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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS WALTER POMARICO NETO DESENVOLVIMENTO DE PADRÃO SECUNDÁRIO DE DENSIDADE DE COQUE PARA FÁBRICA DE ÂNODO Poços de Caldas / MG 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

WALTER POMARICO NETO

DESENVOLVIMENTO DE PADRÃO SECUNDÁRIO DE DENSIDADE DE COQUE

PARA FÁBRICA DE ÂNODO

Poços de Caldas / MG

2014

2

WALTER POMARICO NETO

DESENVOLVIMENTO DE PADRÃO SECUNDÁRIO DE DENSIDADE DE COQUE

PARA FÁBRICA DE ÂNODO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

parte dos requisitos para obtenção do título em

Bacharel em Engenharia Química pela

Universidade Federal de Alfenas. Área de

concentração: Qualidade. Orientadora: Prof. Msc.

Liliane Dolores Fagundes.

Poços de Caldas / MG

2014

3

4

5

Dedico ao homem que me ensinou a andar e a viver, ao

meu pai, engenheiro e advogado, Paschoal Pomarico

Neto.

6

AGRADECIMENTOS

A Deus e minha família.

Aos meus gestores durante meu estágio Beatriz Vry, Elias de Castro e Wanderley Albano.

À Universidade Federal de Alfenas.

À orientadora Liliane Dolores Fagundes.

À professora Giselle Sancinetti.

7

A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará a seu tamanho original.

(ALBERT EINSTEIN, 1955)

8

RESUMO

A produção de alumínio ocorre pela redução da alumina em cubas eletrolíticas que possuem

ânodos responsáveis por fornecerem carbono para que ocorra a reação. Os ânodos são

compostos por coque e piche. O coque é de grande importância para que a densidade do

ânodo seja adequada para o processo, para isso é medida a densidade do coque, também

conhecida como vibrated bulked density (VBD). Para que não haja problemas e divergência

nas análises de densidade do fornecedor e cliente de coque, necessita-se da criação de um

padrão, ou seja, de uma amostra confiável que consiga calibrar os equipamentos envolvidos

na análise de VBD, para que cliente e fornecedor estejam alinhados, e seus resultados de

análise possam ser comparados. Neste trabalho é desenvolvido um padrão secundário de

coque utilizando o método da análise de variância (ANOVA), para dados hierárquicos, além

do uso de outras ferramentas estatísticas e de qualidade como análise de normalidade, carta de

controle e análise de resíduos. O desenvolvimento de padrões e o uso das ferramentas de

qualidade são de grande importância e relevância na atuação do Engenheiro Químico no

mercado.

Palavras-chave: Coque. Padrão secundário. Análise de Variância.

9

ABSTRACT

The production of aluminum occurs by the reduction of alumina in electrolytic cells having

anodes responsible for providing carbon for the reaction to occur. The anodes are made of

coke and tar. Coke has a great importance to the density of the anode, making it suitable for

the process, and so is measured the density of coke, also known as vibrated bulked density

(VBD). To avoid problems and analysis of divergence and density of coke’s suppliers and

customers, there is a need in creating a standard, a reliable sample that can calibrate the

equipment involved in the analysis of VBD, so we can line up customer and supplier, and the

results of their analysis can be compared. This work is to develop a secondary standard coke

using the method of ANOVA, for hierarchical data, and the use of other statistics quality tools

such as normality analysis, control chart and residue analysis. The development of standards

and the use of quality tools are of great importance and relevance in the performance of the

Chemical Engineering in the market.

Keywords: Coke. Secondary standard. Variance analysis.

10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11

2. OBJETIVO ........................................................................................................................ 12

2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 12

2.2. Objetivos Específicos ................................................................................................ 12

3. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 13

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 13

4.1. Padronização .............................................................................................................. 13

4.2. Análise de normalidade ............................................................................................. 14

4.3. Carta de Controle ....................................................................................................... 15

4.4. Teste de Hipótese ....................................................................................................... 16

4.5. Análise de resíduos .................................................................................................... 24

5. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 25

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 29

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 35

8. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 36

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 37

10. APÊNDICES ................................................................................................................. 39

11. ANEXOS ....................................................................................................................... 43

11

1. INTRODUÇÃO

O processo de redução de alumínio ocorre de acordo com a equação 1. Esse processo

se dá em uma cuba eletrolítica, como mostrada na figura 1-A, onde a parte que fornece

carbono para que ocorra a reação é o ânodo, composto basicamente por coque (figura 1-B) e

piche (FISCHER, 1995).

2𝐴𝑙2𝑂3 + 3𝐶 → 4𝐴𝑙 + 3𝐶𝑂2 Equação 01

Figura 1. Processo de Redução de Alumínio

A) Esquema de uma cuba eletrolítica.

B) Coque calcinado de petróleo.

Fonte: A) ABAL (2014)

B) Grupo Unimetal (2014)

As fábricas de ânodo são acopladas às plantas de produção de alumínio, como

exemplo na Alcoa em Poços de Caldas e a CBA na cidade Alumínio. Na China há algumas

empresas que produzem apenas ânodos, também conhecidos como briquete, para exportação.

O coque é produzido a partir do petróleo e utilizado como agregado seco para

produção de ânodo, onde o mesmo deve apresentar boa densidade para que a eficiência

energética seja a melhor possível e também para que o ânodo seja resistente. Uma forma de

analisar previamente essa densidade é o método de VBD (vibrated bulked density), onde é

medida a densidade do coque. A porosidade é uma das mais importantes propriedades para

determinar a qualidade do coque. A vantagem do método de VBD está, em ser uma opção

12

rápida e fácil para determinação desta porosidade (PANCHAL; WYBORNEY; ROLLE,

2011).

Tanto o fornecedor quanto o cliente de coque calcinado devem medir a densidade

frequentemente para análise do processo. Para que ambos estejam alinhados, o método de

análise de densidade deve ser o mesmo e os equipamentos utilizados nas medições devem

estar devidamente calibrados, para isso necessita-se de um padrão a ser utilizado. A proposta

desse trabalho é a criação desse padrão. O método de medição em si não será aqui

demonstrado, pois o mesmo é especifico e confidencial de certa indústria de alumínio.

Para criação de um padrão, ou seja, de amostras de coque devidamente tratadas,

utilizam-se de técnicas de amostragem e para análise de dados a ferramenta estatística análise

de variância (ANOVA) com modelo hierárquico.

2. OBJETIVO

2.1. Objetivo Geral

Desenvolvimento de padrão de secundário de densidade de coque calcinado para a

fabricação de pasta anódica, utilizando ferramenta estatística ANOVA.

2.2. Objetivos Específicos

Revisão bibliográfica;

Planejamento de experimento;

Monitoramento da amostragem de coque;

Peneiramento, homogeneização e quarteamento do coque;

Monitoramento das análises de densidade;

Análise dos dados obtidos;

Conclusão do trabalho;

Entrega das amostras padrões para o fornecedor de coque.

13

3. JUSTIFICATIVA

A padronização de variáveis de controle tem como objetivo promover uma melhor

comunicação entre partes envolvidas em um processo de negócios (Perin, 2014). Ou seja,

pode ser considerada como uma forte alternativa para o fortalecimento da relação entre cliente

e fornecedor.

Para fábricas de ânodo, o coque calcinado de petróleo é uma das principais matérias

primas. Dentre as propriedades medidas, a densidade do material se destaca por impactar

muito na densidade final do ânodo e uma melhor eficiência energética na cuba eletrolítica. A

porosidade é uma das mais importantes propriedades para determinar a qualidade do coque. A

vantagem do método de VBD está em ser uma opção rápida e fácil para determinação desta

porosidade (PANCHAL; WYBORNEY; ROLLE, 2011).

No atual cenário, o gap, ou seja, a diferença entre os resultados de densidade obtidos

pelo cliente e fornecedor de coque é bem grande. Essa diferença pode acarretar em problemas

operacionais na fabricação do ânodo e consequentemente na fabricação de alumíno.

Assim, torna-se necessário que tanto o fornecedor de coque quanto o cliente possuam

a mesma metodologia e equipamentos para medição de densidade. E para que os

equipamentos sejam calibrados da mesma forma, há a necessidade de um padrão, ou seja, uma

amostra de coque devidamente tratada. Para isso, utiliza-se metodologia de amostragem e a

ferramenta ANOVA com níveis hierárquicos, que é utilizada em muitos casos de engenharia

para otimização e melhoria de processos.

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Padronização

Em química analítica, de acordo com Mendham (2008, p. 462), o padrão primário é

uma substância pura para que se possa preparar uma solução padrão por pesagem direta e

14

diluição. Já o padrão secundário é um composto cujo teor foi determinado por comparação

diante do padrão primário.

O monitoramento de um processo dá-se por intermédio de um sistema de medição,

onde o ideal seria que o mesmo reproduzisse apenas resultados corretos, contudo essas

medições são suscetíveis a erros (Costa et. al., 2008).

Os erros podem ser aleatórios e sistemáticos. O erro aleatório de cada medição é a

diferença entre o valor mensurado e a média dos valores, já o sistemático é a diferença entre o

valor médio das medições e o valor verdadeiro do mensurado. O erro sistemático de um

equipamento pode ser conhecido e tratado por meio do procedimento de calibração, utilizando

padrões de referência, que possuem valores corretos convencionais (Costa et. al., 2008).

A figura 2 mostra a cadeia de rastreabilidade metrológica, onde o padrão que será

desenvolvido neste trabalho se enquadra a um nível nacional, padrão secundário, pois ele será

utilizado pelo fornecedor e cliente da matéria prima de coque de petróleo.

Figura 2. Cadeia de rastreabilidade metrológica

Fonte: COSTA et al (2008, p. 143)

4.2. Análise de normalidade

De acordo com Cirillo e Ferreira (2003) inferência estatística consiste em fazer

generalizações sobre população com base em dados amostrais, para isso presume-se que esses

dados são de uma população normal. O modelo populacional de uma distribuição normal

15

apresenta-se coerente a muitos fenômenos aleatórios, a facilidade de obtenção de estimadores

por intervalo e de testes exatos é grande quando se assume esse modelo.

Para se averiguar a normalidade dos dados existem vários testes, os mais utilizados

são: Shapiro-Wilk, Lilliefors, Kolmogorov-Smirnov, teste de aderência qui-quadrado. Para

escolha de qual teste utilizar deve-se levar em consideração a eficiência do teste, controle da

taxa do erro do tipo I e suposições que cada teste apresenta. A figura 3 mostra um exemplo de

um gráfico referente a uma população normal utilizando o método de Kolmogorov-Smirnov

(CIRLLO; FERREIRA, 2003).

3210-1-2-3

99,9

99

95

90

80

7060504030

20

10

5

1

0,1

Dados normais

Pe

rce

nt

Mean -0,001889

StDev 0,8820

N 100

KS 0,048

P-Value >0,150

Probability Plot of Dados normaisNormal

Figura 3. Gráfico proveniente do teste de normalidade utilizando o método de Kolmogorov-Smirnov

Como mostrado na figura 3, os dados em exemplo são normais pois a distribuição dos

pontos estão dispostos em cima da linha e valor de P-Value é superior a 5%.

4.3. Carta de Controle

De acordo com Carvalho et al. (2012), carta ou gráfico de controle é utilizado na

detecção de alterações inusitadas e anomalias em uma variável do processo. É uma ferramenta

que indica para presença de causas especiais na linha de produção.

O gráfico consiste em 3 linhas, limite de controle superior, limite de controle inferior e

uma linha intermediária que representa a média da variável, tradicionalmente, as linhas de

controle ficam em uma distância de três desvios-padrão da média.

16

Há alguns padrões de pontos que demonstram a existência de causas especiais no

processo, como exemplo: oito pontos em seguida, todos acima ou abaixo da linha central,

qualquer comportamento dos pontos que seja tendencioso pode ser considerado como causa

especial no processo, o comportamento dos pontos deve ser aleatório dentro do intervalo

permitido na carta de controle (CARVALHO, 2012).

A variabilidade do processo também pode ser expressa por meio de carta de controle,

pelo gráfico das amplitudes (R), onde a média das amplitudes é a linha central, e os limites

superior e inferior são calculados pela multiplicação da média por fatores tabelados.

4.4. Teste de Hipótese

Diversos problemas em engenharia necessitam de uma análise profunda e estratificada

das anomalias. Para isso utilizam-se testes de hipóteses, que são ferramentas valiosas para

auxílio nas tomadas de decisão.

Análise de variância, mais conhecida como ANOVA, foi desenvolvida por Sir Ronald

Fischer em meados de 1930, inicialmente para interpretar experimentos na área agrícola

(MEMÓRIA, 2004). É uma ferramenta utilizada para identificar e quantificar diferenças na

variável resposta de um experimento, quando tem-se mais que duas populações

(MONTOMERY; RUNGER, 2009).

ANOVA é um método que decompõe a variabilidade total de um conjunto

de observações, medida como a soma dos quadrados das diferenças dessas

observações em relação a sua média, em uma soma dos quadrados dos

componentes que estão associados com fontes específicas definidas de

variação (MONTOMERY; RUNGER, 2009, p.480)

Segundo Montgomery (2001, p.557) “para um certo experimento de diferentes níveis

de fatores A e B um arranjo é considerado hierárquico quando níveis do fator B são subníveis

de um fator A”. Ou seja, cada fator é dividido em subgrupos, em que estes são escolhidos

aleatoriamente a partir de um conjunto maior. Esse tipo de ANOVA é utilizado quando as

restrições do processo impedem de cruzar todos os níveis de um fator com os níveis de outro

fator (Portal Action, 2014).

17

4.4.1. Considerações básicas

Antes de iniciar a etapa do modelo da ANOVA e das equações envolvidas, necessita-

se de alguns conceitos básicos, de acordo com Montgomery (2001) e Montgomery e Runger

(2009):

a) Variável resposta

Resultado numérico de um ensaio ou experimento com base em um determinado

tratamento, conhecido também como variável dependente.

b) Fator de controle

Característica da condição experimental, que pode variar de uma observação para

outra, pode ser classificado em qualitativo, que é tudo aquilo que não é quantificado e em

quantitativo que assumem valores quantificáveis e podem ser divididos em discretos, que são

valores bem definidos e em valores contínuos que assumem valor em um dado intervalo.

c) Nível de um fator

Níveis de um fator são os valores ou intensidades de um fator.

d) Tratamento

Tratamento é uma combinação dos níveis dos fatores envolvidos no experimento, é

uma condição do experimento.

e) Efeito de um fator

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O efeito de um fator é uma mudança da variável resposta proveniente de mudanças

ocorridas no nível do referido fator.

f) Experimento aleatorizado

A aleatorização do experimento é de extrema importância, pois é ela que valida à

conclusão de um trabalho. Com as análises realizadas de forma aleatória elimina-se a

parcialidade do experimento e é fornecida uma base probabilística para obtenção dos dados.

g) Repetição

Repetição é o número de vezes que um determinado tratamento é aplicado, ou uma

determinada análise é repetida. Tem a finalidade de aumentar a confiabilidade dos resultados,

e é por meio da repetição que se obtém a estimativa do erro experimental.

h) Controle Local

Controle local é uma técnica de controle experimental que tem como objetivo tornar o

experimento mais homogêneo e eficiente, reduzindo o erro experimental. Para isso é feito um

agrupamento das unidades do experimento em grupos segundo um ou mais critérios.

i) Hipótese nula (H0)

Hipótese nula é uma afirmação sobre o parâmetro de uma ou mais populações. Todo

experimento deve apresentar uma hipótese nula, mais imparcial possível, definida na etapa de

planejamento do experimento. Todas as conclusões de um trabalho tem como referência a

hipótese nula, onde se pode rejeitar ou não a hipótese em questão.

19

j) Hipótese alternativa (H1)

Hipótese alternativa é aquela que se opõe a hipótese nula, pode ser elaborada de três

maneiras diferentes: H1: A1≠A2, H1: A1<A2 e H1: A1>A2.

k) Erro do tipo I

Os procedimentos de decisão, por ter como base apenas uma parte da população, ou

seja, a amostra, podem conduzir a uma de duas conclusões erradas. Uma delas é o erro do tipo

I, proveniente da rejeição da hipótese nula (H0) quando ela é verdadeira.

A probabilidade de se cometer o erro do tipo I é representada pela letra grega alpha

(α). O α, conhecido também como nível de significância do teste, é definido antes do início do

experimento, ou seja, na fase de planejamento.

l) Erro do tipo II

O erro do tipo II é referente à aceitação de H0, quando ela é falsa. A probabilidade de

se cometer um erro desse tipo é representada pela letra grega beta (β).

m) Nível de confiança

É a confiança dada ao experimento, representada por (1-α), significa a probabilidade

de não cometer o erro do tipo I. Normalmente, a um nível industrial, considera-se um nível de

confiança de 95%, ou seja, um nível de significância de 5%.

n) Grau de Liberdade (GL)

20

Grau de liberdade é o número de comparações independentes que podem ser feitas

entre os elementos de uma amostra. Considerando n desvios, ou seja, valores da diferença das

observações com a média, sempre somam zero, assim ao especificar os valores de quaisquer

n-1 dessas grandezas determina automaticamente aquele restante.

Para um dado fator com a níveis e um total de a.n observações, o grau de liberdade

associado é de (a-1) e para os erros experimentais temos a.(n-1) graus de liberdade.

o) Valor - P

De acordo com Montgomery e Runger (2009) o valor de P é a probabilidade de se

obter um valor da estatística de teste que seja no mínimo tão extremo quanto aquele

observado quando a hipótese nula é verdadeira. Ou seja, valor da probabilidade de se obter o

efeito observado, dado que a hipótese nula é verdadeira.

Caso o valor – P ou p-value seja menor que o nível de significância estipulado rejeita-

se a hipótese nula, no entanto se o valor de P for maior que o nível de significância se aceita a

hipótese nula. O valor de P nos fornece uma ideia de quanto os dados contradizem a hipótese

nula, quanto menor for valor de P mais distante estamos da hipótese nula.

4.4.2. Modelos da ANOVA

Dado um experimento, com apenas um fator e vários níveis, ou seja, vários

tratamentos, e considerando que haja um número n igual de observações em cada tratamento.

Pode-se descrever essas observações no seguinte modelo linear estatístico:

𝑌𝑖𝑗 = 𝜇 + 𝐴𝑖 + 𝜖𝑖𝑗 Equação 02

Onde 𝑌𝑖𝑗 é a variável resposta denotando a ij-ésima observação, 𝜇 é a média global dos

dados, 𝐴𝑖 é o fator associado ao i-ésimo tratamento e 𝜖𝑖𝑗 é o componente referente ao erro

aleatório.

Um experimento pode apresentar diversos fatores, como mostrado na equação 03 o

modelo referente a um com 2 fatores, A e B. Esses fatores podem ser classificados em fixos e

21

aleatórios, quando se deseja testar hipóteses acerca das médias dos tratamentos não podendo

ser as conclusões estendidas a tratamentos similares tem-se um modelo com efeito fixo. Caso

contrário, é feita uma inferência dos resultados da amostra para a população temos uma

modelo com efeito aleatório.

𝑌𝑖𝑗 = 𝜇 + 𝐴𝑖 + 𝐵𝑗 + 𝐴𝐵𝑖𝑗 + 𝜖𝑖𝑗 Equação 03

Os tratamentos Ai são geralmente definidos como desvio da média global µ, de modo

que:

∑ 𝐴𝑖 = 0𝑎𝑖=1 Equação 04

Seja

𝑌𝑖. = ∑ 𝑌𝑖𝑗𝑛𝑗=1 e 𝑌𝑖.̅ =

𝑌𝑖.𝑛⁄ Equação 05

𝑌.. = ∑ ∑ 𝑌𝑖𝑗𝑛𝑗=1

𝑎𝑖=1 e 𝑌..̅ =

𝑌..𝑁⁄ Equação 06

Onde 𝑌𝑖.̅ É a média de todas as observações sujeitas ao i-ésimo tratamento, 𝑌.. é o total

global de todas observações e 𝑌..̅ é a média global de todas observações. Considerando as

seguintes hipóteses H0: Ai=0 e H1: Ai≠0. Caso H0 for verdadeira, cada observação consistirá

na média global µ mais o erro aleatório.

A ANOVA é baseada na comparação de duas estimativas independentes da variância

da população, a variabilidade dos dados é descrita pela soma total de quadrados (SQT).

𝑆𝑄𝑇 = ∑ ∑ (𝑌𝑖𝑗 − �̅�..)2𝑛

𝑗=1𝑎𝑖=1 Equação 07

A equação 07 pode ser descrita como a soma da soma dos quadrados referentes aos

tratamentos com a soma dos quadrados referente aos erros, como descritos nas equações 08 e

09.

𝑆𝑄𝑇 = 𝑆𝑄𝑇𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 + 𝑆𝑄𝐸 Equação 08

22

∑ ∑ (𝑌𝑖𝑗 − �̅�..)2𝑛

𝑗=1𝑎𝑖=1 = ∑ (𝑌𝑖. − �̅�..)

2𝑎𝑖=1 + ∑ ∑ (𝑌𝑖𝑗 − �̅�𝑖.)

2𝑛𝑗=1

𝑎𝑖=1 Equação 09

Pode-se também estimar a variância através da média quadrática dos tratamentos, que

equivalem à divisão da soma dos quadrados pelo grau de liberdade, tanto para os tratamentos

quanto para o erro. Como mostrados nas equações 10 e 11.

𝑀𝑄𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 =𝑆𝑄𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠

(𝑎−1) Equação 10

𝑀𝑄𝑒𝑟𝑟𝑜 =𝑆𝑄𝑒𝑟𝑟𝑜

𝑎(𝑛−1) Equação 11

Assim, sabendo que MQerro é um estimador não tendencioso da variância. Caso a

hipótese nula seja verdadeira a razão representada pela equação 12 terá uma distribuição F

com a-1 e a(n-1) graus de liberdade.

𝐹0 =𝑀𝑄𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠

𝑀𝑄𝑒𝑟𝑟𝑜=

𝑆𝑄𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠(𝑎−1)

𝑆𝑄𝑒𝑟𝑟𝑜𝑎(𝑛−1)

Equação 12

Caso a hipótese nula seja falsa, o valor de 𝑀𝑄𝑡𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 será maior que a variância,

assim o valor do numerador da equação 12 será maior que seu denominador, isso implica em

uma região crítica unilateral superior. Deste modo rejeita-se H0 se:

𝐹0 > 𝐹𝛼,𝑎−1,𝑎(𝑛−1) Equação 13

Onde 𝐹𝛼,𝑎−1,𝑎(𝑛−1) é o valor tabelado de acordo com o nível de significância adotado e

os graus de liberdade, de acordo com anexo A. A figura 4 mostra a representação gráfica do

método utilizado na ANOVA, curva do teste F, onde a região em destaque é a área de rejeição

da hipótese nula (H0).

23

Figura 4. Representação gráfica do teste de F utilizado na ANOVA. Fonte: Portal Action (2014)

Uma particularidade da ANOVA é quando o conjunto de dados em questão apresenta

restrições que impede de cruzar todos os níveis de um fator com os níveis de outro fator, ou

seja, os dados estão dispostos em uma forma hierarquizada, onde cada fator é dividido em

subgrupos, de acordo com o fluxograma, na figura 5, descrito por Montgomery (2001).

Figura 5. Experimento hierárquico de estágio 3.

Fonte: Montgomery (2001, p.684).

O modelo estatístico que descreve um conjunto de dados com 3 fatores é o seguinte:

𝑌𝑖𝑗𝑘𝑙 = 𝜇 + 𝐴𝑖 + 𝐵𝑗 + 𝐶𝑘 + 𝐴𝐵𝑖𝑗 + 𝐴𝐶𝑖𝑘 + 𝐵𝐶𝑗𝑘 + 𝐴𝐵𝐶𝑖𝑗𝑘 + 𝜖𝑖𝑗𝑘𝑙 Equação 14

Contudo, como não se pode cruzar todos os níveis de um fator com todos os níveis de

outro fator, o modelo estatístico se resume a:

𝑌𝑖𝑗𝑘𝑙 = 𝜇 + 𝐴𝑖 + 𝐵𝑗(𝑖) + 𝐶𝑘(𝑖𝑗) + 𝜖(𝑖𝑗𝑘)𝑙 Equação 15

Observa-se que nesse modelo os índices dos fatores B e C estão submetidos aos

índices que estão dentro dos parênteses. Essa nomenclatura é utilizada para representar

modelos com dados hierarquizados.

24

Com base nos mesmos fundamentos já apresentados, de acordo com Montgomery

(2001), seguem na tabela 1 as equações referentes ao modelo de ANOVA com dados

hierarquizados:

Tabela 1. Equações referentes aos modelos ANOVA com dados hierarquizados, de acordo com

Montgomery (2001) Fonte de Variação

(FV) Soma de Quadrados (SQ)

Graus de

Liberdade (GL)

Média Quadrática

(MQ)

A 𝑆𝑄𝐴 = 𝑏𝑐𝑛 ∑(�̅�𝑖… − �̅�.…)2

𝑎

𝑖

𝑎 − 1

𝑆𝑄𝐴

𝐺𝐿𝐴

B(A)

𝑆𝑄𝐵 = 𝑐𝑛 ∑ ∑(�̅�𝑖𝑗.. − �̅�.…)2

𝑏

𝑗

𝑎

𝑖

𝑎(𝑏 − 1)

𝑆𝑄𝐵

𝐺𝐿𝐵

C(B) 𝑆𝑄𝐶 = 𝑛 ∑ ∑ ∑(�̅�𝑖𝑗𝑘. − �̅�.…)2

𝑐

𝑘

𝑏

𝑗

𝑎

𝑖

𝑎𝑏(𝑐 − 1)

𝑆𝑄𝐶

𝐺𝐿𝐶

Erro 𝑆𝑄𝐸 = 𝑛 ∑ ∑ ∑ ∑(�̅�𝑖𝑗𝑘𝑙 − �̅�𝑖𝑗𝑘.)

2

𝑛

𝑙

𝑐

𝑘

𝑏

𝑗

𝑎

𝑖

𝑎𝑏𝑐(𝑛 − 1)

𝑆𝑄𝐸

𝐺𝐿𝐸

Total 𝑆𝑄𝑇 = 𝑛 ∑ ∑ ∑ ∑(�̅�𝑖𝑗𝑘𝑙 − �̅�….)

2

𝑛

𝑙

𝑐

𝑘

𝑏

𝑗

𝑎

𝑖

𝑎𝑏𝑐𝑛 − 1

𝑆𝑄𝑇

𝐺𝐿𝑇

Fonte: Montgomery (2001, p. 684).

O valor de F é obtido de acordo com a equação 12, e caso o mesmo tenha valor

superior ao F tabelado à hipótese nula é rejeitada a um nível de confiança α.

4.5. Análise de resíduos

Em qualquer experimento é importante avaliar os resíduos a fim de se verificar

possíveis violações das suposições feitas, ou seja, os resíduos do modelo desenvolvem

importante papel no julgamento do modelo. A figura 6 mostra os quatro padrões de

comportamento dos resíduos.

De acordo com Montgomery (2001), para validação do teste estatístico os resíduos

devem fazer parte de uma distribuição normal, independentes, média zero e variância

constante.

25

Figura 6. Padrões de comportamento para gráfico dos resíduos.

Fonte: Montgomery e Runger (2009, 490p).

O primeiro gráfico (a) representa o comportamento ideal, já os demais representam

anomalias. No gráfico (b) as variâncias das observações podem estar crescendo com o tempo,

se o comportamento dos resíduos for parecido com (c) há uma desigualdade de variância.

Caso os gráficos residuais pareçam com (d) o modelo não é o adequado.

Para se calcular o erro referente a um dado sistema de medição, como exemplo da

densidade de VBD, utiliza-se a equação 16, de acordo com Vuolo (1996):

𝜎𝑇 = √(𝜕𝑉𝐵𝐷

𝜕𝑚)2. 𝜎𝑚 + (

𝜕𝑉𝐵𝐷

𝜕𝑉)2. 𝜎𝑉 Equação 16

Onde σT é o erro total da medição de VBD, σm é o erro da medição da massa (desvio

padrão) e σV é o erro das medições de volume (desvio padrão). Resolvendo a equação 16,

chegamos a seguinte expressão:

𝜎𝑇 = √𝜎𝑚2

𝑉2 +𝑚2.𝜎𝑉

2

𝑉4 Equação 17

5. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido de acordo com o cronograma presente no Apêndice A,

dividido em revisão bibliográfica, planejamento de experimento, desenvolvimento do modelo

teórico, realização do experimento e análise de dados.

A etapa experimental do presente trabalho baseia-se na amostragem, preparação das

amostras e análises de densidade do material. Para realização dessas etapas foram seguidos

26

procedimentos padrões, que são documentos confidenciais da indústria de alumínio localizada

na região de Poços de Caldas. A figura 7 mostra o fluxograma da etapa experimental.

Figura 7. Fluxograma da etapa experimental

A primeira etapa, coleta de material, é realizada de acordo com procedimento interno

de amostragem de coque, onde o mesmo é coletado em local específico em um duto

localizado na saída do tanque de estocagem. A segunda etapa consiste na exposição do coque

em fornos a uma dada temperatura para remoção da umidade.

Na terceira etapa o coque é peneirado no conjunto de peneiras de marca Produtest e o

material passante da malha de 28 mesh e retido na malha de 48 mesh é segregado em um

recipiente para formação da amostra composta. Após a composição possuir cerca de 900g, o

coque é peneirado novamente com intuito de minimizar a heterogeneidade da amostra e

garantir sua correta classificação granulométrica.

Depois de realizada a composição realizou-se a homogeneização do material, realizada

em uma recipiente de plástico, mostrado na figura 8-A, da seguinte maneira:

Segurar o recipiente pelas extremidades. Realizar movimentos circulares alternados

com os braços, e ao mesmo tempo girar o recipiente. Realizar o movimento durante 30

segundos para frente e 30 segundos para trás em um período de 4 minutos.

Na etapa sete realizou-se a redução da amostra pelo método da quarta parte, utilizando

um equipamento similar ao da figura 8-B.

27

Figura 8. A – Recipiente utilizado pata homogeneização. B – Misturador estático.

Fonte: Mendham (2008, p. 462)

A amostra composta foi quarteada a fim de obter oito amostras finais com massa de

aproximadamente 100g cada uma, como mostrado no fluxograma da figura 9.

Figura 9. Fluxograma referente aos quarteamentos das amostras (Montgomery, 2001, adaptado pelo

autor).

A oitava etapa consiste nas análises de densidade do coque, realizada de acordo com

procedimento interno, onde é medido 100g da massa de cada amostra, colocada em uma

proveta graduada com oito medidas de volume, localizada em cima de uma mesa vibratória

em uma determinada frequência e tempo, como mostra a figura 9. A densidade foi calculada

de acordo com a equação 18.

VBD (g

cm3) =m (100g)

V (cm3) Equação 18

Onde: m é a massa de coque inserida na proveta e V é a média do volume das 8 medidas de

volume da proveta após vibração da mesa.

A B

28

Figura 10. Foto da realização de uma análise de VBD.

As análises foram realizadas por apenas um operador, para minimizar fontes de

variação nas análises de densidade. A balança utilizada para as análises é de marca Marte e

modelo UX4200H, a proveta utilizada é de marca Merse de 250ml cm 8 escalas.

O modelo estatístico para este experimento está representado na equação 19 como já

mostrado anteriormente. Onde 𝑌𝑖𝑗𝑘𝑙 é a variável resposta, ou seja, VBD (g/cm3), 𝜇 é o valor

médio dos resultados de VBD, 𝐴𝑖 representa o primeiro quarteamento da amostra, 𝐵𝑗(𝑖)

representa o segundo quarteamento da amostra, 𝐶𝑘(𝑖𝑗) representa o terceiro quarteamento da

amostra e 𝜖(𝑖𝑗𝑘)𝑙 é o termo referente ao resíduo.

𝑌𝑖𝑗𝑘𝑙 = 𝜇 + 𝐴𝑖 + 𝐵𝑗(𝑖) + 𝐶𝑘(𝑖𝑗) + 𝜖(𝑖𝑗𝑘)𝑙 Equação 19

Nesse experimento cada amostra de VBD é analisada de forma aleatória e em triplicata

[repetições (I) = 3], a um nível de significância (α) de 5%. As hipóteses a serem verificadas

são descritas abaixo:

H0: 𝜇𝐴 = 0 Equação 20

H0: 𝜇𝐵 = 0 Equação 21

H0: 𝜇𝐶 = 0 Equação 22

29

Ou seja, a ANOVA testa se há diferenças significativas entre os valores de VBD das 8

amostras obtidas, levando em consideração os 3 quarteamentos realizados nas amostras, assim

as hipóteses nulas são variâncias de cada fator em questão iguais a zero.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Depois de serem realizadas as análises de densidade como descrito na metodologia

obteve-se os resultados das oito amostras de coque dispostos na tabela 2.

Tabela 2. Resultados das análises de densidade (VBD) realizadas aleatoriamente.

Amostra VBD 1 [g /cm3] VBD 2 [g /cm3] VBD 3 [g /cm3]

C1 0,930 0,932 0,933

C2 0,933 0,931 0,932

C'1 0,932 0,932 0,932

C'2 0,930 0,931 0,932

C''1 0,933 0,930 0,933

C''2 0,932 0,934 0,933

C'''1 0,933 0,932 0,932

C'''2 0,932 0,930 0,930

Primeiramente foi verificado se os valores de densidade se comportam de acordo com

uma distribuição normal, para que assim seja possível realizar os demais testes e fazer

inferências estatísticas.

Com o auxílio do software Minitab, um dos mais usados no meio industrial, foi feito

um histograma, como descrito na figura 11, para averiguar a disposição dos dados.

30

Figura 11. Histograma dos resultados de VBD.

Realizou-se o teste de normalidade como mostrado na figura 12. Observa-se que o

valor de P obtido foi superior a 0,10, ou seja, excedendo o valor do nível de significância α de

0,05. Assim os dados em estudo fazem parte de uma distribuição normal.

Figura 12. Teste de normalidade dos resultados de densidade.

A fim de averiguar se nos resultados de VBD há causas especiais, ou seja, fontes de

variabilidade no processo, os dados foram dispostos em um gráfico de controle, descrito na

31

figura 13. Observa-se que os dados estão dispostos aleatoriamente dentro dos limites superior

e inferior de controle.

Figura 13. Carta de Controle referente aos resultados das análises de VBD.

O gráfico de controle não apresenta pontos fora dos limites de controle, tanto na carta

das médias como na de range, ou seja, amplitude que representa a variabilidade do processo.

Não há também uma sequência de pontos consecutivos em ordem crescente ou decrescente.

Apesar do gráfico das médias apresentar uma anomalia de oito pontos consecutivos presentes

apenas na parte superior à média, o gráfico apresenta um comportamento aleatório sem algum

comportamento tendencioso de grande impacto.

Antes da realização da ANOVA, foi feito um teste para averiguar se a variância entre

os resultados das amostras são iguais, tanto o teste de Bartlett quanto o teste de Levene

mostradas que as variâncias não possuem diferenças significativas a um nível de significância

de 5%, ou seja, valor de P superior a 0,05.

Antes da realização da ANOVA, foi feito um teste para averiguar se a variância entre

os resultados das amostras são iguais, tanto o teste de Bartlett quanto o teste de Levene

mostrou que as variâncias não possuem diferenças significativas a um nível de significância

de 5%, ou seja, valor de P superior a 0,05.

32

Figura 14. Teste da igualdade das variâncias.

O teste da ANOVA para dados hierarquizados foi realizado também utilizando o

software Minitab, onde a equação 19 foi inserida, como mostrado no passo-a-passo descrito

no apêndice B.

O resultado obtido, descrito no relatório gerado pelo software como mostra a figura

15, mostra que as hipóteses descritas nas equações 20, 21 e 22 podem ser aceitas a um nível

de significância de 5%, pois os valores de P foram superiores a 0,05.

Figura 15. Resultado da ANOVA emitido pelo Minitab.

Factor Type Levels Values

Q1 fixed 2 1; 2

Q2(Q1) fixed 4 1; 2; 1; 2

Q3(Q1 Q2) fixed 8 1; 2; 1; 2; 1; 2; 1; 2

Analysis of Variance for VBD, using Adjusted SS for Tests

Source DF Seq SS Adj SS Adj MS F P

Q1 1 0,0000007 0,0000004 0,0000004 0,31 0,586

Q2(Q1) 2 0,0000017 0,0000016 0,0000008 0,67 0,523

Q3(Q1 Q2) 4 0,0000101 0,0000101 0,0000025 2,15 0,121

Error 16 0,0000188 0,0000188 0,0000012

Total 23 0,0000313

S = 0,00108493 R-Sq = 39,89% R-Sq(adj) = 13,60%

33

De acordo com a ANOVA, não há diferenças significativas nos fatores analisados A,

B e C, ou seja, os resultados de VBD não variam nos quarteamentos realizados na amostra,

são estatisticamente iguais a um nível de significância de 5%.

O coeficiente de determinação, R2, que descreve a qualidade do modelo, foi de

36,17%. Esse valor baixo pode ser explicado devido à amplitude dos resultados das medições

ser pequena dificultando a detecção das medições com a variável resposta.

A figura 16 mostra os gráficos de resíduos, onde é possível observar que os resíduos

seguem uma distribuição normal. O gráfico dos resíduos em relação aos valores ajustados

apresenta-se de forma aleatória, não indicando nenhuma anomalia e média igual a zero,

validando assim a ANOVA.

Figura 16. Análise de Resíduos obtida juntamente com a ANOVA.

Através dos gráficos descritos nas figuras 17 e 18 pode-se observar que visualmente

não há diferenças significativas entre as diferentes amostras.

34

Figura 17. Box-plot dos resultados individuais dos quarteamentos 1, 2 e 3.

Figura 18. Box-plot dos resultados em conjunto do quarteamento.

35

A figura 19 mostra o gráfico dos resultados de VBD com seus respectivos intervalos

de confiança, a fim de analisar a confiabilidade dos resultados obtidos.

Figura 19. Gráfico com os intervalos de confiança referente às análises das 8 amostras de coque.

Os limites superior e inferior calculados no gráfico de controle foram de 0,003 para

mais ou para menos da média de 0,932g/cm3, contudo houve amostras que apresentaram

intervalos de confiança acima e abaixo desse limite, assim considera-se o valor de 0,006 como

aceitável para variação do VBD de 0,932 g/cm3.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Padrão secundário para este trabalho é uma amostra de coque, que tem um valor de

densidade validado estatisticamente. O desenvolvimento deste padrão é de grande importância

para calibragem de equipamentos antes da realização de análises, fazendo com que tanto

clientes como fornecedor de matéria prima possam estar alinhados nas análises de controle de

densidade de coque, material foco deste trabalho.

Ao final do trabalho realizado foram obtidas 8 amostras, onde 4 amostras padrões de

coque ficaram com o cliente e 4 amostras ficaram com o fornecedor, para que ambos

pudessem realizar a calibragem dos equipamentos para análise de densidade. Cada amostra

36

possui validade de 3 meses, tempo este determinado por histórico do processo, pois a mesa

vibratória usada nas análises degrada as partículas de coque que se chocam entre si.

O presente trabalho foi de grande importância para formação técnica do aluno, pois o

mesmo representa uma atividade de responsabilidade e competência do Engenheiro Químico

atuando tanto em laboratório como na área industrial.

8. CONCLUSÃO

Esse estudo faz uso de várias ferramentas de Qualidade, área de grande importância

para a Engenharia Química, tanto em atividades que abordadas em meio acadêmico, em

laboratório para o desenvolvimento de padrões de substâncias químicas como em meio

industrial como mostrado nesse trabalho.

Por meio do uso da ferramenta ANOVA acompanhada de análise de normalidade,

carta de controle, análise de erros e box-plot foi possível concluir que não há diferenças entre

as oito amostras analisadas a um nível de significância de 5%. Ou seja, pode-se concluir que

essas amostras são padrões secundários validados estatisticamente, e que eles podem ser

utilizados a fim de calibrar os equipamentos necessários para análise de densidade de coque.

Após a utilização do padrão secundário para calibragem dos equipamentos necessários

para análise de densidade, observou-se grande avanço na diferença dos resultados obtidos

pelo fornecedor e pelo cliente. Com isso, a comunicação entre as partes ficou mais clara e as

análises mais confiáveis.

37

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.abal.org.br/aluminio/cadeia-primaria/. Acessado em: 08 de Setembro de 2014.

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Elsevier – ABEPRO, 2012.

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baseado no coeficiente de correlação quantil-quantil para caso multivariado. São Paulo:

Revista de Matemática e Estatística, 2003. V.21, n.3, p. 67-84.

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Qualidade. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. 334p.

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Grupo Unimetal. Sobre o Coque. Disponível em: http://www.grupounimetal.co

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em: 08 de Setembro de 2014.

MONTGOMERY, D. C. Design and Analyses of Experiments. 5. ed. Nova York: John

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MONTOMERY, D. C.; RUNGER, G. C. Estatística Aplicada e Probabilidade para

Engenheiros. Tradução de Verônica Calado. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e

Científicos, 2009, 490p.

MEMÓRIA, J. M. P. Breve História da Estatística. 1 ed. Brasília: Embrapa Informação

Tecnológica, 2004. 111p.

38

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Química Quantitativa. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. 462p.

PANCHAL, J.; WYBORNEY, M.; ROLLE, J. Historical and future challenges with the

vibrated bulk density test methods for determining porosity of calcined petroleum coke.

Em: Light Metals, 2011. Estados Unidos: Wiley & Sons, 2011. p. 925-930.

PERIN, E. Padronização reduz custos e agiliza processos. RFID Jornal Brasil. Disponível

em: <http://brasil.rfidjournal.com/noticias/vision?9866>. Acessado em: 06 de setembro de

2014.

PORTAL ACTION. ANOVA – Fatores Aleatórios (2 fatores): Método Hierárquico

(Nested). Disponível em: <http://www.portalaction.com.br/1362-m%C3%A9todo-

hier%C3%A1rquico-nested. Acesso em: 27 de maio de 2014.

VUOLO, J. H. Fundamentos da Teoria de Erros. 2 ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1996.

250p.

39

10. APÊNDICES

APÊNDICE A

Tabela 3 - Cronograma a ser desenvolvido no trabalho de conclusão de curso

APÊNDICE B

Passo a passo realizado no software Minitab para resolução da ANOVA com modelo

hierárquico.

Figura 20. Interface do software Minitab

mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14

Revisão Bibliográfica

Planejamento do Experimento

Desenvolvimento do modelo teórico

Entrega TCC (1)

Preparação das amostras

Realização do experimento

Análise dos Dados

Organização do material

Defesa do TCC (2)

PeríodoAtividades

40

Figura 21. Teste de Normalidade para conjunto de dados referente às análises de VBD

Figura 22. Carta de Controle para conjunto de dados referente às análises de VBD

Figura 23. Histograma para conjunto de dados referente às análises de VBD

41

Figura 24. Teste de igualdade das variâncias para conjunto de dados referente às análises de VBD

Figura 25. Teste ANOVA para conjunto de dados referente às análises de VBD

42

Figura 26. Gráfico de box-plot para conjunto de dados referente às análises de VBD

Figura 27. Gráfico de intervalo de confiança para conjunto de dados referente às análises de VBD.

43

11. ANEXOS

ANEXO A

Figura 28. Tabela da Distribuição de Fisher-Snedecor (F).