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ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL História 2º Bimestre /2015 1º ano do ensino médio Pofª: Carolina Texto 1 As Grandes Navegações A expansão marítima europeia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu para que a Europa superasse a crise dos séculos XIV e XV. Através das Grandes Navegações há uma expansão das atividades comerciais, contribuindo para o processo de acumulação de capitais na Europa. O contato comercial entre todas as partes do mundo (Europa, Ásia, África e América) torna possível uma história em escala mundial, favorecendo uma ampliação dos conhecimentos geográficos e o contato entre culturas diferentes. Fatores para a Expansão Marítima A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, daí definir este processo como uma empresa comercial de navegação ou como grandes empreendimentos marítimos. Formação do Estado Nacional e a centralização política: As Grandes Navegações só foram possíveis com a centralização do poder político. Avanços técnicos na arte náutica: o aprimoramento dos conhecimentos geográficos, graças ao desenvolvimento da cartografia; o desenvolvimento de instrumentos náuticos (bússola, astrolábio, sextante) e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as naus e as caravelas. Interesses econômicos: a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas; romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo. Religiosos: a possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da Igreja Católica. Expansão marítima portuguesa Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é explicado pela sua centralização política que era condição primordial para as Grandes Navegações. A formação do Estado Nacional português está relacionada à luta entre cristãos e muçulmanos na península Ibérica. A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de Borgonha (a partir de 1143) caracterizada pelo processo de expansão territorial interna. Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal conhece um movimento político denominado

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ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL História 2º Bimestre /2015 1º ano do

ensino médio Pofª: Carolina Texto 1

As Grandes Navegações

A expansão marítima europeia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu para que a Europa superasse a crise dos séculos XIV e XV. Através das Grandes Navegações há uma expansão das atividades comerciais, contribuindo para o processo de acumulação de capitais na Europa. O contato comercial entre todas as partes do mundo (Europa, Ásia, África e América) torna possível uma história em escala mundial, favorecendo uma ampliação dos conhecimentos geográficos e o contato entre culturas diferentes.

Fatores para a Expansão Marítima

A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, daí definir este processo como uma empresa comercial de navegação ou como grandes empreendimentos marítimos. Formação do Estado Nacional e a centralização política: As Grandes Navegações só foram possíveis com a centralização do poder político.

Avanços técnicos na arte náutica: o aprimoramento dos conhecimentos geográficos, graças ao desenvolvimento da cartografia; o desenvolvimento de instrumentos náuticos (bússola, astrolábio, sextante) e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as naus e as caravelas.

Interesses econômicos: a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas; romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo.

Religiosos: a possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da Igreja Católica.

Expansão marítima portuguesa

Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é explicado pela sua centralização política que era condição primordial para as Grandes Navegações.

A formação do Estado Nacional português está relacionada à luta entre cristãos e muçulmanos na península Ibérica.

A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de Borgonha (a partir de 1143) caracterizada pelo processo de expansão territorial interna.

Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal conhece um movimento político denominado Revolução de Avis - movimento que realiza a centralização do poder político: aliança entre a burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem de Avis, D. João.

Etapas da expansão

1415 - tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África;

1420 - ocupação das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico;

1434 - chegada ao Cabo Bojador; 1445 - chegada ao Cabo Verde; 1487 - Bartolomeu Dias e a transposição do

Cabo das Tormentas; 1498 - Vasco da Gama atinge as Índias

(Calicute); 1499 - Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

Expansão marítima espanhola

A Espanha será um Estado Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, após o fim da guerra de Reconquista contra os mouros.

No ano de 1492 o último reduto mouro - Granada - foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo ano, Cristovão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da Espanha.

1492 - chegada de Colombo a um novo continente, a América;

1504 -Américo Vespúcio afirma que a terra descoberta por Colombo era um novo continente;

1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a primeira viagem de circunavegação do globo.

As rivalidades Ibérica

Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir,

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resolveram assinar um acordo proposto pelo papa Alexandre VI - em 1493;

Um meridiano passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, dividindo as terras entre

Portugal e Espanha. Portugal não aceitou o acordo e no ano de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas.

ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGELHistória

2º Bimestre /2015 Profª: Carolina Turmas: 1AT, 1BT, 1CT, 1DT,1ET, 1FT, 1GT, 1HT

Texto 2 Fernando Pessoa

Mar Português

I. O INFANTE  

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.  Deus quis que a terra fosse toda uma, 

Que o mar unisse, já não separasse.  Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, 

E a orla branca foi de ilha em continente,  Clareou, correndo, até ao fim do mundo,  E viu-se a terra inteira, de repente,  Surgir, redonda, do azul profundo. 

Quem te sagrou criou-te português..  Do mar e nós em ti nos deu sinal.  Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.  Senhor, falta cumprir-se Portugal!    

II. HORIZONTE  

O mar anterior a nós, teus medos  Tinham coral e praias e arvoredos.  Desvendadas a noite e a cerração,  As tormentas passadas e o mistério,  Abria em flor o Longe, e o Sul sidério  'Splendia sobre as naus da iniciação. 

Linha severa da longínqua costa —  Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta  Em árvores onde o Longe nada tinha; 

Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:  E, no desembarcar, há aves, flores,  Onde era só, de longe a abstrata linha 

O sonho é ver as formas invisíveis  Da distância imprecisa, e, com sensíveis  Movimentos da esp'rança e da vontade, 

Buscar na linha fria do horizonte  A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —  Os beijos merecidos da Verdade. 

III. PADRÃO  

O esforço é grande e o homem é pequeno.  Eu, Diogo Cão, navegador, deixei  Este padrão ao pé do areal moreno  E para diante naveguei.  A alma é divina e a obra é imperfeita. 

Este padrão sinala ao vento e aos céus  Que, da obra ousada, é minha a parte feita:  O por-fazer é só com Deus. 

E ao imenso e possível oceano  Ensinam estas Quinas, que aqui vês,  Que o mar com fim será grego ou romano:  O mar sem fim é português. 

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma  E faz a febre em mim de navegar  Só encontrará de Deus na eterna calma  O porto sempre por achar.    

IV. O MOSTRENGO  

 Mostrengo que está no fim do mar  Na noite de breu ergueu-se a voar;  A roda da nau voou três vezes,  Voou três vezes a chiar,  E disse: «Quem é que ousou entrar  Nas minhas cavernas que não desvendo,  Meus tetos negros do fim do mundo?»  E o homem do leme disse, tremendo: 

«El-Rei D. João Segundo!» 

«De quem são as velas onde me roço?  De quem as quilhas que vejo e ouço?»  Disse o mostrengo, e rodou três vezes,  Três vezes rodou imundo e grosso.  «Quem vem poder o que só eu posso, 

Que moro onde nunca ninguém me visse  E escorro os medos do mar sem fundo?»  E o homem do leme tremeu, e disse:  «El-Rei D. João Segundo!» 

Três vezes do leme as mãos ergueu,  Três vezes ao leme as reprendeu,  E disse no fim de tremer três vezes:  «Aqui ao leme sou mais do que eu:  Sou um povo que quer o mar que é teu;  E mais que o mostrengo, que me a alma teme  E roda nas trevas do fim do mundo,  Manda a vontade, que me ata ao leme,  De El-Rei D. João Segundo!»    

V. EPITÁFIO DE BARTOLOMEU DIAS  

Jaz aqui, na pequena praia extrema,  O Capitão do Fim.  Dobrado o Assombro,  O mar é o mesmo:  já ninguém o tema!  Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.    

Vl. OS COLOMBOS  

Outros haverão de ter  O que houvermos de perder. 

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Outros poderão achar  O que, no nosso encontrar,  Foi achado, ou não achado,  Segundo o destino dado. 

Mas o que a eles não toca  É a Magia que evoca  O Longe e faz dele história.  E por isso a sua glória  É justa auréola dada  Por uma luz emprestada. 

 VII. OCIDENTE  

Com duas mãos — o Ato e o Destino —  Desvendamos. No mesmo gesto, ao céu  Uma ergue o fecho trêmulo e divino  E a outra afasta o véu. 

Fosse a hora que haver ou a que havia  A mão que ao Ocidente o véu rasgou, 

Foi a alma a Ciência e corpo a Ousadia  Da mão que desvendou. 

Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal  A mão que ergueu o facho que luziu,  Foi Deus a alma e o corpo Portugal  Da mão que o conduziu.    

VIII. FERNÃO DE MAGALHÃES  

No vale clareia uma fogueira.  Uma dança sacode a terra inteira.  E sombras desformes e descompostas 

Em clarões negros do vale vão  Subitamente pelas encostas,  Indo perder-se na escuridão. 

De quem é a dança que a noite aterra?  São os Titãs, os filhos da Terra,  Que dançam na morte do marinheiro  Que quis cingir o materno vulto  — Cingiu-o, dos homens, o primeiro —,  Na praia ao longe por fim sepulto. 

Dançam, nem sabem que a alma ousada  Do morto ainda comanda a armada,  Pulso sem corpo ao leme a guiar  As naus no resto do fim do espaço:  Que até ausente soube cercar 

A terra inteira com seu abraço. 

Violou a Terra. Mas eles não  O sabem, e dançam na solidão;  E sombras disformes e descompostas,  Indo perder-se nos horizontes,  Galgam do vale pelas encostas  Dos mudos montes.    

IX. ASCENSÃO DE VASCO DA GAMA  

Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra  Suspendem de repente o ódio da sua guerra  E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus  Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,   Primeiro um movimento e depois um assombro.  Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro,  E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões. 

Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta  Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovôes,   O céu abrir o abismo à alma do Argonauta.    

X. MAR PORTUGUÊS  

Ó mar salgado, quanto do teu sal  São lágrimas de Portugal!  Por te cruzarmos, quantas mães choraram,  Quantos filhos em vão rezaram!  Quantas noivas ficaram por casar  Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena  Se a alma não é pequena.  Quem quer passar além do Bojador  Tem que passar além da dor.  Deus ao mar o perigo e o abismo deu,  Mas nele é que espelhou o céu.    

XI. A ÚLTIMA NAU  

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,  E erguendo, como um nome, alto o pendão  Do Império, 

Foi-se a última nau, ao sol aziago  Erma, e entre choros de ânsia e de presago  Mistério. 

Não voltou mais. A que ilha indescoberta  Aportou? Voltará da sorte incerta  Que teve?  Deus guarda o corpo e a forma do futuro,  Mas Sua luz projeta-o, sonho escuro  E breve. 

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,  Mais a minha alma atlântica se exalta 

E entorna,  E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço,  Vejo entre a cerração teu vulto baço  Que torna. 

Não sei a hora, mas sei que há a hora, 

Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora  Mistério.  Surges ao sol em mim, e a névoa finda:  A mesma, e trazes o pendão ainda  Do Império.    

XII. PRECE  

Senhor, a noite veio e a alma é vil.  Tanta foi a tormenta e a vontade!  Restam-nos hoje, no silêncio hostil,  O mar universal e a saudade. 

Mas a chama, que a vida em nós criou,  Se ainda há vida ainda não é finda.  O frio morto em cinzas a ocultou:  A mão do vento pode erguê-la ainda. 

Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —   Com que a chama do esforço se remoça,  E outra vez conquistaremos a Distância —  Do mar ou outra, mas que seja nossa!

Atividades do texto 2

1. Procure no dicionário as palavras que não conhece o significado.

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2. Por que a conquista e o domínio dos mares foram tão importantes naquele período?

3. Liste o tema de cada parte do texto

4. Escolha uma das partes do poema de Fernando Pessoa e explique o tema, contextualizando com a época em questão. Seja crítico e argumentativo (mínimo 6 linhas)

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Turmas: 1AT, 1BT, 1CT, 1DT,1ET, 1FT, 1GT, 1HT Texto 3

Leia o documento

[...] Escrevo a vossa Alteza a noticia do achamento desta vossa terra [...]. A partida de Belém foi no dia 9 de março [...]. E assim seguimos nosso caminho por este mar de longo, até que no dia 21 de abril topamos alguns sinais de terra [...]. E o Capitão mandou em terra Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou a ir-se para lá, acudiram pela praia dezoito ou vinte homens.

Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez que pousassem os arcos. E eles os depuseram.

Esta terra, Senhor [...] será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte cinco léguas por costa [...]. pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande [...].

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados. [...] As águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem!

Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente E este deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

É que aí não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, isso bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé.

Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500. A carta de Pero Vaz de Caminha

Atividades de Interpretação do texto 3

1. Identifique a)

b) O autor do texto:c) Local onde foi elaborado:

d) Data de sua elaboração:e) A destinação do texto:

2. Pesquisar no dicionário o significado das palavras e expressões desconhecidas3. Liste as principais informações contidas no documento.4. Qual a intenção do autor (ou objetivo do documento)?5. Qual a importância do documento no contexto histórico do qual ele faz parte?6. Por que Caminha se preocupa em informar ao Rei sobre a existência ou não de metais preciosos?7. Identifique quais desejos da coroa portuguesa ao se lançar aos mares estão expressos no documento.

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8. A preocupação com os aspectos religiosos está expressa na carta. Identifique qual é o aspecto ressaltado e explique essa preocupação dentro do contexto histórico da época.

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