xOSÉ ovas da Gali a ‘BaRguEiRaS’ é produtor de leite...

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nÚmero 121 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013 1,20 € periódico galego de informaçom crítica esPólio de metais 15 Empresas transnacionais procuram lucros através da minaria de metais em território galego. Nesta reporta- gem analisamos as consequências de umha indústria extrativa agressiva pa- ra com o meio. assembleias abertas 18 Examinamos o trabalho destes coleti- vos que nascem polas vilas e cidades para criarem alternativas de vida, rea- gindo a partir do comunitário e da soli- dariedade ao cenário catastrófico que nos querem apresentar como único. N ovas da G ali a “Se nom melhoram os preços do leite, há pouco futuro: só aguentaremos perdas um tempo” xOSÉ ‘BaRguEiRaS’ é produtor de leite ecológico. Pág. 6 suPlemento central a revista OS lEviaTãS nOS MaRES DO FiniS TERRaE Houvo um tempo em que se podiam ver as baleias desde a costa galega. João Aveledo fala das origens da sua caça e desapariçom. ETnOlOgia MEDiEval DO CóDiCE CalixTinO Carlos Calvo fala do documento como umha fonte de primeira mao para o estudo da cultura galega do século XII. oPiniom O nEgóCiO Da Caça por antia Rodriguez / 3 a viagEM Da Tua viDa? por ana vilarelho / 28 DE lEiS E línguaS por Celso a. Cáccamo / 3 Políticos imputados continuam nos cargos Promessas de exPulsom esquecidas O presidente atual da Junta di- xo na última campanha eleito- ral que o seu partido “gosta de apartar os seus cargos quando estám imputados numha opera- çom judicial”. Mas a realidade nom é bem essa e dezenas de políticos e altos cargos da Junta imputados em vários processos judiciais continuam inabaláveis nos seus postos públicos. O Par- tido Popular nom é o único a agir assim. Umha vez que os ca- sos judiciais saem do foco me- diático, todos esquecem as pro- messas de expulsar do partido os cargos inculpados; alguns, que foram forçados a demitir- se, até voltam a ser recrutados nos antigos postos. / PÁG. 16 Trabalho coletivo contra o esquecimento recuPeraçom da memória histórica De Carral a Bueu, de Lugo a Can- gas: som muitos os coletivos es- palhados por todo o País que tra- balham para recuperar a memó- ria histórica. Além disso, o ámbi- to académico também está inte- ressado em investigar sobre a República e o franquismo, como ficou patente na XIV Semana Galega da História, que decorreu em Teu entre 19 de novembro e 1 de dezembro. No 'Dito e Feito' deste mês quigemos achegar-nos a todo esse interesse, materiali- zado em açons e estudos, centra- dos em conhecer e divulgar o nosso passado, um conhecimen- to que nos permite saber quem somos e projetar o nosso futuro como povo. / PÁG. 14 de trabalhadores a consumidores “A crise nom é apenas financeira” Entrevista a Miren Etxezarreta, economista integrante do Seminari Economia Crítica Taifa. / PÁG.11 os Grandes centros comerciais esPalham-se Pola Galiza Na Galiza há perto de um milhom de metros quadra- dos de 'grandes superfícies', quer dizer, um metro qua- drado de centro comercial para cada três habitantes. Num País com umha dispersom da populaçom digna de curiosidade em toda a parte, o capital internacional opta por um modelo de concentraçom da atividade co- mercial em que, de maneira semelhante ao funciona- mento da publicidade nos mass-media, som as pesso- as –clientes potenciais na linguagem comercial– que som vendidas aos comerciantes. Deixamos de ser tra- balhadoras e trabalhadores para passarmos ao estatu- to de produtores e consumidores 'livres' nas 43 superfí- cies comerciais que temos na Galiza, a metade delas concentradas na Corunha e em Vigo. / PÁG. 20

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nÚmero 121 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

esPólio de metais 15Empresas transnacionais procuramlucros através da minaria de metaisem território galego. Nesta reporta-gem analisamos as consequências deumha indústria extrativa agressiva pa-ra com o meio.

assembleias abertas 18Examinamos o trabalho destes coleti-vos que nascem polas vilas e cidadespara criarem alternativas de vida, rea-gindo a partir do comunitário e da soli-dariedade ao cenário catastrófico quenos querem apresentar como único.

Novas da Gali a

“Se nom melhoramos preços do leite,há pouco futuro:só aguentaremosperdas um tempo”

xOSÉ ‘BaRguEiRaS’ é produtor de leite ecológico.Pág. 6

suPlemento central a revista

OS lEviaTãS nOS MaRES DO FiniS TERRaEHouvo um tempo em que se podiam ver as baleias desde a costagalega. João Aveledo fala das origens da sua caça e desapariçom.

ETnOlOgia MEDiEval DO CóDiCE CalixTinOCarlos Calvo fala do documento como umha fonte de primeiramao para o estudo da cultura galega do século XII.

oPiniom

O nEgóCiO Da Caça por antia Rodriguez / 3

a viagEM Da Tua viDa? por ana vilarelho / 28

DE lEiS E línguaS por Celso a. Cáccamo / 3

Políticos imputadoscontinuam nos cargos

Promessas de exPulsom esquecidas

O presidente atual da Junta di-xo na última campanha eleito-ral que o seu partido “gosta deapartar os seus cargos quandoestám imputados numha opera-çom judicial”. Mas a realidadenom é bem essa e dezenas depolíticos e altos cargos da Juntaimputados em vários processosjudiciais continuam inabaláveis

nos seus postos públicos. O Par-tido Popular nom é o único aagir assim. Umha vez que os ca-sos judiciais saem do foco me-diático, todos esquecem as pro-messas de expulsar do partidoos cargos inculpados; alguns,que foram forçados a demitir-se, até voltam a ser recrutadosnos antigos postos. / PÁG. 16

Trabalho coletivocontra o esquecimento

recuPeraçom da memória histórica

De Carral a Bueu, de Lugo a Can-gas: som muitos os coletivos es-palhados por todo o País que tra-balham para recuperar a memó-ria histórica. Além disso, o ámbi-to académico também está inte-ressado em investigar sobre aRepública e o franquismo, comoficou patente na XIV SemanaGalega da História, que decorreu

em Teu entre 19 de novembro e1 de dezembro. No 'Dito e Feito'deste mês quigemos achegar-nosa todo esse interesse, materiali-zado em açons e estudos, centra-dos em conhecer e divulgar onosso passado, um conhecimen-to que nos permite saber quemsomos e projetar o nosso futurocomo povo. / PÁG. 14

de trabalhadores a consumidores

“A crise nom é apenas financeira”Entrevista a Miren Etxezarreta, economista integrante doSeminari Economia Crítica Taifa. / PÁG.11

os Grandes centros comerciaisesPalham-se Pola Galiza

Na Galiza há perto de um milhom de metros quadra-dos de 'grandes superfícies', quer dizer, um metro qua-drado de centro comercial para cada três habitantes.Num País com umha dispersom da populaçom dignade curiosidade em toda a parte, o capital internacionalopta por um modelo de concentraçom da atividade co-mercial em que, de maneira semelhante ao funciona-

mento da publicidade nos mass-media, som as pesso-as –clientes potenciais na linguagem comercial– quesom vendidas aos comerciantes. Deixamos de ser tra-balhadoras e trabalhadores para passarmos ao estatu-to de produtores e consumidores 'livres' nas 43 superfí-cies comerciais que temos na Galiza, a metade delasconcentradas na Corunha e em Vigo. / PÁG. 20

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 201302 oPiniom

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

teoria sobre ovalor das ruínas

Pasado el edificio del Asilo de An-

cianos Desamparados, en la cén-

trica calle del General Aranda

hay una pequeña barandilla que

invita a asomarse a contemplar el

tipismo del llamado Barrio del

Cura. Pero, lo que se observa, es

una ruina, abandonada por sí, y

negligentemente descuidada,

hasta motivar un lamentable es-

pectáculo. Quisiéramos saber pa-

ra cuándo la reivindicadora acti-

vidad de la piqueta demoledora.

Porque estas ruinas no tienen, por

desgracia, otro fin que la demoli-

ción y el saneamiento…

El estado ruinoso del barrio delCura, FARO DE VIGO, 16/11/1962

Quando Albert Speer formuloua sua teoria sobre o valor dasruínas, certos historiadoresapontavam a possibilidade dum-ha atraçom homo-erótica entreo Führer e o chamado arquitetodo Reich. O nacional-socialismopretendia umha arquitetura à al-tura dos mil anos do Império,acaso tam assombrosa como oamor segredo que se professa-vam ambos os dous.

O esplendor da decadência,

chamada a perpetuar-se como umdos tantos signos de nossa época,tem na arquitetura moderna umdos seus melhores espelhos. Ogosto polo desmedido. Por dela-pidar. A habitabilidade converti-da num sucedâneo de elitismo.De aí que a sua pegada, por força,nom pode ser outra cousa queumha cicatriz no território.

Em Vigo, nom poucos lugarese a sua memória tenhem os diascontados. É umha operaçom quese vem preparando ao longo dasúltimas décadas com a conivên-cia das administraçons. É a fe-bre da especulaçom. A urgênciapor arrasar com todo quanto to-pe ao seu passo. Por nom deixarnada em pé agás o mal gosto e asua gestom. O urbanismo sub-metido à economia.

A segregaçom do Bairro doCura da área histórica, dada emse chamar Casco Velho, é o me-lhor expoente do que está em jo-go, pola sua localizaçom em ple-no centro urbano. Despovoadaem grande parte ou repovoadapor um elevado número de indi-víduos sem oficio nem beneficio–carente já de identidade pró-pria- ameaça ruína ao tempo queinsalubridade. Todo um conjun-to arquitetónico de escasso va-lor, a juízo dos promotores, quereúne as condiçons objetivas pa-

ra a sua regeneraçom ao com-passo dumha cuidada operaçomde marketing comercial. As má-quinas nom se farám aguardar eas obras serám objeto de curio-sidade. De ser um balcom para aRia, passará a ser um terraço. Aconsumaçom prática dumha es-tampa, por assim dizermos.

Só assim é possível romper ofrágil equilíbrio entre habitar econstruir com a única finalidadede urbanizar o pouco que restada cidade perdida. O conceitourbanístico de crescimento ili-mitado e as aspiraçons da tecno-burocracia son coincidentes no

fundo e na forma. Igual que aabertura da rua do Ramal –hojeColón-, na segunda metade doséculo XIX, deu ao traste com omodelo de urbe medieval amu-ralhada para abrir-se a novos es-paços e negócios, a aniquilaçomdo Bairro do Cura pretende su-primir, entre tantas outras cou-sas, as ilhas deixadas ao campopor modernas urbanizaçons do-tadas de todo aquilo que os seusfuturos povoadores desejem.Amontoamento e controle.

A necessidade de transcenderalém do seu próprio tempo histó-rico, num exercício de coloniza-

çom interior, reorganizando o es-paço à sua medida resume, emboa parte –sobretudo aquela quese refere ao fetichismo da belezasuposta- o propósito que Speerdeu a sua teoria, mas perde pesoo sentido romântico do seu dete-rioro; dumha certa poesia visualdevedora da cultura clássica. Fun-dando, de passo, um lugar para acrítica e a reflexom acerca da uti-lidade e dos fins nom já da arqui-tetura em particular, senom me-lhor ainda, da construçom em ge-ral nas sociedades que conhece-mos por modernas. Dum urbanis-mo adatado às condiçons naturaise sociais de cada momento.

Gamarra (Vigo)

Quantas som as patas quesustentam o nosso paísno presente dum ponto

de vista económico, social, cultu-ral mesmo identitário é complexode enumerar. Mas há umha cousadiáfana no abanico de possibili-dades, o agro galego está e estivohistoricamente ligado à evoluçomdeste país. A teoria económicamoderna explica-nos que um ter-ritório é mais avançado quantomenos representaçom no conjun-

to do PIB tem o setor primário.Entom, cara onde caminhamos?Da Galiza das 100.000 explora-çons até hoje muito tem mudado.Vinte anos de capitalismo intensi-

vo levárom a vida do rural para ocaminho da concorrência do mer-cado. Um litro de leite, um quilode patacas ou umha hectare dahorta devem passar por essa por-tagem para escorrer no teto, fu-rar a terra ou brotar. A nossa so-berania alimentaria está clara-

mente em emergência.E todo num momento em que a

classe governante nos conduz adançar no precipício do liberalis-mo. Na Europa tenhem-no claro,“as culturas transgénicas nom seproibiram na nova PAC”, “as gran-des fortunas seguem a cobrar di-reitos de território”, “as cotas de-saparecem”, “a OMC nom permi-te proteger os nossos produtos”.Mas também na Junta o tenhemclaro: “a orientaçom do agro deve

ser empresarial”, “a evoluçom dorural vai da mão da internaciona-lizaçom dos produtos”, “culturasenergéticas serám empregadaspara produzir electricidade”...

Neste passado mês as durascondiçons a que esta submetido osetor produtor de leite figéromsair à rua a centos de pessoas numato de rebeliom contra as indús-trias leiteiras. O tópico dos gale-gos quedos e submissos nom secumpre, mais umha vez, porque oleite derramado polos piquetes éo “sangue a regos” de Cabanilhas,neste caso na defesa dum modo

de vida que esmorece pola restru-turaçom que lhe impom o capital.

Porém resta por artelhar anossa defesa coletiva do rural,nom avonda com a resistência.Tem de sair da comunidade ga-lega um ideário comum acercado agro, que seja antagonista àbarbárie que nos proponhem,além de estar acompanhadodumha militância activa na defe-sa da terra e da sustentabilidadedas produçons galegas.

Por muito que lhes pese aos tec-nocratas da economia, luitamospor ser muito mais que 1% do PIB.

Cara onde fazemos o suco?editorial

humor ruth caramés

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDiTORaMinhO MEDia S.l.

COnSElhO DE REDaçOMiván g. Riobó, aarón lópez Rivas, RubénMelide, xavier Miquel, antia Rodríguez gar-cía, Raul Rios, Olga Romasanta, alonso vi-dal, Paulo vilasenin, xoán R. Sampedro

SECçOnSCronologia: iván Cuevas / Economia:aarón lópez Rivas / agro: Paulo vilasenine Jéssica Rei / Mar: afonso Dieste / Media:xoán R. Sampedro e gustavo luca / a Terra Treme: Daniel R. Cao / além Mi-nho: Eduardo S. Maragoto / Povos: José

antom ‘Muros’ / Dito e Feito: Olga Roma-santa / a Denúncia: iván garcía / Cultura:antia Rodríguez / Desportos: anjo Rua nova, isaac lourido e xermán viluba /Consumir Menos, viver Melhor: xan Duro /a Criança natural: Maria Álvares Rei /agenda: irene Cancelas / a Revista: RubénMelide / a galiza natural: João aveledo /gastronomia: luzia Rgues., Sino Seco /língua nacional: valentim R. Fagim / Criaçom: Patricia Janeiro / Cinema:Francesco Traficante, xurxo Chirro

DESEnhO gRÁFiCO E MaQuETaçOMhilda Carvalho, Joám Fernandes, Manuel Pintor, helena irímia

FOTOgRaFiaarquivo ngZ, Sole Rei, galiza independente(gZi-Foto), Zélia garcia, Borja Toja

aDMiniSTRaçOMJosé viana e Carlos Barros gonçales

lOgíSTiCa E PuBliCiDaDEJosé viana e Daniel R. Cao

auDiOviSual: galiza Contrainfo

huMOR gRÁFiCOSuso Sanmartin, Pestinho, xosé lois hermo,gonzalo, Ruth Caramés, Pepe Carreiro, Mincinho

CORREçOM lingÜíSTiCaxiam naya, Fernando Corredoira, vanessa vila verde, Mário herrero

iMagEM CORPORaTivaMiguel garcia

COlaBORaM nESTE nÚMEROCelso alvarez Cáccamo, Séchu Sende, MariFidalgo, uxía alonso, ana vilarelho, Joãoaveledo, Bieito Balboa, José Manuel Sande

FEChO DE EDiçOM: 16/12/2012

NOTA DA EDITORA

A partir de janeiro de 2013 o NOVAS

DA GALIzA vai ser editado pola Asso-

ciaçom Cultural Minho Media, que

substitui nas suas funçons à empresa

Minho Media SL. Assim pois, a nova

entidade passará a gerir os dados dos

e das assinantes, assim como a efec-

tuar os cobros das subscriçons. Con-

forme à Lei de Proteçom de Dados,

cada assinante tem direito a retificar

ou cancelar a informaçom fornecida

à editora quando o estimar oportuno.

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Gosto dos bichos, em geral,sacando as pulgas, asquais odeio desde que vi-

vo com umha cadela e descubrimque me adoram mais a mim doque a ela. Ai, e às carrachas tam-pouco lhes tenho muito aprecio,ainda que me fascina o feito deque podam passar anos sem ali-mentar-se, aguardando a que a co-mida lhes passe por diante para ti-rar-se a ela. Gosto de quase todosos bichos do mundo, especialmen-te dos mais rarinhos, assim comoo ornitorrinco; e dos que quasenom vemos, mas que estám aí, co-mo o porco-bravo ou os corços. Háuns dias vim um par destes últi-mos: dous corços adultos, duas fê-meas, mais grandes do que pensa-va, no meio dumha pista. A que iadiante fugiu, mas a que estavamais perto de nós ficou a olhar,com curiosidade, por uns segun-dos, e deixou-nos olhar para ela.Já tinha visto corços, mas a cruzara estrada, polo que apenas me de-ra para albiscar o cu grande e o ra-binho branco. Umha vez mesmovim umha cerva, quando o auto-carro que ia cara à Corunha a le-vou por diante, ainda por cima es-tando prenhada, para terminarcom aquela viagem de merda, co-mo adoitam ser as viagem entre aMarinha e qualquer sítio no “co-che de línea”. Mas nunca tiveraum bicho do monte tam perto, e is-

so que, por vezes, vivo entre umhavila e umha aldeia, e o meu conce-lho chama-se Cervo por algumharazom. Mas desta volta estavammui, mui perto das casas, e nomentendia que faziamali, no meio do ca-minho, até que melembrei que esta-mos em época decaça.

Nom sei como me puidem es-quecer, tendo em conta que estedias nom deixei de cruzar-me comhomens vestidos de Rambo, apoia-dos nas suas espingardas, dentrodos bares. E, às portas, cans emgaiolas atadas a todoterreos. Ade-mais de estarem na chamada gre-lha informativa, porque nom pa-

ram de se disparar entre eles. Nomsei como os esquecim, porque écurioso como, cada ano, coincidin-do com os acidentes entre caçado-res, e as balas perdidas, que alcan-çam outras pessoas que estavamapanhando cogumelos, ou reco-lhendo rabiças na leira, os jornaisabrem campanha a prol das fede-raçons de caça. Voltam-se defen-der os velhos argumentos de queos caçadores realmente som a ba-lança que equilibra o bem e o malno monte: ajudam os labregosa livrar-se dos javalis que lhescomem as colheitas; ajudamos condutores, porque a lógicaconta-nos que haverá cada vezmenos porcos-bravos a cruzar aestrada ou, por exemplo, a viverno monte, se os vam matando a to-dos; e ajudam a natureza, por-que o que realmente famindo com as espingardaspor aí, nom nos enga-nemos, som laboresecológicas, ponhen-

do a cada espécie

no seu sítio,e volvendoequilibrar avida selvagem.

Estes dias o apoio aeste coletivo está a ficarclaro, sobretudo no jor-nal amigo dos caçadores

por excelência, sacando a seçomde notícias da web da FederaçomGalega de Caça. Falamos de La

Voz de Galicia, que leva váriosdias a publicar informaçons “posi-tivas” relacionadas com a caça: dereportagens que gabam a “seguri-dade” nas batidas, a entrevistas

com responsáveis da Federaçom emesmo a caçadores “relevantes”:umha moça, precisamente por sermoça (?), e um homem que se dis-parou a si mesmo, que assinalaque por este pequeno aconteci-mento da sua vida nom vai deixarde caçar. Assim é a cousa, numPaís onde há 50 mil caçadores,178 mil espingardas, e mais de 80mil rifles; e onde está a piques dese aprovar umha lei que vai rebai-xar a idade legal para obter umhalicença de caça dos 16 ao 14 anos.Por que é tam importante defen-

der a caça desde os meios em-presariais? Por que tantas pá-ginas, tantas entrevistas e re-portagens, tentando dar um-

ha imagem de normalidade eseguridade? Pois a resposta é

simples: isto nom é mais que umgram negócio. A caça é umha dasmaiores indústrias da Galiza, quemove centos de milheiros de eu-ros gastados, anualmente, em li-cenças, cans, carros, viagens, ar-

mas, roupa. É a resposta desempre. A do dinheiro.

Antia Rodríguez é redatora

do NOVAS DA GALIzA

[email protected]

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

oPiniom

AA decisão do Tribunal Su-

perior de Xustiza de Gali-

cia sobre os vários recur-sos contra o Decreto de Pluringüis-

mo do governo de Feijoo, e as in-terpretações públicas sobre estasentença, são muito reveladoras dopapel do discurso científico sobre alíngua na Galiza, e das constriçõesque operam sobre a sua aplicabili-dade à política. Tanto o Decretoquanto a sentença situam o traba-lho sociolinguístico como uma ex-crescência subordinada à políticado partido no governo, e fazem du-vidar, verdadeiramente, de que noquadro jurídico desta Galiza sepossa articular jamais a racionali-dade científica com a ação política.

A decisão do TSXG afeta emdous pontos as relações entre cam-pos e agentes sociais envolvidosno sistema educativo. Trata-se daestimação do recurso contra o pa-pel dos pais e mães das crianças

em decidirem, após um inquérito,sobre a língua veicular na sala deaula, e contra a “liberdade” de usode idioma da estudante em qual-quer aula, à margem da língua es-tabelecida nela para ministrar osconteúdos. O Decreto, com efeito,colocava um segmento da popula-ção falante (os pais e mães) como“expertos” nos métodos pedagógi-cos, ao lhes dar a prerrogativa dedecidir sobre assuntos própriosdos educadores e educadoras pro-fissionais. Por sua parte, a “liber-dade de língua” outorgada ao es-tudantado em qualquer aula tam-bém o desenhava como adversá-rio frente às decisões do corpoeducativo, pois legitimava qual-quer desafio simbólico à língua es-tabelecida para essa matéria. Semdúvida, qualquer estudante é “li-vre” de falar e escrever como qui-ser; mas qualquer educadora, noexercício profissional, está obriga-da a avaliar essa conduta linguísti-ca em termos dos alvos didáticos e

do cumprimento ou incumprimen-to dos procedimentos de “capaci-tação” que caraterizam a agendateórica do ensino democrático. Oque seria singelo de compreenderse se aplicasse, por exemplo, a umoutro âmbito dos serviços públi-cos como a saúde (pacientes “de-cidindo” sobre tratamentos médi-cos; ou exercendo a “liberdade” denão deixar-se tomar a temperatu-ra para uma diagnose), quis adqui-rir, no discurso público, um tomdistorcido sobre “direitos” e “liber-

dades” linguísticas individuais ecoletivas. Isto serviu e serve muitobem ao projeto dominante de irra-cionalizar a política para semear asujeição e o desconcerto, uma“doutrina de choque” ideológicoque está a obter claros frutos noocidente ultraliberal atual. Em fa-vor desta tática do absurdo utópi-co joga a fição de “empoderamen-to” que a noção de “liberdade” in-voca sempre, ignorando que essapretensa autogestão da língua nasaulas só faria sentido e seria realnum quadro soberano de autoges-tão do material e do económico.

Mas a sentença, além da revo-gação destas duas questões, deixaintacto o núcleo do Decreto: queas autoridades educativas (o go-verno) podem decidir, sem qual-quer justificação científica, o graude presença do galego no ensinopúblico para cumprir a Lei de Nor-

malización Lingüística: por exem-plo, desde a prática totalidade atésó 3 horas por semana. As autori-

dades (educativas) derivam assima sua “auctoritas” do poder (polí-tico), não do capital específico docampo que organizam, isto é, a pe-dagogia das línguas. A política lin-guística ignora o amplo trabalhoprovadamente convincente sobrea necessidade de, polo menos, acompensação para a língua domi-nada para o alvo da chamada “ma-nutenção” desta (e não de chama-da “transição” para a dominante).Como no proposto “Modelo Wert”de presença das línguas própriase impróprias nas comunidades au-tónomas (33/33/33 para a línguaautonómica, a “nacional” españo-la e a “estrangeira”), a autoridadeeducativa demite da ciência parase sujeitar a uma irreal ideologiado equilíbrio social (a versão pro-totípica da “harmonia”).

NOTA: Este texto é um trecho do artigo

que, baixo o mesmo título, se vai poder

ler íntegro no Portal Galego da Língua,

http://www.pglingua.org

De leis e línguas: a irracionalidade do jogoCelso alvarez Cáccamo

O negócio da caçaantia Rodríguez

O Decreto colocavaum segmento da população falante(os pais e mães) como “expertos” nos métodos pedagógicos

Este dias nom deixei

de cruzar-me com

homens vestidos

de rambo, apoiados

nas suas escopetas,

dentro dos bares.

E, às portas, cans

em gaiolas atadas

a todoterreos

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 201304 acontece

aconteceA frente nacionalista abriu um processo dereflexom para “melhorar como organiza-çom e volver contatar com os cidadaos”.Através de assembleias abertas e de pro-postas da cidadania a traves das redes so-ciais, o BNG quer reformular o projeto.

bnG quer abrir-se à sociedade com assembleias

Nós-UP apresentou o ‘Programa Táticopara a Rebeliom Popular’ com 466 medi-das para “um governo obreiro e popular,patriótico e feminista”. Abordam temascomo economia e socio-laboral, serviçossociais, vivenda, língua ou juventude.

nós-uP aPresenta ProPostas aos movimentos

10.11.2012 / Tenente da Brilat éferido levemente em Moqur(Afeganistám), num ataquecontra o contingente espanholnesse país.

11.11.2012 / Pablo Iglesias Rivasganha o prémio a melhor trato-rista no concurso de habilida-de de Forcarei.

12.11.2012 / Meio cento de tra-balhadoras de Alfageme fe-cham-se diante da fatoria de Ri-ba d’Úmia para exigir informa-

çom sobre a venda das três fá-bricas.

13.11.2012 / Estabelecimentosda Gadisa em várias comarcasgalegas amencem seladoscom silicone e com pintadasde “Vendedes sangue dos ga-deiros”.

14.11.2012 / Francisco Berrocal,marinheiro peruano do ‘ReginoJesús’, com base em Porto de Vei-ga, morre ao cair ao mar enquan-to fainava na costa de Burela.

15.11.2012 / Centos de gadeirosconcentram-se na inaugura-çom do Centro Comercial dasCancelas, em Compostela, paraprotestarem contra os baixospreços do leite.

16.11.2012 / Afetados polas pre-ferentes recebem com asso-bios os deputados na consti-tuiçom do parlamento galego.

17.11.2012 / Apresenta-se o Mo-vimento Dezao polo Ensino Pú-blico, formado por alunado, fa-

mílias e pessoal dos centrosde ensino público.

19.11.2012 / Vizinho de Vigo emgreve de fame perante local deIbercaja pola daçom em paga-mento. Aos poucos minutos, aentidade acede à petiçom.

20.11.2012 / Detido na Corunhatrás confessar o descortiço dasua parelha em Bemvivre (Berço).

21.11.2012 / Gadeiros começamgreve de entrega de leite que

se vai prolongar até 26 de no-vembro.

22.11.2012 / Segundo dados deCáritas, umhas 4.500 pessoasvivem na rua ou em infra-habi-taçons na Galiza.

23.11.2012 / Pessoal de Povisamarcham polo centro de Vigoem protesto polos recortes noconvénio.

24.11.2012 / Mais de duas milpessoas manifestam-se em

cronoloGia

NGZ / A pressom social e os des-graçados incidentes que se pro-ducírom no Estado espanhol ob-rigárom tanto ao Governo centralcomo ao autonómico a tomar me-didas ante o drama social dos des-pejos. Nas últimas semanas, e cu-riosamente nas jornadas préviasà jornada de greve geral do pas-sado 14N, os meios espanhóispredicavam a “sensibilidade” doExecutivo antes estes feitos. Masas medidas dececionárom às pró-prias pessoas afetadas e aos cole-tivos que estám a luitar a prol dagente que se vê expulsa das suascasas. Por outra banda, em diver-sos concelhos estivérom a promo-ver-se moçons em defesa das pes-soas despejadas, mas em muitasocasions estas quedavam em pa-lavras e sugestons à administra-çom autonómica.

A finais do mês de novembro oGoverno estatal sacava adianteum decreto no que se expunhaumha moratória de dous anospara o pagamento do dívida con-traída com o banco paras as fa-mílias que cumpram com certosrequisitos. Esta medida defrau-dou completamente a coletivoscomo Stop Desafiuzamentos, emque vem que isto pode supor umproblema engadido para essasfamílias pois deixa à pessoa afe-tada permanecer numha casaque já é propriedade do banco edurante esses dous anos que

nom pague se lhe irá acumulan-do dívida através dos interessesde demora. Pola sua banda, aJunta de Galiza também se uniaaos lavados de cara prometendodesta ocasiom a disponibilidadede 200 vivendas para as famíliasdespejadas, umha medida que sevê insuficiente e se recebe comcepticismo desde os coletivos aprol de umha vivenda digna.

Segundo dados que ofereceu oConselho Geral do Poder Judicial(CGPJ) na Galiza produzem-se ar-redor de 17 despejos ao dia. DesdeStop Desafiuzamentos Composte-la apontam que na maioria dos ca-sos que tratárom, e dos que tivé-rom notícia, se explicitava um per-

fil de pessoa afetada: mulher, comnenos, separada ou divorciada eque ficou com dívidas dos ex-mari-dos. É dizer, nom é apenas um dra-ma social mas também evidênciadumha problemática de género.

Negociaçom e mobilizaçomStop Desafiuzamentos prestaapoio e assessorado às pessoasque se tenhem que enfrentar àsejecuçons hipotecárias. “Mante-mos umha primeira reuniom comessa pessoa, onde nos expom oseu caso, logo imos com essa pes-soa ao banco, onde habitualmentenos dim 'si já vos chamamos' ou'nós nom podemos fazer nada' “,explica um ativista. Ante a falta de

resposta das entidades bancárias,o coletivo passa à mobilizaçom erealiza concentraçons na entidadebancária que pretende levar a ca-bo o despejo. Após disto é quandohabitualmente se volta a abrir umperíodo de reunions e se chegama acordos. Duas som as medidasbásicas que Stop Desafiuzamen-tos pom acima da mesa nestas ne-gociaçons: a daçom em pagamen-to (que ao entregar a casa se lhesuspenda a dívida) e o aluguer so-cial (que pudesse ficar na vivendapagando um aluguer que nom fos-se superior ao 25% dos ingressosda família afetada). Esta últimanunca a conseguírom. O tipo deacordos aos que chegam é que se

lhes concede às pessoas afetadasa daçom em pagamento e quenom som expulsas da casa ate quenom achem outra vivenda.

Entre as entidades com as quemais tenhem que enfrentar-seacham-se o Banco Santander e oflamante NovaGaliciaBanco, pro-duto da fusom de Caixanova e Cai-xa Galicia. A primeira delas é aque mais quantidade de casos dedesafiuzamento provoca, enquan-to a segunda é a mais refractáriaàs negociaçons, segundo a expe-riência do coletivo compostelano.A nível estatal, outras entidadesespecialmente irrespeitoso com odireito à vivenda seriam Bankia eCaixaCatalunya.

Coletivos mostram cepticismo polasmedidas antidespejos dos governos

cada dia na Galiza som desPejadas 17 familias

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

No ultimo rascunho com o que trabalha o governo es-panhol, as entidades menores que rendam contas nomserám eliminadas e poderám seguir a ter o mesmo sta-tus que antes da lei. O governo também quer deixar ascomunidades autónomas que sejam elas quem deci-dam o futuro das entidades territoriais menores.

mudanças na ProPosta de lei de entidades locais menores

O Tribunal Superior de Justiça da Galiza desestima ademanda imposta por Galicia Bilingüe (GB) contra seisartigos do decreto de plurilingüismo do Partido Popular.GB pretendia que os pais pudessem escolher a língua noque os seus filhos e filhas podam estudar em todas asetapas no universitárias.

desestimado recurso contra o decreto do PlurilinGüismo

Sárria contra o feche de Ce-mentos Cosmos.

25.11.2012 / Vizinhança de Rá-bade corta o caminho de ferronum protesto contra as obrasda ADIF que partirám em dousa vila.

26.11.2012 / Uns mil tratores emais de 2.000 produtores dosector lácteo tomam as ruas deBruxelas para reclamar àUniom Europeia preços justospara o leite.

27.11.2012 / Aena revoga a san-çom imposta a um dos controla-dores aéreos de Lavacolha poloconflito aéreo de finais de 2010.

28.11.2012 / NG Banco anunciaque prevê “até 2.500 despedi-mentos”, um 43% do pessoal.

29.11.2012 / Falece J.P.C., trans-portador, no choque de douscamions no Alto dos Valos(Mos). O dia anterior, outro mo-torista de Lugo morrera em Iru-ña Oka (País Basco).

30.11.2012 / Celebra-se o juízocontra Carlos Callón, presiden-te da Mesa, por recriminar ojuiz decano da Corunha, Anto-nio Fraga Mandián, que se ga-bara de usar o topónimo detur-pado La Coruña.

01.12.2012 / Comunidade deMontes de Salzedo aprova re-clamar à Brilat 80 hectares dabase para uso civil.

03.12.2012 / Morre umha pes-soa sem morada em Vigo.

04.12.2012 / Membros de StopDespejos ocupam umha ofici-na do Banco Santander emCompostela para reclamar adaçom em pagamento paraquatro famílias.

05.12.2012 / Vizinhança de Gon-domar impede despejo do cai-xa automática em que estámfechados vários afetados polaspreferentes desde o dia 3.

06.12.2012 / Sociedade Galegade História Natural denuncia o

baixo curso do rio Límia devidoà sobre-exploraçom da água.

07.12.2012 / Juiz deixa em liberda-de o acusado de queimar um cai-xa automática em Ferrol na greve.

08.12.2012 / Feijóo assegura naRadio Galega que 2016 será “oano da recuperaçom económica”.

09.12.2012 / Vendedores ambu-lantes realizam um protesto pa-ra reclamar postos definitivosem Bouças (Vigo).

cronoloGia

NGZ / As mobilizaçons que aspessoas afetadas pola venta frau-dulenta de participaçons prefe-rentes e obrigaçons subrodina-das levam meses desenvolvendodérom mais um passo em inten-sidade. Deste jeito, estám-se a fa-zer mais numerosos os feches eacampadas em entidades bancá-rias e as mobilizaçons a pé de ruapolas diferentes vilas galegas.Em Gondomar alguns afetadosmantenhem-se fechados numcaixa autonómica da entidadeNovaGaliciaBanco. Algo seme-lhante acontece em Cangas, on-de umha pessoa permanece numcaixa automática da mesma enti-dade financeira e outra tem um-ha tenda de campanha diante damesma oficina. Nos últimos diastambém em Moanha iniciou-se

umha pequena acampada diantedumha oficina de NGB. No Rosalum grupo de pessoas afetadasiniciou um feche no Concelhocom a intençom de passar ali asdatas do Natal.

Esta nova fase nas mobiliza-çons das pessoas afetadas polaspreferentes coincide com a notí-cia emitida polas autoridadeseuropeias de que quem possuaestes produtos financeiros te-rám que fazer frente a umha qui-ta, o que implica que apenas re-cuperarám umha parte dos seusaforros. No caso de NGB, enti-dade que conta com milhares deafetados pola venta indiscrimi-nada destes produtos, o Bancode Espanha já anunciou que aquita será de entre um 30% e um70%. Todo isto apresenta um fu-

turo mui incerto para as pessoasque contam com participaçonspreferentes, pois a parte com aque se quedem poderiam seraçons da entidade ou abonos.Também existe incerteza sobrea continuidade do processo dearbitragem, umha medida quefoi criticada por alguns setoresde pessoas afetadas.

As protestas polas preferentestambém estivérom presentesnas jornadas de constituiçom doParlamento galego e na toma depossessom de Alberto NúñezFeijóo como presidente da Jun-ta. Nas comarcas onde residemas pessoas afetadas as mobiliza-çons e concentraçons som qua-se diárias e exprimem a raiva dapopulaçom enganada polos abu-sos da banca.

Intensificam-se as mobilizaçons de afetados polas preferenciais

as concentraçons de Protesto som quase diÁrias

NGZ / Neste mês de dezembrode 2012, saírom dos cárceres es-panhóis quatro independentis-tas: Júlio Saiáns na segunda-fei-ra dia 10, José Sanches e HéctorNaya "Koala" na quarta dia 12 eSanti Vigo na sexta dia 14. O ca-so de Saiáns, de grande reper-cussom social e mediática, devi-do à implicaçom do arredista emdiversas iniciativas populares eà detençom no seu momento dasua companheira e do seu filhode oito meses de idade, resolve-se pouco mais de um mês apósa sua detençom, se bem pormeio do pagamento de 6.000 eu-ros de fiança. Pola sua banda,Sanches e Vigo serám protago-nistas de um recebimento porparte das suas pessoas achega-das no dia 22 em Compostela.Héctor Naya ficou em liberdadedepois do pagamento doutrafiança de 6.000 euros após um-ha campanha de arrecadaçom e

a consecuçom de um emprésti-mo por parte dos seus achega-dos. Com a posta em liberdadedos quatro ativistas, o númerode prisioneiros independentis-tas desce de 12 - cifra que nomse atingia desde a etapa doEGPGC- para 9 pessoas. Aliás,os também presos independen-tistas Maria Osório e AntomSantos, casavam na passada se-gunda-feira 26 de novembro nosjulgados da localidade asturianade Llanera. O objetivo do casa-mento seria possibilitar que aparelha se veja com relativa fre-quência. Para além dos recebi-mentos, o organismo anti-re-pressivo Ceivar desenvolveuumha intensa agenda de ativi-dades a favor dos presos e pre-sas, entre as quais se contam osorteio de cestas de natal e umconcerto em Compostela comLiska!, Labregos do Tempo dosSputniks e Estilo Bastardo.

Saem em liberdadequatro independentistas

josé m. sAnches, no centro da imagem, perante

as portas da prisom leonesa

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

A Agência Galega de Desenvolvimento Rural (AGADER),dependente da Junta, eliminará 23 postos de trabalho. Opessoal denuncia que no ultimo ano dérom-se de baixanos Centros Comarcais a água, luz ou a calefaçom queimpedia um normal desenvolvimento do seu trabalho, pa-ra justificar assim a baixada da carga de trabalho.

fam desaParecer 23 Postos de trabalho em aGader

Nos dias 13 e 15 de novembro a Junta anunciou a adjudi-caçom de três contratos de serviços informáticos daAgência de Modernizaçom Tecnológica (AMTEGA) porvalor de 2,7 milhons de Euros. Estes contratos fôrom aparar ás empresas Indra e Altia que agora vam desenvol-ver as tarefas que lhe correspondia à empresa pública.

a junta Privatiza os serviços informÁticos

Como chega um gadeiro a fim demês hoje em dia?Pois mal, a duras penas. Muitasvezes, além dos ingressos da ex-ploraçom, dependes dalgum pen-sionista que haja na casa que tepoda ajudar a chegar a fim de mêse fazendo muitos esforços. Da ven-da do leite nom se dá chegado.

Chegou-se a dizer que “os gadei-ros vam chegar a ser desalojados”.Pois sim, pode chegar a ser. Nóspróprios nas instalaçons temosumha hipoteca, tivemos que re-correr a ela para fazermos frenteaos seus custos, o que nos pomnumha situaçom ainda mais deli-cada, tendo que botar mao davenda dalgum património nossopara superarmos o momento.

Que pensavas que se ia atingirquando se decidiu esta greve deentregas?Eu nom tinha muito claro que sepudesse conseguir algo efetivo,porque tendo em conta os antece-dentes... Sempre nos fôrom enga-nando, mesmo quando as tratora-das que prometiam negociar, masdas negociaçons nunca se sacounada positivo. Contudo, depois doprimeiro dia de greve, nom nosmeios convencionais, mas simnas redes sociais pudem ver mui-to apoio da sociedade e penseique se poderia alcançar algo po-sitivo da greve.

Vês dalgumha maneira os obje-tivos cumpridos, que se tirou empositivo?O bom foi que a sociedade pudover o problema que tínhamos,mas nenhum dos outros objetivosse cumpriu, abandonou-se a gre-ve com promessas pouco concre-tas e o acordo só era de que seiam reunir: nem medidas concre-tas, nem suba preços, coma sem-pre e como seguirá sucedendo.Como gadeiro afetado e que par-

ticipou da greve de entrega, queoutra atividade houve pola tuacontorna aqui? Em Vilalba sei que houve pique-tes, mas ninguém nos chamou, aorganizaçom foi mui deficitária.Eu descobri-no por um amigo.

E os meios que papel crês que jo-gárom no êxito da greve?Pois nom se figérom muito ecodesta nova, e quando o figéromnom fôron mui fieis, algum tertu-liano chegou a dizer que era umproblema que se tem que solucio-nar na Uniom Europeia, quandonom é assim. Aos andaluzes afe-ta-lhes a mesma lei europeia po-rém, cobram mais que nós.

Como convencerias um gadeiroque ficara na casa nom tirar oleite durante a greve?Acho que é o único meio que te-mos para fazer-nos ouvir, alémdas eleiçons, claro. Tênhem-seconseguido cousas importantescom as greves no passado, como

a cota empresarial. Além do mais,se a sociedade vê que o setor ga-deiro nom se implica, esta tam-bém nom o vam fazer, e ainda quesejamos poucos, podemos chegara muita gente.

É certo que os sindicatos vendé-rom o setor, que sucedeu?Pois nom se chegou a um acor-do real, ainda depois de fazer amobilizaçom e tirar o leite, poloque claramente, vendérom-nos.Eu creio que já se convocou compouca conviçom, pola pouca di-

fusom que houve entre os gadei-ros. Também salientarmos, quenom fôron só os sindicatos se-nom que também a FEPLAC (Fe-deraçom de produtores lácteos)que nom fijo mais que desacre-ditar os gadeiros.

Como vês o sindicalismo hoje?Penso que os gadeiros temos parteda culpa da situaçom atual do sin-dicalismo, som vistos como algoalheio, non como representantes.Mas tambén cansa ver sempre àmesma gente dirigindo-os e diriaque som pouco participativos, quenon realizam suficientes assem-bleias. Para além disto, cumpre sa-lientarmos que a sociedade actualé mais individualista. A seguir tam-bém direi que algúns sindicatoscentram-se mais noutros proble-mas que na situaçom que temosnós, e isso também desanima.

Como vês a capacidade de auto-or-ganizaçom que há entre gadeiros?Vejo-a escassa. Nom só encontro

os sindicatos pouco organizados,senom que também as cooperati-vas ao ir mal provoca que a gentevaia por libre. Penso que seria muidifícil botar a andar agora um pro-jecto. Somos mui distintos e nomtemos tanto sentimento de equipacomo pode haver noutros setores.

Há futuro para o leite galego ou be-beremos o que venha da França?Se nom melhoram os preços pou-co futuro há, só aguentas venden-do a perdas um tempo. Agoramesmo estamos vendendo porbaixo dos custos de produçom,mas ainda que subisse algo, 3 ou4 cêntimos, também nom seriasuficiente. Falamos de termos1000 euros de benefício traba-lhando 365 dias por ano.

Mais algo sobre a situaçom?Sim para mim, o problema nomé só de preços, dim que os gover-nos nom podem atuar sobre eles,mas acho que isto nom é assim,e ainda que non pudessem fazê-lo tenhem outras maneiras deatuar, como pode ser facilitar oacesso à terra que para nós é muiimportante. Também umha or-denaçom do território apropria-da creio que é básico para poderproduzir mais barato. Mesmoflexibilizar o trato da banca nes-tas situaçons ou o cobro das sub-vençons a tempo. Eu localizo oproblema aqui na Galiza, ondese pode e se deve solucionar.

“O problema do leite está na galiza,onde se pode e se deve solucionar”

xosé ‘barGueiras’ Produz leite ecolóGico numha exPloraçom Ganadeira familiar

P.V. / Xosé “Bargueiras” de 31 anos, natural de Baltar (Pastoriça) baixo o pé da Ser-ra de Meira, e experto bilhardeiro, empreendeu seu negócio na parróquia natal,como muitos galegos e galegas que continuárom trabalhando o campo apesar

da crise que atravessa nos dias de hoje. Junto com seu irmao possui umha ex-ploraçom de leite ecológico de 30 vacas. Falamos com ele da recente greve deentregas e dos problemas do setor.

“Só aguentas vendendopor baixo dos custos deproduçom um tempo”

“a partir da venda doleite nom se dá

chegado a fim de mês”

“Se nom melhoram ospreços do leite pouco

futuro há para o setor”

“Os governos deveriam facilitar o acesso à terra”

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

A Secretaria Geral de Montes denegou o permisso pa-ra o tratamento com agrotóxicos desde helicópterospor contravirem a Diretiva Europeia. A denegaçomvêm depois dumha campanha de denúncia por partede ambientalistas que inclusive chegou a apanharmais de 100.000 assinaturas contra as fumigaçons.

desautorizam as fumiGaçons aéreas com Pesticida

Um novo centro social está a piques de abrir em Ponteve-dra com o nome “Em pé, centro social e cultural”. A assem-bleia de apresentaçom realizou-se no CS Revira e já estámavançados os trabalhos de arranjamento para que podaabrir nas próximas semanas. Este sumará-se aos três cen-tros sociais de distintos âmbitos já existentes na cidade.

abre um novo centro social em Ponte vedra

NGZ / As transnacionais aquíco-las estám intentando que aUniom Europeia volva subven-cionar a aquicultura industrialna nova Política Pesqueira Co-mum (PPC), apoiadas por políti-cos como o ministro Canhete oua conselheira Quintana. Os fun-dos polos que estám a brigarsom destinados na atualidade aofomento da aquicultura tradicio-nal, o marisqueio e a pesca debaixura. ADEGA alertou numcomunicado emitido a finais dopassado novembro dos riscos

deste modelo industrial, quenom gera apenas emprego e temum efeito mui negativo sobre osecossistemas litorais.

Segundo a associaçom ecolo-gista, este modelo de aquiculturaé mui negativo para o territóriopor várias razons. A primeira de-la é que favorece a sobrepesca,porque os pensos com quais somalimentadas as espécies criadasem piscifactorias contenhem pro-teínas doutros peixes extraídospolos grandes arrastreiros em to-do o mundo. Para além disto, os

empregos gerados por este mo-delo som muito mais limitados doque a pesca tradicional, conver-tendo a aquicultura industrial depeixes numha atividade insusten-tável “baseada em modelos pro-dutivos exógenos e neocoloniais,acaparadora de ingentes recur-sos públicos e com umha mui bai-xa geraçom do emprego”. Porém,tal como denuncia ADEGA, estaaquicultura dominada por capi-tais transnacionais foi o setormais beneficiado polos diversosPlanos Aquícolas em Galiza.

As transnacionais aquícolasprocuram o apoio económico da UE

a aquicultura das Grandes emPresas som as maiores beneficiadas NGZ / As incógnitas arredor doPrestige nom rematárom dezanos após o seu afundamentonas costas galegas. Segundo de-nunciou ADEGA no passadomês, as administraçons podemestar incorrendo em ilegalidadesna gestom dos refugos geradospolo petroleiro, já que das 90.000toneladas recolhidas por voltade 10.000 ficam ainda sem tratararmazenadas numhas balsasnas Somoças. Para além destairregularidade, tendo em contaque a Lei de refugos e solos po-luídos obriga a tratar este tipo derestos num máximo de seis me-ses, a associaçom ecologista per-gunta-se que passou com a partedessas 80.000 toneladas tratadasque nom fôrom incineradas, jáque por este processo apenas

passárom 10% de refugos plásti-cos e 7,5% de fuel.

As 90.000 toneladas de refu-gos recolhidos no processo delimpeza da costa galega tivéromdistintos destinos: 60.000 fôromarmazenadas em SOGARISA,20.000 em Cerzeda e outras10.000 em “diferentes pontos”.O obscurantismo institucionalfoi, segundo ADEGA, umhaconstante em todo o processo,fornecendo por vezes dados con-traditórios aos meios que deitamnumerosas dúvidas sobre a lega-lidade destas acçons. O ecologis-mo denuncia que a situaçom adia de hoje continue sem se re-solver, apesar dos anos que pas-sárom e dos 24 milhons de eurosque supostamente se investíromno tratamento destes refugos.

Refugos do Prestigeficam ainda à esperade serem tratados

piscifActoriAda stolt sea farm

em Quilmas

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 201308 acontece

NGZ / As eleiçons do passadodia 21 de outubro deixáromumha nova maioria absoluta doPP de Alberto Nuñez Feijoo. Onovo governo que tomou pos-sessom o 3 de dezembro é um-ha continuidade do anterior po-lo que cabe esperar umha con-tinuidade nas políticas de cor-tes que vinha levando este. Donovo governo, 7 conselheirosrepitem, enquanto que AlfonsoRueda passa ademais a ocupara vice-presidência. Este ascen-so é visto por alguns analistascomo umha jogada para situarao que pode ser o seguinte can-didato do PP às eleiçons em vis-ta a umha possível marcha deFeijoo para Madrid. O novoconselheiro é Francisco Condeque substitui a Javier Guerra (oconselheiro que declarou umpatrimónio de 15,6 milhons deEuros) na frente de Economia eIndustria, carteira chave paraimpulsar a politica económicada Junta nesta próxima legisla-tura. Conde fijo a maioria dasua carreira política em Madride é umha pessoa de alta con-fiança de Feijoo e mantenhemumha relaçom de amizade, ade-

mais de ser um assessor pessoalde Feijoo na ultima legislatura.Foi professor da ultracatólicauniversidade privada, CEU SanPablo de Madrid durante 14anos e com umha clara doutri-na neoliberal. Polo resto, temosa Agustin Hernandez em MeioAmbiente, Território e Infraes-truturas, conselheiro que já le-vantou polémica polos seuspostos em conselhos de admi-nistraçom de várias construto-ras como o Grupo Puente, adju-dicatório da construçom doHospital de Vigo. Jesús Váz-quez na Conselheria de Educa-çom, quem foi protagonista doscortes e da batalha contra aeducaçom pública. Em educa-çom segue Rocío Mosquera quea parte de ser a impulsora doscortes em sanidade, tambêmdescubriu-se que a sua filha tra-balha na consultora que audi-tou o novo hospital de vigo. Fi-nalmente seguem nas mesmascarteiras, Elena Muñoz diantede Fazenda, Rosa Quintana emMeio Rural e Mar com parte dosetor em pé de guerra polas po-líticas neste âmbito e BeatrizMato em Trabalho e Bem-estar.

Longe da efeméride marcadapolos anúncios institucionaisem imprensa, rádio e televisom;fôrom os coletivos de mulheresque saírom às ruas galegas no

dia internacional contra a vio-lência machista. “O feminismohá de ser incómodo”, costumadizer-se, e o feminismo denun-ciou este 25N todas as formas

de maltrato, incluídas aquelasmais invisibilizadas polo podercomo, por exemplo, a presomestética exercida sobre o corpodas mulheres.

Quem é quem nonovo governo galego

25 de novembro em Vigo

NGZ / O projeto de parque eólicoque a empresa italiana EnelGreen Power pretende situar nazona de Pedras Negras, na pe-nínsula do Morraço, entrou noseu período de exposiçom públi-ca e de alegaçons. Esta instala-çom afetaria aos montes dosconcelhos de Marim, Moanha eVilaboa. Perante esta situaçom,a Plataforma pola Defensa dosMontes do Morraço está a de-senvolver umha campanha deapresentaçom de alegaçons.

Nestes escritos lembram que osMontes do Morraço, entre osque se acha Pedras Negras, es-tám catalogados como solo rús-tico de especial proteçom polasnormas complementárias e sub-sidiárias da província de Ponte-vedra e que ademais é umha zo-na de grande riqueza arqueoló-gica vendo-se afetados lugarescomo a área de proteçom da ma-moa de Cham de Arquinha, de-clarada Bem de Interesse Cultu-ral. O parque eólico de Pedras

Negras contaria com 17,9 km devias, conduçom elétrica soterra-da, 14 aerogeradores eólicos,umha subestaçom elétrica eduas torres metereológicas.

Pola sua banda, a Plataformapola proteçom da Serra do Gali-nheiro, situada nos concelhos deVigo, Gondomar, Porrinho e Tui,apresentava a dia 30 de novem-bro as alegaçons ao projeto eóli-co da promotora Terra do VentoS.L., após as múltiplas travas in-terpostas pola Administraçom.

Alegaçons contra parques eólicosno Morraço e na Serra do Galinheiro

os montes estÁm cataloGados como solo rÚstico de esPecial Proteçom

GAlizA contrAinfo

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

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aSSinaTuRa

NGZ / É habitual que nos perío-dos eleitorais os governos dei-xem de aplicar políticas impo-pulares, esperando que passe odia das urnas para seguir com aagenda de cortes. Mas o 14 denovembro, em campanha elei-toral galega, o Serviço Galegode Saúde (SERGAS) publicouno Diário Oficial da Uniom Eu-ropeia (DOUE) umha oferta pa-ra privatizar o serviço de man-timento da Sanidade PúblicaGalega. Assim, o SERGAS evi-tou publicar a oferta no DiárioOficial de Galiza (DOG) e, por-tanto, dá-la a conhecer ante a

cidadania antes das eleiçons.O serviço de manutençom en-

carrega-se do conjunto de apa-relhos de eletromedicina e ou-tros como caudalímetros, bom-bas de difusom ou lava-cunhas.A CIG-Saúde denúncia a gravi-dade desta oferta de privatiza-çom, já que esta labor era reali-zada polo serviço de mantimen-to dos centros, isto é, por pes-soal estatutário. “Com a privati-zaçom, vam ficar com menosfunçons, achanando-se o cami-nho da desapariçom destas ca-tegorias como pessoal público”.

A central nacionalista exige

que se mantenha o serviço demantimento dentro do sistemapúblico, sem nenhumha adju-dicaçom a empresas privadas,e que o SERGAS se dote dosrecursos necessários “para po-der desenvolver um trabalhode qualidade” e que “a forma-çom continuada das trabalha-doras” seja real.

A CIG-Saúde sublinha tam-bém que esta oferta de privati-zaçom nom é mais que a conti-nuaçom do modelo privatizadordo PP. “Estám desmantelando asanidade pública aos poucos,mas de maneira constante”.

Privatizam a manutençom doSERGAS sem anúncio no DOG

usam o diÁrio oficial da ue Para que o anÚncio Passe desaPercebido

NGZ / A associaçom feministaObservatório da Marinha polaIgualdade denúncia que no ser-viço de Obstetrícia do Hospitalda Costa de Burela “estám-sea conculcar os direitos das pa-cientes grávidas, ao nom sereminformadas dos problemas oumalformaçons que se podamdetectar nos fetos”. Segundoassinalam do coletivo numhanota de imprensa, os ginecólo-gos e ginecólogas deste centro“nom estám a dar informaçomcompleta ou a informaçom quedam nom é correta: dim que es-tá todo bem ainda que haja pro-blemas graves”.

Do coletivo feminista salien-tam que “som muitos os casos”em que já na ecografia da sema-na doze se detetam malforma-çons graves no feto sem sereminformadas as mulheres grávi-das disto. Mesmo, nalguns ca-sos, vai passando o tempo, con-tam deste esta associaçom, echega-se às 22 semanas, que

som as que a lei espanhola per-mite para a interrupçom da gra-videz, no caso de que haja mal-formaçons graves no feto. Comtam pouca informaçom ou comnenhumha por parte dos profis-sionais deste serviço do hospi-tal burelám, segundo contam doObservatório, e quando já é evi-dente que a gravidez nom podechegar a término, “desde o hos-pital nom assumem responsabi-lidades nem dam soluçons,abandonando as mulheres emsituaçons nas que devem fazerfrente aos gastos económicosque supóm acudir a clínicas pri-vadas”. Para terminar, deste co-letivo feminista marinhám re-calcam que o Serviço Galego deSaúde, SERGAS, “deve garantira assistência e o direito à saú-de” também neste centro, nomdeixando que “as ideias pes-soais duns ou de umhas profis-sionais dum serviço determina-do” obriguem os pacientes aacudir a clínicas privadas.

No Hospital de Burelanom informam demalformaçons fetais

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

aGro

As luitas no agro galego apon-tárom mais umha data para ahistória das mobilizaçons a fi-nais do passado novembro.Por primeira vez de forma unifi-cada realizou-se umha grevede entregas de leite que tivo pa-ralissada a flota de recolhidadas indústrias por dous diasconsecutivos, com grande im-plicaçom de gadeiros e gadei-ras na organizaçom de pique-tes. Os sérios apuros económi-cos que questionam a sobrevi-vência de muitas exploraçonsfigérom reagir o setor até oponto de tirar o leite fora dostanques de armazenamento.

P.V. / As 11000 exploraçons que con-formam o setor produtor de leitena Galiza nom suportam mais tra-balhar os 365 dias do ano para per-der cartos. Ficou claro quando o dia27 e 28 os produtores das princi-pais comarcas leiteiras do paísapostárom em tirar o leite antes delho entregar à recolhida, para faze-rem pressom frente a umha indús-tria que paga os preços mais baixosda Europa. Através de assembleiasde zona, que tivérom o seu maiorsucesso em Ordes, Teixeiro, Arçúa,Pastoriça e Santa Comba, organi-zárom-se piquetes que consegui-rom paralisar por completo a reco-lhida. O efeto destas açons forçou àJunta para sentar numha mesa denegociaçom a indústria e sindica-tos para chegarem a um acordo. Noentanto as exploraçons continua-vam a tirar o leite.

Na noite do 27, quando por de-cissom de asembleia, na maioriadas comarcas, a greve ia continuarcom a vontade dos gadeiros, atéque um acordo em preço pessarasobre a mesa, os sindicatos deci-

dem que era hora de desconvocá-la, à espera de “formalizar as pro-messas positivas conseguidas”. Asensaçom nas assembleias de basefoi de traiçom por parte dos sindi-catos, porém, a débil organizaçomdum setor pouco acostumado amobilizaçons impediu continuar agreve de forma autónoma.

A indústria leiteira enrocadaNum mercado do leite global, on-de destapar o lucro é cada vezmais complicado, aparecem diver-sas fórmulas de mercantilizaçom.Na Europa central, as grandes ca-deias distribuidoras apostárom fir-me por construir grandes gruposque dominam o mercado a nívelmundial, exemplo da LactalisFrancesa. Noutras zonas construí-rom-se cooperativas em forma degrupos lácteos que potenciárom aredistrubuiçom da riqueza maislocalmente. Na Galiza nada dissoaconteceu, a industria nom se temdiferenciado, nom tem avançadoface a transformaçom de produtoscom maior valor adicionado, tamsó apostou no corto prazo por co-locar leite líquido na distribuiçomdurante os “bons tempos”. De vol-ta à contraçom económica e a ca-restia, a conta já nom “dá”. Destamaneira apostam-no todo emmanterem a cota de mercado con-quistada na distribuiçom, baixan-do-lhe o preço que pagam ao setorprodutor para poderem manter-seno mercado de abastecimento de

forma competitiva. Aliás, tambémempregam acordos fraudulentosde reparto de produtores, impos-sibilitando que umha exploraçompoda decidir a quem entrega o seuleite. Numha guerra aberta de pre-ços e de sobrevivência, nom pare-ce que as industrias vaiam mudara sua estratégia que só consiste emapontar na conta do setor produ-tor as grandes demandas que lheimpom a distribuiçom.

Os gadeiros em xaquePola sua banda, parte do setorprodutor está vendendo o leite aperdas neste último ano. Umhamedia de 28 cêntimos de euro porlitro nom cobre os custes de pro-duçom, que na maioria dos casoscontemplam importantes amorti-zaçons derivadas da compra decota ou da modernizaçom das ins-talaçons produtivas. Apesar daconsciência de ter feitos os “deve-res” para modernizar-se e adap-tar-se às condiçons da entrada naUE, os fruitos prometidos nuncachegam. E mais além do “mantra”da produtividade e de comprarmais vacas, os gadeiros sentem-sefrustrados por nom compreendercomo a forma de viver da terramesma já nom é rendível, muitosempregam o símil dos despejos,mas sabem que quando umha ex-ploraçom fecha nom volta abrir. 

Apesar de tudo, as mobilizaçonsdo passado novembro marcam umantes e um depois na moral de ga-deiros e gadeiras. Apreciárom quea sua reivindicaçom é justa, defen-dem um modo de vida e sabem quede nom ser abandonados por Sin-dicatos nas negociaçons as suaspresons sobre a indústria estavama ser efetivas. Umha ideia zomba-va no ar: voltaremos a tirar o leite.

Empresas fam que ganadeirospaguem pola mercantilizaçom

mar

30.000 euros ao anopor ter ‘caladinho’ o setor do marA conselheira do Mar preten-de mudar “à carta” a norma-tiva que regula as confrariaspara possibilitar que o presi-dente da federaçom galegade depósitos poda perceberretribuiçons a cargo do erá-rio público. Benito Gonzálezé o homem do PP para con-trolar o setor.

A. DIESTE / A Asociaçom Galegade Mariscadoras (Agamar) de-nunciou recentemente perantea Fiscalia, o Tribunal de Contasda Galiza e a própria Conselha-ria do Mar a presuntuosa mal-versaçom de caudais públicoscometida por Benito GonzálezSineiro, o presidente da Federa-çom Galega de Confrarias, quenos últimos quatro anos teria-sebeneficiado do seu cargo nesteorganismo representativo paracobrar 103.737,13 euros emconceito de retribuiçom- Unhaquantidade na qual non se in-clui o salário que, simultanea-mente, percebe mensalmenteda confraria de pescadores deCambados, da que é patrommaior, e com indepedência dasdietas e outros gastos que tantoa federaçom como a confrarialhe sufragam. Incluído o usodum veículo de alta gama.

A normativa galega que regu-la as cofradias e as suas federa-çons provinciais e galega, proi-biu expressamente o cobro desalários por ocuparem o cargo,ao proclamar o principio geralda gratuitidade, profissionalis-mo e austeridade no desempe-nho dos cargos representativosdestas entidades, fora de cobrode indenizaçons ou gastos con-cretos e detalhados que derivemdiretamente do serviço.

Mais de coletivos como Aga-mar, já denunciam que, à vistado rascunho de novo Decretoque regulará as confrarias depescadores na Galiza, “observa-se que destaca a iniciativa de eli-minar a gratuitidade nos cargoseleitos das confrarias de pesca-dores, possibilitando deste jeitoque, a partir da entrada em vi-gor do mesmo, os patronosmaiores e, sobretudo, o presi-dente da Federaçom galega deconfrarias de pescadores, po-dam perceber salários ou retri-buiçons sem limites, exorbitan-tes e auto-impostas em claro de-

trimento dos fundos públicosdos que se dotam estas corpora-çons financiadas, quase na suatotalidade, por milionárias ache-gas públicas anuais a cargo daConselharia do Meio Rural, ex-traídas do Orçamento geral daJunta da Galiza, sem as quaisnom poderiam subsistirem”.

ClientelismoCom esta iniciativa, indicam,mostra-se o clientelismo quedirige a atuaçom da Conselha-ria a respeito do setor do mar.Apontam a que Benito Gonzá-lez poderia passar a cobrar po-la volta de 30.000 euros anuais,além de dietas e outros gastos.Um salariazo, afirmam, que vaireceber polo trabalho de man-ter “calladito” o setor do mar,que também está a atravessarumha situaçom difícil por morda crise económica.

Benito González, cambadês e,como lembram nesta vila arou-sana, na sua mocidade muitopróximo ao BNG, é desde háanos o fontaneiro da Conselha-ria do PP para ter controlado osetor do mar. Ao longo destesanos tivo de fazer frente a diver-sos escândalos, como o de ter abordo do seu barco tripulaçomsem enrolar, dos que saiu semproblemas graças ao apoio daJunta, ou bem quando a OLAF(Oficina Europea de loita contraa Fraude) informou da percep-çom "indevida" de ajudas públi-cas pola cofradia de Cambados,presidida por González, por par-te do Fundo Europeu de Pescapara a construçom do barco"Tragove", realizado em Estalei-ros Polináutica S.L. de Camba-dos, em 2009, por um importe de340.000 euros, dos quais 176.104euros correspondérom a ajudas.O barco estivo no alvo da polé-mica, pois o seu custo real deconstruçom era muito menor.

Primeira greve de entregas conjunta no setor leiteiro

durante dous dias nom se recolheu leite na Galiza

Sindicatos “vendêrom”as assembleias de baseque estavam dispostas

a continuar a greve

a normativa dasconfrarias proíbe ossalários por cargos

um ente europeu informou das ajudasilegais de Cambados

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A.L. / Miren Etxezarreta é cate-drática de Economia Aplica-da da Universidade Autóno-ma de Barcelona e fai partetambém do Seminari Econo-mia Crítica Taifa, um coletivoque leva anos autoformando-se com espírito crítico e queestá a realizar um intenso la-bor de divulgaçom desde oestourado da crise. Etxezar-reta estivo presente nas jor-nadas ‘Comprendermos a cri-se’ que organizou FESGA emLugo os passados 23 e 24 denovembro e NOVAS DA GALIZA

achegou-se para entrevistar econhecer um pouco melhor otrabalho de Taifa e as suas li-nhas de análise.

Como nasceu o Seminari Taifa?Taifa é um grupo que parte da fa-culdade de económicas da Autó-noma de Barcelona e se inícia co-mo um seminário de gente jovemque estava insatisfeita com a for-ma como se ensinava a econo-mia e com a falta de crítica na so-ciedade em que vivimos. Come-çamos a reunirmo-nos por dife-rentes causas. Isto nom nasceudum plano, senom dumha práti-ca dum conjunto de pessoas quenos reunimos para ver que po-diamos fazer. Fundamentalmen-te tentamos fazer um par de cou-sas. A primeira é a nossa própriaformaçom crítica. Vivemos um-ha situaçom em que nom há mui-tos meios para se formar critica-mente. Depois, com o tempo, is-so foi derivando num labor de di-vulgaçom que agora está a ab-sorver muitas energias de Taifa.Nesse labor divulgador o que fa-zemos som charlas, cursos de vá-rias sessons nas quais trabalha-mos com um pouco mais de pro-fundidade e elaboramos infor-mes. Seguimos o nosso labor au-toformativo através de grupos deestudo mais permanentes e de-pois fazemos as charlas e os cur-sos que nos pedem. Como ulti-mamente há muito interesse emsaber o que se passa, estamosum pouco desbordados, por quenom somos muitos.

Percebedes que o vosso labor de di-vulgaçom está a ser bem recebido?Sim, por parte da gente que nospede os cursos o nosso labor dedivulgaçom está sendo bem rece-

bido. Mas nom devemos esquecerque quem nos solicita charlas éumha pequena minoria. Nós diri-gimo-nos a quem nos procurar,que é sobretudo a juventude. Jágostaríamos de que houver maisjovens preocupados por isto. Porexemplo, quando foi o movimen-to dos “indignados” figérom-se-nos muitas petiçons, continuam afazer-se... A imagem que temos éque se valora bastante o nossotrabalho mas, nom sejamos ingé-nuos, valora-se bastante dentrodumha parcela mui pequena darealidade em que vivemos.

Qual é a leitura que fazedes daatual situaçom económica?Taifa leva quase 20 anos. Demo-nos a conhecer com a crise, masjá existíamos a meados da décadade 90. A própria dinámica dos fei-tos leva-che a ver o que passa, edepois a gente pergunta-che quepassa e entom tentamos prepararcom certo rigor umha análise doque está a acontecer, começandopola crise desde 2007 até agora.Qual é a nossa linha de pensa-mento? É muito difícil de dizerbrevemente. Em primeiro lugar, acrise financeira é umha manifes-taçom do que se passa, mas a cri-se nom é apenas financeira. Nósdamos muita importância aos ele-mentos de crise que subjazem emtoda a dinámica do sistema pro-

dutivo e em toda a dinámica dosistema de acumulaçom. Pensa-mos também que as crises sominerentes ao capitalismo, é dizer,o capitalismo nunca se liberará dacrise enquanto for capitalismo.

Nas vossas charlas fazedes finca-pé num desses aspetos que co-mentas: a crise da economia real.Nós pensamos que o capitalismocarrega umha série de contradi-çons importantes e essas contra-diçons vam-se construindo em sipróprias a medida que o capitalis-mo avança. As contradiçons re-solve-as o sistema tirando paraadiante. O capitalismo nos anos2000 em adiante tem umha ex-pansom financeira importante eessa expansom exige uns benefí-cios que o sistema financeiro nompode dar por si só, o dinheiro nomproduz nada. Logo, o sistema real,

que foi parcialmente abandonadopor nom dar benefícios de avon-do, nom cobre os benefícios ne-cessários para cubrir os desejos eos requerimentos do capitalismo.Há um momento em que há umhaexpansom do crédito. No caso doestado espanhol é a bolha imobi-liária com a que semelha que segeram os benefícios necessáriospara esta bolha, mas obviamenteisso nom é suficiente e isto estala.A relaçom entre o real e o finan-ceiro está neste cúmulo de contra-diçons, que atuam a umha sobre aoutra. Isto estoura com umha apa-riência de capital financeiro mastemos que ver mais por embaixodisso. É a economia real a quenom gera benefício de avondo pa-ra satisfazer os capitalistas, eagravam-se os problemas.

Nom se pensa na economia realdesde o setor financeiro? Nomse reage perante essa situaçom?Acho que sim, mas umha das ca-raterísticas do capitalismo é o cur-to prazo. Eu penso que sim que ha-via gente que dizia que isto nompodia durar muito. Por exemplo,no estado espanhol grandes cons-trutoras começárom a mover osseus capitais para o setor energéti-co já em 2005. Nom bruscamente,mas passou. Por que o faziam?Porque achavam que nom ia per-durar. Também havia analistas

que diziam isso. O que passa é quese tu estás criando grandes benefí-cios, enquanto isto durar, tiras pa-ra adiante. Há que pensar que nocapitalismo nom há nenhuma au-toridade com poder para determi-nar o que tenhem de fazer os capi-tais, cada capital fai o que lhe dá agana. E esta profunda desordemgera toda a proposta.

Que conselhos darias a todas aspessoas que leem as notícias eco-nómicas na imprensa do sistema?Que sejam críticos e que tratemde ir além das aparências, quepensem que umha sociedadenom é algo homogéneo, que háclasses sociais, e que toda a nossasociedade está sobre a base dum-ha luita de classes, dum conflito.Entom, que tratem de ver de quemodo reflite isso que leem o queestá a passar e que nom se con-formem apenas com o que lhesdizem. Eu diria que é muito ne-cessário para qualquer umha pes-soa que quiger ser um observa-dor informado, que adquira certaformaçom. Neste momento háumha grande carência de forma-çom, se bem há algumhas mino-rias que nom padecem disto. Nompodes entender de música se nomtes umha pequena formaçom mu-sical. Nom podes entender o quese está a passar se nom figecheum execício de formaçom prévia.

11aconteceNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

“as crises som inerentes ao capitalismo, é dizer, o capitalismo nunca se liberará da crise enquanto for capitalismo. ”economia

“No capitalismo nom há quem determine oque tenhem que fazer os grandes capitais”

entrevista a miren etxezarreta, economista inteGrante do seminari economia crítica taifa

“Taifa deu-se a conhecer com a crise,mas já existia nos 90”

“nom podes entendero que passa sem

formaçom prévia”

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SÉCHU SENDE / O Curdistám éa maior naçom sem estadodo planeta, 500.000 km qua-drados, (Galiza perto de30.000) e mais de 30 milhonsde pessoas distribuídas numterritório hoje ocupado por di-ferentes estados: Turquia,Irám, Iraque, Síria e Arménia.Ademais, o povo curdo é umpovo golpeado polo exílio e aemigraçom, com mais dummilhom de curdos na Europa.

Quando viajes ao Curdistám,seguindo os passos de Jenofonteou de Marco Polo, acharás genteamabilíssima e hospitalária emcada rua, em cada aldeia.

Quando viajes ao Curdistám eaprendas a saudar em curdo, des-cobriras-te provocando sorrisosemocionados.

Quando viajes ao Curdistám,procurando-te a ti mesm@, acha-rás –se entras pola Turquia- cen-tos de bandeiras turcas, especial-mente nos outeiros das vilas e dascidades, nos acampamentos mili-tares, e nas janelas das escolas.

Mas quando viajes ao Curdis-tám descobrirás também a ban-deira proibida nas combinaçonsde cores do dia a dia: nas maosdumha meninha que ao sair daescola joga entre os dedos comumha pulseira verde, amarela evermelha. Nas peúgas dumhamulher de oitenta anos. Num pa-no de seda no bazar de Mardim.Na roupa dumha moça de 16. Eassim continuamente.

Quando viajes ao Curdistám esaias de noite escuitar os grilossentirás que as estrelas estámmais perto das maos naquele lu-gar do mundo.

Quando viajes ao Curdistám fa-larás com muita gente luitadora,homens e mulheres que sabemque todos os caminhos passampola luita. Quando viajes ao Cur-distám darás com gente que pas-sou 7 anos em prisom por falarcurdo, por exemplo.

E talvez num bar, quando via-jes ao Curdistám, um homem cherecite um verso de Hicri Izgoren:“Quando me perguntam pola mi-nha identidade nas esquinas euabro e mostro as minhas feridas”.Ou umha mulher, encima dumburro, palavras de Ahmed Arif:“O teu reflexo está proibido nosespelhos”.

Pode que quando viajes ali to-pes com gente que deixou de fa-lar curdo e gente que está a recu-

perá-lo. Que saibas que o uso dalíngua deixou de estar proibidopolo estado turco em 1994 e queainda hoje está perseguida, ape-sar das operaçons de lavado deimagem do atual governo.

Que saibas que Leyla zana, de-putada curda, foi condenada a 10anos por pronunciar umha frasena sua língua no Parlamento tur-co, em 1991.

Que saibas também que a cida-de curda de Ahmed e mais Com-postela estám irmandadas e queo concelho de Santiago editou em2005 um livro de texto paraaprender curdo e que 2000 exem-plares fôrom enviados ao Curdis-tám e que a Fiscalia Especial dePublicaçons de Turquia intercep-tou-nos na alfândega e que des-ses livros nunca mais se soube,que desaparecérom.

Que saibas que o curdo entrounas escolas este ano, -ainda quecomo matéria optativa e com mui-tos impedimentos práticos-, e quepor vez primeira mais de 20.000crianças vam poder falar curdonas escolas.

Que saibas que as crianças daescolinha da Semente, em Com-postela, e as dumha escolinha deAhmed também estám irmanda-das, e que estám a se enviarem car-tas com envelopes cheios de corese de palavras alegres que percor-rem mais de 3000 quilómetros!

Que o saibas!Que saibas, como curiosidade,que em curdo curmanci há 18 no-mes para nomear os diferentes ti-pos de bigodes e 10 nomes paraos diferentes narizes.

E que a versom curda de “Eununca serei yo” é “Ez ê tu carannebin ben”.

Que saibas que o livro Made in

Galiza foi traduzido ao curdocom o título Nem em sonhos vou

perder a minha língua, e que apesar de que o curdo nunca seaprendeu nas escolas, chegou amuitas casas e que já há mais de6000 curd@s que conhecem ondeestá Galiza e algumhas cousasmais sobre nós e a nossa naçominvisível.

Quando viajes ao Curdistámolharás campos de petróleo oxi-dados, e talvez cruzes umha pon-te sobre o Tigris ou o Eufrates.Que saibas que o petróleo e a águasom as duas principais razons dosestados opressores para negarema soberania do povo curdo.

Quando viajes ao Curdistám ve-rás que naquele país, como na Gali-za, o colonialismo constrói plantasde energia hidroeléctrica que levammilheiros de pessoas a um futuroobscuro e arrasa com o patrimóniohistórico e cultural do povo.

Quando viajes ao Curdistámcomprovarás que apesar da ri-

queza do seu território, o seu sub-desenvolvimento crónico se deveao espólio –colonial e depreda-dor- dos seus recursos naturais.

Quando vaias ao Curdistám ve-rás campos de algodom, açúcar,trigo, vinhedos, pomares, casta-nheiros, carvalhos, aveleiras. Ve-rás serras verdíssimas com nevee chairas amarelas com rebanhosde milheiros de cabras e ovelhas.Que saibas que a ganadaria e aagricultura som as suas princi-pais fontes de ingressos, e a in-dústria, quase inexistente.

Quando viajes ao Curdistám,o Curdistám há receber-te commúsica. Por exemplo, umha noi-te derrapará um carro tuneadono centro da cidade, a música atope, sairám quatro moços e co-meçarám a bailar um baile tra-dicional no meio da estrada, co-mo se na Corunha baixassemdum ibiza e começassem a bai-lar umha muinheira.

Mas entre todas as cançons,‘Keçe Kurdan’ Que saibas que significa Rapari-

ga Curda, e que é original de Si-van Perwer. Que o tema é todo umsímbolo no Curdistám, a cançomemblema do povo kurdo. IrfanGuler, tradutor, di que Sivan Per-wer poderia ser algo assim comoum Castelao que hoje fosse músi-co, se comparamos cousas incom-paráveis…

Que saibas que quando namontanha nom ficava anestesiapara operar, os guerrilheiros fe-ridos pediam esta cançom paraenfrentar-se à dor. A letra, emo-cionante:

Erguei-vos, raparigas, fazei ouvir

as vossas vozes no mundo.

Esperam-vos cousas difíceis nas

alturas.

E é que as mulheres agora avan-

çam, estudam.

Tomárom as plumas para subir

mais alto.

Porque assim o queremos, rapari-

gas, acudi à batalha.

Que saibas que se queres ou-vir o tema na internet, podesprocurar a interpretaçom deAynur, umha mulher do novoCurdistám: “Também, comomulher que canta música cur-da, som mui consciente da vio-lência e a opressom que casti-gou as mulheres e nenos da mi-nha comunidade e a minha es-perança é a paz”.

Que saibas que o Newroz é afesta da resistência curda, a fes-ta polo Curdistám livre, e quetodos os anos reúne centos demilhares de mulheres e homensa prol da Independência. E quea gente berra Viva Curdistám

Livre, e Liberdade para Apo,Abdullah Öcallan, o líder presodo PKK.

Que saibas que o 15 de outu-bro de 2012 mil pres@s políticos–ativistas, políticos, intelectuais,artistas- se pugérom em grevede fame e que o PKK, o Partidodos Trabalhadores do Curdis-tám, criado em 1984, e declara-do “grupo terrorista” por Tur-quia e a Uniom Europeia, conti-nua a ser umha esperança paraa maioria do povo curdo desdeque a via política, a defensa polí-tica dos direitos do povo, foi mu-tilada polas instituiçons turcas.

Que o saibas.Que saibas também que em Síriao povo curdo está a reclamar umgoverno próprio, que na cidadede Derik, nas escolas, as criançasestudam curdo desde fai uns me-ses. E que o Curdistám do sul, noestado de Iraque, vai caminho dese converter no próximo país in-dependente.

Que o saibas.Que saibas que no Curdistám a

luita continua.Que saibas que viajar ao Cur-

distám é como viajar a um país ir-mao, com homens e mulheres ir-mandinhas e que, o Curdistám,está muito mais perto do que ima-ginas.

Quando viajes ao Curdistám…leva à Galiza contigo.

Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 201312 internacional

“a ganadaria e a agricultura som as suas principais fontes de ganhos, a indústria é quase inexistente”

Quando viajes ao Curdistám…

a terra treme“o uso da línGua deixou de estar Proibido Polo estado turco em 1994 e aínda hoje estÁ PerseGuida”

O curdo é um povomui golpeado polo

exílio e a emigraçom

viajar ao Curdistám é como viajar a um país irmao

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E. MARAGOTO / Gervásio Cham-bo e Félix Tembe, da associa-çom moçambicana Bantu Mo-sambiki, tenhem umha agen-da muito apertada desde quevinhérom para Vigo estudar. Otrabalho da associaçom a quepertencem consiste na defesada diversidade idiomática noseu país contra, olha que cou-sas, a nossa língua galego-portuguesa, que lá se encarre-ga de submeter outras. E cla-ro, na Galiza, tratando-se delínguas em conflito, somos to-do ouvidos. Para além de as-petos relativos à diversidadeetnolingüística de Moçambi-que, estes bons comunicado-res também se debruçam so-bre problemáticas políticas eculturais, arriscando perspeti-vas para o futuro. Em Com-postela, no Pichel, mesmo co-zinhárom iguarias moçambi-canas e o narf chegou-se paraos deliciar com a sua música.

Moçambique, tam desconhecido!As pessoas intuem que se devemfalar línguas indígenas, mas nomfam ideia de quais serám. Pode-ríades fazer um mapa escrito dasdiversas famílias lingüísticas deMoçambique?Em Moçambique coabitam 4 famí-lias de línguas diferentes, nomea-

damente: (1) A família maioritária,constituída por 22 línguas de ori-gem bantu, distribuídas de seguin-te forma: (a) Sul do país: Xirhon-ga, Xichangana, Citshwa, Ciswazi,Cicopi e Gitonga; (b) Centro dopaís: Cindau, Cinyungwe, Cisena,Cimanyika, Ciutee, Cibalke, Cisen-ga, Elomwe e Echuwabu; (c) Nortedo país: Emakhuwa, Shimakonde,Ciyao, Cinyanja, Kimwani, Kiswa-hili e Ekoti; (2) Umha língua de fa-mília indo-europeia, o Português;(3) Umha família de línguas afro-asiática (faladas por minorias emcontextos religiosos e familiaresem diversos pontos do país): Urdu,Hindi, Gujarati, Memane e Árabe;e (4) Umha língua de Sinais.

E o português, que lugar ocupaem relaçom às outras línguas? Éaceite por todas as comunidades?

O português é posto em questom?Desde 1975, ano da independên-cia nacional, o Português é a únicaoficial e ideológica e politicamenteconsidera-se instrumento para acoesom e unidade nacional. Esteestatuto linguístico, suscita, numpaís caracterizado pola diversida-de multilíngüe, multiétnico e mul-ticultural maioritário, um debatecujos pontos de debate se resu-mem em: (1) Há os que opinamque o Português é umha língua im-portante e que deve ser conhecidapor todos os moçambicanos paraser umha língua estratégica para aintercomunicaçom dada a diversi-dade nacional. (2) Outros enten-dem que, se Moçambique é inde-pendente há 37 anos, o Portuguêsfalado em Moçambique já está na-cionalizado e é umha língua quenom deve ser vista como superior

às restantes. Por isso, seria opor-tuno que as línguas bantu fossemtambém oficializadas para que pu-dessem ser utilizadas de igual pa-ra igual com o Português nos es-paços que este ocupa atualmente.(3) Alguns defendem manter oPortuguês como única língua ofi-cial sob pretexto de manter a uni-dade nacional, evitar o tribalismo,o regionalismo e gastos financei-ros públicos que adviriam do usodas línguas bantu equiparadas aoPortuguês. (4) Por fim, há vozesque clamam polas desigualdadessociais, económicas e destruiçomdas culturas que estám associadasao facto de Moçambique possuirumha política linguística monolín-güe que valoriza o Português deforma ofensiva e obrigatória.

Estas línguas passam além dasfronteiras do país? Algumas das línguas faladas emMoçambique som transfronteiri-ças. O Cinyanja é falado em Mala-wi, o Xichangana é compartilhadocom a África do sul e com o zim-babwe, o Ciswazi é falado na Swa-zilandia, o Ciyao é compartilhadocom Malawi e o Kiswahili com aTanzania.

Existem contactos com outrospaíses para promover as línguasindígenas?

Há umha organizaçom, LASU(The Linguistics Association ofSADC Universities) que desenvol-ve pesquisas, conferências e publi-cações sobre as línguas da regiomaustral de África e um projeto deinvestigaçom das línguas trans-fronteiriças.

É possível, no continente africa-nos, usar a política para defenderas línguas?Estamos num mundo em que ossinos tocam sobre a liberdade, ademocracia, a cidadania, a igual-dade de género, o desenvolvimen-to sustentável, a educaçom paratodos, a erradicaçom da pobreza edas doenças endémicas, entre ou-tros. Desta feita, estes pontos sóserám possíveis se os governosafricanos possuírem políticas lin-guísticas que valorizam o multilin-guismo, o multiculturalismo, a re-vitalizaçom das línguas minoritá-rias em vias de extinçom. Cada lín-gua, cada cultura, cada etnia temumha visom, tem pensamentos eatitudes de compreender o mun-do. Quanto mais línguas possuium país, mais som as visões quese tenhem para resolver um pro-blema e quanto mais problemas seresolvem, as línguas enriquecem,renovam as suas visões e pensa-mentos sobre o mundo e assim ospaíses desenvolvem.

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / Este terri-tório é a última possessom france-sa e europeia do território daAmérica do Sul. É oficialmenteum departamento de ultramar daFrança; em realidade é um dos úl-timos restrobalhos dum dos impé-rios contemporâneos mais crimi-nais que houve na história.

Desde os tempos das colóniascarcerárias a perpetuidade, ondefôrom levados os seguidores dohonrado Robespierre e demais re-beldes de todas as Franças reacio-nárias posteriores, foi-se confor-mando um povo multi-étnico mascom componentes maioritaria-mente crioulos filhos das distintas

influencias da colónia: os próprioscreoles nascidos da mestizagemcom pretos, ameríndios e ex-pre-sidiários aos que se lhe juntam eassimilam descendentes de imi-grantes haitianos e das ilhas deMartinica e Guadalupe (concen-trados nos miseráveis arrabaldesda capital Caiena) que junto aosmais recentes imigrantes do Bra-sil (mais no interior) conformama principal base étnica do povoguianês de língua nativa ou inter-língüe, o crioulo guianês. Alémdesta maioria resistem fora das ci-dades e plantaçons, nas selvas enos deltas dos rios as naçons ame-ríndias arawak, caribe, emelirom,

kalinda, palikir, waiampi e waiana(5% da populaçom num territóriobasto e despovoado) e o povo sa-ramaca que conta com idiomapróprio e luitas territoriais e iden-titárias específicas com respeito àFrança, a maioria crioula (aindaque partilham revindicaçons co-muns) e o estado vizinho de Suri-name, pola sua etnicidade comopovo nascido de escravos cimar-rons fugitivos que adaptando-seao novo território recreárom e re-vivírom umha cultura sobretudoafricana, e filha da resistência(conformam o 8% da populaçom).

A Guiana é umha colónia tropi-cal esquecida no imaginário mais

quotidiano dos habitantes do He-xágono, tem umha biodiversidadetropical impressionante, um povocolononizado e desestruturado,com umha economia artificialvencelhada ao Centro EspacialAriane, com um aumento demo-gráfico derivado da falha de plani-ficaçom familiar e da inmigraçomde pobres doutros lados, vidos pa-ra a pobreza da zona euro.

A populaçom sempre tivo umforte sentimento secionista ali-mentado polas injustiças. Apósdas miragens do falso desenvolvi-mento se acabem de seguro triun-faram botando os opressores.

Como final, lembrar que neste

território estivérom presos ho-mens exemplares, filhos da hipo-crisia do poder francês, um deleschamava-se Alfred Dreyfus; en-carcerado por um crime que nomcometera, quatro anos. O outro,um orgulhoso culpável de rebe-liom contra a injustiça, o anar-quista Clément Duval, que logrouescapar depois de quatorze anosde degradaçom e mais de vinte fu-gas dum lugar que descreve comsarcasmo nestas palavras: "umdos bairros de Sodoma, construí-da à sombra da bem intencionadaIII República, um tributo à suamodesta moralidade e a sua posi-tiva ciência penal".

13internacionalNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

Foi-se conformando um povo multiétnico mas com componentes maioritariamente crioulosPovos

Guiana, o território continental sem estatalizar

“há vozes contra as desigualdades associadas àpolítica lingüística monolíngüe de Moçambique”

GervÁsio chambo e félix tembe som membros da associaçom moçambicana bantu mosambiki

“Desde 1975 o português é a única língua oficial e um instrumento para a coesom e unidade nacional”além minho

GERVÁSIO CHAMBO FÉLIX TEMBE

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14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

dito e feito a xiv Semana galega da história demonstra o interesse pola memória histórica no ámbito académico

centros sociaiscs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

cso bairro do curaBairro do Cura · Vigo

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

o fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cso liceo Estribela · Marim

cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

Umha plataforma: a IniciativaGalega pola Memória (IGM)Como assinalam no seu própriosite, a IGM é “um ponto de encon-tro das diferentes associaçons,fundaçons coletivos e pessoas queestám a trabalhar pola recupera-çom da memória histórica na Ga-liza”. A plataforma iniciou as ativi-dades em abril de 2007, levando acabo umha atividade conjunta emsolidariedade com os investigado-res que estavam a ser julgados porestudar a memória sequestrada, eem junho de 2010 resolveu forma-lizar este lugar de encontro parafavorecer a coordenaçom de ativi-dades. Mais de 50 entidades assi-nárom um acordo de objetivos co-muns, entre os quais a retirada desímbolos franquistas dos espaçospúblicos ou a intervençom pública

nas tarefas de localizaçom e exu-maçom das vítimas franquistas. Apartir daí, apresentárom umha sé-rie de reivindicaçons à Junta, co-mo a promulgaçom dumha Lei es-pecífica galega sobre as vítimasda repressom.

A heterogenidade define as associaçons de pola memóriaAs associaçons que trabalham pa-ra recuperar a memória no Paíssom muitas e mui variadas: na ci-

dade e na vila, no norte e no sul,grandes e pequenas. Um dos cole-tivos mais ativos é a Comissompola Recuperaçom da MemóriaHistórica da Corunha, que come-çou a trabalhar em 2005. Na suaweb, para além de novas sobre a

memória histórica e de informa-çons sobre exumaçons, podemosencontrar também um arquivo devídeos intitulado “Vozes da me-mória”, onde testemunhas daGuerra do 36 relatam as suas vi-vências. Publicou A guerrilha an-

tifranquista galega, que foi apre-sentada (14 de dezembro) no lo-cal da Troita Armada na compos-telana Rua do Pombal, entre ou-tros locais.

Numha escala mais pequena, aOliveira é um bom exemplo de as-sociaçom dedicada à recupera-çom da memória histórica e à de-fesa do património imaterial quedesde há anos está a dinamizar avida cultural de Teu, tornando-senum referente de coletivos seme-lhantes. Ademais de organizarematos e jornadas, editárom a Voan-

deira da Oliveira, umha pequenapublicaçom que contém artigossobre memória histórica e ondeanunciam as atividades que fam.Contribuírom para manter viva alembrança de personagens repu-blicanas, como Enrique Líster.

Dúzias de associaçons trabalham paraque a Galiza nom esqueça o passado

mulheres rePublicanas começam a ser lembradas e estudadas a Partir da açom PoPular

OLGA ROMASANTA / De Carral a Bueu, de Lugo a Cangas: som muitos os co-letivos espalhados por todo o País que trabalham para recuperar a memó-ria histórica. A XIV Semana Galega da História, que decorreu em Teu entre19 de novembro e 1 de dezembro, demonstra que também no ámbito aca-démico esta área de estudos suscita interesse e som numerosas as inves-

tigaçons sobre a República e o franquismo, e as suas conseqüências paraa sociedade galega. Neste número quigemos achegar-nos a todo esse in-teresse, materializado em açons e estudos, centrados em conhecer e di-vulgar o nosso passado, um conhecimento que nos permite saber quemsomos e projetar o nosso futuro como povo.

Adivulgaçom do conhecimento da IIRepública, umha época que a maio-ria das pessoas desconhece e que por

vezes fica eclipsada pola repressom franquis-ta, é umha dessas matérias pendentes. Esta éa linha que seguem, entre outras, na Assem-bleia Republicana de Vigo, um coletivo fun-dado em finais dos anos 80 com o objetivo dearticular um movimento unitário sob o deno-minador comum da rejeiçom da monarquiae da lembrança e reivindicaçom dos avançospolíticos e sociais conseguidos no período re-publicano. Foi por sua iniciativa que o Conce-lho de Vigo deu o nome de ‘II República’ aumha das ruas da cidade. Em 2004 organizá-rom a primeira manifestaçom republicanaque tivo lugar em Vigo desde 1936.

Também nos Centros Sociais estám a tra-balhar para recobrar a memória histórica,umha memória que atende a mais frentesque as vítimas da repressom franquista. Umbom exemplo disto é a Comissom de Memó-ria Histórica da Gentalha do Pichel, um gru-po compostelano mui ativo que empreendenumerosas açons com a memória como ei-xo central. Há já sete anos promoveu a recu-peraçom do Apalpador, e entre as suas li-nhas mais recentes está o estudo e localiza-çom dos petróglifos de Compostela. O ReinoSuevo, o arredismo de pré-guerra ou a luitaoperária galega som outros ámbitos de quese tenhem ocupado nos últimos tempos, or-ganizando atos e editando material como oscartazes dedicados a personagens da nossa

história como Foucelhas ou Ângelo Casal. Outra das matérias pendentes é o papel

agente das mulheres, tanto na II Repúblicacomo durante a Guerra e a repressom fran-quista, que nom tem o reconhecimento pú-blico que merece. Este trabalho de investi-

gaçom e divulgaçom está a ser feito hoje so-bretodo por figuras individuais, como Auro-ra Marco, autora de Mulheres na guerrilha

antifranquista galega e colaboradora do do-cumentário As silenciadas. Porém, come-çam a existir projetos coletivos que aprofun-dam nesta temática, como a iniciativa “Mais-querepublicanas”. Trata-se, como dim aspróprias criadoras, do coletivo corunhês No-mepisesofreghao, dumha “investigaçompintada”: umha exposiçom composta porobras da artista Marta Paz em que retratavárias mulheres republicanas. A amostra,que estivo aberta ao público até 14 de de-zembro na livraria Lila de Lilith e no bar AsDuas, permitiu pôr rosto a algumha das fi-guras mais destacadas desse momento.

vÁrios coletivos trabalham nas “matérias Pendentes” da memória histórica

Mais de 50 entidadesde memória históricaassinárom um acordode objetivos comuns

MANIFESTAÇOM DO 14 DE ABRIL EM VIGO

HENRIQUETA OUTEIRO

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15a exameNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

a exame velhas minas que deixárom de ser rendíveis estám sendo recuperadas polo esgotamento doutras jazidas

A.L. / A Junta da Galiza aumentouperceptivelmente as licenças deinvestigaçom geológica em terri-tório galego, licenças de que em-presas transnacionais e fundos decapital de risco estrangeiros sombeneficiárias em boa parte. Se-gundo informaçons publicadasnos últimos meses, até à data fô-rom apresentados cerca de 170pedidos de investigaçom geológi-ca. O jornal La Voz de Galicia (5de novembro) dedicou um suple-mento especial às actividades mi-neiras, onde se dava conta das in-vestigaçons que a Solid Mines Es-paña S.A.U., filial da firma de ca-pital risco canadiana Solid Re-sources Ltd., está a realizar paraextrair coltám, entre outros mine-rais metálicos. Outros projetos es-tám em curso. Em Corcoesto háprojetos para a explorar ouro; naSerra do Galinheiro, para “terrasraras”; em Viana do Bolo, paratantálio. Outros lugares estám aser prospectados. A lista continua.

O professor de Economia Apli-cada da Universidade de Santiagode Compostela, Xoán Doldán, in-dica que volta a haver interessenos recursos mineiros galegos,quer na exploraçom de recursosantigos, como o ouro ou o volfrá-mio, quer de novos recursos, co-mo o tantálio.

No caso das antigas exloraçonsmineiras, Doldán diz que essasexploraçons “fôrom a dada alturaabandonadas porque deixaram deser rendíveis, mas agora essa ri-queza de mineral poderia ser inte-ressante na situaçom do mercadodos metais a nível mundial”.Quanto ao tantálio (ou coltám,que é como se conhece quandovem associado com outros mine-rais), “é especialmente interessan-te nestes momentos pola sua liga-çom à indústria eletrónica”. Dol-dán salienta que está a acontecera nível global algo semelhante aoque acontece com o petróleo e quejá se poderia falar dum “pico dosmetais”. “Precisamente por essaescassez, jazigos minerais quenoutros momentos nom teriamdemasiado interesse comercialagora passam a tê-lo”, expom Dol-dám, “porque o preço desses mi-nerais é o suficientemente alto pa-

ra que certas exploraçons, aindaque poidam ter um rendimentobaixo em termos físicos, fiquecompensado polos preços que te-nhem no mercado”.

Ouro e cianeto em CorcoestoO projeto para abrir umha explo-raçom de ouro em Corcoesto estáa suscitar forte oposiçom entre avizinhança e é talvez o projeto demineraçom de metais que está aser mais falado no País. Meli Sou-to, da Plataforma na Defensa deCorcoesto, explica que já na épo-ca romana se conhecia dos jazi-gos de ouro nesta zona. Nos anos90 a Rio Narcea Gold Mines ad-quiriu os direitos de exploraçome iniciou as atividades de pesqui-sa e tramitaçom do projeto. Em2010 a canadiana Edgewater Ex-ploration Ltd. adquiriu 100% daRNGM, e com isso os direitos doprojeto de Corcoesto, com a fina-lidade de pô-lo em marcha logoque possível. “Os antecedentessom múltiplos, mas a viabilidadedo projeto por causa da sua 'ren-dibilidade' tivo de esperar por um-ha situaçom económica global fa-vorável, como a que estamos a vi-ver na atualidade”, diz Meli Sou-to. E acrescenta que “houvo im-pedimentos para se aceder aoprojeto na fase de exposiçom pú-blica, e isso porque a Administra-çom considera o projeto como In-dustrial Estratégico, de modo que

dispugemos apenas dum mês pa-ra apresentar as alegaçons técni-cas e jurídicas, juntamente com oProjeto de Exploraçom, o Estudode Impacto Ambiental e o Planode Restauraçom”.

Os movimentos ambientalistasmostram-se mui críticos com quese esteja a tramitar simultanea-mente a declaraçom desta minacomo Projeto Industrial Estratégi-co. Nela Aguiño, da Verdegaia, ex-plica que “a recente ‘Lei Industrialde Galicia’ (13/2011) permite ace-lerar todos os trámites dos proje-tos considerados estratégicos e aavaliaçom ambiental fai-se polométodo abreviado. Parece feitapor medida para dar via livre a to-das as desfeitas”. A “nom sujei-çom a licença urbanística munici-pal” ou “a declaraçom de preva-lência sobre outras utilidades pú-blicas” som algumas das vanta-gens que estabelece o artigo 42ºdesta lei para favorecer os proje-tos declarados estratégicos.

Umhas das condiçons da legis-laçom para que um projeto sejaconsiderado estratégico é que es-

te produza 250 postos de traba-lho. No mês de junho, o presiden-te da Junta afirmava que a novaexploraçom da mina de ouro emCorcoesto geraria 1.371 postosde trabalho. O professor Doldándiz-nos que essas cifras som fal-sas, pois que “em nengum docu-mento a empresa fornece tais ci-fras e dá outras, das quais se de-duz que nom vam chegar a esses250, possivelmente nem se che-gue aos 100 postos”.

Por outro lado, som múltiplosos efeitos prejudiciais que a mine-raçom do ouro tem sobre o am-biente. As águas, sobretodo assubterrâneas, podem ser contami-nadas por cianeto (substância em-pregada para separar o ouro), oscursos dos rios sofrerem altera-çons, as nascentes podem secar eaumentarám as emissons de rá-don. Segundo expom Nela Agui-ño, “as verqueduras de materiaispesados (níquel, arsénico ouchumbo) ultrapassam os limiteslegais. Estes metais som arrasta-dos polas águas de escoamento evam parar ao rio Anlhons”.

Serra do GalinheiroO de Corcoesto é um exemplo dacobiça que está a despertar a ri-queza mineira no nosso país. Masnom é o único. A Plataforma polaDefesa da Serra do Galinheiroacaba de apresentar alegaçons aoprojeto de investigaçom do poten-

cial mineiro em terras raras queneste espaço pretende realizar asociedade de investidores sul-africanos Umbono Capital. Se-gundo a Plataforma, de cada to-nelada de mineral extraído e tra-tado obtenhem-se entre 50 e 500gramas de óxidos de terras raras.Serám usados produtos tóxicos,alguns contendo elementos radia-tivos, que poderiam acabar porfiltrar para o subsolo. No caso daPenouta, em Viana do Bolo, é acanadiana Pacific Strategic Mine-ral a interessada em extrair tantá-lio dumha mina que fechou nosanos 80. Aqui foi a Sociedade Ga-lega de História Natural que saiunos meios de comunicaçom (osmeios espanhóis chegárom amencionar este lugar como “oCongo espanhol”) para denunciarque a exploraçom mineira estavasituada num lugar protegido.

Mineraçom sustentável?Por definiçom, a atividade minei-ra é agressiva para com o meio.Perguntado pola possibilidadedumha minaria sustentável, oprofessor Xoán Doldán afirmaque “a única mineraçom susten-tável seria aquela em que, umhavez que som extraídos os mine-rais, o emprego destes se prolon-gasse o máximo possível”. Destejeito, Doldán crê que há que“pensar umha mineraçom dife-rente, umha mineraçom do lixo.Pensar nessas outras jazidas demateriais que som os aterros ouas instalaçons de tratamento dolixo, pois acontece muitas vezesque se queima o lixo sem se apro-veitarem esses materiais”.

transnacionais Procuram lucros através da minaria de metais em território GaleGo

O espólio dos metais galegos

As riquezas minerais da Galiza som conhecidas desde antigo. Os Roma-nos vinhérom e ficárom para explorar o ouro das nossas montanhas.Durante a Segunda Guerra Mundial, o volfrâmio galego foi cobiçado poruns e outros, e boa parte serviu para ajudar a indústria bélica do IIIReich. A história da mineraçom é também a história dum espólio. As

consequências dumha indústria extractiva agressiva para com o meio,pagamo-las nós. Os benefícios económicos, esses, pouco param poraqui. Várias empresas transnacionais, com a colaboraçom do Governoautónomo, estám a desenvolver dúzias de projetos mineiros na Galiza,com o único objectivo de ganharem mais.

até à data fôromapresentadas 172 solicitudes para a

investigaçom geológica

O desvio do curso dos rios ou a sua

seca é um dos efeitosda mineraçom

a extraçom de ouroprovoca poluiçom

por cianeto e emissons de rádon

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 201316 em anÁlise

um subdiretor do igape foi destituídodo seu posto duas vezes em seis mesesem anÁlise

Um dos casos que levantou maisexpectaçom foi a “operación or-questa”, centrada numha trama decorrupçom para apanhar contra-tos de obras públicas na Costa daMorte, que acabou com a imputa-çom de José Manuel Traba (alcal-de do PP em Fisterra), José Ma-nuel Santos (alcalde do PP em Ma-çaricos) e Francisco Javier Lema(alcalde polo PSOE de Corcu-biom), entre outros. Estes cargospúblicos continuam a desempe-nhar hoje os seus postos, emboracontinuem imputados e tenhamprestado declaraçom várias ve-zes,. Outra das operaçons contra acorrupçom nos concelhos tivo lu-gar em Castro de Rei em 2009 e re-sultou na detençom do alcalde(PSOE), Juan José Díaz Valiño,por um alegado delito de traficode influências na adjudicaçom deobras do Plano E. Díaz Valiño fi-cou em liberdade mas continuaimputado e hoje é deputado pro-vincial de Cooperaçom e Assistên-cia aos Concelhos por Lugo. Tam-bém está o caso de Adolfo Gacio,alcalde de Boqueixom imputadona “operación campeón”, que sedemetiu como alcalde mas conti-nua como concelheiro. Outro dosconcelheiros detidos nessa opera-çom e que continua imputado portráfico de influências, Roberto Lo-renzo (daquela em Terra Galega),é hoje primeiro tenente de alcaldepolo PP no Concelho de Castro deRei. A lista de cargos eleitos impu-tados que continuam na politica élonga. Faltam ainda por citar JoséManuel Cendán, que foi condena-do a inabilitaçom política e conti-nua como porta-voz do grupo po-

pular em Ares; como também oalcalde de Muras polo PP, IssamAlnagm, que continua no cargo eestá imputado no caso das multasem Lugo. Ou ainda o alcalde deMugia, Felix Porto (PSOE), impu-tado num caso de malversaçom defundos; Manuel Valeriano, o alcal-de de Camarinhas polo PSOE, im-putado numha trama de negocia-çom proibida; ou o alcalde do PPpor Portas, Roberto Vázquez, quefoi condenado a pagar 315.000 eu-ros por umha fraude à Fazenda pú-blica e que dixo numha entrevistaque “este alcalde nom se vai demi-tir por isto, demitirá-se quando opovo o diga”. Destaquemos porfim um dos casos mais notáveis, jáque houvo sentença definitiva con-tra os regedores de Sada e Oza dosRios, Ramón Rodríguez Ares e Ra-món Peón, que fôrom condenadose inabilitados para cargo públicopor nom executar um derribo eque continuárom no cargo mesesdespois de serem condenados. A

lista é longa, como dizíamos, e as-sim poderíamos referir os mais de150 políticos que estám imputadosem casos judiciais e que conti-nuam ocupando cargos nos dife-rentes concelhos.

Altos cargos também imputadosMas nom só politicos imputadoscontinuam firmes nos seus car-gos. Um dos casos mais significa-tivos é o de Carlos Silva, subdire-tor de Informaçom Especializadado Igape que foi destituído duasvezes em seis meses do seu posto.A primeira destituiçom véu depoisdo início da “operación campeón”,quando o Igape foi investigadopor suposta fraude nalgumhas

das subvençons que concedia. Ainvestigaçom descobriu que vá-rias empresas presididas pola es-posa de Carlos Silva beneficiaramde subsídios do organismo públi-co. Silva foi cessado do seu posto,mas continuou como técnico res-ponśavel no Igape. Seis mesesdespois, voltou a ser cessado emdecorrência dumha “investiga-çom interna”. Atualmente conti-nua a prestar serviço no Igape.Também o ex-diretor geral, Joa-quín Varela, foi imputado no caso“campeón”e foi “suspendido”, quenom cessado, o que lhe permiteretomar as funçons que exerciaem qualquer momento. Na mes-ma operaçom fôrom imputadosainda outros três altos cargos daConselharia do Ambiente, Territó-rio e Infra-Estruturas: a diretora-geral das Infra-Estruturas, EthelVázquez, e os subdiretores da Pla-nificaçom, Antonio López Blanco,e o das Estradas, Mateo Maigler.Decorrido mais dum ano desde as

imputaçons, Vázquez continua dediretora-geral, enquanto LópezBlanco e Maigler fôrom recoloca-dos mas continuam altos cargosno mesmo departamento. Tam-bém no bipartido houvo casos sig-nificativos, como o do reitor daUniversidade de Vigo, SalustianoMato, que foi imputado na “opera-ción campeón” por trafico de in-fluências. Despois de declarar nosJulgados e de negar que houvessealgumha irregularidade, assegu-rou que nom ia demitir-se e hoje,com efeito, continua no seu pos-to, apesar de continuar imputa-do. Outro caso foi o do ex-diretorgeral de Qualidade e AvaliaçomAmbiental, Buergo del Rio, quefoi recuperado como delegado daJunta no Uruguai, depois de serimputado por prevaricaçom eafastado cargo. O caso de AndrésHermida Trastoy, imputado porprevaricaçom administrativa eque continua no cargo de diretor-geral da Promoçom do Empregomas ocupa a Secretaria Geral deOrdenaçom Pesqueira dependen-te do governo espanhol. Final-mente cumpre destacar que Ro-gelio Martinez, delegado da Jun-ta em Ourense, e Ana Maria DíezLópez, diretora-geral de Forma-çom e Ocupaçom, continuam noscargos, embora tenham sido con-denados em sentença definitivapola Audiencia Nacional. O pri-meiro foi condenado em 2009 adevolver o dinheiro dumhasobras inexistentes custeadas comsubsídios comunitários e a se-gunda condenada por um Julga-do de Ferrol por um despedimen-to improcedente.

feijóo dixo em camPanha que “Gostava” de afastar dos seus carGos os acusados em casos judiciais

Dezenas de políticos e altos cargosimputados continuam a exercer

XAVI MIQUEL / O presidente atual da Junta dixo na última campanha eleitoralque o seu partido “gosta de apartar os seus cargos quando estám imputa-dos numha operaçom judicial”. Mas a realidade nom é bem essa e dezenas depolíticos e altos cargos da Junta imputados em vários processos judiciais

continuam inabaláveis nos seus postos. O PP nom é o único a agir assim.Umha vez que os casos judiciais saem do foco mediático, todos esquecemas promessas de expulsar do partido os cargos inculpados; alguns, que fo-ram forçados a demitir-se, até voltam a ser recrutados

a maioria dos 150 políticos imputadosnegou-se a demitir

josé mAnuel sAntos,alcalde de maçaricos chegando aosjulgados de corcubiom no percursoda 'operaçom orquestra'

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17foto-rePortaGemNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

um mÊs em imaGensGreVe de fAme

Vários membros da ciG estivérom 10dias em greve de fame a denunciar a

repressom sindical

luGoo magusto do cs madia leva

reivindicou a rua como ponto de encontro

solidAriedAde com pAlestinAmilhares de pessoas manifestárom-se

nas cidades galegas contra o novoataque a Gaza

estAfA BAncáriA100 pessoas afetadas polas

preferentes percorrêrom as ruas de Vigo numha marcha fúnebre

6 de dezemBronos-up queimou umha

constituiçom espanhola para denunciar a sua fraude

compostelAA candidatura do povo denuncia a isençom do

pagamento do iBi pola igreja

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18 em anÁlise Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

em anÁlise Trabalhando para conseguir um sistema de relaçons dignas

A.R.G. / Algo nas ideias, nas manei-ras de nos comportarmos, de nosrelacionarmos com outras pes-soas, está a mudar. Eis algumhaspequenas amostras: a luita contraa impunidade dos bancos; as con-centraçons de apoio às pessoasque temem perder a casa; os mo-vimentos sociais a moverem-se;ou a gente voltando à ideia de co-munidade como forma de vida, eatuando como sujeitos políticos,conscientes da sua força nas ruas.As mudanças som lentas, porquecusta tirar algo tam assente sociale culturalmente, mas vam-se dan-do pequenos passos para derru-bar um sistema que já nom nos va-le. As mobilizaçons contra a pre-cariedade no trabalho, contra oscortes sociais, contra a paulatinadesapariçom dos serviços públi-cos, contra o racismo, e desde apobreza, sucedem-se nas vilas enos bairros das cidades. E os mo-vimentos sociais apresentam al-ternativas, para além do protesto,de luita e de transformaçom so-cial: blocos críticos na greve ge-ral, assembleias de desemprega-dos; coletivos contra o pagamentonas auto-estradas; contra as pre-ferenciais; contra os despejos... Alista é longa, mas como amostrado que está a mudar tomamos otrabalho que estám a desenvolverduas assembleias abertas, a deCompostela e a de Arteijo, que,numha linha semelhante, traba-lham para construir um sistemade relaçons dignas.

Os movimentos sociais deCompostela: a força da uniomA Assembleia Aberta de Compos-tela nasceu do chamado movi-mento do 15M, e junta estudan-tes, desempregados e pessoas emprecário da cidade compostela-na, às quintas-feiras na rua. Hátempos que andam a trabalharpara criar umha cantina popular,diz-nos Maria Vence, ativista docoletivo. Já tenhem umha hortacomunitária, que cultivam semempregar produtos químicos, emSanta Marta, e o seguinte passoserá encontrarem um local ondemontar a cantina. Há um par demeses foi-lhes cedida umha vi-venda no bairro de Sar, e agoraparte dos esforços das pessoas daAssembleia estám dedicados areabilitar a casa. “A ideia é que nomomento em que a casa estiver

reabilitada, seja o espaço para acantina, porque as assembleiascontinuarám a ser na rua, quan-do as condiçons climatológicas opermitirem”, conta Vence. A casade Sar servirá também como pon-to de referência para as pessoasque queiram pedir informaçonssobre os despejos, falar em diretosobre os casos particulares, e par-ticipar das reunions do coletivoStop Desafiuzamentos.

A gente da Assembleia deCompostela está a pôr em mar-cha diversos projetos, como os“blocos críticos” nas manifesta-çons tradicionais. Na greve geraldo 14N, ativistas da AssembleiaAberta participárom em pique-tes, na manifestaçom matutina enumha concentraçom posteriorque reuniu centos de pessoas dosmovimentos sociais da cidade. Jádesde as mobilizaçons de protes-to e outras açons contra um re-gulamento do Concelho de Com-postela, que pretendia cobrar aoscoletivos por realizarem ativida-des na rua, os movimentos so-ciais de Compostela atuam comoumha só força, facto que esta ati-vista da Assembleia avalia positi-vamente: “é mui importante queos movimentos sociais, assem-bleares e autogeridos, saiam pa-ra a rua unidos, porque é umhamassa crítica que cada vez está amedrar mais”. O movimento

15M, e, posteriormente, as ativi-dades de 'A rua é nossa', que foi onome que recebeu este movimen-to de contestaçom popular, sen-tárom um precedente mui inte-ressante na cidade de Composte-la, e com o movimento Stop De-safiuzamentos estám-se notandoas mudanças a que nos refería-mos no início. “Com o tema dosdespejos, é incrível a solidarieda-de que está a mostrar a gente: ca-da vez que há um ato, vem gentede diferentes coletivos, partidospolíticos, sindicatos... de todos ospaus, e também recebemos oapoio de pessoas da rua. Isto émui importante, porque se estáma recuperar os laços entre a vizi-nhança, o apoio mutuo e a soli-dariedade. Estamos juntos nisto”.

Arteijo: A utopia nom é tal, sefazemos as cousas acontecerem“Esta história começou há muitotempo, mesmo antes do 15M. Sur-giu das inquietudes dalgumhaspessoas que pensamos que a con-secuçom daquilo que nos parece

utópico está mais perto, se nós fa-zemos que as cousas aconteçam”,conta umha ativista da Assem-bleia Aberta de Arteijo, um poucosurpreendida pola repercussomque tivo nos meios empresariais ainiciativa que dérom em chamar“Casa com aluguer zero”.

Neste coletivo, nascido tambémdas assembleias do 15M, perse-guem uns objectivos semelhantesaos da Assembleia de Composte-la: tenhem umha leira cedida emque trabalham, e projetam criarumha cantina comunitária pró-pria e abrir um centro social.Além disso, andam a trabalharnum monte, que também lhes foicedido por 30 anos, onde irámpraticar a permacultura, como jáfam na sua horta. Mas estes diasfôrom notícia porque, na suaideia de tranformaçom e constru-çom dumha nova sociedade, es-tám a desenvolver um projeto queconsiste em ceder vivendas queos donos nom usem às famíliasque as necessitem. “Devemos dei-xar de lado a velha ideia de quetodos os recursos tenhem que es-tar concentrados no mesmo sítio,e as velhas ideias de propriedadee uso: quem possui umha viven-da, nom tem porque ser a mesmapessoa que realmente lhe dá uso”,conta esta ativista de Arteijo, sa-lientando que “o ponto mais inte-ressante deste sistema” é que as

pessoas “consigam perder o me-do ao conceito de propriedadeprivada a que nom se dá uso”.“Há muitas propriedades aban-donadas que nom estám a produ-zir lucros”, lembram na Assem-bleia de Arteijo, “sobretodo viven-das sujeitas a pagar contribui-çom. Com a cessom destas casas,muitas pessoas que nom tenemcasa, poderám a tê-la, pagandoapenas os gastos”. Na linha detrabalho a partir do comunitárioe para o comunitário, esta Assem-bleia tem o projeto de fundar um-ha associaçom, de nome Armilar,destinada a ser a receptora domovimento que se está a criar aoseu redor, de todos os recursos edemandas existentes, para que “aajuda que as pessoas procuramse torne algo tangível”.

a força dos movimentos: as assembleias abertas

Continuar a ser pessoas, nom servas

O trabalho das Assembleias Abertas que se repartem polas vilas e bairros das ci-dades é criar alternativas, fazer desaparecer o falso cenário catastrófico que nos

querem apresentar e reagir comunitária e solidariamente. Desta volta, apresenta-mos as atividades que estám a realizar as Assembleias de Compostela e Arteijo.

“Com a contestaçomaos despejos estám a

recuperar-se laços entre a vizinhança”

“a consecuçom do‘utópico’ está mais

perto, se fazemos ascousas acontecerem”

“É mui importanteque os movimentos

sociais e assemblearessaiam à rua unidos”

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19tribunaNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

tribuna Maria Fidalgo, da secretaria de mulheres da CuT, analisaa ferramenta da greve geral de um ponto de vista atual

Reinventar a greve, girar a pirâmideMARI FIDALGO / Somos conscientesde que pode parecer um recursofácil formular a mesma perguntano fim de uma jornada de greve.Jornadas que no contexto galegose revelaram, contra todo o prog-nóstico, como uma nova demons-tração da força imparável da clas-se trabalhadora e dos setores po-pulares, castigados pelo sa-que organizado da troika eos seus sequazes ao co-mando dos governos dosdiferentes estados da U€.

No entanto, para umaorganização referenciadano sindicalismo de classee combativo, perguntar-nos sobre que rumos sehão de tomar significa anecessária prática de in-dagar e reformular a cadapasso o programa estraté-gico de luta, de articulaçãocontra-hegemónica. Estu-dar o mapa, reajustar asbússolas e desenhar o ca-minho para superar osapertados quadros da vidade subordinação, violên-cia, exclusão e desigualda-de que o capitalismo hete-ropatriarcal pretende im-por-nos.

Há tempos que estamosa dizer que para a CUT agreve não é um fim em simesmo, mas faz parte deum processo de luta organi-zada e de criação de contra-poderes capazes de abrirbrechas e pôr em xeque osistema que nos está a rou-bar o futuro e a golpear opresente.

Com a autonomia e a ra-dicalidade que imprimemas coordenadas em que nossituamos, fora da órbita do sindica-lismo do pacto e da burocracia, decostas viradas aos interesses e re-galias da patronal e das instituiçõesgovernativas, vivemos a organiza-ção de cada greve como um pro-cesso artesanal de construção deuma potência de emancipação.

Para um sindicato pequeno co-

mo o nosso, preparar uma grevesignifica mobilizar uma rede demãos que se dedicam, com com-promisso militante, a escrever pan-fletos, organizar assembleias e pa-lestras, confeccionar faixas, colarcartazes. Significa libertar umaenergia desejante de proclamarBasta! à saída reacionária da pre-

sente crise sistémica, e também demostrar na rua os vimes que sus-tentam o nosso projeto sindical.

É experimentar com a possibili-dade de que só nós mesmas (nóssem medo, juntas e em revolta,nas precariedades várias com quenos toca lidar, accionadas pelanossa vontade de mudança) é que

temos a chave para nos libertar darealidade de exploração, domina-ção e individualismo a que nosquerem atar. Refazer-nos na com-provação de que só de nós depen-de converter uma convocatória decartão em resposta a interessespolítico-sindicais espúrios, na gre-ve subversiva, extensa e útil de

que precisamos. Na nossa greve.Assumimos pois a dimensão pe-

dagógica da greve como ferramen-ta de ação coletiva, e buscamosquebrar imposturas e esquemas ul-trapassados, para assumir a hete-rogeneidade social que nos atra-vessa e, com olhares cruzados so-bre a realidade, de problemáticas e

métodos de resposta diversos, ex-perimentarmos, em cada novaconvocação de mobilização meto-dologias diferentes e projetar dis-cursos até agora invisibilizados.

Por isso, na convocatória de 14de novembro, desde o sindicalis-mo marginal –entendendo a mar-ginalidade como espaço de con-

testação e laboratório derespostas alternativas–,ousamos pela primeira vezna Galiza, abordar a ne-cessidade de estender aparalisação a âmbitos co-mo o consumo e os cuida-dos, redimensionando as-sim a greve e incluindo ini-ciativas de mobilização in-tegradoras de todo o edifí-cio social de produtoras eprodutores (não só debens e serviços, como tam-bém de vínculos, afetos,significados, práticas cul-turais e simbólicas, etc.),que vá muito além da suarelação com o mercado la-boral. Assumimos, portan-to, a necessidade de intro-duzir novos elementos deanálise e de interpelar asectores sociais até agoraignorados pelo grosso dascentrais sindicais.

Porque a precariedadehá tempos transcendeu oslimites do mercado de tra-balho e foi situar-se no cen-tro das nossas vidas, tor-nando cada vez mais difícilcobrir as nossas necessida-des e aceder a recursos deforma estável, suficiente esatisfatória. Instabilidade eprecariedade vital que setraduzem em falta de direi-tos -à alimentação, saúde,

educação, habitação, lazer, sexua-lidade, identidade- e que configu-ra um autêntico golpe de estadocontra a dignidade humana.

Portanto, o emprego, situação aque só chegamos a aceder algu-mas e cada vez mais com saláriose em condições de trabalho mise-ráveis, já não pode ser a via de re-

conhecimento de direitos. Conti-nuarmos a aceitar esse paradigmasignifica condenar muitíssimaspessoas à exclusão, à pobreza, àenfermidade e à subordinação.

Entendemos pois a greve, ferra-menta que para algumas consistea dia de hoje num anacronismo,como uma oportunidade para nosfazermos perguntas e introduzir-mos temas que permanecem au-sentes na agenda de boa parte domovimento sindical.

Mas também como ocasião pri-vilegiada, à semelhança doutrasmobilizações com vocação de sub-verter o estabelecido, para ensaiara construção de um sujeito políti-co emancipatório, articulando di-ferentes reivindicações e proble-máticas, abrindo uma instância dereconhecimento mútuo, comoaponta Arturo Borra1, possibilita-dora de ação coletiva contra o cri-me institucionalizado que esta-mos a sofrer.

Somos conscientes da nossa di-mensão e capacidade de incidên-cia como organização sindical dis-sidente. Mais nos pensamos ousa-das, dispostas a indagar e rompercada “aliança proibida”, a explo-rar caminhos e assumir contradi-ções para catalisar respostas so-ciais inovadoras e articuladas, quesuperem o caráter defensivo dosprotestos contra as agressões doCapital e da Banca, ante a recor-rente pergunta de “E agora, quê?”.

1. Borra, Arturo. Lo imposible re-habilitado: el sentido de una huel-ga general indefinida. 4 de de-zembro de 2012. Em http://kao-

senlared.net/america-latina/al/cu-

ba/item/39566-lo-imposible-reha-

bilitado-el-sentido-de-una-huelga

-general-indefinida.html

a greve permite introduzir temas

ausentes em boa parte do sindicalismo

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 201320 em anÁlise

a superfície de centros comerciais somará 980.000 m2 em 2013,duplicando a existente em 2008, ao começo da crise económicaem anÁlise

X.R. SAMPEDRO / Com a recenteabertura dum centro comercial nobairro das Cancelas, em Compos-tela, som já 43 as superfícies destetipo na Galiza, desde hipermerca-dos com um par de cafetarias atémacro-instalaçons de 'centros delazer' como as de mais recenteabertura nas cidades. As instala-çons que o Anuário Económico dacatalá 'La Caixa' recolhe na sua edi-çom de 2012 em território da Co-munidade Autónoma Galega re-partem-se de modo tam desigualpola sua geografia que 33 do totalestám concentradas em sete co-marcas da costa atlántica do País.

As áreas metropolitanas da Co-runha, com 11 locais e 398.000 me-tros quadrados de superfície brutaalugável (s.b.a.), e Vigo, com 10que estám a alugar no total 152.500metros quadrados às empresas,vam à cabeça. Entre as duas estárepartida bem mais de metade dasuperfície que estes negócios te-nhem no País, em boa parte dos ca-sos com ajudas institucionais quevam desde subsídios milionáriosaté ordenamentos urbanísticos econcessons de licenças de duvido-sa legalidade e nula moralidade.

“Marineda, que come todo”Precisamente o caso da Corunhaé paradigmático da voracidade ca-níbal em que o sector se desenvol-ve. Certo que falar de canibalismoé umha redundáncia ao falar demercado, mas o jeito em que no-

vas superfícies devoram as maisvelhas e o grandes que som os 'ca-dáveres' destas a descompor-setorna mais apropriada ainda aimagem. Numha reportagem naspáginas para a Galiza do jornal El

País ('El crac de la burbuja comer-cial', 1 de outubro) Miguel Rodrí-guez retrata a situaçom nas super-fícies desta cidade no exemplo deDolce Vita. Inaugurado em 2008

como o “maior da cidade”, ao lon-go do ano passado viu partiremmuitas das suas marcas até que

hoje “o número de lojas abertasrivaliza com o de espaços desocu-pados”. Em palavras que o jorna-lista recolhe a duas trabalhadorasda limpeza, “A gente nom tem di-nheiro, as tendas marcham e logoestá Marineda, que come todo.Por aqui nom vem ninguém”.

Na fase das macro-áreasFoi desde a abertura da Dolce Vita

em 2008 que se pode apreciar umsalto na superfície ocupada por es-te tipo de negócios. Os 9 comple-xos abertos na Galiza nos últimoscinco anos –dos quais só um se en-contra fora de Corunha, Vigo ouCompostela– somam 414.500 me-tros quadrados, cerca de metadedo total ocupado em todo o País.Esta aceleraçom nas superfícies enovas áreas nom tem justificaçomalgumha além da obsessom, ino-culada via publicidade, pola novi-dade: novas áreas abrem e enchemno dia de inauguraçom enquantoas anteriores – que até entom ven-diam os mesmos produtos – só po-dem agonizar dignamente. Futurosemelhante ao da Dolce Vita po-dem aguardar decerto as áreasexistentes em Lugo e Ourense, on-de, se o projeto for realizado, irámabrir em 2013 duas novas superfí-cies, de 31.000 e 51.000 metrosquadrados respetivamente, que as-piram a arrastar de novo o 'lazer'mercantil dessas cidades ao 'novo'.

as comarcas da costa atlÁntica suPortam 33 Grandes suPerfícies das 43 instaladas Pola Galiza

Gente sem casas... centros comerciais

Com ‘as Cancelas’ há já 43 centros

comerciais na galiza

Perto já de um milhom de metros quadrados de 'grandes superfícies', um metroquadrado de centro comercial para cada três habitantes na Galiza, é um dado na-da negligenciável. Num País com umha dispersom da populaçom digna de curio-sidade em toda a parte, o capital internacional opta por um modelo de concentra-çom da atividade comercial em que, de maneira semelhante ao funcionamento dapublicidade nos mass-media, som as pessoas –clientes potenciais na linguagemcomercial– que som vendidas aos comerciantes. Doutro jeito, os promotores das

áreas comerciais vendem o chao com base nas projeçons de afluência, igual queas cadeias de televisom vendem minutos com base em mediçons e projeçons deaudiência. E parece que, enquanto os cortes nos serviços públicos deixam de serameaça para se explicitarem violência diária, essas projeçons de clientela somalentadoras para esta outra face da mesma violência estrutural, focada a “rebaixaras trabalhadoras e os trabalhadores ao estatuto de produtores e consumidores 'li-vres' do tempo-mercadoria”, por palavras do situacionista Guy Debord.

no filme Commission (Países Bai-xos, 2011), o artista Erik van Lies-hout regista umha experiência ar-

tística e etnográfica ao redor do centro co-mercial. Filmado em Roterdám, a fita re-colhe e resume a estadia de vários mesesno zuidplein Mall, umha área comercialdo sul da cidade, ocupado por classeobreira de origens diversas. Mesmo que ofilme foque logo a maior parte da aten-çom no experimento (também curioso) demontar no zuidplein Mall umha loja semnada a vender e comprovar a incompree-

som da maioria da gente, é na primeira fa-se do experimento, na da convivência comas vizinhas e vizinhos das vivendas cons-truídas ao redor da área comercial, que aobra contém alguns dos momentos maisclarificadores e inspiradores.

Um centro comercial com mais de 40anos de existência oferece para quemainda lembramos a vida sem este 'mode-lo de negócio' visons surpreendentes. Po-nhamos por caso, a de velhotes a se reu-nirem nos corredores da estrutura comonoutros sítios se reúnem nas praças,

“porque é o único sítio público (sic) comaquecimento na redonda”. Ou a dumhaxenofobia banal que identifica com mo-cidade e com sotaques alheios os 'invaso-res do nosso centro comercial'. À pergun-ta de se os jovens marroquinos de pelemais escura, ou polacos de pele mais cla-ra, eram umha moléstia antes de serem

controlados pola polícia, umha mulher,vizinha, responde que “bem, pode serque nom incomodassem a vizinhança”.“Como é entom isso de celebrarem tantoa maior presença policial, em que vim re-parando?”, pergunta o artista; “Eles to-dos andavam a vagar polas tendas, os co-merciantes algo dim de que às vezes rou-bavam... já sabe, o que fai toda a juventu-de, que nom quer trabalhar”.

Mal se pode aguardar umha outra cons-ciência capaz de des-identificar os interes-ses das pessoas com os da empresa, quan-do a experiência mais próxima a viver um'espaço público' é oferecer-se como clientepor galerias de montras. / X.R.S.

‘viver’ no centro, Pensar em comercial a experiência mais próximaa viver um ‘espaço público’é oferecer-se como cliente

O ‘Dolce vita’ temquase tantos locais

fechados como abertos

Em lugo e Ourenseprojetam abrir duas

novas superfícies

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Nos últimos meses douscasos graves contra a li-berdade de expressomacontecêrom na Europa.Nos Países Catalans, a re-vista ‘Cafè amb llet’ foicondenada a pagar umhaindemnizaçom de 10.000euros na sequência daquerela apresentada poloGoverno da CiU contra arevista, que revelara casosde corrupçom na saúdepública catalá. Na Grécia,o jornalista Costas Vaxe-vanis foi detido por publi-car a lista de mais de2.000 evasores fiscais gre-gos que tinham contas mi-lionárias na Suíça.

XAVI MIQUEL / Café amb llet éumha revista gratuita de in-formaçom local, que desde há8 anos se edita nas comarcasde Girona, na Catalunha. Emfevereiro deste ano, a revistacolocou na Rede um vídeo in-titulado “O maior roubo dahistória da Catalunha” a de-nunciar um feixe de casos decorrupçom na saúde catalá,que envolvia políticos e altoscargos do Governo e que pu-nha em causa toda a gestomdo sistema sanitário públicocatalám, desde os seus iní-cios, no ano 1980. Vários al-tos cargos do Governo cata-lám fôrom denunciados porcometer umha série de irre-gularidades que a revista cal-culava entre 100 e 200 mi-lhons de euros. O vídeo erafruito dumha extensa investi-gaçom de dous anos, que co-meçou nos hospitais comar-cais da zona onde se edita arevista e foi estendendo-sepor todo o mapa da saúde pú-blica catalá. O resultado foiumha querela apresentadapolo gerente do Hospital delMar (Barcelona), Josep Ma-ria Via, que é ademais conse-lheiro pessoal do primeiroministro catalám, por vulne-raçom da sua honra. JosepMaria Via, que foi um doscriadores da saúde públicacatalá, é umha das pessoasdenunciadas pola revista porter participado em vários ca-sos de corrupçom nos últimosanos. A sentença condena oseditores da revista, Albano

Dante e Marta Sibina, a pa-garem umha indemnizaçomde 10.000 euros a Via, dinhei-ro que já foi recolhido numhacampanha de solidariedade.

Conselheiros que se contratavam a si mesmosOs casos mais graves desco-bertos pola revista gironinasom as contrataçons de Ra-mon Bagó, ex-presidente econselheiro do Consórcio deSaúde e Social da Catalunha,que contratou as suas pró-prias empresas no valor de 50milhons de euros desde o ano2002, o que motivou que aOficina Antifraude abrisseumha investigaçom. Mesesdepois era publicado outrorelatório do Valedor do Povocatalám que relacionava o al-calde de CiU em Lloret deMar com umha trama de irre-gularidades com dous hospi-tais públicos das comarcas daCosta Brava. Na localidadede Reus figêrom, com a ajudada CUP local, demitir-se opresidente do órgao de ges-tom da saúde pública, JosepPrat, por incompatibilidadede cargos públicos e tráficode influências. Estes casos fi-gêrom que o Parlamento daCatalunha estivesse a pontode abrir umha comissom deinvestigaçom na saúde públi-ca, poucos dias antes da con-vocaçom antecipada das elei-çons legislativas catalás.

Muito antes da sentença

condenatória, já a revista co-meçara a receber pressons,embora menos enérgicas.Centros de saúde da comarcarecusárom-se a recebê-la e“La Caixa”, umha das entida-des denunciadas, retirou-lhea publicidade. Mas nem o boi-cot nem a condenaçom judi-cial desanimárom os editores.Ao contrário, a revista, queagora se tornou conhecida emtoda a Catalunha, continuacom redobrada força a de-nunciar a corrupçom do siste-ma sanitário catalám e as con-seqüências dos cortes na saú-de pública.

Julgado por denunciar os evasores fiscaisO outro caso aconteceu naGrécia, mas este tivo um fi-nal absolutório, já que o juizdeclarou inocente Kostas Va-xevanis, o jornalista que di-vulgou mais de 2.000 nomesde personagens públicas gre-gas que tinham contas opa-cas na Suíça. Este novo ata-que contra a liberdade de ex-pressom despertou umhaampla campanha de solida-riedade na Grécia e no mun-do inteiro. A historia começana Suíça, quando um empre-gado do banco HSBC, HerveFalciani, rompendo o sacro-santo secreto bancário suíço,saca à luz [entregou a váriosgovernos europeus] os fichei-ros com milhares de contasopacas que cidadaos de todo

o mundo tenhem de maneirafraudulenta na Suíça (entreas quais 649 grandes fortu-nas do estado espanhol). Emnovembro de 2010, a minis-tra francesa dos Negócios Es-trangeiros, Christine Lagar-de (atual diretora do FMI) en-tregou ao seu homólogo gre-go umha lista com 2.059 no-mes de cidadaos gregos queestavam a fraudar a Fazendagrega. Passados dous anos,estes cidadaos nem sequerfôrom investigados nem, me-nos ainda, detidos. A listanom se tornou pública e o go-verno grego dixo que se per-dera. Assim as cousas, Vaxe-vanis, através dumha filtra-çom na sua revista, publicoutodos os nomes. Na lista apa-reciam as grandes fortunasgregas, figuras da vida sociale políticos (alguns no gover-no atual). A opiniom públicagrega ficou indignada. As au-toridades gregas também,mas contra o jornalista. Figê-rom-no deter pola polícia. Foijulgado e afinal inocentado,mas o Ministério Público de-nunciou que Vaxevanis “es-tava a pôr em risco a estabili-dade social do país”. Por seulado, o jornalista declarou nasaída dos julgados que “osgregos sabem que há umhalista de pessoa que enrique-cérom ilicitamente e som in-tocáveis, enquanto o resto dagente está a sofrer os brutaiscortes”.

21mediaNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

O jornalista Costas vaxevanis foi detido por fazer públicas as identidades de 2000 gregos com contas em Suíçamedia

Quando a liberdade de expressomchoca contra o poder económico

a Generalitat multa a revista ‘café amb llet’ Por destaPar corruPçom

notas de rodaPé

joaquin Almunia promovera desde o governodo PSOE a intervençom das Caixas de Afor-

ros. O candidato à sucesson de Felipe Gonzálezqualificava a reforma de “imprescindível”-

Areforma das Caixas era na realidade umataque contra o sistema de crédito das

autonomias. O PP gastava a sua pólvora embombardear o bacharelato em Galego, Euske-ra e Catalám mentres Almunia tratava com opoder financeiro um projeto para deixar semcrédito as nacionalidades, garantir a unidadede mercado e manter o poder central como ei-xo da reforma económica exigida pola UE.

Aderrota de Almunia fronte Josep Borrellcomo candidato a secretaria-geral do

PSOE fora resultado da oposiçom interna aoreacionário Plano das Caixas. Malia receberBorrell o 55% dos votos, renunciava de segui-da por nom contar com o apoio de González edos seus barons. Um alarde democrático quenom interessara apenas à Imprensa.

omesmo Almunia protagonista sem votosda alcaldada contra Borrell entre 1997 e

2000, reaparece como máximo responsáveldas achegas da UE aos Estados. Um cargo co-munitário designado (sem votos) desde o quese apresenta ainda como “adelantado” da re-forma “imprescindibel” das caixas.

em que consiste a renuente reforma? Ascaixas devem ser vendidas ou repartidas

e o seu pessoal “cautivo y desarmado” (10.000despedimentos) prévia reduçom de balançode 60%. Só a Bankia (Caixa Madrid) está ex-pressamente excluída da liquidaçom e tratadacomo um interesse económico estratégico emrazom do seu volume e localizaçom (Madrid).

excluída do sacrifício por Almunia, a Bankia,levará mais de metade dos 42.000 milhons

de euros do resgate da UE com a garantia do Es-tado espanhol. É certo que o volume da dívida ea responsabilidade da gerência da Bankia som ocentro do problema mas por obra de Rajoy e deAlmunia ficam excluídas da soluçom.

para que se entenda bem a moralidade doamanho proposto: o recurso de crédito de

Galiza, as Caixas construídas com o aforroemigrante, pode acabar atado de pés e maosnas caixas de Bankia em nome do célebre in-teresse estratégico “imprescindível”. Sabe-mos o seu nome real: centralismo ao serviçoda formaçom económica espanhola.

procuramos no sistema de informaçompúblico galego em maos privadas, al-

gumha interpretaçom ou comentário sobreestes feitos certos. Vemos só notícia dumhanova tamborrada contra as Caixas. Na medi-da em que a protesta nom é atendida (com osilêncio cúmplice da Junta) a liquidaçom dasCaixas acelera-se.

Sem caixas porimposiçom

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

cultura a chegada de novos materiais e a falta de interesse das administraçonsem manter estas fábricas obrigou os artesaos a abandonar este ofício

o estaleiro é fundamental Para o seu entorno ao materializar o aProveitamento dos seus recursos naturais

A.L. / A relaçom da Galiza com aconstruçom de navios perde-sena noite dos tempos. A mar foipara este Finisterre também um-ha autoestrada que comunicou onosso País com outras naçonsatlánticas e mediterráneas. Pe-tróglifos da Idade do Bronze co-mo o de Água dos Cebros, no Bai-xo Minho, dam constáncia des-ses contactos marítimos. NoAtlántico a construçom de bu-ques foi conservada durante sé-culos com os mesmos elementos:quilha, quadernas e forro. Nospaíses de tradiçom celta, realiza-va-se em primeiro lugar a estru-tura que conformam a quilha e asquadernas para a continuaçompôr o forro ao seu redor. Ate hápoucos anos, os mestres carpin-teiros dos estaleiros que agroma-vam, e que agora estám quase emruínas, na costa galega continua-vam a empregar esses elementosestruturais na mesma ordem.

Quem veja a dia de hoje algumdos estaleiros abandonados si-tuados em diversos lugares danossa costa pensará que estar acontemplar o esqueleto de umhaconstruçom pretérita. Um corpode madeira que já nom produz eque cada vez vai acusando maiso passo do tempo. No recinto tal-vez poida haver algumha gamelaque ficara a meio fazer, dando aimagem de que as pessoas queali trabalharam marcharam acorrer deixando-o todo atrás, co-mo ante a ameaça de um 'tsuna-mi'. Mas essas instalaçons nuncafôrom esqueletos nem as pessoasque ali faziam a sua vida desapa-recêrom na noite dos tempos: achegada de novos materiais e afalta de interesse das administra-çons em manter estas fábricasonde a madeira era a protagonis-ta obrigou os artesáns a abando-narem este ofício.

Os mestres carpinteiros queproliferárom na costa galega du-rante o século XX em mui poucasocasions contavam com umha for-maçom regrada. O ofício de car-pinteiro de ribeira aprendia-se dejovem nos estaleiros, manchando-se de serrim, escuitando os golpesdas maças e com o cheiro a breuarrodeando o ambiente. As técni-cas passavam entre familiares ouentre vizinhos. Em ocasions, osmoços que estavam de aprendizes

numha carpintaria de ribeira aoacabarem este período da sua vi-da passavam a edificar os seuspróprios estaleiros. Às vezes, osaprendizes nom eram apenas osmoços da zona, mas também en-genheiros que se achegavam atéestes prédios ao pé da mar paraconhecer as artes tradicionais daconstruçom naval em madeira.

Os estaleiros nom estám ondeestám por casualidade. O enge-nheiro naval e catedrático Jose Mªde Juan-Garcia Aguado na suaobra Carpintería de ribeira en Ga-

licia (1940-2000) expom que “o es-taleiro situava-se num lugar pro-tegido de ventos, bem comunica-do e com profundidade de águasuficiente para facilitar o lança-mento à água ou botadura dosbarcos com segurança, próximo aumha entorno geográfico que ga-rantisse o fornecimento de maté-rias primas, o que implicava a pro-ximidade de bosques com espé-cies adequadas, e onde existisseumha demanda potencial de cons-truçons nas imediaçons”. O entor-no da carpintaria de ribeira é fun-damental para a labor do estalei-ro, e o estaleiro também é funda-mental para o seu entorno ao ma-terializar o aproveitamento dosseus recursos naturais.

A seleçom da madeira necessá-ria também estava baseada numconjunto de saberes que se fra-guárom no passo do tempo. As-

sim, se o carpinteiro acudia aomonte a recolher madeira deveriater em conta a forma dos troncos,sendo segundo a sua curvaturamais ajeitada para umha funçomou outra, e mesmo a época do anoe as fases da lua para encontrar aépoca em que os vasos das árvo-res contassem com menos jugo e,portanto, fossem menos proclivesao ataque dos fungos.

DecliveNumha palestra com motivo deumhas jornadas sobre patrimó-nio marítimo em Bueu em 2011, ohistoriador Dionísio Pereira, quecolaborara no ano 2006 na elabo-raçom de um relatório sobre a si-tuaçom das carpintarias de ribei-ra, expujo a evoluçom destas ins-talaçons desde os anos 90 e o seuprogressivo declive. Assim, em

1995 estavam em funcionamento71 estaleiros de construçom na-val e haveria umhas 445 pessoasque trabalhavam de jeito direto ede carácter fixo neste setor. Estesdados indicariam que a Galiza erao lugar da Europa onde mais car-pintarias deste tipo havia e ondemais gente trabalhava. “Mas nin-guém lho dixo à sociedade”, sa-lientava Pereira.

Em 2006 já apenas restavam 26carpintarias de ribeira e apenas12 faziam novas construçons,contando-se no setor uns 151 tra-balhadores. Nos anos seguintesacelera-se a competência comprodutos do exterior e inicia-se oatual ocaso económico. É por es-tas datas, segundo indicava Pe-reira, quando também se elimina-vam as ajudas públicas às embar-caçons tradicionais. Na atualida-de, praticamente nom se cons-troem novas embarcaçons e aspoucas carpintarias que sobrevi-vem reduzem a sua atividade atrabalhos de reabilitaçom.

Som múltiplos os motivos queprovocam o declive da carpinta-ria de ribeira e que em boa partevai vencelhada também ao ocasoo da pesca artesanal. Em mea-dos dos anos 80 vam-se introdu-zindo barcas de materiais novos,como fibra de vidro, poliéster ouaceiro, que vam contar comapoio estatal e autonómico. Con-tinuavam a passar os anos e nom

se amossava nengum interessepor parte da Administraçom emmodernizar o setor da constru-çom naval em madeira. A istotambém se poderia somar a fal-ta de umha política florestal ajei-tada para este tipo de atividade,o que provocou um aumento daimportaçom e dos custos.

FuturoMas, contodo, ainda há vozes quesinalam o caminho para umhamodernizaçom deste setor e sa-lientam as múltiplas possibilida-des que a construçom naval emmadeira pode ter por diante. Nosúltimos anos nasceu a Associa-çom Galega de Carpinteiros de Ri-beira (Agalcari) quem está a pu-lar, entre outras iniciativas, anteas administraçons polo reconhe-cimento de umha denominaçomde origem para as embarcaçonstradicionais galegas. Também te-nhem sido apontadas algumhasestratégias de futuro para o setor,como poderia ser a sua renova-çom tecnológica ou a valorizaçomdas qualidades ambientais destetipo de construçom.

De todos modos, o que sim ficapatente é que a cultura marítimaestá quase desaparecida do ima-ginário coletivo galego. A olhadade muitos antropólogos e historia-dores galegos estivo habitualmen-te posta no rural, esquecendo osmilheiros e milheiros de quilóme-tros de litoral em que a vida da po-pulaçom tinha de se desenvolverao pé da, por vezes furiosa, mar.Talvez seja labor da geraçomatual voltar encher de vida os ve-lhos estaleiros, antes de que todosos saberes e todas as tradiçons fi-quem num lugar de que já nom se-ja possível voltar.

Engenheirosachegavam-se aos

estaleiros paraconhecer as artes

a cultura marítimaestá quase

desaparecida doimaginário coletivo

Carpintaria de ribeira: o abandono de saberes milenários

a falta de políticasflorestais ajeitadas

aumentou os custosde produçom

O declive destacarpintaria vai

parelho ao devaloda pesca artesanal

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23Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013 cultura

o disco díscolo é o Primeiro cd aPós vÁrios anos nos cenÁrios

REDAÇOM / Depois “de moitosans de xoldras e xirimías enribados esceairios e, ás veces, em-baixo deles”, contam Os da Riana sua web, chegou o momentode conhecer o Disco Díscolo des-te duo, formado por Arturito Puye Fabián Santomé, Carlos Mei-xide e Tomás Lijó, respetiva-mente, em que encontraremostemas como o dedicado ao “jor-nalista de Lugo”, Fernando Óne-ga, a Conga de Uxío Novoneyra

ou o tema que fai duvidar maisque o de Los Panchos, intituladoManuel María, é tío ou é tía?.

Acompanham a Arturito e Fa-bián, Eneko Toba (Xabier Olite)na guitarra; Roque Permuy (RoiFernández) no baixo; RamónReynolds (Ramón Rúa) na bate-ria; e Suso Pián (Suso Alonso),nos teclados. A banda começoua atuar com vários skectchs pre-parados para as Ultranoites queeram organizadas na Sala Nasacompostelana nos últimos 10anos, e que já há um tempo somdesenvolvidas no Concelho deTeu ou noutras cidades e vilasda Galiza. Com um amplo reper-tório, e após os seus concertos

de despedida, quando ainda aca-bavam de chegar, Os da Riaapresentam o seu primeiro ál-bum financiado através de umsistema que cada dia nos vai so-ando mais: o micro-mecenadoou crownfunding. No passado14 de dezembro foi apresentadoo cd na Ramalhosa, em Teu, e abanda prepara-se já para dar vá-rios concertos polo País. Paraalém disso, na Rede pode ser ou-vido algum dos temas da banda,como o já mui popular Infanta

Elena, que nas últimas semanasarrasou nas Redes Sociais.

REDAÇOM / O desaparecimentoda Fundaçom Illa de San Simónestá dentro dos planos do presi-dente da Junta, Alberto NúñezFeijóo, para eliminar estruturasda administraçom e fazer cortesno gasto público. Após cinco anosde atividade, esta fundaçom cria-da em 2007 polo Bipartido e de-pendente, até há uns dias, daConselharia de Cultura, Educa-çom e Ordenaçom Universitária,desaparece, enquanto a Junta as-sume a gestom do arquipélago“para a sua conservaçom e dina-mizaçom cultural”.

A Fundaçom 'Illa de San Simón'fora pensada para “promover osvalores patrimoniais e dinamizara atividade cultural da ilha”, con-

tando com um orçamento inicialde 750.000 euros, dinheiro comque fôrom organizados, segundoos seus gestores, congressos epropostas de índole cultural, so-cial e investigadora, perseguindoo objectivo inicial de reforçar aideia de ser a “ilha do pensamen-to”. Nesta linha, o que o Biparti-do pensava conseguir era fazeresquecer o passado de Sam Si-mom como cadeia durante a Gue-rra Civil. Porém, agora a Funda-çom desaparece, no mesmo Con-selho da Junta em que se acordarecortar 10 por cento dos altoscargos do Governo e fusionar al-gumhas entidades, como o CIX-TEC (Centro Informático para aGestom Tributária, Económico-

Os da Ria apresentam o seu primeiro Disco Díscolo

a Junta terminacom a Fundaçom“illa de San Simón”

Organizam umha nova mobilizaçom em defesa da línguaREDAÇOM / A plataforma Quere-

mos Galego organiza umha outramanifestaçom, programada parao vindouro 27 de janeiro em Com-postela, com motivo da publica-çom das últimas sentenças do Tri-bunal Superior de Justiça de Ga-liza (TSJG) que invalidam partedo Decreto para o Plurilinguis-mo. A plataforma recolherá assi-naturas para solicitar, mais umhavez, apoios populares para de-mandar a “derrogaçom imediatado texto”, reclamando, ao tempo,umha nova norma que garanta apresença do galego ILG no ensi-

no infantil, “e umha presença mí-nima de 50% a partir desse ciclo,tal e como prevê o Plano Geral deNormalizaçom Linguística”.

A última apariçom do conheci-do como Decreto para o Plurilin-guismo nos meios de comunica-çom empresariais deveu-se à in-validaçom, por parte do TSJG, dedous artigos desta norma. Um de-les, o 5.2, estabelece que a línguamaterna predominante do aluna-do em Ensino Infantil será deter-minada polo centro educativo deacordo com o resultado de umhapergunta que se efetuará aos

pais, maes, ou tutores legais. Osegundo, o 12.3, estabelece que"em todas as áreas, matérias oumódulos" o alunado "poderá em-pregar nas manifestaçons oral eescrita a língua oficial da sua pre-ferência", ainda que se procuraráque "use a língua" em que é mi-nistrada a matéria. Segundo re-colhe o texto da sentença, o TSJGdecidiu "estimar parcialmente" orecurso apresentado pola asso-ciaçom A Mesa pola Normaliza-ción Lingüística contra o decretoe anular os artigos por ser "con-trários a direito".

a música galega terá lugar próprio no Womex 2014REDAÇOM / Tendo em conta quea maior exposiçom de músicasdo Mundo vai ser realizada emCompostela, nom parece estran-ho que o Womex de 2014 contecom espaço para a música gale-ga. O Womex será desenvolvidona capital entre o 22 e o 26 de ou-tubro de 2014, e dará cabida a2.500 pessoas dum cento de paí-ses, tal e como foi apresentada aideia no Culturgal 2012, desen-volvido há um par de semanas

em Ponte Vedra. O encontro estáa ser preparado, entre outras en-tidades, por Nordesía e pola Fun-daçom Cidade da Cultura, queacolherá parte das atividadesprevistas para esses cinco dias,entre elas, concertos, showcases,

apresentaçons e espaços promo-cionais. Segundo a organizaçom,70% do custo para a realizaçomda feira será destinado à contra-taçom de empresas e de profis-sionais da Galiza.

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A. RUA NOVA / Mais um ano, a or-ganizaçom popular permitirá quea seleçom galega de futebol saiado ostracismo. Após a elimina-çom, por parte do governo do PP,do jogo amigável da nossa sele-çom, Siareiras Galegas afronta,por terceiro ano consecutivo, odesafio de que a Galiza continue asair ao terreno de jogo. Mas, longedo insuficiente encontro amigá-vel, SSGG elabora um intensoprograma desportivo, lúdico e rei-vindicativo que tem como eixo pri-mordial a luita polo reconheci-mento e a oficialidade de todas asseleçons desportivas galegas.

Os actos terám como cenário acidade de Ponte Vedra o vindouro29 de dezembro. A programaçomabrira-se às 13h30 na esplanadado recinto feiral, com umha ses-som vermute amenizada polaatuaçom de Cé Orquestra Pantas-ma. Às 15:00hh. fará-se um jan-tar popular, e após a sobremesacomeçarám as atividades despor-

tivas e os jogos populares: bilhar-da e jogo de pau. Às 19h00, dapraça da Ferraria partirá a mani-festaçom nacional que reivindi-cará o direito das nossas seleçonsnacionais a participar em tor-neios internacionais oficiais, eque finalizará no Campo de Fute-bol da Junqueira. A continuaçom,às 20:00hh., realizará-se umhaexibiçom de 50 minutos de fute-bol gaélico, que contará com re-presentantes das equipas galegasda especialidade. Antes do en-contro internacional terá lugar ahomenagem a desportistas gale-gas (20:50hh.).

E às 21:00hh. dará-se a apitadainicial do jogo Galiza-Curdistám.

Mais umha vez, a Galiza jogarácom umha seleçom mista, con-formada por mulheres e homens,e será treinada por Pilar Neira,selecionadora nacional galega.Em frente, o Curdistám, país es-

colhido polas organizadoras por-que “é umha naçom também ne-gada e que sofre diariamente arepressom de quatro estados di-ferentes. Queremos dar voz aopovo curdo e estreitar os laços de

irmandade entre os nossos paí-ses". Às 22:30hh., com o fim doencontro de futebol, será a quen-da da música que fechará a jor-nada reivindicativa com os con-certos, na esplanada do recintofeiral, de Rebeliom do Inframun-do, Arenga, Falperrys, Keltoi eBerri Txarrak. A organizaçomdispom de meios comunitáriosde transporte para assistir à jor-nada, com as seguintes cinco ro-tas: 1) Ferrol - Corunha - PonteVedra. 2)Compostela - Cuntis - AEstrada - Ponte Vedra. 3) Com-postela - Ponte Vedra. 4) Ouren-se - Ponte Vedra. 5) Vigo - PonteVedra. Os cartons já estám à ven-da nos centros sociais do País, eSiareiras Galegas oferece duaspossibilidades: cartom de 5€ pa-ra vê-lo jogo ou cartom de 15€para assistir ao jogo e ao concer-to. Para obter mais informaçomdo evento, pode-se consultar con-sultar o novo sítio web de SSGG:www.siareirasgalegas.org

Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 201324 desPortos

“Queremos dar vozao povo curdo e es-

treitar os laços deamizade”

d desP

orto

sÁlex vidal, camPeom de Para-taekwondo

No seu debute na Ironman, Iván Rañademonstrou em México o seu excelentenível vencendo, parando o crono em 8he 15min após 3´800km nataçom, 180kmde bicicleta e 42´195 de corrida. AntónRuanova revalidou o seu triunfo no IItriatlo internacional dos Açores.

destacadas vitórias dos triatletas GaleGos

Após ser campeom da Europa e obterduas medalhas de prata em mundiais,o ribeirense Alex Vidal proclamou-secampeom do mundo de para-taek-wondo, em Aruba. Agora o seu sonhoé participar nos jogos paralímpicosdo Rio de Janeiro 2016.

o ato central serÁ o joGo entre a Galiza e o curdistÁm em Pontevedra

29-D: dia de luita pola oficialidade das seleçons

Paláns contra as bioinvasons socioculturais de foraXERMÁN VILUBA / Quando XurxoPérez Pintos e Xosé Bouzó Fer-nández escrevêrom o referenciallivro As Bioinvasións na Galiza,

esquecêrom nomear o futebol bri-tánico, Ikea, Coca-Cola e muitosoutras multinacionais com inte-resses no nosso País, como umdos mais perigosos inimigos dafauna natural galega. Mas paracombate-los, existem agentes ga-legos trabalhadores independen-tes como Siareir@s Galeg@s, aLNB ou a Galicola que respondema essas miseráveis multinacionaiscomo elas percebem: com o cute-lo de matar no pescoço e o palám

ensanguentado. Assim ficou clarodepois do sucesso na disputa dobrutal 'Abertinho Noturno da Ma-tança', organizado em Riba d'Eupor Siareiras Galegas e a LNB, nomarco da palestra de apresenta-çom do Galiza-Curdistám, queserá realizado no 29-D, em PonteVedra. “Polo direito a competir ea matar na casa” era a berro uná-mine que saía cada vez que batiaa madeira contra a madeira emRiba d'Eu e que, no dia seguinte,o lamentavelmente feriado na Ga-liza 6 de Dezembro, se repetia naAlameda de Ourense no multitu-dinário 'Aberto contra a Consti-

tuiçom', organizado no marco dasjornadas de festa e luta dos ir-maos de Isca. Mas estas duas nomfôrom nem muito menos as úni-cas açons empreendidas polaLNB como resposta aos atos devexaçom constitucional no nossoPaís, já que o sábado, em Neguei-ra de Munhiz, foi realizado oaguardadíssimo 'Aberto do Escu-moso Bieiteiro' -champange gale-go-, para apoiar de modo ativo odesterro dos cavas estrangeirosnas nossas mesas, nestes temposde Natal e sempre. Mas tampou-co ficou a cousa por aí, porqueaproveitando as jornadas de luta

organizada por Herri Norte eCeltarras em Bilbo, no marco dojogo entre o Atlético e o Celta, foidisputado um novo 'Abertinho deIrmandade Txirikila-Bilharda',justo frente ao Gaztetxe da zonavelha, onde se iniciava a sessomanti-vermuth, antes da saída damanifestaçom pola oficialidadedas seleçons galegas e bascas. Háumhas semanas a Autêntica, co-mo é popularmente conhecida aseleçom galega de bilharda, caiufrente umha renovada e potenteseleçom de Asturies, em Xixón,numha nova ediçom do 'CopoCantábrico de Liriu-Bilharda', a

grande competiçom Ibérica dasnaçons sem estado que já vai po-la sexta ediçom. Umha jornadaque também abre fenda nos Pai-sos Cataláns, onde este Natal seestuda pôr em andamento emBarcelona um grande Aberto Bé-lit-Bilharda de irmandade entre oCaga Tió e o Apalpador. Vaias on-de fores ou estejas onde estive-res, leva sempre contigo o teuPack-LNB básico para combatero colonialismo e as bioinvasonssócio-culturais que vexam a tuacondiçom de indígena galaico...Bilharda e Abertinhos Sempre.Adiante com o varal!

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

entrevista a tania mesejo nores, monitora de vela

“Quem aprende a navegar à vela, aprende a trabalhar em equipa e a conhecer o meio”

denunciam investimento PÚblico na coPa asobal

A assembleia Comarcal de Nós-UP de Vigo denuncia oesbanjamento, por parte da cámara municipal, de maisde 50.000 euros para o financiamento da Copa Asobal deandebol, que será realizada os dias 21 e 22 de dezembro.O gasto nesta competiçom de ámbito estatal contrasta,para esta formaçom política, com o crescente empobre-cimento da populaçom viguesa provocado pola crise.

verónica boquete triunfa na liGa sueca

A jogadora galega proclamou-se, com a equipa do Tyre-sö, campeoa da liga sueca de futebol, num emocionan-te último jogo contra o segundo classificado. Aliás, Bo-quete foi eligida melhor centrocampista da competi-çom. Após o seu passo polas ligas espanhola, estaduni-dense e russa, Boquete reafirmou na melhor liga domundo a sua condiçom de estrela internacional.

Tania, como apresentarias a velapara o público do Novas da Gz,levando em conta a grande quan-tidade de esterótipos que, comtanta frequência, som associadosa este desporto?Os preconceitos que apresentam avela como um desporto elitista oucaro tenhem algumha base, já queas embarcaçons, por um lado, e astarifas das escolas de vela, polo ou-tro, nom podem ser assumidas porqualquer economia. Contodo, háumha oferta bastante ampla de es-colas e acampamentos para que ascrianças podam aprender a nave-gar, muitas delas subsidiadas oucom preços razoáveis. Se tivermosisto em conta, o acesso à vela nomé tam restringido como muitas ve-zes pensamos.

Que valores da vela destacarias ecomo os relacionarias com a for-maçom desportiva de base?O valor que eu destacaria comoprincipal é o trabalho em equipa. Éum aspeto imprescindível para na-vegar em embarcaçons coletivas,onde umhas pessoas dependem deoutras e onde, ademais, cada umhadeve fazer valer as suas melhoresqualidades, que som combinadascom as do resto. Quando já se con-ta com umha formaçom básica, anavegaçom em barcos individuaisexige sobretodo coordenaçom eavançar na tua própria autonomiacomo desportista, dado que tododepende unicamente de ti. Outrovalor importantíssimo é conhecer eaprender a desenvolver-te no meioambiente. Ao ser umha atividadeao ar livre, os benefícios som maisdos que se pensam. Podo pôr o ca-so da minha irmá, que curou da as-ma graças à prática da vela.

A este respeito, muita gente falada imensa potencialidade das riasgalegas para os desportos náuti-cos. Contodo, observamos comfrequência que essa percepçomvai acompanhada de infraestru-turas agressivas para o meio.

É assim, com certeza. Este tipo deinfraestruturas, como os portosdesportivos de dimensons despro-porcionadas, afetam de forma muiimportante às praias e às marés,por exemplo. No mundo da velaque eu conheço, os das pessoas quenom tenhem nengum interesse pa-ra além do desportivo ou o do lúdi-co, o rejeitamento a este tipo deprojetos é total. Ao estarmos emcontato permanente com o meiosentimo-nos também na obriga deprotegê-lo.

Desde a tua experiência pessoal,que valorizaçom fas do estado davela na Galiza quanto a infraes-truturas, equipamentos e trabal-ho com a base?Em geral, poderia-se dizer que pra-ticamente em todas as rias galegashá algum clube ou escola paraaprender a navegar. Os maioresproblemas vejo-os na temporadade inverno, que é quando se notamas diferenças entre os clubes po-tentes (por história e prestígio, po-los seus êxitos em competiçonsetc.) e aqueles mais humildes. Osclubes grandes acabam por acol-her a maioria do alunado, ao con-tar com melhores instalaçons (cmo

duches ou boas rampas de acessoao mar) para enfrentar a dureza doclima, apesar de que as suas tarifassom mais altas.

A vela projeta umha imagem pú-blica de certa igualdade entre ho-mens e mulheres, quanto a nú-mero de praticantes e quanto areconhecimento dos seus méri-tos. Tu, como mulher, pensas queé certamente assim?Em boa medida concordo comessa visom. Ocorre que a vela éum desporto em que a parte físi-ca é muito importante, mas nomé menos importante a inteligên-cia ou a capacidade táctica. O quesim tenho detetado é que à horade introduzir-se no mundo dasprovas oficias, e conforme vammedrando, os rapazes som maio-ria frente às raparigas. Pareceque eles estám mais interessa-dos do que elas por competir econseguir resultados.

Entre os meses de janeiro e mar-ço deste ano 2012 cruzaste o Oce-ano Atlántico em barco. Que nospodes contar desta experiência?Partilhei esta viagem com outrasduas pessoas, às quais nom conhe-cia previamente, num barco de 11metros. Ainda que poida parecerestranho, trata-se dumha práticabastante frequente no mundo davela, o facto de que várias pessoasdesconhecidas se reúnam para fa-zerem umha determinada rota quelhes interessa polos motivos queforem. No meu caso, saímos de Ba-dalona (Catalunya) no 21 de janei-ro, para chegar a St. Martin, portocaribenho nas Antilhas, no 5 demarço. Nos primeiros dias pará-mos nalguns portos espanhóis, pa-ra fazermos diferentes reparaçonse provisom de víveres. O tramopropriamente oceánico, entre LasPalmas (Espanha) e St. Martin, le-vou-nos vinte e dous dias. A efeitosde navegaçom, esta viagem foimuito interessante, tendo em contaque era a minha primeira experiên-cia deste tipo. Contávamos com aajuda de umha pessoa desde terraque nos ia avisando de possíveisproblemas climatológicos, cousaque ajudou a que nom nos vísse-

mos expostas a perigo de nengum-ha classe. Como vivência pessoal, aexperiência foi mais dura e contra-ditória, ainda que também valiosapara conhecer-me melhor a mimprópria e aprender a atuar em si-tuaçons limite.

Tés algum outro projeto similarem mente para o futuro?Pois a verdade é que nom o descar-to. Sim que tenho claro que, por en-quanto, nom me vejo preparada pa-ra enfrentá-lo eu sozinha e que,ademais, gostaria de fazê-lo comgente conhecida. Encantaria-me,por exemplo, navegar entre algumponto da Galiza e os Açores, que éumha rota da que me tenhem dadomui boas referências.

Na vela convergem aspetos comoa formaçom pessoal e o conheci-mento do meio, a competiçom oua aventura. Tu qual salientariaspor cima do resto?O aspeto da competiçom nom meinteressa nada. Eu penso que oprincipal neste desporto é desfru-tar, e potenciar os valores dos quefalávamos antes, como o trabalhoem equipa ou o contacto diretocom o meio. A maiores, penso quedeveriam ser mais valorizados ou-tros aspetos como o uso dos barcosde vela como transporte ou, inclu-sive, o conhecimento e a recupera-çom de embarcaçons tradicionaise as suas formas de navegaçom.Neste último sentido, é mui desta-cável o trabalho de numerosos co-letivos que, por toda a Galiza, nospermitem conhecer um tempo emque navegar estava mais vinculadocom a artesania e a sabedoria, emenos com a tecnologia, ao con-trário que na atualidade.

ISAAC LOURIDO / Tania Mesejo Nores (Ponte Vedra, 1983) leva vários anos trabalhando como monitora de vela em escolas e acampamentos para crianças, sobreto-do na zona das Rias Baixas. Como em muitos outros casos no desporto de base galego, deve compaginar esta atividade com a de docente de aulas particularese outro tipo de trabalhos em precário, sobretodo no inverno. Nesta entrevista redescobre-nos o seu desporto, longe dos preconceitos mais comuns, e fala-nos,entre outras cousas, da viagem que a levou a cruzar o Oceano Atlántico a começos deste ano.

O valor mais destacado da vela é o

trabalho em equipa

antes a vela estavamais relacionada com a artesania

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

temPos livres

UXIA ALONSO / Viver em contatocom a natureza era bem comumpara quem foi menino há 50 anosna Galiza. Para além de assisti-rem à escola, as que podiam, asmeninas tinham que colaborarnos trabalhos da casa, e no tempoque restava faziam-se as brinca-deiras com irmãos, primos e vi-zinhos... ia-se às nozelhas e fa-ziam-se gaitas com palhas deaveia quando se levavam as va-cas, bonecas com maçarocas demilho, tutelos com os paus de sa-bugueiro e a munição com as se-mentes da abrótega, etc.

Hoje a nossa realidade mudou,grande parte das crianças gale-gas moram nas cidades, e aquelesque são do rural vivem de costasviradas, mergulhados nas progra-mações infantis das TV´s, ativida-des extraescolares e videogames.

Mas a pesar da radical mudan-ça da nossa paisagem rural e ur-bana nas últimas décadas, ondeos espaços para a convivência e odesfrute da natureza se reduzi-ram muito, ainda temos relativa-mente acessíveis ecossistemasúnicos e espaços naturais ótimospara contactarmos com os demaisseres vivos do nosso planeta.

Para uma criança, crescer man-tendo uma ligação frequente epróxima com o monte, a terra eos rios significa reconhecer omeio natural como um espaçonão hostil: as pedras, folhas epaus tornarão-se brinquedos, to-

dos eles diferentes e interessan-tes... ou converterão-se em perso-nagens das suas fantasiosas his-tórias... e se nenhum adulto inter-vier emitindo juízo negativo, tam-bém os pequenos seres que ato-par serão grandes descobertas: asminhocas, as lesmas, os besou-ros, as joaninhas, as aranhas etc...estes momentos únicos de brin-cadeira e experiência infantil irãoacontecer sem ser necessária a in-tervenção do adulto, sendo só pre-cisos o acompanhamento e a ob-servação conjunta.

Durante o processo de relacio-namento das crianças com omeio natural também podemosachegar a nossa experiência naidentificação das plantas e ani-mais, das pedras, no reconheci-mento das plantas tóxicas e co-mestíveis e nos usos tradicionaise modernos que as ajudará a semexerem melhor no ambiente evirá a acrescentar o seu interes-se pelo espaço a explorar. Nestecaminho à descoberta surgirãode forma quase espontânea a ne-cessidade de experimentar como meio através da recolha de fru-

tos comestíveis e a elaboração derefeições e chás, a recolhida debarro para fazer bonecos, a cria-ção de represas com água dachuva, a escalada de ladeiras eárvores, a imersão nas florestasde fentos, tudo com uma grandedose prática e experimental ecom um resultado de aprendiza-gem que um bom livro ou umaboa história poderão comple-mentar, mas nunca suprirão.

Quando as nossas crianças co-meçam a sentir interesse porcompreender os mecanismos doplaneta que habitam, a naturezatambém nos serve de base para omelhor entendimento da dialética

histórica e social, por quanto asevoluções sociais e históricas de-pendem dos recursos naturais.Antigamente as pessoas moráva-mos em comunidades onde setrabalhava a terra para obter ali-mentos e elaborar as vestimen-tas, extraia-se a madeira das ár-vores e as pedras dos rochedospara construir as vivendas, utili-zavam-se as plantas como remé-dios para curar as doenças etc. Aligação entre os seres humanos ea mãe terra era um facto tangível,não sendo precisa a explicaçãodesse relacionamento intrínsecoentre a nossa espécie e o resto deseres vivos e inertes com que coa-

bitamos o planeta. Mas na atuali-dade, devido aos diferentes siste-mas políticos, económicos e so-ciais que se sucederam, baseadosna supremacia dos humanosfrente ao resto dos seres, vivemosem absoluta desconexão e des-respeito com a natureza. É im-prescindível para quem pretendeum mundo melhor, transmitir aideia de que a nossa espécie exis-te graças aos milhares de serescom que convivemos, e aos quedevemos o nosso respeito. Destamaneira as nossas crianças sabe-rão que o planeta merece delastodos os cuidados que ele sempreofereceu para nós.

RAUL RIOS / Longe ficárom ostempos em que a escola da aldeiaconcentrava as crianças de todasas idades. Ali, o mestre ensinavatanto números como letras a to-das juntas, depois de que os cati-vos trocassem os socos polos sa-patos após longos caminhos pa-ra chegarem das suas moradas.O fecho de 132 unidades escola-res públicas ordenado pola Jun-ta neste ano, quase todas no ru-ral, devolve-nos a este passadotam presente. Observamos comorapazes de diferentes idades par-tilham mesa e liçons ou vam atéo colégio da vila após verem fe-chadas as cancelas da velha es-colinha da aldeia.

Somos acó é o documentáriode urgência produzido por Fil-mika Galaica para dar voz às fa-mílias do rural, dirigido e produ-

zido por Seném Outeiro e RoiCarballido. Gravado na montan-ha luguesa e em Compostela du-rante este verao, esta peça de

meia hora achega ao público dejeito singelo a problemática dodesmantelamento do ensino pú-blico no campo galego com um-ha focagem que nunca vai seroferecida pola TVG.

Sem adornos formais, o docu-mentário está composto apenaspolas declaraçons de maes emestres dos diferentes concel-

hos do rural afetados, com al-gum plano geral da montanha lu-guesa e da manifestaçom que o11 de setembro levou a indigna-çom perante as portas de SamCaetano. Através das agressonsconcretas, os entrevistados vamconstruindo um relato que trans-cende a problemática do fechode escolas para chegar ao cerneda questom: o desmantelamentodo meio rural.

Ante a tragédia orquestrada,Somos acó deixa-nos enxergarum futuro otimista: o de umhasociedade civil que responde pe-rante os ataques e se auto-orga-niza para combatê-los, decidin-do o seu próprio porvir..

entrelinhas ‘somos acó’, de seném outeiro e roi carballido

a criança natural

a peça mostra odesmantelamentodo ensino público

no rural galego

grande parte das crianças

galegas moram nas cidades

Educar no respeito à natureza

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2012 a 15 de janeiro de 2013

que fazer

15.12.2012 / MANIFESTAÇOM‘ERGUER NA RUA O PODERPOPULAR’ / 19:00 na PrazaRoxa. COMPOSTELAConvoca Adiante MocidadeRevolucionaria Galega.

15 e 16.12.2012 / I JORNA-DAS ARREDORA DA MÚSICATRADICIONAL / 10:30 noCentro Lug2 (Rua Pintor Co-rredoira, 4). LUGOOrganiza Associaçom de Gai-teiros Galegos. O programa es-tá em http://www.gaiteirosgale-gos.com.

17.12.2012 / OBRADOIRO DEINGLÊS / 19:00 no C.S.O.A.Palavea (Rua Rio Quintas,29). CORUNHATodas as segundas-feiras.

17.12.2012 / CURSO DE PAN-DEIRETA (APERFEIÇOA-MENTO) / 19:30 no C.S. Má-dia Leva (Rua Serra de Anca-res, 18). LUGOTodas as segundas feiras.

18.12.2012 / PROJEÇOM DEAFIRMA PEREIRA, DE RO-BERTO FAENZA / 19:00 noCentro Torrente Ballester(Rua Concepción Arenal,s/n). FERROLNo ciclo de cinema 'Política esociedade' do Ateneo Ferrolán.

18.12.2012 / MERCADO ‘EN-TRE LUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras.

18.12.2012 / CURSO DE GAI-TA / 20:00 no C.S. Mádia Le-va (Rua Serra de Ancares,18). LUGOTodas as terças feiras.

18.12.2012 / CURSO DE EDI-ÇOM DIGITAL E FOTOGRA-FIA / 20:30 no C.S. GomesGaioso (Rua Marconi, 9 -Monte Alto). CORUNHATodas as terças-feiras.

19.12.2012 / AULAS DE GUI-TARRA / 17:00 / AULAS DEPANDEIRETA / 19:30 no C.S.A Revolta (Rua Real, 12). VI-GOTodas as quartas-feiras.

19.12.2012 / PROJEÇOM DEUM FILME SURPRESA /18:00, 20:30 e 23:00 no Cine-box do Centro C. Pontevella(Avenida da Ribeira Sacra,50). OURENSEOrganiza o Cineclube PadreFeijóo.

19.12.2012 / CURSO DE ÉUS-CARO (INICIAÇOM) / 20:30no C.S. Gomes Gaioso (RuaMarconi, 9 - Monte Alto). CO-RUNHATodas as quartas-feiras.

19.12.2012 / CICLO DE CINE-MA DE CHANTAL AKERMAN

/ 21:00 no Liceo Mutante(Rua Rosalia de Castro, 100).PONTE VEDRATodas as quartas-feiras de de-zembro.

19.12.2012 / PROJEÇOM DEDEMOLIÇOM, DE J. P. SNIA-DECKI / 21:30 no C.S. O Pi-chel (Rua Santa Clara, 21).COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

19, 20 e 21.12.2012 / MOSTRADE CURTAS METRAGENS /19:00 no Centro Torrente Ba-llester (Rua Concepción Are-nal, s/n). FERROLCom a legenda ‘O conto denunca acabar’. Mais informa-

çom e programa completo emateneo-ferrolan.blogspot.com.

20.12.2012 / JANTADOR IM-POPULAR / 13:30 noC.S.O.A. Palavela (Rua RioQuintas, 29). CORUNHATodas as quintas-feiras.

20.12.2012 / CURSO DE PAN-DEIRETA / 18:00 / CURSO DEINGLÊS / 20:30 no C.S. Go-mes Gaioso (Rua Marconi, 9- Monte Alto). CORUNHATodas as quintas-feiras.

20.12.2012 / OBRADOIRO DEGUITARRA / 20:00 noC.S.O.A. Palavea (Rua RioQuintas, 29). CORUNHATodas as quintas-feiras.

20.12.2012 / CURSO DE PAN-DEIRETA (INICIAÇOM) / 20:45no C.S. Mádia Leva (Rua Serrade Ancares, 18). LUGOTodas as quintas-feiras.

21.12.2012 / AULAS DE DAN-ÇA TRADICIONAL / 19:30 noC.S. A Revolta (Rua Real, 12).VIGOTodas as sextas-feiras.

21.12.2012 / CURSO DE ÉUS-CARO (AVANÇADO) / 20:30no C.S. Gomes Gaioso (RuaMarconi, 9 - Monte Alto). CO-RUNHATodas as sextas-feiras.

21 e 22.12.2012 / GRAPAGRAPA. FEIRA DE AUTOEDI-

ÇOM / No Liceo Mutante(Rua Rosalia de Castro, 100).PONTE VEDRACola, grampa, desenha e parti-cipa na feira.

22.12.2012 / JANTADOR VE-GANO / 14:30 / FOLIADA PO-PULAR / 16:00 / ATELIER DEARTES / 17:00 no C.S.O.A.Palavela (Rua Rio Quintas,29). CORUNHATodos os sábados.

22.12.2012 / TERRA CULTU-RAL / 20:00 no C.C. Os Cas-tro de Pereiras. MOSFeche do mês cultural da asso-ciaçom com projeçons, petis-cos, entrega de presentes esorteios.

28.12.2012 / CONCENTRA-ÇONS POLA LIBERDADEDOS PRESOS E PRESAS IN-DEPENDENTISTAS / 20:00.LUGO, OURENSE, VIGO ECOMPOSTELATodas as últimas sextas-feirasde mês. Convoca Ceivar. Maisinformaçom em http://www.cei-var.org/.

30.12.2012 / ESTALOTADA /22:00 no C.S. O Pichel (RuaSanta Clara, 21). COMPOS-TELAFoliada com o grupo Os Estalo-tes.

01.01.2013 / FESTA DE PAS-SAGEM DE ANO / 01:00 naFundaçom Artábria (Traves-sa de Batalhons, 7 - Esteiro).FERROLFesta dedicada às tribos urba-nas. Haverá disfarces e révei-llon.

03.01.2013 / MASA CRÍTICA /20:00 na Praça de Maria Pita.CORUNHAEvento ciclista aberto e nomcompetitivo para reivindicar amobilidade de bicicleta. Nasprimeiras sextas-feiras de mês.

09.01.2013 / PROJEÇOM DENOM EXISTEM, DE MUSTAFAABU ALI, E OS PALESTINIA-NOS, DE JOHAN VAN DERKEUKEN / 21:30 no C.S. OPichel (Rua Santa Clara, 21).COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

12.01.2013 / II CERTAME PO-ETRYSLAMVIGO / 21:00 noC.S. A Cova dos Ratos (RuaRomil, 3). VIGOInclui concurso de videopoemae videorrelato. Mais informa-çom [email protected].

a galiza vai competir com o Curdistám parareclamarem a oficialidade das suas seleçonsum jogo amigável de natal orga-nizado por Siareir@s galeg@s vaivoltar a servir para reclamar a ofi-cialidade das seleçons desportivasgalegas, e, neste ano, também dasdo Curdistám.a jornada desportiva, que será re-alizada no sábado, 29 de dezem-bro, em Ponte vedra, vai começarao meio dia na esplanada do Re-

cinto Feiral com umha sessom ver-mute com Cé Orquestra Pantas-ma e um jantar popular. Desde as16:30 haverá jogos populares (en-tre eles, bilharda e jogo do pau).Às 19:00 está convocada na Pra-ça da Ferraria a manifestaçom emprol das selecçons nacionais. Fi-naliza no campo de futebol da Jun-queira, onde desde as 20:00 ha-

verá umha exibiçom de futebolgaélico, umha homenagem às des-portistas galegas, e, finalmente,às 21:00, o galiza - Curdistám.ao finalizar o jogo haverá um con-certo, desde as 23:30, na espla-nada do Recinto Feiral. nele vamatuar os grupos arenga, Rebeliomdo inframundo, Falperrys, Keltoi eBerri Txarrak.

no natal, chega o apalpadora escola Semente de Compostelaorganiza um acampamento urba-no para crianças de 2 a 8 anoscom atividades sobre a figura doapalpador. Será nos dias 24, 26,27, 28 e 31 de dezembro e 2, 3,4 e 7 de janeiro na sede da escola(Rua Salvadas, 47).

O C.S. Mádia leva organiza umpassa-ruas para receber ao carvo-eiro do Courel o dia 21 de dezem-bro. Sairám às 18:30 do centrosocial (Rua Serra de ancares, 18).E muita atençom, certeza que nospróximos dias o apalpador avisa-rá de outras visitas!

a irmandade Moncho valcarceorganiza umha exposiçom quepode ser visitada na Casa doConcelho de Carnota até o dia30 de dezembro e que leva portítulo ‘Moncho valcarce: umhavida de compromisso’. Som 25painéis que aproveitam a vidado cura das Encrobas para re-tratar os movimentos sociais epolíticos do fim do franquismoe começos da transiçom. Pode-se ver de segunda a sexta-feiraentre as 8:00 e as 14:00 hh.

Monchovalcarce emCarnota

exPosiçom

no 29 de dezembro

acamPamento urbano e Passa-ruas

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

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Novas da Gali a apartado 39 (15701) COMPOSTEla Tel. 692 060 607 [email protected]

a(omni)presente crise eco-nómica e social aindanom deu para afastar do

imaginário coletivo certos tópi-cos e marcas de prestígio taiscomo podem ser as representa-das pola mobilidade humanaextrema. Bem ao contrário, nummomento de depauperaçomhistórica dum povo já afeito adespedir as suas filhas, e semesquecermos a eficaz propagan-da de estado e de mercado queajuda a nos empurrar para fora,a aura mágica da gente viajada

brilha com umha intensidadefora do comum. ao que parece,a sapiência de umha pessoa e ovalor do que esta experimentousom quantificáveis em quilóme-tros percorridos ou em litros dehidrocarboneto gastos. as pes-soas trabalham para pouparempara viagens: viagens de estu-dos, travessias pola américa doSul, luas de mel... O facto deestudar ou trabalhar no estran-geiro parece sinónimo de ter al-go interessante para contar, deter vivido. O chique, o cosmopo-lita e o culto som -e mais com aque está a cair- o envoltório per-feito para o que nom deixa deser a emigraçom de toda a vida.apesar das imagens de opulên-cia de um Españoles por el

Mundo, do cool que podam re-sultar londres ou Barna e dossotaques forçados de quem vol-ta nas férias para nos lembrar oaldeanas que somos, poucacousa mudou a respeito da tris-temente célebre fotografia deManuel Ferrol. a hemorragiahumana do país, se cessou nal-gum momento, volta agora emtoda a sua crueza. nada tem demau sair da casa algumha vez.Ora bem: o deslocamento for-çoso é outra cousa, e a propa-ganda do êxodo é massiva edesapiedada. haverá quemprocure fora aventuras que en-cham a sua vida de sentido econteúdo. haverá quem voltecomo o salmom, feito um nona-genário hadriám Solóvio paracalmar às pressas as saudadesda vida à que renunciou no pa-ís. haverá quem morra fora ehaverá quem retorne numhamala, sabendo da sua terra deacolhida pouco mais do que seaprende aqui mesmo com umlivro e um par de filmes. Mer-gulhadas como estamos nestaconjuntura, cumpre deixarmosclaro que a aventura está aqui eque o cenário é perfeito.

ana vilarelho

a viaGem da tua vida?

Qual é o balanço destes 25 anosde trabalho em defesa da ria dePonte Vedra?É um balanço positivo. Em 1987éramos umha minoria quem pen-sávamos que havia que tirar daria o complexo Ence-Elnosa eacho que agora a maioria pensaque nom deve estar aí esse pro-jecto. Mesmo nengumha força po-lítica se atreveria agora a apre-sentar-se a umhas eleiçons dizen-do que estám por manter Ence-Elnosa no atual emprazamento.Eu acho que essa é a vitória fun-damental do movimento ecologis-ta. Nom fôrom vitórias exclusiva-mente nossas mas incidimos emque algumhas cousas fossem mo-dificadas, como que já nom estejaTafisa no rio Lérez ou que se ten-ham separado as águas fecais daspluviais no Concelho de Ponte Ve-dra. Depois estám as vitórias quea gente vê mais palpáveis, comofoi ter sentado no banquinho dosacusados a Ence-Elnosa e tam-bém a nossa participaçom orga-nizando o voluntariado durante aépoca do Prestige.

Em que momento se encontra aluita contra ENCE? Vê-se maisperto o seu final?Agora deveria estar num bommomento, mas as expectativasque há som mais bem más. ParaElnosa a autorizaçom ambientalintegrada finaliza definitivamen-te em 2014. Ence tem até o 2015,ainda que lhe poderia ser renova-da, mas para nós há umha limita-çom que é que a autorizaçom am-

biental integrada a Ence foi con-cedida e renovada em base a umdecreto da Junta em 2003, que erao acordo de supramunicipalida-de. Aplicando esse acordo, o quequeriam, e conseguírom, era elu-dir a açom do concelho sobre aautorizaçom ambiental integra-da. Fomos pola via judicial, che-gamos até o Supremo, ganhamose há um falho do Tribunal Supre-mo que di que o acordo é nulo eque todas aquelas decisons quese tivessem tomado em base a es-te acordo ficam nulas em todos osseus efeitos. Mas a Junta di quenom é assim. Por outra parte, o2018 é o ano em que finaliza aconcessom, tanto para Ence co-mo para Elnosa pola Lei de Cos-tas. O que se passa é que há umprojeto do governo central de mo-dificar a legislaçom de maneiraque se poderia dar às empresasafetadas pola lei de costas umhaprorroga de 75 anos. A Ence po-deria-se-lhe dar umha prorrogade 75 anos. Acho que isso sim queseria umha maçada para o movi-mento social que luita contra apresença de Ence-Elnosa, mastambém contra o desenvolvimen-to económico desta comarca.

Em que mais tipos de proble-máticas meio-ambientais tra-balhais?A recuperaçom dos bancos ma-risqueiros, por exemplo. Umhaparte da contaminaçom procedede Ence-Elnosa, mas também háoutra parte que continua a proce-der de verteduras urbanas que

chegam sem depurar à ria. Preo-cupa-nos em geral a limpeza detodos os rios que venhem dar ària, preocupa-nos a situaçom domonte, pensamos que a repovoa-çom florestal nom responde paranada ao que deveria ser se qui-géssemos que o monte fosse um-ha fonte de benefício económicoe meio-ambiental. Também como tema dos recheios do Porto deMarim, pois estas intervençonsincidem na qualidade das águas ena qualidade e supervivência dosbancos marisqueiros. Preocupa-nos todo o que tem a ver com a ra-diaçom eletromagnética, queabrange das antenas de telefoniamóvel até o emprego de wi-fi nasescolas, onde defendemos que sefagam instalaçons por cabo.

Como foi o vosso trabalho du-rante as jornadas que seguíromao afundimento do 'Prestige'?Quando foi todo o do 'Prestige' averdade é que tivemos dúvidas,como imagino que puido aconte-cer a muita outra gente. Tínha-mos dúvidas sobre se tínhanosque trabalhar para impedir quechegasse o chapapote à costa ouse o único que tínhamos que fa-zer era denunciar o tema. Achoque os primeiros que saírom acontestar do movimento ecologis-ta fôrom os de ADEGA e, aos pou-cos dias, nós. Vimos que o temanom podia ser deixado nas maosda adminitraçom, porque a admi-nistraçom estava a passar ampla-mente e realmente eram os ma-rinheiros quem estavam a levar a

responsabilidade de todo isso.Nós demos um passo à frente e oque figemos foi limpar as praias edepois organizar voluntariado,em princípio trabalhamos comoassociaçom, com os nossos pró-prios meios, depois todo isto foicanalizado através da CâmaraMunicipal de Ponte Vedra. Paramim foi umha época mui interes-sante, porque fomos capazes defazer cousas que nunca tínhamospensado poder fazer. Depois pas-samos a formar parte da Platafor-ma Nunca Mais, e eu acho que emPonte Vedra também fomos um-ha peça fundamental. No ano2003 dérom-nos o prémio Cidadede Ponte Vedra pola nossa ativi-dade no ano 2002, que foi o anodo 'Prestige' e que coincidiu tam-bém com a condena a Ence.

Qual pensas que seria a situa-çom ideal para considerardesque os vossos objetivos fôromcumpridos?Os objetivos nunca vam estarcumpridos. Umha cousa é quepoidamos cumprir determinadascousas, como pode ser que Ence-Elnosa saia da ria, mas acho queno campo meio-ambiental semprevai haver cousas que fazer. Nomvejo um futuro sem um movimen-to ecologista que esteja como mí-nimo controlando as administra-çons. E quando nom sejam umhascousas serám outras. As empresasvam estar trabalhando sempre pa-ra o seu máximo benefício e issosempre vai entrar em competên-cia com o meio-ambiente.

“Em 1987 éramos umha minoria os quepensávamos que havia que tirar Ence-Elnosa”A.L. / Em dezembro de 1987 nascia em Ponte Vedra a Associa-çom pola Defesa da Ria (APDR) de Ponte Vedra. Nestes 25 anosde história, a luita principal da APDR girou ao redor do comple-xo industrial Ence-Elnosa, mas a APDR está atenta a todas asagressons meio-ambientais que podem atacar o entorno da ria

de Pontevedra. Um dos momentos mais importantes da sua tra-jetória foi durante a crise ecológica derivada do afundimentodo 'Prestige'. Nessa época, a APDR estivo junto com as pes-soas que saírom limpar as águas do litoral galego, enquanto aAdministraçom estava completamente desaparecida.

antón masa, Presidente da associaçom Pola defesa da ria de Ponte vedra