ZEST by Gin Lovers 1 2014

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2014 – VOL. I | ABRIL · MAIO · JUNHO | TRIMESTRAL A primeira revista de Gin no mundo AS NOITES GIN EM BARCELONA VIAGEM À ORIGEM DA GIN MARE MIGUEL ÂNGELO RELAXA NA FORTALEZA DO GUINCHO FOI NA TABERNA MODERNA QUE TUDO COMEÇOU O CRIADOR DA BULLDOG EM ENTREVISTA EXCLUSIVA COMO SE FAZ O GIN? A GINHOUSE MANDA NO PORTO MENSAGEM NA GARRAFA DO FOTÓGRAFO CARLOS RAMOS COCKTAILS E PERFECT SERVES 5 cl Plymouth Navy StrengTH 20 cl SCHWEPPES Bagas de zimbro 1 pau de canela Gelo

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2014 – VOL. I | ABRIL · MAIO · JUNHO | TRIMESTRAL

A primeirarevista

de Ginno mundo

AS NOITES GIN EM BARCELONA VIAGEM À ORIGEM DA GIN MARE MIGUEL ÂNGELO RELAXA NA FORTALEZA DO GUINCHOFOI NA TABERNA MODERNA QUE TUDO COMEÇOU O CRIADOR DA BULLDOG EM ENTREVISTA EXCLUSIVA COMO SE FAZ O GIN?A GINHOUSE MANDA NO PORTO MENSAGEM NA GARRAFA DO FOTÓGRAFO CARLOS RAMOS COCKTAILS E PERFECT SERVES

5 cl Plymouth Navy StrengTH

20 cl SCHWEPPESBagas de zimbro1 pau de canela

Gelo

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ZEST[zˈɛʃ.tɨ]

[SUBSTANTIVO MASCULINO]

1.TEMPERO,

GOSTO,PALADAR,

SABOR.

3.TEMPERAR,

CONDIMENTAR,DAR GOSTO

OU SABOR A.

2.ANIMAÇÃO,EXCITANTE,

ENTUSIASMO.

4.ÓLEO

OUCASCA DE CÍTRICOS.

ORIGEM DO INGLÊS ZEST.

TO ZESTCORTAR EM PEQUENAS FATIAS,

REALÇAR O SABOR DE UMA COMIDA, BEBIDA OU DA VIDA.

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Estatuto Editorial

A ZEST by Gin Lovers

Copyright ©2014 Gin Lovers®

Gin Lovers® é uma marca registada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) Portugal. Todos os direitos reservados.Toda a propriedade intelectual, incluindo sem limitação, marcas comerciais, imagens diversas e direitos de autor são propriedade dos seus respectivos donos. Nenhuma parte deste documento pode ser copiado, modificado ou redistribuído sem o expresso consentimento por escrito da Gin Lovers®.

I.será sempre na sua essência uma revista de Gin.

VII.ambiciona a excelência, o estilo, a diversão e o bom gosto. Em suma, a vida em perfect serve.

IV.quer ser uma revista de qualidade, criatividade e conteúdos jornalísticos premium.

X.será uma revista actual de consumo para muitos gostos e públicos nacionais e internacionais.

II.representa com rigor e responsabilidade o projecto iniciado com a criação da empresa Gin Lovers no Outono de 2013.

VIII.trabalhará para ser o elo de comunicação entre a oferta e a procura, entre a necessidade de divulgar, a curiosidade de apresentar e a vontade de conhecer.

V.procurará sempre destacar, enaltecer e valorizar o produto e desempenho nacional.

XI.pretende inspirar apreciadores, formar consumidores e ser responsável perante os seus leitores.

III.terá sempre um critério editorial assente na harmonia e diversidade das diferentes pessoas que compõem o seu projecto.

IX.pretende ser uma revista singular para um público plural.

VI.será sempre regida por critérios de actualidade, isenção, graça e independência.

XII.acredita que sendo uma revista de referência poderá ganhar alguma preferência. Mas só assegurando a preferência poderá finalmente tornar-se numa referência.

ZEST by Gin LoversPropriedade e Editor Gin Lovers Lda

Morada Espaço Amoreiras Rua D. João V, 24 - 1.031250-091 LisboaTel +351 210 415 [email protected]

DirecçãoMiguel Somsen

Direcção de ArteJosé Lázaro

Sede da redacção Espaço Amoreiras Rua D. João V, 24 - 1.031250-091 LisboaTel +351 210 415 920

Periodicidade Trimestral

ColaboradoresAna Cristina Valente, Ana Gil, Carlos Ramos, Daniel Carvalho, dIAZ, Isabel Zuzarte, José Lázaro, Miguel Andrade, Miguel Somsen, Miguel Veiga Miranda, Paulo Correia, Pedro Sampayo Ribeiro (foto de capa)e Raquel Costa.

NIF 510 806 511

Registo ERC 126 487

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GIN SEM TÓNICAUma garrafa de Ginestava a preocupar

o pescadora garoupa e o rodovalho

não tinham aparecidoque fazer?

telefonou ao ministroda Pesca e do Trabalho

mas o ministroestava a trabalhar na cama

com a mulherfoi então

que a garrafa de Ginsugeriu discretamente

porque nãotelefonar ao presidente?

telefonaramo presidente da nação

estava em acçãona cama

com a mulhernessa altura

até que enfimencontraram a solução

o pescadorfoi para a cama

com a garrafa de Gin

Mário-Henrique Leiria, Contos do Gin-Tonic, 3.ª edição, Editorial Estampa, 1976

Mário-Henrique Leiria

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Duis aute irure dolorin reprehenderit

PONTO GNunca ninguém pensou que em tão pouco tempo Portugal passasse a ser um dos maiores consumidores de Gin per capita da Europa. E nunca ninguém imaginou que tão rapidamente Portugal deixasse de ser apenas o país que consome Gin para passar a ser o país que produz, vende, distribui, comunica e celebra o amor pelo Gin como se fosse uma das tradições mais antigas da nossa cultura. Como foi tão curto o espaço de tempo entre o primeiro fenómeno e a segunda evidência, é natural que esta febre do Gin continue a não convencer muita gente. Há três anos, marcas de referência como a Hendrick’s, a Bombay e a Beefeater dominavam o comércio de Gin premium em Portugal. E pouco mais havia. Em 2012 começaram a surgir as pequenas alternativas vindas de Espanha, França, Inglater-ra e Estados Unidos. Abriram-se lojas, garrafeiras, bares, restaurantes, comércio; uma nova vontade e movimento se criou por cá, neste país tolerante, contemplativo e permissivo, que sempre inspirou estrangeiros mas ainda hoje negligencia inicia-tivas indígenas. Os Gin Lovers surgiram apenas há um ano, em Março de 2013, no momento certo em que o Gin passou a ser também made in Portugal – ou, como dizemos aqui na redacção da ZEST a brincar, Made Gin Portugal.Toda a brincadeira acaba por esconder alguma verdade. Made Gin Portugal. Que conceito tão engraçado, podemos adoptá-lo? E se for mesmo verdade? E se tudo isso for a sério? E se tudo isto for apenas o primeiro Gin do resto das nossas vi-das? Parece assustador e ao mesmo tempo inspirador. Afinal de contas estamos a tentar imaginar uma nova dinâmica comercial de consumo e indústria para além daquela coisa ligeira e desdenhosa chamada de “a moda do Gin”.Nós Gin Lovers não temos problemas com modas. Acreditamos que as modas só se perdem se forem passageiras, e sabemos que só serão passageiras se não se renovarem. O facto de Portugal estar a produzir cultura de Gin hoje significa que isto não é apenas “uma moda passageira”, é provavelmente um dos fenómenos mais sólidos (para não dizer insólitos) criados em Portugal em tão curto espaço de tempo. E por isso terá sempre de se renovar. A ZEST que agora se inicia estabe-leceu no seu estatuto editorial uma vontade de “enaltecer e valorizar o produto e desempenho nacional”. É natural que o façamos: nós Gin Lovers também fazemos parte desse empenho nacional. Acreditamos tanto no conceito Made Gin Portugal que o adoptámos para título de uma das nossas secções (na página 58 da ZEST, onde falamos do sucesso do Gin Tasting Leiria e Porto do passado Outono).A partir de agora, haverá apenas um “produto nacional” que pela sua perversida-de e imposição decidimos não celebrar na ZEST: o novo acordo ortográfico. Para a nossa revista ele representa precisamente o contrário da liberdade, iniciativa e criação nacional que queremos ver aqui representada.

MI.GUEL SOMSEN

POWERED BY

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|010ZEST 011

A ZEST agradece a todas as pessoas que contribuiram para a realização desta revista.A proporção da fonte não corresponde à igual importância que todos vocês tiveram para nós.

José Miguel Azevedo

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|012ZEST 013

26A jornalista Raquel Costa convidou o músico Miguel Ângelo para uma conversa inspirada em Gin na Fortaleza do Guincho em Cascais onde os Gin Lovers criaram uma carta especial de Gins para celebrar os 15 anos do hotel. Fotos de Pedro Sampayo Ribeiro.

Pedr

o Sa

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42A ZEST pediu ao jornalista Nuno Miguel Dias (nome de guerra: dIAZ) para fazer um retrato do restaurante lisboeta Taberna Moderna e o bar Lisbonita tal como eles são (e tal como Luis Carballo os idealizou). As fotos de Pedro Sampayo Ribeiro são inspira-das na vida real.

24A ZEST foi a Leiria fazer uma Gincana do Gin, percorrendo as ruas do centro da cidade e os bares onde melhor se serve o Gin dia e noite. O resultado é a ilustração de Ana Gil sobre pesquisa de Ana Cristina Valente e Miguel Somsen.

74Todas as edições da ZEST terão necessaria-mente uma viagem à origem do Gin. Na nossa estreia, os repórteres do mundo Miguel Somsen e Pedro Sampayo Ribeiro foram a Barcelona conhecer os segredos da destilaria Gin Mare e os melhores hot spots da cidade. E entrámos no novo restaurante de Ferran Adrià!

136A ZEST convidou um dos mais brilhantes fotógrafos nacionais, Carlos Ramos, autor do livro Personal Works, para fazer uma interpretação de uma garrafa de Gin. O resultado, é muito mais do que uma simples Mensagem na Garrafa.

58Gin Tasting, o primeiro evento nacional dedicado ao mundo do Gin teve duas edições em final de 2013 em Leiria e Porto e terá três em 2014, incluindo uma em Lisboa em Maio. Miguel Somsen e Daniel Carvalho escreveram sobre o assunto numa secção chamada Made Gin Portugal.

16Numa noite inver-nosa de chuva, Miguel Somsen conseguiu chegar ao topo do Hotel Sheraton para finalmente entre-vistar o big boss da Bulldog Anshuman Vohra. Fotos a preto e branco de Isabel Zuzarte. En-trevista exclusiva.

22O laboratório da ZEST criado pelo Gin Lover Miguel Veiga Miranda inaugurou as Experiências Su-pertónicas com duas tónicas italianas: Macario e Abbondio. Os resultados expos-tos são explosivos.

117O jornalista Miguel Andrade subiu ao Bistro 100 Maneiras para ver trabalhar um dos melhores mixolo-gistas nacionais, Jorge Camilo. O fotógrafo Pedro Sampayo Ribeiro captou as imagens da coreografia, inaugu-rando assim a nossa secção Mixologin’.

60O Gin Lover Daniel Carvalho convocou Miguel Camões para uma conversa informal no Porto e juntos discutiram o sucesso da Gin House, a expansão do Gin português NAO e os pilares para o futuro próximo do Gin em Portugal. Fotos de Paulo Correia.

Paul

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As DescobertasTanto mundo, tantos Gins, tão pouco tempo. E quanto tempo precisamos de ter para partir à descoberta das novas marcas, das suas origens, das suas histórias? É esse o nosso desa�io todos os dias, é essa a nossa missão em todas as edições da ZEST: descobrir o mundo do Gin, saber de onde ele vem e se vai chegar ao bar da esquina ou à nossa garrafeira lá em casa. Dizem-nos que sempre houve Gin nas Filipinas, que agora há um Gin nas ruas de Moçambique e que Portugal já tem quatro marcas no mercado. Todas as descobertas são iguais mas há umas mais fantásticas do que outras.

Nº209São Francisco

EUA

ColombianCartagena de IndiasColômbia

Colombian Ungava BluecoatNº 209 G’ Vine Bluegin InverrocheBlackwoods West WindsBombayShappire

UngavaQuébecCanadá

BlackwoodsShetlandEscócia

G’ VineCognacFrança

BluecoatFiladél�ia

EUA

BombayCheshireInglaterra Blue Gin

AxbergAustria

InverrocheRiverside

Africa do Sul

West WindsAustrália

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MISTERBULLDOGQUANDO HÁ CERCA DE DEZ ANOS ANSHUMAN VOHRA

DECIDIU LARGAR A BANCA PARA SE LANÇAR NA CRIAÇÃO

DO GIN BULLDOG, A FAMÍLIA PENSAVA QUE ELE IA APENAS

ABRIR UMA LOJA DE BEBIDAS.

HOJE A REALIDADE É BEM DIFERENTE. A “LOJA DE BEBIDAS”

BULLDOG É JÁ UMA MARCA DE REFERÊNCIA INTERNACIONAL

E A RECENTE PARCERIA COM A CAMPARI PERMITIRÁ

À BULLDOG DAR O SALTO DE 25 PARA 185 PAÍSES.

A ZEST CONVERSOU COM ANSHUMAN VOHRA NUM DESSES

SEUS SALTOS INTERNACIONAIS POR PORTUGAL.

Texto Miguel SomsenFoto Isabel Zuzarte

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HÁ QUANTO TEMPO ESTÁ A VIVER O SONHO AMERICANO?O meu pai é diplomata na Índia, o que significa que nasci lá mas passei os primeiros anos a viajar entre o Vietname, Nigéria e Washington DC. Foi o meu pai quem me levou a praticar ténis e a estudar numa academia na Florida que lançou jogadores como An-dre Agassi e Pete Sampras. O ténis acabou por ser a minha primeira vida. Mudei definitivamente para os Estados Unidos em 1992 e os meus pais ficaram na Índia. Mas a partir do momento em que percebi que não iria ser um atleta profissional, mudei para a área de finanças. Consegui um estágio no CityBank e nos anos 2000 terminei a licenciatura. Subitamente era um banqueiro. Mas desde sempre quis ser empresá-rio, viver o sonho americano, ter a minha companhia, criar a minha própria marca.

MAS NUNCA PENSOU QUE SERIA UM BANQUEIRO PARA SEMPRE. Nunca. Sempre quis ser jogador de ténis. E quando percebi que isso não iria acontecer tentei ver o que iria fazer da minha vida. Nos anos 90 quem fosse moderadamente inteligente iria parar a Silicon Valley e trabalhar em computadores. Eu não sabia nada disso, por isso fui para a alta finança. Tinha família em Nova Iorque, sempre sonhava viver em Nova Ior-que. Felizmente consegui emprego.

FOI O SUBPRIME QUE LEVOU VOHRA A DECIDIR OUTRA VIA FORA DA FINANÇA?Foi muito antes disso, cerca de 2003-2004. A his-tória é esta: sempre que podia eu ia visitar os meus pais a casa. Uma das vezes fui ter com eles à Malásia e o meu pai serviu-me uísque com gelo. Fiquei mal disposto tanto tempo que lhe pedi para me dar algo mais ligeiro da próxima vez. Foi então que come-çámos a beber Gin tónico. Passado uns anos, estou com amigos da banca em Nova Iorque num bar. Eles estão todos a beber vodka e eu estou sozinho a be-ber Gin. Eu perguntei-lhes: como é que vocês ainda bebem vodka? Eles responderam: vodka é que está a dar. Então fui falar com o barman e perguntei-lhe sobre o Gin. Ele disse-me que este era o primeiro Gin tónico que ele estava a servir numa semana. E era uma sexta feira. Isto em 2004.

O VODKA DOMINAVA O MERCADO?O bar dele tinha 22 marcas de vodka e apenas 3 de Gin. Depois disso voltei para o escritório e passei um fim de semana a pesquisar: o que aconteceu ao Gin? Descobri então que há 40 anos, nos anos sessenta, o Gin vendia muito mais que o vodka. O vodka nem existia! E agora? Agora o vodka era seis vezes maior que o Gin, o premium vodka doze vezes mais que o premium Gin. Que falhanço espectacular deve ter acontecido. Uma das coisas que aconteceu nos anos

60 foi que James Bond cometeu alta traição ao mu-dar de Gin para vodka, fazendo com que as marcas de vodka mais cool ganhassem mercado na América. Além disso, o Gin na América tinha um teor alcoólico de 47%, o que era imenso. Por mais vezes que eu be-besse, não lhe identificava qualquer sabor. Só bebia porque era melhor que tudo o resto. O problema era a dor de cabeça no dia seguinte.

O PROBLEMA DO GIN NUNCA FOI APENAS A RESSACA…Nessa altura identifiquei dois problemas com o Gin: o sabor e a imagem. A aquisição de destilados pre-mium é uma compra muito emocional. É um pouco como comprar um carro. O que compramos diz algo sobre nós. Ao estudar o assunto percebi que há uma imagem do Gin que não está a passar e depois há o sabor. Para além dos Gins na América serem todos a 47% álcool, também tinham um sabor pesado a zimbro. A imagem que passa do Gin é arcaica e bri-tânica, com a imagem do velho beefeater. Ou seja, é porreiro para os nossos avós. E quem não fosse avô estava fora. Quando eu via a publicidade do Gin per-dia logo a vontade de beber.

NENHUM DE NÓS BEBIA GIN POR CAUSA DA IMAGEM?Se nós tivéssemos uma imagem forte que sustentas-se o projecto, talvez as pessoas voltassem a ter von-tade de beber, talvez a nova geração ainda pudesse ser recuperada. O que eu queria de base para a Bulldog era agarrar novamente a tradição britânica. Adoro a cultura moderna britânica e por isso o meu Gin teria de ser inspirado por essa cultura. Modern, edgy, stylish, premium. O nome Bulldog surge por causa a minha paixão por Winston Churchill. Que bebia demasiado do Gin mau. Mas era o espírito de Churchill que nos interessava recuperar, essa con-fiança, verticalidade e perseverança que ele tinha e teve quando conduziu os ingleses durante a guerra. Nada mais que isso.

PORTANTO TUDO COMEÇOU NUM NOME APENAS? E UMA DESTILARIA?Sim. Bulldog. Não havia mais nada para além dis-so. Só depois se criou o dilema da destilaria que o iria produzir. Tínhamos cerca de dez destilarias no mundo por onde escolher. O que me interessava era sempre reduzir o teor alcoólico, baixar o peso do zimbro e integrar uma série de botânicos que fossem representativos dos locais exóticos por onde passei quando era pequeno. África, Ásia, Índia. Não sou químico ou botanista, mas a visão era minha. Teria de poder beber mais do que um Gin de cada vez sem ter o problema de acordar com uma dor de ca-beça no dia seguinte.

NO INÍCIO FALOU-SE NUM GIN COM 72 BOTÂNICOS?Estou a ver que fez o seu trabalho de casa. A per-gunta que me fizeram da destilaria foi: que botâni-cos quer? Eu mandei-lhes 75. E eles: vai fazer um mestrado em botânica? Quando me disseram que havia botânicos demasiado complicados de integrar num Gin, reduzimos a escolha. Foi em Inglaterra que encontrámos uma destilaria com 200 anos de ex-periência capaz de fazer o nosso Gin. Uma das mais antigas, na área de Manchester.

FOI DIFÍCIL ARRANJAR TODOS OS BOTÂNICOS? OLHO-DE-DRAGÃO…Bastante difícil. Olho-de-dragão é uma espécie de líchia. Também justámos papoila, folhas de lótus. Ao todo conseguimos 12 botânicos de oito países diferentes. Compramos zimbro de Itália, usamos botânicos originais e frescos, ao contrário de certos Gins cujos nomes não posso mencionar. Temos de respeitar o nosso Gin. E manter os seus teores em todo o mundo. O Bulldog da Dinamarca é igual ao do Quénia ou dos Estados Unidos. São os consumi-dores que irão decidir se o nosso produto é um su-cesso ou não. Eu acho que criei algo grandioso.

COMO É QUE APRESENTA OU DESCREVE O SEU GIN A ALGUÉM QUE NÃO SAIBA O QUE É?Habitualmente digo que o Gin é o primeiro vodka com sabor no mundo. É vodka com zimbro e outros sabores. O Gin habitualmente é destilado duas ve-zes, nós somos quatro. Destilamos em alambiques de cobre com cem por cento de trigo inglês e água de qualidade. Tentamos assegurar um equilíbrio perfeito entre as várias fases de degustação do Gin, particularmente a final. O objectivo é sempre ser suave e facilmente mixável.

QUANDO LANÇOU O PRODUTO NO MERCADO COSTUMAVA TENTAR SABER SE O CONSUMIDOR ESTAVA A BEBER BULLDOG?Talvez umas duas ou três vezes depois de finalizado o produto. Hoje a receita do Gin é igual à que era há sete anos quando a produzimos. Larguei a banca em 2006, lancei o Gin em 2007. Acho que estava a antecipar o subprime. Já nessa altura o meu ob-jectivo era falar com o consumidor, conhecer a sua opinião. De início o pessoal gostava imenso da gar-rafa. Depois o importante era ouvi-los dizer que lhes apetecia sempre beber mais do que um Gin. Agora o objectivo é levar o produto a todo o lado.

QUAL O SEU PERFECT SERVE IDEAL PARA O BULLDOG?Sigo sempre a receita clássica e moderna britânica. Bulldog com tónica Fever Tree Mediterranean e uma raspa de lima. Quando o tempo está melhor, como acontece tantas vezes em Portugal, junto umas fo-lhas de coentro.

Mister Bulldog

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QUANDO FOI A PRIMEIRA VEZ QUE PERCEBEU QUE PORTUGAL IRIA SER UM MERCADO RELEVANTE EM TERMOS DE GIN?Estive cá em início de 2012. Fui até um restaurante em Cascais [Paradigma] com um dono muito simpá-tico que me disse: “Gosto imenso de si e o seu Gin é muito bom. Mas não fiquei ofendido se lhe disser que está a cometer uma grande asneira. Não vale a pena investir dinheiro em Portugal. Os portugueses não consomem Gin”. Nunca mais me esqueci do que ele me disse. Entretanto já lá voltámos e ele já nos diz que se enganou. Está feliz por mim por se ter enganado.

ENTRETANTO TUDO MUDOU EM PORTUGAL…Sempre soube que iria ser bem sucedido nos mer-cados do sul da Europa. Vocês têm palatos muito sofisticados. Para os portugueses comer e beber não é um exercício mas uma experiência social. E são vocês que fazem essa experiência ser especial. Os copos grandes, a abundância de gelo, a guarni-ção de botânicos, as tónicas premium. É uma bebida simples para beber de noite e de dia. Portanto só percebi que Portugal era um bom mercado na se-gunda metade de 2012, quando o meu importador continuou a solicitar encomendas. E 2013 foi incrível. Mas aprendemos muito com Espanha. Somos super-premium, não podemos estar em todo o lado, não podemos estar acessíveis a todos os preços, mas queremos estar no sítio certo e projectar a nossa imagem com a melhor qualidade. Nunca obrigamos as pessoas a comprar, mas pedimos para experi-mentar. Noventa e nove por cento das pessoas irão voltar.

COMO EXPLICA O FACTO DE OS PORTUGUESES ESTAREM A VIVER UMA RECESSÃO E MESMO ASSIM CONSEGUIREM PAGAR UM GIN TÓNICO DE 15 EUROS?As pessoas gastam menos dinheiro. Mas quando gastam é num produto de grande qualidade. Outra explicação tem a ver com Espanha. Um fenómeno cultural que começou tão perto teria sempre de instalar-se aqui. A comunidade de barmen tem sido incrível nesse pa-pel e divulgação. E ao contrário do vodka, o Gin tem um conceito fascinante. Uns Gins têm 12 botânicos, outros oito. Uns são feitos em França, outros aqui. Tanta variedade. Ao passo que o vodka não tem cor, sabor ou cheiro. Como podemos diferenciá-los? Um dos cocktails mais antigos do mundo é o Gin tónico. E como é fácil de fazer é um luxo acessível.

NO SEU CASO, A BULLDOG FOI UM PROJECTO DE RISCO OU PAIXÃO?Para mim era fazer ou morrer. Larguei um emprego confortável para fazer algo novo. Apesar de ter tra-balhado muito, atribuo muito à sorte. O posiciona-mento da marca foi fundamental e na altura certa, quando o Gin estava a ter um boom. Por isso quero fazer para o Gin o que a Absolut fez para a vodka há 20 anos. O Bulldog não é apenas mais um Gin. A quem quer apenas mais um Gin eu sugiro que be-bam outra coisa.

SEI QUE ENQUANTO ESTEVE NA BANCA SEMPRE TEVE RECUSOU CAMINHAR PARA O LADO. DE QUE FORMA A BULLDOG SE PODE REFORMULAR COM O TEMPO? SERÁ ATRAVÉS DE UMA VERSÃO PARA ALVO FEMININO, UMA LADY BULLDOG?Para mim andar para o lado ou cair é a mesma coi-sa. E estou a ver que alguém lhe contou da Lady Bulldog, mas é um segredo. Para já o que lhe digo é que não queremos criar uma nova marca. Nada de rum ou vodka, apenas Gin. Mesmo a versão Bulldog Extra Bold apenas surgiu porque alguns barmen nos pediram algo mais forte, mas trata-se de uma edição limitada. Ainda temos um longo caminho para per-correr. E em termos corporativistas, não sei se sabe, mas conseguimos garantir uma parceria global com o Gruppo Campari. Isso permite-nos saltar de 25 países para 185 países de um dia para o outro. Esta-mos muito entusiasmados. Quanto ao produto femi-nino, não posso avançar mais. Mas garanto-lhe que a ZEST será das primeiras a ser informada quando isso acontecer.

OS SEUS PAIS JÁ SABEM QUE ANSHUMAN VOHRA NÃO ABRIU UMA LOJA DE BEBIDAS?Eles agora já sabem. Mas era a minha avó que fazia essa confusão. Infelizmente não fui a tempo de lhe explicar o que fazia. Os meus pais são porreiros, já sabem. Quando lhes disse que ia sair da banca para lançar um Gin a minha mãe nem queria acreditar. O meu pai: “Acho que hoje já bebeste Gin suficiente. Amanhã vais pensar de forma diferente”.

Mister Bulldog

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EXPERIÊNCIAS

MACARIOO PASSADOFundada nos finais do século XIX em Tortone, Piemonte, a empresa italiana Abbondio cedo se destacou pela qualidade dos seus refrigerantes, um resultado dos ingredientes usados na confecção. No início do século XX, a Abbondio procurou criar um refrigerante com sabor mais acre que as gasosas tradicionais, tendo-o conseguido com a adição de quinino. Nascia assim a tónica Abbondio, la gazzosa amara, a gasosa amarga.

A FORMAGarrafa de 275 ml, com uma imagem vintage a vincar a tradição e o glamour de uma Itália de outrora. A turbidez da bebida e a opacidade da embalagem definem o carácter e personalidade da Abbondio, pensada mais como refrigerante do que como tónica.

A SUBSTÂNCIAA tónica Macario apresenta uma transparência total, com reflexos cristalinos e bolha pequena mas

persistente. Não é uma tónica muito gaseificada mas o seu carácter cítrico

confere-lhe a vida que poderia ser perdida com a falta de CO2.

No nariz sobressaem as notas cítricas, estando muito marcada a

frescura da lima e a acidez do limão. Na boca revela-se extremamente

seca, assumindo-se como um mixer perfeito.

A PERFEIÇÃOUma tónica capaz de elevar as

qualidades de qualquer London Dry. As suas notas cítricas colocam-na

como mixer ideal para Gins Old Tom.

O NOSSO PERFECT SERVETanqueray 10 com folha de lima, bitter

de toranja e tónica Macario.

O PASSADOUsando ingredientes simples mas

de grande qualidade, a avó Vittoria Macario conquistou cedo o palato de miúdos e graúdos. E foi assim que a

família decidiu na década de 50 abrir uma pequena fábrica artesanal de

refrigerantes em Casale Monferrato no Piemonte, Itália. Apesar do

sucesso, o negócio fecharia poucos anos depois. A Macario renasceu

em 2011 pela mão dos netos da avó Vittoria, aliando as receitas

originais a um método de fabrico tecnologicamente avançado

e ingredientes 100% naturais.

A FORMAA Macario é apresentada em garrafa

de 275 ml, completamente opaca. No rótulo de imagem retro aparecem as

pin-ups da década de 50, numa clara homenagem ao momento de criação

desta tónica.

A SUBSTÂNCIAA presença do quinino é imediatamente denunciada pelo odor a terra no olfacto. As notas cítricas do limão aparecem num segundo perfil de sabores. Os aromas utilizados são ainda responsáveis pelo tom dourado da Abbondio. A sua bolha é extremamente fina sendo o gás injectado apenas na quantidade estritamente necessária. Já na boca esta tónica mostra-se extremamente fresca e com um picante final característico dos limões usados.

A PERFEIÇÃOPerfeita para acompanhar os London Dry ou Gins de carácter mais cítrico por harmonização; ou Gins envelhecidos e amadeirados por contraste.

O NOSSO PERFECT SERVEMombasa com carpaccio de morango, folha de hortelã e tónica Abbondio.

GÁSCITRICIDADE

TAMANHODA BOLHA

VERSATILIDADEDOÇURA

GÁS CITRICIDADE

TAMANHODA BOLHA

VERSATILIDADE DOÇURA

SUPERT N CAS

ABBONDIO

DUELO DAS TÓNICAS por Miguel Veiga Miranda

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A cidade que recebeu o primeiro evento Gin Tasting em Portugal continua a ser um dos melhores destinos nacionais para se beber um Gin, ficar para jantar e passar a noite. Alternativas de cafés, bares e restauração não faltam no centro histórico de Leiria. Vamos fazer uma Gincana do Gin?

Ilustração: Ana Gil | Pesquisa: Ana Cristina Valente e Miguel Somsen

Rua Machado dos Santos 5-9 | De terça a sábado 00h00-05h00Tiago Sousa e Fernando Sousa estão há cinco anos com o Clube Suite que desde 2014

inclui um Clube Musique, com outra música e abertura apenas ao sábado e domingo. Têm dois bares só para Gin, com um display de 40 marcas de Gin e duas tónicas.

João Pereira, ex-Pernod Ricard, é agora barman de Gin no Clube, numa equipa com Sara Clemente e Élio Mouzinho. facebook.com/clubesuitepage

Praça Rodrigues Lobo 5 | Todos os dias 10h00-02h00Sócios Sabino Carvalho e Vasco Ferreira estão com o Chico Lobo há oito anos.

Esta Primavera 2014 o café-bar sofreu obras de remodelação que lhes permite apostar num modelo de serviço com maridagem entre comida e Gins.

O bar de Gins tem 60 marcas e seis tónicas. Luís Bonifácio é o barman. facebook.com/chicolobo

Largo Cândido dos Reis | Aberto de 2ª a sábado até às 02h00O dono é Manuel Oliveira, que gere o bar com os seus “filipes”,

os filhos Gilberto Filipe e Filipe Miguel. Tem sete Gins e uma tónica. facebook.com/filipesbar

Jardim Luis de Camões | Sexta e sábado, 22h00-05h00O Glam existe há seis anos, é gerido por Rui Pedro Silva, sendo Miguel Matos barman

para a área de Gin. Tem uma carta com 74 Gins e sete tipos de tónica, incluindo Schweppes, Fever Tree e 1724. O Gin com mais saída é o Bulldog, mas chegam a

vender 500 Gins por semana. Preços entre os 5 e 11 euros.facebook.com/glamclubleiria

Rua Barão de Viamonte (Rua Direita) | De terça a sábado 16h00-02h00Há dois anos, quando Frederico Piedade e Rui Silva abriram o Mau Feitio,

tinham uma oferta com mais de 50 Gins. Agora ficam-se pelos 40, sendo que apenas 15 são de consumo regular. Preços entre 5 e 8 euros.

Trabalham com a gama toda da Schweppes. facebook.com/mau-feitio

Praça Rodrigues Lobo 32 | Todos os dias 09h-02h00Aberto desde Novembro 2005, gerido por Zito Camacho e Carlos Dinis, sócios e barmen. Servem 14 marcas de Gin e uma tónica, Schweppes.

Preços de 5 a 10 euros. O mais caro é o Monkey 47.facebook.com/pracacaffeleiria

Rua Fernão de Magalhães 10 | Terça a sábado das 22h00-02h00 Aceita reservas para jantar (no Páteo das Cantigas).

Aberto desde final de 2012. A principal responsável é Xana Rodrigues com Anastácio Baptista e Carlos Matos. Servem 5 marcas de Gin e uma tónica

“normal”, a Schweppes. O Gin mais caro é o Hendricks: 7 euros. facebook.com/theclub.weplayfirst

Rua Dom João Pereira Venâncio 103 | Terça a domingo, 18h30-02h00O bar tem 25 anos, mas o actual gerente Nuno Fonseca só aqui está desde 2012.

Servem 28 marcas de Gin e duas tónicas, Schweppes e Nordic.Preços entre 5 e 8 euros (Monkey 47). Vendem entre 30 a 40 Gins por semana.

A política do bar é keep it simple.facebook.com/yellow-bar

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VEM PARA DENTRO QUE O TEU GIN ESTÁ SERVIDO, MIGUEL!O encontro entre um músico e um barman amantes de arquitectura só podia produzir bons resultados. Com a bênção do sol, que nesta manhã invernosa decidiu brindar-nos com uma participação especial, experimentámos o que de melhor o hotel Fortaleza do Guincho, em Cascais, tem para oferecer. E não nos ficámos apenas pelos Gins, muito bem representados pela carta elaborada pelos Gin Lovers, e que celebra os 15 anos da unidade hoteleira.

Gin VipTexto Raquel CostaFotografia Pedro Sampayo Ribeiro

“UM COPO DE GINBEM SERVIDO

É COMO UMA OBRA DE ARTE”

Miguel Angeloˆ

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“Onze da manhã não será a hora mais apropriada para começar a beber!”, poderão pensar os mais cautelosos. Mas que importa a hora, se o céu se pôs azul ao fim de tan-tos dias de intempérie e o Atlântico, de novo calmo depois da passagem do Hércules, se estende perante a nossa vista, imenso e ilustre? É urgente celebrar. Músico de profissão, epicurista por filosofia, Miguel Ângelo estreia a ZEST. A Fortaleza do Guincho, ainda na ressaca das celebrações do seu 15º aniversário (assinalado pela carta 15 anos 15 Gins by Gin Lovers), é o local escolhido para descobrirmos a rela-ção com o Gin do autor de êxitos como Saber Amar e Precioso. Paulo Francisco, o observador, discreto (e premiado) barman da Fortaleza, enceta as hostilidades, preparando um cocktail, o Roca que, pela primeira vez, é desvirginado alcoolicamente com… Gin. “Não consigo perceber se tem álcool ou não”, confessa Miguel Ângelo, depois de o provar. Muito bem. Passemos ao Gin tónico. “Na minha geração, so-mos todos filhos do Gordon’s (risos)!”, recorda Miguel Ângelo, aludindo às noites de adolescência e juventude, regadas pela versão “em copo alto, com gelo e uma rodela de limão” da bebida. O segundo contacto com o Gin faz-se, recorda, “há uns anos”, aquando a sua própria despedida de solteiro, na Taberna Moderna, em Lisboa.

A estranheza inicial transformou-se numa experiência memorável, que fez com que começasse, “de uma maneira desportiva”, a dar mais atenção ao fenómeno”. “Conservador” e adepto confesso dos London Dry, Miguel Ângelo escolhe abrir as hostilidades com o Blackwood’s 60, da carta de aniversário da Fortaleza do Guincho.

“ESTÁVAMOS AINDA EM PÉ E NO BAR ESTAVA LÁ UM SENHOR QUE SERVIA UNS GINS COMO ENTRADA. ACHÁMOS MUITO ESTRANHO, PARA JÁ PELO PREÇO, QUE ERA CARO, UNS SETE EUROS. E, DEPOIS ESTRANHÁMOS QUANDO O VIMOS PÔR GELO NUNS COPOS GRANDES. ‘EH PÁ, TANTO GELO, ISSO DEPOIS NEM SABE A GIN!’. E FICÁMOS AINDA MAIS DESCONFIADOS PORQUE DEPOIS ELE NÃO PUNHA A RODELA DE LIMÃO CLÁSSICA, ESTAVA ALI A RASPAR A CASCA E TAL”, RECORDA.

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Uma escolha que também agrada a Paulo Francisco, ele próprio apreciador de Gins clássicos. “Adoro o Tanqueray Ten, embora seja mais apropriado para um dry Martini. Também gosto muito de Saffron Gin, tem aquela adstringência”. O luso-francês que já percorreu o mundo a trabalhar nos melhores hotéis e restaurantes partilha a sua opinião sobre a vaga de entusiasmo em torno do Gin. “Uma coisa que me deixa um pouco chocado é o preço exorbitante que se pratica em alguns bares”, lamenta.

POSSO SERVIR—LHE UM GIN FEITO À MANEIRA?Bar man Paulo Franscisco

Filho de pais portugueses, nascido em Paris, o comandante do bar do hotel Fortaleza do Guincho espelha na perfeição o espírito do espaço. Sereno, discreto, atento, Paulo Francisco podia ser uma personagem de um romance de espionagem, o barman que escuta o maior dos segredos de quem, à sua frente, liberta os medos e as tensões num copo. “Observar e conversar com o cliente” é um dos segredos do seu trabalho, revela Paulo Francisco. Com apenas 17 anos, decidiu tirar um bacharelato em hotelaria. Começou por estagiar no Le Royal Monceau, o cinco estrelas parisiense. Já em Inglaterra faz uma especialização em food & beverage management, o que lhe permite trabalhar no cinco estrelas The Savoy, em Londres. “Depois comecei a pesquisar sobre o mercado português e decidi regressar”. Em Portugal fica meio ano no hotel de charme lisboeta York House antes de seguir para Sydney, Austrália, onde trabalha com Tetsuya Wakuda, no restaurante do chef nascido no Japão. 2014 será o 13º ano que o barman cujo português temperado com sotaque pariense está na Fortaleza do Guincho. O rigor do seu trabalho já mereceu a distinção da cadeia de hotéis Relais & Châteaux (à qual pertence a Fortaleza). Em 2003 foi o escolhido entre 457 participantes para vencer o prémio para melhor cocktail à base de Grand Marnier.

Paulo admite que “a moda dos Gin tónico vai chegar a um ponto de saturação”, mas que o consumo da bebida “vai manter-se nos hotéis de cinco estrelas”, onde “as pessoas irão continuar a pagar o preço que terão de pagar”. Enquanto o barman prepara o primeiro Gin, silenciamo-nos. Há uma sensação de comunhão cúmplice em torno do ritual, de ex-pectativa tranquila, enquanto a água tónica cai, efervescente e viva, na colher, para depois desaguar no gelo previamente beijado com a dose certa do Blackwood’s.

Antes, Paulo Francisco já havia torci-do delicadamente algumas folhas de menta sobre o gelo. “Um copo de Gin bem servido é como uma obra de arte. Há quase um cuidado de design na pre-paração de um Gin e os olhos também comem. Neste caso, também bebem (risos)”, diz Miguel Ângelo.

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Terminado já está o Plymouth Navy Strenght, com o seu pau de canela e as suas bagas de zimbro. “For almost 200 years, the navy never left port without it [durante quase 200 anos, a marinha nunca saiu do porto sem ele]”. Miguel Ângelo lê a inscrição da bojuda garrafa. “É o Gin dos marinheiros!”, diz, enquanto prova o G&T preparado com a bebida espirituosa destilada na região homónima do sul de Inglaterra.

Enquanto conversamos com Miguel Ângelo sobre o início da sua carreira, que coexistiu com a arquitectura (o músico chegou a trabalhar na Câmara Municipal de Cascais), Paulo Francisco denota: “acho que a arquitectura também tem uma ligação com a gastronomia, a culinária”, diz o barman. “Tem tudo!”, diz Miguel Ângelo, entusiasmado com a analogia feita pelo homem que detém o comando do bar da Fortaleza do Guincho. E prossegue: “Havia um professor meu que dizia, nas suas palestras muito concorridas, que enchiam o anfiteatro, ‘um arquitecto tem que ser como um Deus’. Era o Tomás Taveira (risos). O homem era um grande, grande professor de História da arquitectura”.

No conforto do lar, os amigos, a mulher e os filhos, Martim, de 18 anos, e Máxima, de 22, são as cobaias predilectas do músico quando, depois de um dia de trabalho, se mune de Gin, tónica e menta fresca, o seu aromático favorito, e prepara bebidas.

Pedimos a Miguel Ângelo que nos sugira a música ideal para acompanhar um bom Gin tónico, enquanto escolhemos a segunda prova, um Plymouth Navy Strenght. “Um disco das Supremes parece-me uma boa opção”. A música teve um papel importante nesta redescoberta da bebida, como revela o autor de Baía de Cascais. “Descobri que era a bebida oficial dos Rat Pack [Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis, Peter Lawford, Joey Bishop] e que nos camarins deles só se bebia Tanqueray. Fui provar e descobri que este Gin era bom. São estas referências que nos fazem descobrir coisas da história da música, dos crooners, esse universo dos casinos, do smoking. Um bocado decadente mas também fascinante”.

“ESTE TIPO DE PRAZER, MAIS DO QUE UMA ROTINA, É UM RITUAL. ISTO ENTRETÉM—NOS UM BOCADINHO. É UM DAQUELES PRAZERES EPICURIANOS, COMO OS CHARUTOS”, EXPLICA.

“PRECISA DE REPOUSAR UM BOCADINHO PARA NÃO APANHARMOS AQUI UMA MOCA (RISOS)! ESTE É COMO AQUELES GINS QUE SE VENDIAM NA FARMÁCIA, PARA CURAR AS DOENÇAS TODAS”, DIZ O MÚSICO, DIVERTIDO ENQUANTO DEGUSTA COM CAUTELA O PORTENTO DESTE GIN COM 57% DE TEOR ALCOÓLICO.

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O VIP Miguel AngeloBastam cinco minutos à conversa com o músico nascido em Cascais para constatarmos: há mais Miguel Ângelo para além dos Delfins. Arquitecto de formação, curso que tirou na Faculdade de Belas Artes em Lisboa, enquanto compunha o primeiro álbum da extinta banda (“cheguei a fazer duas directas seguidas para entregar trabalhos”), o músico que também é professor de Produção e Criação Musical na Escola de Tecnologias, Inovação e Criação [ETIC] está a ultimar aquele que será o seu segundo álbum a solo. “Sairá em Outubro e o single antes do Verão”, revela. O homem que se declara um apaixonado pelo “modelo da canção pop” conta ainda que este novo disco será manterá fiel ao produzido no Primeiro, o seu primeiro disco a solo depois do fim dos Delfins. Mas com uma novidade: “Este disco é um disco de canções também, mas já tem alguns elementos mais ligados ao uso de instrumentos virtuais, mais electrónicos. Estou a trabalhar muito mais com o meu computador”, conta. Nascido a 6 de Abril de 1966 em Cascais, que imortalizaria na música dedicada à baía da vila, Miguel Ângelo começou a escrever música “mesmo muito novo”. Tenho ainda um caderno, escrito a lápis e a caneta, das coisas que fiz com nove, 10 anos. Eu tinha na altura uma fixação, também por causa de uma série de grupos que ouvia, de falar do Portugal rural num tom épico”, recorda. Delfins, Resistência e um lugar na história da música pop portuguesa. Isso já ninguém lhe conseguirá roubar. Da carreira de arquitecto, que passou por uma oferta de um lugar fixo na Câmara Municipal de Cascais, onde trabalhou, fica um projeto que, embora para sempre na gaveta, o músico recorda com afeição. “Cheguei a desenhar uma loggia para o museu Condes de Castro Guimarães, que nunca chegou a ser feita, com muita pena minha. O meu devaneio de jovem arquitecto foi aquela loggia. Depois não houve dinheiro para a fazer e o projeto ficou lá esquecido”, conta. Entusiasta dos novos valores da música portuguesa, o intérprete de músicas como Precioso e Um Lugar ao Sol revela que gosta de bandas como The Poppers e Capitão Fausto. “Não oiço muito os meus pares, infelizmente (risos)! Gosto de ouvir coisas que me surpreendam. Actualmente, para muita alegria minha, há bandas mais próximas de um espírito pop que os Delfins tentaram implementar nos anos 80, um bocadinho contra tudo e contra todos, como Os Capitães da Areia, que tem uma grande frescura e uma abordagem algo naif nas suas letras. E eu gosto muito disso”. Descartado está, para já, um comeback dos Delfins (que terminaram em 2009), pese o facto de este ser o ano em que Miguel Ângelo comemora 30 anos de carreira. Esse marco, sim, poderá merecer uma celebração à altura, que o arquitecto-músico recusa que seja nostálgica. “Não sou muito saudosista nestas coisas, estou mais preocupado com o disco novo que vou fazer este ano, com o single que vou lançar, do que com os 30 anos. Mas claro que sei que quando der espectáculos este ano vou recuperar aqueles temas que as pessoas gostam sempre de ouvir”, afirma.

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Chega então a altura, de Miguel Ângelo passar para trás do balcão e nos dar a conhecer os seus dotes de barman. “Eu não ponho tanto Gin como o Paulo, mas isso são gostos”, começa por explicar, depositando os cubos de água sólida, com vagar, na barriga do copo. Questionamos o músico sobre o gelo que usa em casa, para preparar as bebidas.

Munido de raspador e limão, Miguel Ângelo produz minúsculos confeti amarelos que se precipitam do instrumento de metal para o copo. “Acho preferível isto pousar diretamente sobre o Gin que está no gelo do que na água tónica. Dá o sabor directamente ao álcool”, explica. Acto contínuo, liberta uma garrafa de 1724 da carica. “Uma pessoa quando tem tempo faz isto assim”, diz, enquanto despeja vagarosamente a tónica no cabo torcido da colher. “A garrafa vai ficando vazia, temos que ir inclinando o cabo da colher para não fazermos porcaria”,

“EU COMPRO OS SACOS DE GELO NA BOMBA DE GASOLINA”, CONFIDENCIA, ENQUANTO DESPEJA DA GARRAFA DE No3 UMA MEDIDA DE 5CL. “SE EU SE ESTIVER EM CASA E NÃO FOR GUIAR, PONHO MAIS MEIA (RISOS)”, REVELA, DIVERTIDO.

diz em tom quase cerimonial, enquanto o líquido obedece à espiral do metal. “Gosto de espalhar aqui uns grãos de pimenta e de pôr umas folhinhas de menta fresca. Isto é um Gin muito simples”. O bojudo copo, solitário, aguarda por ser consumido. Provamo-lo, informalmente, o Gin tónico preparado por Miguel Ângelo vai passando de mão em mão. “Está aprovado, Paulo?”, indaga o líder dos extintos Delfins. “Está muito bom”, certifica o barman. “É mais leve do que aquele que serviste. Esse é para as nove da noite (risos)!”.

Gin Vip ZEST | Vamos até Barcelona? | pág. 96

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A EMBAIXADAFortaleza do GuinchoÉ um hotel de charme, de cinco es-trelas, mas não é mensurável numa escala a vista de cortar a respiração que se tem do Atlântico, quando, ao raiar da manhã ou ao pôr-do-sol, nos debruçamos nas janelas desta forta-leza que, outrora, foi ponto de defesa estratégico do reino contra investi-das de Castela.Construída em 1642 por ordem de D. João IV a edificação já teve várias vidas tendo, em meados do século passado, sido o Hotel do Guincho. De um fausto discreto, evocando outros tempos, de reis, frou frou de vestidos e conspirações temperadas de fumo de charutos, o hotel de charme Forta-leza do Guincho, inserido na associa-ção Relais & Châteaux, comemorou 15 anos no ano passado. Motivos de sobra para comemorar, com uma car-ta especial, criada pelos Gin Lovers, com uma selecção de 15 Gins, ade-quados aos paladares mais exigentes de quem por ali pernoita num dos 27 quartos disponíveis, ou apenas visita o bar para descansar o olhar entre Cascais e a praia do Guincho, enquan-to tilinta com vagar o gelo de um Gin tónico. A estrela Michelin do restaurante da Fortaleza é o mais forte cartão de visita desta unidade hoteleira, pro-priedade da família de Stanley Ho, o conhecido magnata macaense. A cozinha franco-portuguesa, do alsa-ciano Antoine Westermann (cujo Le Buerehiesel, em Estrasburgo, detém três estrelas Michelin), é dirigida na Fortaleza pelo compatriota Vincent Farges. A distinguida carta de vinhos do restaurante merece uma visita guiada pelo escanção residente Iná-cio Loureiro.

Gin Vip

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OM ON HC OR EM

Um Gin proveniente da Floresta Negra que é uma garrafa

de boticário.

74 yeknoM

Serádemasiado óbvio

se falarmos em pepino?

s’kcirdneH

O único Ginenvelhecido

em cascos de carvalhode Vinho do Porto.

OAN

O mais mediterrânico

dos Gins fala catalão.

eraM niG

Conhecem outra garrafa que ostente uma chave?

3ºN nodnoL

O produtordeste Gin já

destila vodka há algum tempo.

esahC smailliW

Imensa suavidade e

elegância em 60% de álcool.

s’doowkcalB

Um dos poucos Gins provenientesde uma região

demarcada.

htuomylP

De que falamos quando falamos de Gin?

Falamos de água da Islândia.

s’relliM nitraM

Mr. Charles T.diria:

“And tonightwe...”

yareuqnaT

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Texto dIAZFotografia Pedro Sampayo Ribeiro

Seja bem-vindo ao berço do perfect serve em Portugal. Temos factos históricos que atestam ter sido aqui que tudo começou.

E outros que explicam tudo o que se seguiu. Porque aquilo que muitos continuam a apelidar de “a moda do Gin” é afinal um conjunto de dados

estatísticos que colocam a Península Ibérica à frente dos maiores consumidores mundiais, e Portugal um passo adiante de Espanha

no que toca a conhecedores do produto. O perfect serve veio para ficar. Graças a Luis Carballo.

Natabernamodernaé quase

tudopara

partilhar

Taberna Moderna

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No início, era a Taberna Moderna. Um lugar onde as doses são para par-tilhar e fazer pairing com Gin. Há, sim, uma carta, que parte dos princípios de fusão, depois excelência dos produtos e então está pronta para o refinamento. Um menu pequeno, mas irrepreensível. Essencial. Ainda assim, não estranhe que, na busca daquele prato que ficou irremediavelmente na memória do palato, acabe a provar outra coisa, a conselho do pessoal de sala (sim, a bela Rafaela Valle, ou “Rafa”). É que esta grande família, da cozinha à mesa, passando pelo bar, faz-nos sentir parte dela. Tudo começa no Lisbonita, o Gin Bar. O primeiro de Lisboa.

Estão cerca de 100 garrafas de Gin em exposição, algumas reconhecíveis, outras inevitavelmente novas. Está instalada a dúvida, a hesitação. É aí que entram a Magda, o André ou o Nuno, os conhecedores por trás do balcão. Prefere um London Dry, um Indian, um American, mais especiarias, mais botânicos? Siga os conselhos e deixe--se ir, que aqui é deixar-se ficar. Um fim de tarde qualquer tornar-se-á perfeito, passa a jantar, o Gin segue-nos para a mesa, acompanha o prato sugerido em função dele e, quando a cozinha fechar, às 23h30, ainda há a esplanada e mais perfect serves, sempre surpreendentes, até às 2h.

“Quando tive esta ideia, os meus amigos perguntavam se eu era louco. Toda a gente pensava que Portugal era um país de vodka.”, lembra Luis Carballo, galego conhecedor de Lisboa desde os tempos em que a sua casa no Estoril era um refúgio. Depois de um ano sabático que envolve afectos de patama-res cimeiros, abraçou este projecto, convicto e animoso, contra vaticínios de fraco augúrio (ai a crise, a crise). “Isto foi na altura em que Espanha despertou para a cultura do perfect serve. Sempre ali se bebeu muito Gin, rum e vodka. Mas foi o Hendricks, há meia década, se tanto, que pautou a transição, a reinvenção do Gin com tónica. O sucesso foi es-trondoso. Mas não com o entusiasmo que houve entretanto em Portugal. Aqui nasceu a verdadeira paixão! Em dois anos, surgiram verdadeiros conhecedores. Cuidam e amam o pro-duto. Isso faz com que tudo isto cresça.”, refere, sem lugar à falsa humildade que seria, posto o mérito, imperdoável. “Neste momento, há Gins que nascem para ir ao encontro do perfect serve. As marcas têm em conta muito mais que os Estados Unidos e a China, os maiores consumidores de Gin mundiais, mas na tradição da cocktailaria. Apostam numa nova forma, muito mais sofisticada, de trabalhar o Gin. Espa-nha e Portugal são os grandes responsáveis por isto. Se pen-sarmos que, em poucos anos, passaram a existir 400 marcas de Gin, podemos ter uma ideia do que quero dizer”. Sim, se pensarmos que durante 100 anos o rei foi o Dry Martini, o cocktail mais vendido no mundo, com 99% de Gin e só 1% de Vermute, temos de dar a mão à palmatória: estamos diante de um boom, do renascimento do Gin. E é fácil perceber mais ainda: se Portugal tem responsabilidade nisso, a Taberna Moderna e a Lisbonita são responsáveis por este advento.

Taberna Moderna pág. 16 | Entrevista exclusiva a Mr. Bulldog | ZEST

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Luis Carballo é galego. Vigo, mais precisamente. Já foi dito, numa entrevista para outra revista, também ela desperta para este assunto, agora sério, que é o Gin: “Os Galegos estão de vol-ta”. Referia-se aos históricos Gambrinus ou mesmo Adega dos Canários, enfim, tantos outros de um tempo em que Lisboa era um El Dorado para nuestros hermanos (atenção, Galiza nom é España) e agraciada a cidade com a sua presença, agradeciam os lisboetas numa romaria em festa que tornou esses e tantos outros estabelecimentos verdadeiros ícones da capital. Há uma ligeira diferença: Luis vem do Marketing. Trabalhou 25 anos numa das mais importantes agências espanholas, fez fotografia, moda, sobretudo, está habituado a criar conceitos. E está ex-plicado muito do sucesso. Da Taberna Moderna e da Lisbonita. Só não está revelado o futuro. De Luis Carballo. E este homem é irrequieto. Depois de sabermos que, neste momento, e graças a ele, é possível que os britânicos venham a Portugal aprender a beber Gin numa perspectiva de perfect serve que desconhe-cem, segue-se o óbvio: ensinar britânicos a consumir Gin... em Londres! Sim. Tenham medo. Luis Carballo vai fugir-nos entre os dedos. Espera apenas investidores. Nem sequer é um sonho. É um projecto de futuro. Está definido. Até já tem local. “Estive há pouco tempo em Londres, num bar muito famoso. As bebi-das são boas, mas não dá para acreditar naquela frieza, como se fosse sinónimo de profissionalismo. Se eu conseguisse ter ali barmen e empregados como os meus, com esta relação com os clientes, com esta capacidade de contar uma história enquanto aconselham e criam estes perfect serves, aquela gente pensava estar no paraíso”. Será um franchise do Lisbonita? Era lindo, não era? Não, outra vez: “Não acredito em franchises. Este conceito pode resultar, mas terá sempre de se adaptar ao lugar”. E então? Vamos deixá-lo fugir?

Luis CarballoO Galego que fez a revolução

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Luis Carballo é uma espécie de herói para quem trabalha na Taberna Moderna e na Lisbonita. Todos o gabam e não co-locam a hipótese de trabalhar noutro lugar. É claro que eles também são (oh, se são) com quem Luis quer trabalhar. Não se pense, porém, que tudo é um mar de rosas: Luis Car-ballo é, por certo, o pesadelo dos fornecedores. Pelo menos, daqueles que não entregam a horas ou que falham com o nível qualitativo. Imagino a compostura, aquela presença cuidada, a ficar em pause só enquanto se afina uma corda fora de tom. Uma ou duas pancadinhas de diapasão e já está. Não foi fácil chegar a este estado das coisas. «Abri o Lisbonita Gin Bar com 40 Gins. No mercado, havia oito. Informava-me

sobre novidades ou marcas que já existiam mas não aqui e falava com o Jaime, da Garrafeira Nacional. Ele, um pouco a medo, mandava vir algumas, quatro ou cinco, eu comprava tudo, tal como prometia. Isto durou até que ele começou a acreditar. Depois havia o problema das tónicas, as Fever Tree, Indi, 1724, essenciais. Hoje, para termos uma noção, há bitters que são feitos para a Península Ibérica, como a de pepino.», conta como se tudo isto tivesse ocorrido há muito mais que apenas dois anos. Chega a ser inverosímil, olhando ali para trás, um bar com bem mais que 100 garrafas diferentes. Mas ele explica: «Tenho sempre Gins a mais, porque experi-mentamos tudo, temos de filtrar. O Gin tornou-se um fenóme-

no social. Há destilarias muito antigas que se reinventaram, outras que querem iniciar-se no produto. Neste momento, existem cerca de 400 marcas. Mas a realidade é que 40 são excelentes, 40 são bons e os restantes não têm cabimento, são pouco equilibrados. Outros nem sequer são Gin. Há um óbvio aproveitamento do desconhecimento do consu-midor. É o que procuramos evitar aqui desde o início. Resultado? Temos os clientes mais conhecedores, que as próprias marcas respeitam».Então, como se faz? Parece simples, ao ver esta trupe em acção. Quando a garrafa chega, analisa-se o rótulo. Os elementos estão, normalmente, descritos na mesma (quais os ingredientes destilados).

Seguidamente, a prova de nariz e de boca (quais os aromas que predominam? Botânicos, como o alecrim? Cítricos como a laranja? Especiarias, como o cardamomo ou a canela)? Então parte-se para a tónica mais conveniente, mais ou menos doce/amarga, com mais ou menos gás. Seguidamente decide--se se o perfect serve é de associação, acrescentando-lhe os elementos que entram na própria composição (casca ou zest de um citrino, bitter ou o grão de especiaria) ou de contraste, criando, por vezes, casamentos improváveis mas que podem tornar-se verdadeiros casos de amor. Aqui há alguns, sei eu, que sou um romântico incurável.

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O Bar“Cada Gin tem por trás uma história. Um bom barman conta a história por trás de cada perfect serve.” André, Nuno e Magda são as caras mais conhecidas dos gran-des apreciadores de Gin olissiponenses. Dão essa (a cara), conselhos, fazem os perfect serves, tantos e tantos possíveis para cada Gin. Não servem. Dão um serviço de consultoria. Fazem as perguntas necessárias para chegar à preferência de cada cliente, lembram-se do que cada um costuma beber, procuram oferecer algo na mesma linha mas que surpreenda e nunca repita. Em suma, fazem com que nos sintamos em casa. Como eles. “Tenho um cliente que vem do Porto de pro-pósito. Já lhe apontei boas casas no Porto para ele beber Gin. Nada feito, gosta de nós. Às vezes, liga-me de uma loja, para me perguntar qual é a garrafa que deve comprar”, revela Nuno, visivelmente orgulhoso.

A CozinhaMarisa Landeiro é a cozinheira que dá o toque sem o qual a comida tradicional portuguesa não passa. Tem o condão de tornar qualquer prato num domingo na casa da Avó. Os chefes principais são dois: Alex São Miguel é o alentejano. Faz continência à tradição e tudo tem que estar meticulosa-mente onde sempre pertenceu, do tacho X à folha de coentro Y. Telmo Ribeiro, lisboeta, é descrito como a “alma da cozi-nha”. Tem a seu cargo os pratos de inspiração asiática.

A SalaRafaela Valle, chefe de sala, é uma carioca (Petrópolis) com aquele “jeito de menina que, de repente, nem percebe que tem quase 30 anos”. É impossível pedir o mesmo prato que se provou da última vez. Será sempre levado a ter uma nova experiência do palato. Até porque o Gin, por certo, também é diferente do da derradeira visita. Uma dica: os conselhos são para ser seguidos. Nunca falham. E este não é lugar para vir com ideias pré-concebidas tampouco com parca vontade de abrir horizontes.

Os taberneiros

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A paixão com que Luis Carballo fala de comida, dos produtos, da sua origem geográfica e enquadramento gastro-nómico deixa perceber que alguns dos ícones da carta desta casa lhe devem a existência. É por isso que, no conceito de fusão, há elementos da Galiza. Mas também da restante Espanha, Ásia e, claro, Portugal. Um pequeno pormenor: só alguém muito atento ao detalhe e ávido de conhecimento é que serviria a alheira (nesta Lisboa que a apresenta com batatas fritas e ovo estrelado) com grelos. Ou seja, tal como se come na sua origem, Trás-os-Montes (o que não falta em Lisboa é estabelecimentos de trans-montanos que servem as suas alheira «à lisboeta»). Os princípios que regem a cozinha da Taberna Moderna são a extrema qualidade dos produtos na sua origem e o cuidado nas seguintes duas: preparação e apresentação. Não há bacalhau que não seja da Islândia, quer vá em lascas para os Ovos Rotos quer vá em lombo para o Terramar, não há atum que não inveje o melhor dos sushi masters. A confecção de cada um destes realça-lhes a nobreza. A apresentação, bem, a apresentação leva a que as doses sejam sempre para dividir. A carta muda de quatro em quatro me-ses, por necessidade de cumprir uma sazonalidade que garanta a qualidade. Não esquecer, também, que este é o único restaurante em Lisboa onde a co-mida pode e deve ser acompanhada com Gin. Os pratos são criados nesse sentido e muitos deles comportam Gin na sua confecção, como o Magret de Pato (com frutos silvestres, canela, cardamomo, zimbro e Brockman’s, um Gin de frutos silvestres) ou o Sashimi de Salmão (com salada wakame, soja, uva e molho de G’Vine Floraison). A filosofia é pedir um Gin, aceitar as sugestões em relação a este e, depois, quando a fome vier, se-guir os conselhos em relação aos pratos que melhor vão com esse. Foi o que nós fizemos. Arrependimento ZERO!

“Qual o Gin que te apetecia neste momento?”, perguntam--me. Naquele momento, um Gin Mare. Talvez com um ramo de alecrim, para realçar um dos elementos de base. Luis mostra-me uma garrafa que desconheço: “Berkeley Square. É o equivalente inglês ao Gin Mare. Com Fever Tree clássica, neutra. Limita-se a juntar-lhe uma folha de manjericão e uma gota de bitter de lavanda. Porquê? Como os elementos na sua constituição são maioritariamente herbais, opta por não pu-xar os cítricos. Serve-se de um Martin Miller’s com algumas rodelas de morango, zest de laranja e bagas de zimbro. Ambos casam na perfeição com os pratos que, como manda a tradi-ção, partilharemos de seguida. Em primeiro lugar, os Ovos Rotos. Comida camponesa, sim. Com aquela apresentação que não engana ninguém (“uau, ainda não provei e já estou a adorar”). Os clássicos, os quase míticos Huevos de Lúcio, do sul de Espanha, levam batata frita, presunto e, claro, ovos. Esta reinterpretação é de Luis Carballo, reconhece. Sobre uma cama de batata frita às rodelas, cai a chistorra (uma espécie de linguiça andaluza), saborosíssima, carregada de pimentão como qualquer português exigiria, previamente frita em azeite e com pimento verde aí salteado. Algumas lascas de bacalhau da Islândia e, coroando a paleta, dois ovos, levemente escalfados. O objectivo é «romper» os ovos golpe-ando perpendicularmente toda a mistura até todos os sabores estarem unidos. Qualquer aparência «rústica» que esta des-crição possa dar é pura coincidência e não faz justiça ao sabor que cada um dos elementos supra citados adicionam a um todo. Irrepreensível. Seguidamente, a perdição. «Rafa» pousa uma «paellera» de nobres dimensões sobre a mesa. Arroz de Choco. A qualidade do arroz? Nem carolino, nem agulha, tampouco arbóreo. Arroz Bomba, o melhor de toda a Espanha, produzido em Múrcia, cozido (ou lentamente salteado, será o termo mais correcto) no melhor fumette (caldo de peixe), ao qual se adicionam chocos fresquíssimos e, claro, a sua tinta. No centro, uma noisette de ali-oli, maionese confeccionada na casa. Mais uma vez, antes de servir, deve ser tudo misturado e, pois, partilhado. Mar. É tudo o que me cabe dizer. Até porque qualquer bom apreciador de pescado sabe (Luis Carballo sabe-o muito bem, é galego, por Toutatis) que aquela definição “o marisco sabe a mar” cabe somente ao seu rei, o choco. Quem não provou cho-co fresquíssimo, a “estalar de fresco” não sabe o que é comer mar às garfadas. É o que estamos agora a fazer, eu e este ge-nial criador desde conceito, não sei se o gabo mais se continuo a espantar-me com o pairing que este Gin faz com tudo isto. Gin que já acabou. Sem problema. Vem aí a sobremesa. Sorvete Martin Miller’s. Casa consigo mesmo. Foi preciso mui-ta teimosia (e colaboração com a Artisani) para chegar a esta consistência. Perfeita. O sabor? Martin Miller’s, lima, toranja e zimbro no seu melhor. O melhor, portanto.

Taberna Moderna

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A esplanada não engana. A sobremesa que é um ícone também não. Aqui há Martin Miller’s. Esta não é uma parceria qualquer. Foi o Gin Martin Miller’s que despertou Luis Carballo para esta cultura do perfect serve: “Foi o pri-meiro a fazer-me entrar nesta paixão. É seco, equilibrado, como eu gosto, ainda hoje é o meu preferido”. Uma coisa é certa. O conceito, ele próprio, fascina. Martin Miller, que morreu no passado dia 24 de Dezembro, era um homem portentoso, visionário, bon vivant, irrequieto e empreendedor. É uma daquelas típicas histó-rias de quem, sem estudos, foi traçando o seu caminho através de uma grande paixão natural e uma aptidão para socializar. Antiguidades, hotéis e Gin, um Gin muito especial. Feito na Islândia, com água dos glaciares que, no degelo, vão desmineralizando ao passar por todas as falhas rochosas até ao ponto de colheita. Na altura das negociações do patrocínio da esplanada e preços de fornecimento, Luis Car-ballo foi convidado a ver tudo isto in loco. O ano passado, fez o inverso. Convidou-os a vir à Taberna Moderna, provar o gelado da sua criação. No final do almoço, Jacob, o CEO da Martin Miller’s, perguntou ao anfitrião: “Tens ideia de quem vende mais Martin Miller’s no Mundo?”, Luis Carballo arriscou: “Estados Unidos, talvez China”, ao que Jacob respondeu: “Nada disso. És tu!”

Martin Miller’sesse aliado

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TABERNA MODERNA

Taberna Moderna ZEST | Todos os segredos da Gin Mare | pág. 74

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MadeGinPortugal

GINTASTINGCHEGA A LISBOA EM 2014

LEIRIAPORTO

Depois do imenso sucesso nas suas duas edições em Leiria e Porto em Outubro e Novembro de 2013 (mais de 5 mil visitas), a produtora EV - Essência do Vinho acaba de confirmar novas datas para os eventos Gin Tasting em 2014 – incluíndo pela primeira vez uma paragem em Lisboa no Pestana Hotel a 10 de Maio. Quem disse que não haveria mercado para eventos made Gin Portugal?

Os mais de cinco mil visitantes conta-bilizados para as duas edições de Gin Tasting Leiria e Porto no passado mês de Outubro e Novembro 2013 vieram provar que há uma produção de eventos institucionais made Gin Portugal que deve ser contemplada pela indústria dos destilados para o ano de 2014 (seja na área do Gin ou não). A produtora Essência do Vinho já con-firmou com a ZEST a expansão do Gin Tasting para Lisboa a 10 de Maio no Pestana Palace e a continuidade dos tastings em Leiria a 20 de Setembro e no Porto a 4 de Outubro 2014.

Ficámos “muito satisfeitos com a ade-são de visitantes que, em larga medida, excedeu as nossas expectativas”, confirmou Nuno Pires, director da EV – Essência do Vinho logo depois do evento de 2013 em Leiria. “Recebemos muitos profissionais da hotelaria, restauração, bares e distribuição e bebidas, mas a maioria foi o público consumidor”. Duas semanas depois, o número quase duplicou: de 1900 visitantes em Leiria para 3500 no Porto. “Para quem esteve em Serralves (no Porto) não há nada que possamos es-crever que não saibam já: duas semanas

depois do evento da Essência do Vinho em Leiria, o Gin Tasting Porto foi acima de tudo um evento para ser vivido – e degustado”, escreveu Daniel Carvalho no nosso site GIN LOVERS.Os GIN LOVERS apresentaram a sua marca e lacraram a assinatura num stand que se tornou referência e meeting point iconográfico por parte dos visitantes. Mais pormenores e actualizações para os eventos de 2014 no site www.ginlovers.pt.

Texto Miguel Somsen e Daniel CarvalhoFotos Paulo Correia

made Gin Portugal

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OS SETE PILARES DESABEDORIA DE MIGUEL CAMÕES

Se o consumo do Gin em Portugal teve uma evolução, Miguel Camões foi um dos principais “evolucionistas”. Primeiro através do Plastic Deluxe Club na Póvoa do Varzim. Depois com a Gin House (ex-Gin Club) no centro histórico do Porto. Mais recentemente com o Gin Room em Vila do Conde. E em final de 2013 com o lançamento de um dos primeiros Gins portugueses, o NAO.Razões de sobra para a ZEST tentar saber sobre que pilares assenta a sabedoria do projecto e pioneirismo de Miguel Camões. E precisamente porque ele foi o primeiro a chegar, deixá-lo falar na primeira pessoa do singular.

Texto Daniel CarvalhoFotos Paulo Correia

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“O projecto The Gin House começou há um ano e meio com o claro objectivo, como o próprio nome indica, de ser uma casa dedicada ao Gin, ao universo do Gin e, em particular, ao Gin tónico – o serviço forte da casa. Mesmo que um cliente chegue aqui à procura de outra bebida, será sempre bem tratado. Na maior parte dos casos, felizmente, conseguimos convertê-lo ao culto do Gin e pô-lo a beber Gins. E tenho muitos casos, quer aqui no Porto, quer na Póvoa e em Vila do Conde, de muitos clientes que historicamente consumiam whisky e que, neste momento, para além de beberem Gin em casa, já compram garrafas de Gin e botânicos. Mesmo que daqui a cinco ou oito anos o consumo de Gin seja mais baixo do que nos dias de hoje e até surja uma bebida que nesse momento esteja em voga, acho que esta casa será sempre uma casa de referência de consumo de Gin, talvez por termos sido os primeiros”.

A GIN HOUSESERÁ SEMPRE UMA CASADE GIN

“Esta aventura do Gin, na forma de servir com este copo balão, terá começado em 2010 na Póvoa de Varzim quando fizemos uma carta de 18 a 20 Gins premium para o Plastic, mais por uma questão de amor à bebida que finalidade comercial. E foi interessante ver que o consumo de Gin em poucos meses quadruplicou. O facto de se ver aqueles copos com botânicos e frutas a receber outro tipo de serviço terá levado os clientes a consumir Gin e a fazer as suas próprias experiências. Em quatro meses, o Gin, que era a 4ª bebida mais vendida na casa, passou para 1º lugar. A partir daí ficámos com uma clara noção de que era um mercado passível de ser explorado de forma mais arrojada e profissional. E quando vimos que as coisas estavam a correr muito bem, decidimos que era momento de abrir um bar de Gins no Porto, uma cidade dentro dos padrões de conhecimento e de qualidade desejado para este tipo de produto”.

O GIN É UMAAVENTURA1

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“Eu não diria que o Norte esteja mais avançado ou que consuma mais [que o Sul]. Acho que no Norte, não sei se por inspiração de casas como o The Gin House, os empresários assumiram o Gin como uma aposta ganha, com retorno evidente e certo, o que fez com que arriscassem de uma forma mais fácil no negócio do Gin. Há 15 anos atrás, uma garrafa de Gin de serviço (tipo Gordon’s) poderia durar 15 dias num bar. Hoje em dia uma garrafa pode não durar 10 minutos. Aqui na Gin House, uma marca que seja nosso top 5 pode vender num fim-de-semana entre 15 a 25 garrafas. As que mais vendo hoje serão o Hendrick’s, o NAO, o Platu, o G’Vine e o 5th. É curioso que nós no Norte do país tenhamos 3 casas dedicadas ao Gin e no Sul esse fenómeno não acontece. Em Lisboa há restaurantes com bares e corners com bom serviço de Gin, há bares que têm um serviço generalizado e complementam com um bom serviço de Gin, mas não há bares especializados e apenas dedicados ao Gin”.

NORTE NÃO ÉOPOSTO A SUL3

“O público vai manter-se muito fiel ao Gin tónico. Eu acho que o problema dos cocktails de Gin, e nós já tentámos, por algumas vezes, implementar aqui um serviço de cocktails de Gin, é um problema de mentalidade portuguesa. Embora as mentalidades mudem, não há uma apetência muito grande do português em beber cocktail. O consumidor gosta de beber cocktails mas numa óptica muito simples do que são as caipirinhas e mojitos de sabores e uns granizados. Portanto não sai muito daqui. Aquela cocktailaria que se vê nos EUA, Londres ou Barcelona, aqui não se vê muito. Se entretanto as coisas mudarem, é natural que o Gin acompanhe essa mudança e consiga entrar no mercado dos cocktails. Para já, e para os próximos tempos, eu acho que o forte será sempre o Gin com água tónica”.

OS PORTUGUESES NÃO BEBEM COCKTAILS4

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“O staff do The Gin House foi um staff que eu escolhi mediante algumas experiências profissionais que já tinha tido com alguns elementos. Eu trabalho muito por feeling. Não procuro apenas um bom profissional, que tenha técnica. É muito importante que quem trabalhe comigo tenha uma sede de aprender, paixão pelo que faz e brio pelo serviço que presta. E acima de tudo um feeling em termos do perfil que a pessoa tem, das capacidades pessoais e de interacção com o resto do staff.Porque acima de tudo, nós aqui funcionamos muito como uma família, convivemos muito, isto acaba por ser quase um conjunto de amigos que trabalha juntos. Embora eu seja patrão, quando estou a trabalhar com eles, coloco-me em igualdade. Todos temos a nossa função e temos que a desempenhar bem; fora daqui jantamos juntos, convivemos juntos, no final do trabalho vamos todos tomar o pequeno-almoço juntos. Sou suspeito para falar, mas a equipa é excelente e é um dos pilares do sucesso deste estabelecimento”.

TENHO UMFEELING5

“Lembro-me de duas situações que me ficaram gravadas. Uma delas, de clientes que bebiam religiosamente G’Vine com pepino. Eu tentei, de uma forma delicada, explicar-lhes que poderiam servir com outra aromatização mas nunca tive grande abertura da parte deles. Enquanto foram clientes da casa mantiveram-se sempre no G’Vine com pepino. Um outro caso foi de uma cliente que pediu um Gin e depois tratou os nossos botânicos como ingredientes de um cachorro-quente de rua. “Quero o Gin, mas com isto, isto e isto!”. Escolheu doze botânicos porque achou que em termos de qualidade-preço era mais vantajoso. Felizmente ainda fomos a tempo de explicar que essa não era a forma ideal de beber aquele Gin”.

O CLIENTETEM QUASESEMPRERAZÃO

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“Não tenho o Gin preferido. Tenho um Gin que terei bebido durante muitos anos, um lote de quatro cinco Gins que são os que aprecio no momento, mas as coisas vão-se alterando. Há Gins dos quais me vou saturando e vou começando a mudar. E com a variedade que temos há Gins que se adequam a diferentes alturas do dia e diferentes estados de espírito. Falar do Gin que eu mais gosto neste momento é complicado. Como é óbvio tenho um Gin no mercado [NAO] e não poderia dizer que não é dos Gins que mais bebo – se não for mesmo o Gin que actualmente mais bebo”.

O MEU GIN PREFERIDOÉ SEMPRE O MEU GIN

7 Já chegou o copo

Gin Lovers®.Para beberGin tónico

comassinatura.

Venda exclusiva no site www.ginlovers.pt

Os Setes Pilares de Sabedoria

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1. Os cereais fermentadossão aquecidos na caldeira

2. O álcool em vapor percorreo capitel e o pescoço de cisne

4. O destilado saide forma líquida

3. A serpentina é arrefecidapor água fria, o que obrigaà condensação

Como se faz umGin TradicionalQuando pensamos em destilados como o Gin, o uísque, a vodka, a aguardente o rum ou a tequila,pensamos em quê? No alambique.

O processo de destilação surge como respostaa um problema: a necessidade de separação de duas ou mais substâncias. Sempre que tenhamos várias substâncias que queiramos separar, desde que tenham volatilidades (isto é, temperaturas de evaporação) diferentes, podemos submetê-las a um processo de destilação. O alambique auxilia-nos nesta tarefa.

No caso do Gin, temos habitualmente uma substância com cereais fermentados e água – há excepções à base de cereais, como o G’Vine, que tem como base um destilado de uva, e o William’s Chase, feito a partir de maçãs (cidra), entre outros.

O que queremos é separar o álcool da água. O princípio é muito simples de entender. Por um lado temos a água que entra em ebulição e evapora a 100ºC. Por outro temos o álcool, resultante da fermentação dos cereais, que sabemos evaporar a cerca de 80ºC (o álcool etílico é volátil a 78,3°C).

Se aquecermos o alambique a mais de 80ºC e a menos de 100ºC teremos a evaporação do álcool sem a indesejada evaporação da água. Tudo o que temos de fazer é aprovei-tar o álcool que se evapora. E para isso te-mos de arrefecer este vapor para provocar a condensação (transformação do vapor em líquido).Este processo repete-se até se obter um destilado com a pureza e elegância preten-dida. No caso dos Gins premium é comum termos 3 ou mais destilações até obtermos o destilado desejado. E os botânicos? Tais como citrinos, especi-arias, raízes, frutos e flores, os botânicos são colocados no alambique aquando da última destilação.Para completar o processo de fabricação do Gin falta ainda diluir este espírito com água até obtermos a graduação alcoólica desejada.

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10 botanicos

Bombay Sapphire O Bombay Sapphire é um Gin obtido a par-tir de 3 destilações e recorre a 10 botânic-os para o seu fabrico: o obrigatório zimbro, da Toscânia, casca de limão proveniente de Múrcia, grãos no paraíso da África Oci-dental, sementes de coentro de Marrocos, pimenta de Cubeba de Java, raiz de lírio de Florença, amêndoa de Espanha, cássia da Indonésia, alcaçuz da China e raiz de an-gélica da Alemanha.

Neste Gin não podemos falar em processo de infusão já que os botânicos não são misturados com o espírito, no fundo do alambique, como se de um chá se tratasse. A equipa do Bombay Sapphire inovou ao

colocar os botânicos dentro de um cesto de cobre perfurado, fora da coluna principal do alambique, para que os aromas destes botânicos passassem para o Gin por va-porização.

Desta forma os botânicos não “cozinham” no alambique, em infusão na matéria-prima, mas são atravessados pelo vapor do destilado, emprestando desta forma os seus perfumes ao resultado final, sem ele-var demasiado a temperatura dos botânic-os. Para entender a diferença, pense-se na subtileza da comida cozinhada a vapor por contraste daquela que é cozinhada em tacho.

Como se faz o

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1. Um espírito neutro, 100% destilado a partir de cereais, que serve de base ao Gin, é colocado no alambique Carterhead.

2. Este espírito é aquecido a transformado em vapor no alambique.

4. O cesto de cobre contém as 10 botânicas.

5. O vapor do destilado abandona o alambique e penetra no cesto das botânicas. Este processo é conhecido por “infusão por vapor”.

6. O espírito, já aromatizado, é condensado em líquido.

7. O espírito passa através do “cofre”. Este cofre é uma estrutura em vidro fechada a cadeado, que permite a medição das características do espírito – graduação alcoólica, níveis de metanol – sem tocar no espírito.

8. O destilado é armazenado, pronto para ser engarrafado.

3. O vapor do destilado passa através da coluna de rectificação.

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?A ORIGEMDA GIN MAREÉ MESMOESTACAPELA

Texto Miguel SomsenFotos Pedro Sampayo Ribeiro

A Origem da Gin Mare

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A concorrência local diz que é impossível a Gin Mare produzir todo o seu Gin naquele pequeno alambique situado numa humilde capela de Vilanova i la Geltrú, a 30 quilómetros oeste de Barcelona.

A comunicação da Gin Mare desmente, diz que são tudo más-línguas, que todo o seu Gin (120 mil garrafas em 2011) é realmente produzido naquele alambique e até convidou a ZEST a visitar a capela e as instalações da Gin Mare. Nós fomos à origem tentar desvendar este mito urbano chamado Gin Mare.

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Estamos os dois longe de casa e por isso em pé de igualdade. Ele sabe tudo e eu quero saber tudo. Jorge Balbontin trabalha com a Global Premium Brands, que gere a distribuição mundial do Gin Mare, e faz a cortesia de nos dar a conhecer os melhores bares e bartenders de Bar-celona, um meio que ele trata por tu. Aliás essa familiaridade aguça o debate que se levanta ali naquele preciso momento. Do outro lado do balcão, Alberto Pizarro, que abriu o Bobby Gin em 2011, não é capaz de compartimentar dentro de uma cozinha o fenómeno do Gin em Espa-nha. “A revolução começou com os foodies”, diz Alberto em inglês, numa pronúncia sem espinhas. “Os seguidores da comida é que deram alento ao Gin para entrar na cozinha e nas rotinas dos espanhóis”, explica-me. Jorge vai mais longe. A sua teoria é um dos muitos mitos urbanos para o qual nos temos de preparar nesta investigação sobre a origem de tudo e do Gin. “Os chefs fartaram-se de combater o calor das suas cozinhas através dos copos de Coca-Cola com gelo e largaram essa dose massi-va de açúcar que os impediria de trabalhar em condições ao longo do serviço”. Jorge faz uma pausa para beber o seu Gin e volta à carga. “Os chefs precisavam de algo com mais gelo, mais frescura, menos diluição e menos açúcar, algo que ao mesmo tempo não anestesiasse o seu palato. E isso poderia ser sempre um copo de gelo com Gin”. Anfitrião daquela palestra improvisada, Alberto respeita o discurso do colega e amigo. E deixa-o prosseguir. “Mas o que fez a diferença foi que os chefs começa-ram a sair da cozinha com um grande copo na mão cheio de gelo e Gin para cumprimentar os comensais nos seus restaurantes. Evidentemen-te os visitantes começaram a questionar-se: que bebida vistosa seria aquela que o chef estava a beber e por que razão eles estavam a a beber um Gin tónico num ridículo copinho estreito”. Alegadamente os chefs começaram a beber Gin tónico não como trend mas porque precisavam realmente de algo mais fresco que lhes devolvesse energia, tempera-mento e uma temperatura de exercício. E qual a marca que rapidamente agarrou esta tendência? A Hendrick’s. “É verdade”, confirma Alberto. “As pessoas vieram à procura daquela bebida com pepino que parece saudável, é refrescante e não tem açúcar”. O dono do Bobby Gin contesta graciosamente Jorge no excessivo protagonismo dos chefs, uma vez que haveria sempre razões do consumidor para desconfiar da associação dos chefs às marcas. Portanto, segundo ele, foram os foodies, os gastró-nomos dos blogs, os seguidores do Facebook e do Instagram, que disse-minaram o culto do Gin em Espanha. “Quando?”, pergunto eu. “Algures em 2008”. Portanto muito mais tarde do que eu pensava. É então que Jorge me confessa. “Nós na Gin Mare chegámos atrasados porque querí-amos obter um produto consistente. Fomos sempre dizendo que ainda não estávamos prontos e acabámos por chegar ano e meio atrasados ao acontecimento”.

“A revolução do Gin começou na cozinha”, confidencia-me o chileno Jorge Balbontin, enquanto estamos sentados no bar Bobby Gin, no bairro de Gracià, em Barcelona.

A Origem da Gin Mare

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Precisamente quando achava que estávamos perdidos, foi quando nos encontrámos. E assim chegámos duas horas an-tes ao encontro marcado na destilaria Gin Mare com o embai-xador Jorge Balbontin. Que fazer, esperar ou avançar?Avançar com uma visita de reconhecimento por aquela pequena e enigmática capela que concentra tanto mistério como fascínio.

Estamos os dois ali sozinhos, o fotógrafo e eu, preparados para despachar o trabalho descritivo em menos de uma hora. O Pedro tem de aproveitar a maravilhosa incidência solar de um dia de Inverno sem nuvens, por isso deixo-o em paz. Eu tenho de registar tudo o que vejo dentro e fora da capela antes de qualquer distracção narrativa sugerida pelos anfi-triões. Mas tenho dificuldades em fazê-lo, por estar inebriado com o álcool libertado pelo pequeno alambique que está a

produzir a meio-gás no recinto aquecido. A capela tem sacos de serapilheira com botânicos à esquerda e recipientes de inox com os elementos mágicos que fazem a essência do Gin Mare: alecrim, tomilho, manjericão, cardamomo, zimbro, os cítricos e a azeitona arbequina, a estrela principal desta his-tória. Ela na verdade merece uma introdução particular. Por isso, pausa para uma história resumida desta casa.

A pontualidade foi sempre uma das nossas obsessões no cur-to trajecto rodoviário de Barcelona para Vilanova i la Geltrú, onde se situa a destilaria da Gin Mare. A nossa outra preocu-pação, e uma vez que viajávamos sem GPS, seria nunca nos perdermos pelo caminho. Por isso decidimos sair duas horas mais cedo da cidade e seguir o trajecto mental de rotundas, desvios e estradas secundárias que eu havia desenhado na cabeça.

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?Comecemos pelo avô Manuel Giró Sr, que “inventou” o Gin tradicional MG durante anos ali atrás da capela

(onde ainda hoje se produz um dos Gins mais populares e acessíveis de Espanha: o MG é hoje vendido a cerca

de 12 euros a garrafa). O avô Manuel Giró teve um filho que por seu lado

teve dois filhos, Marc e Manuel Jr, que um dia decidiram alargar horizontes e modernizar a produção de Gin

na família Giró-Ribot. “O que queremos?”, questionaram-se. “Queremos algo diferente, algo com personalidade.

O que somos?”, perguntaram-se. “Somos espanhóis? Não. Somos catalães? Não, somos mediterrâneos”.

Uma vez encontrada a identidade do projecto, a destilaria Manuel Giró entrou em contacto com a Global Premium

Brands, na altura apenas uma importadora e distribuidora de destilados. Juntos começaram a trabalhar o processo de escolha dos elementos mediterrânicos para confecção

do seu novo Gin. Pão? Não. Tomate? Não. Azeitonas? Talvez. Mas há tantos tipos e origens de azeitona.

Grécia, Itália, Espanha? “Tentámos tudo de todo o lado”, explicar-me-ia Jorge Balbontin mais tarde (sim, ele acaba de entrar nesta história).

“A azeitona arbequina não tem muita carne mas é muito saborosa e por isso dizemos que o seu azeite, o único

com denominação de origem, é ouro líquido”. Uma vez encontrado o protagonista do que viria a ser

o Gin Mare, faltava apenas tudo o resto.

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“Fizemos dois anos de tentativas de macerações de álcool com botânicos. Depois tentámos destilar. Tudo individualmente, como ainda hoje fazemos. Tentámos com orégãos, mas o Gin sabia a pizza. Dispensámos igualmente uma série de pimentas até acabar nestes quatro elementos cruciais: o alecrim da Grécia, o tomilho da Turquia, o manjericão de Itália e as azeitonas de Espanha”. Os restantes seriam apenas o cardamomo do Sri Lanka, o coentro de Marrocos, os citrinos de Sevilha e o zimbro de Aragão. Os citrinos ficam habitualmente a macerar durante 300 dias, os outros dias e meio. Tudo ainda macerado individualmente.

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“Aquele pequeno alambique é o vosso grande alambique?”, pergunto eu com ironia. “Sim”, confirma Jorge. “O recipiente suporta 250 litros. Habitualmente enchemos com apenas 200 litros mas até a mistura chegar ao outro lado irá perder cerca de 110 litros de álcool”. Ou seja, irá perder a cabeça e cauda do processo, eliminando assim os dois álcoois, o heptanol e o isobutanol, cuja presença no Gin nos provoca a ressaca. Um Gin que nos provoque a ressaca é feito sem esse habitual pro-cesso de selecção heads & tails, aproveitando assim 100 por cento do produto destilado. “Na Gin Mare o que sobra de uma produção iniciada com 200 litros são 90 litros de Gin de qua-

lidade”. Um destilado com 78 por cento de teor alcoólico que irá ser reduzido até aos 42,7%. Depois de tudo, o que me falta saber é quais as proporções finais dos elementos e botânicos na receita da Gin Mare. “Esse é o mistério que a Gin Mare não pode revelar. Mas digo-vos que a prevalência é sempre da azeitona e do zimbro”. Mesmo a água, que certas marcas vendem como “elemento fundamental” na composição do Gin, é relegado para segundo plano pela Gin Mare. “O nosso forte são os elementos”, esclarece Jorge. “Nós não queremos essa combinação estragada pela água. Portanto usamos sempre água neutralizada”, confessa.

“O que nos faltava seria um alambique maior que replicasse o pequeno florentino com o qual tínhamos iniciado a produção. E foi este que mandámos fazer há quatro anos”, aponta Jorge para dentro da capela.

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Jorge Balbontin é uma espécie de embaixador da Global Premium Brands e da Gin Mare. O seu papel é procurar novas perspectivas de negócio para serem aplicadas em Espanha. A sua última aposta é a cachaça, que ele descobriu no Brasil. O que ele tem de garantir agora é que a cachaça que ele quer ver produzida no Brasil é precisamente aquela que ele idealizou para o mercado espanhol. Com o seu passado de experiência em bares, Jorge tem o know how e conhecimento que lhe permitem trabalhar no terreno com os bartenders de confiança as alterações ou adaptações que precisam de ser feitas. “A Gin Mare não quer para já arriscar outros segmentos. Precisamos de mais dez anos para nos estabelecermos no mercado. Interessa-nos mais apresentar receitas sazonais que renovem o espírito da marca Gin Mare. Por exemplo, confeccionar quatro perfect serves que sirvam a vontade de cada estação do ano”, conclui.

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Responsável pelo novo bar 41º, que serve a mais recente aventura gastro-nómica de Ferran Adrià, o restaurante Tickets de Barcelona (sim, a ZEST também esteve lá). Marc Alvarez e Juanjo Saber, que trabalha no Club Astoria (o bar do respectivo hotel), foram convidados por Jorge Balbontin para nos acompanhar nesta visita de estudo sobre a origem do Gin em Vilanova. Juano e Marc trabalharam juntos no actual 41º, antes de Juanjo seguir o seu caminho, acabando por ganhar o concurso organizado pela Gin Mare para melhor barman em Espanha (sendo terceiro lugar na com-petição internacional Gin Mare Mediterranean Inspirations em Julho de 2013, realizada em Ibiza). Enquanto Juanjo nos produz um cocktail num bar improvisado nos jardins da Gin Mare, Marc conclui a sua ideia inicial.

“O nosso objectivo como bartenders é desenvolver os cocktails tradicionais associados ao Gin, eliminar os excessos, a salada que fica no copo quando se pede um gin tónico no bar, e ficar pelo essencial”.

Bartenders como Marc Alvarez ultrapassam o género tradicional de homens de serviço, tornaram-se numa mistura de vendedores de mer-cado com psicólogos sofisticados. Basta meia hora a testemunhar o seu desempenho no Bar 41º, no centro de Barcelona, para perceber que o malabarismo do mixologista não é engenho ou artificial. Marc é capaz de perder horas a falar dos botânicos e dispor de um tempo extra para ouvir os gostos e apetências do cliente, transformando depois esse discurso em alquimia de silêncio. É numa paz sepulcral que o vemos gerir a sala do 41º, coordenar a entrada selecta dos VIPs e servir uma sobremesa de co-cktails a seis clientes de uma girl’s night out. Essa serenidade do bartender no momento do penalty remete-nos sempre para a memória da capela de Vilanova i la Geltrú onde tudo terá começado.

“O importante agora é voltar à origem do Gin tónico e retirar todos os elementos que foram colocados no cocktail durante este tempo”, explica Marc Alvarez.

A Origem da Gin Mare

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E depois há a história da capela. A capela que alberga um pequeno alambique capaz de produzir todo o Gin Mare de Vilanova i la Geltrú para o mundo (120 mil garrafas em 2011). A actual Vilanova cosmopolita e turística da Costa Dourada já foi antes um porto de pescadores. Outrora, esta era a capela na praia onde os pescadores rezavam antes de se fazer ao mar. A modernização da orla costeira catalã há cem anos ameaçou a capela tradicional que iria ser destruída sem apelo nem agravo. Mas uma comunidade de monges que habitavam as actuais instalações da Manuel Girò e Gin Mare impediram a destruição da estrutura nos anos 20, sugerindo a reconstrução, pedra por pedra, da capela no local onde agora estamos. Com a chegada aqui da família Girò nos anos 50, a capela permaneceu no local como símbolo eminente de um Gin que se quer eminente e abençoado.

A Origem da Gin Mare

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“Manuel Girò sabia destilar”, confessa Jorge Balbontin. “Des-tilava uísques, vodkas e queria chegar ao Gin”. Para tal com-prou um terreno na província de Teruel, Aragão, a 200 km de Barcelona, de onde vem o zimbro que alimenta toda esta produção.

“O zimbro espanhol não é nada parecido com o da Croácia, que é mais barato e exporta para o mundo. Infelizmente muito do zimbro da Croácia já vem sintetizado numa mistura líquida, e isso era algo que não nos interessava ter”.

Hoje a capela (pinturas de Joachim Mir em foto ao lado) pa-rece estar “em casa”, rodeada pelos elementos que inspiram uma produção sagrada e profana. Cá fora, um jardim de oli-veiras abençoa uma jovem sebe de limoeiros virada a oriente que serve para proteger o bar montado adhoc pela produção da Gin Mare para que Juanjo nos possa fazer um cocktail. Levanta-se uma ventania. Jorge diz que todos os anos os cocktails mediterrânicos da Gin Mare são inspirados pelo clima, a gastronomia, o lifestyle e a viagem. A nossa viagem ainda agora começou, vamo-nos deixar levar pelo vento.

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BarcelonaQuem amar o Ginirá de Metro

Jaume I (L4)Magatzem EscolàCarrer Comercial 13Born

Jaume I (L4)Vila VinitecaAguillers 7Born

Poble sec (L3)Restaurante Tickets e Bar 41º

Avinguda del Parallel 164Eixample

Poble sec (L3)Xixbar

Carrer de Rocafort 19Eixample

Fontana (L3)Bar Bobby GinCarrer de Francisco Giner 47Gracia

Diagonal (L3)Restaurante Boca Grande

Bar Boca ChicaPassatge de la Concepció 12

Eixample

Tal como as linhas de metropolitano locais, a vida em Barce-lona é uma teia de origens, vontades e destinos. Uma rede de coincidências, intersecções, fios cruzados e encontros fortuitos. Podemos saber onde começar o dia mas não necessariamente com quem acabar a noite. Este mapa do metropolitano de Barcelona dá uma ajuda sobre alguns dos locais por onde a ZEST andou a fazer a sua reportagem de Gin. São coordena-das aproximadas, relatos reais e testemunhos fotográficos no Bobby Gin, Boca Chica, Xixbar, 41º, Escolà e Vila Viniteca. Agora é por sua conta e risco. Mas se beber vá de Metro.

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Restaurante Ticketse Bar 41º

Poble sec (L3) Avinguda del Parallel 164, EixampleNão é fácil entrar directamente no bar 41º em Barcelona sem fazer uma reserva antes. Mas há duas soluções: jantar primeiro no Tickets de Ferran Adrià e aproveitar a ligação directa do restaurante ao 41º (latitude norte de Barcelona). Ou conhecer o mixologista Marc Alvarez, que serve hipnoticamente ao balcão mas mantém sempre um olhar atento à entrada do bar. Só entra no 41º quem é gente ou filho de boa gente, uma vez que os lugares são marcados e o es-

paço é restrito. Lá dentro é puro teatro e artes performativas (por alguma razão o tema do Tickets é o entretenimento). Marc Alvarez, que conhecemos na des-tilaria da Gin Mare em Vilanova i la Gel-trú, domina o serviço ao balcão com a mestria de um ginasta e a cultura de um coreógrafo. Metade do prazer do serviço no 41º está na execução dos cocktails, o patamar superior que se exige para a evolução internacional do Gin. Mas para isso muito depende a mensagem que for

comunicada pelos bartenders e a curio-sidade que despertar na aprendizagem do consumidor. “Uma das coisas mais surpreendentes é que agora os miúdos de 18 anos chegam aos bares e, apesar de estarem na idade em que precisam de açúcar, já sabem exactamente que tipo de Gin vão beber”, diz-nos Jorge Balbon-tin, da Global Premium Brands. “Isso antigamente não acontecia. E entretanto o Gin saltou uma geração”.

Quem amar o Gin irá de Metro pág. 42 | Vamos à Taberna Moderna? | ZEST

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XixbarPoble sec (L3) Carrer de Rocafort 19, Eixample

O italiano Enzo abriu o Xixbar há dez anos com o britânico Mike Quickshaw. Quatro anos depois perceberam que podiam sobreviver apenas como bar de Gin. E assim facilmente se tornaram no primeiro Gin bar de Barcelona. Juntos, Mike e Enzo fazem habitualmente uma selecção de cerca de 200 Gins que transformam a sua esquina num must see de Barcelona (estão a apenas 50 me-

tros do restaurante Tickets de Ferran Adrià). Mas o Xixbar não vive apenas do Gin tónico. Há um espaço reservado a workshops, uma área comercial de venda e o balcão exibe uma espécie de produtos brancos da casa, que mais não são que resultados da experiência de Enzo com as macerações. “Pego em bases de Gins como Greenall’s ou Seagram’s e junto-lhes elementos menos

comuns, fazendo propostas individuais como Gin com alcaçuz, ou Brockman’s com ruibarbo e pimenta, e ainda mis-turas com pimenta da Jamaica, maçã e hibisco, frutos do bosque ou apenas pêra. Não servem para vender, apenas para consumir no local”. A melhor opção é servir com cocktail, para contornar as eventuais ilegalidades…

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Bar Bobby GinFontana (L3) Carrer de Francisco Giner 47 Gracia

O Bobby Gin é a representação pura do bairro onde se situa este bar trendy. O bairro Gracià, na zona norte do centro da cidade, é onde os locais vêm viver quando precisam de fugir do centro e ao mesmo tempo preferem não sair da cidade. Barcelona escoa a sua activida-de mais doméstica para Gracià, e é no bar-restaurante Bobby Gin que muitas das famílias e amigos familiares se encontram. Há aqui uma descontracção reflectida no ambiente do balcão e res-pectiva sala de refeições mas também na forma como o Bobby Gin transita do Gin Tónico para os cocktails (através de um conceito intermédio chamado de Gin Fonk, servido aqui por 13 euros). O Bobby Gin é uma criação de Alberto Pizarro, que é o manager do espaço des-de 2011 e ideólogo do Gin desde sempre. Trabalhava regularmente “apenas” com 80 marcas até decidir avançar até às 200 referências de Gin (agora já serve inclusivamente rum e vodka). “O importante não é apenas beber mas compreender aquilo que bebemos”, lê-se num dos quadros na parede.

Quem amar o Gin irá de Metro ZEST | Bulldog by Carlos Ramos | pág. 136

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Vila VinitecaJaume I (L4) Aguillers 7, Born

Uma loja em Madrid, duas em Barcelona (sendo uma de vinhos e outra charcu-taria). É assim a Vila Viniteca, aberta desde 1932, uma das referências do vinho nacional e internacional na capi-tal da Catalunha, com uma bela secção dedicada aos Gins e outros destilados. O espaço no bairro mercantil e tradi-cional do Born apresenta-se como uma verdadeira biblioteca de consumo, onde

o cliente é livre de fazer a sua pesquisa pela loja de pé-alto e escada móvel. O português Pablo Nogueira, que foi nosso guia no bairro, também vende aqui as suas caixas de 4Gin (que são abastecidas na mercearia Renobell, mesmo atrás do mercado do renovado Born). Barcelona faz-se assim: a pé e com quase tudo sempre à mão.

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Diagonal (L3) Passatge de la Concepció 12, Eixample

Restaurante Boca GrandeBar Boca ChicaO restaurante no piso térreo chama-se Boca Grande. O bar no primeiro andar chama-se Boca Chica. Depois ainda há duas áreas “privadas” que também são públicas: o último andar, que os locais chamam de “apartamento”, e a casa de banho mista, que tantas vezes é adap-tada para espaço club (a cabine de DJ é um antigo PBX). “Creio que é a única na Europa”, diz-nos Jorge Balbontin, o nos-so anfitrião na zona chique da cidade. O Boca Chica, inaugurado há apenas dois anos, é o resultado da visão con-junta de um comerciante de peixe, um licenciado em hotelaria e um designer. Hoje é um dos hot spots da noite de

Barcelona e um dos melhores locais para se antecipar o nível seguinte de confecção e consumo de Gin. E que nível é esse? É um nível dominado por cocktails e mixologistas. Portanto o bar não é apenas de Gin mas do mundo: as marcas de Gin são vinte com capacida-de para criar fórmulas de materializa-ção das diferentes receitas de cocktails exigidas pela dinâmica social do Boca Chica. Dinâmica essa determinada pela capacidade rotativa de uma equipa jovem e especializada, da qual faz parte Annie Bennet, que nos preparou três cocktails (um Te Dakesagi, um Chocola-te Hills e um Gin tónico Gin Mare).

Quem amar o Gin irá de Metro

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Jaume I (L4) Carrer Comercial 13, Born

Magatzem Escolà

Diz que já foi um magazin, (ler à fran-cesa), diz que era uma escola (ler à portuguesa), agora é apenas a Magat-zem Escolà (ler à catalã). A mais que provável melhor loja de destilados de Barcelona, situada mesmo ao lado do revitalizado mercado do Born, continua a ter um ambiente estudantil mas nada académico. O espaço de 200 metros quadrados tem 25 mil garrafas de 3600 referências de destilados (97 Gins) é gerida por Iban Spinoza e o português João Eusébio, um antigo estudante de turismo do Estoril que já está fora de Portugal há 13 anos (5 anos em Inglaterra, 8 em Barcelona). “Sol, clima, comida e uma rapariga”, diz sobre as

razões que o levaram de Londres para Barcelona. João Eusébio foi também um dos colaboradores de Pablo Nogueira (mais um português à aventura no estrangeiro) no recente projecto 4Gin, uma colecção de botânicos in the box que tem sido um sucesso em Espanha. “Oitenta por cento das pessoas não sabem da origem clínica do Gin e quis brincar com isso criando estes botâni-cos 4Gin dentro de provetas”. A ideia de Pablo, português nascido na Venezuela, será lançar inicialmente três caixas 4Gin com oito botânicos cada e depois atacar o mercado do vodka e rum. Ain-da agora isto começou.

Quem amar o Gin irá de Metro pág. 22 | Duelo das Supertónicas | ZEST

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Prepara todos os ingredientes e adicio-na-os num copo. Junta o Gin. Agita vigo-rosamente com o shaker. Coloca gelo. Volta a agitar. Coa para um copo. Deco-ra. Em poucos minutos, Jorge Camilo prepara um cocktail vistoso, saboroso e refrescante que deixa qualquer pessoa boquiaberta. “Sou eu que crio todos os cocktails da carta, além dos clássicos”, refere o actual chefe de bar do restau-rante Bistro 100 Maneiras.E é visível a alegria de Jorge quando o faz. Quem olha do outro lado do balcão apercebe-se do brilho nos olhos do bar-man enquanto prepara uma das suas criações. Todo esse fulgor é depois transmitido no cocktail ou Gin tónico de quem o bebe.

Mas até aqui chegar, Jorge ainda percorreu um longo caminho. Apesar de ser natural da Margem Sul, foi um acaso em Lisboa que o fez mudar de vida e enveredar por este meio. Um livro de cocktails cheio de pó, que encontrou no bar do Chapitô, onde estava a trabalhar para pagar o curso de fotogra-fia, foi o clique para começar a experimentar re-ceitas e a alavanca para chegar aos prémios que tem hoje. Entretanto, o barman ainda participou na abertura de um restaurante italiano, em Alcânta-ra, o Don Pommodoro e, nesse mesmo ano, teve a sua primeira formação com David Palethorpe, o britânico da empresa Black Pepper & Basil e uma referência na arte de criar cocktails em Portugal. Até que, há cerca de três anos, o barman foi con-vidado para o Bistro 100 Maneiras, o restaurante

JORGECAMILO

PROVAVELMENTE O MELHOR BARMAN

DE PORTUGAL

Esqueça as garrafas a voarem pelo ar e as bebidas servidas

com as mãos atrás das costas. Até porque Jorge Camilo,

o premiado barman do Bistro 100 Maneiras, não é de se mostrar.

Mas fique a conhecer o mixólogo que inventa poções mágicas até

chegar ao cocktail perfeito.

Texto Miguel AndradeFotos Pedro Sampayo Ribeiro

M I XOLOGIN’

do chef Ljubomir Stanisic, no Largo da Trindade, em Lisboa. “O chefe de sala do restaurante ita-liano, em Alcântara, referenciou-me ao Ljubomir e ele convidou-me para vir para o Bistro. Agora, ele faz questão de experimentar todas as bebidas antes de serem incluídas na carta”, contou Jorge. Seguiu-se uma segunda formação com David Pa-lethorpe, desta vez com o tema “Balance Course”, um curso no qual os bartenders aprendem a usar a criatividade para criar os seus cocktails. Em 2012, o trabalho de Jorge Camilo começou finalmente a receber os seus frutos. Ganhou o concurso nacio-nal da Gin Mare, que ocorreu no bar Le Chat, em Lisboa, e participou no Mundial de cocktails da Gin Mare, em Ibiza. Aí, perante várias estrelas interna-cionais, o barman arrecadou o quarto lugar.

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70ml Beefeater 2435ml xarope de açúcar aromatizado com tomilho e limão35ml de sumo de limãoMeia toranja sem peleBitter de laranjaClara de ovo q.b.Guarnição3 rodelas de kumquat desidratado2 pétalas de rosa

Colocar os gomos da toranja no copo e espremê-losAdicionar 70ml de Gin Beefeater 24Juntar 35 ml de sumo de limãoAdicionar 35ml de xarope de açúcarAdicionar um pouco de clara de ovoAgitar com o copo misturadorCompletar com gelo e agitar vigorosamenteVerter para um copo em V com a ajuda de um coadorColocar a guarnição

Hoje, depois de ter aperfeiçoado as téc-nicas e as receitas, Jorge lidera o bar do Bistro 100 Maneiras. A carta é extensa, com 55 cocktails, e concilia os assina-dos pelo barman com os clássicos de sempre. Um dos que tem a sua assina-tura é o Citrus 24, com Gin Beefeater 24 (receita na página a seguir), muito re-frescante e equilibrado ao paladar.No espaço Bistro também se pode be-ber Gins de uma longa lista de excelên-cia, como o Gin Mare, produzido nos ar-redores de Barcelona (e nos arredores desta ZEST), o Hayman’s, mais avelu-dado e licoroso, cuja produção remonta a uma destilaria inglesa do séc XVIII, e o tão familiar Hendrick’s, lançado em 1999 na Escócia e que actualmente do-mina a decoração das salas e montras do Bistro. Todos os Gin tónicos são preparados por quem sabe: o barman verte a água tóni-ca por cima de uma pedra de gelo, agar-rada por uma pinça. “Para não perder tanto gás”, explica. Num espaço como o Bistro, que serve cerca de 140 refei-ções diárias e em média 150 bebidas no bar, Jorge acredita que há espaço para os cocktails e para os Gins. “Tenho clientes que só vêm para os cocktails e outros só para os Gins. Acredito que a tendência dos Gins vai continuar em Portugal e não vai ser sobreposta pelos cocktails”, refere o barman.Com apenas 28 anos, Jorge Camilo está sedento de novas experiências. Além de ser um dos 15 semifinalistas da pri-meira edição do concurso Barman do Ano de 2014, promovido pelas Edições do Gosto, com final marcada para o dia 25 de Julho, o objectivo no futuro é ter o seu bar, dar formações e ser consultor para outros espaços. Preparem-se que ainda se vai ouvir falar muito deste “al-quimista”.

M I XOLOGIN’ Citrus 24

by Jorge CamiloBistro 100 Maneiras

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2 cl. sumo de mirtilo1.5 cl. sumo de gengibre1 cl. sumo de lima1.5 cl. xarope de chocolate4 cl. Tequila Reposado envelhecidoFolhas de mentaLeite condensadoCacau em pó

Encher um copo largo com geloquebrado.Inserir um stick de bar (ou swizzle) para impedir o gelo de solidificar Colocar os sumos, os xaropes e a Tequila.Finalizar com leite condensado e o cacau em pó Misturar ligeiramente com o stick de bar.

Chocolate Hillsby Annie BennetBoca Chica Barcelona

M I XOLOGIN’

3 cl de sumo de tangerina3 cl de chá de jasmim3 cl de Saffron Gin3 cl de xarope de romã1 espiral de casca de tangerina para decorar

Homenagem a um cliente assíduo da Fortaleza, foi idealizado sem álcool. A versão com Gin foi criada exclusivamente por Paulo Francisco para a ZEST. Espremer a tangerina. Deitar o sumo num copo de shaker. Juntar o Saffron Gin, o chá e o xarope de romã à mistura no copo.Juntar muito gelo. Misturar.Coar para um copo de cocktail. Decorar com a casca de tangerina.

Rocaby Paulo FranciscoFortaleza do Guincho

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5 cl Gin Mare por pessoaSumo de limãoXarope de cervejaCuraçao de laranjaMuito gelo

Preparar copos com areia de alecrim em pó açucarado.Misturar o Gin, os sumos e o xarope num shaker.Adicionar gelo. Mexer. Servir.Juntar no final um zest de laranja e uma flor de alecrim.

Seaside Crustaby Juanjo SaberClub Astoria Barcelona M I

XOLOGIN’ & TONIC

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Tann’s1724Amora e Limãoby Gin Lovers

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Eis um Gin espanhol que combina perfeitamente com frutos vermelhos.Sugerimos uma degustação com amora e limão para equilibrar o doce e o amargo.

Adicione gelo de água mineral e gele o copoAromatize com uma zest de limãoAdicione 5cl de Tann’sAdicione 20cl de tónica 1724

Big BossFever Tree IndianLimão e Hortelãby Gin Lovers

O primeiro Gin premium nacional traz muitos anos de tradição destileira das Caves Neto Costa. Com um toque adocicado, sugerimos limã e hortelã. Umas sementes de cardamomo servem um toque mais exótico.

Adicione gelo de água mineral e gele o copoAromatize com um zest de limão e 2 folhas de hortelã frescaAdicione 5cl de Big BossAdicione 20cl de Fever Tree Indian

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Martin Miller’sSchweppes OriginalLaranja, Limãoe Limaby Gin Lovers

Na primeira edição da ZEST não poderíamos deixar de homenagear Martin Miller, o principal responsável pela new wave dos Gins, falecido no final de 2013. A sua obra permanece.

Adicione gelo de água mineral e gele o copoAromatize com 1 zest de laranja, 1 zest de limão e 1 zest de limaAdicione 5cl de Martin Miller’sAdicione 20cl de Schweppes Original

M I XOLOGIN’ & TONIC

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Hendrick’sFever TreeLimão e Fios de pepinoby Gin Lovers

Ninguém é indiferente a este Gin que desafiou o óbvio e fez do pepino a sua “marca registada”. Destilado em dois alambiques diferentes, um com infusão dos elementos tér-reos como o pepino, outro com vaporização das botânicas mais delicadas, como as pétalas de rosas da Bulgária.

Adicione gelo de água mineral e gele o copoAromatize com 1 zest de limão e 3 tiras muito finas de casca de pepinoAdicione 5cl de Hendrick’sAdicione 20cl de Fever Tree Indian

Uma excelente proposta dos EUA, com aroma e sabor marcados pelo zimbro.Este Gin impõe respeito, uma casca de limão e bagas de zimbro. Para a tónica sugerimos uma conterrânea: a cítrica muito gasosa Fentimans.

Adicione gelo de água mineral e gele o copoAromatize com 1 zest de limão e 3 bagas de zimbroAdicione 5cl de JuníperoAdicione 20cl de Fentimans

JuníperoFentimansLimão e Zimbroby Gin Lovers

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Beefeater 24Schweppes OriginalToranja e Cardamomoby Gin Lovers

O Beefeater 24 difere do Beefeater original pela adição de toranja e chá verde chinês e japonês. Com este perfect serve conseguimos a frescura da toranja e o toque spicy e doce do cardamomo.

Adicione gelo de água mineral e gele o copoAromatize com zest de toranja ou uma rodela de toranja desidratada, e 3 vagens de cardamomoAdicione 5cl de Beefeater 24Adicione 20cl de Schweppes Original

Lisboavai ter�inalmenteum bar de Gin com assinatura.By Gin Lovers.E vai ser aqui.

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Ginopédia120 Bar | Caldas da RainhaPr. 5 de Outubro 33 r/c | Caldas da Rainha+351 262 831 562Fecha aos domingosfacebook.com/Bar120

28 Wine & Gin Bar | BragaRua Eça de Queirós 28 | Braga+351 253 261 401Aberto de quarta a sábadofacebook.com/ginbar28

7imeio Bar | OlhãoAv. 5 de Outubro 38-40 | Olhão+351 919 555 570Aberto todos os diasfacebook.com/7imeiowinebar

Água Moments | VilamouraMarina de Vilamoura | Quarteira+351 912 268 377Aberto todos os diasfacebook.com/aguamomentsvilamoura

Bar do Melius | BejaAv. Fialho de Almeida | Beja+351 284 313 080Aberto todos os diasfacebook.com/bardomelius

Bar Esquina | BragaCampo de S. Tiago 25 Sé | Braga+351 968 134 483Aberto todos os diasfacebook.com/bardaesquina Bistro 100 Maneiras | LisboaLargo da Trindade | Lisboa+351 910 918 181Encerra aos domingosfacebook.com/100maneiras

Blue Moon Club | Torres NovasPraça 5 de Outubro 12-13 | Torres Novas+351 249 820 135Aberto todos os diasfacebook.com/bluemoonclubb

Café Girassol | Viana do CasteloLargo João Tomás da Costa | Viana do Castelo+351 258 829 430Aberto todos os diasfacebook.com/cafegirassol

Cais Da Praia | Foz do ArelhoAvenida do Mar | Foz do Arelho+351 966 528 533Fecha às segundasfacebook.com/caisdapraia

Hole in One Madeira | FunchalEstrada Monumental 238 A | Funchal +351 291 765 443Aberto todos os diasfacebook.com/hole-in-one-madeira

INN Bar | NazaréAvenida Manuel Remígio | Nazaré +351 262 560 434Aberto todos os diasfacebook.com/innbarnazare

Largo | LisboaRua Serpa Pinto 10 | Lisboa+351 213 477 225Aberto todos os diasfacebook.com/restaurantelargo

Le ChatJardim 9 de Abril | Lisboa +351 213 963 668Fecha às segundasfacebook.com/Le-Chat

Lisbonita Gin Bar | LisboaRua dos Bacalhoeiros 18 | Lisboa+351 218 865 039Fecha aos domingos e segundasfacebook.com/taberna.moderna

Mare Restaurante & Gin Bar | AveiroRua Albino Oliveira Pinto | Gafanha da Vagueira |Aveiro +351 234 047 730Aberto todos os diasfacebook.com/mareginbar

Matiz Pombalina | LisboaRua das Trinas 25 | Lisboa +351 214 043 703Fecha aos domingos e segundasFacebook.com/matiz-pombalina-bar

Mau Feitio | LeiriaRua Barão de Viemonte | Leiria+351 915 446 979 Fecha aos domingos e segundasfacebook.com/mau-feitio

Messias | FafeRua Dr Maximino de Matos 288 | Fafe +351 253 493 113Aberto todos os diasfacebook.com/messiaswinebar

Mezzanine Lounge Bar | LisboaRua da Boavista 106-108 | Lisboa +351 966 826 070Encerra aos domingosfacebook.com/mezzanine-lounge-bar

Chemistry Bar | CovilhãRotunda do Rato | Covilhã+351 275 335 904facebook.com/chemistry-barChico Lobo | LeiriaPraça Rodrigues Lobo 5 | Leiria+351 244 821 723Aberto todos os diasfacebook.com/chicolobo

Clube Suite | LeiriaRua Machado dos Santos 5-9 | Leiria+351 919 193 774Fecha aos domingos e segundasfacebook.com/clubesuitepage

Cockpit Bar | LisboaAv. Sacadura Cabral 18C | Lisboa+351 217 967 856Encerra aos domingos facebook.com/cockpit-bar

Columbus Bar | FaroPraça D. Francisco Gomes 13 | Faro+351 917 766 222Não encerrafacebook.com/barcolumbusfaro

Conciliu Bar | BarcelosRua Duques de Bragança 185 | Barcelosfacebook.com/conciliu

Domus Vinum | BragaLargo Nossa Senhora da Boa Luz 12 Sé | Braga+351 253 613 682Encerra às segundasfacebook.com/domus-vinum-wine-bar-tapas

Douro In | Peso da RéguaAv. João Franco | Peso da Régua+351 254 098 075Não encerrafacebook.com/douroin

Enólogos Amadores | LisboaTravessa do Sequeiro 28 Bairro da Bica | Lisboa+351 917 175 667Encerra aos domingos facebook.com/enologos.amadores

Esplanada Praia da Vagueira | AveiroLargo Parracho Branco Praia da Vagueira | Aveiro +351 234 797 247facebook.com/esplanada.vagueira

Estremadura Café | AlcobaçaPraça 25 de Abril 80 | Alcobaça +351 262 581 622Aberto todos os diasfacebook.com/estremaduracafe

Moules & Gin | CascaisRua Nova da Alfarrobeira 14 | Cascais+351 214 867 604Aberto todos os diasfacebook.com/moulesandco

O Gato Bar | Viana do CasteloRua José Espregueira BI A r/c D | Viana do Castelo+351 258 826 805facebook.com/gato.bar

O Paparico | PortoRua Costa Cabral 2343 Paranhos | Porto +351 225 400 548Encerra aos domingosfacebook.com/opaparico

O Portão – Tapas e Gins | CaminhaRua Ricardo Joaquim de Sousa 133-135 | CaminhaAberto todos os diasfacebook.com/oportao

Obladi Oblada | SetúbalAvenida Luísa Todi 329 | Setúbal +351 265 405 993Fecha aos domingosfacebook.com/obladi-oblada

Pataca’s Bar | VilamouraPraça Soares da Costa | Vilamoura +351 289 314 247Não fechafacebook.com/patacasbarvilamoura

Pensão Amor | LisboaRua do Alecrim 19 | Lisboa +351 213 143 399Encerra aos domingos e segundasfacebook.com/pensaoamor

Pinguim Café | PortoRua de Belomonte 65 | Porto +351 916 048 413Aberto todos os diasfacebook.com/pinguim-café

Praça Caffé | LeiriaPraça Rodrigues Lobo 32 | Leiria+351 916 360 658Aberto todos os diasfacebook.com/pracacaffeleiria

Pragas Wine Bar & Tapas | AlvorRua Dr. Frederico Ramos Mendes 45 | Alvorfacebook.com/pragas.alvor

Quovadis 3ª Geração | CartaxoRua do Algar 2 | Cartaxo +351 243709253Aberto às sextas e sábadosfacebook.com/quovadis3geracao

Évora Wine Bar | ÉvoraRua Serpa Pinto 94 | Évora +351 266 771 066Encerra aos domingos e segundasfacebook.com/evorawinebar

Feito Conceito | CoimbraRua Alexandre Herculano 16A 1º | Coimbra +351 239 829 240Encerra aos domingosfacebook.com/espacofeitoconceito

Filipes Bar | LeiriaLargo Cândido dos Reis | Leiria+351 244 828 372Encerra aos domingosfacebook.com/filipesbar

Fortaleza do Guincho | CascaisEstrada do Guincho | Cascais +351 214 870 491Aberto todos os diasfacebook.com/guinchotel

Garden Bar | CoimbraRua Sá de Miranda 70 | Coimbra +351 239 711 042Fechado aos domingosfacebook.com/garden-bar

Gin Club Sushi Café Avenida | LisboaRua Barata Salgueiro 28 | Lisboa+351 211 928 158Encerra aos domingosfacebook.com/omelhorgintonicodomundo

Gin Club Doca de Santo | LisboaArmazém CP Doca de Santo Amaro | Alcântara | LisboaAberto todos os diasfacebook.com/omelhorgintonicodomundo

Gin Club BBC Belém Bar Café | LisboaAv. Brasília Pavilhão Poente | Belém | LisboaAberto aos sábadosfacebook.com/omelhorgintonicodomundo

Gin Signature | PortoMercado do Bom Sucesso Banca B9.2 | Porto +351 914 437 920Aberto todos os diasfacebook.com/ginsignature

Glam Club e Caffé | LeiriaJardim Luís de Camões | Leiria +351 244 838 628Aberto às sextas e sábadosfacebook.com/glamclubleiria

Hemingway | CascaisMarina de Cascais 58+351 916 224 452Aberto todos os diasfacebook.com/hemingwaycascais

Rooftop Bar | LisboaPraça do Martim Moniz 2 | Lisboa+351 218 842 000Não encerrawww.hotel-mundial.pt

Substância | SinesLargo Gago Coutinho | SinesFechados aos domingosfacebook.com/substancia

Tasquinha da Linda | Viana do CasteloDoca das Marés Armazém A 10 | Viana do Castelo +351 258 847 900Aberto todos os diasfacebook.com/tasquinha.dalinda

Taverna Oitoóoitenta | NazaréAv. Manuel Remigio | Nazaré +351 262 086 493Nunca encerrafacebook.com/taverna-do-8-o-80

The Club | LeiriaRua Fernão de Magalhães 10 | Leiria+351 244 856 257Encerra aos domingos e segundasFacebook.com/theclub.weplayfirst

The Gin House | PortoRua Cândido dos Reis 70 | Porto +351 962 448 739Encerra aos domingosfacebook.com/theginhouse

The Gin Room | Vila do CondePraça da República 45 | Vila do Conde +351 962 448 739Encerra aos domingos e segundasfacebook.com/theginroom.viladoconde

Urban Beach | VilamouraMarina de Vilamoura | Vilamoura +351 213 932 930Nunca encerrafacebook.com/urban.beach.vilamoura

Vestigius Wine Bar | LisboaCais do Gás | Armazém a nº17 | LisboaEncerra às segundas+351 218 203 320facebook.com/vestigius

Yellow Bar | LeiriaRua D. João Pereira Venâncio 103 | LeiriaEncerra às segundasFacebook.com/yellow-bar

ZáZá | PortoRua Ramalho Ortigão 43 | Porto +351 222 085 091Nunca encerrafacebook.com/zaza.sadwiches.bar

A primeira enciclopédia com alguns dos bares e restaurantes que servem Gin em Portugal foi confirmada e atestada pela equipa Gin Lovers. Se deseja ver o seu bar adicionado a esta lista, por favor contacte: [email protected]

|134 135ZESTpág. 06 | Dia Nacional do Gin Tónico | ZEST

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|136 137ZEST

isto é a garrafa da bulldog vista pelo fotógrafo carlos ramos

Em todas as edições da ZEST convidamos um artista nacional para interpretar as formas, os pormenores e a mensagem transmitida por uma garrafa de Gin (preferivelmente antes de beber o Gin).

Na nossa primeira edição, o fotógrafo Carlos Ramos interpretou a garrafa da Bulldog desta forma negra, selvagem, brutal, lacónica e livre.

Mensagemna Garrafa

ISto é a garrafa da bulldog

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Este Verãovamos precisar de mais gelo.ZEST by Gin LoversVol. II disponívela 1 Julho 2014.

Mais informaçõesna App Gin Lovers.(download gratuito na App Store)

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Venda exclusiva no site www.ginlovers.pt | Mais informações [email protected]

A Gin Lovers Experience é muito mais do que um workshop e uma masterclass:

é uma experiência intensa, e de mãos na massa, sobre o grande fenómeno do Gin no mundo,

em Portugal - e em nossas casas.

Inclui a História do Gin, a destilação, o alambique, os botânicos, as tónicas,

o gelo, os elementos e utensílios, as provas e os perfect serves,

as aromatizações e os cocktails.

Enquanto os outros a�loram, a Gin Lovers Experience vai à raiz.