Zumbi Dos Palmares
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Zumbi dos Palmares Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nota: Se procura pelo bairro em Manaus, veja Zumbi dos Palmares (Manaus).
Zumbi dos Palmares
Pintura por Antônio Parreiras.
Nascimento 1655
Serra da Barriga,Capitania de
Pernambuco
Brasil Colonial
Morte 20 de
novembro de1695 (40 anos)
Serra Dois Irmãos,Capitania de
Pernambuco
Brasil Colonial
Nacionalidade brasileira
Cônjuge Dandara dos Palmares
Zumbi (União dos Palmares, 1655 — Viçosa, 20 de novembro de 1695) foi o último dos líderes
do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombosdo período colonial. Zumbi nasceu na
então Capitania de Pernambuco, na serra da Barriga, região hoje pertencente ao município de União
dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas.
Índice
[esconder]
1 Etimologia
2 Histórico
3 Polêmicas
o 3.1 Escravidão no Quilombo dos Palmares
4 Cronologia
5 Tributo
6 Genealogia
7 Referências
8 Bibliografia
9 Ligações externas
Etimologia[editar | editar código-fonte]
A palavra Zumbi, ou "Zambi", vem do termo nzumbe, do idioma africano quimbundo, e
significa fantasma, espectro, alma de pessoa falecida.1
Histórico[editar | editar código-fonte]
O Quilombo dos Palmares-(Zumbi) - localizado na Capitania de Pernambuco, atual região de União
dos Palmares, Alagoas - era uma comunidade, um reino (ou república na visão de alguns[quem?]
)
formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras.
Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal. Naquele momento sua população
alcançava por volta de trinta mil pessoas.2
Zumbi nasceu na Serra da Barriga, Capitania de Pernambuco, atual União dos Palmares, Alagoas,
livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha
aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos,
aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco, cansado do longo conflito com o
Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz.
Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade
da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita pelo líder, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador
e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão
portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi
chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi
destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido
pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste,
mas é morto com vinte guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695.
Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo de Castro. EmRecife, a cabeça foi
exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade
de Zumbi.
Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo de Castro escreveu ao
Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para
satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente
julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os
Palmares."
Polêmicas[editar | editar código-fonte]
Monumento ao Zumbi em Salvador, Bahia.
Inscrição no monumento.
Alguns autores levantam a possibilidade de que Zumbi não tenha sido o verdadeiro herói do
Quilombo dos Palmares e sim Ganga-Zumba: "Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas
e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares
não era contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão
própria, mas não da escravidão alheia.[...]"3
De acordo com José Murilo de Carvalho, em "Cidadania no Brasil" (pag 48), "os quilombos
mantinham relações com a sociedade que os cercavam, e esta sociedade era escravista. No próprio
quilombo dos Palmares havia escravos. Não existiam linhas geográficas separando a escravidão da
liberdade".
Segundo alguns estudiosos Ganga Zumba teria sido assassinado, e os negros de Palmares
elevaram Zumbi a categoria de chefe:
"Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e
Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo"4
Seu governo também teria sido caracterizado pelo despotismo:
"Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era
executado pela ‘severa justiça’ do quilombo.
Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra
a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e prática da cultura africana no Brasil Colonial. O
dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o
Dia da Consciência Negra."5
Escravidão no Quilombo dos Palmares[editar | editar código-fonte]
Apesar de representar uma resistência à escravidão, muitos quilombos contavam com a escravidão
internamente. Esta prática levou vários teóricos a interpretarem a prática dos quilombos como um
conservadorismo africano, mantendo as diversas classes sociais existentes na África, incluindo reis,
generais e escravos.6 7
Para alguns estudiosos, no entanto, a escravidão nos quilombos não se assemelhava à escravidão
dos brancos sobre os negros, sendo os escravos considerados como membros das casas dos
senhores, aos quais deviam obediência e respeito.8 Semelhante à escravidão entre brancos, comum
na Europa na Alta Idade Média.9
Assim a prática da escravidão nos quilombos, como a praticada por Zumbi, tinha dupla finalidade:10
- a primeira, de aculturar os escravos recém-libertos às práticas do quilombos, que consistiam em
trabalho árduo para a subsistência da comunidade. Já que muitos dos escravos libertos achavam
que não teriam mais que trabalhar; e
- a segunda, que visava diferenciar a população do quilombo, em:
a) aqueles que chegaram pelos próprios meios. Escravos fugidos, que se arriscavam até encontrar
um quilombo. Sendo, neste trajeto, perseguidos por animais selvagens e pelos antigos senhores.
Ainda, correndo o risco de serem capturados por outros escravistas, e em
b) aqueles trazidos por incursões de resgates. Escravos libertados por grupos quilombolas que iam
às fazendas e vilas. Estes ficavam sob um regime de servidão temporário à algumas casas mais
antigas, até se adaptarem à rotina do quilombo e poderem ter suas próprias casas.
Cronologia[editar | editar código-fonte]
Mais ou menos em 1600: negros fugidos do trabalho escravo dos engenhos de açúcar, onde
hoje são os estados de Pernambuco e Alagoas no Brasil, fundam na serra da Barriga
o Quilombo dos Palmares. A população de Palmares em pouco tempo já contava com mais de
3 mil habitantes. As principais funções dos quilombos eram a subsistência e a proteção dos
seus habitantes, e eram constantemente atacados por exércitos e milícias.
1630: Começam as invasões holandesas no nordeste brasileiro, o que desorganiza a produção
açucareira e facilita as fugas dos escravos. Em 1644, houve uma grande tentativa holandesa de
aniquilar o quilombo de Palmares que, como nas investidas portuguesas anteriores, foi repelida
pelas defesas dos quilombolas.
1654: Os holandeses deixam o nordeste brasileiro.
1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares.
1670: Ganga Zumba, filho da Princesa Aqualtune e tio de Zumbi, assume a chefia do quilombo,
então com mais de trinta mil habitantes.
1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes,
Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. Neste ano, a tropa portuguesa
comandada pelo Sargento-mor Manuel Lopes, depois de uma batalha sangrenta, ocupa um
mocambo com mais de mil choupanas. Depois de uma retirada de cinco meses, os negros
contra-atacam, entre eles Zumbi com apenas vinte anos de idade, e após um combate feroz,
Manuel Lopes é obrigado a se retirar para Recife. Palmares se estendia então da margem
esquerda do São Francisco até o Cabo de Santo Agostinho e tinha mais de duzentos
quilômetros de extensão, era uma república com uma rede de onze mocambos, que se
assemelhavam as cidades muradas medievais da Europa, mas no lugar das pedras haviam
paliçadas de madeira. O principal mocambo, o que foi fundado pelo primeiro grupo de escravos
foragidos, ficava na Serra da Barriga e levava o nome de Cerca do Macaco. Duas ruas
espaçosas com umas 1500 choupanas e uns oito mil habitantes. Amaro, outro mocambo, tem 5
mil. E há outros, como Sucupira, Tabocas, Zumbi, Osenga, Acotirene, Danbrapanga,
Sabalangá, Andalaquituche.
1678: A Pedro de Almeida, governador da capitania de Pernambuco, mais interessava a
submissão do que a destruição de Palmares, após inúmeros ataques com a destruição e
incêndios de mocambos, eles eram reconstruídos, e passou a ser economicamente
desinteressante, os habitantes dos mocambos faziam esteiras, vassouras, chapéus, cestos e
leques com a palha das palmeiras. E extraiam óleo da noz de palma, as vestimentas eram
feitas das cascas de algumas árvores, produziam manteiga de coco, plantavam milho,
mandioca, legumes, feijão e cana e comercializavam seus produtos com pequenas povoações
vizinhas, de brancos e mestiços. Sendo assim o governador propôs ao chefe Ganga Zumba a
paz e a alforria para todos os quilombolas de Palmares. Ganga Zumba aceita, mas Zumbi é
contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos. Além do mais
eles tinham suas próprias Leis e Crenças e teriam que abrir mão de sua cultura.
1680: Zumbi assume o lugar de Ganga-Zumba em Palmares e comanda a resistência contra as
tropas portuguesas. Ganga Zumba morre assassinado com veneno.
1694: Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo comandam o ataque final contra a
Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares e onde Zumbi nasceu, cercada com
trêspaliçadas cada uma defendida por mais de 200 homens armados, após 94 anos de
resistência, sucumbiu ao exército português, e embora ferido, Zumbi consegue fugir.
1695, 20 de Novembro: Zumbi, então aos 40 anos, foi traído e denunciado por um antigo
companheiro (Antonio Soares), ele é localizado pelo capitão Furtado de Mendonça, preso, tem
a cabeça cortada, salgada e levada, com o pênis dentro da boca, ao governador Melo e
Castro.11
Ainda no mesmo ano, D. Pedro II de Portugal premia com cinquenta mil réis o capitão
Furtado de Mendonça por "haver morto e cortado a cabeça do negro dos Palmares do Zumbi".12
Tributo[editar | editar código-fonte]
Navio Brasileiro Zumbi dos Palmares, feito no Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco.
Zumbi é hoje, para determinados segmentos da população brasileira, um símbolo de resistência.
Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra.
Atualmente, o dia 20 de novembro é celebrado como Dia da Consciência Negra13
. O dia tem um
significado especial para os negros brasileiros que reverenciam Zumbi como o herói que lutou pela
liberdade e como um símbolo de liberdade. Hilda Dias dos Santos incentivou a criação do Memorial
Zumbi dos Palmares.
Várias referências nas artes fazem tributo a seu nome:
Música composta por Edu Lobo e Vinicius de Moraes e popularizada por Elis Regina.
Mencionado em diversas letras da banda Soulfly.
Mencionado na música "Ratamahatta", da banda Sepultura.
Mencionado na música "Apesar de Cigano", composta por Altay Veloso e Aladim Teixeira, e
interpretada por Jorge Vercillo no álbum "Leve".
Seu nome é dado a um lutador no jogo feito em Adobe Flash: Capoeira Fighter 2.
Quilombo, 1985, filme de Carlos Diegues sobre o Quilombo dos Palmares, ASIN B0009WIE8E
Gilberto Gil lançou um CD chamado "Z300 Anos de Zumbi".
A banda de nome Chico Science & Nação Zumbi (atualmente é chamada somente de Nação
Zumbi, após a morte do vocalista Chico Science).
Música de Jorge Ben também cantada por Caetano Veloso nos CDs Noites do Norte e Noites
do Norte Ao Vivo.
Música "300 anos" gravada por Alcione em 2007 (composta por Altay Veloso e Paulo César
Feital).
Nome do aeroporto de Maceió, Alagoas (Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares).
Musica "Palmares 1999" feita por Natiruts.
Musica da banda Vibrações - 1655-Zumbi
Genealogia[editar | editar código-fonte]
Árvore genealógica de Zumbi, baseada nas informações do site da TV Brasil,14
em Reginaldo de
Souza Santos15
e em Décio Freitas:16
Algum Rei do Congo
Aqualtune
Ganga Zumba
Ganga Zona
Sabina
Zumbi dos Palmares Dandara
Motumbo Harmódio Aristogíton
Referências
1. Ir para cima↑ Dicionário Kimbundu/Português (ligação inativa)
2. Ir para cima↑ Cronologia do Quilombo dos Palmares
3. Ir para cima↑ Martins, José de Souza. Divisões Perigosas, p. 99
4. Ir para cima↑ Carneiro, Edison. O Quilombo dos Palmares, Editora Civilização Brasileira, 3a ed., Rio, 1966, p. 35
5. Ir para cima↑ idem, p. 27
6. Ir para cima↑ Libby, Douglas Cole e Furtado, Júnia Ferreira. Trabalho livre, trabalho escravo: Brasil e Europa,
séculos XVIII e XIX. págs. 321-322. Annablume, 2006 - ISBN 8574196274, 9788574196275
7. Ir para cima↑ Libby, Douglas Cole e Furtado, Júnia Ferreira. Trabalho livre, trabalho escravo: Brasil e Europa,
séculos XVIII e XIX. págs. 321-322. Annablume, 2006 - ISBN 8574196274, 9788574196275
8. Ir para cima↑ Landmann, Jorge. Tróia Negra. págs.?-?. Mandarim, 1998 - ISBN 8535400931, 9788535400939
9. Ir para cima↑ Cornwell, Bernard. O Último Reino. págs.?-?. Record, 2006 - ISBN 8501073520, 9788501073525
10. Ir para cima↑ Landmann, Jorge. Tróia Negra. Mandarim, 1998 - ISBN 8535400931, 9788535400939
11. Ir para cima↑ Zumbi dos Palmares, O Guerreiro da Liberdade. Grandes Personagens da História do Brasil. Museu
da Cruzada.
12. Ir para cima↑ "Da invisibilidade à afirmação". Número 27, janeiro/março de 2000. Revista do Legislativo.
13. Ir para cima↑ [1] Lei 12.519, de 10 de novembro de 2011
14. Ir para cima↑ Aqualtune, Semana da Consciência Negra
15. Ir para cima↑ Reginaldo de Souza Santos, Damas Negras, citado no site Geledés Instituto da Mulher Negra
16. Ir para cima↑ Décio Freitas, Palmares - A Guerra dos Escravos, Edições Graal, 1982
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
CARNEIRO,Edison.O Quilombo dos Palmares, Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 3a
ed., 1966, p. 35
FONSECA Júnior, Eduardo. Zumbi dos Palmares, A História do Brasil que não foi Contada. Rio
de Janeiro: Soc. Yorubana Teológica de Cultura Afro-Brasileira, 1988. 465 p.
FREITAS, Décio. Palmares, a guerra dos escravos. Porto Alegre: Movimento,1973.
LEAL, I.S. & LEAL, A. (1988). O menino de palmares. Coleção "Jovem do Mundo Todo". Editora
Brasiliense. 18ª Edição.
MARTINS Souza, José.Divisões Perigosas: Políticas Raciais no Brasil Contemporâneo.Rio de
Janeiro: Editora Civilização Brasileira,2007 p. 99
SANTOS, Joel Rufino dos. (1988). Zumbi. Projeto Passo à Frente - Coleção Biografias.Editora
Moderna.
SCISÍNIO, Alaôr Eduardo. Dicionário da escravidão. Rio de Janeiro: Léo Christiano, 1997.
VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.