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-- ·--- · ·-- ----~-- z: 1ir··2u 1 9 ~ 3 ·---- - · -- , rn o BRFlNCO 0% -WSTITUTO S0Cl0Mfllf,NTAL Data./ ... , C<XJ. '17+D@ÇP ~- J Dia 30 de janeiro de 1990. Era""cerca das três horas de uma tarde chuvo s a do 8erra da s su rucucu s , O he l í.cop t e ro da FAB que estavB a disposição do Plano de Assistt!ncla Emergencial ~ à Saúde &6 foinunidade s Indigcn;is Yanomami chegou da r'e g í Õo do Moxaf é trazendo um rapaz padecendo ma l ur La , um out:ro suspc í t o de tuberculose, uma ,. criança com pneumonia. Ao terminar de preencher a iicho dos doentes acima cit~ dos, (Duhu r í.wa , Xoak í e filho ela Be t í.) vi pela janela o pouso de um outro helicbpteru e a descida de um <los tripulantes trazéndo nos braços um corpo , Pensei que fosse a Lgum acidentado. O Atendente de Enfermagem (Lui.s) recebeu a mulher debaixo da chuva fina. A mulher estava cm comA, hipot~-rmica, cianÓtica, dc$i- dratada, respirando com dificuldade. Tinh2 sinais intensos de ·obs- tallção brônquica, principalmente no hernltfirax direito: possivelmen- te uma pneumonia por ter aspirado o seu próprio vômito. ,Foi tomada a conduta habitual dentro das disponibilida das de materiais e e qu í.pnmcrit o s conforme o anotado no prontuá,rio da !·.:·.- paciente ne Un Ldade de Saúde do Posto Indígena Surucucu: me Lhoze r ~ ,~· . .,. ,..,, #11911 ' pa r t e re sp í ratori a com t apot; agem e a sp í r-aç ao da se c re ç'ao hrõnqui c e , .•. t administraçao endovenosA de broncodilatador e oxigªnioterapia; rehi dratação endovenoi:..=i com solução glicofisj_olÓgica; antibiptico-tera- pia com penicilina crislalina conseguida no pelot~o. A pesq\.tiSa de ~smodiat no snngue da pl:lciente revelou "' uma infecção mista por P. falciparum e r. viv~ com aJto :Í.ndice de parasitemia. Tratava-se, portanto, de um coso de maliria cerebraJ comp l í cado com uma pneumonia asp í r ae í va , Ln Lc í.ou+sc a terapia indi- cada. para o caso com adrn í nistrução de quinino e corti.cÓid~s, Neces- sitava-se de exames subsidiirios (hemodin!micos, hidroeletrol{cos,e gasim~tricos) e cuidados de um Centro de Terapia Intensiva e, _possi W\ •••• velente, hernotransfusao. Durante a noi.te u paciente, QUP. começou a ser chamad~ de Mar.ia, foi assistida ininterruptamente po l as Atendentes de Eníer magem da FUNAl (Geral.da e Ma.riu Mer.ccdes); pela lrmã Élida; pelo Dr oncron de Abreu Pith~n. pela Drft. Maria Goreti Selave por mim. Ma- ria ~presentou picos febris, eip~smo8, depress~es re~pirnt~rias que iam sendo medicados conforme surgiam. - - - . ' -. i. : ! 1 1: ! 1 .\ 1 ! ( 1 ·, i 1

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  • 0:S

    , fl. o

    AmAnheccu o dia 31 dG mantendo os mesmos sinais vitais

    qúe apresentav~ na entrada. ProvidBnciava-se a sua rcmoçio para Boa

    Vis t a quando c hc gou um he l Lcopt;c r o do ~&.ap 1 Ú com a e qu í pe médica do

    Drª· Ivone Menegola. E:,.·a o n t r-e nove e de z da m~mhã. O c s t ado de c9. ma se aprofundou, o s reflexos pup Ll a r c s d í m l nu í arn • MBrLa morreu e!:!_

    quant o s e procurava-se c o r c í c o í.clc l: d I u r e-t í c o o smor í c o no Pe Lot ao ,

    Parou de respirar, o coniç~o parou u I gun s minutos depo í s . Enquanto

    isso seu irmio mais novo olhava boquiaberto, atrav&s da janela, o , , ' he í í copt e ro que decolava do hc lipor.to ele trai; da Unidade de Saude.

    l!,V2') ~ - Cunhado, ~ í r-mn mais velha se estragou •••

    ,,--,

    ' . E) ela esta nruito doente. - Ela se estragou~~- Agora ...

    Comecei a chorar, ele. ml' consolou.

    - Cunhad o , 11t~ bom, mulher mo r r eu!' (f s r o ele falou cm ê ) ' • , portugu s . Continuou na sua lingua: - voeª~ deram remedio grande 1

    na veia dela, colocaram outros remcd í os pequenos no remédio grande, ' . ~ sugaram com a maquina de tirar malariu (o aspirador dê secreçao · 1

    b rônqut c a }, c o l oc a r atn o c í p o com vento no ria ri z ( o c n t e r e r de oxig! nio), deram c cbe r c o r , n~o do rrm r am ••• Eu e s t.ou s oz í nho num lugar !;~

    zinho. . . Pede pu r a o "pa i-do-bll1.--{i-brn·t1 '' (piloto do he Lt cópt e ro ) nos

    Leva r p ar a o meu x abono que nós vamos t od os chorar. 1'TÓ bom". Ape -

    sar de termos pensado ~uc Ela sorusse.

    Poucos minutos depois cerca de trinta participantes da

    segunda etapa elo Plano clú Afisistência Emcrg~nc:ial à Sa~de das Comu- nidades Ind{genas Yanornemi voaram no hellc~ptcro grande para Boa

    Vista. Era o [ im d a segunda e tapa. O rapaz cont í.nuou sozinho olhan-

    do pela janela do cômodo onde cst"1va a irmã morta esperando o filho te do helic6pLcro grande que os lev~ria para o seu lugar onde iria

    chorar de saudade co111 o sob,~inhc- que não tinha mais onde mamar.

    O jornal Ls t a f r-ancê s d a "Anr erme J." deve ter chegado no , , .

    he Lí.c op t.e r c gu€: vc í.o ric, Pa a p í -AA. Ninguem tinha prestado muito. aten

    ção nele.

  • .•........ ~ ,_ :--:-~- - -·-

    fl. 03 -~

    Houve, po reru ,

    No dia 25 de junlo de I crng f o I up re s e nt ado 1@. erilrer,t·e, 1 ao Cons e l ho de De Ee s a dos ~i r e I tos da Pe s s oa Humana , do ministér:í ç, 1 ' 1 , , - , a~ just;l~f.t umJ rc at o r í o de s aude da popu l.aç ao Yanorrurr í , e Lubor ac'o '

    por tr~s triécHcos e 1m, Lndf ge n í.s t a bra.siJPJrc,s, expulsos da ~rea ir digeri.a, onde se sdve r t Ls sobre o r í.s co e ,1 imjn~ncie1 do gcr.cc Íd í o ,

    A situ~ção H['.

  • ~ 068 224 fH3

    fl. 04

    Os Xirimihipik~therj, ~ue moram h~ du~s hor~s de caminha-

    da do posto, c onr am que 11t~gHrmn m.ti 1 ~ri R nA n~gi ão

  • /hz• -- - ·---------·----·,...;... •.••••• bt••~-"-*.'"- - - ~ - - - - - - - - - - - - - -~~- -~ - •. - PIO 9PAl4CO 06 f 1. [)5

    antes de atingir 70% como na reg1io do Watho-~, s~melhante em ter-

    mos de assist~ncja médica e vücinação, c.:aso ~cjam Lomadas medidas

    imediatos e cficaze!:l de proteç~o de recursos alimentícios e suple-

    mentaçio alimentor, de urradicaçio da mal~ria e de prevençio de

    possivcis epidemias.

    Afirmo, mais uma ve z j que houve c)rnissão de socorro des -

    de que a g ove rrio e xpu l sou urua e cu í.pc de m~clico!:l brasileiros da érea

    em agosto de 1987 u deixou a vida de umn populaçio de Índios isola-

    do s c'.l. me r cô de interesses p a r-t í cu La r-e s ob s cu r o a ,

    o censo reali~~do no início d~ 1988 pelo Projctn Calha

    Norte mostrou uma populaçio de n1~is Jc 10.000 Yanomami nos Rstados

    de Roraima e Amazonas. Os dados de mortalidade levantados até agora

    sur,~r€'m a rno r t e de 1. 500 H 2. 000 dL· 1 c s , ~ t ~

    A i~dia que vai apRrcccr no programa da televisao franc~

    s a nao foi a un í.ca que morreu pela omissão de um s oc or-r o que parece

    continuar sendo omitido.

    Rio Branco, 07 de fevereiro de 1990.

    M~~-~clf~~- Medico CRM/lrn. :ll8 (*)

    Fonnado pela Escola Paulisla de Medicina, trabalhou entre os Yano-

    mami entre 85 e 87. Fala Yanomnmi e é Assessor de Sa~de do CIMI regional da Ame aôn í n Ocidental. Par t í c í pou do segunda €!tapa do Plano Emergenc::i a l de As s í s t énc í.a à SaÚd~ das Comunidades Yanoma- mi atrav~s da Açió Pelo Cidadania.

  • t •,

    SurLcucu por sub-rr~g:Ões no periodo d~ Julho/87 à Jar.eiro de 90. t 1 1

    PDP. ATUJJ. L PESSOAS HORTAS TAXA D[ f•W~·TALJOADE I N F(-RH/tti TE OBS 1 1

    1 1 1 1 1 1 1

    --- --- l - AI l

  • dados verificado! »tn loco"

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    ...•.

    t. -

    4 - MOXAFE

    Abiahikeyopitheri

    So•o s í t h e ri Werikositorikeyotheri

    4

    8

    ~- 6 1

    7

    , . '111 abu ttl a-ll.-th e r i

    41

    27

    31

    :·25

    24

    14,94 mulher do XERERE-A/MAKUXI

    ' ' , Yamykaniyabe-M.-th~ri

    ----- ----- - - - ----- ---- - -- -- ---- - ------ - -- -- -- - - - --- -------- ----- - ----- -- -- -- - - - - - - ---- -- - - - 5 - ~cni-Ü (1}

    ~·ê.thO-"t' (2) Monteiro {DIXAWA} NAKÕ

    24

    20

    ll

    17

    69,0

    68,5

    (l) [xistiêm quatro cõs1s comu~ais. O infcrnénte se referiu a população

    te su~ c~sa. Das outras tri1 muitcs morrerar e o~ sobrtviventes fug!

    ra~ para a f1orEsta e ele nãc tê~ not1cias.

    (2) Cercõ d~ 10 pess~as fusiraw pira a flor~sta e nac se sabe se aind~ vivea .

    os informantes tinh,m sido removidos para o PIN por apresertar malária.

    *Alista co~ identificaç~o dos m0rtos e possive: "causa mcrtis'' foi e~viada a FUNir atrav~s do Dr. Oneron de

    Abreu Pithan, m~jicc d~ FUN~T.

  • 1

    - --- - - ·-··----·- - ------- :)

    ' I'

    ~ Continuaçio das colu~as: J/

    SIT~!ÇÃO OE ~-~ro COBERTURl VACINAL (Vacinaçio r~~lizade e~tr~ 85 e 87)

    1 Encontram-se com grai~peiros 10 XAHÕXI. Não há pista o~ garimpo! funcionando n,s proxi1n~ da e e s ,

    boa

    2 Os garimpeiros já investigõra~ a ária e a.b..a.ndcnaram. Hã a pista do Goiaba ao lado dos Tisipora-Ü-theri e ccntat~s em outras pistas d~s c~hicE:ras dt r~o ~ucajai. ~ºª

    3 Garimpas furtionindo perto dos X&boncs. boa

    4 Gariapc sencc in~taladc. Pista do Fogo Srãvo II.

    rio! nio polu~dc!. ~eficiefite - 1 viagem em 87.

    i: 5 ! 1 1

    !· i~ t ~

    ::• .~ ,, l·l

    Garimpo e~ fu~c~onamerto.

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