Webnotícia e linguagem hipermidia: como conta o jornalismo...

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Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA Raquel Ritter Longhi Webnotícia e linguagem hipermidia: como conta o jornalismo online Período de execução: Maio/2012 – Maio/2015 Linha de Pesquisa: Processos e Produtos Grupo de Pesquisa: Hipermídia e Linguagem/CNPq 1. Apresentação: Como professora do Curso de Jornalismo e do PosJor/UFSC, atuando na linha de pesquisa Processos e Produtos Jornalísticos, e como coordenadora do grupo de pesquisa Hipermídia e Linguagem/CNPq, do NEPHI-Jor, do Núcleo de Estudos e Produção Hipermídia Aplicados ao Jornalismo e do Grupo Hipertexto, do Curso de Jornalismo/UFSC, e membro da Rede de Pesquisa Aplicada Jornalismo e Tecnologias Digitais/SBPJor, e, mais recentemente, membro da rede internacional Transmediaticos 1 , temos investigado as formas que assumiu a notícia nos novos meios, especialmente aqueles produtos que definimos como específicos dos meios digitais. Esse interesse vem de encontro a uma atuação acadêmica que sempre priorizou a pesquisa com narrativas e linguagens. Primeiro, na especialização História y Estética del Cine, realizada em Madri, entre 1992 e 1993, quando elaboramos o paper Breve comentario acerca de Estraños en un Tren, em que investigávamos a transposição da narrativa do livro de Patrícia Highsmith para o filme de Hitchcock Pacto Sinistro (1951) (LONGHI, 1993) 2 . Em seguida, ao lado do trabalho com jornalismo gráfico, sempre nos preocupou a questão das linguagens visuais, em especial sua transposição para os novos meios que surgiam e desenvolviam-se então, nos quais o jornalismo online logo tomou lugar. 1 < http://www.redtransmediaticos.blogspot.com.br > 2 Mimeo.

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Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA

Raquel Ritter Longhi

Webnotícia e linguagem hipermidia: como conta o jornalismo online

Período de execução: Maio/2012 – Maio/2015

Linha de Pesquisa: Processos e Produtos

Grupo de Pesquisa: Hipermídia e Linguagem/CNPq

1. Apresentação: Como professora do Curso de Jornalismo e do

PosJor/UFSC, atuando na linha de pesquisa Processos e Produtos

Jornalísticos, e como coordenadora do grupo de pesquisa Hipermídia e

Linguagem/CNPq, do NEPHI-Jor, do Núcleo de Estudos e Produção

Hipermídia Aplicados ao Jornalismo e do Grupo Hipertexto, do Curso de

Jornalismo/UFSC, e membro da Rede de Pesquisa Aplicada Jornalismo e

Tecnologias Digitais/SBPJor, e, mais recentemente, membro da rede

internacional Transmediaticos1, temos investigado as formas que assumiu a

notícia nos novos meios, especialmente aqueles produtos que definimos

como específicos dos meios digitais. Esse interesse vem de encontro a uma

atuação acadêmica que sempre priorizou a pesquisa com narrativas e

linguagens. Primeiro, na especialização História y Estética del Cine, realizada

em Madri, entre 1992 e 1993, quando elaboramos o paper Breve comentario

acerca de Estraños en un Tren, em que investigávamos a transposição da

narrativa do livro de Patrícia Highsmith para o filme de Hitchcock Pacto

Sinistro (1951) (LONGHI, 1993)2. Em seguida, ao lado do trabalho com

jornalismo gráfico, sempre nos preocupou a questão das linguagens visuais,

em especial sua transposição para os novos meios que surgiam e

desenvolviam-se então, nos quais o jornalismo online logo tomou lugar.

1< http://www.redtransmediaticos.blogspot.com.br >

2 Mimeo.

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Verificamos a migração da fotografia e do impresso para os meios digitais,

levando em conta, assim, a linguagem hipermidiática própria da rede de

computadores Internet. Partindo do interesse pelo hipertexto como

linguagem visual e narrativa, elaboramos a dissertação de mestrado

Metáforas e Labirintos: a narrativa em hipertexto na Internet (LONGHI,

1998)3. Seguiu-se o doutorado, no qual verificamos mais a fundo a questão

das narrativas em hipertexto, dessa vez através da análise de um software de

criação literária, o Storyspace, na tese intitulada Escritura em hipertexto:

uma abordagem do Storyspace (LONGHI, 2004)4. Nossa entrada no Curso

de Jornalismo da UFSC ocorreu na área de jornalismo gráfico, onde a

preocupação com as linguagens nos meios digitais, como um desdobramento

dos suportes até então dominantes para o jornalismo, tomou forma no

Núcleo de Estudos e Produção Hipermídia Aplicados ao Jornalismo – Nephi-

Jor, e Grupo Hipertexto, ambos filiados ao Grupo Hipermídia e Linguagem,

que coordenamos junto ao CNPq5, onde desenvolvemos pesquisa, grupo de

estudos e orientação na área do jornalismo digital.

Sempre procuramos atualizar tais interesses nas disciplinas ministradas,

ao contar com a preocupação com o desenvolvimento da linguagem do

jornalismo gráfico e sua transposição para os ambientes digitais. O

Jornalismo, como área, evoluiu em torno de novas tecnologias e suportes, e,

assim, procuramos acompanhar tal evolução no que diz respeito à transição

das linguagens pelos diferentes suportes, do gráfico ao digital.

Concomitante com essas atividades, passamos a fazer parte da Rede de

Pesquisa Aplicada Jornalismo e Tecnologias Digitais, desenvolvendo

pesquisa sobre a transposição de linguagens, as novas formas narrativas

multimidiáticas próprias do webjornalismo e os possíveis novos formatos de

3 Disponível em:< http://www.nephijor.ufsc.br/bancodearquivos/livrodissert.pdf>, acesso em abril/2012.

4 Mimeo.

5 Disponível em: http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0043609XENZ9GQ, acesso em maio 2012.

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linguagens no ambiente hipermídia. Nossa atuação, nesse sentido, sempre

conjugou o interesse pelas linguagens visuais gráficas aliadas à sua

transposição para o ambiente hipermidiático, levando em conta a

convergência de meios e linguagens que se configura nos meios digitais.

Nesse período em que buscamos investigar tais migrações de linguagens para

o ambiente do webjornalismo, centrando-nos nas narrativas hipermidiáticas,

atuamos na área do jornalismo online em diversas frentes, tais como

avaliação de artigos e projetos para entidades da área e agências de fomento6,

conferências7, orientações de graduação e de mestrado.

A preocupação com a configuração dos formatos noticiosos no

webjornalismo vem como parte da evolução da trajetória da pesquisadora.

Novas questões se colocam nesse cenário, especialmente no que diz respeito à

produção noticiosa. Este projeto de pesquisa, que ora apresentamos ao

Departamento de Jornalismo/UFSC, tem o objetivo de analisar os produtos

webjornalísticos sob três pontos de vista pertinentes à convergência editorial,

quais sejam: 1) a migração das linguagens jornalísticas para o ambiente

digital e sua convergência; 2) a reconfiguração de gêneros que se configura

nos formatos webjornalísticos multimidiáticos e 3) o uso das redes sociais na

produção da webnotícia. Esses três temas serão analisados levando-se em

conta as instâncias da produção, circulação e consumo da notícia.

Este projeto de pesquisa deverá ter uma etapa em nível de pós-doutora-

do, a ser realizado no período de setembro de 2013 a agosto de 2014, na Uni-

versidade Nova de Lisboa, sob orientação do Prof. Francisco Rui Cádima, que

já confirmou sua participação nesse sentido. Tal etapa será imprescindível

6 Intercom, SBPJor, Fapesp, dentre outras.

7 “Los especiales multimedia en el periodismo on-line”. Palestra no III Seminario Walter Lippmann de Investigación en Periodismo. (Universidad del Rosario, Bogotá, 2011); “Metodologia de Investigação no Jornalismo Digital”. Palestra no II EJICC – Encontro de Jovens Investigadores em Ciências da Comunicação. (Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal, 2011).

5.

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para a consecução da pesquisa, uma vez que o orientador tem forte atuação

na área de jornalismo e audiovisual, e coordena o Mestrado de Novos Media e

Práticas Web (FCSH-UNL).

2. Problematização:

Em seu livro El lenguaje de los nuevos médios de comunicación, Lev

Manovich propunha uma investigação em torno da lógica da linguagem nos

novos meios, buscando ainda, especular se esta nova linguagem estaria perto

de obter sua forma estável e definitiva (MANOVICH, 2006, 50). Tratava-se

de investigar as transformações culturais que desembocaram no

desenvolvimento da primeira década de utilização dos computadores

pessoais, que passaram de ferramentas de produção (em geral, para a área

gráfica), para meios de armazenamento e distribuição da informação e

comunicação. Desde então, a trajetória do computador pessoal como meio de

comunicação, aliada ao surgimento das redes de computadores e internet,

ampliaram o escopo de abrangência das mídias digitais, que hoje são

onipresentes.

Se o jornalismo utilizou as redes de computadores como novos suportes

de difusão (num primeiro momento), e produção, mais recentemente o

jornalismo digital tem focado na convergência suas estratégias de

desenvolvimento empresarial, tecnológico e editorial. A indústria midiática

está adotando a cultura da convergência por várias razões, segundo Henry

Jenkins (2007), entre elas, o fato de que a convergência cria múltiplas formas

de vender conteúdos aos consumidores, sendo a notícia considerada uma

parte desse conteúdo. A convergência está mudando o modo como os setores

de mídia operam e o modo como as pessoas pensam sobre sua relação com os

meios de comunicação.

Entendemos linguagem, para nossa pesquisa, como define Manovich

(2006, 56), ou seja: “as convenções que estão surgindo, os padrões de

desenho recorrentes e as principais formas dos novos meios”, tudo isso

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dentro do escopo do webjornalismo, temática principal de nossas

investigações, e ainda, no cenário da hipermídia, linguagem específica dos

meios digitais, que se traduz na presença de blocos de informação que podem

ser verbais, sonoros e/ou visuais, de forma convergente, no ambiente digital

de informação.

Dentre os resultados dos nossos estudos mais recentes sobre as

linguagens hipermidiáticas (LONGHI, 2008, 2009, 2010), sustentamos o

conceito de intermídia, que se presta para definir uma linguagem que aposta

na “fusão conceitual, formando uma terceira linguagem” (LONGHI, 2008).

Especiais multimídia, nesse sentido, configuram-se como narrativas

intermídia, que “realizam uma fusão conceitual, ao estabelecerem o extremo

cuidado estético aliado às novas possibilidades do manejo da linguagem. (...)

exemplificam, na prática, um formato totalmente específico dos meios

digitais” (LONGHI, 2010 a). Quando analisamos a construção desse formato

noticioso, levamos em consideração, apoiados em Santaella (2007), os

processos sígnicos envolvidos, ou seja, os processos de linguagem que

operam na conformação de um novo tipo de forma de representação, como é

a hipermídia. Essa autora define “três matrizes lógicas, a partir das quais, por

processos de combinações e misturas, originam-se todas as formas possíveis

de linguagens e processos de comunicação (...): a sonora, a visual e a verbal”

(SANTAELLA, 2007, p. 75). A hipermídia seria, assim, um sistema sígnico

resultante dessas combinatórias, e operaria uma fusão conceitual

(intermídia) (LONGHI, 2010). Trata-se de uma linguagem que se mistura no

ato mesmo de sua formação, para usar uma expressão da mesma autora

(SANTAELLA, 2007, p. 85).

Neste sentido, a ideia de intermídia vem de encontro à posição de

Salaverría, que, com o conceito de multimídia por integração (2005),

sublinha a reunião de elementos com o resultado final de unidade

comunicativa. Para nós, intermídia traduz-se na efetiva combinação e

integração dos elementos multimídia, ou seja, um formato novo, diferente

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daqueles que operam para lhe dar configuração, através da combinação e

rearranjo (LONGHI, 2010 a).

A grande reportagem nos meios digitais parece estar reconfigurada nos

especiais multimídia. Ainda que apareça denominado com vários nomes, o

“especial multimídia” poderia ser definido levando-se em conta dois aspectos

principais: as características de sua linguagem e as características ligadas ao

gênero de formato informativo. Sobre esse segundo aspecto, uma vez que

podemos entender o especial multimídia como uma espécie de herdeiro da

grande reportagem do impresso, e verificando o quadro classificatório

proposto por Noci e Salaverría para os gêneros do webjornalismo (apud

PALACIOS e NOCI, 2009: 24), uma melhor classificação definiria o especial

multimídia dentro da categoria “gêneros interpretativos”. Por outro lado, há

que levar em conta que, dentro do que se entende por especial multimídia,

aparecem formatos tão diversos como entrevistas, depoimentos,

documentários, todos eles, classificáveis, segundo as teorias canônicas do

jornalismo, como gêneros.

No que diz respeito à reportagem, concordamos com Larrondo Ureta

quando afirma que ela se converteu num modelo paradigmático das

mudanças que o hipertexto trouxe para os gêneros e formatos redacionais

conhecidos (2009, 85). Para a autora, “a chegada de uma nova modalidade

textual como o hipertexto informativo reconfigura os gêneros jornalísticos tal

e como o conhecemos no meio impresso” (LARRONDO URETA, 2004: 5). A

convergência de linguagens, desta forma, atua na composição e

reconfiguração do gênero da grande reportagem.

Jornalismo de convergência

O termo convergência define o atual momento do Jornalismo, para Janet

Kolodzy (2009), marcando um estágio de desenvolvimento dos meios no qual

a convergência é o processo principal. Isso se deve ao fato de mudanças

tecnológicas, sociais e econômicas desafiarem as empresas tradicionais a

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desenvolver novas formas de atrair leitores e espectadores e manter os

correntes. A autora observa que a convergência implica mudanças editoriais e

corporativas no jornalismo contemporâneo.

Convergência no jornalismo exige mudanças na forma como asorganizações de notícias pensam as matérias e a cobertura noticiosa,como eles produzem a notícia, e como as divulgam. A maior parte daconvergência no jornalismo de hoje centra-se na última destas áreas,na distribuição da notícia. (KOLODZY, 2006, p.9)8

Gordon (2003), citado por Grant (2009), aponta cinco dimensões para a

convergência: propriedade, táticas, estrutura, captura da informação

(information gathering) e apresentação (narrativa). Essa última

característica da convergência jornalística vem como resultado da

convergência tecnológica, como lembra Kolodzy (2009), que abriu novas

formas de apresentar a informação, pois trouxe consigo a multimídia, onde

diferentes plataformas de narrativas podem ser combinadas, na Internet,

como texto, áudio, fotos, gráficos, vídeo, cinema.

... a convergência tecnológica também abriu novas formas deapresentar a informação. (...) levou à apresentação da informação emmultimídia. A internet permite que plataformas ou meios narrativosanteriormente separados – texto do impresso; o áudio do rádio,figuras e gráficos do design visual; e imagens em movimentos,animação, filme e televisão – sejam combinados em novas formas deproporcionar a informação. (KOLODZY, 2009, 34)9

Reconfiguração de gêneros audiovisuais

No ambiente da linguagem hipermídia, muita coisa ainda está por ser melhor

definida, em termos de conceitos e nomenclaturas. Quando nos reportamos a

gêneros audiovisuais no webjornalismo, a questão inevitável é se tal

8 Texto original: “Convergence in journalism requires changes in how news organizations think about the news andnews coverage, how they produce the news, and how they deliver the news. Most convergence in journalism todayfocuses on the last of those areas, delivering the news.”(KOLODZY, 2006, p.9).9 Tradução nossa. No original: ... technological convergence has also opened up new ways of presenting thatinformation. Technological convergence has led to multimedia information presentation. The internet allows formerlyseparate and distinct storytelling media or platforms – the text of print; the audio of radio, pictures and graphics ofvisual design; and the moving pictures of animation, film, and television – to be combined into a new way of providinginformation.

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nomenclatura é adequada, já que se trata de um ambiente de informação

bastante diferenciado de seus predecessores, como o impresso e o eletrônico.

A referência direta do audiovisual se dá com o ambiente pré-linguagens

digitais, onde o audiovisual dizia respeito a “qualquer comunicação destinada

simultaneamente aos sentidos da audição e da visão” (...) “Qualidade de todo

e qualquer meio que transmite mensagens através de som e imagem”

(RABAÇA e BARBOSA, 2002: 49). Com o desenvolvimento da multimídia, e

depois, no ambiente digital, da hipermídia, com formatos que conjugam

imagem, texto e som, pode-se afirmar que os três termos audiovisual,

multimídia e hipermídia, conversam entre si, cada um deles, explicitando em

maior ou menor grau o tipo de suporte em que trafegam as linguagens. No

caso do audiovisual, não se pode deixar de lado o slide, a fita de áudio, o

projetor, dentre outros10; relativamente à multimídia, já se adentra em um

contexto da informação informatizada, segundo os mesmos autores, que

“integra textos, sons e imagens, transmitidos através de redes internet ou

intranet, armazenados em CD-Rom, etc” (RABAÇA e BARBOSA, 2002: 501),

e finalmente, quanto à hipermídia, entende-se como a linguagem que

conjuga, além de textos verbais, sons e imagens, em um único ambiente de

informação, o digital, e através de conexões entre suas partes (LONGHI,

1998).

Resultados de nossas pesquisas com os formatos noticiosos no

jornalismo online apontam para uma possível reconfiguração de gêneros

fotojornalísticos, o que mercerá maior espaço no escopo da pesquisa

pretendida. Em artigo publicado em 2010, trabalhamos com a ideia de que as

histórias com imagens em forma de slideshow estão trazendo para o

ambiente hipermídia da web a reconfiguração de gêneros fotojornalísticos

como as picture stories e o ensaio fotográfico (LONGHI, 2011, 2010 a). A

imagem está sendo usada como matéria-prima da notícia nos slideshow

noticiosos, ou seja, ocupando o lugar principal de código lingüístico.

10 Ver ainda o verbete audiovisual em Rabaça e Barbosa, 2002, p. 49.

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Na sua forma mais comum, o slideshow utiliza imagens distribuídas em

uma determinada sequência, onde o que importa é o conteúdo individual de

cada fotografia, contando apenas com um título e legendas. Sua progressão

obedece ao clique do usuário sobre botões indicativos, como por exemplo,

números, setas ou play. Apesar de sua iminente simplicidade de forma,

entretanto, o slideshow pode ser verificado como um formato noticioso e

mesmo narrativo, quando o contexto causado pela sucessão de imagens é

capaz de lhe conferir um sentido expressivo, ou seja, ultrapassando o sentido

individual de cada foto em particular (LONGHI, 2010 a). Concluímos, assim,

que a grande utilização desse formato noticioso mostra que, com a

hipermídia, a imagem em sequência ganha como expressão narrativa, uma

vez que ela é capaz de dar conta da transmissão da notícia em toda a sua

intensidade, seja acompanhada de legendas, títulos, seja apenas como uma

sucessão de imagens.

Convergência e circulação

O espectro da convergência, no cenário do webjornalismo e das redes sociais,

é ampliado para a circulação. Para González (2010), a circulação multiplicada

de notícias está implícita no processo de convergência midiática, já que

quando um meio inicia a convergência, o faz com a ideia de aumentar tais

possibilidades de compartilhamento da informação através de todos os meios

possíveis. Além disso, é importante reconhecer que o novo consumidor de

notícias é também um produtor de informação em potencial. O público

consumidor de notícias está onipresente assim como a informação, em

especial quando se considera o acesso a partir de diferentes plataformas

conectadas à internet, em um conjunto formado também por aparelhos

móveis como celular, tablets, netbooks, laptops entre outros. Logo, a

distribuição multiplataforma tornou-se uma das principais metas do processo

de convergência.

A circulação de conteúdos por meio de diferentes sistemas midiáticos,

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para Jenkins (2008), depende fortemente da participação ativa dos

consumidores. Para o autor, a convergência não ocorre por meio de

aparelhos, mas dentro dos cérebros de consumidores individuais e na sua

interação com outros. Recente estudo de Santaella e Lemos aponta para as

inúmeras mudanças que as redes sociais vêm trazendo nas relações sociais e

humanas (2011). De acordo esse estudo, a grande mudança encontra-se nas

possibilidades de novas interfaces de interação social que as redes sociais,

junto com as tecnologias móveis, trazem ao cenário da Comunicação. As

autoras sugerem que se cria uma cultura do always on, em que a conexão ao

digital é onipresente e contínua.

As redes sociais somam-se às estratégias de convergência como

plataformas midiáticas que passam a ser utilizadas também na produção da

notícia. Para Orihuela (2006), os meios de socialização resgatam o

protagonismo mediático do público, que se converte no centro do processo

comunicativo. O papel que exercem tais plataformas de socialização online,

aliados a possibilidades cada vez mais facilitadas de conexão e acesso,

tornaram as redes a alma do jornalismo na internet. As redes sociais, assim,

tornaram-se o mais forte elo de interação entre o público leitor de notícias e

consumidor do jornalismo e os meios.

Nesse quadro evolutivo, a informação na internet passou a requerer

uma série de interações digitais com o público, inspiradas inicialmente nas

possibilidades oriundas dos blogs – comentários e links - em um processo de

“bloggização” dos jornais online, como observa Tíscar Lara: os meios,

segundo esse autor, “têm de disponibilizar espaços de comunicação e

socialização a suas audiências (...) agora o desafio é captar novos públicos e

converter suas audiências em redes sociais”11 (2008, nossa tradução). Mais

ainda, a interatividade com o público propiciada pelas redes sociais favorece

os meios através da distribuição de seus conteúdos entre as redes,

produzindo um efeito em cadeia entre os membros da rede social e

11 Texto original: “han de proveer de espacios de comunicación y socialización a sus audiencias. (...) ahora el retoestriba en captar nuevos públicos y convertir a sus audiencias en redes sociales.” Disponível em <http://goo.gl/sjdlI>.

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melhorando sua repercussão, como observa Orihuela, citado por Cébrian

Herreros y Vivar (2011).

Por meio desse tipo de estratégia, os veículos objetivam incentivar a

audiência a distribuir seus conteúdos através de diferentes canais. O usuário

ativo das redes sociais torna-se então uma espécie de formador de opinião

dentro de sua rede de contatos e, ao mesmo tempo, gatewatching da notícia

(BRUNS, 2005). A audiência transforma-se em difusora, retransmissora e

disseminadora de informação, em sua relação com os meios (BOWMAN &

WILLIS, 2003; DEUZE, BRUNS & NEUBERGER, 2007 apud BACHMANN e

HARLOW, 2011).

Acostumados a usar blogs, Facebook, Twitter e outras plataformas,

cidadãos querem mais que apenas escrever uma carta ao editor. Os leitores

agora esperam algum nível de interatividade e um maior envolvimento com o

site de notícias, forçando a mídia tradicional a repensar não apenas o

processo de produção noticiosa, mas também o que é considerado um

jornalista. (Hayes et al., 2007). (BACHMANN e HARLOW, 2011, p. 5)12

As novas práticas de comunicação em rede têm sido analisadas por

diversos autores. Clay Shirky observou, nesse sentido, sobre a fusão da

comunicação pessoal e a publicação. Nessa nova configuração das práticas

jornalísticas, a situação se inverte para, em primeiro lugar, um processo de

filtragem da informação, depois sua publicação. Segundo Shirky, as redes

sociais estão impondo um novo modelo onde primeiro se publica de tudo, e

depois as interações dos usuários se encarregam de hierarquizar os temas e

organizá-los13.

SCOLARI reflete sobre a hipermediação como um processo de

“intercâmbio, produção e consumo simbólico que se desenvolvem em um

ambiente caracterizado por uma grande quantidade de sujeitos, meios e12 No original: Accustomed to using blogs, Facebook, Twitter, and other such platforms, citizens have come to wantmore than just the ability to write a letter to the editor. Internet-savvy newspaper readers now expect some level ofinteractivity and increased engagement with a news site, forcing traditional news media to rethink not only theprocess of news production, but also who is considered a journalist (Hayes et al., 2007).

13 Citado por Scolari, 2011.

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linguagens interconectados tecnologicamente de maneira reticular entre si”

(2008: 113-114). O autor salienta a

“trama de envios, hibridações e contaminações que a tecnologiadigital, ao reduzir todas as textualidades a uma massa de bits, permitearticular dentro do ecossistema midiático. As hipermediações, entreoutras palavras, nos levam a indagar a respeito da emergência denovas configurações que vão mais além – por cima – dos meiostradicionais. Nesse sentido, se assemelham às mediamorfosis(Fidler,1998)” (SCOLARI, 2008: 114).

Este autor dinamiza seus estudos do objeto ao processo, para dar conta das

dinâmicas cognitivas e culturais que as tecnologias digitais colocam em

marcha.

Com isso, pretendemos avaliar até que ponto a circulação da informação

ganha com as redes sociais, do ponto de vista de sua produção, e de que

forma isso interfere em novas classificações para os formatos

webjornalísticos.

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3. Metodologia: Em se tratando de “novas mídias”, como vem sendo

definidos os meios de comunicação no ambiente digital de informação, a

questão que se coloca é até que ponto tais mídias necessitam de novos

métodos de abordagem. A resposta mais cuidadosa a esta questão reside no

modelo de combinação de aproximações consagradas pelas ciências sociais

com novas formas de tratamento dos objetos da mídia, resultantes de tais

novas configurações dos meios. Para Priest, “todas essas mudanças oferecem

novas oportunidades de observação, experimentos, amostragem e avaliação

da utilização que as pessoas fazem da tecnologia para se comunicar” (2011,

225). Em todo caso, salienta a autora, uma coisa é certa: os modelos de

pesquisa precisarão refletir o cenário da mídia contemporânea.

Isso diz respeito, por exemplo, a questões de análise dos produtos

midiáticos quando entram em cena novas configurações da comunicação

midiática, como as redes sociais e sua utilização pelo webjornalismo. Ou

ainda, a configuração do público, que torna-se usuário, ou uma espécie de

“filtro sócial”, fazendo a filtragem da notícia para depois distribuí-la através

das plataformas de redes sociais. Ao mesmo tempo, trata-se de verificar

novos cenários para a produção, distribuição e consumo da notícia, todos

eles, enriquecidos pelo estabelecimento das redes sociais e por uma nova

configuração do leitor/usuário/ navegador.

Tratando-se de objetos que encontram-se “em se fazendo”, como o são os

produtos informativos noticiosos no webjornalismo e uma possível

reconfiguração de gêneros, justifica-se a opção pela pesquisa de cunho

exploratório, que, no dizer de Severino (2010: 122), “busca apenas levantar

informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de

trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto”. Para Gil

(1995), a pesquisa exploratória é desenvolvida com o objetivo de

proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato, um tipo de

pesquisa realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado

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(GIL, 1995: 45).

É nossa intenção aliar esse tipo de pesquisa com a investigação descritiva,

que objetiva a descrição das características de determinado fenômeno, como

é o caso em tela, e podem, ainda, proporcionar uma nova visão do objeto, ou

do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias, segundo Gil

(1995: 45).

Nossa investigação, nesse sentido, é de cunho exploratório e descritivo,

com análise qualitativa de conteúdo de produtos específicos, selecionados

aleatoriamente em três jornais de referência brasileiros, espanhóis e norte-

americanos. A metodologia seguirá, assim, as seguintes etapas:

1) a migração das linguagens jornalísticas para o ambiente digital e sua

convergência; 2) a reconfiguração de gêneros que se configura nos formatos

webjornalísticos hipermidiáticos e 3) o uso das redes sociais na produção da

webnotícia. Esses três temas serão analisados levando-se em conta as

instâncias da produção, circulação e consumo da notícia.

1ª: estudo teórico sobre a migração de linguagens e o estado da arte dos

formatos hipermidiáticos webjornalísticos, traçando um quadro evolutivo;

2ª: estudo teórico sobre uma possível reconfiguração de gêneros jornalísticos

hipermidiáticos e audiovisuais no webjornalismo; estudos multicasos sobre o

uso das redes sociais na produção da webnotícia e ilustração de casos

escolhidos aleatoriamente em três jornais de referência brasileiros, espanhóis

e norte-americanos. Classificação de possíveis webgêneros. Esta parte do

projeto deverá ser implementada e aprofundada dentro do projeto específico

de pós-doutorado.

3ª: estudo qualitativo através da observação exploratória e descritiva de

produtos webjornalísticos escolhidos aleatoriamente como ilustração da

reconfiguração de gêneros informativos audiovisuais no webjornalismo.

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Categorização de webgêneros dentro de classificação postulada na segunda

etapa.

4ª: Finalização do projeto, revisão e produção de publicação em livro

impresso e digital.

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4. Alcance, Resultados, Contribuições e Metas: Dentre os resultados

pretendidos, estão o reforço e a continuidade do trabalho nos Grupos de pes-

quisa e nas redes já citados, o enriquecimento da oferta de disciplinas e mini-

cursos a serem oferecidos no Departamento de Jornalismo da UFSC, em nível

de graduação e de mestrado, assim como o reforço à mesma área e à atuação

desta pesquisadora na Linha de Pesquisa Processos e Produtos, do Programa

de Pós-Graduação em Jornalismo, PosJor/UFSC. Também prevemos a apre-

sentação de trabalhos em congressos e eventos científicos e publicações em

periódicos, assim como capítulos de livros. Como resultado final, pretende-

mos sistematizar tal investigação em forma de livro impresso e digital. Na

etapa pós-doutoral, pretende-se integrar a pesquisa no âmbito do Departa-

mento de Ciências da Comunicação/Faculdade de Ciências Sociais e Huma-

nas da Universidade Nova de Lisboa, nomeadamente nos seus cursos de gra-

duação e pós-graduação, através de conferências específicas e participação

em grupos de pesquisa da área de jornalismo e do audiovisual, em particular

junto do CIMJ – Centro de Investigação Media e Jornalismo.

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5. Objetivos: Geral: analisar os produtos webjornalísticos sob três pontos de

vista pertinentes à convergência editorial: 1) a migração de linguagens para o

ambiente digital e sua convergência; 2) a reconfiguração de gêneros nos

formatos webjornalísticos hipermidiáticos e 3) o uso das redes sociais na

produção da webnotícia. Estes três temas serão analisados levando-se em

conta as instâncias da produção, circulação e consumo da notícia.

Específicos

- Verificar o estado da arte dos produtos hipermidiáticos no webjornalismo,

fazendo um quadro de sua evolução histórica;

- Investigar o surgimento e configuração de gêneros e formatos específicos do

webjornalismo, levando em consideração a convergência de meios e

linguagens e a utilização das redes sociais;

- Analisar a função das redes sociais nos produtos informativos

webjornalísticos em casos selecionados;

Estabelecer uma classificação a partir das diversas manifestações de

webgêneros.

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6. Justificativa: A produção da notícia recebe, com as novas configurações

midiáticas, impulsos renovadores, que desafiam as classificações tradicionais

a respeito do produto noticioso. Por exemplo, a ampla utilização dos

formatos multimidiáticos, tais como o especial multimídia e o slideshow (na

qualidade de narrativas visuais), e ainda, a explosão das redes sociais trazem

questões relevantes. Como se dá a migração das linguagens jornalísticas para

o ambiente digital e sua convergência? Em que sentido as redes podem estar

transformando os paradigmas existentes quanto à produção, circulação e

consumo do produto noticioso? Como fica o leitor nesse quadro? Pode-se

falar de gêneros específicos dos meios digitais? Como se dá a reconfiguração

de tais gêneros? O que a convergência midiática tem a ver com tudo isso?

Relativamente à imagem, como surgem e se estabelecem no webjornalismo

os gêneros audiovisuais? Como os webjornais estão utilizando as redes sociais

na produção noticiosa? Estas são algumas questões que pretendemos

responder neste projeto de pesquisa.

A compreensão das especificidades dos formatos webjornalísticos

hipermidiáticos passa pelo entendimento e aprofundamento nas questões

relativas à convergência de linguagens propiciadas pelos meios digitais. Em

artigo apresentado na Compós, em 2009, e posteriormente publicado pela

revista Estudos em jornalismo e Mídia14, atentávamos para as narrativas

infográficas webjornalísticas, salientando o seu caráter de migração do

impresso para o online, e verificando seu caráter convergente:

“(...) a chamada convergência dos meios de comunicação vemoperando em pelo menos duas vias, a da produção, em que se insere alinguagem, e a da distribuição, na qual o espaço cibernético para ainformação é aglutinador de vários tipos de meios de comunicação – ojornal, o rádio e a televisão, por exemplo, que ali encontram umespaço a mais para sua representação midiática” (LONGHI, 2009, 02).

Apontávamos, ainda, o surgimento de um formato específico dos meios14 Disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/viewFile/10953/10423, acesso em maio 2012.

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informativos jornalísticos digitais, e introduzíamos a ideia de intermídia:

“Alguns especiais do Clarín.com, neste sentido, tornam-se, parabuscar um termo mais propenso ao ambiente digital, narrativasintermídia, que realizam uma fusão conceitual, ao estabelecerem oextremo cuidado estético aliado às novas possibilidades do manejo dalinguagem. Poderíamos afirmar que exemplificam, na prática, umformato totalmente específico dos meios digitais” (LONGHI, 2009,02).

Concomitantemente, a verdadeira explosão do uso de narrativas fotográficas

em slideshow com áudio, levou-nos a iniciar a verificação também desses

produtos, do ponto de vista da construção da linguagem audiovisual e pela

reconfiguração de gêneros. No artigo “Formatos de linguagem no

webjornalismo convergente: a fotorreportagem revisitada”, apresentado no

8º Encontro da SBPJor, em 2010, observamos que:

“Diferentes tipos de formatos jornalísticos com imagens têm sidoproduzidos pelo webjornalismo, num processo de adequação àlinguagem hipermidiática do meio, que leva em conta em grande partea remodelação de linguagens anteriormente estabelecidas peloimpresso, televisão, rádio e cinema. Mais especificamenterelacionadas ao gênero fotojornalístico, sites noticiosos apresentamhistórias fotográficas onde se destacam o slideshow, os especiaismultimídia e as picture stories, ou fotorreportages” (LONGHI, 2010,01).

Naquele momento, buscávamos identificar o possível surgimento de um novo

gênero fotojornalístico, específico do webjornalismo, resultante da fusão dos

formatos do slideshow e do documentário, e herdeiro ainda da reportagem

fotográfica do impresso.

Aliando o interesse nas representações gráfico visuais no webjornalismo

com o desenvolvimento de softwares livres, criamos, em 2009, o projeto de

extensão Fotolivre.Ufsc15, um banco de imagens produzidas pelos alunos das

disciplinas de Fotojornalismo do Curso de Jornalismo da UFSC, onde a

migração das imagens do impresso para o digital configurava a base do

projeto.

Mais recentemente, o surgimento e estabelecimento das redes sociais, e

seu uso pelo webjornalismo foi chamando nossa atenção como possível15 WWW.fotolivre.ufsc.br, acesso em maio de 2012.

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objeto de pesquisa. Ademais, por ampliar o escopo de posturas de observação

a respeito dos formatos da webnotícia. Assim, no artigo “Os webjornais

querem ser rede social”, escrito em co-autoria com as orientandas de

mestrado Ana Marta Moreira Flores e Carolina Teixeira Weber, publicado no

livro Jornalismo Digital, Colaboração e Redes Sociais, lançado na 9º SBPJor,

em novembro de 2011, iniciamos estudos relativos à utilização das redes

sociais pelo webjornalismo. Não apenas a tecnologia converge, como lembra

Vivar, mas também o tipo de conteúdo, ou seja, a mensagem. Assim, surgem

as interrogações, segundo o autor: como devem estruturar-se as mensagens

num contexto de convergência dos meios com as redes sociais? (VIVAR,

2009, 74).

É dentro dessa trajetória de pesquisa que este projeto vem inserir-se, no

sentido de desenvolver investigação centralizada na transposição e

reconfiguração de linguagens e formatos noticiosos no jornalismo online,

levando em conta as redes sociais, e lembrando que, no ambiente do

webjornalismo, estamos tratando os formatos informativos e audiovisuais

como sinônimos de formatos hipermidiáticos, uma vez que a hipermídia

engloba a conjugação em um mesmo ambiente de representações verbais,

sonoras e visuais. Usamos ainda a nomenclatura de multimedia, para tratar

das mesmas instâncias de organização da linguagem no ambiente digital.

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7. Orçamento: próprio

8. Cronograma:

Etapa 1ª 2ª 3ª 4ª

Período Maio/2012Janeiro/2013

Fevereiro/2013Fevereiro/2014

Março/2014Dezembro/2014

Janeiro/2015Maio/2015

Descrição

Estudo teórico – Estado da arte dos formatos noticiosos hipermidiáticos e reconfiguração de gêneros jornalísticos informativos no webjornalismo.

Histórico da evolução dos formatos hipermidiáticos webjornalísticos.

Estudos teóricos e estudos multicasos sobre o uso das redes sociais na produção da webnotícia e possível reconfiguração de gêneros e formatos. Classificação de possíveis webgêneros.

Estudo qualitativo através da observação exploratória e descritiva de produtos informativos webjornalísticos como ilustração da reconfiguração de gêneros hipermidiáticos e audiovisuais no webjornalismo. Categorização de webgêneros dentro de classificação postulada na segunda etapa.

Finalização, revisão e produção de publicação impressa e digital.

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