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8 Jornal do Comércio - Porto Alegre12, 13, 14 e 15 de novembro de 2010 9TECNOLOGIA

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Eletricidade inteligentepassa pelo smart grid

O grande salto dos projetos deve acontecer quando for feita a regulamentação dos medidores inteligentes

A modernização dasredes elétricas passa pelo aumento da capacidadede gerenciamentodesses sistemas, a partir do uso de dispositivos inteligentes. O smart grid,conceito que reúne todas as evoluções possíveis nesse setor a partir do uso massivo de TI esistemas de comunicação, é uma das apostas para um futuro próximo

Patricia Knebel

Imagine você poder contra-tar energia elétrica sob deman-da, usando um cartão pré-pago e liberando uma quantidade específica de watts, de acordo com a sua necessidade do mo-mento, como tomar banho ou ver televisão? Esta é apenas uma das centenas de possibi-lidades que estão surgindo a partir da adoção do conceito de smart grid, que nada mais é do agregar às tradicionais redes elétricas tecnologia de ponta e modernas linhas de comunica-ção de dados.

Ao colocar inteligência nesse processo, é possível tornar a rede elétrica mais confiável e o consumo transparente, reduzindo os custose otimizando os reparos. Esse gerenciamen-to, dependendo do nível de aplicação, podepermitir desde a possibilidade de a conces-sionária identificar mais rapidamente anecessidade de conserto em algum pontoda rede até transformar um consumidor deenergia residencial em um fornecedor, nosmomentos em que ele não estiver utilizandoesse insumo, como já acontece em algumaslocalidades nos Estados Unidos.

O smart grid vem sendo utilizado comdiferentes níveis de intensidade no mundo.No Brasil, alguns players de tecnologia,governos e concessionárias de energia jácomeçam a olhar atentamente para essatendência. O CPqD, um dos mais renoma-dos centros de Pesquisa e Desenvolvimento(P&D) do País, com sede em Campinas,está envolvido com pelo menos dois gran-des projetos nessa área. A empresa, quesurgiu há 34 anos como centro de pesquisada Telebrás, se tornou independente apósa privatização e hoje conta com mais de 1,2mil profissionais.

Em outubro, fechou parceria com as dis-tribuidoras de energia Light, do Rio de Ja-neiro, e a Cemig, de Minas Gerais. Juntas,as concessionárias investirão R$ 65 milhões

em pesquisa e desenvolvimento (P&D) quedesenvolverá essa nova tecnologia e permiti-rá, além da melhoria na eficiência operacio-nal, a redução das perdas comerciais e umamaior interação com o consumidor.

Com a Light, o CPqD será o responsáveldireto pelo projeto que trata de soluções demonitoramento e supervisão da rede sub-terrânea, bem como do software utilizadonesse processo. Além disso, desenvolverá aarquitetura de telecomunicações do smartgrid. Já com a Cemig, fará o desenvolvimen-to e a realização de testes de laboratório ede campo de todas as soluções de mediçãointeligente. �Com o smart grid, temos a in-trodução massiva de TI e comunicação nasredes de energia elétrica, permitindo umganho para a sociedade em geral�, observao presidente do CPqD, Hélio Graciosa.

No Rio Grande do Sul, a Companhia Es-tadual de Energia Elétrica (CEEE) participade um grupo de trabalho do Ministério deMinas e Energia que debate o smart grid.�Estamos nos atualizando e estaremos pre-sentes nas audiências públicas para, assimque for acertada a regulamentação federalsobre o tema, iniciarmos um projeto-piloto�,explica o assessor da presidência da CEEE

que está acompanhando o tema de smartgrid, Ricardo Munhoz da Rocha.

Ele explica que a companhia já possuialguns níveis de automação das suas redeselétricas, como nas chaves autocomanda-das, que conseguem �enxergar� a correnteque passa pelo sistema. Com o smart grid,a expectativa é poder monitorar também oque acontece na casa do cliente, como algumdefeito que possa atrapalhar a prestação doserviço.

O grande salto nesses projetos, porém,só deve acontecer quando for feita a regu-lamentação dos medidores inteligentes,que irão substituir os convencionais, tantoos mecânicos quanto os eletrônicos. Atual-mente, esses dispositivos estão em fase deespecificação técnica pela Agência Nacionalde Energia Elétrica (Aneel).

Esse é um procedimento fundamentaldentro desse processo, já que esses equi-pamentos mais modernos serão capazes demedir o nível de tensão recebida em cadaponto. �Todo investimento feito pelas empre-sas do setor elétrico tem um custo que acabasendo repassado para os consumidores e,por isso, esses estudos são fundamentais�,observa Rocha.

A implantação da mediçãoeletrônica no segmento de energiaelétrica deve trazer uma série defacilidades para as concessioná-rias. A maioria diz respeito à pró-pria condução de questões comoreparos nas redes e corte remotode energia no caso dos clientesinadimplentes.

Hoje em dia, as empresas cos-tumam ficar sabendo que existealguma falha ou queda de energia,seja em função de condições adver-sas do clima ou por vandalismo,a partir das reclamações dosclientes. Cientes disso, direcionamas suas equipes para as proximi-dades dos locais mapeados, com amissão de identificar o exato pontoa ser reparado. A evolução dessemodelo prevê, a partir de sensoresespalhados pela rede elétrica,que a empresa possa não apenassaber o local exato do problemacomo também fazer o conserto adistância.

Mas é a possibilidade da cria-ção de cotas tarifárias diferen-ciadas um dos principais apelosdo smart grid. Isso porque essemodelo tornará possível que o con-sumidor residencial saiba quais oshorários em que o custo da energiaé menor. �É uma grande novida-

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de o fato de o consumidor poderajustar o seu comportamento deuso da energia para poder terum gasto menor no final do mês�,comenta o coordenador do grupomultidisciplinar de smart grid do

CPqD, Luiz Hernandes. As tarifasdiferenciadas por horário estãodisponíveis atualmente para osclientes de média e alta tensão.A Agência Nacional de EnergiaElétrica (Aneel) está estudando aextensão para os de baixa tensão,como residências e empresas eindústrias de pequeno porte.

Questões como essas poderãoprovocar mudanças na curva decarga do sistema como um todo.Além da redução dos custos parao cliente, fará com que os picos dedemandas sejam minimizados,aliviando as redes, adiando anecessidade de investimentos deexpansão e manutenção e otimi-zando as usinas geradoras.

Atualmente, a medição é feitauma vez por mês, com a ida deum leiturista na casa da pessoa.Já o consumidor recebe a conta nofinal do mês. Com a telemedição,possível através dos medidores in-teligentes, o cliente pode ter aces-so ao seu medidor em qualquermomento, podendo acompanharo consumo e, assim, projetar osseus gastos. Esse controle pode serfeito através da internet, em umportal específico da empresa, ouatravés de um display interligadoao medidor eletrônico, que podeficar na própria residência.

A programação do horário paraque os equipamentos elétricospassem a funcionar também éuma evolução esperada. Em al-gumas localidades, já é possível

programar uma máquina de lavar roupa para que a mesma passe a funcionar de madrugada e até mesmo a recarga de um carro elé-trico, propiciando uma economiade custos para o consumidor e evitando a sobrecarga do sistemaelétrico. �Estamos ingressando em um novo mundo no qual será possível fazer um gerenciamentocompleto da energia elétrica. Essa é a primeira vez em 30 anos em que vejo algo realmente novo nes-se segmento�, destaca o assessor da presidência da CEEE e res-ponsável pelo acompanhamento do tema de smart grid, Ricardo Munhoz da Rocha.

Todo esse tráfego de infor-mações passará por uma rede de transmissão de dados, como a fibra ótica. Essa infraestrutu-ra poderá ser alugada junto às operadoras de telefonia, mas as próprias concessionárias poderão optar por ter o seu próprio sistemade telecom.

O controle inteligente permi-tirá ainda a implantação de um modelo de energia pré-paga, como já existe na telefonia. Já em uso em países mais carentes, como aRepública Dominicana, esse sis-tema permite que o consumidorcarregue o cartão em uma loja com determinado valor. Antes deusar, basta ele digitar o código no medidor que, automaticamente,uma determinada quantidade dekilowatts é liberada.

Medição é feita uma vez por mês, com a ida de um leiturista na casa do consumidorNovo modelo viabiliza adoção de tarifas diferenciadas GIL

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Motivações para uso de tecnologia na rede elétrica variam pelo mundoOs motivos que levam os países a adotar o smart

grid variam pelo mundo. Na Europa, a principal meta é a busca pela otimização das fontes de gera-ção, que não são tão limpas como as encontradas no Brasil. Já nos Estados Unidos, procura-se de forma prioritária a confiabilidade do fornecimento e, no Brasil, a redução das perdas comerciais. �O conceito de smart grid é completamente aderente às necessidades brasileiras�, comenta o presidente do CPqD, Hélio Graciosa.

A expectativa é que, nos próximos dois ou três anos, o Brasil comece a experimentar as vantagens da medição eletrônica e da telemedição em larga escala. Mas recursos de smart grid mais sistêmicos deverão se tornar uma realidade em, no mínimo, dez anos.

O País possui atualmente 65 milhões de unida-des consumidoras. Trocar os medidores eletrome-cânicos, que são muito confiáveis e têm uma vida útil longa, por outro novo sistema e em uma base tão grande exige uma série de padrões de opera-ção e funcionalidade. Da mesma forma, espera-se a homologação pelos órgãos reguladores, como o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). �Esta migração implica uma substituição de algo que está dando certo e, por isso, deve demorar um pouco�, projeta o coordenador do grupo multidisciplinar de smart grid do CPqD, Luiz Hernandes.

Uma das empresas de tecnologia que mais tem apostado no conceito de smart grid é a IBM. Há cerca de dois anos a multinacional montou umtime no Brasil para disseminar esse conhecimento e apresentar ao mercado como as soluções da com-panhia poderão ajudar os clientes desde o processo de definição das suas estratégias de smart grid até a implementação dos projetos. �A energia é bem escassa e cara e o smart grid é um conceito que

Necessidades brasileiras serão consideradas, diz Graciosa

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traz ferramentas que ajudam as empresas a serem mais eficientes, permitindo que a infraestrutura deenergia seja mais robusta e suporte o crescimento do País�, aponta o gerente de soluções para Utilities da IBM Brasil, Gadner Vieira.

De acordo com o executivo, alguns países estão um pouco mais avançados que o Brasil. Recentemen-te, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por exemplo, determinou um investimento gover-namental de US$ 4,5 bilhões para que as empresas possam fazer os seus primeiros projetos nessa área. Mas o Brasil está avançando nesse conceito e, de certa forma, está alinhado com o resto do mundo.

iHouse lança Snapgrid paraaumentar e!iciência no consumo

Snapgrid faz o gerenciamento do gasto energéti co das residências

A iHouse, uma das empresas líderes em automação residencial no Brasil, traz para o mercadobrasileiro o Snapgrid, produto inovador que faz o gerenciamen-to do consumo energético das residências. Instalado na porta do quadro de disjuntores da re-sidência, o dispositivo monitorao gasto de energia elétrica em kilowatts ou em reais, durante 24 horas por dia.

�O sistema mede a energia con-sumida em equipamentos como máquina de lavar, geladeira ou micro-ondas de forma individual,

por tomada�, explica o gerente de pesquisa e desenvolvimento da iHouse, Sergio Corrigliano. Essa gestão é feita nos ambientes e nos equipamentos pré-determinados pelo usuário. São 16 canais para monitoramento.

Segundo ele, uma das grandes vantagens para os consumidores é que eles podem visualizar de forma online a energia consumida em cada momento. Esse consumoé apresentado em um painel de cristal líquido de três formas diferentes. A primeira delas é o modo instantâneo, que indica o

consumo no exato momento da consulta, sendo atualizado a cada um minuto.

A segunda opção é o acumula-do, que faz a soma do consumo ini-ciado após a leitura pela empresa concessionária de energia elétricaaté a data de consulta. E, por fim, pode ser feita a escolha pelo mode-lo de previsão para o mês, atravésdo qual o sistema faz uma estima-tiva mensal baseada no consumomédio dos últimos dias.

O Snapgrid permite também a visualização da lista de ambien-tes ou equipamentos que mais consomem ou vêm consumindo energia elétrica. Para isso, bastadeslizar o dedo sobre a tela LCD que é sensível ao toque. Outrosdiferenciais do Snapgrid são a iluminação feita por LEDs e o design moderno do gabinete, que valoriza o ambiente.

O produto já está disponível para construtoras e, a partir de 2011, passará a ser ofertado tam-bém para o consumidor final. �A infraestrutura necessária para ele é mínima e não são necessários co-nhecimentos em automação parainstalar�, comenta Corrigliano.

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