exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe...

49
CONTRAPONTO JORNAL ELETRÔNICO DA ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT OUTUBRO DE 2006 2ªEdição Legenda: Jornal eletrônico voltado para o segmento dos deficientes visuais, bem como, o público em geral. Entidade/Apoio: ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT Patrocinadores: XXXX CONTATOS: Telefone: (0XX21) 2551-2833 Endereço: Rua Marquês de Abrantes 168 Apto. 203 - Bloco A CEP: 22230-061 Rio de Janeiro - RJ e-mail: [email protected] # EDITOR RESPONSÁVEL: VALDENITO DE SOUZA e-mail: [email protected] EDITA E SOLICITA DIFUSÃO NA INTERNET. # [ EDITORIAL] O MOVIMENTO E AS BANDEIRAS A reserva de vagas em concurso público (lei no. 8.112/90 - Constituição Federal /1988), é, certamente, um divisor de águas, na história recente dos portadores de deficiência... Embora, alguns companheiros na época, contestassem esta lei, taxando-a de "paternalista", a considero necessária, visto que, a

Transcript of exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe...

Page 1: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

CONTRAPONTO

JORNAL ELETRÔNICO DA ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT

OUTUBRO DE 20062ªEdição

Legenda: Jornal eletrônico voltado para o segmento dos deficientes visuais, bem como, o público em geral.

Entidade/Apoio: ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT

Patrocinadores:

XXXX

CONTATOS:Telefone: (0XX21) 2551-2833Endereço: Rua Marquês de Abrantes 168 Apto. 203 - Bloco ACEP: 22230-061 Rio de Janeiro - RJe-mail: [email protected]

#

EDITOR RESPONSÁVEL: VALDENITO DE SOUZAe-mail: [email protected] E SOLICITA DIFUSÃO NA INTERNET.

#

[ EDITORIAL]

O MOVIMENTO E AS BANDEIRAS

A reserva de vagas em concurso público (lei no. 8.112/90 - Constituição Federal /1988), é, certamente, um divisor de águas, na história recente dos portadores de deficiência...Embora, alguns companheiros na época, contestassem esta lei, taxando-a de "paternalista", a considero necessária, visto que, a sociedade (com uma parcela de culpa nossa), nos oferece muito pouco para competirmos em igualdade de condições com os ditos "normais"...

No contexto atual, o desenho universal, se apresenta como o grande objetivo a ser atingido, em nome de uma sociedade mais justa...

" ... Desenho Universal( o Desenho Universal é um modo de concepção de espaços e produtos visando sua utilização pelo mais amplo espectro de usuários, incluindo crianças, idosos e pessoas com restrições temporárias ou permanentes. Baseia-se no respeito à diversidade humana e na inclusão de todas as pessoas nas mais diversas atividades, independente de suas idades ou habilidades.

Page 2: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

A meta é atingir um desenho de qualidade no qual, além de requisitos estéticos, é fundamental o fácil entendimento sobre o uso (legibilidade), a segurança e o conforto para todos. Logo não significa conceber espaços especiais para pessoas especiais mas, sim, dotar o espaço de qualidades que beneficiem a todos.Cabe a ergonomia ajudar a transformar positivamente as condições de trabalho para as pessoas com restrições, tanto à nível organizacional quanto ambiental. É neste último - ambiente físico, mobiliário e equipamentos - que os conhecimentos específicos do desenho universal são fundamentais.)"...

Educação inclusiva (feita de forma responsável, principalmente, com o comprometimento do corpo docente), direitos sociais claros e bem definidos(de preferência, com a implantação do estatuto dos portadores de deficiência, onde estarão elencadas as leis pertinentes), acesso pleno à informação e às novas tecnologias, adoção do desenho universal em toda sua extensão.São estas as " bandeiras", pelas quais, nosso movimento (seja ele de cunho associativista ou militante), precisa se unir em torno, afim de fazer frente a "NOVA ORDEM SOCIAL vigente"...

-O REDATOR CHEFE

Page 3: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[A DIRETORIA EM AÇÃO]

# ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT

Prestação de contas

Nesta coluna, a Diretoria da Associação dos Ex-Alunos do Instituto Benjamin Constant fará, mensalmente, um balanço de suas atividades naquele período. Como se trata, porém, do primeiro, faremos, desta vez, um resumo do que foi realizado desde o início de nossa gestão. Na área das comunicações via internet, foi criada a nossa lista de discussões, que tem por objetivo, proporcionar uma confraternização dos ex-alunos do IBC, bem como o debate sobre os problemas que envolvem aquele educandário e as questões relativas às pessoas cegas e de baixa visão, de modo geral. De nossa lista pode fazer parte qualquer pessoa, tenha sido ou não aluna do IBC, desde que se interesse pelo tema, o que torna mais rico o debate. Para se inscrever, basta entrar em contato com o moderador, através do endereço: [email protected] . Ele lhe enviará um convite, com as orientações necessárias. Apesar de ter sido criada há pouco mais de seis meses, a lista já rendeu pelo menos dois frutos importantes: este jornal e o encaminhamento de um documento ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, solicitando providências para obrigar as empresas responsáveis a oferecer melhores condições de acessibilidade às pessoas cegas nos ônibus urbanos da cidade do Rio de Janeiro. Antes da criação da lista, já existia a página da Associação na internet, que foi criada na gestão anterior e cujo endereço é: intervox.nce.ufrj.br/~exaluibc. Na área de preservação de nossa memória, foi celebrado um convênio com o Instituto Benjamin Constant, visando o desenvolvimento do projeto "Memória IBC", cuja finalidade primordial é pesquisar a história daquela Casa, disponibilizando os dados obtidos. Além disso, temos homenageado alguns colegas ex-alunos, entre os quais, Mayá Devi de Oliveira, Paulo Fernando de Souza, bem como Augusto José Ribeiro, Benedicta de Mello, Iracema Rodrigues Tôrres Hildebrandt e José Espínola Veiga, estes últimos já falecidos.Na área da cultura e do lazer, temos promovido shows com a participação de artistas ex-alunos, culminando com o evento "sexta cultural, apresentado na última sexta-feira de cada mês, graças a uma parceria com o "Projeto Livro falado" e o SESC. O evento tem lugar na Rua Santa Luzia, 785, segundo andar, Centro Rio de Janeiro / RJ e seu encerramento está previsto para o dia 24 de novembro próximo. Na área de apoio às pessoas cegas e de baixa visão, estamos promovendo, em parceria com o Conselho Brasileiro para o Bem-estar dos Cegos, um curso Preparatório para o próximo concurso público para o preenchimento de vagas do TRE/RJ. Temos plena consciência de que muito mais há para ser feito; temos, também, plena consciência de nossas próprias limitações, bem como do pequeno número de pessoas que efetivamente trabalham pela Associação. Esperamos, nas próximas edições, poder apresentar uma relação cada vez mais crescente de realizações, não apenas da Diretoria, mas da Associação como um todo.

Pela diretoria

Antônio Carlos Hildebrandt

Page 4: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[O I B C EM FOCO]

# PAULO ROBERTO DA COSTA

Oi caros colegas leitores,

O IBC é uma extensão de nossa vida, nosso caminho ou caminhos foi ou foram norteado/s por esse monumento de pedras centenárias. A continuação e perpetuação desse necessário propagador de ensinamentos depende somente de nós.

Estive conversando esses dias com o nosso editor chefe, comentei que, bem sei que ainda ficamos devendo quanto a um excelente jornal, porém, como disse ao nacionalista místico, estamos no começo e muito de nós não temos prática no assunto jornal.

Vamos fazer desse jornal uma tribuna esclarecedora, porta-voz dos nossos anseios e receios, vamos ser profundos colaboradores dessa casa, de onde já tiramos bastante conhecimentos.

Bem, vou aqui colocar para todos nós uma lembrança no éter: o Instituto Benjamin Constant tem um setor voltado para a reabilitação do deficiente visual. O que é reabilitação? Nada mais do que a reciclagem do individuo cego, portanto todos que precisam renovar determinado conhecimento, penso que se engloba nessa modalidade(reabilitação/reabilitando/reabilitado). Foi criada uma coordenação nessa especialidade. Essa coordenação está a cargo da profa. Margareth Olegário que também ministra cursos DE DOSVOX, Jaws,Virtual vision, digitação no IBC. Coversando em off com a profa. Margareth, recebi dela a notícia de que ela está estudando umas melhorias e acréscimos nessa área para o ano vindouro. A informática não está longe de nenhum de nós sedentos de saber, e, hoje em dia nada fica abortado da informática, portanto, vamos incentivar essa área do IBC para que possamos dar a nós mesmos e aos futuros ex-alunos do IBC a atualização de que tanto precisamos para estarmos mais perto da evolução dos tempos. Possue o IBC vários laboratórios que precisam sempre funcionar a todo vapor. Há pouco tempo passado a rede saci fazia parte em um desses laboratórios, hoje, por falta de patrocínio e incentivo não faz mais parte, que pena! Bom, estamos de olho!... O IBC é altivo e nós somos em grupo o porta-bandeira dessa casa e causa.

Paulo Roberto Costa, de frente para o otimismo e atento aos acontecimentos que envolvem ao nosso querido Instituto Benjamin Constant, I.B.C, para os mais íntimos!!!

Aposto, visitem a página do Instituto, procurem saber sobre as edições da revista Brasileira.

http://www.ibc.gov.br=Instituto Benjamin Constant

Amigos nós não fazemos e sim colhemos o que plantamos ao longo do caminho que percorremos. Regar com amor, adubar com muito carinho diariamente é o suficiente para que a amizade cresça frondosa e frutificante. Amizade verdadeira é como uma pedra que não se quebra nunca, também tem que ser como uma flor, delicada..... sempre...

PAULO ROBERTO DA COSTA([email protected])

Page 5: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[ DV EM DESTAQUE]

#JOSÉ WALTER FIGUEREDO

SOCIEDADE PRÓ-LIVRO-ESPÍRITA EM BRAILLE - SPLEB

Fundada em 30/06/1953 por Luiz #Antonio #Millecco, Marcus Vinicius Telles e o então, general Mário Travassos.

A Sociedade Pró-Livro-Espírita em Braille - SPLEB - é uma Sociedade Civil, sem fins lucrativos, com o objetivo principal de propiciar aos cegos, dentro e fora do País, o estudo pessoal da Doutrina Espírita, em suas próprias fontes.

A SPLEB se obriga, na medida de suas possibilidades, a realizar também: transcrição e impressão, para o Sistema Braille ou gravação, de obras doutrinárias, de caráter didático, profissional, tecnológico, legal, etc., de interesse dos cegos; alfabetização de cegos e formação de transcritores videntes, mediante cursos sob sua responsabilidade e ministrados gratuitamente.

Toda a produção em Braille é distribuída, gratuitamente, atendendo ao interesse ou à solicitação de cegos, não havendo, em relação aos beneficiários de quaisquer serviços da SPLEB, nenhuma discriminação de raça, sexo, cor e religião.

Da SPLEB, fazem parte, cegos e videntes, em igualdade de condições.

A SPLEB é dirigida por uma diretoria que é eleita pelo conselho deliberativo de quatro em quatro anos.É composta de:Presidente, 1º Vice-Presidente, 2º Vice-Presidente, 1º Secretário, 2º Secretário, 3º Secretário,1º Tesoureiro, 2º Tesoureiro, 3º Tesoureiro, 1º Procurador, 2º Procurador, 1º Bibliotecário, 2ºBibliotecário e Diretor de atividades doutrinárias.

Os membros da diretoria, bem como os demais trabalhadores da Casa, são todos voluntários, exceção feita a 2 funcionários que são assalariados.

A SPLEB é mantida pela contribuição dos sócios e por eventos, como bazares e shows, que realiza com o fim de arrecadar fundos para manter os serviços que presta aos cegos.Segundo um lema da Casa, "tudo é de graça na SPLEB, mas nada é de graça para a SPLEB".

Serviços prestados pela SPLEB:

Curso de braille no local ou por correspondência para cegos e videntes.Empréstimo de obras doutrinárias ou não, que fazem parte da Biblioteca Casimiro Cunha (essas obras são transcritas, ou seja, copiadas pelos transcritores).Doação das obras, doutrinárias ou não, impressas pela Imprensa Braille da Casa (são obras impressas nas máquinas da Imprensa Braille).Impressão em braille de apostilas, manuais, estatutos, leis, etc, solicitados pelos cegos.Empréstimo de obras, doutrinárias ou não, gravadas em fitas cassetes, que constam da audioteca da SPLEB.

A SPLEB também realiza serviços para órgãos públicos ou não, como impressão em braille de

Page 6: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

cardápios para restaurantes, placas em braille para o Jardim Botânico, o Jardim Zoológico, etc.

Através da página da SPLEB (www.#spleb.#org.br) pode-se ter acesso ao acervo de obras, tanto em braille como em fitas cassetes.

Acessa-se, também, o CNPC (Catálogo Nacional de Publicações para Cegos), que contém os acervos das diversas bibliotecas do país que possuem obras para cegos, discriminando os meios emque essas obras se apresentam, como, por exemplo, braille, fita, disquete, CD, etc.A página do CNPC é constantemente atualizada, podendo o cego saber onde procurar a obra de que precisa.

Na página da SPLEB são publicadas, também, os temas das palestras da reunião pública das terças-feiras, e tudo mais sobre a instituição. Solicitação:

A SPLEB solicita dos cegos e videntes que venham ao seu encontro para colaborar nos serviços que presta aos deficientes visuais de todo o mundo. Suas obras são enviadas para todo o Brasil e para vários países estrangeiros.Os cegos podem colaborar na revisão de livros, cópia, impressão, etc.Os videntes podem ajudar na costura dos livros, encadernação, transcrição, impressão, ler obras para a gravação da audioteca, etc.

Evento:

Do dia 07/10/2006 ao dia 13/10/2006, acontece o bazar da SPLEB, na Rua das Laranjeiras 48, loja 21.No dia 07 o funcionamento é a partir das 14 h. No dia 13 é até às 12 h. Nos demais dias é das 9h às 17 h.

No dia 12/11/2006 a SPLEB participa da Feira de Integração das Casas Espíritas, no Abrigo Tereza de Jesus, Rua Ibituruna 51, das 9 h às 18 h.Nesta feira vende-se artigos das mais diversas variedades, desde comida a livros. É um evento destinado à confraternização das pessoas das casas espíritas, além, é claro, de proporcionar meio de arrecadar recursos.

Programa de rádio:

O programa "A Voz da SOCIEDADE PRÓ-LIVRO-ESPÍRITA EM BRAILLE" é transmitido pelaRádio Rio de Janeiro 1400 KHZ AM, todos os domingos às 11,15 h.Nele são divulgadas notícias sobre a SPLEB, serviços prestados aos cegos, orientações de como se deve lidar com o deficiente visual, músicas de cunho doutrinário compostas pelos compositores que frequentam a Casa, etc.

Telefone: (0xx21) 2288-9844. Fax: (0#xx21) 2572-0049.Endereço: Rua Thomaz Coelho, 51. Vila Isabel. Rio de Janeiro. RJ. CEP 20540-110.Brasil.E-Mail: [email protected]ágina na WEB: www.spleb.org.br

Page 7: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

Notícias gerais:

Cegos guiados por telemóvel de casa até à estação de metrô (Jornal de Notícias de 02-10-2006)Cegos guiados por telemóvel de casa até à estação de metrô Telemóvel é o único instrumento de que o utente necessita para beneficiar do apoio à navegação Reis Pinto.A Empresa do Metrô do Porto prepara-se para eliminar mais uma barreira à mobilidade dos seus clientes. Dentro de um ano, e através de um simples telemóvel, será possível aos invisuais e aos cidadãos com problemas de visão ter acesso às mesmas informações de um cidadão normal. Mais ainda, poderão saber, ainda antes de sair de casa, qual o tempo previsto até à chegada da próxima composição. Já no interior da estação, 'ouvirão' todas as indicações afixadas nos painéis de informação.Os projectos, inéditos a nível mundial, foram denominados de #Infometro (Portal de voz #interactivo do metrô do Porto para utentes com dificuldades visuais) e #Navmetro (Sistema complementar de navegação pessoal na rede do Metrô do Porto para pessoas com dificuldades visuais).Telemóveis normaisO serviço, que será gratuito, poderá ser acedido através de telemóveis disponíveis no circuito comercial. Para o Infometro, será suficiente um terminal normal e o cliente apenas terá de assinar um documento autorizando a sua localização.A partir do momento em que é efectuada a chamada para o serviço, o utilizador é localizado (como se estivesse a usar um GPS) e é-lhe explicado, por exemplo, o trajecto mais curto para a próxima estação do metrô, quanto tempo falta para a próxima composição, ou qualquer outra informação que seja considerada relevante.O Infometro será um sistema universal, uma vez que poderá ser utilizado por todos os clientes do Metro, ou seja, não está fora de hipótese a sua disponibilização, por exemplo, como instrumento de apoio para os turistas estrangeiros. Para "navegar" no interior das estações é obrigatório ter um telemóvel com tecnologia "#bluetooth", que possa 'comunicar' com os painéis informativos.Ao serviço das pessoasEstes inovadores projectos começaram a ser imaginados, não muito longe da sede da metrô, por Diamantino Freitas, do Departamento de Electrotecnia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto."Já há alguns anos que estudava a melhor forma de colocar a tecnologia ao serviço das pessoas com necessidades especiais e a empresa mostrou-se muito receptiva às minhas propostas", referiu Diamantino Freitas.O principal objectivo do trabalho que será agora desenvolvido durante um ano, pela #FEUP e a Metrô do Porto, com a colaboração da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), é "transmitir eficazmente a informação". "Ou seja, com fidelidade, em tempo útil e com conforto para o utilizador. Queremos que seja tão fácil como ter uma pessoa ao lado", diz Diamantino Freitas.Para a metrô do Porto, este projecto surge como prolongamento natural da sua política de universalidade."Queremos prestar o mesmo serviço a todos os passageiros. Isso está conseguido, por exemplo, a nível arquitectónico, com todas as estações acessíveis. Ainda antes da entrada em exploração comercial, tivemos a ajuda da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) no #'desenho' das estações", referiu Manuel Paulo Teixeira, responsável pelo gabinete de projectos da metrô do Porto.Diana Santos, técnica de Orientação e Mobilidade da ACAPO, destacou o conforto de utilização do

Page 8: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

metrô."Tenho uma utente de #Valongo que usa o #autocarro e tem de contar as curvas para saber em que paragem sair. O metrô é mais 'amigável' e este projecto irá permitir maior independência a pessoas com deficiência visual ou baixa visão", referiu Diana Santos.Estado comparticipa na compra de telemóveisUma das vantagens deste projecto é que os telemóveis são considerados como "ajuda técnica" para os cegos e amblíopes e, como tal, a sua compra é subsidiada. Considerado de "interesse público" O Infomtero e o #Navmetro foram considerados #projectos de "interesse público" e contemplados com o financiamento máximo previsto no programa de Inclusão Digital. Agora, será uma corrida contra o tempo, pois os projectos têm de estar concluídos e funcionais em Outubro do próximo ano.

JOSÉ WALTER FIGUEREDO ([email protected])

Page 9: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[DE ÔLHO NA LEI]

#Dulavim de Oliveira

Com promoção do Projeto livro Falado e da Associação dos Ex-Alunos do Instituto Benjamin Constant, no dia 28 de Setembro próximo passado, com início às dezoito horas e trinta minutos, no SESC, situado na Rua Santa Luzia, nº 685, 2º andar, foi ministrada palestra sob o tema Direitos dos Deficientes.

No evento estiveram presentes cerca de quinze pessoas, que ouviram dos palestrantes Cláudio de Castro Panoeiro - Advogado da União - e Márcio de Oliveira Lacerda - integrante do Quadro dos Serviços Auxiliares do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - aquele atendo-se ao nível federal, este ao estadual, abordagem do tema, em especial à produção legiferante nos respectivos âmbitos de governo.

Cláudio dividiu sua fala abrangendo os aspectos cultura, saúde, educação, trabalho e acessibilidade, dando maior ênfase aos dois últimos, esclarecendo que estava por ser instituído através de lei, cujo projeto já tramita pelo Legislativo Federal, o Estatuto do Deficiente, em cujo teor estariam contempladas todas essas matérias.

Márcio estabeleceu que sua fala teria início a partir de 5 de Outubro de 1989, ano em que foi promulgada a Constituição Estadual do Rio de Janeiro, em cuja base material fixou sua explanação. Mencionou que, nesta carta, havia sido dada grande importância ao tema, tanto que fora criado capítulo especial para a matéria, sem que a mesma fosse relegada em outras partes da carta política do nosso estado. À medida que ia avançando pelo texto constitucional fluminense, destacou algumas leis que regulamentam o comando magno a nível de estado.

Por volta das oito horas e vinte minutos, foi encerrado o encontro. Antes, porém, foram feitas perguntas aos palestrantes, em forma de debate, já que os presentes demonstraram já terem conhecimento razoável do tema.

Rio de Janeiro, 02 de Outubro de 2006

Márcio de Oliveira Lacerda - colaborador

Dulavim de Oliveira ([email protected])

Page 10: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[TRIBUNA EDUCACIONAL]

# SALETE SEMITELA

Duas condições indispensáveis para criar filhos saudáveis são saber impor limites e dar afeto.

Escola de pais - para que seu filho cresça feliz é um excelente livro de cabeceira para os pais empenhados nesse resultado. O autor é consultor para a América Latina do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), um dos fundadores do Centro Brasileiro da Criança e criador do programa Criança esperança, da Rede Globo. Além de colocar por terra mitos como o de que o colo estraga a criança, Lobo conclui que duas condições indispensáveis para criar filhos saudáveis são saber impor limites e dar afeto.

ISTOÉ - Quais são os erros mais frequentes cometidos pelos pais brasileiros? Luiz Lobo - A cesariana é o primeiro. A criança precisa do esforço de nascer para completar sua maturação. Com a cesariana, ela leva tempo para se desenvolver. Não faz as sinapses (ligações entre os neurônios) necessárias. As sinapses são também proporcionais à atenção que a criança recebe dos pais, com estímulos à visão, ao tato e à audição. No parto normal o nascimento é uma luta na qual a criança sai vencedora.

ISTOÉ - Como se explica que filhos de pais muito "doidos" acabam se tornando "caretas" e responsáveis?Lobo - A caretice é por oposição. A criança acha os pais tão loucos que, por causa disso, vai ser careta. É a educação pelo mau exemplo.

ISTOÉ - Como pais sem limites podem estabelecer limites para seus filhos?Lobo - Pais sem limites não conseguem impor limites a seus filhos. A condição para impor limites é que eles sejam justos, coerentes e consistentes. Se os pais dizem à criança que ela não pode passar o dia na televisão, não podem fazer o mesmo. A criança pequena não entende limite. Precisa de regras, como não atravessar a rua sozinha. A partir dos três anos as regras passam ao limite. O limite tem que ser um consenso entre o pai e a mãe para ser coerente. Quando é bem estabelecido, a criança se convence de que é verdadeiro e o internaliza como um valor dela.

ISTOÉ - Com tanta informação disponível, o sr. acha que se educa melhor hoje?Lobo - Países como os escandinavos perceberam a importância do desenvolvimento da criança até os seis anos. Criaram creches fantásticas. Mas voltaram atrás. Passaram a financiar as mães para que ficassem em casa com seus filhos. Chegaram à conclusão de que o desenvolvimento afetivo é o mais importante. Por mais bem tratada que seja a criança em creche, se tiver a atenção dos pais, será melhor. Hoje, há tanta informação que as pessoas estão com medo. Sabem que são responsáveis pelo desenvolvimento de seus filhos e, em muitos casos, preferem transferir a responsabilidade de educá-los a creches, babás e escolas.

ISTOÉ - Por que, no livro, o sr. conclui que não existem verdades cristalizadas em educação?Lobo - Os pediatras só se interessam pelo desenvolvimento físico da criança e são, às vezes, mal informados. Isso dá margem aos mitos cíclicos, aos modismos. Houve um tempo em que 90% dos pediatras acreditavam que a mamadeira era melhor que o peito. Uma pesquisa feita na Inglaterra durante dez anos e concluída em 1986 mostrou que 82% dos criminosos violentos não mamaram no peito e 79% deles foram agredidos fisicamente pelos pais

Page 11: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

ISTOÉ - Muitos médicos recomendam às mães que evitem pegar seus bebês no colo. Segundo o sr., isso é um engano.Lobo - Absoluto. É outro modismo: uma hora pode, outra não. O afeto é condição fundamental para a criança desenvolver autoconfiança. O colo é uma das formas de transformar o amor em ação, para que ela perceba o sentimento dos pais. Nisso se inclui o apertar, beijar e pegar no colo.Na década de 80, fiz um livro para o Unicef chamado Os novos direitos da criança. Entre eles, incluí o colo. Dizer que o colo estraga a criança foi um excesso para coibir os pais do exagero de passar o dia inteiro com os filhos no colo.

ISTOÉ - Outro modismo é o uso da chupeta. Que tipo de consequência pode trazer para a criança o fato de usá-la até depois de um ano?Lobo - Depende muito da formação da arcada dentária e do tempo que ela passa com a chupeta. Pode deformar os dentes. Mas há crianças que precisam de chupeta, outras não. Há bebês que só usam chupeta para dormir. Normalmente filhos de pais calmos, que vivem em um ambiente sem ansiedade, não precisam de chupeta. Mas as crianças sempre enfiadas em shoppings necessitam da chupeta para aliviar o stress. O importante é que a chupeta não seja imposta pelos pais para resolver seus problemas.

ISTOÉ - Parece que o sr. conclui que palmadas e agressividade não são nada educativas. Já bateu em um filho seu?Lobo - Sou antiviolência. Nunca dei um tapa ou beliscão em meus filhos. A autoridade é moral. O autoritarismo é resultado da falta de autoridade. Quando uma pessoa bate em seu filho está confessando sua incapacidade. Na realidade, a agressão física nada mais é que uma explosão de raiva, que não traz resultados pedagógicos.

ISTOÉ - O sr. formou-se em Jornalismo. Como se interessou pelo tema educação infantil?Lobo - Pouco antes de me casar, aos 20 anos, uma médica disse que meu RH era negativo e de minha mulher positivo e que não deveríamos ter filhos.Aprofundei-me no tema e acabei um dos maiores entendedores de RH do Brasil. Casamos e tivemos dois filhos sadios. Desconfiei então que os médicos eram desinformados e que a literatura nessa área era ruim. Comecei a ler bastante e constatei que havia muita vigarice. O assunto me atraía e comecei a ler os pedagogos. Meu livro é uma compilação do que li de melhor sobre educação infantil, em linguagem jornalística.

ISTOÉ - Quais foram os pedagogos que mais acrescentaram?Lobo - Comecei por Piaget. Encantei-me com Winnicot. Para ele, o desenvolvimento infantil só é correto quando harmônico, ou seja, quando reúne o crescimento afetivo, intelectual, mental e físico. O polonês Janus Korshak também me interessou muito. Era judeu, viveu na época da Segunda Guerra e foi o primeiro a defender a teoria de que o amor e a liberdade na educação são antagônicos ao autoritarismo exercido pelos pais e professores. Ele acreditava no respeito à liberdade da criança e me influenciou muito.

ISTOÉ - O sr. é pai de dois filhos e avô de quatro netos. Teve a oportunidade de colocar em prática suas sugestões na primeira e na segunda gerações? Considera seus filhos e netos bem-educados e felizes?Lobo - Muito bem-educados. Perdi meu filho mais velho, Luiz, há 13 anos em um acidente de

Page 12: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

helicóptero. O segundo, Luiz Fernando, é diretor de teatro. Tenho quatro netos, sendo dois de sangue. Somos uma família feliz.Acho até que influenciei muita gente em como educar seus filhos. Se vejo um adulto puxando a orelha de uma criança, me intrometo.Aprendi a valorizar as coisas de uma maneira diferente. Quando o acidente aconteceu, preferi largar um emprego maravilhoso que tinha em São Paulo e vir para o Rio ficar perto de meu segundo filho,que tinha 20 anos naquela época.

ISTOÉ - O sr. também constatou que há problemas graves na comunicação entre pais e filhos. Que tipo de consequências essa falta de comunicação pode acarretar?Lobo - Cito um exemplo: a criança bate com a cabeça na quina da mesa e a mãe diz que não foi nada. Dá um beijo e diz que passa. E a dor que a criança sente? O beijo também não passa nada. A negação do sentimento é uma das piores formas de educação.

ISTOÉ - Durante muitos anos defendeu-se a tese de que o importante não era a quantidade, mas a qualidade do tempo que se passava com os filhos. O sr. concorda?Lobo - Autores americanos chegaram a sugerir que cinco minutos de contatos diários com os filhos eram suficientes. É uma bobagem, de fato. Mas essa falta de tempo é discutível. Se os pais chegam em casa e vão para a tevê antes de dar atenção ao filho, há alguma coisa de errado. Tem muita gente que finge não ter tempo. O egoísmo está em alta. A família, que antes incluía o poder moderador dos avós e o carinho dos tios, está limitada a pai, mãe e filho.

ISTOÉ - De que forma o avanço da informatização no cotidiano das pessoas pode aumentar esse individualismo?Lobo - Nada é bom ou ruim em si. A televisão, por exemplo, não é boa ou má. Pode ser um benefício ou malefício, a questão é o uso que se faz dela. Com o computador é igual. Dá um desenvolvimento mental mais rápido à criança. Todos os novos instrumentos de comunicação alteram a cultura. A criança tem que participar. Mas, se passar oito horas na frente de um computador, é evidente que será prejudicada. Também é uma questão de limite.

ISTOÉ - Como o sr. vê a erotização na tevê?Lobo - O sexo costuma ser tratado como uma coisa suja. É importante não deixar a criança desenvolver noções erradas sobre o corpo humano, de uma forma geral. Criança bem informada se defende melhor quando exposta a essa erotização da tevê. O que me assusta na televisão é a ignorância de pais que colocam sua filha pequena imitando a Carla Perez. É claro que estão contribuindo para erotizar a criança. Mais uma vez, é uma questão de limite, de evitar determinados horários. O que sou contra é à censura do Estado.

ISTOÉ - Qual a faixa etária que mais sofre com a separação dos pais?Lobo - Dos três aos cinco anos. Acham que são as culpadas pela separação. Até os três anos, a criança pode se adaptar a um novo pai. A partir de então, entra na idade mental e qualquer golpe que sofra é muito doloroso. A pior coisa que pode acontecer nessa faixa é perder o pai ou a mãe e mudar de casa e escola ao mesmo tempo. Às vezes é impossível de aceitar. Daí o número cada vez maior de crianças deprimidas.Antigamente isso não existia. Só nos EUA, há três milhões de crianças deprimidas, por abandono ou falta de atenção, segundo levantamento da Sociedade de Psiquiatria Americana.

Page 13: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

ISTOÉ - Recusar-se a comer é uma das formas de a criança demonstrar seu poder. O que costuma significar esse tipo de reação e como os paisdevem agir nesses casos?Lobo - Quando os pais obrigam a criança a comer, querem exercer seu poder.Não estão muito preocupados com a alimentação. Nenhuma criança morre de fome espontaneamente. Se parar de comer por mais de três dias está doente. A hora de comer deve ser prazerosa. Para isso, é preciso que a criança coma o que ela gosta. O bebê nasce com todos os sentidos prontos, menos o paladar. Por isso comer é um aprendizado. Se os pais impuserem ao filho que ele tem que comer determinada coisa, a hora da comida acaba desagradável. Já vi uma criança dizer que só queria comer sorvete e os pais a deixarem sem nada. Mas não seria melhor se ela comesse ao menos o sorvete? O melhor é não comer, se não quiser, para que não se crie um clima de confronto.

(reportagem retirada da revista "ISTOÉ, janeiro de 2005)

SALETE SEMITELA([email protected])

Page 14: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[ANTENA POLÍTICA]

# HERCEN HILDEBRANDT

Uma Simples Reflexão Complicada

Dizem os videntes que "nada há pior que não poder ver a luz do dia". Eu, porém, que não tenho a menor lembrança de já tê-la visto, talvez para espanto de alguns leitores, afirmo: não sinto a menor falta dela. Uma frase que costumamos ouvir com bastante freqüência é: "em terra de cego, quem tem um olho é rei". Mais uma vez posso estar surpreendendo os leitores desinformados: a cegueira não nos impõe grandes dificuldades para governar nossas vidas. No entanto, mesmo os cegos mais "convictos", os que conheceram bem cedo a experiência de "não ver a luz do dia", mesmo os mais espertos, "engolem" estas idéias. Aprendem a admirar os companheiros capazes de fazer muita coisa que só achamos impossível porque nunca fomos estimulados ou, na maioria dos casos, não nos foi permitido fazer. Lembro-me bem: ainda menino, ouvia falarem com admiração de meu pai, que, como todos sabem, era cego, pelo bom conhecimento que tinha da cidade e por sempre chegar onde desejava com segurança. À medida que crescia, fui observando que muitos dos que o elogiavam eram tão cegos quanto ele e capazes de realizar a mesma façanha. Eu mesmo, um dia, aprendi a movimentar-me pelas ruas do Rio sem grande dificuldade, pelo menos nos locais que, dado às circunstâncias de minha vida, tinha que freqüentar. É importante aduzir que, no tempo de minha infância e adolescência, não havia cursos de orientação e mobilidade no Brasil e que, mesmo depois que eles foram criados, nunca senti-me estimulado a freqüentá-los. Outro exemplo que merece consideração é nossa habilidade para cozinhar. Um ex-aluno do IBC, anterior ao fechamento - aqui não citarei nomes - vivia afirmando que as mulheres cegas não são capazes de fazê-lo bem. Um de seus colegas, casado com uma mulher cega reconhecida por suacompetência culinária, convidou-o a passar um domingo em sua casa. Ele chegou cedo e presenciou a preparação do almoço que lhe foi oferecido.Manifestou efusivamente o prazer que os quitutes da colega lhe proporcionaram. Mas, ainda assim, continuou a alardear entre os amigos sua descrença de que uma mulher cega fosse capaz de cozinhar bem. Em nossa cultura, a luz é a fonte do entendimento e do saber. Tudo de útil depende da visão, o sentido que nos permite desfrutá-la. Os cegos não têm acesso à luz. Ademais, o homem é um ser dotado de cinco sentidos. Aprendemos a crer que a falta de um deles, especialmente aquele considerado o mais nobre, torna-o "anormal" e desabilita-o para a vida. Um terceiro aspecto que precisamos levar em conta é que, via de regra, as pessoas que nos estão mais próximas - nossos familiares mais íntimos - são videntes e acostumaram-se a depender da visão para tudo. São estas que nos transmitem as primeiras lições de vida, introduzindo-nos na cultura da sociedade a que nos integraremos. Talvez isto explique porque aprendemos a tomar os videntes como referência. O cego mais "habilitado" é aquele que, em tudo o que faz, mais se parece com eles. Um comentário dos videntes que muito nos envaidece é: "às vezes eu até me esqueço de que você é cego!". E quantas vezes desejamos esquecê-lo também?... O conceito de "homem normal" e o supervalor da visão são componentes da ideologia hegemônica na sociedade em que vivemos. Para libertarmo-nos deles teremos que alterar profundamente nossa própria concepção de mundo, o que não me parece muito fácil, mesmo para os que se encontram em maior desvantagem. É no contexto desta análise, que, para a razão, pode parecer muito simples, mas, que, para a

Page 15: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

consciência, é bastante complicada, que vou incluir um problema dos mais importantes para nós cegos. Estaremos nós incapacitados para dirigir automóveis ou serão os automóveis que não estão preparados para ser dirigidos por nós? Vamos retroceder a questão ao século XVIII e expô-la nos termos em que ela foi discutida na época, quando ainda não havia automóveis. Poderia um cego ler e escrever? Colocando o tema na forma inicial: estariam os cegos incapacitados para o uso da escrita ou seria a escrita que não estaria preparada para o uso pelos cegos? Com o surgimento do Sistema Braille, ficou comprovado que a segunda alternativa era a correta; a escrita é que não estava preparada para o uso pelos cegos. Entretanto, sempre que pensamos no exercício de qualquer atividade humana por um cego, indagamos se esta condição o impede ou não de fazê-lo. Nunca nos vem à mente a segunda alternativa, isto é, que a atividade pode não estar preparada para ser exercida por ele. É provável que, mesmo os cegos mais "convictos", os que conheceram bem cedo a experiência de "não ver a luz do dia", mesmo os mais espertos, incorram no equívoco.

(Publicado em Tateando, setembro de 2003)

HERCEN HILDEBRANDT([email protected])

Page 16: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[PERSONA]

# IVONET SANTOS

Por Sandro Laina Soares (em substituição a colunista titular Ivonete Santos)

Profª. Mayá Devi de Oliveira, 51 anos de magistério, nos conta um pouco de sua vida. Nos fala sobre sua chegada ao IBC, sobre o início de sua carreira de professora e sobre o início de seu interesse pelas poesias. Acompanhem a entrevista a seguir:

Contraponto: Como começou sua vida estudantil? Você estudou aqui no IBC?

Mayá: Sim, estudei. Mas ela não começou aqui não. Embora sem nenhum certificado, minha vida estudantil começou em minha casa. O meu pai era uma pessoa muito instruída e lá em casa tinha uma disciplina que tanto eu quanto meu irmão e mais um menino que minha mãe criava, tínhamos aulas com meu pai. Mesmo com minha deficiência, meu pai tinha muito jeito para ensinar e eu gostava muito de estudar e tinha uma boa memória também. Inclusive, fui alfabetizada por ele, no sistema normal. Ele pegava aqueles lápis bicolores, que tinham uma ponta azul e outra vermelha, e fazia as letras de forma bem grandes e deste modo, ele me alfabetizou. Após eu aprender a ler, ele me ensinou as matérias: história, um pouco de geografia, matemática, português e até ciências.

Contraponto: Com quantos anos a senhora começou a estudar no Benjamin?

Mayá: Comecei no fim de meus 18 anos. Um pouco tarde sim, mas com uma vantagem. Com as aulas de meu pai, eu entrei aqui com conhecimentos que me possibilitava estar na quarta série. Embora eu não pudesse estar naquela série, as habilidades que eu havia adquirido com meu pai me possibilitou fazer um ano de supletivo no ano de 1948 e já em 1950 eu começava o primeiro ano ginasial.

Contraponto: Qual a grande diferença que a senhora percebe no comportamento dos alunos da sua época para os de hoje?

Mayá: Quanto ao comportamento dos alunos, eu posso lhe dizer com franqueza, que era bem mais positivo que o de hoje. Digo positivo, não somente por eles estudarem muito mais que os de hoje, que é uma verdade, mas o principal diferencial é que naquela época, talvez por estudarem bem mais, eles eram bem mais conscientes de seus direitos do que os de hoje. Então, quando acreditavam que seus direitos não estavam sendo bem observados, não ficavam de reclamações pelos corredores não; eles faziam comissões ordeiras, mas categóricas. Eu inclusive fiz parte de algumas destas comissões. Isto acabou aqui.

Contraponto: Quantos anos a senhora estudou aqui no IBC?

Mayá: Bom, deixe-me ver: Entrei em 1948, onde fiz o primeiro ano do curso supletivo primário, aqui tinha um curso supletivo à noite. Aí, a professora achou que eu deveria fazer o curso de admissão para o ginásio e em 1949 eu não fiz o segundo ano do supletivo; fiz o curso de admissão para o primeiro ano ginasial. Em 1950 eu comecei o primeiro ano ginasial e fiz os 4 anos ginasiais. E foi o tempo em que estudei aqui. Mas fiquei mais um tempo aqui porque fui estudar no colégio Benett e algumas matérias do curso normal que fiz foram feitas aqui, como Educação Física, Trabalhos Manuais. Eles achavam que estas matérias o IBC tinha mais recurso para transmitir para nós. E digo nós porque fiz o curso lá com uma amiga, a Luzia Villela Pedras.

Page 17: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

Contraponto: Da sua época de aluna, você tem alguma recordação de um momento engraçado ou importante que tenha, de algum modo, marcado sua vida?

Mayá: Tive alguns fatos sim, um engraçado e um que me marcou muito, que inclusive me emociono ao lembrar. O engraçado foi que naquela época, várias pessoas tinham a mania de imitar outras pessoas. Eu inclusive também imitava, mas não era das mais vanguardeiras imitadoras não. Então, tinha um aluno, o João de Araújo, que chamavam de Bajara, que imitava o diretor da época, o Dr. Joaquim Fernandes de Sá. E ele imitava direitinho o diretor. E uma vez que o pessoal foi para a sala de Canto Orfeônico, atual Miniauditório; fomos lá para cantar. Já era umas quase 6 horas da tarde e a gente achou que o diretor não iria aparecer por lá. Aliás, aquilo não podia ser feito porque naquela época, apesar da escola ser mista, ou seja, aceitar meninos e meninas, não nos era permitido falar com os meninos a qualquer hora. Tinha uma sala, a sala de espera, onde era permitido falar com eles. Ademais, já era tarde também e a gente não podia fazer aquilo sem vigilância. Mas fomos para lá. Estávamos lá cantando, na maior animação e acabou chegando o diretor... Ele falou: "Oh! Vocês por aqui, a esta hora, não é hora de estarem aqui, ainda mais meninos e meninas juntos..." Ele tinha uma mania de fazer umas interrogações ao fim de cada frase, assim: "Tá vendo?" Era muito engraçado... Eu tive dúvidas, achei que era o diretor sim, mas um dos rapazes, achando que não era o diretor, falou: "O Bajara, deixa de ser besta!" E na verdade era o diretor mesmo... E eu achei isto bem engraçado. Já uma coisa importante que me marcou foi que pelo fato de eu já ter recebido aquelas orientações do meu pai, os trabalhos que eram passados aqui eram muito fáceis para mim. Então eu comecei a ajudar umas meninas que estavam com um pouco de dificuldade. Eu as reunia lá no antigo Canto Orfeônico e ajudava. Em uma manhã, percebi que entrou uma pessoa e ficou parada; mas eu continuei dando minhas explicações. Depois de um tempo, veio falar comigo. Não era ninguém mais ninguém menos que o diretor. Ele me parabenizou por estar ali ensinando minhas colegas e eu disse que gostava de fazer aquilo e, já que já tinha terminado minhas tarefas, fui ajudar as meninas. Foi importante porque ele escreveu uma carta a meu pai, lembrando que eu podia ficar interna lá, coisa que já havia me negado por causa de minha idade. Aquilo me deixou muito contente e eu fiquei muito estimulada achando bastante importante, visto que era um diretor muito austero e que tinha reconhecido aquilo, realmente me deixou muito feliz e me marcou muito.

Contraponto: A senhora foi fazer o que chamamos hoje de segundo grau e voltou ao IBC como professora em que ano?

Mayá: Já em 1955. É que eu me encontrava no segundo ano normal no colégio Benett e, naquele tempo, as nomeações por aqui não eram através de concurso público como é, em sua maioria, hoje; tinha também as nomeações interinas, que eram, basicamente, através de conhecimentos na cúpula, o conhecido hoje como pistolão. E acontecia que eu e a Luzia Vilela estávamos fazendo o curso normal, o curso adequado para dar aulas aqui e houve pessoas que não faziam cursos como aqueles e que estavam sendo nomeadas. Eu não tinha pistolão, mas a Luzia Vilela tinha e, com o pistolão dela, fomos nomeadas. Nossa nomeação saiu no diário oficial do dia 18 de abril de 1955 e tomamos posse no dia 05 de maio, entrando em exercícios no dia seguinte. Agora, tivemos a honestidade de ir falar ao chefe da seção de Educação e Ensino, que se chamava Renato Monar da Gama que não era isto que queríamos, pois ainda estávamos terminando o curso normal, mas que devido as circunstâncias, que queríamos não ter turmas ainda e ficássemos somente tirando dúvidas, até que nos formássemos. Ele era uma pessoa muito larga de idéias e nos compreendeu, não nos dando turmas até que nos formássemos.

Contraponto: Mayá, nos conte como foi dar aulas de história no período referente ao Regime Militar?

Page 18: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

Mayá: Ah!, foi muito difícil. Você sabe que a gente, professor de história, não deve tomar partido, se bem que muitos tomam, mas não deveriam. E, tínhamos que dizer os fatos como aconteceram. Não podíamos ser desonestos, mas também não podíamos dizer tudo explicitamente. Era complicado. Lembro-me que um aluno me perguntou, bem no início do Regime Militar, o que eu achava sobre o Carlos Lacerda, uma pergunta muito complicada para o momento. E eu tive que sair pelos fundos; pedi que ele pesquisasse e formasse a própria opinião, pois não seria bom que ele tivesse a minha opinião. E essa não foi a única vez que tive que sair pela porta dos fundos... Uma outra coisa, é que no programa que tínhamos que seguir, não entrava a Revolução Russa. Mais uma coisa, é que por várias vezes, enquanto estávamos dando aula, passavam pelos corredores pessoas estranhas à escola; e depois, fomos avisados que tomássemos cuidado, principalmente os professores de história, pois estávamos sendo vigiados.

Contraponto: Agora, Mayá, queria que falasse sobre um fato engraçado e um outro importante que lhe marcou como professora?

Mayá: Uma coisa que eu achei engraçada, foi uma imitação que uma aluna, a Solange, fazia de mim... Ela me imitava, e bem... Já o fato que me marcou, dentre muitos outros, foi um que me sensibilizou tanto que eu tenho até um soneto deste fato; foi quando em um intervalo destes, quatro ex-alunos meus me chamaram e me levaram para uma salinha. E aí, eles estavam com um presente, eu vi que era um presente pelo papel, e me entregaram e me abraçaram. Eu estranhei porque não era época de meu aniversário nem nada, mas um deles, que tinha baixa visão, falou que era pelo Dia das Mães. Eu falei que eles eram muito amorosos realmente, mas eu nem era mãe! E eles disseram que justamente por isso que tinha muito mais mérito o que eu fazia por eles, porque uma mãe, de modo geral, tem que gostar dos filhos e eu fazia tudo aquilo por eles sem ser mãe deles... Aquilo me calou bastante, tanto que fiz um soneto.

Contraponto: Falando de seus sonetos, nos fale quando a senhora começou a escrever?

Mayá: Eu comecei a escrever quando eu era ainda menina porque dentre as coisas que meu pai me ensinou, ele me deu aulas de versificação, pois ele também foi poeta, anônimo, é verdade, mas foi. E aí eu comecei a me inspirar. Eu escrevia umas coisas ainda em prosa e ele achava bonitas, achava que tinha jeito de poesia. E quando ele me ensinou versificação, pronto, abriu meus horizontes. E eu em pouco tempo já fiz logo um soneto, uma das composições mais difíceis de fazer e ele ainda nem tinha passado. Quando eu fiz um soneto, o meu primeiro soneto, ele não acreditou. Disse para minha mãe: "Espia só, ela disse que fez um soneto..." E eu falei que tinha feito sim. Ele perguntou qual era o título de meu soneto e eu disse: "A morte da espiã Nasista". Então pediu que falasse para ele e eu falei. Ele corrigiu algumas coisas, afinal era o meu primeiro soneto sem ele ao menos ter ensinado, mas disse que estava muito bom para o primeiro. Acho que eu tinha doze anos. Daí, comecei a escrever direto, sobre tudo que acontecia.

Contraponto: E quando surgiu a idéia de escrever um livro?

Mayá: Ah! Foi ali, pela década de 60... Eu já tinha muitas poesias e muita gente gostava e até me sugeria. Então eu acabei escrevendo o meu primeiro livro, em 1963, que foi o "Suspiros da Madrugada". Depois fui continuando e em 1998 escrevi o quarto e último até hoje, que foi o "Manhã Resplandecente".

Contraponto: O que lhe motiva a estar dentro das salas de aula até hoje?

Mayá: Para isso e para tudo na vida, é o ideal. Eu gosto de tudo que faço; eu gosto muito de ensinar. Quando eu era menina, eu sempre sonhei em dar aulas, mas nem sabia se eu podia, até porque eu

Page 19: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

nem sabia se eu poderia estudar, já que não conhecia o IBC! Eu comecei a ensinar com o meu irmão. Ele foi quem sempre me ensinou, mas uma vez, ele que estudava no Pedro II, ficou em segunda época e eu decorei os questionários e suas respostas de francês todinho para perguntá-lo. E eu gostei muito de fazer aquilo e ele passou muito bem. Aqui, eu também já ajudava as meninas, como já lhe disse anteriormente. Eu gostava de ver meu pai transmitir tão bem aquilo que sabia, embora não fosse professor, mas fazia muito bem aquilo. E eu gostava tanto e queria fazer como ele. Eu gosto muito de sala de aula. Para que veja, eu tenho pena hoje de não ter uma turma minha, já que estou trabalhando na recuperação. Eu trabalho lá porque não tem sobrado turmas e as turmas são distribuídas, prioritariamente para os não aposentados, mas gosto muito de trabalhar com as turmas de recuperação, e olha que tem que gostar muito mesmo, porque lá tem aqueles alunos que estudaram menos, que estão mais fracos... E dou aulas na UERJ também, onde tenho duas turmas na UNATI - Universidade Aberta da Terceira Idade -, onde me realizo muito. Lá dou aulas de história do Brasil para uma turma e de História Geral para outra.

Contraponto: E sobre esta outra atividade que a senhora desenvolve aqui, que é o de apresentar o Benjamin para aqueles que querem conhecer a escola; atividade tão importante quanto a suaatividade original dentro das salas de aula. Quando surgiu esta idéia?

Mayá: Eu só comecei a fazer este trabalho a partir de 1985. A partir desta época, começaram a vir muitas pessoas para visitar a escola, o que antes, nas décadas de 60 e 70 não acontecia. A idéia foi do Vitor Matoso, que em sua administração como diretor, nomeou algumas pessoas para trabalhar no regime de 40 horas e eu fui uma das nomeadas, com a função de fazer este trabalho. O Vitor me escolheu para esta função por já me conhecer de sala de aula, de comissões e por sempre me ver com uma palavra de entusiasmo com os jovens e, como costuma vir muitos estudantes, ele achou que eu fosse a pessoa perfeita para esta função.

Contraponto: Além de estudantes, que como a senhora disse, é a maioria dos visitantes, quem mais costuma visitar o nosso velho casarão?

Mayá: Ah! Atualmente, tem vindo autores, atores, escritores, pessoas que de modo geral querem fazer algum trabalho com deficiente visual.

Contraponto: Para concluir este bate-papo maravilhoso, nos diga por que a senhora nunca teve vontade de exercer um papel administrativo dentro do IBC? Não sei, talvez na supervisão, coordenação ou mesmo na direção do IBC?

Mayá: Olha, eu fiz um trabalho administrativo aqui sim, na verdade, era mais pedagógico, mas também administrativo. Eu chefiei por um tempo a antiga Seção de Educação e Ensino, na administração do Prof. Renato Monar da Gama. Quando ele foi nomeado diretor, eu fui nomeada chefe da Seção de Educação e Ensino. Agora, eu poderia ter exercido, mais temporariamente do que o cargo de diretor já o é, a direção da escola durante um tempo, em virtude da incompatibilização do Prof. Renato com a administração superior. Então, ele pediu que eu assumisse enquanto não saía a demissão dele e a nomeação de um outro. E eu disse a ele que não. Não porque o diretor tem que entender de todos os ramos da escola e tem um ramo do qual eu sou desconhecedora, o ramo financeiro. Mesmo depois de muitos pedidos e de oferecimento de ajuda naquele ramo de várias pessoas, eu disse que não, pois eu quando ouvia as pessoas falando a linguagem econômica-financeira, não entendia nada; e não podia assumir uma escola como esta sem conhecer de finanças... Eu podia ser levada a assinar algo ilícito pelo desconhecimento.

Page 20: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

Contraponto: Bom, Mayá, aqui fica então, meus agradecimentos e dizer que adorei este papo com a senhora.

Mayá: À vontade, Sandro, eu gostei muito também.

Inserida em 10/10/2006

SANDRO LAINA [email protected]

IVONET SANTOS ([email protected])

Page 21: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[DV-INFO]

# CLEVERSON CASARIN ULIANA

CONVERTENDO TEXTOS EM ÁUDIO - PRIMEIRA PARTEPor: Sandro Laina Soares & Cleverson Casarin Uliana

INTRODUÇÃO

Com a disponibilização de uma enxurrada de conteúdo digital pela rede mundial de computadores, as pessoas com deficiência visual e, até mesmo, pessoas que enxergam normalmente começaram a fazer uso de programas de conversão de texto. Estes programas recebem texto digital, normalmente no formato TXT, e convertem para formato também digital, mas no formato WAV ou MP3, sendo o último o mais usado.

Pode-se assim gerar verdadeiras bibliotecas sonoras ou audiotecas sem que seja preciso recrutar voluntários para ler e gravar os livros e textos, economizando um longo tempo de produtividade. Colocando-se posteriormente esse material na Internet ou simplesmente fazendo divulgação da existência do mesmo, podemos possibilitar então desde o acesso facilitado à leitura para pessoas cegas e com baixa visão até a leitura por pessoas normovisuais que não gostem ou não possam ler com os olhos, como por exemplo motoristas de táxi e de ônibus, que assim não precisam deixar de manter contato com a cultura diariamente durante o trabalho.

Os arquivos com extensão TXT trazem conteúdo com texto simples, sem formatação. Já os arquivos nos formatos WAV ou MP3 são formatos de arquivos sonoros. Eles podem trazer músicas, sons da natureza ou qualquer outro ruído que o ouvido humano pode detectar. E, neste caso, trazem a leitura daqueles arquivos no formato TXT em voz digital, reproduzida por um sintetizador de voz. Os arquivos no formato MP3 são mais usados para este fim, dado seu tamanho reduzido e sua qualidade sonora.

Um sintetizador de voz é um software que converte comandos escritos em voz. Neste caso, um programa de conversão diz ao sintetizador: "Fala a linha X. Faz esta pausa..." E o sintetizador simplesmente obedece as ordens dadas por estes programas. Eles também são muito usados em leitores de telas, como o JAWS e o Virtual Vision. Existem vários sintetizadores de texto no mercado, como o Delta Talk, da Micro Power, o Via-Voice, da IBM; contudo, existem também os gratuitos, como os da Lernout & Houspie, que se apresentam em vários idiomas, inclusive o português, todos estes da geração SAPI 4. Existem os de última geração, sapi 5, principalmente da Scansoft, com a voz conhecida como voz da Raquel e o da Loquendo, com a voz conhecida como voz da Gabriela, todos pagos.

Para a função de conversão de texto escrito em áudio, existem alguns tantos programas gratuitos e outros tantos pagos. Dentre os gratuitos, destaca-se o testimp3; mas não é o único. O próprio dosvox em sua versão 3.3, traz um simples conversor de texto para áudio. Para acessá-lo, basta digitar, ao ouvir a mensagem principal do dosvox, as opções (m), de multimídia e (3) de conversor de texto para áudio. É só digitar o nome do arquivo no formato TXT e ele vai gerar um arquivo do mesmo nome no formato MP3, mas falaremos mais sobre ele e os demais no decorrer deste artigo. Dentre os pagos, destaca-se o TextAloud, que aceita a voz Sapi 5, principal diferencial entre os pagos e gratuitos. No entanto, como eu disse, não são os únicos: DocMp3, DvSpeech, Biblo, OpenBook, antigo CDvox.

Page 22: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

O programa que vamos ver inicialmente, é o Testimp3. É um aplicativo muito simples e bastante prático. Vamos usar como referência para esta coluna a versão 1.04F, que está disponível em minha página, ainda em construção, cujo link vocês encontram ao fim desta coluna. Aliás, todos os aplicativos que eu fizer referência aqui estarão disponíveis lá; façam-me uma visita.

Na próxima edição, vamos aprender como instalar e configurar o Testimp3.

Sandro Laina Soares ( [email protected])http://www.sandrosoares.rg.com.br

CLEVERSON CASARIN ULIANA([email protected])

[O DV E A MÍDIA]

# GILSIMAR AFONSO

UM DESSERVIÇO: não entre nesta

EM TEMPOS DE MIDIATIZAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E DE SEUS DIREITOS,PARABÉNS À ESTA POSIÇÃO:

Se tudo no jornalismo está em xeque e é passível de contestação, a prestação de serviços não permite erros, porque são irreversíveis.

"O ADVOGADO João Vicente Lavieri escreve para contar o drama que viveu por confiar numa informação do "Guia Folha", o "roteiro mais completo de São Paulo" encartado às sextas na edição que circulou na Grande São Paulo.Lavieri se locomove, em uma cadeira de rodas. Decidiu jantar fora e consultou o "Guia" para escolher um restaurante preparado para receber pessoas como ele, com dificuldades de locomoção. Um dos gráficos usados pelo jornal é o SÍMBOLO INTERNACIONAL DE ACESSO, que informa que um estabelecimento possui equipamentos como rampas, banheiros adaptados e outros recursos exigidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).No "Guia", o restaurante escolhido trazia o símbolo, mas não estava preparado, como Lavieri, constatou na "aventura" que resumo.

'Primeiro, para me colocarem uma rampa móvel na escada da entrada foi necessário manobrar vários carros para abrir espaço, gerando espera e grande alvoroço. A rampa ficou muito íngreme, exigindo que o manobrista tomasse distância para dar impulso e empurrasse a cadeira com força, o que me deu a sensação desconfortável de montanha russa sem cinto de segurança. Havia um outro degrau, sem rampa, que exigiu que os profissionais habilitados a carregar bandejas me carregassem. O restaurante todo parou para assistir a cena e eu me senti no centro de um picadeiro de um circo, sob o olhar atento da platéia, sem desejar estar ali. Entre as mesas não há espaço para a passagem de cadeira de rodas e o garçom que me empurrava precisava pedir para os demais clientes que se apertassem contra as mesas para abrir caminho. Atrás, aos sobressaltos, ia a minha mulher, preocupada com o meu bem estar, dos demais clientes e com a exposição exacerbada a que estávamos sendo submetidos. Depois disso tudo, banheiro adaptado, então, nem pensar.'

Page 23: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

O caso narrado por Lavieri é apenas um exemplo e por isso não identifico o restaurante. O ponto é que os dois lados - a Folha e o restaurante - têm responsabilidade num caso como esse que induziu o leitor a uma situação de desconforto e constrangimento público. A maior parte dos restaurantes indicados semanalmente pela Folha se diz apta a receber deficientes (pessoas com deficiência), o que nem sempre é verdade. O mesmo vale para cinemas, teatros, casas de shows e galerias.A Folha por sua vez, deveria ser rigorosa na divulgação de informações de serviços. Se tudo no jornalismo está em xeque e é passível de contestação, a prestação de serviços não permite erros. O horário errado de uma sessão de cinema ou a indicação incorreta de um restaurante são desacertos irreversíveis para quem confiou no jornal."

* Marcelo Beraba (Folha de São Paulo - Domingo, 13 de agosto de 2006)

#

UFRJ cria tecnologia de ponta para acesso de portadores de deficiência à internet 26 de Setembro de 2006

Rio de Janeiro - O Brasil ocupa uma posição de liderança na América Latina no desenvolvimento de softwares que permitem o amplo acesso de pessoas com deficiência à internet

O Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem um importante papel nesse processo, iniciado em 1993 com a criação do Dosvox, programa para microcomputadores da linha PC voltado para os deficientes visuais. Recentemente, o NCE desenvolveu o Motrix, software que permite às pessoas com deficiência motora grave, como tetraplegia e distrofia muscular, acesso amplo à escrita, leitura e comunicação pela internet. "O Dosvox é um programa de síntese de voz que lê seqüencialmente a tela, de cima para baixo", explicou o coordenador dos dois projetos do NCE, Antonio Borges, em entrevista hoje ao programa Redação Nacional, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. "Se a informação estiver mal organizada, o programa de voz vai ler aquilo fora de ordem e não vai fazer muito sentido para o usuário", disse.

Segundo ele, hoje em dia os webdesigners devem levar em conta, ao criarem páginas de internet, o fato de que o conteúdo também pode ser acessado pordeficientes visuais. "As imagens, por exemplo, não podem ser "traduzidas" pelo Dosvox, mas os textos-legenda sim".

Já o Motrix foi desenvolvido para atender à necessidade de uma médica tetraplégica, que procurou o NCE em busca de uma solução que a permitisse usar o computador. O acionamento do sistema é feito através de comandos que são ditados no microfone, tornando viável ao portador de deficiência motora grave a execução de todas as operações normalmente realizadas num computador, mesmo as de maior complexidade física, como os jogos.

"É extraordinário você ver pessoas absolutamente debilitadas, com umacondição física inacreditavelmente precária, tendo acesso completo à informação. Isto é uma amplificação do ser humano", disse Antonio Borges.

A partir do Motrix, ele desenvolveu outro programa, o Microfênix, que possibilita comandar o computador através de um simples murmúrio. "O programa exibe na tela uma série de opções e o

Page 24: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

usuário só precisa emitir um murmúrio para fazer sua escolha e abrir páginas da internet", explicou o coordenador do NCE da UFRJ.

Toda essa tecnologia está disponível gratuitamente na internet. Os interessados em obter os softwares Dosvox, Motrix e Microfênix devem acessar o site www.intervox.nce.ufrj.br* Paulo Virgilio ( Repórter da Agência Brasil )

#

SITE COM ACESSIBILIDADE PLENAO JC(Jornal do Comércio - Pernambuco), desenvolveu uma versão do seu site, exclusivamente para acesso dos deficientes visuais(www.jc.com.br/acessibilidade)...No site, os DVS podem navegar com desenvoltura, com seus programas de voz.Confiram e divulguem esta atitude democrática daquele tradicional jornal.

#

PLANETA EDUCAÇÃOVisite o Planeta Educação e conheça a Revista cego à Vista e outras publicações. Passe algumas horas aprendendo e se divertindo conosco!http://www.planetaeducacao.com.brBrincar, sorrir e sonhar, são coisas sérias! (Luís Campos)

#

GILSIMAR AFONSO([email protected])

Page 25: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[ETIQUETA]

# RITA OLIVEIRA

Cultive um ambiente de trabalho saudável

Alguns mandamentos facilitam a convivência diária com os colegas.

Passamos a maior parte de nosso dia no trabalho e acabamos, por muitas vezes, convivendo mais com os colegas do que com a própria família. Esse período proporciona certa intimidade e, em alguns momentos, corre-se o risco de ultrapassar a linha tênue que separa a descontração, aceita e recomendável, dos excessos. Veja a seguir algumas das situações e dicas para sair-se bem, tanto no ambiente corporativo, como no social.

Atrasos - Se houvesse um ranking das atitudes mais desagradáveis no ambiente de trabalho, os atrasos estariam concorrendo seriamente ao título de campeão. A não ser que haja um motivo realmente sério ou um imprevisto, é completamente injustificável atrasar-se em reuniões ou encontros de negócios. A velha mania brasileira de nunca começar nada na hora não deve ser tomada como desculpa. Chegue sempre na hora marcada e, caso não consiga evitar o atraso, ligue avisando e desculpando-se.

Celular - outro recordista em gafes. Seu uso indiscriminado demonstra a mais elementar falta de educação. Deve-se desligar o celular em cinemas, teatros e restaurantes. Em encontros e reuniões, ele também deve permanecer mudo. Caso você esteja esperando uma ligação importante, avise o seu interlocutor e peça licença antes de atender. Fale baixo e não demore.

Exageros - no ambiente de trabalho, bom senso é a palavra-chave. Evite os exageros, seja no modo de vestir-se ou perfumar-se, na forma de se relacionar com os colegas, na maneira de cobrar, criticar ou até mesmo elogiar um integrante da equipe.

Cigarro - mesmo que você esteja em um local para fumantes, sempre pergunte aos seus acompanhantes se há algum problema em acender o seu cigarro. Se, no almoço, a maioria das pessoas no grupo não fuma, tente segurar a vontade um pouco e deixar para mais tarde. Não saia espalhando cinza pela mesa ou pelo chão. Use sempre o cinzeiro.

Bebidas - parece um conselho óbvio, mas nunca beba no escritório. Poucas coisas podem ser tão destrutivas para a imagem do profissional quanto o hábito de misturar bebida e trabalho. Em coquetéis e reuniões, pare assim que sentir que a bebida está fazendo você perder o controle das palavras ou dos atos.

RITA OLIVEIRA([email protected])

Page 26: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[REENCONTRO]

JOSÉ GALDINO DA SILVA

Nome: Antonio Carlos Nunes MagalhãesNatural de Sergipe, nascido em 06 de dezembro de 1948, botafoguense nato,Vínculo com o I B C: 1959 a 1975, como aluno/bolsista.Formação: Universitário, colando grau na Universidade Fluminense em História em 1975.Profissão: Analista de sistemas.Ingressou na DATAPREV em 1976 como programador, onde ficou até 1981, passando em concurso público, em janeiro de 1981, para o cargo de analista de sistemas, ficando neste cargo na própria DATAPREV até o ano de 1991, quando o presidente Collor, o transferiu para o Ministério da Saúde, onde está até hoje, como responsável pelo setor de pagamento de internações do SUS, ocupando este cargo há 8 anos.Estado civil: casado com a sra. Gloria Pereira Magalhães, em 8 de agosto de 1975 (parabéns).Filhos:Marcio Vinicius (advogado) em pleno exercício,Paula Cristina (jornalista) em pleno exercício,Considerações:Esta é a vida do menino pobre que veio, um dia de Sergipe, em 1959 para estudar no Instituto Benjamin Constant, se considerando, hoje, um vencedor.Contatos:

Obs.: Antonio Carlos Nunes é chamado carinhosamente pelos colegas de Barroco.Fone: (0xx21) 3985-7151(0xx21) 8864-0216E-mail: [email protected]: [email protected]: contato/intercâmbio com novos e, principalmente, antigos colegas...

#

Nome: Ailton GávioVinculo com o I B C: 1965 a 1973, como aluno/bolsista, posteriormente, como professor no curso de massoterapia do I B CFormação: segundo grauProfissão: Massagista (atualmente aposentado, foi funcionário do INPS)Estado Civil: CasadoAtividade atual: Presta serviços, a nível de filantropia, na clínica Irajá(Fone: (0xx21)33-61 -29-86 * clínica fizioterapeuta - de natureza filantropica)Passatempo: Música (tecladista)Contatos:Fone: (0xx21) 33-71-21-47E-mail: [email protected]: contato/intercâmbio com novos e, principalmente, antigos colegas...

JOSÉ GALDINO DA SILVA([email protected])

OBS.: Divulgamos nesta coluna, noticias sobre paradeiro de ex-alunos do I B C...Qualquer informação, contacte a redação...

Page 27: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[TIRANDO DE LETRA]

# OS CEGOS E O BANQUETE DOS RATOS

O belo e tradicional prédio do Instituto Benjamin Constant, de aspecto colonial, tem em posição oposta na avenida Pasteur, o Iate Clube do Brasil, o mais aristocrata clube social do Rio de Janeiro.

Neste tradicionalíssimo clube, historicamente, desfila a "nata" da fulgurante sociedade carioca. Além da pompa, o Iate Clube se destaca pelo extremo rigor na seleção de seus sócios, uma verdadeira "malha fina", na qual os pré-requisitos contemplam exclusivamente a elite aristocrata da antiga corte brasileira. O mestre Isauro Cardoso, um inesquecível e festejado professor de minha época de estudante, costumava nos brindar com histórias que davam uma idéia do rigor seletivo deste clube. Contava ele que Roberto Carlos, no auge da fama, fora ao Iate Clube com a intenção de associar-se. Apresentou os dados pessoais e precisou aguardar dois meses para saber se fora aceito pela renomada agremiação. A proposta do "rei" foi rejeitada sem qualquer explicação. Para o mestre Isauro, os diretores do Iate Clube, após analisarem os dados pessoais do "rei" popular concluíram:-Não vamos aceitar o Roberto Carlos como sócio porque ele não tem tradição familiar e, depois, ele vai querer trazer o Erasmo que vai trazer o...

Este reduto da outrora dominante elite aristocrata carioca costuma oferecer banquetes sultânicos para o seleto quadro associativo. Nestes eventos, geralmente, apresenta-se uma estrela da música popular brasileira ou então algum astro internacional. Nestas ocasiões, automóveis importados de vários modelos ficam estacionados na parte externa do reduto. Estes carros brilham ao longo das ruas e ostentam o poder e a força da grana. Superlotam também as calçadas do Instituto Bejamin Constant, o que causa muitos transtornos aos cegos que tranzitam na area. Os milionários membros da agremiação usam e abusam das calçadas, ignorando completamente a fachada do educandário que exibe com destaque a inscrição "Instituto de Cegos".

Quando eu era aluno do Instituto, ficava irritado com esta conduta ostensiva que despertava diversas formas de reações em todos nós. Ao saírem do colégio, alguns colegas desferiam bengaladas por todos os lados até pegarem o rumo, pois viam-se cercados de carros que lhes impediam a passagem. Outros arrancavam as antenas dos importados para dar vasão à revolta. Os mais encolerizados costumavam urinar sobre os carrões, quando não faziam coisas piores.

Meu colega de saída, um jovem com visão subnormal, ficava possesso quando, ao sairmos para um giro, deparávamos com os luxuosos carrões, irresponsavelmente estacionados ali. Ele vaticinava: - Quando voltarmos, a rua estará mais tranqüila e daremos um trato nestes carangos!Era tiro e queda. Na volta, quando os gatos ja eram pardos, alguma desgraça recaia sobre uma daquelas maravilhas tecnológicas.

Certa vez, saímos para visitar a Rita e suas meninas (uma indelével lembrança daquela época), quando nos vimos cercados de carros, cada um mais lindo que o outro. Fulo da vida, meu companheiro deu vários bicos para os lados e falou: - Aquele mercedes azul, perto do orelhão, se ainda estiver ali na volta, vai pagar pela imprudência destes burgueses abusados!

Dito e feito! Voltamos completamente mamados e meu amigo com seu resíduo de visão, deu uma olhadela nos arredores, elogiou a orquestra que animava o banquete no Iate Clube, riscou com um arame a lataria de um belo mercedes azul e esvaziou os pneus. Não se deu por satisfeito e quebrou os vidros com uma pedra, desceu as calças, direcionou a bunda pelo buraco feito na janela e fêz aquilo que voces estão imaginando ...

Page 28: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

Havia um professor do Instituto que jurara combater aquele abuso da aristocracia do Iate Clube. Era o professor Napoleão que morava em uma vila ao lado do educandário. Ao sair do trabalho, diante do cerco dos carros, dizia um monte de palavrões, ficava de quatro e pacientemente esvaziava os pneus dos automóveis. Certo dia, diante da mesma situação, ele, sem perder tempo, proferiu um discurso de ataque à sociedade, espinafrou o governo, agachou-se e passou a esvaziar os pneus. Algum tempo depois, quando o gordo mestre trabalhava com avidez, os pneus de um elegante jaguar, abruptamente, um motorista apressado ligou o carro e arrancou à toda. Propositadamente ou não, o incauto quase arrancou a cabeça do aguerrido mestre. A partir deste dia, o companheiro de infortúnio passou a atacar a aristocracia carioca com mais ímpeto, porém, através de discursos e dos jornais.

O engraçado é que, numa cumplicidade ideológica, costumávamos considerar aqueles atos um ataque velado à "camarilha dominante", pois vivíamos os anos de chumbo. Em minha fúria de opositor do regime, comparava aquelas festas do Iate Clube do Brasil a uma espécie de "banquete dos ratos". Ao ouvir os acordes da orquestra, na janela do dormitório, imaginava ratos e ratazanas, girando numa dança sem im, enquanto lá longe, a plebe esquecida entoava seu canto triste.

Valdenito de Souza (setembro de 1998)

# O Cão Nosso de Cada Dia

Não me lembro bem se seria o início de mais um dia de trabalho ou menos um. Me lembro, porém, que me deslocava de um lugar qualquer para outro e, ante uma dificuldade, surgiu, mais uma vez, uma boa alma (ao menos foi como se me apresentou nas circunstâncias) para me tirar do tal apuro. E ele, o dono da alma, foi logo puxando conversa: - O senhor está indo para onde?Respondi, disse-lhe onde queria ir e recebi dele a oferta de sua companhia, o que prontamente aceitei. - O senhor trabalha? - Sempre que não há outro jeito! Respondi-lhe tentando temperar a conversa com algum humor, a meu juízo, bom. Não tive a certeza de que ele tivesse entrado no espírito da coisa mas, como também não tive certeza do contrário, tentei novamente quando ele perguntou-me o que fazia. Respondi-lhe que o que de mais apropriado poderia fazer, que trabalhava junto à ouvidoria de uma certa empresa. - Como assim? - Ouço reclamações dos clientes, não resolvo nada mas, às vezes, digo-lhes quem pode resolver o problema apresentado. E o papo foi caminhando assim por essa linha, até que ele me falou de uma reportagem que havia lido, onde soubera que uns poucos cegos aqui no Brasil se utilizavam de cães - guia. Sugeriu-me que fizesse eu o mesmo, quando me perguntou porque não o fazia. Disse-lhe que adorava cachorros mas, de preferência, à uma certa distância! E o diálogo prosseguiu nesse tom, ele na defesa dos cães e eu, não no ataque mas relutante em aceitar-lhe a sugestão, dizia-lhe eu que cães também davam trabalho e, como já dissera ,só trabalhava quando não havia outro jeito. - Mas cachorro é um animal muito amigo, o maior amigo do homem! - Não digo que não seja, mas nunca soube de um que tomasse banho sozinho e que se virasse para comer e para satisfazer suas necessidades fisiológicas sem deixar vestígios como fazem os gatos!

Page 29: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

- Ah! mas, vale a pena porque é um amigo muito fiel e seria uma companhia e tanta para o senhor! - Bom, acho que é uma questão de gosto. Eu, sinceramente, preferiria uma gata - guia: não late, não cheira mal, sabe tomar banho sozinha e, dependendo da raça, também sabe tomar banho acompanhada! Ele, parecendo não ouvir meus argumentos (o que me causava certa frustração, confesso) dizia: - Seria ótimo para o senhor, poder andar, atravessar ruas sem precisar de ajuda! Até que, como argumento definitivo, (só soube disso depois) disse-lhe que, tivesse eu com um cão -guia naquele momento, não poderia estar desfrutando de um papo tão agradável quanto estava sendo aquele nosso e que, de fato, preferia ouvi-lo falando do que um cão latindo, ao que ele redarguiu: - Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor é melhor! E, por favor, não se zangue porque não quero mudar de idéia!

Leniro Alves

OBS.: Editamos, nesta coluna, "escritos"(prosa/verso) de companheiros (ex- alunos/alunos) do I B C.Para participar: mande o "escrito" de sua lavra para a redação([email protected])...

Page 30: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[BENGALA DE FOGO]

#Somos a "BENGALA DE FOGO" ( paladina moral do mundo cegal ), nosso foco é o cego versus sociedade.A partir de agora, os fatos, por uma questão didática/pedagógica/cultural, passam a ser de domínio público...Nosso objetivo é dismistificar o imaginário popular, elucidar os flagrantes do cotidiano, dando assim, subssídios para os companheiros(as), enfrentarem a sociedade...

1. O Cego Fofinho (contribuição do leitor)

Muitos de nós sabemos que a pessoa cega é, juridicamente, absolutamente capaz, isto é, pode exercer plenamente, todos os atos da vida civil. Ocorre que, em certos momentos, nós, os cegos, somos tratados de uma forma que não vem ao encontro desta situação.

Hoje, por exemplo, aconteceu comigo um desses fatos. Tomei um ônibus que me levou da faculdade onde eu estudo ao meu trabalho. Ajudado por uma senhora, acomodei-me num banco, ao lado desta. Num dado ponto do trajeto, ela desceu da condução e, nesse instante, disse a mim:"me dá licença, 'fofinho'".

Pois, justamente, em virtude de tal distinção puz-me a refletir acerca da mesma.

O portador de deficiência visual total é, inúmeras vezes, visto como um sujeito de direito e não de fato, na medida em que, para as fontes desta conduta, o cego é uma criança ou, até, embora eles não tenham na maioria das ocasiões consciência disto, uma coisa semovente.

É normal uma mulher impunemente, do ponto-de-vista masculino, latino, chamar um homem, com H, de vinte e nove anos, com uma aliança no dedo anelar da mão esquerda, da maneira com que fui, pela doce senhora? Ainda mais quando esta não é, a julgar pela impressão que sua voz me passou, nem mesmo uma senhora, já que sua fala indicou que ela deveria ter, no máximo, 35 anos?

Ora, pensei, fofinho é o meu filho, que está prestes a completar quatro anos de idade, o qual, aliás, é, assim, muito propriamente chamado pela vendedora de água de coco, ao entregar-lhe o copo do produto. A propósito, vale dizer que, apesar de ele ser realmente muito fofinho, a vendedora quer não só manter o meu fofinho na condição de seu cliente, como, também, agradar a mim e a minha esposa para que continuemos a patrocinar aquela relação.

Permaneci refletindo, entre risos provocados pelo estado de espírito decorrente daquela fofa senhora, jovem ou moça, não podia precisar, até que desci da condução, quando, aliás, uma outra senhora interpelou-me:

- Vai pela escada? - Não, vou pela rampa. - Ah! É melhor para você...

Então, não somos, além de fofos, sujeitos, aparentemente, só, de direito?...

Rio, 07/05/2002

Page 31: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

#

2. A cega e o genicologista --(contribuição do leitor)Uma cega foi ao genicologista; chegando lá, recebeu a ordem do médico para tirar as roupas; Tímida, insegura, ela pergunta: -"Onde ponho minhas roupas doutor?!" e o doutor, bem tranquilo: -"Aqui, em cima das minhas!!!"

3. Ato caridoso --(contribuição do leitor) Um companheiro nosso, transitava por um bairro também de Recife. Em dado momento, ele quis atravessar a Avenida. Prontamente, uma alma caridosa, mais precisamente um homem, o atravessou. Porém, quando nosso colega agradeceu, ouviu a seguinte resposta

: - Não tem de que amigo, favor agente faz até a um cachorro!!!...

Atenção: ... cuidado no que você fala, pense bem no que vai pensar, fareje bem para os lados antes de qualquer gesto, pois, a "bengala de fogo", tem: "olhar de águia", " faro de doberman", " memória de tia solteirona", " ouvido de cego de nascença"...Tome cuidado, muito cuidado, a sociedade não perdoa, preserve nossa imagem...

OBS.: se você tem histórias, causos, experiências próprias, do gênero, mande para nossa redação, sua privacidade será rigorosamente preservada.

Page 32: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[CLASSIFICADOS CONTRAPONTO]

#

Massagens a domicílio:

Massagista autônomo, Mauricio Lima (com vasta experiência profissional),especializado em massagens: terapêutica, estética, relaxante, linfática e reflexa.Fones: 38-72-79-18 Celular: 82-38-73-69

#

André Carioca - Técnico em informática, presta serviços a domicílio:Aulas de informática, instalação de softwares( Jaws, Virtual Vision, bem como, outros softwares:Soundforge, Skype, Zararádio(software voltado para rádio), etc).Contato:Fone: (0xx21) 24-01-56-94//E-mail: [email protected]

#

PS. Anuncie aqui: materiais, equipamentos, prestação de serviços...Para isto, contacte a redação...

Page 33: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

[FALE COM O CONTRAPONTO]

#

Prezado Valdenito,

Adorei o CONTRAPONTO! Ri muito ao longo da leitura. Realmente, nota dez para todos vocês.

Um grande abraço.

GENEZIO FERNANDES VIEIRA

#

Olá pessoal!

Gostei muito do jornal, algumas colunas chamaram especialmente a minha atenção. Adorei ouvir falar sobre o coronel Nilton, pois entrei no IBC com 9 anos e não percebia esse lado severo do diretor, aprendi a gostar dele, porque quando dava aquelas idas nas salas para cumprimentar os professores e alunos, ele sempre dizia (tudo azul de bolinhas brancas?) eu na minha inocência pensava que diretor alegre e bonzinho. Outra coisa que gostei, foi ler essas histórias de brigas e bagunças. Pelo que me lembro, o José Walter, tem algumas histórias muito boas, tanto onde ele participou, quanto de colegas da época dele no instituto.

Abraços Nete

#

Oi, pessoal,

Hoje acabei de ler por completo o nosso Contraponto e gostaria, tal qual a Net, de expressar minha especial satisfação ao ler a coluna escrita pelos amigos Valdenito e Magro. Foi muito bom recordar aqueles tempos de IBC e entender aquela conjuntura, já que naquele momento era muito pequeno para compreendê-la. Então o corte de cabelo príncipe Danilo é oriundo do Coronel Niltom (que eu também não sabia ser em verdade general)? Que danado! Me fez, com meus oito anos de idade, parecer um recruta, motivo aliás de zoação pelos meus colegas extraescolares e também dos passageiros do Japery (trem que pegava e me levava para Nova Iguaçu)!

Também desconhecia sua fama de empata mela qüeca, -- como eram conhecidos aqueles bailes do qual gostávamos bastante.

Magrão, essa inspetora não conhecia, mas provavelmente foi inspiradora da tia (entre aspas) Lourdes, sobre quem depois talvez possa escrever algo.

Valeu, galera! Muito legal!

Abração,Márcio Lacerda.

#

Page 34: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

Olá amigo,

Gostaria de te perguntar como posso acessar o Contra Ponto, jornal mensal editado por um grupo do IBC.

Atenciosamente,Antonio Gilberto

#

Oi Valdenito e demais companheiros: Tenho interesse em receber o nosso jornal todos os meses. Apropósito do Contraponto, sugiro que você marque uma data para que as matérias cheguem até você, marque um dia fixo para facilitar o seu trabalho e previnir atrasos.

Abraços, Salete

#

Valdenito:

Estamos de parabéns pelo lançamento do nosso jornal Contraponto, ao qual o maior número possível de associados e impatizantes deve ter acesso, respeitando o direito pleno à informação.Por isso acho que a idéia de fazer uma versão em Braille, vem ao encontro desse propósito. A Diretoria da Associação fará todos os esforços nesse sentido. Lembremos que muitos de nossos companheiros sequer têm acesso a um computador. Eu sugiro que você envie todos os números do jornal, a quem manifestar na lista, interesse em recebê-lo. De cara você pode registrar meu interesse em receber todos os números.Sempre parafraseando o Pinho: Abraços afirmativos.

Vitor Alberto

#

Pessoal, me foi dada uma sugestão muito interessante... Vejam o que acham de se fazer uma tiragem pequena do jornal em Braille para a distribuição por alguns que não se dão com a informática... Acho que podia ser algo sob demanda...

Pensem nesta hipótese...

Abraços,Sandro Laina Soares

#

Page 35: exaluibcexaluibc.org.br/contraponto/contraponto_10_2006.doc · Web view- Puxa! Eu estou lhe ajudando e o senhor está me comparando com um cachorro! - Mas estou dizendo que o senhor

***Para receber o jornal CONTRAPONTO, envie e-mail para:[email protected] ( com o assunto: "receber").

Solicitamos a difusão deste material na INTERNET, pode vir a ser útil, para pessoas, que, você, sequer conhece...Lutamos pela difusão e socialização ampliada de atividades, eventos e ações voltadas para DEFESA dos DIREITOS dos deficientes visuais...***