W. Streeck. a Crise de 2008 Começou a 40 Anos

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02/08/2015 :: Le Monde Diplomatique Brasil :: http://www.diplomatique.org.br/print.php?tipo=ar&id=1086 1/4 Imprimir página « Voltar CRISE A crise de 2008 começou a quarenta anos Utilizada para descrever a piora da situação econômica e financeira desde 2008, a noção de crise subentende um rompimento intempestivo de um sistema perene. Seria então suficiente corrigir os excessos. Mas, e se o capitalismo democrático vigente desde a 2ª Guerra enfrentasse um desequilíbrio intransponível? por Wolfang Streeck Dia após dia, os episódios que marcam a crise atual do capitalismo mostram que os “mercados” são os que ditam as leis aos Estados. Para o povo impõe-se uma constatação: os dirigentes políticos não trabalham pelos interesses de seus cidadãos, mas pelos de outros Estados e organismos internacionais – como o FMI e a União Europeia –, erigidos em árbitros do jogo democrático. É possível interpretar a crise atual e a consequente depauperação das finanças públicas como manifestações de um desequilíbrio fundamental das sociedades capitalistas avançadas, divididas entre as exigências do mercado e as da democracia – tensão constante que transforma a instabilidade em regra, e não em exceção. A crise, portanto, só pode ser compreendida à luz da transformação, intrinsecamente conflitiva, do chamado “capitalismo democrático”. 1 Desde o fim dos anos 1960, três soluções sucessivas pretenderam superar a contradição entre democracia política e capitalismo de mercado: a primeira foi a inflação; a segunda, a dívida pública; e a terceira, a dívida privada. A cada uma delas corresponde um tipo de relação entre as potências econômicas, o mundo político e as forças sociais. Uma após a outra, essas soluções entraram em colapso e precipitaram a passagem para o ciclo seguinte. A tempestade financeira de 2008 marcou o fim da terceira época e anunciou mudanças cuja natureza permanece incerta. Inflação O capitalismo democrático do pós-guerra conheceu sua primeira crise a partir do fim dos anos 1960, quando a inflação começava a se espalhar pelo conjunto do mundo ocidental. O afã do crescimento econômico passou a ameaçar a pacificação das relações sociais que colocou fim aos conflitos do pós-guerra. Essencialmente, o pacto social adotado até então era o seguinte: a classe trabalhadora aceitava a economia de mercado e a propriedade privada em troca de democracia política, que por sua vez garantia a proteção social e a constante melhora do nível de vida. Mais de duas décadas de crescimento sem interrupção contribuíram para fortalecer a convicção de que o progresso socioeconômico constitui um direito inerente à cidadania democrática. Os dirigentes se sentiam obrigados a honrar a ampliação do Estado de bem-estar social, os direitos dos trabalhadores à negociação coletiva livre, a busca do pleno emprego. Muitas medidas sustentadas por vários governos utilizavam intensamente as ferramentas econômicas keynesianas. No início da década de 1970, porém, a capacidade de crescimento começou a cair, e esse arranjo foi abalado, o que gerou uma onda mundial de protestos sociais. Os trabalhadores, que nesse momento não tinham medo do desemprego, não pretendiam renunciar àquilo que consideravam seu direito ao progresso. A questão para os governos do mundo ocidental era como fazer que os sindicatos amenizassem as demandas de aumento de salário sem colocar em questão a promessa keynesiana do pleno emprego. Os anos 1970 foram marcados pela convicção (compartilhada pelo alto escalão estatal) de que deixar crescer o desemprego como forma de conter a alta dos salários seria suicídio político – ou seja, a morte da própria democracia capitalista.

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02/08/2015 :: Le Monde Diplomatique Brasil ::http://www.diplomatique.org.br/print.php?tipo=ar&id=1086 1/4Imprimir pgina VoltarCRISEA crise de 2008 comeou a quarenta anosUtilizada para descrever a piora da situao econmica e financeira desde 2008, a noo de crise subentende umrompimento intempestivo de um sistema perene. Seria ento suficiente corrigir os excessos. Mas, e se o capitalismodemocrtico vigente desde a 2 Guerra enfrentasse um desequilbrio intransponvel?por Wolfang StreeckDiaaps dia, os episdios que marcam a crise atual do capitalismo mostram que os mercados so os que ditamas leis aos Estados. Para o povo impe-se uma constatao: os dirigentes polticos no trabalham pelos interessesde seus cidados, mas pelos de outros Estados e organismos internacionais como o FMI e a Unio Europeia ,erigidos em rbitros do jogo democrtico. possvel interpretar a crise atual e a consequente depauperao das finanas pblicas como manifestaes de umdesequilbrio fundamental das sociedades capitalistas avanadas, divididas entre as exigncias do mercado e as dademocracia tenso constante que transforma a instabilidade em regra, e no em exceo. A crise, portanto, spode ser compreendida luz da transformao, intrinsecamente conflitiva, do chamado capitalismo democrtico.1Desde o fim dos anos 1960, trs solues sucessivas pretenderam superar a contradio entre democracia poltica ecapitalismo de mercado: a primeira foi a inflao; a segunda, a dvida pblica; e a terceira, a dvida privada. A cadauma delas corresponde um tipo de relao entre as potncias econmicas, o mundo poltico e as foras sociais.Uma aps a outra, essas solues entraram em colapso e precipitaram a passagem para o ciclo seguinte. Atempestade financeira de 2008 marcou o fim da terceira poca e anunciou mudanas cuja natureza permaneceincerta. InflaoO capitalismo democrtico do ps-guerra conheceu sua primeira crise a partir do fim dos anos 1960, quando ainflao comeava a se espalhar pelo conjunto do mundo ocidental. O af do crescimento econmico passou aameaar a pacificao das relaes sociais que colocou fim aos conflitos do ps-guerra. Essencialmente, o pactosocial adotado at ento era o seguinte: a classe trabalhadora aceitava a economia de mercado e a propriedadeprivada em troca de democracia poltica, que por sua vez garantia a proteo social e a constante melhora do nvel devida.Mais de duas dcadas de crescimento sem interrupo contriburam para fortalecer a convico de que o progressosocioeconmico constitui um direito inerente cidadania democrtica. Os dirigentes se sentiam obrigados a honrar aampliao do Estado de bem-estar social, os direitos dos trabalhadores negociao coletiva livre, a busca do plenoemprego. Muitas medidas sustentadas por vrios governos utilizavam intensamente as ferramentas econmicaskeynesianas.No incio da dcada de 1970, porm, a capacidade de crescimento comeou a cair, e esse arranjo foi abalado, o quegerou uma onda mundial de protestos sociais. Os trabalhadores, que nesse momento no tinham medo dodesemprego, no pretendiam renunciar quilo que consideravam seu direito ao progresso. A questo para osgovernos do mundo ocidental era como fazer que os sindicatos amenizassem as demandas de aumento de salriosem colocar em questo a promessa keynesiana do pleno emprego.Os anos 1970 foram marcados pela convico (compartilhada pelo alto escalo estatal) de que deixar crescer odesemprego como forma de conter a alta dos salrios seria suicdio poltico ou seja, a morte da prpria democraciacapitalista.02/08/2015 :: Le Monde Diplomatique Brasil ::http://www.diplomatique.org.br/print.php?tipo=ar&id=1086 2/4Para sair do impasse e ao mesmo tempo preservar o pleno emprego e as negociaes coletivas livres, uma via seesboava: a flexibilizao das polticas monetrias, mesmo se isso implicasse o crescimento da inflao.No incio, a alta dos preos no era um problema para os trabalhadores. A forte representao de poderosossindicatos imps a indexao dos salrios diante da alta dos preos. Por outro lado, ao dilapidar o patrimnio, ainflao nutria os detentores de ativos financeiros, ou seja, os grupos que contavam com poucos trabalhadores emseu setor.A inflao passou a ser o reflexo monetrio de um conflito de distribuio: de um lado, uma classe trabalhadora quereivindicava a estabilidade do emprego e uma fatia maior da renda nacional; de outro, uma classe capitalista tentandomaximizar o retorno sobre os investimentos. Uma priorizava os direitos do cidado; a outra, a propriedade e omercado. Nesse caso, a inflao expressava a disputa em uma sociedade cujos membros no compartilhavam osmesmos critrios de justia social.Se no imediato ps-guerra o crescimento econmico havia permitido aos governos diminuir os antagonismos declasse, a inflao permitia agora manter o nvel de consumo e a distribuio da renda com recursos que a economiareal ainda no havia produzido. Essa estratgia de pacificao de conflitos mostrou-se eficaz, mas no poderia durarindefinidamente. Impulsionados pelos mercados, os governos abandonaram os acordos salariais redistributivos paravoltar disciplina oramentria.A inflao foi vencida aps 1979, quando Paul Volcker, diretor do Federal Reserve dos Estados Unidos (FED), decidiuelevar a taxa de juros a um nvel sem precedentes. A medida gerou um desemprego indito desde a GrandeDepresso. Esse putsch foi legitimado nas urnas com a reeleio do presidente Reagan, em 1984. No Reino Unido,Margaret Thatcher, que havia seguido as polticas norte-americanas, tambm retomou o cargo de primeira-ministraem 1983, apesar do aumento da reivindicao por postos de trabalho e da desindustrializao rpida causada, entreoutros fatores, por sua poltica de austeridade monetria. Nos dois pases, a deflao veio acompanhada de umataque contra os sindicatos.Nos anos seguintes, a inflao se estabilizou no conjunto do mundo capitalista, enquanto o desemprego continuouem alta mais ou menos constante: de 5% a 9% entre 1980 e 1988. Ao mesmo tempo, as taxas de sindicalizaocaram e as greves tornaram-se to esparsas que alguns pases pararam de contabiliz-las. Dvida pblicaA era neoliberal foi inaugurada no momento em que os Estados anglo-saxes abandonaram um dos pilares docapitalismo democrtico do ps-guerra: a ideia de que o desemprego arruinaria o apoio poltico do qual gozavam noapenas os governos do momento, mas a prpria forma de organizao social. Em todo o mundo, dirigentes polticosseguiram risca as experincias levadas a cabo por Reagan e Thatcher.A inflao no recuou a no ser para ceder lugar dvida pblica, que cresceu vertiginosamente na dcada de 1980.A estagnao do crescimento tornou os contribuintes em particular os mais prsperos e influentes hostis sresponsabilidades fiscais. A conteno da alta de preos ps fim ao aumento automtico dos impostos (em funodo nvel de renda). O controle da inflao cessou a desvalorizao contnua da dvida pblica pela desvalorizao damoeda nacional.O aumento do desemprego engendrado pela estabilizao monetria obrigou os Estados a aumentar as despesascom polticas sociais. Em resumo, a conta dos diferentes direitos sociais criados ao longo da dcada de 1970 emtroca da aceitao da moderao salarial por parte dos sindicatos comeou a pesar cada vez mais sobre as finanaspblicas.J que no era mais possvel jogar com a inflao para reduzir o abismo entre as exigncias dos cidados e as dosmercados, coube ao Estado o papel de financiar a paz social. Durante algum tempo, a dvida pblica foi umaalternativa funcional e cmoda para substituir a inflao, permitindo aos governos utilizar fontes de recursos que aindano tinham sido produzidos concretamente para completar os do momento.A acumulao da dvida pblica, porm, tambm no podia seguir eternamente. medida que o peso da dvidaaumentava, uma parte crescente dos gastos pblicos servia para pagar os juros dessa dvida. Em algum momento,impossvel de determinar a priori, os credores estrangeiros e nacionais exigiriam a recuperao do dinheiro. Osmercados, ento, tomaram medidas para impor aos Estados a disciplina oramentria e a austeridade necessriaspara salvaguardar seus interesses.A vitria de Bill Clinton, em 1992, marcou o incio de uma srie de esforos de consolidao oramentria202/08/2015 :: Le Monde Diplomatique Brasil ::http://www.diplomatique.org.br/print.php?tipo=ar&id=1086 3/4agressivamente promovidos em escala mundial por organismos como o FMI e a Organizao para a Cooperao e oDesenvolvimento Econmico (OCDE). Em 1994, os democratas perderam a maioria no Congresso, nas eleies demeio de mandato. Clinton optou ento por adotar uma poltica de austeridade, marcada por importantes redues dosgastos pblicos, em uma reviravolta poltica que deveria, segundo suas prprias palavras, colocar um fim na proteosocial tal qual a conhecemos.Dvida privadaA administrao Clinton no estava em condies de pacificar a economia poltica do capitalismo democrtico. Suaestratgia de gesto de conflitos sociais consistia em grande parte em ampliar a desregulao do setor financeiro, jiniciada com Reagan.O aumento na desigualdade na apropriao da renda, causada pelo declnio contnuo da sindicalizao e pelas fortesredues das despesas sociais, assim como a queda da demanda agregada3 decorrente das polticas de ajusteoramentrio foram contrabalanceadas pelo endividamento de cidados e empresas em quantidades inditas.O governo no tomava mais capital emprestado para financiar a igualdade de acesso moradia decente ou parainvestir na formao de trabalhadores: os prprios indivduos, os cidados, eram convidados (muitas vezes semescolha real) a contrair emprstimos por sua prpria conta e risco, seja para pagar os estudos ou se instalar embairros menos pobres.4A poltica instituda pela administrao Clinton agradou a muitos. Os ricos pagavam menos impostos, e os que entreeles tinham possibilidade de investir no mercado financeiro lucraram grandes somas. E os pobres no tinham do quereclamar pelo menos em um primeiro momento. Os crditos subprime, e a riqueza ilusria sobre a qualrepousavam, substituram o auxlio para moradia (que foi suprimido) e os aumentos de salrio (inexistente no maisbaixo escalo do mercado de trabalho flexibilizado). Para os afro-americanos em particular, a aquisio da moradiarepresentava a nica realizao do sonho americano: tratava-se de um substituto essencial s aposentadorias, quealm de no proporcionarem um nvel digno de vida, no estavam garantidas pelo governo, permanentementesubmetido a polticas de austeridade fiscal.Assim, diferentemente do perodo dominado pela dvida pblica no qual o emprstimo do Estado permitia usar hojeos recursos de amanh , eram os indivduos que podiam comprar imediatamente tudo de que necessitavam, emtroca do compromisso de entregar ao mercado uma parte significativa de seus salrios futuros.A liberalizao permitia, portanto, compensar o congelamento oramentrio e a austeridade pblica. A dvida privadase somava dvida pblica, e a demanda individual reforada pelos dlares provenientes da indstria crescente docassino financeiro tomou o lugar da demanda coletiva conduzida pelo Estado. Foi ela que sustentou o emprego eos lucros, notadamente no setor imobilirio.Essa dinmica acelerou-se a partir de 2001, perodo no qual esse keynesianismo privatizado no beneficiou apenaso setor financeiro com grandes lucros: foi tambm o pilar de um boom econmico invejado pelos sindicatos europeus.Estes erigiram de forma exemplar a poltica do dinheiro fcil colocada em andamento pelo FED, que provocou oendividamento rpido da sociedade norte-americana. Observavam com entusiasmo que, diferentemente do BancoCentral Europeu, o FED tinha a obrigao jurdica no somente de assegurar a estabilidade monetria, mas tambmde manter o alto nvel de emprego.O fim de todo esse aparato ocorreu em 2008, com a queda da pirmide de crditos internacionais sobre a qualrepousava a prosperidade do fim da dcada de 1990 e incio dos anos 2000. E o capitalismo hoje?Aps os perodos sucessivos de inflao, dficits pblicos e endividamento privado, o capitalismo democrtico dops-guerra entrou em sua quarta fase.Enquanto o conjunto do sistema financeiro mundial ameaava ruir, os Estados nacionais, na tentativa de restaurar aconfiana econmica, socializaram as perdas do setor privado e autorizaram os emprstimos pblicos para socorreros bancos. A medida acarretou o crescimento vertiginoso dos dficits pblicos.Desde 2008, o conflito de distribuio inerente ao capitalismo democrtico se transformou em uma luta obstinadaentre investidores financeiros mundiais e Estados soberanos. Enquanto no passado os trabalhadores lutavam contraos patres, os cidados contra os ministros de finanas e os devedores privados contra bancos privados, hoje asinstituies financeiras disputam com os Estados e ademais os chantageiam para que eles as salvem. Resta02/08/2015 :: Le Monde Diplomatique Brasil ::http://www.diplomatique.org.br/print.php?tipo=ar&id=1086 4/4determinar a natureza das relaes de fora sobre as quais repousa essa situao.Desde o incio da crise, por exemplo, os grandes conglomerados financeiros exigem taxas de juros muito variveissegundo os Estados e fazem presses diferenciadas sobre os governos para obrigar os cidados a aceitar cortesoramentrios sem precedentes. Em funo da dvida pblica colossal que hoje oprime os Estados, qualqueraumento nas taxas de juros, por mnimo que seja, pode acarretar um desastre oramentrio.Neste cenrio, os mercados devem estar atentos para no submeter os Estados a uma presso excessivamenteforte, pois estes poderiam optar pela moratria da dvida. necessrio, ento, que alguns Estados se disponham asalvar outros mais ameaados, como forma de prevenir a alta geral das taxas de juros sobre os emprstimossoberanos.Os mercados no esperam apenas uma consolidao oramentria: exigem igualmente perspectivas razoveis decrescimento econmico. Mas como combinar as duas coisas? Apesar de o risco da dvida irlandesa ter abaixado emfuno de o pas ter tomado medidas drsticas de reduo do dficit, ele voltou a crescer algumas semanas depois:o plano de recuperao econmica era to rigoroso que impedia qualquer retomada econmica.5H alguns anos, a administrao poltica do capitalismo democrtico vem se tornando cada vez mais delicada. bem possvel que esse perodo poltico e econmico seja o mais incerto experimentado pelos dirigentes polticosdesde a Grande Depresso.Os bancos, j definidos em 2008 como muito grandes para falir, podem se tornar ainda maiores em 2012 ou 2013.E podero, portanto, praticar novamente a chantagem com a qual souberam jogar to habilmente h trs anos. Destavez, contudo, a selvageria pblica do capitalismo privado poderia revelar-se impossvel simplesmente porque asfinanas pblicas chegaram ao limite de suas capacidades.Na crise atual, a democracia est to em risco quanto a economia, se no mais. No somente o funcionamentoeficaz da economia capitalista est abalado, mas tambm a integrao social.6Ao analisar a evoluo da crise desde a dcada de 1970, parece plausvel considerar que o capitalismo democrticoencontrar uma nova forma tambm temporria de resolver os conflitos sociais do momento. Mas, desta vez, embenefcio exclusivo das classes dominantes, entrincheiradas na fortaleza poltica insupervel da indstria financeirainternacional.Wolfang StreeckDiretor do Instituto Max Planck de Estudos das Sociedades, em Colnia, Alemanha. Este artigo uma versoabreviada de uma anlise publicada na New Left Review, n 71, Londres, set-out, 2011.1 Carmen Reinhard; Kenneth Rogoff, This time is different: eight centuries of financial folly [Desta vez diferente: oitosculos de loucura financeira], Princeton University Press, 2009.2 Conjunto de medidas para a adequao do oramento com o objetivo de melhorar o saldo primrio (receitas do anomenos as despesas, fora os juros da dvida).3 Demanda total de bens e servios de uma economia.4 Ler Grard Dumnil; Dominique Lvy, Une trajectoire financire insoutenable [Uma trajetria financeira insustentvel], LeMonde Diplomatique, ago. 2008.5 Ler Frdric Lordon, Sur le toboggan de la crise [No tobog da crise], Le Monde Diplomatique, dez. 2011.6 David Lockwood definiu esses conceitos em Social integration and system integration [Integrao social e integraosistmica]. In: George Zollschan; Walter Hirsch (orgs.), Explorations in Social Change [Exploraes em mudanas sociais],Routledge & Kegan Paul, Londres, 1964.Palavras chave: crise, moeda, bancos, economia, poltica, 2 Guerra Mundial, mercados, democracia, capitalismo