PEDAGOGIA POR PROJETOS REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO WOLNEY LOBATO 2014.
WOLNEY SANDIM BORGES · Web viewWOLNEY SANDIM BORGES ABSENTEÍSMO ÀS CONSULTAS ODONTOLÓGICAS...
Transcript of WOLNEY SANDIM BORGES · Web viewWOLNEY SANDIM BORGES ABSENTEÍSMO ÀS CONSULTAS ODONTOLÓGICAS...
WOLNEY SANDIM BORGES
ABSENTEÍSMO ÀS CONSULTAS ODONTOLÓGICAS AGENDADAS PARA OS
PACIENTES DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO BAIRRO ALTO NO
CENTRO DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS NO MUNICÍPIO DE
AQUIDAUANA/MS
Aquidauana – MS
2011
WOLNEY SANDIM BORGES
ABSENTEÍSMO ÀS CONSULTAS ODONTOLÓGICAS AGENDADAS PARA OS
PACIENTES DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO BAIRRO ALTO NO
CENTRO DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS NO MUNICÍPIO DE
AQUIDAUANA/MS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação à nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família.Orientador (a): Prof. Edilson José Zafalon
Aquidauana – MS
2011
2
WOLNEY SANDIM BORGES
ABSENTEÍSMO ÀS CONSULTAS ODONTOLÓGICAS AGENDADAS PARA OS
PACIENTES DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO BAIRRO ALTO NO
CENTRO DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS NO MUNICÍPIO DE
AQUIDAUANA/MS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
como requisito para conclusão do Curso de Pós Graduação à nível de Especialização em
Atenção Básica em Saúde da Família
COMISSÃO ORGANIZADORA
_______________________________________________
Prof. Edilson José Zafalon
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, à
minha esposa Bianca e aos meus filhos,
Willian e Vitória, pela compreensão nas
minhas ausências, é para vocês com amor e
carinho este trabalho. Obrigado por
estarem presentes em minha vida.
4
RESUMO
Pode-se dizer que o absenteísmo dos pacientes às consultas odontológicas não se
constitui fator isolado. Intimamente atreladas a ele encontram-se lacunas ou falhas, atribuídas
não só aos pacientes em si e aos responsáveis, como profissionais, gerencias, ou mesmo da
organização, avaliação e monitoramento dos processos de trabalho. Considerando-se que o
absenteísmo pode refletir no bom andamento e nos resultados de um tratamento odontológico,
este estudo propôs estudar as porcentagens de faltas aos agendamentos no CEO – Centro de
Especialidades em Odontologia dos pacientes da ESF Bairro Alto do Município de
Aquidauana/MS, no período do Março, Abril e Maio de 2011. Desta forma, pretende-se
avaliar as percentagens de absenteísmo encontradas, dando informações para a diminuição do
mesmo.
Palavras chave: Absenteísmo; Agendamento.
5
ABSTRACT
You could say that the absenteeism of patients to dental visits is not an isolated
factor. Closely linked to it are gaps or flaws attributed not only to patients themselves and
those responsible, and professional, managerial, or even the organization, evaluation and
monitoring of work processes. Considering that absenteeism may reflect the good progress
and the results of a dental treatment, this study proposed to study the percentages of fault for
scheduling the CEO - Center for Dental Specialties of the patients in the FHS Bairro Alto
County Aquidauana / MS the period of March, April and May 2011. Thus, we intend to
evaluate the percentages of absenteeism found, giving information for the reduction.
Keywords: Absenteeism; Schedule.
6
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................8
Revisão da Literatura...........................................................................................10
Materiais e Métodos............................................................................................14
Discussão.............................................................................................................16
Resultados............................................................................................................18
Conclusão............................................................................................................21
Referências Bibliográficas...................................................................................22
7
INTRODUÇÃO
A partir da promulgação da Constituição Federal, em 1988 (Brasil), foram definidas
como diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) a universalização, a equidade, a
integralidade, a hierarquização e a participação da comunidade nos programas de saúde
pública. O Ministério da Saúde criou, em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF), e seu
principal propósito era o de reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases e
substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família e, com isso,
melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. A estratégia do PSF prioriza as ações de
prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua. Está
estruturado a partir de Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou Estratégias de Saúde da Família
(ESF), que trabalham com base nos princípios de caráter substitutivo, buscando a
integralidade da assistência, a hierarquização e a territorialização, através do cadastramento da
clientela, num trabalho realizado por uma equipe multiprofissional. Assim, esses profissionais
e a população acompanhada, criam vínculos de co-responsabilidade, o que facilita a
identificação e o atendimento aos problemas de saúde da comunidade. (Silva, 2003).
Um modelo de atenção integral à saúde não pode excluir a atenção à saúde bucal. A
necessidade de melhorar os índices epidemiológicos de saúde bucal e de se ampliar o acesso
da população brasileira às ações a ela relacionada, impulsionou a decisão de reorientar as
práticas de intervenção, valendo-se, para tanto, da sua inclusão na Estratégia de Saúde da
Família (ESF). Dados do Ministério da Saúde mostram que 45% da população brasileira não
têm condições de comprar escova e pasta dental e 30 milhões de brasileiros nunca
compareceram a uma consulta odontológica. A inserção da Saúde Bucal na Estratégia Saúde
da Família foi estabelecida pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria nº 1.444/GM de 28
de dezembro de 2000 e regulamentada pela Portaria nº 2675. (Cardoso, 2002).
Essa inserção representou a possibilidade de criação de um espaço de práticas e
relações a serem construídas para a reorientação do processo de trabalho e para a própria
atuação da saúde bucal no âmbito dos serviços de saúde. Dessa forma, o cuidado em saúde
bucal passou a exigir a conformação de uma equipe de trabalho que se relacione com usuários
e que participe da gestão dos serviços para dar resposta às demandas da população e ampliar o
acesso às ações e serviços de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, por meio de
medidas de caráter coletivo e mediante o estabelecimento de vínculo territorial. Apesar da
8
estrutura para a assistência à saúde oferecida à população, muitos pacientes não comparecem
às consultas odontológicas agendadas, sem justificá-las posteriormente. (Travassos, 2002).
Sendo assim, este estudo tem por objetivo obter o índice de faltas às consultas para
tratamento especializado no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), de pacientes
agendados do ESF Bairro Alto, nos meses de março, abril e maio de 2011, e avaliar os
motivos que os levaram a faltar às consultas agendadas, a fim de discutir estratégias que
possam melhorar o acesso às ações e serviços de saúde bucal.
9
REVISÃO DA LITERATURA
Apesar do grande avanço da Odontologia nas últimas décadas, em termos
tecnológicos e aparato técnico, Oliveira (2005) afirmou que nosso país chegou ao século XXI
com uma política de saúde bucal deficiente, caracterizada pela falta de acesso de grande parte
da população aos cuidados clínicos e preventivos. Até o ano de 1998, 32% da população rural
e 12,5% da população urbana brasileira nunca havia recebido qualquer tipo de tratamento
odontológico.
A inclusão da Odontologia na Estratégia de Saúde da Família (ESF), motivada pela
caótica situação de saúde bucal da população brasileira, ocorreu seis anos após a sua
implantação, pelo então Ministro da Saúde José Serra, estabelecendo incentivo financeiro para
a reorganização da atenção à saúde bucal prestada nos municípios. A Portaria GM/MS nº 267,
de 6 de março de 2001 (BRASIL, 2001), regulamentou as normas e diretrizes para esse fim,
tendo sido criadas duas modalidades de Equipes de Saúde Bucal:
• Equipe de Saúde Bucal (ESB) Modalidade I: composta por um Cirurgião-Dentista
(CD) e um Auxiliar de Saúde Bucal (ASB);
• ESB Modalidade II: composta por um CD, um ASB e um Técnico em Saúde Bucal
(TSB).
Ainda segundo o Ministério da Saúde (2003), cada ESB, que cobriria em média,
6.900 pessoas, era referência para duas ESF. Tal proporção foi alterada a partir da Portaria nº
637/GM, em 2003, quando o Ministério da Saúde passou a financiar as ESB na proporção de
1:1 em relação às ESF. Dessa forma, cada ESB passou a cobrir em torno de 3.450 pessoas.
Segundo Narvai (1992), na construção da democracia brasileira, a política tem
contribuído sobremaneira para a melhoria da saúde bucal dos brasileiros, ao descentralizar e,
portanto, ao dividir poderes e criar espaços para a divergência e questionamento ou
consolidação de decisões. Sob este aspecto a criação do SUS, resultante de um processo
político, tem um grande significado para a saúde bucal dos brasileiros e para a organização
social da prática odontológica no país.
Silveira Filho (2002) propõe que, na organização dos processos de trabalho das
Equipes de Saúde Bucal da Família, a implantação das atividades, através da ferramenta de
planejamento estratégico, se dê em três momentos não estanques, nem fragmentados ou
obrigatoriamente sequenciais. O momento 1 seria o de apropriação do território, as atividades
clínicas desenvolvidas, nesse momento, deveriam ser as ações de prevenção e promoção à
10
saúde, bem como atendimento odontológico à demanda. O momento 2 seria voltado para a
espacialização das desigualdades e diferenças entre as microáreas, bem como para a
identificação dos grupos prioritários, entre os inscritos. Nesse segundo momento, as
atividades clínicas estariam voltadas para a estabilização das patologias bucais. O momento 3
estaria voltado ao cuidado longitudinal às famílias o que, em termos de atividades clínicas,
representaria atenção restauradora às mesmas.
Como relatou Lora (2004), dentre as variáveis que dificultam a efetiva consolidação
do SUS, o acesso aos serviços de saúde se constitui numa das questões mais relevantes. O
estudo de aspectos relativos à acessibilidade aos mesmos é fundamental para a garantia da
universalidade da atenção: “ele inter-relaciona características do sistema de prestação, da
população, utilização dos serviços de saúde e satisfação das necessidades do consumidor,
sendo determinado pelas políticas públicas aplicadas”.
De acordo com Starfield (2002), a acessibilidade possibilita a chegada aos serviços e
o acesso permite o uso oportuno dos mesmos, visando aos melhores resultados possíveis,
relacionando-se, pois, à forma como o indivíduo experimenta o serviço de saúde.
Fekete (1995) aponta 3 domínios nos modos de organização da assistência à saúde:
acessibilidade, disponibilidade e utilização. A acessibilidade relaciona-se ao processo de
buscar e receber assistência à saúde. A disponibilidade representa a presença de recursos e sua
capacidade de produzir serviços. Já a utilização, sinaliza o consumo real dos serviços.
A Acessibilidade Geográfica relaciona-se à distância média entre a população e os
recursos, devendo-se considerar, entretanto, que não mensura apenas distância, uma vez que
determinada região pode apresentar características físicas que dificultam ou mesmo impeçam
o acesso da população, devendo ser medida, pois, em função do tempo que, pelos meios
habituais de transporte, se consome para se obter assistência à saúde. Cabe pontuar que a
acessibilidade geográfica não garante a possibilidade de utilização de recursos por parte da
população. Credibilidade do serviço, preferência por médicos, existência de terceiro turno e
outros motivos podem influir na acessibilidade geográfica teórica. A Acessibilidade
Organizacional pode ser representada pelos obstáculos que se originam nos modos de
organização dos recursos de assistência à saúde, podendo estar na entrada ou no interior da
Unidade de Saúde. Os primeiros relacionam-se aos aspectos que caracterizam o contato inicial
do usuário com a Unidade de Saúde, tais como: tempo para se obter uma consulta, a forma
como se faz o agendamento ou marcação de horário, os turnos de funcionamento. Já os
segundos dizem respeito às características que interferem com a assistência ao usuário dentro
da unidade, podendo-se exemplificar: o tempo para ser atendido pelo médico e para a
11
realização de exames laboratoriais. Cabe ressaltar que os obstáculos podem estender-se aos
demais níveis do sistema. (ESCOREL et al., 2007)
A Acessibilidade Sociocultural está relacionada aos fenômenos que determinam a
busca de assistência à saúde, tais como percepções e crenças relativas à saúde-doença,
credibilidade nos serviços de saúde, dentre outros. Os obstáculos relativos à acessibilidade
cultural podem ser considerados sob as perspectivas da população e do sistema de saúde. A
redução desses obstáculos requer a atuação no nível da formação dos profissionais de saúde.
Ainda, segundo Escorel et al. (2007), a acessibilidade cultural na ESF é facilitada pela atuação
do agente comunitário de saúde, funcionando como um elo mediador entre a comunidade e o
serviço de saúde, na medida em que esse profissional, sendo morador da comunidade de
referência da unidade de saúde da família, em geral, pertence ao mesmo grupo social dos
usuários.
O mesmo autor relata como Acessibilidade Econômica, o fato de que o SUS é
financiado por recursos fiscais de acesso universal, sem taxas de co-pagamento. Um dos seus
princípios constitucionais é o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde,
assim, não deveriam existir barreiras econômicas à utilização dos mesmos. Portanto, não
deveria se pensar em entraves na acessibilidade econômica. Entretanto, em função da
insuficiente oferta de ações e serviços, o gasto em saúde das famílias brasileiras ainda é
elevado, incluindo consumo de tempo, energia e recursos financeiros para a busca e obtenção
dos serviços de saúde, prejuízos decorrentes da perda de dias de trabalho, possíveis perdas
decorrentes de licença médica por doenças, o custo dos medicamentos, dentre outros. A
melhoria das condições de acesso aos serviços de saúde deve estar alicerçada no aumento do
vínculo entre o profissional e a comunidade adscrita. Outra observação fundamental é que o
acolhimento, conceito muitas vezes tratado como diretriz operacional, é fundamental para a
melhoria das condições de acessibilidade.
Para Pinheiro & Torres (2006), acesso oferecido e não utilizado pode ser decisivo
para a diminuição da qualidade do SUS.
Donabedian (1990) afirmou que existem ainda outros atributos da qualidade da
prestação dos serviços em saúde, como a qualidade do cuidado em saúde agregado os
seguintes componentes: eficácia, eficiência, efetividade, otimização, aceitabilidade,
legitimidade e equidade.
Silva & Formigli (1994) citaram ainda, o impacto, a qualidade técnico-científica, a
cobertura e a acessibilidade: “Os atributos referem-se às características das práticas de saúde e
da sua organização social. Podem ser assim agrupados: a) relacionados com a disponibilidade
12
e distribuição social dos recursos (cobertura, acessibilidade e equidade); b) relacionados com
o efeito das ações e práticas de saúde implementadas (eficácia, efetividade e impacto); c)
relacionados com os custos das ações (eficiência); d) relacionados com a adequação das ações
ao conhecimento técnico e científico vigente (qualidade técnico-científica); e) relacionados à
percepção dos usuários sobre as práticas (satisfação dos usuários, aceitabilidade)”.
Para Lemos et al. (2008), uma série de fatores contribuem para a cárie dentária ser a
patologia bucal que mais acomete as pessoas, podendo-se citar, como exemplos, a inadequada
realização de higiene bucal em casa; os níveis sócio-econômico e cultural das famílias; o
acesso a informações de saúde e ao tratamento odontológico, dentre outros. Porém, a questão
da assiduidade às consultas odontológicas, em outros termos, o retorno periódico da criança
ao ambiente odontológico em consonância com programa preventivo em que se encontra
inserida, tem sido pouco discutido. A assiduidade às consultas constitui um fator fundamental
para a melhoria dos níveis de saúde bucal dos pacientes, uma vez que, no retorno às consultas,
podem ser reforçados conceitos de prevenção, hábitos de higiene e dieta, além de serem
realizadas a profilaxia clínica e aplicação de flúor, de acordo com a necessidade individual.
Em estudo sobre o perfil socioeconômico dos pacientes e os motivos que os levaram
a faltar às consultas odontológicas numa Equipe de Saúde da Família em um distrito do
município de Ribeirão Preto/SP, Almeida et al. (2009) concluíram que o principal fator foi o
esquecimento. Outros fatores relatados foram: horário inadequado do agendamento, trabalho,
estudo e procura por tratamento odontológico particular. Os autores sugeriram a adoção de
novas estratégias de agendamento, onde os agentes de saúde poderiam desempenhar um papel
ativo no sentido de relembrar, periodicamente, a data das consultas. Em contrapartida, faz-se
necessário o comprometimento da população.
Siqueira et al. (2009), em estudo realizado sobre a avaliação do interesse dos pais
pela saúde bucal de seus filhos, em idade pré-escolar, baseando-se no índice de
comparecimento às consultas odontológicas numa Unidade Básica de Saúde, concluíram que
o não comparecimento às mesmas indica ou o desconhecimento da importância do tratamento,
ou o descaso com a saúde, pois os responsáveis ignoram seus benefícios. A gratuidade do
tratamento, mesmo em se tratando de famílias de baixa renda, não garantiu o
comparecimento. O índice analisado ajudou a quantificar a efetividade do programa e o
interesse dos responsáveis pelas crianças, fornecendo dados reais como subsídios à
implementação de novas estratégias.
13
MATERIAIS E MÉTODOS
Segundo Narvai (1992), a rede básica de saúde é formada pelo conjunto das
Unidades Básicas de Saúde (UBS), encarregadas da atenção primária à saúde, que significa
primeira atenção, e não atenção de baixa qualidade para problemas simples de saúde, como,
costumeiramente, ocorre confusão. É na atenção primária que ocorrem ações básicas nos
campos da promoção, prevenção, assistência individual e prestação de serviços necessários à
resolução dos problemas de maior prevalência e significado social em cada comunidade.
Este trabalho trata de um estudo observacional, de natureza quantitativa e descritiva,
que tem como referencial teórico os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) vigente no
país, que busca a integralidade e a universalidade dentro do conceito de acessibilidade. Os
Núcleos de Saúde da Família funcionam com a definição de território de abrangência. As
famílias residentes na área são cadastradas pela equipe de Saúde da Família e seus dados são
registrados em um prontuário de família, mantidos em um sistema de arquivos de saúde e em
um Sistema de Informação de Atenção Básica (Siab). O território de abrangência de cada
unidade é subdividido em áreas menores, denominadas micro-áreas, ficando cada uma delas
sob responsabilidade de um agente comunitário de saúde (visitas, cadastros, etc). Além dos
registros de famílias há os prontuários dos pacientes com suas histórias clínicas e seguimentos
de saúde.
Os Núcleos constituem o primeiro contato do usuário com o Sistema de Saúde. Cabe
a cada unidade realizar uma assistência integral, contínua e de qualidade, desenvolvida por
uma equipe multiprofissional na própria unidade e também nos domicílios e em locais
comunitários, como escolas, creches, asilos, presídios, entre outros. A organização estrutural
dos NSF é feita de acordo com critérios preconizados pelo Ministério da Saúde (2004). Os
núcleos IV e V trabalham com uma equipe constituída por um médico generalista, um
enfermeiro, um auxiliar de enfermagem, cinco agentes comunitários de saúde, um dentista e
um auxiliar de limpeza.
Nesta pesquisa foram tabulados os dados de absenteísmo às consultas odontológicas
agendadas no CEO - Centro de Especialidades Odontológicas, para os pacientes provenientes
da ESF Bairro Alto. Nesta unidade, CEO, a oferta de consultas aos usuários é disponibilizada
através de consultas pré-agendadas pela Central Municipal de Regulação de Vagas da
Gerência de Saúde e Saneamento da Prefeitura Municipal de Aquidauana. Foi feito o
levantamento do número de pacientes agendados e atendidos, nos meses de Março, Abril e
14
Maio de 2011, afim de tabulação de porcentagem de absenteísmo. Após esta contagem, foram
analisados os dados obtidos, para verificar o grau de absenteísmo e procurar possíveis causas.
Estas informações trarão uma fonte de informações para que os gestores possam procurar
diminuir ou até zerar o absenteísmo às consultas agendadas no Centro de Especialidades
Odontológicas pela Estratégia de Saúde da Família.
15
DISCUSSÃO
A prestação de serviços de saúde bucal no Brasil, historicamente, caracteriza-se por
ações de baixa complexidade, na sua maioria curativas e mutiladoras, com acesso restrito. O
conceito de acesso é complexo, ainda é impreciso e varia entre autores. De um modo geral,
está relacionado à percepção das necessidades de saúde, à conversão destas necessidades em
demandas e à conversão das demandas em uso de serviços de saúde. Assim, não somente a
oferta de serviços odontológicos de qualidade é um importante fator para a ampliação do
acesso da população a serviços resolutivos, como também é a percepção das necessidades de
saúde bucal por parte dos indivíduos para que se dê a busca por estes serviços.
A construção de um sistema de saúde de qualidade e abrangente, como se propõe o
SUS no Brasil, depende da participação ativa, coerente e responsável de cada parte que o
compõe. Profissionais de Saúde, gestores, prestadores de serviços e usuários (população)
devem estar articulados e cumprindo seus papéis para que as metas sejam alcançadas. Esse
fato sugere que programas de orientação e de informação possam sensibilizar as pessoas às
responsabilidades em relação ao seu bem estar.
Nesse estudo pôde-se perceber que a maioria das faltas nas consultas odontológicas
está relacionada ao esquecimento do paciente ou de seu responsável. Além disso, muitos
relataram não ter recebido nenhum tipo de aviso prévio dos Agentes Comunitários de Saúde,
lembrando o dia da consulta agendada. Esse tipo de estratégia poderia ser adotada, visando
uma melhora no desempenho, no que diz respeito ao atendimento odontológico. Tal estratégia
também poderia ser empregada nos diversos tipos de atendimento ofertados, já que uma
grande parcela também relatou faltar nas consultas agendadas de outras especialidades.
Segundo Kickbusch (2007), “Saúde é a magnitude que um indivíduo ou grupo pode,
por um lado, realizar suas aspirações e satisfazer suas necessidades e, por outro, mudar seu
entorno ou enfrentá-lo”. Considerando esse conceito, junto à participação e conscientização
de cada pessoa com o cuidado de sua saúde e da sociedade e a efetivação do SUS, se faz
necessário uma avaliação das condutas dos usuários dentro deste sistema (SUS). A
acessibilidade é fundamental no SUS. Acesso dado e não utilizado pode ser um potencial
colaborador para a diminuição da qualidade deste sistema, portanto, estudar esta falta ou má
utilização deste acesso é imperioso.
A construção do conhecimento dos fatores envolvidos no absenteísmo e
implementação de mudanças necessárias perpassa pela necessidade da escuta do saber do
16
outro. A troca de informações, numa escuta permeada pela dialética, permite a elaboração de
um novo saber, fundamentado não apenas na interpretação de dados numéricos coletados pelo
profissional, mas num saber mais amplo, fruto de construção conjunta: pais dos pacientes,
pacientes e profissionais. Assim, tem-se o diálogo como descoberta onde se pretende atuar.
17
RESULTADOS
Foi pesquisado o número de pacientes, agendados da ESF Bairro Alto, que
receberam atendimento pelos profissionais nas especialidades de Endodontia, Periodontia,
Cirurgia, Odontopediatria, Prótese Odontológica e ainda que passaram por exames de Raios
X, no CEO – Centro de Especialidades Odontológicas da Prefeitura Municipal de
Aquidauana/MS, nos meses de Março, Abril e Maio de 2011.
Os resultados apresentados nas tabelas seguintes se referem ao número total de
pessoas que receberam atendimento, ao número de pessoas que foram agendadas e a aquelas
que não compareceram à consulta previamente agendada.
TABELA 1:
Analítico de agendamentos da Unidade de origem ESF Bairro Alto para o CEO, período
Março, Abril e Maio de 2011
Agendamento
por especialidade
Endodontia Periodontia Cirurgia Odontopediatria Prótese
odontoló
gica
Raios
x
MARÇO 16 03 04 01 02 08
ABRIL 06 04 __ 02 10 09
MAIO 08 10 05 01 05 09
TOTAL 30 17 09 04 17 26
Fonte: Central Municipal de Regulação de Vagas da Gerência Municipal de Saúde e
Saneamento da Prefeitura Municipal de Aquidauana/MS.
Dentro deste número global de pacientes agendados, o número de atendimentos
reflete o acentuado absenteísmo às consultas odontológicas:
18
TABELA 2:
Analítico de atendimentos no CEO dos pacientes provenientes da ESF Bairro Alto, segundo
especialidades, no período de Março, Abril e Maio de 2011
Atendimento por
especialidade
Endodontia Periodontia Cirurgia Odontopediatria Prótese
odontológica
Raios x
MARÇO 05 02 02 01 02 04
ABRIL 03 02 __ 02 06 04
MAIO 04 08 03 01 02 03
TOTAL 12 12 05 04 10 11
Fonte: Central Municipal de Regulação de Vagas da Gerência Municipal de Saúde e
Saneamento da Prefeitura Municipal de Aquidauana/MS.
Dentro de um universo de agendamentos, a porcentagem de absenteísmo ficou assim
distribuída:
TABELA 3:
Analítico da percentagem de absenteísmo às consultas agendadas no CEO dos pacientes da
ESF Bairro Alto, no período de Março, Abril e Maio de 2011
Faltas por
especialidade (%)
Endodontia Periodontia Cirurgi
a
Odontopediatria Prótese
odontológica
Raios x
MARÇO 68,75 % 33,33 % 50,00% 0,00 % 0,00 % 50,00 %
ABRIL 50,00 % 50,00 % __ 0,00 % 40,00% 55,56 %
MAIO 50,00 % 20,00 % 40,00% 0,00 % 60,00% 66,7
Fonte: Central Municipal de Regulação de Vagas da Gerência Municipal de Saúde e
Saneamento da Prefeitura Municipal de Aquidauana/MS.
19
GRÁFICO
SETORIAL:
Composição média do índice de absenteísmo às consultas agendadas dos pacientes no CEO
dos pacientes da ESF Bairro Alto, no período de Março, Abril e Maio de 2011
Fonte: Central Municipal de Regulação de Vagas da Gerência Municipal de Saúde e
Saneamento da Prefeitura Municipal de Aquidauana/MS.
Endodontia 56,25%
Periodontia 34,33%Cirurgia 30,0%
Odontopediatria 0%Prótese 33,33%
Raios X 57,42%
20
CONCLUSÃO
A alta prevalência de faltas, do público alvo, às consultas odontológicas
programadas, repercute negativamente no âmbito do tratamento, podendo causar insucesso na
abordagem clínica. Compromete, ainda, a eficiência da ESB na utilização da capacidade
instalada, o que representa um prejuízo institucional. Há que se considerar, também, a questão
do desgaste profissional gerado pelo não comprometimento dos pacientes com o tratamento
odontológico. O absenteísmo constitui-se, portanto, em um desafio a ser superado. A
abordagem descritiva quantitativa não permite aferir fatores causais relacionados ao
absenteísmo dos pacientes, e não se constituiu propósito do estudo. Algumas hipóteses podem
ser formuladas, mas a explicação para o problema não é possível com o método utilizado:
* Horário de trabalho dos pacientes ou responsáveis sendo incompatível com os
horários agendados, relacionando-se à acessibilidade temporal;
* Cultura de que a dentição decídua é menos importante e desconhecimento da sua
relevância e influência na dentição permanente;
* Falha na entrega de cartões de agendamento pelos ACS e aviso de consultas muito
próximo à data;
* Adoecimento dos pacientes, responsáveis ou crianças, impossibilitando o
comparecimento às consultas;
* Facilidade na marcação de consultas, que, se por um lado favorece o acesso, por
outro, pode contribuir para as faltas;
* Esquecimento do dia da consulta pelos pacientes ou responsáveis;
* Medo e ansiedade do paciente ou da criança, em relação ao tratamento
odontológico;
* Burocracia para agendamento pela Central de Regulação de Vagas.
21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Almeida GCM. Atividades preventivas realizadas pelos cirurgiões-dentistas do PSF de
Natal/RN. [dissertação] Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2007.
2. Almeida GL. et al. Estudo do perfil sócio-econômico dos pacientes e os motivos que os
levaram a faltar em consultas odontológicas na estratégia de saúde da família em uma
distrital de Ribeirão Preto/SP. Cienc Odontol Bras, v.12, n.1: p. 77-86, jan./mar. 2009.
3. Almeida TL. Características dos cuidadores de idosos dependentes no contexto da
Saúde da Família. [dissertação] Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,
USP; 2005.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Desenvolvimento do Sistema
Único de Saúde no Brasil: avanços, desafios e reafirmações de princípio e diretrizes.
Brasília: Ministério da Saúde; 2002.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.444/GM, de 28 de dezembro de 2000. Estabelece
incentivo financeiro para a reorganização da atenção à saúde bucal prestada nos municípios
por meio do Programa Saúde da Família PSF. Diário Oficial da União, Brasília, dez 29; sec
1:85. 2000.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 267 de 6 de março de 2001. Aprova as normas e
diretrizes de inclusão da saúde bucal na estratégia do Programa de Saúde da Família. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, Seção I, p.67, 2001.
5. Caccia-Bava MCGG. Relatório dos núcleos de saúde da família do centro de saúde Escola
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto:
Usp; 2004.
6. Cardoso ACC, Santos Júnior RQ, Souza LEP, Barbosa MBCB. Inserção da equipe de
saúde bucal no PSF: um desafio para melhoria da qualidade de atenção à saúde. Rev Bra
de Saúde Pública; 26(1/2): 94-98. 2002
22
7. Chisick MC, Poindexter FR, York AK. Factors influencing perceived need for dental
care by United States military recruits. Clin Oral Invest; 2(1): 47-51,1998.
8. Donabedian A. The seven pillars of Quality, Arch Pathol Med., v.114: p.1115-1118,
1990.
9. Escorel S. et al. O Programa de Saúde da Família e a construção de um novo modelo
de atenção básica no Brasil. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health ,v.21, n.2,
2007. Disponível em: < http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v21n2-3/11.pdf >. Acesso em: 23
dez. 2009.
10. Fekete MC. Estudo da acessibilidade na avaliação dos serviços de saúde. Texto
elaborado para bibliografia básica do Projeto Gerus/Desenvolvimento Gerencial de Unidades
Básicas de Saúde do Distrito Sanitário. Brasil, p. 177-184, 1995.
11. Goddard M, Smith P. Equity of access to health care services: theory
and evidence from the UK. Soc Sci Med ;53:1149-62, 2001.
13. Kickbusch I. Innovation in health policy: responding to the health society. Gaceta
Sanitaria ; 21(4): 338-42, 2007.
14. Lemos LVFM. et al. Influência do Fator Assiduidade à Consulta Odontológica na
Prevalência de Cárie Dentária em Indivíduos Atendidos na Bebê Clínica da Prefeitura
do Município de Jacareí, SP, Brasil. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, v.8, n.2: p.203-207,
maio/ago. 2008.
15. Lora AP. Acessibilidade aos serviços de saúde: estudo sobre o tema no enfoque da
Saúde da Família no município de Pedreira – SP. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de
Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, 2004.
16. Lucchese RTP. Eqüidade na gestão descentralizada do SUS: desafios para a redução
de desigualdades em saúde. Cienc Saude Coletiva; 8(2):439-48, 2003.
23
17. Narvai PC. Saúde bucal: assistência ou atenção – Odontologia em Silos – Sistemas
Locais de Saúde. São Paulo: Rede Cedros, 1992.
18. Organização Pan-Americana da Saúde/ Ministério da Saúde. Unidade Técnica de
Desenvolvimento dos Sistemas e Serviços de Saúde/ Coordenação Nacional de Saúde Bucal.
A Política Nacional de Saúde Bucal do Brasil: registro de uma conquista histórica. (Série
Técnica: Desenvolvimento de Sistemas e Serviços). [acesso em:15/02/2008] Disponível
em:http://dtr2004.saude.gov.br/dab/saudebucal/publicacoes/
serie_tecnica_11_port.pdf.
19. Pace MA, Grigoletto JC, Polachini RCB, Watanabe MGC, Bregagnolo JC. Hábitos de
higiene oral de famílias cadastradas em programa de saúde da família de Ribeirão
Preto-SP. Cad Saúde Coletiva; 14(1):49-62, 2006.
20. Pinheiro RS, Torres TZG. Uso de serviços odontológicos entre os estados do Brasil.
Ciência e Saúde Coletiva, v.11, n.4: p.999-1010, 2006.
21. São Paulo (Estado). Secretaria da Saúde. A organização das ações de saúde bucal na
atenção básica. Uma proposta para o SUS – São Paulo. São Paulo; 2001.
19. Silva JA, Silveira M, Ribeiro LC. Avaliação do nível de satisfação dos usuários do
Programa Saúde da Família no Bairro Furtado. In: Anais do IV Encontro Regional de
Estatística; 2003; Juíz de Fora (MG). Minas Gerais: IV Encontro Regional de Estatística;
2003.
20. Silva LMV, Formiglia VLA. Avaliação em saúde: limites e perspectivas. Cad. Saúde
Pública, v.10, n.1, jan./mar. 1994.
21. Silva SRC, Fernandes RRRAC. Autopercepção das condições de saúde bucal por
idosos. Rev Saúde Pública; 35(4):349-55, 2001.
22. Silveira Filho AD. A saúde bucal no PSF: o desafio de mudar a prática. Revista do
Programa Saúde da Família, Brasília, DF, p. 36-43, dez. 2002.
24
23. Siqueira D. et al. Avaliação do interesse dos pais pela saúde bucal de seus filhos pelo
índice de comparecimento às consultas odontológicas de crianças em idade pré-escolar.
ConSientige Saúde, 2009, v.8, n.2: p.239-244.
24. Starfield B. Atenção Primária: Equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e
tecnologia. 2ª ed. Brasília: Unesco, Ministério da Saúde; 2002.
25. Oliveira JLC. Atenção odontológica no Programa de Saúde da Família de Campos
dos Goytacazes, 2005. Tese (Doutorado em Odontologia Preventiva e Social) – Faculdade de
Odontologia de Araçatuba, UNESP, São Paulo, 2005.
26. Teixeira CF, Paim JS, Vilasbôas AL. Modelos assistenciais e vigilância da saúde.
Informe Epidemiológico do SUS; 7(2):7-28, 1998.
27. Travassos C, Martins M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de
serviços de saúde. Cad Saúde Pública; 20(Supl. 2):190-98, 2004.
28. Vilarinho SMM, Mendes RF, Prado Júnior RR. Perfil dos cirurgiões-dentistas
integrantes do programa saúde da família em Teresina/PI. Rev Odonto Cienc; 2007.
25