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Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.
Anais ISSN online:2326-9435
XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação
II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação
ANALISE DA OFERTA DE CURSOS EAD DE UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL
CASADO, Johny Henrique Magalhães
(UEM)
PAIAS, Katia Rodrigues Montalvão
(UNOESTE)
RODRIGUES, Jonilce Costa
(UEM)
Políticas educacionais e gestão escolar.
INTRODUÇÃO
O estudo sobre os impactos da educação profissional tem sido cada vez mais frequente
na academia, porém, esse tema ainda encontra certa resistência a ser trabalhado por
pesquisadores e acadêmicos. Em contrapartida, a educação a distância tem encontrado campo
fértil para pesquisas dentro do meio acadêmico, sendo assim, nesse artigo se propõe uma
intersecção desses tema, educação profissional e educação a distância, visando permitir uma
visão diferenciada de ambos os temas.
No presente artigo buscou-se como objetivo principal apresentar a oferta de cursos na
modalidade a distância ligada ao SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial,
entidade pertencente ao “Sistema S” ligado as entidades empresariais do comércio de bens e
serviços. Ao apresentar a oferta disponível de cursos dos mais variados níveis, analisou-se que
em sua maioria os cursos acabam por formar mão-de-obra para o setor da economia no qual o
SENAC está inserido, ou seja, ao optar por tal instituição o aluno deve ter consciência desse
fato.
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Destarte, devido à grande oferta de cursos em diversas modalidades fica claro que entre
os cursos livres, técnicos e de aprendizagem há claras evidências que o aprendizado oferecido
visa formar para funções operacionais. Durante esses cursos, os alunos receberão pouca
formação cientifica e humana, em suma, esses cursos seguem essência a lógica do “aprender a
fazer”, não permitindo espaço para reflexão e questionamento dos indivíduos.
Em relação aos cursos de graduação e pós-graduação ofertados pela entidade, nota-se
que as grades curriculares se encontram alinhadas com as portarias do MEC, existindo assim,
pouca margem para diferenciação em relação aos cursos de outras escolas. Um aspecto
interessante de ser analisado em relação aos cursos de graduação diz respeito a oferta da
entidade, dentre os 13 títulos ofertados somente dois são de bacharelado, administração e
ciências contábeis, um de licenciatura em pedagogia, e os demais são todos cursos tecnólogos
que possuem duração de 2 a 3 anos.
Visando atingir seus objetivos, a presente pesquisa está dividida em três seções, sendo
a primeira responsável por apresentar as evoluções tecnológicas que impactaram a educação a
distância. A segunda seção apresentará e refletirá sobre a educação profissional. A terceira
seção constará da análise dos dados levantados para a realização dessa pesquisa, serão
apresentadas as informações disponíveis em relação a oferta da entidade. Por fim, serão
apresentadas as principais conclusões obtidas com essa pesquisa.
DESENVOLVIMENTO
A seção do desenvolvimento está dividida em quatro sub-seções, a primeira apresentará os
recursos metodológicos utilizados para a construção dessa pesquisa. A evolução tecnológica na
educação e a educação profissional serão apresentadas na segunda e a terceira seção. A análise
de dados será apresentada na quarta seção.
Recursos metodológicos
Marconi e Lakatos (2006) definem que uma pesquisa permite o conhecimento da
realidade ou o descobrimento de verdades parciais através de um processo formal e uma
metodologia de pensamento reflexivo, sendo assim a pesquisa possibilita ampliar os
conhecimentos sejam eles científicos, acadêmicos ou profissionais. A presente pesquisa
destaca-se por seu caráter qualitativo em relação a sua essência.
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Segundo Richardson (1999, p. 90) a pesquisa qualitativa “(...) pode ser caracterizada
como tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais
apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de
características ou comportamentos”.
Para Minayo (2011, p. 21) “a pesquisa qualitativa [que] responde a questões muito
particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, como um nível de realidade que não pode ou
não deveria ser quantificado”. A pesquisadora acrescenta que esta pesquisa “trabalha com o
universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”.
Em se tratando da coleta das informações referentes a publicação dos artigos
relacionados a temática da pesquisa, destaque-se que as informações foram obtidas através de
dados secundários obtidos junto a entidade pesquisada. Em relação ao recorte temporal buscou-
se utilizar os dados disponíveis no ano de 2018, pois esses, representam a maior exatidão em
relação a oferta de cursos da entidade.
A educação na era tecnológica
As evoluções tecnológicas permeiam toda a sociedade, na educação isso se reflete na
busca por novas tecnologias em sala de aula, novas formas de interação entre escola alunos e
sociedade, bem como, contribuições que permitem o incremento da forma de se aprender e
ensinar.
A reflexão sobre a educação que a sociedade precisa se faz necessária, pois assim,
permitirá compreender para onde a evolução caminha. Dentre os teóricos responsáveis por
pensar a educação, destaca-se os responsáveis por utilizar-se da história para essa análise, para
Saviani (2003, p. 88) “a expressão pedagogia histórico-crítica é o empenho em compreender a
questão educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo”. A história surge como
importante prisma para se entender como a educação evolui e impacta a sociedade.
Compreender o poder exercido pelo capitalismo na educação se faz necessário, pois
segundo Saviani (1991, p.14) “O capitalismo continua sendo ainda a forma predominante.
Portanto, Marx continua sendo não apenas uma referência válida, mas a principal referência
para compreendermos a situação atual”. As evoluções das tecnologias de informação:
Segundo propõem alguns Organismos Internacionais (OIs), a democratização
do acesso à educação é entendida como o meio para a promoção da cidadania
e do desenvolvimento, sobretudo dos países mais pobres. Para tanto,
recomendam a adoção de práticas educacionais mais flexíveis, principalmente
com o uso de Tecnologias da Infor mação e Comunicação (TICs). A presença
das TICs na educação implicou reorganização do trabalho didático e chegou
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a configurar, para alguns, uma nova moda lidade de educação, chamada de
Educação a Distância (EaD) (LOPES, PEREIRA, 2017, p. 9).
O uso das tecnologias na educação evoluiu no Brasil seguindo as tendências
internacionais, para Altoé (2005, p. 18) “esteve primeiramente voltado para o ensino a
distância”, a primeira experiência nacional ocorreu utilizando-se do rádio, ela era executada
pelo Instituto Rádio-Monitor em 1939. A partir do ano de 1941, o Instituto Universal Brasileiro
ampliou os serviços de educação também pelo rádio. Para Altoé (2005) as atividades via rádio
focavam basicamente a educação das três séries do ensino fundamental, também eram
oferecidos programas para a formação de professores, essas atividades foram desenvolvidas até
o ano de 1976.
A ampliação do ensino a distância baseava-se no conceito de que os alunos deveriam
ter suas individualidades reconhecidas, pois assim, a sociedade seria mais justa com todos. Para
Saviani (2008, p.8) “contribuir para a constituição de uma sociedade cujos membros não
importam as diferenças de quaisquer tipos, se aceitem mutuamente e se respeitem na sua
individualidade específica”. A evolução da educação a distância acompanhou as novas
tecnologias, discute-se, porém, a questão da qualidade se houve a mesma evolução e
preocupação, para Freire (2003, p. 43):
Qualidade da educação; educação de qualidade; educação e qualidade de vida,
não importa em que enunciado se encontrem, educação e qualidade são
sempre uma questão política, fora de cuja reflexão, de cuja compreensão não
nos é possível entender nem uma nem outra. Não há, finalmente, educação
neutra nem qualidade por que lutar no sentido de reorientar a educação que
não implique uma opção política e não demande uma decisão, também política
de materializá‐la.
O crescente uso da tecnologia no campo educacional quando bem empregado pode
auxiliar a maximizar a função escolar que segundo Saviani (2008, p. 22) é de “impedir o
desenvolvimento da ideologia do proletariado e a luta revolucionária”. A informatização da
sociedade tornou necessários novos processos que permitam a quebra de paradigmas, segundo
Altoé (2005, p. 39) “ não se pode ignorar que a educação necessita promover mudanças de
paradigma também na educação e, por conseguinte, na escola. O tipo de homem necessário para
a sociedade de hoje é diferente daquele aceito em décadas passadas”. A educação assume então
sua função principal, auxiliada pelas novas tecnologias, de “atividade mediadora no seio da
prática social global” (SAVIANI, 2008, p.59).
Segundo Saviani (2011, p. 117) “embora na visão dominante a Escola Nova seja uma
concepção considerada inovadora e não propriamente revolucionária, a visão que os professores
subjetivamente têm é que a inovação é sempre uma coisa muito avançada, que está na ponta,
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na frente”. A chegada dessas tecnologias na escola afetou a educação, surge neste contexto, à
necessidade de uma nova instituição escolar que busque introduzir e integrar as novas
tecnologias as demandas sociais, utilizando-se assim de recursos tecnológicos criativos e
atrativos para melhorar o desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.
Com as evoluções tecnológicas na educação tradicional, e o uso cada vez maior da
educação a distância, surgem novos desafios para os professores, esses também precisam
mudar. Joly (2002, p.51) afirma que:
Existe certamente a questão da resistência à máquina. Alguns estudos parecem
indicar que essa resistência é maior por parte de professores com mais tempo
de magistério, da velha guarda. Esse conservadorismo que cria resistência a
mudanças, especialmente a de ordem tecnológica.
A resistência apresentada por educadores que não aceitam mudanças acaba
atrapalhando, o andamento do ensino, e atrasando o processo que poderia ser muito mais rápido
e fácil. Ressalta-se ainda que a utilização dos recursos tecnológicos requer conhecimentos
específicos, e que nem sempre os professores são preparados para essas atividades. O misto de
resistência e falta de capacitação para utilizar tais recursos não pode ser empecilho para a não
adoção dessas tecnologias.
Educação profissional no Brasil
O campo educacional possui diversas divisões, essas mesmas diferenciações são
percebidas também quando se estuda a educação no meio acadêmico. Percebe-se na academia
uma baixa produção de estudos relacionados a educação profissional, isso faz com que a
educação profissional, seja ela integrado ao nível médio ou sequencial, não seja amplamente
debatida como deveria. A relação da educação profissional com mercado de trabalho pede que
pesquisadores e estudiosos se posicionem cada vez mais diante desse tema, para Saviani (2007,
p. 14) o papel “escola de nível médio será, então, o de recuperar essa relação entre o
conhecimento e a prática do trabalho” (SAVIANI, 2007, p. 14), realidade também percebida na
educação profissional.
A educação profissional pode ser relacionada diretamente ao estágio de evolução da
sociedade, segundo Saviani (2003, p. 138) “o ensino profissional é destinado àqueles que devem
executar, ao passo que o ensino científico-intelectual é destinado àqueles que devem conceber
e controlar o processo”. No Brasil a educação profissional apresentou evolução a partir da
década de cinquenta com a criação das entidades integrantes do Sistema S, como SENAC –
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Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, e SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (GERALDINO, 2015).
Na década de setenta, as relações de trabalho sofreram profundas mudanças, o sistema
Toyota de produção que passou a ser amplamente implantado no Brasil, essas transformações
aprofundaram a necessidade de se compreender ainda mais o impacto que a educação
profissional tem na formação e capacitação de jovens e adultos para o mercado de trabalho. Nos
anos noventa surgiram novas entidades ligadas as entidades da classe empresarial, surgi então
o SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem dos Transportes, SENAR – Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural, e SESCOOP - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo.
Essas entidades funcionam como braço das entidades empresariais, definindo como serão
investidos os recursos obtidos através do compulsório recolhido das empresas. Em suma, são
os empresários que acabam por definir o que os seus empregados, ou futuros empregados,
podem e devem aprender para se inserir no mercado.
Ao se escolher a educação profissional como objeto de estudo deve-se considerar não
só a sua condição como campo de educação, mas também, a premissa principal que norteia s
relação com o mercado de trabalho. Nesse artigo, o estudo se concentrará na intersecção entre
a educação profissional e a educação a distância.
A análise presente nesse trabalho versará sobre a oferta que uma das entidades
pertencentes ao Sistema S, o SENAC, possui na educação a distância. Com essa a analise,
vislumbra-se apresentar como a oferta em educação a distância apresenta-se nessa escola em
nível nacional.
Analise dos dados
A oferta de cursos do SENAC na modalidade a distância encontra-se dividida nas
seguintes modalidades de cursos: Livres, Técnicos, Graduação, Pós-graduação, Extensão,
Programa de Aprendizagem e Idiomas. Essa oferta deixa o SENAC na dianteira entre as escolas
de educação profissional no oferecimento dessa modalidade de educação, bem como, em
relação a diversidade de áreas e títulos ofertados. Segundo a Quadro 1, no ano de 2018 o
SENAC oferece 226 títulos entre cursos livres, de idiomas, técnicos, graduação e pós-
graduação, nota-se que a oferta de cursos se encontra alinhada as necessidades de empresas e
do mercado de trabalho.
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Quadro 1: Oferta de cursos a distância do SENAC
Fonte: SENAC, 2018, elaborado pelos autores
Em relação aos cursos livres, que possuem cargas horárias até 150 horas aula, a escola
oferece 165 cursos diferentes nas áreas de artes, beleza, comércio, comunicação, educação,
gastronomia, gestão, hospitalidade, idiomas, informática, meio ambiente, moda, saúde,
segurança e turismo.
Os cursos técnicos, apesar de estarem relacionados as mesmas áreas dos cursos livres,
possuem uma oferta mais comedida. Segundo o catalogo do SENAC são oferecidos nessa
modalidade os seguintes títulos de cursos técnicos em: Transações Imobiliárias, Design de
Interiores, Administração, Logística, Qualidade, Recursos Humanos, Informática,
Programação de Jogos Digitais, Meio Ambiente, Segurança do Trabalho e em Guia de Turismo.
O alinhamento dos cursos com as necessidades de empresas e setores da economia é evidente,
segundo SENAC (2018) esses cursos estão “adequados às exigências do mundo profissional,
os cursos técnicos do Senac EAD estão focados em proporcionar rápida inserção no mercado
de trabalho, além de garantirem flexibilidade para que o aluno estude onde e quando quiser”.
Sobre os cursos técnicos oferecidos pela escola, destaque que as unidades temáticas dos
cursos prezam sempre por ensinar os alunos através da metodologia “aprender a fazer”, o foco
dos módulos e unidades curriculares estão sempre relacionadas as ocupações nas quais os
alunos estão sendo preparados.
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Quadro 2: Organização didática do curso de Téc. Transações Imobiliárias
Fonte: SENAC, 2018, elaborado pelos autores
Essa realidade fica evidente quando analisamos a estrutura curricular de um desses
cursos, no caso especifico, do curso Técnico em Transações Imobiliárias que possui 960 horas
duração, mais 160 horas de estágio obrigatório em uma empresa do setor. O curso técnico em
transações imobiliárias apresenta como sendo seu público-alvo “que estão cursando ou já
completaram o Ensino Médio e que desejam aprender uma profissão, entrar no mercado de
trabalho ou complementar a formação acadêmica já adquirida, buscando uma melhor colocação
na empresa em que trabalha” (SENAC, 2018). Como requisitos mínimos, os interessados
devem preencher apenas dois requisitos, o primeiro seria a idade mínima de 18 anos completos,
e o segundo requisito seria a escolaridade mínima, aos interessados em se matricular nesse curso
devem ter concluído ou estar cursando o 3º ano do Ensino Médio.
Uma rápida análise sobre a grade de um dos cursos técnicos ofertados pelo SENAC,
demonstra dois aspectos que vão ao encontro da missão principal da entidade que é de formar
para o trabalho, essa análise pode ser efetuada ao notar que durante todo o curso o aluno não
dispõe de nenhuma disciplina que lhe permita desenvolver habilidades interpessoais e humanas.
Como segundo aspecto percebido, pode ser destacado o nome das próprias unidades de ensino
que destacam o “aprender a fazer” como método de ensino. Se faz importante frisar, que uma
disciplina permeia todo o curso ao longo da trajetória do aluno, denominada de projeto
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integrador, essa disciplina acaba por ser a responsável por integrar todos os conteúdos
trabalhados na parte teórica e prática do curso.
A aprendizagem comercial, dedicada a formação teórica de aprendizes conforme a lei
da aprendizagem, também é uma das modalidades oferecidas pelo SENAC. A Lei da
Aprendizagem estabelece que as empresas que tenham pelo menos sete empregados são
obrigadas a contratar aprendizes, em empresas maiores, essa a quantidade varia de 5% a 15%,
conforme o número de empregados cujas funções demandem formação profissional. O SENAC
é a entidade integrante do “Sistema S” responsável por oferecer o programa de aprendizagem
as empresas dos setores de comércio, bens, serviços e turismo, esse programa é oferecido na
modalidade presencial ou a distância.
O SENAC oferece três modalidades de cursos de aprendizagem comercial na
modalidade a distância, conforme Quadro 3, esses cursos possuem carga horária de 1000 horas
aulas divididas em: 480 horas aula de conteúdos teórico e 520 horas de prática profissional
realizada em uma empresa do setor. Salienta-se ainda, que a prática profissional segue regras
especificas, já que o programa possui como público-alvo jovens da faixa de 14 a 24 anos de
idade.
Quadro 3: Cursos de Aprendizagem Comercial na modalidade a distância
Fonte: SENAC, 2018, elaborado pelos autores
Na análise realizada, fica perceptível que o SENAC possui uma grande oferta de cursos
na modalidade a distância, essa oferta em muito ultrapassa sua condição inicial de escola de
educação profissional. Com a capilaridade das suas sedes físicas, presentes em mais de 500
municípios, aliando-se a isso a sua presença maciça e robusta na educação a distância, faz do
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SENAC importante objeto para a compreensão da intersecção dos estudos da educação
profissional e educação a distância no Brasil.
Os cursos de graduação e pós-graduação disponíveis na grade de cursos do SENAC
seguem as diretivas do MEC – Ministério da Educação, sendo assim a entidade possui pouca
margem para alteração do conteúdo ofertado. Esses cursos então, não serão analisados nessa
pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização dessa pesquisa destacou que a educação profissional apesar do expressivo
aumento do número de alunos ainda não ganhou relevância como tema de pesquisas acadêmicas
no Brasil. Tornar esse tema fonte de pesquisa será uma tarefa importante para todos os
pesquisadores, ainda mais no atual momento que a educação profissional se integrará com o
ensino médio após a adoção da base nacional curricular comum.
Busca-se com a reflexão proposta aqui levantar algumas informações para propor a
discussão sobre os tipos de cursos que são oferecidos por tal entidade. Considerando, que cursos
como os de aprendizagem preparam os alunos para funções unicamente operacionais, não
oferecendo conhecimentos que busquem emancipar o sujeito diante da sua realidade.
A criticidade proposta por Saviani em relação a educação profissional expõe que ao
delegar a entidades privadas a responsabilidade por executar as políticas de educação
profissional, pode provocar distorções entre o que é ofertado e o que demandando de fato pela
sociedade. A vontade do ente denominado “mercado” não pode se sobrepor as necessidades das
pessoas e da sociedade em geral. Sendo assim, salienta-se a necessidade de novos estudos em
busca de oferecer um real panorama entre o que é de fato almejado por uma sociedade que
busque a transformação de sua realidade atual, e não somente a repetição da velha lógica
mecanicista-capitalista.
Como sugestão de estudos futuros, sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas
visando comparer a empregabilidade dos alunos dos cursos aqui citados, bem como, apresentar
quais são as considerações de alunos e professors sobre os conteúdos ofertados em cada tipo de
curso. Acredita-se que ao ouvir os alunos os pesquisadores poderiam dar vez e voz aos
principais interessados em um projeto de mudança para os cursos da educação profissional e a
distância.
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REFERÊNCIAS
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<http://www.ead.senac.br/>. Acesso em 15 de maio de 2018.