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CNPq UFAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC CNPq/UFAL/FAPEAL RELATÓRIO FINAL (individual e diferenciado para cada bolsista/colaborador) (2007 – 2008) TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA: "Sensibilidade Mutante: a co- evolução das formas e preferências estéticas" NOME DO ORIENTADOR : Ronaldo Bispo dos Santos Telefone: (82) 9302-7570 e-mail: [email protected] NOME DO BOLSISTA/COLABORADOR: Leandro Carvalho Souto Telefone: (82) 8831-4012 e-mail: [email protected] X BOLSISTA CNPQ BOLSISTA FAPEAL BOLSISTA UFAL COLABORADOR MODELO RELATÓRIO FINAL PIBIC CNPq/UFAL/FAPEAL 1

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CNPq UFAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOASPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

COORDENAÇÃO DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC CNPq/UFAL/FAPEAL

RELATÓRIO FINAL(individual e diferenciado para cada bolsista/colaborador)

(2007 – 2008)

TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA: "Sensibilidade Mutante: a co-evolução das formas e preferências estéticas"

NOME DO ORIENTADOR: Ronaldo Bispo dos SantosTelefone: (82) 9302-7570 e-mail: [email protected]

NOME DO BOLSISTA/COLABORADOR: Leandro Carvalho SoutoTelefone: (82) 8831-4012 e-mail: [email protected]

X BOLSISTA CNPQ BOLSISTA FAPEAL

BOLSISTA UFAL COLABORADOR

NOME DA GRANDE ÁREA DO CONHECIMENTO (CNPq): Ciências Socialmente AplicáveisNOME DA SUB-ÁREA DO CONHECIMENTO (CNPq) : Estética e Linguagens

Projeto Financiado: SIM X NÃO

Caso afirmativo citar órgão financiador:

CNPq

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Maceió, 15 de agosto de 2008

RESUMO

Dada a proliferação de diversos ritmos e estilos musicais apresentados no cenário

nacional, é de fundamental importância o estudo das condições de surgimento de tais

produções culturais, seus propulsores, idealizadores, suas evoluções, bem como suas novas

formas de veiculação e apreciação.

E, por outro lado, faz-se necessário também compreender o que leva os indivíduos a

consumirem tais produtos midiáticos, o que eles suscitam nos fruidores, como seus gostos

são formados, o que eles sentem quando expostos a essas músicas, entre outros aspectos.

Dessa forma, o projeto buscou identificar e analisar os diversos elementos presentes

na evolução das formas e, também, das preferências estéticas, mais precisamente as

musicais.

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Palavras-chave: música; neurociências; aquisição de gosto; estética da comunicação.

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INTRODUÇÃO

No presente trabalho, é investigada a evolução paralela, ou coevolução, das formas

e conteúdos dos objetos estéticos (musicais), das preferências estéticas (prazer, consumo,

interesse, aquisição de gosto), dos fruidores e dos dispositivos tecnológicos

comunicacionais, das ideologias, da sociedade em geral, etc.

Partimos do pressuposto de que nossas reações afetivas resultam de associações de

imagens, idéias e sentimentos reunidos na forma de padrões neurais dispositivos e que, por

outro lado, as formas estéticas/comunicacionais evoluem sob a influência de inúmeros

fatores objetivos e subjetivos. Tentou-se remontar/identificar, tanto no objeto estético

quanto no fruidor, seus princípios constituidores, agentes disparadores, suas origens

dialógicas, mutantes, amalgamadoras que reciprocamente se implicam, produzindo novas

formas, conteúdos, valores, comportamentos, gostos, preferências e prazeres estéticos. Uma

música, por exemplo, é sempre reflexo de um determinado momento histórico, cultural, das

condições de produção e da sensibilidade e interesse de seus produtores.

Nosso intuito, ao realizar esse projeto de pesquisa, foi buscar entender a criação e

também a apreciação estética como decorrência de contínuas transformações, associações,

empréstimos e assimilações dos mais variados tipos: técnicas, comportamentais, políticas,

psicológicas, artísticas, formais, climáticas, ambientais, biológicas, culturais, de gênero,

afetivas, neurais, intelectuais, científicas, religiosas etc.

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OBJETIVOS

GERAL:

Identificar e evidenciar os múltiplos fatores, objetivos e subjetivos, implicados na co-

evolução das estéticas comunicacionais audiovisuais e das preferências estéticas/gostos

individuais e/ou de grupos.

ESPECÍFICOS:

1) Ressaltar o caráter hipercomplexo e multifacetado do fenômeno e a exigência de abordagem semelhante dele.

2) Sugerir novos métodos e referenciais teóricos para a pesquisa em estética da comunicação, cooperando para o desenvolvimento desta área de pesquisa.

3) Investigar os mecanismos cognitivos responsáveis pelas mudanças na sensibilidade, pela adaptação às inovações estéticas e pela assimilação de novos gostos e preferências.

4) Desenvolver no jovem pesquisador e estimular nos colegas de área a capacidade e o interesse pela busca e reconhecimento da genealogia das formas e conteúdos das estéticas comunicacionais contemporâneas.

5) Demonstrar a relação entre prazer estético e identificação cultural.

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METODOLOGIA

Primeiramente foram empreendidas pesquisas bibliográficas relacionadas ao tema

da investigação em associação com as teorias da comunicação, percepção artística, as

psicologias: social, geral e experimental, cognitiva, evolutiva e a neuropsicologia, as

estratégias persuasivas, neurociências, psiquiatria e neurologia, em diversas bibliotecas e na

Internet (através do Google e de outros mecanismos de busca). Tais pesquisas foram

efetuadas também com consultas e entrevistas a estudantes e professores das referidas

áreas.

Ao mesmo tempo, foram realizadas traduções de livros, periódicos e sites do inglês

para o português, visto que, boa parte da bibliografia fundamental ao desenvolvimento do

projeto encontra-se nessa língua.

Posteriormente todo esse material foi, meticulosamente, fichado e cadastrado,

formando, deste modo, um banco de dados a ser consultado para a elaboração do presente

relatório, bem como para pesquisas futuras.

Infelizmente, devido a problemas na validação e no início do projeto, as pesquisas

de gosto propostas não puderam ser realizadas. Foram utilizadas então, pesquisas

anteriormente realizadas por outros pesquisadores.

Deste modo, todas as informações e conteúdos pesquisados e estudados foram

aglutinados, buscando a melhor composição do presente relatório.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todo objeto estético/comunicacional reflete o momento histórico, social, artístico e

cultural em que foi produzido, bem como a sensibilidade, as ideologias e, principalmente,

os interesses dos seus produtores. Douglas Kellner afirma que: “Os produtos da cultura da mídia não são entretenimento inocente, mas

têm cunho perfeitamente ideológicos e vinculam-se à retórica, a lutas, a programas

e a ações políticas”. (KELLNER, 2001.).

Também Walter Benjamin, em suas reflexões, demonstra que tanto as formas

artísticas quanto a sensibilidade e a percepção evoluem sobre a influência de múltiplos

fatores (políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, etc.) e inclusive de suas próprias

interações. Os produtos midiáticos em mutação alteram a nossa sensibilidade e percepção e

as recomposições dessas exigem diferentes produções estéticas.“Ao curso dos grandes períodos históricos, juntamente com o modo de

existência das comunidades humanas, modifica-se também seu modo de sentir e

perceber. A forma orgânica que a sensibilidade humana assume – o meio no qual

ela se realiza – não depende apenas da natureza, mas também da historia.”

(BENJAMIN, 1982.).

Com a música não é diferente, ela reflete a nossa sociedade e evolui em

concomitância com ela. Mcluhan afirma que os novos estilos musicais, cinematográficos e

as novas formas de ouvir, de dançar, de ver e de falar são exemplos de mudanças

existenciais e transformações político-econômicas. É inegável que existam semelhanças

entre as formas culturais e as forma econômicas e tecnológicas, e em determinados

contextos, a tecnologia é capaz de dar forma à cultura e à sociedade.

Apoiando-se no arcabouço das inovações tecnológicas, nasce, por exemplo, a

música eletrônica. Esse estilo surge com o movimento futurista europeu, em 1914,

constituindo uma forma de luta pela defesa da liberdade da expressão artística, utilizando-

se de técnicas de produção sonora não convencionas até então, dando valor ao que era

considerado “barulho”. Equipamentos eletrônicos e a robótica eram utilizados para

simbolizar a alienação do mundo em relação à tecnologia.

Mais especificamente, a vertente da música eletrônica conhecida como Trance

Psicodélico ou simplesmente Psy Trance, teve inicio em Israel na década de 1980, sofrendo

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fortes influências da Disco Music da década anterior e do movimento hippie dos anos de

1960.

Apesar de ter se iniciado nas ramificações da composição clássica, o Psy, após

alguns anos, foi absorvido pela cultura popular e se espalhou pelo mundo, sendo apreciado

nas mais diversas classes sociais. O estilo passou de uma mera ferramenta utilizada pelos

músicos para diversificarem e desenvolverem seus novos timbres musicais para ganhar

força no cenário musical mundial.

Esse estilo é caracterizado por uma batida rápida – entre 135 e 165 batidas por

minuto (bpm’s) e contínua, em um compasso 4x4. É bastante psicodélico e apresenta como

atributo principal a idéia de transe em que os ouvintes entram, embalados pelas linhas de

sintetizador repetidas ao longo das batidas da música e, muitas vezes, pelo uso de

substâncias entorpecentes, como o ecstasy.

Um outro elemento característico do Psy Trance que contribuiu bastante para o seu

desenvolvimento foram as festas raves. Tais festas de música eletrônica começaram como

uma reação às tendências da música popular, à cultura de casas noturnas e às rádios

comerciais. Seu objetivo primordial era a interação entre pessoas e a elevação da

consciência. Uma fuga da realidade, da sociedade, das cidades – comparável ao fugere

urbem proposto pelos Arcadistas no século XVIII –, uma busca de liberdade, através de

diversas formas de arte. A música eletrônica teve papel fundamental nessas festas na

medida em que proporciona, através das batidas repetitivas e progressivas, um efeito

hipnótico nos participantes, pontecializado pela utilização de drogas.

A partir do desenvolvimento do estilo eletrônico na década de 1980 foram

promovidos eventos em regiões rurais e festivais ao ar livre – longe dos centros urbanos –,

destinados à reunião de pessoas, dança e utilização de ecstasy. Os participantes buscavam

um maior convívio com a natureza, além da busca pela liberdade, mesmo que apenas nos

momentos em que se encontravam nas festas. Por esses motivos, as raves são em geral

realizadas em praias, fazendas e, até mesmo, bosques. De forma análoga ao que era

promovido pelo movimento hippie duas décadas antes: a reunião das pessoas, com audições

de música e a utilização de drogas – especialmente o LSD (ácido lisérgico) – como forma

de elevação de consciência para o alcance do que Baudelaire chamou de paraísos artificiais

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(estados entorpecidos nos quais as pessoas se sentiam felizes e extasiadas ao ponto de

afirmarem que estavam no paraíso).

Ouvir música não é apenas algo auditivo e emocional, é também motor. Nietzsche

afirmava que “ouvimos música com nossos músculos”. Acompanhamos o ritmo da música,

involuntariamente, mesmo se não estivermos prestando atenção a ela conscientemente, e

nosso rosto e postura espelham a “narrativa” da melodia e os pensamentos e sentimentos

que ela provoca. Mesmo não sendo necessário que a música seja, de fato, ouvida. Basta que

ela se manifeste na nossa mente e seja reproduzida por nosso próprio cérebro.“Boa parte do que ocorre durante a percepção da música também pode

ocorrer quando a música é “tocada na mente”. A imaginação de uma música,

mesmo nas pessoas relativamente não musicais tende a ser notavelmente fiel não

só ao tom e ao sentimento do original, mas também à altura e ao ritmo. A base

disso é extraordinária tenacidade da memória musical, graças a qual boa parte do

que ouvimos nos primeiros anos de vida, pode fica “gravado” no cérebro pelo resto

de nossa existência. O fato é que nosso sistema auditivo, nosso sistema nervoso, é

primorosamente sintonizado para a música. Ainda não sabemos quanto isso se

deve às características intrínsecas da música – seus complexos padrões sonoros

tecidos no tempo, sua lógica, seu ímpeto, suas seqüências indecomponíveis, seus

insistentes ritmos e repetições o modo misterioso como ela incorpora emoção e

“vontade” – e quanto às ressonâncias especiais, sincronizações, oscilações,

excitações mútuas, feedbacks, etc., no imensamente complexo de circuitos neurais

multinivelados que fundamenta nossa percepção musical.” (SACKS, 2007.).

Sob esse aspecto, o fato de a música eletrônica alterar o estado da mente através da

estimulação, não somente dos ouvidos, mas também das batidas do coração e da respiração

torna-a uma forma única de apreciação musical.

O processo de criação musical do Psy também envolve a manipulação de som, e o

produto final da interação entre elementos já existentes, o que não constitui uma cópia, mas

sim, uma composição nova, diferente. As novas tecnologias, como afirma Benjamin,

tornam obsoletos conceitos como aura, unicidade, autenticidade e originalidade,

tradicionalmente associados à arte. De objeto de culto, a arte torna-se objeto de exposição,

de obra única, torna-se infinitamente reprodutível.

O fato do Psy alterar o estado dos ouvintes, elevando-os ao transe,através de suas

batidas, contribui para modificar ainda mais essa relação, tornando os espectadores

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participantes da música. Outro aspecto que influencia essa interligação é a utilização de

elementos não musicais que interagem com as batidas e com o ambiente, como

apresentações artísticas de pirofagia e circo.

O ritmo transforma os ouvintes em participantes, torna a audição ativa e motora e

sincroniza os cérebros e mentes. E, como a emoção está sempre interligada à música e

também aos “corações” de todos os participantes, é dificílimo permanecer alheio, resistir a

ser arrastado para o ritmo da música e da dança. Merlin Donald, sobre isso, acrescenta: “O ritmo é uma habilidade integrativa-mimética, relacionada à mímica

vocal e visuomotora. [...] A habilidade rítmica é supramodal, isto é, assim que um

ritmo é estabelecido, pode ser executado com qualquer modalidade motora, com as

mãos, os pés, a boca ou todo o corpo. Ela aparentemente se auto-reforça do mesmo

modo que a exploração perceptual e a execução motora se auto-reforçam. O ritmo

é em certo sentido a quintessência da habilidade mimética. [...] Jogos rítmicos são

generalizados entre as crianças humanas, e poucas culturas humanas, ou talvez

nenhuma, não terão empregado o ritmo como um recurso de expressão”.

(DONALD, 1999.).

A Professora Heather D. Jennings constatou, em sua pesquisa intitulada Variance

fuctuations in nonstationary time series: a comparative study of music genres, que a música

eletrônica é uma das mais pobres quando analisada do ponto de vista rítmico. Mas, talvez

por esse motivo, suas batidas constantes agradem tanto, já que os seres humanos possuem

uma propensão universal e inconsciente a impor um ritmo até mesmo quando ouvem uma

série de sons idênticos a intervalos constantes, como o tic-tac dos relógios ou o barulho de

gotas d’água caindo em alguma superfície.

É sabido, graças aos avanços proporcionados pelos estudos modernos em

neurofisiologia e neurociência cognitiva, que quando dois ou mais estímulos (auditivos,

táteis, visuais, olfativos) são processados, percebidos simultaneamente, redes de

interligação entre seus diferentes mapas neurais são criados em algumas regiões cerebrais.

Graças a esse mecanismo, quando posteriormente apenas um dos estímulos envolvidos na

percepção simultânea anterior volta a ocorrer, a percepção de tal estímulo tem a capacidade

de trazer consigo a emergência na mente consciente dos outros estímulos com os quais

esteve associada.

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Em outras palavras, as emoções sentidas simultaneamente à percepção de um objeto

se transferem a este e a ele ficam associadas. Uma música pode nos lembrar alguém, um

momento específico de nossas vidas, algo que gostamos, nosso país, nossa cultura, e até

mesmo, pode ficar relacionada com um cheiro ou cor, gosto ou comida que nos agrade.

Tratando acerca dessa sinestesia, o trabalho do neurologista americano Oliver Sacks

é uma obra marcante. Sacks afirma que algumas pessoas – na verdade um número

surpreendentemente grande – “vêem cores”, “sentem gostos”, “sentem cheiros” ou têm

vários tipos de “sensações tácteis” quando ouvem uma determinada música – e muitas

encaram essa sinestesia mais como um dom do que como um sintoma.

Por exemplo, as sensações experimentadas durante uma rave, ouvindo as batidas do

Psy, potencialmente, ficam gravadas na mente dos fruidores juntamente com a sensação de

liberdade, de transe, de êxtase. Em outro momento, quando essas músicas são novamente

ouvidas, essas sensações retornam e os indivíduos experimentam mais uma vez o que

sentiram quando foram expostos anteriormente ao mesmo som.

Talvez esses aspectos associativos nos ajudem a compreender porque a música

eletrônica agrada a tantas e tão distintas pessoas. Isso evidenciaria as aspirações que a nossa

sociedade apresenta por liberdade, pelo contato mais próximo com a natureza e pela

subversão de um mundo que, sob tantos aspectos, desagrada. E a música eletrônica parece

ser capaz de transpor-nos para outros mundos, mesmo com a ausência de letra e ritmo

pobre, apenas com suas batidas cadenciadas. Isso é sim possível, como afirma Oliver

Sacks:“A música pode ter uma perfeição maravilhosa, formal quase matemática,

e pode ser dotada de comovente ternura, pungência e beleza (Bach, obviamente foi

um mestre em combinar tudo isso). Mas não precisa ter nenhum “significado”.

Podemos recordar uma música, dar-lhe a vida da imaginação (ou mesmo da

alucinação) simplesmente por que gostamos dela. É razão o bastante. Ou talvez

não haja razão nenhuma”. (SACKS, 2007.).

Sobre os efeitos da música em geral e, quiçá a eletrônica, em nós e sua capacidade

de nos afastar de nossos problemas, apreensões e do mundo caótico em que vivemos, nos

fala o pensador alemão Arthur Schopenhauer:“A inexprimível profundidade da música, tão fácil de entender e, no

entanto, tão inexplicável, deve-se ao fato de que ela reproduz todas as emoções do

mais íntimo do nosso ser, mais sem a realidade e distante da dor. [...] A música

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expressa apenas a quintessência da vida e dos eventos, nunca a vida e os eventos

em si”. (SCHOPENHAUER, 2001.).

Uma vez que a música é ouvida ela pode ficar armazenada no cérebro por períodos

de tempo inderteminados e esse fenômeno é variável, dada à exposição maior ou menor a

uma determinada música. Tal fenômeno é comparável ao que experimentamos quando nos

fixamos num objeto e de súbito fechamos nossos olhos. A imagem do objeto leva uma

fração de segundos para sumir. Ou então, quando passamos o dia num barco no mar. Ao

retornar a terra ainda sentimos por algumas horas o balanço causado pelos movimentos das

ondas. Esse efeito também é provocado pela música em nosso cérebro. Ela formaria o que

Sack chama de “imagens mentais musicais involuntárias”. Essas imagens ficariam

armazenadas mesmo após dias, semanas e até meses sem que a música precise ser

novamente ouvida, podendo voltar à tona inconscientemente e de súbito, nos trazendo, mais

uma vez, a vontade de ouvir tais músicas.“[...] tenho a impressão de que a maioria das nossas imagens mentais

musicais não é vonlutariamente comandada ou evocada; elas parecem surgir de

forma espontânea. Às vezes brotam de súbito na mente, outras vezes podem estar

lá tocando de mansinho, sem nos darmos conta. Embora as imagens mentais

musicais voluntárias possam não ser de fácil acesso para pessoas relativamente

não-musicais, praticamente toda pessoa tem imagens involuntárias”.

(SACKS,2007.).

Ainda segundo Sacks, esse fenômeno acontece graças ao que se convencionou

chamar earworms ou brainworms (que traduzidos literalmente significam “vermes dos

ouvidos” ou “vermes do cérebro”). Às vezes a imaginação musical normal transpõe um

limite e se torna, por assim dizer, patológica, como quando determinado fragmento de uma

música – em geral uma frase ou tema breve e bem definido de três ou quatro compassos - se

repete incessantemente por horas ou dias, chegando a nos irritar.

Essa repetição interminável e o fato de que a música em questão pode ser banal ou

sem graça, não nos agradar ou até mesmo ser considerada abominável, indica um processo

coercitivo: a música entrou e subverteu uma parte do cérebro, forçando-o disparar de

maneira repetitiva e autônoma (como pode ocorrer com um tique ou uma convulsão).

Isso não é coincidência, pois a indústria cultural, mais especificamente a da música,

cria-as justamente para “fisgar” os ouvintes, para “pegar” e “não sair da cabeça”,

introduzir-se à força pelos ouvidos ou pela mente como um verdadeiro verme.

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“Somos atraídos pela repetição, mesmo quando adultos; queremos os

estímulos e a recompensa várias vezes e a músicas nos dá. Portanto, talvez não

devamos nos surpreender nem reclamar se a balança de vez em quando pender

muito para o outro lado e nossa sensibilidade tornar-se uma vulnerabilidade.”

SAKCS, 2007.).

Com o chamado estilo brega, como um produto da indústria cultural, não acontece

diferente. As músicas desse estilo possuem uma incrível capacidade de penetrar em nossas

mentes e ficar alojadas lá por grandes períodos de tempo mesmo contra nossa vontade. E

para tanto basta que elas sejam ouvidas uma única vez.

O brega, como quase todos os estilos musicais, é produzido com o intuito de ser

vendido e nessa empreitada quanto mais “grudante” a música for, melhor. Esse estilo

musical é singular nessa habilidade de nos conquistar sem que percebamos. E três fatores

são de suma importância nesse contexto: a aproximação do brega com temas do cotidiano,

tais como: amores, traições, trivialidades, paixões proibidas, problemas do dia a dia, etc.; o

linguajar, as vestimentas, os comportamentos se identificarem com as massas; e o

bombardeio que sofremos das músicas desses estilo nos mais diversos lugares – ônibus,

academias, padarias, bares e restaurantes.

Decerto, algo que se aproxime de nossa realidade nos parece atrativo. Com a música

– brega – não acontece diferente. Isso é acentuado pelo fato da música apresentar um

aspecto afetivo e nos atingir emocionalmente tanto quanto o faz intelectualmente. “A prova de que possuímos mecanismos separados e distintos para

apreciar os aspectos estruturais e emocionais da música está na grande variedade

de respostas (e mesmo de “dissociações”) das pessoas à música. [...] Embora a

musicalidade, como uma habilidade perceptiva, provavelmente tenha um

considerável componente inato, a suscetibilidade emocional à música é mais

complexa, pois pode ser bastante influenciada por fatores pessoais tanto quanto

neurológicos.” (JOURDAIN, 1998.).

Deste modo, quando as pessoas vêem artistas parecidos com elas, que se vestem

como elas, falando como elas e dos assuntos que permeiam suas vidas – seus problemas,

suas angústias, suas paixões – ficam bem mais suscetíveis a se agradar de tal estilo ou pelo

menos a aceitá-lo como divertimento. Pois, tal manifestação alcança o íntimo dos

indivíduos, toca suas sensibilidades, à mesma medida que atinge os seus corpos.

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O surgimento do brega coincide com o confronto que a estética dita "de bom gosto"

sofreu, nos anos de 1960, com a penetração do rock. A música romântica passou a ser

qualificada de cafona (brega), principalmente pelos jovens da época. O estilo

excessivamente romântico passou, então, a ser difundido quase que exclusivamente nas

camadas mais populares e, desprezado nas demais. A década de 1970 foi, portanto, palco

para o surgimento de diversos cantores ditos populares, ao tempo que marcou sua

progressiva discriminação.

O termo "brega" foi, nos anos 1980, difundido para designar esta forma de música,

sintetizando numa palavra, de forma pejorativa, tudo aquilo que era considerado “de mau

gosto”. É só a partir do final dessa década é que “o brega sertanejo” atinge a classe média,

com o sucesso paulatino das duplas sertanejas. Os cantores de grande vendagem da classe

baixa da população foram assumindo o termo que, então, praticamente perdeu o cunho

pejorativo, para designar um estilo “aceitável”, não apenas de preferência musical, mas de

vestir-se, falar e agir.

A grande responsável por essa reviravolta ocorrida com o brega foi a indústria

cultural, que percebeu nesse estilo um sucesso potencial, propiciado pela sua aceitação

junto às massas. De estilo discriminado e apreciado apenas nas camadas mais baixas da

sociedade, o brega passou a ocupar lugar de destaque no âmbito musical nacional e, por

conseguinte, na vendagem de discos, além de ser apreciado também nas classes mais altas.

Toda essa transformação só foi possível graças ao “bombardeio” promovido com o intuito

de popularizar o brega. O estilo era incessantemente ouvido em todas as grandes rádios e

vários de seus intérpretes levados a se apresentar nos palcos das emissoras de televisão.

Kellner e Sacks são concordantes ao afirmarem que quanto mais expostos a

determinado produto midiático mais facilmente tendemos a nos agradar deles, aceitá-los ou

ainda ficar com eles gravados em nossos cérebros. Também Squire e Kandel afirmam que:

“[...] a repetição faz com que as memórias durem por períodos mais longos – a prática que

leva a perfeição”. (SQUIRE; KANDEL, 2003.).

A combinação de músicas feitas para serem apreendidas pelo cérebro (brainworms)

e exposição excessiva se torna uma armadilha quase inevitável, que nos faz permanecer

com músicas em nossas mentes por muito tempo, mesmo contra a nossa vontade e,

também, com que reproduzamos tais músicas, despertando assim, o desejo de ouvi-las

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novamente. Essa junção desses dois aspectos é, de fato, o grande mérito da indústria

cultural através do brega. “O fato de ter os ouvidos e o cérebro bombardeados com determinadas

músicas, faz com que os “circuitos” ou redes musicais do cérebro fiquem

supersaturadas, sobrecarregadas com elas. Nesse estado, o cérebro dá a impressão

de estar pronto a reproduzir a música sem nenhum estímulo externo perceptível.

Essas reproduções, curiosamente, parecem ser quase tão satisfatórias quanto ouvir

a música real, e tais concertos involuntários raras vezes são intrusivos ou

incontroláveis, embora tenham potencial para isso.” (KELLNER, 2001.).

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CONCLUSÃO

O estudo do fenômeno estético da apreciação musical é, ao certo, assaz complicado

de ser realizado, dada à pluralidade de fatores e sujeitos envolvidos no processo.

Abordamos nesse trabalho dois aspectos distintos: as bases neurais de nossos

desejos musicais; e os elementos culturais, sociais, políticos, artísticos, etc. que moldam o

desenvolvimento e a criação de produtos midiáticos como a música, bem como os gostos.

Apesar de não concordarem que a música tenha vindo antes da fala – vice-versa ou

que as duas tenham evoluído concomitantemente – é consenso entre os neurocientistas que

o ser humano possui um equipamento neural constituído para a apreciação de música. E

que, temos necessidade dela – salvo em raros indivíduos, em sua maioria portadores de

patologias (surdez, danos cerebrais, amusias) – seja ela considerada com, ou sem qualidade.

Dada essa nossa aspiração inata por música, somos impelidos a consumir o que nos

é apresentado e o que temos disponível em determinado momento. Muitas vezes algumas

músicas são consumidas pela simples falta de opção ou pela dificuldade de acesso.

Em outros casos, somos atraídos por determinado estilo por que ele nos representa

algo da nossa realidade, do nosso cotidiano, das novas vidas. Em outros ainda, apenas pelo

ritmo, ou ausência dele, que nos causa uma sensação de prazer, de alívio, êxtase. A música

pode nos acalmar, animar, consolar, emocionar e provocar as mais diferenciadas emoções.

Pode nos ajudar a obter organização quando estamos trabalhando ou nos divertindo.

Por outro lado, a indústria cultural também cria estilos musicais, ritmos, músicas

com intuito de vendê-los. E, para tanto, busca moldar e influenciar a sociedade ao passo

que também é modificada por ela.

É o que nos mostra a ponderação que Douglas Kellner faz, afirmando que esse é um

fenômeno de mão dupla, onde a cultura da mídia influencia a sociedade – quando cria

necessidades de consumo e altera nossos gostos – e é também influenciada por ela –

quando se apodera das aspirações da sociedade para a construção de seus produtos.

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PLANO DE TRABALHO SUBMETIDO

INDIVIDUAL E DIFERENCIADO DO BOLSISTA E /OU COLABORADOR

NOME: Leandro Carvalho Souto

- Pesquisa bibliográfica relacionada ao tema da investigação em associação com as teorias da comunicação, percepção artística, as psicologias social, geral e experimental, cognitiva, evolutiva e a neuropsicologia, as estratégias persuasivas, neurociências, psiquiatria e neurologia nas Bibliotecas do estado, em Bibliotecas Virtuais e na Internet (Google e outros mecanismos de busca).

- Leitura, fichamento crítico e criação de banco de dados digital dos livros, artigos e sites localizados e selecionados, e de todo o material consultado durante a pesquisa.

- Traduções de textos, livros, artigos e sites em inglês, visto que, a melhor literatura da área se encontra nessa língua.

- Buscar auxílio em outras áreas do conhecimento, mais especificamente Psicologia (neuropsicologia, social e cognitiva) e Medicina (neurologia e psiquiatria); através de estudos de bibliografias, consultas a professores e estudantes das referidas áreas.

- Tentar entender se e como determinadas características humanas (culturais, sócias, econômicas, psicológicas e neurais) influenciam o gosto pessoal e nos levam as disparar positiva ou negativamente diante de determinado objeto estético.Ex.:

Entender o fenômeno brega que se espalha pelo país. Por que o cantores como Tayrone Cigano agradam as massas mesmo com ausência de qualidade musical? Que elementos ocasionaram a disseminação desse tipo de música? Seria a sua aproximação com alguma característica das massas? Por tratar temas do cotidiano delas? Seu modo de vestir, seu linguajar? Ou ele agrada apenas pelo ritmo dançante de suas canções? E o que características as pessoas que consomem esse ritmo possuem? O que as faz gostar de tal estilo?

Outro ponto seria o Psy que, igualmente, vem se tornando moda entre os jovens. Quais as características desse estilo musical agradam? Que elementos possibilitaram seu surgimento e disseminação. O que levou ele a ser popularizado? Seria pelo aspecto da batida, já que não possui letra? Como se criou um estilo próprio das pessoas que gostam desse estilo? Teria alguma relação o ambiente em que as Raves são realizadas e o clima gerado por todos os elementos da decoração? Qual o propósito de malabaristas, cuspidores de fogo e a utilização de drogas dentro do contexto da formação do gosto por esse estilo?

- Empreender pesquisas de gosto musical em locais específicos: lojas de cd´s, show dos mais variados estilos, points de determinada “tribo musical”, etc. Com o intuito de perceber o que leva determinada grupo (social, cultural, econômico) ou faixa etária a gostar de determinado grupo ou cantor e a repudiar outros.

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- Elaborar questionários investigativos a cerca das preferências musicais dos alunos do COS e do que eles acham que os levou a adquirir tais gostos. Pesquisar o que para eles é música chata e música ruim, se eles conseguem enxergar uma diferenciação nesse aspecto.

- Apresentação de seminários, palestras referentes à literatura pesquisada e analisada, e elaboração de artigo.

- Tentar compreender quais imagens, idéias e sentimentos os elementos presentes na mensagem estética disparam na mente do fruidor? Que associações neurais estão mais ou menos estabilizadas em seu cérebro de modo a dispará-las? Como se formam essas associações? Por que disparamos positiva ou negativamente quando ouvimos determinada música? Quais elementos presentes em um objeto estético e no individuo fruidor ativam nosso dispositivo disparador?

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CRONOGRAMA DE ATIVIDADES SUBMETIDO

INDIVIDUAL E DIFERENCIADO DO BOLSISTA E /OU COLABORADOR

NOME: Leandro Carvalho Souto

ATIVIDADES

Meses2007 2008

AGO

SET OUT

NOV

DEZ

JAN

FEV MAR ABR

MAI

JUN JUL

Pesquisa e analise da bibliografia básica.

x x x x

Leitura, fichamento crítico e criação de banco de dados digital dos livros, artigos e sites localizados e selecionados, e de todo o material consultado durante a pesquisa.

x x x x x x x x

Traduções de textos, livros, artigos e sites em inglês.

x x x x x x x

Efetuar estudos em outras áreas do conhecimento, mais especificamente Psicologia ( social, cognitiva e neuropsicologia) e Medicina (neurologia e psiquiatria); através de estudos de bibliografias, consultas a professores e estudantes das referidas áreas.

x x x x x x

Apresentação de seminários, palestras referentes à literatura pesquisada e analisada, e elaboração de artigo.

x x x x

Elaboração de questionários investigativos a cerca das preferências musicais dos alunos do COS.

x x x x

Empreender pesquisa de gosto musical em locais específicos: lojas de cd´s, show dos mais variados estilos, points de determinada “tribo musical”, etc.

x x x x

Analise e relatório dos resultados das pesquisas.

x x

Concepção do Protocolo Experimental

x x

Aplicação do Protocolo Experimental

x x

Análise dos Resultados x

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Relatório Final x

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