White paper - Fundamentos da lanterna tática

22
A LANTERNA TÁTICA OS FUNDAMENTOS DA LANTERNA TÁTICA Existe no mercado uma grande quantidade de marcas e modelos de lanternas táticas, porém pouca literatura sobre o equipamento e conceitos básicos da progressão tática policial/militar. Este White Paper tem como objetivo esclarecer alguns destes conceitos e cooperar para que o operador possa escolher esta tão importante ferramenta de sobrevivência

Transcript of White paper - Fundamentos da lanterna tática

Page 1: White paper - Fundamentos da lanterna tática

A LANTERNA TÁTICA

OS FUNDAMENTOS DA LANTERNA TÁTICA

Existe no mercado uma grande quantidade de marcas e modelos de

lanternas táticas, porém pouca literatura sobre o equipamento e

conceitos básicos da progressão tática policial/militar. Este White Paper

tem como objetivo esclarecer alguns destes conceitos e cooperar para

que o operador possa escolher esta tão importante ferramenta de

sobrevivência

Page 2: White paper - Fundamentos da lanterna tática

Os fundamentos da lanterna tática v.1.1.

Autor: Hugo Tisaka

Distribuição e reprodução total e parcial autorizada desde que seja mencionada a fonte. A reprodução

desta publicação sem a menção da fonte, por qualquer meio, seja ela total ou parcial, constitui violação

do Art. 21 da Lei 5.988, de 14.12.1973 (Lei de Direitos Autorais). Versão Primeira - ABR/2012. Contato:

[email protected].

Page 3: White paper - Fundamentos da lanterna tática

SUMÁRIO Introdução ................................................................................................................................................ 3

Justificativa ............................................................................................................................................... 3

A lanterna como arma não letal ............................................................................................................... 4

Mecanismo da visão adaptada ................................................................................................................. 4

Lumen x Candelas ..................................................................................................................................... 5

Disponibilidade / Confiabilidade .............................................................................................................. 6

A lanterna ................................................................................................................................................. 6

Corpo .................................................................................................................................................... 6

Cabeça .................................................................................................................................................. 7

Lente ..................................................................................................................................................... 7

Refletor ................................................................................................................................................. 8

Circuito ................................................................................................................................................. 9

Fonte de luz (Incandescente, Xenon, Led, etc) ................................................................................... 10

Bateria / pilha ..................................................................................................................................... 12

Dispositivo de acionamento (interruptor) .......................................................................................... 14

Funções................................................................................................................................................... 15

Laser ....................................................................................................................................................... 16

Equipamentos de visão noturna ............................................................................................................. 16

Certificações ........................................................................................................................................... 17

Resistência a infiltrações (partículas sólidas e líquido) .......................................................................... 17

Intrinsicamente seguras ......................................................................................................................... 18

Lanternas acopladas a armas ................................................................................................................. 18

Acessórios ............................................................................................................................................... 19

- Coldres ...................................................................................................................................... 19

- Filtros ........................................................................................................................................ 19

Garantia .................................................................................................................................................. 19

Pós-venda ............................................................................................................................................... 19

Considerações finais ............................................................................................................................... 20

Sobre o autor .......................................................................................................................................... 21

Page 4: White paper - Fundamentos da lanterna tática

INTRODUÇÃO

Este material, escrito no formato de white paper1 não possui a pretensão de discorrer sobre as técnicas

aplicadas na iluminação tática, mas sim orientar e guiar o operador de iluminação tática para a escolha

do melhor equipamento, explicando com clareza e objetividade as demais variáveis para se escolher um

material adequado para a sua necessidade.

Os comandantes das principais unidades do País entendem que a lanterna não é simplesmente uma

fonte de luz portátil, mas que representa uma importante ferramenta de sobrevivência, aumentando as

chances de sucesso em uma determinada missão.

JUSTIFICATIVA

Para que se possam aplicar os fundamentos prescritos na técnica da iluminação tática, é necessário que

o operador tenha à sua disposição uma fonte de luz com a potência adequada para cada ocorrência.

Estamos falando de sobrevivência operacional, onde a correta utilização da dominância e controle da

iluminação poderá aumentar significativamente o êxito de qualquer abordagem militar e/ou policial.

Não é fácil portanto, escolher uma ferramenta que possa atender às necessidades do operador em

situações extremas como um combate à curta distância, ambientes confinados, etc. – a escolha

incorreta desta ferramenta pode inclusive atrapalhar a tomada de decisões que ocorre no milésimo de

segundo e que pode determinar o sucesso ou total fracasso de determinada situação tática. Soma-se a

isso, uma infinidade de marcas e modelos existentes no mercado (todas elas muito parecidas) e pouca

literatura sobre o assunto.

De uma forma geral, os principais usos da lanterna tática são: busca, deslocamento, identificação de

ameaças, controle e sinalização. Ainda que seja uma simples abordagem de veículo ou de um suspeito, a

ferramenta deve possuir certas características para que ela seja utilizada em benefício do operador,

garantindo-lhe uma vantagem operacional.

Uma análise dos dados publicados pelo FBI – Criminal Justice Information Services, através dos

relatórios LEOKA (acrônimo para Law Enforcement Officers Assaulted and Killed2), no período

compreendido entre 2000 e 2009, mais da metade das mortes de policiais em serviço (58,49%) ocorre

no período de baixa luminosidade (entre 18:00 e 06:00) e, de 2004 a 2009, estes incidentes fatais

cresceram de 44,2% atingindo 63,4%, um crescimento de quase 50% nas mortes nestes horários.

1 White paper é um documento que possui uma abordagem técnica e são escritos de forma neutra, sem tendências comerciais e baseados em fatos. Podem conter informações valorosas, opiniões de experts e lógica aceita. Ajudam os seus leitores a tomar uma decisão e a justificar suas escolhas. 2 Tradução: agentes policiais atacados e mortos

Page 5: White paper - Fundamentos da lanterna tática

“Dois a cada três policiais que se envolveram em combate que culminou a sua morte em serviço nos

Estados Unidos de 1982 a 1998, combateram em situações de baixa luminosidade (BETINI; Lanterna

Tática, Ed. Impetus, p 3, 2011).”

Engana-se porém, aquele que pensa na lanterna somente nas atividades noturnas. Quase a totalidade

das operações policiais e militares no período diurno necessitam de um apoio de uma lanterna eficiente.

Porões, depósitos, debaixo de móveis ou assentos de veículos, dentro de vegetação espessa, há uma

infinidade de locais onde uma lanterna adequada faria toda a diferença.

Ainda, nas ocorrências com reféns a identificação precisa dos vetores componentes é imprescindível

para o processo de tomada de decisão do operador.

A LANTERNA COMO ARMA NÃO LETAL

Se partirmos do princípio que uma arma é um sistema ou ferramenta que tem como objetivo incapacitar

o seu oponente, podemos considerar que um feixe de luz de alta intensidade, voltado para os olhos do

suspeito/agressor, pode ser considerado uma arma não-letal de incapacitação temporária.

Certos estudos apontam que um feixe de aproximadamente 70 lumens, já é suficiente para desabilitar

temporariamente este oponente3 em uma situação de escuridão total, permitindo que o operador possa

obter maior êxito em sua atividade.

Recentemente criou-se uma nova denominação no mercado: “menos-que-letais”, uma vez que em

certas condições os armamentos tradicionais podem levar o oponente à morte, mesmo sendo utilizado

dentro do procedimento operacional padrão.

No entanto, um feixe de luz intenso, não possui a capacidade de matar - em certas condições, no

máximo, incapacitar permanentemente o seu alvo.

MECANISMO DA VISÃO ADAPTADA

De acordo com Max Schultze (1860) a Visão escotópica (do grego skotos: escuridão e -opia: relacionado

com a visão) é a imagem produzida pelo olho em condições de baixa luminosidade. É em suma, o

sistema de visão adaptado à escuridão, onde os receptores sensoriais são os bastonetes.

No olho humano os cones não funcionam em condições de baixa luminosidade, o que determina que a

visão escotópica seja realizada exclusivamente pelos bastonetes, impossibilitando a percepção das

cores. Em média, a visão escotópica humana ocorre em luminâncias entre 10−2

e 10−6

velas/m². Em

condições intermédias de luminosidade (níveis de luminância entre 10−2

e 1 vela/m²), o olho humano é

capaz de produzir uma forma de visão, designada visão mesópica, efetivamente uma combinação da

visão fotópica com a visão escotópica. Contudo, esse tipo de visão permite baixa acuidade visual e uma

3 Em laboratório, é possível incapacitar oponentes com potências menores do que o indicado.

Page 6: White paper - Fundamentos da lanterna tática

deficiente discriminação das cores e formatos. Com níveis normais de luminosidade (níveis de

luminância entre 1 e 106 velas/m²), a visão produzida pelos cones domina e surge a visão fotópica, que

no olho humano corresponde à máxima acuidade visual e discriminação de cor.

No olho humano, a máxima sensibilidade em visão escotópica atinge-se depois de cerca de 45 minutos

de permanência na obscuridade, o que corresponde ao tempo necessário para se proceder à

regeneração da quase totalidade das moléculas de rodopsina dos bastonetes para a sua forma ativa. Em

resultado da repartição dos bastonetes na retina, a máxima sensibilidade não se situa sobre o eixo

óptico, mas a cerca de 6⁰ para a sua periferia, pois a fóvea é constituída unicamente por cones. Daí

resulta ser a visão escotópica marcadamente periférica.

A sensibilidade do olho humano aos diferentes comprimentos de onda em visão escotópica defere

substancialmente da sensibilidade em visão fotópica, atingindo o seu pico em torno dos 507

nanômetros.

LUMEN X CANDELAS

Uma grande confusão existente no mercado é a questão da medida da fonte luminosa, normalmente

em candelas (ou velas) ou lumens.

Enquanto que a candela é o ponto mais potente do foco desta fonte, o Lúmen (símbolo: lm) é a unidade

de medida de fluxo luminoso. Um lúmen é o fluxo luminoso dentro de um cone de 1 esferorradiano,

emitido por um ponto luminoso com intensidade de 1 candela (em todas as direções). É uma unidade

padrão do Sistema Internacional de Unidades.

Em outras palavras, enquanto a candela

representa o “ponto” mais brilhante do

foco, a quantidade de lumens refere-se

ao “volume” do feixe de luz.

Lumens

Velas/Candelas

Lumens = Emissão Total

Velas/candelas = Intensidade Máxima do Feixe

Page 7: White paper - Fundamentos da lanterna tática

DISPONIBILIDADE / CONFIABILIDADE

A característica mais importante e desejada por operadores em atividades críticas, tais como policiais,

militares, defesa civil, pilotos de aeronaves e embarcações, e outras atividades, é a sua disponibilidade

operacional.

Este fator é o mais importante na escolha deste tipo de ferramenta; toda vez que quando o operador

necessite acionar a sua lanterna, ela deverá funcionar dentro dos padrões esperados.

Dispor de um equipamento que possa proporcionar esta confiabilidade fará com que este operador

tenha maiores chances de obter sucesso em sua missão.

A LANTERNA

A lanterna é formada basicamente pelas seguintes partes:

CORPO

O corpo da lanterna deve ser fabricado de material resistente e podemos encontrar no mercado uma

série de soluções para esta parte do equipamento.

O mais comum, e não recomendado para aplicações táticas – e tantas outras que exijam robustez do

material – é o de polímero4 ABS que é um material leve e de baixíssimo custo, porém não suporta carga

e pode romper-se facilmente. Outras são fabricadas em outros tipos de polímeros como o polipropileno,

poliestireno, poliacrilonitrilo (PAN), PVB e PVC.

O alumínio é muito utilizado para a fabricação de lanternas táticas e possui a vantagem de serem mais

duráveis, leves e de grande robustez. Algumas delas sofrem o processo de anodização dura (existem

inúmeras graduações, porém a mais utilizada é a Type III Hard Anodized) – e é geralmente feita em

banho de ácido sulfúrico (cerca de 10%) em baixas temperaturas (tipicamente 3°C). Produzindo um

revestimento com células largas e poros de pequeno diâmetro. Este revestimento é extremamente duro

e resistente.

Certos fabricantes utilizam compostos como o Nitrolon5, Xenoy6, e outros. A vantagem dos polímeros é

o seu custo e leveza do material, comparável à do alumínio.

4 Um polímero é uma substância composta de moléculas com grande massa molecular composta de repetição de unidades estruturais, ou monómeros, ligados por ligações químicas covalentes. 5 Nitrolon é composto por Nylon de poliamida com a matriz de polímero, misturada com finas fibras de vidro que adicionam rigidez, resistência à abrasão e maior estabilidade a temperaturas elevadas, patenteado pela Surefire, LLC. 6 Xenoy é uma resina, resultante de uma mistura de plásticos com muitos usos industriais. É produzido de poliéster (tereftalato de polibutileno, PBT, ou tereftalato de polietileno, PET) e policarbonato (PC). O Xenoy pode ser fabricado com plástico reciclado pós-consumo, PBT.

Page 8: White paper - Fundamentos da lanterna tática

Em certos casos, o magnésio é também é utilizado, uma vez que possui a leveza do plástico e a dureza

do aço. Porém o seu custo é extremamente alto e a sua aplicação é restrita.

O operador deve avaliar muito bem a existência de clipes ou cordões em sua lanterna tática, uma vez

que estes acessórios podem prender-se na hora do saque do equipamento, podendo até fazer com que

ela caia no chão, colocando-o em extrema desvantagem operacional ao ter que abaixar-se e desviar a

sua atenção para recolher o equipamento.

Recomendamos a utilização de coldres específicos para que o saque seja rápido e preciso.

CABEÇA

A cabeça da lanterna é formada por uma peça, geralmente de formato conóide e acomoda quatro

peças: lente, refletor, circuito e fonte de luz. Pode ser

fabricada com o mesmo material que o corpo ou não,

sendo que ela deve ser igual ou mais resistente do que

o corpo pois é neste local que ficam os circuitos

(quando existentes), lente, refletor e a fonte primária

de luz.

Esta cabeça (bezel, em inglês) pode possuir ainda,

terminações em sua extremidade, de forma que

possam ser utilizados como instrumentos de defesa

pessoal.

Já discorremos em capítulo anterior sobre o circuito e a fonte de luz e a seguir iremos detalhar alguns

aspectos da lente e do refletor.

LENTE

A lente da lanterna tática pode ser fabricada em policarbonato ou vidro temperado. Ambas possuem

suas vantagens e desvantagens.

Policarbonatos são conhecidos como polímeros termoplásticos. Estes plásticos são amplamente

utilizados na indústria química e possuem características importantes, como resistência à temperatura e

propriedades ópticas. Podem ser utilizados em lentes de lanternas devido a sua durabilidade,

transparência e alto índice de infração. Lentes de policarbonato são mais finas que as lentes de vidro e

são praticamente inquebráveis. Por estas propriedades, e ao contrário do que se imagina, são mais caras

que as de vidro e outras lentes.

No entanto, existem algumas desvantagens significativas associadas a lentes de policarbonato,

conhecidas como oxidação ou descoloração. É impossível descobrir a olho nu, mas estas lentes de

policarbonato são feitas de materiais que se expandem quando expostas ao calor ou a temperaturas

Page 9: White paper - Fundamentos da lanterna tática

mais elevadas. Isto pode permitir que poeira, detritos e raios UV possam impregnar a lente após um

longo período de tempo. A oxidação pode também conduzir ao desbotamento e lente pode ficar com

uma aparência turva. Ambos os fenômenos podem afetar a qualidade do feixe de luz.

TIR

As lentes do tipo TIR (Total Internal Reflection) possuem uma relação angular das faces de entrada e

saída (formato de “gota”) para redirecionar a energia radiante incidente com o objetivo de otimizar o

feixe de luz emitido por sua fonte primária.

REFLETOR

O refletor tem uma grande responsabilidade: direcionar um feixe de luz e com eficiência.

Para que se possa entender como o segmento de lanternas táticas está levando o desenvolvimento

destes equipamentos até a “última milha”, há muita tecnologia e

desenvolvimento envolvidos nos refletores dos modelos “top de

linha” da atualidade.

Em geral, os refletores são parabólicos, mas alguns raros são

cônicos ou simplesmente côncavos. São empregados muitos

materiais e desenhos, e o mais avançado neste momento é o

chamado orange peel (casca de laranja) pois possuem uma

textura semelhante à casca destas frutas. Sua principal função é

produzir um feixe de luz limpo, sem manchas ou concentração excessiva em seu foco.

FIGURA 1 - REFLETOR TIPO CASCA DE LARANJA

Page 10: White paper - Fundamentos da lanterna tática

FOCO

O foco de uma lanterna é a resultante do conjunto formado pela fonte

primária de luz (led, lâmpada incendescente, etc), pelo formato e textura do

refletor e de sua lente.

Para o operador policial e militar, o foco de sua lanterna deve ser o mais

amplo possível e permitir que o operador aumente a sua visão periférica -

não apenas um círculo brilhante na parede. Abaixo, temos dois exemplos

disso: na primeira figura, o foco de uma lanterna Maglite 3D Cell de 70

lumens e a Surefire G2 Nitrolon de 65 lumens, ambas com lâmpadas

incandescentes7.

FIGURA 3 - MAGLITE 3D CELL, 70 LUMENS

FIGURA 4 - SUREFIRE G2 NITROLON, 65 LUMENS

Em certas lanternas, o foco pode ser ajustado e ainda que seja interessante em algumas situações, para

o operador tático não é vantajoso já que em muitas situações, ao sacar a sua lanterna, o operador não

terá tempo para ajustar devidamente o seu foco, perdendo preciosos segundos e deixando-o em

situação desfavorável.

CIRCUITO

Um dos maiores desafios em uma lanterna de uso profissional é

fazer com que a curva de emissão de luz (veja mais adiante), seja

constante e sua autonomia a maior possível.

Toda lanterna tática de qualidade possui um circuito integrado,

chamado de PC board ou Regulador Eletrônico de Potência, que

supervisiona o funcionamento do LED e avalia a carga da bateria,

monitora o desempenho do sistema, e controla a energia

fornecida para o LED da lanterna. Com ele, fornece uma saída de

luz mais consistente em relação à vida útil das baterias. Prefira os circuitos regulados (“fully regulated”)

7 Comparativo disponível na internet no endereço:

http://www.youtube.com/watch?v=XeTp6wTz3SE&feature=results_video&playnext=1&list=PLB76A69D435FF3025

FIGURA 2 - EXEMPLO DE UM FOCO

DE BAIXA QUALIDADE COM

MANCHAS E "AROS"

FIGURA 5 - O SISTEMA REGULADOR DE POTÊNCIA

PERMITE UMA MELHOR EFICIÊNCIA DA BATERIA

Page 11: White paper - Fundamentos da lanterna tática

que aumenta a duração da saída de luz útil na lanterna, significando uma emissão de luz mais constante

e por mais tempo.

Ainda, em função dos rigores da utilização deste

equipamento, esta placa deverá ser recoberta de material

isolante8 de forma a não permitir que a umidade e

elementos estranhos (poeira, areia, etc) possam danificá-

la.

FONTE DE LUZ (INCANDESCENTE, XENON, LED, ETC)

A fonte que emite a luz em uma lanterna também é muito importante, pois é dela que se originará o

feixe de luz da lanterna.

LÂMPADAS INCANDESCENTES

As primeiras versões de lanterna tática saíram com lâmpadas

incandescentes (e ainda existem muitas no mercado). A sua principal

característica é a emissão de uma luz mais “quente”, de cor amarelada e

que consome mais energia em um determinado período de tempo.

Existem vários tipos de desenho de bulbo e também do design interno

destas lâmpadas incandescentes. Quando se aciona um interruptor, a

corrente eléctrica passa pela lâmpada através de duas gotas de solda de

prata que se encontram na parte inferior, e em seguida, ao longo de fios de

cobre que se acham firmemente fixados dentro de uma coluna de vidro. Entre as duas extremidades dos

fios de cobre estende-se um outro fio muito fino chamado filamento. Quando a corrente passa por este

último, torna-o incandescente, produzindo luz.

A maior dificuldade encontrada por Swan e Edison9, quando tentavam fazer lâmpadas desse tipo, era

encontrar um material apropriado para o filamento, que não devia se fundir ou queimar. Hoje em dia os

filamentos são, geralmente, feitos de tungstênio, metal que só funde quando submetido à temperatura

altíssima (3.422 °C).

Para evitar que os filamentos entrem em combustão e se queimem rapidamente, remove-se todo o ar

da lâmpada, enchendo-a com a mistura de gases inertes como o nitrogênio e argônio ou criptônio.

8 Parylene® é o nome comercial para uma variedade de vapor químico depositado nos poli (p-xilileno) polímeros, utilizado como barreira para umidade e descargas dielétricas. 9 Inventores da lâmpada incandescente em 1879.

FIGURA 6 - CURVA DE POTÊNCIA X TEMPO

FIGURA 7 - BULBO DE LÂMPADA INCADESCENTE

Page 12: White paper - Fundamentos da lanterna tática

As lâmpadas incandescentes funcionam a baixas pressões, fazendo com que o gás rarefeito funcione

com um isolante térmico, já que um gás quando recebe energia, tende a expandir antes de esquentar, e

como ele está rarefeito ele irá expandir-se ao antes de esquentar.

XENON/HALÓGENAS

Lâmpadas de Xênon são lâmpadas incandescentes com filamento de tungstênio contido em um gás

inerte e uma pequena quantidade de um gás xênon.

O mesmo ocorre com as lâmpadas halógenas que possuem em seu interior uma pequena quantidade de

bromo ou iodo.

A vantagem destas lanternas é o seu funcionamento simples e custo mais baixo do que as mais

avançadas. Porém, por terem um filamento, elas são menos robustas do que o LED.

LED – LIGHT EMITTING DIODE

O diodo emissor de luz, mais conhecido como LED, é um "chip" semicondutor que converte a energia

elétrica diretamente em luz. Um LED é chamado de fonte de luz de estado sólido porque não possui

nenhum gás ou componentes líquidos, como fazem outras fontes já vistas.

Os LEDs geralmente emitem luz dentro de uma banda espectral estreita. A fim de produzir luz branca,

que consiste em todo o espectro visível combinado, são usados LEDs que emitem luz ultravioleta

próximo ao azul, que atinge uma camada superior de fósforo. Estes fósforos, ao absorver a luz azul

reemitem luz branca.

São algumas vantagens sobre as lâmpadas incandescentes: primeiro, eles podem durar milhares de

horas contra menos de cinquenta horas para certas lâmpadas incandescentes. Eles são muito robustos

em sua construção, e não possuem peças mecanicamente delicadas, como ampolas de vidro,

filamentos, ou filamentos de suporte; são extremamente resistentes à vibração e choque, tornando-os

bem adequados para o ambiente de combate ou para a montagem em armas de fogo. Em terceiro lugar,

os LEDs produzem praticamente nenhuma radiação infravermelha invisível, ao contrário de lâmpadas

incandescentes, que emitem mais de 85% de sua produção, raios infravermelhos e, portanto são muito

mais eficientes na produção de luz que as lâmpadas convencionais incandescentes - um fator

importante para lanternas operadas a baterias.

Em contrapartida, existem algumas desvantagens do LED: 1) a maioria dos LEDs emitem para a frente a

partir de uma superfície plana, necessitando refletores mais complexos e lentes para produzir

características do feixe desejáveis; 2) LEDs são suscetíveis a danos causados por superaquecimento pois

possuem certos requisitos de projeto na questão térmica; 3) os LEDs são difíceis de fabricar sem alguma

variação na saída do lúmen e cor. Por esta razão, são testados e classificados pelo fabricante em

diferentes lotes de acordo com a saída e cor, e com preços muito distintos.

Page 13: White paper - Fundamentos da lanterna tática

O que é um diodo?

Um diodo é o tipo mais simples de semicondutor. De modo geral, um

semicondutor é um material com capacidade variável de conduzir

corrente elétrica. A maioria dos semicondutores é feita de um condutor

de baixa eficiência e que a ele foram adicionadas impurezas (átomos de

outro material). Este processo é chamado de dopagem.

No caso dos LEDs, o material condutor é normalmente arseneto de

alumínio e gálio (AlGaAs). No arseneto de alumínio e gálio puro, todos

os átomos se ligam perfeitamente a seus vizinhos, sem deixar elétrons

(partículas com carga negativa) livres para conduzir corrente elétrica. No material dopado, átomos

adicionais alteram o equilíbrio, adicionando elétrons livres ou criando buracos onde os elétrons podem

se movimentar, produzindo luz.

LÂMPADAS HID

A High Intensity Discharge (HID) não usa filamento de tungstênio, como as lâmpadas incandescentes.

Em vez disso, utiliza uma cápsula de quartzo ("tubo de descarga") com eletrodos em cada extremidade,

contendo gás em alta pressão e componentes químicos adicionais. Quando uma tensão suficiente é

aplicada aos eletrodos do gás no interior do tubo, este é aquecido e ionizado, permitindo-lhe conduzir

eletricidade sob a forma de um "arco", e emitindo luz. Quando em funcionamento, a pressão no interior

do tubo de arco sobe para várias vezes a pressão atmosférica.

As lâmpadas HID são extremamente brilhantes e extremamente eficientes - para uma dada entrada de

energia, produzem mais que o dobro dos lumens de uma lâmpada incandescente de tungstênio - e sua

vida útil também é várias vezes maior que as lâmpadas incandescentes. Um benefício adicional: uma vez

que eles não possuem filamentos que podem quebrar ou queimar-se são extremamente resistentes a

choques mecânicos e vibrações. No entanto, são comparativamente grandes, e requer uma fonte de

energia substancial para operar.

BATERIA / PILHA

A fonte de energia de uma lanterna tática são normalmente células de baterias (ou pilhas). Podem ser

do tipo convencional ou recarregável, porém a característica mais importante para o uso crítico, é que

elas sejam absolutamente confiáveis.

Page 14: White paper - Fundamentos da lanterna tática

É importante notar que existem diferentes tamanhos, voltagens e tempo de “shelf life”10

destas células.

A maioria das lanternas táticas é fabricada para funcionar com as baterias de lítio CR123A. O motivo

para isso é simples: elas possuem maior voltagem do que

as pilhas comuns e alcalinas e possuem uma vida útil

maior que pode chegar a 10 anos com 90% de sua carga,

contra 4 anos da pilha alcalina que chega no final deste

período com apenas 80% de carga11

.

Outras vantagens da bateria de lítio com, relação às

alcalinas comuns:

Além disso, a CR123A possui uma curva de desgaste mais

apropriada para o uso tático (ver em curva de emissão de

luz adiante).

Tolerância térmica - baterias de lítio funciona sobre uma ampla gama de temperaturas (-60° a 80° C),

ainda que a sua energia fique reduzida nos extremos. Em contraste, as pilhas alcalinas funcionam mal

abaixo de zero e em temperaturas elevadas.

Densidade x Potência – Comparativamente, as baterias de lítio produzem muito mais energia do que as

baterias alcalinas. Por exemplo, considerando pilhas do mesmo tamanho, uma bateria de lítio é

equivalente a cerca de 2,5 pilhas alcalinas.

Peso - As baterias de lítio pesam cerca de metade do que as baterias alcalinas.

Tensão - A tensão das baterias de lítio é de 3 volts em comparação com 1,5 volt para baterias alcalinas.

Manutenção de tensão - Uma bateria de lítio mantém a voltagem relativamente constante até 95% da

sua vida, dependendo da taxa de descarga. Em taxas de descarga moderadas, a bateria alcalina cai

rapidamente devido à resistência interna, que desperdiça energia. A área de reação grande propiciadas

pela construção da placa de uma bateria de lítio proporciona baixa resistência interna, ideal para as

altas cargas atuais.

BATERIAS RECARREGÁVEIS

Muito se fala sobre baterias recarregáveis e existem dois problemas principais com estas fontes de

energia. A primeira é operacional: muitas vezes, por problemas externos, o carregador é acoplado

porém a bateria não carrega. São muitos os problemas relacionados a este defeito operacional, como

encaixes imperfeitos, falta de energia elétrica, problemas com o fio, entre outros.

10 Vida útil 11 Detalhe: alguns modelos de baixa qualidade não “seguram a carga” da bateria, fazendo com que elas percam energia, quando armazenadas dentro da lanterna.

FIGURA 8 - DIAGRAMA DE UMA PILHA COMUM

Page 15: White paper - Fundamentos da lanterna tática

Uma situação que ocorre com frequência é quando falta energia elétrica durante à noite e ela retorna

alguns minutos antes de você acordar. O indicador da bateria (quando disponível) mostrará que a carga

está completa, porém durante o uso, perceberá que a energia irá esvair-se rapidamente pois a bateria

não está completamente carregada. Se você não tiver como substituir as células recarregáveis por

baterias convencionais, você estará literalmente no escuro.

Outro problema é com, relação ao chamado “efeito memória”, pois estas baterias tendem a perder a

capacidade de atingir a sua carga completa e sua energia é consumida cada vez mais rápida.

A utilização de lanternas com baterias recarregáveis e que permitam a utilização de baterias não-

recarregáveis é aconselhada nestes casas de forma a não prejudicar o êxito da necessidade operacional.

DISPOSITIVO DE ACIONAMENTO (INTERRUPTOR)

O dispositivo para acionar a lanterna também é muito importante para a escolha de sua lanterna. Seja

para aplicações táticas, patrulhamento ou manutenção, você deve escolher com muito critério para que

depois em campo não sofra as consequências de uma má escolha na hora da se fazer a especificação.

O acionamento da maioria das lanternas de boa qualidade fica na parte posterior do equipamento, pois

facilita a empunhadura para diversas situações, como mostra a figura abaixo.

A lanterna também deve possuir um sistema que impeça que ela seja acionada acidentalmente para que

não denuncie a posição de um determinado operador, ou ainda que acabe com a carga da bateria

durante o seu transporte.

Muitas lanternas possuem um sistema de acionamento permanente por “click” ou seja rosqueando a

sua tampa traseira. Isso pode ser útil em muitas situações.

Para aplicações táticas no entanto, ressalto que deveriam haver duas características importantíssimas a

se considerar:

Page 16: White paper - Fundamentos da lanterna tática

- Potência única

O operador em situações de emergência, não possui tempo hábil para escolher qual potência ele irá

utilizar. Por isso, o seu acionamento deve ser simples e direto, com apenas uma potência de saída.

- Foco fixo

Pelos mesmos motivos do item anterior, o foco deve ser fixo e amplo de forma a não confundir o seu

operador durante ocorrências que envolvam risco de morte.

- Dead men’s switch

Outra característica muito importante é este tipo de acionamento a “prova de falhas”. A expressão dead

men’s switch (ou traduzindo literalmente: o acionador do homem morto) serve para identificar sistemas

que são acionados automaticamente nos casos onde o operador se encontra incapacitado.

Em outras palavras, este tipo de acionador fará com que a lanterna se apague automaticamente no caso

de incapacitação de seu usuário, dando a ele a possibilidade de abrigar-se furtivamente nestes casos.

FUNÇÕES

- Estrobo

A função estroboscópica12

idealizada para desorientar oponentes em certas ocorrências, no meu ponto

de vista não é uma vantagem operacional em situações de CQB13

, uma vez que na maioria destes casos

ambos – operador e oponente – estão sob este efeito, desorientando ambos, principalmente quando há

paredes brancas ou espelhos, muito comum nestes ambientes.

No entanto, ela pode ser muito útil para situações de abordagem de suspeitos ou então operações de

controle de multidões, especialmente para lanternas mais potentes – a princípio acima de 700 lumens.

- SOS

Outra função interessante existente em algumas lanternas disponíveis no mercado é a emissão de um

SOS em código morse (três curtas, três longas e três curtas), principalmente em locais remotos, sujeitos

à desastres naturais ou provocados pelo Homem.

- Dual/triple/quadruple output

12

Efeito conseguido através da alternância entre a iluminação com uma luz intensa e o bloqueamento dessa luz. Permite

determinar a frequência de rotação de corpos, pois fazendo coincidir a frequência da iluminação com a do movimento, cada feixe de luz ilumina a mesma fase do movimento, resultando numa aparente imobilidade do corpo em rotação. Se as frequências do estroboscópio e do processo de medição coincidirem, o processo parece estar parado. Se não se der a referida coincidência, então o processo avança ou retrocede lentamente a uma frequência maior. 13

CQB – Acrônimo para Close Quarter Battle, ou conhecido no Brasil por combate em ambientes fechados

Page 17: White paper - Fundamentos da lanterna tática

Dependendo do uso de sua lanterna, o operador poderá querer uma lanterna com potência regulável,

com duas, três ou mais potências para o feixe de luz.

Existem ainda algumas lanternas de uso geral que possuem um pontenciômetro para regular a

quantidade de luz desejada para cada ocasião.

Como mencionamos anteriormente, para aplicações táticas, a lanterna deve possuir somente uma

potência de modo a não confundir o operador em situações de saque rápido.

- Programável

Esta função é a última palavra em lanternas. Hoje em dia, algumas marcas permitem que o usuário

programe o comportamento de sua lanterna através de uma interface instalada em seu computador. O

seu operador poderá definir o nível de potência x autonomia, de acordo com a sua necessidade, assim

como outras funções.

Certifique-se que o equipamento possua a mesma resistência contra infiltrações (poeira e umidade) e

também a compatibilidade com o seu computador.

LASER

A “mira a laser”, perpetuada no filme o Exterminador do Futuro de Arnold Schwarzenegger, é uma

ferramenta que facilita a aquisição de alvos e muito utilizada por tropas especializadas, principalmente

em situações de combate a curta distância.

Para se adquirir uma destas, a unidade militar ou policial deve obter uma autorização prévia do DFPC14

,

uma vez que são produtos controlados e de uso restrito (Decreto n⁰ 3.665, de 20 de Novembro de

2.000, Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados, Anexo I, número de ordem 2800,

categoria de controle 1).

O laser é fabricado em cores diversas, porém o mais utilizado é o vermelho. Para se conseguir o

espectro verde, havia um obstáculo técnico (a obtenção do laser verde só era possível dentro de

algumas características de temperatura), que recentemente foi controlado pelos engenheiros do setor.

Há ainda a opção de luz infravermelha, para utilização em conjunto com o óculos de visão noturna.

EQUIPAMENTOS DE VISÃO NOTURNA

Os equipamentos que fazem parte desta categoria são os chamados NVG (Night Vision Goggles, ou

óculos de visão noturna) e que intensificam a luz ambiente de tal sorte que possibilita aos seus usuários,

realizarem atividades em condições de baixíssima luminosidade, facilitando a sua infiltração/exfiltração

e deslocamento nestas condições.

14

Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados – órgão pertencente ao Exército Brasileiro

Page 18: White paper - Fundamentos da lanterna tática

As lanternas de luz infravermelha possuem um papel muito importante pois melhoram a visualização

dos obstáculos e oponentes como se pode ver abaixo:

Nota: ao utilizar óculos de visão noturna, é muito importante utilizar equipamentos que possuam

SOMENTE luz infravermelha, ou que tenham um mecanismo de segurança para que não haja o

acionamento da luz branca, o que poderia ofuscar temporariamente o operador e ainda denunciar sua

posição. Caso o equipamento não possua estas características mencionadas acima, valer-se de

procedimentos e cautela.

CERTIFICAÇÕES

Existem muitas certificações no mercado. Porém a que mais se aplica é a MIL-STD-810 G (publicado em

31 de Outubro de 2008) e que possui inúmeros tipos de testes – que engloba desde testes de queda a

choque balístico. A maioria dos fabricantes não possuem estas certificações para seus produtos – uma

vez que são extremamente caras – porém é importante solicitar uma declaração da mesma de que o

modelo possui a aderência ao padrão desejado.

Outros institutos possuem outros padrões e o mais importante é que ele esteja compatível com a norma

operacional do departamento.

RESISTÊNCIA A INFILTRAÇÕES (PARTÍCULAS SÓLIDAS E LÍQUIDO)

Existe uma escala de resistência para partículas sólidas e líquido denominado de Código IP (ou em uma

tradução livre, Classificação de Proteção a Ingressos), que nada mais é do que uma tabela com vários

testes e o padrão esperado de performance. Para aplicações em ambiente externo, recomendamos

equipamentos acima de IPX4.

FIGURA 99 - ALVO A 70 METROS ILUMINADO

SOMENTE POR LUZ AMBIENTE. FOTO TIRADA

COM AN-PVS26M E MIRA NIGHTOPTIC

FIGURA 10 - ALVO A 70 METROS ILUMINADO

POR UMA M952V DA SUREFIRE. FOTO TIRADA

COM AN-PVS26M E MIRA NIGHTOPTIC

Page 19: White paper - Fundamentos da lanterna tática

INTRINSICAMENTE SEGURAS

Para operações em ambientes confinados e contaminados por gases explosivos, faz-se necessária a

utilização de ferramentas intrinsicamente seguras, para que não exista a possibilidade de ocorrer

fagulhas durante o seu acionamento, podendo causar uma explosão do ambiente.

LANTERNAS ACOPLADAS A ARMAS

Existem empresas no mercado que fabricam lanternas para acoplamento em armas (curtas e longas) e

vajamos abaixo algumas características delas:

Absorção a choques

As lanternas fabricadas para este fim necessitam de um sistema interno que possa anular os efeitos do

recuo das armas em que estão acopladas. A massa da bateria e dos componentes internos da lanterna –

submetidos a uma grande aceleração advinda do choque resultante do disparo de armas de fogo – sem

um sistema de amortecimento interno, acabam danificando-se e em casos extremos, partindo-se em

pedaços.

Nestas armas, especialmente as de repetição, as baterias da lanterna irão chocar-se violentamente uma

com as outras, aumentando a necessidade de um sistema de eficaz que possa anular a resultante das

forças.

Este efeito é ainda mais intenso em lâmpadas incandescentes, pois o filamento rompe-se facilmente,

fazendo com que a lanterna perca a sua operacionalidade.

Por este motivo, não se devem utilizar adaptadores de lanternas de mão para serem acopladas em

armas, uma vez que não foram projetadas para suportar os efeitos das forças resultantes de um disparo

de arma de fogo.

PICCATINNY RAILS

Estes trilhos viraram o padrão de muitas armas fabricadas na atualidade. Podem substituir o guarda mão

inteiro de fuzis de assalto ou então presos ao guarda-mão original; algumas pistolas possuem este

padrão em seus canos e facilitam em muito a instalação de equipamentos.

Page 20: White paper - Fundamentos da lanterna tática

Alguns fabricantes possuem sistemas de rápido acoplamento, útil em situações onde cada segundo é

importante.

ACESSÓRIOS

- COLDRES

Existe no mercado uma série de coldres para lanternas, fabricados em materiais diversos. Os coldres

feitos de material flexível, cordura e nylon principalmente, são indicados para aqueles operadores que o

saque rápido de suas lanternas não é tão crítico. Estão neste grupo, profissionais de manutenção,

trânsito, controle de distúrbios, patrulhamento, etc.

Para aqueles que necessitam de um saque rápido, existem muitos coldres de polímeros e de formatos

variados. Existem alguns com compartimento para baterias extra (onde estão suas baterias

sobressalentes quando mais você precisa delas?) e outras que possibilitam mantê-las em ângulo para

facilitar o saque.

Para as lanternas que podem ser acopladas em pistolas, com ou sem designador laser, também há

coldres compatíveis no mercado, bastando somente que você encontre o modelo mais adequado para o

seu uso.

- FILTROS

Os filtros permitem que o operador aumente o espectro de utilização da lanterna, uma vez que podem

possuir lentes coloridas ou infravermelhas (para utilização em conjunto com aparelhos de visão

noturna).

A luz vermelha possui uma característica muito interessante: quando os seus olhos estão adaptados

para o escuro, as ondas luminosas do feixe de luz vermelha são as que menos ofuscam a visão do

operador. As luzes azuis e âmbar já exigem um maior tempo de adaptação para os olhos.

GARANTIA

Este detalhe é muito importante, pouco observado por solicitantes e que deve fazer parte da descrição

do item. Prefira aquelas empresas que oferecem uma garantia mais longa, pesquise para saber de

usuários do produto que já precisaram utilizá-la. A internet é uma excelente fonte de informações desta

natureza.

PÓS-VENDA

O atendimento pós-venda também é importante e certifique-se que há um representante da empresa

que fale o seu idioma, dentro do seu fuso horário. É muito comum empresas darem um suporte em

Page 21: White paper - Fundamentos da lanterna tática

espanhol ou então em fusos horários não compatíveis com o horário comercial no Brasil, dificultando

este processo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando observamos o mercado de lanternas nos últimos anos, percebemos que existe uma “sede por

lumens” por parte dos usuários finais. Logicamente, com a modernidade, a tendência é querermos

equipamentos cada vez mais eficientes e mais potentes.

Uma grande lição: “Quando menos é mais”

No entanto, na iluminação tática, o ideal é que a luz seja a mais fraca e pelo menor tempo possível. Isso

porque você não quer denunciar a sua posição para o inimigo. Logicamente para cada situação você

poderá optar por um tipo de lanterna; para deslocamentos - mais fraca e intermitente - e para situações

de assalto tático o emprego de uma luz potente que possa dominar o oponente pela superioridade

luminosa muitas vezes se faz necessária.

Faça uma reflexão das situações que você já precisou de uma lanterna confiável e faça a sua escolha do

seu kit de lanternas táticas e sucesso em suas missões futuras!

Page 22: White paper - Fundamentos da lanterna tática

SOBRE O AUTOR

Hugo Tisaka, Diretor Executivo da NSA Brasil – empresa de consultoria

internacional em segurança e Diretor de Relações Governamentais da

ABSEG – Associação Brasileira de Profissionais de Segurança e atualmente

coordena os grupos de trabalho - Gerenciamento de Crises Relacionadas a

Sequestros e Núcleo de Orientação Profissional para Militares e Policiais -

desta instituição. Presidente do Comitê Organizador do COBRASE XXII

(2010).

Graduado em Administração de Empresas, Pós-Graduado em Estratégia Militar para Gestão de

Negócios, com extensa experiência no exterior - incluindo o Oeste Africano - e sobretudo na América

Latina. Fluente em português, inglês, espanhol e conhecimentos básicos de japonês, alemão, italiano e

francês. Coordenou a segurança das equipes de futebol e demais delegações na Copa do Mundo Sub-17

pela FIFA, na Nigéria. Realizou inúmeros treinamentos realizados no Brasil e no Exterior, especialista em

segurança corporativa, proteção pessoal e direção evasiva. Participou de treinamentos de

antissequestro e antiterrorismo ministrado pelo comando da SWAT da Flórida - EUA, e também de

proteção executiva por agentes do Serviço Secreto Britânico e Norte-Americano, Serviço de Proteção

Real da Inglaterra e do FBI. Participou de treinamentos de inteligência, contra-inteligência, ministrados

por ex-agentes da CIA e MI5 e defesa de perímetros e complexos militares. Participou de treinamentos

de sobrevivência na selva ministrado por fuzileiros navais e pára-quedistas do Exército e Marinha.

Responsável por chefiar múltiplas equipes em diversos países, na proteção de clientes ultra-VIPS e

escolta de mercadorias de alto valor agregado. Trabalhou com equipes da BBC/Londres e da Leopard

Films na produção de programas de televisão relacionados a sequestros. Criador do PREVICON -

Programa de Redução da Violência em Condomínios, assim como responsável pela introdução do

conceito Security by Design

na América Latina. Idealizador e responsável técnico pelo treinamento

exclusivo Reportagens em Áreas de Conflito, voltado especificamente para profissionais que cobrem

pautas em localidades onde o risco é real ou iminente. Colunista do site Sindiconet e autor de inúmeros

trabalhos na área.