Walter Andrade Campelo - O Falar Em Línguas, Hoje

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O Falar Em Línguas, Hoje Autor: Walter Andrade Campelo Introdução Estabelecendo a supremacia da palavra de Deus Este estudo se propõe a tratar objetivamente o dom de línguas, e suas aplicações e implicações nos dias de hoje... Para este estudo, bem como para qualquer outro assunto referente à religião, à vida, ao nosso relacionamento com Deus, devemos ter a Sua Santa Palavra como autoridade máxima, absoluta e final. Os verdadeiros Cristãos têm na Bíblia Sagrada, a palavra de Deus, sua única regra de fé e prática, isto implica que tudo o que cremos e tudo o que fazemos está pautado pela palavra de Deus. Neste cenário, não cabe discussão, quando a palavra de Deus estabelece algo, isto é final, é a palavra de Deus: "Mas o SENHOR está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra." (Habacuque 2:20 ACF 1 ) Há algum ser humano que possa contradizer a palavra de Deus? Alguém se julga capaz de contradizer o que o Deus Todo-Poderoso, o Senhor do Universo, está dizendo? Não, nunca, nenhum ser humano pode contradizer a Deus: Somos fracos demais, limitados demais, corruptos demais, para isto. Assim, em circunstância alguma podemos colocar a experiência humana, ou a palavra de homens, por mais espiritual que possa nos parecer, acima dos ensinos bíblicos; e assim sigamos adiante: "Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;" (Colossenses 2:8) Dons do Espírito Santo Muitos têm confundido talento natural, ou capacidade inata, ou ainda um grande desejo de realizar uma determinada tarefa, com dons do Espírito Santo. Outros ainda buscam determinados, por dons do Espírito Santo, deixando de levar em conta que quem os dá é o próprio Espírito Santo e de acordo com a Sua vontade: "Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." (I Coríntios 12:11) Os dons do Espírito Santo são algo distinto e específico, não vinculado à vontade do homem: "(7) Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo... (11) E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; (13) Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo." (Efésios 4:7, 11-13) É imperioso que tenhamos em nossas mentes uma clara noção do que vem a ser dom do Espírito Santo, qual sua função e necessidade e, portanto, sua ocasião.

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Pentecostalismo

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O Falar Em Lnguas, Hoje

Autor: Walter Andrade Campelo

Introduo

Estabelecendo a supremacia da palavra de Deus

Este estudo se prope a tratar objetivamente o dom de lnguas, e suas aplicaes e implicaes nos dias de hoje... Para este estudo, bem como para qualquer outro assunto referente religio, vida, ao nosso relacionamento com Deus, devemos ter a Sua Santa Palavra como autoridade mxima, absoluta e final.

Os verdadeiros Cristos tm na Bblia Sagrada, a palavra de Deus, sua nica regra de f e prtica, isto implica que tudo o que cremos e tudo o que fazemos est pautado pela palavra de Deus. Neste cenrio, no cabe discusso, quando a palavra de Deus estabelece algo, isto final, a palavra de Deus:

"Mas o SENHOR est no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra." (Habacuque 2:20 ACF1)

H algum ser humano que possa contradizer a palavra de Deus? Algum se julga capaz de contradizer o que o Deus Todo-Poderoso, o Senhor do Universo, est dizendo? No, nunca, nenhum ser humano pode contradizer a Deus: Somos fracos demais, limitados demais, corruptos demais, para isto.

Assim, em circunstncia alguma podemos colocar a experincia humana, ou a palavra de homens, por mais espiritual que possa nos parecer, acima dos ensinos bblicos; e assim sigamos adiante:

"Tende cuidado, para que ningum vos faa presa sua, por meio de filosofias e vs sutilezas, segundo a tradio dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e no segundo Cristo;" (Colossenses 2:8)

Dons do Esprito Santo

Muitos tm confundido talento natural, ou capacidade inata, ou ainda um grande desejo de realizar uma determinada tarefa, com dons do Esprito Santo. Outros ainda buscam determinados, por dons do Esprito Santo, deixando de levar em conta que quem os d o prprio Esprito Santo e de acordo com a Sua vontade:

"Mas um s e o mesmo Esprito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." (I Corntios 12:11)

Os dons do Esprito Santo so algo distinto e especfico, no vinculado vontade do homem:

"(7) Mas a graa foi dada a cada um de ns segundo a medida do dom de Cristo... (11) E ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo; (13) At que todos cheguemos unidade da f, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, medida da estatura completa de Cristo." (Efsios 4:7, 11-13)

imperioso que tenhamos em nossas mentes uma clara noo do que vem a ser dom do Esprito Santo, qual sua funo e necessidade e, portanto, sua ocasio.

O dom assim, um talento potencializado pela ao do Esprito Santo, ou uma capacidade concedida por Sua ao, utilizado para a edificao do corpo de Cristo, para a obra do ministrio, sendo dado a cada um dos crentes na "medida do dom de Cristo", e de acordo com a Sua vontade. (v.11)

H dons que nos parecem naturais, como os dons de ensino e pregao do evangelho, e outros dons que so miraculosos, como curas e lnguas. Mas, em nenhum caso, mesmo no dos dons que nos paream naturais, estes devem ser confundidos com talentos naturais, que so habilidades carnais para a execuo de tarefas, pois se assim procedermos teremos, como infelizmente temos visto com alguma freqncia, pessoas que nada tem a ver com o Esprito Santo recebendo livre acesso ao corpo de Cristo, causando enorme destruio, discrdia e diviso.

Devemos, portanto, tratar da questo dos dons com a mais absoluta seriedade, e sempre discernindo os espritos, isto, sempre provando o que nos apresentado, se vem ou no de Deus:

"Amados, no creiais a todo o esprito, mas provai se os espritos so de Deus, porque j muitos falsos profetas se tm levantado no mundo." (I Joo 4:1)

No nos enganemos, devemos sim estar julgando todas as coisas:

"No sabeis vs que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?" (I Corntios 6:2)

E devemos tirar do nosso meio tudo o que for impuro, tudo o que no proceda de Deus. Pois toda ao da Igreja deve ser para que se apresente santa e irrepreensvel2diante de Cristo. Nada menos.

Definindo a palavra "lngua" no contexto do Novo Testamento

Antes de qualquer estudo, fundamental a definio dos termos, ou palavras, que sero abordados, bem como um claro entendimento das circunstncias em que estes termos so utilizados e o seu significado dentro de cada contexto especfico. Assim, torna-se absoluta prioridade estudarmos o termo "lngua", ou o seu plural, "lnguas", em cada uma de suas ocorrncias no Novo Testamento, tendo como base de estudo o seu significado na lngua original em que foi escrito o Novo Testamento: o grego koin. Existem algumas palavras gregas, no Novo Testamento, que foram traduzidas para o portugus como "lngua", vejamos:

1. Lngua Hebraica (ebraisti- Hebraisti ouebraikov- Hebraikos):

a. Joo 5:2;

b. Apocalipse 16:16.

No lxico de Strong:

3. em Hebreu, ou seja, em Caudeu.

1. Lngua Grega (ellhnikov- Hellenikos):

. Lucas 23:38;

a. Apocalipse 9:11.

No lxico de Strong:

2. grego

1. Lngua Latina (rwmaikov- Rhomaikos):

. Lucas 23:38;

No lxico de Strong:

1. a lngua falada pelos Romanos.

1. Lngua Licanica (lukaonisti- Lukaonisti):

. Atos 14:11;

No lxico de Strong:

1. na fala ou lngua da Licania.

1. Lngua dobre (pessoa de duas palavras) (dilogov- dilogos):

. I Timteo 3:8;

No lxico de Strong:

1. dizer a mesma coisa duas vezes, repetio.

1. lngua dupla, duplicidade de discurso, dizer uma coisa a uma pessoa e outra com outra pessoa (com a inteno de enganar).

1. Outra lngua (eteroglwssov- heteroglossos)

. I Corntios 14:21;

No lxico de Strong:

1. algum que fala uma lngua estrangeira.

1. Lngua humana existente (dialektov- dialektos):

. Atos 2:6;

a. Atos 2:8.

No lxico de Strong:

2. conversao, fala, discurso, linguagem.

2. a lngua ou linguagem peculiar a qualquer povo.

1. Parte do corpo humano ou a linguagem de um povo (glwssa- glossa):

. Lngua humana existente:Atos 2:4,11,26;I Corntios 13:1,8;14:26;

a. Atributo de nacionalidade (lngua do pas ou do povo):Apocalipse 5:9;14:6;

b. Ato de falar:I Corntios 14:9;I Joo 3:18;Tiago 1:26;

c. rgo do corpo:Atos 2:26;Romanos 14:11;I Pedro 3:10;Apocalipse 16:10;

d. Lngua humana existente, porm no conhecida pela audincia:I Corntios 14:2,4,13,14,19,27.

No lxico de Strong:

5. A lngua, um membro do corpo, um rgo da fala.

5. Uma lngua.

5. A linguagem ou dialeto usado por um povo em particular, distinto do de outras naes.

No lxico de Liddell & Scott:

6. Lngua

6. Laringe, glote.

6. Lngua como o rgo da fala, com a preposio "apo" = franqueza no falar; verbalmente, oralmente; com "ouk apo" falar atravs de argumentao;

6. Orador fluente.

6. A advocacia do fisco.

6. Linguagem; falar uma lngua ou dialeto; dialeto;

6. palavra estrangeira ou obsoleta, que necessite de explicao. De onde vem a palavra portuguesa "glossrio";

6. lngua falada por um povo em particular.

6. qualquer coisa que tenha o formato de lngua. (Atos 2:3)

6. em msica, a cana ou lingeta de uma flauta;

6. lngua de couro do sapato;

6. lngua de terra, pennsula;

6. lingote de metal (ao, ferro, ouro, etc.)

Neste ponto faz-se mister assinalar e destacar que em nenhum lxico ou dicionrio grego, quaisquer das palavras gregas, traduzidas para o portugus como "lnguas", tm o significado de um falar em xtase ou falar uma lngua ou dialeto que no seja inteligvel por um povo. Assim, das ocorrncias da palavra "lngua" ou "lnguas", no Novo Testamento, podemos certamente afirmar que, quando esta palavra se refere a uma linguagem, sempre, invariavelmente, uma lngua3humana falada e entendida por algum povo.

Tambm importante registrar que a palavra portuguesa "glossolalia" utilizada para representar a prtica atual do "falar em lnguas", to comum em meios pentecostais e neopentecostais, tem o seguinte significado conforme o dicionrio Houaiss:

1. Suposta capacidade de falar lnguas desconhecidas quando em transe religioso.

2. Distrbio de linguagem observado em certos doentes mentais que crem inventar uma linguagem nova.

Esta palavra vem de duas palavras gregas:glwssa+lalia(glossa + lalia) que ao p da letra significam "lngua + falar", e que em momento algum aparecem juntas no Novo Testamento.

A palavra (lalia) encontrada no Novo Testamento em duas passagens:

"E, da a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente tambm tu s deles, pois a tuafalate denuncia." (Mateus 26:73)

"Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram outra vez a Pedro: Verdadeiramente tu s um deles, porque s tambm galileu, e tuafala semelhante." (Marcos 14:70)

E como pode ser observado nos versos acima, no h qualquer conjuno ou combinao da palavra "lalia", em suas ocorrncias no Novo Testamento, com a palavra "glossa".

Existe, contudo, uma conjuno da palavra "glossa" que encontrada, por exemplo, em I Corntios 14:2, conforme segue:

"Porque o quefala em lnguadesconhecidano fala aos homens, seno a Deus; porque ningum o entende, e em esprito fala mistrios." (I Corntios 14:2)

"o garlalwn glwsshouk anqrwpoiv lalei alla tw qew oudeiv gar akouei pneumati de lalei musthria" (I Corntios 14:2 TR4)

lalew+glwssa(laleo + glossa) significa ao p da letra, "falar com uma lngua". Esta conjuno apesar de prxima conjuno de "glossa" + "lalia", no tem a mesma conotao que glossolalia, e no pode ser entendida como se fosse uma ocorrncia desta combinao de palavras. Ante estas constataes, podemos com segurana afirmar que no h qualquer ocorrncia, no Novo Testamento grego, de glossolalia.

Outro ponto importante a se ter em mente que o Cristianismo no admite "transe religioso" (prtica comum em vrias religies pags), nossa religio exige entendimento, clareza de raciocnio, discernimento, temperana (moderao, autodomnio), conhecimento e firmeza, conforme pode ser entendido dos textos abaixo:

"Amars, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu corao, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas foras; este o primeiro mandamento." (Marcos 12:30)

"Rogo-vos, pois, irmos, pela compaixo de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus, que o vosso culto racional." (Romanos 12:1)

"Ora, o homem natural no compreende as coisas do Esprito de Deus, porque lhe parecem loucura; e no pode entend-las, porque elas se discernem espiritualmente. (15) Mas o que espiritual discerne bem tudo, e ele de ningum discernido." (I Corntios 2:14-15)

"E vs tambm, pondo nisto mesmo toda a diligncia, acrescentai vossa f a virtude, e virtude a cincia, (6) E cincia a temperana, e temperana a pacincia, e pacincia a piedade, (7) E piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. (8) Porque, se em vs houver e abundarem estas coisas, no vos deixaro ociosos nem estreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. (9) Pois aquele em quem no h estas coisas cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificao dos seus antigos pecados. (10) Portanto, irmos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocao e eleio; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeareis." (II Pedro 1:5-10)

Referncias gerais

Ocorrncias do falar em lnguas

O falar em lnguas ocorreu no Novo Testamento em 3 ocasies:

Na descida do Esprito Santo no dia de Pentecostes:Atos 2:4 Em Cesaria na casa de Cornlio:Atos 10:46 Aps a imposio de mos de Paulo sobre os 12 discpulos em feso:Atos 19:6Alm disto o falar em lnguas foi citado na primeira carta do apstolo Paulo aos Corntios.

No ocorrncia do falar em lnguas

Em vrias outras ocasies especiais, no houve o falar em lnguas, como por exemplo:

Quando Jesus soprou o seu Esprito sobre os seus discpulos:Joo 20:21-22 Na converso do Eunuco:Atos 8:35-39 Na converso de Paulo:Atos 9:1-9 Aps Pedro e Joo estarem perante o Sindrio:Atos 4:31-33 No Batismo de Ldia:Atos 16:13-15 Na converso do carcereiro e sua casa:Atos 16:30-34Instrues para o uso do falar em lnguas

O apstolo Paulo demonstrou que o falar em lnguas deve seguir regras especficas e determinadas:

uma atividade secundria, de importncia menor e muitas vezes indesejvel:I Corntios 14:3e14:23 Exige a necessidade de intrprete:I Corntios 14:27 Caso no haja intrprete, no deve haver o falar em lnguas:I Corntios 14:28 Somente dois, quando muito trs podem falar em lnguas:I Corntios 14:27 Somente um pode falar por vez:I Corntios 14:27e14:30 No deve haver confuso:I Corntios 14:33 Tudo deve ser feito com ordem e decncia:I Corntios 14:40 As lnguasnodevem ser buscadas (Deus quem decide):I Corntios 12:18Definies

Sinais e milagres

Os sinais e milagres sempre foram utilizados com funes especficas:

1. Fazer com que as pessoas cressem na Bblia que ainda estava por ser escrita:

"Jesus, pois, operou tambm em presena de seus discpulos muitos outros sinais, que no esto escritos neste livro. (31) Estes, porm, foram escritos para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome." (Joo 20:30-31 ACF1)

"Porque no ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim no tenha feito, para fazer obedientes os gentios, por palavra e por obras; (19) Pelo poder dos sinais e prodgios, na virtude do Esprito de Deus; de maneira que desde Jerusalm, e arredores, at ao Ilrico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo." (Romanos 15:18-19)

2. Dar credibilidade e reconhecimento aos que apregoavam a mensagem:

"Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vs com maravilhas, prodgios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vs, como vs mesmos bem sabeis;" (Atos 2:22)

"Rodearam-no, pois, os judeus, e disseram-lhe: At quando ters a nossa alma suspensa? Se tu s o Cristo, dize-no-lo abertamente. Respondeu-lhes Jesus: J vo-lo tenho dito, e no o credes. As obras que eu fao, em nome de meu Pai, essas testificam de mim." (Joo 10:24-25)

"Ento a mulher disse a Elias: Nisto conheo agora que tu s homem de Deus, e que a palavra do SENHOR na tua boca verdade." (I Reis 17:24)

"Jesus, pois, operou tambm em presena de seus discpulos muitos outros sinais, que no esto escritos neste livro. Estes, porm, foram escritos para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome." (Joo 20:30-31)

3. Marcar uma era de novas revelaes para o povo de Deus, ou mudana na forma de ao do Esprito Santo junto ao povo de Deus. (Babel, Dilvio, xodo, o Ministrio de Jesus Cristo, Atos dos Apstolos, Apocalipse, etc.)

importante que tenhamos em mente que os sinais de Deus ocorrem em determinado momento, para validar Sua mensagem atravs de um mensageiro Seu, ou para cumprir um propsito especfico determinado pelo prprio Deus, e depois desaparecem quando no so mais necessrios. Podemos ver claramente este fato ao estudarmos a histria de Moiss, de Josu e de Elias. Num determinado momento, Moiss foi capaz de abrir um caminho seco atravs das guas, de modo que o povo de Deus pde passar a seco pelo Mar Vermelho. De modo similar, Josu pde abrir as guas do Jordo para que o povo de Deus pudesse atravess-lo a seco. Em nenhum outro momento o sinal de criar separao de guas ocorreu. O profeta Elias pediu, e Deus fez com que descesse fogo dos cus para queimar o holocausto:

"Sucedeu que, no momento de ser oferecido o sacrifcio da tarde, o profeta Elias se aproximou, e disse: O SENHOR Deus de Abrao, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu s Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme tua palavra fiz todas estas coisas. (37) Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo conhea que tu s o SENHOR Deus, e que tu fizeste voltar o seu corao. (38) Ento caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o p, e ainda lambeu a gua que estava no rego." (I Reis 18:36-38)

Depois desta, no houve mais nenhuma outra ocorrncia de Deus enviando fogo dos cus para queimar holocaustos.

Podemos tambm observar o momento em que o Sol parou a pedido de Josu:

"Ento Josu falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR deu os amorreus nas mos dos filhos de Israel, e disse na presena dos israelitas: Sol, detem-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Ajalom. (13) E o sol se deteve, e a lua parou, at que o povo se vingou de seus inimigos. Isto no est escrito no livro de Jasher? O sol, pois, se deteve no meio do cu, e no se apressou a pr, quase um dia inteiro. (14) E no houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o SENHOR assim a voz de um homem; porque o SENHOR pelejava por Israel." (Josu 10:12-14)

A prpria Palavra de Deus nos apresenta o fato de ser esta, uma ocorrncia nica, que nunca mais tornaria a se repetir.

Estes exemplos, e tantos outros que podemos encontrar atravs das Escrituras Sagradas, nos mostram de forma inequvoca que os sinais de Deus so isto mesmo, de Deus, utilizados por Ele para fins especficos, em momentos especficos, de acordo somente com Sua soberana vontade, e no pertencem ao homem, nunca pertenceram e nunca pertencero.

O que o falar lnguas conforme a Palavra de Deus

O sinal de lnguas foi a capacidade sobrenatural de se falar um idioma estrangeiro sem prvio estudo ou conhecimento deste, e o dom de lnguas a facilidade para se falar vrios idiomas diferentes.

Como vimos no estudo das ocorrncias da palavra "lnguas" no Novo Testamento, a palavra de Deus nos apresenta estes idiomas, sempre, como idiomas humanos existentes. Por exemplo, quando da descida do Esprito Santo no dia de Pentecostes, os discpulos transmitiram a mensagem do evangelho nas lnguas nativas daqueles que os estavam ouvindo (Atos 2:1-11) !

Paulo ao repreender os corntios sobre a necessidade de ordem no culto, disse que os indoutos, aqueles sem estudo, no entenderiam os que estavam falando lnguas (I Corntios 14:16e23), demonstrando de modo inequvoco que, ao contrrio, os doutos, aqueles que tem erudio, poderiam entender, e portanto, os corntios estavam falando um idioma humano existente e inteligvel (pelo menos para aqueles que tivessem cultura suficiente para entend-lo). Tambm emI Corntios 14:21Paulo, citando Isaas, especifica que "por outros lbios falarei a este povo", descrio esta que tambm aponta diretamente para uma linguagem humana existente.

EmI Corntios 14:18, Paulo afirma categoricamente que falava mais lnguas que os corntios. Ora, Paulo falava hebraico, aramaico, grego, latim, e possivelmente ainda outras lnguas mais, como o copta. Mas, eram todas lnguas humanas existentes... (Iremos tratar de forma mais detalhada a questo da igreja de Corinto mais abaixo no tpico "O falar lnguas em Corinto").

Reforando mais uma vez segundo o testemunho da Palavra de Deus, o falar lnguas ou um sinal sobrenatural de falar lnguas ou dialetos humanos, existentes, sem que tenham sido previamente estudados, ou como ocorreu na Igreja de Corinto, a capacidade ou a facilidade para falar em vrias lnguas (diversidade de lnguas).

O sinal miraculoso de lnguas ocorreu em 3 circunstncias no livro de Atos

"Mas recebereis a virtude do Esprito Santo, que h de vir sobre vs; e ser-me-eis testemunhas, tanto emJerusalmcomo em toda aJudia e Samaria, e at aosconfins da terra." (Atos 1:8 destaque acrescentado)

Jerusalm- Atos 2:4"E todos foram cheios do Esprito Santo, e comearam a falar noutras lnguas, conforme o Esprito Santo lhes concedia que falassem." Judia e Samaria (Cesaria)- Atos 10:46"Porque os ouviam falar lnguas, e magnificar a Deus." Confins da Terra (feso)- Atos 19:6"E, impondo-lhes Paulo as mos, veio sobre eles o Esprito Santo; e falavam lnguas, e profetizavam."O sinal miraculoso de lnguas sempre foi um sinal para os judeus que no criam primeiramente no derramamento do Esprito Santo de Deus, e depois no criam que o derramamento do Esprito Santo atingisse tambm aos gentios e no somente aos judeus.

O verso 45 de Atos 10 nos mostra este fato:

"E os fiis que eram da circunciso, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Esprito Santo se derramasse tambm sobre os gentios."

Assim, espantaram-se os judeus, todos os que eram da circunciso, quando gentios demonstraram os mesmos sinais que os discpulos haviam demonstrado em Jerusalm!

Em feso (Atos 19:3-20) grande foi a disputa de Paulo para apresentar o Caminho aos judeus ali reunidos. E o falar lnguas dos discpulos que l estavam mostrava a estes judeus que atravs de "outros lbios" e de "outras lnguas" Deus estava lhes falando Sua mensagem:

"Est escrito na lei: Por gente de outras lnguas, e por outros lbios, falarei a este povo; e ainda assim me no ouviro, diz o Senhor." (I Corntios 14:21)

Aps estas trs ocorrncias no h qualquer outra referncia ao falar lnguas como um sinal de Deus para o seu povo. Surge, contudo, uma outra referncia ao falar lnguas no Novo Testamento: durante o perodo de desordem que ocorreu na Igreja de Corinto; Igreja esta que foi exortada pelo apstolo Paulo a retornar ordem e decncia, quando de sua primeira carta a ela endereada.

O falar lnguas em Corinto

importante estabelecermos alguns pontos antes de prosseguirmos nesta anlise. Primeiramente, quanto ao termo utilizado pelo apstolo Paulo em sua carta quando se referiu ao falar lnguas. A palavra grega utilizada foi "glossa" que, conforme j pudemos estudar, tem os seguintes significados:

4. A lngua, um membro do corpo, um rgo da fala.

5. Uma lngua.

2.1.A linguagem ou dialeto usado por um povo em particular, distinto do de outras naes.

Ou seja, a palavra grega "glossa" no contexto em que foi utilizada pelo apstolo Paulo tem um nico significado: "uma lngua estrangeira", ou "uma linguagem de um povo de outra nacionalidade".

Assim, fica determinado que o que estava acontecendo em Corinto o falar lnguas estrangeiras, lnguas de outros povos distintos daqueles que l habitavam.

Como exposto acima, esta afirmao corrobora a declarao do apstolo Paulo no verso 21 do captulo 14:

"Est escrito na lei: Por gente de outras lnguas, e por outros lbios, falarei a este povo; e ainda assim me no ouviro, diz o Senhor." (I Corntios 14:21)

Bem como, tambm, o fato de o apstolo, um pouco antes em sua exortao quela Igreja, ter afirmado que falava mais lnguas que todos os que l estavam:

"Dou graas ao meu Deus, porque falo mais lnguas do que vs todos." (I Corntios 14:18)

H tambm o fato de que doutos, ou seja, pessoas de grande cultura, poderiam entender o que diziam os que falavam lnguas, indicao assertiva de que eram faladas lnguas inteligveis, ou seja, lnguas estrangeiras, com as quais os doutos poderiam ter familiaridade:

"Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em lnguas, e entrarem indoutos ou infiis, no diro porventura que estais loucos?" (I Corntios 14:23)

Estabelece-se assim, de forma definitiva, que o falar lnguas conforme ocorreu na Igreja em Corinto e do qual o apstolo Paulo trata em I Corntios o falar uma lngua estrangeira e humana. E esta a caracterstica do falar lnguas conforme nos apresenta a Palavra de Deus: Falar uma lngua estrangeira! Seja diretamente por ao divina (sem que houvesse prvio estudo), como foi descrito em Atos 2, seja pelo dom, dado por Deus, de com facilidade se falar vrias lnguas, como ocorreu com o apstolo Paulo (I Corntios 14:18).

Ainda como uma confirmao adicional concluso acima, temos que Lucas ao escrever o livro de Atos dos Apstolos, estava com Paulo em seu exlio em Roma. Lucas, quase com certeza, tambm esteve em feso quando o apstolo Paulo escreveu sua primeira carta aos corntios, j que desde Atos 16 Lucas se apresentou como estando ao lado de Paulo em suas viagens. Mas, uma coisa certa: Lucas tinha conhecimento do contedo da carta de Paulo aos corntiosantesde escrever o livro de Atos dos Apstolos, uma vez que I Corntios foi escrita por volta de 56 d.C. e Atos somente foi escrito por volta de 61 ou 62 d.C. Este raciocnio foi apresentado aqui pelo fato de Lucas ter-se utilizado em Atos dos Apstolos da mesma palavra grega, e no mesmo contexto, que Paulo utilizou em I Corntios para indicar o falar lnguas, "glossa":

"E todos foram cheios do Esprito Santo, e comearam a falar noutras lnguas (glossa), conforme o Esprito Santo lhes concedia que falassem." (Atos 2:4)

E no havendo distino do termo grego utilizado para um caso ou para o outro, fica estabelecido, tambm atravs deste raciocnio, que o falar lnguas descrito em I Corntios tinha esta mesma natureza, ou seja, era o falar um idioma estrangeiro.

Frente a todas estas evidncias, fica definitivamente determinado que o falar lnguas descrito pelos textos em I Corntios no o falar uma lngua "celestial", ou "de anjos" (Veja o Apndice A sobre este assunto), ou qualquer outra manifestao exttica2, mas sim o falar um idioma humano existente e inteligvel.

Propsito do dom de lnguas

O dom de lnguas foi dado com o propsito especfico de ser um sinal (Marcos 16:17).

Esta interpretao confirmada por Paulo quando cita a Isaas emI Corntios 14:21-22. A passagem citada por Paulo Isaas 28:11, onde o profeta est repreendendo os bbados de Efraim que no aceitaram a palavra do profeta, e por esta razo Isaas lhes disse que Deus os faria ouvir atravs do falar do exrcito que estava por invadi-los. E isto lhes seria por sinal. Este sinal, o falar lnguas estrangeiras, sempre apresentado pela palavra de Deus como sendo para que judeus incrdulos viessem a crer, tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Pode-se verificar que em todos os registros de ocorrncia do dom miraculoso de lnguas (todas em Atos dos Apstolos), a audincia era composta de judeus.

J no caso especfico da Igreja em Corinto, deve-se lembrar que a natureza do falar lnguas l foi diferente, no tendo a caracterstica de milagre, mas sim, de um dom dado por Deus para a obra do ministrio e para a edificao do corpo de Cristo, como o so todos os dons:

"E ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo;" (Efsios 4:11-12)

Mas, se o dom miraculoso de lnguas foi um sinal, foi um sinal do qu e para quem? Podemos ver que foi um sinal de confirmao aos judeus da aceitao dos gentios no plano de salvao (Atos 10:45-46;11:15), isto porque apesar de alguns judeus terem crido em Jesus, no criam na possibilidade de gentios tambm o crerem, e este foi o propsito dos sinais relatados no livro de Atos.

Despropsito do dom de lnguas

O dom de lnguas, como meio edificao pessoal, um dos despropsitos sobre o objetivo deste dom. No h qualquer registro do uso privado do dom de lnguas no Novo Testamento. A referncia do apstolo Paulo ao fato daquele que fala em lngua desconhecida se edificar a si mesmo, e no Igreja, repreenso, declarada e direta ao que assim procede, pois os dons so unicamente para a edificao do Corpo como um todo, e no para uso individual:

"Assim tambm vs, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificao da igreja." (I Corntios 14:12)

"Aquele que desceu tambm o mesmo que subiu acima de todos os cus, para cumprir todas as coisas. (11) E ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo;" (Efsios 4:10-12)

A edificao pessoal procede da edificao do corpo, uma vez que cada indivduo parte do corpo, ao se edificar o corpo edifica-se juntamente cada um de seus membros componentes.

Outro despropsito observado o de se alegar que o milagre do falar lnguas se deu como meio de facilitar a pregao do evangelho. Em nenhum momento isto foi aventado no Novo Testamento. Ao contrrio, aps sua ocorrncia, os judeus ficaram atnitos com o sinal de lnguas! Estes homens eram pelo menos bilnges, pois entenderam a pregaoantesdo dom de lnguas se manifestar, ou seja, antes de ouvirem os discpulos falarem em sua lngua natal. Sendo assim, caso o sinal de lnguas, conforme vemos em Atos dos Apstolos, fosse para ser utilizado com o propsito de pregao, teria sido mantido intacto durante toda a existncia da Igreja, se tornando lugar comum at nossos dias, e todos os salvos em Cristo poderiam falar qualquer lngua (humana e existente) para a qual houvesse audincia presente.

Isto no quer dizer que tal milagre no possa ocorrer, ao contrrio, Deus soberano e faz como lhe apraz. Mas, ocorrendo o milagre, ser exatamente isto: um milagre de Deus, e no lugar comum, ou qualquer tipo de atestado desta ou daquela condio na vida daquele que se coloca como instrumento para que Deus, atravs dele, execute o milagre. Deus faz milagres quando quer e atravs de quem quer. Deus soberano, Deus Senhor!

Cessao do sinal de lnguas?

Podemos afirmar com segurana que enquanto um sinal para judeus incrdulos (primeiro atestando a ao direta do Esprito Santo sobre os prprios judeus, e depois atestando que a ao do Esprito Santo no estava restrita somente a judeus, mas que atingia tambm aos gentios), o sinal miraculoso de lnguas desapareceu no primeiro sculo.

"O amor nunca falha; mas havendo profecias, sero aniquiladas;havendo lnguas, cessaro;havendo cincia, desa-parecer; (9) Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; (10) Mas,quando vier o que perfeito, ento o que o em parte ser aniquilado." (I Corntios 13:8-10) [destaque em negrito acrescentado para nfase]

Alguns afirmam que esta passagem no pode ser utilizada como base para afirmar-se que o sinal de lnguas cessaria em algum momento prximo. No h pleno consenso quanto a isto, e h argumentos vrios em ambas as direes. Mas, independentemente da disputa teolgica que se trava em torno desta passagem, ela nos informa, sim, de que o sinal de lnguas cessou, pelo menos enquanto milagre de Deus para validao da mensagem bblica.

Como vimos os sinais de Deus tem funes especficas, e o sinal de lnguas teve a funo de validar a mensagem dos apstolos de Jesus Cristo. E isto foi necessrio at que se completasse o cnon bblico, o que ocorreu entre o final do primeiro sculo e o incio do segundo. Neste ponto veio o que perfeito (I Corntios 13:9-10), ou seja, a palavra de Deus, inerrante, infalvel, dispensando qualquer sinal posterior de validao do seu contedo alm do milagre de sua prpria inerrncia e de sua miraculosa preservao pela mo de Deus.

H aqueles que querem dizer que "o que perfeito" refere-se a Jesus Cristo, e que esta passagem fala sobre o segundo advento de nosso Senhor. Mas, nos aprofundando no texto grego, vemos que:

"Mas, quando viero que perfeito, ento o que o em parte ser aniquilado." (I Corntios 13:10 ACF1)

"otan de elqhto teleiontote to ek merouv katarghqhsetai" (I Corntios 13:10 TR2)

A construo em grego neutra, o que descarta a possibilidade de estar tratando de algum, no , assim, uma referncia a Jesus, nem, como querem alguns outros, ao Esprito Santo, esta construo trata de algo, de um objeto, e no de algum. No h outro entendimento possvel seno o de que este texto est tratando da palavra de Deus, que ainda estava, poca em que este texto foi escrito, sendo confeccionada.

Na carta aos Hebreus temos:

"Como escaparemos ns, se no atentarmos para uma to grande salvao, a qual, comeando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; testificando tambm Deus com eles, por sinais, e milagres, e vrias maravilhas e dons do Esprito Santo, distribudos por sua vontade?" (Hebreus 2:3-4)

Esta passagem indica claramente que:

1. O anuncio da salvao foi confirmado pelos que o ouviram sendo anunciada pelo Senhor.

2. Os que ouviram testificaram atravs de sinais, milagres, vrias maravilhas e dons do Esprito Santo.

Assim temos que estes dons miraculosos, incluindo a o sinal de lnguas, foram sinais utilizados para autenticar a revelao do evangelho, at que fosse completado o cnon do Novo Testamento, tornando-se, aps isto, desnecessrios uma vez que j estava ratificada a palavra de Deus junto Igreja de Cristo. Este fato pode ser visto por haverem tradues feitas j em 150 d.C. que possuam cnon idntico ao que hoje encontramos em nossas Bblias.

Temos assim, atravs da anlise de todas as passagens bblicas relevantes, que o sinal de lnguas foi um acontecimento especfico, em um momento especfico, com uma finalidade especfica; tendo sido extinto por completo aps sua ocorrncia emAtos 19:6.

No devemos, contudo, estar aqui descrentes quanto ao poder de Deus em executar milagres! Deus infinito em poder, Deus no est limitado a nada, e pode fazer, como tem feito, milagres em qualquer poca, e por qualquer meio que lhe aprouver, de acordo apenas com Sua soberana vontade; E a ns, criaturas suas, cabe aceitar qual seja o Seu supremo desgnio.

Como exemplo, seria importante citar que h testemunhos da ocorrncia de um outro tipo de sinal de lnguas, com finalidade distinta da que foi registrada em Atos. Relatam estes testemunhos que em determinadas situaes no campo missionrio Deus proveu um entendimento miraculoso por parte da audincia do que um pregador falava em uma lngua no conhecida por esta.

Este sinal no desrespeita o que j vimos sobre os sinais de Deus, j que tem a funo de fazer com que pessoas creiam na Bblia, em momentos em que no h outro meio de propagao da mensagem. Como um exemplo disto, temos o que foi relatado por marinheiros russos, ainda durante o perodo da cortina de ferro, quando era extremamente difcil o acesso s pessoas por trs da cortina comunista. Estes marinheiros ouviram um pastor batista brasileiro pregando em ingls, em determinado porto dos EUA, onde atracaram seu navio, mas entenderam o que estava sendo pregado como se estivesse sendo falado em russo, ou seja, o pastor pregava em ingls e os marinheiros ouviam em russo! Milagre de Deus, com propsito divino: Estes trs marinheiros se converteram a Jesus Cristo e se tornaram lderes de Igrejas na Rssia.

O dom permanece

J o dom de falar vrias lnguas (diversidade de lnguas, existentes e inteligveis, como relatado em I Corntios) algo que acompanha algumas pessoas at os dias de hoje, assim como tambm ocorre com o dom da palavra ou com o dom do ensino ou ainda com o dom de repartir liberalmente o que se tem. Entretanto, mesmo tendo isto em mente, vemos que existem vrias passagens, relatando dons espirituais, que foram escritas aps 56 d.C., onde o dom de lnguas no mencionado. Vejamos:

"De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graa que nos dada, se profecia, seja ela segundo a medida da f; se ministrio, seja em ministrar; se ensinar, haja dedicao ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faa-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericrdia, com alegria." (Romanos 12:6-8)

"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graa de Deus. Se algum falar, fale segundo as palavras de Deus; se algum administrar, administre segundo o poder que Deus d; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glria e poder para todo o sempre. Amm." (I Pedro 4:11)

I Corntios foi escrita enquanto Paulo planejava mudar-se para feso (I Corntios 16:8), indicando que o ano era ento 56 d.C.

A epstola aos Romanos foi escrita por Paulo em 57 d.C., durante sua permanncia de trs meses na Grcia (Atos 20:1-3), especificamente em Corinto. L Paulo residia com Gaio (Romanos 16:23eI Corntios 1:14) e Erasto era o procurador da cidade de Corinto (Romanos 16:23). Especial ateno deve ser dada ao fato desta carta ter sido escrita em Corinto e de no haver nela qualquer meno ao dom de lnguas! A inferncia direta disto a de que a Igreja j havia sido exortada e corrigida quanto ao uso indevido e desordenado deste dom!

J I Pedro foi escrita, provavelmente, pouco antes de se iniciar a perseguio de Nero aos Cristos em 64 d.C.

Estes fatos nos sugerem que, atravs do ensinamento do apstolo Paulo o dom de lnguas foi colocado como sendo secundrio no seio da Igreja, a qual deu preferncia profecia e ao ensino:

"E eu quero que todos vs faleis em lnguas, mas muito mais que profetizeis; porque o que profetiza maior do que o que fala em lnguas..." (I Corntios 14:5)

E, sendo assim, no haveria mais a pratica deste dom na Igreja, pelo menos no como algo comum. Podemos, entretanto, v-lo ainda hoje em ao quando, por exemplo, h algum que tenha a facilidade de aprender lnguas, como o italiano ou seus diversos dialetos, e pregar em italiano, ou aprender alemo, e pregar em alemo, e que se disponha a assim agir para glria de Deus e edificao do corpo de Cristo.

O falar em lnguas "moderno"

Descrio

Vrias denominaes consideram que o falar em lnguas descrito pela palavra de Deus , um falar exttico, ou seja, algo que ocorre sem que a pessoa tenha pleno controle do que acontece consigo mesma, ocorrendo em uma espcie de transe. Mas, como j vimos, uma das caractersticas do Cristo o autodomnio, se algo acontece que tira a pessoa do seu estado de sobriedade, de autocontrole, de conscincia dos eventos sua volta, no pode ser atribudo ao Esprito Santo, mas, a outros fatores externos que esto afetando o pleno domnio das faculdades desta pessoa. Na Bblia em vrias ocasies somos exortados a sermos sbrios:

"Mas ns, que somos do dia, sejamos sbrios, vestindo-nos da couraa da f e do amor, e tendo por capacete a esperana da salvao;" (I Tessalonicenses 5:8 ACF1)

"Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sbrios, e esperai inteiramente na graa que se vos ofereceu na revelao de Jesus Cristo;" (I Pedro 1:13)

A palavra sbrio tem o seguinte significado:

1. moderado, contido no comer e no beber ;

1.1 no amante ou dependente de bebidas alcolicas;

2. que no se encontra sob o efeito de bebida alcolica; no intoxicado por lcool;

3. marcado por temperana, equilbrio, moderao e/ou seriedade; contido nas emoes e caprichos;

4. despojado de exibies de poder, cultura, inteligncia; de carter ou comportamento sereno, discreto, recatado;

5. destitudo de floreios e ornamentos desnecessrios.

Atentando para os significados 3 e 4, vemos que h total incompatibilidade entre a ordem bblica de ser sbrio e as aes que privam a pessoa de seu autodomnio, de seu controle pessoal. No h como estar em transe e ser fiel palavra de Deus ao mesmo tempo, so aes mutuamente excludentes.

Revendo os testemunhos daqueles que apresentam o "dom", vemos que alguns relatam este transe como "flutuar", outros como "estar fora do seu corpo", outros ainda como "estando dominados por um poder superior", e outros como tendo sido possudos "pelo Esprito Santo", alm de vrios outros eventos que sempre ocorrem de modo concomitante ao da glossolalia.

Apenas este testemunho j seria suficiente para descaracterizar a glossolalia como uma obra do Esprito Santo de Deus, mas, continuemos no estudo.

Os que praticam o falar em xtase afirmam que este falar no se d em uma linguagem humana existente e inteligvel (por exemplo, em alemo, ou em japons, ou em tupi-guarani), mas, afirmam ser esta uma espcie de linguagem "divina" ou "de anjos", a qual tem na maior parte das vezes um mximo de 10 vocbulos, combinados de umas 20 formas diferentes.

Isto, na verdade, est muito longe de poder ser considerado como uma lngua, um dialeto, ou qualquer coisa que se assemelhe comunicao. S para se ter uma idia comparativa, o Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa traz mais de 228.000 verbetes (palavras), e a conjugao de 15.000 verbos. Isto mesmo s de verbos existem mais de 15.000 (quinze mil) relatados por este dicionrio! A lngua inglesa arcaica (como era falada por Shakespeare) tinha mais de 50.000 palavras diferentes, e no Novo Testamento foram utilizadas nada menos que 5.624 palavras diferentes em grego. No h como se considerar um conjunto de 10 ou 20 ou, mesmo que fossem, 100 vocbulos diferentes como sendo uma lngua. Simplesmente no possvel se estabelecer qualquer nvel de comunicao lingstica com to poucas palavras.

Para que tenhamos uma idia ainda mais clara, somente neste estudo que ora fazemos h em torno de 10.000 palavras, sendo mais de 2.600 palavras diferentes!

importante que tenhamos em mente que o falar lnguas exttico, prtica pag, e existe em praticamente todas as religies e seitas, do espiritismo ao islamismo, do mormonismo umbanda.

Todas estas religies, ou prticas religiosas, alegam possuir o "dom" espiritual de falar lnguas estranhas. E muitas, mesmo estando afastadas de Cristo e do Seu Santo Esprito, como o caso dos Mrmons ou dos carismticos Catlicos, alegam possuir o "dom" atravs de ao do Esprito Santo de Deus. Mais aterrador ainda, ver um terrorista, com fuzil em punho e mscara sobre o rosto, "falando lnguas" (glossolalia), pouco antes de explodir-se em uma lanchonete cheia de crianas.

Hoje, muitos tm perdido a noo de que nem tudo que espiritual provm de Deus, e que muitas manifestaes espirituais, mesmo que assim paream, no procedem de Deus, vejamos novamente a advertncia que nos faz o apstolo Joo:

"Amados, no creiais a todo o esprito, mas provai se os espritos so de Deus, porque j muitos falsos profetas se tm levantado no mundo." (I Joo 4:1)

Pequeno Histrico

O falar em lnguas exttico no se iniciou com Cristos, na verdade uma prtica muito mais antiga. A primeira referncia histrica que se tem de uma fala religiosa frentica remonta a 1.100 a.C. atravs do relato de Wenamon, onde um jovem adorador do deus Amon, aps ter oferecido sacrifcios ao seu deus, foi possesso por ele e iniciou a falar freneticamente. Esta ao, segundo este relato, durou toda uma noite.

Plato demonstrou conhecer o falar em lnguas exttico ao descrev-lo em vrios de seus dilogos. No Phaedrus ele tratou de famlias que estavam participando de santas oraes, ritos e pronunciamentos inspirados. Os participantes eram indivduos que ao serem possessos perdiam o juzo (perdiam o controle das faculdades mentais, porm no ocorria enlouquecimento). A participao nestes eventos segundo o relato de Plato chegava a produzir a cura fsica de doenas nos adoradores. A essa "loucura" religiosa ele chamou de ddiva divina. Tambm afirmava que a profetiza de Delphos e a sacerdotisa de Dodona, quando fora de si, podiam exercer grande influncia benfica sobre certos indivduos, porm quase nenhuma quando em domnio de suas faculdades mentais. Relatou fatos semelhantes no Ion e no Timaeus. Neste ltimo, relata que quando um homem recebe a palavra inspirada, sua inteligncia dominada ou possessa, e essa pessoa passa a no poder se lembrar do que falou, sendo que estas falas so muitas vezes acompanhadas de vises, as quais a pessoa possessa tambm no pode julgar, necessitando assim de intrpretes ou profetas para exporem as declaraes daquele que tem a fala "inspirada".

J Verglio relata que a sacerdotisa Sibelina adquiriu seu falar exttico em visita a uma caverna onde os ventos encanados produziam sons estranhos que pareciam, s vezes, msica.

J a Pitonisa de Delfos descrita por Crisstomo2, desta forma:

"...diz-se ento que essa mesma Pitonisa, sendo uma fmea, s vezes senta-se escarranchada na trpode de Apolo, e, por conseguinte, o esprito mau, subindo debaixo e entrando na parte baixa do seu corpo, enche de loucura a mulher, e ela, com o cabelo desgrenhado, comea a tocar o bacanal e a espumar pela boca, e assim, estando num frenesi, fala as palavras de sua loucura".

A histria no registra entre Cristos a ocorrncia de um falar em lnguas exttico antes do incio do sculo XX, quando do incio do pentecostalismo. Porm, em alguns grupos pequenos e isolados, os quais se diziam cristos, houve a ocorrncia de um falar em lnguas exttico. Vejamos alguns destes que alegaram ter tido este "dom":

1. Sculo 19

a. Irvingitas: Sua principal caracterstica era a de criar novas revelaes alm das presentes na Bblia Sagrada.

2. Sculo 18

a. Ann Lee e seus discpulos (Shakers): Falavam em lnguas enquanto danavam...nus!!

b. Jansenitas: Falaram em lnguas ao danarem sobre o tmulo de Jansen...tambm nus!!

3. Sculo 17

a. Os Quacres, diziam que a experincia devia julgar a Bblia e no o contrrio, h alguns relatos de que houve glossolalia entre eles.

4. Sculo 2

a. Montanuenses: tambm pregavam a contnua revelao e duas classes de crentes, uma superior e outra inferior; Montano, seu lder, alegava ser o prprio Esprito Santo.

Pelo exemplo da postura doutrinria e moral destes que alegaram atravs dos tempos serem cristos, e terem falado lnguas enquanto em xtase, podemos afirmar seguramente que no se tratava de verdadeiros Cristos, pois desdenhavam da palavra de Deus como Sua mxima revelao.

O falar em lnguas exttico entrou para o Cristianismo, atravs do movimento pentecostal iniciado por Spurling, Tomlinson e Parham, no incio do sculo XX. Charles Parham foi tido como o pai do pentecostalismo moderno, tendo criado o Lar de Curas Betel e o Colgio Bblico Betel, o qual ensinava que a evidncia do batismo com o Esprito Santo seria sem dvida a glossolalia. Deste ponto em diante se desenvolveu o movimento pentecostal, perseguindo o batismo com o Esprito Santo e sua evidncia visvel, a glossolalia. Em 1o de janeiro de 1901, Agnes Ozman, uma das alunas do colgio falou em lnguas aps ter buscado freneticamente pelo batismo com o Esprito Santo. Ela foi a primeira pessoa dita Crist a demonstrar a glossolalia.

O movimento pentecostal, teve um crescimento gradual, mas lento, e somente surgiu como um movimento de grandes propores a partir de meados do sculo XX. E da at aos dias de hoje, os distintivos pentecostais, que antes estiveram restritos aos meios pentecostais, comearam a invadir as igrejas tradicionais, e muitas esto sucumbindo a algumas das prticas pentecostais.

Consideraes

Frente a estes fatos devemos tecer algumas consideraes:

Mesmo tendo claro em nossa mente que muitos crentes sinceros e dedicados tm buscado e apresentado este "dom", precisamos entender que qualquer experincia que contradiga o que nos ensinado pela palavra de Deus deve ser considerada como antema, e devemos nos afastar dela:

"A vs tambm, que noutro tempo reis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras ms, agora contudo vos reconciliou (22) No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensveis, e inculpveis, (23)Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na f, e no vos moverdes da esperana do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que h debaixo do cu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro." (Colossenses 1:21-23)

Bem como devemos estar firmemente fundamentados na Palavra de Deus para atravs dela podermos ensinar a outros as maravilhosas verdades de nosso Deus:

"Retendo firme a fiel palavra, que conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a s doutrina, como para convencer os contradizentes." (Tito 1:9)

Isto posto, prossigamos em analisar este falar em lnguas "moderno":

Segundo as declaraes daqueles que dizem possuir o "dom", este vem acompanhado de ventos, perfumes, tremores, convulses fsicas, sensao de flutuao, choques eltricos, luzes, transpirao (devido ao calor do Esprito Santo), vises, curas, ver e ouvir a Cristo e tocar nele, etc. Algumas ou todas estas coisas podem acontecer concomitantemente glossolalia. Contudo, no h nenhuma referncia no Novo Testamento sobre quaisquer destes eventos como aes concomitantes ao falar em lnguas, o que descarta estas experincias adicionais como sendo bblicas.

Tambm, segundo testemunho dos que tm apresentado o falar em lnguas "moderno", sua vida se transformou depois de terem comeado a demonstrar o "dom". Mesmo sem compreender as palavras que proferem, surge uma luta interior contra os pecados pessoais, um grande interesse pela igreja, pelo dizimar, pelo aconselhar e pelo falar de Cristo, desejo de estudar a palavra de Deus, e uma grande alegria interior, e alguns chegam a experimentar at curas fsicas e mentais.

Claro que os resultados aqui descritos so extremamente desejveis e recomendveis a qualquer crente no Senhor Jesus Cristo, contudo devemos ter claramente diante de nossos olhos que o resultado de uma experincia espiritual no constitui um teste vlido de sua origem divina. Todas as experincias devem ser julgadas pela Palavra de Deus.O fim no justifica nem revela os meios! Ou uma experincia espiritual est completamente de acordo com a palavra de Deus ou deve ser descartada, por melhor ou por mais promissora que possa parecer!

"Mas, ainda que ns mesmos ou um anjo do cu vos anuncie outro evangelho alm do que j vos tenho anunciado, seja antema" (Glatas 1:8)

A experincia da glossolalia contradiz completamente os ensinos da Bblia Sagrada com relao ao propsito, durao e natureza do dom de lnguas, bem como quanto regulamentao do seu uso. Logo, este "moderno falar lnguas"NOpode ser de Deus, pois Deus no contradiz sua palavra:

"Porque em verdade vos digo que, at que o cu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitir da lei, sem que tudo seja cumprido." (Mateus 5:18)

"Jesus Cristo o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente." (Hebreus 13:8)

Se encontrarmos uma manifestao legtima de "falar lnguas", veremos que ela estar plenamente de acordo com o estabelecido pelo Esprito Santo ao redigir a Bblia Sagrada, atravs da inspirao de homens santos, e veremos que a lngua falada ento ser humana e inteligvel, no haver nenhum evento concomitante dissonante do descrito pela Palavra de Deus, e a ao ter o propsito de edificar o corpo de Cristo como um todo e haver algum para interpret-la (traduzi-la), se for o caso.

E se no for assim, ento, a obra no de Deus, restando ento apenas trs outras fontes para esta manifestao de erro: o corao humano, Satans e a fraude, razes estas que veremos em detalhes mais frente.

O "dom" de lnguas hoje uma febre que tem tomado conta de denominaes pentecostais, neopentecostais e dos assim chamados "carismticos", evanglicos ou no. Todos estes acreditam que se no for possvel falar "lnguas estranhas" (ou seja, o falar em xtase, a glossolalia) no possvel que se alcance a felicidade e a plenitude como cristo, pois no teria havido o batismo com o Esprito Santo, estando este crente, portanto, desprovido do Esprito de Deus, lutando com suas prprias foras para vencer o pecado e todo o mal, em uma situao de total desespero e desalento, sem discernir as coisas de Deus, pois estas se discernem espiritualmente, lutando cego, uma luta em que lhe impossvel obter a vitria, pois todo o poder est em Jesus Cristo e chega a ns atravs do Seu Santo Esprito. Que triste a condio deste pobre crente, pois, trata-se de engano, j que todo aquele que foi transformado pelo sangue de Cordeiro de Deus recebe o Esprito Santo como selo para o dia da redeno:

"Em quem tambm vs estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvao; e, tendo nele tambm crido, fostes selados com o Esprito Santo da promessa. (14) O qual o penhor da nossa herana, para redeno da possesso adquirida, para louvor da sua glria." (Efsios 1:13-14)

"E no entristeais o Esprito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redeno." (Efsios 4:30)

"Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, Deus, (22) O qual tambm nos selou e deu o penhor do Esprito em nossos coraes." (I Corntios 1:21-22)

Mas, por este engano, colocado no corao destas pessoas, tem-se estabelecido uma verdadeira corrida ao "dom". Da o enorme desespero e a profunda tristeza que muitos crentes (grande maioria deles, sinceros) enfrenta enquanto no conseguem exibir o to almejado "dom".

Razes para o "dom" nos dias de hoje

Como ficou amplamente demonstrado acima o dom de lnguas bblico se refere ao falar lnguas humanas e inteligveis. E sendo assim, como poderamos explicar que crentes em Cristo, resgatados por Seu sacrifcio vicrio, tenham apresentado um "dom" que est to longe da verdade Bblica? Ou, por outro lado, como explicaramos pessoas completamente estranhas Igreja de Cristo, apresentando o mesmo "dom" que estes crentes?

No primeiro caso, uma das explicaes possveis que isto pode estar sendo causado pela enorme necessidade que o Cristo sente de fazer parte da sua congregao, de estar unido a ela. Esta necessidade pode causar tal presso sobre o subconsciente desta pessoa que ela passa a apresentar o "dom", passando assim a ser completamente aceita pelo grupo com o qual congrega.

Uma outra explicao para este mesmo caso, e uma das mais bvias, que seria uma falsa ocorrncia, uma fraude produzida para enganar. Mas, vamos descartar esta alternativa, enquanto pejorativa, pois, cremos piamente que no h inteno de dolo por parte dos crentes que professam ter este "dom", eles o tm, e o tm de forma sincera. Mas, podemos imaginar que alguns, por tamanha frustrao e infelicidade em seus coraes amargurados por no terem ainda apresentado o "dom", possam chegar a imitar os que apresentam o "dom", de modo a terem a compensao psicolgica que isto lhes venha a dar.

Por outro lado, a glossolalia pode ser (e em muitos casos ) um fenmeno psicologicamente induzido: Pois, ao contrrio do que aconteceu no primeiro sculo, hoje as pessoas so ensinadas a falar em "lnguas estranhas", o que se d atravs de uma forma de induo que leva ao delrio e ao xtase, fazendo ento com que a pessoa fale sem parar. tambm digno de nota que ningum seja capaz de executar este "falar lnguas" sem que antes o tenha ouvido.

H ainda a posio duvidosa de certos humanistas, que atribuem a busca pelo xtase da glossolalia, e de outras prticas concomitantes, represso sexual existente no meio Cristo, que coloca o sexo como sendo prtica vlida somente dentro do casamento. Isto impeliria as pessoas a buscarem dar vazo s suas necessidades atravs de aes substitutas ao xtase sexual. Relatam estes humanistas que por diversas vezes estas pessoas chegam ao clmax atravs do xtase religioso, satisfazendo-se e dispensando assim as prticas que so proibidas pela doutrina Crist.

No segundo caso, como foi citado anteriormente, este "fenmeno" ocorre tambm em meios no evanglicos, como no caso dos catlicos carismticos, de alguns monges orientais e at de esquims. Poderamos crer que o Esprito Santo de Deus tenha dado dons espirituais a incrdulos, idlatras e hereges os quais duvidam que a morte do Senhor Jesus tenha sido suficiente para remir nossos pecados? Ou ainda que crem ser Cristo apenas uma pessoa "iluminada"? Ou que simplesmente nunca ouviram falar de Jesus? Lembremo-nos que os dons so para a edificao do Corpo de Cristo (a Igreja de Jesus) e sendo assim, em que um grupo de idlatras e hereges falando "lnguas estranhas" pode vir a edificar este Corpo?

H tambm a ocorrncia do falar "lnguas estranhas" atravs de inspirao demonaca. No so poucas as ocorrncias em que demnios falam atravs de pessoas possudas:

"Quando, pois, vos disserem: Consultai os que tm espritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura no consultar o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se- aos mortos?" (Isaas 8:19)

"Porventura a minha palavra no como o fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que esmiua a pedra? Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu prximo. Eis que eu sou contra os profetas, diz o SENHOR, que usam de sua prpria linguagem, e dizem: Ele disse." (Jeremias 23-29-31)

E muitos que falam em nome de Deus, e que clamam em nome do Senhor Jesus, no so de Cristo, e destes o fogo eterno se incumbir:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrar no reino dos cus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que est nos cus. (22) Muitos me diro naquele dia: Senhor, Senhor, no profetizamos ns em teu nome? e em teu nome no expulsamos demnios? e em teu nome no fizemos muitas maravilhas? (23) E ento lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vs que praticais a iniqidade." (Mateus 7:21-23)

E h algumas doenas que tambm podem causar o "dom de lnguas estranhas", como o caso de certos tumores cerebrais.

Concluso

No nos deixemos enganar pelo inimigo. Esta febre chamada de "dom de lnguas" tem provocado a diviso de muitas igrejas. Este alegado "dom" que deveria ser uma bno, algo para a edificao do corpo de Cristo, est na verdade enfraquecendo e dividindo as igrejas de nosso Senhor Jesus, e est levando crentes ao vcio das "lnguas estranhas", e ficam de tal forma transtornados, que perdem completamente a razo, a ponto de que caso seja provado -biblicamente- o seu erro, como o foi acima, abandonam prontamente a palavra de Deus em favor de uma experincia de "maior espiritualidade", alegando que a Bblia Sagrada est limitando o poder de Deus, e que esta experincia, este "dom", a verdadeira revelao de Deus aos homens, e qualquer que no a tenha experimentado no pode ser considerado como verdadeiro Cristo. Esquecem-se eles que o corao humano traioeiro e perigoso, e no merece confiana:

"Enganoso o corao, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecer?" (Jeremias 17:9)

Citando Iain H. Murray:"Nossa viso de Deus precisa ser controlada no pelo que vemos no mundo, mas pelo que a Bblia nos autoriza a crer."E como disse Erroll Hulse:"Toda experincia precisa ser subordinada disciplina das Escrituras."Repetindo: todos os dons so dados por Deus para que sejam teis ao corpo de Cristo como um todo. E qual tem sido a utilidade deste dito "dom", alm de provocar a diviso e a discrdia?

"Mas a manifestao do Esprito dada a cada um, para o que for til." (I Corntios 12:7)

Finalmente, tenhamos muito cuidado nestes tempos de apostasia, pois h muitos que tentaro nos enganar:

"Porque surgiro falsos cristos e falsos profetas, e faro to grandes sinais e prodgios que, se possvel fora, enganariam at os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito." (Mateus 24:24-25)

E estejamos firmes, perseverando naquilo que de Cristo recebemos:

"... Se vs permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discpulos; (32) E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertar." (Joo 8:31-32)

"E ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo; at que todos cheguemos unidade da f, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, medida da estatura completa de Cristo, para que no sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresamos em tudo naquele que a cabea, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxlio de todas as juntas, segundo a justa operao de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificao em amor." (Efsios 4:11-16)

Bibliografia consultada

A BBLIA SAGRADA,Verso Revista e Corrigida Fiel ao Texto Original, Sociedade Bblica Trinitariana do Brasil, So Paulo, 1995;

AUTENRIETH, Georg,A Homeric Dictionary, electronic version;

GARDNER, Calvin,As "Lnguas" no Novo Testamento, Wooster Baptist Temple, Wooster, EUA;

GROMACKI, Robert G.,Movimento Moderno de Lnguas, 2a edio, JUERP, Rio de Janeiro, 1980;

HOUAISS, Antonio,Dicionrio Houaiss da lngua portuguesa, verso eletrnica;

LIDDELL, Henry George; SCOTT, Robert,A Greek-English Lexicon, electronic version;

SANTOS, Paulo S.,Dons do Esprito Santo, Igreja Batista Esperana, So Paulo, 2001;

SLATER, William J.,Lexicon to Pindar, electronic version;

STRONG, James LL.D., S.T.D,Strong's Concordance of the Whole Bible, Abingdon, Nasville, EUA, 1981.

O Falar em Lnguas, Hoje - Apndice A (A Lngua dos Anjos)

Autor: Walter Andrade Campelo

"Ainda que eu falasse as lnguas dos homens e dos anjos, e no tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. (2) E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistrios e toda a cincia, e ainda que tivesse toda a f, de maneira tal que transportasse os montes, e no tivesse amor, nada seria." (I Corntios 13:1-2 ACF1)

Introduo

A questo da existncia ou no de uma lngua falada pelos anjos uma questo interessante e que merece uma ateno especial de nossa parte.

H consenso entre os cientistas que uma das formas mais simples de se reconhecer a presena de inteligncia em uma determinada espcie, e qual o seu nvel de desenvolvimento, atravs da existncia ou no de comunicao entre os indivduos desta espcie. Quanto mais complexa for esta comunicao, maior a inteligncia atribuda aos que a executam.

Por exemplo, os golfinhos so reputados como tendo grande inteligncia, e isto pode ser verificado atravs do fato deles se comunicarem entre si atravs de um complexo sistema de sons. Ainda no foi possvel cincia desvendar sua lngua, mas, possvel determinar com preciso que bastante complexa, composta de diversas estruturas construtivas que formam seu padro de comunicao.

A Existncia da Lngua dos Anjos

Verificamos atravs da Palavra de Deus que os anjos so seres de grande inteligncia, capazes de executar tarefas extremamente complexas, capazes de falar aos homens no importando qual a lngua da pessoa com quem esto falando, enfim, seres que so poderosos tambm em seus atributos intelectuais. Assim, usando de raciocnio semelhante ao anteriormente apresentado, entendemos que os anjos tm uma ou mais lnguas prprias, atravs das quais se comuniquem entre si. Tambm atravs deste mesmo raciocnio, podemos ter certeza de que extremamente rica e complexa.

No queremos entrar no mrito de serem estas lnguas mais complexas que as lnguas humanas, mas, podemos ter absoluta convico de que elas tm pelo menos o mesmo nvel de complexidade da mais simples lngua humana existente, pois, menos que isto, impediria a comunicao dos anjos com os homens, alm do que, denotaria uma falta de desenvolvimento intelectual por parte dos anjos, o que sabemos pela Palavra de Deus no ser verdade.

O que o apstolo Paulo estava dizendo

O apstolo Paulo, em seu texto em I Corntios 13, est exortando aquela Igreja, que em uma demonstrao de falta de Cristianismo, estava falando em vrios idiomas desconhecidos por aquelas pessoas, afrontando com isto os que eram indoutos e aqueles que procuravam a Igreja a fim de conhecer a mensagem do Evangelho.

Algumas coisas ficam claras por parte do texto:

1. O apstolo Paulo no falava lnguas de anjos. Isto fica indicado pelo condicional da frase: "Ainda que eu falasse."

2. Mesmo na possibilidade (que no havia) de algum falar as lnguas faladas pelos anjos ao se comunicam uns com os outros, ainda assim, sem amor, no teria qualquer valor.

3. Segue o apstolo dizendo que se tivesse f suficiente para transportar os montes, sem amor, nada seria.

Seria algo to glorioso falar-se em todas as lnguas dos homens e dos anjos quanto seria transportar os montes atravs da f. So eventos colocados pelo apstolo lado-a-lado como sendo equivalentes.

a glossolalia a Lngua dos Anjos?

Alguns tm afirmado que a atual glossolalia a lngua dos anjos. A glossolalia um falar em xtase, composto de 10 ou 20 vocbulos combinados de 20 ou 30 formas distintas. Na verdade a glossolalia no passa de uma srie de slabas desconexas, colocadas ao acaso, sem a formao de estruturas lingsticas definidas. E isto a desqualifica primeiramente como uma lngua, j que no tem nenhuma das estruturas necessrias para ser assim considerada, e deste modo, isto tambm a desqualifica como sendo uma das lnguas dos anjos.

Devemos estar cientes de que os lingistas so capazes de observar em uma comunicao falada estruturas como substantivos, expresses adverbiais, pronomes, adjetivos, conjunes, preposies, etc. Assim, se as pessoas que alegam falar a lngua dos anjos estivessem de fato falando uma lngua poderamos reconhec-la como sendo uma lngua verdadeira e real, ainda que celestial, o que definitivamente no acontece.