Yell-Oh! #4
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Transcript of Yell-Oh! #4
1
“Bodyguard” foi produzido a
partir de uma ideia de restrição
e aprisionamento. Resulta do
processo de fotomontagem num
entrosamento de duas imagens do
mesmo ser, em que a minuciosa
recomposição pretende criar um
simulacro de um só ser metamórfico.
A ideia de censura, que de forma
latente já estava presente na
ideia original da obra, reside
na sua dimensão de ambiguidade
e duplicidade, que nos deixa
enquanto observadores, numa
situação ambígua de potencial
vítima ou pessoa protegida. De
qualquer modo, impera sensação de
tensão e restrição. O canídeo de
apuramento laboratorial, ligado a
toda uma imagética violenta a si
associada, está potenciado pelo
apuramento artificial da imagem,
acrescido da composição que gera
um sistema fechado (pelo conjunto
deste novo ser e da sua trela
que simbolicamente aprisionam o
observador). Na tensão entre o
olhar ligeiramente enviesado deste
novo ser e o nosso olhar directo
para a obra, a última palavra em
relação à censura é nossa, a do
observador!
JORGE ABADE
14-05-2011
FANZINE SEMESTRAL DO CURSO DE SOM E IMAGEM
ENTREVISTAS • CRÓNICAS • PROJECTOS DE SOM E IMAGEM • PROJECTOS EXTRA-CURRICULARES • PROJECTOS DE DOCENTES • PRODUÇÕES FINAIS • TALENTOS • INCUBADORAS • FESTIVAIS • GADJETS • DESTAQUES •
EDIÇÃO DE VERÃOJUN.2011
Distri.Gratuita
FICHA TÉCNICA DA OBRA ORIGINAL
Título
Bodyguard
Ano
2009
Técnica
Durst Lambda Print
Dimensões
27,5 X 41,5 cm
3 Unidades
Capa da 4ª Edição da Yell-Oh! fanzine
FICHA TÉCNICA (REPRODUÇÃO YELL-OH!)
Título
Bodyguard
Ano
2011
Técnica
Off-Set 4 cores
Dimensões
22,5 X 59,4 cm
300 Unidades
Jorge Abade,Docente de Som e Imagem
4
INDICE
EDITORIAL-GACHÊTTE-CRÓNICAPaulo da Rosária-TALENTOFÁ-LAS CURTAS! - Pedro Gonçalves e Sílvia Cunha; André Luís e Miguel Rodrigues-PERFILMané Branco-MOSTRARicardo Megre-PRODUÇÕES FINAIS DE MESTRADO 09|10Projectos Finais de Vídeo-ESTIVEMOS LÁ!Black&White 8ª ediçãoFantasporto 11-ENTREVISTA A...Vítor Teixeira-MEMÓRIAS-CRÍTICAIlustração-FOTO YELL-OH!Escola das Artes-VÉNIA A...Robert Rodriguez-RECOMENDAMOSDestaques de docentes-
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índice
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Herói ou cobarde? Se é verdade que o
melhor ou pior do ser humano se revela
em situações extremas ou em situações
onde uma conjunção de factores leva a um
provável despotismo, também é verdade
que deste meio mentes brilhantes e obras
assombrosas poderão emergir. Não são
minhas as palavras, mas sim de Victor
Hugo, em ‘Os Miseráveis’ quando disse:
“Dos déspotas provêm, até certo ponto,
os pensadores. A palavra acorrentada é
terrível. O escritor duplica e triplica o seu
estilo, quando um senhor impõe silêncio
ao povo. Sai desse silêncio certa plenitude
misteriosa que se filtra e se condensa em
bronze no pensamento.”.
Censura, é o tema escolhido para esta 4ª
edição da “Yell-Oh!”, porque creio que
mais do que censura social, estatal ou
até ditatorial, vivemos numa época de censura íntima onde o medo de liberdade
de expressão e manifestação se instalou em nós. Fazendo parte da índole de uma
fanzine servir de veículo disseminador de ideias e claro sem correntes ditadas por
outros média, quisemos expor a questão Censura, sem sermos censurados. E como
somos de natureza questionadora, propomos que esta fanzine seja um veículo de
reflexão e mediação (in)formativa.
Percorremos o caminho, com novas e velhas colaborações. Destacamos a capa de
Jorge Abade, com um conceito diferente nesta edição ¬— o de uma capa envolvente
que acolhe a Fanzine e que pode servir o efeito de objecto coleccionável; a divertida
crónica de Paulo da Rosária; entrevista a Vítor Teixeira, com opiniões influentes
sobre a nossa escola em particular e a vida em geral; recomendações relevantes
de outros docentes como Gustavo Martins, Yolanda Espiña e Rui Nunes; e outros
destaques de mérito de projectos de actuais e ex-alunos, bem como de docentes.
A valiosa opinião de todos sobre o tema em questão, reflectida em tão variados
suportes, faz-nos orgulhar desta edição que muito nos tem a ensinar. Um obrigada
a todos, e um obrigada especial à equipa “Yell-Oh!”, por este ano lectivo, sem “elas”
não seria possível.
ESTA EDIÇÃO NÃO FOI ESCRITA AO ABRIGO DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO.
6
Câmara do FuturoInfelizmente é apenas um protótipo de design de uma empresa de Seattle, a Group Artefact. De acordo com o conceito, o sensor é alojado dentro da lente, que continua a funcionar mesmo quando esta é separada do corpo da câmara, permitindo assim ao ecrã ser usado como um visor portátil. Disponível em: http://artefactgroup.com/wvil/
Re-Futurização da TelevisãoO designer Mike Chen foi o criador desta televisão com inspiração nos anos 50 e no minimalismo moderno. A ideia é reviver o espaço da televisão como parte da mobília, da decoração. O comando é apenas um grande botão onde a expressão do minimalismo “menos é mais” se aplica aliada ao estilo das antigas televisões dos anos 50.Disponível em: http://mikeychen.com/
Registador de sonhosO design deste livro surgiu num sonho da artista Samara Guzmán Fernández, que assim decidiu criar o Registador de Sonhos. É uma edição limitada de 55 livros numerados, feitos manualmente com seda e papel reciclado mina gris. As portadas foram feitas com serigrafia, assim como as pequenas anotações que podemos encontrar pelo livro.Disponível em: nsamaraguzmanfernandez.blogspot.com/
Collaborative InstrumentA colaboração criativa é algo comum nos dias de hoje.
Collaborative Instrument foi desenhado para criar música em conjunto, controlando o ritmo e a melodia
separadamente. Matt West desenhou a peça para uma utilização simples em trabalho de equipa.
Disponível em: www.mattwestdesign.com
Headphones da Sennheiser, com a assinatura AdidasA Sennheiser e a Adidas Originals lançaram o HD 220 e CX 310, aliando a técnica ao design. Ambos os headphones deste recurso de áudio líder mundial, foram desenhados com o estilo inconfundível da Adidas Originals.Preço: 210¤
Disponível em: http://chemical-records.co.uk/
7
Olympus O-ProductUm design geométrico e arrojado, inspirado nas tendências dos anos 20 e 30 para estes aparelhos. Com flash amovível, esta câmara compacta de 35mm foi vendida como uma edição pré-venda limitada a 10.000 unidades no Japão e 10.000 fora.Disponível em: www.olympus-global.com
Laptop Dock LD120O Laptop Dock LD 120 torna qualquer computador num aparelho de música de alta qualidade, sem a necessidade de instalar ou configurar, apenas com um plug-in de operador de sistema. Esta mesa anti-vibração que funciona como sistema de som, foi concebida pela unidade de investigação francesa La Boite Concept.Disponível em: www.laboiteconcept.com
Colunas TAUAs colunas TAU apresentam formas orgânicas em suspensão, que são o resultado da procura de Andrej Cverha pela forma
mais simples para proporcionar a máxima qualidade de áudio. São construídas com materiais reciclados, tais como
cartão, papel e resinas de époxi.Disponível em: www.yankodesign.com
TDK BoomboxCom o estilo da icónica aparelhagem de
ghetto da década de 80, TDK traz de volta a clássica Boombox. Com o design
e a tecnologia actualizados, contém inputs de USB, iPod, iPhone, smartphone,
guitarra e microfone. Os botões touch permitem um controlo simples e intuitivo
do aparelho, que nos possibilita ainda carregar o iPhone ou iPod ao mesmo
tempo que executamos outras funções.Preço: 500¤
Disponível em: http://tdk.com/
USB LocketA tecnologia aliada ao design já não é novidade, pois começa
a integrar-se com acessórios de moda. Emily Rothschild redesenhou o tradicional colar com a fotografia de alguém
querido para uma USB flash drive. Agora podemos ter todas as nossas fotografias, documentos, músicas ou vídeos ao
pescoço. Disponível em:
www.emilyrothschild.com
8
Advertência ao putativo leitor deste texto:
aquele que procurar, neste texto uma definição de censura será processado;aquele que procuraruma anatomia da censura será
açoitado em hasta pública; aquele que procurar uma exegese da censura será
sumariamente executado.
A CENSURA É BASTANTE
CENSURÁVEL
CRÓNICA POR PAULO DA ROSÁRIA
DOCENTE DE SOM E IMAGEM
9
O autor deste texto censura a falta de liberdade que não lhe foi concedida para elocubrar sobre o que realmente o atormenta: a obrigatoriedade da ingestão de kiwis, associada à ideia higienista da saúde, patrocinada pelo complexo vitamínico que essa pasta repugnante, sórdida e verde transporta e que tresanda a relva, pisada por duas equipas de rugby, após meses de fortes chuvadas. Por ele e refiro-me ao autor, censurava os kiwis. E os kiwis seriam expurgados. E com eles, toda essa espécie de patê de foie de aglomerado de nhanha verde.Porém, preferiram censurar o texto sobre tão medonho e angustiante assunto, obrigando o autor a falar de censura. Embora extremamente convicto da suprema elevação de uma crónica sobre o abjecto fruto, o kiwi, quando comparada com o tema proposto, a censura, o autor aceita a encomenda. Ainda que ligeiramente amuado. Antes de meter mãos à obra, o autor foi visto a passear, pelos frondosos jardins do campus online da Universidade Católica, com um livro nas mãos. Mas aqui, os testemunhos divergem. Alguns relatos, optam por “foi avistado nos frondosos jardins, com um pombo debaixo do braço”; Outros ainda referem “um índividuo careca e gordo com um livro, cujo título era barrado por uma faixa preta que levitava…” Dois ou três testemunhos relatam, “um indivíduo careca e gordo, de pernas arqueadas, que teria dito um palavrão, supostamente por não julgar correcto que um pombo defecasse mesmo em cima da reluzente careca.” O palavrão não se pode citar, não porque seja censurável, mas porque a voz desse indivíduo teria sido manipulada digitalmente, pelo que soava como uma espécie de flatulência oralizada. Ocorre, ainda, nos testemunhos desse avistamento, uma referência à dieta do pombo. Tudo aponta para a ingestão de kiwis.De resto, todos os testemunhos aceitam a existência de um livro debaixo do braço do autor desta crónica. Ninguém acredita que a natureza do autor fosse de tal modo vil que pudesse ter degolado o pombo. Sobretudo com intuitos vingativos. E de resto, ninguém passeia um pombo debaixo do braço. Creio eu.Mas eu não sou tido, nem achado. sou apenas o prefaciador da crónica. E cumprindo o meu dever, devolvo o disponível leitor ao convívio com o autor desta crónica. De regresso ao seu gabinete e à luz de uma vela, não porque não houvesse electricidade, mas pelo romantismo que a expressão “à luz de uma vela” sugere, o autor sentou-se, molhou a pena do pombo na tinta e começou a rascunhar o texto que agora se dá a conhecer ao benévolo e paciente leitor. Ei-lo, em todo o seu esplendor, traduzido com esmero do aramaico original (O autor escreve sempre em
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aramaico, por motivos de clareza e precisão; seguindo aliás, a tradição da casta).Neste momento, confesso que como prefaciador senti um sobressalto cívico. Enquanto escrevia esta linhas, um pombo acabara de debicar o papel de arroz onde o autor tinha escrito o original. Nervoso e revoltado, atirei inadvertidamente e num acto tresloucado a tradução para a lareira. Daí que, o que se vai ler a seguir conste da transcrição do registo audio de uma lição do mestre autor. Farão parte da transcrição, não só as palavras como a interpretação de todos os sons que o suporte registou. Ei-lo, em todo o seu esplendor (acho que já escrevi isto…).O autor entra no Auditório Ilídio Pinho e dirige-se ao microfone. Ouvém-se palmas. O autor pigarreia. Faz estalar os dedos das mãos. Sorve um gole de água e gargareja. Cospe para o escarrador. Assoa-se e guarda o lenço.Embora não acredite minimamente na eficácia da imagem que se segue, obra de um colega que padece de PMS (Post Modernism Syndrom) creio ser adequada à introdução da temática e reparem que uso o vocábulo “temática” em vez de “tema”. A censura. Creio, de facto, que ilustra com rigor quase científico (reparem que uso o vocábulo “científico” em vez de “empírico” ou de “místico” ou mesmo de “brutal”) o conceito de evolução ou de progresso na história da Humanidade. A imagem consta do seguinte: o ser humano evolui na medida em que cada vez se queimam mais livros e cada vez se queimam menos pessoas. Concedo. É uma imagem capciosa (e reparem que uso o vocábulo…)Tosse.Tosse.Espirra!Detesto que espirrem durante a conferência. É que estou aqui concentradíssimo, meu preclaro colega… aluno, hrumm, Senhor Comendador... (sorve um gole de água). A referida imagem poderia funcionar até ao Século das Luzes, mas não resiste aos acontecimentos que marcaram o século XIX e muito menos o século XX. De qualquer modo, a fogueira e os livros acompanham a história da censura, como a água acompanha a história da natação sincronizada e o gelo a história da patinagem artística. Ocorrem como acidentes naturais. Livros e censura sempre viveram de mãos dadas. Não por vontade dos livros, como é evidente. Senão, vejamos: Em 1791, em França, a Biblioteca Nacional de Paris criou uma colecção de literatura dita obscena ou inadmissível ou o que quer que seja, enfim, proibida. A colecção foi perdendo vários
Autor:
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Espectador 2:Espectador 3:
Espectador 1:
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volumes, uns deteriorados, outros roubados até ter sido catalogada por Guillaume Apollinaire, em 1913 (burburinho no auditório). Sim, Apollinaire. O autor de Alcools e Les Onze Mille Verges. A colecção chamava-se L’Enfer. Continha mais de quatro mil livros.Em Bloomsbury, Londres, a chamada “The Private Case Collection” do British Museum chegou a reunir cerca de vinte mil livros de literatura dita erótica, indecente, obscena e pornográfica. Incluía textos provenientes da Inglaterra, daFrança, Espanha , Portugal, Itália, Alemanha, entre outros. O roubo, o vandalismo e outros motivos, mais ou menos naturais, reduziram o espólio para cerca de um décimo. Em 1998, a colecção foi mudada para St. Pancras. São ambas bibliotecas de acesso restricto ou condicionado. Bem como as bibliotecas do Congresso de Washington, a Bodlein, em Oxford e a Biblioteca Apostolica Vaticana.A perda do Livro II de Aristóteles que abordaria a Comédia continua a alimentar rumores sobre a presumível censura (…)Nota do prefaciador: a má qualidade do registo audio não permite a transcrição de cerca de quinze minutos da conferência. Retoma-se a transcrição na frase truncada que a seguir poderá ler.(…) serve de mote à narrativa que Umberto Eco construiu, na sua obra O Nome da Rosa. A liberdade de expressão é censurável sempre que o ser humano possa ser gravemente lesado pelo acesso a informação enganosa. Por exemplo, será sempre censurável o energúmeno que grita “Fogo!” numa sala de teatro repleta de espectadores. Ou o imbecil que grite “Bomba!” durante um voo, num avião de passageiros.Da mesma forma, é legítimo censurar um livro tão fatalmente cómico que, por hipótese académica, conseguiria matar o leitor à gargalhada. Todos gostamos de rir, mas ninguém aprecia sufocar até à morte no seu próprio riso. Mas já não será admissível a censura de um livro apenas porque comunica ideias com as quais discordamos. É célebre a frase de Voltaire que passo a parafrasear: Discordo em absoluto das suas ideias, mas lutaria até à morte pela sua liberdade de as expressar. O grande teste à nossa tolerância não passa pela condescendência perante ideias divergentes; a nossa tolerância é realmente testada quando somos confrontados com ideias antagónicas e sempre que…durante cerca de cinco minutos a má qualidade do registo não permite a transcrição. Retomamos no momento em que o autor disserta sobre Orwell.O prefácio que George Orwell escreveu para o seu livro Animal Farm não surge na primeira edição da obra. Foi descoberto, anos depois, no espólio do autor. Crê-se ter sido censurado. Freedom of the Press
Nota doPrefaciador:
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(escrito em 1943) é o título do referido prefácio. E consta de uma diatribe que pretende justificar a dificuldade de publicação da fábula sobre o estalinismo, num momento em que a elite intelectual inglesa prezava as supostas virtudes da política soviética. A publicação de Animal Farm foi recusada por vários editores. Um dos editores chegou a ponderar a publicação, mas após consultar o Ministério da Informação optou pela decisão mais prudente. Não publicar. A designação – Ministério da Informação - parece saída do livro de Orwell, 1984. Mas não. Existia mesmo em Inglaterra. Um livro não publicado, não é alvo de censura política. É apenas vítima do exercício da liberdade de escolha dos editores, que pode ser baseada em critérios de gosto, de linha editorial ou de mercado. Mas a carta que o editor escreve a Orwell e que o autor cita no referido prefácio não deixa dúvidas.
I mentioned the reaction I had had from an important official in the Ministry
of Information with regard to Animal Farm. I must confess that this expression
of opinion has given me seriously to think ... I can see now that it might be
regarded as something which it was highly ill-advised to publish at the present
time. If the fable were addressed generally to dictators and dictatorships at
large then publication would be all right, but the fable does follow, as I see now,
so completely the progress of the Russian Soviets and their two dictators, that
it can apply only to Russia, to the exclusion of the other dictatorships. Another
thing: it would be less offensive if the predominant caste in the fable were not
pigs. (…) I think the choice of pigs as the ruling caste will no doubt give offence
to many people, and particularly to anyone who is a bit touchy, as undoubtedly
the Russians are.
O livro acabou por ser publicado a 17 de Agosto de 1945, num momento de viragem política. A inglaterra já não precisava de acarinhar a União Soviética. A guerra estava ganha. Era a altura de competir com as nações vitoriosas pelo quinhão mais apetitoso do que restava da Europa e do Mundo. Nesse momento, o termo Pigs usado na fábula para nomear o poder soviético era bastante aconselhável.Pigs. As palavras não são inocentes. Actualmente, certos e determinados países usam o mesmo termo como uma sigla PIIGS. A sigla designa os países periféricos da zona Euro. Apetece ripostar com outra sigla. Sugiro FABA! De França, Alemanha, Bélgica e Aústria. Ide à FABA!(ouvem-se palmas e assobios) Ide à FABA!Nota do Prefaciador: a partir deste momento a conferência descamba. Os ânimos exaltam-se. O autor usa um dos métodos mais eficazes
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para motivar o público. Poderemos classificá-lo como o MDPR (Método Dividir Para Reinar).Ocorre quando o elemento mais poderoso ou o challenger respiga a frase: “Ou estão comigo ou estão contra mim”. Todos os que nem estão comigo nem contra mim são censurados e persuadidos a escolher um dos lados. Já ouvimos a frase da boca italiana e fascista de Benito Mussolini: “O con noi o contro di noi” Já a ouvimos dos lábios de Hillary Clinton: “Every nation has to either be with us, or against us. Those who harbor terrorists, or who finance them, are going to pay a price.” De George W. Bush: “Either you are with us, or you are with the terrorists.” George Orwell também não se coibiu de usar essa espécie de maniqueísmo censório, num ensaio de 1942, Pacifism and the War:
If you hamper the war effort of one side you automatically help that of the other.
Nor is there any real way of remaining outside such a war as the present one. In
practice, ‘he that is not with me is against me’. The idea that you can somehow
remain aloof from and superior to the struggle, while living on food which British
sailors have to risk their lives to bring you, is a bourgeois illusion bred of money
and security.
Até Anakin Skywalker recorre à formula quando confronta Obi-Wan Kenobi, na Vingança dos Sith: If you’re not with me, then you’re my enemy.Gostava de saber se o tal Skywalker manteria a mesma prosápia se o sabre de luz deixasse de funcionar. É que ninguém exerce censura se não sentir as costas quentes.
Um texto do Prefaciador Paulo da Rosária a partir de uma conferência do autor.
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Em Janeiro deste ano estreou na RTP2 o programa “Fá-las Curtas”, uma adaptação do programa canadiano “Fais Ça Court!”. Foi um concurso apresentado por Filomena Cautela, que todos os sábados às 21h deu a conhecer jovens talentos da arte do cinema, com curtas-metragens de ficção de dois minutos de duração.Das 78 inscrições apresentadas, foram seleccionadas 16 equipas, das quais duas constituídas por alunos de Som e Imagem da UCP. Pedro Gonçalves e Sílvia Cunha atingiram os quartos de final e a equipa de André Luís e Miguel Rodrigues foi a vencedora do programa.A cada equipa, composta por um realizador e um argumentista, foram-lhes disponibilizados os actores, o guarda-roupa, os adereços e a decoração. A directora de fotografia Inês Carvalho dirigiu a equipa técnica de rodagem. Às equipas concorrentes ficou o desafio de escrever o argumento, dirigir os actores e editar a curta-metragem.No fim do programa de cada sábado, as equipas foram avaliadas pelo júri Joaquim Leitão e João Garção Borges, a quem coube a tarefa de decidir quem passava à fase seguinte.
http://ww1.rtp.pt/tvonline/sites/falascurtas/
Talento
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TalentoNESTA SECÇÃO DESTACAMOS A PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS DE SOM E IMAGEM NA ESTREIA DO “FÁ-LAS CURTAS” DA RTP.
Terminou a sua
licenciatura em 2009,
culminando o último semestre
no curso de Animação da UCA,
através do programa de Erasmus. Pelo trabalho realizado até então, foi-lhe atribuída uma bolsa de mérito pela Universidade, permitindo que optasse ficar por lá para prosseguimento de estudos em Mestrado. Ao fim do 1º semestre, iniciou um estágio na Baseline Magazine & HDR Publishing, com a duração de 10 meses, o que lhe permitiu uma aprendizagem em design gráfico, tipografia e diferentes ambientes profissionais, naquela que é uma das melhores revistas mundiais deste ramo das Artes. Enquanto acabava o seu Projecto Final de mestrado, recebeu um convite para fazer parte de uma Equipa Curadora da UCA, no projecto-piloto FORWARD - Exhibitions and Professional Networking Event, criado para fomentar contactos entre os estudantes graduados e o campo profissional, projecto que levou a cabo com imenso sucesso, em Janeiro de 2011. Foi Curador do MA Show 2011 da UCA em Maidstone, onde o seu Projecto Final esteve em exposição,
sendo também o designer gráfico convidado para o Catálogo do Show, que incluiu todos os mestrados. Neste momento, já concluiu os seus estudos e é designer gráfico freelancer para a UCA e continua Curador do Forward, que irá ter mais cinco edições nos restantes cinco pólos da UCA. Designer Gráfico da recém-criada Em Branco Ltd, empresa de Arquitectura, Engenharia e Design Gráfico, sedeada em Coimbra, continua também a criar regularmente Retratos Gráficos, arte que vem desenvolvendo há já alguns anos.
Como projecto de destaque o artista aponta “WHY?”, o seu projecto final de mestrado de 2011. Este projecto usa sistemas gráficos como meio de visualizar, comparar e criticar a cultura Portuguesa com a cultura Inglesa, o que nos traz um pouco do percurso do artista, uma vez que são as culturas em que vive e consequentemente compara. Foi um projecto de extrema importância para o artista e para a sua carreira, visto ter sido o culminar do seu período de estudo e o aglomerar de todo o conhecimento que teve oportunidade de adquirir até então, ao longo do seu percurso académico e em toda a investigação que se supõe a um aluno que se forme em Artes.
MANÉ BRAN
CO
Perfi l de...
17
Imagens de Why, obra de Mané Branco,
ex-aluno de Som e Imagem.
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Ricardo Megre nasce em 1984 na cidade do Porto.
É actualmente licenciado em Som e Imagem e Mestre em Animação por
Computador, pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa.
Em 2007 iniciou uma pós-graduação em Animação 3D e Efeitos Especiais pela
New York Film Academy (NYFA), nos Estados Unidos da América, onde teve
como professor Boaz Livny, autor conceituado do livro “Mental ray for Maya, 3ds
Max and XSI”. Especializou-se na área de Iluminação 3D e Renders, produzindo
a curta-metragem “HourGlass”. Foi durante a licenciatura em Som e Imagem da
UCP que teve o primeiro contacto com o mundo da animação realizando, já no
mestrado, a sua primeira curta-metragem de animação 3D “Wanted”, uma ficção
dentro do estilo western. No ano seguinte, decide juntar a sua paixão pela ficção
científica ao mundo da animação e produz o seu Projecto Final de mestrado
“7200 Anos-Luz”, com Ana Borges de Sousa na Direcção de Arte e Armando
Ramos no Design de Som. O filme foi seleccionado em 2007 para festivais como
a Semana de Cine Experimental (Espanha), Les e-magiciens (França) e em 2008
pela AniBoom Awards, Fantasporto e o Festival Black & White. A seguir à sua
pós-graduação, é convidado pela NYFA para o cargo de Professor assistente no
curso de verão na Universidade de Harvard, em Massachussets, cargo que continua
na NYFA no centro do Soho, em 2008. Em simultâneo, é contratado pela Walsh
Family Media em Brooklyn, onde é criativo nas áreas de Texturização, Iluminação
e Renders na produção da longa-metragem de animação 3D “The Cool Beans”,
realizada por Patrick Walsh. Entretanto trabalha em parceria com a sua mulher Ana
Borges de Sousa, também ex-aluna de Som e Imagem da UCP, em projectos como
Ricardo Megre, Docente de Som e Imagem
19
“Conversation with the Cosmos” de Stéphanie Joalland e Mallory Roberts, criando
também vídeos promocionais para a Petit Patapon (sediada em Portugal).
Em 2009 inicia-se como freelancer para a empresa Gloss Post-Production, sediada
em Hamburgo, Alemanha. Continua assim a especializar-se na área que pretende,
desempenhando funções de Iluminação 3D, Renders e Compositing, dentro da
indústria de visualização de automóveis e veículos. No final desse ano é professor
convidado na Escola das Artes, leccionando Atelier de Animação. Aqui desenvolve
um projecto com os alunos, no âmbito do concerto de Natal “Fantasia sobre a
Fantasia”, onde várias escolas são convidadas a interpretar o filme animado de
1940 “Fantasia” de Walt Disney, criando animações a partir de obras musicais. Este
projecto é apresentado posteriormente na Casa da Música, onde a projecção dos
filmes é acompanhada pela banda sonora tocada ao vivo pela Orquestra Sinfónica
do Porto. Enquanto freelancer, desenvolve para a Linha de Terra ilustrações a
3D para os livros “História de Portugal”, lançados pela Círculo de Leitores. É em
2010 que regressa à sua cidade natal e começa a leccionar também a cadeira de
Produção Final do mestrado em Animação por Computador e, conjuntamente com
Ana Borges de Sousa, criam a empresa Loopa, no âmbito da incubadora “Aquário”
da UCP, produzindo conteúdos de Animação e Vídeo. Desde então têm vindo a
produzir diversos projectos, como o vídeo “Revisitar/Decobrir Guerra Junqueiro”
para a apresentação do Livro “A Lágrima” de Henrique Manuel S. Pereira,
“Tud’Junto - uma Entrevista a Manel Cruz” e ainda a criação do spot publicitário do
8º Festival Audiovisual - Black & White da Escola das Artes.
20
AS PRODUÇÕES FINAIS DE MESTRADO
EM CINEMA E AUDIOVISUAL, NO PASSADO
ANO LECTIVO DE 2009-2010 TIVERAM
AMBAS APOIO DO INSTITUTO DO CINEMA
E AUDIOVISUAL E A ORIENTAÇÃO DOS
DOCENTES CARLOS RUIZ CARMONA (VÍDEO)
E VÍTOR JOAQUIM (SOM). ASSIM SURGIRAM
DUAS CURTAS-METRAGENS, “FRAGMENTOS”
DE FRANCISCO MOURA RELVAS E
“MUDANÇA” DE FRANCISCO LOBO.
MUDANÇA
Com produção de Joana Costa e argumento e realização de Francisco Lobo, sonoplastia de Martinho Cardoso e montagem e pós-produção de Raul Paulo, esta produção revela a história que muitos casais enfrentam quando decidem viver juntos. Os vícios de um e ideais de outro tornam-se incompatíveis com o sentimento de puro amor, resvalando a relação num sentido oposto ao da felicidade.Os pormenores artísticos realçam a trama, pecando apenas pela narrativa sonora. Podiam ousar mais nos planos escolhidos, mas o argumento é bastante forte e a direcção de actores bem conseguida.
PRODUÇÕES FINAIS DE MESTRADO: Cinema e Audiovisual / 2009-2010
Ficha técnica
Título:
Mudança
Produção:
Joana Costa
Realização:
Francisco Lobo
ProduçõesFinais deMESTRADO
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FRAGMENTOS
Produzido por Diogo Rocha Rodrigues e com a realização de Francisco Moura Relvas, “Fragmentos” apresenta uma história romântica, acerca de um homem perfeccionista e intelectual, habituado à sua rotina e hábitos quotidianos. Um dia tudo muda, com a presença de uma mulher que arrebata o seu coração. Esta produção mostra como pano de fundo a cidade do Porto e revela uma narrativa bem construída, desde o som (Bernardo Barra e Martinho Cardoso) à edição (Diogo Morais). A cinematografia (Mário Dessa) desenha visualmente um misto de cinema norte-americano contemporâneo e cinema europeu dos anos 70. A direcção de actores mostra um argumento coeso, o que, conjuntamente com o trabalho de equipa, contribui para um resultado bastante promissor.
Ficha técnica
Título:
Fragmentos
Produção:
Diogo Rocha Rodrigues
Realização:
Francisco Moura Relvas
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Este ano, o Festival Audiovisual Black & White
(BW) teve tonalidades negras e de luz branca com
a presença na Escola das Artes da Universidade
Católica Portuguesa (UCP) de 13 países, em que
46 obras trouxeram a Ficção, a Animação, o
Documentário, Vídeo Experimental, a Fotografia
e o Áudio na estética a preto e branco. Através
deste Festival, fomos brindados com a presença
de diversas personalidades de vanguarda no meio
audiovisual, tendo sido também prestada uma
homenagem a Vedran Samanovic, júri na segunda
edição do Festival Black & White e director do One
Take Film Festival (Zagreb), falecido recentemente.
Muitas surpresas surgiram, elevando a qualidade
e as expectativas que este festival nos traz,
anualmente.
MEMBROS DO JÚRI:
Chris Chafe - EUA; Leonor Silveira - Portugal;
Pib - França; Sahra Kunz - Portugal;
Stefan Le Lay - França.
CARTAZ OFICIAL
Black&White 2011 - com fotografia de Carlos Lobo,
docente de Som e Imagem.
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Foi com a brilhante performance artística e audiovisual de Jaroslaw Kapuscinski (Croácia) que se deu início
a esta 8ª edição, seguindo-se então a Sessão Competitiva de Vídeo, que se repartiu pelos quatro dias do
festival, culminando com a atribuição dos prémios e screening das obras premiadas.
De dia o ambiente era de festa e muito sol, com a esplanada exterior aberta ao público a cargo da
Associação de Estudantes da Escola das Artes. As Noites BW foram marcadas pela presença de Art of
Fugue, The Kanguru Project e Dj’s convidados.
A cerimónia de entrega de prémios teve um sabor especial este ano, ao atribuir o Grande Prémio Vídeo,
o Prémio do Público e o Prémio de Melhor Documentário a “Píton”, do aluno de mestrado em Cinema e
Audiovisual André Guiomar, com produção da licenciada em Som e Imagem Catarina Costa. Tiago Soares,
mestre em Som e Imagem em 2007, foi outro vencedor, que trouxe a música tradicional portuguesa
“Roncos do Diabo”.
Para além da internacionalidade do festival, foram atribuídas Menções Honrosas às obras portuguesas
“Alfama” de João Viana e “Encontro” de Mariana Castro na categoria de Vídeo Ficção, recaindo as
Menções Honrosas de Vídeo Animação e Áudio às autoras femininas estrangeiras, “Anna Blume” de Vessela
Dantcheva e “White Gods” de Emma Bowen. O prémio Melhor Vídeo Ficção foi atribuído a “Negative”, de
Yoav Hornung, Melhor Vídeo Experimental a Gerard Freixes por “The Homogenics” e “Half Tone” da israelita
Hamideh Javadi recebeu o Prémio Melhor Vídeo Animação. O prémio Melhor Áudio foi para “Motofauna” de
Vincent Wikstrom e o Prémio de Fotografia foi para o projecto “Reinventing time for love” do autodidacta
Henrique Bento. O Público distinguiu ainda o trabalho “A4” de João Gigante e Miguel Arieira na categoria
de Áudio e “A fuga” de Daniela Marques na categoria de Fotografia. Para celebrar, teve lugar no HardClub
(na Ribeira) a projecção das obras premiadas, seguida de festa de encerramento.
FESTIVAIS
Como nos tem vindo a habituar, o Black and White acolhe festivais
que tenham critérios específicos e originais como ele mesmo. Este
ano deu-nos a conhecer os premiados do Brasil on Tour Film Festival,
que passou na UCP no passado mês de Novembro e exibiu ainda os
filmes vencedores do 15 Second Film Festival, um festival irlandês que
tem em competição curtas-metragens de apenas 15 segundos.
ARTIST TALK
STEFAN LE LAY foi um dos membros do júri deste ano, tendo sido
vencedor do festival em outros anos. Ao longo da sua carreira
realizou, argumentou e editou, tendo ganho já 80 prémios. O artista
apresentou Le Baiser, com o qual ganhou em 2007 o Prémio Melhor
Vídeo Ficção no Black & White, mostrando sem segredos
Fotografias: TIMELINE (Afonso Nunes e José Teixeira)
24
o antes e o depois dos efeitos especiais que usou nesta obra. Em seguida, apresentou La Carte,
vencedora do Prémio do Público neste festival em 2010, demonstrando o seu gosto pela manipulação
cinematográfica, que nos permite criar novas regras ao entrar num novo mundo. Por último, apresentou
a curta-metragem Mon papa à moi, em que as suas questões acerca das regras do nosso mundo e
sociedade em que vivemos permanecem, mas a linguagem é distinta. Um drama com expressividade
icónica e cómica servem de pano de fundo a um argumento sobre a morte. A artista e jornalista
VANESSA RODRIGUES, que venceu o Prémio de Melhor Fotografia na edição do BW’10, foi representada
por Pedro Mota na apresentação do seu trabalho Sinais de Gente (2009), levado a cabo pelos dois. Este
trabalho de fotografia e áudio à descoberta da Amazónia “que não vem nos guias turísticos”, resulta
num pequeno filme que nos prende ao ecrã e foi apresentado numa conversa intimista, em que Pedro
Mota nos confessou ter marcado a sua vida. A aventura e coragem dos dois, mostra uma Amazónia
diferente da que conhecemos, com depoimentos das pessoas que nela habitam e que Pedro referiu
terem uma boa imagem do povo Português e por isso terem usufruído, na maior parte das vezes, de boa
receptividade deste povo. Apaixonados por todo o processo, planeiam já uma nova aventura nas terras de
Moçambique. Músico, investigador e director do Stanford University’s Center for Computer Research in
Music and Acoustics (CCRMA-EUA), CHRIS CHAFE debruçou-se em torno de problemáticas relacionadas
com o som, a música e a partilha em simultâneo na web (resultando em concertos em directo), falando
abertamente sobre o seu projecto criado em 2000, o “SoundWire”. Este compositor violoncelista, com
interesses que vão além da música e se aprofundam pelas vias tecnológicas, revelou pormenores do
trabalho de investigação, demonstrando especial preocupação no delay, que diz ser o maior problema
neste tipo de performance. “Silent Lunch” foi um desses eventos, único em Portugal, promovido pela
Formação Variável de Laptops do CITAR (UCP/EA), que ocorreu no passado mês de Dezembro na Escola
das Artes. Centrado numa performance de imagem e música electrónica, cuja fonte provinha de laptops
espalhados pelo mundo, desde Palo Alto (EUA) onde se encontrava Álvaro Barbosa (director do curso de
Som e Imagem), a Praga (República Checa) onde estava Nicolas Makelberge e, em Portugal, recebendo
e transmitindo numa performance telemática, André Baltazar, João Cordeiro, Joana Fernandes Gomes
(visuais), Mailis Rodrigues, Vasco Carvalho e Vítor Joaquim mostravam aos presentes o sumo de um
trabalho, que tem vindo a ser desenvolvido entre “as ciências, as tecnologias e muita arte!” no CITAR
(fonte em www.artes.ucp.pt). Daí que a presença de Chris Chafe tenha sido pertinente para desvendar
algumas questões, afectas também a projectos a decorrer na UCP. PIB, fotógrafo autodidacta, que
fundou em 2000 o colectivo DDTF (França), mostrou em conversa algumas fotografias da sua autoria,
dando conta de uma realidade artística surpreendente, diferente do fotojornalismo que produz para
jornais locais, revelando que a sua preocupação actual é a cultura urbana e hip-hop, mote para pensar
e reflectir a sociedade. Como júri, Pib referiu que não usa “Photoshop” em nenhum dos seus trabalhos,
porque nunca aprendeu a usar esse programa, e afirmou que muitas das fotografias expostas a concurso
pecaram pelo uso excessivo do programa de edição de imagem, mostrando que a fotografia é um
trabalho, que surge apartir da relação com o fotógrafo e a máquina fotográfica e não com o computador.
Fora das sessões de competição do Festival, Pib fez questão de convidar alguns alunos a participarem em
workshops dados no momento, tendo como única contrapartida aceitarem o desafio.
25
EXPOSIÇÃO PARALELA
Da licenciatura em Som e Imagem, os alunos Alexandre Oliveira, Bruno Lopes, Carlos Nunes, Hugo Leal,
Joana Henriques, José Almeida, Luis Sousa, Manuel Mendes, Maria Andresen, Mariana Lima, Marta Mota,
Nuno Oliveira, Pedro Alpoim e Thomas Oliveira promoveram em conjunto com os docentes da disciplina
opcional de Fotografia, uma exposição em paralelo à competição, intitulada “A fotografia, o corpo e a
noite” composta por trabalhos dos mesmos.
GRAFFITI
Este ano a organização teve um mimo especial por parte da Direcção do Centro Regional do Porto da
UCP, ao ver aprovado o convite ao writter português MrDheo para criar um graffiti gigante, numa das
paredes exteriores da Escola das Artes.
Foi nascendo ao longo dos quatro dias do evento uma nova “personagem” na parede da Universidade,
que chama a atenção à comunidade académica e a todos que passam pelo local, nas palavras do writter,
para o jornal Expresso: “Um corpo preso à parede, que representa o artista e a situação do artista em
Portugal: o facto de estar preso e o facto de haver uma desvalorização e uma tendência para não se
valorizar a cultura em geral e as artes em geral. E portanto, sendo [o graffiti] feito numa instituição
privada e permanecendo, porque é objectivo da organização e da administração que assim seja, achei
importante este manifesto pessoal de defesa do ponto de vista artístico. De forma a obrigar as pessoas e
quem aqui passa a reflectir sobre essa temática.”
Mr.Dheo é writter há 11 anos e apesar de trabalhar para empresas e marcas por encomenda, faz questão
que o seu trabalho esteja sempre presente nas ruas.
SEMINÁRIO
A Associação de Investigadores da Imagem em Movimento (AIM) promoveu um seminário em que os
docentes investigadores da UCP Carlos Sena Caires, Guilhermina Castro e Paulo da Rosária partilharam
as suas pesquisas, respectivamente, “Brincar ao Cinema: Imagem em Movimento e Interactividade”,
“Psicologia de Personagens” e “Argumento Adaptado”. Da Universidade Complutense de Madrid esteve
presente José António Cunha, que falou da “Representação do Emigrante no Cinema Português”.
WEB TV
A Web TV foi uma das novidades implementadas nesta edição, partindo da sugestão do aluno Pedro
Monteiro, do 2º ano da licenciatura em Som e Imagem, que em colaboração com a disciplina Projecto
Interdisciplinar, da turma Black & White coordenada pela docente Helena Figueiredo, conseguiu ser
realizada. As alunas Maria Carolina Albuquerque e Margarida Correia ficaram encarregues da produção
e, com a ajuda dos alunos de mestrado e os alunos voluntários do 1º e 2º ano de licenciatura, a página
da Web TV recebeu cerca de 800 entradas nos quatro dias do festival. As emissões repartiram-se em
dois blocos principais: das 17h às 21h Mafalda Castelo-Branco entrevistou em estúdio jurados, convidados
do festival, bandas das Noites BW e participantes, com reportagens no exterior dos pivôs Marta Mota
e Pedro Monteiro. Das 11h às 12h45 uma emissão mais descontraída ao público, mostrando o ambiente
vivido no festival à noite e excertos dos concertos.
EM 2012, ESPERA-SE MAIS UMA EDIÇÃO DAQUELE QUE É O FESTIVAL MAIS PRETO E BRANCO DO MUNDO, CHEIO DE
NOVIDADES E SURPRESAS. ATÉ LÁ!
26
Os alunos de Som e Imagem aproveitaram a oportunidade de participar no Festival, trabalhando sobre
diferentes discursos visuais e informativos na apresentação de cada artista. A curta-metragem sobre
Armando Alves, foi realizada pela aluna de Som e Imagem SIMONE ALMEIDA. Apresenta-nos uma relação de
proximidade entre as origens Alentejanas de Armando Alves e a sua pintura. Num discurso expositivo das
obras com textos de José Saramago, Eugénio de Andrade e Bernardo Pinto Silva que enfatizam a união
entre o autor e as suas obras.
O aluno JOÃO PAULO FERREIRA, realizou o retrato audiovisual do artista Augusto Canedo; onde o artista
fala do seu percurso, como nasceu o gosto pela pintura e da aceitação que foi tendo dentro do meio,
respondendo a questões acerca da sua obra e da arte em geral. Com o ponto de vista da Mestre em
História da Arte, Professora Laura Castro, João Paulo apresentou o artista no panorama actual da arte,
como uma reflexão sobre a própria arte. Uma vez que, é um artista empenhado nos meios de divulgação
da arte, com gosto pela intervenção com o público e pela provocação na utilização de elementos religiosos
e pornográficos na sua obra; “quase sou obsceno como beato” comenta o artista Augusto Canedo nesta
curta-metragem.
A curta-metragem Backsidepainting, apresenta-nos a artista Catarina Machado, com a realização da aluna
RAQUEL VIDAL. A linguagem experimental do vídeo, que utiliza transparências, reflexos, sombras e efeitos
aquáticos foi a opção adoptada para recriar o conceito de pintura de Catarina Machado. Os movimentos de
câmara bruscos, tremidos e o desfoque representam o acto da pintura, que acompanhamos também com a
artista numa tela transparente. Paralelamente ao relevo que é dado ao acto de pintar, a artista fala das suas
intenções, apresentando a pintura como uma paixão.
A curta-metragem de PEDRO BARBOSA apresenta-nos Fernando Pinto Coelho, numa visita informal à sua
obra, ao seu percurso, à sua concepção da arte e do mundo. As conversas com o artista decorrem no jardim,
no escritório, na sala de jantar e até dentro do carro, onde o realizador dá a conhecer a sua imagem e a sua
intervenção no discurso de Fernando Pinto Coelho. O artista fala de como se sente dentro da comunidade
artística sem segredos, revisitando a sua obra assistindo a vídeos, a ver fotografias e as próprias obras, na
companhia do realizador e de outras pessoas que lhe são próximas, que vão aparecendo como fazendo
parte do percurso do próprio Fernando Pinto Coelho.
Cucujães o centro do meu mundo, é o título da curta-metragem acerca do artista Paulo Neves, com a
realização de André Guiomar, Miguel da Santa e Vasco Pucarinho. A frase do artista “Não é o discurso que
27
faço sobre a minha obra que faz dela arte.” Resume o conceito
adoptado nesta realização, em que a aposta é na fotografia que em movimentos de ovação nos mostram
a obra do artista e o processo de criação acompanhado por música clássica, como um momento solene de
criação, sem a intervenção do artista com nenhum discurso.
O retrato de Zulmiro de Carvalho, realizado por GUSTAVO SANTOS e JOSÉ MAGRO, assume um conceito estético
que pretende ser interpretado como metáfora à criação do artista. A figura de Zulmiro é apresentada fora
do contexto da sua obra, colocado num espaço a enfrentar a câmara com o olhar. Ao mesmo tempo que o
artista é colocado numa situação de ser observado e criticado como as suas obras artísticas enfrenta essa
situação. Estas imagens são contrapostas com imagens das suas obras, contextualizadas com o espaço que
as rodeia e como este espaço é vivido e visitado.
Numa abordagem intimista por parte do realizador MIGUEL LOPES RODRIGUES, o artista Alberto Péssimo é
retratado no documentário através da sua pintura e do seu próprio processo que acompanhamos à mistura
com as intervenções com os interlocutores e com a própria câmara. A necessidade de representar no
enquadramento mais do que uma situação ao mesmo tempo é uma analogia ao próprio retrato, interacção
com o pintor e do seu processo de criação.
NUMA PARCERIA ENTRE A UNIVERSIDADE
CATÓLICA, A FACULDADE DE BELAS ARTES
DO PORTO E O FANTASPORTO, FORAM
REALIZADAS 18 CURTAS-METRAGENS SOBRE
ARTÍSTICAS PLÁSTICOS PORTUGUESES. A
CRIATIVIDADE E O GOSTO PELA ARTE SÃO
LEMAS DO FESTIVAL, QUE NÃO SE DEIXA
AFECTAR PELA CRISE ECONÓMICA.
O PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI FOI ATRIBUÍDO AO A SERBIAN FILM, UM FILME INCONTORNÁVEL NESTE
FESTIVAL PELA SUA EXPRESSÃO, VIOLÊNCIA E IMPACTO PÚBLICO. O DIRECTOR E CO-ARGUMENTISTA
SRDJAN SPASOJEVIC RELACIONA A AGRESSIVIDADE DO SEU FILME COM A FRUSTRAÇÃO E RAIVA DE SER
CONSTANTEMENTE OPRIMIDO PELO GOVERNO E PELAS AUTORIDADES, REMETENDO A SUA INSPIRAÇÃO
PARA OS ÚLTIMOS 20 ANOS VIVIDOS NA SÉRVIA, UM AMBIENTE ONDE TUDO PODE ACONTECER A
QUALQUER MOMENTO. É A SUA PRIMEIRA LONGA-METRAGEM E FOI ALVO DE CENSURA NO BRITISH
HORROR FILM FESTIVAL E NO FRIGHTFEST EM INGLATERRA, TENDO SIDO DISTINGUIDO NO SAN SEBASTIAN
FILM FESTIVAL COM O PRÉMIO ESPECIAL DO PÚBLICO, POR SE TORNAR NUM SÍMBOLO DE LIBERDADE
DE EXPRESSÃO SEM CHEGAR A SER EXIBIDO. AINDA EM ESPANHA, O DIRECTOR DO FESTIVAL DE SITGES,
ÁNGEL SALA, TEM UM PROCESSO EM TRIBUNAL A DECORRER POR TER EXIBIDO O FILME. NA AUSTRÁLIA
FOI PROIBIDO EM TODAS AS SALAS. O FILME NÃO PASSOU DESPERCEBIDO, SENDO QUE NOS EUA JÁ
FORAM COMPRADOS OS DIREITOS DE DISTRIBUIÇÃO.
28
...........................................................................A Censura é o tema desta 4ª Edição da Yell-Oh!. Pode fazer uma breve contextualização histórica?A censura essencialmente é o controlo ou
castração da liberdade de expressão, exercido
mais ou menos brutalmente por um Estado,
ou um grupo, ou elite no poder. Existiu desde
sempre, desde as mais antigas sociedades,
mas acentuou-se a partir da politização
da sociedade, desde o Renascimento
essencialmente, e principalmente depois
de Gutenberg, no séc. XV. O séc. XX, nas
democracias como nos regimes brutais e
totalitários, é talvez a centúria da censura,
mas atenção, há mais contextos e ligações
ao conceito de censura. O signo, o símbolo, a
linguagem, a semiótica estão muito ligados à
essência da censura, não apenas a política ou
a comunicação… Há muitas formas de censura,
de repressão, mas temos sempre que pensar
no conceito Liberdade. Esta entrevista vai ser
censurada?
...........................................................................Pretende-se com esta entrevista dar a conhecer um pouco da sua biografia, percurso e experiência. Quer falar-nos um pouco sobre si, alguma vez se sentiu censurado?Já fui censurado, politicamente, segregado
até, nos anos 80, no liceu como na
universidade, ostracizado, proibido de sair
com amigas porque me conotavam com esta
ou aquela força política. Já fui censurado,
muitas vezes… e as formas subliminares
e silenciosas, hipócritas doeram mais. Já
fui censurado por motivos religiosos, de
consciência. Toda a gente é ou já foi.
O meu percurso? Bom, posso resumir
a esforço, luta, paciência, perseverança,
obstinação e nunca desistir, amando a vida
e a beleza dela e nela. Amo o ser humano,
acima de tudo, o mundo, a natureza, a história,
as crianças. E adoro o meu querido F. C. Porto,
tão censurado até aos anos 70, já perdia
os jogos quando atravessava a ponte da
Arrábida… e se calhar serei um Índio da Meia
Praia, onde passo as férias… e noutros sítios
que não direi… Adoro livros, a família acima
de tudo, adoro o que faço, a minha profissão,
sou sortudo nisso, sinto-me feliz, faço mesmo
VítorTeixeira
ENTREVISTAMOS VÍTOR TEIXEIRA,Docente da Escola das Artes
29
vertigens fenomenais do conhecimento
humano, do esforço, da procura… e só falo em
ciência pura…
...........................................................................Na UCP, para além da Escola das Artes é também docente da Faculdade de Teologia. Sente diferenças na forma como os alunos reagem aos temas que expõe nas aulas?Na Teologia eles sabem menos de arte, ou
nada, mas sabem muito mais e melhor o que
é o Belo, eles atingem-No melhor e acabam
a gostar mais de arte… mas na EA há rasgo
de criação, centelhas de vida pululantes,
há algum sonho… e a Música, uma delícia
sensitiva e transcendente que só no CRP
podemos ter, algo único, em mais nenhuma
universidade senti a sensação de estar a
trabalhar ouvindo de borla Mussorgsky, Bach,
Messiaen, etc, os melhores pelos melhores,
e saber que são meus alunos e colegas.
Experiência de vida inolvidável!
......................................................................É responsável pelo espólio único em Portugal de Arte Copta, a qual esteve patente em exposição há poucos meses. Qual a importância deste espólio no nosso País?Vocação eclética e universalista da UCP,
visão e transversalidade, capacidade de visão
multicultural por parte duma universidade que
luta com a feroz concorrência da deslealdade
pública do serviço educativo português. Arte
o que gosto, mas para isto tive que lutar,
trabalhar…
Lembro quando estava a fazer o
doutoramento em Roma, à noite em vez de
sair ficava a ler e a estudar latim, gramáticas
devoradas, anos a fio. Ou na Irlanda, onde
a bolsa acabou e na altura tive que passar
apertos, mas concluí os trabalhos de
investigação. Tenho a sorte de ter sempre
pensado e descoberto que a vida não é
apenas materialidade e corpo, há algo mais…
...........................................................................“O movimento da Observância Franciscana em Portugal (1392-1517)”, título da sua tese de doutoramento recentemente publicada em livro, traz à luz algumas conclusões. Quer dizer-nos qual foi a melhor experiência que reteve ao longo da sua investigação?Uma má experiência foi a morte do meu
querido e amado Pai, duríssimo, uma
amputação no corpo que é a minha vida.
A melhor foi ter podido estudar e trabalhar
nos Arquivos e Biblioteca Vaticanos,
incomparavelmente: não imaginam o que é
viver em Roma… Roma: é só pôr a palavra ao
contrário… Outra coisa fantástica: aprender,
saber, conhecer. Adoro estudar, aprender, ler
muito, conhecer e ter trabalhado com dois
mestres inesquecíveis: D. Geraldo, monge
beneditino, Fr. António de Sousa Costa,
frade franciscano. Duas arcas do saber, duas
DOUTORADO EM HISTÓRIA, MEDIEVALISTA DE FORMAÇÃO,
NO SEU CURRÍCULO APRESENTA MUITO MAIS QUE APENAS
UM PERCURSO NA ÁREA HISTÓRICA, TENDO TAMBÉM UMA
VERTENTE APROFUNDADA NA ÁREA DA IMAGEM, COM
ESTUDOS EM ICONOGRAFIA E ICONOLOGIA, TRADUÇÃO DE
LIVROS ANTIGOS MANUSCRITOS…
30
Copta: a arte esquecida de um mundo egípcio
esquecido, de uma minoria, com 10 milhões de
crentes e dois mil anos de história. E exemplo
de luta constante em nome da vida e de um
ideal.
...........................................................................Considera importante, nos dias de hoje, explorar o passado, não só da nossa cultura mas do mundo, para se compreender o presente e talvez o futuro?Cícero dizia: A história é testemunha do
passado, luz da verdade, vida da memória,
mestra da vida, anunciadora dos tempos
antigos. Não saber o que aconteceu antes
do teu nascimento seria para ti a mesma
coisa que permanecer criança para sempre.
A História ensina-nos, se nós não tivéssemos
passado, não éramos presente nem seríamos
futuro, éramos meros passeantes neste
mundo. A vida é um processo, logo é história,
nós somos história, contamos histórias,
adorámos falar de viagens, feitos, proezas,
desgraças, tristezas: é um pouco história. A
arte apareceu-me no caminho como uma
sequência lógica, uma materialização do
tempo histórico, do espaço, da diacronia e da
sincronia… é o espírito também do tempo e do
espaço, a humanização e cosmovisão… não
poderia ter fugido da imagem, ela agarrou-
me. Gosto de história desde que me lembro
de mim. Culpa da minha mãe e do incentivo
de pai e irmãos tecnológicos, que gostaram
sempre das belas letras e das humanidades.
A História é uma loucura… em todos os
sentidos…
...........................................................................Está a desenvolver um projecto de pós-doutoramento onde, através da Fundação da Ciência e Tecnologia, teve a colaboração de uma bolseira de iniciação à Investigação. Pode falar-nos um pouco sobre esse trabalho?Acolhi no ano lectivo passado, um projecto
de Iniciação à Investigação, em que um aluno,
escolhido pelo CITAR, esteve a desenvolver a
sua parte nesse projecto, elaborando bases
de dados, executando pesquisas primárias em
termos de fontes e recursos bibliográficos e
web, na área da Iconografia e Semiótica das
Artes Visuais para a Idade Média do Norte de
Portugal, em articulação com o meu pós-
doutoramento, que é nessa área, num âmbito
maior e mais alargado.
...........................................................................Sempre fez parte da organização e foi comunicador em diversos congressos nacionais e internacionais. Qual a maior ou maiores experiências que retém desses momentos?Comunicação, expressão, investigação,
abertura e contacto. É uma parte de nós
que deixamos fora de nós e para os outros.
Partilha e divulgação, discussão, dúvidas e
ideias: assim se faz a Ciência, aberta, universal,
plural, intensamente.
...........................................................................É o Assessor da Biblioteca do Paraíso para a Escola das Artes. Há censura na escolha dos livros para a “nossa” biblioteca?Nunca, jamais, em tempo algum. Nunca houve
antes de mim, não haverá comigo e com mais
ninguém. A Escola das Artes é uma escola de
livre pensamento e humanística, onde tudo se
faz para não se castrar a liberdade de pensar,
agir, executar, criar.
...........................................................................Com a experiência que retém nesta Instituição, há alguma mensagem que gostasse de transmitir aos alunos?Há: coragem, persistência, paciência, open-
mind e pensem mais em português e
Portugal. E paixão! Muita paixão por tudo.
31
... de actuais e antigos alunos.Ficha técnica
Título:
Despertar de uma Mulher
Autora:
Helena Taveira
Criado em:
2001
Tipologias:
Vídeo, Experimental
Ciclo / Ano / Semestre:
Licenciatura
Unidade Curricular:
Pós-Produção dos Novos Média
Ficha técnica
Título:
Supresah
Autor(es):
André Silveira, Sara Amandi
Criado em:
2007
Tipologias:
3D, 2D
Tecnologias:
Maya
Ciclo / Ano / Semestre:
2º Ciclo, 2º Ano, 2º Semestre
Unidade Curricular:
Produção Final – Animação
Helena Taveira, através do preto e branco, recria planos fragmentados numa montagem equilibrada e dinâmica, que relatam a rotina de uma mulher.
Esta animação. produzida no Maya, tem uma temátíca divertida entre os grafismos que, embora simples, são cativantes e envolventes.
TRABALHOS SELECCIONADOS ATRAVÉS DA GALERIA VISTUAL E.BOX.
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Don’t give me any money, don’t give me any people, but give freedom, and I’ll give you a movie that looks
VÉNIA A
Robert Rodriguez
35
Nesta edição fazemos vénia a Robert Rodriguez, não só pelo seu trabalho e estilo inconfundível, mas pela inspiração que representa para todos neste momento de crise. O cineasta de filmes como Sin City, Planet Terror, Spy Kids e o recente Machete, tem perante o cinema uma atitude autodidacta e ficou conhecido por trabalhar com orçamentos muito baixos.A sua primeira longa-metragem El Mariachi, foi gravada com 7000 dólares de orçamento, e ficou conhecida como o filme mais barato. Diz-se ainda que os 7000 dólares foram conseguidos pelo realizador submetendo-se a experiências e testes com medicamentos. Com este filme ganhou o Prémio do Público no Sundance Festival, Prémio Berlinale Camera no Festival de Berlim e uma nomeação para o Prémio de Melhor Realizador no Independent Spirit Awards. Não podemos esquecer a importância do seu estilo único para o seu triunfo, o género dos comics marca o seu trabalho.
1 Escape from New York de John Carpenter (1981), fez com que Rodriguez se interessasse pelo cinema aos 12 anos;2 Depois do secundário, foi rejeitado de uma escola de cinema por falta de promessa académica;3 Realizou uma curta-metragem como publicidade para a Nike Black Mamba, onde entraram Bruce Willis, Kanye West e Danny Trejo;4 Os elementos ou temas latinos são recorrentes e já uma marca do autor de “it’s just how I see the world. I like doing it. I think it offers a very universal entertainment when you make characters very specific like that.”;5 No livro “Rebel Without a Crew” o autor conta o início da sua carreira com o filme “El Mariachi” (1992). Robert Rodriguez aconselha os novos cineastas a trabalhar por eles mesmos; mas assim
que (raramente) lhe pedem conselhos, sabem que o seu conselho é que não o deviam pedir; 6 “A arte está no que ela é, em contar uma história. Para mim, não é relevante usar ou não uma câmara digital”;7 Como fã dos comics de “Sin City”, Rodriguez conseguiu convencer Frank Miller a autorizar a adaptação para cinema.Dessa autorização nasceu Sin City - A Cidade do Pecado;8 Machete (2010) começou por existir apenas em trailer, a insistência das pessoas que gostaram de o ver fez com que Robert decidisse anos depois realizar realmente o filme baseado nesse trailer;9 Robert Rodriguez já escreveu o guião de Machete 2!10 Spike será o seu próximo filme, onde poderemos ver muito provavelmente António Banderas.
CURIOSIDADES
36
Este livro apresenta-se como um manifesto
sobre o aparecimento e crescimento
do movimento open source, na área do
desenvolvimento de software, desde os
seus inícios na década de 1970 nos meios
académicos até aos actuais dias, e dos seus
profundos impactos na indústria informática
e de computadores. São apresentadas e
discutidas as raízes do movimento open
source e quais as motivações que levam
programadores de todo o mundo a se
sentirem motivados a contribuir pro-bono
em projectos de software (alguns bem
conhecidos e de sucesso, como o servidor
web Apache, o sistema operativo Linux,
ou o browser Firefox), e os impactos que
estes movimentos tiveram e têm na área da
Internet e da indústria dos computadores em
geral. Para além de projectos ligados à área
de computadores, começam a ser conhecidos
projectos open source em outras áreas como
a da educação, da música, da arquitectura,
da indústria automóvel, das soluções de
energias alternativas, e até para resolução
de problemas nas áreas da medicina, da
química, física e indústria farmacêutica, e de
pesquisa de jazidas de petróleo. Curioso por
isso será assistir ao (e participar no) impacto
desta cultura open source e de trabalho
colaborativo na área das artes em geral.
Em todos este casos há uma mudança de
paradigma, onde a atribuição de crédito e
exposição promovida às obras e aos autores
por aqueles que (re)utilizam ou reinterpretam
aquelas obras é mais valorizada do que o
eventual legítimo exercício de formas de
protecção de direitos de copyright ou de
autoria. Este livro apresenta-se assim como
uma leitura interessante para leitores, que
queiram perceber afinal no que consiste este
tão falado fenómeno do open source, no que
se baseia, como funciona, que mudanças de
paradigma implica e de que formas poderá
(ou não) ser aplicado ou adaptado a muitas
outras áreas da actividade humana, sejam
elas tecnológicas, científicas, artísticas,
sociais, ou humanísticas.
RECOMENDADO POR:Gustavo Martins
The Cathedral & The Bazaar,de Eric S. Raymond
reco
menda
mos
DESTAQUES DOS
DOCENTES DE
SOM E IMAGEM:
GUSTAVO
MARTINS,
RUI NUNES E
YOLANDA ESPIÑA
37
Google lançou recentemente, em
colaboração com as instituições
correspondentes, uma iniciativa intitulada
Google Art Project, pela qual é facilitado
o acesso virtual a grandes obras de arte e
os locais paradigmáticos que as acolhem.
17 grandes museus de 9 países e 2
continentes, 385 salas de exposição, mais
de 1000 fotografias em alta resolução de
obras de arte de 486 artistas diferentes,
de diversas épocas, das quais 17 (uma por
museu) são apresentadas numa resolução
extremamente alta que possibilita níveis
espectaculares de zoom, permitindo
abordagens inusuais das obras envolvidas.
Ao tour virtual pelas galerias e obras de arte
nelas expostas, adaptado do Street View
de Google, acrescenta-se informação sobre
as obras, os artistas e as instituições, assim
como elementos multimédia, que fornecem
outras características relevantes para a
compreensão das obras e uma – para já
limitada - interacção com o navegante.
O projecto está vocacionado naturalmente
para o crescimento, com a previsível
incorporação de mais instituições e obras
de arte, e uma desejável extensão das
restantes informações e outros elementos
de interacção e análise. Mas para além da
sua utilidade como depósito de obras de
arte intemporais, brinda ainda elementos
singulares de gozo. Um tour virtual não pode
substituir essa fruição única que provém da
presença física de uma pintura, mas pode
provocar um desejo ainda mais profundo
desse contacto, utilizando as características
do meio para aprofundar em dimensões
por vezes impreenchíveis numa mera
mirada perante o objecto (o encontro com
o rosto oculto no pai do filho pródigo de
Rembrandt; a cissão pictórica de uma estrela
em espiral de Van Gogh). O próprio meio
digital possibilita uma releitura da tradição,
e encontra nessas visualidades recriadas
modelos de reprodutibilidade que não ferem
a aura única das obras, mas a potenciam.
Nesse encontro, o meio digital se descobre
também a si mesmo.
RECOMENDADO POR:Yolanda Espiña
www.googleartproject.com
38
DO ÍNTIMO PARA FORA...
Depois que afastaram o desejo da agradável
comida, entre eles começou a falar o sofredor e
divino Ulisses: ‘que alguém vá até lá fora, para ver se
eles estão a chegar. 1
Há leituras que nos fazem parar, escutar, e
ver melhor. Interpelam-nos, tocam-nos o
íntimo e lançam-nos para fora, ao encontro
das razões mais profundas do que nos
rodeia. Assim fiquei, depois de ler este breve
trecho da Odisseia, a de Homero, a repensar
a criatividade nas artes desde... o encontro.
Fascina-me a odisseia pelos clássicos
do cinema e do teatro, obras que pela
sua nobreza se transformaram em textos
fundadores. Nesta errância, preparo a
viagem da admiração, da descoberta de
novos processos, da abertura de novos
horizontes para a contemporaneidade. A
viagem é tanto mais interessante quando,
em me preparo para o encontro de
intérpretes, de visões do mundo, de corpos
e línguas diversos que ocorre através do
cinema e do teatro.
Desde dentro, a simplicidade. Desde fora,
o acolhimento. São os preconceitos, entre
muitos outros, que levo para a Odisseia:
Teatro do mundo ou para o cinema durante
o mês de Maio. Espero, por isso, que desde
esta errância nasçam encontros e que estes
cheguem à partilha e ao contágio criativo...
para que, no fundo, as razões do coração
e do mundo se encontrem. Arrisca... desde
dentro e para fora.
1 Odisseia, Tradução de Federico Lourenço. Lisboa:
Cotovia, 2003, p. 395.
Projecto ‘Odisseia: Teatro do mundo’ durante o mês
de Maio no TNSJ (Porto), Theatro Circo (Braga),
Centro Cultural Vila Flor (Guimarães) e no Teatro de
Vila Real (Vila Real). Cfr.
http://www.tnsj.pt/home/odisseia.php.
RECOMENDADO POR:Rui Nunes
Odisseia: Teatro do mundo
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ESCOLA DAS ARTES
CATÓLICA.PORTO
Rua Diogo Botelho, 1327
4169-005 Porto
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PÚBLICAS DE SOM E IMAGEM
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É expressamente proibida a reprodução
da fanzine, em qualquer língua, no
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autorização escrita da yell-oh!.
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FICHA TÉCNICA
DIRECTOR DE EDIÇÃO
• Álvaro Barbosa
EDITORA
• Carla Almeida
REDACÇÃO E EQUIPA EDITORIAL
• Maria João Almeida,
Mariana Crisóstomo, Mariana
Marques, Sílvia Cruz
COLABORADORES NESTE NÚMERO
• Gustavo Martins, Jorge Abade,
Mané Branco, Paulo da Rosária,
Ricardo Megre, Rui Nunes,
TIMELINE, Vítor Teixeira,
Yolanda Espiña
PAGINAÇÃO E DESIGN GRÁFICO
• Joana Rocha
CAPA
• Jorge Abade
PERIODICIDADE
• Semestral
TIRAGEM
• 300 exemplares
DATA
• Jun.2011
DIVULGAÇÃO
• GAPSI e Yell-Oh! Fanzine
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