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ESCOLA SECUNDÁRIA ALCAIDES DE FARIA Barcelos EXERCÍCIO ESCRITO DE FILOSOFIA 10º Ano de Escolaridade Teste A-Versão 1 Outubro/2010 O Prof. João G. Rodrigues _______________________________________________________________________________________________________________ __________ Matriz de Correcção I Grupo I Afirmação Grupo II Questão Grupo III Questão a b c d e 1 2 3 4 5 3. 1 3. 2 Versão 1 V F F V V Versão 1 c a b b a Versão 1 b b 2 V V F F V 2 b d a a d 2 b b 3 V V V F F 3 a c d d c 3 b b 4 F V V V F 4 d b c c b 4 b b Grupo III.2). As questões filosóficas apresentam a dupla característica de dizerem respeito às nossas crenças básicas/fundacionais e de não serem resolúveis por métodos científicos. Estes critérios não são satisfeitos pelas questões “qual a diferença entre um ácido e uma base?” e “quanto tempo demora cada planeta do sistema solar a dar uma volta em torno do sol?”. São questões científicas, a primeira do domínio da química, a segunda do domínio da astronomia; são questões resolúveis por métodos empíricos, dizem respeito ao modo como funciona a realidade e não são acerca de justificações últimas. Grupo IV 1.Nos termos do texto, a diferença consiste em que, enquanto o a) coelho não sabe “que participa num truque de magia”, b) nós “sabemos que participamos em algo misterioso” e c) aspiramos a “saber de que modo tudo está relacionado”. A razão da diferença reside em que o homem, enquanto ser pensante, tem consciência da sua condição de ser- no-mundo e, por ser dotado de consciência, interroga-se acerca do sentido do que está aí e acerca de si mesmo. O homem, mergulhado na experiência vivida, tem necessidade de compreender o mundo e de se compreendera si próprio e de orientar a sua vida. 2.A afirmação inicial de que “o ser humano acha tão estranho viver que as perguntas filosóficas surgem por si mesmas” aponta no sentido de o homem, só porque é homem, tende espontaneamente a filosofar. Neste sentido todos os homens são filósofos, porque todo o homem tem necessidade de compreender (ou, pelo menos, de sentir que compreende) e portanto tende a interrogar-se sobre o enigma da sua existência no mundo. Mas, se “as perguntas filosóficas surgem por si mesmas”, tal não significa que todos os homens assumam uma postura interrogativa

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ESCOLA SECUNDÁRIA ALCAIDES DE FARIABarcelos

EXERCÍCIO ESCRITO DE FILOSOFIA10º Ano de Escolaridade

Teste A-Versão 1Outubro/2010 O Prof. João G. Rodrigues

_________________________________________________________________________________________________________________________

Matriz de CorrecçãoI

Grupo I Afirmação Grupo II Questão Grupo III Questão

a b c d e 1 2 3 4 5 3.1 3.2

Versão

1 V F F V V

Versão

1 c a b b a

Versão

1 b b

2 V V F F V 2 b d a a d 2 b b

3 V V V F F 3 a c d d c 3 b b

4 F V V V F 4 d b c c b 4 b b

Grupo III.2). As questões filosóficas apresentam a dupla característica de dizerem respeito às nossas crenças básicas/fundacionais e de não serem resolúveis por métodos científicos. Estes critérios não são satisfeitos pelas questões “qual a diferença entre um ácido e uma base?” e “quanto tempo demora cada planeta do sistema solar a dar uma volta em torno do sol?”. São questões científicas, a primeira do domínio da química, a segunda do domínio da astronomia; são questões resolúveis por métodos empíricos, dizem respeito ao modo como funciona a realidade e não são acerca de justificações últimas.

Grupo IV1.Nos termos do texto, a diferença consiste em que, enquanto o a) coelho não sabe “que participa num truque de magia”, b) nós “sabemos que participamos em algo misterioso” e c) aspiramos a “saber de que modo tudo está relacionado”. A razão da diferença reside em que o homem, enquanto ser pensante, tem consciência da sua condição de ser-no-mundo e, por ser dotado de consciência, interroga-se acerca do sentido do que está aí e acerca de si mesmo. O homem, mergulhado na experiência vivida, tem necessidade de compreender o mundo e de se compreendera si próprio e de orientar a sua vida.2.A afirmação inicial de que “o ser humano acha tão estranho viver que as perguntas filosóficas surgem por si mesmas” aponta no sentido de o homem, só porque é homem, tende espontaneamente a filosofar. Neste sentido todos os homens são filósofos, porque todo o homem tem necessidade de compreender (ou, pelo menos, de sentir que compreende) e portanto tende a interrogar-se sobre o enigma da sua existência no mundo. Mas, se “as perguntas filosóficas surgem por si mesmas”, tal não significa que todos os homens assumam uma postura interrogativa consciente e crítica. E neste último sentido, de facto, nem todos os homens são filósofos, ainda que todos possam sê-lo.3.Afirma o autor que, ao contrário do coelho branco, “gostaríamos de saber de que modo tudo está relacionado”. Quer dizer, não se trata, do ponto de vista filosófico, de explicar isto ou aquilo, mas de com-preender a totalidade, numa perspectiva de conjunto. A filosofia aspira, pela via da reflexão crítica, a uma concepção global do mundo e da vida capaz de elucidar o sentido da experiência vivida e de fornecer uma orientação para a vida. Deste modo, a filosofia não tem como objectivo um saber parcelar sobre isto ou aquilo, mas uma perspectiva de conjunto, compreensiva do sentido da totalidade.4.A afirmação de Kant vai no sentido de que o mais importante não é aprender uma filosofia mas aprender a filosofar. Filosofias/doutrinas/teorias há muitas, todas elas discutíveis. Mais importante do que isso é a atitude crítica, interrogativa, problematizadora que caracteriza esta forma de pensar a que se chama filosofar. Trata-se de cada um fazer o caminho do pensamento pelos seus próprios meios, pensando por si mesmo, fazendo da razão critério, e assim tudo submetendo a exame crítico, tudo pondo à prova, obrigando as nossas crenças a mostrarem a sua justificação, as razões que as sustentam ou a falta delas. De facto, o mais importante não é aprender pensamentos mas aprender a pensar.

Grupo VÉ comum dizer-se que a filosofia não é posse mas procura da verdade, que filosofar é estar a caminho. De facto, a actividade filosófica caracteriza-se pela atitude crítica, interrogativa, problematizadora. O mais importante não é a “certeza” (certamente impossível”, a não ser como estado subjectivo e sempre provisório) acerca da “resposta verdadeira” às dúvidas pelas quais se desenvolve o exercício da crítica. O

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primeiro efeito deste trabalho de problematização em que consiste o filosofar é libertar o espírito da ”tirania do hábito” que impede o pensamento de fazer o seu caminho e o exercício autónomo da razão. Neste sentido, a dúvida é “libertadora”, destruindo certezas apressadas e precipitadas e mostrando as “coisas familiares sob um aspecto estranho”, “elimina o dogmatismo” e assim alarga o pensamento a novas possibilidades e “mantém vivo o nosso sentido do deslumbramento”.