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MOVIMENTOS PENDULARES NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE: A distribuição dos pendulares por motivo de trabalho conforme o nível de instrução em 2010

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MOVIMENTOS PENDULARES NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE:

A distribuição dos pendulares por motivo de trabalho conforme o nível de instrução em 2010

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Introdução

O deslocamento diário de pessoas que saem do local de residência para a realização de

tarefas cotidianas como estudo ou trabalho em outros municípios caracteriza-se como o

movimento pendular, ou pendularidade. A pendularidade é mais intensa nas regiões com

maior densidade populacional, é um processo relacionado à dimensão da organização urbana

e distribuição das atividades econômicas (ÂNTICO, 2005, p. 110). Na literatura também

encontramos o termo commuting que expressa, em um sentido mais amplo, a relação que as

cidades estabelecem, pois implica na troca cotidiana de trabalhadores, consumidores e

dinheiro (MARANDOLA e OJIMA 2014, p. 185). Sendo assim, tem-se uma hierarquia de

cidades conforme a atração de pendulares. As que mais expulsam sua população, sugerem

uma fraqueza econômica.

Há de se ressaltar que o cotidiano das pessoas e as forma pelas quais elas interagem no

espaço urbano representa uma dimensão detalhada da relação dos cidadãos com os locais

pelos quais eles se deslocam. Esta dimensão abre possibilidades para o estudo da

pendularidade relacionada à mobilidade urbana, já que os deslocamentos são realizados

através de diversos modais, automóveis, ônibus, metro, trem, a pé, entre outros meios de

deslocamento. Tendo em vista a importância deste tema para o entendimento das dinâmicas

intra-metropolitanas, a pesquisa tem por objetivo analisar os deslocamentos dos cidadãos da

Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) por motivo de trabalho, que possuem 18

anos ou mais, levando em conta o nível de instrução desses.

Material e Métodos

Os dados foram extraídos do Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, IBGE. As variáveis utilizadas foram: nível de instrução; município de

residência e o local de exercício do trabalho principal. Nessa pesquisa optou-se por fazer um

recorte demográfico, incluindo apenas as pessoas com faixa etária e 18 anos ou mais. Com

relação ao nível de instrução, no censo, está dividido em quatro classes: sem instrução e

fundamental incompleto; fundamental completo e médio incompleto; médio completo e

superior incompleto; superior completo. Os dados foram tratados com o software SPPS 22.0

no laboratório de microdados (GEDEP) do Programa de Pós Graduação em Geografia -

Tratamento da Informação Espacial (PPGG-TIE) da PUC Minas. Para melhor visualização

dos dados foram elaboradas representações cartográficas ucom o software ArcGis 10.3.

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Resultados e discussão

Em 2010, na RMBH, 492.781 pessoas se deslocaram entre seus municípios por motivo

de trabalho, o que representa 10,1% da população da região. Deste total, 93,2% são

justamente dos municípios conurbados de melhor acesso rodoviário, e (principalmente

aqueles próximos às rodovias federais BR381, BR 040 e BR262) apresentando um maior

nível de integração territorial. Dos pendulares 31,1% é do grupo de pessoas sem instrução ou

com nível fundamental incompleto, 18,1% possuem fundamental completo e médio

incompleto, 38,7 médio completo e superior incompleto, e 11,6 nível superior completo.

Os resultados mostraram que o fluxo principal dos pendulares da RMBH é rumo à

capital, 319.792 deles saem diariamente do seu local de residência para trabalhar em Belo

Horizonte, representando 6,5% da população da RMBH, o que caracteriza a capital como uma

um polo de atração populacional ou “bacia de empregos” (MARANDOLA JR. e OJIMA

2014, p. 185). Destes pendulares com destino a Belo Horizonte, verificou-se que 34,8% não

têm instrução ou têm ensino fundamental incompleto; 18,5% têm ensino fundamental

completo ou ensino médio incompleto; 38,1% possuem ensino médio completo ou têm ensino

superior incompleto e apenas 8,7% completaram o ensino superior. Os municípios que mais

expulsaram pendulares sem instrução ou com ensino fundamental incompleto fopram:,Mário

Campos (59,2%), Baldim (52,8%) Vespasiano (47,0%), Nova União (46,3%), Esmeraldas

(45,5%), Ribeirão das Neves (44,7%) e Ibirité (41,8%).

A população com nível de instrução fundamental completo e médio incompleto

representa 18,1% do total de pendulares da RMBH, sendo Ribeirão das Neves, Contagem,

Ibirité e Betim os maiores “expulsores” de pessoas que possuíam este nível de instrução em

2010, somando 55,1% da população pendular deste nível da RMBH. Mário Campos foi o

município com maior evasão da população com nível de instrução fundamental completo e

médio incompleto sendo este com a perda de 59,2% da sua população pendular.

A população que mais se desloca por motivo de trabalho na escala intrametropolitana

é a com ensino médio completo e ensino superior incompleto. Contagem é o município com

maior número de pendulares e destes, 47,1% dos pendulares por motivo de trabalho têm esse

nível de escolaridade. Cabe destacar também Caeté, que apesar de apresentar apenas 0,8% da

população pendular da RMBH, é o que mais perde população deste grupo de escolaridade,

sendo 56,2% em relação a totalidade de pendulares do município (3.885).

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Mapa 1- Distribuição dos pendulares por motivo de trabalho da RMBH conforme o nível de Instrução em 2010: percentual

em relação ao total de pendulares por município.

Há uma concentração significativa de pendulares com nível superior completo que

residem na conurbação de Belo Horizonte (35,0%) e Contagem (24,8%) que juntas somam

59,8% da população de nível superior que fez movimento pendular em 2010. Ao analisar a

perda da mão de obra desta população dos municípios (MAPA 1) é possível traçar um eixo

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sul, sudoeste e central, onde estão os municípios de Itaguara com 46,1% deste grupo,

Brumadinho com 43,6%, Belo Horizonte com 35,5%, Nova Lima com 35,3% .

Conclusão

A RMBH conta com 4.883.970 (IBGE, 2010) habitantes. O seu arranjo espacial

caracterizado por uma contiguidade territorial entre os municípios proporciona diariamente

intensas “idas e vindas” da população que se desloca para fins de trabalho, sendo a principal

direção Belo Horizonte. Mas Contagem é o município com maior número de pendulares

90.659, sendo seguido de Ribeirão das Neves e Belo Horizonte. No contexto metropolitano

verificou-se a centralidade de Belo Horizonte na atração de pendulares, já que os municípios

que possuem mais pendulares se encontram no seu entorno, se deslocando rumo a ela. Os

municípios limítrofes que compõem a conurbação da RMBH têm maior grau de importância

em relação aos movimentos pendulares conforme três aspectos: densidade populacional,

proximidade geográfica com a capital, e o grau de integração dado pelo acesso rodoviário.

São eles: Contagem, Ribeirão das Neves, Betim, Santa Luzia, Ibirité, Sabará, Vespasiano,

Nova Lima, Esmeraldas, Pedro Leopoldo, Sarzedo e Lagoa Santa, municípios com maior grau

de subordinação a Belo Horizonte. Somando seus pendulares aos de Belo Horizonte,

representam 93,83% daqueles por motivo de trabalho da RMBH. Ademais, o maior fluxo de

pendulares da RMBH é realizado por pessoas do nível de instrução médio completo e superior

incompleto. A partir desta pesquisa preliminar se percebeu a necessidade de ampliar a análise

tendo como base tanto aspectos morfológicos do contexto metropolitano, quanto

demográficos comparando-se número de pendulaers e IDH’s municipais.

Referências

ANTICO, C. Deslocamentos pendulares na Região Metropolitana de São Paulo. SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, v. 19, n. 4, p. 110-120, out./dez. 2005.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA e ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2010 – microdados da amostra, 2010.

MARANDOLA JR.; OJIMA, R. Pendularidade e vulnerabilidade na Região Metropolitana de Campinas: repercussões na estrutura e no habitar urbano. R. B. ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS V.16, N.2, p.185-204, / NOVEMBRO 2014.