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GUIA PARA INTERNACIONALIZAR Quais os sectores e os factores de competividade mais relevantes? Que instrumentos de apoio à internacionalização existem e que tipo de dificuldades são mais comuns? Como ter vantagem competitiva no exterior? A resposta a estas e outras questões em foco na Xylon deste mês. FOCUS Nº4

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Revista do setor da madeira e mobiliário, edição 4

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Guia para internacionalizarQuais os sectores e os factores de competividade mais relevantes? Que instrumentos de apoio à internacionalização existem e que tipo de dificuldades são mais comuns? Como ter vantagem competitiva no exterior? A resposta a estas e outras questões em foco na Xylon deste mês.

FOCU

S

Nº4

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correiodoleitorXYLON PORTUGAL | 3

BÚSSOLA PARA SUCESSO INTERNACIONAL Nesta edição, o nome Portugal está em destaque. Com o crescimento das exportações e a crescente dinamização da marca made in Portugal no exterior, é imperativo falar de internacionalização. É certo que o setor do mobiliário é aquele que mais se destaca neste âmbito. As empresas souberam adaptar-se ao mundo global e têm canalizado os seus investimentos para a exportação da sua produção. Aliás, com o mercado interno em ‘banho-maria’ e sem se saber quando irá retomar, o caminho para o empresariado do mobiliário e decoração é de facto o estrangeiro. E quem aposta neste rumo não se arrepende. As diferenças na faturação são notórias e clientes como PALOPs, os países emergentes ou os tradicionais compradores europeus são fãs dos produtos lusos. A qualidade e inovação no design de produto têm sido os acréscimos que até então faltaram para que os portugueses marcassem uma presença regular nas maiores feiras internacionais. A fileira da madeira está a despertar igualmente para este cenário, mas em muitos casos falta ainda saber qual o melhor caminho a seguir, qual o melhor mercado ou qual a forma ideal de entrar de forma sólida e sustentada em novos países. A pensar em todo o setor e nas suas crescentes necessidades de internacionalização, preparamos neste número um guia de auxílio, que pode ser replicado em qualquer área de atividade. É uma espécie de bússola para quem deseja expandir o seu negócio além-fronteiras.

Eis o desafio que colocamos aos nossos leitores esta edição:

O que falta às empresas nacionais para terem sucesso no exterior?Envie as suas mensagens para o seguinte endereço:[email protected]

Até Breve!

RESPOSTA ÀS QUESTÕES DO NÚMERO ANTERIOR

Se nada for feito para preservar a floresta acredito que esteja em risco. A fileira precisa de maior investimento, que os fundos do Qren sejam geridos de forma a tomar medidas sustentadas para a preservação da área florestal. Quando há incêndios, o repovoamento das matas é tardio e se continuarmos a descuidar a proteção e vigilância das florestas os estragos continuarão a ser avultados e podem colocar em risco a produção de madeira suficiente para fornecer a indústria. Sugiro maior limpeza das matas, verbas públicas para combater o nemátodo da madeira, maiores planos nacionais que protejam as florestas (ao invés de permitirem a construção em áreas protegidas) e que gerem equilíbrio entra área florestal e habitacional. Afinal, se tivermos que importar madeira, será um enorme prejuízo para a economia que irá retrair-se ainda mais, quando na realidade poderia tirar partido de um produto nacional e exportá-lo nas mais variadas formas, seja em bruto ou através do produto final (mobiliário e afins).

Luís Gonçalves

REVISTA Nº4PROPRIEDADEaimmpAssociAção dAs indústriAs deMAdeirA e Mobiliário de PortugAlruA álvAres cAbrAl nº 2814050-041 Portotel: 223 394 200 · FAx: 223 394 210

_os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores.

PRESIDENTE DA DIREÇÃOFernando rolin

COMISSÃO EXECUTIVAJoana nunes

TIRAGEM5.000 exemplares

EXPEDIÇÃOnacional

PRODUÇÃO EDITORIAl www.comunicare.pt

DIRETOR GERAldaniel mota

DEPARTAMENTO EDITORIAlmanuela bártolopatrícia alves tavarescarla marques DESIGN GRáfICObruno tavarespatrícia Ferreira

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42PRIMEIRO PlANOEco-design, ganhos paraa Indústria

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Guia para a Internacio-nalização

EMPRESAS Líderes em maquinariaMidas e Marjos são as empresas em foco na edição quatro da Xylon. A produção de maquinaria e equipamentos para a fileira da madeira é uma das bases da sua correta produção. Muitas vezes esquecida pelo cliente final, a indústria de componentes para trabalhar a madeira é a base de todo o processo e tem o devido destaque neste número

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NOVO âNGUlO Casas de MadeiraÉ o regresso da moda das casas de madeiras. Mas desengane-se quem pensa que estamos a falar de pré-fabricados. Estamos mesmo a falar de pré-fabricados, montados no local ... só que estes pré-fabricados (modulares) têm a durabilidade, fiabilidade, etc... de uma casa de cimento. Detentoras de melhor relação qualidade-preço, estas estruturas são já a alternativa para muitas famílias que não abdicam do conforto e segurança

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CAPITAl BIO Relatório Planeta VivoÉ a publicação mais importante da WWF sobre o estado e a saúde do planeta. O Relatório Planeta Vivo mede as mudanças na saúde dos ecossistemas do planeta, avaliando mais de 2.600 espécies. Conheça as conclusões da última atualização

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MARCAS DE PRESTíGIO Logotipo PEFCExplicamos-lhe como funciona o PEFC (“Programme for the Endorsement of Forest Certification schemes”). Trata-se de um esquema de certificação que pretende assegurar aos compradores de madeira e papel que estão a adquirir produtos de gestão florestal sustentável

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No mundo global, a internacionalização é o passo natural para qualquer empresário. Com o mercado interno em dificuldades e praticamente estagnado, o empresariado da fileira da madeira e do mobiliário tem procurado alternativas e novos clientes no estrangeiro. Nesta edição, a Xylon elaborou um guia que irá ajudá-lo a delinear a estratégia de internacionalização do seu negócio, desde a fase de pesquisa e procura de novos mercados à efetiva entrada noutros países e consequente solidificação e expansão do negócio

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Guia para a Internacio-nalização

ECONOMIA & GESTÃO

Mobiliário: desafios e oportunidadesO setor do mobiliário está novamente em alta. Após uma fase de declínio, este voltou a erguer-se e tem conquistado diariamente o público internacional. A excelente qualidade a preços acessíveis, tal como a produção de peças exclusivas e bastante inovadores têm sido os ingredientes do êxito. Conheça quais os desafios que se colocam neste momento a uma indústria cada vez mais exportadora

CARAS DE NEGóCIONo universo MunnaÉ uma das marcas nacionais de maior sucesso além-fronteiras. Com presença assídua nas maiores feiras internacionais da especialidade e com bons níveis de faturação, a Munna mostra que é possível vencer mesmo em tempos de retração económica. A Xylon falou com os responsáveis da marca e foi à descoberta dos seus maiores segredos e projetos a curto prazo

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56MARCAS DE PRESTíGIOCertificação: vantagem competitiva

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COMPANy COUNTRy SECTOR LEADER

DJSI WORLD DJSI EUROPE DJSI NORTH AMERICA

DJSI ASIA PACIFIC

NUMBER OF COMPANIES

38 5 12 6 9 2 5 1

AT&T INC United States of America

x x x

BT GROUP PLC United Kingdom x x x x

KONINKLIJKE KPN Nv

Netherlands x x x x

KTCORP South Korea x x x x x

PORTUGAL TELECOM SGPS SA

Portugal x x x x

SWISSCOM AG Switzerland x x x

TELECOM ITALIA SPA

Italy x x x x

TELEFONICA S.A.

Spain x x x

TELUS CORP Canada x x x

O Woodforce é um pellet quadrado de engenharia que pos-sibilita um reforço excepcional dos polímeros para compó-sitos de poliolefinas. Esta tecnologia relativamente recente está patenteada e oferece um conjunto de vantagens, no-meadamente em termos de peso e nos gastos das peças. Paralelamente a isso abre novas possibilidades a nível do design, incomparáveis com outras do sector das fibras na-turais. De referir que o Woodforce não é nem um subprodu-to nem um resíduo, é um produto industrial de engenharia, derivado da madeira que oferece um reforço natural para plásticos. Como um produto derivado de madeira dinâmi-co e capaz de actuar como reforço mecânico em polímeros termoplásticos, o Woodforce acresce significativamente as propriedades da resina plástica. Apresenta-se como um re-forçador bio-renovável e mecânico que é compatível com o processo industrial e as normas de saúde, higiene e segu-rança dos clientes. Trata-se de um produto novo, compro-vado no que concerne ao desempenho e competitividade económica, que reforça a estrutura do plástico, trazendo vantagens em termos de peso e de custos, para além de oferecer oportunidades de design que não existem no sec-tor da fibra natural. e tem comprovado um desempenho e

FIBRA DE MADEIRA PARA BIO-COMPÓSITOS

uma resposta económica favorável, o que até aqui não era possível encontrar. Em termos de aplicação o Woodforce pode substituir fibras de vidro em aplicações de fibras cur-tas. Relativamente às fibras naturais, este produto pretende ser a solução ideal numa perspectiva industrial, pois não é sazonal, e tem uma gestão eficiente da cadeia de abasteci-mento sendo muito fácil de processar, graças à dosagem de pellets em cubo. Após anos de desenvolvimento e avaliação, a Sonae Indústria obteve uma licença de exclusividade do instituto neozelandês, líder no sector, Crown Research Ins-titute SCION.

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CORTIÇA: MOTOR DAS EXPORTAÇÕES As exportações das empresas por-tuguesas de cortiça mantêm a tra-jectória positiva dos últimos anos. É o próprio presidente da Associa-ção Portuguesa da Cortiça (AP-COR), António Rios Amorim, que confirma essa performance afir-mando que o sector da cortiça au-mentou as exportações para os os 11%, segundo número referentes ao segundo semestre de 2011 As vendas de cortiça nos mercados internacionais, em Julho, atingiram 509 milhões de euros - um valor já muito próximo do total de exporta-ções em 2010, que foi de 754 mi-lhões de euros. O sector corticeiro já representa 3% das exportações nacionais e 1% do PIB. Apesar dos indicadores positivos nas ex-portações, António Rios Amorim reconhece que “ a actual conjun-tura não facilita a vida nem a este, nem a nenhum sector. No entanto, a cortiça tem algumas vantagens próprias”. Entre esses benefícios está a dispersão geográfica que envolve mais de 100 países e que acaba por dispersar também o ris-co. De referir que a Europa e os EUA continuam a ser mercados fundamentais para as exportações de cortiça. sem alterar a área plan-tada.

Legenda: Dow Jones Sustainability Indexes

PT NO TOP 5Pelo terceiro ano consecutivo a Portugal Telecom está presente no índice Dow Jo-nes Sustainability World Index reforçan-do a sua posição. De acordo coma lista divulgada está entre as cinco empresas de telecomunicações a nível mundial que apresenta as melhores práticas de sus-tentabilidade.

A estratégia e as práticas de sustenta-bilidade e responsabilidade social, ao nível económico, social e ambiental, promovidas pela PT voltaram a merecer o reconhe-cimento dos analistas do Dow Jones Sustainability Index. Esta empresa portuguesa continua, assim, a manter a sua presença nos índices mundiais, estando classificada entre as cinco empresas de telecomunicações com as melhores práticas de susten-tabilidade, e no europeu entre as seis empresas reconhecidas como as melhores nesta área.

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CORTIÇANACIONALNASIEMENSO novo Inspiro foi pensado pela Siemens com a premissa de ser um dos mais eficientes e sustentáveis metros de todo o mundo, com um design vanguardista e conta com o conhecimento e know-how da Amorim Cork Composites. Este veículo encontra-se disponível em primeira mão em Varsóvia, na capital da Polónia, sendo um dos metros mais leves do mundo. Com um número de carruagens que pode variar entre três e oito unidades, apresenta uma redução de peso de cerca de 18 toneladas, tendo como ponto de partida um veículo de seis carruagens. Mais leve, mas com uma capacidade de transportar um maior número de passageiros, o Inspiro consome menos ener-gia, influenciado por uma série de medidas de eficiência, entre as quais o inovador sistema de piso AluCORK, da Amorim Cork Compo-sites. Leve, durável e de elevada performance técnica, o piso AluCORK beneficia o isolamento acústico e térmico do Inspiro, permitindo em simultâneo uma redução significativa do seu peso, na ordem dos 30 por cento. Na selecção do AluCORK, foi ainda determinante o facto de se tratar de um piso de cortiça, um material sustentável e reciclável, num um veículo que se pretende reciclar praticamente na totalidade, após uma vida útil de 40 anos. Os primeiros 35 veículos Inspiro vão ser entregues brevemente à empresa de exploração de metro em Varsóvia. Esta soluções apresentadas pela CoreCORK e AluCORK aproveitam a natural leveza e propriedades de isolamen-to acústico e térmico da cortiça para criar sistemas de interiores inovadores – piso, laterais e painéis de teto. As principais vantagens destas soluções são a redução da pegada de carbono, a diminuição do impacto ambiental, a redução de peso e notáveis melhorias no isolamento acústico e térmico.

CORTIÇA CONQUISTA MERCADO BRASILEIRO Entre 2008 e 2011 as exportações nacionais de cortiça para o Brasil duplicaram. Em 2008, as exportações chegaram aos 3,7 milhões de euros e 1,2 mil toneladas, valor mantido em 2009 com 3,8 milhões de euros e 1,4 mil toneladas. Em 2010, a subida começou a sentir-se com valores a atingirem os 4,6 milhões de euros e 2 mil toneladas, mas 2011 fechou ainda mais positivo com 6,4 milhões de euros e 1,7 mil tone¬ladas. Olhando para o panorama referente a estas exportações é de realçar que as rolhas de cortiça representam me-tade daquilo que é exportado para o Brasil em valor, atingindo em 2011, 3,1 mi¬lhões de euros. Em 2009, as rolhas representavam 2,5 mi¬lhões e no ano seguinte 2,7 milhões de euros. Em volume, as exportações de rolhas de cortiça têm representado 308 mil toneladas (2009), 271 mil toneladas (2010) e 277 mil tonela¬das (2011). Estima-se que a dimensão de mercado é de cerca de 70 milhões de rolhas de cortiça. Procedendo a uma análise do sector vitícola no Brasil pode atentar-se nos se-guintes dados. A área de ocupação, se-gundo dados do Instituto do Vinho do Brasil (IBRAVIN) é de 77 mil hectares - com vinha esta¬belecida desde o extremo sul do país até regiões próximas ao Equador. Ainda segundo a mesma fonte o setor conta com 1200 produtores e engarrafadores, sendo que 90 por cento da produção está localizada no Rio Grande do Sul. Em 2011, o mercado de vinhos abrangeu cerca de 441,9 milhões de litros, sendo que 75 por cento são vinhos de mesa e outros derivados da uva e do vinho. Registe-se, ainda, que o mercado brasileiro de vinhos aumen-tou, em 2011,13 por cento em volume e seis por cento em valor, face ao ano anterior. Ao nível das exportações, o vinho brasileiro ganhou mer¬cado em 2011. Os destinos dos rótulos verde-amarelos soma¬ram 31 países em 2011, frente a 27 de 2010. As exportações dos vinhos que integram o projecto Wines of Brasil alcança¬ram 3,06 milhões de dólares americanos, em 2011, mais 33,6 por cento do que em 2010. A grande novidade foi a entrada da China para o segundo lugar como maior importador. A Holanda foi o principal destino do vinho brasileiro em 2011 (13,4%), ultrapassando o Reino Unido, que ocupa o terceiro lugar. De salientar, ainda, que o consumidor brasi-leiro prefere vinhos vedados com rolha de cortiça: 88 por cento (São Pau¬lo) e 91 por cento (Rio de Janeiro). Assim, com um aumento da produção e do consumo, as¬sociado a uma preferência pela cortiça, pode-se concluir que o Brasil é um mercado interessante para a cortiça e com perspectivas de crescimento.

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PORTAS PORTuguESAS EM CAnnESA qualidade dos produtos nacionais foi, mais uma vez, reco-nhecida. Desta feita foi o Hotel Montaigne&Spa, em Cannes, sul de França, que elegeu a Vicaima para colocar todas as portas que existem no seu espaço. O Portaro® foi a criação escolhida pela infraestrutura de quatro estrelas. O hotel foi re-novado recentemente e apresenta-se aos visitantes com um estilo Art Déco, em que os traços contemporâneos estão pre-sentes em cada recanto. As portas Vicaima foram distribuí-das pelas diferentes áreas, desde os 96 quartos até às zonas comuns, ao restaurante, Spa e escritórios. Próximo do Palais des Festivals, o hotel escolheu o Portaro® Connect para a entrada dos quartos, por se tratar de uma porta e aro corta-fogo que têm um sistema de controlo de acesso online. As portas comunicantes entre os quartos têm isolamento acústi-co até 32 decibéis. Esta criação foi igualmente escolhida para integrar a entrada do Spa e de áreas técnicas. Os produtos, customizados, integram a coleção Exclusiva 5 da Vicaima e são compostos por inlays de alumínio e revestimento CPL em wenge. A empresa volta a ser a preferida para participar em mais um projeto de hotelaria internacional de segmento alto.

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vANTAGENS DA MADEIRA CERTIFICADAOs desmatamentos ocorridos no Brasil ampliaram a percepção da socie-dade quanto aos problemas ambientais deles advindos. Em virtude dessa consciencialização, as empresas madeireiras têm enfrentado o desafio de demonstrar aos consumidores como estão a reduzir os impactos socioam-bientais das suas operações. Como meio de marketing, muitas empresas fornecedoras de madeira certificada divulgam serem praticantes da respon-sabilidade socioambiental. O objectivo deste trabalho é a análise dos indi-cadores da certificação florestal do tipo plantação do Forest Stewardship Council (FSC), utilizados no Brasil para verificar as possibilidades de certi-ficação florestal na atenuação dos impactos sociais e ambientais do sector madeireiro.

Foi realizada uma leitura prévia de indicadores de diferentes sistemas de cer-tificação florestal de plantações. Cento e dezassete indicadores do sistema de certificação de plantação FSC foram seleccionados por serem considera-dos mais relevantes. Esses indicadores foram enviados através de um ques-tionário para 244 actores sociais envolvidos na certificação. Cada um deve atribuir a cada indicador uma nota de um a dez. Caso não soubesse da sua importância, deveria assinalar a coluna não sabe. Vinte e duas pessoas res-ponderam ao questionário.

Os indicadores foram centrados em 4 grupos: legal e administrativo; traba-lhador florestal; comunidade do entorno da unidade de produção florestal e ambiental. Foi realizada uma análise separada para cada grupo social. Duas empresas do scetor florestal foram avaliadas, na forma de estudo de casos, para averiguação de como as empresas com certificação florestal de plan-tação estão a implantar os seus programas de responsabilidade social. Foi verificado que os atores sociais ligados directamente à certificação florestal valorizam os indicadores com enfoque legal e administrativo e os com enfo-que no trabalhador florestal. Os actores ligados indiretamente à certificação florestal valorizam os indicadores com enfoque legal e administrativo, com enfoque na comunidade e com enfoque ambiental. Os estudos de caso in-dicaram que a certificação de produão florestal trouxe avanços em relação à mitigação dos impactos das operações florestais sobre o meio ambiente, trabalhadores florestais e a comunidade local.

CADEIA DE CUSTÓDIA PARA MADEIRA CERTIFICADAA certificação em cadeia de custódia (COC) da SGS para produtos florestais e de madeira assegura que os produ-tos florestais e de madeira fornecidos vêm de florestas certificadas e bem ge-ridas, assim como garante a sua auten-ticidade durante o trajeto pela cadeia de valor, do processamento ao cliente. A certificação COC permite demons-trar o seu compromisso com a rastre-abilidade na sua cadeia de valor, ajuda o consumidor a confiar nos seus pro-dutos de madeira, atende a demanda de consumo e confirma o apoio da sua organização pela gestão florestal sus-tentável. Com a certificação da cadeia de custódia da SGS é possível melho-rar o desempenho financeiro desen-volvendo estratégias organizacionais e aprimorando as operações. Os ser-viços independentes e acreditados de certificação de produtos florestais e de madeira permitem que implante pro-cessos que asseguram a conformidade do cliente e reduzem o risco de repro-vação de produtos e possíveis litígios. A SGS concede certificações de acordo com diferentes normas florestais reco-nhecidas globalmente, como a FSC©.1 , PEFC e SFI. A SGS também pode cer-tificar programas de gestão florestal e normas de práticas florestais, junta-mente com a CoC otimizando, assim, tempo e dinheiro.

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ARRANHA-CÉUS DE 30 ANDARES EM MADEIRA Uma torre de madeira. O arranha-céus mais sustentável de sempre é o que se propõe criar o estúdio de arquitectura Michael Green, que desenvolveu um projecto para uma inovadora e gigantesca torre de madeira. O edifício baptizado com o nome de Tall Wood poderá ser o pontapé de saída para uma revolução na forma como a madeira pode voltar a ser encarada na construção de projectos urbanos. A ideia da utilização da madeira para este edifício surgiu da grande quantidade de energia necessária para criar os materiais utilizados num prédio normal. Projectado para a cidade de Vancouver, perto da fronteira com os Estados Unidos, a principal estrutura do edifício é feita de LVL (Laminated Veneer Lumber). Os feixes são construídos a partir de tiras de pequenas fibras de madeira, que são coladas sob pressão, os receios de que a Tall Wood se torne um verdadeiro foco de incêndios, não assusta Michael Green que diz que ela é mais se-gura que uma torre de aço. Tendo o Canadá uma das maiores áreas florestais do Mundo, a madeira pode tornar-se num material óbvio na indústria da construção. Outros exemplos de arranha-céus em ma-deira podem ser encontrados em países como a Noruega, Áustria ou Austrália. Finalmente, e para ajudar os futuros planeadores urbanos, arquitectos e construtores nesta nova visão para as cidades, o arqui-tecto canadiano até publicou os resultados da sua pesquisa sobre especificações de design e construção madeira.

PELCOR PREMIADA INTERNACIONALMENTELonge vai o tempo em que quando falávamos de cortiça apenas nos ocor-ria a ideia das rolhas para garrafas de vinho ou então o clássico qua-dro de parede para pendurar fotos e recados. Com características únicas em termos de elasticidade, compressibilidade e flexibilidade, tornava-se evidente que a cortiça dispunha de um mundo imenso para descobrir r conquistar, dando novos usos a um material nobre. A indústria da moda e design encontrou na casca do sobreiro elementos de requinte e so-fisticação que lhe permitem desenvolver peças a que é dado um status importante, principalmente porque se trata de uma matéria prima ecologi-camente atraente. E Portugal, sendo um dos principais países de produ-ção de cortiça, destaca-se neste novo segmento. Somos o maior produtor de cortiça do mundo, dominando 50% de todo o mercado. O sucesso é de tal forma significativo que o conceituado Troféu de Melhor Empresária da Europa 2011, concedido pelo Parlamento Europeu em conjunto com o Conselho Europeu das Mulheres Empresárias, foi para Sandra Correia, presidente da Pelcor, uma empresa de cortiça da região do Algarve. “Es-te prémio abre novas portas para a cortiça e é um caso de motivação e orgulho para Portugal”, referiu a premiada ao receber o galardão. A Pe-lcor começou a sua atividade em 1935, fabricando rolhas para garrafas de vinho. Mas ao assumir a liderança da empresa fundada por seu pai, Sandra decidiu expandir os negócios também para o ramo da moda e do design. Hoje, a empresa cria produtos luxuosos feitos a partir da casca do sobreiro, nomeadamente guarda-chuvas, bolsas, gravatas, chapéus, car-teiras etc. O luxo é tanto, que algumas dessas peças passaram a ser ven-didas no Museu de Arte Moderna (MOMA) de Nova Iorque, um dos mais conceituados do mundo.

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EUCALIPTO GLOBULUS É ALTERNATIVAPortugal é um dos países onde existe maior área plantada de Eucalyptus glo-bulus, verificando-se a tendência para o crescimento da superfície ocupada com eucaliptal.Atualmente, prevê-se uma tendência mun-dial para o aumento da procura de madei-ra, sendo que, não deveremos continuar a consumir madeiras provenientes de flo-restas nativas, porque estas são o supor-te de ecossistemas dos quais todos nós dependemos, assim sendo o eucalipto globulus pode ser aproveitado para a ob-tenção de madeira necessária nos mais diversos sectores. A opção pela madeira de eucalipto contribui para o desenvolvi-mento da economia, diminui a dependên-cia internacional, assim como, permite um melhor ordenamento florestal pelo acom-panhamento do produtor num produto va-

PONTE EM MADEIRA SEPARA AS ÁGUASA Ponte Moisés, é uma ponte pedonal que dá acesso a um forte holandês do século XVII, o Fort de Roovere, que foi construído originalmente no início dos anos 1700s para proteger a Holanda da invasão de franceses e espanhóis. O projecto foi dese-nhado pela RO & AD Architects e utilizou madeira sustentável da Accsys Techno-logies – certificada pela FSC e PEFC. A especialidade desta ponte é que ela cria a ilusão de caminhar através da água. De longe, a Ponte Moisés é invisível para os olhos. O fluxo do fosso parece contínuo, dando a sensação que as águas estão ao mesmo nível e unidas. Para os visitantes que visitam o forte, a ponte aparece como uma ruptura na água com suas paredes inclinadas. A madeira utilizada na construção da ponte foi tratada por um revestimento não tóxico, protegendo-a dos fungos e au-mentando a sua durabilidade.

MACIEIRAS NA NOvA SEDEDA APPLEA nova sede da Apple será composta por apenas um edifício de quatro anda-res em formato circular circundado por um grande bosque de seis mil, entre elas algumas macieiras. O novo campus terá estacionamento subterrâneo e também um centro de geração de energia. A ideia inicial é gerar energia para manter o prédio no caso de falta de energia, numa primeira fase e posterior-mente torná-lo num gerador de energia principal para a Apple. O design do no-vo prédio, assim como dos produtos da Apple, foi uma preocupação de Steve Jobs. Prevê-se que a nova sede da Apple, em formato de nave espacial, fique concluída na segunda metade de 2016 .

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CASA EKÓ INSPIRA-SENOS ÍNDIOS BRASILEIROS Quem diria que, por vezes é voltando às origens que se consegue desenvolver a casa sustentável do futuro. Partindo desse pressuposto um grupo de arqui-tectos, estudantes e designers brasileiros, inspirou-se nas casas e estilo de vida dos Tupi-Guarani para o desenvolvimento de um projecto para o concurso 2012 Solar Decathlon. A Casa Ekó combina energia solar, recolha de chuva, iluminação natural e um sistema que torna a água dos esgotos em fertilizan-te para o jardim. Construída com módulos feitos de vigas de madeira e pilares, painéis OSB (Oriented Strand Board) e cabos de aço pré-esforçados, a casa começou a ser construída no chão, onde painéis de madeira são colocados um a um, até o módulo de topo estar finalmente pregado. As placas cabem nas frestas, o que as torna mais precisas. Depois, basta fixá-las com parafusos. Há também um sistema de chão flexível, que o torna adaptável para diferentes ti-pos de terreno. Um dos objectivos desta equipa é conciliar tecnologia e ética, preparando a casa para facilitar a socialização e reviver a tradição de reunir as famílias na cozinha e, por outro lado, a equipa também desenvolveu uma casa automática com uma pequena estação meteorológica no seu exterior – e um sistema de monitorização interno, que controla a temperatura e humidade. A electricidade é gerada por painéis com potencial para produzir até 10 KW, três vezes mais a quantidade que a casa precisa. O módulo pode ser dimensionado e customizado tendo em conta o número de habitantes da casa. Paralelamente, os efluentes tratados podem ser utilizados na agricultura e jardins, criando um ciclo fechado para a água.

lorizado, diminuindo consequentemente a probabilidade de incêndios florestais. O eucalipto globulus é natural da Austrália e foi dado a conhecer no continente eu-ropeu por Jacques de La Billardière, que o observou na Tasmânia em 1792. É das mais altas árvores do mundo, apresentan-do grande porte e rápido crescimento, po-dendo atingir mais de 70 metros de altura e viver mais de 100 anos. Introduzido em Portugal no século XIX, o eucalipto des-de logo se adaptou ao clima marítimo da orla centro norte onde predomina, existin-do hoje madeira que justifica a sua utiliza-ção e valorização. O incentivo à plantação de eucaliptos para produção de pasta de papel acabará também por originar a mé-dio/longo prazo o sustento de madeira para fins diversos na construção. Actual-mente, devido ao conhecimento e domínio de processos que utilizam meios tecnoló-gicos adaptados a esta madeira alternati-va, é -lhe conferida todo o potencial para satisfazer as mais exigentes necessidades nas variadas e inúmeras aplicações.

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Árvores morrem mais depressaSegundo dados do ScienceDaily as árvores mais antigas do mundo, com 100 a 300 anos de idade estão a morrer mais depres-sa num fenómeno global, em todas as latitudes e diferentes tipos de ecossistemas. O alerta foi publicado na Science e verifica o incremento na taxa de mortalidade das árvores anciãs em muitas das florestas do planeta, savanas, áreas agrícolas ou mesmo cidades. É um problema global e está a ocorrer em todo o tipo de ecossistemas. As árvores anciãs são elementos fundamentais de muitos ambientes naturais e humanizados, mas as suas populações estão a morrer mais rapidamente. Os investigadores aler-tam para a necessidade de investigação para apurar as causas por trás deste fenómeno, para adopção de estratégias de gestão, alteração de políticas, perante o risco destas árvores desaparecerem dos ecossistemas levando à perda dos biota associados e à perda das suas funções nos ecossistemas. “Este é um problema mundial e parece estar a acontecer na maioria das florestas”, explicou em comunicado o autor principal David B. Lindenmayer, da Universidade Nacional Australiana. “As árvores grandes e antigas estão em estado crítico em vários ambientes, tanto naturais como dominados pelo Homem.” Os cientistas descobriram inicialmente uma “tendência muito, muito perturbadora” ao inspeccionarem registos florestais suecos da década de 1860. Mais tarde perceberam que florestas na Austrália, no Parque Nacional de Yosemite na Califórnia, na savana africana, em florestas bra-sileiras e em outras regiões da Europa também sofreram grandes perdas de velhas árvores.

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PONTES MILENARESDE MADEIRA São milhares as pontes de madeira que existem na Chin, algumas delas com mais de 1.000 anos e que continuam a ser utilizadas to-dos os dias, demonstrando que os homens e mulheres que as cons-truíram eram excelentes artesãos e engenheiros. A tradição fez com que os conhecimentos necessários para a manutenção destas pontes sustentáveis fossem passados de pai para filho, ao longo dos anos, mantendo-se ainda nas regiões rurais onde elas ainda persistem. As pontes encontram-se suspensas entre dois pontos recheados de ver-de e árvores. A madeira mantém-se segura, apesar dos anos, sendo que a construção está funcional e é utilizada diariamente nas provín-cias de Fuijan e Zhejiang, na costa sudeste chinesa. As pontes, verda-deiras obras-primas arquitectónicas, são consideradas monumentos pela República Popular da China. Nos últimos anos, devido à rápida ur-banização, a construção das pontes de madeira tem decrescido, mas ainda há poucos anos ela era incentivada.

PAPELALTRI ENTRA NO TOP MUNDIAL DA INDúSTRIA DE CELULOSE A Altri inaugurou o reforço da capacidade de produção da fábrica da Figueira da e os efeitos deverão reflectir-se na actividade. No segundo trimestre, a margem EBITDA do grupo foi a segunda mais elevada do sector. A Altri atingiu lucros recorde no primeiro semestre em 2010 e entrou no clube restrito das empresas mundiais produtoras de pasta de papel mais eficientes economicamente. Segundo oficiais, no segundo trimestre deste ano, a margem EBITDA (margem operacional) de 32,5% conseguida pelo grupo industrial de Paulo Fernandes apenas foi superado a nível global pela brasileira Fibria. Esta é a maior produtora mundial de pasta de eucalipto, resultante da fusão entre a Aracruz e a Votorantim, que registou uma margem EBITDA de 40%. Atrás da Altrim, posicionou-se a outra gigante brasileira, a Suzano, com uma margem EBITDA de 34,7%. Já na quarta posição destacou-se outro grupo português, a Portucel, ao atingir uma margem EBITDA de 29,2% entre Abril e Junho. Os 27,6 milhões de euros de lucros da Altri no primeiro semestre comparam muito favoravelmente com os 12 milhões de prejuízos do mesmo período de 2009. A empresa conseguiu também um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) de 79,3 milhões de euros, uma subida de 475% face aos 13,8 milhões de euros obtidos no primeiro semestre de 2009.

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PAPEL EM DESTAQUE Já está em curso a nova campanha institucional do grupo Portucel Soporcel que marcará presença em vários domínios da vida portuguesa. A campanha realça a importância do Grupo nas exportações nacionais e nas exportações da indústria europeia de papéis finos não revestidos (UWF) para o mercado internacional. A campanha tem com o principal objetivo consolidar o conceito “O papel de Portugal no mundo é mais importante do que imagina” junto da generalidade dos consumi-dores portugueses. Como facilmente se subentende o conceito criativo e a base de toda esta campanha gira em torno do produto da empresa, ou seja, o papel e inspirou-se na técnica PAPER ART. As esculturas de cidades ou locais do mundo sobejamente conhecidos foram criadas a partir de resmas de papel, num suporte informático em 3D, para ilustrar como o papel de Portugal, ou seja, as marcas do grupo Portucel Soporcel, têm uma presença tão relevante a nível mundial. É inte-ressante observar que nas peças criadas foram explorados diversos temas como a tecnologia, a inovação e a sustentabilidade, áreas fortes da atuação do Grupo aos diversos níveis, numa associação direta aos mercados onde os seus produtos as-sumem um papel de destaque. Após um ano em que as vendas do grupo Portucel Soporcel representaram cerca de 3% das exportações de bens nacionais e que o valor global das exportações foi superior a 1,2 mil milhões de euros, aumentan-do 25% face ao ano anterior, a campanha vem consolidar a imagem de um Grupo dinâmico e empreendedor, líder na Europa no segmento de mercado dos papéis finos não revestidos. “Dar vida ao nosso papel no mundo através da criação de esculturas tridimensionais de locais emblemáticos do globo, onde vendemos re-gularmente as nossas marcas, “esculpidas” no nosso próprio produto, foi a forma ideal de fazer passar os objectivos desta campanha – a expressão internacional do papel feito em Portugal” afirmam os responsáveis do grupo Portucel Sopor-cel. Tendo subjacente esta ideia de liderança, solidez e de aposta no futuro bem patente na génese desta campanha, O Grupo pretende salientar o papel que tem desempenhado nas exportações portuguesas, contribuindo de forma decisiva para o desenvolvimento do País e para o crescimento da economia nacional.

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vENEZUELA ADIA PLANTADE PAPEL PARA 2014O governo venezuelano adiou a entrada em funcionamento do seu complexo industrial de celulose e papel Empresa Básica Socialista de Pulpa y Papel (EBS-Pulpaca) para o segundo semestre de 2014. Trata-se do quarto adiamento da inauguração da planta. O último item ainda pendente no projeto era o financiamento de 850 milhões de dólares necessários para finalizar a construção da fábrica. O dinheiro foi obtido no ano pas-sado, de acordo com o diretor do projeto, Antônio Aguilera. “Já efetuamos o pagamento de todas as dívidas com o consórcio responsável pela construção dos equipamentos chave, adiantamos os trabalhos civis e con-tratamos outros fornecedores de apoio”, enumerou Aguilera. Segundo o executivo, a construção da Pulpaca já atingiu 22%. O valor total investido no empreendimento subiu de 200 milhões para 1,6 biliões de dólares. A Pulpaca terá capacidade para fabricar 250 mil t/ano de papel jornal (melhorado e standard), além de outros papéis, nas gramaturas de 45-60 g/m2. O complexo industrial ainda compreenderá uma linha de 250 mil t/ano de celulose branqueada termomecânica (BCTMP) assinada pela Andritz. Já a máquina de papel (MP) é de fornecimento da Voith. A matéria-prima virá de outra estatal local - a Maderas del Orinoco -, totalizando 470 mil hectares de floretas, além de aparas. A produção da Pulpaca irá atender o mercado venezuelano que, atualmente, consome 100 mil toneladas anuais de papel jornal. Aguilera explicou que o excedente deverá ser exportado a países vizinhos. O complexo ainda terá uma segunda fase, em que será construída uma linha de 200 mil t/ano de celulose de fibra curta e longa. No entanto, não há prazo para colocá-la em operação. “Ainda estamos discutindo a configuração dessa linha”, assinalou Aguilera.

SobREIRo é SíMbolo nACIonAlO sobreiro foi, desde sempre, uma árvore de eleição em Portugal tornando-se um símbolo, a partir do momento em que o parlamento aprovou um Projeto de Resolução que institui a espécie como Árvore Nacional de Portugal. Esta iniciativa aconteceu depois de um projecto de resolução aprovado, por unanimidade, na Assembleia da República e de uma petição pú-blica com 2291 assinaturas. A petição para consagrar o sobreiro (Quercus suber) como um dos símbolos do país foi lançada em Outubro de 2010 pelas associações Árvores de Por-tugal e Transumância e Natureza, tendo conseguido finalmente o seu desiderato. A resolu-ção que institui o sobreiro como Árvore Nacional de Portugal assinala que “o montado (área florestada) e a cortiça demonstram como um sistema agro-silvo-pastoril tradicional pode ser sustentável, preservar os solos e, desse modo, contribuir para evitar a desertificação e consequente despovoamento/desordenamento do território”. O sobreiro é uma espécie pro-tegida pela legislação portuguesa desde 2001. Mas essa protecção não foi suficiente para travar a regressão da árvore em território português, motivada por práticas erradas. O so-breiro, árvore mediterrânica com mais de 60 milhões de anos, ocupa uma área de cerca de 737.000 hectares dos mais de 3,45 milhões de hectares de floresta em Portugal, segundo o último Inventário Florestal Nacional, de 2006. Hoje é responsável por 10% das exportações nacionais e as actividades a ele ligadas representam 3% do PIB do país.Mais do que isso, como revela um estudo da WWF, organização não governamental de con-servação ambiental, as florestas de sobreiro contribuem para a manutenção da biodiversida-de, impedindo a desertificação – principalmente ao sul de Portugal -, e servindo também de habitat para espécies ameaçadas de extinção, como o lince ibérico e a águia-imperial ibérica.

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MODELO DE EXPLORAÇÃO AMIgO DO AMBIEnTEO engenheiro florestal brasileiro Tito Nunes de Castro acredita que a exploração das florestas a partir do modelo de exploração reduzido é menos prejudicial ao ambiente que a técnica de exploração convencional. Para chegar a esta conclusão Tito de Castro teve por base um estudo que analisou dados de uma floresta do nordeste do estado do Pará, desde 1993 até aos nossos dias. “A exploração de impacto reduzido é melhor que a tradicional. Vimos nas par-celas de terra analisadas que elas se recuperam completa-mente da exploração em 39 anos, enquanto na exploração tradicional nem foi possível fazer essa estimativa, porque o tempo necessário é muito mais longo”, explicou o enge-nheiro da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, localizada em Piracicaba. O engenheiro explicou que ana-lisou os dados referentes aos anos de 1993, 1994, 1995, 1996, 1998, 2000, 2003, 2006 e 2009. Entre eles esta-vam o diâmetro das árvores e o nome popular das espé-cies, sendo o volume da floresta calculado a partir desses dados. A exploração de impacto reduzido tem como pano de fundo a diminuição das consequências negativas que a extração de madeira causa na floresta, desta forma ela conseguiria regenerar-se melhor e muito mais rápido, o que faria com que o período de corte pudesse ser diminuído, chegando-se assim a um período temporal sustentável. As árvores só estão aptas para serem comercializadas quan-do o seu diâmetro atinge os 50 centímetros. Segundo Tito de Castro, com este tipo de extracção o volume total da floresta recupera-se em oito anos e o volume das árvores comerciais chegar a atingir um ciclo de 39 anos. No caso da exploração convencional, feita, por exemplo, na Amazó-nia, as árvores são cortadas aleatoriamente e acabam por derrubar as outras que estão ao seu redor, aumentando o impacto negativo sobre a floresta, o que se deve à falta de planeamento existente.v

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AUTOSSUFICIÊNCIA ENERGÉTICA COM BIOMASSAO receio de uma crise energética a breve prazo leva empresas e países a repensarem a forma de encarar a pro-dução e o consumo de energia. No Chile a empresa Lion Energy Inc. pretende desenvolver um projecto neste sector que deve começar a operar já em maio de 2013. Trata-se de um empreendimento de desenvolvimento local na Região de Biobío e que começou a tomar forma com a construção de uma central de energia a partir de biomassa florestal, que irá fornecer 7,1 MW e criar mais de 130 empregos direta e indiretamente. O projeto é uma das formas que a indústria florestal chilena encontrou para desenvolver energia limpa de autossuficiên-cia através do uso da biomassa proveniente de florestas usadas de forma sustentável, onde o carbono que é libertado durante a combustão é exatamente o mesmo que foi capturado nas árvores durante o seu processo de crescimento, gerando, desta forma, um combustível de carbono neutro. Este projeto é desenvolvido pelo ge-rente Geral da Floresta Leão Ltd., Viñuela Antonio Miranda, que viu nesta ideia não só uma necessidade, mas também uma oportunidade de negócio. Segundo ele “o Chile prepara-se para uma possível crise de energia a partir de 2015, considerando que a demanda por energia aumenta cerca de 6% ao ano” e não é acompanhada pela produção. A construção começou após a aprovação da declaração de impacto ambiental já este ano. Atu-almente, a instalação da nova caldeira de biomassa soma 40% de obra já concluída, e outros 20% já prontos da construção do sistema de alimentação de biomassa, que deve gerar mais de 90 postos de trabalho diretos, até Maio de 2013. 65% da matéria-prima dos combustíveis virá das duas serrarias em operação Floresta Leon e os restantes 35%, da biomassa florestal e colheita, pós-colheita e desbaste em florestas jovens.

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É de esperar que a existência de uma estratégia empresarial clara e devidamente estruturada tenha uma influência positiva na performance das empresase que desta forma as que possuem um plano com estas características se destaquemdas restantes organizações do sector. A escolha do setor de mobiliário como objeto de estudo tem estado relacionada, sobretudo, com a importância estratégicadesta indústria para o desenvolvimento sustentado da economia portuguesa.

O QUE ESPERARDA INDÚSTRIADE MOBILIÁRIO?

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Este autor indica como características na-cionais favoráveis à criação de vantagens competitivas a qualidade dos factores de produção, em que se destacam os recur-sos humanos (grau de especialização) e equipamentos (grau de desenvolvimento tecnológico); a existência de um mercado nacional cujas necessidades sejam simila-res às dos mercados externos; a existência de fornecedores locais que possam contri-buir para o processo de inovação e, por fim, a presença de concorrentes nacionais com-petitivos.

Segundo Michael Porter, a indústria de mobiliário encontra- -se entre as “áreas para onde se podem virar as apostas estratégicas dos empresários portugueses” por serem potencialmente geradoras de “vantagens competitivas em relação ao exterior”

esTraTÉGia e posiCioNameNTo

As empresas portuguesas de mobiliário têm alguma dificuldade em se afirmar no mercado europeu devido às debilidades estruturais que apresentam face a um mercado fortemente concorrencial. As principais debilidades do sector em Portugal são identificadas segundo a análise efectuada por Porter. Existe uma tendência para a crescente preferência de

produtos estrangeiros de alta qualidade, por parte das classes média/alta nacional, a qual coloca em risco a quota de mercado interno. No presente contexto, é um facto incontestável por todos os analistas e agentes do sector que apenas terão possibilidades de sucesso, e mesmo de sobrevivência, as empresas que apostem fortemente na criatividade, flexibilidade e que ofereçam produtos de qualidade a preços competitivos. Por outro lado, à medida que se intensifica a tendência para o aumento do grau de especialização das empresas, estas devem ter em atenção que a sua dimensão deve ser suficiente para atingir a massa crítica desejável.

mUdaNÇas esTrUTUrais

Verifica-se um processo de concentração na indústria de mobiliário. Os produtores de mobiliário estão a fazer fortes investimentos com o objectivo de aumentar a capacidade produtiva, quer pela ampliação das instala-ções fabris existentes, quer pela criação de novas empresas ou aquisição de empresas já existentes. Este processo de concentra-ção resultou no aumento da dimensão mé-dia das empresas produtoras de mobiliário. A generalidade das mesmas tem investido na automação e computorização com vista à standartização da produção. Estes pro-cessos exigem avultadas quantias de capi-tal que podem ser obtidas mais facilmente pelas empresas de grande dimensão.

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O sector enfrenta uma concorrência cres-cente do sector das energias renováveis no que diz respeito à procura de madeira, em resultado dos subsídios e de outras medi-das que promovem a utilização da biomassa (a madeira é um dos principais combustí-veis). utilizados para produzir energia a par-tir de biomassa). Há também dificuldades em domínios como o investimento, a inves-tigação, a formação, a atracção de trabalha-dores jovens e as restrições administrativas na contratação pública. Além disso, o sector do mobiliário depara-se actualmente com um aumento drástico do preço de matérias-primas como o couro, os plásticos, as fibras naturais e os derivados do petróleo.

Hoje em dia, a distância geográfica já não constitui uma protecção contra a concor-rência. A globalização afectou as indústrias europeias do trabalho da madeira e do mo-biliário em muitas áreas. Pressão de impor-tação exercida por países de baixo custo, em especial países asiáticos, sobre os pro-dutos de consumo, como mobiliário e pavi-mento em madeira (parquete e laminados), e também sobre os contraplacados em madeira, para os quais já foi instituído um direito anti-dumping. Os preços dos con-traplacados e peças de mobiliário sofrem grande pressão concorrencial, em especial, da China. Os toros (faia, carvalho, choupo) exportados para a China regressam à Euro-pa como produtos (semi)acabados.

De acordo com os serviços aduaneiros chi-neses, as importações de toros ascenderam a 11 milhões de m³ no primeiro trimestre de 2010, o que corresponde a um aumento de 24% comparativamente ao mesmo período em 2009. O valor dos produtos importados para o trabalho da madeira, no sentido es-trito do termo, elevou-se a 7 mil milhões de euros em 2009. Há muitos anos que a Chi-na tem sido o maior fornecedor estrangeiro da UE no sector do mobiliário. Desde 2008, mais de 50% do total das importações para a UE provieram da China. As importações de mobiliário da China para a Europa são, actualmente, 46,9% superiores de 2005. No entanto, o total de importações de mo-biliário é apenas 12,6% superior em termos de valor, o que vem afirmar a preponderân-cia da China.Uma vez que não é possível travar ou pre-

venir muitos dos efeitos da globalização, há que fazer evoluir as indústrias europeias do trabalho da madeira e do mobiliário em seg-mentos novos e inovadores. Este sector já se concentrou no desenvolvimento de van-tagens competitivas, como:• produção flexível, permitindo a personali-zação dos produtos;• especificações de elevada qualidade e tecnologia avançada;• desenhos de qualidade elevada;• criação de valores para além do valor ba-seado no preço (por exemplo, marcas e atribuição de uma classificação pelos com-pradores);• integração de serviços pré e pós-venda;• rápida distribuição com armazenamento reduzido.

A indústria europeia está, portanto, empe-nhada em inovar continuamente ao nível da tecnologia, da funcionalidade e da estética. São essenciais produtos de nicho altamen-

te inovadores e originais para competir com a indústria chinesa, a qual consegue pro-duzir actualmente todos os tipos de bens a preços muito mais baixos do que a Europa.

aspeTos soCiaisO sector do trabalho da madeira e do mobiliário está a sofrer uma enorme pressão devido a uma série de factores externos, como a globalização do mercado, o ritmo acelerado da evolução tecnológica e a recente crise financeira mundial. É imperativo dar nova ênfase às estratégias de mercado para manter a competitividade do sector e a sua posição importante na economia europeia. Em particular, os desafios que se colocam incluem os planos de pensões, a qualificação da mão-de-obra, que possui um nível de instrução abaixo da média, a capacidade do sector de atrair e manter trabalhadores jovens e a mudança

O setor precisa de trabalhadores especializados nas competências e tecnologias mais recentes

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das necessidades de formação. Há que acompanhar de perto o desenvolvimento demográfico da mão-de-obra no sector e executar acções correctivas atempadamente de modo a não dificultar a prosperidade do sector no futuro.

A disponibilidade de mão-de-obra forma-da e qualificada é um elemento-chave. As competências específicas necessárias no ciclo de produção de mobiliário ou produtos de madeira podem determinar o sucesso do próprio produto. A formação dos trabalha-dores deve basear-se, não só nos modelos tradicionais, mas também nas necessidades do mercado e no progresso tecnológico.Actualmente, um dos motivos de preocu-pação para o sector é o envelhecimento da mão de obra na maior parte dos subsecto-res industriais e a sua falta de atractividade para os trabalhadores jovens.

A indústria está a colaborar com as suas organizações sectoriais e sindicatos para ajudar a encontrar uma solução para estes problemas, colocando a tónica nas compe-tências profissionais e na necessidade de atrair trabalhadores jovens. Para reafirmar a competitividade do sector, é fundamental assegurar a disponibilização de um núme-ro suficiente de trabalhadores qualificados para satisfazer a procura no sector. Os pro-gramas de formação devem responder às necessidades de mão de obra.

A indústria também tem vindo a trabalhar no sentido de proteger os trabalhadores de agentes nocivos no posto de trabalho atra-vés de projectos apoiados pela Comissão Europeia que visam a troca de boas práti-cas nos domínios da saúde e da seguran-ça. Os projectos “REF Wood” e “Less Dust” são os exemplos que mais bem ilustram o empenho da indústria do trabalho da madei-ra na criação de um ambiente de trabalho saudável para os seus trabalhadores. Estas iniciativas dos parceiros sociais europeus ti-veram por objectivo melhorar a situação de emprego no sector, através da concessão de melhores condições de trabalho, e deve-riam conduzir a uma avaliação do impacto e definir os próximos passos a dar, permitindo cumprir os objectivos estabelecidos pelos parceiros sociais. Para o sector do trabalho da madeira e do mobiliário é essencial ga-

rantir perspectivas de carreira e segurança do emprego, bem como proteger a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, desenvol-ver qualificações e competências e alcan-çar um equilíbrio entre vida familiar e vida profissional.

Importa sublinhar que as indústrias do tra-balho da madeira e do mobiliário têm gran-de potencial para criar postos de trabalho ecológicos a nível local, não só porque uti-lizam matérias-primas renováveis e conso-mem pouca energia, mas também porque as instalações destas indústrias se situam frequentemente em zonas rurais.

direiTosde propriedade

A protecção e o aplicação dos direitos de propriedade intelectual têm de ser uma prioridade, para assegurar a competitivida-de da UE na economia mundial, não obstan-te o aumento da contrafacção e da pirataria a nível internacional em muitos sectores. O CESE sublinha a necessidade de uma co-operação reforçada no domínio dos direi-tos de propriedade industrial, em particular através da criação de uma patente europeia normalizada.

O CESE recorda a necessidade de uma for-te cooperação entre a indústria e as insti-tuições governamentais (a nível europeu e nacional) no combate à contrafacção. É vital aumentar o apoio para a formação dos fun-cionários públicos e aduaneiros e sensibili-zar os consumidores. O desenvolvimento de tecnologias que facilitem a autenticação de produtos genuínos e, por oposição, de pro-dutos falsificados, também daria um grande

contributo. O CESE recomenda que a UE actue no sentido de reforçar a capacidade das administrações aduaneiras nacionais no combate ao comércio de mercadorias de contrafacção.

A iniciativa italiana do “Dia Nacional do Combate à Contrafacção”, levada a cabo no ano passado em Roma e noutras cidades italianas pela organização Confindustria, é um exemplo de boas práticas. O CESE con-vida as instituições europeias a organiza-rem um evento semelhante a nível europeu e nacional.

Os produtos de mobiliário de contrafacção podem ser prejudiciais para a saúde e pôr até em risco a vida das pessoas. Por este motivo, para melhorar os direitos de proprie-dade intelectual e combater os produtos de contrafacção, o CESE convida a Comissão Europeia a criar uma “ficha de produto” pa-ra peças de mobiliário. Essa ficha deve ser anexada ao produto adquirido, garantindo a transparência necessária nas relações co-merciais entre produtores, comerciantes e consumidores. Os produtos de mobiliário colocados no mercado europeu devem con-ter, no mínimo, a seguinte informação: de-signação legal ou custo total do produto; designação comercial do produtor ou im-portador; origem do produto; presença de materiais ou substâncias prejudiciais para as pessoas ou o ambiente; informação so-bre os materiais usados e os métodos de produção, caso seja relevante para a quali-dade ou as características do produto; ma-nual de instruções.

O Comité reconhece que há uma necessi-dade real de apoiar o sector do trabalho da madeira e do mobiliário através de reformas económicas que estimulem a promoção dos produtos a nível internacional e assegurem uma concorrência justa. A UE também deve apelar às economias emergentes para que reformem os sistemas nacionais de modo a eliminar ineficiências burocráticas ou com-pensar eventuais desequilíbrios regulamen-tares ou burocráticos através da imposição de direitos. O quadro jurídico também deve ser melhorado para criar um enquadramen-to regulamentar claro para as empresas europeias interessadas em investir em mer-cados fora da UE.

Economia mundial: desafios e oportunidades para as indústrias do trabalho da madeira e do mobiliário

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SEtor FLorEStAL

Guia paraInternacionalizar

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SETORES PARA INTERNACIONALIZAÇÃO MAIS RELEvANTES

Cortiça• Exportação corresponde a 90% da produ-ção sendo esta tarefa assumida por um tipo de empresas específico. A presença portu-guesa no mercado internacional tem vindo a crescer em detrimento de potenciais con-correntes (Espanha, Itália, França, Alema-nha e países do Magreb), com empresas estrangeiras a serem adquiridas por empre-sas portuguesas.

Madeira• Sector até há pouco tempo relativamente pouco internacionalizado, tanto do ponto de vista comercial como do investimento. Actu-almente, a forma de internacionalização mais relevante é a exportação (62% corresponde a mobiliário), embora sejam conhecidos al-guns casos de investimento no estrangeiro, em processos de deslocalização da produ-ção para junto de fontes de matéria-prima mais económicas (ex.: África).

Papel• Indústria papeleira, no seu conjunto, é ex-portadora líquida (taxa de cobertura das importações de cerca de 40%), responsá-vel por 3,6% de todas as exportações na-cionais de bens, sobretudo para o mercado comunitário.

BENEFÍCIOS

Cortiça• A indústria portuguesa de cortiça assume um papel central na determinação da política de preços, nos investimentos em Inovação & Desenvolvimento e na política de diversi-ficação de produtos gerada nos últimos 10 anos. O controlo dos canais de distribuição e portfólio de clientes é, na verdade, assegu-rado pelas empresas portuguesas.

MADEIRA

Mobiliário • Retracção do mercado interno levou à ne-cessidade de encontrar novos clientes, em mercados novos para escoar o aumento de produção, resultante de investimento.• O contacto com as dinâmicas da procu-ra internacional, com novas tendências de design e consumo, traduziu-se em novos processos de organização do design, con-cepção de produto e marketing; • As empresas exportadoras “contagiam” as restantes, criando uma dinâmica de ino-vação e marketing, que torna as empresas competitivas nos mercados externos (redu-ção dos custos de produção e maior valor percebido dos produtos).

PRODUTOS DE SERRAÇÃO

• Saturação do mercado interno provocou

uma redução acentuada dos preços dos produtos no mercado nacional que levou as empresas a procurar mercados externos, onde a procura se revelou elevada.

Papel • Contacto com mercados externos exi-gentes, não só permite o reconhecimento internacional dos produtos, mas também fo-menta o desenvolvimento de novas tecnolo-gias e a aquisição de conhecimentos para responder a esses mercados.

FATORES DE COMPETITIvIDADE

Cortiça• Política de qualidade (ex.: SYSTECODE; ISO, HACCP; certificação ambiental; certi-ficação florestal; certificação da cadeia de custódia); • Diferenciação do produto, não só em ter-mos da rolha de cortiça (diferenciadaspara cada tipo de vinho e com uma estraté-gia de resposta face ao ataque dos vedantes alternativos), mas também de produtos ino-vadores. Tendências favoráveis em termos de “eco-design”; • Preocupações ambientais jogam a favor do produto; • Estabelecimento de alianças estratégicas; • Líderes de opinião contrários à cortiça começam a reconsiderar as suas posições (sector vinícola); • I&D: nos últimos 10 anos, o sector inves-tiu cerca de 400 milhões de euros em no-vos equipamentos e soluções que permitem melhor desempenho, mais eficácia e com-petitividade acrescida. Elevado potencial de inovação tecnológica.

Madeira • Boa relação qualidade-preço; • Know–how empírico tradicional de várias gerações sobre o trabalho da madeira (ser-ração, carpintaria e mobiliário); • Matéria-prima natural, renovável e susten-tável, com excelentes propriedades de resis-tência mecânica; • Baixos custos de mão-de-obra; • Evolução positiva das exportações (até 2008) para mercados exigentes. • Integração no mercado ibérico e proximi-dade dos mercados de maior crescimento e/ou consumo de produtos de madeira, no-

Na conjuntura atual, marcada por um cenário turbulento ecompetitivo, percebe-se que as empresas nacionais procurammaior competitividade para atender às novas exigênciasdo mundo global. Este artigo tem como objetivo principalcaracterizar o processo de internacionalização das empresasdo setor florestal com maior valor agregado, em conjunto coma determinação do grau de internacionalização das mesmas.Tal integração entre processo e grau de internacionalizaçãodemonstrou-se fundamental para a compreensão dos fatoresque conferem às empresas capacidade de obter vantagemcompetitiva sustentável no âmbito internacional. Um processoque deve ocorrer de forma estruturada a par da tecnologiautilizada pela indústria.

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meadamente UE, Norte África e PALOP; • Mercados cada vez mais sensíveis às ques-tões de sustentabilidade, em que a madeira tem vantagens evidentes.

Mobiliário • Estratégias de marketing adequadas, no sentido lato: adequação do produto e pre-ços, design, imagem e promoção; • Inovação e renovação tecnológica, que per-mita corresponder a essas estratégias de marketing e flexibilidade operacional; • Aposta na diferenciação pela qualidade (o design é um factor-chave, mas muitos con-correntes apresentam boas soluções – é na qualidade que Portugal se diferencia); • Campanhas de promoção têm permitido posicionar o mobiliário português ao nível dos líderes mundiais, tornando-o desejável como um novo estilo de vida (dar a conhecer Portugal enquanto país produtor de mobiliá-rio moderno, inovador e, em simultâneo, ela-borado com o saber de gerações e elevada qualidade e tradição).

PRODUTOS DE SERRAÇÃO

• A qualidade intrínseca do pinho português (equiparada apenas ao das regiões do Eixo Atlântico), permite uma excelente penetra-ção dos produtos de serração em mercados exigentes, a preços melhores do que os se praticam no mercado nacional; • A disponibilidade futura de madeira, em

qualidade e quantidade, fará a diferença en-tre o sucesso ou insucesso das estratégias de internacionalização.

Papel • Reconhecimento a nível internacional da boa qualidade dos produtos nacionais; • Forte investimento na aquisição de novos equipamentos que contribuíram para a di-minuição do impacto ambiental e desen-volvimento de sistemas próprios de gestão florestal sustentável; • Cerca de 84% da produção total de pasta e papel é certificada pela ISO 14000 e 84% tem também a certificação de Higiene, Saú-de e Segurança no Trabalho pela OSHAS 18001. A gestão da área florestal detida pe-las empresas encontra-se certificada quer pelo Forest Stewardship Council (FSC), quer pelo Programme for the Endorsement of Fo-rest Certification (PEFC), as duas normas internacionais que certificam a gestão flo-restal sustentável; • O sector integra algumas das unidades in-dustriais mais competitivas da Europa, de grande complexidade tecnológica e em per-manente esforço de modernização (6º maior produtor europeu de pasta para papel; 2º de papel não revestido).

DIFICULDADES

Cortiça • Concentração da produção e transforma-ção da cortiça num conjunto de países com

pouca visibilidade e potencial mundial; • Fraca agressividade nos mercados por par-te das médias, pequenas e microempresas; • Pouca divulgação das potencialidades do material, desconhecimento por parte do consumidor e produtor; • Débil aposta das PME em marketing e co-municação nos mercados. • Estagnação dos mercados vinícolas de qualidade no espaço europeu; • Ameaça de produtos substitutos.

Madeira• Falta de matéria-prima lenhosa em quanti-dade e qualidade, nomeadamente de pinhei-ro bravo; • Contracção da procura nos mercados externos, nomeadamente nos principais clientes da indústria de madeira nacional (Espanha, França e Reino Unido) obrigou a uma aposta em mercados novos, menos conhecidos e de maior risco, como é o ca-so de Angola (risco superior, esforço de in-vestimento em promoção, maiores custos de logística de transportes, prazos de recebi-mento maiores); • Descapitalização e reduzida liquidez finan-ceira de grande parte das empresas, com di-ficuldades no acesso ao crédito e a seguros de crédito para financiar as suas operações; • Reduzida produtividade face à média da União Europeia; • Baixa qualificação dos recursos humanos e reduzida capacidade de gestão; • Processos de cooperação e subcontrata-ção pouco desenvolvidos.

Mobiliário • Atomização da indústria; • Falta de projecção internacional do sector, que potencie a percepção pelos mercados dos seus pontos fortes: produtos de elevada qualidade, preço adequado, e design já ino-vador; • Ausência de estratégias e processos de marketing eficazes; • Concorrência de produtos do sudeste asiá-tico, não só nos mercados internacionais em que Portugal concorre mas também no mer-cado nacional (produtos não obrigados aos mesmos requisitos de qualidade, garantias de protecção dos consumidores e do am-biente e de segurança). O mercado deve ser livre e aberto, mas a concorrência deve ser regulada.

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PRODUTOS DE SERRAÇÃO

• As deficiências de gestão nas áreas de flo-resta de pinho e falta de mão-de-obra espe-cializada, associadas à diminuição da área de pinhal e disponibilidades de pinheiro, estão na origem da principal restrição ao aumento das exportações deste sector: a matéria-pri-ma escassa e mais cara não permite levar os produtos para todos os mercados; • Crise económica internacional origina es-cassez e aumento do preço da matéria-prima e dos custos de produção, ainda agravados pela praga do nemátodo do pinheiro, que não só faz aumentar os custos de produção devido às exigências de tratamento, como afecta seriamente a imagem dos produtos de madeira portugueses no estrangeiro;

• O enorme atraso na certificação florestal (falta de matéria-prima certificada) é cada vez mais uma restrição, dado que a certifi-cação começa a ser um requisito de entra-da nos mercados europeus, mais apelativos. • Concentração em produtos de baixo valor acrescentado e baixo preço. Ausência/ re-duzido investimento em I&D; reduzido nível tecnológico da maior parte das empresas (carpintaria). • Risco de aumento da concorrência pela matéria-prima para queima como produção de energia (biomassa); (serração e painéis de madeira). • Adaptação à normalização comunitária: marcação CE para produtos da construção (serração e carpintaria).

Papel • Dependência da conjuntura internacional; • Disponibilidade e sustentabilidade na pro-dução de matéria-prima florestal. Os incên-dios florestais, de risco elevado em Portugal, são também uma ameaça a esta disponibi-lidade. Potenciais utilizações concorrenciais da matéria-prima (bioenergia); • Necessidade de desenvolver capacidades de gestão profissional por parte dos proprie-tários privados, que têm também uma fraca capacidade de intervenção; • O mercado de CO2 e as respectivas licen-ças de emissão atribuídas ao sector, consti-tuem também factores críticos de sucesso. O mercado do carbono poderá provocar uma distorção no mercado europeu relativamente ao valor dos bens exportados, uma vez que

Fonte: adaptado de quinn (1981)

As ações estratégicas geradas a partir dos subsistemas organizacionaisStrategic actions generated from the organizational subsystems

AÇõESMelhorar Comunicação

Expandir o horizonte de tempoEnvolver os níveis mais baixos

Confirmar compromissos firmadosAuxiliar a avaliação de orçamentos e balançosForçar os executivos a se focarem diariamente

Proteger compromissos de longo prazoEnsinar os executivos sobre impactos futuros das decisões

Promover um veículo para negociaçãode objetivos operacionais

Coordenação tática, divisional, corporativa,planos estratégicos

PLANEAMENTOForças e fraquezas

oportunidades e ameaçasobjetivos

ProgramasAlternativas

Contingências

Estruturageral daempresa

reclamaçõesexternas e

com governoPosiocionamento

da linhade produto

Aquisiçãoe diversificação

Acesso a capitale custos

Crescimentoda tecnologia

interna

relaçõescom os

empregados

PosturaInternacionalda empresa

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os produtos provenientes de países fora do Protocolo de Quioto poderão vir a ter preços mais atractivos; • Estrutura de custos do sector em Portugal elevada, o que pode vir a trazer alguma per-da de competitividade face às concorrentes internacionais; • Regulação excessiva e não articulada, por vezes com abordagens conceptuais opostas, dificulta o acompanhamento por parte das empresas; • Multiplicidade de directivas comunitárias de âmbito ambiental (ex.: REACH, Lei-quadro da Água, dos Resíduos e de Responsabili-dade Ambiental), embora contribua positiva-mente para a preservação do ambiente, tem necessariamente implicações financeiras que não podem ser ignoradas.

INSTRUMENTOS DE APOIO UTILIZADOS

Cortiça• QREN: COMPETE (POFC - Programa Operacional Factores de Competitividade (Compete), POPH (Programa Operacional do Potencial Humano) • FCT - Fundação para a Ciência e a Tec-nologia • PAIC - Plano de Apoio à Indústria da Corti-ça (Ministério da Economia)• Criação do Pólo de Competitividade e Tec-nologia Agro-alimentar reforçou capacidade de apresentar projectos.

Madeira • QREN • RODER

DIFICULDADES SENTIDAS Cortiça• Desconhece-se a taxa de utilização por parte das empresas dos apoios do QREN e PRODER. Em relação ao PAIC, houve redu-zida adesão, na maioria dos casos, devido ao facto de as condições apresentadas não te-rem sido do agrado das empresas.

Madeira • QREN: limitação das dotações orçamen-tais dos concursos não tem permitido de-senvolver as acções com o impacto que seria desejável, nem têm sido aplicadas as taxas de financiamento superiores a 70% que a regulamentação prevê; atrasos no pa-

gamento dos incentivos tornam impraticável o reforço de investimento pelas empresas ou associações. • PRODER: restrições ao nível do tipo de beneficiários (1ª transformação: apenas mi-croempresas têm acesso); das operações elegíveis (deveria incluir como produtos de 1ª transformação não só os que resul-tam das operações de descasque, corte e aplainamento, mas também, e sobretudo, os produtos que envolvem maior valor acres-centado); da autonomia financeira (AF) e cobertura de imobilizado (CI) (a dupla exi-gência de, em pré-projecto, ter uma AF míni-ma de 20% e CI de 100% impediu a maioria das empresas de se apresentar a concurso).

PROPOSTAS DE NOvOS INSTRUMENTOS E/OU MEDIDAS

Madeira• Apoio a estruturas permanentes de ex-posição e plataformas de logística (arma-zenamento e distribuição) em mercados estratégicos. • Necessidade de acção sobre a gestão flo-restal para a criação de condições para o in-vestimento e internacionalização do sector. A natureza privada e fragmentada do sector exige uma intervenção pública para a rear-borização (nomeadamente em situações de reduzido potencial produtivo); recuperação do atraso na Certificação da Gestão Flores-tal Sustentável; definição e regulamentação dos materiais que podem ser encaminhados para queima e os que são fonte de matéria-prima para a indústria. • Acção inspectiva mais intensa para verificar o cumprimento por parte dos produtos importados do Sudeste Asiático da regulamentação relativa à segurança dos produtos e do consumidor e à regulamentação das substâncias químicas a utilizar na EU. Por outro lado, a nível da Comissão Europeia / Parlamento Europeu, Portugal deve iniciar um processo de regulamentação da concorrência desleal.

PROJETOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO EM CURSO

Cortiça• APCOR: (QREN - COMPETE) Projecto INTERCORK – Promoção Internacional da Cortiça. Principais objectivos: posicionar a rolha de cortiça como o vedante por exce-lência e o mais amigo do ambiente, travando a penetração de outros vedantes; recupe-rar, alargar e conquistar mercados para a cortiça; estabelecer parcerias com univer-sidades, escolas, centros de design, ONG, media, etc.; criar canais de comunicação com distribuidores, media, etc.; reforçar a imagem do produto a nível internacional. Mercados prioritários: EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Federação da Rús-sia, Japão, Bélgica, Holanda, China, Emira-dos Árabes Unidos.

Madeira • AIMMP: (QREN) INTERWOOD – Expor-tação Sustentada (já no terceiro ano de execução) Principais objectivos: apoiar as empresas em processos comerciais de abordagem e promoção em mercados ex-ternos. Prevê a implementação de um con-junto sistematizado e sequencial de acções em cada mercado alvo seleccionado, permi-tindo às empresas aderentes a entrada sus-tentada nos mercados (11 fases: definição do mercado alvo; inscrição e selecção das empresas; mini-diagnóstico às empresas inscritas; estudo prévio do mercado e prepa-ração da missão empresarial; realização de missão empresarial ao mercado alvo; con-solidação do estudo e análise prática das oportunidades de mercado relativas à inter-nacionalização; participação em feiras ou eventos; workshops de reflexão sobre feiras e eventos; visita de compradores de referên-cia a Portugal; análise de sustentação). • AIMMP: (QREN) ASSOCIATIVE DESIGN - Campanha de promoção do sector da ma-deira e do mobiliário em mercados externos 2009-2011 Principais eventos e objectivos: associação da imagem Associative Design à viagem de circum-navegação do Navio Escola Sa-gres, apoiando assim a diplomacia política, económica e cultural; Rua da Amizade em Angola, 2010; presença nos principais even-tos de design; divulgação dos materiais de construção em madeira e do mobiliário por-

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tugueses, promovendo em mercados mon-tra as capacidades do sector e melhorando a imagem de Portugal; incentivo às empre-sas, através do exemplo, para que apostem no branding como elemento diferenciador, reiterando a aposta no Made in/by Portugal; apoio às empresas do sector na manuten-ção e reforço da sua posição em mercados onde já se encontrem estabelecidas; alarga-mento da base de empresas exportadoras, incentivando as PME a iniciarem um proces-so sustentado e bem sucedido de interna-cionalização.

• AIMMP: (QREN/PRODER) PASIMM – Plano de Apoio ao Sector das Indústrias de Madeira e Mobiliário Principais objectivos: apoiar as empresas para garantir um adequado acesso a cré-dito financeiro e de seguros; alargar os instrumentos de apoio à exportação e in-ternacionalização (tecto mais elevado para Campanha de Promoção sectorial e maior taxa de incentivo); apoiar actividades de promoção nos mercados internacionais; re-forçar os capitais próprios das empresas, apoiando iniciativas de concentração (fu-sões e aquisições) para ganhos de massa crítica; apoiar os investimentos em moder-nização, inovação e I&D para ajustar o teci-do empresarial às necessidades do futuro; reestruturar e modernizar as serrações – combate ao nemátodo: lançamento de um

concurso específico para o sector, em arti-culação entre o POFC/QREN e o PRODER, para apoiar a Reestruturação e Moderniza-ção das Serrações, seguindo as recomenda-ções do Estudo Estratégico das Serrações.

• ANEFA: FORURAL - Fórum dos Produtos & Serviços Agro-florestais Principais objectivos: promover as empre-sas suas associadas, valorizando os seus produtos e serviços e disponibilizando uma solução integrada para o seu projecto, as-sentando num sistema de divulgação comer-cial e de internacionalização do mercado.

Papel • A iniciativa Print Power (PP) é uma acção de marketing para a cadeia de valor gráfi-ca na Europa que reúne os 4 principais sec-tores que compõem esta cadeia: sector de produção de papel (indústria de pasta, in-dústria de papel, distribuidores de papel e fornecedores da indústria de papel); sector gráfico; sector editorial; sector postal.

Estima-se que o valor económico acrescen-tado pela cadeia de valor gráfica da Europa totalize 160 mil milhões de euros e corres-ponda a cerca de 5 milhões de postos de trabalho. Pretende-se estabelecer uma acti-vidade pan-europeia comum, para promover a utilização de meios de impressão por pu-blicitários e pelas suas agências, através de

uma rede de organizações nacionais Print Power nos vários países, reforçando, por um lado, a posição da impressão como canal de marketing e publicidade e demonstrando, por outro lado, o aspecto “amigo do ambien-te” da impressão e do papel.

\\Fontes : AIMMP – Associação das Indús-trias de Madeira e Mobiliário de Portugal; ANEFA - Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente; AP-COR – Associação Portuguesa de Cortiça; CELPA - Associação da Indústria Papeleira.

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Munna Peças intemporais e únicas

É uma marca portuguesa, mas as suas peças já conquistaram um público exigente e conhecedor em todo o mundo. Chama-se Munna e alémdos prémios alcançados pelas suas peças de design único é reconhecida por todos como sendo uma marca elegante, contemporânea e criativa digna de estar representada nos melhores espaços a nível mundial.

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Xylon- Uma pequena empresa que já faz história no sector do mobiliário. Como é que tudo começou?Paula Sousa (PS)- A marca de design Munna foi fundada em 2008, em Leça do Balio, com o objectivo de internacionali-zar o design Português através da criação de peças de design próprio que represen-tassem a ideologia da marca: criativida-de, excelência e tradição reinventada. transformar emoções em produtos con-verteu-se então na missão da marca, que deve o seu sucesso a dois factores insepa-ráveis: o processo produtivo e o design.

Xylon- Munna- um nome sui generis para uma empresa com característi-cas especiais. Como surgiu a ideia des-te nome original? Tem sido bem aceite pelos potenciais clientes?PS- Em hindu, MUNNA significa desejo, e em árabe excelência, tal como se pre-tende que sejam as nossas peças: intem-porais e únicas. o nosso objectivo é o de criar peças de design que representem a ideologia da marca: criatividade, excelên-cia, inspiração e fantasia.

Xylon- Quando começaram tinham formação na área. Havia uma ideia de-finida do que pretendiam realizar, ou o projecto foi ganhando contornos preci-sos com o passar do tempo?P.S.- Licenciei-me em design de interio-res no ano de 2000 pela Esad- Escola Su-perior de Artes e Design Matosinhos. Em 2003 integrei um gabinete de design em Milão, onde tive conhecimento directo com o universo das marcas porque nes-se gabinete onde a equipa era constituída por 6 designers de várias nacionalidades, estudávamos o perfil corporativo, os va-lores e a identidade de marcas Italianas para desenharmos um produto que as marcas quisessem no seu portfólio. Du-rante um ano aprendi o conceito de mar-ca e a forma de desenvolver produtos para um determinado conceito. Em 2004 regressei a Portugal para me dedicar à direcção criativa e ao desenvolvimento de design de interiores numa empresa de design no Porto. Durante 5 anos em que actuei nesta área tive conhecimento da realidade da industria portuguesa, co-mecei a desenhar e a produzir peças de design próprias para projectos que de-

senvolvia e aprendi quais os pontos for-tes e fracos desta industria bem como quais as dificuldades que tinha enquan-to profissional de design de interiores. Contudo, sempre desejei contribuir in-ternacionalmente com uma marca de design e em 2008 criei a marca Munna, estabeleci-me por conta própria e iniciei um processo de internacionalização do design português. o meu percurso pro-fissional foi decisivo, só avancei porque estava certa que conseguiria criar um projecto de marca e sabia muito bem o que os meus clientes precisavam, já que tinha estado 5 anos a ser “o meu cliente”.

Xylon- A aposta em processos artesanais de fabrico marca a diferença face à con-corrência?P.S.- A aposta no de-sign e na manufatura é prioritária e funda-mental para a Munna. Estas características representam o valor da marca, o que nos distingue, face ao mer-cado e à concorrência. A maioria dos concor-rentes Munna utiliza a produção industriali-zada, que não permite tanta personalização nem atenção ao de-talhe como permite a produção manual. o cliente ao persona-lizar as peças Munna sente-se parte do processo e participa activamente na se-lecção da estética, sentindo-se envolvido com a marca. A nossa missão de transfor-mar emoções em produtos “materializa-se” nesta possibilidade. A Munna aposta nas técnicas tradicionais portuguesas, na manufactura das suas peças também para contribuir para a recuperação das artes e ofícios e valorizar o trabalho de artesãos que tem uma grande paixão pe-la qualidade e pelo detalhe.

Xylon- Como define os produtos que a Munna produz? Há elementos marcan-tes que possam identificar um objecto como sendo produção vossa?P.S.- A Munna recorre a correntes artís-

ticas do passado como ponto de parti-da para o design dos novos produtos, Hollywood regency, arte Deco, Luis XIV, anos 20 , 30 e 60 são as correntes mais es-tudadas e de onde retiramos o detalhe e o universo criativo.

Xylon- A Munna está vocacionada para um leque de clientes muito específico quer em termos económicos quer em termos de seleção. Isto significa que to-dos os vossos produtos são elitistas, ou possuem uma gama standard?P.S.- os nossos produtos correspon-dem à gama média-alta e de luxo para

responder a um nicho de mercado e às expectativas do mercado em que nos po-sicionamos. temos ainda uma colecção de edição limitada, a colecção Dress Me, dirigida a colecionadores, dada a procura que existe no mercado por mobiliário e design de autor.

Xylon- Tendo por base um conjunto de requisitos que vão desde o design à uti-lização de matérias prima de elevada qualidade, pode afirmar-se que a mar-ca Munna pretende elevar os produtos portugueses ao estatuto de peças de primeira?P.S.- Um dos objectivos da marca passa por internacionalizar e promover o de-sign e o produto Português. Enquanto marca, preocupamo-nos em utilizar os

“Transformaremoções em produtos converteu-se na missãoda marca, que deve o seu sucesso a dois fatores inseparáveis:o processo produtivoe o design“,referiu Paula SousaCEO da marca Munna, no decorrer da entrevistaque concedeu à revista Xylon.

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melhores produtos, a melhor matéria-prima para criar peças únicas de gran-de valor e só assim nos conseguimos distanciar de um mercado massificado . Se com o nosso trabalho mostramos, na-cionalmente como internacionalmente, a qualidade e a arte do design e da manu-factura portuguesa, ficamos muito satis-feitos com isso.

Xylon- Quais os fatores distintivos da vossa marca? O que é que pode levar um cliente a optar por uma peça vossa detrimento de peças da concorrência?P.S.- Somos conhecidos no mercado co-mo uma marca elegante, contemporânea e criativa. os nossos clientes sabem que se trata de um produto de confiança e com uma grande durabilidade. A decisão de compra varia em função do poder eco-nómico do nosso cliente. Para o cliente o design Munna não tem limites é deter-minado, criativo e sofisticado. Importan-te salientar ainda, que o cliente Munna, não compra apenas o produto, mas sim toda a marca, o seu serviço e factores competitvos, como por exemplo os nos-sos prazos de entrega e todo um serviço personalizado.

Xylon- A ideia de luxo está subjacente a todos os vossos produtos. Isso selec-ciona desde logo o cliente-tipo da vos-sa marca. A quem é que as vossas peças são destinadas prioritariamente?P.S.- A nossa estratégia comercial é o bu-siness to business. o público-alvo Munna são designers de interiores, arquitectos, distribuidores, e lojistas, que compram

os produtos para projectos de interiores residenciais e comerciais. Perfil compra-dor, alta e de luxo.

Xylon- O design é uma imagem de mar-ca da Munna que atrai um leque impor-tante de clientes. Há outros elementos importantes que pesem na balança de seleção?P.S.- Sim, claro, creio que a forma como nos relacionamos com o nosso cliente desde o primeiro contacto que tem com a marca, durante todo o processo de aquisi-ção de uma peça, até ao momento de en-trega, faz a diferença. Acredito que toda a imagem e conceito criados em torno da marca, e a forma como temos vindo a co-municar o nosso trabalho, diferencia-nos dos nossos concorrentes.

Xylon- Sendo uma empresa portuguesa há uma preo-cupa-ção em utilizar maté-ria-prima nacio-nal, bem como know-how no fabrico dos vossos produtos?P.S.- A Munna aposta nas técnicas tradicionais portu-guesas, na manufactura das suas peças

também para contribuir para a recupera-ção das artes e ofícios e valorizar o tra-balho de artesãos que tem uma grande paixão pela qualidade e pelo detalhe. Es-te conhecimento, esta arte valoriza o nos-so produto e representa os valores que a marca pretende transmitir, nomeada-mente, a excelência no detalhe e a paixão na execução.

Xylon- Como carateriza o estilo da Munna. Moderno, clássico ou um mis-to?P.S.- os traços estéticos que caracterizam a Munna são o design moderno e clássi-co, elegante e transcendente, intempo-ral e contemporâneo. A Munna recorre a correntes artísticas do passado como ponto de partida para o design dos novos produtos, Hollywood regency, arte Deco, Luis XIV, anos 20 , 30 e 60 são as corren-

tes mais estudadas e de onde retira-mos o detalhe e o universo cria-tivo.

Xylon- Sen-do o processo criativo al-go próprio da marca, como é que as coisas

se processem em termos de produção. A

Munna tem produção pró-pria ou recorre a outsorcing pa-

ra a confecção das peças?P.S. - A Munna não tem produção pró-

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pria, todas as peças são produzidas em Portugal, em pequenas unidades de pro-dução manual. A distribuição é feita a partir destas unidades radicadas na zona norte, através do transporte aéreo, maríti-mo ou terrestre e entregue no cliente, on-de quer que ele esteja.

Xylon- Que exigências é que têm para que um fabricante possa ser vosso par-ceiro?P.S.- trabalhamos com os melhores. Com quem tem paixão pelo design e pela qua-lidade e detalhe. trabalhamos com os mesmos parceiros desde a criação da marca em 2008. Isto mostra que há uma paixão, um envolvimento muito grande e uma compreensão do que é a Munna por parte de todos os nossos fornecedores. Esta relação que temos com quem traba-lha connosco é muito valorizada e muito importante para a marca.

Xylon- Acha que as empresas da fileira do mobiliário ainda estão focalizadas na vertente industrial ignorando o va-lor acrescentado que é o produto final? Ou seja, acha que a maioria dos fabri-cantes nacionais ainda não atribui re-levância ao processo criativo?P.S.- A maioria dos fabricantes ainda não se apercebeu na importância e do papel de uma ferramenta que é a gestão de de-sign, concentrando-se apenas em colo-car produtos no mercado. Esquecendo-se que muito antes disso deve existir ges-tores de design que participam de dife-rentes etapas de um qualquer trabalho de design. Na Munna o processo criati-vo e de gestão do design é fundamental e

NA PRIMEIRA PESSOA

Breve Bilhete de identidAde de Paula SouSa, CeO dA MunnA data de nascimento 24-02-78escolas/universidade que frequentou no distrito do Porto escola Secundária Artística de Soares dos reis; eSAd; escola de jornalismo do Porto;Formação académica design de interiores e mobiliário; Pós graduação em marketing e assessoria de imprensa; Atividade profissionalAdministradora e fundadora da empresa urBAnMint, que detém a marca MunnaFundadora e directora criativa das marcas Ginger & Jagger, design tv, PresskitAdministradora da empresa Creative Culture

Xylon- Como surgiu o gosto por esta área de negócio?P.S.- desde pequena, quando construía casas e moveis para as minhas bonecas.

Xylon- o que significa para si a Munna?P.S.- Paixão

Xylon- Ser mulher, no sentido de possuir uma sensibilidade especial, é uma mais-valia para o desenvolvimento da empresa?P.S.- Sim, ser mulher é uma mais valia em todos os sentidos

Xylon- Como gostaria de ver desenvolver-se a Munna nos próximos anos?P.S.- Gostaríamos de ter um showroom em londres, para fortalecer a imagem da marca , faz parte já da nossa estratégia.

Xylon- Portugal é o local onde quer ver a Munna crescer?P.S.- A Munna é portuguesa, mas pode crescer onde quiser!

Xylon- Quer deixar uma palavra a quem está a começar agora nesta área? Que conselhos daria? P.S.- Que não existem impossíveis, temos de correr riscos, sair da nossa zona de conforto e acreditar que é possível, mas apenas com muito trabalho e dedicação.

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uma mais-valia para a Munna. o proces-so criativo de desenvolvimento da peça, do conceito, da comunicação, divulgação e comercialização é utilizado na nossa empresa em todas as tarefas que desen-volvemos diariamente.

Xylon- Qual o peso da investigação/desenvolvimento do produto dentro da estrutura da vossa empresa? De que forma é que esse vetor contribuiu para o sucesso?P.S.- todo o processo de desenvolvimen-to e de criação de produto Munna im-plica toda uma etapa de investigação. o sucesso das empresas no que diz respeito ao lançamento de novos pro-dutos é fortemente dependente da via-bilidade técnica, económica e comercial associada ao seu produto. Através da in-vestigação e do desenvolvimento do pro-duto, podemos aumentar a garantia de sucesso de de-terminado produto, produ-zir uma peça competitiva, estudar o público-alvo do produto, até ao seu lança-mento no mercado, tudo isto de acordo com a es-tratégia e os valores da marca. Investimos 25% do nosso tempo em in-vestigação, ainda que estejamos diariamente a investigar e atentos a todos os detalhes em todos os momentos.

Xylon- Actualmente cerca de 90% da

sua produção, operando essencialmen-te como “business to business”. Esta foi uma opção da marca ou uma exigên-cia do mercado?P.S.- Deve-se à estratégia de internaciona-lização da marca, desde 2008 que a apos-ta é nos mercados externos porque têm maior dimensão e capacidade de absor-ção dos produtos da marca do que Por-tugal. Contudo, acredito que podemos crescer no mercado doméstico, através da participação em projectos privados e de cliente particulares.

Xylon- Quais as características e ne-cessidades que distinguem o consu-midor nacional do estrangeiro? Que análise lhe suscita o mercado actual?P.S. - o público em geral é muito exigen-te e quer ter a peça com a máxima quali-dade, com todos os detalhes pensados e

bem executados, independentemente se for nacional ou internacional. No nosso mercado e naquela que é a realidade do

consumidor Munna, a grande diferença que pudemos indicar é de facto o maior poder de compra, maior procura e maior mercado que existe internacionalmente.

Xylon- Algumas das peças de mobi-liário podem ser vistas em hotéis co-mo o Four Seasons, no Azerbeijão, o James’Court ou o London May Fair, em Londres, no La Maison Favart, em Marivaux, França, ou no Murmuri de Barcelona. Que outros mercados pre-tendem atingir a curto ou médio prazo?P.S.- A Munna já comercializa para o mer-cado americano. recentemente fizemos uma parceria e temos um parceiro em Miami, na zona do design district, que tem um showroom com peças Munna, queremos fortificar este mercado. Este ano comercializamos pela primeira vez para Hong Kong, estamos a investir nes-

se mercado também.

Xylon- Qual o volu-me de vendas da Mun-na. Como se processou o crescimento desta marca detida pela Ur-banMint desde a sua criação?P.S.- Em 2012, o volu-me de negócios Munna rondou os 480.000 eu-ros. Para 2013, está pre-visto um crescimento na ordem dos 25 %.

Xylon- Num período de crise, como é que se sentem por pertencer a uma

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empresa que tem registado um cres-cimento tão significativo ao longo dos anos?P.S. - Estamos contentes e confiantes com a estratégia que definimos para a empre-sa e acreditamos em Portugal e no design português. Sentimos orgulho claro, mas uma enorme responsabilidade de elevar os padrões de qualidade do serviço, criar peças de design irresistíveis e apostar-mos na produtividade. Essa é a determi-nação.

Xylon- Que palavras usaria para ex-plicar o sucesso meteórico da Munna quer no mercado nacional quer no mer-cado internacional?P.S.- Nos últimos 5 anos a MUNNA tem vindo a consolidar a sua presença tanto no merca-do nacional como in-ternacional, como havia definido desde a criação da marca em 2008. o suces-so que a marca tem vindo a alcançar é fruto de uma en-trega, paixão e dedicação à mar-ca muito grande. Acredito que quando se trabalha com paixão pelo que se faz esse sentimento traduz-se nas peças que criamos, o que as torna úni-cas e apelativas. obviamente, que exis-te também um grande investimento na comunicação da marca e do trabalho de-senvolvido. Para além da participação regular da marca nos maiores eventos de design do mundo como a Maison & objet em paris, o Isaloni em Milão e o London Design Festival em Londres, on-de fazemos encontros regulares com os membros da imprensa a marca investe em assessoria de imprensa internacional de forma a comunicar, através dos media, com os profissionais do sector. Investi-mos também em social media manage-ment (redes sociais como o facebook, twitter, pinterest) e estamos actualmen-te a definir o conteúdo para o blogue da marca para comunicarmos valores emo-cionais e integrarmos ainda mais o nos-so cliente no universo da marca.Investimos também em vídeos institu-

cionais e de marca para divulgar a histo-ria Munna e em acções de marca, como jantares com clientes nos vários locais espalhados pelo mundo com peças Mun-na, inclusivamente em Portugal.

Xylon- Vários prémios têm reconheci-do esse sucesso. Quer referir alguns e o que é que eles significaram na vida da empresa?P.S.- os prémios que a marca tem vindo a receber são en- carados por todos nós como si- nal de que o trabalho que tem vin- do a

ser desenvolvido, tem sido bem feito e de uma forma sustentada. Em 2012, a marca viu ser reconhecida internacionalmente a poltrona Becomes me, da colecção Feti-che, com o prémio “International Product Design Award 2012” entregue numa ceri-mónia em Londres.

Xylon- As empresas são acima de tudo as pessoas que a compõe. Como classi-fica os recursos humanos da Munna? Isso permite-lhes estabelecer uma re-lação de proximidade com os clientes?P.S.- Uma das principais preocupações da nossa marca é de facto o cliente e a sua satisfação. Em alguns casos, não te-mos a possibilidade de conhecer o clien-te de perto e portanto, há de facto todo um investimento na formação de toda a equipa Munna, para que o cliente se sinta confortável, esclarecido e seguro duran-te todo o contacto que tem com a marca.

Muitos dos nossos clientes já o são há vá-rios anos, portanto acredito que estamos a fazer um bom trabalho nesse sentido.

Xylon- A participação em feiras da es-pecialidade tem permitido a divulga-ção da marca?P.S.- Cerca de 90% dos nossos produtos são vendidos para clientes estrangeiros. Sempre que participamos numa feira in-ternacional, sentimos que a procura das nossas peças aumenta significativamen-te, porque o mercado internacional ab-sorve muito bem o conceito da marca, a produção artesanal aliada ao design, con-ceitos em extinção que são muito apre-ciados. Participar nas feiras estrangeiras

permite essencialmente à marca comunicar os seus valores e

estar próxima de onde os negócios acontecem, são óptimas oportuni-dades para socializar-mos com os clientes e estarmos a par do que está a acontecer no mercado . Paralela-mente a isso é uma ex-celente oportunidade para encontros com

os media e com agentes mobilizadores.

Xylon- A certificação pode ser conside-rada uma mais-valia numa empresa de mobiliário? De que forma?P.S.- No nosso caso a certificação dos ser-viços no nosso caso sim.

Xylon-Quais os principais projectos para o futuro, acreditando que a criati-vidade da Munna ainda só está a dar os primeiros passos?P.S.- Entre os principais projectos pode-mos adiantar que:• A marca vai continuar a participar nos principais eventos de design mundiais, nomeadamente no Salão Internacional do Móvel de Milão de 9 a 14 de Abril, e de 21 a 23 de Maio estaremos em Lon-dres para participar pela primeira vez na Clerkenwell.• Está previso para 2013 o lançamento de uma nova colecção;• Pretendemos cimentar a nossa presen-ça nos Estados Unidos, China e Polónia.

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ESPECIALISTASNO NEGÓCIO ‘CHAvENA MÃO’Serviços de elevado nível na área de aconselhamento técnico, financiamento, assistência técnica, formação e oferta de equipamentos tecnologicamente evoluídos, fiáveis e competitivos são as fórmulas do êxito da Marjos, empresa líder no comércio de equipamentos para a indústria da madeira.

A lógica de pareceria com os clientes foi desde a sua fundação o modelo adoptado pela Marjos para vencer no mercado. O au-xílio não é meramente técnico, visto que a empresa tem a tradição de financiar pro-jectos de clientes que considere serem de referência. A estagnação do mercado euro-peu tem contribuído para incentivar a marca a apostar na sua internacionalização, pelo que nos últimos anos tem investido em re-giões estratégicas, nomeadamente países de Leste (Europa), América do Sul e África (Angola e Moçambique). Além do mais, a Marjos é a única organização no comércio de equipamentos para a indústria da madei-ra que detém a certificação NP EN ISSO 9001:2008 pela APCER.

empreeNdedor assUmidoA Marjos – Equipamentos Industriais, SA é líder no seu ramo em Portugal, posição que conquistou em finais da década de 80 e início de 90. A empresa acabaria por obter um novo posicionamento no mercado com a entrada no capital social dos italianos SCMGROUP, que são um dos fabricantes do sector mais conceituados no panorama mundial. Tal ocorreu em 2001. O cresci-mento e expansão da marca assente numa estratégia de proximidade com o cliente le-vou a Marjos a abrir uma filial na Batalha, em 2002, que se juntou à sede que entre-tanto foi transferida para Vila do Conde.

No ano seguinte, a empresa dá um salto importante rumo à internacionalização dos seus produtos. Entra no mercado brasileiro com a abertura de uma unidade em Curiti-ba (Paraná), onde contou com o auxílio de um novo sócio fabricante brasileiro, o Tec-matic. Esta filial dedicou-se à concretização de ‘projectos chave na mão’ e tem sido soli-citada para planos de grande envergadura. Actualmente, é uma referência na área dos pisos e do MDF, mesmo após ter terminado a parceria SCM e Marjos no Brasil. A filial brasileira está dedicada à venda de equi-pamento para marceneiros e mantém a sua especialidade ‘projectos chave na mão’. A empresa brasileira é um importante ‘porto’ para os clientes portugueses que procuram iniciar negócios naquele país.

FoCo Na lideraNÇaA Marjos foi fundada em 1980, pelo enge-nheiro Amaro Martins e dois sócios (ex-co-laboradores). Nasceu com a finalidade de vender equipamentos e serviços para a in-dústria da madeira, especialidade do cria-dor que tinha participado anteriormente em vários projectos no sector da madeira e cortiça.

A empresa começou por operar em Por-tugal, tendo alargado o foco aos países africanos de língua portuguesa, Angola e Moçambique. Foi sempre desejo do fun-

dador dinamizar as operações comerciais entre Portugal e África, nomeadamente através da concretização de “projectos in-tegrados chave na mão”. A marca acabaria por abandonar as operações em solo afri-cano na década de 90 devido à instabilida-de que se vivia nestes países.

missão para Com o ClieNTeO percurso da Marjos pauta-se pela mu-dança e inovação, tendo-se afirmado líder incontestável no mercado português, sen-do responsável pela maioria dos projectos efectuados no sector das madeiras, car-pintarias em geral e mobiliário. A base é sempre uma política baseada na criação de parcerias com os seus clientes.Existem várias filiais Marjos a operar a ní-vel Internacional, sendo reconhecidas como “Players” de referência nos vários países onde operam, o que contribui para a boa credibilidade da empresa.Para proporcionar aos clientes as melhores soluções de equipamento para as Indus-trias da Madeira, Pedra, Vidro, Plástico e Materiais Técnicos, através de:

. Equipamento Tecnologicamente adequado. Valor Competitivo:. Capacidade Global:. Foco no Cliente:. Elevado nível de serviços:

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1986 TROFÉU ‘MEJOR SERVICIO’ DE PORTUGAL

1994 PME PRESTíGIO(distinção atribuída pelo Banco Nacional Ultramarino)

1995 PME PRESTíGIO(distinção atribuída pelo Banco Nacional Ultramarino)

1997 PME PRESTíGIO(distinção atribuída pela Caixa Geral de Depósitos)

1998 PME PRESTíGIO(distinção atribuída pela Caixa Geral de Depósitos)

2000 PRÉMIO MOBIS(Melhor Fornecedor de Máquinas e Equipamentos)

2002 PRÉMIO MOBIS(Melhor Fornecedor de Máquinas e Equipamentos)

2003 PRÉMIO MOBIS(Melhor Fornecedor de Máquinas e Equipamentos)

2004 PRÉMIO MOBIS(Melhor Fornecedor de Máquinas e Equipamentos)

2006 PRÉMIO MOBIS(Melhor Fornecedor de Máquinas e Equipamentos)

2007 PRÉMIO MOBIS GOLD

2009 PRÉMIO MOBIS GOLD

» Acabamento | Alto Brilho» Acabamento | robot | Linha de Pintura» Afiadores» Alinhadeira» Aplicadoras de Cola | Misturadoras» Ar comprimido» Automatismos | Movimentação» Briquetadoras» Centros de trabalho CNC» Consultoria | Projectos» Destroçadores» Emalhetadeiras» Embalagem» Escovadoras» Esquadrejadoras» Fabricação de Janelas e Portas» Ferramentas de corte» Furadoras de Linha» Furadoras | respigadeiras» Galgadeiras | Perfiladoras Duplas» Geradores de Alta Frequência» Guilhotinas» Inserimento de Ferragens e Dobradiças» Instrumentos de Medição» Lixadoras de Molduras | Paineis» Lixadoras | Calibradoras» Máq. Furar e meter Cavilhas» Máquinas de Juntar Folha» Máquinas para cortes em “V”» Máquinas tradicionais» Molduradoras» Montagem» Multifuradoras» Multiserras» optimizadores de Corte | Linhas de optimização» orladoras de rectos» orladoras de redondos» Pellets» Prensas» respigadeiras» revestimento | Laminação» Secadores de Madeira» Seccionadoras» Serra de corte 1/2 Esquadria» Serras de Fita» Serras radiais» Serras Verticais» tupias» traçadores

QUALIDADE RECONHECIDA

PRODUTOS MARJOS

valores ambiCiososSão códigos de conduta e princípios éticos rigorosos que contribuem para o sucesso desta empresa. Na Marjos existem metas para alcançar, desafios contínuos para que as equipas ultrapassem os seus próprios li-mites. A marca quer manter a liderança e para tal é fundamental que crie valor sus-tentável para a empresa.Como procuram constantemente soluções direccionadas para o cliente, a Marjos gos-ta de assumir riscos calculados, de inovar e introduzir novas abordagens às suas so-luções. A empresa destaca-se por monito-rizar as mudanças ambientais na área de negócio onde opera. Sempre atenta, equa-ciona constantemente a entrada em novas áreas, a possibilidade de novas parcerias e está atento às oportunidades que vão sur-gindo a nível nacional e internacional.Além de incrementar as boas práticas am-bientais, a Marjos assume como prioridade as relações com os seus clientes, fornece-dores e colaboradores, pelo que todos os processos são pautados por transparência

e integridade.Promover o de-senvolvimento das competências dos colaboradores e assegurar a comu-nicação entre to-dos os envolvidos para garantir o su-cesso da empresa são valores da po-lítica de qualidade. A marca procura satisfazer as enco-mendas no prazo de entrega previs-to e responder aos requisitos, exigên-cias e expectati-vas de todos os interessados.Tudo para melho-rar continuamente a eficácia do Sis-tema de Gestão da Qualidade atra-vés da sua revisão e dos objectivos

estabelecidos.

Áreas de NeGóCioSão inúmeras as áreas de negócio da Marjos. Contudo, o ‘core-business’ da empresa é de facto a venda de equipa-mento para indústrias da madeira e cor-tiça. Existem soluções para todos os subsectores destas duas indústrias, pelo que representa as marcas mais concei-tuadas do ramo. A empresa tem equipa-mentos adequados para todo o tipo de empresas desde as pequenas às médias e grandes entidades industriais que pro-curam soluções de tecnologia de ponta. A Marjos disponibiliza ainda equipamen-to de ocasião, com garantia e adequado às necessidades da indústria da madeira e cortiça. A venda de equipamentos está igualmente disponível para o estrangeiro. Por outro lado, a empresa tem investido numa outra área de negócio: a que estu-da e vende todo o tipo de máquinas CNC para as indústrias da pedra, vidro, plásti-co e outros materiais. Todos os produtos dispõem de assistência pós-venda.

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No rescaldo de mais uma participação da Mida na Expobois 2012, que decorreu en-tre 8 e 11 de Fevereiro, em Paris, a Mida volta a levar os seus produtos ao mundo empresarial internacional. No stand da fei-ra, no hall E7, a empresa de máquinas in-dustriais mostrou por que razão continua a expandir-se além-fronteiras.

Um soNho TorNado real

Em 1951, Alfredo Abreu lançou-se na aventura da sua vida, materializando o desejo de conseguir criar máquinas para trabalhar a madeira num conceito diferen-te do que vigorava na altura. Nesse ano, fundou a empresa Máquinas Industriais do Ave, cuja abreviatura viria a tornar-se na marca mais falada: MIDA.

Desde logo se destacou dos concorren-tes por pretender dar um novo cunho às suas máquinas. Alfredo Abreu sabia o que queria e tinha uma visão avançada para a sua época, pois considerava que a inova-ção era o elemento chave para a diferen-ça. Assim, com inovação e robustez, o seu trabalho foi sempre reconhecido e no pe-ríodo pós-guerra deu-se a mudança da fá-brica para instalações mais amplas e mais adequadas às novas exigências do consu-midor. Sempre desafiadora e empreendedora, a marca fez a sua primeira participação nu-ma das feiras internacionais mais concei-tuadas do setor, em 1961, na Ligna, em Hanover. Apresentou-se com uma plai-na de quatro faces e viria a ser a primei-ra empresa portuguesa atuante nesta área

Conta mais de meio século de vida e mantém ainda hoje os valoresque fizeram desta empresa uma marca reconhecida internacionalmente. Inovação e robustez são as bandeiras da MIDA, cujo nome ainda é sinónimo de plaina de quatro faces, uma das invenções pioneiras desta fábricae que é reconhecida a nível mundial. Apesar dos desafios da modernidade, a MIDA continua a somar sucessos. Tudo porque nunca perdeu o rumo nem deixou de perseguir o avanço tecnológico. Os seus produtos estão presentes em mercados ecléticos,desde a Europa aos emergentes africanos ou América e Ásia.

a expor fora do país. A apresentação no certame foi um sucesso e o nome MIDA começou a ser citado no mercado interna-cional, pois foi uma das pioneiras na con-ceção deste tipo de máquina, que ainda hoje é o produto emblemático da marca.

voCaÇão exporTadora

Em 62 anos de existência, a MIDA mantém a sua tendência para perseguir a inovação, de modo a manter o seu cunho exportador e pioneiro. A paixão pelas novas tecnolo-gias tem levado a constantes pesquisas e contínuo aperfeiçoamento das máquinas. A MIDA tem alcançado patentes e prémios muito importantes no âmbito da inovação, como o “International Inventors’ Show”, em Bruxelas, ou o “USA Commissioner of Pa-

MIDAInovação e robustez

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empresas

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Plainas molduradoras• PLAINAS 4 FACES• PLAINAS DE 2 FACES• DESENGROSSO DE MESA FIXA

Preparação de ferramentas• LIMADORES• TENSIONADORES

Máquinas para serração• MÁQUINAS COM DISCOS• MAQUINAS COM FITA DE SErrA• CARROS PORTA-TRONCOS• MONTAGEM DE SERRAÇÕES CoMPLEtAS

Recondicionamentode máquinas• EXEMPLOS DE rECoNDICIoNAMENto

Máquinas convencionais• FURADORES POR CORRENTE• GD500• SERRAS DE FITA• DESENGROSSOS• MÁQUINAS COMBINADAS• GARLOPAS• SERRAS ESQUADREJADORAS• CALIBRADORAS• TUPIAS• MOLDURADORAS

LÍDER EM INOvAÇÃO

tents and Trademarks”. O crescimento da empresa e o alargamen-to do seu perfil exportador reflete-se nas duas fábricas que a MIDA detém e que to-talizam quase 27 mil metros quadrados.

prodUTo-emblema

As plainas da MIDA foram originalmen-te concebidas para o trabalho da madeira verde, já que o seu sistema de arrasto, a potência dos motores e o fixe em fundição (1) garantem que qualquer tipo de madei-ra (resinoso, húmido) pode ser trabalhado em uma, duas, três ou quatro faces. Estas máquinas podem ser equipadas com ferra-mentas para moldurar nas tupias verticais e lâminas estriadas para perfilar na árvore superior (3). Podem igualmente aplainar e moldurar numa só passagem, o que faz das plainas desta marca a máquina ideal para trabalhar vigas de madeira.Apesar de poder ser usado em grandes secções de madeira, este produto também está apto a trabalhar madeira de secção reduzida, peças tão pequenas como 12 x 80 mm. A sua capacidade de trabalho má-xima vai até 700 mm de largura e 350 de altura, o que se pode considerar como am-pla para a maior parte das necessidades dos nossos clientes.

Há que destacar que todas as plainas da MIDA são equipadas com o sistema pa-tenteado SAS (Sistema de Arrasto Sincro-nizado). Este mecanismo permite manter uma quantidade uniforme de marcas de corte e evita o esforço entre a mesa e a árvore superior, qualquer que seja a dure-za da madeira. Nas plainas MIDA, seja qual for o modelo, não existem rolos loucos, ou seja, sem serem motorizados.

oUTras mais-valias

Sabia que a MIDA faz o recondicionamento de máquinas antigas de qualquer marca? A empresa coloca-as dentro das normas de segurança previstas no D.L. 50/2005 de 25 de Fevereiro. As máquinas são en-tregues ao cliente já com o certificado de conformidade emitido por um organismo oficial. Além de passarem a obedecer às normas exigidas pela A.C.T., as máquinas antigas recondicionadas na MIDA são res-tauradas e, caso necessário, reparadas, fi-cando como novas.

A MIDA faz o estudo, a montagem e ins-talação de serrações e carpintarias com-pletas, chave-na-mão. A empresa tem uma equipa experiente à sua disposição para dar o apoio necessário aos clientes. É res-ponsável por fazer o estudo de implanta-ção das máquinas; fabricar à medida em função do trabalho e das quantidades que pretende obter; montar e instalar as má-quinas e o sistema de aspiração; dar for-mação aos utilizadores do equipamento.

Em outubro, a MIDA participará na feira Baltic Forex Expo (stand L8), na Letónia. O certame está agendado para os dias 5 e 6 de Outubro e a marca espera conseguir consolidar ainda mais a sua presença em mercados como os dos países Bálticos. A empresa quer conquistar novos clientes e continuar a promover a sua política de pro-ximidade com os seus consumidores.

‘Apresentou-se [na Ligna, Hanover] com uma plaina de quatro faces e viria a ser a primeira empresa portuguesa atuante nesta área a expor fora do país’

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Florestas plantadas contribuempara o ecossistemaSabia que as florestas plantadas podem contribuir para o ecossistema? E que o Brasil é destaque internacional devido à sua qualidade de madeira, conseguida a partir de aprimoramentos genéricos? Confira algumas informações interessantes a respeito do setor de celulose e papel:

• Do cultivo das árvores à reciclagem dos produtos, a cadeia produtiva do setor de celulose e papel do Brasil é umas das mais sustentáveis do mundo.

• 100% da madeira utilizada na fabricação de celulose e papel têm origem em flores-tas plantadas de eucalipto e pinus, espécies cultivadas especialmente para este fim.

• As florestas plantadas do setor brasileiro de celulose e papel apresentam excelen-tes níveis de produtividade – maior rendimento de celulose por metro cúbico de ma-deira por hectare a cada ano (m³/ha/ano) – quando comparadas às de outros países. No Brasil, a produtividade média das florestas de eucalipto é de 44 m³/ha/ano, en-quanto a das florestas de pinus é de 38 m³/ha/ano.

• No Brasil, o consumo de água para plantação de florestas equivale ao consumo de água das principais culturas agrícolas.

• De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para ser con-siderado reciclado, o papel deve conter pelo menos 50% de fibras recuperadas (pós-consumo ou pré-consumo) e, no mínimo, 25% de material pós-consumo (aquele que chegou até o consumidor, foi utilizado e, então, recuperado).

• Segundo estimativas da ONU, até 2050 a população mundial deve chegar a 9 biliões de pessoas. Esse cenário aponta boas perspetivas de crescimento para a indústria de celulose e papel, em especial no consumo de papel pelas áreas de alimentação, higiene pessoal e educação. O foco é continuar aumentando a produtividade das flo-restas plantadas, por meio de novas tecnologias e desenvolvimento genético, e, ao mesmo tempo, gerar valor socioambiental, assegurando a posição brasileira como ex-poente sustentável no cultivo e no beneficiamento da madeira de florestas plantadas.

• A alta produtividade e a qualidade da madeira obtidas nos últimos anos – principal-mente como resultado de pesquisas de melhoramento genético e de técnicas silvi-culturais – são características que destacam o Brasil no cenário internacional. Além disso, as práticas do setor nacional de celulose e papel têm sido constantemente re-visadas e aprimoradas, sempre observando a sustentabilidade e a legislação aplicá-vel. Em conjunto, esses fatores atraem investimentos ao País e fazem das florestas plantadas grandes aliadas do desenvolvimento socioeconômico no campo ao mesmo tempo em que contribuem para reduzir a pressão sobre as florestas naturais.

Fonte: Madeira Total

JEAnS SUSTEnTávEl FAbRICADo CoM FIbRAS DE MADEIRADE EUCAlIPTo

A tecnologia dispensa o uso de produtos químicos nocivos à saúde e diminui o uso de água. Um novo tipo de jeans desenvolvido por pesquisadores escoceses pode ajudar a reduzir as emissões de carbono pela indústria de tecido. O produto batizado de Tencel é fabricado com fibra de madeira de eucalipto.A invenção é dos estudantes da Escola de Têxteis e Design da Universidade Heriot-Watt. O Tencel é produzido de maneira simples e deve substituir o algodão. A tecnologia dispensa o uso de produtos químicos nocivos à saúde e diminui o uso de água. A fabricação de um jeans de algodão usa, em média, 42 litros de água e consome muita energia. O jeans sustentável usa apenas um quinto de água, energia e outras substâncias necessárias na produção do jeans convencional. Dawn Ellams, coordenadora dos estudos, afirma que o novo método pode reduzir as emissões de carbono na indústria de roupas. Além disso, pode poupar boa parte da água que seria usada na confecção da versão comum. O Tencel é mais sustentável porque é fabricado com fibras de Eucalipto. Ele também tem rendimento dez vezes maior que o algodão. Segundo Ellams, as questões sobre sustentabilidade relacionadas com a fabricação de peças de algodão já é algo compreendido. No entanto, o uso do algodão não mostra sinais que vai diminuir. Outro ponto de destaque é que os pés de eucalipto não exigem o uso de pesticidas e irrigação artificial. Diferente do algodão, os genes não passam por manipulação. A ideia de Ellams agora é descobrir como aprimorar e popularizar a nova técnica. Isso porque ela ainda é mais cara do que a confecção de tecidos com algodão.

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obiliárioXYLON PORTUGAL | 41

Designer transforMa restos De MaDeira eM Mobiliário De luxo PEÇAS EXCLUSIVAS Restos de madeira podem virar deco-ração? Com design esculpido pela pró-pria natureza, as criações da designer Mônica Cintra se valorizam pela exclu-sividade. Outro diferencial é a variedade de composições adaptadas às peças de madeira, como inox, vidro, espelho e acrílico que complementam a beleza rústica com modernidade e perfeição. Em bancadas de cozinha, banheiro, me-sas e esculturas, a madeira é a matéria prima de todos as peças artesanais. A própria designer também presta o ser-viço de manutenção das peças, pois ca-da árvore tem um tempo de secagem.

SABIA QUE...Um designer de Águeda desenvolveu uma bicicleta feita parcialmente com sobras da indústria da madeira. A Angel está pron-ta para ser produzida em série e já tem interessados no estrangeiro.o lado emocional.

Seiscentos e 76 metros cúbicos de madeira em touro foram explorados no Moxico em 2012, por madeireiros locais, segundo o diretor do Núcleo do Instituto do Desenvolvi-mento Florestal (IDF) do país, Isaac Victor. De acordo com o responsável, a exploração foi feita nas comunas de Lucusse, Cangumbe e arredores da cidade do Luena (municí-pio do Moxico/sede), Muacandala (município do Kamanongue) e no Luau. Atualmente o IDF controla 12 madeireiros nacionais, dos quais, apenas dois possuem serrações móveis, meios distribuídos pelo governo local e as árvores mais exploradas são no-meadamente, o mussivi, mutongo, mussesse, mucula, mumanga e chicamba, pela sua dureza. A maior parte da madeira produzida, sobretudo a do mussivi, por ser uma espécie de extrema utilidade tem sido usada nas áreas de construção civil e confecção de mobiliá-rio. Isaac Victor disse que nos próximos anos a exploração poderá aumentar para mais de 18 mil metros cúbicos por ano, tendo considerado as virgens florestas existentes na província e as necessidades atuais na área de construção civil. Solicitou às instituições de direito, principalmente, os bancos a concederem crédito à esses empreendedores, porque a maioria prática a exploração artesanal o que reduz a produção. O responsável condenou o abate indiscriminado de árvores para o fabrico carvão e a prática da caça nas zonas rurais, bem como a exploração ilegal do mel, in-fracções mais registadas naquela instituição. Para contrapor a situação, o IDF realiza ações de sensibilização dos munícipes sobre-tudo, os que fazem destas atividades o seu ganha-pão. A essas pessoas aconselhou a procurarem as estruturas indicadas para se legalizarem.

ANgOlAEXPLORADOS MAIS DE 676 METROS CúBICOS DE MADEIRA EM TOURO

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ECO-DESIGN ganhos para a indústria

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1. 2.

3.

Os actuais modelos de produção e consu-mo causaram nos últimos anos uma série de problemas ambientais provocados por um consumo excessivo dos recursos e um aumento na produção dos resíduos, emis-sões atmosféricas e derramamentos, com uma repercussão directa na economia e na sociedade. Perante esta situação, a União Europeia, dentro da sua estratégia de de-senvolvimento sustentável, propõe medi-das direccionadas ao sectorindustrial, no sentido de promover a produção e consu-mo de produtos que respeitem o ambiente, entre as quais se inclui: favorecer a ino-vação ecológica, favorecer os serviços de comércio internacional de produtos e ser-viços que respeitem o ambiente, promover a contratação pública ecológica e fomentar as boas práticas de produção e consumo sustentável no âmbito internacional.

Além disso, a actual situação económica, marcada por um ambiente cada vez maiscompetitivo internacional e direccionado a uma sociedade que exige, gradualmente,produtos e serviços diferenciados, obriga a que as empresas tenham que avançar comnovos modelos denegócio e a desenvolver produtos ou serviços inovadores, de forma a melhorar a sua competitividade.

Da necessidade das empresas de melhorar a sua competitividade, tendo em conta umaprodução e consumoque respeitem o meio ambiente, surge o conceito de Eco‐Inova-ção, que abrange todas as actividades de inovação que tentem ou consigam evitar ou reduzir o risco de poluição ambiental e outros impactos negativos provenientes da utilização dos recursos, ao longo do ciclo de vida das actividades em questão: no-vos processos de produção, novos produ-tos ou serviços e novos métodos de gestão e negociação, conjugando as estratégias empresariais e os benefícios económicos, com o desenvolvimentosustentável e o cui-dado ambiental.

Para alcançar estes objectivos, o Eco‐Designpode ser uma ferramenta útil para as empresas, já que permite identificar os aspetos ambientais mais significativos do produto, ao longodo seu ciclo de vida, agindo sobre o mesmo, usando na maioria dos casos, materiais,componentes e tecnologias inovadoras.

Existem diferentes ferramentas de Eco‐Design, algumas de carácter geral e outrasvoltadas para um determinado produto ou sector, cuja aplicabilidade no sector indus-trial é, em muitos casos , reduzida, princi-palmente devido à falta de informação e formação, que as empresas têm sobre a forma de utilizar essas ferramentas. Por isso, é necessário promover o desenvolvi-mento de novas soluções de design para os seus produtose/ou serviços, através do uso de novos materiais, processos de pro-dução que respeitem o meio ambiente e novas estratégias de negócio sustentáveis.

Planet DesIgnO projecto PLANET DESIGN Innovation through Design for a Competitive and Sustainable Society é um projecto financiado pelo Programa MED, Programa Europeu de Cooperação Territorial e Transnacional (2007‐2013) com uma duração de 30 meses (Inicio: Abril 2009; fim: Setembro de 2011) e um orçamento num total de 1.439.250 .

Este projecto destina-se a empresas da in-dústria de madeira e móveis de Valência,

Âmbitode aplicaçãodo projetoPLANETDESIGN

região da Lombardia(Itália)

3.

região do Algarve (Portugal)

1.

região de Valência(Espanha)

2.

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na Espanha, na região da Lombardia, na Itália e na região do Algarve, em Portugal, regiões incluídas no âmbito do Programa MED 2 .

O consórcio encarregue da gestão e exe-cução do projecto é formado por empresas e instituições espanholas, italianas e por-tuguesas, localizadas dentro do escopo do projecto. Além disso, este consórcio tem o apoio da Região da Lombardia e a Trienal

de Milão, no que diz respeito à divulgação e gestão dos projectos. Oobjectivo principal do projecto PLANET DESIGN é de prestar um serviço que apoie as empresas do sector da madeira e do mobiliário, para um desenvolvimento de novas soluções de design baseadas em três princípios: inovação, estética e a sustentabilidade, no sentido de melhorar a competitividade e contribuir para a produção e para um

consumo mais respeitador do ambiente. De forma a cumprir este objectivo principal estabeleceram-se os seguintes objectivos secundários: › Preparar um roteiro que mostre a evolução da sociedade, as suas tendências de consumo, novas tecnologias, etc.., que ajude as empresas do sector de madeira e mobiliário, a estabelecer metas a médio prazo, bem como, o melhor caminho a seguir, de forma a melhorar a sua competitividade ;

› Desenvolver uma série de ferramentas de suporte à concepção e desenvolvimento de produtos inovadores e sustentáveis e que agreguem critérios ambientais, integrados com outros critérios de concepção, tradicionalmente considerados no design de mobiliário (funcionalidade, estética, tendências de consumo actuais e futuras, etc) ;

› Elaborar um painel de possíveis estratégias que fomentem as empresas do

sector a desenvolver ideias mais inovado-ras e sustentáveis de design ;

› Validar os resultados obtidos no projecto, através de casos práticos aplicados no sector da madeira e móveis.

Os principais benefícios que se esperam alcançar, para as empresas do sector de madeira e mobiliário, com o projecto PLANET DESIGN são:

› Melhorar a competitividade, colocar no mercado de produtos inovadores e sustentáveis, pode contribuir para reforçar a imagem de marca e o acesso a novos mercados, os que exigem produtos que respeitem o ambiente (por exemplo, a contratação pública ecológica), antecipando‐se assim a futuras tendências de consumo ;

› Cumprimento da legislação e regulamentos ambientais, porque na concepção do produto, deve‐se ter em conta os requisitos legislativos e regulamentares aplicáveis ao sector (por exemplo, a

Principais limitações no design do produtono setor da madeira e do mobiliário(expresso em percentagem do total das empresasque tem limitações no design)

PREÇO DE MERCADO

TENDÊNCIAS DE DESIGN

CARACTERÍSTICAS DA LINHA DE PRODUÇÃO

CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS IMPOSTAS PELO MERCADO

REGRAS

OUTRAS LIMITAÇÕES

PATENTES ESTRANGEIRAS

FALTA DE COORDENAÇÃO COM DESIGNERS EXTERNOS

57%42%

38%19%

14%8%7%3%

MELHORIA DA IMAGEM DA EMPRESA

REQUISITOS LEGISLATIVOS E/OU POLÍTICA

REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS AO PRODUTO/PROCESSO

CONFORMIDADE COM AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO

REDUÇÃO DE CUSTOS

ACESSO A SUBSÍDIOS, SUBVENÇÕES OU ISENÇÕES FISCAIS

PARTICIPAÇÃO EM COMPETIÇÕES E CONCURSOS PÚBLICOS

72%61%

56%53%

31%22%19%

Principais benefícios da implementaçãode medidas de melhoria ambiental (expressoem percentagem do total das empresasque tenham obtido qualquer benefíciocom a implementação de medidas de melhoria ambiental)

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legislação sobre resíduos, emissões de compostos orgânicos voláteis, COV’s, etc.)

› Redução dos custos de fabrico e distribuição, incorporando critérios ambientais no design do produto, que permitem identificar e eliminar ineficiências no processo de produção, que resultem numa economia dos custos de fabrico e distribuição, por exemplo, através da optimização do consumo de matérias‐primas e outros recursos necessários no processo de produção (água, energia, acondicionamento e embalagem, etc.), optimização da unidade de carga, etc ;

› Melhoramento da qualidade do produto, pois com o desenvolvimento de novas soluções de design, não só é possível reduzir os impactos ambientais associados ao ciclo de vida do produto, como podem ser feitas melhorias na qualidade do produto, aumentando a sua durabilidade e funcionalidade, tornando‐os mais fáceis de reparar e reciclar;

› Fácil implementação

de ferramentas de melhoria ambiental, tanto de processo como os sistemas de gestão ambiental (ISO 14001 ou EMAS), como no produto (norma de Eco‐design UNE 150.301, rótulos ecológicos, como a flor Europeia, etc.), já que a incorporação destes critérios ambientais no design do produto permite cumpriralguns requisitos estabelecidos nestes sistemas, o que facilita a sua posterior implementação ;

› Melhorar a imagem da empresa, perante os seus clientes e a sociedade em geral devido a uma maior participação e compromisso da empresa para com o meio ambiente.

O programa MED abrange as regiões cos-teiras do Mediterrâneo de nove estados membros da União Europeia (Chipre, Fran-ça, Grécia, Itália, Malta, Portugal, Espanha, Reino Unido e Eslovénia) e expande a sua área de actuação a países mediterrânicos, candidatos ou potenciais candidatos, a for-marem parte da União Europeia.

revoluçãocom materIaIseco-sustentáveIsNo sentido de respeitar as novas regu-lamentações ambientais no fabrico de mobiliário, um conjunto de entidades por-tuguesas, italianas e espanholas encon-tram-se a desenvolver o Planet Design que utiliza materiais ambientalmente favoráveis e tecnologias limpas na indústria imobiliá-ria. O objectivo é revitalizar e dinamizar o sector na Europa, sobretudo na região me-diterrânica, desenvolvendo directrizes e princípios de acção e orientação para os fabricantes de móveis, além de identificar uma série de incentivos para encorajar a adopção de produtos de inovação susten-táveis.A fim de maximizar a eficácia do serviço proposto, a um determinado número de empresas deve ser dada a oportunidade de testar a nova abordagem sistemática para a inovação, em que o design e os temas da sustentabilidade ambiental serão utilizados para gerar novos conceitos de produto e inovação.A produção de mobiliário tem característi-cas diferentes de acordo com os vários lo-cais geográficos, bem como as tradições locais, cultura e vantagens competitivas, mostrando, contudo, que ele é capaz de ser um vencedor no mercado. A análise trans-nacional e o intercâmbio de boas práticas utilizadas a nível nacional permitirá um de-senvolvimento mais eficaz e uma divulga-ção mais eficaz dos resultados alcançados no projecto.A ANJE, Associação dos Jovens Empresa-rios do Algarve, é responsável pela elabora-ção do plano de comunicações e coordena as operações de divulgação e promoção relacionadas com o Planet Design.

sabIa que...O Eco design consiste na consideração de critérios ambientais durante a concepção e desenvolvimento de produtos e serviços, ao mesmo tempo que são tidos em conta critérios de qualidade, legislação, custos, durabilidade, funcionalidade, ergonomia, estética, saúde e segurança.

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A base são os resultados de um estudo re-alizado no LNEC sobre o projeto e a cons-trução de casas de madeira em Portugal. Para a concretização deste estudo foi re-alizado um inquérito às empresas que operam no sector da construção de casas de madeira, complementado com visitas e entrevistas a algumas dessas empresas.o estudo em questão foi apresentado originariamente nas Jornadas do LNEC tendo sido elaborado por docentes des-tes Laboratório: J. Branco Pedro, Helena Cruz, Pedro Pontífice e Luís Morgado, que também desenvolve actividade no Instituto Superior técnico. Através deste

trabalho procurou-se realizar uma análise exaustiva do sector em Portugal, compa-rativamente com outros países e definir metas para o futuro.

tendo como ponto de partida a situação europeia, relembra-se que nesta zona, o

setor da construçãoé responsável por umaparcela significativados impactos ambientais negativos em termosde consumo

Neste quadro, a União Europeia tem vin-do a estabelecer metas e políticas para a redução destes impactos no sector da construção.

“A procura de soluções para atingir estar metas, através de formas alternativas de construção, tem conduzido a um interes-se crescente pela utilização da madeira como material de construção. A madeira apresenta vantagens comprovadas rela-tivamente a outros materiais, principal-mente por ser um material renovável, por fixar Co2 durante o crescimento das ár-vores e por proporcionar formas de cons-

A madeira é um ótimo material de construção quer no que se refere aos aspetos de conforto, plasticidade, rapidez de montagem e durabilidade.Habitar uma casa de madeira aproxima o homem das suas raízes, dando-lheum contato maior com a natureza

Casas de madeira Potencialidades de um setor

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trução mais optimizadas e limpas que os processos correntes”, refere o estudo apresentado, acrescentando que “os edi-fícios residenciais constituem uma par-cela significativa do sector da construção e têm também importantes impactes am-bientais decorrentes da sua utilização. Por tradição, em alguns países os edifí-cios residenciais unifamiliares e bifami-liares são maioritariamente construídos em madeira. Verificam-se percentagens significativas de utilização de madeira neste tipo de edifícios em países como os Estados Unidos da América, com 90 a 94%, o Canadá, com 76 a 85%, os países nórdicos, com 80 a 85% e a Escócia, com 60%. Em países como Portugal, diversas condicionantes locais poderão justificar em parte a reduzida penetração da cons-trução em madeira, tais como as altas temperaturas da estação quente, a maior propensão para o ataque biológico e a es-cassez de madeiras de qualidade.

A estas razões soma-se a reduzida mo-bilidade das famílias, a preferência por processos correntes de construção, a escassez de técnicos especializados, a reduzida formação ministrada nas uni-versidades nacionais sobre o tema e a ausência de regulamentação específica”. No sentido da incentivar formas alterna-tivas de construção, noutros países têm sido adoptadas medidas que favorecem a construção em madeira relativamente a outros processos de construção.

Novo impUlso ao Uso damadeira para a CoNsTrUÇãoConstata-se também que embora a cons-trução em madeira tenha tido até meados do século XX uma importante tradição em Portugal, recorreu-se quase sempre a processos de construção mistos e rara-mente a madeira foi utilizada como solu-ção integral. No entanto, a possibilidade de vir a ser utilizada madeira nacional na construção e a actualização da regu-lamentação europeia e nacional através dos Eurocódigos Estruturais poderá vir a dar um impulso renovado ao sector da construção em madeira em geral e das casas de madeira em particular. tendo em atenção a dimensão do sector flores-tal nacional, as vantagens ambientais da utilização da madeira na construção

e o reduzido volume de construção em madeira em Portugal, considerou-se im-portante e oportuno aprofundar o conhe-cimento sobre a construção em madeira. Neste sentido foi realizado um estudo que caracteriza a oferta de casas de ma-deira do tipo unifamiliar por ser este o uso e tipo quantitativamente dominante dos edifícios de madeira em Portugal.

dados do esTUdoo inquérito foi realizado durante o ano de 2011 com o objetivo de recolher infor-mação de forma rápida e uniforme sobre a actividade de todas as empresas que atuam no sector. os temas abordados no questionário foram fundamentalmen-te os que se se prendem com as carac-terísticas das empresas e dos sistemas construtivos, processos de licenciamen-to e certificação, características do mer-cado atual, perspetivas de evolução do sector e papel dos arquitetos no sector. Paralelamente ao inquérito foram ainda efectuadas visitas às empresas, com o propósito de conhecer os sistemas cons-trutivos in loco, esclarecer questões so-bre as informações técnicas disponíveis nos sítios da Internet, entre outras ques-tões. os temas abordados nas entrevis-tas basearam-se fundamentalmente na caracterização e historial da empresa, características dos sistemas construti-vos adoptados, madeiras utilizadas, for-mas de oferta e apresentação do produto, preços e prazos de construção, e exigên-cias de manutenção.

miCroempresas É algo sui generis que num mercado como o nacional, sem tradição de cons-trução em madeira e pouco favorável à inovação, diversos empresários tenham assumido o risco de produzir e construir casas de madeira. Embora a penetração das casas de madeira em Portugal no panorama da construção seja residual, importa salientar que as exportações as-sumem um papel relevante: um quarto da produção nacional de casas de madei-ra destina-se a exportação. As empresas deste sector têm evidenciado espírito de iniciativa e capacidade para enfren-tar os riscos próprios de um produto que se confronta com o desconhecimento e a desconfiança da generalidade dos consu-midores.

As empresasque atuam no setordas casas de madeira são, na generalidade, microempresas e empresas de pequena dimensão situadas no Centro e Norte do País.

A maioria das microempresas é relativa-mente recente, tendo em média iniciado atividade no sector após 2006. Apenas as empresas de pequena dimensão tendem a ser mais antigas, tendo em média ini-ciado atividade no sector em 1997. A im-portância que as casas de madeira têm no volume de negócios total das empresas é muito variável: algumas empresas são especializadas na produção de casas de madeira enquanto outras empresas têm várias áreas de negócio. A maioria das empresas aposta na flexibilidade de ser-viços e produtos, como define o estudo.

“As empresas mais antigas e de maior dimensão são responsáveis pela maior quota da produção de casas de madei-ra em Portugal. os desafios que estas empresas enfrentam são o de potenciar o maior interesse do mercado e o de se manterem competitivas face a uma con-corrência que se afigura cada vez maior. observa-se que as empresas mais anti-gas beneficiam da experiência adquirida

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ao longo dos anos, o que neste sector se-rá muito valorizado pelos clientes. Para as novas empresas os desafios principais são dois: oferecer produtos inovadores no panorama nacional, respondendo às necessidades e aspirações dos consumi-dores, e obter apoio de outras empresas ou marcas, estrangeiras ou nacionais, que lhes garantam a qualidade necessá-ria para cativar os consumidores”, aler-tam os responsáveis por este estudo em determinada altura.

Um outro item a ter em consideração refere-se aos sistemas construtivos exis-tentes no mercado e à sua grande va-riedade, como nos podemos aperceber através da análise do estudo que apon-ta para o facto de “metade das empresas tem no seu portfólio casas de madeira em mais do que um sistema construtivo. Pouco menos de metade das empresas utiliza sistemas desenvolvidos por uma empresa parceira internacional e pouco mais de metade das empresas adota sis-temas correntes que foram progressiva-mente aperfeiçoados pela empresa com base na sua experiência”.As madeiras de espécies resinosas pro-venientes da Europa são utilizadas por mais de metade das empresas na es-trutura dos elementos primários e nos revestimentos das casas de madeira. Madeiras de outras espécies e proveni-

ências, bem como outros tipos de mate-riais derivados ou não da madeira, são utilizados com muito menor frequência (por menos de 20% das empresas). Mais de um terço das empresas utiliza madei-ras de origem nacional nas estruturas e revestimentos das casas de madeira. A larga maioria das empresas prescreve madeiras submetidas a algum tipo de tratamento com produtos preservadores.

A quase totalidade das empresas reco-menda que a periodicidade das ações de manutenção preventiva das casas de ma-deira seja realizada em ciclos iguais ou inferiores a 5 anos. Apenas nas casas de madeira em que os revestimentos exte-riores utilizados não são de madeira nem de materiais dela derivados os ciclos das ações e manutenção recomendados são superiores a 8 anos. Se forem realizadas ações de manutenção regulares e ade-quadas, a durabilidade das casas de ma-deira é, no entendimento da maioria das empresas, superior a 100 anos.

Embora a relação com empresas estran-geiras seja notória (44% das empresas in-dica que os sistemas são desenvolvidos por parceiros internacionais) é de algu-ma forma surpreendente que 56% das empresas adote sistemas construtivos desenvolvidos inteiramente pela própria empresa. A utilização de madeiras de

origem nacional nas estruturas das casas de madeira por parte de 36% das empre-sas é também surpreendente na medida em que é sabido que a floresta nacional não está vocacionada para a produção de madeira estrutural.

Importa ter presente que alguns especia-listas afirmam que existe potencial pa-ra a produção de madeira nacional com qualidade, mas não estão ainda reunidas as condições para o fazer. Mesmo que se questione se os resultados sobre a pene-tração de madeiras de origem nacional nas estruturas das casas de madeira tra-duzem de forma fiel a realidade, os resul-tados levantam claramente a hipótese de existir uma certa autonomia nacional quanto aos produtos e sistemas utiliza-dos no sector das casas de madeira. liNGUaGem arqUiTeCTóNiCaA maior parte das empresas é flexível quanto às características «estilísticas» das casas de madeira, desenvolvendo soluções com uma linguagem arquitec-tónica contemporânea ou tradicional. Segundo dados apresentados por es-te estudo “ as empresas, a maioria dos compradores prefere casas de madeira com uma linguagem arquitectónica tra-dicional. Em complemento, a maioria das empresas considera que as casas importadas de outros países necessi-

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tam de algumas adaptações tanto ao ní-vel dos aspetos técnicos como ao nível da linguagem arquitectónica, de modo a melhor se adequarem ao contexto na-cional”.

Segundo as empresas, o comprador-tipo de casas de madeira tem idade inferior a 55 anos, formação universitária e promove a construção de casa própria destinada a residência principal da sua família. também na opinião das empresas, os fatores que suscitam maiores dúvidas aos clientes interessados na construção de casas de madeira são a segurança contra incêndio e a durabilidade e os fatores que orientam a opção dos compradores por uma casa de madeira são vários, sendo de destacar a economia e eficácia, estética e simbólica, ecologia, funcionalidade e conforto.

Não foi identificado um padrão claro nos argumentos utilizados pelas empresas para influenciar os clientes a adquirir e construir uma casa de madeira. No en-tanto destacam-se ligeiramente o con-forto hidrotérmico e a ideia da casa de madeira como um produto diferenciado.

os dados apresentados apontam para uma hegemonia de 3 empresas em Portu-gal, sendo que 25% da produção nacional de casas de madeira se destina à exporta-ção. relativamente aos preços praticados são bastante variados de acordo com di-versas condicionantes e os prazos de en-trega podem ir de 3 a 6 meses, consoante as empresas em causa.

“A maioria das empresas considera que o preço das casas de madeira ten-de a ser inferior ou igual ao das casas de construção corrente, em virtude dos processos construtivos em madeira se-rem mais eficazes e de serem adotadas soluções para não ultrapassar o limiar da construção corrente. As empresas que admitem que os preços das casas de madeira são superiores justificam a diferença por estarem a oferecer um produto de qualidade superior ao da

construção corrente. o aumento do vo-lume de construção e a adoção de siste-mas construtivos inovadores são formas propostas pelas empresas para reduzir o custo das casas de madeira sem com-prometer a sua qualidade”.

relativamente à questão do licenciamen-to de casas de madeiras a maior parte das empresa entende que é idêntico ao da construção corrente, dependendo em larga medida da interpretação de cada Câmara Municipal. Já no que concerne à certificação das empresas, a larga maioria dos entrevistados considera a importan-te, mas é bastante crítica em relação ao respetivo procedimento, nomeadamente quanto à sua complexidade e custo. perspeTivas de FUTUroA percepção das empresas sobre a dinâmica do sector da construção de casas de madeira nos últimos anos

é muito positiva. As empresas têm a expectativa de que a procura de casas de madeira irá aumentar no futuro. “Apesar desta expectativa positiva, as empresas manifestaram simultaneamente uma visão pragmática sobre a evolução futura do sector em Portugal, reconhecendo que existem diversos obstáculos ao seu crescimento e que a quota de mercado das casas de madeira não deverá ser superior a 15%. As empresas planeiam realizar um conjunto de ações para aumentar a sua competitividade, sendo as principais acções o aperfeiçoamento dos produtos, a diversificação dos mercados (apostando também na reabilitação e na exportação) e o investimento em publicidade”, conseguimos apurar

após análise do estudo em causa, que salienta que “ a maioria das empresas considera-se apta para disponibilizar edifícios de habitação coletiva em madeira com mais de 2 pisos, bem como produtos para a reabilitação de edifícios de habitação de construção corrente”.

o crescimento da construção em Portu-gal deu-se nos últimos anos em grande parte devido ao investimento do Estado em equipamentos e infraestruturas pú-blicas. Uma vez que a conjuntura atual obrigará a uma grande contenção na des-pesa pública, o crescimento desse sector irá abrandar. Neste contexto as empresas do sector terão uma oportunidade para demonstrar que as vantagens teóricas da construção em madeira (ao nível da eco-logia, do conforto, dos custos, dos tempos de construção e da racionalização dos processos) podem ser concretizadas com benefícios práticos.

Em síntese, o estudo define que as em-presas do sector são maioritariamente microempresas recentes com uma ofer-ta diversificada de serviços e sistemas construtivos. Existe no mercado um le-que variado de sistemas construtivos de casas de madeira, sendo que as ma-deiras de espécies resinosas europeias são as mais utilizadas. As empresas são flexíveis quanto às características ar-quitectónicas das casas de madeira, no entanto, os clientes preferem casas rús-ticas. o preço das casas de madeira ten-de a ser inferior ou igual ao das casas de construção corrente. As principais dú-vidas dos consumidores são a seguran-ça e o desempenho. o mesmo estudo aponta que muitas das empresas consi-deram o licenciamento um procedimen-to variável e subjectivo e a certificação é avaliada como positiva, embora críti-cas quanto ao custo e à complexidade do processo.

A maioria das casas de madeira constru-ídas em Portugal foi produzida por um número reduzido de empresas e cerca de um quarto da produção das empresas que responderam ao inquérito destina-se à exportação. As empresas têm a expec-tativa de que a procura de casas de ma-deira irá aumentar.

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URGE DAR NOvOS USOS à FLORESTA Criar novos usos paraas árvores é a chave para o sucesso das empresas de base florestal no futuro, segundo afirmaram os participantes do seminário “Florestas, o coraçãoda economia verde”.O seminário foi promovido pela Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Conselho Internacionalde Associações Florestaise de Papel (ICFPA).

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Os dados são fornecidos pela RISI e as conclusões foram divulgadas através do si-te www.ageflor.com.br/noticiassetorinter-na.php?id=971 que indicam que o papel da madeira tem de ser devidamente repen-sado.“A madeira deveria ser usada para outros propósitos além de celulose e papel. As plantas de celulose do futuro serão biorre-finarias”, afirmou o presidente do conselho da Fibria, José Luciano Penido. O execu-tivo mencionou diversos novos desenvolvi-mentos na indústria florestal que vão além das tradicionais atividades de geração de energia e produção de celulose de madeira e solúvel, como fibrocimento, biocombustí-veis, bioplásticos, bioquímicos, biomateriais e fibra de carbono. “Os Estados Unidos, Canadá, Europa e Ja-pão estão liderando os estudos em novas

aplicações para as árvores. Dentro de cin-co, dez ou vinte anos vamos ver um grande número de novas aplicações para a árvore”, disse o interlocutor, acrescentando que ou-tros países também estão a estudar essas possibilidades, apesar de contarem com menos recursos para pesquisa e desenvol-vimento. Ele disse, ainda, que Brasil, Índia, China e Escandinávia estão mais avança-dos nos estudos de aumento de produtivi-dade das florestas. O vice-presidente de relações corporativas e de desenvolvimento de negócios de ener-gia e florestas da UPM, Stefan Sundman, afirmou que a empresa está a adotar um novo modelo, na verdade uma “estratégia verde”, referindo-se a uma nova categoria industrial criada pela UPM para descrever o futuro da companhia. “Temos uma floresta de oportunidades para desenvolver novos

A falta de madeira de qualidade é uma re-alidade a nível global. A procura foi desde sempre muito superior à oferta, o que tem levado ao esgotamento de recursos e de-lapidação do património mundial a nível de florestas naturais, com os conhecidos efei-tos na desertificação, diminuição da biodi-versidade, emissões de CO2, entre outros factores, como refere um estudo do LNEG. A floresta natural, pela lentidão do seu crescimento e na maior parte dos casos pela irreversibilidade da sua perda, já não tem capacidade para fornecer as matérias-primas necessárias ao desenvolvimento sustentados das sociedades. Surge assim a floresta industrial, para a qual têm de ser tomadas decisões fundamentais basea-das no conhecimento, como sejam a es-colha das espécies, a definição das áreas com aptidão e no final da fileira os conhe-cimentos tecnológicos para transformação das matérias-primas em produtos indus-triais. Os eucaliptos em geral são espé-cies de muito rápido crescimento, portanto com maior potencialidade de permitir um desenvolvimento sustentado de produção de material lenhoso. No entanto há várias condicionantes que envolvem a produção

InstItutos nacIonaIs estudam novas soluções

florestal e em particular o eucalipto; co-mo os modelos de produção, as melhores práticas de gestão, e a culminar, os conhe-cimentos de transformação industrial que permitam o fabrico de produtos de boa qualidade a preços competitivos. A madei-ra de eucalipto é de difícil transformação industrial (em particular a secagem por processo térmico) e revela tendência pa-ra mais defeitos do que espécies tropicais tradicionais. A experiência de trabalhos científicos e de desenvolvimento experimental levados a cabo pelo INETI/LNEG e pelo ISA per-mitem dar solução aos problemas habi-tuais e colocar a madeira de eucalipto ao nível das espécies tradicionais mais valo-rizadas para usos como madeira maciça. O consórcio formado por uma universida-de ligada ao ensino e investigação da pro-dução florestal, aliado à experiência de um laboratório de engenharia com conheci-mentos na transformação e características desta espécie. A estas entidades juntou-se uma empresa do sector da transforma-ção industrial e valorização dos produtos florestais Oryzon Energias, o que permiti-rá cobrir toda a fileira desde a produção,

transformação e aplicação final. Portugal tem condições ímpares na Europa para produção de eucalipto, o que aliado às re-gras de certificação florestal e à susten-tabilidade (com efeitos na proibição de abastecimentos provenientes das zonas tropicais), permitem abrir um vasto mer-cado para exportações de novos produtos. No LNEG vão ser desenvolvidos estudos e demonstração da tecnologia de secagem por processo térmico (secador convencio-nal e secador solar) e os tratamentos de eliminação de tensões internas por vapor saturado a 100 ºC. Para uma gama de pro-duto com elevada exigência de comporta-mento de maior estabilidade dimensional e resistência à degradação biológica vão ser realizados estudos de modificação térmica da madeira (temperaturas de 180 ºC, 200 ºC e 210 ºC, em atmosfera controlada). Como deste tratamento de modificação da madeira resultam propriedades alteradas, terão de ser realizados ensaios de caracte-rização das propriedades físicas, mecâni-cas e tecnológicas. Entre as propriedades tecnológicas incluem-se a trabalhabilida-de, a colagem e as protecções superficiais com pintura ou outro tipo de acabamento.

produtos”, disse Sundman. “As oportunida-des para as empresas de celulose e papel crescerem estão fora da celulose e do pa-pel, particularmente quando se considera uma empresa europeia, que enfrenta uma queda nas taxas de consumo de papel”, ex-plicou o executivo, mencionando ainda que a UPM tem negócios em celulose, papel, painéis de madeira e rótulos adesivos, mas busca desenvolver novos produtos, como biocombustíveis e biofibras, entre outros. Peter Marsh, da International Family Fores-try Alliance (IFFA), que tem também uma empresa familiar de produção florestal no Canadá, adicionou que o Canadá per-deu 20% de seu mercado de celulose de madeira e isso afetou seriamente os pro-dutores florestais pequenos. “Precisamos desenvolver novos usos para a floresta”, concluiu.

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o habitat, para além de ser um componente fundamental da nossa qualidade de vida, é umfator dinâmico e impulsionador da economia dos setores provenientes, como a arquiteturae o design.Perante este cenário, e em continuidade com o artigo apresentado na edição anterior(revista Xylon nº 3), o designer António Cruz rodrigues, CEo da Modus Design e professordo IADE-U, apresenta novos conteúdos relativos aos núcleos familiares e tipologias de casado Caderno de tendências 2012/13, bem como o conceito da tendência Low Cost.recorde-se que este projeto está a ser realizado em parceria com a aimmp e que pretendedelinear a evolução das tendências no meio sociocultural, no âmbito do universo da casa,e mais especificamente na área do mobiliário.”

CADERNO DE TENDÊNCIAS

evolUÇão da CidadeO Caderno de Tendência 2012/13 é co-mo um motor de pesquisa dos gabinetes de criação, onde o conhecimento das ten-dências de produto consagra um valor di-ferencial para a gestão estratégica das empresas. No caso do sector habitat, o Ca-derno de Tendências permite estudar os elementos que formam a casa, tais como os núcleos familiares, as tipologias de casa, as tipologias de produto, as tipologias de volu-me, as matérias-primas predominantes e as marcas de referência.O papel que as cidades desempenham vi-sa promover e proporcionar condições de habitabilidade aceitáveis à sua população residente, permitindo um desenvolvimento social e cultural local. Neste âmbito, sejam elas núcleos urbanos na forma de cidades

médias (100 a 300 mil habitantes) ou me-gacidades (+10 milhões de habitantes), as questões principais que estas enfrentam nos dias de hoje centram-se na necessi-dade de gerir o seu crescimento de forma sustentada, bem como no fornecimento de condições de vida adequadas aos seus ha-bitantes.No entanto, falamos de habitação e servi-ços mas as cidades envolvem igualmente questões de trabalho, mobilidade, socializa-ção e lazer, assim como de medidas con-tra a exclusão social em prol da diversidade cultural.Esta necessidade de estruturar a cidade de uma forma holística dá-se, na verdade, porque permite um crescimento organizado e coeso, contribuindo directamente para a sustentabilidade do planeta.

A cidade é vista como o lugar onde o indivíduo se desenvolve, onde constrói a sua identidade individual e social, para além de ser um espaço de participação que proporciona bem-estar e oportunidades.

CIDADES MÉDIAS

MEGACIDADES

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sido mais célere, impulsionada sobretudo pelos avanços tecnológicos nos meios de comunicação e divulgação social, bem co-mo no desenvolvimento habitacional e dos objectos que o habitam. Assim, as novas casas abordam a diversi-dade dos novos modos de vida, tais como a igualdade e a liberdade individual de cada um dos membros da família.Estas alterações motivam uma evolução dos estatutos sociais e dos núcleos familia-res, das suas relações internas através de novas experiências e incentivando o indivi-dualismo.Para tal, é notória a diferença na relação entre membro familiares que se verificava em décadas anteriores. Anteriormente a família era vista como um grupo unificado que procurava a harmonia e concordância colectiva.Actualmente o modelo familiar predomi-nante evidencia uma individualidade entre membros familiares, impulsionados pelos novos hábitos culturais da sociedade.

Formas de habiTarA observação das novas formas de habitar assinalam uma mudança no paradigma da sociedade actual.Verificamos que esta tem vindo a evoluir de forma progressiva, sustentada pelos no-vos hábitos culturais adquiridos nos últimos anos.Neste âmbito, as cidades apresentam-se actualmente como núcleos urbanos, na for-ma de megacidades ou cidades médias, fruto do elevado desenvolvimento dos seus meios urbanos e das suas populações.De facto, nos últimos anos a evolução tem

Nos últimos anosa evolução tem sidomais célere, impulsionada sobretudo pelos avanços tecnológicos

1. ANCESTRALA tendência Ancestral caracteriza-se pelo

núcleo familiar “Família Mãe Indepen-

dente” que compreende mulheres entre

os 35 e 50 anos, com independência

económica e um filho.

Caracteriza-se ainda pela tipologia de casa

“Casa Unidade” que se define por espa-

ços habitacionais flexíveis, sem hierarquias

e que incitam o diálogo familiar.

2. REMOVALA tendência Removal caracteriza-se pelo

núcleo familiar “Família Unitária” que

compreende jovens solteiros entre os 25 e

35 anos, com situação económica favorá-

vel e procuram a satisfação pessoal.

Caracteriza-se ainda pela tipologia de ca-

sa “Casa Tridimensional” que se defi-

ne por edifícios de carácter individualista e

com grande presença tecnológica.

3. LOW COSTA tendência Low Cost caracteriza-se pelo

núcleo familiar “Família Multicultural”

formado por duas ou mais pessoas que vi-

vem juntos mas não têm necessariamente

um grau de parentesco.

Caracteriza-se ainda pela tipologia de ca-

sa “Casa Adaptável” definida por espa-

ços particulares e comuns, convertidos em

áreas de actividade conjunta.

TIPOLOGIAS DE CASAS

1. Casa Unidade

1. Família mãe indepe.

4. Casa Modular

4. Família expandida

2. Casa Tridimensional

2. Família unitária

5. Casa Activa

5. Família sem filhos

3. Casa Adaptável

3. Família multicultural

6. Casa Equitativa

6. Família cooperativa

NÚCLEOS FAMILIARES

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TipoloGias de CasaAs grandes mudanças conhecidas na edifi-cação de habitações ocorreram no início do século XX. Nesta época impulsionaram-se alterações que facilitaram o desenvolvimento de alguns processos de construção das ca-sas. Entre essas alterações, a pré-fabricação de módulos e a padronização de processos construtivos evidenciaram-se pelo facto de simplificarem os sistemas de produção ha-bitacional, permitindo a criação de espaços simples e arrumados, focados em proporcio-nar conforto.

Se pensarmos na habitação como um lugar onde cada pessoa desenvolve a sua perso-nalidade, as áreas da casa devem ser mais abrangentes, com espaços e instalações adequadas. De certo modo, cada divisão deve ser pensada de forma independen-te, proporcionando a concepção integral da habitação através do somatório de diversas áreas.Neste âmbito, as novas tendências habita-cionais organizam-se em seis tipologias: a Casa Unidade (casas flexíveis que evitam hierarquias), a Casa Tridimensional (casas individualistas com grande presença tecno-lógica), a Casa Adaptável (casas onde cada membro tem o seu espaço habitacional), a Casa Modular (casa constituída por módulos standartizados), a Casa Activa (casas per-sonalizáveis, próximas das necessidades do indivíduo), e a Casa Equitativa (casas que in-centivam a vida comunitária e a relação fa-miliar).Estes factores originam, por sua vez, a perda da hierarquização da família e incitam o diá-logo entre os membros, factor de importân-cia crucial na dinâmica diária familiar. Como tal, as relações sociais em casa têm vindo a expandir-se. No entanto, verifica-se que a as-censão do individualismo social tem levado a que cada um dos membros da família procu-re o seu próprio espaço na casa, convertendo os quartos em pequenos abrigos individuais.

NÚCleos FamiliaresAo observarmos a sociedade actual, verifi-

4. CONNEXIONA tendência Connexion caracteriza-se pelo núcleo familiar “Família Expan-

dida” que consiste num casal que já teve um casamento anterior e que tem filhos desse relacionamento.Caracteriza-se ainda pela tipologia de casa “Casa Modular” que se define por módulos pré-fabricados que podem ser adicionados ao longo do tempo.

5. MANUFACTURINGA tendência Manufacturing caracteriza-se

pelo núcleo familiar “Família Sem Fi-

lhos” que compreende casais entre os 25

e 40 anos, que procuram a realização pro-

fissional e social.

Caracteriza-se ainda pela tipologia de casa

“Casa Activa” definida por espaços per-

sonalizáveis, associando funcionalidades

como jardins ou pátios privados.

6. LIFELIKEA tendência Lifelike caracteriza-se pelo

núcleo familiar “Família Cooperativa”

que se define pelo elevado consenso e

conciliação de interesses entre os mem-

bros familiares.

Caracteriza-se ainda pela tipologia de casa

“Casa Equitativa” definida por espaços

de actividade cooperativa que incentivam a

vida comunitária.

camos que esta tem sido alvo de sucessivas transformações culturais ao longo dos anos. Este facto leva à existência de uma ampla gama de núcleos familiares que surgem a partir de uma séria de questões sociais, eco-nómicas, demográficas e que, por sua vez, afecta todos os sectores relacionados com a habitação.Neste âmbito, as novas tendências sociais de caris familiar organizam-se em seis tipologias: a Família Mãe Independente (família mono-parental: mães solteiras por opção), a Família Unitária (família composta por uma só pes-soa), a Família Multicultural (família que vive junta mas não tem necessariamente grau pa-rentesco), a Família Expandida (família cons-tituída por elementos de famílias anteriores), a Família Sem Filhos (família que privilegia o lado profissional), e a Família Cooperativa (família de elevado consenso e conciliação de interesses). Este fenómeno testemunha a magnitude e a velocidade que as mudanças sociais têm na formação das nossas casas e dos objectos que nela habitam.Assim, o individualismo crescente é um dos valores sociais principais que promove o aumento da procura de personalização de produtos e serviços, onde o abandono do dogma e a aceitação de um mundo em mu-

dança são o terreno ideal para o surgimen-to da identidade pessoal de um consumidor que se expressa através dos objectos e da experiência.Deste modo, enquanto que tradicionalmente se falava da família nuclear como um gru-po uno, coeso e que agia em conformidade do conforto comum, nas últimas décadas, especialistas da sociologia falam sobre a fragmentação do modelo familiar, onde as mudanças dos valores sociais são predomi-nantes e fracturantes no surgimento de no-vos conceitos de núcleos familiares.

As novas tipologias de casa abordam a diversidade dos novos modos de vida social

Os novos núcleos familiares testemunham a magnitude e a velocidade queas mudanças socais têm na formação das nossas casas e dos objectos que nela habitam

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feiras&tendênciasXYLON PORTUGAL | 55

A TENDÊNCIA “LOW COST” INCITA O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS DE GRANDE MOBILIDADE, PARA CICLOS DE ESTILOS DE VIDA DE CURTA DURAÇÃO E QUE ESTABELECEM UMA RELAÇÃO EFÉMERA COM OS ESPAÇOS.

Estapas; transversal; Espírito; Diversidade; Necessidades; reinvenção; recursos; Competitivos; racional

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LOW COST

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CERTIFICAÇÃO É vANTAGEM COMPETITIvA

solUÇões CoNseNsUais

O Forest Stewardship Council AC (FSC) promove uma gestão ambientalmente ade-quada, socialmente benéfica e economica-mente viável das florestas do mundo inteiro. Uma gestão florestal ambientalmente ade-quada garante que a exploração florestal, de madeira e de produtos não-lenhosos, mantém a biodiversidade da floresta, a pro-dutividade e os processos ecológicos. Uma gestão florestal socialmente benéfica aju-da tanto as populações locais como a so-ciedade em geral a aproveitar os benefícios de longo prazo, constituindo ainda um for-te incentivo para a população local manter os recursos florestais e aderir aos planos de gestão de longo prazo.

Se essa gestão for economicamente viável significa que as operações florestais são estruturadas e geridas de forma a serem rentáveis, mas sem gerar um lucro financei-ro à custa dos recursos florestais, dos ecos-sistemas ou das comunidades afectadas. A tensão entre a necessidade de gerar retor-nos financeiros adequados e os princípios

As florestas do mundo inteiro são geridas de acordo com critérios sociais, ecológicos e económicos, assegurandoas necessidades da geração presente sem comprometer as das gerações futuras. Este compromisso exige que todos nós consigamos fazer um uso acertado e adequado dos recursos existentes. A Associação para uma gestão Florestal Responsável (AgFR) tem demonstrado desde a sua criação esta vocação.

Quem precisa certificar-se- A Certificação da gestão Florestal é aplicávela organizações ou agentes com responsabilidadena gestão de áreas florestais;- A Certificação de Cadeia de Custódia aplica-sea indústrias ou agentes que transformam, processam e/ou vendem produtos florestais

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das operações florestais responsáveis pode ser mitigada alocando esforços para comer-cializar o conjunto de todos os produtos e serviços da floresta ao seu melhor valor.

O papel único do FSC é reunir as pessoas, organizações e empresas para em conjun-to encontrarem soluções consensuais que promovam uma gestão responsável das flo-restas do mundo. Pessoas, organizações e empresas dos hemisférios Norte e Sul in-vestem tempo, recursos e credibilidade nes-te organismo por considerarem a extrema importância das florestas. As soluções FSC respondem aos desafios criados pela má gestão dos recursos florestais e são apoia-dos por agentes sociais, ambientais e eco-nómicos de todo o mundo. São utilizadas por pessoas, organizações e negócios pa-ra envolver os mercados globais e encorajar uma administração responsável dos recur-sos florestais.

FsC porTUGal

Sendo um esquema de certificação flores-tal internacional, para efeitos de represen-tação local, a solução adoptada pelo FSC consubstancia-se na figura das Iniciativas Nacionais. Acompanhando a evolução do FSC no país, as Iniciativas Nacionais FSC, evoluem da figura de Pessoa de Contacto, para Grupo de Trabalho e finalmente para Escritório Nacional.

Desde 2006 que Portugal dispunha da fi-gura de Pessoa de Contacto FSC para Por-tugal e, em finais de 2007, os principais agentes do Sector Florestal Português jun-taram esforços e constituíram a Associa-ção para uma Gestão Florestal Responsável (AGFR), uma associação sem fins lucrati-vos, que tem como função a regulação do esquema de certificação florestal FSC em Portugal. No início do ano passado, a AGFR entregou a sua candidatura ao FSC IC (FSC International Center), tendo recebido a sua acreditação como Escritório Nacional FSC (FSC National Office) a 1 de Julho de 2010. À semelhança do FSC A.C. (FSC Asociaci-ón Civil), a AGFR organiza-se em torno de três Câmaras: ambiental, económica e so-cial, constituídas consoante os interesses dos seus associados na floresta.

Os principais objectivos da AGFR são a di-

vulgação, promoção e implementação do esquema de certificação florestal FSC em Portugal, nomeadamente:• actuar como representante local do Forest Stewardship Council (FSC) em Portugal; • promover e divulgar do esquema de certifi-cação florestal FSC ao nível nacional; adap-tar dos Princípios e Critérios internacionais FSC ao contexto ecológico e socio-econó-mico nacional; • actuar na resolução de conflitos de inter-pretação das normas de Certificação Flo-restal, proporcionando mecanismos para a resolução de disputas e participação nas decisões pertinentes, de acordo com as re-gras do FSC Internacional; • promover a formação profissional na área da Certificação Florestal; promover uma gestão ambientalmente adequada, econo-micamente viável e socialmente responsável dos espaços florestais nacionais e interna-cionais e e estimular, reconhecer e valorizar projectos que visem o crescimento e o de-senvolvimento sustentável.

CerTiFiCar É prioridade

A certificação é uma garantia escrita, dada por uma entidade independente que com-prova que um produto está conforme as exigências definidas segundo normas ou especificações técnicas. Por acreditar que o sector florestal necessitava da adaptação da norma internacional FSC ao contexto na-cional e que o seu reconhecimento iria fa-cilitar os processos de implementação de práticas florestais responsáveis, a WWF (World Wide Fund For Nature), à semelhan-ça do que aconteceu noutros países, assu-miu o papel de entidade facilitadora do FSC e, em meados de 2006, no âmbito do Pro-

grama Florestal em curso na altura, assumiu como a sua principal linha de actuação em Portugal, a Certificação Florestal FSC.

O lançamento oficial do sistema de certifi-cação FSC concretizou-se em Dezembro de 2006 num evento, de âmbito nacional, com o Alto Patrocínio do Presidente da Re-pública e com apoio institucional da AFN (na altura DGRF) – o Fórum FSC. O Fórum contou ainda com uma Comissão de Hon-ra, estrutura simbólica de comunicação, que reuniu diversas personalidades portugue-sas, como António Amorim, Presidente da Corticeira Amorim; Armando Sevinate Pinto, Consultor da Casa Civil da Presidência da República; Eugénio Sequeira, Presidente da LPN; Fernando Oliveira Baptista, professor catedrático do Instituto Superior de Agro-nomia (ISA); Francisco Rego, Director Ge-ral dos Recursos Florestais; José Honório, Presidente do gPS; Luísa Schmidt, jornalis-ta e investigadora do Instituto de Ciências Sociais e o escritor e Prémio Nobel, José Saramago. Nesse evento de lançamento, que se veio a tornar um evento bianual, es-tiveram presentes não só os principais sub-sectores florestais – Pasta e Papel, Cortiça, Madeira e Mobiliário, como várias ONG’s e representantes dos vários outros interesses (sociais, académicos, de investigação, etc.), num total de cerca de 200 participantes.

Ao longo de 2007, a WWF assumiu a coor-denação da implementação e divulgação do FSC em Portugal, em duas vertentes para-lelas e igualmente importantes:• a dinamização do Grupo de Trabalho FSC para Portugal (FSC Working Group for Por-tugal), segunda figura das Iniciativas Na-cionais e a elaboração da Norma Nacional

Certificação FlorestalA procura de produtos florestais certificados tem vindo a crescer nos mercados internacionais, principalmente na Europa, pelo que a opção pela certificação é um meio de garantir à indústria florestal nacional vantagem competitiva num mercado global. O objectivo da certificação florestal é promover uma gestão responsável, salvaguardando as funções económicas, ambientais e sociais das áreas florestais. Existem duas modalidades de certificação, assim sendo, consoante as características e dimensão das organizações poderão ser adoptados os seguintes tipos de certificação florestal: a Certificação Individual ou a Certificação de grupo.

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O que é necessário para a certificação de uma área florestal?A certificação FSC de uma área florestal requer que a operação florestal nessa área seja feita de modo:

ECOLOGICAMENTE CORRETOUtilizar técnicas que imitam o ciclo natural da floresta e causam o mínimo impacto, permitindo sua renovação e sua permanência, bem como da biodiversidade que abriga. Por exemplo, a floresta é provedora da matéria prima da Indústria papeleira - se não houver floresta, não é possível oferecer o mesmo produto nem na mesma quantidade. E o papel é um bem essencial na sociedade moderna.

SOCIALMENTE JUSTOA propriedade de uma área florestal e toda a atividade precisa ser legalizada, o que significa pagar todos os tributos e respeitar todosos direitos trabalhistas, inclusive no item segurança do trabalho. Além disso, o processo de certificação FSC é transparente, o que permite sua fiscalização por qualquer entidade ou indivíduo da sociedade civil. Finalmente, os princípios e critérios do FSC são decididos com a participação igualitária dos três sectores: ambiental, social e económico.

ECONOMICAMENTE VIÁVELAs técnicas de manejo florestal requeridas pelo FSC aumentam a produtividade da floresta, garantem a durabilidade dos investimentos, e AgREgAM valor ao produto. O selo FSC no produto já é uma demanda do mercado para o qual ainda não há suficiente oferta, e isso significa que um produto com o selo FSC garantea permanência no mercado e abre novos mercados.

Fonte: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/certificacao_florestal/

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FSC.• assim como, balanço das actividades reali-zadas em 2007, ao nível da Iniciativa Nacio-nal, foram alcançados os seguintes marcos: a acreditação da Pessoa de Contacto FSC para Portugal (FSC Contact Person for Por-tugal) e a constituição da AGFR, o primei-ro passo para a acreditação do Grupo de Trabalho FSC para Portugal (FSC Working Group for Portugal).

Em termos dos trabalhos técnicos, Portugal dispunha do primeiro rascunho da Norma de Gestão Florestal Sustentável FSC (versão 1.0), que foi colocada em consulta pública durante dois meses e meio (até meados de Fevereiro de 2008). O ano de 2008 consti-tuiu o ponto de viragem da Iniciativa Nacio-nal FSC em Portugal, transitando da figura de Pessoa de Contacto FSC para Portugal e de uma fase de coordenação exclusiva da WWF para a entidade legal precursora do Escritório Nacional FSC para Portugal (AGFR) e consequente envolvimento das diversas entidades eleitas na coordenação e promoção do FSC.

Como balanço dos trabalhos técnicos reali-zados em 2008, foram conseguidos os se-guintes resultados:• consulta pública da versão 2.0 da Norma FSC para Portugal; • arranque do período de testes da Norma, que se irá estender ao longo do primeiro trimestre de 2009, para garantir o cumpri-mento com os requisitos do FSC IC; • interpretação Nacional das FAVC (versão 1.0) em consulta às Partes Interessadas e interpretação Nacional da Madeira Contro-lada (versão 1.0) em consulta às Partes In-teressadas.Ao longo de 2009, a Direcção da AGFR cen-trou os seus esforços na resolução de todos os passos legais e administrativos exigidos a qualquer entidade jurídica em Portugal e na preparação das Eleições Extraordiná-rias, tendo a eleição sido concretizada na Assembleia-geral do dia 17 de Julho. As re-gras para apresentação das candidaturas ao FSC IC foram revistas no ano de 2009, o que obrigou a uma revisão de toda a do-cumentação de suporte entretanto prepa-rada pela AGFR. A Lista de Verificação e documentação anexa encontravam-se con-cluídas em Dezembro, mas face à obrigato-riedade de tradução para uma das línguas

oficiais do FSC apenas foram enviadas em Janeiro.

Em termos de consolidação da AGFR, uma outra área prioritária da Direcção foi a de-finição de mecanismos de financiamento que permitissem assegurar a sustentabili-dade económica da Associação. No ano em causa, e para além das receitas provenien-tes das quotizações, a AGFR contou com as contribuições resultantes de projectos téc-nicos e de serviços de formação.

Os trabalhos técnicos de elaboração da Norma FSC para Portugal mantiveram-se na continuidade do ano anterior, centrando-se essencialmente na realização dos Tes-tes de Campo, apresentação dos resultados dos mesmos e reuniões finais, últimos pas-

sos necessários à acreditação da Norma.

Ao longo de 2010, a Direcção da AGFR manteve a coordenação das actividades relativas à implementação e divulgação do FSC em Portugal, desdobradas, à seme-lhança dos anos anteriores, em duas gran-des áreas de actuação: a consolidação da AGFR, com vista à acreditação na segunda figura das Iniciativas Nacionais – Escritó-rio Nacional FSC para Portugal (FSC Na-tional Office for Portugal) e a continuação dos trabalhos de elaboração e adaptação dos referenciais normativos FSC ao contex-to nacional.

*Trabalho elaborado com base em dados reco-

lhidos no site:

http://www.pt.fsc.org/inicio-pt.html

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besum ParceIro ecológIcoNo âmbito da adesão pioneira do BES à iniciativa Business&Biodiversity, o BES lançou o primeiro cartão de crédito co-branded com a WWF em Portugal, numa parceria inédita e pioneira em Portugal. Esta iniciativa que mar-cou o arranque do Ano Internacional da Bio-diversidade foi apenas uma das muitas que o BES preparou para co-memorar este importan-te marco na preservação da biodiversidade.

A WWF é uma Organiza-ção Não Governamental Ambiental (ONGA) de referência nacional e internacional, com for-te notoriedade na área da conservação da na-tureza.

O objetivo do cartão é contribuir para os proje-tos de conservação da biodiversidade da WWF em Portugal. Os fundos angariados servirão pa-ra financiar os projetos de conservação da na-tureza e preservação da biodiversidade da WWF em território nacional, nomeadamente, na con-servação da floresta por-tuguesa, no combate ao aquecimento global e ao desperdício de água. O trabalho desenvolvido pela organização contri-bui para a conservação do habitat natural de espécies em perigo de extinção como a águia imperial, o lince ibérico e o saramu-go, peixe endémico do rio Guadiana.

Assim, ao aderir ao novo cartão de cré-dito BES / WWF está a contribuir para a conservação da floresta portuguesa, para combater o aquecimento global e o des-perdício de águae para dar continuidade à

actividade da WWF em Portugal.Isto acontece, porque a WWF em Portugal está presente na conservação das flores-tas e da sua biodiversidade, no combate

ao aquecimento global e ao desperdício de água, promovendo ainda a iniciativa “Hora do Planeta”. Ao aderir a este cartão está a apoiar a actividade da WWF em Portugal, contribuindo para dar continuidade ao seu

trabalho de conservação da biodiversidade e redu-ção da pegada ecológica de Portugal.

É cada vez mais impor-tante proteger a nossa floresta. Portugal osten-ta um património florestal valioso; a maior parte dos recursos naturais do nos-so País estão na floresta. A floresta portuguesa é caracterizada pela influ-ência humana que, des-de há milhares de anos, a foi alterando e moldando em seu benefício. Actu-almente, ocupa cerca de 3,4 milhões de hectares, o equivalente a mais de 1/3 do território nacional.

A mancha de floresta me-diterrânica de Portugal é classificada pela WWF como Ecoregião prioritá-ria. Estendendo-se maio-ritariamente a sul do Tejo, apresenta uma paisagem na maior parte dominada pelos montados, de so-breiro e azinheira, factor distintivo e mais-valia do país no plano florestal e habitat característico de espécies raras como o

Lince Ibérico e a Águia Imperial. O sobrei-ro é identificado pela WWF como espécie prioritária pelo seu valor ambiental, econó-mico e social.

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LOGO PEFC Marca globalde confiança

o PEFC Portugal é o Sistema Português de Certificação da Gestão Florestal Sustentável, reconhecido pelo PEFC Internacional, que permite aos produtores florestais portugueses

cumprirem requisitos de gestão florestal sustentável reconhecidos internacionalmente. tem por finalidade dar garantias aos consumidores de que os produtos com certificado PEFC derivam

de uma gestão florestal onde são aplicados de forma consistente princípios de sustentabilidade assentes em três pilares básicos: social, ambiental e económico.

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A certificação florestal compreende dois níveis distintos, na floresta com a verifica-ção da gestão florestal sustentável e na indústria e comércio de pro-dutos de base florestal, com a certifica-ção de cadeia de responsa-bilidade, as-segurando a rastrea-bilidade da matéria pri-ma certifi-cada desde a sua origem até ao con-sumidor final.

Graças ao seu rótulo ecoló-gico – marca PEFC, clientes e consumidores são capazes de identificar os produtos pro-venientes de florestas geridas de forma sustentável e contribuir, através da capa-cidade impulsionadora do mercado, para estimular o potencial para a melhoria con-tínua dos recursos florestais.

O PEFC Portugal integra o movimento in-ternacional PEFC com cerca de 30 es-quemas nacionais reconhecidos e mais de 220 milhões de hectares de floresta certi-ficada, sendo o maior sistema de certifica-ção florestal mundial. Auxilia proprietários e gestores florestais, empresas, consu-midores e outras partes interessadas na identificação e promoção de mercadorias e bens provenientes de florestas geridas de forma sustentável.

Nos últimos anos, a procura pela certifi-cação PEFC tem aumentado progressi-vamente a par do aumento crescente de consciência sobre o papel potencial das florestas para enfrentar desafios sociais actuais, tais como, as alterações climáti-cas. Actualmente, o PEFC é a maior orga-nização de certificação florestal do mundo

representando mais de 220 milhões de hectares de florestas certificadas - uma área equivalente ao tamanho do Méxi-

co, ou igual ao tamanho da Fran-ça, Alemanha, Itália e Reino

Unido juntos.

A utilização do Lo-go (alegações e respectivos rótu-los) permite às empresas certifi-cadas e proprie-

tários florestais demonstrarem o seu

compromisso com o desenvolvi-mento sus-tentável e responsabi-lidade social empresarial; atrair clientes e consumido-res com pre-

ocupações ambientais e sociais; ajudar a criar sensibilização para a procura de pro-dutos provenientes de florestas certifica-das PEFC e destacar seu compromisso com a gestão sustentável das florestas

QUEM PODE USARO LOGO?

O Logo PEFC é uma marca registada. Os seus utilizadores devem garantir que o seu símbolo, alegações respectivos rótulos são usados de forma precisa e verificável, e que quaisquer afirmações associadas a esta marca são pertinentes e não engano-sas. Apenas as empresas e proprietários/gestores florestais que obtiveram a certifi-cação PEFC e obtiveram a licença de uso do Logo estão autorizados a utilizar o Logo PEFC e rótulos directamente nos produtos ou na comercialização dos mesmos.

A utilização do Logo PEFC e respectivos rótulos por entidades não certificadas (por exemplo, ONG, Imprensa, Organizações com fins educativos) com a finalidade de educar, informar e promover a gestão flo-

restal sustentável e certificação PEFC só é possível se a sua utilização seja comple-tamente alheia a um produto físico e tenha sido obtida uma licença válida de uso do Logo. É ainda imperativo que o Logo PE-FC e rótulos sejam usados apenas depois de ter sido obtida uma licença de utilização própria emitida pelo CFFP/PEFC Portugal. O número de licença para utilização do Logo será emitido pelo CFFP/PEFC Por-tugal após assinatura do contrato de utili-zação da marca. Este número é diferente do número do certificado atribuído à orga-nização, emitido pela entidade de certifi-cação. O número de licença do Logo deve ser sempre utilizado de forma a garantir a rastreabilidade até à organização.

Em circunstâncias excepcionais, é conce-dida uma licença de utilização promocio-nal. Nestes casos, o logotipo não pode ser utilizado “no produto” e o candidato não precisa de certificação de gestão florestal sustentável e/ou de cadeia de responsa-bilidade.

A utilização do Logo PEFC no-produto é um excelente meio de demonstração de compromisso com a gestão responsável da floresta, permitindo às entidades cer-tificadas PEFC promoverem as suas cre-denciais sociais e ambientais.O Logo PEFC utilizado no-produto ao lon-go da cadeia de valor e de consumidores indica que o material usado está relacio-nado com florestas certificadas PEFC, reciclados e/ou fontes controladas ofere-cendo opções responsáveis na compra de produtos de madeira e de base florestal.

O número de licença para utilização do Lo-go será emitido pelo CFFP/PEFC Portu-gal após o contrato de utilização da marca ter sido assinado. Este número é diferente do número do certificado atribuído à orga-nização, emitido pela entidade de certifica-ção. O número de licença do logótipo deve ser sempre utilizado em conjunto com o lo-gotipo de forma a garantir a rastreabilida-de até à organização.

*Dados recolhidos no site: http://www.pefc.pt/

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A demanda cada vez maior por recursos por uma população crescente está a causar uma enorme pressão sobre a biodiversida-de do planeta e ameaça o nosso futuro em termos de segurança, saúde e bem-estar. É o que revela a edição de 2012 do Rela-tório Planeta Vivo da Rede WWF, principal pesquisa bianual sobre a saúde do planeta, da responsabilidade do WWF (World Wide Fund For Nature).

Produzido em colaboração com a Socieda-de Zoológica de Londres e a Global Foot-print Network (Rede da Pegada Mundial), o relatório deste ano foi lançado na Estação Espacial Internacional pelo astronauta ho-landês André Kuipers, que apresentou uma perspectiva única da situação do planeta na sua missão na Agência Espacial Europeia. “Temos apenas um planeta. Daqui de cima, posso ver a pegada da humanidade, inclusi-ve os incêndios florestais, a poluição do ar e a erosão – são desafios que se refletem

O AUMENTO DO cONSUMOExIgE “DUAS TERRAS”

nesta edição do Relatório do Planeta Vi-vo”, afirmou Kuipers, ao apresentar o relató-rio durante a sua segunda missão espacial. “Embora o planeta sofra pressões insusten-táveis, nós temos a capacidade de salvar o nosso lar, não apenas em nosso próprio benefício mas, sobretudo, para as próximas gerações”, completou Kuipers. Esta publica-ção traz os principais resultados do relatório e uma análise da situação ambiental do pla-neta nestes últimos 20 anos, desde a Rio 92 até a Rio+20, iniciativa a realizar-se bre-vemente.

O Relatório do Planeta Vivo utiliza o Índice Planeta Vivo, mundial, para medir as mudan-ças na saúde dos ecossistemas do planeta, por meio do rastreamento de 9 mil popula-ções de mais de 2.600 espécies. Esse índi-ce global mostra uma diminuição de quase 30%, desde 1970, que é mais acentuada nos trópicos – onde foi constatado um de-clínio de 60% em menos de 40 anos. Assim

como a biodiversidade se encontra numa tendência descendente, a Pegada Ecológi-ca do Planeta Terra – que é outro indicador chave utilizado nesse relatório - ilustra como a nossa demanda por recursos naturais se tornou insustentável.

“Vivemos como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição. Utilizamos 50% mais recursos do que o planeta Terra pode produzir de forma sustentável. A menos que se altere esse rumo, esse número vai aumentar rapidamente - até 2030, e aí nem mesmo dois planetas serão suficientes”, afirma Jim Leape, Diretor Geral da Rede WWF.

RElATóRIO PlANETA VIVO MOSTRA PRESSãO INSUSTENTÁVEl SObRE A TERRA

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O relatório destaca o impacto do cresci-mento da população humana e o consu-mo excessivo como sendo as forças que causam maior pressão sobre o meio am-biente. “Esse relatório é como um check-up do planeta e os resultados indicam que ele está muito doente”, explicou Jonathan Baillie, Diretor do Programa de Conserva-ção da Sociedade Zoológica de Londres. “Se ignorarmos este diagnóstico, isso terá implicações importantes para a humanida-de. Nós podemos restaurar a saúde do pla-neta, mas somente iremos conseguir isso se abordarmos as raízes das causas, que são o crescimento populacional e o consu-mo excessivo.”

O relatório também destaca o impacto da urbanização como uma dinâmica crescente. Até 2050, duas em cada três pessoas vive-rão numa cidade e a humanidade precisará desenvolver formas novas e aperfeiçoadas de gestão e manejo dos recursos naturais.

A diferença entre os países ricos e pobres também foi destacada neste relatório. Pa-íses com renda elevada têm uma Pegada Ecológica que é, em média, cinco vezes a dos países de baixa renda. Os 10 países com a maior Pegada Ecológica por pessoa são: Catar, Kuwait, Emirados Árabes Uni-dos, Dinamarca, Estados Unidos da Amé-rica, Bélgica, Austrália, Canadá, Holanda e Irlanda.

No entanto, de acordo com o Índice Plane-ta Vivo, o declínio da biodiversidade desde 1970 tem sido mais rápido nos países de baixa renda – o que demonstra como as na-ções mais pobres e mais vulneráveis subsi-diam o estilo de vida dos países mais ricos. A decrescente capacidade biológica (que é a capacidade de uma região de regenerar recursos) exigirá que um país importe recur-sos essenciais de ecossistemas estrangei-ros – o que, potencialmente e a longo prazo, será em detrimento desses países.

“A dependência crescente de recursos ex-ternos coloca os países em significativo ris-co. A crise ecológica torna-se uma causa de nossas crescentes dores económicas”, afirma Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network. “Usar cada vez mais de uma natureza que é cada vez me-nor é uma estratégia perigosa. No entanto, a maior parte dos países continua nesse ca-minho. Com isso, eles colocam em risco não apenas o planeta mas - o que é ainda mais importante -, colocam a si próprios em risco.”

O Relatório Planeta Vivo apresenta diversas soluções necessárias para reverter o declí-nio apresentado pelo Índice Planeta Vivo e para diminuir a Pegada Ecológica para um limite compatível com o planeta. Essas so-luções são colocadas como 16 ações priori-tárias e incluem uma melhoria nos padrões de consumo, com a atribuição de valor eco-nómico ao capital natural, e a criação de marcos legais e políticos para uma gestão equitativa de alimentos, água e energia.

O lançamento do relatório acontece cinco semanas antes das nações, empresas e so-ciedade civil se reúnirem no Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas so-bre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20. Passados 20 anos desde a última cúpula

mundial sobre o planeta, essa reunião agora constitui uma oportunidade chave para que as lideranças mundiais reconfirmem seus compromissos com a criação de um futuro sustentável.

“O Brasil, que abriga uma de uma das maio-res biodiversidades do mundo, tem um papel fundamental nesse processo de mu-dança, que deve ocorrer não apenas no discurso mas, principalmente, com ações práticas”, afirma Maria Cecília Wey de Brito, Secretária-Geral do WWF-Brasil. E para ela, esse compromisso deve ser de todos: dos governos, dos cidadãos e das organizações da sociedade. “Os governos devem assumir o compromisso com a conservação ambien-tal e adotar ações que garantam a proteção dos ecossistemas, como, por exemplo, o in-centivo à criação e à implementação de áre-as protegidas, o combate ao desmatamento, o incentivo ao consumo responsável e o es-tímulo a boas práticas produtivas”, ressalta.

De acordo com Maria Cecília, no que se refere às cidades, é fundamental que elas usem mecanismos de avaliação de impac-tos, como a Pegada Ecológica e adotem po-líticas públicas de mitigação que ajudem a reduzir os impactos. Ela também destaca o papel do cidadão nesse processo. “Os ci-dadãos precisam repensar o seu consumo, avaliar até que ponto seus hábitos cotidia-nos estão impactando o meio ambiente e fazer escolhas mais sustentáveis”.

O lançamento do relatório pelo WWF-Brasil, em Brasília, contou com a presença de Mar-cos Pontes, primeiro astronauta brasileiro a ver o planeta do espaço. Ele falou sobre a experiência de ver a terra de longe. “Eu gos-taria que todas as pessoas tivessem a opor-tunidade de ver o planeta do alto. A essa distância, é possível ver o quanto ele está sendo degradado”. De acordo com Pontes, é muito bom ter o conforto que a cidade ofe-rece mas isso não pode ser feito a custa de destruir nossos recursos naturais, o que vem acontecendo em um ritmo acelerado. “As cidades, vistas do espaço, são como ci-catrizes no planeta. O ideal é que elas fos-sem tatuagens e não cicatrizes”, comparou.

In: http://www.wwf.org.br/?31304/Relatrio-

Planeta-Vivo-2012-da-Rede-WWF

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seTor FiNaNCeiro desperTapara realidade eColóGiCa

Durante a Conferência das Nações Uni-das sobre o Desenvolvimento Sustentável [Rio +20 Earth Summit] o sector financeiro irá emitir uma declaração, através da qual pretende demonstrar a assunção de um compromisso no sentido de trabalhar para integrar as considerações do Capital Na-

O Caminhopara uma Economia Verde

tural aos produtos e serviços financeiros a desenvolver no século XXI. As palavras que farão eco no decorrer do “Rio+20” são as que a seguir transcrevemos:

“Vinte anos atrás, a primeira Cimeira da Ter-ra no Rio de Janeiro teve como foco princi-pal a importância do meio ambiente natural e os serviços por ele providos que susten-tam a existência humana. À medida que

nos aproximamos do vigésimo aniversário deste evento tão marcante, a comunidade internacional aguarda a chegada da Confe-rência das Nações Unidas sobre o Desen-volvimento Sustentável em 2012 (também conhecida como Rio +20) para avançar com a discussão de questões chave, como a economia verde e quadro institucional para o desenvolvimento sustentável. Nós as instituições financeiras sub-signatárias,

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desejamos reconhecer e reafirmar a im-portância do Capital Natural na manuten-ção de uma economia global sustentável. Esta declaração convoca o sector público e o sector privado a trabalhar juntos para criar as condições necessárias para man-ter e re- forçar o Capital Natural como um ativo crucial, do ponto de vista económi-co, eco-lógico e social. Iremos apre-sentar esta de-claração à comu-nidade global na Rio +20, como uma res-posta do sector fi-nanceiro privado ao tema da confe-rência que visa trabalhar rumo à economia verde. Esta declaração foi elaborada com base num extenso processo de consulta junto da comunidade financeira durante os anos de 2010 e 2011, incluindo encontros em Londres, Nagoya, Hong Kong, Muni-que, Washington D.C. e São Paulo.

No entanto, nem estes serviços, nem a re-serva de Capital Natural que os provê, são adequadamente valorizados quando com-parados com o capital social ou financeiro. Apesar de ser fundamental para o nosso bem-estar, o seu uso diário passa desper-cebido face ao nosso sistema económico.

A utilização do Capital Natural desta forma não é sustentável. O sector privado, os go-vernos e todos nós precisamos de aumen-tar a nossa compreensão e prestar contas do uso que é feito desse Capital Natural, reconhecendo o custo real do crescimen-to económico e sustentando para o bem

estar humano hoje e no futuro. As institui-ções financeiras são partes integrantes da economia e da sociedade. Como o motor do crescimento económico global, o sector financeiro pode propiciar algumas das fer-ramentas necessárias para apoiar a tran-sição para o desenvolvimento sustentável

e a erradi-

cação da pobreza, oferecendo emprésti-mos, capital, seguros e outros produtos e serviços financeiros necessários às com-panhias, governos, organizações e indiví-duos. Considerando que praticamente toda atividade económica pode ter um impacto direto ou indireto, por meio da cadeia de suprimentos, no capital natural, as institui-ções financeiras têm pegadas ecológicas indiretas consideráveis, seja através dos seus clientes e diretamente nas suas de-cisões de compras. Esses impactos podem gerar riscos financeiros significativos, mas também relevantes oportunidades de ne-gócios.

Atualmente muitas instituições financei-ras não compreendem suficientemente, não consideram e, portanto, não avaliam os riscos e as oportunidades relaciona-dos ao Capital Natural nos seus produtos e serviços financeiros (empréstimos, in-vestimentos e seguros) e na sua cadeia

de suprimentos. A construção deste co-nhecimento, bem como o desenvolvimen-to de ferramentas adequadas de valoração e gestão de riscos, para que seja conside-rado o Capital Natural nos processos de tomada de decisão financeira, são os pri-meiros importantes passos a serem toma-dos pelo sector financeiro.

Como membros do sector fi-nanceiro, consideramo-nos partes interessadas chave nas futuras discussões sobre va-loração e proteção do Capital Natural e reconhecemos que temos um papel chave nas re-formas necessárias para criar um sistema financeiro que re-porta e, em última instância, considera o uso, a manutenção e a restauração do Capital Na-tural na economia global. En-tretanto, necessitamos agir em alinhamento com o governo e com o apoio de legislação e re-gulamentação apropriadas.

Uso sUsTeNTadodo CapiTal NaTUral

Devido ao fato do Capital Na-tural ser parte dos ‘bens co-

muns globais’ e por diversas vezes tratado como um ‘bem’ inesgotável , os governos devem agir de forma a criar uma estrutura que regularize e incentive o setor privado – incluindo o setor financeiro – a operar com responsabilidade em relação ao seu uso sustentável. Solicitamos aos governos que desenvolvam um arcabouço político claro, confiável e de longo-prazo que apoie e in-centive as organizações – incluindo insti-tuições financeiras – a valorar e reportar seu uso de Capital Natural, consequente-mente trabalhando no sentido de internali-zar seus custos ambientais.

Isso pode ser feito das seguin-tes formas:a) Exigindo que as empresas divulguem a natureza de sua dependência e seus im-pactos sobre o Capital Natural por meio de relatórios transparentes com informações qualitativas e quantitativas;b) Utilizando medidas fiscais que desen-

CAPITAL NATURALEm termos gerais, “capital” é definido como o estoque de materiais ou informações que existemem um sistema, a qualquer momento. Assim comoum investidor utiliza capital financeiro para gerar lucro,um estoque de florestas ou de peixes irá prover um fluxo futuro de madeira ou alimento. Existe uma diferença entre o Capital Natural vivo e o Capital Natural morto. O primeiro é sustentado por energia solar e inclui todos os ecossistemas. Pode ser colhido para produção de bens e gera serviços ecossistémicos adicionais quando adequadamente conservado. O Capital Natural morto, ou inerte, inclui minerais e combustíveis fósseis, que não proporcionam quaisquer outros serviços, além do seu uso. Para o propósito desta declaração, Capital Natural se refere ao estoque e fluxo dos serviços ecossistémicos da Terra.

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corajem os negócios a erodir o Capital Na-tural, e que ao mesmo tempo ofereçam incentivos a empresas que integrem, valo-rem e considerem o Capital Natural no seu modelo de negócios;c) Endossando e implementando acordos internacionais, incluindo mas não se limi-tando aos acordados por meio da Conven-ção Sobre Diversidade Biológica;d) Servindo como exemplo por meio do requerimento de que compras e gastos públicos reportem e, em última instância, contabilizem seu uso de Capital Natural.Nós apreciamos a iniciativa do Banco Mun-dial Wealth Accounting and Valuation of Ecosystem Services (WAVES) e encoraja-mos os governos a participar.

Compromisso No “rio +20” CÚpUla da Terra

Antecipando o que desta estrutura irá emergir e, ressaltando o fato de que ainda não existe metodologia que relate ou con-tabilize adequadamente o Capital Natural no sistema financeiro global, as Institui-

ções Financeiras signatárias, desejam de-monstrar liderança através da realização de um esforço em colaborar globalmente em grupos de trabalho e engajamento junto aos nossos clientes, empresas investidas, fornecedores, sociedade civil e outras par-tes interessadas, quando apropriado para :

1.Compreender os impactos e a dependên-cia do Capital Natural relevantes às nos-sas operações, perfis de risco, carteira de clientes, cadeias de suprimentos e oportu-nidades de negócio;

2.Apoiar o desenvolvimento de metodologias que possam integrar o Capital Natural ao processo decisório de todos os produtos e serviços financeiros – incluindo emprésti-mos, investimentos e seguros. Reconhe-cemos que dada a diversidade do sector financeiro, a inclusão de considerações sobre o Capital Natural irá diferir entre classes de ativos e tipos de instituições fi-nanceiras. Portanto, nosso objetivo é cons-truir com base no trabalho já realizado por outras iniciativas, tais como os Princípios para o Investimento Responsável (UN PRI), os Princípios do Equador, os Princípios pa-ra o Seguro Sustentável da UNEP-FI e A Economia dos Ecossistemas e Biodiversi-dade (TEEB), para que possamos desen-volver metodologias com o objetivo de:

a) Aplicar um enfoque holístico na avalia-ção de títulos de dívida e ações por meio da integração do Capital Natural nas aná-lises de riscos ambientais, sociais e go-vernança corporativa (ESG em inglês), na previsão de crescimento de curto, médio e longo prazos das companhias investidas;b) Considerar e valorar sistematicamente o Capital Natural nas políticas de crédito para sectores específicos, incluindo com-modities, que podem ter maiores impactos no Capital Natural, direta ou indiretamente, via cadeia de suprimentos;c) Considerar e valorar sistematicamente o Capital Natural nas estratégias e opera-ções centrais dos negócios com seguros, incluindo gerenciamento de riscos, riscos de emissão, desenvolvimento de produ-tos e serviços, gerenciamento de sinistros, vendas, marketing, e gestão de investi-mentos.

3.Colaborar, quando apropriado, com o Co-mité Internacional para Relatórios Inte-grados (IIRC em inglês), e outras partes interessadas para construir um consenso global sobre o desenvolvimento de Relató-rios Integrados, que inclui o Capital Natural, como parte de uma definição mais ampla de recursos e relacionamentos chave para o sucesso de uma organização;

4.Trabalhar na busca de um consenso glo-bal para a integração do Capital Natural na contabilidade e no processo de tomada de decisão do setor privado; apoiando, quando apropriado, o trabalho do TEEB for Busi-ness Coalition e outras partes interessadas relevantes.Ao endossar esta declaração, desejamos demonstrar o nosso compromisso, em úl-tima instância, com a integração do Capi-tal Natural aos relatórios, à contabilidade e processos decisórios do sector privado, com padronização adequada da mensura-ção e da divulgação do uso do Capital Na-tural.

O Capital Natural incorpora todos os ativos naturais da Terra (solo, ar, água, flora e fauna) e todos seus serviços ecossistémicos, que tornam possível a existência de vida humana. Os produtos e serviços ecossistémicos provenientes do Capital Natural valem biliões de dólares por ano e constituem alimentos, fibras, água, saúde, energia, segurança climática e outros serviços essenciais a todos.

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FOCUS

AGUERRA

DAS ROLHAS

cortiça versus screwcrap. conheça os desafios de um dos sectores nobres da economia