inadequada, direcionar a produção científica para dar respostas à interesses da comunidade cientí-fica de países altamente desenvolvidos ou da indústria de materiais odontológicos é bastante questionável.

As clínicas integradas, as DCn e o professor generalista: desafio do ensino-aprendizagemApresentador: Luiz Carlos Machado MiguelAutores: Luiz Carlos Machado Miguel, Kesly Mary

Andrades Ribeiro, Lúcia Fátima de Castro Ávila, Marcelo Thomé Schein

Instituição: Universidade da Região de Joinville

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) pre-conizam em seu Art. 3º. que “os cursos de Odon-

tologia tem como perfil do egresso o Cirurgião Den-tista, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção em saúde, com base no rigor técnico e científico.” As reformulações e alterações curriculares, a partir da publicação das DCN, introduziram nos cursos de Odontologia um novo conceito de Clínicas Integra-da. O modelo de Clínicas por especialidades, estan-ques em seus conhecimentos, sem sistematizar as ações de saúde, não estava contribuindo para o novo perfil do profissional de odontologia. O novo para-digma da clínica integrada Clínica Integrada deve, cada vez mais, aproximar os conhecimentos básicos de cada disciplina viabilizando sua utilização dentro de uma estrutura de integração curricular. A separa-ção dos assuntos em disciplinas fechadas impedia a construção de um raciocínio lógico, sistematizado, não possibilitando o estabelecimento de relação en-tre os conteúdos, não proporcionando aos alunos uma resposta mais efetiva frente as situações ou pro-blemas complexos encontrados na vida real. Neste novo conceito de integralidade, a definição do papel do Professor especialista na Clínica Integrada neces-sitou também passar por uma profunda revisão. A própria base da reformulação curricular, as DCN, pre-coniza a necessidade da diversificação dos cenários de ensino aprendizagem. Neste contexto, onde se amplia o cenário de atuação docente, é necessário que o professor transforme suas práticas. Não cabe mais, na atuação docente, este professor especialista sem uma visão dinâmica, do todo, mas com respon-sabilidades e compromissos com a formação de egres-sos inseridos em um contexto marcado por desigual-dades sociais e em constante transformação. O professor, de clínica integrada deve, cada vez mais, estar inserido nas premissas das DCN, ser generalista no ensino, procurando a sistematização dos saberes, possibilitando o aprendizado de uma forma transdis-ciplinar, ampliando os conceitos da integralidade no cuidar do paciente. Apresenta, também, como efeito benéfico a constante necessidade de aprimoramento em outras áreas do conhecimento odontológico, onde o professor se coloca como aluno ampliando sua capacidade crítica, onde a adequação do ensino se torna responsável pela humanização da atividade educacional.

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Avaliação de conteúdo e objeto de aprendizagem do tópico de cirurgia em odontopediatriaApresentador: Cássio José Fornazari AlencarAutores: Cássio José Fornazari Alencar, Erica

Sequeira, Lung Wen Chao, Ana Estela Haddad

Instituição: Faculdade de Odontologia da USP

Com o avanço tecnológico, a utilização de novos objetos de aprendizagem modernos que tem as

características de flexibilidade, interoperabilidade, customização, indexação e facilidade de atualização; vem ocupando espaço na área da Educação. As dire-trizes curriculares determina a substituição do currí-culo mínimo, a partir da flexibilização dos conteúdos e com a participação do aluno como sujeito no pro-cesso ensino-aprendizagem. Este trabalho tem como objetivo: avaliar os principais conteúdos utilizados na cirurgia em Odontopediatria, observar a participacão dos alunos da graduação e pós-graduação nesse pro-cesso e verificar a aceitação da utilização de um novo objeto de aprendizagem na Odontologia. Como ma-terial e método, Foi aplicado um questionário de avaliação dos conteúdos de cirurgia em Odontope-diatria com alunos de graduação(n=199) e pós-graduandos(n=90); onde cada aluno atribuiu valores, no sentido de classificar os tópicos entre aqueles fun-damentais e aqueles complementares ao processo de aprendizagem do tema, tendo como referência as competências e habilidades necessárias ao atendi-mento clínico envolvendo a execução desses proce-dimentos. A sistematização dos resultados dos ques-tionários foi o subsídio utilizado no desenvolvimento do objeto de aprendizagem (Projeto Homem Virtual - Exodontia de molares decíduos inferiores/Técnica pterigo-mandibular) e novo questionário, para ava-liar a aceitação desse objeto no processo de ensino-aprendizagem. Os resultados da avaliação dos conte-údos: Princípios básicos (p=0,002), Técnica anestésica pterigo-mandibular (p<0,001) e Técnica de exodon-tia de dentes posteriores (p=0,001);comparando an-tes da clínica e após, os alunos de graduação necessi-tam de rever conceitos durante esta interação, pois foi estatisticamente significante. Com a aplicação do objeto de aprendizagem, através de uma auto-avalia-ção, tivemos um acréscimo de aprendizagem em 81,4% dos alunos da graduação e 61,1% da pós; quan-to ao sanar dúvidas sobre a técnica 54,3% da gradua-ção disseram que tiraram e 38,9% da pós; e 72,9% dos alunos da graduação disseram estar mais seguros para

uma intervenção semelhante e da pós 62,2%. Dessa forma, concluímos que tendo em vista a promoção do desenvolvimento das habilidades e competências necessárias à execução desses procedimentos, é mui-to importante que após o aluno receber a informação formativa(teoria) e realizar a interação(clínica-práti-ca), que seja revisto o conteúdo já que é dessa forma que o aluno participa como sujeito no processo de ensino-aprendizagem.

Especialização em clínicas integradas – recurso da Faculdade de Odontologia de Caruaru para capacitação de seus docentes visando as novas diretrizes curricularesApresentador: Rodrigo Araujo RodriguesAutores: Rodrigo Araujo Rodrigues, Leógenes

Maia Santiago, João Manoel da Silva Filho, Roberto Sérgio de Vasconcelos Sousa

Instituição: Associação Caruaruense de Ensino Superior

O corpo docente de uma faculdade de odontolo-gia é composto na sua maioria por profissionais

de saúde-dentistas, que possuem especialidades de acordo com sua afinidade e habilidade manual. Asso-cia-se então, a capacidade de repassar aos discentes suas experiências e conhecimentos adquiridos ao lon-go de décadas de carreira. A clínica integrada de um curso de odontologia exige mais que isso. O perfil de professor de clínica integrada engloba conhecimen-tos em várias especialidades, como periodontia, den-tística, endodontia, cirurgia, prótese, odontopedia-tria, e outros. Atualmente, as diretrizes curriculares apontam para professores generalistas, que formem alunos generalistas com formação dinâmica e que conheçam o contexto da região de atuação, capazes ainda de atuar nos níveis de atenção básica de saúde. A Faculdade de Odontologia de Caruaru propôs um curso de capacitação e reciclagem para seu corpo docente através de um curso de especialização em clínica integrada. Neste, os alunos são os próprios professores, trocando experiências em relação às suas especialidades, e, dessa forma, trocando conhecimen-tos e fortalecendo os vínculos de amizade. Assim sen-do, cada um entende o modo de trabalhar do outro e o alunado percebe segurança no conjunto de pro-fessores atuantes no ambiente de clínica integrada. O objetivo deste trabalho é discutir a respeito da con-tribuição de um curso de capacitação de docentes de uma instituição de ensino superior para a melhora

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do ensino, no âmbito de conhecimentos específicos e sociais.

métodos e técnicas de estudo – ensinando o “aprender a aprender”Apresentador: Boleta-Ceranto D.C.F.Autores: Miura C. S. N., Bremm L. L., Hoeppner

M.G., Gomes V. E.Instituição: UNIPAR

Em se tratando do ensino de graduação e da vi-gência de estratégias de ensino-aprendizagem

centradas no aluno, nos deparamos com dificuldades básicas como ausência de hábito e método para o estudo individual. Tem sido freqüente a queixa de acadêmicos que não sabem, não gostam ou não têm o hábito de estudar, o que repercute nos resultados observados pelos professores, principalmente duran-te as primeiras séries dos cursos de graduação. Dian-te desses fatos, o objetivo do referido trabalho é abor-dar a metodologia praticada num projeto de ensino complementar, que visa instrumentar acadêmicos e professores dos Cursos de Odontologia da Universi-dade Paranaense – UNIPAR – Campus Cascavel e Umuarama quanto a otimização do aprendizado. No “Curso de Otimização dos Estudos”, oferecido anu-almente como atividade de ensino complementar a todos os acadêmicos ingressantes dos Cursos de Odontologia da Universidade Paranaense – UNIPAR – Campus Cascavel e Umuarama, bem como a todos os novos professores dos referidos cursos de gradua-ção, são apresentados e discutidos temas como: mo-tivação, métodos para organização do tempo de es-tudo, concentração, estudo em grupos, leitura dinâmica, sublinhar, esquematizar, capacidade de síntese, memorização, mapas mentais e redação. Também se discute o funcionamento do cérebro e o que pode ser realizado para facilitar o aprendizado. No corrente período letivo, com o propósito de esti-mular e orientar o aprendizado dos acadêmicos in-gressantes de todos os demais cursos de graduação da Universidade Paranaense – UNIPAR, atividade semelhante foi desenvolvida junto a todos os profes-sores Tutores das primeiras séries, de todos os cursos de graduação da Universidade Paranaense – UNI-PAR, no corrente período letivo, sob a organização do PROMAGISTER (Programa Institucional de Va-lorização do Magistério). Por parte dos acadêmicos participantes, observamos que ao concluir o curso e colocar em prática o que foi ensinado, os mesmos conseguem se organizar melhor para os estudos, me-

lhoram a leitura e o entendimento do conteúdo lido, melhoram a capacidade de analise e interpretação, e, consequentemente, relatam a sensação de real-mente terem aprendido. Por parte dos professores, os mesmos relatam melhora do aprendizado e da participação dos alunos em sala de aula. Os profes-sores ainda passam a estimular o aprendizado e a diversificar as metodologias de ensino em sala de aula. Na oportunidade, ainda ressaltamos que estudo qualitativo vem sendo preparado para avaliar a rele-vância desta iniciativa no processo de ensino-apren-dizagem. Com base na experiência vivenciada, pode-mos concluir que o curso de otimização dos estudos é uma atividade fundamental para incentivar e me-lhorar o aprendizado dos alunos.

minando tecnologias com humanizaçãoApresentador: Helenita Correa ElyAutores: Helenita Correa Ely, Salete Maria PretoInstituição: PUCRS

O processo ensino-aprendizagem em Odontolo-gia sempre teve uma natureza tecnológica de

alta densidade, considerada a especifidade do traba-lho e da profissão. A atualização permanente de no-vas técnicas, equipamentos e tecnologias promovida pela necessária manutenção das condições de estu-do/pesquisa/ensino é envolvente para jovens estu-dantes que vêem no ato odontológico não apenas a atenção aos agravos humanos mas especialmente de-safiados pelo domínio destas tecnologias. As mudan-ças curriculares promovidas pelo Ministério da Edu-cação recuperou em parte, a ênfase na natureza humana da formação desta área da saúde, buscando igualmente adequar a formação para as necessidades da população brasileira, o mercado de trabalho no sistema de saúde, resguardando a qualidade das ino-vações tecnológicas. Trazer para os estudantes a com-preensão destas mudanças e proporcionar vivências que aproximem estas naturezas no trato do paciente tem sido o desafio da Disciplina de Odontologia So-cial na Faculdade de Odontologia da PUCRS.Neste sentido o objetivo deste trabalho é relatar a experi-ência obtida pelos professores de Odontologia na Residência Multiprofissional enquanto processo de reflexão para o processo de formação na graduação, consideradas as dimensões do cuidado humano. Os instrumentos utilizados como método de avaliação permanente da prática profissional executada pelos quatro residentes foi o material de exame para rela-to de vivências e aprendizados nos diferentes campos

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de práticas. Os instrumentos analisados são compos-tos de relatos diários, semanais e de relatórios de campo das experiências/reflexões das práticas reali-zadas na área hospitalar, ambulatorial, no acolhimen-to de pacientes, nos grupos operativos e nas ativida-des coletivas. O material foi processado pela ótica da pesquisa qualitativa para análise conjuntural no en-sino da graduação, das competências e habilidades requeridas pelas diretrizes cirriculares. Foram desta-cadas as variáveis de análise como sendo: integração, relação paciente/profissional, satisfação, aprendiza-dos, dificuldades, obstáculos, inserção, adequação, aquisições e mudanças. A vivência qualificada e acompanhada de experiências diversificadas, num ambiente de multidisciplinaridade, de exigências de segurança e excelência na atenção clínica, de pre-sença de conflitos próprios da natureza humana, do sofrimento e da dor, relatados pelos residentes nas práticas atuais apontou para a falta destas reflexões e experimentações no seu período de formação aca-dêmica. Foi possível identificar a necessidade de pro-porcionar aos acadêmicos a inserção nos diferentes campos de trabalho e em diferentes cenários, desde os primeiros anos de formação, associando as áreas da sociologia, antropologia, e comunicação para em-basamento teórico/prático da vivência/aprendizado ao mesmo tempo em que se enriquecem com o co-nhecimento compartilhado as demais áreas da saúde como Nutrição, Psicologia, Fiosioterapia, Enferma-gem e Fármácia. As mudanças e adaptações ocorridas em cada um no decurso de um ano de residência durante o experimento,estariam associadas a graus de permeabilidade do seu processo interno e pesso-al de interação/reflexão com o eu/mundo face às provocações do ambiente de trabalho.

Interação ensino – serviço: contribuição do estágio supervisionado do curso de Odontologia da universidade Estadual de Feira de Santana na formação de cirurgiões-dentistas generalistasApresentador: Ana Áurea Alécio de Oliveira

RodriguesAutores: Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues,

Jamilly de Oliveira Musse, Maria Bernadete Cavalcante Bené Barbosa, Renato Queiroz dos Santos Jr.

Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o cur-so de Odontologia deixam claro o papel espe-

rado do futuro cirurgião-dentista como agente transformador da realidade, sendo recomendada à formação de um profissional ético, generalista, pro-pondo, além de outras estratégias pedagógicas, a realização de estágios curriculares em parte da car-ga horária do curso. Com este intuito, utilizando-se de uma nova concepção no processo de ensino-aprendizagem, o estágio curricular, sob orientação docente, da disciplina Odontologia Preventiva e Social I, tem aproximado os alunos do 4º semestre da realidade que compõe as unidades de saúde da família. Estratégia que visa, além da formação de um excelente técnico, um profissional generalista, com amplo conhecimento científico, com sensibili-dade e responsabilidade, que saiba cuidar, acolher e consiga escutar o paciente, se responsabilizando por sua saúde. Este trabalho buscou relatar as ativi-dades desenvolvidas pela referida disciplina nos anos de 2007 e 2008, em quatro unidades de saúde da família, da cidade de Feira de Santana-BA. No estágio os alunos têm a oportunidade de vivenciar a rotina e prática do serviço de saúde, realizar ações de promoção de saúde, com abordagem sobre os fatores de risco ou de proteção para as doenças da cavidade bucal e para outros agravos; visitas domi-ciliares e atividades de educação em saúde, envol-vendo a Equipe de Saúde da Família, de Saúde Bu-cal e a comunidade. As unidades de saúde da família têm se constituído em um cenário de forma-ção dos profissionais de saúde, que permite aos alu-nos incorporar ações junto ao serviço e à comuni-dade proporcionando aos mesmos a possibilidade de compreender o processo de trabalho da equipe de saúde da família e a importância dos conheci-mentos da realidade social da população como de-terminante da saúde, e consequentemente da saúde bucal - o conhecimento do mundo real onde será exercido o trabalho. A proposta tem procurado co-erente com as Diretrizes Curriculares Nacionais, contribuir para a formação de um profissional que possa exercer sua profissão de forma articulada ao contexto social, entendendo-a como uma forma de participação e contribuição social, criando vínculo, tendo postura ética, que sabia gerenciar, comunicar liderar e aprender e, dessa forma fortalecer o Siste-ma Único de Saúde.

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O SuS na universidade privada através do CEO, uma realidade atualApresentador: Leógenes Maia SantiagoAutores: Leógenes Maia Santiago, João Manoel da

Silva Filho, Maria da Conceição Valença da Silva

Instituição: Sociedade Caruaruense de Ensino Superior

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais em Odontologia priorizam a integralização das dis-

ciplinas através da formação de profissional com perfil generalista que possa atender as demandas do Sistema Único de Saúde (SUS) e permitr que as mu-danças na educação dos profissionais de saúde os capacite também para enfrentar os problemas de saúde mais prevalentes.Entretanto, a produção de conhecimento para as necessidades do SUS , além de estimular a antecipação das clínicas integradas, com uma visão integral do paciente tem estimulado ações de complexidade crescente. Dessa forma, a Faculdade de Odontologia de Caruaru(PE)-FOC/ASCES, além de incorporar essas ações na sua práti-ca de ensino tem também buscado ampliar o leque de opções para a inserção dos alunos nas diferentes instâncias dos serviços de saúde. Dessa forma, en-tendemos que o convênio firmado pela FOC/AS-CES, desde 2006, e o SUS, através da Secretaria Mu-nicipal de Saúde do município de Caruaru(PE) e o Ministério da Saúde para criação do hoje CEO- Cen-tro de Especialidades Odontológicas (CEO tipo III), permite que o aluno de graduação tenha acesso a esse cenário de prática que possbilita o desenvolvi-mento de novas habilidades e contribui de uma forma direta para o entendimento dos processos de referência e contra-referência no SUS . Esse primei-ro CEO em Universidade privada do Nordeste, pos-sibilita um atendimento aos pacientes encaminha-dos pela 4ª. Gerência Regional de Saúde (GERES), abrangendo 102 municípios do interior de Pernam-buco. O Atendimento vai além das áreas de Diag-nóstico bucal, Periodontia, Cirurgia, Pacientes Es-peciais, Prótese e Endodontia, sendo prestados atendimentos também nas área de dentística espe-cializada e ortodontia preventiva.

A clínica integrada como instrumento de ensino odontológico!Apresentador: Isabela Pinheiro Cavalcanti LimaAutores: Isabela Pinheiro Cavalcanti Lima,

Eduardo José Guerra Seabra, José Ferreira Lima Júnior

Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Em todo país há clínicas integradas dos cursos de odontologia que funcionam como “entidades”

independentes e desarticuladas do “restante” do cur-so de graduação a que estão vinculadas, tal situação dicotomiza o conhecimento e gera no aluno uma frag-mentação do saber que de certo, compromete a qua-lidade de todo seu curso. Como se existissem dois cursos dentro do mesmo, isso pode criar duas possíveis falsas impressões: uma, que há um enfadonho básico desconectado com a realidade e outra que a clínica integrada pode ser desnecessária ou excessivamente fundamental, dependendo da condução do assunto pelos seus responsáveis. Tal fato se deve a vários moti-vos, seja pela grande variação dos currículos vigentes nestas IES, apesar das DCNs serem claras quanto ao perfil do egresso, cada escola opta pelo posicionamen-to e distribuição de horas na clínica integrada de acor-do com a sua conveniência e o que é pior é que os PPPs muitas vezes são bastante adequados no papel, mas, na prática não passam de um amontoado de “ve-lhos formatos” de oferecer disciplinas distribuídas em hora/aula o que nem de longe atende às necessidades de integração de conhecimentos e de não justaposição dos mesmos, durante esta redefinição curricular in-terna e particular nas IES, as discussões deveriam estar com foco no sujeito central do processo, o aluno, e não no quanto “eu, o professor” ou “eu, a minha dis-ciplina” vamos perder de hora e/ou de espaço em detrimento nem se sabe de quê para acusar; um outro fator a ser considerado é o despreparo pedagógico ou quando não vontade política individual do docente para se abrir ao “novo”, que nem é tão novo assim, pois as DCNs já versam de 2002, não conhecer e criti-car mesmo assim, parece mais fácil e cômodo que ser agente do processo de transformação, mesmo que isto implique em readaptações; a própria formação da maioria dos docentes tem caráter especialista, com-partimentalizado, o que dificulta sobremaneira a sua

PôSTERES

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visão do todo, não só no concernente à macro distri-buição/organização dos conteúdos curriculares du-rante a graduação, como também na sua função mis-ter de trocar experiências no cotidiano do contato direto com o aluno e o paciente, tal fato se torna um circulo vicioso na medida em que os editais para novos concursos para docentes, especialmente para as esco-las públicas, são pensados e executados dentro de uma filosofia obsoleta onde integração é uma palavra quan-do não desconhecida, mal vinda. Entendemos a clíni-ca integrada como um rico e prazeroso instrumento de educação para todos os seus membros onde o pro-cesso demanda a necessidade de constantes reflexões, reavaliações e mudanças de atitude, dentro de uma complexidade crescente de apresentação de proble-mas e de suas respectivas soluções, pois, se assim não fosse, não seria um processo de desenvolvimento real, de ensinagem-aprendizagem.

A clínica odontológica infantil e o projeto “Posso Ajudar”Apresentador: Veridiana SallesAutores: Juliana Braga Reis, Maria Luiza da Matta

Felisberto Fernades, Suzana Coulaud da Costa Cruz, Veridiana Salles

Instituição: Centro Universitário Newton Paiva

O objetivo geral deste trabalho realizado durante a clínica infantil do curso de odontologia do

Centro Universitário Newton Paiva é melhorar a qua-lidade da assistência odontológica a pacientes infantis numa perspectiva multidisciplinar, bem como envol-ver e despertar o interesse dos alunos de odontologia dos diversos períodos do curso para a atenção odon-tológica às crianças, garantindo um atendimento odontológico efetivo através de um ambiente odonto-lógico agradável e próprio para a infância. O projeto “Posso Ajudar” teve como meta inicial a sonorização ambiente na clínica infantil; a decoração da clínica com motivos infantis respeitando a biossegurança; a instalação de um mural de fotos dos pacientes e mo-delos de aparelhos ortodônticos; a ativação do sistema de áudio e vídeo através do televisor já instalado na sala de espera com apresentação de vídeos educativos de saúde bucal em horários previamente agendados e a introdução dos alunos de outros períodos na roti-na de atendimento clínico-infantil, favorecendo a re-lação profissional–paciente e o manejo do comporta-mento da criança. Dentro deste contexto, o projeto promove ações na clínica odontológica visando um melhor ambiente de trabalho com maior envolvimen-

to, interesse e produtividade dos alunos, pacientes, responsáveis e equipe auxiliar. A sala de recepção da clínica infantil é um local onde a criança e seus res-ponsáveis podem interagir com os alunos participan-tes do projeto adequando este espaço para estreitar as relações de confiança entre paciente-aluno, melho-rando o comportamento infantil e controlando a an-siedade de todos. A humanização do atendimento neste ambiente aumenta as perspectivas para o suces-so do atendimento de crianças de todas as idades. Enquanto o paciente aguarda para ser atendido, os alunos do “Posso Ajudar” realizam palestras informa-tivas sobre prevenção às cáries e têm a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos sobre Promoção de Saúde Bucal. Assim, a formação dos profissionais de saúde, especialmente os de odon-tologia, na área de atendimento a crianças deve sem-pre ser estimulado mantendo-se a excelência do ensi-no. A oportunidade de formação de recursos para melhor interesse e envolvimento de alunos e de pa-cientes e seus responsáveis para o tratamento e manu-tenção da saúde bucal infantil é de grande relevância para o ensino. Os alunos têm uma oportunidade de crescimento ampliando as perspectivas de atuação no mercado profissional. As atividades desenvolvidas pe-los alunos são divulgadas junto à comunidade acadê-mica. O crescimento adquirido está em consonância com a participação, responsabilidade e interesse, de-monstrados pelos alunos durante a realização das ati-vidades. O corpo discente ainda participa da divulga-ção dos resultados do projeto no meio acadêmico estimulando a participação de novos acadêmicos.

A dicotomia em odontologia: o docente especialista formando o discente generalistaApresentador: Jose Ferreira Lima JúniorAutores: Jose Ferreira Lima Júnior, Gustavo

Barbalho Guedes Emiliano, Geórgia Costa de Araújo Souza

Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN

A proposta das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Odontologia tem como base o

perfil de formação generalista, com conhecimento técnico-científico, para atuar integralmente em um sistema de saúde, com ênfase na prevenção e no tra-tamento das doenças bucais mais prevalentes, buscan-do a promoção da saúde, consciente da necessidade de educação permanente e compreensão da realida-

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de socioeconômica do meio em que atua. Através de uma revisão bibliográfica conduzida pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia, Educação e Saúde da Uni-versidade do Estado do Rio do Norte (UERN) obje-tivou-se discutir a formação do cirurgião-dentista por docentes especialistas. A concepção de generalistas tem sido afetada e as instituições de ensino odonto-lógico têm fornecido uma formação mais especializa-da em algumas áreas, sem interdisciplinaridade. Os alunos, muitas vezes espelhados nos professores, gra-duam-se com áreas de atuação já determinadas e pou-cos sabem efetivamente atuar como clínicos gerais. Ademais, há certa cobrança dentro da academia em apressar a decisão pela especialidade a ser exercida. Nas faculdades, observa-se o ensino de áreas correla-tas desarticulado, seja na teoria ou na clínica. Nas salas de aula, professores geralmente dedicam grande parte do tempo ao conteúdo de sua especialidade, ampliando a discussão sobre certos assuntos, enquan-to outros sequer são tratados. Nas clínicas, os docen-tes não são responsáveis pelo tratamento completado do paciente e pela formação integral do aluno. Ao contrário, dedicam-se a conhecimentos específicos, e cabe ao aprendente passar por cada um dos profes-sores responsáveis pelas áreas que o paciente tiver necessidades para conseguir seu tratamento integral. Se os professores trabalham os conteúdos de maneira estanque, em disciplinas isoladas, sem planejar um currículo integrado, descompromissados com o pro-cesso global de formação do graduando, este terá dificuldades em realizar a integração de conhecimen-tos e, possivelmente, o objetivo primordial preconi-zado pelas DCN para uma formação articulada, inter-disciplinar e integral pode não ser alcançado. Face ao exposto é necessário discutir o ensino generalista nos Cursos de Odontologia diante de uma formação es-pecializada dos docentes, de modo a gerar mudanças que venham a complementar a formação dos discen-tes para que os mesmos sejam capazes de, ao iniciarem suas atividades profissionais, sentirem-se respaldados e suficientemente preparados a encarar e solucionar as mais diversas situações do cotidiano profissional da Odontologia de modo adequado e racional.

A especialidade no atendimento integral ao pacienteApresentador: Magda de Sousa ReisAutores: Magda de Sousa Reis, Hélder L.

Dettenborn, Beatriz Baldo MarquesInstituição: Universidade de Santa Cruz do Sul

No processo de ensino e aprendizagem, as deno-minadas e reconhecidas especialidades da

Odontologia têm grandes desafios a serem enfrenta-dos na aplicação das Diretrizes Curriculares Nacio-nais (DCNs) para a formação do profissional com ampla visão generalista porém, competente, crítico e inovador. Assim, este trabalho tem por objetivo apresentar um Projeto de Extensão realizado em sis-tema de parcerias que possibilitou aplicar, através de uma disciplina considerada especializada, uma dinâ-mica de ensino e aprendizagem com caráter amplia-do de saúde. A construção do projeto iniciou em 2007, após contato dos dirigentes da unidade do Ro-tary Clube (Oeste) Santa Cruz do Sul/RS com o Cur-so de Odontologia-Unisc. Buscavam viabilizar para a população do Distrito de Alto Paredão (interior do município de Santa Cruz do Sul/RS) a promoção de saúde bucal através da reabilitação de pacientes com necessidades de próteses (parciais removíveis ou to-tais). Diversas parcerias foram procuradas a fim de permitir financeiramente os custos relacionados ao desenvolvimento do projeto. A primeira atividade clínica do projeto ficou destinada ao grupo compos-to por um professor orientador, um técnico-adminis-trativo e três acadêmicos. Eles se deslocaram ainda em julho/2007 até a localidade de Alto Paredão (dis-tante aproximadamente 50 km da cidade) para rea-lizar a avaliação prévia e a seleção do grupo de bene-ficiados. No segundo semestre daquele ano, quando as atividades letivas iniciaram, os pacientes selecio-nados foram atendidos na Clínica de Odontologia da Unisc, na Disciplina de Prótese Total II. Semanalmente,durante os 17 encontros do semestre, estes pacientes vieram do interior (em ônibus locado para esta finalidade) para o atendimento realizado na disciplina. Buscando atender este projeto a disci-plina passou por modificações e os pacientes, para receber as próteses indicadas, primeiramente rece-beram adequação do meio bucal. Portanto, o aten-dimento a este paciente foi realizado de forma inte-gral, pelo mesmo aluno, durante a Disciplina de Prótese Total II, uma especialidade no atendimento integral ao paciente. O encerramento foi marcado com a entrega das próteses finais e uma apresentação teatral, representada por um grupo de alunos for-mandos que abordaram de forma lúdica, informa-ções sobre a higiene das próteses, da cavidade bucal, necessidade da manutenção e substituição das pró-teses e a importância da prevenção às lesões de boca. O projeto foi bem avaliado por seu caráter inovador, pela capacidade de reafirmar e sedimentar a prática

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do cuidado com visão ampliada de saúde. Garantiu também que alunos, estagiários, professores, funcio-nários, Agentes Comunitárias de Saúde, pacientes e a comunidade em geral pudessem vivenciar o pro-cesso do ensino e da aprendizagem. Porém, a valo-ração maior foi para a determinação, força de vonta-de e alegria das pessoas daquela pequena comunidade do interior de Santa Cruz do Sul que durante um semestre contagiaram as pessoas envol-vidas no projeto.

A experiência da estrutura curricular modular do curso de Odontologia da unIPLACApresentador: Isabela França de Almeida RamosAutores: Claudia de Abreu Busato, Isabela França

de Almeida Ramos, Aliete Perin Araújo, Marina Patrício de Arruda

Instituição: UNIPLAC

O curso de Odontologia da Universidade do Pla-nalto Catarinense encontra-se atualmente em

fase de implantação da nova estrutura curricular mo-dular, cuja construção foi norteada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Tendo como principal obje-tivo tornar o curso de Odontologia mais adequado ao momento atual da profissão, com base nas necessida-des regionais e nacionais de saúde bucal da popula-ção. Com isso o Curso de Graduação em Odontologia da Universidade do Planalto Catarinense após longo período de discussões visando à reestruturação curri-cular, implantou em fevereiro de 2007 o Curso de Odontologia na forma modular. Este curso tem como principal característica a flexibilidade, a integração vertical e horizontal dos conteúdos, principalmente através de Seminários Integrativos. O objetivo deste trabalho foi verificar através de entrevistas semi-estru-turadas a experiência da implantação do curso de Odontologia modular a partir da visão dos alunos 1º, 2º, e 3º semestres. Os resultados demonstraram que a adaptação dos alunos ao currículo modular foi tran-qüila, entretanto isso não ocorreu com todos os pro-fessores. Os alunos apontam uma dificuldade de in-tegração de alguns docentes ao novo currículo, entretanto destacam como ponto positivo a relação entre teoria e prática, vistas como pontos indissociá-veis. Conclui-se que através do currículo proposto conseguiu-se superar a fragmentação do ensino, per-mitindo conseqüentemente a formação integral do aluno, tornando-os mais críticos e reflexivos.

A experiência do curso de aperfeiçoamento em saúde bucal coletiva: integrando práticas corporais ao ensinoApresentador: Maria Eneide Leitao de AlmeidaAutores: Maria Eneide Leitao de Almeida, Antônio

Sérgio Luz e Silva, Renata Mota Rodrigues Bitu Sousa, Cláudia Ribeiro de Barros Leal

Instituição: Universidade Federal do Ceará

O primeiro Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Bucal Coletiva da Universidade Federal do Ceará

surgiu a partir da instituição da Política Nacional de Educação Permanente, com a finalidade de capacitar cirurgiões-dentistas e gestores a trabalharem com o re-ferencial da saúde bucal coletiva nas Unidades de Saúde da Família em 8 municípios do Ceará pertencentes a 1a. Célula Regional de Saúde. A metodologia proposta foi a pedagogia da problematização visando estimular a criatividade e buscar soluções para os problemas iden-tificados através dos planos de intervenção. O método consiste na compreensão da realidade nos serviços pú-blicos de saúde e no desenvolvimento do plano de in-tervenção, instrumento de planejamento para opera-cionalizar as atividades necessárias. O diferencial, entretanto, foi a utilização de recursos que estimulassem o potencial afetivo dos participantes por meio de ativi-dades de relaxamento, uso da música e da dança como instrumentos de promoção da saúde e reforço da iden-tidade e auto-estima dos sujeitos envolvidos. Os resulta-dos mostraram que dos 28 cirurgiões-dentistas partici-pantes desse curso, 75% destes realizaram o plano de intervenção e tiveram uma boa aceitação por parte das equipes de saúde em relação às propostas apresentadas. Todos relataram que melhoraram a auto-estima, a ca-pacidade criativa, além de servir como incentivo ao de-senvolvimento de práticas profissionais mais participa-tivas. Concluímos que a utilização de práticas corporais contribui para o fortalecimento da identidade dos su-jeitos e para melhorar o processo de aprendizagem, a partir da expressão dos potenciais humanos, constituin-do-se numa estratégia importante para os profissionais que compõem a equipe de saúde da família.

A experiência do estágio extramuros em ambiente hospitalar da FOuSPApresentador: Aline Cristine Munhoz LopesAutores: Aline Cristine Munhoz Lopes, Renata

Godoy Pereira, Marcelo Marcucci, Oswaldo Crivello-Junior

Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo

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A formação profissional em Odontologia em rela-ção aos cenários nos quais se materializa a edu-

cação, para que sejam plenamente alcançadas as re-lações entre espaço e aprendizagem, vem sendo realizada na FOUSP, como uma das diversas opções, através de estágio curricular no Hospital Heliópolis (SP). As experiências, que contribuem para o desen-volvimento de diferentes aprendizagens, sejam elas cognitivas, procedimentais e atitudicionais, sugeridas pelos currículos de formação de profissionais de saú-de são, neste ambiente, otimizadas pela obrigatorie-dade da abordagem multiprofissional que o ambien-te hospitalar oferece. Essa formação oferecida pelo Hospital Helióplolis(HH) complementa a do curso nas áreas de estomatologia, ATM, traumatologia/ci-rurgia buco-maxilo-facial, pacientes especiais, infec-tologia e reumatologia e vem contribuindo para a transformação das formas tradicionais de aprendiza-gem, aproximando o aluno da realidade da profissão em suas diferentes vertentes. Paralelamente são esti-muladas múltiplas possibilidades de inserção do alu-no da Odontologia nos diferentes cenários oferecidos pelo próprio hospital e a participação ativa nos semi-nários de integração. O HH é uma instituição parcei-ra essencial para a complementação do ensino e me-lhorar a formação geral do estudante de Odontologia. Nestes anos em que o hospital vem recebendo os alunos da FOUSP, que podem freqüentar de uma a quatro semanas, tem sido observada a diferença de pensamentos dos alunos ao retornar ao seu ambiente primário de aprendizagem pelas diferentes formas de atividades lá encontradas. A força e o valor estratégi-co deste espaço diferenciado de aprendizagem ativam o potencial transformador dos sujeitos implicados e representa ótima oportunidade para os alunos de Odontologia desenvolverem habilidades e competên-cias que não seriam possíveis dentro dos muros da faculdade.

A extensão no Curso de Odontologia da unimontes: formação acadêmica com relevância socialApresentador: Thalita Thyrza de Almeida

Santa-RosaAutores: Thalita Thyrza de Almeida Santa-Rosa,

Simone Melo Costa, Maria de Lourdes Carvalho Bonfim, Manoel Brito-Júnior

Instituição: Unimontes

A extensão é o eixo da Universidade Pública e por meio de suas ações é possível assegurar um

ensino adequado e contextualizado com as reais necessidades da sociedade. A Lei 10.861 de 14/04/04 que instituiu o Sistema Nacional de Ava-liação da Educação Superior (SINAES), em seu artigo 3º diz que a avaliação das Instituições de En-sino Superior tem por objetivo identificar o perfil da instituição e o significado de sua atuação por meio de projetos, cursos, programas, dentre outros. Na avaliação do SINAES, a extensão é uma das di-mensões a ser considerada, assim como a respon-sabilidade social da instituição, especialmente no que se refere à contribuição em relação à inclusão social. Este trabalho objetiva apresentar os projetos de extensão do Curso de Odontologia da Universi-dade Estadual de Montes Claros-Unimontes. São desenvolvidos, atualmente, 15 projetos de extensão de caráter permanente, a saber: Atenção aos par-ticipantes do projeto “Adolescente para o III Milê-nio”; Atenção às crianças de 07 a 12 anos de Montes Claros; Atenção às crianças com até 06 anos de ida-de - Montes Claros; Atenção interdisciplinar à saú-de bucal dos portadores de necessidades especiais neuro-psico-motoras, institucionalizados em Mon-tes Claros; Odontologia para gestantes; Atendi-mento odontológico ao paciente portador do HIV ou com Aids; Atenção Promocional referenciada ao Idoso institucionalizado em Montes Claros; Criança Sorridente; Promoção de saúde bucal para as gestantes atendidas nos Centros de Saúde de Montes Claros; Projeto de Atendimento Odontoló-gico de Suporte a Pacientes Tratados nas Clínicas do Curso de Odontologia da Unimontes; Seminá-rio Integrado; Mostra Científica do Curso de Odon-tologia da Unimontes; Banco de Dentes Humanos; Jornada Científica Odontológica; Projeto Unicida-de e Curso de capacitação do Técnico em Higiene Dental. Ao todo são 11 projetos que se caracterizam como atividade de prestação de serviço (assistência à saúde), e que oferecem atendimento odontológi-co integral e interdisciplinar a diferentes grupos populacionais como gestantes, portadores de ne-cessidades neuro-psico-motoras, portadores do HIV/Aids, idosos, adolescentes e crianças de dife-rentes faixas etárias. Tem 3 projetos que se carac-terizam como eventos (mostra cientifica, jornada e curso de capacitação) e 1 projeto que se caracteri-za como prestação de serviço, fornecendo estrutu-ra legal, ética e com biossegurança para forneci-mento de dentes humanos no processo ensino-aprendizagem e pesquisas. Além disso, há participação de docentes e discentes em outras ati-

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vidades de extensão, como nos Programas Sorriso no Campo e Universidade Solidária. Essas ativida-des permitem o desenvolvimento de pesquisas e contextualização do conhecimento científico pro-duzido em sala de aula. Assim, o Curso de Odonto-logia da Unimontes favorece espaço para a exten-são universitária, promovendo a integração ensino e sociedade, favorecendo formação acadêmica mais adequada para o pleno exercício profissional. (Apoio financeiro: FAPEMIG)

A importância da discussão do planejamento ao atendimento clínico - experiência da Disciplina de Dentística 2 da uFPEApresentador: Claudio Heliomar Vicente da SilvaAutores: Claudio Heliomar Vicente da Silva, Paulo

Fonseca Menezes Filho, Renata Pedrosa Guimarães, Ana Luiza Ataide Mariz

Instituição: UFPE

Educar é colaborar para transformação de vidas em processos permanentes de aprendizagem,

auxiliando os alunos na construção da sua identi-dade, do seu caminho pessoal e profissional - de-senvolvendo habilidades de percepção, compreen-são, raciocínio crítico, comunicação e execução de ações, que lhes permitam tornar-se profissionais e cidadãos realizados e produtivos (MORAN, 200). As mudanças qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontecem de acordo com o estímu-lo dado ao desencadear a motivação do aluno para compreender e apreender uma determinada habi-lidade. O planejamento é uma das etapas mais crí-ticas do tratamento odontológico, uma vez que, um planejamento mal realizado acarreta em pro-cedimentos que podem levar a perdas irreparáveis. A motivação dada ao aluno para a realização desta etapa passa pelo aguçamento dos sentidos, do co-nhecimento e dominio psico-motor. Sendo assim, a Disciplina de Dentística 2 da UFPE desenvolveu a atividade de discussão de planejanto do trata-mentor restaurador, obedecendo uma sequëncia de procedimento a serem realizados com a utiliza-ção de um instrumento para orientação do aluno estimulando o desenvolvimento do seu raciocínio crítico. O objetivo deste trabalho é expor a expe-riência da referida disciplina sobre o tema em questão.

A importância da Liga Interdisciplinar das neoplasias Bucais como ferramenta pedagógica integrada ao currículo da FOuSP Apresentador: Mayra Monteiro de OliveiraAutores: Mayra Monteiro de Oliveira, Oswaldo Crivello

Junior, Aline Cristine Munhoz LopesInstituição: FOUSP

As Ligas Acadêmicas são entidades fundadas e ad-ministradas por universitários com a orientação

de um ou mais departamentos relacionados. Apresen-tam enfoque em desenvolvimento científico, proce-dimental e atitudicional constituindo-se em excelen-te meio de atividade pedagógica extracurricular para o aprimoramento dos alunos. A Liga é um modelo acadêmico fundamentado na produção científica, no desenvolvimento cognitivo e interdisciplinar, visando a aproximação dos futuros profissionais à sociedade; funciona como um meio de transformação social e permite ao aluno um contato precoce com as diversas áreas da Odontologia. As Ligas Interdisciplinares: LINB e LICOMF são um exemplo de atividade das Ligas no ensino da graduação.O desenvolvimento das práticas clínicas ocorre desde 1998 na Liga de Neo-plasias Bucais e desde 2004 na Liga de Cirurgia Oral e Maxilo-Facial. Suas atividades ocorrem em âmbito ambulatorial, a LINB na Clínica de Atendimento ao Paciente Especial (CAPE), e a LICOMF no ambula-tório da Disciplina de Traumatologia Maxilo-Facial, com a orientação e supervisão de docentes dos depar-tamentos respectivos da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Fundamentadas no conceito da interdisciplinaridade, a ligas integram em suas atividades as disciplinas de Semiologia, Patologia Geral e Bucal, Periodontia, Radiologia, Cirurgia, Pró-teses Buco-Maxilo, Dentárias e Traumatologia, no caso da liga de Cirurgia. As ligas têm como objetivos: habilitar seus integrantes no diagnóstico precoce, dar assistência aos pacientes desde a adequação do meio bucal à cirurgia e radioterapia (Linb), até a reabilita-ção protética. Permite ao aluno o acompanhamento físico e psicológico dos pacientes. Os docentes que acompanham as Ligas estão formando profissionais aptos a reflexões, a aprender, desenvolver técnicas, a lidar com as adversidades do tratamento de lesões malignas e capacitá-los a transmitir estes conhecimen-to à população. É significativa a atividade extracurri-cular e interdisciplinar das Ligas acadêmicas como a LINB e LICOMF e, futuramente, a Liga de Dor, são um exemplo que estabelece aos alunos uma interface

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promissora no crescimento acadêmico perfeitamen-te integrado ao currículo da FOUSP e por ela reco-nhecida como parte de seu elenco de opções peda-gógicas oferecidas aos seus alunos de graduação.

A mudança no processo ensino-aprendizagem com utilização de metodologias ativasApresentador: Maria José GomesAutores: Valéria da Penha Freitas, Raquel Baroni

de Carvalho, Maria José GomesInstituição: UFES

O objetivo deste trabalho foi apresentar as diferen-tes metodologias ativas que podem ser utilizadas

na área da Odontologia,,visando uma melhor intera-ção do processo ensino e aprendizagem. Mudanças estão sendo realizadas nos cursos de graduação em Odontologia visando formar profissionais adequados às necessidades de saúde da população brasileira e do SUS, tornando essencial a efetiva articulação das polí-ticas de saúde e educação. A mudança didático peda-gógica visa uma aprendizagem ativa, centrada no estu-dante. Cabe ao professor o papel de facilitador do processo de construção do conhecimento, dando con-dições ao indivíduo de desenvolver um pensamento e um discurso próprio. Após a análise dos modelos de metodologias ativas, concluiu-se que o emprego de cada metodologia ativa na Odontologia pode ser in-fluenciado com o tipo da população alvo, com o grau de disponibilidade do grupo de alunos para a apren-dizagem e com a habilidade do professor em escolher aquela apropriada para o tema que será ensinado. Ob-servou-se que não existe na área pedagógica um méto-do que seja eficaz para ensinar e aprender. É necessário despertar o interesse do aluno para aprender a pensar, questionar, aprender, fazer e assumir uma responsabi-lidade profissional, e também, empregar uma metodo-logia que seja compatível com o objetivo de cada dis-ciplina, e que essas auxiliam o desenvolvimento de habilidades ao estudante de Odontologia, principal-mente por trabalhar com problemas reais, permitindo-o assumir responsabilidades crescentes, além da inte-ração com a população e os profissionais de saúde.

A pós-graduação como indutora de mudanças no ensino da OdontologiaApresentador: Jose Ferreira Lima JúniorAutores: Eduardo Jose Guerra Seabra, Isabela

Pinheiro Cavalcanti Lima, Gustavo Barbalho Guedes Emiliano

Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN

Historicamente, a Odontologia seguiu os parâ-metros do paradigma giesiano, que orientou

durante décadas o trabalho e a formação de profis-sionais, cuja excelência era mensurada pelo esmero de técnicas curativistas cirúrgico-restauradoras. No entanto, tal cirurgião-dentista não responde mais às complexas demandas do trabalho em saúde exigidas pela sociedade brasileira na atualidade, uma vez que àquele dentista seguia a lógica do mercantilismo, do elitismo, do biologicismo, da óptica da doença, da falta de significado e de visão de saúde. Assim, o presente estudo tem o intuito de contribuir para ampliar o debate sobre a formação em Odontologia, destacando nesta o papel da pós-graduação na for-mação de recursos humanos na atualidade. Trata-se de um estudo bibliográfico sobre o assunto em tela, onde os autores emitem um juízo de valor destacan-do diretrizes que a pós-graduação em Odontologia poderia seguir para formar o cirurgião-dentista exi-gido pela sociedade e pelo setor saúde. A partir das leituras realizadas e do entendimento consensual firmado a partir das discussões dos docentes da Fa-culdade de Odontologia da UERN, entendemos que a pós-graduação stricto sensu tem papel central no processo de formação de atores sociais (professores de Odontologia) que trabalhem para uma odonto-logia que traga a saúde para todos. Para tanto, a formação acadêmica deve ser articulada, interdisci-plinar e integral para que o egresso atenda às de-mandas de saúde de população. Nesse sentido, a pós-graduação stricto sensu deve procurar além do rigor da pesquisa científica que lhe é próprio, formar docentes com fundamentação pedagógica adequa-da para atuarem acorde os preceitos exigidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Por fim, é mister a articulação entre pesquisa e ensino no âmbito dos cursos de mestrado e doutorado em Odontologia, pois entendemos que esse é o caminho para formar profissionais/professores cuja competência será me-dida não apenas pela solução de problemas instru-mentais, mas também pela capacidade de desenvol-ver novas estratégias pedagógicas, que tenham na crítica, na reflexão e na mudança da práxis seu es-teio. Frente ao exposto entendemos que os cursos de pós-graduação stricto sensu podem contribuir decisivamente na formação de atores sociais (profis-sionais/docentes) comprometidos com a mudança do ensino odontológico, desde que a racionalidade

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técnica fundada na filosofia positivista não seja a condutora da formação. Assim, faz-se necessário re-pensar a formação dos professores, bem como o papel dos cursos que os formam. Portanto, a pesqui-sa deve ser desenvolvida nos cursos de mestrado e doutorado dentro do principio cientifico, sem per-der o enfoque social e também o principio pedagó-gico, para assim, propiciar a formação de profissio-nais críticos e reflexivos, que possam contribuir com o desenvolvimento social mais democrático e igua-litário em oportunidades para os cidadãos.

A prática da pesquisa na graduação em odontologia: um avanço pedagógicoApresentador: Louise PietrobonAutores: Louise Pietrobon, Cíntia Magali da Silva,

João Carlos CaetanoInstituição: Universidade Federal de Santa Catarina

A realização de um curso em nível superior é vista, atualmente, como uma “exigência” do mercado

de trabalho. A universidade, partindo desse pressu-posto, deve ter participação ativa e crítica na realida-de, pois se constitui no local em que, teoricamente, detém o potencial técnico-científico, humano, políti-co e social. Sendo assim, o processo de aquisição e desenvolvimento do saber durante o curso de gradu-ação em Odontologia não deve ser limitado exclusi-vamente a um processo de ensino-aprendizagem que busque pela formação técnica, visando à profissiona-lização. Ao contrário, durante a graduação é funda-mental a realização da prática de pesquisa sujeita ao contexto político e social, que rompa com a educação bancária, repetitiva e alienada, representando um avanço pedagógico. A longo prazo podem ser desen-volvidas competências fundamentadas em conheci-mento crítico, visando o domínio dos modos de pro-dução do saber, favorecendo o diálogo construtivo com seus pares. Todavia, há necessidade de se obser-var o modo de condução e realização das pesquisas na área odontológica para que a distribuição da in-formação não aconteça de maneira falha ou, ainda, de modo desigual. Dessa forma, contribui para a ex-clusão social tanto de acadêmicos como da popula-ção, ao invés de servir para sua utilidade primordial, a inclusão do conhecimento científico e o benefício que trará a toda a sociedade. A universidade pode assim, articular a competência científica e técnica, e desempenhar seus múltiplos papéis, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico, pro-

movendo a ética e a cidadania, atuando e transfor-mando a realidade social.

A relação professor-aluno e sua influência no processo ensino- aprendizagem na odontologiaApresentador: Maria José GomesAutores: Maria José Gomes, Aline Guio Cavaca,

Carolina Dutra Degli Esposti, Edson Theodoro Santos-Neto

Instituição: UFES

Este estudo versa sobre a influência da relação professor-aluno na formação do cirurgião-den-

tista. Diante do anseio do conhecimento das visões dos atores envolvidos no processo ensino-aprendiza-gem buscou-se diagnosticar a situação da relação professor-aluno no curso de Odontologia da Univer-sidade Federal do Espírito Santo (UFES) no cenário atual de mudanças pedagógicas e estruturais. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório, estrutu-rada a partir de uma abordagem quantitativa. Os sujeitos da pesquisa são 130 alunos e 40 professores do curso de Odontologia da UFES, no período de julho a dezembro de 2007, totalizando 170 sujeitos. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário composto de sete questões fecha-das e três questões abertas que se reportavam às res-postas das questões objetivas. Os resultados mostram que a maioria dos alunos (49%) e dos professores (45%) considera boa a relação professor/aluno e aponta questões como interação pedagógica e so-cial, respeito mútuo, diálogo e acessibilidade como cruciais para mantê-la. Quando questionados se já haviam sido repreendidos pelos professores na fren-te do paciente, 35% dos alunos responderam que o nunca foram e 65% respondeu já ter sido repreen-dido pelo menos uma vez. A questão da confiança no ensino foi trabalhada ao questionar ao professor se ele traria um parente para ser tratado nas clínicas do curso e 47% dos mesmos responderam que sim, apontando a confiança no aluno, orientação dos professores e a qualidade do atendimento como nor-teadores de suas decisões. Conclui-se que a relação professor-aluno foi considerada boa pelos atores en-volvidos, sendo o respeito e o reconhecimento mú-tuo aspectos identificados como facilitadores do processo ensino-aprendizagem, ressaltando, dessa forma a importância da integração docente-discente na educação odontológica.

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A sociologia e a odontologia na construção de uma nova saúde bucal coletivaApresentador: Louise PietrobonAutores: Louise Pietrobon, Ana Paula Saccol,

Márcia Grisotti, João Carlos CaetanoInstituição: Universidade Federal de Santa Catarina

Este trabalho visa apresentar uma experiência interdisciplinar de estágio docência da discipli-

na de Interação Comunitária I do Curso de Gradu-ação em Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina. O grupo é formado por uma mes-tranda em Sociologia Política, uma doutoranda em Odontologia Coletiva e dois professores das respec-tivas áreas citadas. Percebemos o setor saúde como uma área considerada interdisciplinar, devido a re-lação do processo saúde-doença onde encontramos indissociadas as dimensões orgânica e social do ho-mem, domínios respectivos do biológico e da cultu-ra. A saúde bucal coletiva encontra-se em intenso processo de transformação na última década impri-mido pela revolução dos materiais odontológicos, de um novo olhar sobre a construção do processo de saúde-doença e conseqüentemente a relação en-tre clientes/população e profissionais de saúde. A possibilidade de um trabalho em conjunto na busca de soluções aos problemas atuais enfrentados no Sistema Único de Saúde, respeitando as bases disci-plinares específicas, transformando a interdiscipli-naridade num produto de sua própria funcionalida-de, buscando a compreensão de diversos pluralismos frente a uma mesma temática é o eixo central de nosso trabalho em sala de aula. A construção da dis-ciplina procura instigar os acadêmicos na atuação em nível de sociedade, utilizando, principalmente, métodos de prevenção e promoção de saúde não esquecendo, entretanto, a progressão das doenças bucais quando já instaladas, observando o modo de se relacionar e de olhar a saúde bucal da coletivida-de de maneira ampla e realista. Nossa disciplina está subdividida em três unidades propiciando com a sua proposta pedagógica a introdução e desenvolvimen-to de uma forma diferente de realizar o processo ensino-aprendizagem e de avaliação dos alunos e dos professores. Instigando os acadêmicos a trabalha-rem em grupos e através de seminários de pesquisa a disciplina têm conseguindo promover maior diá-logo e reflexão crítica no espaço de troca de infor-mações professores-estudantes, estudantes-estudan-tes e professores-professores. De maneira concreta

e em curto prazo, já podemos observar uma postura diferente destes futuros profissionais em relação à sua maneira de encarar os novos desafios do SUS, concebendo a saúde de maneira interdisciplinar, integral, repensando seus pressupostos e fundamen-tos na procura de transformações práticas mais ex-pressivas.

A utilização de diários de campo em estágios curriculares extramurosApresentador: Vânia Maria Aita de LemosAutores: Vânia Maria Aita de Lemos, Leticia

Schneider Ferreira, Carlos Pilz, Graziela Ziegler Bennemann

Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

A utilização de diários de campo remonta as via-gens dos primeiros exploradores e etnógrafos,

que desde a Antiguidade registravam os fatos viven-ciados bem como suas impressões sobre os diferentes povos e lugares. A disciplina Estágio em Saúde Públi-ca II adotou esta ferramenta como forma de avaliação dos estágios realizados pelos alunos do último semes-tre do currículo antigo da Faculdade de Odontologia da UFRGS junto aos serviços do SUS. A metodologia empregada consiste no envio semanal por parte dos alunos de um diário de campo, através de email, para o professor responsável por sua supervisão. Este re-lato deve conter não apenas as atividades que estão sendo concretizadas, mas também uma reflexão do aluno sobre a sua prática, sobre a realidade encon-trada nos serviços públicos, não havendo limite no número de páginas enviadas. A partir das informa-ções disponíveis, é possível avaliar o impacto da ex-periência para o aluno, bem como se este consegue relacionar os conceitos teóricos com sua prática. Os diários de campo devem ser concebidos a partir do método cartográfico, que pressupõe uma discussão sobre o papel do pesquisador e o próprio conheci-mento científico. A cartografia admite que o encon-tro com novos sujeitos produz um momento singular e a modificação dos atores envolvidos. A proposta de sua utilização remete a intenção de que o aluno não apenas descubra novos olhares em saúde, mas des-cubra a si mesmo nesta experiência. Desta forma, os diários de campo não possuem somente um cunho reflexivo, mas também propositivo, pois o aluno deve também procurar identificar soluções para as dificul-dades encontradas no campo. Por fim, a experiência da utilização de diários de campo junto aos alunos

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do último semestre da Faculdade de Odontologia da UFRGS ainda é recente, mas abre a possibilidade de novas formas de aprendizagem para os estudantes. Esta ferramenta permite um momento de reflexão sobre a realidade encontrada, bem como o exercício da explanação e exposição de idéias e opiniões, que podem ser importantes para o estímulo à autonomia do aluno.

Acadêmicos de odontologia avaliam o currículo e a relação deste com a sua formação para a realidade do mercado de trabalhoApresentador: Estela Máris Gassen GonçalvesAutores: Estela Máris Gassen Gonçalves, Beatriz

Baldo Marques, Carmen Lucia S. Piazza, Cláudia Fabiana R. Bender

Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul

O Currículo do Curso de Odontologia da UNISC está organizado de forma que busca a formação

integral do acadêmico, procurando estimulá-lo para o comprometimento com os reais problemas da so-ciedade, sujeitos conscientes do seu papel de agentes de transformação, ou seja, politicamente responsá-veis. Acredita-se que nem sempre o corpo docente acompanha a dinâmica da transformação que aponta para novas demandas, considerando o sistema de saú-de vigente no país. As Diretrizes Curriculares Nacio-nais (DCNs), para os cursos de odontologia, apontam para a importância das habilidades e competências, tanto gerais quanto específicas, que o acadêmico de-verá construir no decorrer do curso. Dessa forma pretende-se com esse trabalho investigar como os aca-dêmicos avaliam o currículo do curso de Odontologia da UNISC em relação à formação para o exercício de uma prática profissional adequada a realidade. A pesquisa será realizada com os acadêmicos forman-dos, em relação ao embasamento teórico, articulação da teoria com a prática, tomada de decisão (seguran-ça na realização das atividades do dia a dia), mercado de trabalho, visão integral do paciente, integração com outras áreas da saúde, trabalho em equipe, ad-ministração e gerenciamento. Neste estudo também será investigado qual a expectativa profissional ao se formar, ou seja, montar consultório individualmente ou com colegas; trabalhar em clínica já consolidada; procurar emprego; fazer pós-graduação; entre outras opções. A pesquisa será realizada no 9º semestre do curso, porque se acredita que o acadêmico estará, neste momento, planejando seu futuro profissional.

Acadêmicos de odontologia trabalham para o desenvolvimento de políticas saudáveis em relação à fluorose dentária no Vale do Rio PardoApresentador: Estela Máris Gassen GonçalvesAutores: Estela Máris Gassen Gonçalves, Mariana

Bordingnon, Monique BohnInstituição: Universidade de Santa Cruz do Sul

Compreende-se que a integração dos Acadêmicao do Curso de Odontologia, com a colaboração

de pesquisas realizadas pelo Curso de Química da UNISC, na atenção à fluorose dentária no Vale do Rio Pardo, é imprescindível para a melhoria da saúde bucal da população. A fluorose dentária é freqüente decorrente, especialmente, do excesso de fluoretos nos lençóis freáticos que cortam oito (8) municípios, dos quais alguns utilizam estas fontes para abasteci-mento público. As Acadêmicas buscam conhecer a realidade destes municípios quanto ao uso dessas águas para abastecimento público e como está sendo oferecida atenção à fluorose. Em visita nos locais, pes-quisaram quais são os municípios atingidos, quais dos municípios têm conhecimento sobre o excesso de fluoretos em suas fontes de água, quantas fontes ain-da são utilizadas para o abastecimento público, se há a presença de fluorose dentária na população do mu-nicípio e quais destes oferecem tratamento estético e de reabilitação à população atingida. Foi avaliado que cinco (5) municípios conhecem os teores de flúor de seus lençóis, entre esses, dois (2) não utilizam esta água e três (3) solucionaram o problema de excesso de fluoretos na água de abastecimento público, qua-tro (4) confirmam a presença de fluorose na popula-ção e dois (2) oferecem tratamento clínico para res-tabelecer a estética e função dentária. Para enriquecer a discussão, além da revisão de literatura, foi realizado um estudo de caso no Município de Vera Cruz, RS, onde o problema da água de abastecimento com ex-cesso de fluoretos foi resolvida há cinco (5) anos e o tratamento estético é oferecido desde 2003. No mu-nicípio de Vera Cruz, aproximadamente cento e vin-te (120) pacientes estão cadastrados; destes, 30 foram tratados na UNISC, 40 no serviço público do municí-pio e os outros aguardam pelo tratamento odontoló-gico. A partir deste trabalho e de posse de documen-tos comprobatórios do Curso de Química, quanto a realidade das águas da Região, os municípios envol-vidos terão argumentos para aplicar recursos públicos na melhoria da saúde bucal. Com base nos modelos de atenção estudados, a atenção odontológica para a

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fluorose pode se tornar algo de rotina no serviço pú-blico com possibilidade de financiamento e dispor, ainda, de conhecimentos atualizados e integrados, dos Cursos de Odontologia e Química, sobre a ques-tâo das águas, hoje de ilimitada importância. Com estes conhecimentos, pode-se elaborar um protocolo de atenção à fluorose dentária de abrangência regio-nal, que contemple as questões bioéticas, técnicas e humanísticas que estão envolvidas neste processo.

Adequações do Projeto Político Pedagógico do Curso de Odontologia da unimontes para o Pró-Saúde: percepções de docentes e discentesApresentador: Maria de Lourdes Carvalho BonfimAutores: Maria de Lourdes Carvalho Bonfim,

Manoel Brito-Júnior, Simone Melo Costa, Flavia Milene Silva Abreu

Instituição: Unimontes

O Curso de Odontologia da Universidade Estadu-al de Montes Claros- Unimontes foi criado há

pouco mais de uma década (1997), fundamentado no atendimento das demandas de saúde bucal, em especial, da região norte mineira. O enfoque genera-lista e a valorização das necessidades epidemiológicas bem como da realidade social constituíram e consti-tuem os pilares do processo educativo do Curso. Há ainda ações integradas de ensino e serviço garantindo capacitação profissional e valorização da odontologia como prática social. Atualmente tem-se trabalhado alterações para otimizar o Projeto Político Pedagógi-co do Curso como contraparte da contemplação do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), dos Ministérios da Educação e da Saúde. O trabalho objetivou iden-tificar as opiniões e propostas de mudanças sugeridas por docentes e discentes no atual Projeto Político Pedagógico do Curso. Os dados foram coletados na 2ª Oficina Pró-Saúde do Curso, em 2007, utilizando questionário semi-estruturado auto-aplicado. Partici-param do estudo 53 discentes dos 10 períodos do Curso e 46 docentes. O tratamento estatístico envol-veu análise de freqüência, teste t e Qui-quadrado (p<0,05). Do total de discentes, 29 eram mulheres (54,7%) e 24, homens (45,3%). Dentre os docentes, 27 eram mulheres (59%) e 19, homens (41%). A fai-xa etária predominante entre os docentes foi de 31 a 40 anos (50%), variável não associada ao gênero (p=0,303). O tempo de formado (término da gradu-ação) variou de 5 a 31 anos, com uma média de 14,35

anos (±7,315) para mulheres e 16,84 (±8,884) para homens, variável não associada ao gênero (p=0,308). No que diz respeito à carga horária de trabalho 82,6% dos docentes têm contrato de 40 horas semanais. Para os docentes, 85% das ementas das disciplinas preci-sam ser modificadas; 80% sugeriram integrar conte-údos de diferentes disciplinas; 42% relataram que há necessidade de alterar a carga horária: aumentar (56%), mudar o período em que é ministrada (29%), sendo que 50% sugeriram que fossem postergadas. Para os discentes, 28 disciplinas precisam sofrer alte-rações. Dentre as várias sugestões de mudanças des-tacou-se aumentar cargas horárias de aulas práticas e alterar conteúdos programáticos. A identificação das necessidades de mudanças no Projeto Político Peda-gógico do Curso de Odontologia da Unimontes con-tribuirá para a reestruturação pedagógica do curso, com conseqüente adequação da formação discente, além de favorecer o alcance das metas propostas pelo Programa Pró-Saúde.

Aplicação de fórum online no suporte ao ensino presencial como estímulo ao aprendizado colaborativo voluntárioApresentador: Mary Caroline Skelton MacedoAutores: Mary Caroline Skelton Macedo, Leandro

A. P. Pereira, Nilden Carlos Alves Cardoso, Rielson José Alves Cardoso

Instituição: CPO São Leopoldo Mandic

As Diretrizes Curriculares Nacionais para cursos de Odontologia têm como objetivos na formação do

egresso as competências relativas ao domínio das tec-nologias de informação e comunicação (TIC) e apti-dão na sua utilização em prol da Educação Continua-da. Como proposta de utilização da Internet com finalidade educativa em função de atender a esses ob-jetivos, o curso de Endodontia na Graduação da ter-ceira turma (31 alunos) foi suportado online por con-teúdos depositados em plataforma Moodle. Dentre as atividades propostas aos alunos constaram 07 fóruns online relativos a assuntos tratados em sala de aula, porém sem obrigatoriedade de acesso e postagem. Os fóruns foram trabalhados da seguinte maneira: o pro-fessor responsável pelo tema em questão postou algu-mas perguntas após a aula teórica e convidou os alunos a entrar no fórum e responder. Os alunos foram in-formados que os professores não corrigiriam suas res-postas, mas eles mesmos o fariam, estimulando assim o aprendizado colaborativo; os professores somente fariam postagens de correção se os alunos tivessem

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perdido o foco nas respostas adequadas. A adesão vo-luntária foi surpreendente: os fóruns alcançaram par-ticipação voluntária da ordem de 83,87% dos alunos (Anatomia e Cirurgia de Acesso); 64,52% (Substân-cias Químicas Auxiliares); 90,32% (Esvaziamento e Odontometria); 83,87% (Alterações Pulpares e Peria-picais); 16,13% (PQC); 54,84% (Obturação); e, 41,93% (Comentários sobre a Avaliação). Quanto à participação colaborativa, considerando-se somente as postagens realizadas entre alunos, alcançou-se 57,78% (Anatomia e Cirurgia de Acesso); 31,82% (Substâncias Químicas Auxiliares); 93,65% (Esvazia-mento e Odontometria); 84,37% (Alterações Pulpa-res e Periapicais); 66,67% (PQC); 47,06% (Obtura-ção); e, 84,61% (Comentários sobre a Avaliação). Percebe-se claramente que o aluno de Odontologia está interessado em participar e aprender colaborati-vamente. Os conteúdos das postagens surpreenderam os professores quanto à profundidade das respostas dadas aos colegas e as visitas registradas na biblioteca da escola. Os fóruns de mais baixo índice de acesso foram os de maior quantidade de perguntas propostas pelos professores. Conclui-se que os fóruns cumprem o papel de estimuladores do aprendizado colaborati-vo, desde que desenhados de maneira adequada, esti-mulando inclusive as visitas físicas à biblioteca.

Artropatias da ATm: a experiência da FOuSP no ensino de graduação com interação interprofissionalApresentador: Aline Cristine Munhoz LopesAutores: Aline Cristine Munhoz Lopes, Fabiane

Miron Stefani, Oswaldo Crivello-Junior Instituição: Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo

A Odontologia e a Fonoaudiologia constituem par-tes da ciência médica, cuja atividade em comum

é estudar, compreender e saber interpretar as anoma-lias de todo o sistema estomatognático. Desta forma o ensino integrado destas duas especialidades em um mesmo cenário e com atores de ambas as profissões discutindo ensino e pesquisas e com os alunos atuan-do juntos vêm ao encontro das diretrizes curriculares de ambos os cursos. Quando odontólogos e fonoau-diólogos trabalham em equipe, o papel de cada pro-fissional, bem como os conceitos envolvidos são apre-sentados com clareza. Aproveitando essa experiência pedagógica gratificante resolvemos pesquisar as ativi-dades desenvolvidas pelos alunos de Odontologia e Fonoaudiologia e das características comuns dos pa-

cientes que integram os dois universos de tratamento assim como o crescimento cognitivo dos alunos de graduação em relação ao temas estudados na clínica. Ao longo dos 7 anos desta experiência integrada le-vantamos as atividades desenvolvidas pelos alunos de ambos os cursos e analisamos relatórios dos alunos e trabalhos acadêmicos por eles realizados e aplicamos questionários para serem respondidos pelos alunos em 3 momentos diferentes. Há diferenças nas condu-tas adotadas pela Odontologia no tratamento de seus pacientes, o que acarreta também posturas diferen-ciadas na integração interprofissional. Em relação ao paciente com disfunção de ATM os alunos apontaram a vantagem do tratamento integrado. A avaliação do papel do Cirurgião-Dentista no tratamento passou de importante, no questionário inicial, para fundamen-tal no questionário final na ótica das alunas da Fono-audiologia, bem como a clareza do tratamento ado-tado pelo Cirurgião-Dentista.

As políticas públicas de saúde e a graduação em Odontologia: interação necessária para gênese de um profissional generalista apto a atuar no Sistema Único de SaúdeApresentador: Ana Áurea Alécio de Oliveira

RodriguesAutores: Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues,

Adriano Maia SantosInstituição: Universidade Estadual de Feira de

Santana e Universidade Federal da Bahia - Vitória da Conquista

Quem lança um olhar sobre a formação nas esco-las de Odontologia, no Brasil, percebe um inten-

so debate acerca da necessidade de mudanças nos currículos e nas práticas pedagógicas. Entre as distin-tas percepções sobre o mesmo problema, estão a que acredita na necessidade de transformação, pautada em mudanças no mercado de trabalho e, portanto, na necessidade de contornar as dificuldades de inserção profissional e criar novas inserções que mantenham o status quo e aquela que tem a percepção de que a crise é, antes de tudo, paradigmática, ou seja, os sabe-res, cunhados há séculos em relação à Odontologia, não estão satisfazendo às necessidades apresentadas pela sociedade. Embora a universidade esteja buscan-do ampliar sua relevância social, a produção de co-nhecimento e a formação profissional estão marcadas pela especialização, pela fragmentação e pelos inte-resses econômicos hegemônicos. A educação, nas

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escolas de saúde, permanece reproduzindo o paradig-ma flexneriano, em contraposição ao paradigma da integralidade, subtraindo as possibilidades de diálogo entre as diferentes áreas do saber. A valorização social do especialista leva a uma forte tendência à especiali-zação precoce. O estudante inicia a graduação e, nos primeiros semestres já afirma qual fragmento do pro-cesso profissionalizante deseja dominar (endodontia, cirurgia, prótese, entre outras). O que intriga a for-mação do futuro profissional é seu descompasso com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com as necessida-des demandadas pelas pessoas, evidência que se acen-tua ao defrontarmos com os atuais indicadores epide-miológicos de saúde bucal. Apesar da reorientação do modelo de saúde – a partir da década de 90, através de políticas descentralizadoras – via municipalização da saúde, e as novas estratégias de saúde a partir da institucionalização do SUS em 1988 - Programa Saúde da Família em 1994 e a Equipe de Saúde Bucal no PSF em 2000, prioriza-se a especialidade odontológica na formação e ocorre a defesa da lógica liberal na atuação profissional. Nos cursos de graduação faltam discipli-nas sobre políticas públicas de saúde; a maioria dos professores não tem entendimento da intersetoriali-dade e que as doenças bucais são um problema de saúde pública. Desconhece-se o SUS; profissionais sem noção de Atenção Básica, secundária e terciária e sem uma responsabilização pela sua clientela. Entende-mos, então, que a possibilidade de formação de um novo profissional, generalista, que não significa saber um pouco de tudo de forma superficial, mas pressu-põe conhecer muito bem os diversos problemas que repercutem no processo saúde/doença de cada indi-víduo e da coletividade, conseguindo resolver bem os principais problemas de saúde da população é neces-sária, além da incorporação dos conteúdos relativos às políticas de saúde nas ementas das disciplinas, uma articulação entre a escola e o serviço público, com a utilização dos espaços privilegiados de ensino-apren-dizagem, as unidades de saúde.

Avaliação da ampliação dos cenários de práticas no curso de Odontologia da FORP/uSPApresentador: Maria da Gloria Chiarello de MattosAutores: Ana Elisa Bregagnolo, Maria da Gloria

Chiarello de Mattos, Marlivia Gonçalves Carvalho Watanabe

Instituição: Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP

O atual currículo da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo

(FORP/USP) amplia os cenários de ensino-aprendi-zagem ao implantar as disciplinas Programa Saúde da Família, que têm por objetivo desenvolver atividades ao longo de toda a formação acadêmica, proporcio-nando ao aluno, desde cedo, o contato com a reali-dade social e dos serviços de saúde, oferecendo-lhe condições para superar a dicotomia entre estudo e trabalho, valorizando a incorporação de tecnologias leves e o trabalho em equipe multiprofissional. Esse projeto tem como objetivo avaliar uma das vertentes da reformulação curricular implantada na FORP-USP em 2004, que é a diversificação dos cenários de prá-tica por meio da aproximação com os serviços de saúde, do ponto de vista da experiência dos alunos do 1º ao 4º ano do curso e os reflexos por eles sentidos na sua formação como profissional de saúde/cirur-gião-dentista. Para tanto, foi elaborado um questio-nário de avaliação, aplicado no final de cada discipli-na, enfocando os seguintes aspectos: aulas teórico-práticas, participação dos alunos, trabalho na equipe de saúde da família, condições de infra-estru-tura e o impacto na formação. A análise das informa-ções coletadas mostra que os estudantes manifesta-ram opiniões bastante positivas em relação a todos os aspectos abordados, considerando as atividades óti-mas ou boas, principalmente contribuição para a sua formação (87%), bem como conteúdos programáti-cos (81%), carga horária (80%), estratégias pedagó-gicas (82%), e interação com a equipe de saúde da família (90%). Quanto à bibliografia sugerida e ins-talações das unidades, mais da metade considerou boas ou ótimas. Nesses aspectos aparecem sinais de necessidade de melhorias. As atividades direcionadas à aproximação ensino/serviços de saúde no curso de graduação da FORP/USP foram avaliadas como bas-tante satisfatórias, trazendo importante contribuição para a formação dos profissionais Odontologia.

Avaliação da qualidade de radiografias intrabucais realizadas por acadêmicos da FO-uFRGSApresentador: Marcelo Ekman RibasAutores: Marcelo Ekman Ribas, Bárbara Capitanio

de Souza, Vania Regina Camargo Fontanella

Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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O presente estudo objetivou avaliar a qualidade das radiografias intrabucais realizadas por alu-

nos do 5º e 6º semestres do curso de Odontologia, durante a prática clínica, identificando os erros e a freqüência com que ocorrem. Dois examinadores ca-librados examinaram as radiografias e as classificaram segundo os erros de técnica e falhas de processamen-to. Das 962 radiografias analisadas, 85% eram peria-picais e 15% interproximais. Pelo menos um erro ocorreu em 82% das radiografias periapicais e em 89% das interproximais. O erro mais prevalente foi a má centralização do filme (32%), seguido da posição inadequada da marca identificadora (14%) e da mar-gem de segurança (12%) e do ponto de incidência (12%). Em relação aos erros de processamento radio-gráfico, o mais freqüente foi a presença de manchas e/ou arranhões (82%), seguido de alta densidade (10%) e imagem parcial (4%). Em ambas as amostras (5º e 6º semestres) foi encontrada associação signifi-cativa entre angulagem horizontal deficiente e regi-ões de caninos e pré-molares superiores, angulagem vertical excessiva e região de pré-molares inferiores, angulagem vertical deficiente e região de incisivos superiores. Conclui-se que na prática clínica alunos de 5º e 6º semestre apresentam as mesmas dificulda-des técnicas na obtenção de radiografias.

Avaliação da utilização da ferramenta de ensino Aprender unoeste no curso de OdontologiaApresentador: Claudia de Oliveira Lima CoelhoAutores: Claudia de Oliveira Lima Coelho, Eliane

Gava Pizi, Luis Antonio Sasso Stuani, Luciane Regina Gava Simioni

Instituição: Universidade do Oeste Paulista

O Aprender UNOESTE é uma ferramenta de ges-tão de cursos a distância que está sendo utilizada

pela UNOESTE. O software foi desenhado para aju-dar educadores a criar cursos on line de qualidade e trabalhar com os alunos em ambientes virtuais, ge-renciando-os à distância. Baseado em uma filosofia construcionista, onde o trabalho do “professor” pode mudar de “fonte de conhecimento” para influencia-dor e modelo da cultura da classe, conectando-se com os alunos de um modo pessoal que detecta suas ne-cessidades de aprendizagem, e facilitando discussões e atividades de um modo que leve os alunos, coletiva-mente, em direção aos objetivos de aprendizagem da classe. Tornou-se evidente, a partir do perfil do aluno ingressante do curso de Odontologia da Unoeste, a

necessidade de cada vez mais o professor interagir com o aluno em um ambiente que lhe é familiar, fa-cilitando desta forma o ensino-aprendizagem. Este programa permite que a sala de aula se estenda para o ambiente da Internet e desta forma ampliam-se os recursos didáticos. Com relação às ferramentas que disponibiliza para interagir com o aluno fazem parte: divulgação de materiais, links com sites importantes para a disciplina, fórum, tarefas, questionários, bate papo, lição, glossário, pesquisa de opinião e outras que podem ser criadas relacionando as ferramentas. Atualmente no curso de Odontologia temos 16 disci-plinas que utilizam esta ferramenta de ensino. O ob-jetivo deste trabalho foi avaliar a utilização do Apren-der Unoeste no curso de Odontologia. Para isto, todos os alunos do curso responderam a um questionário em anonimato. A realização de tarefas foi a atividade mais executada (43 %), a que eles acham que mais contribuiu com seu aprendizado (71 %) e a que eles mais gostaram de realizar (74 %). Grande parte dos alunos (70 %) afirma que esta ferramenta de ensino contribui muito para o aprendizado e acham que mais professores deveriam adotá-la em suas disciplinas (75 %). Ocorreram diferenças de opiniões entre os alu-nos de diferentes termos, principalmente porque os alunos do último termo só tiveram contato com o Aprender Unoeste no 4º. termo, sendo mais resisten-tes à sua utilização. É certo também que alguns pro-fessores podem encontrar algumas dificuldades na sua utilização, principalmente no início, mas esta fer-ramenta vem além de auxliar no processo ensino-aprendizagem, além de nos colocar em um ambiente mais próximo desta nova geração de estudantes.

Avaliação do grau de conhecimento dos cirurgiões-dentistas da rede básica de saúde do Brasil, Argentina e Paraguai com relação ao Tratamento Restaurador Atraumático - ARTApresentador: Márcia Cançado FigueiredoAutores: Márcia Cançado Figueiredo, Daniel

Demétrio Faustino-Silva, Andressa da Silveira Bez

Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS

A odontologia vem evoluindo de uma abordagem cirúrgico-restauradora e preventivista, para um

enfoque que incorpora noções integralizadora do processo saúde-doença e da promoção de saúde, com

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ênfase na atenção básica. Esse processo evolutivo fez com que novas ações tecnológicas fossem impulsio-nadas através de pesquisas científicas que levassem em conta as dimensões sociais, econômicas e culturais da população.Coerente com este novo paradigma foi introduzido especificamente para o tratamento da doença cárie, o Tratamento Restaurador Atraumático (ART), tratamento este, que vem se consolidando desde seu surgimento, ou seja, início da década de 90, com uma técnica de caráter definitivo e resolutivo, permitindo prerrogativas importantes para o desen-volvimento da odontologia atual, tanto nos serviços públicos como nos privados. Este tratamento permite a calibração de conceitos e definição de estratégias de abordagem em diferentes países para que os cirur-giões-dentistas possam bem utilizá-lo. Objetivou-se avaliar os conhecimentos sobre o ART de cirurgiões-dentistas(CDs) da rede básica de saúde de 3 países da América Latina (Brasil-Paraguai-Argentina).Trata-se de um estudo descritivo transversal, onde os CDs fo-ram convidados durante sua participação num even-to de odontologia ocorrido neste ano, promovido pelo serviço público que estão inseridos, a preenche-rem um questionário contendo 7 questões fechadas que abordavam os conceitos do ART. A amostra final foi composta por 500 questionários e as respostas ca-tegorizadas de acordo com o número de acertos: Excelente(E) para 7 questões corretas; Suficiente(S) para 5 ou 6 questões corretas e, Insuficiente(I) de 0 a 4 questões corretas. Foram utilizados além da aná-lise descritiva das variáveis contínuas, o teste estátisti-co kruskal-Wallis para análise entre a idade e o tempo de prática clínica dos CDs de diferentes paises, p>0.02, o teste qui-quadrado aplicado para analisar as tabelas de contingência,p>0.01 e através de regressão logísti-ca p>0.05 analisou-se o conhecimento do ART pelos CDs. Não houve diferenças significativas para os re-sultados analisados quanto ao conhecimento do ART pelos CDs dos 3 países avaliados, onde: 51,28%-(I); 33,34%-(S) e, apenas 15,38%-(E). 35,90% dos CDs apresentavam idade que variava de 31 a 40 anos, apre-sentando 33,34%, um tempo de prática clínica que variava de 21 a 30 anos. Pode-se concluir que os cirur-giões-dentistas apresentam um grau de conhecimen-to insuficiente para realizarem o ART e, nesse sentido destaca-se a importância da introdução imediata de oficinas de capacitação na rede básica de saúde destes países, para que aspectos relevantes do ART sejam aprofundados permitindo a evolução de uma consci-ência crítica destes profissionais, utilizando-se a me-todologia da problematização.Acredita-se ainda que

o ART é muito pouco explorado pelas instituições formadoras na graduação destes países, e isto se re-produz nas práticas destes profissionais atuantes nas equipes de saúde bucal, resultando em ações isoladas de cada em sua atividade diária e na sobreposição nas ações de cuidado e sua fragmentação.Esta pesquisa trouxe uma contribuição valiosa para que se possa definir nestes três países avaliados, parâmetros para que haja implementação da filosofia da Mínima In-tervenção e Máxima Prevenção (MI), onde se inclui o ART, nas grades curriculares dos cursos de Odon-tologia.Buscar entender e assimilar esta nova prática que participa diretamente do processo de inovação tecnológica apropriada, é um processo irreversível nos serviços da rede básica de saúde e, no entanto, não deve ser interpretada como uma ameaça na qua-lidade da odontológia, mas sim como uma oportuni-dade para que ocorra esta cooperação: rede básica de saúde e instituições de ensino, pesquisa e extensão destes países, uma vez que sendo complementares, melhorariam em muito o processo ensino-aprendi-zagem, que é para onde devem convergir todos os benefícios desta parceria.

Avaliação do Projeto Político Pedagógico do Curso de Odontologia da uFPB. O olhar do discenteApresentador: Francineide Almeida Pereira MartinsAutores: Francineide Almeida Pereira Martins,

Maria Elba Dantas Pereira de Moura, Claudia Helena Soares de Morais Freitas, Rosimar de Castro Barreto

Instituição: Universidade Federal da Paraíba

Os processos avaliativos do ensino superior devem ser entendidos como práxis atuais, norteadoras

das políticas educacionais que asseguram mudanças profundas e abrangentes na qualidade do ensino. Nesse contexto, o Projeto Político Pedagógico previs-to nas Diretrizes Curriculares Nacionais representa um dos alicerces no processo de avaliação das condi-ções de ensino dos cursos de graduação, e como agen-te indutor de melhoria do ensino deve ser continua-mente avaliado e reconstruído. O Projeto Político Pedagógico do Curso de Odontologia da Universida-de Federal da Paraíba foi operacionalizado a partir do período letivo 2002.1. Pautado nos fundamentos teóricos metodológicos, o estudo propõe avaliar o Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Odontologia-UFPB, na óptica da experiência viven-ciada pelos discentes. Os dados foram coletados atra-

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vés da aplicação de um roteiro de entrevista utilizan-do-se os indicadores de avaliação do INEP, atribuindo-se os conceitos: Muito Bom (MB), Bom (B), Regular (R ) Insatisfatório (I) e Não Sei (NS). Os dados foram agrupados em três dimensões: Orga-nização didático-pedagógico, Instalações físicas e Ges-tão acadêmica. Foram investigados 76,45% dos alu-nos cursantes do período letivo de 2006.2. A Organização didático-pedagógica na maioria dos in-dicadores, recebeu conceitos entre Bom e Regular, com destaque para a coerência com os objetivos do curso (48,8% B e 31,2%R), adequação da metodolo-gia de ensino (36,0%B e 37,6%R) e avaliação do pro-cesso ensino-aprendizagem (45,2%B e 34,0%R). No entanto, os conceitos Regular e Insatisfatório predo-minaram nos indicadores dimensionamento da carga horária (36,8%R e 35,6%I) e adequação da carga ho-rária do curso (42,4%R) e 34,4% I). As Instalações físicas receberam majoritariamente conceitos entre Regular (37,6%) e Insatisfatório (26,4%), e a Gestão acadêmica obteve na maioria dos indicadores concei-tos entre Bom e Regular. Esse estudo pontua vários graus de insatisfação e aponta a necessidade de ajus-tes e adequações do Projeto Político Pedagógico do Curso que possam suprir às expectativas dos alunos. Integra um projeto mais amplo de avaliação no qual são identificadas as potencialidades e fragilidades do curso, no olhar dos discente, docentes e gestores.

Avaliação: o rabo que balança o cachorro?Apresentador: Luiz Roberto Augusto NoroAutores: Luiz Roberto Augusto Noro, Ruy SouzaInstituição: Universidade de Fortaleza

O sistema de avaliação da maioria das instituições de ensino do Brasil trabalha, ainda hoje, hege-

monicamente, com sua perspectiva certificativa. As-sim, apesar de todo discurso sobre a necessidade da avaliação processual, que possa contribuir com a res-ponsabilização do estudante por seu aprendizado e por sua formação, o foco desta responsabilidade vol-tado para a instituição de ensino torna praticamente impossível o real papel da avaliação. Fica claro que a própria cultura sobre avaliação, que confunde com-petição com processo formativo, dificulta o desenvol-vimento da possibilidade de uma avaliação mediado-ra. Assim, vestibular, concurso, ENEM e ENADE não deveriam ser compreendidos como sistema de avalia-ção, mas sim como elementos para seleção de indiví-duos ou instituições com a finalidade de incluir ape-

nas uma parcela do total, uma vez que existe uma pré-determinação do total de vagas ou uma quantida-de de posições previamente definidas no “ranking”. Num sistema de avaliação não há necessidade de se competir, de se classificar, mas sim de apresentar a perspectiva de um aprendizado colaborativo, onde todos podem aprender uns com os outros. Desta for-ma, ainda, a avaliação não tem seu papel apenas no campo do conhecimento, mas deve ter a perspectiva de mediar habilidades e atitudes, tão essenciais na formação em saúde. Nesta lógica, a instituição troca seu papel de certificação para ser um espaço de real colaboração entre seus atores (professores, alunos, funcionários). A avaliação deveria ter como grande meta, a garantia do aprendizado. Nesta dimensão não há aprovados e muito menos reprovados; o sentido-chave do processo é de o aluno, a partir de sua elabo-ração crítica, apoiado pelo professor, conseguir des-cobrir o que efetivamente aprendeu. A avaliação como atividade-fim do processo educativo, como es-tamos acostumados a vivenciar, tem pouca contribui-ção para a formação crítica e reflexiva do estudante, somente servindo para distanciar o professor do es-tudante. Como o papel do professor na maioria das vezes é o de juiz, sua aproximação ao aluno pode ser confundida com favorecimento assim como seu dis-tanciamento, com perseguição. Para esta elaboração, é fundamental a compreensão do professor como pesquisador, fazendo que o momento pedagógico da aula copiada, repetida, seja substituído pela autoria compartilhada, fazendo com que ambos cresçam no processo de aprendizagem. Para que o estudante pos-sa aprender a aprender é fundamental que ele esteja estimulado pela busca, residindo no professor a res-ponsabilidade fundamental de contribuir para o cres-cimento permanente do estudante, substituindo-se seu papel de juiz (aprovado/reprovado) pela de su-jeito aliado à descoberta, com competência política na construção da autonomia sua e do aluno, também beneficiado pelo novo conhecimento produzido.

Biossegurança: a experiência da FOuSP no ensino de graduação em âmbito interprofissionalApresentador: Mayra Monteiro de OliveiraAutores: Mayra Monteiro de Oliveira, Bonnie Taylor

Gomes Escudero, Rosemary Fracolli, Oswaldo Crivello-Junior

Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo

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Neste estudo visualizaremos as possibilidades de interação entre Odontologia e Enfermagem na

clínica de graduação da Faculdade de Odontologia da USP (Rev. ABENO 2007) mostraremos nesta opor-tunidade os avanços e dificuldades observadas duran-te esse processo. Levando–se em consideração da insipiência da integração entre essas duas profissões no ensino de graduação, exceto em âmbito hospitalar, vimos que algumas vertentes podem surgir para o aluno de graduação. Dividiremos em 3 tópicos com um exemplo para cada um deles: 1. Comportamental: o aluno pode começar a entender que o fato de exis-tir uma Enfermeira na clínica não o exime, ou o pro-fissional diplomado no caso, de responsabilidades sobre a medicação do paciente. O Enfermeiro só pode medicar o que lhe é prescrito, independente da natureza da medicação. Da mesma forma são os pro-cedimentos em casos de urgências não odontológicas. A responsabilidade é do Cirurgião-Dentista, diagnos-ticar e tratar e, se necessário, acionar a Enfermagem para as medidas que lhe são de sua competência. 2. Cognitivo: a Enfermagem pode colaborar de forma importante no ganho cognitivo do aluno de gradua-ção. O enfoque em relação à biossegurança, pelo ex-tenso aprendizado para ambientes assépticos, pro-porciona um aumento do conhecimento tanto em relação ao aluno, como também influência o corpo administrativo da clínica odontológica. Isso pode ser observado em ações de proteção e prevenção de in-fecções. em uma clínica onde são atendidos vários pacientes, sendo vital o conhecimento sobre as técni-cas de limpeza, de áreas com maior ou menor risco de infecção e as informações relacionadas, por exem-plo, à segurança biológica, infecção cruzada, métodos eficazes de esterilização e desinfecção, riscos ocupa-cionais bem como eliminação adequada dos resíduos sólidos de serviços de saúde. Foi verificado o desco-nhecimento dos funcionários da equipe de limpeza que atuam na Clinica Odontológica da FOUSP, em relação à seqüência de limpeza da clínica, limpeza do chão, utilização de EPI, limpeza dos materiais utiliza-dos para limpar a clinica e as diferentes substâncias utilizadas nas diferentes superfícies, bem como em relação à forma como se deve limpar o chão.Já o co-nhecimento dos alunos em relação a biossegurança é crescente ao evoluir no curso. 3. Procedimental: nas práticas de ensino em BLS ( basic life support) ou ACLS (advanced cardiac life support), e nas práticas adequadas de administração de medicações IV ou IM em algumas disciplinas. Resistências de diversas natu-rezas ocorrem: 1. Profissionais não preparados ade-

quadamente mas que possuem cargos de responsabi-lidade, quepor desconhecimento das ações da enfermagem acabam dificultando a atuação legal da enfermeira. 2. Desconhecimento do campo de com-petência a de atuação do profissional de Enferma-gem.e suas possibilidade de interagir com o gradu-ando de Odontologia. Conclusão: as possibilidades de interação de uma profissional de formação supe-rior em Enfermagem podem otimizar os conheci-mentos cognitivos, comportamental e procedimen-tal, mas existe a necessidade de compreensão clara das competências e limites deste profissional. A En-fermagem é uma profissão em que se abre um leque de opções de atuação, porém é importante que não se perca o foco de atuaçãodeste profissional junto a uma instituição de ensino de Odontologia.

Blog como ferramenta educacional na Odontologia: experiência da Bioquímica OralApresentador: Emily GanzerlaAutores: Fernando Neves Nogueira, João Humberto

Antoniazzi, Mary Caroline Skelton MacedoInstituição: FOUSP

De acordo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), os egressos de Odontologia devem ser

capazes de se educar continuadamente mantendo o espírito crítico, mas aberto a novas informações. O uso de tecnologias computacionais na educação co-labora na aprendizagem e promove a inclusão digital. Atualmente 32% da população do Brasil têm acesso à Internet, dos quais 41% buscam atividades educa-cionais. A disponibilização de conteúdos por profes-sores e alunos promove a democratização do conhe-cimento e favorece novas metodologias de ensino-aprendizagem. Na Odontologia, a Internet pode ser usada de inúmeras maneiras: ferramenta de ensino na graduação, pós-graduação, reciclagem do conhecimento dos CD e ACD, discussões de casos clínicos e esclarecimento da população. Na FOUSP foi aplicado um questionário a 18 alunos da disciplina optativa de Bioquímica Oral, constatando interesse pela publicação dos conteúdos na Internet e partici-pação em atividades complementares virtuais. Com base nos resultados, criou-se um blog (ferramenta de publicação de conteúdo sem a necessidade de conhe-cimento de linguagem de programação) sobre saliva. O blog consiste num diário virtual, com a publicação de conteúdos em blocos cronológicos, além de ser serviço gratuito. Como ferramenta de ensino se mos-

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tra atraente por apresentar recursos como a publica-ção e administração de conteúdos pelo professor e a possibilidade de inclusão de links, fotos, arquivos e comentários pelo estudante. Por ser ferramenta de fácil desenvolvimento, todo professor pode utilizá-la. O objetivo foi principalmente o envolvimento dos alunos na construção dos conteúdos, sendo que após a aula ministrada, o aluno pôde postar comentários críticos, além de publicar relatórios visando divulgar o material desenvolvido na aula prática. Para que se cumpram integralmente os objetivos propostos nas Diretrizes Nacionais é necessário que se busque alter-nativas educacionais viáveis e de interesse dos alunos dentre as que a Internet oferece: o blog é uma ferra-menta que atende a esses parâmetros.

Características pós-graduação lato sensu em Odontologia no BrasilApresentador: Maria Goretti QueirozAutores: Maria Goretti Queiroz, Claudio Rodrigues

LelesInstituição: Universidade Federal de Goiás

Em 1978 Tabacof realizou um levantamento sobre a pós-graduação realizada nas Instituições de

Ensino Superior (IES) no Brasil. Constatou que havia 38 cursos de especialização sendo realizado no Brasil majoritariamente nas estaduais paulistas. Na litera-tura consultada o Curso de Especialização em Saúde Pública para Dentistas –USP, em 1958, parece ter sido o primeiro curso desta modalidade realizado no Bra-sil, seguido do de Patologia Bucal na UFRJ em 1961. Em janeiro de 2007 o INEP publicou o resultado de um levantamento da pós-graduação lato senso nas IES brasileiras onde constatou a baixa existência de cursos a distância, a concentração dos cursos na re-gião sudeste e nas instituições privadas. Esta pesqui-sa tem como objetivo mapear os cursos de pós-gra-duação em odontologia lato sensu realizados no Brasil. Para tanto foram tabulados os dados disponí-veis no sitio do CFO dos cursos encerrados até abril de 2008 realizados nas IES e entidades da categoria. Os dados coletados identificaram a instituição, espe-cialidade, localidade, ano de início e foram tratados estatisticamente no programa SSPS. Observou-se que os cursos são oferecidos majoritariamente nas insti-tuições da região sudeste, seguindo a tendência da distribuição dos cursos de graduação. Dos cursos ofertados 67,9% o são em IES. Destaca-se a atuação da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) na oferta dos ministrados por entidades da categoria..

As especialidades mais ofertadas em ambas as insti-tuições são o de endodontia, seguido de odontope-diatria e periodontia (nas entidades) e os de prótese dentária (nas IES). Os cursos da área do diagnóstico correspondem a 6,6% dos cursos ofertados pelas IES e 3,6% pelas entidades da categoria, sendo que um terço deste total foram cursos de radiologia. Os cur-sos de saúde coletiva são ofertados mais pelas entida-des da categoria (2,9%) do que pelas IES (1,9%). Estes dados apontam para uma tendência destes cur-sos de formação para o mercado. A ABENO por meio de seu programa de aperfeiçoamento de pessoal do-cente concedeu, subsidiado pela Fundação K.W. Kellogg, 77 bolsas para cursos de especialização entre 1956 a 1962. Neste contexto estes cursos eram incen-tivados como forma de melhorar a qualidade do en-sino de graduação. O exercício da docência apenas com cursos de especialização ainda se constitui como uma possibilidade de ingresso no mercado de traba-lho, principalmente nas IES particulares. Desde 1972 o CFO controla a oferta dos cursos de especialização com legislação própria com ação similar a do MEC. No entanto, este mecanismo não consegue garantir qualidade dos programas e distribuição de acordo com as necessidades locais. Conhecer esta realidade contribui para pensar uma política de formação pro-fissional que contemple os eixos norteadores apon-tados pela Portaria Interministerial nº 45, de 12 de janeiro de 2007.

Ciências Odontológicas Articuladas: transpondo dificuldades para transformar o ideal da assistência integrada em realidadeApresentador: Veridiana SallesAutores: Cláudia Borges Brasileiro, Keli Bahia

Felicíssimo Zocratto, Patrícia Vieira dos Santos, Veridiana Salles

Instituição: Centro Universitário Newton Paiva

O objetivo deste trabalho é apresentar a experiên-cia das clínicas articuladas do curso de Odonto-

logia do Centro Universitário Newton Paiva (CUNP). O eixo norteador do Projeto Pedagógico do curso é a construção de um modelo de atendimento integral e integrado realizado nos conteúdos de Ciências Odontológicas Articuladas (COAs). Entende-se que a articulação de conteúdos distintos permite a forma-ção de um cirurgião-dentista generalista, competente técnica e cientificamente. A vivência prática simultâ-nea de diversos conteúdos proporciona ao aluno a

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percepção da interface de diversas áreas. Esta nova mentalidade na área de atenção à saúde rompe com o modelo tradicional e fragmentado, permitindo ao acadêmico oferecer um atendimento global ao pa-ciente, respeitando seus anseios, seu estado de saúde geral e considerando sua realidade cultural, social e econômica. As dificuldades enfrentadas pelo corpo docente multiprofissional, fruto da formação especia-lista, na atuação em clínicas articuladas são acompa-nhadas diretamente pela coordenação de curso. Reu-niões de calibração e grupos de discussão entre os professores de diversas especialidades são periodica-mente realizados para a troca de experiência entre o corpo docente, o estabelecimento de protocolos e a padronização de condutas nas clínicas. Sanar as difi-culdades da associação das necessidades dos pacien-tes às competências e habilidades dos acadêmicos e à sistemática de funcionamento das clínicas também requer o envolvimento dos discentes e setor adminis-trativo. A cada período há uma complexidade cres-cente dos procedimentos realizados acompanhando a construção do conhecimento dos discentes ao lon-go de sua trajetória acadêmica. Preferencialmente, pacientes e alunos seguem juntos ao longo do curso para uma seqüência do atendimento e fortalecimen-to da relação aluno-paciente, tornando o atendimen-to mais humanizado. No entanto, este elo poderá ser rompido em benefício do processo de aprendizagem quando se observa, através de um relatório mensal, a não execução de procedimentos-chaves específicos de cada período. Este relatório, gerado pelos docen-tes com auxílio dos alunos, registra toda a produção qualitativa e quantitativa de cada discente e permite o monitoramento do processo de encaminhamento de pacientes pelo setor administrativo de forma a su-prir as necessidades acadêmicas. Desta forma, devido à complexidade que envolve o aprendizado com a oferta de um serviço, em conteúdos articulados, tor-na-se imperativa a participação efetiva do setor admi-nistrativo, coordenação de curso e professores e o estímulo da co-responsabilidade dos alunos no pro-cesso de acompanhamento de sua atuação para que haja excelência no processo de aprendizagem.

Clínica odontológica interdisciplinar: integrando ensino, pesquisa e extensãoApresentador: Neilor Mateus Antunes BragaAutores: Neilor Mateus Antunes Braga, Leandro

de Melo, Altair Soares de Moura, Manoel Brito Júnior

Instituição: Faculdades Unidas do Norte de Minas -Funorte

A indissociabilidade das práticas de ensino, pesqui-sa e extensão favorece a aproximação entre teo-

ria e prática, fator essencial para a conquista de obje-tivos educacionais. Além disso, as atividades de pesquisa e extensão associadas ao ensino podem pro-piciar o desenvolvimento de competências que con-duzem à formação acadêmica de maneira mais ade-quada para o pleno exercício profissional. Neste contexto, a prática odontológica interdisciplinar as-sume grande importância, uma vez que possibilita aos alunos a habilidade de realizarem diagnósticos e tra-tamentos clínicos de forma abrangente, objetivando preservar a integridade da saúde bucal, ao mesmo tempo em que procura estabelecer a responsabilida-de pela formação social dos futuros profissionais. As-sim, a articulação de conteúdos de áreas especializa-das da odontologia é algo que resulta em benefícios tanto para o paciente como para o estudante, uma vez que melhora sensivelmente sua aprendizagem, já que se habitua a observar o paciente de forma global, executando os procedimentos clínicos necessários, tendo controle permanente da evolução do tratamen-to. O presente trabalho tem como objetivo apresentar um dos projetos de extensão do Curso de Odontolo-gia das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FU-NORTE, a clínica odontológica interdisciplinar avan-çada. Esta atividade de extensão tem como balizadores a promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, além do controle pós-operatório dos procedimentos realizados, no âmbito de um contexto clínico interdisciplinar articulado, propiciando con-comitantemente ações integradas de ensino, serviço e pesquisa. Os eixos norteadores são ações clínicas e de pesquisa nas áreas de clínica odontológica, opor-tunizando a participação dos discentes e dos docentes em atividades junto à comunidade. O foco inicial do atendimento é a Casa do Menor de Montes Claros-MG (CEZENA) com público alvo de aproximadamente 80 pessoas, onde o atendimento respeita as necessi-dades de cada caso clínico, procurando integrar os conhecimentos, as habilidades e os valores adquiridos ao longo do curso, de modo a proporcionar ao pa-ciente o atendimento integral das necessidades evi-denciadas. Este atendimento está sendo baseado nas seguintes etapas: exame inicial com o objetivo de se realizar um correto diagnóstico; discussão de cada caso clínico com o corpo docente interdisciplinar e demais graduandos, com o objetivo de elaborar um

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planejamento mais adequado; execução do planeja-mento pré-estabelecido; após a finalização do trata-mento, apresentação dos casos clínicos, em forma de seminário, com o objetivo de promover discussão en-tre o corpo docente multidisciplinar e demais gradu-andos; controle pós-tratamento e coleta de dados para pesquisas. Esta atividade de extensão permite o desenvolvimento do ensino, favorecendo a capacita-ção do discente, ao promover a articulação de conte-údos essenciais para a formação generalista do gra-duando, e ao mesmo tempo em que aguça sua sensibilidade humanística.

Como agem e reagem os alunos do ciclo profissional do curso de graduação da FOP-uPE em situação de provaApresentador: Nelson Rubens Mendes LorettoAutores: Nelson Rubens Mendes Loretto, Arnaldo

de França Caldas Junior, Eliane Helena Alvim de Souza, Maria do Socorro Orestes Cardoso

Instituição: Faculdade de Odontologia de Pernambuco

Avaliar, para alunos e professores, é, muitas vezes, o verbo do medo. Para Bloom (1983) o grande

mérito da avaliação está na ajuda que ela pode dar ao aluno em relação à aprendizagem da matéria e dos comportamentos, em cada unidade de aprendiza-gem. As pesquisas de Scouller; Prosser (1994) e Scoul-ler (1998) destacaram que os processos de avaliação utilizados em sala de aula influenciam a maneira pela qual os alunos estudam e aprendem os conteúdos de aula. O objetivo foi avaliar se o sexo, a idade e o pe-ríodo do curso do aluno de odontologia influenciam diferentes comportamentos durante a realização de prova. Um questionário com 17 situações relaciona-das à prova foi aplicado a uma amostra que corres-pondeu a 30% dos alunos matriculados no ciclo pro-fissional do curso de Odontologia. Os dados coletados foram lançados no software estatístico SPSS versão 13.0 e a associação entre as varáveis foi testada com o Teste Exato de Fisher. O grupo amostral predominan-temente feminino (68,1%), com idade entre 19 e 23 anos (66,4%) e cursando entre o 7º e 9º período (61,9%), mostrou que a opção “quase nunca” foi ma-joritária nas respostas da amostra (54,0%) sendo sua maior ocorrência na situação “prefiro as provas orais às provas escritas” (71,7%), enquanto a opção “quase sempre” teve sua maior ocorrência na situação “a questão tempo é fator importante para meu desem-

penho em prova” (61,9%). A associação entre as va-riáveis e as situações foi mais forte para a variável “período cursado”, que influenciou em um número grande de respostas. As variáveis sexo e idade dos alunos não estiveram fortemente associadas com os comportamentos em momento de prova, por outro lado, o período do curso influenciou fortemente as respostas, apontando para a necessidade de investi-gação dos possíveis fatores causais dos comportamen-tos encontrados.

Conceitos docentes sobre a formação de um cirurgião-dentista generalistaApresentador: Cristine Maria WarmlingAutores: Cristine Maria Warmling, Fransisco Avelar

Bastos, Alexandre Emídio, Márcia PedrosoInstituição: Ulbra - Campus Cachoeira do Sul

As políticas públicas nacionais tanto da área da educação como da saúde têm se aproximado

com o intuito de fazerem cumprir suas diretrizes maiores (Lei de Diretrizes e Bases da Educação e as Leis Orgânicas da Saúde). As orientações das políticas educacionais de formação dos cirurgiões-dentistas propõem a constituição de novos percursos curricu-lares aos cursos de odontologia para que assim os mesmos possam dar conta de formar perfis profissio-nais generalistas, mais adequados à realidade do pro-cesso de trabalho exigido pela atenção básica em saúde bucal no Sistema Único de Saúde. Mas essa é uma política de formação profissional ainda muito incipiente e que carece de consensos de seus atores em torno de como formar esses profissionais. Objeti-vou-se levantar conceitos, praticados pelos docentes de um Curso de Odontologia, sobre a formação ge-neralista, e discuti-los tendo como referencial teórico a perspectiva da saúde bucal coletiva. Através de uma pergunta aberta direcionada aos docentes do curso identificou-se alguns conceitos orientadores de suas práticas docentes voltadas para a formação de cirur-giões-dentistas generalistas. Para a interpretação dos dados que as respostas traziam foram destacadas áre-as temáticas centrais que se repetiam com maior fre-qüência nas respostas. A partir do desenho desse mapa conceitual procedeu-se a discussões pertinen-tes. As discussões das temáticas trazidas pelas respos-tas possibilitaram pensar como está se produzindo uma nova identidade profissional para o cirurgião-dentista no percurso de formação de um curso de odontologia em consonância com as políticas públi-cas. Os dados ainda preliminares apontados pela pes-

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quisa identificam temáticas centrais que se apresen-tam mais recorrentes nas preocupações dos docentes, e que se presume serem alvo de seus enfoques técni-cos, políticos e pedagógicos, tais como: possibilitar um sólido conhecimento básico técnico de cada área de atuação do cirurgião-dentista, encaminhar a ne-cessidade de atenção especializada, reconhecer a in-tegralidade do paciente, praticar a interdisciplinari-dade, priorizar diagnóstico e plano de tratamento, compreender a realidade social e epidemiológica do paciente, assim como atuar na preservação da sua qualidade de vida. Mais raras são as respostas que trazem a importância de que o processo de formação do generalista, tanto na perspectiva do docente como do discente, deve estar sendo balizado constantemen-te no próprio Projeto Político Pedagógico do curso.

Contribuição à formação integral do graduando em Odontologia em busca do respeito à dignidade do paciente e da abordagem integral do processo saúde-doençaApresentador: Cilene Rennó JunqueiraAutores: Cilene Rennó Junqueira, Dalton Luiz de

Paula RamosInstituição: Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo

De acordo com as Diretrizes Curriculares, a for-mação dos graduandos da área da saúde prevê

a incorporação da dimensão ética e humanística nos currículos dos cursos. Entretanto, ao longo dos anos, essa preocupação tem sido restrita às disciplinas de Deontologia, cujo foco é a apresentação dos códigos de conduta que regulam essas profissões. Este estudo tem o objetivo de fazer um estudo qualitativo, por meio da etnografia (Lüdke & André, 2005), sobre o curso de Odontologia da FOUSP para verificar se os professores contribuem para a formação humanísti-ca, ética e social dos graduandos. Para isso, foram realizadas entrevistas com docentes do curso, bem como foi realizada análise documental (cronogramas e ementas das disciplinas) e de estudos anteriores realizados na Instituição para identificar qual a con-tribuição dos docentes para essa formação humanís-tica. As entrevistas foram realizadas após aprovação do CEP da Instituição, gravadas e transcritas Os dados foram analisados por meio da etnografia para descre-ver de maneira holística e reflexiva a realidade do curso. Os dados obtidos (pela análise documental e das entrevistas) revelam a forte influência do ensino

da técnica, apesar de os professores reconhecerem a necessidade de incorporar o conhecimento humanís-tico e ético na formação dos alunos. Esses dados re-velam a necessidade de ampliar as discussões acerca das mudanças curriculares em andamento - em virtu-de de o curso participar do Pró-saúde - para favorecer, de fato, a implantação das Diretrizes, em busca do respeito pela dignidade do paciente e da abordagem integral do processo saúde-doença.

Contribuição do Estágio de Férias da uFSC para a formação profissional humanizada, social e integradaApresentador: Marianella Aguilar Ventura FadelAutores: Marianella Aguilar Ventura Fadel, Arno

Locks, Ana Paula Soares FernandesInstituição: Universidade Federal de Santa Catarina

O Estágio Clínico de Férias é realizado com alunos e professores do Curso de Graduação em Odon-

tologia em concordância com o calendário escolar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Esta atividade visa capacitar os acadêmicos participantes em atividades clínicas gerais básicas, como Dentística, Periodontia, Endodontia, Exodontia, Pequenas Ci-rurgias, Profilaxias, Aplicações de Selantes e de Flúor Tópico, Confecção de Placas Mio-relaxantes, Reparos e Confecções de Próteses Provisórias e Atendimento de Urgências Odontológicas. Para os alunos, é uma excelente oportunidade de treinamento de práticas clínicas odontológicas generalistas, além de apresen-tar-se como uma oportunidade de contato e interação com outros alunos e com professores oriundos de diferentes disciplinas. Para os professores, esta vivên-cia exige versatilidade de clínicos generalistas, pois, são profissionais com abordagens e condutas diferen-tes e específicas de acordo com sua especialidade, vivenciando o cotidiano de uma prática multidiscipli-nar. Este processo de aprendizagem é enriquecedor, pois, ao trabalhar em equipe, é necessário lidar com diferenças. Ao possibilitar este encontro ocorre um salto qualitativo nas relações entre alunos e professo-res, pois é um excelente exercício de aprendizagem, de troca de experiências e saberes, e também de hu-mildade, pois sempre há o que aprender e ensinar. O Estágio de Férias é uma experiência rica pela diversi-dade, que solidifica conhecimentos prévios, permite ampliá-los e vislumbrá-los sob diferentes perspectivas. Além do exercício da prática clínica integrada, são fortalecidos aspectos relevantes como a prática clíni-ca humanizada e comprometida com os aspectos so-

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ciais valorizando organização, segurança, agilidade, raciocínio e autonomia para tomada de decisões. O trabalho em equipe multidisciplinar propicia a inte-gração das diversas disciplinas favorecendo uma prá-tica odontológica integral, e que na prática do Estágio de Férias formam um conjunto harmonioso e em concordância com as Novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Odontologia.

Desenvolvendo as competências específicas das Diretrizes Curriculares nacionais em Odontologia: uma propostaApresentador: Lídia Morales JustinoAutores: Lídia Morales Justino, Marcos Aurélio

Maeyama, Raphael Nunes BuenoInstituição: Universidade do Vale do Itajaí

Introdução: As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s) para a Odontologia estabeleceram um

novo perfil para o cirurgião dentista a ser alcançado através do desenvolvimento de competências especí-ficas. A formação deve contemplar o sistema nacional de saúde e o Pró-Saúde (2005) que tem por objetivo a reorientação da formação com abordagem integral do processo saúde doença e ênfase na atenção básica. As DCN’s apontam que os conteúdos essenciais para a formação do cirurgião dentista distribuem-se em três grandes grupos: a) Ciências Biológicas e da Saú-de (CBS); b) Ciências Humanas e Sociais (CHS); e c) Ciências Odontológicas (CO). Materiais e métodos: A implantação de nova matriz curricular do curso era um dos objetivos indicados no projeto enviado ao Edital PRÓ-SAÚDE em 2005. As discussões da comis-são de implantação da nova matriz incluíram a im-portância do atendimento às DCN’s e às recomenda-ções do Pró-Saúde. Neste trabalho, ancorou-se na disciplina de Saúde Coletiva a responsabilidade de desenvolver alguns desses conteúdos, com a finalida-de de atingir/ampliar os três vetores do pró-saúde: orientação teórica, cenários de prática e orientação pedagógica, aliados à excelência técnica. As compe-tências foram distribuídas nos grupos: ciências bioló-gicas e da saúde, humanas e sociais e odontológicas (CBS, CHS e CO). A proposta foi apresentada à co-missão como uma estratégia para atingir mudanças na formação e será acrescida a outras alterações na matriz que estão sendo conduzidas. Resultados: a) CHS (competências I, II, III, IV, V, VII, VIII, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVIII, XIX, XX, XXI, XXIII, XIV, XXVI, XXVII, XVIII, XXIX); b) CO (competên-cias VII, IX, XII, XIII, XIV, XVI, XXIII, XXV, XXVI);

A competência VI refere-se ao conhecimento de me-todologia científica e as competências XVII, XXII, XXX estão relacionadas às atitudes posteriores à for-mação, não sendo classificadas em nenhum dos gru-pos. Discussão: Os conteúdos das CBS servem de base e remetem para as competências específicas. A cate-gorização por grupo é no sentido de responsabilizar pela abordagem teórica dos conteúdos. A materiali-zação das competências deve se dar pelo conjunto do curso, reforçando os conhecimentos, habilidades e atitudes desejáveis e recomendadas ao sujeito em for-mação. O grupo das CHS é o que inclui o maior nú-mero de competências, num total de 24, sendo que 22 são responsabilidade da saúde coletiva, colocando-a como âncora para atingir o perfil almejado. Síntese Propositiva: Tendo como eixo integralidade e atenção primária, sugere-se para a disciplina de saúde coletiva as seguintes temáticas: Abordagem integral do pro-cesso saúde-doença; Políticas públicas de saúde no Brasil; Sistema único de saúde; Atenção primária à saúde; Trabalho com a comunidade; Promoção da saúde; Educação em Saúde; Trabalho em equipe e interdisciplinaridade; Participação social; Visita do-miciliar; Vigilância em saúde; Territorialização; Pla-nejamento local em saúde; Risco e vulnerabilidade; Acolhimento; Gerenciamento dos serviços de saúde; Sistema de referência e contra-referência; Epidemio-logia; Ciclo vital das famílias e Saúde bucal; Cárie dental e doença periodontal (determinantes e formas de enfrentamento). As temáticas sugeridas trabalha-rão preferencialmente na orientação teórica, com sua efetivação articulada aos cenários de prática que prio-ritariamente deverão estar nas comunidades.

Diretrizes Curriculares nacionais para o ensino de graduação em Odontologia: uma análise dos artigos publicados na Revista da Abeno, 2002-2006Apresentador: Maria Inês Barreiros SennaAutores: Maria Inês Barreiros Senna, Maria de

Lourdes Rocha de LimaInstituição: UFMG- Faculdades de Odontologia e

Educação

Uma dimensão importante das políticas de edu-cação superior, na última década no Brasil, foi

a articulação da política de expansão do atendimento à demanda pelo ensino superior com a adoção de um sistema de avaliação e as propostas de flexibilização curricular dos cursos de graduação. O processo de discussão sobre as mudanças dos currículos mínimos

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dos cursos de graduação foi iniciado pela SESu/MEC em dezembro de 1997. As DCN para os cursos de graduação em Odontologia se encontram em vigên-cia desde 2002. O processo de flexibilização curricu-lar passa a ser entendido como uma estratégia de mudança no modelo vigente de formação de cirurgi-ões-dentistas, quer pela sua inadequação frente tanto aos interesses do mercado e às mudanças exigidas pelo processo de trabalho em saúde como aos inte-resses e necessidades sociais da grande maioria da população brasileira. Neste contexto, o objetivo des-se estudo é contribuir com o debate sobre as reformas curriculares para os cursos de Odontologia, buscando identificar as tendências das análises, as críticas, as questões mais relevantes apontadas pelos autores/pesquisadores sobre o processo de implementação das DCN. Trata-se de um estudo exploratório de na-tureza qualitativa. Foram analisados 15 artigos publi-cados sobre as DCN, no período de 2002 a 2006, na Revista da ABENO. Os artigos selecionados foram lidos e classificados em categorias, a partir de sua abor-dagem da temática, no sentido de identificar a posi-ção dos autores. As categorias criadas foram as seguin-tes: O discurso do Ministério da Saúde-MS- (02 artigos); Recomendações oficiais da ABENO (03 ar-tigos); Análises acadêmicas das políticas de saúde e de educação superior (03 artigos); Organização cur-ricular dos cursos de Odontologia (02 artigos);Estágios Supervisionados (05 artigos). Apesar da abordagem distinta de determinadas dimensões das DCN para os cursos de graduação em Odontologia, os artigos mos-tram uma certa convergência com relação às suas propostas de enfrentamento dos problemas, ou seja, a ressignificação do papel da universidade, do ensino de graduação na formação de profissionais de saúde. A construção /implementação das DCN para os cur-sos de graduação em Odontologia no Brasil está as-sociada de um lado à reestruturação produtiva do capitalismo global, particularmente à acumulação flexível e à flexibilização do trabalho. Por outro lado, se insere na luta da universidade pela reconquista de sua legitimidade social e pela consolidação do Sistema Único de Saúde em consonância com as necessidades sociais da maioria da população brasileira. Assim, o processo de implementação das DCN é um campo em disputa, por isso, nos cabe perguntar: Qual é a direção que a implementação das DCN dos cursos de Odontologia tomará?

Diretrizes Curriculares nacionais: diagnóstico do curso de graduação da Faculdade de Odontologia de Bauru-uSPApresentador: Nilce Emy TomitaAutores: Odair Bim Júnior, Jesus Carlos Andreo,

Nilce Emy TomitaInstituição: Faculdade de Odontologia Bauru-USP

No Brasil, o campo de estudo da crise da classe odontológica bem como da Odontologia en-

quanto área da saúde tem encontrado justificativas em diferentes âmbitos, sendo um dos mais explorados a necessidade da reestruturação curricular das Insti-tuições de Ensino Superior. O presente trabalho uti-liza dados da Oficina ABENO 2006, visando averiguar o estágio de implementação das Diretrizes Curricula-res Nacionais para os cursos de graduação em odon-tologia e as possibilidades de mudanças na educação odontológica dentro do Curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia da USP – Bauru. Em maio de 2006, um grupo de 46 participantes, composto em sua maioria por docentes da Faculdade de Odonto-logia de Bauru e representando 61,4 % dos professo-res do curso de odontologia da instituição, serviu de base para uma atividade em que se questionou a sin-tonia com o paradigma da integralidade no ensino superior, através da utilização de um instrumento prospectivo de análise, o qual se torna a matéria-pri-ma deste trabalho. Com base na proposta de Campos et al. (2001), são abordados aspectos da formação profissional que tangem a viabilização de inovações e transformações curriculares referidas como ele-mentos-chave para a formação de um profissional compromissado com os interesses coletivos e com a construção de consciência crítica, a fim de que se atendam às demandas de saúde da população. Os resultados mostraram que somando os valores de cada vetor, obtém-se a pontuação de 15,0, o que per-mitiu concluir que este curso apresenta-se em fase de inovação incipiente.

Diversificando os cenários de aprendizagem – relato de meio século de experiênciaApresentador: Luiz Fernando LolliAutores: Luiz Fernando Lolli, Suzely Adas Saliba

Moimaz, Nemre Adas Saliba, Clea Adas Saliba Garbin

Instituição: Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP

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A inserção de acadêmicos dos cursos da área da Saúde nos diferentes cenários de práticas é fun-

damental para a formação de profissionais críticos, capazes de tomar decisões e de agir como transfor-madores da realidade. A lógica de “conhecer para atuar e atuar para mudar”, tem recebido especial des-taque governamental nos últimos anos por meio de investimentos em programas de fortalecimento do Sistema Público de Saúde. Com base nisso, bem como nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), as Ins-tituições de Ensino Superior têm-se estruturado visan-do aproximação dos discentes à realidade da popula-ção. O objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento histórico de ações, projetos e progra-mas desenvolvidos ao longo de 50 anos da FOA - Unesp. Foi realizada uma pesquisa descritiva, docu-mental, na qual foram analisados: relatórios, fotos, slides, banco de dados, artigos publicados, documen-tos oficiais, entrevistas com docentes, ex-alunos, ser-vidores e visitas aos locais onde ocorreram e ocorrem os programas de saúde. Como resultados verificam-se vários programas desenvolvidos com ampla atuação em cenários distintos daqueles das clínicas tradicio-nais, destacando-se, dentre outros: “Campanha dos Bons Dentes”, “Campanha de Construção de Filtros Caseiros”, “Campanha para Construção de Poços e fossas”, “Programas Regional e Municipal de Educa-ção em Saúde Bucal”, “Participação de Atividades em Campus Avançados de Humaitá e Jacupiranga”, “Ser-viço Extramural Odontológico (SEMO)”, “Programa de Atenção à Gestante”, “Promoção de Saúde Bucal nas escolas municipais de educação infantil” e “Pro-grama de Saúde Bucal do Idoso”, “Formação de con-selheiros municipais de saúde” e “Capacitação de agentes comunitários e equipes do Programa de Saú-de da Família no estado de São Paulo (SP)”. As ativi-dades desenvolvidas acompanharam a evolução do saber científico na área de Odontologia e contexto sócio-político do país, desde o Sanitarismo Campa-nhista até o surgimento do SUS. O conceito ampliado de saúde, hoje muito consolidado, já era contempla-do na prática quando se realizaram as campanhas para construção de poços, fossas e filtros caseiros, considerando, além dos aspectos odontológicos, ou-tros intervenientes no processo de produção das do-enças. Após a criação do SUS, a FOA-Unesp voltou seus esforços também para programas de consolida-ção do controle social, com atividades de formação de conselheiros e ações de promoção de saúde com os programas de extensão e capacitação de agentes de saúde. Desde a criação do SEMO, quando a odon-

tologia da época estava focada no atendimento a crianças, por meio do Sistema Incremental, a Unesp já vislumbrava o princípio da universalidade, com projetos voltados à mulher, ao trabalhador, ao índio e mais recentemente aos idosos. Concluiu-se que ao longo dos 50 anos, a área de saúde coletiva desenvol-veu vários projetos, com resultados positivos na for-mação de profissionais sempre com integração da Universidade aos serviços locais e comunidade.

Editais para contratação docente como instrumentos importantes para a implementação das DCn’sApresentador: Eduardo José Guerra SeabraAutores: Eduardo José Guerra Seabra, Isabela

Pinheiro Cavalcanti Lima, José Ferreira Lima Júnior

Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Não é tarefa das mais fáceis proceder mudanças nas práticas de ensino que se encontram enrai-

zadas na comunidade odontológica com intensidade comparável a um traço cultural existente no meio, que é o da super especialização profissional. Trata-se de um nó crítico para a real implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a graduação em Odonto-logia. Além do exercício docente em todos estes anos ter tido direcionamento ao qual não é estimulado atu-almente, não existe um parâmetro definido por qual-quer entidade oficial no tocante a como o preparo dos docentes quando no momento de suas pós-graduações pode contribuir para este fim. Vale observar que a LDB já está em vigor a 12 anos da escrita deste documento e as DCN’s contam com 06 anos de existência. As fa-culdades de Odontologia devem desempenhar papel fundamental no desenrolar deste processo através das seleções para contratação de professores. Isso pode ser facilmente conseguido se os trâmites e as etapas do processo de seleção contemplarem conhecimentos sobre normas e práticas pedagógicas que hoje são exi-gidos para a prática docente e sobre o perfil do profis-sional que ele deve ajudar a formar, além de conheci-mentos sobre a LDB e as DCN’s. Somando-se a isto, os editais dos referidos concursos podem ser mais abertos quanto a área das pós-graduação a ser exigidos. Co-brando por exemplo em um edital para alguma disci-plina clínica do curso: graduação em Odontologia + mestrado em qualquer área odontológica + doutorado (sem especificar nada sobre em que área de conheci-mento), teremos como resultado uma maior abran-

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gência em perfis de candidatos onde um cuidadoso processo seletivo detectaria aquele que preenche mais adequadamente os requisitos necessários à docência em Odontologia. Lembremos que, principalmente nos estabelecimentos públicos de ensino, a contrata-ção de um professor é um investimento aproximada-mente para os próximos 30 anos, e a mudança de ru-mos nas práticas de ensino após sua contratação pode por inúmeros fatores, se tornar-se um processo com-plicado, dificultando, limitando ou inviabilizando toda a complexidade do funcionamento conjunto de um curso de Odontologia no tocante à inserção que se deve obter. Certamente, adaptações como esta pro-posta podem nos ajudar sobremaneira na transição que estamos passando entre como fomos formados e como devemos formar nossos alunos.

Estágio em Saúde Pública II: uma experiência de ensino-aprendizagemApresentador: Ramona Fernanda Ceriotti ToassiAutores: Ramona Fernanda Ceriotti Toassi, Vânia

Maria Aita de Lemos, Luísa Helena do Nascimento Tôrres, Carlos Pilz

Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Desde 2002, encontra-se em vigência a Resolução CNE/CES 3, de 19/2/2002, que institui as Dire-

trizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Gradua-ção em Odontologia a serem observadas na organiza-ção curricular das Instituições do Sistema de Educação Superior do País. As Diretrizes Curriculares Nacionais definem o objetivo do curso de Odontologia e o cur-rículo de base nacional comum, a ser complementado pelas instituições de ensino superior, com uma parte diversificada capaz de refletir a experiência de cada instituição e aos condicionantes do quadro regional em que se situa. Sobre os estágios curriculares, o arti-go 7o das diretrizes garante o desenvolvimento dos mesmos de forma articulada, com complexidade cres-cente ao longo do processo de formação do cirurgião-dentista e sob supervisão docente. Este estágio tem o objetivo de fomentar a relação ensino e serviços, am-pliar as relações da universidade com a sociedade e colocar o futuro profissional em contato com as diver-sas realidades sociais. Diante disso, a disciplina de Es-tágio em Saúde Pública II, do curso de graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS, se propõe a constituir uma experiên-cia de ensino-aprendizagem através da qual se busca que o estudante vivencie e analise criticamente o exer-

cício da prática odontológica ao nível da Saúde Cole-tiva, capacitando-o enquanto futuro trabalhador dessa área a compreender e se posicionar em relação à con-juntura que cerca seu desenvolvimento. A disciplina de Estágio em Saúde Pública II acontece no oitavo semestre do curso de graduação em Odontologia da UFRGS, possui uma carga horária de 12 horas/sema-nal, com 12 créditos. Aulas teóricas e atividades práti-cas (estágios) fazem parte da programação da discipli-na. As estratégias utilizadas na parte teórica são: aulas expositivas, leitura e discussão de textos, seminário, oficina, dramatização. Cada aluno deve cumprir dois turnos semanais de atividades práticas. Os locais de estágio são: Brigada Militar, Escola de Saúde Murialdo, Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Grupo Hospi-talar Conceição/GHC. Atividades clínicas e de educa-ção em saúde são desenvolvidas nos locais de estágio, com ênfase para as atividades de educação em saúde. A presença dos alunos parece provocar uma mudança na rotina dos serviços onde acontece o estágio. Ao se pensar a questão da realização dos estágios é preciso perceber que há vários atores envolvidos, que possuem realidades de vida e filosofias de formação muito di-ferentes, incluindo a própria concepção de saúde de cada um. O estágio propicia, assim, uma mudança de olhar sobre a prática, sendo um aprendizado para os alunos devido à realização de um maior número de atividades coletivas, trabalhando bastante nos níveis de prevenção primário e secundário, tomando conta-to e adaptando-se à realidade da população, bem como trabalhando com outros profissionais. Eviden-ciam-se as diferenças entre os serviços, e como traba-lhar promoção de saúde em cada local. Há o desafio de aliar as expectativas do serviço, da Universidade e dos alunos. O estágio, apesar das dificuldades encon-tradas em cada local, tem sido extremamente positivo para proporcionar ao aluno de Odontologia o conhe-cimento, o estabelecimento de vínculos e a análise crítica dos processos de trabalho em Saúde Coletiva, inter e transdisciplinarmente no âmbito do SUS.

Estágio supervisionado: sua influência na formação do cirurgião-dentista de acordo com as Diretrizes Curriculares nacionaisApresentador: Andrea PalmierAutores: Andrea Palmier, Ana Cristina Cotrim

Arantes, Rafaela da Silveira Pinto, Thaís C. Vasconcelos Ramos

Instituição: UFMG

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As Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN do curso de graduação em Odontologia devem ser

adotadas por todas as Instituições de Ensino Supe-rior – IES. Elas expressam as competências e habili-dades necessárias ao cirurgião-dentista e definem que o currículo tem base nacional comum a ser com-plementado pelas IES com uma parte diversificada, capaz de refletir a experiência de cada instituição e as imposições do quadro regional em que se situam. Uma das maneiras das faculdades incorporarem es-tas novas ações é através do Estágio Supervisionado – ES que tem como objetivos fomentar a relação ensino-serviço, ampliar as relações da Universidade com a sociedade e colocar o futuro profissional em contato com as diversas realidades. Na Faculdade de Odontologia – FOUFMG, o ES é realizado no nono e último semestre letivo do curso, com carga horária total de 315 horas. Dessas, 15 são de atividades teó-ricas e 300 de práticas na forma de Internato Rural em cidades do interior ou em Centros de Saúde na cidade de Belo Horizonte. O presente estudo buscou avaliar a influência do ES da FOUFMG na formação do estudante, tendo como referência as DCN, atra-vés da administração de um questionário antes e após a realização do ES. O universo desta pesquisa foi constituído pela turma do nono período do pri-meiro semestre de 2007. Foram recebidos 45 (91,8%) questionários na primeira aplicação e 41 (83,7%) na segunda. Os alunos consideraram que o ES contribui para o aumento do nível de conhecimento sobre o SUS e o PSF; da capacidade de realizar inquérito epidemiológico, do desenvolvimento de ações de prevenção, educação e promoção de saúde, da opor-tunidade de tomar decisões e adquirir segurança. Os resultados indicam que o ES também exerce in-fluência positiva na capacidade dos alunos para ad-ministração e gerenciamento de serviços odontoló-gicos. Somente quanto à competência Habilidade e Liderança a diferença obtida foi relativamente bai-xa, indicando influência menos expressiva neste aspecto. Pelos resultados deste estudo, pode-se per-ceber que o ES exerceu influência positiva sobre o universo de alunos pesquisado quanto à percepção desses sobre sua capacidade de realizar atividades relacionadas às competências e habilidades gerais do cirurgião dentista descritas nas DCN. Conside-rando que o ES pode ser uma das melhores formas de oferecer ao aluno a oportunidade de incorpora-ção dessas competências e habilidades, sugere-se que sejam feitos outros estudos que investiguem a adequação do currículo de outras instituições às

DCN, devido à grande importância da adesão dos cursos às mesmas para que a formação do profissio-nal seja mais coerente com o sistema de saúde vigen-te no país, o mercado de trabalho e as necessidades da população.

Estágios vivenciais obrigatórios sob a ótica dos alunos graduandosApresentador: Mayra Monteiro de OliveiraAutores: Aline Cristine Munhoz Lopes, Mayra

Monteiro de Oliveira, Maria Ercília de Araújo, Oswaldo Crivello-Junior

Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo

Tradicionalmente, a formação cognitiva e proce-dimental nos cursos de graduação em Odonto-

logia podiam ser complementados com atividades intramuros. Essa possibilidade encoraja para que atividades fora do ambiente universitário fossem for-temente estimuladas. As atuais Diretrizes Curricula-res expressam a necessidade de que o aluno cumpra um número expressivo de horas de seu curso em outros cenários. Na FOUSP a fórmula encontrada foi a criação de uma disciplina, ainda que formal-mente situada no último semestre, permite ao aluno realizar atividades de estágios, intra ou extra muros, desde o primeiro ano do curso. Diferentes opções são oferecidas aos alunos em um leque de possibili-dades que tendem a situá-los em diferentes ambien-tes, como as Unidades Básicas de Saúde, ambientes hospitalares, Ligas Acadêmicas, entre outros. Este ano, tivemos a primeira turma que completou as horas de estágios estabelecidas pelo curso de gradu-ação da FOUSP. Desta forma é importante sabermos qual a opinião do corpo discente sobre estas ativida-des obrigatórias. Alguns pontos críticos foram ques-tionados: se o número de horas é adequado, se a inserção do professor reflete os anseios dos alunos e se houve um real aproveitamento por parte dos alunos nas propostas realizadas. Nossos resultados mostram que a maioria dos alunos classificou como positivo o Estagio Vivencial Obrigatório no cresci-mento global. Destacam o amadurecimento clínico e pessoal, a excelente formação do corpo docente e a integração profissional. Um número menor de alunos diverge, pois consideram que o estágio não foi importante para o desenvolvimento profissional e acadêmico.

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Estratégias ativas e problematizadoras de ensino em Odontologia para pacientes com necessidades especiaisApresentador: Marianella Aguilar Ventura FadelAutores: Marianella Aguilar Ventura Fadel, Arno

Locks, Claudio José AmanteInstituição: Universidade Federal de Santa Catarina

O ensino da Odontologia para pacientes portado-res de necessidades especiais entende que as

pessoas que apresentarem qualquer tipo de condição que as façam necessitar de atendimento diferenciado por um período ou por toda sua vida. Nesse grupo estão incluídos os portadores de doenças metabólicas como o diabetes, alterações dos sistemas, hiperten-são, condições transitórias, como gravidez, pessoas que perderam sua condição de normalidade como as vítimas de acidentes, os idosos, os deficientes mentais. A disciplina de Odontologia para Pacientes com Ne-cessidades Especiais do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa Cata-rina tem como objetivo estudar os aspectos clínicos odontológicos referentes aos pacientes com necessi-dades especiais, contribuir para uma formação gene-ralista, humanista, crítica e reflexiva dos futuros ci-rurgiões-dentistas. Através da leitura de textos científicos referentes aos pacientes com necessidades especiais, busca-se identificar, examinar e sintetizar os principais aspectos clínicos referentes aos pacien-tes com necessidade especiais, bem como interligar estes achados clínicos com demais conteúdos cientí-ficos da formação odontológica. O estímulo a uma prática multiprofissional, com atuação interdiscipli-nar e vivência transdisciplinar, dentro dos princípios éticos, científicos e filosóficos é deflagrado ao conhe-cer locais voltados para a assistência de pessoas por-tadoras de necessidades especiais. Neste contexto, as estratégias de ensino adotadas são as metodologias ativa e problematizadora. A educação problematiza-dora desmistifica e problematiza a realidade, partin-do do conhecimento prévio do aluno, contextualiza-do na sua vivência de trabalho e através da observação da realidade, reconhece-se a sua experiência prévia e buscam-se alternativas para a resolução dos proble-mas. O professor tem a função de facilitador do pro-cesso, confrontando situações de ensino-aprendiza-gem selecionadas de acordo com as necessidades dos alunos. Assim, a realidade é vivenciada como algo inacabado, componente ativo do processo, sendo concomitantemente objeto a transformar e agente transformador.

Expectativas e percepções dos estudantes sobre o Curso de Odontologia da universidade Estadual de montes Claros, unimontes, mGApresentador: Thalita Thyrza de Almeida

Santa-RosaAutores: Thalita Thyrza de Almeida Santa-Rosa,

Simone de Melo Costa, Paulo Rogério Ferreti Bonan, Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu

Instituição: Unimontes

Considerando a importância do educando no processo educativo torna-se importante avaliar

as expectativas e percepções desse grupo sobre o seu Curso de graduação. O presente trabalho objetivou identificar o perfil dos estudantes do Curso de Odon-tologia da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes, e as expectativas e percepções dos mes-mos com relação ao Curso. Trata-se de um estudo quantitativo transversal. O tratamento estatístico foi realizado no SPSS, análise de proporções, teste t e qui-quadrado (p<0,05). Os dados foram coletados no ano de 2007 através de questionário auto-aplicado e semi-estruturado, validado pelo teste-reteste. Partici-param 229 estudantes. A maioria (62%) do sexo fe-minino, 46,3% alunos do 1º ao 5º período e 53,7% do 6º ao 10º período. A idade variou entre 17 a 41 anos, sendo que 83% tinham a idade compreendida até 24 anos, a média 22,39 (± 3,01), não havendo diferença estatisticamente significativa entre os gêne-ros (p=0,646). A grande maioria era de Minas Gerais, sendo 52,4% da cidade de Montes Claros e 34,5% de outros municípios do norte-mineiros. No que diz res-peito às impressões com relação ao Curso, a menor parcela (33,8%) afirmou que dispunha de informa-ções suficientes a respeito do Curso sendo que a maio-ria (66,2%) não dispunha ou dispunha parcialmente. Para 55,7%, o Curso não está correspondendo total-mente às expectativas iniciais. Foi realizada a associa-ção com variáveis que compõem o perfil do pesqui-sado, sexo, período, faixa etária e procedência, não havendo diferenças estatisticamente significativas para nenhuma das variáveis (p>0,05). A grande maio-ria classificou o Curso como excelente e bom (83,4%). Na análise bivariada não houve diferenças estatistica-mente significativas com relação ao perfil do estudan-te (p>0,05). A maioria (88,2%) afirmou não conhecer ou conhecer em parte o Projeto Político Pedagógico (PPP) do Curso. A participação em atividades de pesquisa/extensão foi relatada por 44,1% dos acadê-

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micos. A atividade educativa mais prazerosa foi con-siderada as aulas práticas (81,2%), sendo que as aulas teóricas alcançaram um percentual de apenas 3,9%, seminários 6,6%, jornada 5,2%, grupos de discussão 2,2%. Concluiu-se que, a correspondência das expec-tativas com relação ao Curso e a boa classificação do mesmo independe do período, sexo, procedência e idade do pesquisado. Apesar de a maioria afirmar que o Curso não está atendendo as expectativas, o mesmo foi muito bem classificado pela grande maioria. O fato de a maioria declarar que não dispunha ou dis-punha de informações insuficientes a respeito do Curso, que o mesmo não está correspondendo total-mente às expectativas iniciais e não conhecer total-mente o PPP deve ser repensado, criando momento favorável à discussão do mesmo com todos os acadê-micos, bem como ser realizada campanha de esclare-cimento sobre o Curso e a realidade profissional do Cirurgião-Dentista junto às instituições de ensino mé-dio e cursos pré-vestibulares. (Aprovação CEP-Uni-montes: 139/2004.) (Apoio Financeiro: FAPEMIG)

Formação em serviço: integração da Odontologia com profissões da saúde na Residência Integrada em Saúde do Grupo Hospitalar ConceiçãoApresentador: Ananyr Porto FajardoAutores: Ananyr Porto Fajardo, Ulio Baldisserotto,

Egidio Antonio DemarcoInstituição: Grupo Hospitalar Conceição

A Residência Integrada em Saúde do Grupo Hos-pitalar Conceição - RIS/GHC, financiada pelo

Ministério da Saúde, foi implantada em 2004 ofere-cendo 31 vagas para 6 profissões da saúde, sendo 5 para odontólogos. Atualmente são oferecidas 51 va-gas para 8 profissões, das quais 9 são para dentistas. O incremento no número de vagas foi acompanhado por um aumento significativo na procura pela RIS/GHC. O Grupo Hospitalar Conceição é uma institui-ção vinculada ao Ministério da Saúde e presta atenção à saúde em nível básico, ambulatorial e hospitalar para a população de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Formado por quatro unidades hospitalares e o Serviço de Saúde Comunitária (SSC), oportuniza aos residentes o trânsito entre esses âmbitos para de-senvolverem sua formação em serviço em equipes multiprofissionais e acompanharem a evolução dos usuários, proporcionando uma vivência ampliada no SUS no sentido da interdisciplinaridade e da interse-torialidade. Os 8 odontólogos residentes de 2° ano

(R2) e os nove de 1° ano (R1) desenvolvem seu pro-cesso de aprendizagem na ênfase em Saúde da Famí-lia e Comunidade junto às equipes multiprofissionais, além de realizarem estágios optativos no CEO e de-mais serviços oferecidos pela rede pública na cidade e em outras localidades. Alguns dos objetivos da RIS/GHC são promover a formação em serviço de odon-tólogos em equipe interdisciplinar, especialmente em relação à integralidade, à universalidade e à eqüidade na atenção à saúde; oportunizar a vivência do proces-so de ensino e de aprendizagem e o desenvolvimento de pesquisas relevantes para o SUS tanto por parte dos residentes como dos odontólogos contratados; e qualificar a atenção à saúde bucal prestada no Brasil graças à agregação das ciências sociais e humanas à formação nesse campo. A RIS/GHC vem provocando mudanças significativas na atenção à saúde bucal pres-tada pela instituição. Por exemplo, a sensibilização de preceptores para dar continuidade à sua formação em pós-graduação; a ampliação das equipes de saúde bucal; a contratação de mais odontólogos para prestar atendimento e desenvolver o processo de ensino e pesquisa junto aos residentes; a oportunidade de qua-lificação para os dentistas exercerem a preceptoria com mais segurança; a adequação de ambientes físi-cos e aquisição de equipamentos odontológicos para dar continuidade ao projeto; a contratação de acesso a portais de base de dados, além de atualização e di-versificação do acervo do Centro de Documentação do GHC. A ampliação da abrangência da formação em saúde facilita uma produção inovadora de ensino em serviço entre profissionais de diferentes profis-sões. Diversamente da visão em saúde direcionada ao individual e ao biológico, descontextualizada de sua produção social, cultural e histórica, a RIS/GHC constitui uma oportunidade de reflexão para todos os envolvidos direta ou indiretamente. Com as ativi-dades de ensino e aprendizagem pertinentes, desper-ta o desejo dos trabalhadores de participarem de atividades de educação permanente oferecidas pela instituição; e qualifica a atenção prestada ao propor-cionar abordagens teóricas e práticas simultaneamen-te. A proposta pedagógica da RIS/GHC permite pen-sar na formação integrada de especialistas em odontologia que reconheça esferas diversas de pro-dução de vivências e conhecimento mais adequadas à realidade de saúde e necessidades do SUS.

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Gestão de competências docentes em clínica integradaApresentador: Isabela Pinheiro Cavalcanti LimaAutores: Isabela Pinheiro Cavalcanti Lima, Eduardo

José Guerra Seabra, José Ferreira Lima Junior

Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

A gestão de pessoas sempre foi um nó crítico em qualquer área de trabalho em decorrência de seu

caráter complexo e particular. Em instituições de ensi-no odontológico isso não é diferente e a clínica inte-grada parece ser o melhor exemplo. Porém, de acordo com a nossa experiência algumas atitudes podem mi-nimizar este problema. O perfil do docente de clínica integrada hoje deve assumir um caráter bastante eclé-tico tanto do ponto de vista técnico-científico, quanto do pedagógico, como suscitam as DCNs de 2002. Um passo fundamental para que as ações cotidianas refli-tam naturalmente as exigências das DCNs e não sejam apenas o espelho de “ordens superiores” é a discussão e o planejamento coletivos dos conteúdos curriculares e filosofia de conduta prática, independente do forma-to de clínica integrada que IES apresente. A clínica integrada não é o local onde se reúnem os professores das especialidades para que cada um oriente “a sua”. Esses rótulos não devem existir. O professor de clínica integrada tem que ser integral como o conhecimento a que se presta a compartilhar com seus alunos, porém, há naturalmente uma dificuldade no concernente à sua formação, na maioria das vezes específica. Contudo, em experiências anteriores vimos que tal fato não im-pede o docente, que afinal de contas é na sua essência um cirurgião dentista, de se dispor a ser um professor de clínica orientando todos os procedimentos necessá-rios sem fronteiras entre as especialidades, construindo com o aluno no momento da orientação clínica, da correção comentada de prova, e em tantos outros um conhecimento sólido e fruto de discussão. O aluno deve compreender que integrar conhecimentos não é cha-mar dois professores de especialidades diferentes para eles discutirem o caso para o aluno e sim, um professor só discuti-lo com ele. Deve haver abertura e disponibi-lização por parte de quem se propõe a estar na clínica integrada para se renovar dentro da rotina técnico-científica e pedagógica. Afinal, não são novos conheci-mentos, mas novos olhares docentes sobre os mesmos conhecimentos que formarão egressos mais capazes de enfrentar o mercado de trabalho atual.

Gincana Odontológica de Integração – GOI da Faculdade de Odontologia da universidade de Passo FundoApresentador: Eloísa Helena Correa BruscoAutores: Eloísa Helena Correa Brusco, Miriam Lago

Magro, Eduardo Grigolo Patussi, Berenice Perussolo

Instituição: Universidade de Passo Fundo

Ao longo dos anos os dirigentes das unidades de ensino superior têm encontrado dificuldades

em coibir os excessos ocorridos nos primeiros dias de aula na recepção aos dos novos acadêmicos. Os “calouros” tem sido alvo de brincadeiras de risco, ou no mínimo de constrangimento. Alguns aderem as brincadeira e outros não, inclusive faltam as primei-ras aulas. Quando ocorrem problemas sérios procu-ram a direção acompanhados por seus pais pedindo providências pedagógicas ou legais. A Gincana Odon-tológica de Integração - GOI foi idealizada com a fi-nalidade de substituir os chamados “trotes”. Busca integrar todos os alunos com professores e funcio-nários. Ao iniciar o novo semestre um grupo de pro-fessores cria tarefas para um dia inteiro de atividades, o que acontece na segunda semana letiva. As mesmas dividem-se em: tarefas antecipadas, tarefas com tem-po determinado, as de surpresas e de encerramento da gincana. As equipes são formadas pelos diferentes níveis e levam um nome relacionado com as ativida-des odontológicas, mais um professor convidado e um funcionário. Montam seus “QGs” dentro da esco-la nas diversas salas, as quais são decoradas pelos pró-prios alunos. Cada grupo está diferenciado pelo uso de camisetas com nomes e desenhos da sua equipe. Estes aspectos também recebem pontuação. As tare-fas antecipadas são entregues 48 horas antes do dia do evento. Entre as tarefas ressalta-se: doações de sangue, de roupas, alimentos, calçados, material de higiene pessoal, escovas e cremes dentais, doações de dentes (com comprovação da procedência), brinque-dos, livros de estórias infantis, novelos de lã, entre outras. Essas doações são encaminhadas a entidades beneficentes da cidade. Os dentes são encaminhados ao banco de dentes da unidade. As escovas e creme dentais contribuem para as atividades de prevenção. As demais tarefas são distribuídas durante o dia da gincana. Pela manhã as equipes recebem as orienta-ções iniciando por uma carreata pelo Campos Uni-versitário com carros decorado com motivos odon-tológicos. O almoço é um piquenique ao ar livre, cada grupo reunido juntamente com o funcionário e pro-

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fessores representantes. Logo após, todos são reuni-dos no auditório onde desenvolvem tarefas demons-trando dons artísticos como: cantar, interpretar, dançar, dublar artistas famosos, parodias, esculturas de dentes em vegetais, buscas na Internet de nomen-claturas, instrumentais odontológicos e de profissio-nais que fazem parte da história da odontologia. A noite ocorre o encerramento da gincana com a pre-sença do Reitor e Vice-reitores da Universidade ou seus representantes, Diretores e Coordenadores do Curso, professores, funcionários, patrocinadores (dentárias e laboratórios protéticos), participando de um churrasco ou coquetel dançante realizando as últimas tarefas. Em seguida é dado o resultado e en-trega da premiação. As atividades são encerradas em clima de muita alegria. Esta prática que já ocorre a 4 anos e meio, integra todos os níveis fazendo com que os alunos tenham uma maior convivência entre si, com professores e funcionários aprendendo a traba-lhar em grupo respeitando as individualidades e de-monstrando suas habilidades intelectuais e artísticas, promovendo também a cultura. A GOI recebe o apoio por parte da Reitoria, Direção e Coordenação. Tem sido esperada com alegria pela maior parte dos nossos alunos, planejada durante as férias como uma atividade que já faz parte da programação do semes-tre com grande sucesso.

Implementação do currículo integrado nos cursos de Odontologia da unIPAR - campus Cascavel e umuaramaApresentador: Laerte Luiz BremmAutores: Bremm L. L., Hoeppner M.G., Miura C. S.

N., Boleta-Ceranto D.C.F., Gomes V. E.Instituição: UNIPAR

As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cur-sos de graduação em Odontologia (DCNs) su-

gere a integração do currículo. Entretanto, conside-rando que mudanças estão sempre fadadas à resistência, principalmente por parte do corpo do-cente que estão habituados ao modelo tradicional de ensino já instituído e aplicado por anos seguidos, a implementação de um currículo integrado de manei-ra abrupta gera temores quanto a qualidade do ensi-no a ser ofertado e, conseqüentemente, dificuldades em conseguir a adesão de todos os envolvidos no ensino-aprendizagem, o que pode comprometer a proposta de integração curricular. Em vista do supra citado, os Cursos de Odontologia da UNIPAR - Cam-pus Cascavel e Umuarama apresentaram como pro-

posta curricular a integração parcial através da fusão de disciplinas correlatas, tanto em áreas básicas quan-to em áreas clínicas. Como exemplo, as disciplinas até então ministradas de forma isoladas, em séries distintas, sem nenhuma integração dos conteúdos, como Anatomia e Fisiologia, agora contemplam uma única cadeira denominada Anatomo-Fisiologia, onde morfologia e função são estudadas de forma correla-cionada. Outro exemplo é a disciplina de Diagnósti-co Bucal, que agora é responsável pelo estudo das características clínicas, histopatológicas e radiográfi-cas das lesões bucais de forma integrada. Por sua vez, nas disciplinas clínicas, na terceira e quarta séries, as disciplinas de Estágio Supervisionado em Clínica Multidisciplinar I e II constituem clínicas multidisci-plinares em níveis crescentes de complexidade. Mu-danças semelhantes foram implementadas ao longo do curso para atender aos objetivos e perfil profissio-grafico descritos nos projetos pedagógicos dos cursos em questão. Decorrente das mudanças curriculares vigoradas a partir de 2006, embora tenhamos obser-vado resistência inicial de alguns professores, esses, com o passar dos anos, gradativamente compreen-dem a necessidade da alteração curricular frente ao que se espera do aluno ao concluir o curso. Da mes-ma forma, a integração de disciplinas, em especial de séries distintas, otimizou o tempo de ensino e melho-rou o entendimento, a compreensão dos conteúdos. Da mesma forma, nas disciplinas clínicas, os alunos passaram a entender melhor o que significa planeja-mento clínico e tratamento integral ao paciente para o restabelecimento da saúde. Embora recente, per-cebemos que a reestruturação curricular dos Cursos de Odontologia da UNIPAR otimiza o aprendizado,por associar conteúdos, e aumenta a resolutividade dos problemas dos pacientes. No entanto, há ainda um caminho a trilhar no sentido de aumentar o diálogo entre o corpo docente para que ocorra a real integra-ção do conhecimento.

Indicação de exames radiográficos para avaliação de cárie pelos docentes de um Curso de OdontologiaApresentador: Fernando Souza SimioniAutores: Simioni F.S., Langlois C.O., Silva A.E.R.,

Mahl C.R., Fontanella V.R.C.Instituição: Universidade Luterana do Brasil -

Campus Cachoeira do Sul

O objetivo deste estudo foi investigar a conduta de professores de um Curso de Odontologia quan-

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to à seleção de exames radiográficos para avaliação de cárie e se a mesma concorda com critérios forne-cidos pela Diretriz de Exames Radiográficos em Odontologia (DERO). Foram sorteados aleatoria-mente 18 professores representantes dos 14 módulos clínicos do curso. Estes professores responderam a um questionário sobre como orientam seus alunos quanto à seleção de exames radiográficos frente a diferentes situações clínicas. Dos 18 questionários entregues, 14 (78%) foram respondidos. Verificou-se ampla variação de condutas tanto para pacientes em início de tratamento quanto para as consultas de re-torno e intervalos de exame. Entretanto, 93% dos professores aderem à recomendação da DERO de não realizar exame radiográfico de rotina previamente ao exame clínico. Conclui-se que não há consenso quan-to ao uso de exame radiográfico na avaliação de cáries. Em geral, a prática de indicações de radiografias não coincide com as diretrizes de exames para avaliação da cárie. Torna-se necessária uma maior adesão às normatizações que orientem a obtenção de exames, evitando exposições desnecessárias, eliminando ra-diografias não justificadas.

Influência do gênero no desempenho acadêmico de estudantes da Faculdade de Odontologia da uFGApresentador: Maria de Fátima NunesAutores: Maria de Fátima Nunes, Erica Tatiane

da Silva, Maria Goretti Queiroz, Cláudio Rodrigues Leles

Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás

Estudos prévios comprovam a tendência à femini-lização nos cursos superiores, especialmente na-

queles da área da saúde, incluindo os cursos de odon-tologia. Entretanto, não existem evidências de que este aumento no número de estudantes do gênero feminino também se relaciona a aspectos diferencia-dos no desempenho acadêmico em relação ao gênero masculino. Este estudo tem como objetivo apresentar a avaliação de desempenho acadêmico realizada num período de 20 anos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás(UFG), sob a perspec-tiva do gênero. Um estudo transversal foi realizado com todos os egressos graduados entre 1988 a 2007, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFG. Os dados foram coletados através dos extratos acadêmicos fornecidos pelo Departamento de Assun-tos Acadêmicos, tabulados e analisados através do

Programa Estatístico SPSS 16.0. Para analisar os dados referentes às disciplinas, estas foram agrupadas con-forme suas características em Disciplinas do Ciclo Básico e Disciplinas do Ciclo profissionalizante; Dis-ciplinas da Área Coletiva, Disciplinas Clínicas e Disci-plinas Não clínicas. Dos 1166 egressos, 63,2% (n=737) eram do gênero feminino e sua distribuição ao longo dos períodos foi sempre maior (exceção: ano de 1988). O desempenho das médias foi comparado pelo t de Student e segmentado através de análise de clus-ter (K-Means clustering) em três grupos de desempe-nho (alto, médio e baixo). O desempenho do gênero feminino foi significativamente maior em todos os grupos de disciplinas e na média global de desempe-nho (p<0,001). Os segmentos com desempenho alto para a média global foram compostos por 74,7% de mulheres (n=348) e o segmento baixo incluiu 67,1% de homens (n=116). As diferenças no desempenho acadêmico entre homens e mulheres mostram que a tendência à feminilização da profissão odontológica é corroborada pela melhor performance das mulhe-res nas avaliações acadêmicas.

Inovação tecnológica no ensino de Odontologia - software SISO – Sistema Odontológico da unIOESTEApresentador: Fabiana Scarparo NaufelAutores: Fabiana Scarparo Naufel, Anderson

Zanardo Dias, Anselmo Luiz Éden Battisti, Claudia Brandelero Rizzi

Instituição: UNIOESTE

A Clínica Odontológica (CO) da UNIOESTE é o ambiente de ensino prático de odontologia e é

considerada uma importante referência no atendimen-to às especialidades odontológicas na região oeste do Paraná. Através dela, são oferecidos, além do seu curso de graduação, cursos de atualização, aperfeiçoamento e especialização. Considerando-se as especificidades do Curso de Odontologia, bem como o aumento crescen-te das atividades que vêm sendo desenvolvidas pela CO, constatou-se a necessidade de se construir um sistema automatizado de controle e gerenciamento das ações executadas, o SISO, visando, dessa forma, superar pro-blemas que interferem na rotina de trabalho e atendi-mento. O objetivo geral do SISO é buscar a melhoria na qualidade do atendimento operacional e adminis-trativo oferecido pela CO a seus pacientes e também aos seus profissionais, professores, alunos e técnico-administrativos. Isso significa dar apoio a atividades administrativas com o cadastro de todos os envolvidos

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no atendimento (alunos, professores, monitores e pa-cientes), os planos de tratamento dos pacientes e de todos os procedimentos realizados. O sistema pretende viabilizar um acompanhamento das filas de esperas nas diferentes especialidades e emissões de relatórios espe-cíficos. O SISO permite que sejam emitidos os termos de autorização de tratamento e reconhecimento de não promessa de atendimento; também viabiliza a manipu-lação de agendas, tanto às clínicas quanto aos atenden-tes. Nelas serão confirmados os pacientes a serem aten-didos bem como as datas e horários para este fim. O SISO também permitirá o acompanhamento do CEO, um credenciamento com o programa Brasil Sorridente, cujos mecanismos de administração e funcionamento são distintos daqueles que são realizados nas clínicas da CO. Portanto, há no SISO um módulo específico para atendimento às particularidades do CEO. Para garantir segurança dos dados foi implantada uma política de níveis de acesso. Essa política se refere à maneira como os grupos de usuários acessarão o sistema e poderão nele fazer alterações. Além disso garante a realização de backups de segurança e manutenções no sistema. Na área comercial, atualmente, existem vários sistemas computacionais para fins odontológicos, em sua maio-ria eles são voltados para clínicas particulares. Apesar das muitas soluções disponíveis no mercado, há pouco ou quase nenhum investimento na construção de siste-mas dedicados à administração e operacionalização de Clínicas Odontológicas Universitárias, voltadas ao en-sino e a aprendizagem de alunos de odontologia e ao atendimento à comunidade. Um exemplo é o Sistema de Informatização de Clínicas da Faculdade de Odon-tologia de Ribeirão Preto (FORP), unidade avançada da Universidade de São Paulo (USP), batizado de Ro-meu, que apresenta alguma semelhança ao SISO, mui-to embora o SISO apresente funcionalidades específi-cas (não disponíveis no Romeu). Por esses motivos, se pretende pleitear o registro do SISO junto ao INPI.

Integração ensino-serviço na atenção ao portador de fissura labiopalatalApresentador: Daniela Lemos CarcereriAutores: Daniela Lemos Carcereri, Daniela

Lorenzzoni, Ana Luiza de Souza, Suélen Maciel Suzin

Instituição: UFSC

As fissuras labiopalatais – FLP - constituem-se em uma das anomalias craniofaciais mais freqüentes

no Brasil e no mundo. O tratamento do paciente é longo e envolve a participação do cirurgião-dentista

em todas as suas etapas o que torna esta temática de especial interesse para a classe odontológica. Segundo recomendações da Associação Americana de Fissuras LabioPalatais e Anomalias Craniofaciais /ACPA, o me-lhor modelo de assistência é realizado por equipe in-terdisciplinar; todo esforço deve ser feito já no primei-ro contato com a família para auxiliá-la no cuidado com a criança; a assistência deve ser coordenada pela equipe interdisciplinar e sempre que possível ampara-da em nível local; é responsabilidade da equipe de assistência a atenção a aspectos lingüísticos, culturais, étnicos, psicossociais, econômicos e físicos que afetam a dinâmica da relação equipe-paciente-família. A orga-nização do sistema de prestação dos serviços aos por-tadores de FLP no âmbito do SUS, ocorre através de uma rede regionalizada e hierarquizada seguindo uma complexidade tecnológica crescente abrangendo uni-dades básicas de saúde, centros especializados e hospi-tais. A UFSC conta com o Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidades Faciais Congênitas – NA-PADF - que recebe estagiários de graduação e pós-gra-duação os quais realizam atividades de assistência, ensino e pesquisa sob a orientação de professores. O objetivo deste trabalho é destacar as atividades que promoveram a integração da equipe do NAPADF com as equipes de saúde bucal da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis - SMS. Como uma importante ferramenta pedagógica a integração docente-assisten-cial – IDA - integra a universidade, com seus ideais fi-losóficos e embasamento teórico, junto à assistência odontológica fazendo com que o estudante tenha a oportunidade de unir seus conhecimentos à prática do serviço de saúde e possa refletir sobre seu verdadeiro papel e suas atitudes junto à comunidade. O estágio no NAPADF juntamente com outros projetos do Curso de Odontologia e dos demais cursos da área da saúde compõe a chamada RDA - Rede Docente Assistencial responsável pela organização dos estágios em toda a SMS. A experiência de 10 anos de atuação bem como as pesquisas produzidas a partir do Núcleo informam para a importância de potencialização da integralidade das ações e aperfeiçoamento dos mecanismos de refe-rência e contra-referência na atenção ao portador de FLP. Dentre as contribuições ao processo de ensino-aprendizagem advindas da integração ensino-serviço pode-se citar o desenvolvimento da capacidade para encontrar soluções mais eficazes aos diferentes proble-mas, maior autonomia, reflexão do papel do estudan-te/profissional frente à sociedade, pensamento crítico e ética na atuação acadêmica/profissional.

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Integrando: memória e artes visuais na OdontologiaApresentador: Miriam Lago MagroAutores: César Augusto A. dos Santos, Maria Salete

Sandini Linden, Mariane Loch Sbeghen, Miriam Lago Magro

Instituição: Universidade de Passo Fundo - FO/FAC

A humanização na área da saúde tem sido discuti-da e apontada como um meio para a valorização

das emoções, crenças e valores. Na odontologia, a supervalorização da tecnologia e indústrias de mate-riais e o desenvolvimento de técnicas mais avançadas, levam profissionais e alunos a um patamar de discus-sões mais afastadas do “ser”. É preciso integralizar-se, tornar-se, formar-se e permanecer “profissionais in-teiros”. Alunos também apontam essa qualidade em professores que foram marcantes em suas vidas. Cien-tes da importância da definição do perfil profissional-cidadão, a Faculdade de Odontologia e a Faculdade de Artes e Comunicação, da Universidade de Passo Fundo, promoveram uma integração cultural interu-nidades. Com isso, transitou-se pela história da pri-meira sob o olhar da segunda. Executando um traba-lho que se iniciou pelo resgate, no Arquivo Central da UPF, de fotos que contam a história da FO. Em sala de aula, alunos do terceiro nível da FAC realiza-ram a releitura destas imagens, com técnicas diversas, fazendo uso de carvão, lápis 6B, 4B, crayons, sanguí-neas e nanquim. Dessa forma, delinearam momentos da história da Odontologia na cidade de Passo Fundo. Não retrataram apenas as estruturas físicas, equipa-mentos, cenas do cotidiano das tarefas acadêmicas do corpo docente e discente, mas também atitudes, como por exemplo, onde se visualizou a evolução da biossegurança na odontologia. Num segundo mo-mento, na semana do 47o ano da FO, ocorreu a ex-posição dos trabalhos com a presença de um grupo de Música Brasileira e Jazz da FAC. Direção, coorde-nação, professores e alunos, de ambos os cursos, olha-ram para a história retratada e redesenhada, confra-ternizaram e observaram detalhes que nunca seriam lidos pela maioria e que servem para valorizar o ca-minho já percorrido. Acima de tudo, isso embasa o futuro e a permanência atuante da FOUPF tão impor-tante nesta região e no país. Alunos da FO entende-ram como os da FAC vêem o atendimento odontoló-gico, retrataram a visão do paciente e também seus medos e receios para estes procedimentos. Esses ar-tistas experimentaram, pela primeira vez, uma expo-sição de suas obras, sentindo-se valorizados e motiva-

dos em sua escolha. Visando o perfil dos profissionais a serem formados, desejado pelas Diretrizes Curricu-lares Nacionais de Cursos de Graduação, essa foi uma contribuição importante que incentivará outras ações visando o mesmo objetivo para formação científico-cultural dos alunos.

Interação ensino-aprendizagem da pós-graduação com a graduaçãoApresentador: Ines Beatriz da Silva RathAutores: Ines Beatriz da Silva Rath, Ana Paula

Soares Fernandes, Ana Claudia Baladelli Silva Cimardi, Gianina Salton Mattevi

Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Trindade, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Graduação

Ações de promoção da saúde incluem também trabalhar com abordagens sobre os fatores de

risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal quanto para outros agravos. O con-trole de um número pequeno de fatores de risco, pode ter grande impacto em um número expressivo de do-enças, e a um custo menor que abordagens para do-enças específicas. No sentido onde a promoção da saúde compreenderia ações para aumento da resistên-cia do hospedeiro, num ambiente hospitalar a odon-tologia pode estar atuando diminuindo os focos de infecções bucais para que poderiam resultar num me-lhor restabelecimento deste paciente e evitar possíveis quadros de dor no período de internação. A adequa-ção do meio bucal é a reunião de vários procedimen-tos visando a diminuição de patógenos bucais que possam causar desequilíbrio da flora bacteriana, entre os procedimentos pode-se destacar o Tratamento Res-taurador Atraumático (TRA), aplicação de fluoretos, adequação de dieta e controle da higiene bucal. De acordo com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos da área da Saúde, a inserção dos gradu-andos, o mais precocemente possível, em contato com a comunidade e, a atuação conjunta com a Pós-Gra-duação viria fortalecer o processo de ensino-aprendi-zagem, na vivencia com a realidade social em novos cenários de práticas que não o ambiente acadêmico. O Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC) é uma unidade hospitalar de referência pública e de clientela do SUS compro-metida em formar novos profissionais e contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, sendo de fundamental importância da inserção do cirurgião-dentista na enfermaria pediátrica, interagin-

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do de forma positiva no processo saúde-doença junta-mente com a equipe de enfermeiros, médicos, nutri-cionistas, dentre os outros profissionais envolvidos na enfermaria. O objetivo deste Projeto é promover me-didas de adequação do meio bucal com finalidade de melhorar a condição clínica dos pacientes internados, fortalecer a relação entre a pós-graduação e graduação e ser fonte de planejamento administrativos para ações coletivas em saúde bucal. Como parte da forma-ção acadêmica e dos Pós-graduandos em Odontologia, os programas de extensão, abordando medidas pre-ventivas, educativas, através de atividades lúdicas com as criancas internadas na Enfermaria Pediátrica do HU e a adequação do meio bucal através da TRA, esta sendo realizada conjuntamente com 1 doutoranda, 2 mestrandas e 12 alunos da graduação, sob a coorde-nação de 3 professores do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Odontologia , diaria-mente promovendo uma interação dos participantes do programa e permitindo uma maior troca de infor-mações entre acadêmicos de outros cursos da área da Saúde e dos profissionais que atuam nesta Unidade.

Interação serviço-academia: otimização da graduação de um profissional generalista e da reorganização das práticas sanitárias bucais na atenção básicaApresentador: Maria Cristina Almeida de SouzaAutores: Maria Cristina Almeida de Souza, Mônica

Vilella Gouvea, Marcos Alex Mendes da Silva, Sileno Correa Brum

Instituição: Curso de Odontologia - Universidade Severino Sombra (USS)

Avaliação dos relatórios discentes e visitas às Unida-des de Saúde da Família (USF) permitiram a ela-

boração de análise situacional sobre condições de re-alização do estágio curricular supervisionado em Odontologia da Universidade Severino Sombra (USS). A determinação, pelos docentes supervisores da USS e pelos dentistas preceptores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dos pontos fortes e fracos da referida atividade extra-muro, propiciou discussões que resul-taram na adoção dos ajustes necessários. Tais ajustes permitiram, entre outros aspectos, tornar a instrumen-talização dos alunos mais condizente com o preconi-zado pelo Projeto Pedagógico do Curso, colaborando com sua adequação às demandas locais. A ampliação da interface USS/SMS foi acompanhada pela execu-ção de ações que contribuíram para melhorias no pro-

cesso ensino-aprendizagem, a partir de percepção real das necessidades da população adscrita. Simultanea-mente, contribuiu para elevar o nível de qualidade do serviço de saúde bucal prestado ao munícipe de Vas-souras, tendo em vista entre outros aspectos: a oferta de educação permanente à equipe de saúde bucal (ofi-cinas de capacitação), a reforma de infra-estrutura fí-sica das USF (viabilizada com verba do Programa Pró-saúde/MS/MEC/OPAS) e a aproximação do profissional com o meio acadêmico. Avaliações siste-matizadas e institucionalizadas, tanto pela academia como pelo serviço, permitem constatar que hoje se estabelece uma via de mão dupla: a USS atua no servi-ço e este sinaliza para indicar novas ações acadêmicas na formação de um Cirurgião Dentista, tecnicamente qualificado, comprometido com os princípios do SUS, com perfil para nele atuar e capaz de intervir na reali-dade epidemiológica de saúde bucal dos brasileiros usuários do Sistema Único de Saúde.

material didático dinâmico para Ensino a Distância na OdontopediatriaApresentador: Lucila Basto de CamargoAutores: Lucila Basto de Camargo, Janaina Merli

Aldrigui, Mary Caroline Skelton Macedo, Ana Estela Haddad

Instituição: FOUSP

Atualmente, a internet está sendo utilizada ampla-mente como recurso didático de auxilio às aulas

presenciais ou para realização de disciplinas à distân-cia. Na Odontologia, assim como em outras áreas, o Ensino a Distância (EaD) vem avançando e ocupando espaço nos cursos de graduação e pós-graduação. O EaD amplia as condições de aprendizagem dos alu-nos, facilitando seu contato com diferentes materiais de estudo e trazendo-lhes a oportunidade de estudos no momento do dia mais conveniente. A preparação de material didático dinâmico pelos tutores deve ser uma das prioridades, como forma de estimular o aprendizado do aluno. Este trabalho descreve a cria-ção de material didático dinâmico com intuito de facilitar a visualização das fases do desenvolvimento da lesão de cárie, utilizando o software Macromedia Flash® por alunos de pós-graduação em Odontope-diatria, Disciplina da Faculdade de Odontologia da USP – São Paulo que está gradativamente inserindo conceitos do EaD em seu currículo.

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matriz curricular estruturada em blocos temáticos: a experiência do Curso de Odontologia da universidade Severino Sombra (uSS)Apresentador: Sileno Correa BrumAutores: Maria Cristina Almeida de Souza, Sileno

Correa Brum, Therezinha Coelho de Souza, Carlos Jesivan Marques Albuquerque

Instituição: Universidade Severino Sombra - Curso de Odontologia

Em 2004, o Curso de Odontologia da USS instituiu uma inovadora matriz curricular cujas disciplinas

estanques foram eliminadas e os conteúdos progra-máticos ofertados em blocos temáticos com amplas cargas horárias. Apesar de adequado às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de gra-duação em Odontologia, na prática acadêmica, o currículo implantado revelou-se complexo na opera-cionalização por parte da comunidade acadêmica. Entre as causas, citam-se o desconhecimento e a au-sência da fundamental atitude participativa, por par-te dos docentes reacionários às mudanças, da matriz curricular implementada, provocadora de impacto na tradicional prática pedagógica existente. A agre-gação de conteúdos programáticos em macro disci-plinas, sem que houvesse a real e necessária integra-ção dos mesmos, representou dificuldade adicional. O insuficiente número de docentes generalistas (per-fil necessário para atuar na nova proposta pedagógi-ca) exigiu contratação de professores especialistas, onerando financeiramente a Instituição. Constatou-se, também a desconsideração pelos docentes, das demandas do mercado de trabalho por um profissio-nal com perfil generalista apto a atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), o que dificultou a valorização pelo discente dos procedimentos básicos realizados nas clínicas de ensino. Destacam-se os aspectos posi-tivos: incremento do quantitativo de publicações do-cente, visto que os professores especialistas (cujo in-teresse pela pesquisa é naturalmente maior) registravam constantemente os procedimentos pre-viamente à sua execução, elaborando artigos científi-cos. Observou-se ainda a otimização da interação entre professores generalistas (com excelência técni-ca e domínio de tecnologia leve-dura) e os especialis-tas (com domínio apurado da tecnologia aprimora-da). Após auto-avaliação do curso e intensificação das discussões com a comunidade acadêmica, medidas foram adotadas com destaque para: fragmentação das

macro disciplinas; designação de comissão perma-nente para acompanhar a execução do Projeto Peda-gógico; realização de oficinas de capacitação docente em Metodologias Ativas de Aprendizagem (necessá-rias à da execução da proposta pedagógica) e adoção de ações que viabilizaram a aproximação entre os ciclos profissional e básico. Concluem os autores que, no momento, resistências à matriz curricular, inter-mediária entre a originalmente proposta e a que so-freu modificações, vêem sendo gradativamente ven-cidas, em decorrência do comprometimento docente e discente com o Projeto Pedagógico, da comprova-ção da inserção do egresso no mercado de trabalho e, principalmente, pela contemplação do curso com o Programa de Reorientação da Formação do Profis-sional em Saúde – Pró-saúde – MS/MEC/OPAS), que fomenta e alicerça ações inovadoras no ensino.

matriz curricular integrada do curso de Odontologia unOESC – campus JoaçabaApresentador: Claudia Irene WesoloskiAutores: Claudia Irene Wesoloski, Dayse BarbieriInstituição: UNOESC

A revisão periódica dos Projetos Pedagógicos é uma estratégia de aperfeiçoamento dos instru-

mentos de ensino-aprendizagem, com vistas a ade-quação dos cursos oferecidos pela UNOESC confor-me à missão que ela se propôs.Trabalhar sob esta ótica, o Colegiado do Curso de Odontologia recons-truiu seu Projeto Pedagógico, de forma gradual e coletiva, a fim de garantir a melhor formação possível de um profissional generalista, comprometido com a saúde coletiva da população loco-regional ou daque-las em que atuará futuramente.

mestres do sorriso - uma proposta de humanização no SuSApresentador: Leógenes Maia SantiagoAutores: Leógenes Maia Santiago, Angélica Leite,

Renata Cabral, Maria da Conceição Valença da Silva

Instituição: Associação Caruaruense de Ensino Superior

A verdadeira formação profissional não deve alme-jar apenas a formação técnico-científica, tem que

ser mais ampla, preocupando-se com aspectos sociais e humanistas, formando profissionais que não se pre-ocupem unicamente com o “aspecto curativo”, mas que veja o paciente como um todo onde a solução do

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problema finaliza com a cura. A qual só será definiti-va quando vier acompanhada de um sorriso, pois “a cura definitiva só o amor pode dar!”. Baseado nessa premissa e com uma visão interdisciplinar o “Mestres do Sorriso”, Projeto de Extensão da Associação Caru-aruense de Ensino Superior (ASCES), integra alunos dos cursos de Odontologia e de Enfermagem, cujo objetivo é o desenvolvimento de atividades lúdicas junto a crianças hospitalizadas, o sorriso e momentos de alegria, ajudando-os a enfrentar a tensão desenca-deada pela enfermidade e internação hospitalar. Im-portante ainda é destacar que além dessas atividades, o Projeto tem caráter educacional, levando orienta-ções sobre saúde geral e bucal. É coordenado por duas professoras de Odontologia (Renata Cabral e Angéllica Leite); que ministram o conteúdo teórico com uma equipe formada por uma professora de en-fermagem; uma pedagoga e uma psicóloga, que fun-damentam as práticas semanais; estas realizadas so-mente quando os alunos estão devidamente preparados para a diversidade de situações do am-biente hospitalar. Atualmente, a cada visita semanal o Projeto realiza atividade educativo-preventiva com aproximadamente 70 crianças, entregando Kits e aconselhando sobre saúde, através de brincadeiras, atividades lúdicas e músicas educativas desenvolvidas com este fim. Contudo, uma vez que o perfil profis-sional extrapola a formação técnico-científica e pre-ocupa-se numa visão holística com os aspectos sócio-humanos, o “Mestres do Sorriso” além do aporte de promoção da saúde integra estudantes, acompanhan-tes e pacientes hospitalizados, humanizando-os e edu-cando-os, minimizando as tensões inerentes ao am-biente nosocomial.

métodos de avaliação de aprendizado na clínica odontológica integrada: estimulando e otimizando o atendimento odontológicoApresentador: Rodrigo Araujo RodriguesAutores: Rodrigo Araujo Rodrigues, Leógenes Maia

Santiago, Renato Cabral de Oliveira Filho, João Manoel da Silva Filho

Instituição: Associação Caruaruense de Ensino Superior

Discutir métodos de avaliação no curso de odon-tologia requer do docente, além de grande do-

mínio das especialidades envolvidas, um saber apri-morado em relação à nova didática evidenciada após o modelo positivista predominante em todo século

XX. A avaliação através de provas escritas consiste no método mais comumente utilizado. Porém no am-biente de clínicas odontológicas, este método parece inconsistente, sendo contestado por alunos, profes-sores e pedagogos quanto a sua validade. Diante des-se contexto, a disciplina de Clínica Integrada da Fa-culdade de Odontologia de Caruaru desenvolveu um método avaliativo onde a equipe de professores tem a oportunidade de observar o aprendizado e aplica-ção dos conhecimentos passados por eles em suas disciplinas isoladas, interagindo com outras especia-lidades. Nesses casos, a responsabilidade aumenta, pois há a presença do paciente, o qual se submete ao atendimento odontológico. Dentro desse pressupos-to, foi desenvolvido um método próprio de avaliação, baseado nas experiências discutidas ao longo dos en-contros pedagógicos, visando à formação de alunos com perfil generalista em relação aos planejamentos dos planos de tratamento odontológicos. Nessa ava-liação os conhecimentos teóricos utilizados para rea-lização de cada procedimento são percebidos pelo professor durante a orientação para execução de cada tarefa, os conhecimentos práticos, a habilidade ma-nual e seu desenvolvimento são observados no decor-rer da realização do procedimento. Os alunos rece-bem notas de acordo com esses parâmetros e as mesmas são divulgadas diariamente sob forma de pla-nilha. Os alunos mais assíduos recebem bonificações, estimulando-os para o cumprimento de suas tarefas. O objetivo deste trabalho é discutir a respeito de um método de avaliação utilizado na Clínica Integrada na Faculdade de Odontologia de Caruaru considera-do pelos docentes e discentes dessa instituição como um método justo e superior a aplicação de provas escritas como único meio avaliativo.

motivos para a escolha do curso e perspectiva profissional dos estudantes de Odontologia da universidade Federal de Goiás no período 1��2-2008Apresentador: Maria de Fátima NunesAutores: Maria de Fátima Nunes, Cláudio

Rodrigues Leles, Maria do Carmo Matias Freire, Lidia Moraes Ribeiro

Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás

É de grande importância desenvolver estudos so-bre os recursos humanos em formação. O obje-

tivo deste estudo observacional foi conhecer os moti-vos para a escolha do curso, as perspectivas de atuação

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no mercado de trabalho e a intenção de cursar espe-cialização de recém-ingressos da Faculdade de Odon-tologia da Universidade Federal de Goiás e investigar mudanças nas variáveis ao longo dos anos. Utilizou-se questionário auto-aplicável, análise transversal do pe-ríodo 1992-2008 e comparação entre os triênios 1993-1995 e 2006-2008 por meio do teste do Qui-quadrado. Do total de 395 estudantes, o motivo para a escolha do curso mais apontado foi ideal de profissão (67,3%). Os motivos influência de outros (p=0,000) e contri-buição para a saúde (p=0,005) aumentaram significa-tivamente, enquanto que decresceu o motivo realiza-ção pessoal (p=0,000). A principal finalidade da odontologia, segundo 58,2% dos estudantes, é a saú-de bucal e esta diminuiu significativamente (p=0,014), enquanto que aumentou a atenção à saúde geral (p=0,015) e à estética (p=0,013). 38,2% pretendem trabalhar em consultório próprio e no serviço públi-co e 21,3% atender a população de alta e de baixa renda. A maioria quer se especializar e ortodontia é a especialidade mais citada (38,7%), apesar de ter diminuído (p=0,000). Implantodontia e estética au-mentaram significativamente, com p=0,000 e p=0,001, respectivamente. Conclui-se que houve mudanças na percepção sobre a odontologia e na perspectiva pro-fissional dos estudantes no período analisado.

novos cenários de prática – a universidade inserida no sistema de saúdeApresentador: Elaine Quedas de AssisAutores: Elaine Quedas de Assis, Gerson Lopes,

Vladen Vieira, Dalva Cruz LaganáInstituição: Universidade Cidade de São Paulo

- Unicid

A Universidade Cidade de São Paulo em parceria com a Prefeitura de Itapira desenvolveu o Pro-

grama “Sorria Itapira”, com a intenção de promover uma melhor condição de saúde bucal para as crianças em idade pré-escolar e favorecer a formação integral dos futuros profissionais de saúde. Em levantamento epidemiológico realizado em 2005, pelo município, observou-se aos 5 anos um alto índice de cárie (ceo – 2,15), com prevalência do componente cariado 62,8%. Um dos objetivos do programa é a capacitação dos alunos em todos os níveis de prevenção, desen-volvendo as competências, habilidades e conteúdos necessários para esse tipo de atuação. A estratégia de ação deste projeto envolveu 2 professores responsá-veis pelo estágio, 20 alunos de Odontologia (3° ano),

1 auxiliar odontológica, professores das escolas mu-nicipais, 1 dentista da rede e o Coordenador de Saú-de Bucal. As escolas foram contatadas pelo dentista da rede. Os pais foram informados pelos professores sob o projeto e assinaram o Termo de Consentimen-to. De posse desses, os alunos da UNICID realizaram triagem e encaminharam as crianças de acordo com suas necessidades para: Unidade Básica de Saúde - UBS (secundárias) ou realização de tratamento res-taurador atraumático (ART), na própria escola. To-das as crianças participaram de ações coletivas de prevenção. Em 2007 foram examinadas 458 crianças e realizados ART em 224, sendo 524 restaurações e 501 selantes. Somente 73 crianças foram encaminha-das para UBS. Ao final desse ano, outro levantamen-to verificou índice ceo 1,79 aos 5 anos, com compo-nente cariado 35,3% e obturado 64,7%. A parceria é apontada como uma das principais armas no comba-te à desigualdade social. Trata-se de um projeto com um ano de atividades, mas com resultados sociais e políticos excelentes e de grande importância para a formação de cirurgiões-dentistas, que passam a co-nhecer a realidade da comunidade e as práticas inte-gradas entre ensino e serviço, possibilitando maior absorção do conteúdo programático do curso. Além disso, este trabalho estabelece uma ação integradora entre a comunidade de pré-escolares que se beneficia dos procedimentos e os que aplicam as práticas e assim promovem a saúde bucal. Este novo cenário de prática fortalece também o desenvolvimento de tra-balho em equipe multiprofissional, promovendo ações humanizadores da saúde, com incomparável ganho epidemiológico e social.

O dilema do professor especialista na formação do clínico geralApresentador: Luiz Roberto Augusto NoroAutores: Luiz Roberto Augusto NoroInstituição: Universidade de Fortaleza

As Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Odontologia (2002) têm como

marco referencial a formação de clínicos gerais com sólida formação científica, humanista e crítica, viabi-lizada por metodologias ativas de aprendizagem, pro-pulsoras de um currículo integrado. Para possibilitar tal processo é necessária uma construção coletiva do projeto pedagógico, permitindo a quebra de paradig-mas hegemônicos centrados na disciplina. O princi-pal desafio na implementação do currículo integrado do Curso de Odontologia da UNIFOR foi proporcio-

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nar a ruptura destes modelos tradicionalmente esta-belecidos para construir uma nova perspectiva de formação de qualidade. Para viabilizar tal processo, num primeiro momento foram levantadas as percep-ções dos professores sobre as dificuldades a serem vivenciadas com a nova proposta curricular, por meio de questionário semi-estruturado com cinco questões relativas a abordagem dos conteúdos, avanços e per-das com a proposta, grau de interesse e principais dificuldades. Observou-se que 82,1% dos professores identificaram os conteúdos abordados em suas disci-plinas contemplados na proposta curricular; os prin-cipais avanços seriam a integração das áreas de conhe-cimento (39,2%), resposta às necessidades do paciente (12,7%) e utilização de metodologias pro-blematizadoras (8,8%) enquanto as maiores perdas referiam-se a conteúdos teóricos (22,2%), menor re-petição de procedimentos (16,6%) e pontos especí-ficos das disciplinas (8,3%). Do total de professores, 67,8% relataram alto grau de interesse apontando como motivos a melhor capacitação do aluno (36%), a interdisciplinaridade (12%) e a melhor qualificação docente (10%), enquanto 28,6% indicaram interesse regular em especial por ter participado pouco da construção do projeto (40%), dúvidas sobre as mu-danças (13,3%) e falta de formação pedagógica (6,7%). Com base nestas respostas, a estratégia foi estimular a participação dos professores em ativida-des de educação permanente visando a apropriação de elementos da área pedagógica, em especial a ado-ção de metodologias ativas, assim como capacitações técnicas que permitissem uma atuação interdiscipli-nar do docente, considerando a formação do profes-sor ser tradicionalmente direcionada para a especia-lidade. Nesta lógica, cada docente atuou como colaborador no desenvolvimento de seu colega, per-mitindo estruturarem-se áreas de conhecimentos que contemplassem uma orientação integrada e propor-cionando maior harmonia entre o corpo docente. Outra grande inovação foi a revisão dos perfis de pa-cientes atendidos nas clínicas do curso, uma vez que a proposta exigia uma outra forma de triagem e en-caminhamento destes pacientes. Papel fundamental desempenhou a Assessoria Pedagógica do curso, quer seja no acompanhamento das disciplinas e reformu-lação de seus planos de ensino, sempre mediada pelo grupo de professores, quer na organização de ativi-dades que permitissem uma visão integrada por par-te do professor.

O ensino na disciplina de Farmacologia – a percepção dos formandos em OdontologiaApresentador: Rozana Beatriz Franco BaccaroAutores: Rozana Beatriz Franco Baccaro, Lívia

Cristine Darin, Natália Mangiolardo, Mônica Cristina Toffoli Kadri

Instituição: UNIDERP/UFMS

Alguns autores constataram insegurança dos estu-dantes do curso de odontologia em prescrever

medicamentos e apontaram o fato da disciplina de farmacologia ser ministrada no ciclo básico e a con-tinuação, como conteúdo auxiliar das práticas, não ser sistematizada. Ainda, descreveram que modifica-ções que visam promover o uso racional de medica-mentos devem iniciar ainda na graduação, através de propostas que promovam o ensino da correta prescri-ção de medicamentos (Britto et al.,1996). Com os novos medicamentos no mercado, a escolha sobre o que se deve prescrever ficou mais difícil, mostrando que os conhecimentos sobre farmacologia são funda-mentais para a prescrição com eficiência e segurança. O objetivo do presente trabalho foi identificar a per-cepção do ensino na disciplina de farmacologia pelos formandos em Odontologia. A população incluiu 65 acadêmicos matriculados no último ano do curso de graduação em Odontologia de duas Universidades situadas no município de Campo Grande – Mato Grosso do Sul, em 2007. O instrumento para a coleta de dados foi um questionário composto por 22 ques-tões sobre aspectos relacionados aos conhecimentos adquiridos na disciplina de farmacologia. Do total de formandos, 68% eram do sexo feminino e 32% do sexo masculino, na faixa etária entre 20 e 25 anos. A disciplina de farmacologia, em ambas universidades, foi ministrada no segundo ano da graduação, com carga horária entre 72 a 80 horas. 63% dos estudantes consideraram a disciplina inserida no momento ade-quado, porém, 53.8% responderam que a carga ho-rária foi insuficiente para o desenvolvimento dos tó-picos associados ao uso de medicamentos. Quanto à importância da farmacologia na formação, 97% res-ponderam que consideram muito importante e o interesse pela farmacologia foi considerado grande para 67,7% dos estudantes. Em relação aos conheci-mentos farmacológicos, 55,4% avaliaram como sendo regular. No entanto, 98,5% demonstraram interesse em aprender mais sobre medicamentos. Sobre o co-nhecimento da farmacodinâmica e toxicidade, 69,2% responderam que desconheciam tais informações. Na

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verificação sobre a análise de possíveis interações me-dicamentosas, 81,5% responderam que ficam atentos ao fato. Os medicamentos mais citados como prescri-tos pelos formandos foram os analgésicos (93,8%), antibióticos (67,7%), antiinflamatórios não-esteroi-dais (49,2%) e esteroidais (3,1%). Os estudantes de-monstraram interesse em saber mais sobre interações medicamentosas, segurança e eficácia e toxicidade. Diferentes fontes de informação sobre medicamentos foram citadas como sendo a base para o conhecimen-to sobre fármacos como professor tutor, aulas, livros didáticos, catálogos, propaganda e publicação cientí-fica. Sobre medicamentos genéricos, constatou-se que 93,8% dos estudantes conheciam a definição do termo e 52,3% relataram prescrever por essa deno-minação. Dentre os motivos que os fazem optar pelo nome comercial está a falta de orientação, o desco-nhecimento, o esquecimento, a comodidade ou dú-vida quanto à eficácia. Conclusão: Na percepção dos formandos, a importância do ensino da farmacologia na formação do futuro profissional em Odontologia ficou evidente nesta abordagem.

O papel docente-discente na operacionalização da DCn: um desafio no curso de Odontologia da uESBApresentador: Patrícia Elizabeth Souza MatosAutores: Patrícia Elizabeth Souza Matos, Haroldo

José Mendes, Stênia Marília Rodrigues Pereira

Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

A discussão sobre as Diretrizes Curriculares Nacio-nais (DCN) é um marco fundamental na forma-

ção dos profissionais e na transformação das práticas pedagógicas utilizadas nos cursos de graduação. Tem como propósito a formação de profissionais capaci-tados dentro dos parâmetros científicos, contudo vinculado às necessidades sociais. Atualmente, após adequação dos currículos às DCNs, aparece como grande desafio a sua operacionalização, pois as novas Diretrizes existem dentro de um quadro que realiza as mesmas ações com apenas uma nova nomeação, ou seja, uma odontologia tecnicista, compartimenta-lizada e individualista com poucos interesses nas po-líticas de saúde. A dificuldade encontrada nessa ope-racionalização se baseia no grupo docente e discente, na ligação dos conhecimentos teóricos e práticos com a realidade local e na visão integrada das disciplinas e do paciente visando à promoção da saúde. Sendo

assim, este trabalho tem como objetivo verificar a compreensão de DISCENTES e DOCENTES, a res-peito do ensino e, conseqüentemente, da formação profissional no curso de Odontologia da Universida-de Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), de manei-ra a identificar o entendimento sobre a participação discente no processo ensino-aprendizagem e os pos-síveis “nós críticos” referentes à adoção de um mode-lo que visa à integração dos conhecimentos, confor-me proposto pelas DCNs. Trata-se de um estudo qualitativo, onde o universo da pesquisa é organizado em 2 grupos focais: DISCENTES e DOCENTES, de acordo com a inserção social no contexto da forma-ção do cirurgião-dentista na UESB. As entrevistas fo-ram iniciadas após aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa, e em seguida transcritas, uma vez que os resultados devem ser discutidos a partir da análise direta dos depoimentos. No momento, o presente trabalho encontra-se na fase de coleta de informações para posterior análise, e espera-se obter ferramentas que discutam a importância da construção coletiva do processo ensino-aprendizagem, com envolvimen-to de ambas as partes, professor e aluno. O resultado deste estudo também, evidenciará as dificuldades en-contradas tanto pelo seguimento docente como pelo discente, na operacionalização das DCNs, principal-mente no que se refere aos currículos que pretendem integrar os conhecimentos, através de macrodiscipli-nas, como é o caso do curso de Odontologia da UESB. A idéia fundamental deste estudo é a de tentar pre-encher algumas lacunas existentes para a efetivação das DCNs, como: Será que a simples união de dife-rentes disciplinas resulta em integração? E os conhe-cimentos permanecerão fragmentados, ou serão in-tegrados? É necessário que os egressos dos cursos de odontologia estejam aptos a entender e trabalhar a complexidade do processo saúde-doença em cada realidade.

O professor do curso de Odontologia no Brasil: um olhar sobre sua formaçãoApresentador: Ramona Fernanda Ceriotti ToassiAutores: Ramona Fernanda Ceriotti ToassiInstituição: PUCRS/UNIPLAC

O professor do ensino superior, diferentemente dos outros graus de ensino, se constituiu, histo-

ricamente, tendo como base a profissão paralela que exercia no mundo do trabalho. A idéia de quem sabia fazer também sabia ensinar deu sustentação à lógica do recrutamento dos docentes (CUNHA, 2004). Den-

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tro da trajetória do professor do ensino superior no Brasil, insere-se o professor do curso de Odontologia. O presente trabalho tem o objetivo de apresentar uma reflexão sobre a formação do professor de Odontolo-gia no Brasil, destacando seus aspectos históricos, ca-racterísticas principais e contexto atual. Uma revisão de literatura foi realizada. Artigos de periódicos im-pressos ou on-line de fontes selecionadas, bem como capítulos de obras sobre a temática, serviram de indi-cadores desta produção. O processo de trabalho in-cluiu a seleção das fontes, a leitura flutuante buscando, nas fontes escolhidas, o tema formação do professor de Odontologia e a posterior categorização dos artigos encontrados. A formação do professor de Odontolo-gia no Brasil tem se baseado, de modo geral, na racio-nalidade técnica fundada na filosofia positivista, no afastamento das questões sociais, nas práticas curati-vas, individualizadas e elitistas e na fragmentação do conhecimento por especialidades (PÉRET; LIMA, 2003). Segundo Carvalho (2001), nos cursos pionei-ros de Odontologia no Brasil, os professores eram os profissionais bem sucedidos e os disponíveis para en-sinarem nas faculdades. Na década de 50, a necessida-de de qualificação docente já foi apontada por estu-dantes da época, embora não tenha chegado a gerar desafios para o contexto acadêmico da área. No início dos anos 70, com a implementação dos cursos de pós-graduação e as exigências de titulação para a carreira universitária, obtidas em tais cursos e em concursos públicos, começava, desta vez com mais efetividade, a ser questionada a formação docente daqueles que não receberam uma formação pedagógica mínima e, como decorrência, apresentavam uma abordagem múltipla e complexa do processo ensino-aprendiza-gem. É importante, no entanto, se afirmar que esta situação não foi exclusiva dos cursos de Odontologia. Estudos de Bordenave e Pereira (1977), Godoy (1988), Gil (1994), Abreu e Masetto (1997), entre outros, já chamavam a atenção para a lacuna existente na for-mação dos docentes do ensino superior. O professor acabava se caracterizando como um especialista no seu campo de conhecimento - sendo este inclusive o critério para sua seleção e contratação – mas necessa-riamente não dominava a área educacional e pedagó-gica, nem do ponto de vista mais amplo, mais filosófi-co, nem do ponto de vista mais imediato, mais tecnológico. Reconhece-se a necessidade de mudança na educação de profissionais de saúde frente à inade-quação do aparelho formador em responder às de-mandas sociais. Esse processo de mudança da educa-ção traz inúmeros desafios, entre os quais, romper com

estruturas cristalizadas e modelos de ensino tradicio-nal e formar profissionais de saúde com competências que lhes permitam recuperar a dimensão essencial do cuidado: a relação entre humanos (CYRINO; TORAL-LES-PEREIRA, 2004). Em 1975, Freire já apontava para a necessidade de revisão dos modelos de ensino empregados no Brasil, na direção da humanização da educação. Defendia a tomada da pedagogia humani-zadora como caminho e única forma de se cumprirem os reais papéis da educação, já que essa se traduz numa prática pedagógica em que o método deixa de ser instrumento educador e deixa de manipular os edu-candos, com o objetivo de despertar nos alunos a pró-pria consciência sobre os assuntos com os quais traba-lhará, respeitando-se inclusive os conhecimentos e as vivências pregressas dos mesmos (FREIRE, 2006). Também Venturelli (1997) ao discutir o processo edu-cacional no mundo contemporâneo, resgatou a ne-cessidade de romper com a postura de transmissão, na qual os alunos assumem o papel de indivíduos pas-sivos, preocupados apenas em recuperar as informa-ções quando solicitados. Nesse contexto, a Odonto-logia brasileira, que se caracterizou ao longo de sua história por um modelo de ensino técnico e que pa-rece ter falhado na busca de alternativas, tem apresen-tado sinalizações de mudanças: no interesse pela pro-fissão, em virtude da atual situação do mercado de trabalho; na pesquisa experimental e clínica, atingin-do qualidade indiscutivelmente reconhecida; nos pro-jetos em andamento de atendimento à coletividade e seus benefícios; e, ainda no ensino (LAGE-MARQUES, 2003). Werneck (2000), por outro lado, identificou falhas e dificuldades nos cursos de Odontologia, de-monstrando, entre outras, a necessidade de rever ur-gentemente a prática pedagógica empregada em tais cursos. Um olhar crítico vai revelar que, hoje, inúme-ras estratégias são propostas objetivando o aprimora-mento da educação do aluno universitário em amplo sentido, ou seja, o desenvolvimento intelectual, a for-mação de sentimentos, de qualidades e de valores (SANTOS, 2001). Apesar dos indivíduos diferirem entre si e, por essa razão, não aprenderem do mesmo modo e nem no mesmo ritmo, alguns fatores podem ser identificados como facilitadores do processo de aprendizagem dos alunos. Entre eles, se destacam os resultados do estudo de Massetto (1992) que, ao tra-balhar com alunos de ensino superior, verificou a im-portância das características do professor, como faci-litador de aprendizagem, na medida em que motiva e desperta o interesse de seus alunos. Raldi et al. (2003) avaliaram a opinião dos alunos de quatro Fa-

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culdades de Odontologia do Estado de São Paulo, a respeito do papel do professor no processo ensino-aprendizagem. Os resultados mostraram que as atitu-des do professor com os alunos, bem como o tipo de material didático adotado e o tempo despendido nas aulas teóricas podem tanto favorecer quanto prejudi-car a aprendizagem. A titulação do professor, critério mais exigido pelas instituições, foi considerada como quesito importante por apenas 5,8% dos alunos. To-ledo (2006), ao fazer reflexões sobre o papel do edu-cador de Odontologia, não deixou dúvidas de que não se pode aceitar mais nos dias de hoje, que o professor seja um mero executor no desenvolvimento curricu-lar, mas sim, que assuma um papel de mediador entre o currículo e a situação real na qual este se desenvolve. O docente deve, então, interpretar e redefinir o ensi-no em função do seu conhecimento, da sua maneira de pensar e de entender a ação educativa. Reconhece-se a importância dos conhecimentos básicos e clínicos da Odontologia para a formação do cirurgião-dentis-ta. Entretanto, o conhecimento é necessário, mas não suficiente na tarefa de ensinar. Existem professores com notório saber técnico odontológico, que nem sempre conseguem transmitir aos seus alunos aquilo que possuem em matéria de conhecimento. Logo, o docente deve deixar de ser um mero transmissor do conhecimento para ser um planejador e organizador de inovações. Deve ter formação não apenas científica, mas também didático-pedagógica (Carvalho, 2001). Parece haver unanimidade sobre o papel determinan-te do professor no processo ensino-aprendizagem. É um mediador entre o currículo e seus destinatários. Um elemento constitutivo e imprescindível da quali-dade do ensino e da educação em geral. Embora não haja uma relação direta entre os resultados alcançados pelos alunos e a atuação docente e não possa ser atri-buída a este, o docente, toda a responsabilidade pela melhora do ensino, sabe-se que nenhuma transforma-ção nesse sentido pode ser realizada sem a sua parti-cipação (TOLEDO, 2006). De acordo com Marulli (1996), ainda que o processo ensino-aprendizagem seja pessoal e dependente da conduta do aluno, a ên-fase na figura do professor como responsável pela aprendizagem do aluno, é freqüente. Para Huertas, Montero e Tapia (2006), o papel dos professores e do sistema educativo não é influenciar as habilidades, conhecimentos, atitudes e motivações de seus alunos, mas sim, facilitar a construção, por parte dos alunos, de seus processos de formação. Especialmente nas áreas da saúde, o docente necessita acreditar no mé-rito de sua atividade e no sentido que ela encerra para

a valorização da vida. Ao demonstrar atitudes de res-peito para com o ser humano, o docente é capaz de motivar os estudantes para as responsabilidades cole-tivas no campo da saúde, além de aumentar seu inte-resse pelas disciplinas sociais e humanas (TOLEDO, 2006). A formação do professor de Odontologia deve seguir a mesma linha das atuais Diretrizes Nacionais Curriculares, pois estes são importantes agentes para alcançar a transformação do perfil profissional preco-nizado, ou seja, um cirurgião-dentista generalista, crí-tico, reflexivo e humanista. Ao defrontar-se com um novo cenário institucional extremamente competitivo e com padrões de docência definidos pelo mercado de trabalho/governo, o professor universitário tem, hoje, uma nova exigência de formação, com novos desafios a sua prática.

O professor especialista num ensino generalista; embates da transiçãoApresentador: Maria da Conceição Valença da SilvaAutores: Maria da Conceição Valença da Silva,

Renato CabralInstituição: Faculdade de Odontologia de Caruaru

(FOC)

O ensino da Odontologia no Brasil requer uma mudança paradigmática do enfoque especialis-

ta para um perfil do cirurgião-dentista generalista (Resolução n° 3 do CNE/CES) para atuar no Sistema Único de Saúde, com sólida formação técnico-cientí-fica, humanística e ética, orientada para a promoção da saúde. O Curso de Odontologia da FOC tinha à sua disposição os luminares especialistas da Dentísti-ca, da Endodontia, da Periodontia, da Prótese, dentre outros, cada um ensinando e resolvendo os proble-mas de suas especialidades. Numa perspectiva inter-disciplinar, a Clínica Odontológica deve propiciar aos alunos uma visão generalista, pelo menos dos proce-dimentos de pequena e média complexidades. Um dos desafios que se impõem é como ensejar aos do-centes condições necessárias para a mudança para-digmática. Outros complicadores também se deli-neiam, como a falta de formação didático-pedagógica dos docentes e a multiplicidade de protocolos usados pelos especialistas na Clínica Integrada. A diversidade de técnicas nos procedimentos odontológicos é salu-tar num curso de graduação, mas que sejam trabalha-dos num crescente de complexidade e dificuldade, principalmente nos últimos períodos, após o domínio de um protocolo básico e uniforme. Diante desta si-tuação a FOC iniciou um curso de especialização em

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Clínica Integrada, objetivando a compreensão dos fundamentos filosóficos, teórico-metodológicos e ins-trumentais da prática pedagógica, bem como a cons-trução dos protocolos básicos de pequena e média complexidades. A visão filosófica e didático-pedagó-gica é respaldada nos pressupostos teóricos de Paulo Freire e Vygotsky. A abordagem metodológica se ma-terializa através de discussões teórico-práticas; cons-trução coletiva dos protocolos; aulas teórico-demons-trativas dos procedimentos de cada clínica; além de seminários de apresentação dos casos clínicos, com orientação didático-pedagógica realizada por peda-gogos. O curso tem formato modular, com encontros mensais. Os planos das disciplinas que constituem a proposta de formação generalista são analisados co-letivamente. Já foram realizados 13 encontros, de um total de 24, e construídos os protocolos das Clínicas I, II III e IV. Entendemos ser esta iniciativa uma pos-sibilidade de favorecer a transição paradigmática emergente do atual contexto educacional.

Oficina de integração ensino-serviçoApresentador: Vânia Maria Aita de LemosAutores: Vânia Maria Aita de Lemos, Sonia

Maria Blauth de Slavutzky, Rosane Silvia Davoglio, Luisa Helena do Nascimento Torres, Leticia Schneider Ferreira

Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

A disciplina Estágio em Saúde Pública II requer a realização de estágios por parte dos alunos do

último semestre da Faculdade de Odontologia da UFRGS junto aos serviços de saúde pública. Tal prá-tica envolve a interação de diferentes atores, como os discentes, docentes, profissionais preceptores e de-mais trabalhadores da rede. A fim de que fossem pro-duzidos conhecimentos e relações de troca entre os diversos sujeitos, organizou-se uma oficina, na qual foram debatidas as principais propostas e expectativas da experiência dos estágios.O objetivo geral buscou consolidar a integração ensino-serviço por meio da qualificação dos atores envolvidos através da reflexão crítica sobre a prática e de sua problematização bem como a capacidade de dar acolhimento e cuidado aos usuários do SUS. Relato da Experiência: A Oficina contou com a presença de todos os atores envolvidos nos estágios, sendo realizada na Faculdade de Odon-tologia da UFRGS. A pauta, estabelecida a partir de demandas dos discentes e preceptores constou de questões geradoras objetivando o estabelecimento do

debate. Foram divididos grupos de discussão com base nos locais de estágio, sendo a discussão registra-da por um relator previamente selecionado pelo gru-po. Após este momento, houve a discussão dos prin-cipais pontos levantados para o grande grupo, produzindo-se um relatório final e encaminhamentos para próximos encontros.A oficina com duração de 8 horas contou com a presença dos alunos e profes-sores da FO/UFRGS e dos cirurgiões dentistas/ pre-ceptores das seguintes instituições conveniadas com a Universidade:Grupo Hospitalar Conceição, Prefei-tura Municipal de Porto Alegre e Secretaria Estadual da Saúde. Este encontro atingiu o objetivo proposto, avançando na integração ensino/serviço. Tal avanço foi evidenciado pela troca de experiências e relatos ocorridos durante o mesmo.Os estágios curriculares nos quatro últimos semestres e esta Oficina serviram como experiência para o desenvolvimento da pro-posta para o Pró Saúde, embasando o planejamento do Estágio Curricular Supervisionado I da Odontolo-gia na área de Saúde Coletiva com inicio em 2009.

Páginas eletrônicas das Faculdades de Odontologia de minas Gerais: análise das estruturas curricularesApresentador: Kléryson Martins Soares FranciscoAutores: Kléryson Martins Soares Francisco, Suzely

Adas Saliba Moimaz, Nemre Adas Saliba, Cléa Adas Saliba Garbin

Instituição: UNESP- Araçatuba

As mudanças propostas pelas Diretrizes Curricu-lares Nacionais dos Cursos de Odontologia leva-

ram muitas faculdades a reestruturarem as suas gra-des curriculares. Com avanço da tecnologia e a facilidade de acesso à internet pela população, muitas faculdades de odontologia do País possui páginas na internet, as quais divulgam informações a respeito dos docentes, alunos, além da estrutura dos seus cur-sos. Este estudo descreve a primeira etapa de um pro-jeto que visa analisar as grades curriculares das facul-dades de odontologia do estado de Minas Gerais. O objetivo foi analisar informações das grades curricu-lares a respeito do conteúdo de Saúde Coletiva, Está-gio Supervisionado e outros pontos relacionados às mudanças propostas pelas Diretrizes Curriculares Na-cionais disponíveis nas paginas da internet das facul-dades. A coleta de dados foi realizada nas páginas eletrônicas do Ministério da Educação, do Conselho Federal de Odontologia (para obter as cargas horárias totais e duração dos cursos em semestres) e das pági-

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nas das faculdades de odontologia, para se verificar a carga horária disponibilizada ao Estágio Supervisio-nado e aos conteúdos de Saúde Coletiva. Foram ana-lisadas 23 faculdades, sendo 5 (21,74%) públicas e 18 (78,26%) privadas. Do total das faculdades, 22 (96,65%) possuíam páginas na internet, e dentre es-tas, 12 (54,55%) disponibilizavam a grade curricular para consulta, mas apenas 11 (84,62%) disponibiliza-ram as cargas horárias referentes ao conteúdo de Saúde Coletiva. Três faculdades (13,04%) apresenta-ram carga horária total abaixo de 4000 horas, 10 (43,48%) entre 4000 e 4500 horas e 10 (43,48%) aci-ma de 4500 horas. Com relação à duração do curso, 14 (60,87%) faculdades possuíam duração mínima de 8 semestres, 6 (26,09%) de 9 semestres e 3 (13,04%) de 10 semestres. As Diretrizes Curriculares Nacionais destacam a importância da Saúde Coletiva na forma-ção de um profissional generalista e que dê ênfase à prevenção das doenças bucais. Os conteúdos de Saú-de Coletiva possuíam carga horária variando entre 45 e 540 horas e incluíam diversas nomenclaturas como: “Saúde Coletiva”, “Saúde Pública”, “Saúde e Socieda-de”, “Odontologia Social e Preventiva”, “Promoção de Saúde” entre outras. Referências como “Estágio”, “Estágios Curriculares”, “Estágio Supervisionado” e “Internato Rural” foram classificadas como Estágios Supervisionados. Sabendo-se que o Estágio Supervi-sionado deve ocupar no mínimo 20% da carga horá-ria total do Curso de Graduação em Odontologia, observou-se de acordo com as informações obtidas nas grades horárias disponibilizadas nas páginas das faculdades analisadas que apenas 4 (33,33%) apre-sentavam esta determinação. Diante dos resultados concluiu-se que é de grande utilidade que as faculda-des de odontologia disponibilizem as suas grades cur-riculares em suas páginas na internet, uma vez que estas promovem a divulgação dos cursos através do conteúdo programático e fornecem informações re-levantes à sociedade e à comunidade científica.

Percepção das instituições parceiras da unIPLAC nas atividades extramuros do curso de OdontologiaApresentador: Isabela França de Almeida Santos

RamosAutores: Isabela França de Almeida Santos Ramos,

Claudia de Abreu Busato, Alexandre Sabatini Cavazzola

Instituição: UNIPLAC - Universidade do Planalto Catarinense

O Curso de odontologia da UNIPLAC desenvolve atividades extramuros desde 2003. Algumas Ins-

tituições são parceiras desde o início das atividades (Escola de Educação Básica de Lages, CEIM Sepé Tia-rajú) e outras foram agregadas (Irmandade Nossa Senhora das Graças, Escola de Educação Básica Ar-mando Ramos de Carvalho), sendo que estão em di-ferentes bairros da cidade. As atividades realizadas pelos acadêmicos da disciplina de Estágio Supervisio-nado desenvolvida no nono semestre do curso envol-vem ações educativas, preventivas e curativas em saúde bucal, tendo como público alvo: bebês, crianças e ado-lescentes matriculados nestas Instituições. Para avaliar como estas atividades estão sendo recebidas nestes locais desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa através de entrevista com os responsáveis por cada Instituição, e observação das atitudes dos educadores e colabora-dores destas Instituições. Foi observada uma ótima receptividade por todas as pessoas envolvidas nas Ins-tituições, a disponibilidade de horários e materiais, bem como de esclarecimentos quanto necessários; a tentativa e a melhora das instalações para que os alu-nos possam realizar as atividades também ficou evi-dente em todos os locais. Em relação à percepção dos coordenadores das Instituições frente ao desenvolvi-mento das atividades pelos alunos foi extremamente positiva, onde pode ser percebido através dos depoi-mentos dos coordenadores que colocaram que os alu-nos promovem muito mais que saúde bucal, as ações realizadas diminuíram as faltas às aulas, ocorre uma melhora no desempeno escolar das crianças, diminui o medo do dentista, aproxima os pais da escola, entre outros. Outro ponto levantado pelos coordenadores foi o caráter de continuidade das atividades, ou seja, as atividades não são pontuais, mas sim desenvolvidas durante todo período das aulas, e tendo seguimento ano após ano, o que segundo eles é fundamental para o sucesso na questão da educação em saúde. O envol-vimento dos alunos e professores orientadores do es-tágio com os educadores e colaboradores das Institui-ções também foi apontado com ponto positivo. A criação de vínculo entre os alunos e as crianças e ado-lescentes bem como educadores e colaboradores é fundamental para o bom desenvolvimento do traba-lho, e todos os Coordenadores levantaram a questão do desenvolvimento do lado humano dos alunos, da sua inserção na realidade e consideram o Estágio um campo propício para o ensino. As atividades extramu-ros desenvolvidas pelo curso de Odontologia da UNI-PLAC são fundamentais no processo de ensino-apren-dizagem, mas principalmente desenvolvendo uma

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Odontologia humanizada e próxima da realidade da população. Conclui-se que as Instituições parceiras da UNIPLAC nas atividades extramuros do curso de Odontologia estão satisfeitas com as ações desenvolvi-das, principalmente devido o caráter educativo, con-tínuo e humanizado.

Percepção do profissional docente da área da Odontologia sobre o processo docência-assistênciaApresentador: Maria José GomesAutores: Maria José Gomes, Andressa Lamas,

Wagner Quaresma Damazio, Raquel Baroni de Carvalho, Elizabete Regina Araujo de Oliveira

Instituição: UFES

Trata de um estudo descritivo exploratório com abordagem qualiquantitativa que teve por objetivo

conhecer a percepção dos docentes do Curso de Odon-tologia da Universidade Federal do Espírito Santo com o processo docência - assistência, no que refere as suas competências para o atendimento assistencial. Foram analisados as respostas de 52 docentes através de um questionário validado, contendo perguntas fechadas e abertas. Os resultados demonstram que 11,4% (n=6) dos docentes atuam em unidades de saúde e 88,6% (n=46) não atuam. Quanto a atuação em equipe mul-tiprofissional 42,2% (n=22) responderam sim e 57,8% (n=30) que não atuam. Dos 42% dos docentes (n=22) que atuam em equipe multiprofissional 57,9% (n=12) consideram-se capacitados e 40,1% (n=10) não. Com relação a necessidade de aprendizado para atuarem multiprofissionalmente 76,9% (n=40) responderam positivamente e 23, 1% (n=12) responderam negativa-mente. Os dados obtidos permitiram concluir que há necessidade de aprendizado por parte dos docentes para atuarem em equipe multiprofissional e sugerem uma premente necessidade de ampliação do envolvi-mento do docente do curso de odontologia com essa estratégia de ensino.

Percepção dos acadêmicos do Curso de Odontologia da unISC quanto à contribuição do professor especialista na formação generalistaApresentador: Magda de Sousa ReisAutores: Magda de Sousa Reis, Beatriz Baldo

Marques, Gladis Benjamina Grazziotin, Renita Baldo Moraes

Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul

Atualmente há um movimento nos cursos da área da saúde com o objetivo de adequarem seus cur-

rículos para formarem profissionais capazes de aten-derem às necessidades da população. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) têm guiado os Cursos de Odontologia que vêm comprometendo-se com esse desafio. Acredita-se que sob o ponto de vista pedagógico as DCNs são o melhor caminho a ser seguido na busca da formação de um profissional preparado para desempenhar uma prática generalis-ta, articulando a teoria com a prática, dentro de um contexto que aborda a realidade da profissão frente ao mercado de trabalho, ou seja, que atenda às ne-cessidades do sistema de saúde vigente no país. Por outro lado, há cursos de odontologia com um corpo docente altamente qualificado, especializado e com uma visão biologicista. Dessa forma, há dificuldade de viabilizar a implantação das DCNs na sua íntegra e muitos professores acreditam que o currículo tra-dicional, fragmentado, ainda é o adequado, porque essa é a referência na qual construíram sua formação em odontologia. Mas em contrapartida, os acadêmi-cos buscam uma formação que os permitam enfren-tar o mercado de trabalho de forma segura e compe-titiva. As dificuldades parecem ser comuns a muitos cursos de graduação em odontologia. Assim, com este trabalho pretende-se investigar o acadêmico do Curso de Odontologia da UNISC sobre seus conhe-cimentos no que diz respeito as DCNs, sua percepção em relação às diferenças entre as disciplinas e os es-tágios supervisionados, bem como sua avaliação dos professores orientadores nos estágios supervisiona-dos, no que diz respeito a sua formação especialista na formação de um profissional generalista. A refe-rida pesquisa será realizada no final do semestre (ju-nho ou julho/2008) para que as informações presta-das pelos acadêmicos estejam mais fundamentadas nas suas experiências.

Percepção dos usuários de serviços odontológicos oferecidos por uma instituição pública de ensinoApresentador: Laís Degani GuarenghiAutores: Laís Degani Guarenghi, Paulo ZárateInstituição: Faculdade de Odontologia Albino

Coimbra Filho-UFMS

A percepção dos usuários constitui instrumento fundamental na avaliação dos serviços. Este tra-

balho teve o objetivo de verificar a qualidade dos ser-viços odontológicos prestados por formandos de

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Odontologia de uma Universidade Pública, do ponto de vista dos pacientes, através de um estudo quanti-qualitativo. Aplicou-se um questionário semi-estrutu-rado, contendo 20 questões sobre parâmetros deter-minados: acolhimento; relações interpessoais paciente/acadêmico/professor; biossegurança; am-biente clínico; e satisfação com o tratamento. O ins-trumento de coleta das informações foi utilizado de forma aleatória entre os pacientes em tratamento no Estágio Integrado (Clínica Integrada). Sobre o aco-lhimento, os resultados indicaram que 100% dos pa-cientes foram bem recebidos pelos alunos e a relação entre eles foi satisfatória; no aspecto de tempo de espera, a maioria (68%) o considerou aceitável, com média de 15 minutos. Se referindo a limpeza da clí-nica 86,9% dos pacientes consideraram suficiente. A relação observada entre aluno e professor foi consi-derada satisfatória por 97,1% dos usuários, e o ampa-ro do professor ao aluno foi aprazível em 98,5% dos atendimentos. Quanto o aspecto de apresentação do aluno, 95,6% dos pacientes a julgaram condizentes com o perfil de um profissional de saúde. Para 98,5% dos usuários, as informações oferecidas sobre o trata-mento foram satisfatórias, inclusive em relação às orientações sobre saúde e higiene bucal (76,8%). En-tre os entrevistados 95,6% afirmaram estar satisfeitos com o tratamento. Concluiu-se que os usuários con-sideraram o serviço prestado de qualidade satisfató-ria, embora os resultados mostram que um avanço ainda é necessário.

Perfil dos pesquisadores da área de odontologia com bolsa de produtividade em pesquisa no Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CnPq)Apresentador: Thalita Thyrza de Almeida Santa

RosaAutores: Thalita Thyrza de Almeida Santa Rosa,

Daniella Reis Barbosa, Hercílio Martelli-Júnior, Maria Betânia de Oliveira Pires

Instituição: Unimontes

Tendo em vista o aumento da produção científica associada à publicação de trabalhos na literatu-

ra corrente por pesquisadores brasileiros e que o desenvolvimento da pesquisa representa importante papel na geração de novos conhecimentos, de novas tecnologias e no desenvolvimento do espírito crítico e reflexivo na formação acadêmica, realizou-se o presente estudo que objetivou compreender o perfil

dos pesquisadores brasileiros, da área da Odontolo-gia, com bolsas de produtividade concedidas pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Para reve-lar esse perfil, foram analisados, 132 currículos Lat-tes de pesquisadores, de 2003 a 2005, sendo catalo-gadas variáveis, como: gênero; classificação no CNPq (1A a 1D, 2); instituição de origem; tempo de dou-torado; artigos publicados, com os respectivos Qua-lis; livros e capítulos de livros publicados; orienta-ções de mestrado e de doutorado e áreas de atuação. O estudo apontou o seguinte perfil geral: 64,39% dos pesquisadores são do gênero masculino; 42,42% classificados na classe 2 (pesquisadores com, no mí-nimo, 2 anos de obtenção do título de doutor); con-centração em instituições do Estado de São Paulo (85,6%); com 10 a 15 anos de doutorado (32.57%) e publicações em periódicos com Qualis A Interna-cional e B Nacional. A produção de livros ou capí-tulos de livros, orientações de mestrados ou douto-rados foram heterogêneas. Os pesquisadores bolsistas estão distribuídos por 11 diferentes estados da federação. 113 bolsistas (85,6%) são da região Sudeste, sendo que desses, 101 são do estado de São Paulo. Em seguida, observa-se 10 bolsistas na região Sul do país, respectivamente, nos estados de Santa Catarina (n=5), do Rio Grande do Sul (n=4) e do Paraná (n=1), fato que pode ser atribuído à maior concentração de cursos de graduação e de pós-gra-duação em Odontologia nesses estados da federa-ção. Com relação à área de atuação dos pesquisado-res bolsistas na Odontologia, o currículo Lattes permite mais de uma opção de campo de atuação, o que dificultou a sua determinação exata. Destacou-se, a área de biomateriais ou materiais odontológicos que está presente em praticamente todas as especia-lidades da Odontologia, em seguida a área de clíni-ca odontológica, que também é bastante extensa, por contemplar diversas especialidades como, por exemplo, a Endodontia, a Periodontia, a Prótese e a Pediatria. Na área de patologia enquadram-se, den-tre outras especialidades, a patologia bucal, a esto-matologia e a semiologia. A visão geral mostrou uma produção consistente, relativamente polarizada, as-sociada a grupos consolidados de pesquisadores, denotando a necessidade de implantação e/ou con-solidação de programas de pós-graduação outras áreas como, por exemplo, Saúde Coletiva, Odonto-logia Legal e Deontologia nas diversas regiões do país. (Apoio Financeiro: FAPEMIG)

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Pesquisa aplicada: uma estratégia para influenciar decisões de práticas no processo ensino-aprendizagemApresentador: Joselete Macedo ReisAutores: Joselete Macedo ReisInstituição: SMS/PPC-UERJ

O reconhecimento do cotidiano do Serviço como cenário de práticas e espaço de cooperação para

formação profissional é resultante de avaliações do modelo de formação e uma importante interseção entre saúde e educação, englobando a adequação do ensino, conhecimentos produzidos e serviços presta-dos à população com base nas necessidades sociais. Reconhecer o caminho que conduzirá a resultados esperados ainda é um desafio para profissionais do ensino e do serviço. Este trabalho apresenta uma pes-quisa aplicada no Serviço, com a adoção de um ins-trumento elaborado para permitir a realização do diagnóstico do perfil de atendimento realizado por graduandos de Odontologia, na Clínica Integrada da Policlínica Piquet Carneiro (RJ) e acompanhar a ade-quação ao modelo contemporâneo proposto pela ABENO, possibilitando que o aluno perceba a neces-sidade de mudanças e a disposição para mudar. A metodologia constituiu-se na elaboração de um ins-trumento que possibilitasse testar um modelo didáti-co-pedagógico capaz de disponibilizar dados e que estimule a participação na construção desse modelo de aprendizagem ativa, com uma visão do todo e o gerenciamento das partes de forma a garantir a qua-lidade final dos resultados da aprendizagem e da prá-tica assistencial. Como proposta de adequação do serviço como unidade de ensino, o planejamento para a organização das atividades definiu como etapas fundamentais:1- identificação dos referenciais do modelo a ser implantado; 2- definição de indicadores que identificam esse modelo; 3- estratégias de traba-lho que garantam a implementação do processo de trabalho e dos resultados; 4. elaboração dos indica-dores de acompanhamento e avaliação. Após a análi-se dos dados disponíveis no sistema de informações foi possível confirmar a importância da elaboração de um instrumento de registro conformando um de-senho que permite afirmar que a pesquisa aplicada ao cotidiano da prática deve ser adotada como uma estratégia para influenciar decisões no processo de ensino-aprendizagem, pois permite que o aluno par-ticipe do processo de avaliação da adequação ao con-teúdo da proposta atual, tenha uma visão do conjun-to de necessidades e adote critérios de avaliação para

organizar a programação da oferta de serviços com uma visão de cuidado progressivo e integral a saúde. Essa possibilidade permite a adoção de uma nova for-ma de planejamento, que adota como critério não mais a tradicional “vez de chegada” ou “numero na fila”, mas o parâmetro da determinação de necessida-des, construídas em consenso com o grupo de usuá-rios. Foi possível concluir que a Clinica Integrada é um importante espaço para o aluno reconstruir con-ceitos formulados no modelo tradicional de estrutu-ração do currículo, com desenho baseado na elabo-ração de um plano de tratamento à partir das necessidades de cada indivíduo e planejamento do cuidado com procedimentos vinculados aos conheci-mentos de cada disciplina e o trabalho em equipe. Acreditamos que para despertar a percepção da ne-cessidade de mudanças e instituir novos conceitos de práticas, marcando a graduação do profissional com o registro de que a Instituição desempenhou o seu papel na formação, é fundamental aproveitar expe-riências bem sucedidas, articulando o saber do Servi-ço e da Academia, reconhecendo o talento de seus componentes, estimulando o potencial criativo, va-lorizando a capacidade inovadora e entendendo o fundamento da proposta da gestão participativa pro-posta pelo Sistema de Saúde.

Portfólio como possibilidade de construir e sistematizar o conhecimentoApresentador: Odair Bim JúniorAutores: Odair Bim Júnior, Nilce Emy TomitaInstituição: Faculdade de Odontologia de Bauru-

USP

Tendo em foco a formação dos profissionais da Saúde, este trabalho faz parte de uma leitura múl-

tipla sobre o próprio processo formativo durante a graduação, em que um estudante do curso de Odon-tologia da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP assume a vez de porta-voz dos acontecimentos, a fim de relacioná-los a nós críticos do processo de forma-ção e, a partir disso, reconstruir a realidade vivencia-da com a coletividade (os demais estudantes da sala de aula, os colegas da Instituição de Ensino Superior, profissionais de serviços e docentes). A proposta está organizada em formato de portfólio, uma ferramenta pedagógica que proporciona um panorama amplia-do dos resultados alcançados, resguardando todo o desenvolvimento cognitivo empenhado no contexto. O presente trabalho visa à apresentação e à discussão de alguns dos conteúdos compilados nesse portfólio,

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com ênfase na categoria “narrativas”, as quais pos-suem tanto valor histórico quanto analítico, porque demarcam um contexto e constroem reflexões à me-dida que interagem com vários referenciais já ques-tionados na atual literatura. A experiência do portfó-lio enquanto ferramenta pedagógica se valida, ao permitir a melhor compreensão destas questões, tra-zendo a possibilidade de desvendamentos frente a necessidade de resolução dos problemas detectados. Além disso, também há um favorecimento para que inúmeros eventos deixem de existir fora da esfera de atenção do aluno, o qual se faz ciente do lugar que realmente ocupa dentro da Instituição de Ensino Su-perior e aprende a importância de considerar aspec-tos do contexto durante a formação universitária.

Pós-graduação x gradução: reflexos e conseqüênciasApresentador: Rosana Mara Giordano de BarrosAutores: Rosana Mara Giordano de Barros, Paulo

Zárate Pereira, Edilson José ZafalonInstituição: Universidade Federal de Mato Grosso

do Sul-Faculdade de Odontologia Prof. Albino Coimbra Filho

Os cursos de pós-graduação têm aumentado con-sideravelmente, tanto em números, quanto em

abrangência das áreas de conhecimento. A discussão sobre os modelos de formação na pós-graduação está sendo uma das principais controvérsias e um dos te-mas centrais tratados no que diz respeito a esse nível de ensino (Velloso, 2004). Em determinadas situa-ções, para avaliarmos ou mensurarmos a eficiência do método de ensino-aprendizagem faz-se necessário a correlação da formação docente e a quantidade das pesquisas científicas realizadas em instituições de ensino superior. Neste contexto, a pesquisa científica torna-se instrumento avaliativo, além de uma ferra-menta para a obtenção de conhecimento (Cavalcan-ti et al., 2004). Dentro desta perspectiva, a pesquisa nos remete a novas tecnologias e principalmente ao desenvolvimento de uma visão crítica e reflexiva na formação do acadêmico (Péret e Lima, 2003). Para o presente estudo foi aplicado um questionário aos docentes (N=30) da Faculdade de Odontologia “Prof. Albino Coimbra Filho” da Universidade Fede-ral de Mato Grosso do Sul, havendo a resposta de 28 professores, cujo intuito foi de analisar a quantidade da produção científica após o término da pós-gradu-ação. Como instrumento de comparação, buscamos o arquivo de trabalhos de conclusão de curso (TCC)

no período de 2004 a 2008, categorizados em revisões literárias, relatos de casos clínicos e pesquisas cientí-ficas, além do questionário, para então relacionar-mos a diferença dos dados em períodos anterior e posterior à conclusão da pós-graduação. Dos 28 pro-fessores que participaram do estudo, 27 têm pós-gra-duação stricto sensu, onde 63% terminaram após o ano de 2000, sendo a mediana o ano de 2004. O percentual de pesquisas realizadas em nossa IES, vin-culadas aos trabalhos de graduação no de 2004 foi de 28,12% do total de trabalhos realizados, aumen-tando para 48,48% em 2005, 48,78% em 2006, 69,77% em 2007 e 85,37% em 2008. Diante dos dados obtidos nos últimos cinco anos (2004-2008), podemos corre-lacionar o aumento no número das pesquisas na gra-duação, relativas ao TCC, com a formação e término da pós-graduação de nossos professores, o que nos leva a acreditar e concluir em uma melhora signifi-cativa no método ensino-aprendizagem aplicado em nossa instituição.

Primeira avaliação da mudanças curriculares na Faculdade de Odontologia da uFRGSApresentador: Sonia Maria Blauth de SalvutzkyAutores: Taís Azambuja, Francesca Bercini, Carlos

Eduardo BaraldiInstituição: Faculdade de Odontologia - UFRGS

O processo de mudança curricular da Faculdade de Odontologia da UFRGS encontra-se em seu séti-

mo semestre. Este novo currículo tem por característi-cas formar um Cirurgião-dentista capacitado ao exercí-cio de atividades referente à saúde bucal da população; dotado de espírito crítico face à sua realidade e com sólida formação técnica científica e humanística; pro-fissional que norteie o seu comportamento e decisões, pelos princípios da ética/bioética; um profissional que, individualmente ou em associação com seus pares e demais profissionais da saúde, tem como atividade pri-meira, promover, preservar e recuperar a saúde da po-pulação, principalmente na sua esfera de atuação e desenvolve-se em 10 semestres letivos. A partir do quin-to e sexto semestres foram planejados o desenvolvimen-to de competências e habilidades específicas ao exercí-cio profissional do cirurgião-dentista tanto no âmbito da atenção ao indivíduo como à coletividade voltado à realidade local e às necessidades do sistema de saúde vigente. Neste trabalho buscamos avaliar o impacto des-ta modificação com relação ao ensino-aprendizado nas disciplinas ClínicaOdontológica I e II,respectivamente

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pertencentes ao quinto e sexto semestres letivos. Para tanto utilizamos como instrumento de avaliação uma Escala do tipo Likert, constituída por afirmações posi-tivas e negativas,buscando obter a opinião dos alunos sobre a abrangência dos conteúdos ministrados nestas disciplinas. Estas afirmações basearam-se nos seus pla-nos de ensino. A partir da análise dos dados, poderemos avaliar parte desta mudança curricular e obter um fee-dback para continuar aperfeiçoando o processo de ensino e aprendizagem na Faculdade de Odontologia da UFRGS.

Projeto Asa Branca – uma realidade na prevenção do câncer bucalApresentador: Leógenes Maia SantiagoAutores: Leógenes Maia Santiago, Uoston Holder

da Slva, João Manoel da Silva Filho, Danielle Lago Bruno de Faria

Instituição: Associação Caruaruense de Ensino Superior

O projeto Asa Branca-Programa de Prevenção e Combate ao Câncer de Boca, constituinte do

complexo de ensino, pesquisa e extensão da ASCES, iniciou suas atividades no ano de 2001. Desde então vem realizando campanhas em diversos municípios do estado de Pernambuco, atingindo o sertão, agres-te, zona da mata sul e norte e litoral. Até o momento já foram visitados 31 municípios com a realização de 45 campanhas. No dia 11 de fevereiro de 2005, foi reconhecido pelo Ministério da Saúde, através do Pro-grama Brasil Sorridente, como um Centro de Refe-rência para diagnóstico e tratamento de lesões bucais, tendo sua clínica inaugurada em cerimônia pela Ex-celentíssimo Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Além das Campanhas nos muni-cípios, em que são realizadas visitas domiciliares, coma participação de alunos do 1º. ao último período, con-ta também com a realização de diagnósticos e trata-mentos através de estagiários em Centros de Referên-cias Municipais que são criados durante reuniões com os prefeitos dos municípios. Os casos diagnosticados são então encaminhados para a clínica Asa Branca, na Faculdade de Odontologia de Caruaru-PE, cujo trans-porte fica a cargo do município de origem para que recebam a conduta terapêutica indicada. Além dos procedimentos cirúrgicos são realizados também os exames anátomo-patológicos em laboratório perten-cente ao Projeto. O referido projeto também oferece gratuitamente para os cirurgiões-dentistas da rede SUS, curso de capacitação em Estomatologia e Preven-

ção do Câncer Bucal, de natureza teórico-clínico, sen-do essa é uma forma de disseminar a necessidade de uma diagnóstico precoce e pronto atendimento. A importância desse projeto vai além do aspecto social, já que permitiu o exame de 83.045 pacientes entre os anos de 2001 a 2007, com um número de 16.388 pacientes com lesões, que foram encaminhados para tratamento na Faculdade de Odontologia de Caruaru-Pe, possibilitando assim reduzir o fluxo de pacientes aos grandes centros e permitindo aos alunos de Gra-duação um importante contato com a realidade, que esperamos, possa contribuir para a formação de novos profissionais com melhor conhecimento das caracte-rística clínico-epidemiológicas do câncer bucal e vol-tados para a promoção de estratégias que permitam a instituição de medidas que modifiquem esse quadro atual.

Projeto piloto de implantação do projeto telessaúde Brasil no Rio de Janeiro: a inserção da OdontologiaApresentador: Márcia Maria Pereira RendeiroAutores: Márcia Maria Pereira Rendeiro, Luciana

Freitas BastosInstituição: ENSP/UERJ

O Programa Nacional de Telessaúde tem o objeti-vo de desenvolver ações de apoio à assistência à

saúde e, sobretudo, de educação permanente de Saú-de da Família. Ao integrar as equipes de saúde da família das diversas regiões do país com os centros universitários de referência, pode melhorar a quali-dade dos serviços prestados em atenção primária, diminuindo o custo de saúde através da qualificação profissional e a quantidade de deslocamentos desne-cessários de pacientes, utilizando uma infra-estrutura de informática de telecomunicação para o desenvol-vimento contínuo à distância, que possibilita a multi-plicação e disseminação do conhecimento e a quali-ficação da assistência prestada, com a utilização de multimeios (biblioteca virtual, videoconferência, fó-runs, vídeo streaming e chats); estruturação de um sistema de consultoria e segunda opinião educacional entre especialistas em Medicina de Família e Comu-nidade e preceptores de Saúde da Família, profissio-nais da Atenção Primária e Instituições de Ensino Superior. No Estado do Rio de Janeiro, o Telessaúde Brasil está implantado na UERJ, que tem larga tradi-ção no desenvolvimento de ações na Atenção Primá-ria em Saúde e envolve a Medicina, a Enfermagem e a Odontologia. Em fase de implantação, o projeto

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pretende atingir até 70 municípios, com a instalação de 100 pontos e utiliza a seguinte metodologia: 1. planejamento e apresentação do projeto ao COSE-MS, definição conjunta dos municípios selecionados; 2. visita técnica de sensibilização e motivação das equi-pes; 3. entrega dos formulários de linha de base e teste de conectividade; 4. assinatura do termo de ade-são pelo gestor e entrega dos kits de informática; 5. treinamento e realinhamento conceitual da equipe de teleconsultores e das equipes de saúde da família. A inserção da Odontologia na equipe multidiscipli-nar do projeto atende às premissas da Política Nacio-nal de Atenção Básica e da Política Nacional de Pro-moção da Saúde, que elencam a Saúde Bucal como área prioritária para o fortalecimento da Atenção Bá-sica. O plano de trabalho proposto inclui: avaliação de linha de base, projeto de extensão com a inclusão dos graduandos, alinhamento das Universidades par-ticipantes do PRÓ-SAÚDE como parceiras, suporte para decisão clínica baseada em evidências, curso de formação técnica à distância, Teleconsulta e segunda opinião formativa, tanto para os casos da atenção bá-sica, quanto da atenção especializada, videoconferên-cia, com participação nos temas transversais e propos-ta dos temas específicos, teleconsultoria e discussão de casos e/ou aprofundamento teórico, encaminha-dos pelas equipes de Saúde da Família, elaboração de indicadores de avaliação da qualidade e de impacto. A análise dos formulários de linha de base, em pro-cesso, já permite identificar as demandas dos profis-sionais das equipes em relação à teleducação e tele-consultoria ou segunda opinião. A participação ativa da Odontologia em todas as fases do processo tem possibilitado o contato com a realidade local e a tro-ca de experiência com as equipes, facilitando a ava-liação dos aspectos qualitativos e subjetivos do diag-nóstico, possibilitando reflexões importantes no que se refere ao processo de trabalho, dificuldades enfren-tadas e desafios a superar para o fortalecimento da Atenção Básica, desenvolvimento do Sistema Único de Saúde com resolutividade e eficiência, subsidiando processos de gestão, decisão clínica e formação.

Projeto sorria – mais uma ferramenta para o ensino da saúde bucal coletivaApresentador: Fernando Souza SimioniAutores: Fernando Souza Simioni, Bibiana Avelar

Bastos, Francisco Avelar Bastos, Flávio Renato Reis de Moura

Instituição: Universidade Luterana do Brasil - Campus Cachoeira do Sul - RS

O Projeto Sorria integra as atividades de extensão do Curso de Odontologia da ULBRA-Campus

Cachoeira do Sul. O projeto tem como objetivo pro-porcionar aos acadêmicos atividades teórico-práticas no campo da saúde bucal coletiva. Este tipo de traba-lho possibilita ao aluno de Odontologia atuar na aten-ção primária em saúde bucal, intervindo no processo de instalação de afecções buco-dentais. Neste contex-to, o aluno exercita atividades de cunho social poden-do constituir o primeiro contato, do futuro profissio-nal, com a realidade socioeconômica de uma grande parcela da população brasileira. Assim, o curso utiliza o projeto como mais uma ferramenta para capacitar o futuro Cirurgião-Dentista, pautado em princípios éticos, legais capazes de promover transformações sociais da população. Metodologicamente o projeto é desenvolvido na sua integra pelos acadêmicos sob a orientação de um professor. As atividades são divi-didas em duas etapas: a primeira os acadêmicos tra-balham fazendo uma palestra utilizando slides edu-cativos apropriado para pessoas de faixas etárias distintas. Ainda nesta etapa é utilizado um vídeo edu-cativo direcionado para crianças da faixa etária de 4 a 8 anos. Na segunda fase ocorre a parte prática, onde os acadêmicos realizam aplicação tópica de flúor e orientações de higiene bucal com o auxílio de um escovódromo focando principalmente a família. As edições do projeto ocorrem integradas a atividades de instituições públicas e privadas, principalmente em eventos comunitários. Desde 2004 até o ano de 2007 o projeto já atingiu 7376 pessoas e 81,9% das edições foram em entidades públicas, 18,1% em pri-vadas, com a participação de 151 acadêmicos do cur-so. Conclui-se que o Projeto Sorria é metodologia de trabalho que contribui para o aprendizado teórico-prático de atividades da saúde bucal coletiva e tam-bém contribuindo para melhora da qualidade de vida da população atingida.

Promoção de saúde bucal para pacientes especiais - apresentação de um projeto de extensãoApresentador: Regina Ferraz MendesAutores: Regina Ferraz Mendes, Danyege Lima

Araújo Ferreira, Rosendo Prado Júnior, Reyjanne Barros de Carvalho

Instituição: Universidade Federal do Piauí

Um Projeto de Extensão tem por finalidade con-solidar a interface comunidade acadêmica/so-

ciedade, possibilitando o enriquecimento necessário

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para o processo integrador de produção do conheci-mento em busca da melhoria das condições de vida da sociedade em geral. Este projeto originou-se com a constatação, a partir de pesquisas realizadas, de que os pacientes com necessidades especiais encontra-vam-se com a saúde bucal precária. Concluiu-se que esta situação é conseqüência do pouco conhecimen-to dos cuidadores sobre as práticas adequadas de pro-moção de saúde e da dificuldade de atendimento odontológico para estes pacientes, os quais muitas vezes são rejeitados pelo serviço convencional. Os objetivos foram: identificar conhecimento dos cuida-dores e professores sobre práticas de promoção de saúde bucal; Promover, recuperar e manter a saúde bucal do paciente com necessidades especiais; Capa-citar profissionais envolvidos com os pacientes porta-dores de necessidades especiais para a promoção de saúde; Despertar nos alunos da graduação a impor-tância do atendimento humanizado e a responsabili-dade do cirurgião dentista em ações de promoção de saúde em pacientes especiais. O Projeto é desenvol-vido no Centro Integrado de Educação Especial (CIES), mantido pelo Governo do Estado do Piauí, o qual atende 334 crianças com deficiência mental (principalmente síndrome de down, mas atende tam-bém autismo, paralisia cerebral e deficiência múlti-pla) de 0-14 anos. O CIES assiste em várias áreas a fim de proporcionar o desenvolvimento das crianças a ponto de incluí-las no ensino regular. O trabalho edu-cacional tem como foco o processo de inclusão do aluno especial, desenvolvendo atividades que possi-bilitem que as crianças com deficiência possam in-gressar na escola comum. Também proporciona aten-dimento psicológico, fonoaudiológico, médico, odontológico, psicopedagógico, terapêutico ocupa-cional, além de atendimento em enfermagem e de assistência social, executados em conjunto com a edu-cação regular para oferecer um atendimento integral às crianças. Os alunos e professores do curso de Odon-tologia da UFPI se deslocam ao CIES, onde são reali-zadas atividades Educativas (Palestras, oficinas, tea-tro, trabalhos de artes nas salas da aula, orientações sobre higiene bucal para pacientes, pais e responsá-veis. Este momento é importante também para se promover a socialização através de atividades produ-tivas, expressivas, lúdicas, recreativas e estimulação precoce com temas de odontologia); e de Promoção e Recuperação da Saúde (escovação supervisionada, aplicação de flúor e tratamento restaurador atraumá-tico). Casos mais complexos são encaminhados para a UFPI. Este projeto tem propiciado uma relação so-

cial de impacto entre a UFPI e a sociedade, como agente transformador; atua dentro dos princípios de interdisciplinaridade, caracterizada pela interação de modelos, conceitos complementares e metodologias, buscando a consciência teórica e operacional, que estruture o trabalho dos agentes no processo de ex-tensão e ainda enaltece a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão que reafirma a extensão como processo acadêmico de formação e de geração de conhecimentos.

Proposta de adequação da estrutura curricular do curso de graduação da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto / uSPApresentador: Maria da Gloria Chiarello de MattosAutores: Silvia Passeri, Maria da Gloria Chiarello

de Mattos, Marisa Semprini, Marlivia Golçalves Carvalho Watanabe

Instituição: Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP

A definição de um novo projeto político pedagó-gico para o curso de graduação da Faculdade de

Odontologia de Ribeirão Preto/USP (FORP/USP) na perspectiva das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do MEC constituiu um desafio para Comissão de Graduação da unidade, culminando com a implan-tação de uma estrutura curricular, a partir de 2004, que adotou como estratégia mobilizar o corpo docen-te/discente para participar de reuniões (ao final do processo foram computadas 52 delas) partindo-se do microcosmo da universidade representado pelo De-partamento, que é a menor célula, para o macrocos-mo, representado por assembléia geral e finalmente Congregação da unidade, na proposta de estrutura curricular que ampliasse os cenários de ensino-apren-dizagem ao longo de toda a formação acadêmica, proporcionando ao aluno, desde cedo, o contato com a realidade social e dos serviços de saúde, oferecendo-lhe condições para superar a dicotomia entre estudo e trabalho, valorizando a incorporação de tecnologias leves e o trabalho em equipe multiprofissional, bem como a integração dos conteúdos programáticos das disciplinas, com a proposta do currículo que teve por foco central o tratamento do paciente de maneira integral, observando este indivíduo no seu todo. Para atingir os objetivos propostos, este currículo foi orga-nizado de forma integrada, em complexidade cres-cente e quase sem nenhuma separação entre os ciclos básico e profissionalizante. Em 2006, a Comissão de

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Graduação da FORP/USP convidou especialistas da área da pedagogia para participar de reunião com na qual foram apresentados o currículo do curso e suas particularidades. Esta Comissão solicitou uma avalia-ção da estrutura atual do currículo para iniciar uma proposta de adequação curricular, uma vez, que os professores e alunos identificaram alguns aspectos que precisariam ser revistos. A partir de julho de 2007, deu-se início a construção da proposta de adequação da estrutura curricular do curso de graduação em Odontologia da FORP / USP em conjunto com a Comissão de Ensino composta por representantes de todas as áreas departamentais. O objetivo principal desta proposta foi oferecer uma visão externa da es-trutura curricular do Curso de Odontologia com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais, apresentando sugestões e permitindo uma reflexão sobre a estrutu-ra atual. Para o diagnóstico inicial da estrutura curri-cular atual da FORP-USP, observações sugeridas pelas Diretrizes Curriculares foram analisadas e compara-das às propostas atuais do currículo da FORP/USP. Como resultado desta análise foram feitas considera-ções quanto ao: 1-) Perfil do Aluno, 2-) Competências e Habilidades, 3-) Estágios Curriculares, 4-) Ativida-des Complementares, 5-) Projeto Pedagógico, 6-) Trabalho de Conclusão do Curso, 7-) Estrutura do Curso e Integração Curricular, 8-) Avaliação e Acom-panhamento do Curso. Os estudos permitiram apre-sentar proposta de adequação curricular que poderá oferecer subsídios para a realização de mudanças no Curso de Odontologia, aperfeiçoando ainda mais a qualidade do ensino ministrado na Instituição.

Proposta para divulgação do projeto pedagógico entre discentes da Faculdade de Odontologia da PuC-CampinasApresentador: Solimar Maria Ganzarolli SplendoreAutores: Arnaldo Pomílio, José Inácio Toledo

Junior, Solimar Maria Ganzarolli Splendore

Instituição: Faculdade de Odontologia PUC-Campinas

A importância do Projeto Pedagógico para uma Faculdade é inquestionável. No entanto, para

que as propostas e o conteúdo deste Projeto sejam colocados em prática, cada elemento participativo do curso deve conhecê-lo e compreendê-lo. Com este objetivo, os membros da EAPP (Equipe de Apoio ao Projeto Pedagógico) da Faculdade de Odontologia

da PUC-Campinas elaboraram uma proposta para divulgação do projeto entre docentes, funcionários e principalmente discentes. Em um painel principal de 90X110 cm, foi inserido, de forma lúdica, todo o con-teúdo do Projeto, seus Eixos principais e Objetivos. Cópias deste painel foram confeccionadas em folhas tamanho A3 e A4 e distribuídas em todos os períodos da Graduação. O painel ficou exposto e foi apresen-tado aos alunos. Após a divulgação, os alunos apre-sentaram condições mais favoráveis para discussão de conteúdo e maior compreensão do desenvolvimento de seu proacesso de aprendizagem.

Pró-Saúde da Faculdade de Odontologia da universidade Federal de Goiás: análise do primeiro ano de execuçãoApresentador: Maria Goretti QueirozAutores: Maria Goretti Queiroz, Claudio Rodrigues

Leles, Gersinei Carlos de Freitas, Rejane Faria Ribeiro-Rotta

Instituição: Faculdade de Odontologia- UFG

O Pró-saúde da FO-UFG iniciou as suas atividades em 2006 e o seu primeiro ano de execução se

encerra em junho de 2008 com a prestação de contas dos recursos recebidos neste período. Este trabalho tem como objetivo apresentar as ações desenvolvidas neste período a partir dos eixos orientadores do pro-grama: orientação teórica, cenário de prática e orien-tação pedagógica. No eixo da orientação pedagógica foram desenvolvidas atividades visando promover mudanças no processo de formação, por meio do aprimoramento das práticas pedagógicas. Foram re-alizados quatro momentos de reflexão-ação que sub-sidiaram as discussões nas disciplinas que compõem a matriz curricular. Ainda neste eixo, destaca-se a re-alização da I Mostra da Parceria Ensino-Serviço-Co-munidade que surgiu da necessidade de se criar um espaço para troca de experiências, diálogos, encon-tros, debates e reflexões, visando ampliar e fortalecer as parcerias. Foi construída com metodologia favorá-vel ao diálogo e a integração, sendo composta por: discussão dos trabalhos científicos, rodas de conversa, painéis, e atividades complementares como Mostra de Cinema, Tenda Paulo Freire e Trilha da vida. No eixo da reorientação da formação evidenciou-se a necessidade de mudanças que superam a lógica da gestão acadêmica atual, neste sentido foram imple-mentadas ações visando à mudança organizacional, melhoria na comunicação visual e prontuário eletrô-nico. Como estratégia de gestão da mudança priori-

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zou-se ações que provocassem impacto no fazer do-cente, destaca-se as atividade do VER-SUS Docente. O mesmo visa ampliar a duração e diversificar a prá-tica educacional dos estudantes da UFG, consideran-do os princípios, diretrizes e cenários de práticas do SUS, contemplando os interesses e necessidades dos diferentes cursos, mediante sensibilização e qualifica-ção dos docentes. Foi concebido inicialmente para ser uma atividade para os docentes da FO, no entan-to, tornou uma atividade integradora da área da saú-de da UFG, principalmente devido ao envolvimento da Pró-Reitoria de Graduação, desde o início. Na orientação teórica as atividades desenvolvidas têm permitido ampliar a discussão sobre os determinantes do processo saúde-doença na graduação e pós-gradu-ação que permitirá, entre outras mudanças, a realiza-ção de pesquisas mais direcionadas à realidade local. Foram propostas trinta e uma ações, destas dezenove foram executadas como o planejado outras se desdo-braram em novas atividades ou foram substituídas tendo em vista a mudança do cenário. As dificuldades encontradas se relacionam à diversificação do espaço de atuação ao longo do curso, envolvimento hetero-gêneo dos docentes, integração com os outros cursos da área da saúde dentro da UFG e o planejamento compartilhado com o SUS local.

Pró-Saúde na universidade Federal de Santa Catarina – um processo de integração ensino-serviço-comunidadeApresentador: Ines Beatriz da Silva RathAutores: Cláudio José Amante, Daniela Lemos

Carcereri, Ines Beatriz Rath, Mauro Amaral Caldeira de Andrada

Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina

O Curso de Graduação em Odontologia da UFSC está reorientando o seu Projeto Peda-

gógico, com base na Resolução no 3/02 CNE/CES, de 19 de fevereiro de 2002, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais de Cursos de Graduação em Odontologia. Este trabalho tem como objetivo pro-porcionar reflexões em torno desta temática para todos os atores envolvidos e responsáveis pela ges-tão do ensino e do serviço. O processo de integra-ção ensino-servico-comunidade aponta para a ne-cessidade de programar novas metodologias educacionais, estruturar uma matriz curricular que garanta a formação de um Cirurgião-Dentista com visão crítica, postura ética, sensibilidade social, que entenda o ciclo da vida e o processo de saúde-do-

ença, com uma abordagem humanizada, pautada na compreensão da realidade social, cultural e eco-nômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da socie-dade. As áreas de Medicina e Enfermagem têm ex-perimentado movimentos significativos de reflexão crítica sobre os modelos tradicionais de formação profissional. Em relação à Odontologia, este pro-cesso é mais recente exigindo esforços para inte-grar a saúde bucal dentro do novo contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional, formando um profissional com perfil adequado. O Ministério da Saúde tem se preocupado em orientar o processo de formação de recursos humanos da área, estabe-lecendo, para tanto, parceria com o Ministério da Educação. Essas mudanças têm implicado em redi-recionamento nas políticas de educação e de saúde. O Curso de Graduação em Odontologia, da Uni-versidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Florianó-polis, vem desenvolvendo atividades visando pro-cessos de mudanças na formação de Cirurgiões-Dentistas. Um dos pontos marcantes tem sido a discussão das novas diretrizes curriculares para os cursos de Odontologia e as políticas públicas de saúde bucal, visando adequar o currículo às neces-sidades do País nesta área. A agenda de debates inclui temas como: desafios da integração entre as demandas do SUS e o ensino da Odontologia, o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o Pró-Saúde, a política de saúde bucal enquanto instrumento de inclusão so-cial e de garantia da cidadania.

Pró-Saúde: ações integradoras para graduação de um profissional generalista comprometido com o SuSApresentador: Maria Cristina Almeida de SouzaAutores: Souza M.C.A., Casotti E., Gouvea M.V.,

Albuquerque C.J.M.Instituição: Universidade Severino Sombra - USS

Em 2005, a auto-avaliação do Curso de Odontolo-gia da USS evidenciou insatisfação por parte dos

discentes dos períodos concluintes em relação à sua futura inserção no mercado de trabalho, uma vez que a grande demanda é por profissionais generalistas, com destaque para aqueles com perfil para atuação na Atenção Básica. Os gestores, apoiados pela comu-nidade acadêmica decidiram, assim, pela efetivação de ajustes que representaram a reorientação na for-

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mação profissional do aluno de Odontologia, decisão alicerçada na contemplação do Curso com o Pró-saú-de - Programa de Reorientação do Profissional em Saúde - (MS/MEC/OPAS). Entre as ações propostas e executadas, destacam-se: ampliação do número de pesquisas acadêmicas relacionadas com a Atenção Básica; inclusão e discussão de temas transversais fo-mentadores do desenvolvimento de um necessário senso crítico discente; revisão dos conteúdos progra-máticos, apontados com deficitários por preceptores de estágio; reorganização dos Estágios Supervisiona-dos Curriculares com readequação dos campos de prática (Unidades Saúde da Família do Município); conscientização por parte dos docentes do ciclo pro-fissional sobre a relevância do SUS como campo de atuação. Prestes a concluir o primeiro ano de execu-ção do Pró-saúde, as vantagens e progressos na reo-rientação da formação do Cirurgião-dentista são in-contestáveis, já representando um diferencial de atuação do acadêmico na região na qual a USS está inserida. Apesar do curto período de tempo de ope-racionalização das ações, o acompanhamento dos egressos tem permitido verificar sua inserção no mer-cado de trabalho, com destaque para o percentual de ingressantes no serviço público. Concluem os autores que o modelo que se implementa na USS, segundo este novo perfil de formação profissional, é moderno, atual e, portanto plenamente adequado à realidade nacional.

Reestruturação da matriz curricular com vistas às DCn: uma experiência do Curso de Odontologia da universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – uESBApresentador: Patrícia Elizabeth Souza MatosAutores: Patrícia Elizabeth Souza Matos, Haroldo

José Mendes, Cézar Augusto CasottiInstituição: Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia

O Curso de Odontologia da Universidade Estadu-al do Sudoeste da Bahia –UESB foi implantado

no ano de 2004, no campus universitário do municí-pio de Jequié, região sudoeste da Bahia. As atividades da primeira turma foram iniciadas no ano de 2004, trabalhando com uma “grade curricular tradicional”, na qual as disciplinas foram distribuídas de acordo com as especialidades odontológicas, e somente nos dois últimos semestres as disciplinas de Clínica Inte-grada eram desenvolvidas. À medida que o corpo docente foi sendo constituído, iniciou-se uma discus-

são acerca da matriz curricular, uma vez que se trata-va de um curso novo e que “caminhava na contramão” do que era proposto pelas Diretrizes Curriculares Na-cionais (DCN) de 2002, foi então que em 2005 iniciou-se o processo de reestruturação da matriz curricular, com uma proposta de trabalho voltada a integração das disciplinas. O novo fluxograma do curso de odon-tologia da UESB passou a vigorar em 2006, funcio-nando em 10 semestres, com carga horária total de 4.830 horas, distribuídas em macrodisciplinas, que visam integrar os conhecimentos das especialidades odontológicas, de maneira que os discentes tenham práticas clínicas integradas e uma melhor formação em Saúde Coletiva. Atualmente, a primeira turma encontra-se no 80 semestre, e a tentativa de trabalhar em consonância com as Diretrizes Curriculares Na-cionais não vem sendo uma tarefa fácil na UESB, onde as dificuldades e os êxitos são sentidos e percebidos a cada dia durante o desenvolvimento das atividades acadêmicas, principalmente quando coloca-se em evidência a discussão de termos “professores especia-listas no ensino generalista”. O relato desta experiên-cia trará contribuições para que as dificuldades do curso de Odontologia da UESB possam ser discutidas com representantes de outras instituições de ensino superior, a fim de que se criem norteadores, e para que os nossos êxitos também sirvam de exemplo e motivação para os demais.

Reflexões críticas da internacionalização da graduação em odontologiaApresentador: Oswaldo Crivello-JuniorAutores: Oswaldo Crivello-Junior, Bonnie Taylor

Escudeiro, Renata Regina Cafasso HagerInstituição: Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo

Muito se tem falado em internacionalização da graduação nos últimos anos no Brasil. O Pro-

tocolo de Bolonha foi o instrumento desencadeador dessa discussão não somente no nosso país como em outros. Alguns autores acreditam que essa interna-cionalização seria o grande desafio para o Brasil nos próximos anos e que políticas objetivas entre univer-sidades e estado devam ser desenvolvidas para que objetivos, com resultados de interesse para o Brasil, sejam alcançados. O Protocolo de Bolonha, compro-misso europeu que objetiva formar uma estrutura, um espaço comum de ensino superior, aos países da União Européia conferindo maior possibilidade de intercâmbio entre eles, tem a pretensão de alinhar

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as Universidades da Comunidade Européia quanto à sua estrutura e duração de seus cursos de gradua-ção e pós-graduação strictu sensu. O novo modelo de ensino superior é fundamentado no trabalho dos alunos e na efetiva aquisição de competências. Essa proposta já encontra resistências de intelectuais e professores. A Odontologia não está fora dessa dis-cussão como vemos no exemplo abaixo transcrito: “Como, por exemplo, um odontólogo com pós-gra-duação na Alemanha vai aprender a trabalhar com aparelhos e materiais alemães, e no seu retorno ao Brasil, provavelmente continuará a querer usá-los, pois são estes seus parâmetros de qualidade e o ma-terial que ele aprendeu a manusear com destreza. Com isto, aumentam-se as vendas alemãs em mate-riais e aparelhos ortodônticos pelo mundo afora, promovidos pelos ex-bolsistas da odontologia na Ale-manha”. Mas a reflexão crítica começa em saber em que resultaria ganho para a instituição e para a so-ciedade repatriar um docente que venha com solu-ções importadas que não venham a suprir as neces-sidades locais ou que nada tenham a ver com nossa realidade? Esse ponto já deve ser discutido na ida do docente para lá e da finalidade de seus planos de estudos. A internacionalização do ensino superior de Odontologia passa pelo estabelecimento de con-vênios entre diferentes instituições? Esse é o cami-nho, chamado de internacionalização, em diferen-tes escolas. Na Universidade de São Paulo outros cuidados são ajuizados: mérito acadêmico do aluno, pertinência ao projeto formativo do curso e mesmo a viabilidade das despesas propostas. Sem isso, a ex-periência internacional com certeza pouco ajudará na formação profissional sem prejuízo da importân-cia informal de experiências escolares que deve ser sempre considerada (Freire, 2007). Necessário se faz a definição da internacionalização. Sem ela, o país corre o risco de tender para ela com os mesmos com-ponentes maléficos que convivemos na globalização econômica e servirmos exclusivamente para destino de interesses não compatíveis com a realidade da saúde bucal brasileira.

Reflexões éticas no cotidiano de uma clínica de urgências odontológicasApresentador: Marianella Aguilar Ventura FadelAutores: Marianella Aguilar Ventura Fadel, Arno

Locks, Inês Beatriz da Silva Rath, Vera Lúcia Bosco

Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina

A bioética trata das dimensões morais, decisão e conduta nas ciências da vida e no cuidado à

saúde, valendo-se de metodologias éticas num con-texto multidisciplinar. As questões bioéticas estão presentes cotidianamente em âmbito mundial nos mais diversos ambientes, inclusive no cotidiano das clínicas odontológicas. No entanto, embora as ques-tões bioéticas estejam presentes, nem sempre são discutidas ou refletidas como deveriam, e, portanto, não norteiam as condutas profissionais. Devido ao seu caráter trans e multidisciplinar, a discussão bio-ética é imprescindível na área da saúde. Na Odon-tologia, muitas questões são dignas de debates bio-éticos, no entanto a discussão ainda é incipiente. Dentre os princípios que fundamentam a bioética, existe: 1) a autonomia, entendida como a autode-terminação da pessoa para tomar decisões que afe-tem sua própria vida, sua saúde, sua integridade fí-sico-psíquica, suas relações sociais; 2) a beneficência que tem como regra norteadora o bem do paciente, seu bem estar e seus interesses; 3) a não-maleficência que diz respeito à obrigação de não causar danos, e 4) a justiça que obriga a garantir distribuição justa, equitativa e universal dos benefícios e dos serviços de saúde. Os princípios bioéticos na clínica odonto-lógica universitária, onde também existe o compro-misso com o ensino, precisam ser analisados sob um enfoque ampliado e deve envolver docente/pacien-te/aluno. A necessidade de obtenção do consenti-mento livre e esclarecido para realizar trabalhos odontológicos é fundamental. Para tanto, os profes-sores e os alunos devem apresentar para os pacientes as possibilidades de tratamento bem como suas ca-racterísticas, dividindo com o paciente a responsa-bilidade da escolha. Porém, a ocorrência de dilemas bioéticos em clínicas odontológicas de urgências é rotineira, pois se lida constantemente com dor e desconforto, e o paciente muitas vezes solicita a eli-minação definitiva do seu incômodo, mesmo que isto signifique perder um elemento dental. Cabe o questionamento: é ético extrair um dente perma-nente, onde há condições e indicação de tratamen-to endodôntico, em atendimento à solicitação do paciente, que decidiu “arrancar” todo e qualquer dente que viesse a “incomodar”? Se, devidamente esclarecido o paciente insistir e assinar um termo de responsabilidade, o profissional estaria, em tese, le-galmente amparado, mas, estaria tranqüilo em rela-ção à questão ética e às suas convicções profissionais? A discussão e reflexão éticas são contundentes no cotidiano das clínicas odontológicas universitárias.

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É necessário trazer estas questões precocemente nos cursos de graduação, de modo que o ensino odon-tológico brasileiro esteja adequado aos novos para-digmas mundialmente aprovados em 2005 pela Or-ganização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO na Declaração Univer-sal de Bioética e Direitos Humanos.

Resultados preliminares da aplicação do teste do progresso, em curso de Odontologia de universidade particular, em três semestres consecutivosApresentador: Elaine Quedas de AssisAutores: Elaine Quedas de Assis, Isabela M.

Benseñor, Dalva Gruz Laganá, Monica Andrade Lotufo, Claudio Fróes de Freitas

Instituição: Universidade Cidade de São Paulo - UNICID - FMUSP

Com a flexibilização dos Projetos Pedagógicos torna-se necessário reconhecer que as mudan-

ças que se quer promover nos cursos de graduação na área da saúde dependem de uma série de ações articuladas, entre estas, o processo de avaliação tem um papel decisivo como indutor de mudanças. O teste do progresso é um instrumento que vem sendo amplamente utilizado para avaliar o desempenho cognitivo dos estudantes ao longo do curso, sendo utilizado também como ferramenta de avaliação do curso de Medicina. Com características de avaliação longitudinal e ainda pouco difundido no curso de Odontologia. O objetivo do nosso trabalho foi de-senvolver um método próprio, adaptado aos padrões de ensino aprendizagem a que estão submetidos os futuros odontólogos, capaz de avaliar o desempenho dos alunos e das mudanças curriculares presentes nos cursos de Odontologia. O teste foi aplicado a todos os alunos de 1° a 4° anos, ao mesmo tempo, sendo composto por 85 questões referentes a todas as disciplinas do curso de Odontologia da UNICID e aplicados semestralmente. A participação dos alu-nos foi voluntária, porém incentivada. Os professo-res foram convidados a enviar as questões para a comissão responsável pela realização do Teste den-tro das características que se espera de um profissio-nal em função de competências que os educandos devem desenvolver, respeitando as construções e aprendizados anteriormente conquistados. Obser-vou-se a presença dos alunos em 93,9%, 89,7% e 86,5%, respectivamente nos três primeiros testes. Quanto ao ganho de conhecimento pode-se obser-

var aumento estatisticamente significativo entre o 1º e o 3º teste. Sendo progressivo nas turmas do 1º ao último semestre. Os resultados preliminares indi-cam um ganho de conhecimento cognitivo progres-sivo e contínuo ao longo dos quatro anos do curso de Odontologia, parecendo ser possível o uso desta ferramenta como mais um processo avaliativo ético e responsável.

Saúde bucal no século XXI: o desafio do ensino e da práticaApresentador: Ana Áurea Alécio de Oliveira

RodriguesAutores: Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues,

Ana Figueiredo Bomfim Matos, Rodolfo Macedo Cruz Pimenta

Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana

A saúde bucal vive um período de desenvolvimento e modificações em suas concepções, saberes e

práticas. Prova disso são as diversas vertentes da Odon-tologia surgidas desde a década de 50 do século XX, a exemplo da Odontologia Sanitária, Odontologia Preventiva, Odontologia Simplificada, Odontologia Integral e a Saúde Bucal Coletiva. A implantação de Equipes de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família (PSF) introduz no século XXI uma abertura para uma transformação significativa no que diz res-peito à Saúde Bucal, contudo não se pode esperar uma mudança nas práticas odontológicas se o paradigma da Odontologia nas Instituições de Ensino Superior mantiverem um processo de ensino-aprendizagem baseado no modelo flexneriano (individualista, biolo-gizante e superespecializado). Com base nestas obser-vações, interpreta-se a necessidade de alterações no ensino de graduação. De acordo com tal necessidade, a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Odontologia, publicada em fevereiro de 2002 pelo Conselho Nacional de Educa-ção, é de grande relevância para que a formação dos novos cirurgiões dentistas acompanhe as expectativas atuais da Saúde Bucal. Este trabalho propõe-se, por-tanto, a uma reflexão teórica, a partir da revisão de artigos que analisam as alterações curriculares, já exis-tentes, nos cursos de graduação em Odontologia, a fim de demonstrar o desafio transformador presente na relação entre o ensino e a prática odontológica. O resultado desta analise permite concluir a possibilida-de de alterações na realidade dos incipientes profis-sionais da Odontologia, com o propósito de ultrapas-sar os limites da discussão para a atuação.

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Segmentação de grupos de estudantes da Faculdade de Odontologia da uFG quanto à classificação de desempenho em disciplinas clínicas e não clínicasApresentador: Erica Tatiane da SilvaAutores: Erica Tatiane da Silva, Maria de Fátima

Nunes, Maria Goretti Queiroz, Cláudio Rodrigues Leles

Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás

A avaliação de desempenho acadêmico cumpre um papel estratégico para o planejamento polí-

tico-pedagógico da instituição e deve estar baseado em dados confiáveis e abrangentes. A avaliação em instituições brasileiras de ensino superior, somativa ou formativa geralmente é traduzida sob a forma de notas, ocorrendo aprovação do acadêmico através da média final nas disciplinas. O objetivo do presente estudo é analisar quantitativamente o padrão de de-sempenho de estudantes da Faculdade de Odontolo-gia da Universidade Federal de Goiás. Foi obtida uma amostra de 1166 estudantes, concluintes do curso de graduação entre os anos de 1988 e 2007. As notas de avaliações em disciplinas foram coletadas dos extratos acadêmicos fornecidos pelo Departamento de Assun-tos Acadêmicos, tabulados e analisados através do Programa Estatístico SPSS 16.0. Foram consideradas as médias total e parcial por grupos de disciplinas (ciclo básico e ciclo profissionalizante, disciplinas clí-nicas e não clínicas). A segmentação dos alunos com base no desempenho foi realizada pela análise de cluster (K-Means cluster), em 3 grupos de desempe-nho (alto, médio e baixo). As médias totais foram: 8,11 (n=466; 40,0%), 7,39 (n=527; 45,2%) e 6,55 (n=173; 14,8%), para os grupos de alto, médio e bai-xo desempenho, respectivamente. Os grupos com desempenho alto corresponderam a 45,3% no ciclo básico (média=7,85), 41,5% no ciclo profissionalizan-te (média=8,14), 48,3% nas disciplinas clínicas (mé-dia=7,79) e 35,0% nas disciplinas não clínicas (mé-dia=8,19). Em todos os grupos de disciplinas, o segmento formado pelos grupos de baixo desempe-nho correspondeu ao menor número de alunos, va-riando entre 11,3 (disciplinas clínicas) e 18,1% (dis-ciplinas não clínicas). Conclui-se que os padrões de desempenho acadêmico dos estudantes apresenta-ram tendência entre média e alta, mas um número considerável de alunos com baixo desempenho suge-re a necessidade de estratégias educacionais diferen-ciadas para este segmento.

Seminários interdisciplinares de simulações clínicas – uma experiência de integração básico-clínicoApresentador: Miura C. S. N.Autores: Bremm L. L., Boleta-Ceranto D.C.F.,

Hoeppner M.G., Gomes V. E.Instituição: UNIPAR

Em vista da desafiante tarefa de introduzir preco-cemente o acadêmico ao raciocínio clínico, pro-

mover permanentemente a interdisciplinaridade, co-locar o aluno num papel ativo de aprendizagem e colocar o professor num papel de problematizador e facilitador do aprendizado, elaboramos o projeto de ensino “Seminários Interdisciplinares de Simulações Clínicas”. No desenvolvimento do referido projeto, são preparados casos clínicos complexos envolvendo ao menos três especialidades odontológicas e incluindo as áreas básicas correlatas. Embora denominados “ca-sos clínicos”, são casos simulados, sempre com compli-cações sistêmicas, destituídos de detalhes que levem à sua resolução, que não é o objetivo do projeto. Os alu-nos levantam palavras-chave para pesquisa e estabele-cem objetivos de aprendizagem buscando a expansão do estudo do caso em áreas do conhecimento básicas, clínicas e sócio-culturais. Os participantes de cada gru-po são orientados a buscar, associar e discutir esses conhecimentos, tendo como norteador da pesquisa o caso clínico. Os grupos reúnem-se para expor e discu-tir as diversas possibilidades para cada caso e a funda-mentação técnico-científica e o professor assume um papel de problematizador e facilitador. A metodologia desenvolvida no projeto está centrada no aluno através da resolução de problemas. Os problemas diferem dos casos clínicos, sendo que estes últimos apresentam di-versos problemas num mesmo caso. Esta é uma meto-dologia inovadora de ensino que propõe ensinar o aluno a aprender, permitindo que ele busque o conhe-cimento nos inúmeros meios de difusão do conheci-mento hoje disponíveis e que, conseqüentemente, aprenda a utilizar e pesquisar estes meios. A diversida-de do conhecimento, por meio da diferentes formas de resolutividade clínica, é o objetivo do projeto. Isso é de suma importância, pois os assuntos aprendidos nos primeiros anos do curso permanecem, com freqü-ência, intocados até a sua formação. Vale ressaltar que somente o estudo e o aprimoramento permanente tornam possíveis a sobrevivência do profissional no mundo atual. Este projeto, portanto, fortalece a arti-culação da prática com a teoria ao simular casos com-plexos e de risco que requerem um profundo embasa-

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Trabalhos selecionados para apresentação • 43ª Reunião Anual da Abeno, 2008

mento teórico. Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que o referido projeto promover a interdisciplinaridade, principalmente entre áreas bá-sicas e clínicas; estimular a capacidade crítica e refle-xiva do acadêmico; estimular formas de educação con-tinuada através do estudo individual e em grupo através de grupo tutoriais; estimular a capacidade de demons-trar o planejamento e a discussão de uma conduta baseada em evidências científicas, e estimular a capa-cidade de comunicação dos alunos.

Seqüência clínica integrada para tratamento odontológico interdisciplinarApresentador: Eduardo José Guerra SeabraAutores: Eduardo José Guerra Seabra, Isabela

Pinheiro Cavalcanti Lima, Gerdo Bezerra de Faria

Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Toda prática profissional requer normatizações para otimizar o desenvolvimento de suas ativida-

des. Em Odontologia, isso pode acontecer sob forma de protocolos de atendimento clínico, rotinas formais de procedimentos ou de seqüência clínica a que o operador guia-se por ela para conduzir seu tratamen-to. Esta formalização de procedimentos preenche lacunas didáticas, servindo como roteiro para que o acadêmico ou profissional em relação ao moddus operandi clínico, objetivando a melhor forma de con-dução do tratamento. A literatura é bem rica em pro-tocolos de atendimento clínico dentro das especiali-dades ou, até mesmo, de procedimentos clínicos. Vários exemplos podem ser citados: seqüências clíni-cas para confecção de restaurações ou próteses, bem como um plano de tratamento periodontal envolven-do procedimentos básicos e avançados. Mas esta mes-ma literatura é pobre quando nos referimos a seqü-ências clínicas para planos de tratamento abrangendo mais de uma área do conhecimento odontológico, como os traçados nas Clínicas Integradas das faculda-des de Odontologia. O desenvolvimento de uma se-qüência clínica integrada para atendimento odonto-lógico inter ou transdisciplinar pode atuar de modo importante no contexto atual de necessidades do en-sino odontológico em relação ao perfil do profissio-nal a ser formado (clínico geral com visão ampla e integral da promoção de saúde bucal), bem como ao perfil da atividade docente neste aspecto da conduta generalista do exercício profissional no ensino. De-senvolveu-se uma seqüência clínica de atendimento

para uso na disciplina de Clínica Integrada onde se buscou a possibilidade de abertura para que áreas do conhecimento odontológico possam perpassar entre si no plano de tratamento. A partir de um exame clínico que utilize ferramentas como: anamnese, exa-me físico intra-bucal e radiográfico, e análise dos mo-delos de estudo articulados, temos elementos para traçar adequado modelo clínico de tratamento. Su-gere-se então um roteiro de procedimentos que pode ser aplicado em disciplinas de Clínica Integrada, bem como orientar a atividade profissional: 1) Condicio-namento do meio bucal: Periodontia - Endodontia – Exodontias - Dentística: onde o operador julga o principal fator de infecção, estipulando a ordem de procedimentos; procede-se a moldagem para plane-jamento protético ou ortodôntico na sessão do exame clínico ou após a raspagem periodontal. 2) Cirurgias eletivas; 3) Dentística; Prótese; 5) Controle e manu-tenção. Esta sequência baseia-se em três princípios (adequação do meio bucal; preparo de boca e reabi-litação) e pode ser interrompida a qualquer tempo por uma urgência odontológica, bem como, deve-se proceder o planejamento em conjunto com áreas às quais os pacientes possam ser encaminhados, como a ortodontia e a implantodontia. Instrumentos como este podem ajudar a construção do ensino odontoló-gico de maneira integrada, como pedem as DCN’s.

Teleodontopediatria: competências a serem desenvolvidas no curso de pós-graduação em atendimento à graduação em curso presencial com suporte a distânciaApresentador: Mary Caroline Skelton MacedoAutores: Mary Caroline Skelton Macedo, Luciana

Butini Oliveira, Marcelo Bönecker, João Humberto Antoniazzi

Instituição: FOUSP

A importância das competências ligadas ao desen-volvimento da comunicação online tem desperta-

do o interesse das diversas especialidades odontológi-cas, tendo em vista suas características próprias e a necessária adequação às Diretrizes Curriculares Nacio-nais. A Disciplina de Odontopediatria da FOUSP de-senvolveu um curso para a capacitação de 10 alunos de pós-graduação do triênio 2008/2010, a fim de que pos-sam agregar as competências de tutor de cursos online preconizada na Teleodontologia. Os conteúdos do cur-so contemplaram a aplicação de mídias educacionais, produção de material didático apropriado para supor-

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��

te ao ensino presencial, conceitos de teleducação, inte-ratividade e interação online. Foram agregados os trei-namentos em ferramentas síncronas e assíncronas de ensino. A plataforma educacional utilizada foi o Moo-dle. O planejamento do curso incluiu a preocupação em capacitar os alunos quanto aos conceitos fundamen-tais para um processo de ensino-aprendizagem eficaz quando realizado sob EaD. Foram aferidos os aspectos papel do tutor; relacionamento tutor/estudante; difi-culdades atreladas ao desenvolvimento dessa modali-dade de ensino; e, eficácia do processo de ensino-apren-dizagem na modalidade EaD em função da adequação de planejamento. Um questionário foi aplicado a fim de avaliar as competências adquiridas pelos alunos de pós-graduação quanto à proposta realizada e as respos-tas obtidas foram tratadas por porcentagem. Observou-se a assimilação correta dos parâmetros propostos na seguinte gradação: papel do tutor (90,9% observaram que o tutor deve ser um facilitador do processo); rela-cionamento tutor/estudante (63,6% acreditam que deva existir acesso facilitado); dificuldades atreladas ao desenvolvimento dessa modalidade de ensino (27,3% acreditam que seja de mesma magnitude que o ensino presencial); e, eficácia do processo de ensino-aprendi-zagem na modalidade EaD em função da adequação de planejamento (72,7% acreditam neste fato). Foi proposto aos alunos que sejam os tutores dos alunos de graduação da Disciplina de Odontopediatria na seqü-ência da capacitação. Percebe-se claramente a compre-ensão dos alunos com respeito às exigências próprias de um curso presencial com suporte a distância nos quesitos papel do tutor; relacionamento tutor/estu-dante; e, eficácia do processo de ensino-aprendizagem na modalidade EaD em função da adequação de pla-nejamento. Quanto às dificuldades atreladas ao desen-volvimento dessa modalidade de ensino, os alunos não perceberam a dificuldade em se produzir essa modali-dade de ensino, possivelmente por ainda não terem entrado em contato com os alunos em ambiente formal de curso.

Teleodontopediatria: exercícios online desenvolvidos pelos alunos de pós-graduação para aplicação na graduaçãoApresentador: Mary Caroline Skelton MacedoAutores: Luciana Butini Oliveira, Mary Caroline

Skelton Macedo, Ana Estela Haddad, Antonio Carlos Guedes-Pinto

Instituição: FOUSP

A eficácia comprovada pelos cursos presenciais com suporte online têm levado a repensar as compe-

tências a serem desenvolvidas na pós-graduação em Odontologia. Em virtude deste fato foi desenvolvido um curso de capacitação de 10 alunos de pós-gradua-ção de Odontopediatria do triênio 2008/2010 para que possam atender aos alunos de graduação na turma a se iniciar no segundo semestre de 2008 em sistema de desenvolvimento e gerenciamento do suporte digi-tal. Os objetivos pedagógicos desenhados para este curso incluíram os aspectos cognitivos com respeito ao Ensino a Distância e suas implicações; as habilidades almejadas incluíram o desenvolvimento de suporte online em plataforma Moodle; e, os atitudinais envol-veram o desejo de vencer as dificuldades impostas pela tecnologia proposta. O curso visou a capacitação para a aplicação do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle (plataforma freeware), desenvolvendo conceitos atrelados ao Ensino a Distância e ao desen-volvimento de material didático apropriado para esta modalidade educacional. Os alunos foram incentiva-dos a desenvolver quaisquer das atividades oferecidas pela plataforma, com a possibilidade de escolha dentre as propostas que mais se ajustassem ao que haviam compreendido do ensino presencial com suporte a distância. Do proposto, constatou-se que foram reali-zadas 13 inserções da atividade Lição (atividade de grande dificuldade no planejamento e aplicação); 10 inserções de texto em pdf e 01 em documento do Word; 09 diários; 05 chats (salas de bate-papo); 04 inserções de links; 04 links a sites de interesse; 04 fóruns; 04 enquetes; 01 glossário e 01 conjunto de slides em Po-werPoint. A liberdade de escolha dentre as possibilida-des oferecidas pelo AVA permitiu que os alunos optas-sem por atividades que apresentassem características ligadas à facilidade de desenvolvimento (inserções de texto,de diários e chats), porém a atividade mais inse-rida foi a de maior dificuldade na confecção (somente para esta atividade foram aplicadas 3 horas de ativida-de presencial). Considerando-se os resultados alcança-dos pelos alunos segundo a proposta feita pela disci-plina, observa-se que o desafio do desenvolvimento pode estimular o desejo da realização, objetivo peda-gógico atitudinal desejado ao se traçar as metas de competências da disciplina. Conclui-se que dos exer-cícios desenvolvidos pelos alunos de pós-graduação para aplicação na graduação segundo a proposta da Disciplina de Teleodontopediatria, os objetivos cogni-tivos e de habilidades traçados foram alcançados; os atitudinais também o foram, porém estimulados pela dificuldade em se desenvolver a tarefa proposta.

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Telessaúde: um novo cenário de aprendizagemApresentador: Helena Willhelm de OliveiraAutores: Helena Willhelm de Oliveira, Fabio Maito,

Thais Russomanoricardo CardosoInstituição: PUCRS

Este trabalho busca divulgar um programa de inter-câmbio por tele-conferência estabelecido entre os

cursos de Odontologia da PUCRS e da Universidade de Kaunas na Lituânia, que tem mobilizado os acadê-micos em documentar, apresentar e discutir questões ligadas ao aprendizado dos seus respectivos cursos, com a supervisão de professores e seguidos de discussões bilaterais sobre o tema abordado.O projeto tem a par-ceria do Laboratório de Telemedicina, parte integran-te do Centro de Microgravidade da PUCRS que junta-mente com o Grupo de Telemedicina da Fauldade de Medicina, compõem a Telessaúde da PUCRS. Contan-do com o apoio do Hospital São Lucas da PUCRS, do Projeto TEMOS (Telemedicine for a Mobile Society) da Agência Espacial Alemã e de universidades interna-cionais. O Laboratório tem sido sucesso em desenvolver projetos de pesquisa e assistência na área de Telemedi-cina e a Faculdade de Odontologia consolidou uma parceria para realizar experiências e produção de co-nhecimentos sobre o processo de inclusão das TIC´s, como um novo cenário de aprendizado por problema-tização e contextualição de conteúdos, comparação entre diferentes culturas como a Lituana e a Brasileira e os procedimentos preconizados para as patologias apresentadas. As comunicações são previamente agen-dadas para dia e hora compatível com as disponibilida-des mutuas dos alunos participantes. A língua é o inglês (idioma oficial da Lituânia, após a independência) e o tema também é acertado seja apresentação de caso cli-nico, transmissão de vídeos ou projetos que poderão contar com a participação dos alunos de ambas as Ins-tituições. Para estabelecer a comunicação é feita por computador, usando o recurso skype, com transmissão ao vivo e com duração de até 40 minutos. Resultados obtidos: maior contextualização dos procedimentos odontológicos realizados por culturas diferentes, moti-vação dos discentes e docentes para trabalhar em rede e utilizar esse método para educação permanente, apri-moramento da metodologia de comunicação, familia-ridade com a língua inglesa, parceria para projetos conjuntos, desenvolvimento de novos produtos para a melhoria da transmissão.

Teste do progresso na FOuSP: o ganho cognitivo do aluno e avaliações por formulário abertoApresentador: Oswaldo Crivello-JuniorAutores: Oswaldo Crivello-Junior, Luciana Ávila

Maltagliati, Maria Ercília de Araújo, Aline Cristine Munhoz Lopes

Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo

Os resultados conseguidos pelo Teste do Progres-so realizado anualmente desde 2004 vêm provo-

cando importantes reflexões para o curso. O Teste do Progresso, uma forma de avaliação longitudinal, ou de formação, do cognitivo que se repete anualmente (Rev. ABENO, 2005, 2006 e 2007) permite diferentes vertentes para complementação de seus resultados. O modelo de avaliação aplicado anualmente é uma prova em forma de teste, com 80 questões com 5 al-ternativas sem a opção nenhuma das anteriores. As questões foram elaboradas por professores das disci-plinas e o conteúdo solicitado é de temas vitais para a formação generalista. A prova anual vem sendo apli-cada gradativamente desde 2004 e em 2007 todos alunos do curso integral a realizaram. Preliminar-mente já se observa que o ganho cognitivo dos alunos é crescente com algumas indicações de que os alunos têm dificuldade em reter algum conhecimento adqui-rido no início do curso. Mantemos como exemplos a análise específica de questões de Bioética e Metodo-logia Científica, disciplinas do primeiro ano do curso. Percebe-se falta de segurança do aluno em apontar conclusivamente a resposta correta. Neste momento solicitamos a manifestação aberta para os alunos que concluíram metade e os que estão em vias de concluir o curso. Um dos pontos positivos apontados é a par-ticipação temprana, na forma de estágio curricular, dos alunos na clínica, em nosso caso, na disciplina de Clínica Integrada no primeiro ano e que é seguida nos anos posteriores por alguns alunos. Os alunos salientaram o contraste entre organização e desorga-nização de disciplinas e a enorme dedicação de alguns professores e desinteresse de outros como ponto for-tes e fracos do curso. O Teste do Progresso que vem sendo aplicado no curso de Odontologia da FOUSP vem alcançando seus objetivos primários e mostrando que o aluno mantém seus conhecimentos cognitivos ao longo do curso. Há indícios da relação entre a insatisfação da disciplina pelo aluno com o pior ren-dimento no teste nessa matéria após o término desta disciplina.

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Trabalho em Odontologia – interfaces entre atenção à saúde, ensino e pesquisaApresentador: Ananyr Porto FajardoAutores: Ananyr Porto FajardoInstituição: Grupo Hospitalar Conceição

A qualidade e a natureza do trabalho em odontolo-gia vêm mudando ao incorporar espaços de ensi-

no, de aprendizagem e de pesquisa ao exercício da assistência. Odontólogos contratados de um Hospital de Ensino de Porto Alegre, RS exercem preceptoria simultaneamente a suas atividades técnicas específicas, produzindo formalmente serviços e conhecimento, o que caracteriza componentes imateriais de seu traba-lho. Objetivos: (1) compreender o contexto no qual é desenvolvido o processo de ensino, aprendizagem e de pesquisa de odontólogos em um ambiente de pro-dução coletiva de saúde; (2) compreender como os preceptores percebem a existência de componentes imateriais em seu trabalho; (3) compreender como lidam com relações, saberes, poderes e práticas inter-disciplinares na busca de encontros produtores de saúde. Método: Solicitar aos preceptores que definam suas atividades produtivas conforme sejam considera-das como concretas ou imateriais. A seguir apresentar sua percepção e experiência com ensino, aprendiza-gem e pesquisa em serviço na área da saúde. Finalmen-te evidenciar como encaram a integração dessas ativi-dades à assistência. Resultados: Embora nem todos os odontólogos preceptores envolvidos com ensino, aprendizagem e pesquisa reconheçam os componen-tes imateriais de seu trabalho e a natureza de simulta-neidade com as demais atividades pelas quais são res-

ponsáveis, é possível perceber como isso é vivenciado pelos sujeitos. O estabelecimento de um processo de educação permanente que discuta essa percepção, partindo do pressuposto de que atender e prescrever ocorrem simultaneamente ao ensinar, orientar, pes-quisar e aprender e que geram espaços e momentos educativos a serem aproveitados em todo seu potencial passa a ser viável. É possível promover a superação da dicotomia entre cuidar, ensinar, aprender e pesquisar em saúde ao proporcionar o reconhecimento de com-ponentes imateriais do trabalho na produção coletiva organizada de saúde. Da interface entre ensino, apren-dizagem e pesquisa com a atenção pode ser gerado o cuidado como superação da assistência, tendo como referência que trabalhar, pensar, fazer, ensinar e apren-der são práticas simultâneas,

O caráter formativo nas metodologias ativas de ensino-aprendizagemApresentador: Andrea DoczyAutores: Andrea DoczyInstituição: UNIFESO

Este trabalho tem como objetivo revisitar a expe-riência da metodologia ativa de ensino-aprendi-

zagem como ferramenta para cumprir as Diretrizes Curriculares Nacionais, na formação de profissionais de saúde críticos e reflexivos, maduros e éticos, capa-zes de intervir sobre a realidade vivenciada tendo em vista o caráter formativo deste processo, enquanto instrumento de inserçao precoce do estudante no mercado de trabalho, oferecendo a perspectiva de refletir quanto ao espaço de atuação a partir de ex-periências vivenciadas e sua legitimidade.

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ABENOABENOAssociação Brasileira de Ensino Odontológico

R E V I S T A D A

ABENOABENO

Associação Brasileira de Ensino Odontológico

volume 6número 2julho/dezembro2006

ISSN

1679

-595

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ABENOABENO

Associação Brasileira de Ensino Odontológico

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ABENOABENO

Associação Brasileira de Ensino Odontológico

volume 6número 2julho/dezembro2006

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Associação Brasileira de Ensino Odontológico

R E V I S T A D A

ABENOABENO

Associação Brasileira de Ensino Odontológico

volume 8número 1janeiro/junho2008

ISSN

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Associação Brasileira de Ensino Odontológico

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Associação Brasileira de Ensino Odontológico

volume 8número 1janeiro/junho2008

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Associação Brasileira de Ensino Odontológico

R E V I S T A D A

ABENOABENO

Associação Brasileira de Ensino Odontológico

volume 8número 1

janeoro/junho

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ABENO

ABENOAssociação Brasileira de Ensino Odontológico

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Associação Brasileira de Ensino Odontológico

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Índice de artigosv. 8, n. 1, janeiro/junho - 2008

Revista da ABENO • 8(1):97 �7

Abreu, Mauro Henrique Nogueira

Guimarães de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Braga, Alexandre Ramos . . . . . . . . . . . . .16

Conceição, Elza Maria de Araújo . . . . . . .9

Corraini, Priscila . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Costa, Adriano Rodrigues da . . . . . . . . .16

Fagundes, Ana Laura de Oliveira . . . . . . .9

Ferreira, Efigênia Ferreira e . . . . . . . . . . .9

Garbin, Cléa Adas Saliba . . . . . . . . . . . . .23

Georgetti, Marco A. P. . . . . . . . . . . . . . . . .5

Lima, Luiz Antonio Pugliesi Alves de . . . .5

Moimaz, Suzely Adas Saliba . . . . . . . . . . .23

Moraes, Geraldo Fabiano de Souza . . . .16

Pustiglioni, Francisco Emilio . . . . . . . . . . .5

Saliba, Nemre Adas . . . . . . . . . . . . . . . . .23

Santiago, Flávia Helena Dias . . . . . . . . . . .9

Togashi, Adriane Yaeko . . . . . . . . . . . . . . .5

Vargas, Andrea Maria Duarte . . . . . . . . . .9

Zina, Lívia Guimarães . . . . . . . . . . . . . . .23

Avaliação educacional . . . . . . . . . . . . . . .23

Cirurgia bucal/educação. . . . . . . . . . . . . .5

Educação em odontologia . . . . . . . . . .5, 23

Ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Equipe multiprofissional . . . . . . . . . . . . . .9

Modelos animais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Odontologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Odontologia comunitária . . . . . . . . . . . .23

Periodontia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Projeto lei do ato médico . . . . . . . . . . . . .9

Recursos humanos em odontologia . . . .23

Relações comunidade-instituição . . . . . .23

Saúde ocupacional . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Serviços de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

Sistema Único de Saúde . . . . . . . . . . . . . .9

Community dentistry . . . . . . . . . . . . . . . .23

Community institutional relations . . . . .23

Dental education . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

Dental staff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9, 23

Dentistry . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Draft bill . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

Education, dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Educational measurement . . . . . . . . . . .23

Epidemiology . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Health services . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

Health systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

Models, animal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Occupational health . . . . . . . . . . . . . . . .16

Periodontics . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Surgery, oral/education . . . . . . . . . . . . . .5

Teaching . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Autores

Descritores

Descriptors

Page 100: volume8, n° 1

Revista da ABENO • 8(1):98-102�8

Índice de resumos apresentados na �3ª Reunião Anualv. 8, n. 1, janeiro/junho - 2008

A

Abreu, Flavia Milene Silva . . . . . . . . . . . .47

Abreu, Mauro Henrique Nogueira

Guimarães de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63

Albuquerque C.J.M. . . . . . . . . . . . . . . . . .88

Albuquerque, Carlos Jesivan

Marques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

Aldrigui, Janaina Merli . . . . . . . . . . . . . .70

Alencar, Cássio José Fornazari . . . . . . . . .34

Alencar, Cássio José Fornazari . . . . . . . . .34

Almeida, Maria Eneide Leitao de . . . . . .40

Almeida, Maria Eneide Leitao de . . . . . .40

Amante, Claudio José . . . . . . . . . . . . . . .63

Amante, Claudio José . . . . . . . . . . . . . . .88

Andrada, Mauro Amaral

Caldeira de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88

Andreo, Jesus Carlos . . . . . . . . . . . . . . . .59

Antoniazzi, João Humberto . . . . . . . . . . .53

Antoniazzi, João Humberto . . . . . . . . . . .93

Arantes, Ana Cristina Cotrim . . . . . . . . .61

Araújo, Aliete Perin . . . . . . . . . . . . . . . . .40

Araújo, Maria Ercília de. . . . . . . . . . . . . .62

Araújo, Maria Ercília de. . . . . . . . . . . . . .95

Arruda, Marina Patrício de . . . . . . . . . . .40

Assis, Elaine Quedas de . . . . . . . . . . . . . .73

Assis, Elaine Quedas de . . . . . . . . . . . . . .73

Assis, Elaine Quedas de . . . . . . . . . . . . . .91

Assis, Elaine Quedas de . . . . . . . . . . . . . .91

Ávila, Lúcia Fátima de Castro . . . . . . . . .33

Azambuja, Taís . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83

Azevedo, Andréa Mara de Oliveira . . . . .32

Azevedo, Andréa Mara de Oliveira . . . . .32

B

Baccaro, Rozana Beatriz Franco . . . . . . .74

Baccaro, Rozana Beatriz Franco . . . . . . .74

Baldisserotto, Ulio . . . . . . . . . . . . . . . . . .64

Baraldi, Carlos Eduardo . . . . . . . . . . . . .83

Barbieri, Dayse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

Barbosa, Daniella Reis . . . . . . . . . . . . . . .81

Barbosa, Maria Bernadete Cavalcante

Bené . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

Barreto, Rosimar de Castro . . . . . . . . . . .51

Barros, Rosana Mara Giordano de . . . . .83

Barros, Rosana Mara Giordano de . . . . .83

Bastos, Bibiana Avelar . . . . . . . . . . . . . . .85

Bastos, Francisco Avelar . . . . . . . . . . . . . .85

Bastos, Fransisco Avelar . . . . . . . . . . . . . .56

Bastos, Luciana Freitas. . . . . . . . . . . . . . .84

Battisti, Anselmo Luiz Éden . . . . . . . . . .67

Bender, Cláudia Fabiana R. . . . . . . . . . . .46

Bennemann, Graziela Ziegler . . . . . . . . .45

Benseñor, Isabela M. . . . . . . . . . . . . . . . .91

Bercini, Francesca . . . . . . . . . . . . . . . . . .83

Bez, Andressa da Silveira . . . . . . . . . . . . .50

Bim Júnior, Odair . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59

Bim Júnior, Odair . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82

Bim Júnior, Odair . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82

Bohn, Monique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46

Boleta-Ceranto D.C.F. . . . . . . . . . . . . . . .35

Boleta-Ceranto D.C.F. . . . . . . . . . . . . . . .66

Boleta-Ceranto D.C.F. . . . . . . . . . . . . . . .92

Bonan, Paulo Rogério Ferreti . . . . . . . . .63

Bönecker, Marcelo . . . . . . . . . . . . . . . . . .93

Bonfim, Kamilla Batista . . . . . . . . . . . . . .32

Bonfim, Maria de Lourdes Carvalho . . .41

Bonfim, Maria de Lourdes Carvalho . . .47

Bonfim, Maria de Lourdes Carvalho . . .47

Bordingnon, Mariana . . . . . . . . . . . . . . .46

Bosco, Vera Lúcia . . . . . . . . . . . . . . . . . . .90

Braga, Neilor Mateus Antunes . . . . . . . .55

Braga, Neilor Mateus Antunes . . . . . . . .55

Brasileiro, Cláudia Borges . . . . . . . . . . . .54

Bregagnolo, Ana Elisa . . . . . . . . . . . . . . .49

Bremm L. L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Bremm L. L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Bremm L. L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .92

Bremm, Laerte Luiz . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Brito-Júnior, Manoel . . . . . . . . . . . . . . . .41

Brito-Júnior, Manoel . . . . . . . . . . . . . . . .47

Brito-Júnior, Manoel . . . . . . . . . . . . . . . .55

Brum, Sileno Correa . . . . . . . . . . . . . . . .70

Brum, Sileno Correa . . . . . . . . . . . . . . . .71

Brum, Sileno Correa . . . . . . . . . . . . . . . .71

Brusco, Eloísa Helena Correa . . . . . . . . .65

Brusco, Eloísa Helena Correa . . . . . . . .65

Bueno, Raphael Nunes . . . . . . . . . . . . . .58

Busato, Claudia de Abreu . . . . . . . . . . . .40

Busato, Claudia de Abreu . . . . . . . . . . . .79

C

Cabral, Renata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

Cabral, Renato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77

Caetano, João Carlos . . . . . . . . . . . . . . . .44

Caetano, João Carlos . . . . . . . . . . . . . . . .45

Caldas Junior, Arnaldo de França . . . . . .56

Camargo, Lucila Basto de . . . . . . . . . . . .70

Autores

Page 101: volume8, n° 1

Revista da ABENO • 8(1):98-102 ��

Camargo, Lucila Basto de . . . . . . . . . . . .70

Carcereri, Daniela Lemos . . . . . . . . . . . .68

Carcereri, Daniela Lemos . . . . . . . . . . . .68

Carcereri, Daniela Lemos . . . . . . . . . . . .88

Cardoso, Maria do Socorro Orestes . . . .56

Cardoso, Nilden Carlos Alves . . . . . . . . .47

Cardoso, Rielson José Alves . . . . . . . . . . .47

Cardoso, Thais Russomanoricardo . . . . .95

Carvalho, Raquel Baroni de . . . . . . . . . .43

Carvalho, Raquel Baroni de . . . . . . . . . .80

Carvalho, Reyjanne Barros de . . . . . . . . .85

Casotti E. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88

Casotti, Cézar Augusto . . . . . . . . . . . . . . .89

Cavaca, Aline Guio . . . . . . . . . . . . . . . . . .44

Cavazzola, Alexandre Sabatini . . . . . . . .79

Chao, Lung Wen . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34

Cimardi, Ana Claudia Baladelli Silva . . .69

Coelho, Claudia de Oliveira Lima . . . . .50

Coelho, Claudia de Oliveira Lima . . . . .50

Costa, Simone de Melo . . . . . . . . . . . . . .63

Costa, Simone Melo . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Costa, Simone Melo . . . . . . . . . . . . . . . . .47

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .40

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .42

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .48

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .52

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .62

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .89

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .89

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .95

Crivello-Junior, Oswaldo . . . . . . . . . . . .95

Cruz, Suzana Coulaud da Costa . . . . . . .38

DDamazio, Wagner Quaresma . . . . . . . . .80

Darin, Lívia Cristine . . . . . . . . . . . . . . . . .74

Davoglio, Rosane Silvia . . . . . . . . . . . . . .78

Demarco, Egidio Antonio . . . . . . . . . . . .64

Dettenborn, Hélder L. . . . . . . . . . . . . . . .39

Dias, Anderson Zanardo . . . . . . . . . . . . .67

Doczy, Andrea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96

Doczy, Andrea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96

E

Ely, Helenita Correa . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Ely, Helenita Correa . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Emídio, Alexandre . . . . . . . . . . . . . . . . . .56

Emiliano, Gustavo Barbalho Guedes . . .38

Emiliano, Gustavo Barbalho Guedes . . .43

Escudeiro, Bonnie Taylor . . . . . . . . . . . .89

Escudero, Bonnie Taylor Gomes . . . . . .52

Esposti, Carolina Dutra Degli . . . . . . . . .44

F

Fadel, Marianella Aguilar Ventura . . . . .57

Fadel, Marianella Aguilar Ventura . . . . .57

Fadel, Marianella Aguilar Ventura . . . . .63

Fadel, Marianella Aguilar Ventura . . . . .63

Fadel, Marianella Aguilar Ventura . . . . .90

Fadel, Marianella Aguilar Ventura . . . . .90

Fajardo, Ananyr Porto . . . . . . . . . . . . . . .64

Fajardo, Ananyr Porto . . . . . . . . . . . . . . .64

Fajardo, Ananyr Porto . . . . . . . . . . . . . . .96

Fajardo, Ananyr Porto . . . . . . . . . . . . . . .96

Faria, Danielle Lago Bruno de . . . . . . . .84

Faria, Gerdo Bezerra de . . . . . . . . . . . . .93

Faustino-Silva, Daniel Demétrio . . . . . . .50

Fernades, Maria Luiza da Matta

Felisberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

Fernandes, Ana Paula Soares . . . . . . . . .57

Fernandes, Ana Paula Soares . . . . . . . . .69

Ferreira, Danyege Lima Araújo . . . . . . . .85

Ferreira, Leticia Schneider . . . . . . . . . . .45

Ferreira, Leticia Schneider . . . . . . . . . . .78

Figueiredo, Márcia Cançado . . . . . . . . . .50

Figueiredo, Márcia Cançado . . . . . . . . . .50

Fontanella V.R.C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Fontanella, Vania Regina Camargo . . . .49

Fracolli, Rosemary . . . . . . . . . . . . . . . . . .52

Francisco, Kléryson Martins Soares . . . .78

Francisco, Kléryson Martins Soares . . . .78

Freire, Maria do Carmo Matias . . . . . . . .72

Freitas, Claudia Helena Soares

de Morais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

Freitas, Claudio Fróes de . . . . . . . . . . . . .91

Freitas, Gersinei Carlos de . . . . . . . . . . . .87

Freitas, Valéria da Penha . . . . . . . . . . . . .43

G

Ganzerla, Emily . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53

Garbin, Clea Adas Saliba . . . . . . . . . . . . .59

Garbin, Cléa Adas Saliba . . . . . . . . . . . . .78

Gomes V. E. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Gomes V. E. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Gomes V. E. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .92

Gomes, Maria José . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

Gomes, Maria José . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

Gomes, Maria José . . . . . . . . . . . . . . . . . .44

Gomes, Maria José . . . . . . . . . . . . . . . . . .44

Gomes, Maria José . . . . . . . . . . . . . . . . . .80

Gomes, Maria José . . . . . . . . . . . . . . . . . .80

Gonçalves, Estela Máris Gassen . . . . . . . .46

Gonçalves, Estela Máris Gassen . . . . . . . .46

Gonçalves, Estela Máris Gassen . . . . . . . .46

Gonçalves, Estela Máris Gassen . . . . . . . .46

Gouvea M.V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88

Gouvea, Mônica Vilella . . . . . . . . . . . . . .70

Grazziotin, Gladis Benjamina . . . . . . . . .80

Grisotti, Márcia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

Guarenghi, Laís Degani . . . . . . . . . . . . . .80

Guarenghi, Laís Degani . . . . . . . . . . . . . .80

Guedes-Pinto, Antonio Carlos . . . . . . . . .94

Guimarães, Renata Pedrosa. . . . . . . . . . .42

H

Haddad, Ana Estela . . . . . . . . . . . . . . . . .34

Haddad, Ana Estela . . . . . . . . . . . . . . . . .70

Haddad, Ana Estela . . . . . . . . . . . . . . . . .94

Hager, Renata Regina Cafasso . . . . . . . . .89

Hoeppner M.G. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Page 102: volume8, n° 1

Revista da ABENO • 8(1):98-102100

Hoeppner M.G. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Hoeppner M.G. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .92

JJunqueira, Cilene Rennó . . . . . . . . . . . . .57

Junqueira, Cilene Rennó . . . . . . . . . . . . .57

Justino, Lídia Morales . . . . . . . . . . . . . . .58

Justino, Lídia Morales . . . . . . . . . . . . . . .58

KKadri, Mônica Cristina Toffoli . . . . . . . . .74

LLaganá, Dalva Cruz . . . . . . . . . . . . . . . . .73

Laganá, Dalva Cruz . . . . . . . . . . . . . . . . .91

Lamas, Andressa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80

Langlois C.O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Leal, Cláudia Ribeiro de Barros . . . . . . .40

Leite, Angélica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

Leles, Claudio Rodrigues. . . . . . . . . . . . .54

Leles, Cláudio Rodrigues. . . . . . . . . . . . .67

Leles, Claudio Rodrigues. . . . . . . . . . . . .72

Leles, Claudio Rodrigues. . . . . . . . . . . . .87

Leles, Claudio Rodrigues. . . . . . . . . . . . .92

Lemos, Vânia Maria Aita de . . . . . . . . . .45

Lemos, Vânia Maria Aita de . . . . . . . . . .45

Lemos, Vânia Maria Aita de . . . . . . . . . .61

Lemos, Vânia Maria Aita de . . . . . . . . . .78

Lemos, Vânia Maria Aita de . . . . . . . . . .78

Lima Júnior, José Ferreira . . . . . . . . . . . .37

Lima Júnior, Jose Ferreira . . . . . . . . . . . .38

Lima Júnior, Jose Ferreira . . . . . . . . . . . .38

Lima Júnior, Jose Ferreira . . . . . . . . . . . .43

Lima Junior, José Ferreira . . . . . . . . . . . .60

Lima Junior, José Ferreira . . . . . . . . . . . .65

Lima, Isabela Pinheiro Cavalcanti . . . . .37

Lima, Isabela Pinheiro Cavalcanti . . . . .37

Lima, Isabela Pinheiro Cavalcanti . . . . .43

Lima, Isabela Pinheiro Cavalcanti . . . . .60

Lima, Isabela Pinheiro Cavalcanti . . . . .65

Lima, Isabela Pinheiro Cavalcanti . . . . .65

Lima, Isabela Pinheiro Cavalcanti . . . . .93

Lima, Maria de Lourdes Rocha de . . . . .58

Linden, Maria Salete Sandini . . . . . . . . .69

Locks, Arno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57

Locks, Arno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63

Locks, Arno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .90

Lolli, Luiz Fernando . . . . . . . . . . . . . . . .59

Lolli, Luiz Fernando . . . . . . . . . . . . . . . .59

Lopes, Aline Cristine Munhoz . . . . . . . .40

Lopes, Aline Cristine Munhoz . . . . . . . .40

Lopes, Aline Cristine Munhoz . . . . . . . .42

Lopes, Aline Cristine Munhoz . . . . . . . .48

Lopes, Aline Cristine Munhoz . . . . . . . .48

Lopes, Aline Cristine Munhoz . . . . . . . .62

Lopes, Aline Cristine Munhoz . . . . . . . .95

Lopes, Gerson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73

Lorenzzoni, Daniela. . . . . . . . . . . . . . . . .68

Loretto, Nelson Rubens Mendes . . . . . .56

Loretto, Nelson Rubens Mendes . . . . . .56

Lotufo, Monica Andrade . . . . . . . . . . . . .91

mMacedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . .47

Macedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . .47

Macedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . .53

Macedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . .70

Macedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . .93

Macedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . .93

Macedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . .94

Macedo, Mary Caroline Skelton . . . . . . .94

Maeyama, Marcos Aurélio . . . . . . . . . . . .58

Magro, Miriam Lago . . . . . . . . . . . . . . . .65

Magro, Miriam Lago . . . . . . . . . . . . . . . .69

Magro, Miriam Lago . . . . . . . . . . . . . . . .69

Mahl C.R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Maito, Fabio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95

Maltagliati, Luciana Ávila . . . . . . . . . . . .95

Mangiolardo, Natália . . . . . . . . . . . . . . . .74

Marcucci, Marcelo . . . . . . . . . . . . . . . . . .40

Mariz, Ana Luiza Ataide . . . . . . . . . . . . .42

Marques, Beatriz Baldo . . . . . . . . . . . . . .39

Marques, Beatriz Baldo . . . . . . . . . . . . . .46

Marques, Beatriz Baldo . . . . . . . . . . . . . .80

Martelli-Júnior, Hercílio . . . . . . . . . . . . .81

Martins, Francineide Almeida

Pereira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

Martins, Francineide Almeida

Pereira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

Matos, Ana Figueiredo Bomfim . . . . . . .91

Matos, Patrícia Elizabeth Souza . . . . . . .75

Matos, Patrícia Elizabeth Souza . . . . . . .75

Matos, Patrícia Elizabeth Souza . . . . . . .89

Matos, Patrícia Elizabeth Souza . . . . . . .89

Mattevi, Gianina Salton . . . . . . . . . . . . . .69

Mattos, Maria da Gloria Chiarello de . . .49

Mattos, Maria da Gloria Chiarello de . . .49

Mattos, Maria da Gloria Chiarello de . . .86

Mattos, Maria da Gloria Chiarello de . . .86

Melo, Leandro de . . . . . . . . . . . . . . . . . .55

Mendes, Haroldo José . . . . . . . . . . . . . . .75

Mendes, Haroldo José . . . . . . . . . . . . . . .89

Mendes, Regina Ferraz . . . . . . . . . . . . . .85

Mendes, Regina Ferraz . . . . . . . . . . . . . .85

Menezes Filho, Paulo Fonseca . . . . . . . .42

Miguel, Luiz Carlos Machado . . . . . . . . .33

Miguel, Luiz Carlos Machado . . . . . . . . .33

Miura C. S. N. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Miura C. S. N. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Miura C. S. N. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .92

Moimaz, Suzely Adas Saliba . . . . . . . . . . .59

Moimaz, Suzely Adas Saliba . . . . . . . . . . .78

Moraes, Renita Baldo . . . . . . . . . . . . . . . .80

Moura, Altair Soares de . . . . . . . . . . . . . .55

Moura, Flávio Renato Reis de . . . . . . . . .85

Moura, Maria Elba Dantas

Pereira de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

Musse, Jamilly de Oliveira . . . . . . . . . . . .36

nNaufel, Fabiana Scarparo . . . . . . . . . . . .67

Page 103: volume8, n° 1

Revista da ABENO • 8(1):98-102 101

Naufel, Fabiana Scarparo . . . . . . . . . . . .67

Nogueira, Fernando Neves . . . . . . . . . . .53

Noro, Luiz Roberto Augusto . . . . . . . . . .32

Noro, Luiz Roberto Augusto . . . . . . . . . .32

Noro, Luiz Roberto Augusto . . . . . . . . . .52

Noro, Luiz Roberto Augusto . . . . . . . . . .52

Noro, Luiz Roberto Augusto . . . . . . . . . .73

Noro, Luiz Roberto Augusto . . . . . . . . . .73

Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . . .67

Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . . .67

Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . . .72

Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . . .72

Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . . .92

OOliveira Filho, Renato Cabral de . . . . . .72

Oliveira, Elizabete Regina Araujo de . . .80

Oliveira, Helena Willhelm de . . . . . . . . .95

Oliveira, Helena Willhelm de . . . . . . . . .95

Oliveira, Luciana Butini . . . . . . . . . . . . .93

Oliveira, Luciana Butini . . . . . . . . . . . . .94

Oliveira, Mayra Monteiro de . . . . . . . . . .42

Oliveira, Mayra Monteiro de . . . . . . . . . .42

Oliveira, Mayra Monteiro de . . . . . . . . . .52

Oliveira, Mayra Monteiro de . . . . . . . . . .52

Oliveira, Mayra Monteiro de . . . . . . . . . .62

Oliveira, Mayra Monteiro de . . . . . . . . . .62

PPalmier, Andrea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61

Palmier, Andrea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61

Passeri, Silvia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86

Patussi, Eduardo Grigolo . . . . . . . . . . . . .65

Pedroso, Márcia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56

Pereira, Leandro A. P. . . . . . . . . . . . . . . .47

Pereira, Paulo Zárate . . . . . . . . . . . . . . . .83

Pereira, Renata Godoy . . . . . . . . . . . . . . .40

Pereira, Stênia Marília Rodrigues . . . . . .75

Perussolo, Berenice . . . . . . . . . . . . . . . . .65

Piazza, Carmen Lucia S. . . . . . . . . . . . . .46

Pietrobon, Louise . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44

Pietrobon, Louise . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44

Pietrobon, Louise . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

Pietrobon, Louise . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

Pilz, Carlos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

Pilz, Carlos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61

Pimenta, Rodolfo Macedo Cruz . . . . . . .91

Pinto, Rafaela da Silveira . . . . . . . . . . . . .61

Pires, Maria Betânia de Oliveira . . . . . . .81

Pizi, Eliane Gava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50

Pomílio, Arnaldo . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87

Prado Júnior, Rosendo . . . . . . . . . . . . . . .85

Preto, Salete Maria . . . . . . . . . . . . . . . . .35

QQueiroz, Maria Goretti . . . . . . . . . . . . . .54

Queiroz, Maria Goretti . . . . . . . . . . . . . .54

Queiroz, Maria Goretti . . . . . . . . . . . . . .67

Queiroz, Maria Goretti . . . . . . . . . . . . . .87

Queiroz, Maria Goretti . . . . . . . . . . . . . .87

Queiroz, Maria Goretti . . . . . . . . . . . . . .92

RRamos, Dalton Luiz de Paula . . . . . . . . .57

Ramos, Isabela França de Almeida . . . . .40

Ramos, Isabela França de Almeida . . . . .40

Ramos, Isabela França de Almeida

Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79

Ramos, Isabela França de Almeida

Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79

Ramos, Thaís C. Vasconcelos . . . . . . . . .61

Rath, Ines Beatriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88

Rath, Inês Beatriz da Silva . . . . . . . . . . . .90

Rath, Ines Beatriz da Silva . . . . . . . . . . .69

Rath, Ines Beatriz da Silva . . . . . . . . . . .69

Rath, Ines Beatriz da Silva . . . . . . . . . . .88

Reis, Joselete Macedo . . . . . . . . . . . . . . .81

Reis, Joselete Macedo . . . . . . . . . . . . . . .81

Reis, Juliana Braga . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

Reis, Magda de Sousa. . . . . . . . . . . . . . . .39

Reis, Magda de Sousa. . . . . . . . . . . . . . . .39

Reis, Magda de Sousa. . . . . . . . . . . . . . . .80

Reis, Magda de Sousa. . . . . . . . . . . . . . . .80

Rendeiro, Márcia Maria Pereira . . . . . . .84

Rendeiro, Márcia Maria Pereira . . . . . . .84

Ribas, Marcelo Ekman . . . . . . . . . . . . . . .49

Ribas, Marcelo Ekman . . . . . . . . . . . . . . .49

Ribeiro, Kesly Mary Andrades . . . . . . . . .33

Ribeiro, Lidia Moraes . . . . . . . . . . . . . . .72

Ribeiro-Rotta, Rejane Faria . . . . . . . . . . .87

Rizzi, Claudia Brandelero . . . . . . . . . . . .67

Rodrigues, Ana Áurea Alécio

de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

Rodrigues, Ana Áurea Alécio

de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

Rodrigues, Ana Áurea Alécio

de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48

Rodrigues, Ana Áurea Alécio

de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48

Rodrigues, Ana Áurea Alécio

de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91

Rodrigues, Ana Áurea Alécio

de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91

Rodrigues, Rodrigo Araujo . . . . . . . . . . .34

Rodrigues, Rodrigo Araujo . . . . . . . . . . .34

Rodrigues, Rodrigo Araujo . . . . . . . . . . .72

Rodrigues, Rodrigo Araujo . . . . . . . . . . .72

Rosa, Thalita Thyrza de Almeida

Santa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81

Rosa, Thalita Thyrza de Almeida

Santa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81

S

Saccol, Ana Paula . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

Saliba, Nemre Adas . . . . . . . . . . . . . . . . .59

Saliba, Nemre Adas . . . . . . . . . . . . . . . . .78

Salles, Veridiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

Salles, Veridiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

Salles, Veridiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54

Salles, Veridiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54

Salvutzky, Sonia Maria Blauth de . . . . . .83

Santa-Rosa, Thalita Thyrza

de Almeida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Page 104: volume8, n° 1

Revista da ABENO • 8(1):98-102102

Santa-Rosa, Thalita Thyrza

de Almeida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Santa-Rosa, Thalita Thyrza

de Almeida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63

Santa-Rosa, Thalita Thyrza

de Almeida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63

Santiago, Leógenes Maia . . . . . . . . . . . . .34

Santiago, Leógenes Maia . . . . . . . . . . . . .37

Santiago, Leógenes Maia . . . . . . . . . . . . .37

Santiago, Leógenes Maia . . . . . . . . . . . . .71

Santiago, Leógenes Maia . . . . . . . . . . . . .71

Santiago, Leógenes Maia . . . . . . . . . . . . .72

Santiago, Leógenes Maia . . . . . . . . . . . . .84

Santiago, Leógenes Maia . . . . . . . . . . . . .84

Santos Jr., Renato Queiroz dos . . . . . . . .36

Santos, Adriano Maia . . . . . . . . . . . . . . . .48

Santos, César Augusto A. dos . . . . . . . . .69

Santos, Patrícia Vieira dos . . . . . . . . . . . .54

Santos-Neto, Edson Theodoro . . . . . . . .44

Sbeghen, Mariane Loch . . . . . . . . . . . . .69

Schein, Marcelo Thomé . . . . . . . . . . . . .33

Seabra, Eduardo José Guerra . . . . . . . . .37

Seabra, Eduardo José Guerra . . . . . . . . .60

Seabra, Eduardo José Guerra . . . . . . . . .60

Seabra, Eduardo José Guerra . . . . . . . . .65

Seabra, Eduardo José Guerra . . . . . . . . .93

Seabra, Eduardo José Guerra . . . . . . . . .93

Seabra, Eduardo Jose Guerra . . . . . . . . .43

Semprini, Marisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86

Senna, Maria Inês Barreiros . . . . . . . . . .58

Senna, Maria Inês Barreiros . . . . . . . . . .58

Sequeira, Erica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34

Silva A.E.R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Silva Filho, João Manoel da . . . . . . . . . . .34

Silva Filho, João Manoel da . . . . . . . . . . .37

Silva Filho, João Manoel da . . . . . . . . . . .72

Silva Filho, João Manoel da . . . . . . . . . . .84

Silva, Antônio Sérgio Luz e . . . . . . . . . . .40

Silva, Cíntia Magali da . . . . . . . . . . . . . . .44

Silva, Claudio Heliomar Vicente da . . . .42

Silva, Claudio Heliomar Vicente da . . . .42

Silva, Erica Tatiane da . . . . . . . . . . . . . . .67

Silva, Erica Tatiane da . . . . . . . . . . . . . . .92

Silva, Erica Tatiane da . . . . . . . . . . . . . . .92

Silva, Marcos Alex Mendes da . . . . . . . . .70

Silva, Maria da Conceição Valença da . .37

Silva, Maria da Conceição Valença da . .71

Silva, Maria da Conceição Valença da . .77

Silva, Maria da Conceição Valença da . .77

Simioni F.S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66

Simioni, Fernando Souza . . . . . . . . . . . .66

Simioni, Fernando Souza . . . . . . . . . . . .85

Simioni, Fernando Souza . . . . . . . . . . . .85

Simioni, Luciane Regina Gava . . . . . . . .50

Slavutzky, Sonia Maria Blauth de . . . . . .78

Slva, Uoston Holder da . . . . . . . . . . . . . .84

Sousa, Renata Mota Rodrigues Bitu . . . .40

Sousa, Roberto Sérgio de Vasconcelos . .34

Souza M.C.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88

Souza, Ana Luiza de . . . . . . . . . . . . . . . . .68

Souza, Bárbara Capitanio de . . . . . . . . . .49

Souza, Eliane Helena Alvim de . . . . . . . .56

Souza, Geórgia Costa de Araújo . . . . . . .38

Souza, Maria Cristina Almeida de . . . . . .70

Souza, Maria Cristina Almeida de . . . . . .70

Souza, Maria Cristina Almeida de . . . . . .71

Souza, Maria Cristina Almeida de . . . . . .88

Souza, Ruy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52

Souza, Therezinha Coelho de . . . . . . . . .71

Splendore, Solimar Maria Ganzarolli . . .87

Splendore, Solimar Maria Ganzarolli . . .87

Stefani, Fabiane Miron . . . . . . . . . . . . . .48

Stuani, Luis Antonio Sasso . . . . . . . . . . .50

Suzin, Suélen Maciel . . . . . . . . . . . . . . . .68

TToassi, Ramona Fernanda Ceriotti . . . . .61

Toassi, Ramona Fernanda Ceriotti . . . . .61

Toassi, Ramona Fernanda Ceriotti . . . . .75

Toassi, Ramona Fernanda Ceriotti . . . . .75

Toledo Junior, José Inácio . . . . . . . . . . . .87

Tomita, Nilce Emy . . . . . . . . . . . . . . . . . .59

Tomita, Nilce Emy . . . . . . . . . . . . . . . . . .59

Tomita, Nilce Emy . . . . . . . . . . . . . . . . . .82

Tôrres, Luísa Helena do Nascimento . . .61

Torres, Luisa Helena do Nascimento . . .78

VVieira, Vladen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73

WWarmling, Cristine Maria . . . . . . . . . . . .56

Warmling, Cristine Maria . . . . . . . . . . . .56

Watanabe, Marlivia Gonçalves

Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49

Watanabe, Marlivia Gonçalves

Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86

Wesoloski, Claudia Irene . . . . . . . . . . . . .71

Wesoloski, Claudia Irene . . . . . . . . . . . . .71

ZZafalon, Edilson José . . . . . . . . . . . . . . . .83

Zárate, Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80

Zocratto, Keli Bahia Felicíssimo . . . . . . .54

Page 105: volume8, n° 1

Revista da ABENO • 8(1):103 103

normas para apresentaçãode originais

�. Texto: Deverá seguir, dentro do possível, a seguinte estrutura:

a) Introdução: deve apresentar com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com os outros trabalhos na mesma linha ou área. Extensas revisões de literatura devem ser evitadas e quando possível substituídas por referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde certos aspectos e revisões já tenham sido apresentados. Lembre-se que trabalhos e resumos de teses devem sofrer modificações de forma a se apresentarem adequadamente para a publicação na Revista, seguindo-se rigorosamente as normas aqui publicadas.

b) Material e métodos: a descrição dos métodos usados deve ser suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e repetição do trabalho, não sendo extensa. Técnicas já publicadas, a menos que tenham sido modificadas, devem ser apenas citadas (obrigatoriamente).

c) Resultados: deverão ser apresentados com o mínimo possível de discussão ou interpretação pessoal, acompanhados de tabelas e/ou material ilustrativo adequado, quando necessário. Dados estatísticos devem ser submetidos a análises apropriadas.

d) Discussão: deve ser restrita ao significado dos dados obtidos, resultados alcançados, relação do conhecimento já existente, sendo evitadas hipóteses não fundamentadas nos resultados.

e) Conclusões: devem estar baseadas no próprio texto. f) Agradecimentos (quando houver).

6. Abstract: Resumo do texto em inglês. Sua redação deve ser paralela à do resumo em português.

7. Descriptors: Versão dos descritores para o inglês. Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no máximo 5).

8. Referências bibliográficas: Devem ser ordenadas alfabeticamente, numeradas e normatizadas de acordo com o Estilo Vancouver, conforme orientações publicadas no site da “National Library of Medicine” (http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html). Para as citações no corpo do texto deve-se utilizar o sistema numérico, no qual são indicados no texto somente os números-índices na forma sobrescrita. A citação de nomes de autores só é permitida quando estritamente necessária e deve ser acompanhada de número-índice e ano de publicação entre parênteses. Todas as citações devem ser acompanhadas de sua referência bibliográfica completa e todas as referências devem estar citadas no corpo do texto. As abreviaturas dos títulos dos periódicos deverão estar de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?db=journals). A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade dos autores.

VI. Endereço - E-mail, telefone e fax de todos os autores. Obs.: Qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail deve ser imediatamente comunicada à Revista. §

I. missão - A Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico é uma publicação quadrimestral que tem como missão primordial contribuir para a obtenção de indicadores de qualidade do ensino Odontológico, respeitando os desejos de formação discente e capacitação docente, com vistas a assegurar o contínuo progresso da formação profissional e produzir benefícios diretamente voltados para a coletividade. Visa também produzir junto aos especialistas a reflexão e análise crítica dos assuntos da área em nível local, regional, nacional e internacional.II. Originais - Os originais deverão ser redigidos em português ou inglês e digitados na fonte Arial tamanho 12, em página tamanho A4, com espaço 1,5 e margem de 3 cm de cada um dos lados, perfazendo o total de no máximo 17 páginas, incluindo quadros, tabelas e ilustrações (gráficos, desenhos, esquemas, fotografias etc.) ou no máximo 25.000 caracteres contando os espaços.III. Ilustrações - As ilustrações (gráficos, desenhos, esquemas, fotografias etc.) deverão ser limitadas ao mínimo indispensável, apresentadas em páginas separadas e numeradas consecutivamente em algarismos arábicos. As respectivas legendas deverão ser concisas e localizadas abaixo e precedidas da numeração correspondente. Nas tabelas e nos quadros a legenda deverá ser colocada na parte superior. As fotografias deverão ser fornecidas em mídia digital, em formato tif ou jpg, tamanho 10 x 15 cm, em no mínimo 300 dpi. Não serão aceitas fotografias em Word ou Power Point. Deverão ser indicados os locais no texto para inserção das ilustrações e de suas citações.IV. Encaminhamento de originais - Solicita-se o encaminhamento dos originais de acordo com as especificações descritas no item II para o endereço eletrônico www.abeno.org.br. A submissão “on-line” é simples e segura pelo padrão informatizado disponível no site, no ícone “Revista Online”. Somente opte pelo encaminhamento pelo correio diante da necessidade de publicação de ilustrações em formato tif/jpg e alta resolução (veja especificações no item III). Endereço: REVISTA DA ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico - ABENO Nacional - SCS Q. 08 Bloco B-50 Sala 37 - Ed. Venâncio 2000 - CEP: 70333-900 - Brasília - DF.

V. A estrutura do original1. Cabeçalho: Quando os artigos forem em português,

colocar título e subtítulo em português e inglês; quando os artigos forem em inglês, colocar título e subtítulo em inglês e português. O título deve ser breve e indicativo da exata finalidade do trabalho e o subtítulo deve contemplar um aspecto importante do trabalho.

2. Autores: Indicação de apenas um título universitário e/ou uma vinculação à instituição de ensino ou pesquisa que indique a sua autoridade em relação ao assunto.

3. Resumo: Representa a condensação do conteúdo, expondo metodologia, resultados e conclusões, não excedendo 250 palavras e em um único parágrafo.

�. Descritores: Palavras ou expressões que identifiquem o conteúdo do artigo. Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no máximo 5).

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