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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 1 - WEBQUESTS E WEB 2.0 COMO PROJETOS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA DE IDIOMAS Janaina Cardoso 1 (UERJ) Resumo: Com o avanço tecnológico desenfreado e, consequentemente, com a acessibilidade contínua e progressiva aos meios de comunicações, não há lugar para metodologias ultrapassadas. Os recursos tecnológicos podem se tornar aliados eficazes no desenvolvimento de projetos colaborativos, promovendo autonomia, criatividade e visão crítica. O presente estudo visa refletir quanto à utilização de ferramentas disponíveis na Internet, tanto do formato mais controlado pelos professores (e.g. as Webquests), até os mais independentes (e.g. a Web 2.0), como auxiliares eficazes no aprendizado de idiomas. Palavras-chave: Aprendizagem colaborativa, Webquests, Web2.0 Abstract: With the impressive technological progress and the increasing and continuous accessibility to different means of communication, the traditional teacher-centred approach should be out of question. The technological resources have to be used in the development of collaborative projects, promoting autonomy, creativity and critical view. The ongoing study aims at reflecting on the application of Internet tools, from the more teacher-controlled ones (e.g the Webquests), to the more independent ones (e.g. Web 2.0 resources), for a more effective language learning process. Key words: Collaborative Learning, Webquests, Web 2.0 Introdução O Cacique Almir Suruí é um exemplo perfeito de como o novo (o futuro) pode conviver em perfeita harmonia com o passado. Almir Suruí foi eleito um dos mais criativos líderes no mundo corporativo pela revista americana " Fast Company”, o seu principal diferencial é se utilizar de novas tecnologias para a preservação de tradições. Será que os cursos de formação de professores levam em consideração o

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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

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WEBQUESTS E WEB 2.0 COMO PROJETOS DE

APRENDIZAGEM COLABORATIVA DE IDIOMAS

Janaina Cardoso1 (UERJ)

Resumo: Com o avanço tecnológico desenfreado e, consequentemente, com a acessibilidade contínua e progressiva aos meios de comunicações, não há lugar para metodologias ultrapassadas. Os recursos tecnológicos podem se

tornar aliados eficazes no desenvolvimento de projetos colaborativos, promovendo autonomia, criatividade e visão crítica. O presente estudo visa refletir quanto à utilização de ferramentas disponíveis na Internet, tanto do formato mais controlado pelos professores (e.g. as Webquests), até os mais independentes (e.g. a Web 2.0), como auxiliares eficazes no aprendizado de idiomas. Palavras-chave: Aprendizagem colaborativa, Webquests, Web2.0 Abstract: With the impressive technological progress and the increasing and continuous accessibility to different means of communication, the traditional teacher-centred approach should be out of question. The technological resources have to be used in the development of collaborative projects, promoting autonomy, creativity and critical view. The ongoing study aims at reflecting on the application of Internet tools, from the more teacher-controlled ones (e.g the Webquests), to the more

independent ones (e.g. Web 2.0 resources), for a more effective language learning process. Key words: Collaborative Learning, Webquests, Web 2.0

Introdução

O Cacique Almir Suruí é um exemplo perfeito de como o novo (o futuro) pode

conviver em perfeita harmonia com o passado. Almir Suruí foi eleito um dos mais

criativos líderes no mundo corporativo pela revista americana "Fast Company”, o

seu principal diferencial é se utilizar de novas tecnologias para a preservação de

tradições. Será que os cursos de formação de professores levam em consideração o

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importância do uso de novas tecnologias no processo de preparo para a educação

para o futuro, sem deixar de lado conhecimentos adquiridos no passado?

Este artigo relata um estudo que teve início há cerca de três anos, como

justificativa para a proposta de conteúdo programático para o curso Prática de

Ensino I – O Uso de Novas Tecnologias para o Ensino de Inglês. Desde então, o curso

não só iniciou, mas sofreu diversas modificações baseadas na pesquisa

desenvolvida, ao longo do curso e das avaliações dos alunos. O curso é compulsório

e faz parte do currículo da graduação em Letras (Inglês-Literaturas) da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Justificativa

Com o avanço tecnológico desenfreado, que testemunhamos neste momento

histórico e, consequentemente, com a acessibilidade contínua e progressiva aos

meios de comunicações, não se pode mais falar em aquisição de conteúdo. Uma

vez que “o volume de informações não permite abranger todos os conteúdos de

uma área de conhecimento.” (Behrens, 2004:71)

No Estado do Rio de Janeiro vários professores da rede pública têm recebido

computadores visando à inovação da prática docente. É o caso dos professores de

Ensino Médio da rede estadual que receberam laptops no projeto Conexão

Professor (Freitas e Leite 2011, p.83) e da rede municipal da cidade do Rio de

Janeiro que receberam tablets. Quanto à rede privada, pelo menos na área de

idiomas, tem aumentado a utilização de quadros interativos e tablets em sala de

aula. No entanto, na maioria dos casos, esses professores recebem pouco ou

nenhum treinamento de como aplicar as novas tecnologias ao ensino de idiomas.

Em várias comunidades cariocas, já é possível encontrar conexão wi-fi

gratuita (é o caso da Praia de Copacabana, e da comunidade Dona Martha dentre

outros). E mesmo os professores e alunos que não dispõem de computadores em

casa, estão cada vez mais frequentando lan-houses, como diversão e comunicação.

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Embora tenha crescido a utilização de computadores e o uso de Internet, e

mesmo sendo a maioria dos alunos nativos digitais, e mais recentemente,

encontramos também professores nativos digitais, pouco dos conhecimentos e

familiarização com as novas tecnologias têm sido utilizados visando a um melhor do

aprendizado.

Por outro lado, a aprendizagem através de projetos já se mostrou uma opção

eficaz para a quebra do paradigma da educação bancária, fazendo com que

professores e alunos mudem o foco da simples reprodução de conhecimento para

uma aprendizagem realmente colaborativa, promovendo autonomia, criatividade e

visão crítica.

Neste contexto, as novas tecnologias podem ser aliadas eficazes no

desenvolvimento de projetos colaborativos. Do formato mais controlado pelos

professores, como as Webquests, até os mais independentes, com as redes sociais e

outros recursos da Web 2.0, a Internet pode ser nossa grande aliada nesta tarefa de

“aprender a aprender”. Devemos, no entanto, discutir melhor a sua aplicação e

buscar, cada vez mais, melhores formas de utilização dessa ferramenta.

Considerando todos esses fatores, o presente estudo visa discutir melhor a

aplicação dessas ferramentas (Webquests e Web 2.0) como auxiliares eficazes no

aprendizado de idiomas. Além das reflexões, serão apresentados alguns projetos

desenvolvidos por alunos utilizando esses recursos.

Reflexão quanto aos papéis do Professor e da Escola

... ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.

(Paulo Freire, 1998, p. 25)

A discussão não é nova Paulo Freire (1998) já chamava atenção para o fato

de que a tecnologia por si só não é suficiente para uma melhor prática educativa.

Paulo Freire afirma que a tecnologia não é boa ou ruim, sua utilização dependerá

do uso que se faz dela: “Divinizar ou diabolizar a tecnologia ou a ciência é uma

forma altamente negativa e perigosa de pensar errado.... Pensar certo é fazer

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certo (p. 38).” Ao descrever este pensar certo, Freire menciona que o professor

não pode se considerar o dono do saber, aquele que se julga sempre o detentor das

certezas. “Uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado

certos de nossas certezas”(p. 30), diz ele.

Morin (2002) ao descrever o professor do futuro também menciona a

importância de se conviver com a incerteza: “é preciso aprender a navegar em um

oceano de incertezas em meio a arquipélagos de certeza.” Não só o professor

precisa conviver com as incertezas, mas precisa preparar os alunos para essas

incertezas. Morin (2002) afirma que a educação que visa a transmitir

conhecimentos é cega “quanto ao que é o conhecimento humano no, seus

dispositivos, enfermidades, dificuldades, e tendências ao erro e à ilusão.” O

educador que visa auxiliar na formação de cidadãos preparados para o futuro

necessita desenvolver uma educação comprometida com a ética, com o planeta em

que vivemos, com a compreensão mútua entre os seres humanos e que entenda o

ser humano como um ser complexo, ao mesmo tempo físico, biológico, psíquico,

cultural, social, e histórico. Segundo Morin (2002), é necessário apreender

conhecimentos globais para aplicá-los a conhecimentos parciais e locais.

Mas o futuro é agora!

Os futuros professores têm que estar conscientes do papel deles. Saber como

utilizar os recursos disponíveis para melhor desempenhar este papel. Estarem

conscientes de que habilidades devem ser desenvolvidas, seja a distância, de forma

presencial ou híbrida (que possivelmente a modalidade mais utilizada no futuro).

Enquanto a escola continua linear, mecânica, reducionista, o mundo está

cada dia mais complexo, aberto, interdisciplinar, colaborativo, e hipertextual.

Desta forma, o aluno ao sair da escola tem que saber lidar e sobreviver no mundo,

e a escola deveria facilitar esse processo, e não se manter distante dele.

Sendo que o passado não deve ser esquecido, mas renovado.

As práticas pedagógicas que se apresentaram libertadoras no passado não precisam ser esquecidas em nome da novidade, mas renovadas nesses ares. (Wendel Freire, 2011, p. 58)

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Há um novo cenário comunicacional. Passou-se da lógica da distribuição de

informação (transmissão), para a lógica da comunicação (interatividade). A escola

também tem que alterar o cenário educacional, passando da educação bancária, de

recepção passiva da informação (conteúdo), ou seja de pura transmissão de

informação, para uma situação de interatividade. Como afirma Marco Silva,

precisamos adotar a Pedagogia do Parangolé. O Parangolé criado por Oiticica

representa a interatividade total com a arte. A arte só passa a existir quando o

espectador passa a ser parte da obra de arte, ao invés de simplesmente admirá-la,

onde emissor e receptor da mensagem se misturam, para a construção de uma

informação conjunta. É preciso que haja interação entre diferentes professores,

entre alunos e professor, e principalmente entre os alunos (Silva 2011).

Figura 1: Novo cenário comunicacional => alteração no cenário educacional

Apredizagem Colaborativa

O ser humano é social, nasceu para viver em sociedade, se desenvolvendo a

partir da interação com o outro. Embora a aprendizagem seja de dimensão

individual, seu desenvolvimento se dá quando em interação com outros indivíduos

(Aparici & Acedo 2010). Na Wikipédia, a aprendizagem colaborativa é vista como

uma troca de experiências, produzindo conhecimento de forma conjunta e

significativa:

A aprendizagem colaborativa permite a troca de experiência; ponto de partida e de chegada da aprendizagem, é por meio das relações advindas de experiências que envolvem a ação de conhecer e a possibilidade de escolha

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tornando o conhecimento mais significativo!(Wikipedia, Acesso em 30/11/2012)

É acrescentado que o mediador do conhecimento não precisa ser apenas o

professor ou os pais, mas toda a sociedade pode exercer esse papel.

A aprendizagem colaborativa coloca os membros de uma comunidade de um modo que eles possam contribuir com seus conhecimentos. O processo de ensino aprendizagem não está somente envolvendo a ligação professor/aluno, mas sim todos aqueles que fazem parte do grupo de aprendizagem.(Wikipedia, Acesso em 30/11/2012)

Edméa Santos (2011, p. 126) apresenta a importância da formação de

professores que propiciem uma aprendizagem mais colaborativa. No entanto, para

o professor criar condições de adotar uma prática mais colaborativa, ele tem que

vivenciar esta mesma prática, saber compartilhar com colegas.

Formar professores que compartilhem informações e conhecimentos de forma colaborativa é, sem dúvida, um dos grandes desafios para as práticas educativas. Quanto maior for a flexibilidade para a produção e a publicação de autorias individuais e coletivas, melhores serão os processos de ensino e aprendizagem na educação online.(Santos 2011, p. 126)

Segundo Aparici & Acedo (2010, p 141), algumas das características das

relações de colaboração que se produzem nos grupos: a interatividade, a sincronia

da Interação e a negociação. Eles apresentam cinco elementos que caracterizam a

aprendizagem colaborativa:

• Responsabilidade individual => todos os membros são responsáveis por seu

desempenho individual dentro do grupo;

• Interdependência positiva => os membros do grupo devem depender uns dos

outros para alcançar a meta comum;

• Habilidades de colaboração => as habilidades necessárias para que o grupo

funcione de forma efetiva, como realizar trabalho em equipe, a liderança e

a solução de conflitos;

• Interação promotora => os membros do grupo interatuam para desenvolver

relações interpessoais e estabelecer estratégias efetivas de aprendizagem;

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• Processo de grupo => o grupo reúne-se para discussão de forma periódica e

avalia seu funcionamento, efetuando as mudanças necessárias para

incrementar sua efetividade.

A colaboração pode recorrer a diferentes tipos de ferramentas: blogs, webquests,

wikis, chats, fóruns, emails, pesquisas online, etc. Neste trabalho, abordaremos

duas delas: webquests e wikispaces.

O que são Webquests

Webquest é uma metodologia desenvolvida por Bernie Dodge, muito similar a

um projeto educacional que utiliza a internet. A diferença é que os professores não

só orientam os alunos sobre a organização do projeto, mas também quanto ao

conteúdo. É oferecido aos alunos uma lista de websites onde as informações podem

ser encontradas, sendo que eles não precisam se limitar somente a lista proposta.

A realidade, o interessante é que a Webquest seja utilizada não para respostas

diretas, que tenham somente uma única resposta. O produto final da pesquisa deve

ser único, criativo e desenhado pelos próprios alunos, tendo o professor apenas

como o facilitador no processo de aprendizagem. (Abar 2008; Cardoso 2010a;

Santos 2011)

Os motivos para se usar uma Webquest são os mesmos de qualquer outro

projeto:

• Encorajar os alunos a criar um elo entre a sala e o mundo externo.

• Ajudar a relacionar a língua estrangeira com a língua portuguesa.

• Expandir os horizontes mentais dos alunos.

• Proporcionar maior oportunidade de usar a língua estrangeira fora do

contexto de sala de aula.

• Permitir que alunos individuais possam focar em seus interesses particulares.

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A aprendizagem através de projetos já se mostrou uma opção eficaz para a

quebra do paradigma da educação tradicional, centrada no professor. No caso das

das Webquests, os projetos ficam mais focados e os alunos desenvolvem algumas

das competências mais importantes no dias atuais: seleção de informação, trabalho

de forma autônoma e aplicação de sua criatividade de forma colaborativa,

buscando alcançar um objetivo em comum.

Uma Webquest é normalmente divida nos seguintes componentes.

• Introdução => Talvez seja a parte mais importante da Webquest, funciona

como um convite a participar. Tem que ser atraente, para que os alunos

fiquem motivados a participar. Geralmente, utiliza-se perguntas.

• Desafio => É apresentação do objetivo da Webquest, como forma de desafio.

Funciona ainda melhor para manter o interesse dos alunos pela busca.

• Tarefa e Processo (Desenvolvimento da Tarefa) => A atividade a ser

realizada e os procedimentos são explicados detalhadamente, para que os

alunos não tenham dúvidas futuramente.

• Recursos => São os sites apresentados pelo professor, em forma de lista. Eles

precisaram ser visitados, para a elaboração do produto final.

• Avaliação => São os critérios de avaliação negociados entre alunos e

professores. Devem aparecer na Webquest, para que todos possam estar

cientes de como serão avaliados.

• Conclusão => São apresentadas as considerações finais: resumo do que foi

apresentado e outros aspectos a serem discutidos.

• Créditos => Nesta parte, aparecem os autores da Webquest e sugestão do

perfil dos alunos a participarem do projeto.

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Não podemos esquecer que “a WebQuest deve funcionar como uma “caça ao

tesouro”, e esse tesouro deve ser o conhecimento, que pode ser a língua...”

(Cardoso 2010a, p.69)

A seguir são apresentadas partes de Webquests desenvolvidas pelos alunos-

professores do curso de Uso de Tecnologia para o Ensino de Inglês.

Travelling in the language => nesta webquest os alunos são convidados a

conhecer as diferenças entre o inglês britânico e o inglês americano. Tendo

como guia, dois “turistas” criados pelos futuros professores.

Figura 3: Webquest – Travelling in the language

Fonte: www.techweb.com/webquests

Idioms => Nesta webquest que visa desvendar o mistério das expressões

idiomáticas, fica claro como os alunos tem opção de escolha.

Figura 4: Webquest - Idioms

Fonte: www.techweb.com/webquests

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Para conhecer algumas das Webquests preparadas pelos alunos do curso Uso de

Tecnologia para o Ensino de Inglês, visite a

www.techweb.wikispaces.com/webquests (Acesso em 30/11/2012).

Web 2.0

A Web 2.0 é uma poderosa plataforma, que permite ao usuário liberdade

para poder criar seus próprios ambientes virtuais, onde quer que estejam. O

mais importante é que ela permite que o usuário compartilhe suas experiências.

Possibilitando assim o processo de coautoria, de maneira simples e gratuita.

Em uma das apresentações do Hipertexto 2012, uma palestrante disse que

Web 2.0 é a mesma coisa que a Web 1.0, só seriam nomeclaturas diferentes

para diferenciarem avanços tecnológicos. Tendo a discordar dela. Este avanço

tecnológico provoca uma mudança de papéis muito importante para o processo

de comunicação e no acesso mais livre. A Web 2.0 tem um caráter muito mais

democrático. O mais interessante é que você não tem que entender a diferença

para poder desfrutá-la.

Um dos papéis mais importantes da Web 2.0 é que, no processo de

comunicação, ela transformou espectador em ator. Sendo assim, ele se torna

cidadão, dono da voz, mas não é uma voz isolada, e sim, integrada a outras

vozes (Freire 2011, p. 58). As redes sociais só passam a existir quando cada

usuário para se ligar a outros usuários. Só é rede se houver colaboração. É

impressionante o crescimento constante no número de pessoas que se ligam a

redes sociais, de diferentes idades, nacionalidades, religiões, etc. É um grande

universo de pessoas a se pronunciar no Facebook, ou a postar seus filmes no

YouTube. “O usuário se veste de mídia e ele próprio se torna produtor de

conteúdo e os veicule nesse espaço de memória extensiva ao seu corpo.”

(Freire, p. 58)

Segundo Marco Silva (2011, p. 75 ) as redes podem ser classificadas em

quatro diferentes grupos:

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• Rede vertical =>maioria dos sites, apenas apresentação de informação. Eu

coloco e você lê.

• Rede horizontal direta => Eu coloco e você comenta.

• Rede horizontal indireta => Eu deixo você colocar e criar na sua rede (blogs

e comunidades).

• Rede com alteração de conteúdo original => Eu coloco conteúdo e você pode

alterá-lo (wikis: wikipedia, wikispaces). – nível mais alto de colaboração.

Para o aprendizado de idiomas, a Web 2.0 é de vital importância, pois atinge

um formato de comunicação bem próximo ao encontrado no contato face a

face, ou seja, apresenta um alto nível de interatividade, propiciando aos alunos

a possibilidade de utilizarem mais sua criatividade, e atuarem de forma

realmente autônoma. No caso Wikispaces, alunos e professores podem criar

seus próprios sites em parceria com seus colegas.

São alunos trabalhando juntos, construindo em conjunto conhecimento, sem

precisarem dividir o mesmo espaço físico. São capazes de escrever composições,

compartilhar experiências em chats e fóruns, montar filmes e até criar sites,

com colegas que se encontram além do espaço da sala de aula. Tornam-se

realmente responsáveis pelo processo de aprendizagem, dentro de uma

abordagem realmente colaborativa. O resultado é mais criatividade, autonomia

e interatividade.

No meu caso, resolvi mostrar aos meus alunos (futuros professores) como é

possível aprender fazendo. Não houve receitas, mas apenas um agente

motivador para que eles utilizassem alguns dos recursos disponíveis no

Wikispaces.

Os trabalhos de meus alunos podem ser verificados diretamente na Internet,

nos sites listados abaixo:

Figura 5: Exemplo de Wikispace

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techweb.wikispaces.com

http://Englishuerj.wikispaces.com

http://british-american-

english.wikispaces.com

http://uerjpraticas.wikispaces.com

www.narrativeuerj2011.blogspot.com

(Acesso em 30/11/2012)

Fonte: http://Englishuerj.wikispaces.com

Considerações Finais

As novas tecnologias facilitam a aquisição de conhecimentos de forma

interativa. Elas propiciam a comunicação entre colegas, sejam eles professores ou

alunos. No entanto, mas do que simplesmente facilitar a comunicação, essas

tecnologias podem propiciar a construção conjunta de conhecimento, e é

exatamente esta a proposta do uso de Webquests e Wikis no processo de

aprendizagem. Outra vantagem é que estas ferramentas são gratuitas e desta

forma, facilitam a acessibilidade e a democratização do conhecimento.

No entanto, não podemos esquecer que a questão de uma educação ser ou

não ser inclusiva, democrática, aberta e libertadora dependerá do processo

ensino/aprendizagem desenvolvido e não, necessariamente, da tecnologia

utilizada.

Sendo assim, precisamos repensar a formação de futuros professores,

procurando englobar nos currículos de professores de todas as áreas

questionamentos e práticas relacionados à aplicação de novas tecnologias na

educação, sempre que possível, através de atividades de aplicação imediata.

Mesmo quando os alunos (futuros professores) já estão familiarizados com o uso de

modernas tecnologias, os ditos “nativos digitais”, nada garante que eles saibam

utilizar destas tecnologias para o ensino.

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Concluindo, é importante adotarmos uma abordagem colaborativa na

formação de futuros professores de idiomas, pois o perfil dos professores pode

influenciar na eficaz utilização de novas tecnologias.

O simples uso de novas tecnologias não garante aprendizagem ou autonomia. Entretanto, os recursos tecnológicos, quando bem empregados, podem ser tornar ferramentas muito úteis no contexto educacional. (Cardoso 2010b)

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Janeiro: Wak editora, 2011.

1 Janaina CARDOSO, Profa. Dra.,

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Instituto de Letras – Dep. Línguas Anglo-germânicas [email protected] / [email protected]