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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro XXII Seminário PIBIC 22, 23 e 24 de julho de 2014 Local: Auditório Graziela Maciel Barroso Escola Nacional de Botânica Tropical Rua Pacheco Leão, 2040 Horto Florestal

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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

XXII Seminário PIBIC

22, 23 e 24 de julho de 2014

Local: Auditório Graziela Maciel Barroso Escola Nacional de Botânica Tropical Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal

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Instituto de Pesquisas

Jardim Botânico do Rio de Janeiro

XXII Seminário PIBIC

22, 23 e 24 de julho de 2014

Programa e Resumos

Local: Auditório Graziela Maciel Barroso

Escola Nacional de Botânica Tropical

Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal

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Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Presidente – Samyra Crespo

Diretor de Pesquisa Científica – Rogério Gribel Soares Neto

Diretor da ENBT – Neusa Tamaio

Diretor de Ambiente e Tecnologia – Claudison Rodrigues de Vasconcelos

Diretor de Gestão – João Rezende Elisiário Lima de Rezende (Diretor interino)

Museu do Meio Ambiente – Henrique Gomes de Paiva Lins de Barros

Comitê Institucional PIBIC

Claudia Franca Barros

Leandro Freitas

Leonardo Tavares

Vidal de Freitas Mansano

Secretária: Leila A. Fonseca

Comitê Externo PIBIC

Paulo Cesar de Paiva, Departamento de Zoologia - UFRJ

Vinicius Castro Souza - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de

Ciências Biológicas - USP

Apoio

Fundação Flora de Apoio à Botânica

10/07/2014

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PROGRAMAÇÃO

Dia 22/07/2014

13:30h - ABERTURA

13:45h – PALESTRA DE ABERTURA

“Reprogramando a carreira científica: sonhos e desatinos de um cientista carioca

interessado em células-tronco” - Stevens Rehen - Professor Titular - Instituto de

Ciências Biomédicas - UFRJ

INTERVALO

15:15h - 17:00h - APRESENTAÇÕES ORAIS

15:15h – Adrian Hagemeye Leonardo-Pereira

A INFLUÊNCIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO PROCESSO DE

REGENERAÇÃO NATURAL EM PLANTIOS DE RESTAURAÇÃO

15:30h – Alessandra Ribeiro Pinto

COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM

MATA ATLÂNTICA MONTANA

15:45h – Bruno Damasceno Cordeiro

CRESCIMENTO INICIAL DE TRÊS ESPÉCIES DA FORMAÇÃO ARBUSTIVA

ABERTA DA RESTINGA EM RESPOSTA A FERTILIZAÇÃO DO SOLO

16:00h – Caio Baez Gomes

FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:

PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS (PETP)

16:15h – Camila Pereira da Silva

MORFO-FISIOLOGIA DAS RAIZES AÉREAS DA ARÁCEA LIANESCENTE

RHODOSPATHA OBLONGATA POEPPIG

16:30h – Felipe Juliani de S. Christo

LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE BRIÓFITAS NA ÁREA URBANA DO

CENTRO DA CIDADE DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO, BRASIL

16:45h – Íris Lourenco de Menezes

APRIMORAMENTO DO CULTIVO IN VITRO DE CANISTROCARPUS

CERVICORNIS

17:00h - 17:30h – ANÁLISE DOS RELATÓRIOS PELO COMITÊ EXTERNO - CNPq

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Dia 23/07/2014

9:15h - 9:45h - APRESENTAÇÕES ORAIS

9:15h – Isabel Ramalho Ortigão de Leoni

ANÁLISE DO SISTEMA DE COLETA E PRODUÇÃO DE MUDAS EM VIVEIROS

FLORESTAIS DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO JOÃO –

RJ

9:30h – Jonas de Azevedo

IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA DAS ALGAS CALCÁRIAS INCRUSTANTES

DO MONUMENTO NATURAL DAS ILHAS CAGARRAS

9:45h – PALESTRA

“Em busca da conexão entre o cultivo e a conservação de algas marinhas” - Beatriz

Castelar – Oceanógrafa -Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro

(FIPERJ)

INTERVALO

10:45h - 11:45h - APRESENTAÇÕES ORAIS

10:45h – Júlia Maria Correia Gaspar

HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO

11:00h – Laura Videira Filardi

EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES-FUNGI): VISÃO A PARTIR DA

RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS

11:15h – Leonardo Bora do Nascimento

IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DE MADEIRAS COMERCIAIS NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO

11:30h – Maria Julia Pinto da Fonseca Fernandes Willemes

EFEITOS A CURTO PRAZO DA ACIDIFICAÇÃO DA ÁGUA DO MAR NO

BIOFILME FORMADO SOBRE ALGAS CALCÁRIAS IN VITRO

ALMOÇO

13:30h – PALESTRA

“Sistemática e Conservação das Scrophulariaceae s.l. do Brasil” - Vinicius Castro

Souza – Professor Associado - Departamento de Ciências Biológicas - Escola

Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP

14:15h - 16:00h - APRESENTAÇÕES ORAIS

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14:15h – Luan Carlos Dias de Freitas

DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA DE POPULAÇÕES DO

JEQUITIBÁ-AÇU (CARINIANA IANEIRENSIS R. KNUTH, LECYTHIDACEAE),

UMA ESPÉCIE ARBÓREA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

14:30h – Luísa Lima Leal

POTENCIAL ALELOPÁTICO DAS ESPÉCIES NATIVAS DA RESTINGA NA

PLANTA EXÓTICA INVASORA C. EQUISETIFOLIA L.

14:45h – Luiz Paulo Martins de Moraes

DIVERSIDADE DE BORAGINACEAE NA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/

MARICÁ, RJ, BRASIL

INTERVALO

15:15h – Marcus José de A. F. Junior

REVISÃO TAXONÔMICA DO GÊNERO DIALIUM (LEGUMINOSAE:

DIALIINAE) NO NEOTRÓPICO

15:30h – Lilian Jorge Hill

CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FILAMENTOS

INTERMEDIÁRIOS EM MACROALGAS MARINHAS

15: 45h – Natália Ribeiro Costa

FAUNA ASSOCIADA A RODOLITOS DO BANCO DAVIS NA CADEIA DE

MONTANHAS SUBMARINAS VITÓRIA-TRINDADE

16: 00h – 16:30 h - SESSÃO DE PAINÉIS – PIBIC-EM

Pedro N.A. Quinderé

MORFOLOGIA DE FRUTOS E SEMENTES DO CLADO HYMENAEA

Ronnie Freire Marques de Sousa

ATUALIZAÇÃO DAS COLETAS DE MADEIRAS DO BIOMA MATA

ATLÂNTICA: RESGATE DE INFORMAÇÕES, OBTENÇÃO DE IMAGENS E

ATUALIZAÇÃO DA BASE DE DADOS DA XILOTECA DO JARDIM

BOTÃNICO DO RIO DE JANEIRO

Seiji Rocha Watanabe

QUANTO MAIOR O NÚMERO DE POLINIZADORES MAIOR O NÚMERO DE

LADRÕES DE NÉCTAR?

Ygor Martins da Cruz

IMAGENS DE UMA EXPEDIÇÃO. JEAN MASSART E SUA VIAGEM À

AMAZÔNIA, EM 1922

16:30h - 17:30h – ANÁLISE DOS RELATÓRIOS PELO COMITÊ EXTERNO - CNPq

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Dia 24/07/2014

09:00h - 11:15h – APRESENTAÇÕES ORAIS

09:00h – Rafael Gomes Barbosa da Silva

RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA VASCULAR DA SERRA DO ARACÁ,

AMAZONAS, BRASIL

09:15h – Renato Tenan de B. Almeida

CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO BÊNTICA EM ÁREAS SOB

DIFERENTES CONDICIONANTES ECOLÓGICAS NO BANCO DOS

ABROLHOS, BA

09:30h – PALESTRA

“Como construir uma carreira sistemática” - Raquel Fernandes Monteiro –

Doutoranda – PPG Botânica - JBRJ

INTERVALO

10:30h – Talvanis Lorenzetti Freire

ESTUDOS ONTOGENÉTICOS DE INFLORESCÊNCIAS EM CLIDEMIA

(MICONIEAE, MELASTOMATACEAE) APLICADOS À SISTEMÁTICA.

10:45h - Tarlile Barbosa Lima

MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SWARTZIA

(LEGUMINOSAE, PAPILIONOIDEAE), UM GÊNERO DIVERSO NO

NEOTRÓPICO

11:00h – Wellington Souza de França

MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS ESTIGMAS DE GÊNEROS

TILLANDSÓIDES

11:15h – ENCERRAMENTO

11:30h – 12:00h – REUNIÃO DO COMITÊ INSTITUCIONAL COM COMITÊ EXTERNO -

CNPq

RESUMOS DE BOLSISTAS DO PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

Ana Carolina Brant Correa

FENODINÂMICA DE UMA COMUNIDADE ARBÓREA DE MATA

ATLÂNTICA MONTANA

Gabriela Lins Nogueira Bezerra

ANATOMIA E HISTOQUÍMICA DO ARILO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE,

PAPILIONOIDEAE)

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A INFLUÊNCIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO PROCESSO DE REGENERAÇÃO

NATURAL EM PLANTIOS DE RESTAURAÇÃO

Adrian Hagemeyer Leonardo-Pereira; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na

graduação - 2009.2; previsão de conclusão do curso - 2014.2; ingresso no PIBIC - 2013.2; orientador:

João Marcelo Alvarenga Braga

INTRODUÇÃO

Devido ao histórico de extensa substituição das florestas nativas para uso agropecuário, industrial

e urbano restam, atualmente, apenas ca. 12% da extensão original do domínio de Mata Atlântica

(Ribeiro et al. 2009). Sob esse contexto emergencial, o conhecimento sobre a regeneração destas

florestas representa um importante passo para a qualidade das ações de restauração ecológica. O

plantio de espécies arbóreas é a técnica mais difundida dentre as práticas de restauração ecológica

(Engel & Parrota 2003), por ser eficiente ferramenta no aumento imediato da biodiversidade, na

atratividade da fauna dispersora de sementes e na exclusão de gramíneas pelo sombreamento do solo

(Rodrigues et al. 2011; Sansevero et al. 2011; Moraes et al. 2013). Entretanto, a escolha das espécies é

de fundamental importância na determinação do sucesso do plantio, pois é esperado que as espécies

contribuam diferentemente no processo de regeneração natural (Gandolfi et al. 2007).

A cobertura da área pela comunidade vegetal ou até mesmo por um dado indivíduo pode acarretar

em alterações microclimáticas específicas como variação da luminosidade, redução da temperatura do

ar e mudanças nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo (Vieira et al. 1994; Gandolfi et

al. 2007). Diante da existência de distintos microambientes é esperado que a composição e a

abundância das espécies, que virão estabelecer-se nos mesmos, também apresentem diferenças (Abreu

et al. 2014). Portanto, assumindo a hipótese de que diferentes espécies vão atuar como filtros

ecológicos, modificando as condições microclimáticas sob suas copas, espera-se encontrar diferenças

nas comunidades regenerantes (estrutura, riqueza e composição) sob a copa de diferentes espécies

introduzidas nos plantios. No intuito de ampliar a compreensão sobre os processos de regeneração

natural em plantios de restauração ecológica, o objetivo geral deste trabalho é investigar a influência

de cinco espécies arbóreas nativas sobre a regeneração natural que ocorre sob suas copas, em plantios

de restauração.

OBJETIVOS

Realizar o levantamento das comunidades arbustivo-arbóreas ocorrentes sob as copas dos indivíduos

do dossel amostrados; comparar a densidade, riqueza e composição florística da regeneração natural

entre as espécies arbóreas selecionadas.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada na Reserva Biológica de Poço das Antas, município de Silva Jardim, no

Rio de Janeiro. Foram selecionados quatro plantios de restauração ecológica localizados em área de

baixada implantados entre os anos de 1994 e 1996 pelo Projeto Revegetação do Programa Mata

Atlântica/JBRJ (Moraes et al. 2006). Foram selecionados entre 15 e 20 indivíduos com DAP ≥ 10 cm

de cinco espécies do dossel: Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. (Bignoniaceae),

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns (Malvaceae), Guarea guidonia (L.) Sleumer

(Meliaceae), Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. (Melastomataceae) e Citharexylum myrianthum

Cham. (Verbenaceae), distribuídos em pelos menos dois plantios. A seleção das espécies foi norteada

em função das diferenças quanto à síndrome de dispersão, caducifólia e o uso frequente dessas

espécies em projetos de restauração na Mata Atlântica.

Amostragem do sub-bosque: Sob a copa de cada indivíduo do dossel foi determinada uma parcela

circular de raio 1,8 m e amostrado todos os indivíduos arbustivo-arbóreos acima de 50 cm de altura.

Todas as plantas amostradas tiveram a o diâmetro do solo e a altura total medidas. Para comparação

das riquezas foi utilizado curva de rarefação. Já as variáveis de densidade e área basal foram

comparadas a partir de Análise de Variância (ANOVA) com permutação (p <0,05)

.

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RESULTADOS

As espécies G. guidonia (2,28 n/m² ± 0,86), P. grandiflorum (2,33 n/m² ± 1,28) e S. leucanthum

(2,56 n/m² ± 1,48) obtiverem maior densidade de regenerantes comparados a C. myrianthum (1,55

n/m² ± 0,73) e T. granulosa (1,47 n/m² ± 0,63) (Q = 15,55; p = 0,018). Área basal não apresentou

diferença significativa entre os tratamentos: C. myrianthum (11,93 m²/m²), seguida por S. leucanthum

(10,0927 cm²/m²), P. grandiflorum (9,78 m²/m²), T. granulosa (9,00 m²/m²) e G. guidonia (5,74

m²/m²). A maior riqueza obtida foi de T. granulosa (S = 42,73; ± 6,43; 243 indv.), seguida por S.

leucanthum (S = 40,81; ± 7,01; 246 indv.), Guarea guidonia (S = 35,95; ± 5,04; 240 indv.), C.

myrianthum (S = 33,58; ± 5,91; 234 indv.) e P. grandiflorum (S = 29,98; ± 5,42; 243 indv.). Na

análise dos intervalos de confiança na curva de rarefação foi observado diferença significativa na

riqueza entre T. granulosa e P. grandiflorum. As diferenças observadas corroboram com a hipótese

proposta acerca de diferentes espécies proporcionarem efeitos distintos no processo de regeneração

natural.

DISCUSSÃO

A presente pesquisa ainda está em desenvolvimento e, desta forma, se propõem a apresentar

apenas análises e discussões preliminares. As duas espécies de dossel que apresentaram maior riqueza

da regeneração natural (T. granulosa e S. leucanthum) são anemocóricas. Esse resultado difere do

esperado, já que outros estudos descrevem a importância do uso de espécies zoocóricas em plantios de

restauração no intuito de intensificar a visitação e deposição de sementes pela fauna dispersora (Engel

& Parrota 2003; Sansevero et al. 2011; Moraes et al. 2013). Embora T. granulosa possa ser

classificada como perenifólia, sua estrutura de copa possibilita uma elevada intensidade luminosa no

sub-bosque, semelhante a espécie caducifólia S. leucanthum. Em contrapartida, G. guidonia, a qual

possui sub-bosque mais sombreado, obteve a menor área basal dos cinco tratamentos, i.e. um possível

indicativo do efeito da baixa luminosidade no desenvolvimento da regeneração natural. Desta forma,

os resultados preliminares indicam que a radiação disponível sob a copa das espécies pode exercer um

papel determinante na regeneração natural nos plantios de restauração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, R.C.R; SANTOS F.F.M & DURIGAN G. 2014. Changes in plant community of seasonally

semideciduous forest after invasion by Schizolobium parahyba at Southeastern Brazil. Acta Oecologia

54: 57-64.

ENGEL, V.L & PARROTA, J.A. 2003. Definindo a restauração ecológica: tendências e perspectivas

mundiais. Pp. 3-25. In: Kageyama, P.Y.; Oliveira, R.E.; Moraes, L.F.D.; Engel, V.L & Gandara, F.B.

Restauração ecológica de ecossistemas naturais. 2 ed. FEPAF, Botucatu.

GANDOLFI, S.; JOLY, C.A. & RODRIGUES, R.R. 2007. Permeability-impermeability: canopy trees

as biodiversity filters. Scientific Agriculture 64: 433-438

MORAES, L.F.D.; ASSUMPÇÃO, J.M.; LUCHIARI, C. & PEREIRA, T.S. 2006. Plantio de espécies

arbóreas nativas para a restauração ecológica na Reserva Biológica Poço das Antas, Rio de Janeiro,

Brasil. Rodriguésia 57: 477-489.

MORAES, L.F.D; ASSUMPÇÃO, J.M.; PEREIRA, T.S. & LUCHIARI, C. 2013. Manual técnico

para restauração de áreas degradadas no Estado do Rio de Janeiro. JBRJ, Rio de Janeiro. 84p.

RIBEIRO, M.C.; METZGER, J.P.; MARTENSEN, A.C.; PONZONI, F.J. & HIROTA, M.M. 2009.

The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed?

Implications for conservation. Biological Conservation 142: 1141-1153.

RODRIGUES, R.R.; GANDOLFI, S.; NAVE, A.G.; ARONSON, J.; BARRETO, T.E.; VIDAL, C.Y.

& BRANCALION, P.H.S. 2011. Large-scale ecological restoration of high-diversity tropical forest in

SE Brazil. Forest Ecology and Management 261: 1605-1613.

SANSEVERO, J.B.B.; PRIETO, P.V.; MORAES, L.F.D. & RODRIGUES, J.F.P. Natural

regeneration in plantation of native lowland Brazilian Atlantic Forest: community, structure, diversity

and dispersal syndrome. Restoration Ecology 19: 379-389.

VIEIRA, I.C.G; UHL, C. & NEPSTAD, D. 1994. The role of the shrub Cordia multispicata Cham. as

a “sucession facilitator” in an abandoned pasture, Paragominas, Amazônia. Vegetatio 115: 91-99.

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COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM MATA

ATLÂNTICA MONTANA

Alessandra Ribeiro Pinto; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação:

08/2009; previsão de conclusão do curso: 08/2014; ingresso no PIBIC: 03/2012; orientador: Leandro

Freitas

INTRODUÇÃO

As abelhas Euglossini constituem uma subtribo pertencente à família Apidae, apresentam cerca de 200

espécies distribuídas por cinco gêneros (Roubik & Hanson 2004). O grupo é exclusivamente

neotropical, ocorrendo desde a Argentina central até o sul dos Estados Unidos (Silveira et al. 2002) e

seus machos são conhecidos por coletar odores em flores de orquídeas e outras fontes (Endress 1994,

Roubik & Hanson 2004). A Região Neotropical apresenta distintas comunidades biológicas, com

contínua migração altitudinal de zonas de vegetação em resposta a mudanças climáticas (Gentry

1995). Esses fatores podem ter grande influência na distribuição de abelhas Euglossini, as quais

ocorrem em maior abundância em regiões de baixas altitudes (Roubik & Hanson 2004).

OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi inventariar a composição de abelhas Euglossini em uma área de Mata

Atlântica montana, além de elaborar uma lista de orquídeas de odor ocorrentes no local.

Especificamente, pretendeu-se monitorar a ocorrência de Euglossini em um pequeno gradiente

altitudinal, a fim de determinar uma altitude limite para sua ocorrência, com consequente limitação do

sucesso reprodutivo das orquídeas de odor.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de estudo

O estudo foi realizado no PARNASO, em trilhas localizadas na sede de Teresópolis, RJ. O local

apresenta uma área de floresta ombrófila densa montana, com 2263 m de altitude no seu pico mais

alto. Foram selecionadas três trilhas em torno de 960 m, 1050 m e 1200 m de altitude.

Procedimentos

Para as coletas dos machos de Euglossini foram utilizadas armadilhas contendo iscas odoríferas

(modelo adaptado de Campos et al. 1989). Em cada ponto de coleta foram utilizados 6 armadilhas,

preparadas com um composto aromático cada uma. Essas armadilhas foram instaladas a uma altura de

aproximadamente 1,5 m do solo e com uma distância de 10 m entre si, sendo colocadas a partir das

8:00 h e retiradas as 16:00 h. As espécies foram identificadas por meio de comparação com o material

já identificado e uso das chaves de identificação de Rebelo & Moure (1995) e Nemésio (2009), e por

especialista da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). A lista de

orquídeas foi elaborada com base no trabalho de Cronemberger 2010. Calculou-se dominância,

frequência de ocorrência e categoria das espécies segundo Palma (1975) apud Buschini (2006). O

teste de Kruskal-Wallis foi utilizado na análise de abundância em relação às altitudes. Foram

calculadas correlações de Pearson entre dados climatológicos registrados nos dias e nos meses de

coleta (temperatura e precipitação) com a abundância e riqueza de espécies.

RESULTADOS

Em 19 meses foram registrados 110 machos de Euglossini. O gênero mais representativo foi

Euglossa. Euglossa annectans foi classificada como a única espécie comum na área de estudo. Houve

uma queda abrupta da abundância com o aumento da altitude (Tab. 1, Kruskal-Wallis p < 0,05). As

temperaturas dos meses de coleta mostraram relação positiva apenas com o número de espécies. Já as

temperaturas dos dias de coleta mostraram relação tanto com a riqueza quanto com a abundância.

Entre as 18 orquídeas de odor listadas (Tab. 2), apenas Dichaea pendula foi observada no local

durante o estudo.

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DISCUSSÃO

A comunidade amostrada apresentou um alto grau de dominância por uma única espécie, além de

riqueza e abundância muito inferiores ao que o esperado para uma comunidade de Mata Atlântica. A

queda no número de abelhas Euglossini com o aumento da altitude havia sido relatada para a Mata

Atlântica em um estudo na Serra do Caraça-MG (Nemésio, 2008), entretanto a abundância e riqueza

encontradas foram maiores e a queda em relação à altitude menos abrupta do que a encontrada no

PARNASO. Não há um padrão estabelecido para a sazonalidade de abelhas Euglossini e, apesar da

maior abundância encontrada no PARNASO ter ocorrido no início da estação chuvosa, os níveis de

precipitação não mostraram relação forte com a distribuição destas abelhas.

CONCLUSÃO

A queda abrupta de Euglossini com a elevação altitudinal indica que há um limite para a sua

ocorrência entre cerca de 1000 e 1200 m no local de estudo. A baixa ocorrência dessas abelhas pode

gerar uma redução do sucesso reprodutivo das orquídeas polinizadas por elas, limitando a ocorrência

de possíveis populações de orquídeas que ofereçam odor como recurso na área.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUSCHINI, M.L.T. 2006. Species diversity and community structure in trap-nesting bees in Southern

Brazil. Apidologie 37: 58-66.

CAMPOS, L.A.O., SILVEIRA, F.A., OLIVEIRA, M.L., ABRANTES, C.V.M., MORATO, E.F. &

MELO, G.A.R., 1989. Utilização de armadilhas para a captura de machos de Euglossini

(Hymenoptera, Apoidea). Revista Brasileira de Zoologia 6: 621-626.

ENDRESS, P.K. (1994). Diversity and evolutionary biology of tropical flowers. Cambridge:

Cambridge University Press.

GENTRY, A. H. 1995. Diversity and floristic composition of neotropical dry forests pp. 146-194. In:

S. H. Bullock, H. A. Mooney & E. Medina, (eds.). Seasonally dry tropical forests. Cambridge

University Press, Cambridge.

NEMÉSIO, A. 2008. Orchid bee community (Hymenoptera: Apidae) at an altitudinal gradient in a

large forest fragment in southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoociências 10: 249-256

NEMÉSIO, A. 2009. Orchid bees (Hymenoptera: Apidae) of the Brazilian Atlantic Forest. Zootaxa

2041: 1-242.

REBÊLO, J.M.M. & J.S. MOURE. 1995. As espécies de Euglossa Latreille do Nordeste de São Paulo

(Apidae, Euglossinae). Rev. Bras. Zool. 12:445-466

ROUBIK, D. W. & P. E. HANSON. 2004. Orchid Bees of Tropical America: Biology and Field

guide. INBio, Costa Rica. 352p.

SILVEIRA, F.A., G.A.R. MELO & E.A.B. ALMEIDA. 2002. Abelhas brasileiras: Sistemática e

identificação. Belo Horizonte, Fundação Araucária, 253p.

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Tabela 1: Composição de espécies e abundância de machos de abelhas Euglossini em três pontos de

coleta a diferentes altitudes (P1 a P3) em Mata Atlântica montana no PARNA Serra dos Órgãos,

Teresópolis.

Espécie Abundância

P1

(960 m)

P2

(1050 m)

P3

(1200 m)

Total por

Espécie

Eufriesea violacea 1 0 0 1

Euglossa annectans 70 14 2 86

Euglossa cordata 5 8 0 13

Euglossa ignita 0 1 0 1

Euglossa securigera 1 0 0 1

Eulaema cingulata 3 4 0 7

Eulaema nigrita 1 0 0 1

Abundância 81 27 2 110

Riqueza 6 4 1

Tabela 2: Espécies de Orchidaceae com flores de perfume, potencialmente polinizadas por machos de

abelhas Euglossini, registradas no município de Teresópolis e com registros para áreas no PARNA

Serra dos Órgãos entre 900 e 1500m.

Orquídeas de Odor (Teresópolis) PARNASO (900 - 1500m)

Bifrenaria atropurpurea Lindl. X

Bifrenaria racemosa (Hook.) Lindl.

Bifrenaria stefanae V.P.Castro X

Cirrhaea fuscolutea Lindl. X

Cirrhaea loddigesii Lindl.

Dichaea cogniauxiana Schltr. X

Dichaea pendula (Aubl.) Cogn. X

Dichaea trulla Rchb.f.

Encyclia cyperifolia (C.Schweinf.) Carnevali & I.Ramírez X

Encyclia patens Hook. var. patens

Eulophia alta (L.) Fawc. & Rendle

Notylia lyrata S.Moore

Promenaea stapelioides (Link & Otto) Lindl. X

Promenaea xanthina Lindl. X

Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins X

Scuticaria hadwenii (Lindl.) Planch.

Warrea warreana (Lodd. ex Lindl.) C.Schweinf. X

Zygopetalum pedicellatum (Thunb.) Garay X

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12

CRESCIMENTO INICIAL DE TRÊS ESPÉCIES DA FORMAÇÃO ARBUSTIVA ABERTA

DA RESTINGA EM RESPOSTA A FERTILIZAÇÃO DO SOLO

Bruno Damasceno Cordeiro; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação –

03/2012; previsão de conclusão do curso – 03/2015; ingresso no PIBIC: março/2013; orientador:

Antônio Carlos Silva de Andrade.

INTRODUÇÃO

As restingas são comunidades vegetais encontradas na planície litorânea arenosa quaternária e ocupam

mais de 80% da costa brasileira (MONTEZUMA & ARAUJO, 2007). Além de ser ambiente

naturalmente frágil devido à alta salinidade em solos oligotróficos e sob forte incidência de luz e

ventos, as restingas encontram-se muito devastadas pela ação antrópica, apresentando perdas

consideráveis da vegetação nativa (ROCHA et al. 2007). Tal situação reduz a capacidade de

regeneração natural nas restingas e exige a intervenção humana para acelerar esse processo. A

recuperação de áreas degradadas (RAD) pode ser feita com o plantio de mudas de espécies nativas

adaptadas às condições do local (KAGEYAMA; GANDARA, 2004), mas seu sucesso é prejudicado

pela falta de informações sobre suas exigências nutricionais, principalmente nas fases de produção de

mudas e estabelecimento no campo (GONÇALVES et al., 2012). Neste caso, a fertilização do solo é

uma das principais medidas para o sucesso na RAD, especialmente em locais onde os solos são pobres

em nutrientes e matéria orgânica, como é o caso das restingas (REINERT et al., 1997).

OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi o de avaliar se o crescimento de plantas jovens de três espécies típicas da

restinga é favorecido pela fertilização do solo com adubo líquido.

MÉTODOS

Frutos maduros de Clusia fluminensis, Erythroxylum ovalifolium e Maythenus obtusifolia foram

coletados na restinga de Massambaba (Arraial do Cabo-RJ). As sementes das espécies (n=200) foram

colocadas para germinar em vermiculita úmida e temperatura de 30°C. As 100 maiores plântulas

foram transplantadas para tubetes (500 mL) preenchidos com areia de restinga e foram mantidas sob

50% de sombreamento e irrigação (3 X semana). 30 dias após o transplante foi feita a primeira

retirada (T=0 dias; n=12 plântulas). Em seguida, 48 plântulas de cada espécie foram divididas em dois

tratamentos: (a) metade delas foi regada apenas com água e (b) a outra metade foi regada uma vez por

semana com fertilizante NPK 10-10-10 (1 mL fertilizante/200mL água). Ambos os tratamentos foram

regados com 15 mL água, três vezes por semana. Após 60 dias, amostras de solo dos tubetes foram

coletadas para análise química do pH e macronutrientes (EMBRAPA, 1997). Amostras das plantas

aos 30 e 60 dias foram tomadas para as variáveis: altura (cm), diâmetro do colo (mm), nº folhas e área

foliar (cm2). Folhas, caule e raízes foram usados (70ºC/48 h) para determinação da massa seca. As

seguintes variáveis secundárias foram calculadas: razão de massa foliar, razão de massa caulinar,

razão de massa radicular, razão de área foliar, área foliar específica e comprimento específico do

caule. Os dados foram submetidos às análises estatísticas para comparação dos tratamentos entre

períodos de amostragem (teste t; 5%).

RESULTADOS

Os valores de pH e nutrientes apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos de solo “não

fertilizado” e “fertilizado”. Entretanto, as variáveis primárias indicaram que as plantas jovens das três

espécies não cresceram com aplicação do fertilizante. Diferenças estatísticas entre os tratamentos “não

fertilizado” e “fertilizado” foram observadas apenas aos 60 dias de avaliação, para a massa seca total

em C. hilariana e diâmetro do colo e número de folhas em E. ovalifolium, onde o tratamento “não

fertilizado” foi significativamente superior ao “fertilizado”. Não foram observadas diferenças

estatísticas nas variáveis de M. obtusifolia, exceto para a razão de área foliar (60 dias). Além disso, o

tratamento “fertilizado” causou 100% de mortalidade de plantas de E. ovalifolium, após 45 dias de

estudo.

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13

DISCUSSÃO

As análises do solo das amostras coletadas na Massambaba confirmam a oligotrofia típica dos solos

de restinga (Montezuma & Araujo, 2007). A ausência de resposta (em C. hilariana e M. obtusifolia)

ou até mesmo o efeito negativo (100% mortalidade; E. ovalifolium) provocado pela adição de

macronutrientes sugerem que estas espécies estejam adaptadas ao baixo nível de nutrientes nos solos

da restinga. É possível que a adubação líquida, mesmo com pequenas doses sob solos arenosos e que

apresentam baixa capacidade de retenção de nutrientes, possa ter causado a fitotoxidez das plantas. A

fertilização de substratos reconhecidamente promove o crescimento das espécies nativas

(GONÇALVES et al., 2000). Entretanto, é necessário estudar tipos e doses apropriados para

maximizar o crescimento das mudas e promover a sua produção econômica, visto que desbalanços

nutricionais podem prejudicar o crescimento (BERNARDI et al., 2000), conforme observado neste

estudo.

CONCLUSÃO

A fertilização do solo prejudicou o crescimento das plantas jovens das três espécies selecionadas da

restinga.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA. 1997. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 2.

ed. rev. atual. Rio de Janeiro, 212p.

GONÇALVES, E.O. 2012. Nutrição de mudas de angico-vermelho submetidas a doses de N, P, K, Ca

E Mg. Revista Árvore, v.36, n.2, p. 219-228.

GONÇALVES, J.L.M.; SANTARELLI, E.G.; MORAES NETO, S.P.; MANARA, M.P. 2000.

Produção de mudas de espécies nativas: substrato, nutrição, sombreamento e fertilização. In:

Gonçalves, J.L.M.; Benedetti, V. (Eds.) Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, p.309-350.

KAGEYAMA, P.Y.; GANDARA, F.B. 2004. Recuperação de áreas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.;

LEITÃO FILHO, H. F. (Eds.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo:

EDUSP/FAPESP. p.249-269.

MONTEZUMA, RCM; ARAUJO DSD. 2007. Estrutura da vegetação de uma restinga arbustiva

inundável no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro. Pesquisa botânica 58: 157-

176.

REINERT, F.; ROBERTS, A.; WILSON, J.M.; de Ribas, L.; Cardinot, G., Griffith, H. 1997.

Gradation in nutrient composition and photosynthetic pathway across the restinga vegetation of

Brazil. Acta Botânica. 110: 135-142.

ROCHA, C.F.D.; BERGALLO, H.G.; VAN SLUYS, M.; ALVES, M.S.; JAMEL, C.E. 2007. The

remnants of restinga habitats in the Brazilian Atlantic Forest of Rio de Janeiro state, Brazil: habitat

loss and risk of disappearance. Brazilian Journal of Biology 67:263–73.

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030

60

Altura (cm)

030

60

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Diâmetro colo (mm)

030

60

0

200

400

600

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030

60

02468

No folhas

*

030

60

02468

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030

60

0

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100

150

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-1)

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030

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0

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030

60

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-1)

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Altura (cm)

030

60

0,0

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*

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030

60

0

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400

600

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1000

1200

Comp. Espec. Caule

030

60

02468

*

No folhas

030

60

012345

Area foliar (cm2)

030

60

0

100

200

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Area Fol. Espec. (cm2 g

-1)

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Massa seca total (g)

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180

Razao area foliar (cm 2 g

-1)

Dia

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60

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Altura (cm)

030

60

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*

Diâmetro colo (mm)

030

60

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600

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1000

1200

Comp. Espec. Caule

030

60

0369

No folhas

030

60

02468

Area foliar (cm2)

030

60

0

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300

Area Fol. Espec. (cm2 g

-1)

Dia

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030

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Massa seca total (g)

Dia

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030

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-1)

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FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: PARQUE

ESTADUAL DOS TRÊS PICOS (PETP)

Caio Baez Gomes; Graduação em Ciências Biológicas, PUC-RJ; ingresso na graduação – 01/2011;

previsão de conclusão do curso – 07/2015; ingresso no PIBIC: Agosto/2013; orientador: Gustavo

Martinelli.

INTRODUÇÃO

O Parque Estadual dos Três Picos é o maior parque estadual do Rio de Janeiro, localizado num dos

mais expressivos fragmentos da Mata Atlântica no centro do estado. O parque criado em 2002 abrange

uma superfície de 46.350 ha, tornando-se a maior Unidade de Conservação da Natureza de Proteção

Integral Estadual do Rio de Janeiro. O PETP forma um contínuo florestal com o Parque Nacional da

Serra dos Órgãos e com a Estação Ecológica Estadual do Paraíso, propiciando um importante refúgio

para inúmeras espécies da fauna e da flora fluminenses. Além disso, a sua variação altitudinal é de

aproximadamente 2.200 m, onde o ponto mais baixo está a 100 m acima do nível do mar, diferindo

significativamente dos 2.316 m do Pico Maior que é o ponto mais alto do parque assim como de toda

a cadeia montanhosa da Serra do Mar. Essa variação na elevação do relevo contribui para que esse

trecho de Mata Atlântica seja apontado como o local de maior índice de biodiversidade do estado do

Rio de Janeiro.

Essa enorme diversidade de ambientes contribui para diferentes formações vegetacionais, como a

floresta ombrófila densa baixo montana, as matas nebulares e o alvo do estudo que estamos

desenvolvendo, os campos de altitude.

Uma característica importante dos campos de altitude são seus elevados índices de espécies nativas e

endêmicas. Este alto grau de endemismo pode ser explicado pelo isolamento deste tipo de formação

vegetacional, geralmente rodeado por florestas montanas e alto-montanas e presente apenas no topo de

montanhas, formando assim “ilhas” de campos de altitude (Porembski et al.,1998; Ribeiro, 2002) que

mantiveram populações isoladas favorecendo o processo de especiação.

A fisionomia da vegetação mais freqüentemente encontrada nos platôs dos campos de altitude é

composta de mosaicos de arbustos e arvoretas, inseridos em uma matriz de touceiras de gramíneas,

com pteridófitas e outras ervas dispostas espaçadamente, além de extensões variáveis de afloramentos

rochosos (Caiafa & Silva, 2007; Safford 1999; Safford & Martinelli 2000).

Este projeto é de extrema importância para a caracterização da biodiversidade dos campos de altitude

da região sudeste, uma vez que as áreas que estão sendo amostradas contém pouco ou nenhum estudo

prévio, tornando expedições a campo de fundamental importância para a descrição da região estudada.

OBJETIVOS

Este projeto tem como principal objetivo identificar as áreas de campos de altitude ocorrentes dentro

do PETP e gerar uma lista das espécies ocorrentes neste tipo de habitat. A partir desse levantamento

florístico, será possível caracterizar as espécies ameaçadas de extinção presentes da unidade de

conservação, principalmente as endêmicas e seus respectivos graus de endemismo, além de conduzir

análises de similaridade entre as áreas.

MATERIAIS E MÉTODOS

A lista de espécies dos campos de altitude do parque será composta pelas informações da flora da

região encontradas na literatura disponível e na consulta de banco de dados, assim como da análise

das amostras obtidas em campo.

As áreas a serem amostradas foram selecionadas através de mapas de relevo obtidos no site da

EMBRAPA e de características sobre a área descritas na literatura disponível. A altitude mínima

definida para a seleção das áreas de campos de altitude foi de 1500 m acima do nível do mar.

Até o momento duas expedições a campo já foram realizadas, nas quais 5 áreas das 11 selecionadas

foram amostradas.A primeira saída a campo aconteceu no mês de março de 2014 e as localidades

amostradas foram o Vale dos Deuses, morro Cabeça de Dragão (Fig. 1), morro Caixa de Fósforos

(Fig. 2) e uma área de campos de altitude próxima a trilha do Pico Menor.

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A segunda expedição a campo ocorreu no mês de abril de 2014, na qual foram amostradas as áreas do

Pico da Caledônia e o cume do Pico Menor (Fig.3). Todo o material coletado, seja na primeira ou na

segunda expedição, estava em estado fértil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Devido a dificuldade de acesso aos cumes das montanhas da Serra do Mar e da Mantiqueira, muitos

locais ainda se encontram bastante preservados de ações antrópicas, mas ao mesmo tempo com poucas

pesquisas sobre a fauna e a flora ocorrentes nessa região. O local mais bem amostrado e que

apresentou uma maior lista de espécies disponível na literatura foi o Pico da Caledônia, com 36

famílias descritas. Mesmo com o material coletado nesta localidade ainda estando em processo de

descrição, 6 novas famílias já foram identificadas ocorrendo no local, são elas: Apiaceae, Clethraceae,

Escalloniaceae, Lamiaceae, Orobanchaceae e Plantaginaceae. Isso mostra o quanto os campos de

altitude das localidades sugeridas neste trabalho precisam ser melhor estudados.

A lista de

CONCLUSÃO

O projeto “Flora dos Campos de Altitude do Estado do Rio de Janeiro: Parque Estadual dos Três

Picos” servirá para aumentar o conhecimento acerca dos campos de altitude do sudeste brasileiro e

principalmente do próprio parque, sendo este tipo vegetacional, como já mencionado anteriormente de

extrema importância para a preservação de espécies endêmicas e nativas.

Nos próximos meses serão feitas outras expedições a campo com o intuito de amostrar as áreas que

ainda não foram contempladas, como os morros Mulher de Pedra, Morro dos Cabritos, Pedra D’Anta,

Dois Bicos, Pedra do Elefante e Torres de Bonsucesso. Algumas delas ainda são pouco exploradas por

turistas, o que contribuirá para a análise do estado de conservação dessas áreas.

A partir dos dados obtidos nas expedições a campo e na literatura, será possível gerar uma lista de

espécies dos campos de altitude do parque, que servirá para auxiliar nas tomadas de decisões e planos

de manejo da unidade de conservação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CAIAFA, A.N. & SILVA, A.F. 2007. Structural analysis of the vegetation on a highland granitic rock

outcrop in southeast Brazil. Revista Brasileira de Botânica 30:657-664

POREMBSKI, S.; MARTINELLI, G.; OHLEMÜLLER, R. & BARTHLOTT, W. 1998. Diversity and

ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic rainforest. Divertsity and

Distributions. 4:107-119.

RIBEIRO, K.T. 2002. Estrutura, dinâmica e biogeografia de ilhas de vegetação rupícola do Planalto

do Itatiaia, RJ. Tese de Doutorado. Curso de Pós-graduação em Ecologia, Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ.

SAFFORD, H.D. 1999. Brazilian paramos: Introduction on the physical environmentand vegetation of

the campos de altitude. Journal of Biogeography. 26:693-712.

SAFFORD, H.D. & MARTINELLI, G. 2000. Southeast Brazil. In: Inselbergs – Biotic Diversity of

Isolated Rock Outcrops in Tropical and Temerate Regions (S. Porembski & W. Barthlott – eds.).

Springer-Verlag, Ecological Studies. 146:339-389.

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Fig. 1. Morro Cabeça de Dragão (2000 m de altitude) Fig. 2. Morro Caixa Fósforos (1700 m de

altitude)

Fig. 3. Cume do Pico Menor (2315 m de altitude)

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MORFO-FISIOLOGIA DAS RAIZES AÉREAS DA ARACEA LIANESCENTE

RHODOSPATHA OBLONGATA Poeppig

Camila Pereira da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UCL; Ingresso na graduação – 01/2007;

Previsão de conclusão – 06/2014; Ingresso no PIBIC: Agosto/2013; Orientador: Andre Mantovani.

INTRODUÇÃO

A família Araceae é representada por 105 gêneros com aproximadamente 3305 espécies (Boyce &

Croat 2012) que ocupam hábitos distintos, do aquático submerso ao epifítico (Lorenzo et al. 2009). O

gênero Rhodospatha possui 75 espécies de hábito lianescente (Filartiga et al. 2014), onde indivíduos

jovens crescem sobre o solo em busca de suporte, e ao encontrá-lo, ascendem verticalmente. Neste

caminho, nunca perdem o contato com o solo da floresta, feito via raízes aéreas. Durante esta ascensão

na floresta, as condições ambientais são caracterizadas pelo aumento da temperatura do ar e da luz,

com concomitante aumento da demanda evaporativa, em comparação ao solo (Mantovani, 1999).

Rhodospatha oblongata é uma arácea lianescente com crescimento alomórfico (Ray, 1992), isto é,

enquanto o indivíduo jovem cresce sobre o solo dotado de raízes terrestres, caule fino e folhas

pequenas, o indivíduo adulto cresce em direção a copa apresentando raízes aéreas, caule espesso e

folhas progressivamente maiores. Dois tipos de raízes aéreas são produzidos: escora, cuja função

preponderante é de aderência ao forófito; e alimentadora, que atua majoritariamente no transporte de

água e nutrientes vindos do solo (Filartiga et al. 2014). As raízes alimentadoras possuem quatro

estágios de desenvolvimento que são caracterizados por variação pictórica: vermelho, marrom, tigrada

e verde, respectivamente da fase mais jovem a fase madura (Figura 1). O morfotipo vermelho

constitui a porção inicial do desenvolvimento da raiz, provavelmente pelo alto conteúdo de

carotenoides na epiderme. O morfotipo marrom se destaca pela formação de exoderme, que constitui a

camada mais externa do córtex nesta fase. Já o morfotipo “raiz tigrada” possui essa descrição devido à

perda da exoderme mais externa, criando um aspecto de descascado. Finalmente o morfotipo verde

aparece após a raiz produzir nova exoderme, com alta concentração de clorofilas no córtex, exibindo

assim o tom esverdeado.

OBJETIVO

O presente estudo teve como objetivo analisar os quatro estágios de desenvolvimento de raízes

alimentadoras de R. oblongata. Considerando que a maturidade dessas raízes é alcançada quando

adquirem coloração verde, devido à alta produção de clorofila, levanta-se aqui a hipótese de uma

potencial capacidade fotoquímica das raízes aéreas.

MATERIAL E MÉTODOS

Para os diferentes morfotipos radiculares de R. oblongata foram quantificados: 1) Suculência e

biomassa seca através da relação peso seco (PS) e peso hidratado (PH), aplicando-se a fórmula ((PH-

PS)/PH) (Mantovani 1999); 2) Avaliação da atividade fotoquímica por fluorometria de luz modulada

(Mini-PAM da Walz) via curvas de luz (ajustadas por regressão não-linear) onde são relacionados o

parâmetro de Genty (Y=ΔF/Fm’) e a taxa de transporte de elétrons contra níveis crescentes de RFA

(radiação fotossinteticamente ativa), tanto em condições naturais (“light adapted”) quanto previamente

adaptadas ao escuro (“dark adapted”); 3) Teor de clorofila e carotenoides, através de

espectrofotometria utilizando fórmula de Lichtenthaler &Wellburn (1983).

RESULTADOS

Os valores de suculência e peso seco (g/g de material hidratado) variam nos quatro estágios de

desenvolvimento radicular: enquanto ocorre aumento de biomassa seca, a quantidade de água diminui

dos morfotipos vermelho ao verde. Nos testes realizados com fluorometria, os valores de rendimento

inicial foram maiores nas raízes verdes (Yield a = 0.64±0.04) em comparação com as demais (Tabela

1). Já a taxa máxima de transporte de elétrons foi menor nas raízes vermelhas (1.75±0.58 µmoles m-2

s-

1) em comparação com as demais (média entre 10 a 12 µmoles m

-2s

-1), bem como os valores de RFA

onde as mesmas foram obtidas. Já os valores de extinção da fluorescência via dissipação termal (NPQ,

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“non-photochemical quenching”), obtidos no modo “dark-adapted” foram maiores nas raízes verdes.

As secções transversais dos morfotipos evidenciaram presença de cloroplastos, com diferença

quantitativa de clorofila em cada estágio. O morfotipo verde possui os maiores valores médios de

clorofila a, b e razão clorofila a/b, respectivamente 94,32 e 59,84 µg/g e 7,65. Os valores médios de

carotenoides (16,19 µg/g) bem como a média da razão clorofila total/carotenoides (3,47) também

foram mais altos nas raízes verdes em comparação com os outros morfotipos. A intensidade dos sinais

de fluorescência basal e máxima variou entre os morfotipos radiculares, sendo proporcionais aos

respectivos teores de clorofila, ocorrendo o mesmo entre a intensidade de NPQ e a quantidade total de

carotenóides.

DISCUSSÃO

O aumento do peso seco pode estar relacionado à lignificação dos tecidos do estelo na fase matura,

levando a queda da suculência. Essa lignificação pode tem importância para o desenvolvimento da

pressão de raiz, que em R. oblongata chega a 50 KPa. Maiores valores de taxa de transporte de

elétrons (até 20 µmoles m2

s-1

) nas raízes verdes se aproximam aos valores obtidos em folhas de

indivíduos terrestres da mesma espécie. Isto indica que ambas as estruturas são aparentemente

semelhantes em termos fotoquímicos. O maior teor de clorofila a é encontrado nas raízes verdes e

indica que nelas possivelmente existem mais centros de reação do PSII. O fato de apresentarem maior

teor de carotenoides e maiores valores máximos de NPQ sugere estar o morfotipo verde mais

protegido contra o excesso de luz do que os demais morfotipos (Filartiga et al. 2014).

CONCLUSÃO

É provável que tanto as modificações fisiológicas (aumento da fotoquímica, da capacidade de

proteção contra fotoinibição via NPQ, aumento da clorofila a) quanto às anatômicas (desenvolvimento

de duas exodermes), representem estratégias contra estresse luminoso e hídrico em ambiente

atmosférico. Devido ao aparente elevado investimento de carbono (intensa lignificação do estelo,

fibras no córtex e exodermes) nas raízes, é possível que a atividade fotoquímica aqui evidenciada seja

um indicador de fixação de carbono por fotossíntese. Isto ajudaria a reduzir os custos de produção e

manutenção destas raízes. Outra possibilidade está ligada a produção de oxigênio pela fotólise, o que

diminuiria o estresse potencial por hipoxia dos tecidos, ajudando por sua vez na manutenção da

respiração. Tais estratégias morfo-fisiológicas das raízes aéreas são importantes para manutenção do

contato das aráceas lianescentes com o solo da floresta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOYCE, P.C. & CROAT, T. B. 2012. The Überlist of Araceae, totals for published and estimated

number of species in aroid genera. Available online at:

http://www.aroid.org/genera/120110uberlist.pdf

FILARTIGA, AL.; VIEIRA, R.C. & MANTOVANI, A. 2014. Size-correlated morphophysiology of

the aroid vine Rhodospatha oblongata along a vertical gradient in a Brazilian rainforest. Plant Biology

16: 155-165.

LICHTENTHALER, H.K. AND A. R. WELLBURN. 1983. Determinations of total carotenoids and

chlorophylls a and b of leaf extracts in different solvents. Biochemical Society Transactions 603: 591-

592.

LORENZO, L., MANTUANO, D. G. & MANTOVANI, A. 2009. Comparative leaf ecophysiology

and anatomy of seedlings, young and adult individuals of the epiphytic aroid Anthurium scandens

(Aubl.) Engl. Environmental and Experimental Botany 68:314-322.

MANTOVANI A. 1999. Leaf morpho-physiology and distribution of epiphytic aroids along a vertical

gradient in a brazilian Rain Forest. Selbyana 20(2):241-249.

RAY, T. S. 1992. Foraging behavior in tropical herbaceous climbers (Araceae). Journal of Ecology

80:189-203.

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20

Tabela 1. Parâmetros utilizados a fim de avaliar potencial fotoquímico dos quatro morfotipos de raízes

alimentadoras de R. oblongata. Siglas são Ft (fluorescência basal em condição adaptada a luz), Fm´

(fluorescência máxima em condição adaptada a luz), “Yield fotoquímico” (ΔF/Fm´), taxas máximas

de transporte de elétrons (ETR Max) e de extinção não fotoquímica (NPQ) da fluorescência (com

respectivos níveis de radiação fotossinteticamente ativa (RFA)), além dos coeficientes de regressão

(Yield a, Yield b) entre “Yield fotoquímico” e RFA.

Figura 1. R. oblongata na Reserva Botânica das Águas Claras, Silva Jardim, RJ. (A) R. oblongata em crescimento no alto da copa, setas indicam raízes aéreas alimentadora e escora. (B) Raízes aéreas alimentadoras com os morfotipos vermelha, marrom, tigrada e verde (em destaque, setas mostrando ápice vermelho com mucilagem). Note parte superior da raiz tigrada, onde o descamado foi retirado manualmente, evidenciando a cor verde. Compare com o morfotipo verde ao lado.

Ft Fm´ F/Fm´ ETR max

RFA ETRmax

Yield a

Yield b

NPQ max

RFA NPQmax

Verde 377±

92.88

1242.33±3

31.71

0.69±

0.025

10.69±

4.45

372.76±

184.52

0.64±

0.04

0.99±

0.005

0.56±

0.28

532±

79.53

Tigrad

a

266±

138.68

791.83±

393.41

0.66±

0.03

11.05±

4.33

359.38±

175.15

0.60±

0.02

0.99±

0.003

0.30±

0.18

461.5±

172.86

Marro

m

110.5±

70.38

329.83±

279.33

0.62±

0.09

12.95±

5.83

387.65±

157.77

0.55±

0.06

0.99±

0.004

0.21±

0.09

471.50±

159.29

Vermel

ha

213.5±

50.01

366.16±

78.53

0.41±

0.03

1.75±

0.58

73.42±

23.51

0.40±

0.04

0.97±

0.010

0.10±

0.03

317±

145.84

Folhas 482.83±

58.25

2006.67±1

31.99

0.75±

0.01

24.11±

4.32

520.33±

23.91

0.69±

0.02

0.99±

0.01

1.07±

0.29

1211.67±1

66.18

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LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE BRIÓFITAS NA ÁREA URBANA DO CENTRO DA

CIDADE DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO, BRASIL

Felipe Juliani de Souza Christo; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estácio de Sá;

ingresso na graduação – 01/2011; previsão de conclusão do curso – 12/2014; ingresso no PIBIC:

outubro/2013; orientador: Denise Pinheiro da Costa.

INTRODUÇÃO

As briófitas são plantas pequenas e avasculares, representadas por três linhagens: antóceros, hepáticas

e musgos. São organismos pioneiros ocorrendo em áreas urbanas em árvores e muros, calçadas,

telhados, etc. Algumas espécies de briófitas ocorrem com mais frequência em áreas urbanas do que

em áreas naturais (Schofield 1995). Existem no Brasil oito trabalhos com briófitas de áreas urbanas,

sendo o de Costa & Molinaro (2001) o único para o bioma Mata Atlântica. A cidade de Petrópolis

situa-se no Rio de Janeiro (Serra do Mar), ca. 845 m, com Floresta Ombrófila Densa, chuvas

frequentes que mantem a alta umidade e evitam secas (Secretaria de Ciência e Tecnologia 2012).

Costa et al. (2005) no checklist do estado do Rio de Janeiro, citam para Petrópolis 158 espécies de

briófitas, entretanto não existem publicações com a brioflora da cidade de Petrópolis.

OBJETIVOS

O estudo tem como objetivo responder as questões: 1) Quantas espécies ocorrem na área urbana de

Petrópolis?; 2) Quais as principais famílias?; 3) Qual o padrão de distribuição geográfica das

espécies?; 4) Quais as formas de vida das espécies?

MATERIAL E MÉTODOS

Áreas estudadas e coleta do material - Foram ruas e praças do centro de Petrópolis e as amostras

coletadas nos barrancos, solo, muros e troncos de árvores até 2 m de altura.

Identificação do material - Realizada com base nos trabalhos publicados e por comparação com

material depositado no herbário RB.

Distribuição geográfica - Analisada a distribuição dos táxons no Brasil (baseado na Lista de Espécies

da Flora do Brasil - Costa, 2014) e no mundo (baseado na literatura).

Variação altitudinal - Realizada com base nos dados disponíveis na literatura.

Tipos de substrato - A nomenclatura adotada seguiu Robbins (1952).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Riqueza - No total foram encontradas 28 espécies de briófitas, em 23 gêneros e 19 famílias, sendo 15

espécies de hepáticas (12 gêneros e 10 famílias) e 13 de musgos (11 gêneros e 9 famílias). O número

de espécies e de famílias é semelhante a maioria dos trabalhos de áreas urbanas do país, diferindo de

Costa & Molinaro (2001) que têm a influência do PARNA-Tijuca, uma área de floresta contínua; e de

Yano & Câmara (2004) porque o esforço de coleta foi maior. Dezesseis espécies (57%) não foram

encontradas nos outros trabalhos, possivelmente porque Petrópolis está a ca. 800 m, apresenta Floresta

Atlântica Montana, e inclui barranco um microhabitat com espécies de hepáticas talosas e folhosas

típicas deste. Sete espécies (25%) foram encontradas em pelo menos um trabalho e cinco (17%) em

três ou mais, todas de áreas urbanas.

Composição florística - As famílias de hepáticas mais representativas foram: Lejeuneaceae;

Frullaniaceae e Lophocoleaceae que juntas totalizam 41% dos gêneros e 53% das espécies; e para os

musgos: Brachytheciaceae; Cryphaeaceae e Sematophyllaceae que juntas totalizam 45% dos gêneros

e 53% das espécies. Estas famílias concentram 43% dos gêneros e 53% das espécies estudadas. Cerca

de 90% das briófitas das florestas tropicais estão em 15 famílias, e dentre estas foram encontradas

quatro (2 de hepáticas e 2 de musgos). Dentre as 28 espécies encontradas, quatro (14%) são novas

ocorrências para o estado do Rio de Janeiro e Lejeunea huctumalcensis Lindenb. & Gottsche e

Cryphaea filiformis (Hedw.) Brid. não eram conhecidas para o SE do Brasil, tendo aqui o limite

altitudinal ampliado e ocorrência na formação vegetal (até 845 m para Floresta Montana).

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Substrato - As espécies colonizaram três tipos de substratos, predominando o terrícola (17 espécies -

60%), seguido do rupícola(9 spp. - 32%) e corticícola (6 spp. - 21%). O alto número de espécies

terrícolas ocorre devido a presença do barranco onde ocorrem espécies de hepáticas talosas e folhosas

típicas deste ambiente.

Padrões de distribuição - Foram caracterizados sete padrões, predominando o Neotropical (12

espécies - 42%), seguido do Pantropical e América Tropical/África, (5 spp. cada - 17%). Os resultados

são similares aos de Costa & Molinaro (2001) o único trabalho que analisou padrões de distribuição.

Em relação a distribuição dos táxons no Brasil, predominam espécies com ampla distribuição (20

táxons - 71%), seguidas daquelas com distribuição no SE/S (quatro espécies - 14%), sendo estes

resultados similares aos encontrados em outros trabalhos em áreas urbanas para o país.

CONCLUSÕES

O diferencial deste trabalho em relação aos outros realizados em áreas urbanas no país, foi a presença

do microhabitat barranco, que é um ambiente propício para espécies de hepáticas talosas e folhosas

pouco comuns em áreas urbanas. Foram encontradas quatro novas ocorrências para o Rio de Janeiro,

sendo duas não citadas para o SE do Brasil e tiveram seus limites ampliados, porque eram conhecidas

para Florestas de Terras Baixas e Submontana. Em relação aos padrões predominou o padrão

Neotropical resultado similar aos encontrados em inventários floristícos realizados no Brasil,

principalmente no bioma Mata Atlântica. A área está inserida no bioma Mata Atlântica, com ca. 845

m (Floresta Montana), o que possibilitou encontrar espécies não citadas em outros trabalhos, porque

estes foram realizados nos biomas Cerrado e Amazônia. Até o presente momento foi analisada a

brioflora de apenas uma das localidades de estudo, e embora os resultados encontrados sejam

similares aos de outros trabalhos de áreas urbanas no país, estes apresentam novidades em termos de

ocorrência de espécies. Até o final deste ano serão analisadas as outras localidades, bem como as

formas de vida. Este projeto representa a monografia de conclusão do curso de Ciências Biológicas da

Universidade Estácio de Sá, campus Petrópolis, que será apresentada em dezembro de 2014.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, D.P. 2014. Briófitas. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de

Janeiro (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB128472).

COSTA, D.P. & MOLINARO, L.C. 2001. Briófitas do Arboreto do Jardim Botânico, RJ, Brasil.

Rodriguésia 52: 107-124.

COSTA, D.P., IMBASSAHY, C.A.A. & SILVA, V.P.A.V. 2005. Diversidade e importância das

espécies de briófitas na conservação do ecossintema do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia

56: 13-49.

ROBBINS, R.G. 1952. Bryophyte ecology of a dune area in New Zealand. Vegetatio, Acta

Geobotanica 4: 1-31.

SCHOFIELD, W.B. 1985. Ecology. In: Schofield, W.B. Introduction to Bryology. Editora Blackburn

Press, USA.

SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. 2012. Guia do investidor. Prefeitura Municipal de

Petrópolis (http://www.petropolis.rj.gov.br, acessado em novembro de 2013).

YANO, O. & CÂMARA, P.E. 2004. Briófitas de Manaus, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica 34:

445-457.

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APRIMORAMENTO DO CULTIVO IN VITRO DE CANISTROCARPUS CERVICORNIS

Íris Lourenço de Menezes; Graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura), UNESA; ingresso na

graduação – 08/2012; previsão de conclusão do curso – 07/2014; ingresso no PIBIC: agosto/2012;

orientador: Renata Perpetuo Reis.

INTRODUÇÃO

A algicultura é uma aquicultura em ascensão como meio suprir a demanda mundial por algas (FAO

2014). A tecnologia de cultivo dependerá do tipo de crescimento da alga, que pode ser clonal ou

unitário. O cultivo de algas clonais é por fragmentação do talo que é um método de cultivo simples e

barato, enquanto que o cultivo de espécies unitárias, que são cultivos mais elaborados e onerosos,

deve ter em uma de suas etapas o uso de esporos (Santelices 2001). Desta forma, como primeira etapa

o tipo de crescimento da espécie deve ser identificado e posteriormente suas características

fisiológicas de adaptação ao ambiente de cultivo. Devido as propriedades antivirais e anticoagulantes

de Canistrocarpus cervicornis (Kützing) De Paula & De Clerck (Vallim et al. 2010), em 2012,

Menezes (2013) iniciou estudos sobre a viabilidade do cultivo desta espécie. A partir desse estudo,

foram levantadas as seguintes hipóteses: C. cervicornis é uma espécie unitária; a irradiância interfere

na esporulação e no crescimento; talos coletados férteis serão eficientes para induzir a esporulação e

plântulas coletadas nos talos poderão ser utilizadas para obtenção de biomassa e não existe biomassa

suficiente para uma explotação sustentável.

OBJETIVOS

O objetivo geral foi o de estabelecer uma técnica de cultivo para C. cervicornis. Para atingir este

objetivo foram usados os seguintes objetivos específicos: identificar o tipo de crescimento da espécie;

avaliar a interferência da irradiância na esporulação e no crescimento; verificar a viabilidade da

produção de biomassa a partir do uso de plântulas, averiguar se o estado fértil interfere na esporulação

e o potencial de uso de uma população.

MATERIAL E METODOS

Os espécimes foram coletados em Paraty Mirim (RJ), em três períodos e aclimados por 21 dias em

condições ambientais controladas de temperatura (24±1°C), irradiância (30±10 mol.fótons.m-2

.s-1

) e

fotoperíodo (12 horas). Para averiguar se as algas são clonais foi verificado o crescimento de porções

apicais (2 cm) cultivadas em cinco Erlenmeyer (250 ml). A interferência da irradiação na esporulação

e no crescimento foi verificada em dois tratamentos: baixa irradiância (TBI, 30 ± 10 mol.fótons.m-

2.s

-1) e alta irradiância (TAI, 60 ± 10 mol.fótons.m

-2.s

-1) e seu crescimento em 15 e 30 dias. A

viabilidade da produção de biomassa a partir do uso de plântulas geradas in vitro foi quantificada pelo

no. de plântulas no talo e seu crescimento após 30 dias. Após 15 dias, foi verificado o crescimento de

10 plântulas (2cm), crescidas nos talos, em Erlenmeyer (n=5). O crescimento dos talos e das plântulas

foram estimados pela taxa de crescimento diário, TCD (% dia−1

)=[(compr.final/compr.inicial)1/tempo de

cultivo-1]×100%]. A influência da fertilidade na esporulação foi avaliada em 50 porções apicais (5cm).

O potencial de explotação (biomassa.m-2

) foi avaliado em dois tempos (1 e 2), por amostragem

destrutiva e seu percentual de ocorrência [PO=(massa da espécie/massa total de algas)/100]. Após

testes de normalidade e homogeneidade de variâncias foram testadas as diferenças entre TCD nas

diferentes irradiâncias pelo teste não paramétrico de Mann Whitney e entre as biomassas de C.

cervicornis e de Sargassum spp. nos dois tempos pelo teste de Student (t).

RESULTADOS

Em 15 dias, a diferença entre as TCD do talo nas duas irradiância não variou (Z = 1,50, p = 0,1). Os

talos começaram a se fragmentar, entretanto plântulas nasceram. Em 30 dias (Tab. 1), tiveram a

mesma TCD (Z = -0,8, p = 0,4) e o mesmo número de plântulas (Z = 0,37, p = 0,7). Quando

comparado o crescimento das plântulas com os dos talos (Tab. 1), as plântulas cresceram mais (Z =

3,78, p < 0,001). Em sete dias (Tab. 1), o crescimento das plântulas foi maior do que em 15 dias de

cultivo (Z = 9,63, p < 0,001). Em relação ao estado fértil (Tab. 2), houve diferença significativa entre

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os tempos amostrados (Z= -3,21, p < 0,001), com menos esporos no tempo 1 do que no tempo 2. De

modo inverso, a quantidade de plântulas sobre os talos foi maior no tempo 2 do que no tempo 1 (Z =

8,35, p < 0,001). Em relação ao percentual de ocorrência das assembleias de algas nestes dois

períodos (Fig. 3), dominaram as espécies de Sargassum e de C. cervicornis. Não houve diferença

significativa da biomassa de C. cervicornis nos dois tempos amostrados (99,93±156,86 e

82,99±116,37), assim como nas espécies de Sargassum (t = 044, p = 0,66) (Tab. 2).

DISCUSSÃO

Não houve efeito da irradiância no crescimento e na esporulação de C. cervicornis. Conforme a

classificação de Santelices (2011), o crescimento é do tipo unitário, uma vez que após 15 dias os talos

morreram. O crescimento das plântulas foi homogêneo, fato verificado pelo desvio padrão da média.

Este é um fator desejável para o estabelecimento de técnicas de cultivo (Góes & Reis 2011). In vitro, o

principal problema foi a contaminação por cianobactérias, que provavelmente pode ser solucionada

com o uso de água artificial. Entretanto, o uso deste tipo de água onera o preço da alga produzida e

dificulta a etapa do cultivo indoor, sendo necessário avaliar seu custo-benefício. Não foi observada a

interferência do estado fértil na esporulação in vitro, como previsto na hipótese e por Menezes (2013).

A explotação de C. cervicornis em bancos naturais poderia ser uma alternativa em vista a ampla

distribuição desta espécie no litoral brasileiro (Nunes e De Paula 2001) e por não apresentar alterações

significativas nos tempos amostrados, com cerca de 100 g.m-2

. No entanto, deve ser considerada a

demanda pelo produto, que ainda não existe para esta espécie, e o impacto negativo da colheita no

ecossistema, que já foi observado na exploração de espécies de Gracilaria nos bancos nordestinos

(Miranda 2010).

CONCLUSÕES

A irradiância não afeta a esporulação e o crescimento de C. cervicornis. A fertilidade da alga não

interfere no processo de esporulação. A técnica de cultivo para esta espécie deve ser para algas do tipo

unitário e nas etapas indoor deve ser utilizado meio de cultura axênico, para evitar a contaminação por

cianobactérias, que por sua vez onera o custo do cultivo e é muito elaborada. Recomenda-se evitar a

colheita em bancos de C. cervicornis de maneira a evitar danos ambientais. Mais estudos devem ser

realizados para o estabelecimento de um protocolo de cultivo desta espécie.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAO. 2014. The State of World Fisheries and Aquaculture. Food and Agriculture Organization of the

United Nations, Rome, 223 pp.

GÓES, H.G. & REIS, R.P. 2011. An initial comparison of tubular netting versus tie–tie methods of

cultivation for Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) on the south coast of Rio de Janeiro

State, Brazil. Journal of Applied Phycology 23:607-613.

MENEZES, I. 2013. Viabilidade do cultivo de algas com potencial para fármacos. Relatório

PIBIC/CNPq/JBRJ: agosto 2012 a julho 2013, 13 p.

MIRANDA, G.E.C., 2010. Monitoramento, manejo e restauração de populações de Gracilaria

caudata (Rhodophyta, Gracilariales): subsídios para o uso sustentável. Tese de doutorado.

Universidade Federal de Pernambuco, Recife,

NUNES, J.M.C. & DE PAULA E.J. 2001. O gênero Dictyota Lamouroux (Dictyotaceae -

Phaeophyta) no litoral do estado da Bahia, Brasil. Acta Botanica Malacitana 26:5-18.

SANTELICES, B. 2001. Implications of clonal and chimeric-type thallus organization on seaweed

farming and harvesting. Journal of Applied Phycology 13:153–160.

VALLIM, M.A.; BARBOSA, J.E.; CAVALCANTI, D.N. DE PAULA, J.C.; SILVA, V.A.G.G.;

TEIXEIRA, V.L.; PAIXÃO, I.C.N.P. 2010. In vitro antiviral activity of diterpenes isolated from the

Brazilian brown alga Canistrocarpus cervicornis. Journal of Medicinal Plants Research 4:2379-2382.

Tabela 1. Taxas de crescimento diário – TCD (%.dia-1

) dos talos e das plântulas cultivadas no

Tratamento Baixa Irradiância (TBI) e Tratamento Alta Irradiância (TAI) e número de plântulas que

cresceram nos talos das amostras cultivadas no TBI e TAI.

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Medidas Média ± desvio padrão

TCD de talos em TBI (n=5) em 15 dias 3,3±2,9

TCD de talos em TBA (n=5) em 15 dias 2,6±3,2

TCD de plântulas em TBI (n=10) em 30 dias 2,9±0,7

TCD de plântulas em TBA (n=10) em 30 dias 3,1±0,9

TCD de talos quando comparado com plântulas 3,2±2,9

TCD de plântulas quando comparadas com talos 3,0±0,9

Nº de plântulas em TBI 64,6±87,9

Nº de plântulas em TBA 53,7±57,7

TCD de plântulas (n=5) em 7 dias 10,7±4,3

TCD de plântulas (n=5) em 15 dias 4,6±1,9

Tabela 2. Numero de esporos, plântulas e biomassa g.m-2

das amostragens tempo 1 (outubro de 2013)

e tempo 2 (abril de 2014) coletados em bancos naturais de Canistrocarpus cervicornis na Ilha da

Cutia, Paraty Mirim, Município de Paraty, RJ.

Tempo

Nº de esporos

Nº de plântulas Biomassa g.m-2

C. cervicornis

Biomassa g.m-2

espécie de Sargassum

Tempo 1 51,2±59,6 59,6±46,7 99,93±156,86 148,59±140,61

Tempo 2 92,4±80,3 4,5±4,9 82,99±116,37 215,42±340,9

Figura 3: Percentual de algas que ocorrem nos bancos de Canistrocarpus cervicornis na Ilha da Cutia,

Paraty Mirim, Município de Paraty, RJ, n = 20. Percentuais abaixo de 10% colocadas como outras.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

tempo 1 tempo 2

Canistrocarpus cervicornis

Sargassum spp

Padina spp

outras

Percentual de Ocorrência

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ANÁLISE DO SISTEMA DE COLETA E PRODUÇÃO DE MUDAS EM VIVEIROS

FLORESTAIS DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO JOÃO, RJ

Isabel Ramalho Ortigão de Leoni; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação –

2010.1; previsão de conclusão do curso - 2016.2; ingresso no PIBIC - 2013.2; orientador: João

Marcelo Alvarenga Braga – Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ)

INTRODUÇÃO

Mesmo com uma alta demanda na execução de projetos de plantios objetivando a restauração

ecológica, ainda são grandes as dificuldades na sua realização. Seus principais obstáculos são os altos

custos de implementação e manutenção, a dificuldade em ter boa produção e qualidade de mudas e, a

baixa qualidade das sementes em função da ausência de critérios para garantir a diversidade genética.

Como a qualidade, diversidade e quantidade de sementes e mudas nativas é a parte essencial para a

implantação de projetos de restauração, ter a compreensão de todo o processo de produção de mudas,

desde a coleta de sementes até o transporte da muda para o local de plantio e as dificuldades

enfrentadas em cada etapa deste processo, nos ajuda a propor melhores modelos de produção e

abastecimento de mudas. Além disso, viveiros localizados próximos à área a ser restaurada, além de

produzirem mudas a partir de matrizes locais, também apresentam certa vantagem perante as outras

mudas vindas de localidades mais distantes, pois estas já possuem adaptações e uma plasticidade

fenotípica favorável para um melhor desempenho na sua sobrevivência e crescimento do indivíduo.

Porém, a importância dos viveiros não está apenas no seu caráter ambiental, com a produção de mudas

utilizadas em plantios, mas também tem seus reflexos econômicos e sociais, pois geram mão de obra,

renda e incentivam a economia local (Rodrigues et al. 2004). Dessa forma, visando incentivar a

economia, geração de renda e diversidade local, a ONG Associação Mico Leão Dourado (AMDL)

ofereceu auxílio logística e financeiro para que seis famílias de pequenos produtores rurais iniciassem

atividades de produção de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. Também foram proferidas

oficinas de capacitação e os primeiros lotes de mudas foram vendidos para a própria AMDL, como

forma de pagamento pelo investimento inicial da construção dos viveiros. Entretanto, apesar de cada

produtor ter recebido financiamento para a construção das benfeitorias (viveiro telado, estufa e

galpão) e terem participado da mesma capacitação, os resultados de produção de mudas não foram

uniformes.

OBJETIVOS

Analisar o sistema de produção de mudas florestais nativas, desde a escolha das espécies, coleta das

sementes, beneficiamento, germinação, crescimento e abastecimento; entender as dificuldades e os

impedimentos que ocorrem nestas etapas, que geram os diferentes resultados encontrados.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo: Os viveiros estudados encontram-se nos municípios de Silva Jardim e Casimiro de

Abreu, localizados no Estado do Rio de Janeiro. A região é parte da Bacia Hidrográfica do Rio São

João (22º20’-22º 50’S e 42º00’-42º40’W), compreendendo uma superfície de 2.160 km2 (CBHLSJ,

2014). O clima é quente e úmido e a fisionomia da vegetação local de Floresta Ombrófila Densa e

Florestas de Terras Baixas (IBGE, 1991). Metodologia: Até o momento foram realizadas visitas em

três viveiros participantes. Inicialmente foi construído e posteriormente aplicado um formulário

semiestruturado com o responsável do viveiro, com perguntas dicotômicas (sim e não) e perguntas

abertas, permitindo uma maior liberdade na resposta do entrevistado. O formulário é composto pelas

seguintes partes: 1) informações pessoais do viveirista; 2) informações sobre o viveiro; 3) informações

sobre a coleta de sementes e produção de mudas.

RESULTADOS

Os resultados ainda são muito preliminares. Não foram feitas todas as entrevistas e os dados

quantitativos ainda não foram analisados, i.e. faltam coligir 50% das informações.

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27

DISCUSSÃO

Embora não tenham sido obtidos todos os resultados, já foi possível conhecer a realidade de pequenos

viveiros da região de estudo. Todos os entrevistados possuem um entendimento claro sobre o termo

restauração ecológica e reconhecem os benefícios gerados por uma floresta. Mesmo com uma enorme

demanda local por mudas nativas para plantios de restauração, na prática o que vemos é o inverso

disso. Os viveiristas que já iniciaram sua produção informaram que muitas mudas produzidas não são

vendidadas a tempo e acabam tendo suas raizes enroladas, tornando-as impróprias para o plantio.

Dessa forma, essa perda de tempo e investimento acaba desestimulando o empenho no funcionamento

dos viveiros. Seria mais interessante para eles trabalharem sob encomenda, assim já saberiam

exatamente quais espécie e a quantidade que deveriam produzir e ainda poderiam ganhar um

adiantamento do valor total da venda. Entretanto, a incerteza da implantação dos projetos de

restauração torna-se inviável pelo comprador a encomenda antecipado das mudas florestais. Além

disso, o que tem demostrado ser o principal responsável pela diferença de rendimento dos viveiros é a

falta de conhecimento sobre as espécies arbóreas (localização, identificação botânica, escolha e

escassez de matrizes, fenologia, produção de mudas, etc). Portanto, projetos que ajudem a construção

de pequenos viveiros com acompanhamento técnico demonstraram ter um papel-chave na produção e

na melhoria da qualidade de mudas, refletindo no sucesso dos projetos de restauração e na melhoria da

qualidade de vida da população local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CBHLSJ. 2014. Comitê das Bacias Hidrográficas das Lagoas de Araruama, Saquarema e dos Rios

São João e Una. Disponível em: http://www.lagossaojoao.org.br. Acessado em: 29/04/2014.

IBGE, 1991. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, IBGE, Rio de Janeiro.

RODRIGUES, E.R.; MOSCOGLIATO, A.V. & NOGUEIRA, A.C. 2004. Viveiros “Agroflorestais”

em assentamentos de reforma agrária como instrumentos de recuperação ambiental: um estudo de

caso no Pontal do Paranapanema. Cadernos da Biodiversidade 4: 1-8.

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IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA DAS ALGAS CALCÁRIAS INCRUSTANTES DO

MONUMENTO NATURAL DAS ILHAS CAGARRAS.

Jonas de Azevedo; Graduação em Biologia Marinha; Faculdades Integradas Maria Thereza

(FAMATh); Ingresso: 01/2013; Previsão de Conclusão: 12/2016; Ingresso no PIBIC: 08/2013;

Orientador: Gilberto Menezes Amado-Filho.

INTRODUÇÃO

O Monumento Natural das Ilhas Cagarras é composto pelo arquipélago das Cagarras, Ilha Redonda e

Filhote da Redonda, sendo um local de estudo para diversas áreas biológicas e geológicas (Moraes &

Seoane 2013). Foram feitos estudos de taxonomia de macroalgas marinhas nas ilhas, porém, o grupo

de algas vermelhas coralíneas foi pouco explorado (Muniz et al. 2013).

As Algas Coralíneas Incrustantes (CCA) têm uma grande importância ecológica por serem

organismos bioconstrutores e produzirem uma quantidade muito alta de carbonato de cálcio, porém,

são pobremente conhecidas mundialmente, principalmente no Brasil (Horta 2002).

OBJETIVO

Identificar as espécies de algas coralíneas incrustantes no Monumento Natural das ilhas cagarras e

caracterizar sua distribuição.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizadas coletas de CCA a partir de mergulho autônomo em 2 sítios de coleta, um na Ilha das

Palmas (dentro do arquipélago), e o outro na Ilha Redonda (fora do arquipélago), entre 3-15 m de

profundidade. As CCA foram fixadas, depois descritas e identificadas com base em características

morfoanatômicas através de observações em microscopia óptica e eletrônica de varredura.

RESULTADOS

Ao todo, seis táxons foram identificados, dentre eles três em nível de gênero: Mesophyllum sp.;

Titanoderma sp.; Phymatolithon sp.; e 3 em nível de espécie: Lithophyllum stictaeforme;

Lithophyllum prototypum; Mesophyllum macroblastum. Apenas Mesophyllum macroblastum teve o

processo de identificação e descrição concretizado até o final, incluindo prancha com fotos de

estruturas reprodutivas e características vegetativas (figura 1-5).

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos até agora indicam que mesmo em uma área sob forte pressão antrópica a

diversidade de CCA é alta, já que seis táxons foram identificados. O registro de Mesophyllum

macroblastum representa uma nova ocorrência para o oceano Atlântico por ter sido descrita apenas no

Mar Adriático e sul e sudeste da Austrália por Woelkerling & Harvey (1993) e Harvey et al. (2003 ).

Nossas metas são: concluir a identificação a nível específico e realizar novas amostragens para

concluir o inventário.

CONCLUSÃO

Por Mesophyllum macroblastum ser uma nova ocorrência para o Atlântico, indica que o Monumento

Natural das Ilhas Cagarras é uma área de alto potencial de estudo de CCA. 2

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

HARVEY, A.S., WOELKERLING, W.J. & MILLAR, A.J.K. 2003. An account of the Hapalidiaceae

(Corallinales, Rhodophyta) in south-eastern Australia. Australian Systematic Botany 16: 647–698.

HORTA P.A. 2002. Bases para a identificação das coralináceas não articuladas do litoral brasileiro –

uma síntese do conhecimento. Biotemas. 15: 7-44.

MORAES, F., SEOANE, J.C. Caracterização das ilhas e do encontro do Monumento Natural das

Ilhas Cagarras. In: Moraes, F., Bertoncini, A, Aguiar, A. (Ed.). História, Pesquisa e Biodiversidade do

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Monumento Natural das Ilhas Cagarras. Rio de Janeiro: Museu Nacional Série Livros 48, 2013. p.11

– 37.

MUNIZ, R.; REIS, R.; MARROIG, R.; AMADO-FILHO, G.M. Algas marinhas do Monumento

Natural das Ilhas Cagarras. In: Moraes, F., Bertoncini, A, Aguiar, A. (Ed.). História, Pesquisa e

Biodiversidade do Monumento Natural das Ilhas Cagarras. Rio de Janeiro: Museu Nacional Série

Livros 48, 2013. p.49 – 61.

WOELKERLING, W. J., and HARVEY, A.S. 1993. An account of southern Australian species of

Mesophyllum (Corallinaceae, Rhodophyta). Australian Systematic Botany 6: 571–637

.

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Figuras 1-5. Características vegetativas e reprodutivas de Mesophyllum macroblastum. 1 - Corte

transversal do talo vegetativo mostrando células epiteliais arredondadas e achatadas (E) e células

subepiteliais (i) do mesmo tamanho ou maior do que as subjacentes, com fusão celular unindo os

filamentos adjacentes (setas). 2 - Vista superficial dos conceptáculos tetrasporangiais multiporados

em forma de vulcão. 3 - MEV da superfície do conceptáculo tetrasporangial multiporado em forma

de vulcão com bordas periféricas elevadas e superfície de poros afundados ao centro. 4 - Corte

longitudinal do conceptáculo mostrando a borda periférica elevada quando a superfície dos poros. 5 -

O corte mostrando células que revestem o canal de poro (setas) semelhantes em tamanho e forma

para outras células do teto.

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HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO

Júlia Maria C. Gaspar; Graduação em história, UFRJ; ingresso na graduação – julho/2010; previsão de

conclusão de curso – dezembro/2014; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientadora: Alda Heizer.

INTRODUÇÃO

As coleções históricas que estão depositadas em herbários podem ser identificadas como parte de uma

prática científica datada e que se atualiza dado que é possível apresentar perguntas sobre sua trajetória.

Sendo assim, estudar a coleção histórica Herbier Fée, uma das coleções do importante herbário do

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, se justifica (Forzza; Mynssen; Tamaio;

Barros; Franco; Pereira,2008).

A coleção Herbier Fée foi parte integrante do acervo pessoal do botânico e farmacêutico Antoine

Laurent Apollinaire Fée (1789-1874) que abrigava também outras sete coleções (Cosson,1858). Parte

do acervo acima citado foi coletado no período em que o botânico exerceu a função de médico

auxiliar nas tropas napoleônicas durante a guerra Franco-Espanhola (1809-1813) e em expedições

realizadas na Europa. Além disso, o acervo de Fée, assim como ficou conhecido, continha coletas de

outros botânicos como de Claude Richard (1705-1784), Carl von Martius (1794-1868), Auguste

Glaziou (1833-1906) e Hugh Cuming (1791-1865).

Antoine Laurent Apollinaire Fée iniciou suas atividades como botânico em 1832, na cidade de

Estrasburgo, localizada na região da Alsácia-Lorena. Além disso, o naturalista lecionou botânica na

Universidade de Estrasburgo e foi diretor do Jardim Botânico da mesma cidade.

Na segunda metade do século XIX, em 1871, o botânico recebeu a visita do Imperador do Brasil

Pedro II que realizava sua primeira viagem oficial à Europa (Bediaga,1999). O imperador e

Apollinaire Fée se conheceram através de uma carta intermediada pelo naturalista Auguste Glaziou

(1869). Na carta, o naturalista Fée doa ao imperador uma de suas obras, intitulada “Cryptogames

Vasculaires du Brésil”. Mas foi durante a visita ao botânico que o imperador adquiriu a coleção

Herbier Fée.

Em 1890, Pedro II fez uma doação ao diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, João Barbosa

Rodrigues (1942-1909). No ano seguinte, Barbosa Rodrigues criou o herbário com base na coleção

Herbier Fée juntamente com outras plantas cultivadas no próprio Jardim Botânico e coletadas no

Brasil, além de um museu e de uma biblioteca.

OBJETIVO

O projeto de pesquisa apresentou como objetivo identificar na documentação textual presente em

acervos institucionais, dados sobre o naturalista Antoine Laurent Apollinaire Fée (1789-1874), sua

formação acadêmica, sua inserção em sociedades científicas, sua relação com outros cientistas e atores

da sociedade europeia; informações essenciais para a compreensão de aspectos da trajetória histórica

da coleção Herbier Fée.

MATERIAL E MÉTODOS

Para atingir os objetivos foi realizada identificação e posterior análise de documentos textuais e

iconográficos em instituições de pesquisa em história como a Biblioteca João Barbosa Rodrigues

(seção das Obras Raras), a Biblioteca Nacional (seção de Obras Raras), todos localizados na cidade do

Rio de Janeiro e também documentos da Universidade de Estrasburgo (disponibilizados através do

site www.unistra.fr) e documentos da Biblioteca Nacional da França (através do site

www.gallica.bnf.fr).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da identificação de fontes nas instituições de pesquisa histórica citadas, juntamente com a

participação em grupo de pesquisa sobre colecionismo, foi possível afirmar que: 1-os boletins de

sociedades científicas da época como, por exemplo, o Bulletin de Société Botanique de France, de

1858, contém informações importantes sobre herbários de naturalistas. Em tais boletins identificam-se

as interlocuções entre cientistas, trocas de correspondências entre naturalistas e instituições, permutas

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de periódicos, etc; 2- a importância de Estrasburgo como polo de produção de conhecimento

científico. O botânico Apollinaire Fée se estabeleceu em Estrasburgo durante longo período. A cidade

foi o lugar em que o botânico iniciou a produção de seu herbário, tornou-se professor de botânica da

Universidade e diretor do Jardim Botânico.

CONCLUSÃO

Após a análise da documentação mencionada anteriormente, podemos concluir que Antoine Laurent

Apollinaire Fée foi um importante botânico e farmacêutico de seu tempo, tendo em vista as redes de

sociabilidade nas quais ele estava imerso bem como o legado que o botânico deixou para a botânica

contemporânea. A relação existente entre ele e outros botânicos nos aponta para a importância de sua

atuação no meio científico e acadêmico da época.

O estudo sobre a trajetória da coleção Herbier Fée adquirida pelo imperador Pedro II, em 1871 e

doada ao botânico João Barbosa Rodrigues, em 1890 nos permite refletir sobre o significado da

coleção para a história do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para a história da botânica bem como

inferir sobre as relações entre o botânico João Barbosa Rodrigues e os governos imperial e

republicano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BEDIAGA, B.; 1999. Diário do imperador d. Pedro II. Petrópolis: Museu Imperial. P. 164.

BENJAMIN, C.; 2007. Dicionário de Biografias Científicas. Rio de Janeiro: Contraponto.V. 2

BUREAU. E. ; HIRTZ. M. ; 1874. Obsèques de M. Fée. Bulletin de la Société Botanique de France.

Paris : Au Bureau de la Société. p. 168-178.

CHARTIER, R. ; 2000. A História Cultural. Entre práticas e representações. Lisboa: Difel.

COSSON, E. ; 1858. Herbier de M. Fée. Bulletin de la Société Botanique de France. Paris: Au Bureau

de la Société. p. 553-555.

DANTAS, R. M. M. C.; 2007. A Casa do Imperador: do Paço de São Cristóvão ao Museu Nacional.

Rio de Janeiro: UNIRIO.

FÉE, A.L.A. ; 1869. Cryptogames Vasculaires du Brésil. Paris : Veuve Berger-Levrault & Fils,

Libraires. Rio de Janeiro : S. Obras Raras, Biblioteca João Barbosa Rodrigues.

FORZZA, R. C., MYNSSEN, C. M., TAMAIO, N., BARROS, C., FRANCO, L., PEREIRA, M. C.

A.; 2008. As coleções do herbário. In 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:

Biblioteca João Barbosa Rodrigues. p. 45-55.

HEIZER. A. L.; 2012. João Barbosa Rodrigues. Um naturalista entre o Império e a República. In:

Revista Brasileira de História da Ciência. Rio de Janeiro: V.5, p. 89-100.

MARQUETE, N. F. S.; CARVALHO, L. d’Á. F.; BAUMGRATZ, J. F.; 2001. O herbário do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro: um expoente na história da flora brasileira. JBRJ. Rio de Janeiro.

MYNSSEN, C.; 2011. Herbier Fée: restauração e diagnóstico da coleção fundadora do herbário do

Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Biblioteca João Barbosa Rodrigues.

SCHWARCZ, L. M.; DANTAS, R. M. M. C.; 2008. O Museu do Imperador: quando colecionar é

representar a nação. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros - USP, São Paulo: IEB, n° 46. p.

123-164.

WINDISCH, P. G.; 1996. Espécimens de Cuming na coleção de pteridófitas provenientes do herbário

de Fée no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: HerbariumBradeanum. S. Bradea. V. 8,

n° 1.

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EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES – FUNGI): VISÃO A PARTIR DA

RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS

Laura Videira Filardi; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação – 04/2013;

previsão de conclusão do curso – 04/2016; ingresso no PIBIC:outubro/2013; orientadores: Dr. Anibal

Alves de Carvalho Jr e Dra. Cássia Mônica Sakuragui.

INTRODUÇÃO

Os fungos da ordem Uredinales (Urediniomycetes) são organismos parasitas obrigatórios, que

apresentam uma alta especificidade em relação aos seus hospedeiros e que ocasionam uma doença

vegetal comumente denominada como ferrugem (França, Sotão & Costa-Neto 2010). Estão

classificados na ordem Pucciniales, classe Pucciniomycetes do filo Basidiomycota (Aime et al., 2006).

Constituem um grupo numeroso com mais de 7.000 espécies conhecidas e muitas com grande

importância econômica. Apresentam um dos ciclos vitais mais complexos de todos os organismos

podendo ocorrer, em uma única espécie, cinco a seis estágios esporíferos diferentes. Parte das espécies

necessita de hospedeiros de dois grupos não relacionados de plantas para completar seu ciclo de vida,

o que caracteriza um ciclo heteroécio, enquanto há outros que podem completar seu ciclo sobre uma

única hospedeira, ciclo autoécio. As espécies normalmente têm um conjunto restrito e específico de

hospedeiros; condição ecológica de parasitas obrigatórios (Cummins & Hiratsuka, 2003). Por

exemplo, há gêneros de ferrugem como Ravenelia que ocorre somente em espécies de Fabaceae

(Leguminosae), enquanto outros como Prospodium tem como hospedeiras apenas espécies de

Bignoniaceae ou Verbenaceae (Hennen et al 2005).

O estudo da história filogenética do hospedeiro, juntamente com o mapeamento das características

morfológicas do parasita obrigatório podem alavancar a compreensão da evolução de ambos os

grupos, e ainda resultar no descobrimento de uma história de coevolução. Porém, apesar de uma longa

história de coexistência, que pode ter se iniciado no Carbonífero (Millar & Kinloch 1991), poucos são

os estudos sobre o entendimento da evolução de ferrugens e angiospermas em conjunto.

OBJETIVO

Produzir hipóteses sobre a história evolutiva das relações entre espécies de ferrugens e espécies de

plantas hospedeiras das famílias Asteraceae e Bignoniaceae.

MATERIAL E MÉTODOS

Amostragem: Para a família Asteraceae foram amostradas nove espécies de Piptocarpha, dentre as 29

do gênero; para as Bignoniaceae, foram amostradas 29 espécies de diversos gêneros. Todas as

espécies de ambas famílias são parasitadas por ferrugens.

Reconstrução filogenética: das Bignoniaceae foi realizada a partir de sequências do GenBanck. As

espécies foram selecionadas por dados da bibliografia (Carvalho e Hennen, 2010). Para as

Piptocarpha, foi desenvolvido um protocolo de extração e amplificação, além de testes de primers

específicos para o grupo.

Análises filogenéticas: Todas as sequencias obtidas para o presente estudo foram alinhadas

progressivamente utilizando o programa Clustal W (Thompson et al. 1994), com subsequente

inspeção visual e eventuais ajustes manuais. A matriz de seqüências alinhadas será analisada segundo

os critérios do princípio da parcimônia e da máxima verossimilhança, pelo programa PAUP* 4.0b10,

e o critério Bayesiano utilizando o programa MrBayes 3.0 (Ronquist & Huelsenbeck 2003). As

análises de máxima verossimilhança e Bayesiana serão conduzidas após a seleção do modelo de

substituição de bases mais apropriado, através do programa ModelTest 3.7 (Posada & Crandall 1998).

O grau de sustentação dos ramos será estimado pela análise de bootstrap (Felsenstein 1985), nas

análises de parcimônia e de máxima verossimilhança. Na análise Bayesiana, a sustentação dos ramos

será estimada utilizando as probabilidades posteriores (Ronquist & Huelsenbeck 2003). Os caracteres

morfológicos (do gineceu) serão mapeados utilizando-se a opção TRACE ALL CHARACTERS do

Mesquite 2.5 (Madison & Madison 2008).

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RESULTADOS

Relações filogenéticas das espécies de Bignoniaceae

As relações filogenéticas entre as 29 espécies estudadas estão na Fig. 1. Para as análises das

Pucciniales foi utilizada a tabela 1.

Relações filogenéticas das espécies de Asteraceae

Até o momento, apenas o protocolo de extração e amplificação foram otimizados, não tendo sido

geradas até o momento sequencias para este grupo de hospedeiros.

DISCUSSÃO

Nossos resultados detectaram a presença de ferrugens do gênero Prospodium em todas as todas as

principais linhagens das Bignoniaceae sugeridas no trabalho de Olmstead et al. (2009). Representantes

do clado Bignoniae com ferrugens, entretanto, foram raros. Prospodium compreende 70 espécies,

dentre as quais somente oito ocorrem sobre espécies da família Verbenaceae, o restante ocorre sobre

espécies de Bignoniaceae (Carvalho & Hennen 2010). Todos os Prospodium são autoécios, com

urediniósporos, teliósporos e aeciósporos pedicelados. As relações filogenéticas geradas a partir dos

dados do gene NADH apresentaram diferenças em relação às encontradas no trabalho de Olmstead et

al. (2009). Por exemplo, nossos resultados encontraram dois gêneros sabidamente monofiléticos,

Tabebuia e Pyrostegia como parafiléticos. Estas diferenças são esperadas uma vez que os autores do

primeiro trabalho utilizaram outros marcadores, além outro set de análises.

O foco do nosso trabalho refere-se às relações evolutivas entre as espécies hospedeiras e as ferrugens.

Os resultados encontrados concordaram com a bibliografia (Hennen et al 2005) no sentido de que

vários clados apresentaram ferrugens específicas, como é o caso dos gêneros Clytostoma (Prospodium

singeri), Memorae (P. memorae) e Sparattosperma (P. minasense). Por outro lado, apenas duas

ferrugens ocorrem em gêneros de diferentes linhagens P. laevissimum ocorre sobre gêneros de

diferentes linhagens (Pyrostegia e Anemopaegma), bem como P. cordobense ocorre sobre

Amphilophium e Pithecoctenium.

CONCLUSÃO

A amplitude de ocorrência destas duas espécies de Prospodium são o ponto de partida para uma nova

análise que incluirá o estudo de caracteres morfológicos destas ferrugens e a evolução dos mesmos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, A.A. Jr., HENNEN, J.F. 2010. New species and nomenclature in Prospodium

(Uropyxidaceae, Pucciniales) and the new anamorphic genus Canasta in the Neotropics.

FRANÇA, I. F., SOTÃO, M. H. & COSTA-NETO, S. V. 2010. Fungos causadores de ferrugens

(Uredinales) da Reserva Biológica do Lago Piratuba, Amapá, Brasil.

FELSENSTEIN, J. 1985. Confidence limits on phylogenies: an approach using the

bootstrap.Evolution 39: 783-791.

MADDISON, W. P. and D.R. MADDISON. 2010. Mesquite: a modular system for evolutionary

analysis. Version 2.73 < http://mesquiteproject.org >

OLMSTEAD, R.G., ZJHRA, M.; LOHMMAN, L.G.; GROSE, S.O.; ECKERT, A.J. 2009. Am.

Journal of Botany 96 (9): 1731-1743.

RONQUIST, F. and J. P. HUELSENBECK. 2003. MRBAYES 3: Bayesian phylogenetic inference

under mixed models. Bioinformatics 19:1572-1574.

THOMPSON, J.D., HIGGINS, D.G. & GIBSON, T.J.1994. CLUSTAL W: Improving the sensitivity

of progressive multiple sequences alignment though sequence weighting, position specific gap

penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Research 22: 4673-4680.

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Figura 1. Relações filogenéticas das Bignoniaceae utilizando-se o marcador NADH.

Tabela 1. Ocorrência de espécies de Prospodium sobre Bignoniaceae de acordo com Carvalho e

Hennen (2010) BIGNONIACEAE PROSPODIUM

Pleonotoma P. fimbriatum, P. irregulare

Cydista P. aequinoctialis, P. cydistae

Memorae P. memorae

Clytostoma P. singeri

Pithecoctenium P. pithecoctenii, P. amphilophii,

P. cordobense, P. medusae, P. holwayi,

P. puttemansii

Tecoma P. appendiculatum, P. abortivum, P. aculeatum, P. mexicanum, P. elegans,

P. transformans

Pyrostegia P. kisimovae, P. laevissimum, P. impolitum

Tabebuia P. araguatum, P. bahamense, P. funalis, P. bicolor, P. perornatum, P. palmatum,

P. tecomicola, P. plagiopus, P. tabebuiicola,

P. venezuelanum, P. bicristatum

Tynanthus P. tynanthi

Anemopaegma P. anemopaegmatis, P. constrictum,

P. laevissimum, P. evernium

Pleonotonum P. anomalum

Amphilophium P. cordobense, P. vertiseptum,

P. cumminsii, P. perelegans, P. haplophylli

Lundia P. cyathiforme, P. lundiae

Couralia P. couraliae

Stizophyllum P. stizophylli

Cremastus P. cremastum

Sparattosperma P. minasense

Mansoa P. bicristatum, P. laevigatum,

P. trinidadense, P. mansoae

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IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DE MADEIRAS COMERCIAIS NO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO

Leonardo Bona do Nascimento, Graduação em Ciências Biológicas, UFF; ingresso na graduação

01/2011; previsão de conclusão do curso – 12/2014; ingresso no PIBIC: março/2013; orientador:

Neusa Tamaio; co-orientador: Arno F.N. Brandes.

INTRODUÇÃO

A madeira é um dos principais produtos comerciais brasileiros, representando grande parte do PIB do

Brasil (Ferreira et al., 2004; Sociedade Brasileira de Silvicultura, 2006). No entanto, erros de

identificação, usos de nomes populares, comércio de espécies ameaçadas e fraudes são problemas

comuns na comercialização de madeiras (Coradin e Camargos, 2002; Zenid e Ceccantini, 2007;

Botosso, 2009; Fortes 2009). O uso do nome popular em detrimento ao científico é preocupante, pois

provoca muita confusão. Além da problemática da nomenclatura, de modo geral, as identificações são

realizadas por práticas populares que consideram apenas características organolépticas, como cor e

odor o que frequentemente resultam a uma identificação incorreta (Botosso, 2009). A identificação

científica da madeira é necessária, pois contribui para a diminuição do uso inadequado para os nomes

populares e processa-se através da análise macroscópica e microscópica da estrutura anatômica. Após

o levantamento das características anatômicas, as identificações são realizadas utilizando ferramentas

que facilitem esse processo, como chaves de identificação dicotômicas e interativas, e através de

comparações com coleções de madeira de referência (xilotecas) e referências bibliográficas.

OBJETIVO

O presente trabalho tem a proposta de identificar as amostras de madeiras comercializadas no estado

do Rio de Janeiro através da análise anatômica macroscópica e analisar se o nome popular atribuído a

elas está sendo realizado de maneira adequada.

METODOLOGIA

As amostras foram fornecidas pelo INEA (Instituto Estadual do Meio Ambiente) do Rio de Janeiro.

Ao todo 52 empresas forneceram 277 amostras. As identificações foram realizadas através do método

macroscópico com a utilização de chaves interativas e dicotômicas (Coradin et al., 2010; Mainieri,

1983) e a literatura utilizada para comparar os nomes populares foi o Catálago de Árvores do Brasil

(Camargos et al., 2001).

RESULTADOS

Foram identificadas 201 amostras em nível genérico, 53 em nível específico e 23 ainda não foram

identificadas. As madeiras coletadas pertencem a 20 famílias, 35 gêneros e 41 espécies. Destaca-se a

família Leguminosae com 81 amostras pertencentes a 10 gêneros e Sapotaceae com 57 amostras de

três gêneros. O gênero com maior ocorrência foi Hymenolobium com 35 identificações. 39 nomes

populares informados não eram adequados (Tabela 1), representando 15% do total das identificações.

Foram encontradas cinco espécies que são consideradas vulneráveis à extinção: Araucaria

angustifolia, Peltogyne spp., Amburana acreana, Cedrela spp. e Bertholletia excelsa (Figuras 1-5).

DISCUSSÃO

Não há trabalhos recentes de levantamento e identificação de madeiras comerciais no Brasil e não há

registros para o Rio de Janeiro. No presente trabalho foi utilizado apenas a macroscopia, método este

que foi eficiente para identificar 254 amostras do total de 277 (201 em nível genérico e 53 nível

específico). Apesar da maioria das amostras serem identificadas apenas ao nível genérico, em muitos

casos é possível avaliar se o nome popular foi corretamente empregado. Com relação ao uso de

nomes populares, verificamos que 15% do total das identificações estavam com o nome inadequado,

que é um dado preocupante.

Das 41 espécies comercializadas, cinco delas estão com o status de vulneráveis ou risco de extinção:

Araucaria angustifolia, Peltogyne spp. Amburana acreana, Cedrela spp. e Bertholletia excelsa. Como

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se observa três táxons foram identificados ao nível de espécie, demonstrando que a identificação

macroscópica é uma ferramenta que pode contribuir para a fiscalização de madeiras com restrições de

comercialização. Existem métodos mais modernos de identificação da madeira, como barcoding,

espectroscopia de infravermelho-próximo (NIR), mas a identificação anatômica ainda é um método

muito utilizado, por ser um método rápido, econômico e eficiente para identificar as madeiras

comerciais.

CONCLUSÕES

Neste estudo, pode-se constatar que existem erros na identificação de madeiras no comércio do estado

do Rio de Janeiro e que há espécies em risco de extinção sendo comercializadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOTOSSO, P.C. 2009. Identificação macroscópica de madeiras: guia prático e noções básicas para o

seu reconhecimento. Embrapa Floresta, Documentos 194.

CAMARGOS, J.A.A.; CORADIN, V.T.R.; CZARNESKI, C.M.; OLIVEIRA, D.

MEGUERDITEJIAN, I. 2001. Catalogo de árvores do Brasil. IBAMA.

CORADIN, V.T.R; CAMARGOS, J.A. 2002. A Estrutura Anatômica da Madeira e Princípios para a

sua Identificação. 28p. Brasília: edições IBAMA.

CORADIN, V.T.R.; CAMARGOS, J.A.A.; PASTORE T.C.M.; CHRISTO, A.G. 2010. Madeiras

comerciais do Brasil: chave interativa de identificação baseada em caracteres gerais e macroscópicos.

Serviço Florestal Brasileiro, Laboratório de Produtos Florestais: Brasília. CD-ROM.

FERREIRA, G.C.; SILVA, R.C.V.; HOPKINS, M.J.G. 2004. Uso de nomes comuns na

comercialização de madeiras no Estado do Pará - o exemplo do angelim. Brasil Florestal, Brasília, DF,

v. 23, n. 80, p. 71-76, ago.

FORTES, H.C. 2009. Madeiras comercializadas como cedrinho (Erisma uncinatum Warm.,

Vochysiaceae) Monografia, Rio de Janeiro.

MAINIERI, C. 1983. Manual de Identificação das Principais Madeiras Comerciais Brasileiras. IPT -

Instituto de Pesquisas Tecnológicas/Campanha de Promoção de Pesquisa Cientifica e Tecnológica do

Estado de São Paulo.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2006. Fatos e Números do Brasil Florestal.

ZENID, G.J., CECCANTINI, G.C.T. 2007. Identificação macroscópica de madeiras. São Paulo: IPT,

24p.

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Tabela 1: Número de erros de identificação associado aos nomes populares cedidos pelas empresas

madeireiras.

Amostras Erros Amostras Erros

Dipteryx spp. 3 Caryocar spp. 1

Cedrelinga cateniformis 3 Erisma uncinatum 1

Couratari spp. 3 Hymenolobium spp. 1

Qualea spp. 3 Lecythis spp. 1

Aspidosperma macrocarpon 2 Pinus spp 1

Cordia spp. 2 Roupala montana 1

Goupia glabra 2 Vaitaereopsis spp. 1

Manilkara spp./Pouteria spp. 2 Vochysia spp. 1

Bowdichia spp. 2 Micropholis melinoniana 1

Bertholletia excelsa 1

Figuras 1-5. Aspecto

macroscópico. Plano

transversal. Espécies

ameaçadas de extinção. 1.

Amburana acreana 2.

Peltogyne spp. 3. Cedrela

spp. 4. Bertolletia excelsa 5.

Araucaria angustifolia.

Escala 2 mm.

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EFEITOS A CURTO PRAZO DA ACIDIFICAÇÃO DA ÁGUA DO MAR NO BIOFILME

FORMADO SOBRE ALGAS CALCÁRIAS IN VITRO

Maria Julia P. da Fonseca Fernandes Willemes; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na

graduação- 2012.1; previsão de conclusão do curso – 2015.2; ingresso no PIBIC: Setembro

/2013;Orientador: Leonardo Tavares Salgado; Co-orientador: Rodrigo Tomazetto de Carvalho.

INTRODUÇÃO

As algas calcárias das famílias Corallinales e Sporolithales (Rhodophyta) possuem uma ampla

distribuição latitudinal e longitudinal no planeta, ocorrendo desde águas rasas até profundidades de

300 metros (Steneck, 1986). Estas possuem papel fundamental em diversos ecossistemas,

principalmente em recifes coralíneos. Contribuem de forma direta para a formação e estruturação

dessas comunidades, atuando na agregação do substrato inconsolidado e no assentamento de diversos

invertebrados marinhos (esponjas, corais, equinodermos, moluscos, poliquetas, etc.) (Wieczorek &

Todd 1998). Previsões futuras de mudanças da química da água do mar devido ao aumento da [CO2]

atmosférico, como a diminuição do pH, indicam alterações deletérias em processos biológicos

relacionados as algas calcárias (Gatuso, et al. 1998). Uma das modificações propostas relacionadas à

acidificação da água do mar seria a mudança da comunidade bacteriana que ocorre na superfície das

algas calcárias (Meron, et al. 2011), podendo esta ser crucial tanto no processo de assentamento de

outros organismos, mas também para a vitalidade e sobrevivência dessas algas em seus ambientes. O

objetivo principal deste trabalho foi analisar os efeitos da diminuição do pH da água do mar sobre o biofilme

bacteriano formado na superfície de algas calcárias em laboratório, em curto prazo.

METODOLOGIA

Algas calcárias da espécie Mesophyllum erubecens (Foslie) foram coletadas na Enseada do Portinho

Norte, localizado na Ilha Santa Bárbara - Arquipélago dos Abrolhos. Estas foram encaminhadas ao

Laboratório de Cultivo de Algas do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e

aclimatadas. Béqueres com 5g de algas foram colocados em caixas acrílicas aonde foram reproduzidas

artificialmente diferentes atmosferas de CO2 previstas para daqui a até 100 anos pelo IPCC. Após 96

horas, as algas foram visualizadas no Microscópio Eletrônico de Varredura do IPJBRJ. Foram

analisadas 20 imagens de cada um dos tratamentos e do controle (algas não incubadas nas caixas

acrílicas). Com as imagens obtidas foram realizadas a identificação dos principais grupos de

microrganismos bem como a contagem e o percentual de cobertura destes sobre a superfície da alga

calcária. Esses dados foram utilizados para análises estatísticas posteriores para detectar diferenças

significativas do percentual de cobertura do biofilme bacteriano entre os tratamentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observadas as condições da água utilizada nos tratamentos. O pH apresentou os níveis

desejados em cada caixa acrílica para o experimento até 96 horas. A temperatura sofreu uma pequena

elevação de 0,5º após 96 horas de experimento. Já o Oxigênio Dissolvido apresentou uma pequena

queda mesmo com a aeração constante. Foram identificados 14 tipos bacterianos. O percentual de

cobertura bacteriano no tempo inicial foi 1,694 ± 1,479 % (FIGURA 1ª), na atmosfera de 484ppm,

2,942 ± 2,810%, em 822ppm 2,605 ± 2,272%, 1187ppm, 2,242 ± 2,888% e para 1637ppm 5,543 ±

4,788% (FIGURA1B). As análises estatísticas mostraram diferenças significativas entre o percentual

de cobertura bacteriano inicial e o tratamento com 1637ppm, além de mudanças nos grupos

bacterianos majoritários integrantes dos biofilmes (FIGURA 2).

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CONCLUSÕES

A partir dos dados obtidos é possível concluir que houve diferença significativa entre o tempo inicial

de experimento e o tratamento de 96 horas, mostrando que há uma real ameaça de modificação da

comunidade bacteriana sobre a superfície de algas calcárias, podendo ter uma influencia negativa e

prejudicando, assim, a captação de luz e nutrientes pelas algas calcárias, sendo crucial para a

vitalidade e o processo de assentamento de corais sobre estas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Steneck, R.S. 1986. The ecology of coralline algal crusts: convergent patterns and adaptive strategies.

Annual Review of Ecology and Systematics, 17: 273–303.

Wieczorek, S.K.; TOLD, C.D. 1998. Inhibition and faci- litation of settlement of epifaunal marine

invertebrate larvae by microbial biofilm cues. Biofouling 12: 81–118.

GATTUSO, J. P.; ALLEMAND, D. & FRANKIGNOULLE, M. 1998. Effect of calcium carbonate

saturation of seawater on coral calcification. Global and Planetary Change, 18: 37–46.

MERON, D.; ATIAS, E.; IASUR-KRUH, L.; ELIFANTZ, H.; MINZ, D.; FINE, M.; and BANIN, E.

2011. The impact of reduced pH on the microbial community of the coral Acropora eurystoma. ISME

J 5: 51–60.

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Figura 1 - Microscopia Eletrônica de Varredura da superfície dos rodolitos no tempo inicial (controle) (1A) e [CO2] 1637

ppm (1B) – É possível notar a diferença de cobertura bacteriana, com a ocorrência de representantes do grupo Bacillus no

controle (1A, cabeça de seta). Já no tratamento de 1637 ppm, vemos uma maior cobertura, com representantes de

Prosthecobacter (setas brancas) e filamentos curtos (cabeça de seta).

Gráfico 1 - Análise do percentual de cobertura dos organismos bacterianos formadores do biofilme em

Mesophyllum erubecens no tempo inicial (T0) e depois de 96 horas, em diferentes pHs e [CO2],

mostrando diferenças significativas (*) entre o T0 e o tratamento com [CO2] 1637 ppm (pH 7,5).

*

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DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA DE POPULAÇÕES DO JEQUITIBÁ-AÇU

(CARINIANA IANEIRENSIS R. KNUTH, LECYTHIDACEAE), UMA ESPÉCIE ARBÓREA

AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

Luan Carlos Dias de Freitas; graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida;

ingresso na graduação – 02/2011; previsão de conclusão do curso – 06/2015; ingresso no PIBIC:

agosto/2013; orientadora: Maristerra Rodrigues Lemes.

INTRODUÇÃO

O jequitibá-açú (Cariniana ianeirensis, Lecythidaceae) é uma árvore com distribuição em florestas

secas da costa atlântica brasileira da Bahia ao Rio de Janeiro e no sudoeste da Amazônia e Bolívia

(Mori et al. 2001). Suas populações nativas encontram-se severamente ameaçadas devido a ações

antrópicas ao longo de sua distribuição geográfica, principalmente em função do desmatamento e

conseqüente fragmentação e perda de habitat. Neste sentido, compreender os padrões de distribuição

da variabilidade genética nas populações de C. ianeirensis, é de fundamental importância para se

conhecer a estrutura e história evolutiva dessas populações, bem como para sua conservação.

Marcadores moleculares do DNA de cloroplasto (cpDNA) constituem ferramentas importantes em

estudos que visam a compreensão das relações filogenéticas entre populações, fluxo gênico histórico e

reconstrução das rotas de dispersão e colonização de espécies de plantas. Entre os marcadores

moleculares mais informativos em estudos de genética de populaçõe destacam-se os marcadores

microssatélite ou Sequências Simples Repetidas (SSR). A descoberta de DNA microssatélites

polimórficos no genoma de cloroplasto de plantas possibilitou novas oportunidades para o estudo de

variação citoplasmática com um alto grau de resolução (Provan et al. 2001), sendo bastante úteis em

análises populacionais, auxiliando na compreensão dos padrões de dispersão e fluxo gênico, bem

como em estudos com abordagem filogeográfica (Lemes et al. 2010).

OBJETIVO

Investigar os padrões de distribuição da variabilidade genética em populações de Cariniana ianeirensis

(Lecythidaceaeceae) pela análise de polimorfismos de locos microssatélites do genoma do cloroplasto

(cpDNA), buscando determinar a diversidade genética e relações filogeográficas das populações

estudadas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Coleta do material: Coletou-se folhas de aproximadamente 30 indivíduos por população de C.

ianeirensis, em cinco populações situadas no Brasil e Bolívia, acondicionadas em sílica gel e

posteriormente armazenadas em freezer -20oC até a extração do DNA.

Métodos: A extração do DNA genômico total foi feita utilizando o método CTAB (Doyle & Doyle,

1987) e a quantificação foi feita por método comparativo, utilizando padrões de massa molecular

conhecida de DNA (Lambda). Foram testados 10 pares de iniciadores (primers) que amplificam locos

microssatélites do genoma do cloroplasto (cpSSR) (Weising & Gardner, 1998) e avaliada a

transferibilidade destes marcadores para C.ianeirensis. A amplificação dos locos cpSSR ocorreu por

meio de PCR. Os produtos amplificados foram analisados sob eletroforese capilar em um

sequenciador de DNA 3500XL (Life Tech, Inc.) utilizando o marcador GeneScan LIZ 600. Para as

estimativas dos parâmetros genéticos de diversidade e diferenciação genética entre as populações

utilizou-se o programa Arlequin 3.5 (Excoffier et al, 2005). Foram estimadas as relações entre os

haplótipos por meio de uma análise de rede utilizando-se critério de máxima parcimônia pelo método

“Median-Joining” (Bandelt et al., 1999), implementado pelo programa NETWORK.

RESULTADOS & DISCUSSÃO

A extração do DNA genômico total de C. ianeirensis mostrou-se bastante eficiente possibilitando a

obtenção de DNA de boa qualidade e quantidade. Dos dez pares de iniciadores utilizados para

amplificação dos locos cpSSR, apenas um (ccmp09) não teve as condições ótimas da PCR otimizadas.

A amplificação dos demais locos ocorreu de maneira eficiente gerando produtos com alta intensidade

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e sem presença de produtos inespecíficos (Figura 1). Dos nove locos cpSSR otimizados, sete (ccmp

01, 02, 03, 04, 06, 07 e 10) foram avaliados na análise de polimorfismos, sendo que apenas um

(ccmp02) apresentou variação com três alelos distintos nas cinco populações. A análise da diversidade

genética (índice de Nei He) mostrou que a população de Baixo Guandu (ES) é a população mais

diversa e a do Rio de Janeiro (RJ) apresentou a diversidade genética mais baixa (Tabela 1). Na análise

conjunta dos sete locos foram detectados três haplótipos nas populações. A rede de haplótipos

evidenciou, em sua parte mais central, a ocorrência de um haplótipo (1) mais frequente compartilhado

por todas as populações. A partir do haplótipo 1 os outros dois haplótipos (2 e 3) menos frequentes se

derivaram, indicando ser este haplótipo mais frequente o mais ancestral. (Figura 2). O haplótipo 3

ocorreu exclusivamente nas populações Baixo Guandu (ES) e Jussari (BA) as quais situam-se

geograficamente na porção mais ao norte da distribuição da espécie. Já o haplótipo 2 ocorreu quase

exclusivamente na população da Bolívia, sendo também representado por alguns indivíduos da

população de Itaocara (RJ). A distribuição da variabilidade genética dentro e entre as populações pela

análise de variância molecular (AMOVA) mostrou que 55,6% da variabilidade genética está contida

dentro das populações e 44,4% entre elas, indicando uma alta diferenciação (FST= 0.444) entre as

populações de C. ineirensis estudadas.

CONCLUSÕES

As estimativas de diversidade genética nas populações de C. ianeirensis foram relativamente baixas,

comparado a outras espécies de árvores neotropicais. No entanto, a diferenciação genética entre as

populações foi alta. A existência de um haplótipo mais frequente presente em todas as populações na

análise filogeografica indica a ocorrência de fluxo gênico histórico entre as mesmas. Aliado a isto, a

existência de dois outros haplótipos derivados deste haplótipo mais ancestral sugere a ocorrência de

gargalos populacionais e eventos posteriores de colonização mais recentes, os quais levaram à

diferenciação de linhagens em regiões geográficas distintas. As informações aqui apresentadas

poderão nortear estratégias para a conservação efetiva das populações de C. ianeirensis, no entanto,

em função do baixo número de marcadores informativos sugere-se que as análises genéticas sejam

aprimoradas com o incrementar do número de marcadores do genoma do cloroplasto, bem como

nuclear, visando também investigar o fluxo gênico contemporâneo nas populações desta espécie

ameaçada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANDELT, H. J.; FORSTER, P. & ROHL, A. (1999) Median-joining networks for inferring

intraspecific phylogenies. Molecular Biology and Evolution, 16: 37 – 48.

DOYLE, J.J. & DOYLE, J. L. 1987. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, 12: 13-15.

EXCOFFIER, L.; SMOUSE, P.E.; QUATTRO, J.M. 1992. Analysis of molecular variance inferred

from metric distances among DNA haplotypes: application to human mitochondrial DNA restriction

sites. Genetics, v.131, p.479-491.

LEMES, M.R.; DICK, C. W.; NAVARRO, C.; LOWE, A. J.; CAVERS, S., GRIBEL, R. 2010.

Chloroplast DNA microsatellites reveal contrasting phylogeographic structure in mahogany

(Swietenia macrophylla King, Meliaceae) from Amazonia and Mesoamerica. Tropical Plant Biology,

3: 40- 49.

MORI, S. A.; BECKER, P.; KINCAID, D. 2001. Lecythidaceae of a central Amazonian lowland

forest. Implications for conservation. In: R. O. Bierregaard Jr., C. Gascon, T. E. Lovejoy, R.C. G

Mesquita [eds], Lessons from Amazonia: The ecology and conservation of a fragmented forest, 54 -

67. Yale University Press, New Haven, Connecticut, USA.

PROVAN, J.; POWELL, W.; HOLLINGSWORTH, P.M. 2001. Chloroplast microsatellites: new tools

for studies in plant ecology and evolution. Trends in Ecology and Evolution, 16: 142-147.

WEISING, K & GARDNER, R. C. (1999) A set of conserved PCR primers for the analysis of simple

sequence repeat polymorphisms in chloroplast genomes od dicotyledonous angiosperms. Genome, 42:

9 – 19.

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Figura 1. Produtos amplificados de oito locos cpSSR (ccmp 01, 02, 03, 04, 06, 07, 08 e 10) para C. ianeirensis

em gel de agarose 2%. A primeira coluna de cada gel representa o marcador ladder 100 pb. Nas demais, cada

uma das colunas representa o produto amplificado para um indivíduo de C. ianeirensis. No canto superior

direito encontra-se o loco cpSSR correspondente.

Tabela 1. Diversidade genética observada em cinco populações de C. ianeirensis com base na análise de sete

locos cpSSR. (N) = número de indivíduos, (A) = número de alelos, (Nh) = número de haplótipos e (HE) = índice

de diversidade genética de Nei (1989).

População N A Nh HE

Itaocara (RJ) 29 8 2 0,053

Jussari (BA) 25 8 2 0,036

Rio de Janeiro (RJ) 23 7 1 0,000

Baixo Guandú (ES) 21 8 2 0,074

PN Madidi (BOL) 22 8 2 0,017

Média 24.0 7.8 1.8 0,0362

Figura 2. Análise de rede (NETWORK) mostrando as relações entre os haplótipos observados em cinco

populações de C. ianeirensis, utilizando o método Median Joining. As linhas representam as ligações entre os

haplótipos, e as barras transversais representam os passos mutacionais. Os números correspondem aos

haplótipos e as cores indicam as populações, como indicado na legenda à direita.

L 1 2 3 4 5 6 7 L 1 2 3 4 5 6 7

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POTENCIAL ALELOPÁTICO DAS ESPÉCIES NATIVAS DA RESTINGA NA PLANTA

EXÓTICA INVASORA C. EQUISETIFOLIA L.

Luísa Lima Leal; Graduação em Ciências Ambientais, UNIRIO; ingresso na graduação – 08/2012;

previsão de conclusão do curso – 08/2016; ingresso no PIBIC: abril/2014; orientador: Antônio Carlos

Silva de Andrade.

INTRODUÇÃO

Casuarina equisetifolia (Casuarinaceae) é uma espécie nativa da Ásia e foi plantada em várias regiões

costeiras do mundo visando estabilizar dunas e servir como barreira contra o vento (Parrota 1993;

Wheeler et al. 2011). Como é uma espécie tolerante à salinidade, às condições áridas e à baixa

fertilidade do solo (Parrota 1993), apresenta capacidade de invadir áreas abertas nas regiões costeiras

e de ameaçar a diversidade biológica local, sendo considerada uma das espécies arbóreas com maior

potencial invasor do mundo (Richardson & Rejmánek 2011).

No Parque Estadual da Costa do Sol (PECS – Região dos Lagos, RJ) são encontradas áreas de restinga

preservada e sem a presença de C. equisetifolia, assim como locais contaminados por esta invasora

(Araujo et al. 2009). Apesar de ter sido registrada a chegada de sementes (dispersão anemocórica) nas

áreas preservadas, não foram observadas plântulas ou indivíduos jovens neste local (T. G.

Zimmermann observação pessoal). Assim, acredita-se que compostos alelopáticos liberados pelas

plantas nativas, dentre outros fatores, possam afetar o estabelecimento dos indivíduos de C.

equisetifolia, limitando o processo de invasão em áreas preservadas.

OBJETIVO

Avaliar se extratos aquosos foliares das espécies nativas da restinga prejudicam a germinação e o

crescimento inicial de plântulas de C. equisetifolia.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de estudo

Sementes e folhas de C. equisetifolia e de seis espécies nativas da restinga [(Byrsonima sericea DC

(Malpighiaceae), Clusia hilariana Schltdl. (Clusiaceae), Erythroxylum ovalifolium Peyr

(Erythroxylaceae), Garcinia brasiliensis Mart. (Clusiaceae), Maytenus obtusifolia Mart.

(Celastraceae) e Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae)] foram coletados em Arraial do cabo

(PECS - RJ).

Procedimentos

O potencial de inibição alelopática foi avaliado com a aplicação dos extratos aquosos (10% p/v) das

folhas das seis espécies nativas nas sementes de C. equisetifolia e L. sativa (alface). Os extratos

aquosos de cada espécie doadora também foram avaliados quanto ao pH. Os testes de germinação e de

crescimento de plântulas foram conduzidos com cinco repetições de 40 sementes por tratamento e por

espécie. As sementes foram semeadas em placas de Petri, com duas folhas de papel filtro e

umedecidas com 5 mL dos extratos ou água destilada (controle). O comportamento germinativo foi

avaliado através da porcentagem e da velocidade de germinação (d-1

). O crescimento das plântulas foi

avaliado com sementes pré germinadas (1 mm de raiz) de cada espécie, de forma semelhante a

metodologia dos testes de germinação, com dez plântulas por placa de Petri e três repetições (n=30).

Após sete (alface) e dez (C. equisetifolia) dias foram medidos os comprimentos da raiz e do hipocótilo

das plântulas das espécies teste. As comparações estatísticas foram feitas por análise de variância e

comparação entre médias pelo teste de Dunnett (p<0,05).

RESULTADOS

Os extratos aquosos das espécies nativas não afetaram a percentagem de germinação de L. sativa e C.

equisetifolia. Os extratos aquosos de C. hilariana, E. ovalifolium, G. brasiliensis e S. terebinthifolius

reduziram significativamente os valores de velocidade de germinação das duas espécies teste, quando

comparados ao tratamento controle (Figura 1A-B). Todos os extratos aquosos, exceto o de S.

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terebinthifolius, diminuíram significativamente o comprimento da raiz de L. sativa e C. equisetifolia.

O comprimento do hipocótilo teve aumento significativo em relação ao controle em todos os extratos,

exceto em C. hilariana sobre L. sativa, e B. sericea e G. brasiliensis sobre C. equisetifolia. O extrato

aquoso de C. hilariana causou inibição no comprimento do hipocótilo em L. sativa e aumento em C.

equisetifolia, quando comparado ao tratamento controle (Figura 2A-B). O comprimento total das

plântulas de L. sativa foi significativamente menor em todos os extratos em relação ao controle,

exceto em S. terebinthifolius. Nas plântulas de C. equisetifolia, o seu comprimento total foi

significativamente menor que o controle nos extratos aquosos de B. sericea, E. ovalifolium e G.

brasiliensis. Os valores de pH dos extratos aquosos variaram entre 3,61 e 5,91 (Tabela 1).

DISCUSSÃO

Apesar dos extratos aquosos das espécies da restinga não terem afetado a porcentagem, quatro das seis

espécies testadas causaram inibição na velocidade de germinação, tanto em sementes de C.

equisetifolia como em sementes de L. sativa. Isso indica a presença de compostos alelopáticos que

retardam o tempo de germinação. O comprimento da raiz medidos em plântulas de L. sativa e de C.

equisetifolia foi afetado pelos extratos de todas as espécies, com exceção de S. terebinthifolius. Os

extratos não apresentaram efeito negativo sobre o crescimento do hipocótilo, com exceção do extrato

de C. hilariana que apresentou efeito negativo para as plântulas de L. sativa. Já em C. equisetifolia o

efeito do extrato de C. hilariana no crescimento do hipocótilo foi positivo. Isso mostra que,

dependendo da espécie alvo, o efeito pode ser de estímulo ou de inibição. A maioria dos extratos

causou redução no comprimento total, o que pode prejudicar o estabelecimento das plântulas no

ambiente natural. Acredita-se que o pH dos extratos não interferiu na germinação da espécie teste L.

sativa, pois os extratos estavam dentro da faixa de pH aceito pela espécie, que é de 3,0 a 7,0

(Maraschin-Silva & Áquila 2005). Contudo, não se tem conhecimento da faixa de pH aceito por C.

equisetifolia.

CONCLUSÃO

As espécies da restinga apresentam efeito alelopático sobre a espécie invasora C. equisetifolia, o que

pode afetar o recrutamento de novos indivíduos dessa planta exótica nas áreas com vegetação

preservada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, D.S.D.; SÁ, C.F.C; FONTELLA-PEREIRA, J.; GARCIA, D.S.; FERREIRA, M.V.;

PAIXÃO, R.J; SCHNEIDER, S.M. & FONSECA-KRUEL, V.S. 2009. Área de proteção ambiental de

Massambaba, Rio de Janeiro: caracterização fitofisionômica e florística. Rodriguésia 60 (1): 67-96.

MARASCHIN-SILVA, F. & AQUILA, M.E.A. 2006. Contribuição ao estudo do potencial alelopático

de espécies nativas. Revista Árvore 30: 547-555

PARROTTA, J.A. 1993. Casuarina equisetifolia L. ex J.R. & G. Forst. SO-ITF-SM-46. International

Institute of Tropical Forestry, U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Río Piedras, Puerto

Rico. 11p.

RICHARDSON, D.M. & REJMANEK, M. 2011. Trees and shrubs as invasive alien species a global

review. Diversity and Distributions, 17: 788–809.

WHEELER, G.S.; TAYLOR, G.S.; GASKIN, J.F. & PURCELL, M.F. 2011. Ecology and

management of sheoak (Casuarina spp.), an invader of coastal Florida, U.S.A. Journal of Coastal

Research 27 (3): 485-492.

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Figura 01. Potencial alelopático de extratos aquosos de folhas de espécies nativas da restinga na

percentagem (% G - coluna) e velocidade (VG - linha) de germinação de Lactuca sativa L. (A) e

Casuarina equisetifolia L. (B). Valor inferior (-), superior (+) ou sem diferença significativa (ns),

quando comparados ao controle pelo teste de Dunnett (p < 0.05). Legenda: Bs: Byrsonima sericea;

Ch: Clusia hilariana; Eo: Erythroxylum ovalifolium; Gb: Garcinia brasiliensis; Mo: Maytenus

obtusifolia; St: Schinus terebinthifolius.

Figura 02: Potencial alelopático de extratos aquosos de folhas de espécies nativas da restinga no

crescimento de raiz e hipocótilo de plântulas de Lactuca sativa L. (A) e Casuarina equisetifolia L.

(B). Valor inferior (-), superior (+) ou sem diferença significativa (ns), quando comparados ao

controle pelo teste de Dunnett (p < 0.05). Legenda: Bs: Byrsonima sericea; Ch: Clusia hilariana; Eo:

Erythroxylum ovalifolium; Gb: Garcinia brasiliensis; Mo: Maytenus obtusifolia; St: Schinus

terebinthifolius.

Tabela 01: Valor de pH dos extratos aquosos das folhas das espécies nativas da restinga.

Extrato aquoso das folhas pH

Byrsonima sericea 4,85

Clusia hilariana 3,61

Erythroxylum ovalifolium 5,91

Garcinia brasiliensis 5,16

Maytenus obtusifolia 5,12

Schinus terebinthifolius 4,48

+

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DIVERSIDADE DE BORAGINACEAE NA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/ MARICÁ, RJ,

BRASIL

Luiz Paulo Martins de Moraes; Graduação em Ciências Biológicas, Faculdade de Formação de

Professores/ UERJ; ingresso na graduação – 03/2013; previsão de conclusão do curso – 07/2017;

ingresso no PIBIC-EM: setembro/2013; orientador: Drª. Elsie Franklin Guimarães.

INTRODUÇÃO

No projeto da Flora de Angiospermas do Brasil, desenvolvem-se conhecimentos sobre as

Boraginaceae do Estado do Rio de Janeiro, onde foram assinaladas 462 espécies com hábito herbáceo,

subarbustivo, arbustivo, arbóreo raro, trepadeira. As folhas são simples alternas raro, opostas ou

verticiladas; estípulas ausentes. As inflorescências são cimosas; flores hermafroditas, unissexuadas,

pentâmeras, diclamídeas, actinomorfas ou zigomorfas; cálice gamossépalo, tubuloso a campanulado,

lobos, em geral persistentes na frutificação; corola gamopétala, tubulosa, campanulada,

hipocrateriforme, infundibuliforme; estames 5 epipétalos, livres, anteras rimosas; ovário supero,

bicarpelar, bilocular, de 1-4 óvulos, estilete terminal ou ginobásico, simples ou ramificado, estigma 1-

4. Frutos drupáceos, núculas ou esquizocarpos, raramente secos. Boraginaceae foi estabelecida por

Jussieu (1789) com base no gênero típico Borago; Lineu descreveu Cordia, Heliotropium e

Tornefortia nas suas obras clássicas. Os estudos para a taxonomia desta família, foram elaborados por:

De Candolle (1845), Bentham & Höoker (1873-1876) e Gürke (1893). Na América do Sul, são

destacados os trabalhos de Miller et al. (1998). Possui distribuição pantropical, incluindo 140

gêneros, dos quais 11 são nativos do Brasil, com 2.700 espécies (Souza & Lorenzi, 2013). Outras

pesquisas foram elaboradas por Johnston (1927; 1928; 1930). Este estudo está sendo realizado com o

intuito de responder as seguintes questões: Qual a diversidade de Boraginaceae na Serra da Tiririca? E

quão similar é esta área em relação aos outros municípios do Estado do Rio de Janeiro?

OBJETIVO

Analisar as Boraginaceae com base na morfologia das espécies que ocorrem na Serra da Tiririca para

ampliar o conhecimento sobre a diversidade florística da Mata Atlântica.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de estudo

O local de estudo é a Serra da Tiririca localizada entre os municípios de Niterói e Maricá, no estado

do Rio de Janeiro e faz parte do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) (Barros, 2008, Pontes,

1987). Foram visitados diversos locais para realizar coletas de materiais férteis. O material foi

herborizado, seco em estufa a 60°C (GUEDES-BRUNI, 2002) e incorporado aos Herbários RB, e

RFFP; a identificação foi realizada através de bibliografias especializadas e comparações nos

Herbários. E para a segunda etapa do trabalho foram realizadas visitas técnicas aos herbários RB,

RFFP, RBR, HB, FCAB e consulta a lista do GUA e CRIA (2014) com o intuito de conhecer a

similaridade da Serra da Tiririca com outras áreas do Estado.

RESULTADOS

Até o presente momento na Serra da Tiririca foram realizadas 12 visitas ao campo, tendo sido

observado que as espécies habitam Floresta Ombrofila Densa Submonta. Foram encontrados três

gêneros: Cordia L. (8), Tournefortia L.(4) e Varronia P. Browne (1), distintos pelo porte herbáceo

(Tournefortia e Varronia) e arbóreo (Cordia). As espécies de Tournefortia além de herbáceas

apresentam-se como arbustivas e escandentes, possuindo estilete ginobásico enquanto Varronia é

definida especialmente pela inflorescência ora espiga ora capituliforme, com a presença de estilete

bífido. Já o gênero Cordia é definido pelo porte arbóreo, flores vistosas e estilete terminal e bi-bifido.

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DISCUSSÃO

Este trabalho trata do estudo da família Boraginaceae Juss., um auxílio para o conhecimento da flora

do Estado do Rio de Janeiro, assinalando-se os táxons dos gêneros Cordia L., Varronia P. Browne

Tournefortia L. que se desenvolvem na Serra da Tiririca. As espécies encontram-se ainda em estudo e

são frequentes na Floresta Ombrófila Densa Submontana, apresentando hábito terrestre, herbáceo,

arbustivo, trepadeira ou arbóreo. Observou-se que o gênero Cordia é o mais representado na área,

seguido de Tournefortia. Vale ressaltar que alguns locais da região estão preservados e aqui são

assinalados os gêneros Cordia e Tournefortia, enquanto outros estão em fase de regeneração, e aí se

desenvolve o gênero Varronia.

CONCLUSÃO

Os resultados que serão obtidos na Serra da Tiririca contribuirão para o conhecimento da diversidade

da família Boraginaceae do Estado do Rio de Janeiro. Para as próximas etapas do trabalho está

previsto a descrição dos táxons e elaboração de chaves analíticas, além da consulta às coleções de dois

herbários: Museu Nacional (R) e o Herbário Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA). Em

futuro próximo será realizada o item relacionado ao tratamento estatístico (Sørensen) com base nos

levantamentos realizados nos acervos que contém as espécies fluminenses, o que permitirá uma

comparação entre a diversidade presente na Serra da Tiririca com os demais municípios do Estado do

Rio de Janeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, A.A.M. Análise florística e estrutural do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói e

Maricá, RJ, Brasil. 2008, 237 f. Tese (Doutorado em Botânica) - Fundação Instituto de Pesquisa

Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Escola Nacional de Botânica Tropical, 2008.

BENTHAM, G. & HÖOKER, J.H. 1873-1876. Boragineae. Pp. 832-865. In: Genera Plantarum. v.

2. London.

CRIA (Centro de Referência em Informação Ambiental). 2014. <http://www.cria.org.br>. Acessado

em abril de 2014.

DE CANDOLLE, A.P. 1845. Borragineae. In: Prodromus systematis naturalis regni vegetabilis 9:

466-559.

GUEDES-BRUNI, R.R.; MORIM, M.P.; LIMA, H.C. & SYLVESTRE, L.S. 2002. Inventário

florístico. In: SYLVESTRE, L.S. & ROSA, M.M.T. (eds.). Manual metodológico para estudos

botânicos na Mata Atlântica. Seropédica: Ed. Universidade Rural, p. 24-50.

GÜRKE, M. 1893. Borraginaceae. In: A. ENGLER AND K. PRANTL (Eds.). Die natürlichen

Pflanzenfamilien, Vol. 4 (3a). 71-131. Wilhelm Engelmann, Leipzig.

JOHNSTON, I.M. 1927. Studies in Boraginaceae 6: A Revisionof the South American Boraginoideae.

Contributions from the Gray Herbarium of Harvard University 78: 3-118.

JOHNSTON, I.M. 1928. Studies in Boraginaceae 7: The South American species of Heliotropium.

Contributions from the Gray Herbarium of Harvard University 81: 3-73.

JOHNSTON, I.M. 1930. Studies in Boraginaceae 8: Observations on the species of Cordia and

Tournefortia known from Brazil, Paraguay, Uruguay and Argentina. Contributions from the Gray

Herbarium of Harvard University 82: 3-89.

JUSSIEU,A.L Genera Plantarum, secundum ordines naturales disposita juxta methodum in Horto

Regio Parisiensi exaratam, anno 1774. MS. notes. Paris, 1789

MILLER, J.S.; GAVIRIA, J.; GÓMEZ, R. & RODRÍGUEZ, G. 1998. Boraginaceae. Pp. 527-547. In:

P.E. BERRY, B.K. HOLST & K. YATSKIEVYCH (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. v. 3.

Saint Louis, Missouri Botanical Garden.

PONTES, J.A.L. Serra da Tiririca, RJ. Necessidade de conservação (1ª Contribuição). Boletim da

Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza n. 22, p. 89-94, 1987.

SOUZA, V.C., LORENZI, H. Botânica Sistemática : Guia ilustrado para identificação das famílias de

angiospermas da flora brasileira, baseado em APGII. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum (2013).

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REVISÃO TAXONÔMICA DO GÊNERO DIALIUM (LEGUMINOSAE: DIALIINAE) NO

NEOTRÓPICO

Marcus José de Azevedo Falcão Junior; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na

graduação – 02/2012; previsão de conclusão do curso – 07/2016; ingresso no PIBIC: 02/2014;

Orientador: Vidal de Freitas Mansano

INTRODUÇÃO

Leguminosae, ou Fabaceae, apresenta distribuição pantropical e constitui a terceira maior família de

Angiospermas. Compreende atualmente três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e

Papilionoideae (Faboideae), representadas em 36 tribos, 727 gêneros e cerca de 19.500 espécies

(Lewis et al., 2005). A circunscrição da subfamília Caesalpinioideae, onde o gênero Dialium L,

descrito em 1767, está inserido, continua sendo um desafio para pesquisadores do mundo todo que

buscam aperfeiçoar o conhecimento acerca das relações evolutivas entre as Caesalpinioideae e as

outras subfamílias. A subfamília Caesalpinioideae atualmente encontra-se dividida em quatro tribos:

Cercideae, Detarieae, Cassieae e Caesalpinieae. Dialium atualmente compõe a subtribo Dialiinae, que

junto com Cassinae e Duparquetiinae, formam a tribo Cassieae (Lewis et al., 2005). A observação e

descrição das características morfológicas, anatômicas e fisiológicas apresentadas pelos membros da

tribo Cassieae são de extrema importância para compreensão da evolução das Leguminosae, uma vez

que a tribo Cassieae, especialmente os gêneros da subtribo Dialiinae, junto com Cercideae e

Detarieae, estão na base da árvore filogenética da família (Doyle et al., 1997). Dentre os 17 gêneros

que compõe a subtribo Dialiinae, o maior é o gênero típico Dialium. Entretanto, o número de espécies

é controverso. Steyaert (1951) reconheceu 35 espécies de Dialium, porém, Lewis et al. (2005) sugere

que este número possa estar subestimado, podendo variar entre 40 a 70 espécies. O primeiro

tratamento taxonômico pra Dialium foi feito por Bentham & Hooker (1867) que dividiram o gênero

em duas sessões com base no número de pétalas. Harms (1915) considerou o número de pétalas um

caráter artificial e utilizou o número de estames para definir três sessões. A última revisão taxonômica

para o gênero foi a tese realizada por Rojo (1982), mas não foi publicada. A distribuição geográfica do

gênero é pantropical. O centro de diversidade de espécies está no continente africano e asiático. A

região neotropical abriga apenas uma espécie: Dialium guianense (Aubl.) Sandwith, que possui

grande distribuição no continente, ocorrendo do México (cidade de Veracruz) até o Brasil (cidade de

Mariléia-MG), de modo que a diversidade de espécies relatadas no Neotrópico pode estar subestimada

e necessita de revisão. Pelo exposto, fica evidente a importância de estudos taxonômicos em Dialium,

particularmente na região neotropical, onde a riqueza do gênero aparenta ser maior que a atualmente

reconhecida.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi revisar taxonomicamente o gênero Dialium para o Neotrópico, visto que

o mesmo conta atualmente com apenas uma espécie, D. guianense (Aubl.) Sandwith, para descobrir-

se se havia ou não mais de uma espécie para esta área.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo taxonômico constou de levantamento e consulta dos materiais de Dialium presentes em

diversos herbários nacionais e estrangeiros, através de herbários virtuais e da observação e medição

dos extensos materiais do gênero presentes no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e

no Missouri Botanical Garden Herbarium (MO). Os herbários virtuais analisados foram: The New

York Botanical Garden - Brazilian records – NY, Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica – INPA e

Smithsonian Department of Botany - Brazilian records – NMNH. As medidas de todas as estruturas

das plantas foram tomadas com auxílio de paquímetro digital. Para padronização das medidas florais,

foram sempre selecionados botões em pré-antese, e posteriormente fervidos em água para facilitação

das análises.

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RESULTADOS

Foram analisadas ao todo 168 exsicatas de Dialium guianense. Após análises e medições de todos os

caracteres taxonômicos de todos os indivíduos referidos, ficou evidenciada a presença de 3 grupos de

plantas que se distinguiam claramente dos demais, sendo a caracterização dos mesmos como novas

espécies apoiadas biogeograficamente, já que as características díspares de cada uma das 3 ocorrem

unicamente em indivíduos de áreas relativamente próximas, jamais aparecendo em indivíduos de

outras regiões. É importante ressaltar que a espécie original D. guianense continua a ocorrer nas áreas

onde as outras se apresentam. Entretanto, mesmo nestes locais, continua evidente a diferença entre

ambas. Uma das espécies, a ser nomeada como Dialium hexaestaminatum ocorre no norte da

Colômbia e oeste da Venezuela. É caracterizada pela presença de mais de 2 estames nas flores,

possuindo entre 4 a 7. Estas variação do número de estames jamais ocorre em outros indivíduos de D.

guianense. A segunda espécie, a ser nomeada como Dialium congestum, ocorre no Equador e

Colômbia, caracteriza-se principalmente pela presença de inflorescências extremamente congestas de

difícil definição, ao contrário das panículas bem definidas encontradas em todos os outros indivíduos

de D. guianense. Possui também estípulas muito desenvolvidas e folíolos grandes e longos. E por

último a terceira espécie, a ser nomeada como Dialium rondoniense, ocorre unicamente no estado de

Rondônia, Brasil. É caracterizada por intensa pilosidade na face abaxial dos folíolos, nos peciólulos,

nos pecíolos, na raque das inflorescências e nos caules.

DISCUSSÃO

Entre as principais considerações biogeográficas a serem tomadas estão a grande disjunção que ocorre

na região central do Brasil, separando as plantas da região norte daquelas das regiões nordeste e

sudeste e que não levou a qualquer processo de diferenciação em D. guianense. Entretanto, há uma

tendência a diminuição de folíolos e a presença de 7 folíolos nos indivíduos nordestinos. Já nas

plantas amazônicas há uma maior freqüência de 5 folíolos e de folíolos maiores. Aparentemente um

fator muito mais importante na diferenciação das espécies foi a altitude, pois Dialium

hexaestaminatum (espécie a ser descrita) tem a maior parte de seus indivíduos associados a altitudes

elevadas na borda do extremo norte da cordilheira dos Andes, chegando em dois casos a altitudes de

até 770 metros, característica rara na espécie que em geral ocorre na beira de rios, quase nunca acima

dos 300 metros de altitude.

CONCLUSÃO

Com as análises efetuadas, tornou-se clara a grande diversidade antes ignorada para o gênero Dialium

no Neotrópico, totalizando quatro espécies ocorrendo no continente, evidenciando a importância dos

estudos taxonômicos para o avanço dos conhecimentos sobre a riqueza biológica da região

neotropical.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENTHAM, G & HOOKER, J. D. 1867. Genera Plantarum. vol. 1 (part. 3). Lovell Reeve and

Williams and Norgate, London.

DOYLE J.J., DOYLE J.L., BALLENGER J.A., DICKSON E.E., KAJITA T., OHASHI H. 1997. A

phylogeny of the chloroplast gene rbcL in the Leguminosae: taxonomic correlations and insights into

the evolution of nodulation. American Journal of Botany 84: 541–554.

HARMS, H. 1915. Leguminosae Africanae. Britrage Zur Flora Von Africa. Engl. Bot. Jahrb Berlim.

LEWIS, G., SCHRIRE, B., MACKINDER, B. & LOCK, M. 2005. Legumes of the world Royal

Botanic Gardens, Kew.

STEYAERT, R.L. 1951. Contribution à l'étude du genre Dialium. Bulletin de la Société Botanique de

Belgique 84: 38. 1951

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Figura 1: Dialium rondoniense, detalhe do Figura 2: Dialium congestum, inflorescência

indumento na face adaxial do folíolo

Figura 3: Dialium hexaestaminatum, Flor aberta com 6 estames

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CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS EM

MACROALGAS MARINHAS

Lilian Jorge Hill; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação –2008.2; previsão

de conclusão do curso – 2013.2; ingresso no PIBIC: setembro/2010;

Orientador: Leonardo Tavares Salgado.

INTRODUÇÃO

Macroalgas marinhas podem ser divididas em três diferentes divisões de acordo com o pigmento

sintetizado por elas: verdes (Chlorophyta), vermelhas (Rhodophyta) ou pardas (Phaeophyta). Apesar

da existência de outras características que permitem a separação destes grupos, há diversas

características que comuns, como por exemplo, a ocorrência de vias metabólicas e de proteínas

expressas altamente conservadas. Neste sentido, elementos gerais do citoesqueleto são encontrados

nestes três grupos de algas, os microtúbulos e filamentos de actina (mais proteínas acessórias) (Reis et

al., 2013).Em Laurencia dendroidea, Reis et al. (2013) revelaram que o processo de exocitose dos

compostos halogenados produzidos pela alga vermelha L. dendroidea é dependente da atividade de

filamentos do citoesqueleto, especialmente microfilamentos e microtúbulos. Nessas algas, a

transferência de metabólitos secundários de organelas de armazenamento (CC) para a superfície

celular ocorre através de transporte vesicular e subseqüente exocitose (Salgado et al., 2008; Paradas et

al., 2010).Mesmo em plantas vasculares, ainda há poucos indícios sobre a existência de filamentos

intermediários (McNulty & Saunders, 1992), os quais, em metazoários, são de importância capital

para a resistência celular a danos físicos (Albers & Fuchs, 1992). Os filamentos intermediários, dentre

outras funções, compõem a lâmina nuclear, estrutura fundamental na preservação da integridade do

envelope nuclear e na dinâmica do ciclo celular (Albers & Fuchs, 1992). A presença de filamentos

intermediários em macroalgas marinhas do domínio Plantae, em Rhodophyta e em Chlorophyta,

ainda é pouco investigada. Assim, a investigação deste elemento do citoesqueleto e desta estrutura

nuclear poderão resultar em grande avanço no conhecimento da biologia celular e, também, em

informação relevante para a compreensão de processos evolutivos em organismos eucariotos e em

algas. O objetivo desse trabalho é investigar a existência de filamentos intermediários e lâmina

nuclear em L. dendroidea e Ulva rigida e verificar sua função, contribuindo para o estudo do

citoesqueleto. Também, compreender a estruturação do envelope nuclear de L. dendroidea e U. rigida,

mesmo sem a existência de lâmina nuclear.

METODOLOGIA

Indivíduos de L. dendroidea (J.Agardh) e U. rigida, foram coletados na Praia Rasa (Armação dos

Búzios, Rio de Janeiro, Brasil). Esporos da alga U. rigida foram obtidos por meio de indução de

esporulação e foram fixados por 2 horas, congeladas por congelamento rápido por impacto e levados

ao equipamento de criofratura para que fosse feita a fratura seguida do deep-etching e o

sombreamento com carbono e platina (45º). A réplica feita foi colocada em ácido sulfúrico por 10 dias

para que fosse digerida toda a matéria orgânica e, em seguida, levada ao microscópio eletrônico de

transmissão para a observação das amostras.

Por microscopia eletrônica de varredura foi analisada a rede de filamentos do citoesqueleto. Amostras

de L. dendroidea foram fixadas, pós-fixadas, desidratadas em séries de etanol e secas pelo método do

ponto crítico. Os tecidos das algas foram fraturados e, logo após, metalizados com ouro. Após, as

amostras foram observadas no microscópio eletrônico de varredura. Estruturas celulares e filamentos

do citoesqueleto de ambas as espécies foram medidos com o programa Image J para posterior

comparação e identificação das estruturas analisadas.

Foi feita uma tomografia eletrônica de amostras do talo de U. rigida tratadas com ácido

tricloroacético, conforme o protocolo de Wen (2000), para digerir o material genético do núcleo e com

a pós-fixação OTO de Willingham et al. (1984) para evidenciar citoesqueleto. Essas amostras foram

visualizadas no microscópio eletrônico de transmissão.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observadas nas amostras de deep-etching dos esporos de U. rigida células fraturadas

apresentando núcleo, citoplasma e parede celular (Fig. 1). Em maior magnificação, pudemos observar

estruturas em forma de barril no espaço (EFB) intranuclear de aproximadamente 10 nm. Além disso,

foram observados também microfilamentos de actina no citoplasma. Nas amostras de L. dendroidea

que foram fraturadas e analisadas no microscópio eletrônico de varredura (Fig. 2), foi possível

observar células do tecido da alga decapadas, células com conteúdo vesícular abundante e células com

estruturas filamentosas (possivelmente filamentos de citoesqueleto). Com base nas imagens obtidas,

os filamentos do citoesqueleto e algumas estruturas celulares observados em ambas as espécies foram

medidos (n>10). Em L. dendroidea foram encontrados dois tipos de filamentos, um delgado e outro

mais espesso (com aproximadamente 23,89 e 74,01 nanômetros de diâmetro). Em U. rigida foram

encontrados um tipo de filamento delgado do citoesqueleto (de aproximadamente 6,07 nm de

diâmetro) e EFB com dimensões médias de 11,27 nm (Tab. 1). Trabalhos recentes, como o de Reis, et

al (2013), mostraram a presença de microtúbulos e microfilamentos (filamentos de actina) na espécie

L. dendroidea. Sugere-se que os filamentos delgados e espessos observados (de 24 nm e 74 nm)

correspondem, respectivamente, a microfilamentos (5-7 nm) e a micrototúbulos (24 nm). Esta

proposição se justifica, apesar da diferença nas medidas de diâmetro, pois é sabido que a metalização

com ouro (procedimento de rotina para MEV) resulta no espessamento significativo de estruturas

manométricas. Neste caso, calcula-se que o tempo de metalização e distância das amostras para a

fonte metalizadora possa ter resultado em um espessamento de ~20 nm nas bordas de estruturas

analisadas. As estruturas em forma de barril observadas no espaço intranuclear de U. rigida possuem

dimensões (~11,27 nm) compatíveis com estruturas denominadas nucleossomas (~10 nm). De fato,

nenhuma estrutura semelhante ainda havia sido identifica em macroalgas marinhas e, devido a sua

abundância associada ao genoma, pode ser sugerida como a primeira observação no espaço

intranuclear de uma macroalga marinha. Em relação à tomografia eletrônica, foi possível visualizar o

núcleo com o material genético digerido de U. rigida, porém não foi possível evidenciar filamentos

intermediários ou lâmina nuclear nas amostras, indicando a inexistência dessas estruturas.

CONCLUSÕES

Apesar de não termos encontrado filamentos intermediários nas duas espécies analisadas, outros

filamentos do citoesqueleto foram encontrados (filamento de actinas e microtúbulos). Além disso,

estruturas semelhantes à nucleossomas foram identificadas no espaço intranuclear de uma macroalga

marinha, confirmando a localização do núcleo nas amostras de esporos de U. rigida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Figura 1 – Deep-etching de esporos de U. rigida A - apresentando núcleo (N)

envelope nuclear (cabeças de seta pretas) e estruturas em forma de barril (setas

pretas); B – filamentos de actina (cabeças de seta vermelhas) no citoplasma.

Figura 2 – micrografias eletrônicas de varredura de células do tecido fraturado de

L. dendroidea. A-B – célula apresentando vesículas (v) envoltas por filamentos

de citoesqueleto delgados e espessos (cabeças de seta).

Tabela 1 – medidas dos diâmetros de estruturas encontradas em ambas as

amostras (em nanômetros). FD – filamentos delgados; FE – filamentos espessos;

e EFB – estruturas em forma de barril.

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FAUNA ASSOCIADA A RODOLITOS DO BANCO DAVIS NA CADEIA DE MONTANHAS

SUBMARINAS VITÓRIA-TRINDADE

Natália Ribeiro Costa; graduanda em Oceanografia na Universidade Federal do Espírito Santo

(UFES); ano de Ingresso: 2010; previsão de conclusão: 2016_I; Início da bolsa PIBIC: Abril/2014;

Orientação: Dr Gilberto Menezes Amado Filho e Dra Leila de Lourdes Longo (UFES)

INTRODUÇÃO

Os rodolitos são nódulos calcários de vida livre, formados principalmente (>50%) por algas

coralináceas incrustantes não-geniculadas, os quais servem de substrato e habitat para uma elevada

biodiversidade, sendo algumas espécies de elevada importância econômica, raras e/ou endêmicas

(Steneck 1986; Foster, 2001; Steller et al., 2003; Ávila & Riosmena-Rodríguez, 2010). Dados da

literatura sugerem que a maior extensão contínua de bancos de rodolitos (agregados de diversos tipos

de rodolitos) ocorra sobre a plataforma continental brasileira, entre 2°N a 25°S (Kempf, 1970; Foster,

2001). Estudos nos montes submarinos da Cadeia Vitória Trindade (CVT) têm relatado a presença de

espécies endêmicas destas comunidades, bem como espécies pouco conhecidas ou novas para a

Ciência (Pereira Filho et al., 2011; 2012). O Banco Davis faz parte de uma série de nove montes

submarinos da CVT, localizados a leste da cidade de Vitória, Espírito Santo, a 1.150 km da costa, e

destaca-se dos demais por conter uma área de 850 km² de cobertura de rodolitos bem como uma

diversidade peculiar (Pereira-Filho et al., 2011; 2012).

OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo caracterizar a composição faunística associada aos rodolitos, no que

se refere à epifauna e criptofauna, do Banco Davis da cadeia de montanhas submarinas Vitória-

Trindade.

MATERIAIS E MÉTODOS

Áreas profundas foram previamente exploradas com SS e ROV auxiliando na orientação para as

coletas e observações e otimizando o tempo de fundo em operações de mergulho técnico com misturas

gasosas (ar, NITROX e TRIMIX). No Banco Davis foram estabelecidos 3 pontos de coleta, em

profundidades variando de 40 a 60 metros (CVT 16 - 40 m; CVT 17 - 50 m e CVT 18 - 60 m). Em

laboratório, foi medido o volume total da amostra de cada ponto. Inicialmente foi triada a epifauna e

flora associadas, em seguida foram quebrados cuidadosamente com ponteira e marreta para estudo da

criptofauna. O material foi analisado com auxílio de microscópio estereoscópico, separado em

categorias taxonômicas superiores (Filo) e mantidos em formalina 4%. A partir das informações

obtidas foram determinados: a riqueza S da comunidade, a diversidade de Shannon H e a Dominância

D. Análises de variância One-Way ANOVA com Teste de Tukey a posteriori foram realizadas

utilizando o pacote estatístico PAST, para comparação entre os pontos amostrais e os componentes

faunísticos. Uma análise de regressão linear foi feita para se avaliar possíveis influências da

profundidade sobre a frequência de ocorrência dos grupos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A maioria dos grupos taxonômicos e atributos ocorreram em ambas, epifauna e criptofauna, embora a

frequência e densidade (indivíduos/volume da amostra) variaram consideravelmente entre elas e entre

os pontos amostrais. Não houve variação importante quanto ao número de táxons entre as amostras,

tanto para a epifauna quanto para a criptofauna. Os valores de Diversidade apresentaram um

decréscimo da CVT 16 para a CVT 18, assim como a Equitatividade, enquanto a Dominância

apresentou um decréscimo nesta ordem de amostras. O maior valor de índice de Diversidade H foi

registrado para a CVT 17. Na CVT 18 foram registrados os maiores valores de Dominância e o menor

número de indivíduos entre os táxons. Os valores de Equitatividade, refletindo a abundância relativa

das espécies nas unidades amostrais, foram mais altos na CVT 17 e mais baixos na CVT 18. Entre as

unidades amostrais, os resultados da análise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey a posteriori

mostraram que não existe semelhança significativa entre os pontos estudados quanto à composição e

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abundância relativa da epifauna. A análise de regressão linear não indicou influência da profundidade

em relação à frequência de ocorrência e densidade dos grupos.

Howell et al., 2010 mostraram que para ambientes com substrato, profundidade e geomorfologia

semelhantes, as comunidades bióticas não apresentaram diferenças entre ambientes de plataforma e de

montanhas submersas. Villaça et al (2012), em um estudo sobre a dinâmica sedimentar da plataforma

do Espírito Santo, onde abordaram a ocorrência de bancos de rodolitos, encontraram como os

principais grupos da fauna bentônica associada a estes ambientes, poliquetas, ofiuroides, moluscos,

hidrozoários epifíticos e crustáceos anfípodas. Leal (2013), caracteriza briozoários, foraminíferos,

fragmentos de corais, conchas de moluscos, tubos calcários de poliquetas e fragmentos de esponjas

como importantes componentes da estrutura interna dos rodolitos desta região.

CONCLUSÃO

Embora não tenhamos encontrado diferenças significativas na composição faunística entre o que tem

relatado na bibliografia para ambientes de bancos de rodolitos adjacentes à área de estudo ou em zona

mesofótica, foi possível neste trabalho caracterizar a composição e abundância da comunidade de

epifauna e criptofauna do Banco Davis da Cadeia Vitória Trindade, que apresentam grupos

taxonômicos peculiares, além do que, dada a abordagem detalhada da metodologia adotada, são

apresentados os primeiros resultados de microfauna, representada especialmente pelos Foraminiferea,

para bancos de rodolitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA VASCULAR DA SERRA DO ARACÁ, AMAZONAS,

BRASIL

Rafael Gomes Barbosa da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação

02/2011; previsão de conclusão do curso-2015; ingresso no PIBIC: 02/2012; Orientador: Rafaela

Campostrini Forzza

INTRODUÇÃO

Montanhas representam um ecossistema muito distinto e formam um excelente modelo de sistemas

relacionados às questões centrais da biodiversidade tais como, tamanho mínimo de população,

consequências de fragmentação, endemismos, etc. (Porembski & Barthlott, 2000). No Brasil a maioria

dos estudos realizados nestas áreas trata dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Harley &

Simmons1986, Giulietti et al. 1987, Alves 1992, Pirani et al. 1994 e 2003, Stannard 1995, Zappi et al.

2003), ou dos campos de altitude da Floresta Atlântica (Martinelli 1996, Porembski et al. 1998,

Safford 1999, Safford & Martinelli 2000, Iganci et al. 2011). No domínio Amazônico pouco ainda se

conhece sobre a flora das montanhas, sendo os estudos restritos a coletas esporádicas ou floras

realizadas em países vizinhos (Huber 1995). Das 75 unidades de conservação do estado do Amazonas,

apenas quatro contemplam áreas montanhosas: P.E. Serra do Aracá, P.E. Morro dos Seis Lagos,

PARNA Pico da Neblina e a Floresta Nacional do Amazonas. O P.E. da Serra do Aracá foi criado em

1990 com uma área de 1.818.700 hectares e altitudes que variam de 44 a 2.121 m. Está situado entre

as coordenadas 0°51-57’N e 63°14-24’O, no município de Barcelos. O clima na região é Equatorial

Úmido, com menos de dois meses de seca anual, e a temperatura é superior a 18C° no mês mais frio.

O Parque está inserido no Planalto das Guianas, que se estende do norte do Brasil até a Venezuela,

Guiana, Suriname e Guiana Francesa (FVA & CEUC 2010). A Serra do Aracá (Figura 1) é uma das

poucas áreas montanhosas dentro do domínio Amazônico que possui uma lista preliminar de espécies,

publicada por Prance & Johnson (1991).

OBJETIVOS

1) Ampliar a lista publicada por Prance & Johnson (1991) trabalhando na identificação do material

oriundo de coletas realizadas da Serra do Aracá (acima de 900 m);

2) Elaborar um banco de dados com informações da flora da Serra do Aracá;

3)Analisar a distribuição geográfica dos táxons.

METODOLOGIA

No período de 28 meses o trabalho realizado englobou as seguintes etapas: inclusão da lista de

espécies publicadas por Prance & Johnson (1991) para a Serra do Aracá em base de dados Excel;

atualização nomenclatural dos nomes dessa lista; identificação do material coletado em 2011; inserção

das coletas realizadas em 2011 e dos dados importados do speciesLink na base de dados; visita ao

herbário do INPA e realização de expedição em abril de 2014.

RESULTADOS & DISCUSSÃO

Até o momento foram identificados 422 espécimes dos 460 coletados pelo projeto em 2011,

correspondendo a 68 famílias, 81 gêneros e 155 espécies, sendo 139 de angiospermas e 16 de

samambaias e licófitas. Dentre os materiais identificados vale destacar o registro de 21 espécies não

coletadas anteriormente na Serra do Aracá. A identificação dos espécimes do INPA, ainda está em

processo de execução. As coletas realizadas no primeiro semestre de 2014 (Figura 2), ainda estão em

processamento, assim ainda não foram incluídos no atual banco de dados. O banco elaborado conta

com 1.955 registros de angiospermas, samambaias e licófitas, destes 1.495 são provenientes do

speciesLink e 460 são das coletas realizadas em 2011. Até o momento, foi possível reconhecer a

ocorrência de 572 espécies de plantas vasculares, sendo 16 endêmicas (Tabela 1) da Serra do Aracá.

Os resultados alcançados até o momento mostram que a flora da Serra do Aracá é maior do que

Prance & Johnson (1991) descreveram. Isso é resultado de coletas não publicadas em seu trabalho,

materiais indeterminados e de novas coletas realizadas na área.

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CONCLUSÃO

Espera-se que ao final do presente estudo seja possível apresentar uma lista ampliada de espécies da

Serra do Aracá. Também esperamos ampliar o conhecimento sobre a distribuição geográfica dos

táxons, fornecendo dados importantes para o conhecimento da flora brasileira e amazônica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Figura 1. Imagem da Serra do Aracá. Foto: Ricardo Azoury.

Figura 2. Imagem satélite da Serra do Aracá mostrando os pontos de coleta. Os pontos vermelhos são

referentes a coleta realizada em agosto de 2011 e abril de 2014; os amarelos são coletas realizadas em

setembro de 2011; os azuis são coletas realizadas em abril de 2014.

Tabela 1. Lista de espécies endêmicas da Serra do Aracá. Família Espécie Voucher

Asteraceae Gongylolepis oblanceolata Pruski R.C. Forzza et al. 6568 Stenopadus aracaënsis Pruski G.T. Prance et al. 29184

Bromeliaceae Lindmania piresii L.B.Sm. et al. J.M. Pires et al. 15010 Navia piresii L.B.Sm. et al. J.M. Pires et al. 15014

Chrysobalanaceae Licania aracaensis Prance A.S. Tavares et al. 114 Clusiaceae Caraipa aracaensis Kubitzki G.T. Prance et al. 28951

Malpighiaceae Diacidia aracaensis W.R.Anderson R.C. Forzza et al. 6561 Tetrapterys cordifolia W.R.Anderson I.L. Amaral et al. 1550

Melastomataceae Meriania aracaensis Wurdack G. Martinelli et al. 17212

Pentaphyllacaceae Ternstroemia aracae Boom. H.C. Lima et al. 7262 Ternstroemia prancei Boom. H.C. Lima et al. 7268

Rapataceae Stegolepsis piresii Maguire H.C. Lima et al. 7284 Rubiaceae Gleasonia prancei Boom. A.S. Tavares et al. 16 Rutaceae Raveniopsis aracaensis Kallunki & Steyerm. R.C. Forzza et al. 6544 Thymelaeaceae Tepuianthus aracensis Steyerm. & Maguire M.G. Silva et al. 28954 Xyridaceae Xyris brachyfolia Kral & Wand. H.C. Lima et al. 7304

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CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO BÊNTICA EM ÁREAS SOB DIFERENTES

CONDICIONANTES ECOLÓGICAS NO BANCO DOS ABROLHOS, BA.

Renato Tenan de Barros Almeida, graduação no Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio

de Janeiro. Ingresso Agosto de 2011, previsão de formação Agosto de 2015; ingresso no PIBIC em

Julho de 2013; orientação: Dr. Gilberto Menezes Amado Filho e Dr. Rodrigo L. de Moura

INTRODUÇÃO

Os recifes coralíneos estão ameaçados mundialmente por múltiplos distúrbios, particularmente pela

interação entre a sobrepesca, mudanças globais, sedimentação e poluição. Estes impactos têm levado a

um rápido declínio na cobertura de corais e à menor capacidade de recuperação dos recifes após

distúrbios intensos (Belwood et al. 2004). Apesar do consenso generalizado sobre o declínio dos

recifes, existem lacunas importantes no conhecimento dos fatores que causam e sobre aqueles que

contribuem para sua atenuação, havendo poucas informações sobre a dinâmica das comunidades

recifais do Brasil (e.g. Francini-Filho & Moura 2008; Francini-Filho et al. 2013).

A Plataforma Continental de Abrolhos, área focal do presente estudo, está localizada entre o Extremo

Sul da Bahia e o norte do Espírito Santo. A região abriga a maior biodiversidade do Atlântico Sul

(Dutra et al. 2006; Moura et al. 2013) e se destaca pela magnitude de serviços ecossistêmicos tais

como a biomineralização de CaCO3 (Amado-Filho et al. 2012) e a produção pesqueira artesanal. No

entanto, aspectos centrais acerca da estrutura e da dinâmica dos sistemas recifais de Abrolhos

permanecem mal conhecidos, dificultando seu manejo de forma a minimizar os efeitos de estressores

naturais e antropogênicos (Moura et al. 2013, Francini-Filho et al 2013).

OBJETIVOS

Avaliar a dinâmica da comunidade bêntica do recife de Abrolhos sob diferentes condicionantes

ambientais e antrópicos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados quantitativos referem-se à amostragem ocorrida no ano de 2013. As amostragens

abrangeram recifes coralíneos próximos à costa, sujeitos a maiores impactos antropogênicos, e recifes

mais afastados da costa. Em cada área foram amostrados dois habitats distintos, o topo e a parede do

recife. Em cada um desses hábitats foram colocados 10 quadrados de PVC (75 x 66 cm) (réplicas),

aleatoriamente distribuídos ao longo de trechos com entre 20 e 50 m de extensão. As posições dos

quadrados foram mantidas nas amostras subsequentes a partir de marcações com vergalhões de ferro

fixados ao recife, visando avaliar tendências temporais. Os dados acerca da diversidade bêntica recifal

foram extraídos das fotos digitais com o uso de programas de computador, tais como CPCE e Image J

(Francini-Filho et al., 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A categoria “turf” (= tufos de algas) apresentou, em todos os sítios e habitats, a maior porcentagem

relativa de recobrimento do substrato recifal (média de 49,8%). Outros grupos, tais como alga calcária

incrustante (CCA), o gênero de zoantídeos Palythoa, os corais escleractíneos Mussismilia braziliensis,

M. hartii e Montastrea cavernosa, juntamente com o gênero de macroalgas Dictyota, também

apresentaram porcentagens de recobrimento elevadas, compreendendo a maior parte visualmente

acessível das comunidades bênticas.

No geral, o padrão de cobertura da assembleia bentônica mudou pouco em relação ao apresentado por

Francini-Filho et al. (2013), cobrindo o período entre 2006 e 2008. Análises mais detalhadas deverão

revelar as principais tendências de médio/longo prazo na cobertura dos recifes de Abrolhos.

Quanto à diferença espacial, algumas considerações podem ser feitas. Para os indivíduos das espécies

Mussismilia braziliensis, Mussismilia hartii e espécies do gênero Siderastrea preferências claras pelos

sítios Arquipélago, Timbebas e PAB, respectivamente. Já para organismos como alga calcaria

incrustante, Montastrea cavernosa e o gênero Palythoa, podemos observar uma preferência por sítios

do tipo parede, parede e topo, respectivamente, sugerindo que esses organismos podem ser

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influenciados por fatores de fortes diferenças entre esses sítios, como a luminosidade. Já para

indivíduos do grupo “Turf” não foi possível estabelecer preferências em sítios ou habitats devido a sua

alta ocorrência em todos os meios.

CONCLUSÕES

Os dados processados estão sendo revisados pelos coordenadores do projeto e serão incorporados à

base de dados do PELD Abrolhos, visando subsidiar a elaboração de novas publicações cobrindo

séries mais longas de dados. Foi possível a observação de padrões de distribuição de acordo com

diferentes condicionantes antrópicos e ambientais

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ESTUDOS ONTOGENÉTICOS DE INFLORESCÊNCIAS EM CLIDEMIA (MICONIEAE,

MELASTOMATACEAE) APLICADOS À SISTEMÁTICA

Talvanis Lorenzetti Freire; Graduação em Ciências Biológicas; Pontifícia Universidade Católica do

Rio de Janeiro; Ingresso na graduação – 2012.2; Previsão de conclusão do curso – 2016.1; Ingresso no

PIBIC – 14/04/2013; Orientador(es): José Fernando Baumgratz e Karen De Toni.

INTRODUÇÃO

A família Melastomataceae é uma das mais diversificadas na flora brasileira, representada por 68

gêneros e 1.332 espécies (Baumgratz et al. 2014), tal diversidade taxonômica está estreitamente

associada a uma grande variabilidade morfológica de estruturas vegetativas, florais e frutíferas. A

posição da inflorescência tem sido utilizada como um caráter para distinguir gêneros afins (Judd 1986,

1989; Souza 1998). De acordo com esses autores, em alguns gêneros há espécies em que a

inflorescência terminal é rapidamente deslocada para uma posição pseudo-lateral, devido ao

desenvolvimento de uma gema axilar imediatamente abaixo da inflorescência. Em outros, porém,

além da inflorescência terminal, formam-se inflorescências axilares, designadas como acessórias

(Goldenberg 2000). Em Miconieae diversos estudos taxonômicos indicam a presença de

inflorescências terminais e/ou laterais. De acordo com Judd (1986) e Michelangeli (2000), várias

espécies que aparentemente tem inflorescências laterais possuem na realidade inflorescências

terminais, que são ultrapassadas pelo rápido crescimento de um meristema lateral, as quais são

denominadas de pseudo-laterais.

OBJETIVOS

Este trabalho objetiva caracterizar e descrever a origem das inflorescências em Clidemia hirta D.Don,

visando esclarecer as relações entre “meristema vegetativo X reprodutivo”, e inflorescências

“terminais X axilares” com as possíveis classificações atuais na sistemática.

MATERIAL E METODOS

Foram coletados e fixados ápices vegetativos e reprodutivos, em diversos estágios de

desenvolvimento, de espécimes de C. hirta, e, posteriormente, utilizados os protocolos usuais para

confecção de lâminas permanentes em anatomia vegetal.

RESULTADOS

As espécies de Clidemia caracterizam-se principalmente pelas inflorescências do tipo tirsóide ou

metabotrióide, terminais e/ou pseudo-axilares, botões florais com ápice obtuso a arredondado, lacínias

externas do cálice maiores que as internas e frutos carnosos, do tipo bacídio (sucoso e polispérmico) e

urceolados. Nos ápices reprodutivos dos ramos de C. hirta, em estágios iniciais de desenvolvimento,

observam-se um meristema de inflorescência (reprodutivo) e dois meristemas vegetativos (Fig. 1a).

Estes meristemas vegetativos posicionam-se lateralmente ao meristema de inflorescência, ou seja, em

uma posição axilar, estando no mesmo estágio de desenvolvimento (Fig. 1a). Neste estágio, o

meristema da inflorescência tem posicionamento terminal e, por sua vez, apresenta dois meristemas

florais posicionados lateralmente, que correspondem aos três primeiros ramos da estrutura de floração:

um central e dois laterais (Fig. 1a-b). A partir desta etapa, os dois meristemas vegetativos podem

apresentar, ou não, um contínuo e semelhante desenvolvimento durante toda a maturação da

inflorescência. Quando ambos os meristemas vegetativos mantém um mesmo grau de

desenvolvimento (Fig. 1a-b), formando gemas com dimensões e formas semelhantes, o primórdio da

inflorescência mantém a posição terminal nos ramos. Mas quando esse desenvolvimento do meristema

vegetativo se mostra diferenciado (Fig. 1c-d), originando gemas vegetativas desiguais em tamanho e

forma, percebe-se uma alteração na posição terminal da inflorescência, que começa a ser deslocada

para uma posição pseudo-axilar (Fig. 1c), devido ao progressivo desenvolvimento do ramo vegetativo.

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DISCUSSÃO

Judd (1989) e Judd & Skean (1991) assinalam que as inflorescências terminais de Clidemia são

consideradas como uma característica plesiomórfica em Miconieae e que as inflorescências axilares

(laterais) parecem ter evoluído pelo menos quatro vezes dentro na tribo e revertido pelo menos uma

vez ao posicionamento terminal. Essa condição plesiomórfica, com base nestes mesmos autores, é

fundamentada pela ocorrência de inflorescências terminais no grupo irmão, a tribo Merianieae, e as

inflorescências laterais, consideradas um caráter derivado. Michelangeli et al. (2004), ao realizaram

uma análise filogenética molecular para a tribo Miconieae e suas implicações na posição das

inflorescências, observaram a formação de dois clados: um composto por gêneros caulifloros

(Henriettea, Henriettella (= Henriettea), Loreya e Bellucia), e outro com todos os demais táxons de

Miconieae estudados e como grupo irmão de uma politomia que inclui representantes das tribos

Merianieae e Blakeeae. Nessa análise, grupos com inflorescências terminais são apontados como

basais e os com inflorescências axilares surgindo em pelo menos quatro diferentes linhagens. Os

trabalhos existentes descrevem tradicionalmente apenas o tipo de inflorescência, sem entrar na

discussão sobre a origem e o desenvolvimento das estruturas de floração. Apesar da diferença de

terminologia (axilar X lateral X pseudo-axilar), vários autores tem se baseado apenas na análise da

morfologia externa e não em estudos ontogenéticos, que elucidam a origem e os tecidos responsáveis

pela formação dessas estruturas.

CONCLUSÃO

Em Clidemia hirta possui inflorescências terminais e pseudo-axilares, as inflorescências nos estágios

iniciais de desenvolvimento ocupam sempre uma posição terminal, podendo manter-se assim até o

final da maturação. Entretanto, isso dependerá se os dois meristemas vegetativos laterais à

inflorescência apresentarem um desenvolvimento similar. Se um desses meristemas vegetativos se

desenvolve mais do que o outro, formando um novo ramo, ou cessa o seu desenvolvimento, o eixo de

floração será “empurrado” para o lado, ocupando uma posição pseudo-axilar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Figura 1. Ápices reprodutivos de Clidemia hirta D.Don. A,B –Detalhe do ápice reprodutivo,

destacando meristemas vegetativos (mv) em estágios semelhantes do desenvolvimento, e meristema

de inflorescência (seta branca) com dois meristemas florais posicionados lateralmente (setas pretas).

C, D – Novos meristemas florais são indicados (setas cinzas), meristemas vegetativos com

desenvolvimento desiguais, indicando início de alteração de posicionamento da inflorescência. Barra

de escala = 500 μm. Secções longitudinais.

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MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE,

PAPILONOIDEAE), UM GÊNERO DIVERSO NO NEOTRÓPICO

Tarlile Barbosa Lima; Graduação em Ciências Biológicas; UFF; ingresso na graduação – 07/2009;

previsão de conclusão do curso – 07/2015; ingresso no PIBIC: 07/2011; orientador: Vidal de Freitas

Mansano.

INTRODUÇÃO

Swartzia Schreb. caracteriza-se por serem plantas lenhosas com distribuição neotropical. Possui flor

com cálice inteiro no botão floral e se rompe irregularmente na antese, a corola apresenta uma pétala

ou a pétala é ausente e o androceu é, geralmente, multiestaminado e heteromórfico, com até três tipos

diferentes de estames (Mansano & Souza, 2005). São estimadas cerca de 180 espécies de Swartzia

distribuídas principalmente desde de Nayarit, na costa do Pacífico, no México, até o sul do Rio

Grande do Sul, no Brasil (Cowan, 1968; Torke & Mansano, 2009). Swartzia apetala encontra-se

associada ao bioma Mata Atântica, ocorrendo com abundância nos estados de Rio de Janeiro e Bahia.

A modelagem de distribuição potencial de espécies se mostra uma ferramenta ideal para a realização

do estudo do gênero Swartzia. Isso porque, de acordo com Kamino (2009), os trabalhos de

modelagem possibilitam a expansão de áreas de ocorrência das espécies, através do estudo de padrões

de distribuição geográfica. Também no âmbito da conservação, considera-se a identificação e

delimitação de áreas para reservas de reintrodução de espécies e desenvolvimento de medidas eficazes

para a conservação das mesmas (Adhikari et. al., 2012). Em Swartzia sect. Swartzia Torke &

Mansano merece destaque Swartzia apetala Raddi, que foi divida por Cowan (1967) em quatro

variedades: S. apetala Raddi var. apetala, S. apetala var. blanchetii (Benth.) R.S. Cowan, S. apetala

var. glabra (Vogel) R.S. Cowan e Swartzia apetala var. subcordata R.S. Cowan. Mansano & Tozzi

(1999) em um estudo sobre o gênero no Brasil sinonimizaram S. apetala var. blanchetii e S. apetala

var. subcordata com S. apetala var. apetala, considerando desta forma apenas duas variedades para

esta espécie (S. apetala var. apetala e S. apetala var. glabra). Mansano (com. pess.) acredita que a

sinonimização de S. apetala var. blanchetii deva ser revista e que este táxon não é sinônimo de

Swartzia apetala var. apetala. S. apetala var. blanchetii caracteriza-se pelo ovário piloso

(característica exclusiva dentro da espécie), acinzentado e pedicelo medindo entre 2 a 3 mm de

comprimento.

OBJETIVO

Estudar a distribuição das variedades de Swartzia apetala com o auxílio da ferramenta de modelagem

de distribuição potencial (software Maxent), relacionando-os com fatores ambientais através de testes

estatísticos de PCA (Análise de Componentes Principais).

MATERIAL E MÉTODOS

O bioma Mata Atlântica e regiões de ecótones com cerrado e caatinga foram delineados como áreas de

principal ocorrência devido à predominância das localizações das coordenadas geográficas. Em

relação ao tratamento de dados, foi realizado um trabalho de apuração e posterior descarte de algumas

coordenadas com baixa precisão visando maior acurácia do resultado final do projeto. Para elaboração

desse primeiro modelo experimental utilizou-se uma abordagem exploratória para cada variedade de

S. apetala, o que justifica a ampla escolha de variáveis ambientais (dados abióticos). Sendo assim

foram selecionadas 19 variáveis bioclimáticas e uma topográfica da base de dados bioclimáticos da

Worldclim: bio_1 (temperatura média anual), bio_2 (média mensal de (temperatura max - min temp)),

bio_3 ( Isoterma (bio_2/bio_7) (* 100), bio_4 (sazonalidade da temperatura (desvio padrão * 100),

bio_5 (temperatura máxima do mês mais quente), bio_6 (min temperatura do mês mais frio), bio_7

(faixa de temperatura anual (bio_5-bio_6), bio_8 (temperatura média do trimestre mais chuvoso),

bio_9 (temperatura média do trimestre mais seco), bio_10 (temperatura média do trimestre mais

quente), bio_11 (temperatura média do trimestre mais frio), bio_12 (precipitação anual), bio_13 (

precipitação do mês mais chuvoso), bio_14 (precipitação do mês mais seco), bio_15 (precipitatação

sazonal (coeficiente de variação), bio_16 (precipitação no quadrimestre mais úmido),bio_17

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(precipitação no quadrimestre mais seco), bio_18 (precipitação no quadrimestre mais quente), bio_19

(precipitação no quadrimestre mais frio) e h_dem (altitude), na resolução de pixel de 10 km. O

algoritmo selecionado foi o MaxEnt, que trabalha estimando a probabilidade de distribuição em

máxima entropia, prevendo a distribuição potencial de uma espécie com base em variáveis ambientais

e coordenadas geográficas. No processo de modelagem foi realizado o download do software gratuito

MaxEnt em cs.princeton.edu/~schapire/maxent, as coordenadas foram inseridas no campo Samples e

as variáveis ambientais no campo Enviromental layers. Alguns ajustes na configuração do mesmo

foram admitidas antes de operar o programa, dentre elas as opções de criação do teste de “jacknife”

(que divide aleatoriamente o conjunto de pontos em treino e teste) e as curvas características de

operação (ROC). Também foi realizado um teste de PCA (Análise das Componentes Principais). Em

seguida, foram elencadas 7 variáveis ambientais com menor grau de correlação para cada variedade de

S. apetala e remodelado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As camadas ambientais mais relevantes para as seguintes variedades foram: S. apetala var. apetala:

bio_7, bio_2, bio_17, bio_14, bio_4, bio-15 e alt; S. apetala var. blanchettii: bio_2, bio_14, bio_7,

bio-15, bio_19, bio_13 (precipitação do mês mais úmido) e alt; S. apetala var glabra: bio_2, bio-15,

bio_7, bio_18, bio_19, bio_3 e alt. Nos modelos gerados a distribuição das variedades de S. apetala é

influenciada por fatores climáticos, principalmente pela precipitação. Em S. apetala var. apetala, o

valor médio encontrado para a curva ROC, foi de AUC = 0,995, valores aceitáveis de máximo variam

na literatura, mas geralmente maiores ou iguais a 0.6 são considerados “bons” (Graham & Hijmans

2006). Já o teste de “Jacknife” acusou como variável de maior contribuição para o modelo a bio_7 e a

bio_2, respectivamente. É possível afirmar que sua distribuição está relacionada com toda a extensão

da mata Atlântica. Já S. apetala var. glabra apresentou AUC = 0,965 e as variáveis bio_2 (média

mensal) e bio_15 (precipitação sazonal – coeficiente de variação) demonstraram o padrão de maior

colaboração. Swartzia apetala var. blanchettii respondeu com o melhor modelo gerado, sua curva

ROC foi classificada com AUC = 0,999 e ambas variáveis ambientais exibiram contribuição

semelhante para obtenção do modelo, com destaque de bio_2 e bio_14. Estes dados relacionados com

o mapa preditivo (fig.1) substanciam a hipótese de endemismo associado à referida variedade. Os

testes de “jacknife” das variedades de S. apetala demonstrando a colaboração das variáveis ambientais

para a geração do modelo. É possível notar um padrão de influência das variáveis bio_2 (média

mensal de (temperatura max - min temp), bio_7 (faixa de temperatura anual (bio_5-bio_6) e bio_15

(precipitatação sazonal (coeficiente de variação).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADHIKARIA D., BARIKA S. K., UPADHAYAB K. 2012. Habitat distribution modelling for

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Figura 1: Mapas preditivos dos modelos gerados: S. apetala var. apetala, S. apetala

var. blanchettii, S. apetala var. glabra, respectivamente.

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MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS ESTIGMAS DE GÊNEROS

TILLANDSÓIDES

Wellington Souza de França; Graduação Ciências Biológicas, UNIGRANRIO; ingresso graduação –

01/2011; concluído – 12/2013; ingresso no PIBIC: março/2013; orientadora: Karen L.G. De Toni.

INTRODUÇÃO

Bromeliaceae Juss. inclui 3.248 espécies subordinadas a 58 gêneros (Luther 2010). A partir de Smith

& Downs (1974, 1977, 1979), diversas mudanças taxonômicas foram realizadas na família em todos

os níveis taxonômicos.

De acordo com Smith & Downs (1974, 1977, 1979), a família foi subdividida em três subfamílias:

Tillandsioideae, Pitcairnioideae e Bromelioideae, baseando-se em características morfológicas de

flores, frutos e sementes. Estudos recentes realizados por Givnish et al. (2011), sugerem oito

subfamílias para Bromeliaceae. Estes basearam-se em características do gineceu e androceu, que

possuem relevância para entender a filogenia da família. Além disso, os estigmas vêm recebendo

destaque nas análises morfológicas. Em Tillandsioideae, onde se observa a maior variação estigmática

(Brown & Gilmartin 1988), tal estrutura mostra-se ainda mais relevante para o conhecimento da

evolução dos táxons.

Vários tipos de estigmas são descritos para Bromeliaceae. Brown & Gilmartin (1984) caracterizam

três tipos: espiral-conduplicado, lâmina-convoluta e simples-ereto. Utley (1983) acrescentou mais um:

o cupulado. Um quinto, o coraliforme, foi descrito por Brown & Gilmartin (1989). Outro tipo é

sugerido para algumas de espécies de Vriesea, tubo-laciniado (Leme 2012); e o tipo conduplicado-

patente para as espécies de Alcantarea (Barfuss et al. 2013).

OBJETIVO

O presente estudo tem por objetivo o estudo da morfologia e desenvolvimento dos estigmas para a

compreensão da evolução morfológica de tal subfamília, em especial o gênero Vriesea Lindl.

MATERIAL E MÉTODOS

Para o desenvolvimento do projeto foram coletados botões florais e flores em diversos estágios do

desenvolvimento de 21 espécies de Bromelioideae (3 spp.), Pitcairnioideae (2 spp.) e Tillandsioideae

(16 spp.). A preparação do material seguiu os protocolos usuais para microscopia eletrônico de

varredura. A observação foi realizada em microscópio EVO40, sob voltagem de15kV.

RESULTADOS

Durante o processo de maturação dos carpelos observa-se nas espécies do gênero Tillandsia, os lobos

estigmáticos livres e eretos desde o início do desenvolvimento, caracterizando estigmas do tipo

simples-ereto (Fig. 1a-e); torções nos lobos estigmáticos em estágios tardios (Fig. 1c-e) foram

observados em algumas espécies. No tipo espiral-conduplicado os lobos estigmáticos apresentam-se

livres, espiralados e conduplicados desde estágios precoces do desenvolvimento (Fig. 1f-j). O tipo

estigmático lâmina-convoluta foi identificado nas espécies do gênero Vriesea. O desenvolvimento

desse tipo de estigma é semelhante entre todas as espécies analisadas, em estádios iniciais (Fig. 1k-l),

ao desenvolvimento do tipo simples-ereto. Com a maturação da estrutura, as lâminas destacam-se pelo

proeminente crescimento convoluto (Fig. 1m-o). Em Alcantarea, especificamente em A. glaziouana

(Fig. 1p-s) não foi possível classificar o tipo de estigma a partir das descrições anteriores, pois esta

espécie apresenta um tipo peculiar. Sugere-se então, um novo tipo estigmático, mencionado neste

estudo como tipo Alcantarea (Fig. 1p-s).

DISCUSSÃO

De acordo com o observado neste estudo, o tipo espiral-conduplicado é característico das

Bromelioideae (exceto Cryptanthus), e também é referido para as espécies de Pitcairnia (Brown &

Gilmartin 1984, 1989). Quanto a este tipo, existem registros que mencionam a torção dos lobos logo

nos estágios iniciais do desenvolvimento (Brown & Gilmartin 1988), porém ainda não havia menção

de que, em estágios inicias do desenvolvimento, os lobos também conduplicam-se.

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O gênero Tillandsia destaca-se pelo tipo simples-ereto, que apresenta os estigmas livres e eretos

durante todo o desenvolvimento, corroborando com dados obtidos por Brown & Gilmartin (1988).

Variações foram encontradas quanto a torções de cada lobo estigmático, como já mencionado por

(Brown & Gilmartin 1988). O único contraponto encontrado foi quanto à classificação de T.

streptocarpa, que na literatura é descrita como do tipo espiral-conduplicado (Brown & Gilmartin

1989), e neste estudo melhor adequou-se ao simples-ereto, desde o início do desenvolvimento.

O tipo lâmina-convoluta é encontrado nas espécies de Vriesea. Este tipo de estigma apresenta

crescimento irregular dos seus lobos e também papilas densas nas extremidades da lâmina estigmática

(Brown & Gilmartin 1988). Dentre todas as espécies analisadas no estudo, é semelhante o

desenvolvimento do tipo lâmina-convoluta, entretanto, foi possível observar que durante o processo

de maturação dos estigmas, algumas espécies apresentaram grau de fusionamento e densidade das

papilas dos lobos estigmáticos diferenciados, sendo possível realizar uma divisão em subtipos I, II e

III, de acordo com as características morfológicas da lâmina estigmática.

Em Alcantarea, estudos anteriores a classificam com estigma do tipo conduplicado-patente (Barfuss et

al. 2013). Porém os resultados aqui obtidos são divergentes, não estando de acordo com nenhum tipo

já descrito, por isso foi proposto um novo tipo, tipo Alcantarea.

CONCLUSÃO

Tillandsioideae apresenta ampla variação morfológica quanto aos tipos estigmáticos. A partir dessa

variação encontrada em Tillandsioideae, os três tipos encontrados tem início de desenvolvimento

semelhantes, o que indica a relação entre eles. Para Pitcairnioideae e Bromelioideae apenas um tipo

estigmático foi descrito, o qual tem padrão de desenvolvimento idêntico entre as espécies analisadas.

Estudos ontogenéticos dos estigmas em Bromeliaceae, mostram-se relevantes para entender melhor a

filogenia e a relação dos táxons, no entanto, há necessidade de mais estudos, a fim de que seja

analisadas a relação entre os tipos estigmáticos em Tillandsioideae.

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LUTHER, H.E., 2010. An Alphabetical List of Bromeliad Binomials, 12th Ed. Sarasota Bromeliad

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New York, mon. 14, part 1, 658 p., 212 fig.

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New York, mon. 14, part 2, p. 663-1492, fig. 213-467.

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New York, mon. 14, part 3, p. 1493-2142, fig. 468-730.

UTLEY, J. 1983.A revision of the Middle American Vrieseas (Bromeliaceae). Tul. Zoo. Bot. 24:1-

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71

Figura 1. Desenvolvimento dos estigmas. Tillandsia streptocarpa (a-b), T. geminiflora (c,e), T. stricta

(d), Achmea floribunda (f-h), A. blumenavii (i), A. triangularis (j), Vriesea neoglutinosa (k), V.

platinema (l), V. incurvata (m), V. philipocouburgui (n) e V ensiformis (o), Alcantarea glaziouana (p-

s). Barra de escala = 20µm (k), 30µm (e), 100µm (a, c, d, m-n, p-q), 200µm (b, i-j, o, r-s), 300µm (f-

h), 500µm (l).

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FENODINÂMICA DE UMA COMUNIDADE ARBÓREA DE MATA ATLÂNTICA

MONTANA

Ana Carolina Brant Corrêa; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação –

março/2011; previsão de conclusão do curso – dezembro/2016; ingresso no PIBIC: agosto/2013;

orientador: Leandro Freitas

INTRODUÇÃO

A fenologia é o estudo da ocorrência de eventos biológicos recorrentes, suas relações com fatores

bióticos e abióticos e a interrelação destes eventos entre mesmas ou diferentes espécies (Lieth, 1974).

Os estudos fenológicos auxiliam na compreensão da dinâmica e funcionamento dos ecossistemas

(Lieth 1974) e podem ser usados também como ferramenta para entender a disponibilidade de

recursos para populações de animais herbívoros, antófilos e frugívoros e da dinâmica e ciclagem de

nutrientes nas comunidades (Bullock et al. 1990). Os fatores que podem influenciar a determinação

dos padrões fenológicos são: bióticos, que podem influenciar evolutivamente a ocorrência de

assincronia ou sincronia de fenofases (Frankie et al. 1974) e abióticos, que agem como estímulos para

a ocorrência de determinada fenofase ou para que esta não ocorra (van Schaik et al. 1993). Florestas

tropicais apresentam ampla variação nos padrões de fenologia reprodutiva e vegetativa (Morellato et

al. 2000), de modo que abrangência do período de estudo e a periodicidade das coletas são

importantes para identificação de padrões.

OBJETIVO DO ESTUDO

Iniciar a coleta de dados para caracterizar a fenodinâmica da comunidade arbórea em uma área de

Mata Atlântica montana. E, com base nos dados climáticos da região, entender e prever épocas de

maior recurso para polinizadores e dispersores de sementes na área.

MÉTODOS

A área de estudo foi uma floresta ombrófila montana no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no

município de Teresópolis, RJ, região de clima tropical, com duas estações, uma seca e uma chuvosa.

A análise de dados incluiu coletas mensais de agosto de 2013 a março de 2014. O mês de dezembro-

2013 foi eliminado devido às fortes chuvas do mês que impediram a observações da maior parte dos

indivíduos. As fenofases brotamento, queda foliar, botão floral, floração, fruto verde e fruto maduro

foram registradas pelo método proposto por Fournier (1974). Foram analisados 86 indivíduos de 62

espécies, escolhidos do levantamento fitossociológico feito por Finotti et al. (2012). Os dados foram

organizados por atividade da fenofase e por índice de intensidade de Fournier para a fenofase,

comparando espécies e indivíduos (Morellato et al. 2002) intensidade para indivíduos ponderada pela

abundância de indivíduos amostrados no levantamento fitossociológico. A partir dos dados climáticos

no período de estudo, foram calculadas as temperaturas médias e precipitação acumulada de cada mês

e também do mês anterior. A correlação entre os dados climáticos e os fenológicos foi feita utilizando

o programa estatístico PAST, usando a função de correlação de Spearman e p < 0,05 como nível de

significância.

RESULTADOS

Dentre os valores significativos obtidos nas correlações, a temperatura média do mês anterior foi a

variável mais fortemente relacionada (i.e., r² > 0,8) às atividades de queda foliar e de botão, e à

intensidade de botão por espécie, sendo esta última correlacionada negativamente (Tabela 1A). A

atividade de queda foliar para espécies e indivíduos, de floração para espécies e intensidade de queda

foliar para espécies foram mais relacionadas à temperatura média do mês (Tabela 1B). A precipitação

no mês anterior esteve mais fortemente relacionada, negativamente, à intensidade de Fournier de

frutos maduros para indivíduos (Tabela 1C). A correlação da precipitação acumulada no mês de

observação não foi significativa para nenhuma das variáveis fenológicas. Brotamento teve menor

atividade em fevereiro e março, quando queda exibiu seu pico de atividade (Figura 2A e B). A maior

atividade de botão ocorreu em setembro, quando floração teve sua menor atividade (Figura 2A e B) e

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as atividades mais baixas de botão foram entre janeiro e março, quando floração exibiu sua atividade

mais alta (Figura 2C e D). Fruto verde teve maior atividade em setembro, enquanto fruto maduro

mostrou seu maior pico em março e baixa atividade em janeiro (Figura 2E e F). As maiores

intensidades de Fournier de cada fenofase ocorreram para espécies nos mesmos meses que as maiores

atividades (Figura 3).

DISCUSSÃO

As linhas de porcentagem de atividade por espécie e por indivíduos se sobrepuseram ou então se

cruzaram eventualmente, por haver atividade em espécies muito abundantes na comunidade. A

intensidade foi frequentemente mais alta para indivíduos do que para espécies, pois o valor da

intensidade por indivíduos esta ponderado pela abundância das espécies registrada no levantamento

fitossociológico (Finotti 2012). Logo, espécies com muitos indivíduos no levantamento e máxima

intensidade da fenofase, tiveram forte influência na fenodinâmica da comunidade. Um evento atípico,

como a escassez de chuva em um mês da estação mais chuvosa, gerou um pico de queda foliar

também atípico para a fenodinâmica esperada neste tipo de floresta. Uma variação atípica climática,

ao influenciar a fenodinâmica da comunidade arbórea, causa, ainda, consequências sobre a

disponibilidade de recursos para a fauna da floresta. A temperatura foi a variável climática que mais

influenciou os eventos fenológicos vegetativos na comunidade, assim como mostram outros estudos

em florestas tropicais (Frankie et al. 1974).

CONCLUSÃO

Espécies muito abundantes na comunidade podem dispor de mais recursos, mesmo quando a fenofase

se expresse em menor intensidade em relação a espécies raras com alta intensidade de um evento

fenológico. É possível que mais eventos fenológicos não tenham sido relacionados aos dados

climáticos na análise de correlação devido ao período de observação, que foi curto comparado ao que

normalmente se observa em estudos fenológicos (e.g., Frankie 1974, Morellato et al. 2000, Pires

2010).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENCKE, C. S. C., MORELLATO, L. P. C., 2002. Comparação de dois métodos de avaliação da

fenologia de plantas, sua interpretação e representação. Revista Brasileira de Botânica 25: 269-275.

BULLOCK, S.H. & SOLIS-MAGALLANES, J.A..1990. Phenology of canopy trees of a tropical

deciduousforest in Mexico. Biotropica 22: 22-35.

FINOTTI, HOTTZ, SÁNCHEZ-TAPIA, RAMOS, J. F. P. RODRIGUES 2012.Resultados

preliminares sobre a estrutura e composição da comunidade arbórea do Rancho Frio – PARNASO -

RJ. Anais do 10o Encontro de Pesquisadores do Parque Nacional da Serra dos Órgãos 28 a 30 de

novembro de 2012.

FOURNIER, L.A. 1974. Un método cuantitativo para la medición de características fenolólogicas en

árboles. Turrialba 24: 422-423.

FRANKIE, G.N., BAKER, H.G., OPLER, P.A. 1974. Comparative phenological studies of trees

intropical wet and dry forest in the lowlands of Costa Rica. Jornal of Ecology. 62: 881-913.

LIETH, H. 1974. Purpose of a phenology book. In H. Lieth (Eds.).Phenology and seasonality

modeling, pp. 3-19.Springer, Berlin.

MORELLATO, L. P. C., TALORA, D. C., TAKAHASI, A., BENCKE, C. C., ROMERA,

ZIPPARRO, V. B. 2000. Phenology of Atlantic Rain Forest Trees: A comparative Study. Biotropica

32 (4b): 811 – 823.

PIRES, J. 2010. Fenologia do componente arbóreo em bordas lineares e interior em um remanescente

de Floresta Atlântica. Tese de Doutorado - Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VAN SCHAIK, C.P., TERBORGH, J.W. & WRIGHT, S.J. 1993. The phenology of tropical forest:

adaptative significance and consequences of consumers. Annual Review of Ecology, Evolution and

Systematics 24:353-377

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Figura 2 (à esquerda).

Fenogramas de porcentagem de

atividade de espécies (linha

contínua) e de indivíduos (linha

tracejada) para as fenofases

brotamento; queda foliar; botão

floral; floração; fruto verde; fruto

maduro para 62 espécies e 86

indivíduos de árvores do Parque

Nacional da Serra dos Órgãos,

Teresópolis, Rio de Janeiro, nos

meses de agosto de 2013 a março

de 2014.

Figura 3 (à direita). Fenogramas

de porcentagem de intensidade de

espécies (linha contínua) e de

indivíduos (linha tracejada) para as

fenofases brotamento; queda foliar;

botão floral; floração; fruto verde;

fruto maduro para 62 espécies e 86

indivíduos de árvores do Parque

Nacional da Serra dos Órgãos,

Teresópolis, Rio de Janeiro, nos

meses de agosto de 2013 a março de

2014.

A - Temperatura média no mês

anterior

B -Temperatura média no mês de

observação

C - Precipitação total

no mês anterior

Atividade Intensidade

Atividade Intensidade

Intensidade

%

espécies

%

indivíduos

%

espécies

%

espécies

%

indivíduos

%

espécies

%

indivíduos

Queda p 0,007 0,0004 0,01

Queda p 0,02 0,0004 0,001

Fruto

maduro p 0,06

r² 0,86 0,92 0,80

r² 0,82 0,93 0,92

r² -0,86

Botão

p 0,006 0,007

Floração p 0,005

r² -0,81 -0,85

r² 0,89

Tabela 1. Valores significativos (p < 0,05) obtidos como resultado das análises de correlação de

Spearman entre as fenofases para atividade e intensidade por porcentagem de espécies e de indivíduos e

os fatores climáticos que tiveram relação mais forte entre as variáveis (r² > 0,8).

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ANATOMIA E HISTOQUÍMICA DO ARILO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE,

PAPILIONOIDEAE)

Gabriela Lins Nogueira Bezerra; Graduação em Ciências Biológicas, UNRIO; ingresso em agosto de

2010; previsão de conclusão do curso – julho de 2016; ingresso no PIBIC: março 2013; Orientador:

Vidal de Freitas Mansano

INTRODUÇÃO

O arilo é um apêndice da semente, sob a forma de estruturas especializadas, que são iniciadas no

óvulo e continuam a desenvolver-se na semente (Batygina, 2002). Esta estrutura pode ser originada

em diferentes regiões do rudimento seminal (óvulo), assumindo diferentes nomes como: funicular –

com origem no funículo; hilar ou umbilical – com origem no hilo; micropilar – com origem ao redor

da micrópila; calazal – com origem na calaza; rafeal – com origem na rafe; e pré-rafeal – com origem

entre o funículo e a micrópila (Souza, 2009). Em sementes maduras, os arilos são frequentemente

carnosos e coloridos. Devido a esses aspectos, os arilos são estruturas extremamente importantes para

as espécies que os possuem pois os mesmos tem função atrativa de diferentes dispersores que são

agentes importantes para a distribuição geográfica, fluxo gênico e sobrevivência das espécies. As

plantas do gênero Swartzia Schreb. são lenhosas, variando de pequenos arbustos a árvores de grande

porte, podendo ter até mais de 30 m de altura. O gênero apresenta uma estrutura floral peculiar, onde o

cálice é inteiro no botão floral e se rompe irregularmente na antese, a corola apresenta uma pétala ou a

pétala é ausente e o androceu é, geralmente, multiestaminado e heteromórfico, com até três tipos

diferentes de estames (Mansano & Souza, 2004). Os frutos são lenhosos com superfície externa lisa,

ou fortemente rugosa, variando de deiscentes a tardiamente deiscentes (Cowan, 1967; Barroso et al.,

1999). As sementes da maioria das espécies são ariladas, sendo a forma e a coloração do arilo muito

importante na taxonomia das espécies deste gênero (Pinto et al., 2012). Swartzia conta com cerca de

200 espécies, ocorrentes em sua maioria na América do Sul (Torke & Mansano, 2009). Embora

fortemente centrado na Amazônia, Swartzia também apresenta considerável diversidade na floresta

tropical atlântica, principalmente entre o sul da Bahia e o Rio de Janeiro (Pinto et al., 2012). O arilo

se manifesta em diferentes cores e formas nas diversas espécies de Swartzia e desta forma buscamos

observar diferenças anatômicas e de conteúdo do arilo neste gênero.

OBJETIVO

Analisar anatômica e histologicamente o arilo de diferentes espécies de Swartzia, com o intuito de

fornecer subsídios ao entendimento taxonômico desse gênero.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram Swartzia alagoensis, S. langsdorffii, S.jorori e S. simplex var. grandiflora. Os ensaios

anatômicos e histoquímicos aconteceram no Laboratório de Anatomia Vegetal da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO e no Laboratório de Botânica. Cortes anatômicos

foram feitos em cada uma das espécies seguidos do preparo de lâminas semi-permanentes. Para tal,

foram usadas amostras de arilos das espécies de Swartzia, fixadas em uma solução de Karnosvsky,

contendo 2,5% de glutaraldeído e 4% de formaldeído, com tampão de fosfato de sódio 0,05M e pH

7,2. As amostras foram submetidas a reagentes histoquímicos com a finalidade de análise estrutural e

identificação do conteúdo de reserva intracelular. Após as diferentes reações as amostras foram postas

em lâminas imersas à glicerina 50%, com lamínula por cima e esmalte transparente para selagem. As

observações e a documentação fotográfica foram realizadas em microscópio óptico Olympus BX41

com sistema digital de captação de imagens da câmera refrigerada Olympus DP70.

RESULTADOS

Foram observadas variações na textura, cor e posição dos arilos entre as espécies estudadas (Figura 1).

Em cortes anatômicos corados com azul de toluidina, puderam-se observar as semelhanças e

diferenças na estrutura dos tecidos do arilo entre três diferentes espécies de Swartzia estudadas (Figura

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2). A presença de amido foi confirmada no arilo de Swartzia alagoesis (Figura 3A), através da

coloração marrom escura a preta detectada pelo reagente lugol. A partir dos testes histoquímicos, foi

verificada a presença de lipídeos nos arilos dos espécimes de Swartzia langsdorffii (Figura 3B), S.

simplex (Figura 3C) e S. jorori (Figura 3D) através da coloração vermelha do reagente Sudan IV. Os

reagentes Vermelho de Rutênio, Azul do Nilo, Dragendorff e Azul de Comassie foram testados,

porém estes corantes não reagiram com as porções das células condizentes com o material de reserva.

CONCLUSÃO

O presente estudo fornece subsídios importantes para futuros estudos anatômicos e de dispersão no

gênero Swartzia e em outras leguminosas. Diferenças na composição das espécies quanto a presença

predominante de lipídeos (S. langsdorffii, S. jorori e S. simplex) ou amido (S. alagoensis) indicam um

potencial de diferenciação nas estratégias de dispersão adotadas pelas espécies. Além disso, diferenças

na morfologia externa e consequentemente na estrutura anatômica dos arilos podem ser de grande

importância para a taxonomia e sistemática do grupo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROSO, G. M., MORIM, M.P., PEIXOTO, A.L. & ICHASO, C.L.F., 1999. Frutos e sementes:

Morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa: Ed. UFV.

BATYGINA, T.B., 2002. Embryology of flowering plants – terminology and concepts vol.1

generative organs of flower; V.L. Komarov Botanical Institute.

COWAN, R.S., 1967. Flora Neotropica; Monograph No. 1, Swartzia (Leguminosae, Caesalpinioideae

Swartzieae) Hafner Publishing Company, New York and London.

MANSANO, V.F. & SOUZA, A.L. 2004. A new Swartzia (Leguminosae: Papilionoideae:

Swartzieae) species with trimorphic stamens from Amazonian Brazil. Botanical Journal of the

Linnean Society 147: 235–238.

PINTO R. B., TORKE, B M. & MANSANO, V. F., 2012. Updates to the taxonomy of Swartzia

(Leguminosae) in extra-Amazonian Brazil, with descriptions of five new species and a regional key to

the genus. Brittonia 64(2): 119- 138.

SOUZA, L.A., 2009. Sementes e plântulas – Germinação, estrutura e adaptação; Ponta Grossa, PR:

Ed. UEPG.

TORKE B. M. & MANSANO, V.F., 2009. A phylogenetically based sectional classification of

Swartzia (Leguminosae-Papilionoideae). Taxon 58(3): 913- 924.

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Figura 1: Imagens dos arilos de Swartzia alagoensis (A), S. langsdorffii (B), S. jorori (C) e S. simplex

var. grandiflora (D). Barras = 1cm.

Figura 2. Secções semifinas de arilo de Swartzia simplex (A), S. jorori (B) e S. langsdorffii (C).

Microscopia óptica, cortes coradas com azul de toluidina. Barras: (A) 50 µm, (B)200 µm e (C) 100

µm.

Figura 3. Histoquímica dos arilos de Swartzia. Microscopia óptica - campo claro. (A) S. alagoensis,

coloração com Lugol; (B) até (E) coloração com Sudan IV: (B) S. langsdorffii; (C) S. simplex; (D) S.

jorori ; (E) S. alagoensis; (F) e (G) coloração com Lugol: (F) S. jorori; (G) S.simplex; (H) S. jorori

coloração com Azul do Nilo; e (I) S. simplex Coloração com Vermelho de Rutênio. Legenda: Seta (A)

– Grãos de amido; Triângulo (B), (C) e (D) – Lipídeos. Barra: (I) 20 μm.

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79

RESUMOS

PIBIC-EM

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MORFOLOGIA DE FRUTOS E SEMENTES DO CLADO HYMENAEA

Pedro Quinderé; Ensino Médio – Colégio Pedro II; ingresso no PIBIC-EM: agosto/2013; orientador:

Vidal de Freitas Mansano

O clado conhecido como Detarieae s.str. é formado por gêneros produtores de resina e foi indicado

como monofilético pelos estudos de Bruneau et al. (2001) e Fougère-Danezan et al. (2007). Detarieae

s.str. destaca-se também por possuir muitos representantes com estípulas caducas, folhas com poucos

folíolos, presença de glândulas e uma forte tendência à apetalia. Dos 16 gêneros apontados como

integrantes deste clado, nove são endêmicos do continente africano e Guibourtia Benn. possui apenas

uma espécie neotropical (Lewis et al. 2005). Estudos filogenéticos apontam que dentro de Detarieae

há o clado Hymenaea formado pelo gênero Hymenaea e ainda Guibourtia e Peltogyne Vogel

(Bruneau et al. 2000; Bruneau et al. 2001; Herendeen et al. 2003). Os três gêneros apresentam

morfologia floral bastante semelhante, mas o fruto varia consideravelmente dentre os gêneros. Desta

forma, o presente estudo teve como objetivos examinar os frutos e sementes dos três gêneros,

buscando caracteres que os diferenciem. Para tanto frutos e sementes foram coletados e também

observados da coleção de frutos do JBRJ. Guibourtia apresenta fruto do tipo folículo, ou seja,

deiscente por uma das margens com semente não arilada; Hymenaea apresenta fruto do tipo legume

bacáceo, sendo indeiscente ou tardiamente deiscente com endocarpo farináceo e por fim Peltogyne

que apresenta fruto do tipo legume, ou seja, deiscente nas duas margens com sementes não ariladas.

Os frutos também variaram em relação ao número de sementes (2-8 em Hymenaea, 1 em Guibortia e

Peltogyne) e as sementes se mostraram mais espessas em Hymenaea, sugerindo que em Guibortia e

Peltogyne pode haver anemocoria, enquanto que em Hymenaea, foi verificado dispersão por

mamíferos com cutia e ai

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ATUALIZAÇÃO DAS COLETAS DE MADEIRAS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA:

RESGATE DE INFORMAÇÕES, OBTENÇÃO DE IMAGENS E ATUALIZAÇÃO DA BASE

DE DADOS DA XILOTECA DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO

Ronnie Freire Marques de Sousa; Ensino Médio – Colégio Pedro II; ingresso no PIBIC-EM: fevereiro

de 2013; orientadora: Claudia Franca Barros.

O trabalho do anatomista da madeira consiste na coleta, descrição e documentação das características

das amostras, além da organização delas na xiloteca. A xiloteca do Jardim Botânico é uma das

maiores do Brasil, com uma coleção de 9.500 amostras de madeira e 30.000 lâminas histológicas. No

momento, a coleção da Mata Atlântica, contida na xiloteca, apresenta 101 espécies distribuídas em

500 amostras de madeiras coletadas no Rio de Janeiro. Este trabalho tem por objetivo contribuir para a

informatização da coleção de amostras de madeira da Mata Atlântica, depositadas na Xiloteca do

Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Para tanto, as informações de amostras de madeira contidas no

banco de dados do Jardim Botânico - JABOT foram conferidas e atualizadas utilizando uma tabela

gerada a partir do JABOT. Até o momento foram revisadas as informações de 246 amostras

pertencentes a 85 espécies e 31 famílias. Destas amostras, 30 madeiras não foram encontradas e 10

registros não possuem lâminas. A partir desse levantamento foi iniciada a obtenção de imagens

microscópicas nos planos transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial utilizando o

microscópio Olympus BX50 acoplado a câmera digital Olympus BP73 e o programa CellSens

Standard. Até o momento, foram capturadas 322 imagens microscópicas referentes a 103 amostras de

madeiras, 56 espécies e 27 famílias. As referidas imagens serão incorporadas ao JABOT em sua

segunda versão.

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QUANTO MAIOR O NÚMERO DE POLINIZADORES MAIOR O NÚMERO DE LADRÕES

DE NÉCTAR?

Seiji Rocha Watanabe; Ensino Médio – Colégio Pedro II; ingresso no PIBIC-EM: fevereiro/2013;

orientador: Leandro Freitas

Flores oferecem recursos a animais antófilos e em contrapartida são polinizadas. A maioria das

angiospermas é polinizada por animais, por exemplo, abelhas, beija-flores e borboletas, e os recursos

principais são néctar e pólen. Contudo, esses mesmos recursos atraem não apenas polinizadores, mas

também visitantes antagonistas. Estes antagonistas são conhecidos como pilhadores – aqueles que

roubam o néctar sem necessariamente danificar a flor – e como ladrões – aqueles que para roubar o

néctar, sempre danificam a flor, por exemplo, perfurando ou se alimentando de partes florais.

Portanto, é esperado que espécies de plantas com recurso floral mais acessível terão maior número de

grupos funcionais de polinizadores. Um efeito colateral da maior acessibilidade a polinizadores pode

ser a atração de mais antagonistas. O objetivo deste estudo foi responder se o aumento de

polinizadores está relacionado com o aumento de pilhadores/ladrões em flores que secretam néctar.

Assim, o número de grupos funcionais de polinizadores foi correlacionado com o de pilhadores.

Como metodologia foi realizada uma revisão de literatura em busca de trabalhos que continham

características sobre a flor e o mecanismo de polinização, com separação explícita dos visitantes como

polinizadores (mutualistas) ou pilhadores/ladrões de néctar (antagonistas). Foram revisados 17 artigos

obtidos nas Bases de publicações científicas Scielo e Google Acadêmico. Os animais presentes em

cada artigo foram classificados de acordo com seu comportamento na flor, ou seja, polinizadores

(sendo mais representados na revisão abelhas, beija-flores e borboletas), pilhadores (principalmente

abelha, beija-flor, borboleta, mosca e vespa) e ladrões (principalmente abelha, beija-flor, percevejo e

formiga). Os dados foram analisados por correlação de Pearson. A correlação entre o número de

grupos de polinizadores e antagonistas foi positiva e significativa (r2 = 0,439; p = 0,004). Apesar do

resultado significativo, o valor do coeficiente de correlação (r2) indica que boa parte da variação no

número de antagonistas não pode ser explicada pela variação no número de polinizadores, de modo

que outros fatores também devem ser importantes. A relação positiva entre os grupos funcionais

mutualistas e antagonistas sugere que flores com recursos atrativos e com morfologia mais favorável

ao acesso por diversos polinizadores gera o aumento de pilhadores e ladrões, que em princípio causam

prejuízos à planta devido à predação de flores e usurpação do néctar. Aumento nas interações

antagonísticas também pode levar a alterações no comportamento dos polinizadores, com benefício

para plantas através de aumento do fluxo de pólen (quando a diminuição de néctar nas flores leva o

polinizador a forragear em áreas maiores) ou a prejuízos devido à redução drástica na frequência de

visitas (quando os polinizadores passam a utilizar outras plantas como fontes de alimento). Os

resultados encontrados além de concordarem com a hipótese proposta no estudo, são instigadores,

pois o balanço entre efeitos positivos e negativos da ação de polinizadores e antagonistas pode dirigir

a evolução das flores para sistemas de polinização mais especializados ou mais generalizados.

Page 85: XXII Seminário PIBIC · 2015-05-22 · Instituto de Pesquisas ... 16:45h – Íris Lourenco de Menezes ... IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DE MADEIRAS COMERCIAIS NO ESTADO

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IMAGENS DE UMA EXPEDIÇÃO. JEAN MASSART E SUA VIAGEM À AMAZÔNIA, EM

1922

Ygor Martins; Ensino Médio - Colégio Pedro II; ingresso no PIBIC – EM: Fevereiro / 2013;

orientadora: Alda Heizer

O Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), por meio de seus pesquisadores,

tem como uma de suas funções desenvolver trabalhos de campo, organizar viagens científicas e

promover intercâmbio com instituições brasileiras e estrangeiras. Durante as primeiras décadas do

século XX, o JBRJ organizou viagens a diferentes pontos do país. Uma dessas viagens interessou-nos

particularmente: a missão biológica belga ao Brasil, realizada entre 1922 e 1923. Considerada uma

contribuição ao estudo da biogeografia do Brasil, a 'missão' belga apontou especialmente a relevância

dos estudos sobre a Amazônia. Sendo assim, procurou-se identificar no acervo de imagens do JBRJ,

fotografias sobre a “Missão” Biológica Belga ao Brasil de 1922 e elaborar um modelo-protótipo de

um site que poderá ser utilizado pelo Jardim Virtual (novo site do Instituto de Pesquisa do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro). Para alcançar os objetivos propostos foram realizadas consultas ao

acervo da Biblioteca João Barbosa Rodrigues e da Biblioteca Nacional, ambas na cidade do Rio de

Janeiro. Para contextualizar a expedição e o período no qual ela está inserida, foram consultados e

lidos diversos textos de especialistas sobre o tema; identificadas as fotografias da “Missão” realizada

pelos biólogos belgas e que estão depositadas no acervo fotográfico do Instituto de Pesquisas Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. Sobre a situação das cidades por onde a Missão passou, além da análise

comparativa do mapa do então Distrito Federal, o Rio de Janeiro, executado pelo barão Branco de

Mello e do atual, foram realizadas pesquisas no site do IBGE. Foi possível confirmar, através da

análise documental – textual e iconográfica -,a relevância de Jean Massart para o estudo da história da

botânica; das fotografias produzidas pelos biólogos belgas durante a viagem ao Brasil, em 1922, e a

importância da divulgação das fotografias para o público em geral, através do site do JBRJ (Jardim

Virtual).