Capítulo 1Cores: da Pré-História aos dias de hoje! 2
Volume 1
capí
tulo Cores: da Pré-
-História aos dias de hoje!
1
Ao longo da história, as manifestações artísticas sem-
pre estiveram presentes nas diferentes atividades realiza-
das pelo ser humano. Mas será que essas primeiras mani-
festações eram parecidas com as que conhecemos hoje?
Que tipo de material era usado naquela época? Como elas
podiam ser apreciadas? Quando será que surgiram?
• Arte na pedra
• Surgimento da dança,
da música e do teatro
• Introdução à teoria da cor
o que você
Pintura rupestre no Boqueirão da Pedra Furada em São Raimundo Nonato, Piauí, Brasil, 2010
©Pulsar Imagens/Palê Zuppani
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Arte
• Compreender as primeiras representações artísticas realizadas pelo ser humano na Pré-História.
• Conhecer o modo como surgiram a dança, a música e o teatro, percebendo os elementos característicos de cada forma de expressão artística.
• Iniciar os estudos relacionados à associação entre luz e natureza das cores.
• Identificar as cores primárias, secundárias e terciárias, percebendo o modo como elas são utilizadas e para que servem.
objetivos do capítulo
Arte na pedra
Você já parou para pensar nas primeiras representações artísticas da humanidade? Con-
verse com sua turma sobre isso e, juntos, façam um painel com desenhos para indicar o que
vocês já sabem. Depois, incluam palavras-chaves e seus significados nesse grande cartaz.
A arte rupestre pode ser considerada uma das primeiras produções artísticas da huma-
nidade. Tem esse nome porque usava, como suporte para as pinturas, rochedos e paredes do
interior das cavernas, que eram habitadas durante a Pré-História.
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A Pré-História é um período longo da história humana. Esse período estende-se do aparecimento dos primeiros ancestrais dos seres humanos, há cerca de um milhão de anos, ao surgimento dos registros escritos, em torno de 4000 a.C. A Pré-História pode ser dividida em três idades: Idade
da Pedra Lascada ou Paleolítico, Idade da Pedra Polida ou Neolítico e Idade dos Metais.
Sítio arqueológico do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí,
onde se encontra uma das mais importantes concentrações de
pinturas rupestres do mundo
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Período Paleolítico
As primeiras manifestações artísticas iniciaram-se por volta da segunda fase do Paleo-
lítico, quando os seres humanos migravam de um lugar para outro à procura de alimentos.
As pinturas rupestres desse período retratam os animais que nossos ancestrais caçavam
para garantir sua sobrevivência. Além de carne e gordura para a alimentação, esses animais
forneciam o couro, que era utilizado na confecção de vestimentas contra o frio, chifres e
ossos, usados para produzir os mais diversos instrumentos.
Uma das interpretações possíveis para as pinturas rupestres é a de que os seres huma-
nos, ao retratarem os animais, acreditavam que adquiriam poder sobre eles.
Essa hipótese sustenta que, para nossos ancestrais, havia uma espécie de magia nas pin-
turas, que garantia que a caça aos animais retratados fosse bem-sucedida.
Ainda assim, não se pode afirmar com certeza qual a função e o significado dessas ima-
gens – o fato é que elas nos dão pistas de quais eram os hábitos desses povos primitivos. Mos-
tram, sobretudo, que eles eram capazes de se expressarem de maneira simbólica e artística.
Observe a imagem desta pintura rupestre e faça a sua interpretação do que nela foi
retratado.
©Corel Stock Photos
Pintura rupestre, datada de cerca de 15000 a 12000 a.C., em Lascaux, complexo de cavernas situado na França
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Observe a imagem a seguir e procure identificar o tipo de material usado para fazer as
pinturas na pedra.
As pinturas e os desenhos eram produzidos com carvão, pigmentos extraídos de vege-
tais, sangue de animais, terra colorida e pó extraído de pedras. Esses materiais eram mistu-
rados a resinas de plantas ou à gordura de animais. Na imagem, observe as cores do animal
retratado.
A pintura, provavelmente, representa um animal a ser caçado. Tal leitura é possível quan-
do observamos os grafismos acima da cabeça do animal, que podem indicar uma armadilha,
e as flechas que atingem sua barriga.
Que tal fazer a pintura de um animal em
uma pedra? Para isso:
Encontre uma pedra média ou grande.
Separe a imagem de um animal que de-seja retratar.
Selecione materiais alternativos para usar como pincel: graveto, pena, pedras menores, entre outros.
Escolha as cores que deseja usar e abuse de sua criatividade.
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Pintura rupestre, datada de cerca de 15000 a 13000 a.C., em Lascaux, complexo de cavernas situado na França
Representação de pintura rupestre feita por
um homem pré-histórico
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Você sabia que as pinturas rupestres de uma caverna na França foram descobertas
por crianças? Acompanhe esta história verídica:
Muito, muito tempo atrás...
Um certo dia, tempos atrás, alguns meninos e um cachor-
rinho estavam passeando em uma mata. O nome do lugar eu
conto depois. Em certo momento, o cachorrinho começou a latir
e se enfiou entre algumas pedras, desaparecendo. Os meninos,
curiosos e preocupados, foram ao seu encalço. Perceberam que
havia uma passagem, escura e estreita.
Como tinham levado consigo um lampião de querosene, resolveram seguir o cão.
Antes de entrar, perceberam que o buraco era resultado da queda de um pinheiro muito
grande naquele local, abrindo uma fenda.
À medida que iam entrando buraco abaixo, as paredes iam se alargando, formando
uma grande sala: era uma caverna. Como a luz era fraca, pouco se podia ver; no entanto,
perceberam que as paredes estavam cobertas de desenhos e pinturas. Ficaram impres-
sionados com a grandeza e a beleza das imagens. Dias depois, com a notícia espalhada,
apareceram visitantes de todos os lugares.
Entre eles, arqueólogos, antropólogos, etc. Aqueles objetos, restos de comidas, ima-
gens, esculturas e até a cinza das fogueiras foram pesquisados e estudados.
Chegou-se à conclusão de que, naquela caverna, haviam vivido homens de Cro-Mag-
non, do Paleolítico Superior. O nome desta caverna é Lascaux, e ela fica no sul da França,
na região de Dordogne.
Os meninos que a encontraram chamavam-se Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Geor-
ges Agnel e Simon Coencas. Esse fato aconteceu no dia 12 de setembro de 1940.
Foi uma descoberta tão importante, que mereceu um selo comemorativo em 1968.
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Selo francês com pinturas da gruta
pré-histórica de
Lascaux
encalço: ação de seguir o rasto de algo ou de alguém.
Lascaux: pronuncia-se lascô.
Dordogne: pronuncia-se dordonhe.
curiosidade?
BELLO, Maristher M.; BELLO, Paulo C. M. Arte: 2a. série. Curitiba: Positivo, 2008. p. 15-16.
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Entre as primeiras manifestações artísticas da humanidade, estão as mãos em negativo.
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Estudos mostram que nossos antepassados sopravam, usando um osso oco, um tipo de
pigmento colorido sobre as mãos apoiadas na rocha. Dessa forma, eles obtinham o contorno
vazado que vemos na fotografia.
Os humanos pré-históricos tinham fascínio pelas mãos. Provavelmente, isso acontecia
porque eles percebiam que as mãos os diferenciavam dos outros animais. Com elas, é possí-
vel agarrar o alimento e também produzir objetos – ação que somente os seres humanos são
capazes de fazer, o que indica alto grau de desenvolvimento mental.
Agora que você já conhece um pouco da história, vamos experimentar a técnica artística
da pintura em negativo?
Depois, use a criatividade e faça o negativo de outras partes do corpo e de imagens de
plantas e objetos.
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Mãos em negativo em pintura rupestre de cerca de 20000 a.C., Pech-Merle, França
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Os povos indígenas brasileiros também utilizam elementos retirados
da natureza (como pigmentos coloridos) para se manifestarem artistica-
mente. Sua arte tem valor funcional.
Os povos indígenas produzem arte tan-
to para ressaltar suas culturas – muito dis-
tintas entre os diferentes povos – quanto
para produzir objetos úteis. Suas manifes-
tações artísticas são muito ricas e variadas.
Eles produzem pinturas corporais e enfeites
coloridos para o corpo, cerâmicas, instru-
mentos musicais, objetos para a caça, a pes-
ca, a agricultura, danças, cantos e histórias.
O ponto em comum com a arte rupestre é o
uso de materiais naturais para criar, como as tin-
tas extraídas e a utilização de madeira, sementes,
ossos e outros tantos recursos.
arte brasileira
©Shutterstock/Lindomar Adriano de Souza
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Também são do Período Paleolítico os primeiros ob-
jetos criados, como algumas
armas de caça e as esculturas
conhecidas como Vênus. Exis-
te a hipótese de que essas
esculturas fossem uma espé-
cie de amuleto, como a Vênus
de Willendorf encontrada no
território onde hoje se situa a
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VÊNUS de Willendorf. [ca. 25000-20000 a.C.]. 1 escultura em pedra,11 cm de altura. Museu de História Natural, Viena
Período Neolítico
A partir do Período Neolítico, os povos primitivos deixaram
de ser nômades. Eles passaram a se concentrar perto de rios e
organizaram-se em tribos, tornando-se sedentários. Esses povos
aprenderam a plantar, colher e criar animais, não precisando mais
mudar de um lugar para outro quando o alimento diminuía.
A arte desse período expressa essas mudanças: as pinturas
nas paredes das cavernas retratam pessoas trabalhando.
nômades: aqueles que não têm moradia fixa, escolhendo locais onde podem caçar e colher alimentos da natureza. Quando a terra não produz mais recursos, mudam-se.
sedentários: aqueles que têm moradia fixa.
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Pintura rupestre, cerca de 6000 a 4000 a.C. Pintura rupestre que representa pessoas vestidas, dançando próximas a animais domesticados
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Ao longo deste ano, você e sua turma vão aprofundar os conhecimentos sobre as
diferentes linguagens artísticas e vão produzir muita arte. Essas experiências merecem
ser compartilhadas.
Vocês estão convidados a promover esse momento cultural e envolver os colegas das
outras turmas, seus familiares e amigos e todos os funcionários da escola.
Então, prepare-se para participar do Artes em festa.
Será um encontro em torno das artes, no final do ano letivo, com a participação e o
planejamento das turmas.
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Aqui vão dicas de etapas que deverão ser seguidas para que tudo corra bem no
dia do evento:
É importante que uma data seja definida para o Artes em festa, lembrando que
ele deverá acontecer no último bimestre do ano letivo, com a prévia autorização
da direção da escola.
Escolham os locais da escola onde o evento irá acontecer, pensando em cada lin-
guagem da Arte. Por exemplo: para uma apresentação de teatro, encontrem um
espaço onde os alunos-atores possam vestir seus figurinos.
Um evento precisa de divulgação, não é mesmo? Criar um material que convoque
o pessoal da escola e convide a comunidade vai ajudar bastante.
Que tal convidar artistas locais para participar? Eles poderão ministrar oficinas,
bater papo sobre a carreira e as obras deles, apresentar-se ao público, entre out-
ras atividades.
Os familiares também poderão participar do evento, produzindo arte com vocês
ou, ainda, mostrando seus talentos artísticos.
#dicas
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Arte
atividades
Você já se perguntou como eram feitas as esculturas em metal nessa época, em que os seres hu-manos começaram a dominar o fogo? Realize uma pesquisa e converse com seu professor sobre as diferentes técnicas utilizadas.
Depois, experimente fazer uma escultura em barro ou argila inspirando-se nos seres humanos da Pré-História.
pesquisa
Quando os seres humanos passaram a ter moradias fixas, a
população aumentou, as famílias desenvolveram-se e o trabalho
passou a ser dividido. Eles aprenderam a tecer, a fazer cerâmica
e a produzir fogo por meio do atrito. Com isso, teve início o tra-
balho com os metais, e foram sendo criadas esculturas que hoje
fazem parte do acervo de importantes museus.
ArArArArteteteteStonehenge, Inglaterra, cerca de 2000 a 1600 a.C.
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Ao se estabelecer em um local fixo, o ser humano começou a construir outros tipos de moradias, monumentos construídos com grandes blocos de pedras e templos religiosos, dando origem às primeiras construções arquitetônicas.
Esses monumentos também serviam como relógios solares e bússolas. Por meio deles, os homens primitivos se localizavam no tempo e no espaço, com a ajuda do Sol e da sombra.
Um exemplo desse tipo de monumento de pedra é o de Stonehenge, situado em Salisbury, Reino Unido. Ele foi construído entre 2000 e 1600 a.C.
Desde então, vários aparatos tecnológicos foram desenvolvidos para medir o tempo, como o relógio de sol, a ampulheta, o relógio de cordas e os relógios digitais. Esse relógio de sol, apesar de primitivo, tem precisão equiparada aos instrumentos científicos mais modernos de hoje.
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Escultura neolítica em bronze, Museu Pigorini, Roma
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Surgimento da dança, da música e do teatro
Acredita-se que as primeiras manifestações do que hoje se considera dança, música e
teatro tenham surgido em rituais sagrados. Os humanos da Pré-História pintavam o corpo,
dançavam e compunham músicas, com o ritmo de passos e instrumentos rudimentares, em
cerimônias a fim de cultuar deuses.
Os diferentes povos que deram origem ao povo brasileiro – indígenas, africanos, eu-
ropeus e asiáticos – têm seus rituais próprios, repletos de manifestações artísticas.
A cultura afro-brasileira, por exemplo, carrega a herança de povos que unem dança,
música e rituais em sua cultura. Podemos apreciar essa integração de artes no samba e
na capoeira, entre outras manifestações.
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Dois homens lutando capoeira
Passista no desfile da Escola de Samba Estácio, no Sambódromo. Dia 18 de fevereiro de 2012, no Rio de Janeiro
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Manifestação cultural e religiosa afro-brasileira chamada congada, Igreja do Rosário, São Paulo, Brasil, 2018
folguedos: danças, brincadeiras, divertimentos, festas.
congadas: danças que misturam tradições africanas com bailados portugueses e espanhóis. Representam a coroação de um rei do Congo (África), por meio de um cortejo real, com danças, cantigas e cantos de trabalho.
cirandas: danças de roda, infantis ou adultas.
Essas manifestações tendem
a se modificar com o decorrer do
tempo, mas muitas de suas for-
mas e figuras tradicionais são
conservadas em algumas danças
folclóricas, como os folguedos, as
congadas e as cirandas.
Que tal criar uma
cena teatral em que
você e seus colegas se
imaginem como seres
da Pré-História?
Em sua evolução, a dança, a música e o teatro foram se dissociando e adquirindo confi-
gurações mais específicas, como você vai estudar a seguir.
Manifestações teatrais na Pré-História
Em seus dois livros, Os caçadores da Pré-História e O gesto e a palavra, o autor André
Leroi-Gourhan explica que, possivelmente, o teatro primitivo tenha surgido por iniciativa
individual, com base na imitação. O ser humano observava o fogo, o vento, os animais e, com
movimentos do corpo, procurava assumir formas diversas. Essa era a maneira de se harmoni-
zar com a natureza e de se sentir parte dela.
Mais tarde, os rituais incorporaram mímica e dança e passaram a acontecer em grupos,
em volta das fogueiras ou com a imitação de animais selvagens.
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Música primitiva
É muito provável que, ao perceberem os sons da natureza, como o assobio do vento
entre as árvores, os humanos pré-históricos tenham se despertado para a possibilidade da
produção sonora. Explorando o som de ossos, bambus e troncos de árvores, eles criaram os
primeiros instrumentos.
Atividades cotidianas, como soprar um tubo oco, feito de osso de ave, para acender ou
manter o fogo, também apresentam um papel importante nesse sentido. Daí até a invenção
da flauta, pode ter sido apenas uma questão de tempo!
Da mesma forma, conchas, troncos ocos, couro esticado e o próprio corpo, também fo-
ram percebidos como fontes sonoras especiais. Com a possibilidade de criar sons, surgiram
as expressões musicais, que possivelmente buscavam uma comunicação com o divino, ou
seja, tinham função mágica e mística.
O som e o silêncio
As matérias-primas da música são o som e o silêncio.
O som é movimento, energia, resultado da vibração de um corpo. Já o silêncio é a ausên-
cia relativa de som, pois não existe silêncio absoluto. Mas será que o silêncio existe, de fato?
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Vamos perceber o silêncio.
Experimente ouvir os sons mais sutis, ou o silêncio relativo que surge quando:
tapamos as orelhas;
respiramos e o ar que entra em nossos pulmões e deles sai;
observamos a pulsação do coração.
Os povos primitivos usaram ossos de aves para produzir as primeiras flautas de que se têm notícia.
©Album/Album/Fotoarena/Erich Lessing
©Album/akg/Bible Land Pictures/Album/Fotoarena
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Agora é sua vez de explorar o som de diversos materiais utilizados no cotidiano.
1 Selecione cinco objetos e descubra algumas formas de produzir som com eles. Depois, registre na tabela.
OBJETOS FORMAS DE PRODUZIR SOM
Acústica
A Acústica é uma área das Ciências que estuda o som. Ela analisa como ele
é emitido, quais são as suas características e como é absorvido ou refletido.
Mas o que faz o som de um instrumento ser diferente de outro?
Para emitir um som, algo precisa vibrar. Em um tambor, por exemplo, o que vibra é a
superfície em que se bate (a pele do tambor); em um violão, a corda. O material e a ma-
neira como essa vibração acontece constituem um dos objetos de estudo da Acústica.
curiosidade?
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2 Utilizando os mesmos objetos, ou buscando outros de seu dia a dia, crie instrumentos musicais sim-ples, como tambor, reco-reco, pandeiro, flauta, chocalho e xilofone. Agora, aprenda como fazer um instrumento musical.
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Materiais
lata de leite em pó ou achocolatado vazia e sem tampa
fita adesiva
bexiga
lápis
guardanapos ou lenços de papel
elástico
Como fazer1. Cole várias tiras de fita adesiva
sobre a boca da lata vazia.
2. Tampe a lata com uma bexiga, de modo que fique bem esticada.
3. Prenda a bexiga com um elástico.
4. Enrole pedaços de guardanapo ou lenços de papel na ponta do lápis, deixando--a arredondada (a baqueta também pode ser feita com cortiça e palitinhos de churrasco).
5. Passe fita adesiva em volta dos guardanapos ou lenços para grudá-los no lápis e pronto! Agora, é só soltar o som!
Pesquise, em livros, revistas ou na internet, outras formas de se construir um instrumento musical.
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Arte
Primeiros passos de dança
A dança é a arte de expressar sentimentos e ideias por meio de movimentos,
gestos e coreografias. Acredita-se que a dança tenha surgido como manifestação
de medos e afetos.
Ao fazer movimentos para se aquecer e se comunicar, o ser humano descobriu o ritmo. As-
sim, pode-se dizer que o movimento ritmado é uma manifestação instintiva.
Na dança primitiva, os corpos se moviam de acordo com um ritmo e um ritual. Com a evo-
lução das tribos e a formação de grupos diversos, a dança passou a ser parte de cerimoniais e
celebrações populares.
A linguagem do corpo evoluiu e apresenta diversos significados, acompanhando a cultura
de antigos rituais, como danças de roda, cerimônias de guerra, coroamentos, uniões, lazer, entre
outros. Em cavernas onde se encontram as artes rupestres, há muitos desenhos de pessoas que,
aparentemente, estão dançando, correndo, saltando ou imitando o movimento dos animais.
Você acredita que existe relação entre as obras retratadas, as formas de pintar e esculpir e a ma-neira como os seres humanos viviam na Pré-História? Observe novamente as criações artísticas
apresentadas aqui no seu livro. Observe também as cores utilizadas e as figuras que aparecem, relacionando-as com seu contexto histórico. Inspirado na pintura rupestre estudada, crie movimen-tos, gestos e ritmos com seu corpo, imaginando que você vive na Pré-História.
Pintura rupestre, Zimbábue
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Agora, imagine que você queira deixar registrado para alguém, num futuro bem distante,
como é o seu dia a dia. Crie uma obra que retrate o seu tempo.
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Arte
Você já reparou que as pinturas rupestres têm algo de semelhante com as encontradas atualmente nos muros das cidades?
1. Converse com seu professor e seus colegas sobre os desenhos que você costuma enxergar pelos locais onde passa. Como eles são? É possível visualizar figuras ou apenas letras? Existem men-sagens escritas? Você consegue compreendê-las? Há algum bairro ou alguma rua em que esses desenhos sejam notados com mais frequência?
2. Na volta para casa, observe com mais cuidado essas pinturas e descreva uma delas nas linhas abaixo.
pesquisa
Se possível, tire uma ou mais fotos da pintura observada para compartilhar com seus co-
legas. Depois que todos tiverem apreciado as fotos uns dos outros, escolha uma de suas ima-
gens e cole-a no espaço abaixo.
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De onde vem
A comparação do graffiti com as pinturas rupestres é inevitável. A imagem pré-histórica gravada na parede é
considerada o primeiro registro de arte de que se tem notícia. [...]
É pichação ou graffiti?
A pichação remete à injúria e ao pro-
testo, seja ele político, religioso ou
pessoal. Enquanto o graffiti remete
à pintura rupestre, à preocupação es-
tética e à expressão de ideias.
Quando falamos de pichação nos re-
ferimos ao uso de spray em ambien-
tes públicos com o intuito de demar-
car território ou o estar no mundo, de
interagir ou pertencer a um grupo. O
pichador prefere escrever seu nome
ou apelido em lugares vigiados, mo-
numentos públicos ou locais de difícil
acesso para chamar a atenção sobre
sua existência. [...]
Coexistindo com a pichação, o graffiti
também está em locais públicos e
usa tintas sprays como material. Mas
sua intenção é desmistificar a obra
de arte e o espaço de exposição. Por
isso mesmo o graffiti pode ser visto
mais em prédios desativados, becos e
superfícies desgastadas pelo tempo.
Os grafiteiros comumente estão en-
tre estudantes, profissionais liberais
e artistas. Eles se detêm na forma e
no conteúdo de sua mensagem, valo-
rizam o engajamento social, o protes-
to, a cultura popular e possibilidade
de decorar a cidade.
TAVARES, Jordana Falcão. Graffiti o muro, a parede, a universidade e até a galeria. Trabalho apresentado no IV Encontro de História da Arte, Campinas, 2008. Disponível em: <https://www.ifch.unicamp.br/eha/atas/2008/TAVARES,%20Jordana%20Falcao%20-%20IVEHA.pdf>. Acesso em: 1°. set. 2018.
©Shutterstock/Drevs
©Shutterstock/mark higgins
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Arte
Você conhece os artistas brasileiros OSGEMEOS?
Gustavo e Otávio Pandolfo são
irmãos gêmeos. Eles nasceram em
1974, em São Paulo, e sempre gos-
taram de criar juntos. Influenciados
pela cultura hip hop da década de
1980, desenvolveram técnicas de
pintura, desenho e escultura com
foco na arte de rua e ficaram conhe-
cidos mundialmente.
O trabalho da dupla passou pelo
graffiti, mas acabou indo além das
ruas e transformou-se em uma arte
visual urbana, fruto da combinação
de linguagens visuais, com projetos
que interferem na paisagem das
cidades.
OSGEMEOS já realizaram inúme-
ras exposições culturais de diversos
países como Brasil, Alemanha, Dina-
marca, Chile, Cuba, Espanha, Estados
Unidos, Inglaterra, Polônia, Itália,
Lituânia, Suécia e Japão.
Sua obra convida a abrir espaço
ao imaginário; sentir antes para en-
tender depois.
©Folhapress/Greg Salibian
©Getty Images/Pier Marco Tacca
Efêmero, o primeiro mural feito na Itália pelos artistas Gustavo e Otávio Pandolfo, OSGEMEOS,
em abril de 2016, em Milão.
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Inspirado na obra de OSGEMEOS, use a criatividade e seja um artista do graffiti! Que tal pesquisar sobre o graffiti e conhecer mais sobre a arte urbana?
Imagine que o espaço abaixo é um muro ou a fachada de um prédio.
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Arte
Introdução à teoria da cor
Os seres humanos primitivos retiravam da natureza diferentes tipos de pigmentos para
produzir os desenhos e as pinturas rupestres, que são encontrados nas cavernas do mundo
inteiro.
As cores sempre foram utilizadas para registrar
algo e para fins artísticos. Mas essa não é a única forma
de as cores se manifestarem. Elas estão presentes em
todo lado. Quer ver?
O conhecimento das cores e suas interações é essencial não só para os artistas plásticos,
mas também para arquitetos, designers, decoradores e profissionais das mais diversas áreas.
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MONET, Claude. Lírios-d’água. 1919. 1 óleo sobre tela, color., 100 cm × 200 cm. Coleção particular.
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Pigmentos
A natureza oferece diversas substâncias e materiais que servem como
pigmentos. Os tons terrosos são os mais fáceis de serem utilizados em seu estado natural,
justamente por se apresentarem em forma de pó. Os ter-
rosos podem variar de tons amarelados, alaranjados, aver-
melhados até os marrons. O preto pode ser obtido com a
queima de materiais vegetais, como o carvão.
pigmentos: matérias-primas utilizadas na fabricação de tintas e corantes. Podem ter origem vegetal, mineral e animal. Hoje, a maioria dos pigmentos é sintética.
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Faça uma pesquisa em diferentes fontes, como internet e livros, para identificar outros tipos de pigmentos existentes na natureza.
Colete alguns tipos de pigmentos e monte um cartaz com uma amostra de cada um deles. Escreva a origem de cada um, assim como outras informações que você considerar importantes.
Os humanos pré-históricos retiravam da natureza os pigmentos com os quais produziam a tinta utilizada para desenhar nas paredes das cavernas. Alguns deles, provavelmente, semelhantes a esses que você acabou de encontrar em sua pesquisa.
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Arte
ROSSI, Ticiane. Corantes naturais: fontes, aplicações e potencial para uso da madeira. Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, Piracicaba, 15 jul. 2008. Disponível em: <http://www.ipef.br/tecprodutos/corantes.asp>. Acesso em: 2 set. 2018.
Você acha que, com a invenção dos corantes, as tonalidades das cores mudaram? Pinte
estes quadros com tintas coloridas feitas com pigmentos sintéticos. Depois, compare o efei-
to obtido aqui com as cores que você produziu usando os pigmentos extraídos da natureza.
O uso de corantes naturais começou há milhares de anos, havendo evidências entre
os antigos egípcios, China e Índia. No Brasil, os corantes naturais têm importante relação
com sua história, a começar pelo nome do país, proveniente da madeira de Pau-brasil
(Caesalpinia echinata), importante fonte de corante vermelho no século XVI. Durante
grande parte do século XIX, o Brasil também forneceu o corante índigo extraído da plan-
ta Indigofera tinctoria, de coloração azul.
Até a metade do século XIX, os corantes naturais eram essencialmente obtidos dos
reinos animal e vegetal, que ofereciam todos os recursos para sua obtenção. [...] com
o desenvolvimento do primeiro corante sintético em 1856, os corantes naturais foram
rapidamente substituídos, devido ao baixo custo decorrente das economias de escala na
produção, da flexibilidade de localização perto dos centros consumidores, homogenei-
dade da composição e garantia da qualidade. [...]
?
25
Caminhos da cor
Nossos olhos percebem as cores por
causa da luz.
Você já reparou nas cores de um arco-
-íris? Elas surgem quando a luz se decompõe
ao passar pelas gotas de chuva.
A propriedade de a luz se decompor foi
pesquisada por muitos estudiosos, entre
eles o inglês Isaac Newton. Suas pesquisas
contribuíram para o desenvolvimento das
formas de reprodução das cores. Graças a
esses estudos, hoje temos revistas e ima-
gens coloridas em telas de televisão, de ci-
nemas e em monitores de computadores.
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Vermelho
Laranja
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Verde
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As cores do arco-íris são o resultado da decomposição da luz branca.
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prisma: sólido em forma de prisma, de seção triangular, de vidro ou cristal, que tem a propriedade de decompor a luz branca no espectro de cores.
Ilustração do físico Isaac Newton (1642-1727)
examinando a natureza da luz com o auxílio de um
prisma de vidro
Esquema da decomposição da luz por meio de um prisma.
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Arte
Você pode observar a decomposição da luz branca de forma bem sim-ples. Pegue um CD e faça movimentos com a face espelhada na direção de uma fonte luminosa, que pode ser o Sol ou uma lâmpada.
Depois, relate aqui a sua experiência.
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Cores primárias
Os estudos sobre as cores demonstraram que existem cores puras, que não podem ser
decompostas. São as chamadas cores primárias que, quando misturadas entre si, originam as
demais cores. Conhecer as cores primárias é importante para o trabalho de artistas visuais,
impressores gráficos e fotógrafos.
Quando falamos de cores, é importante entender que elas podem ser obtidas por meio
de luz direta ou indireta (reflexão). Dependendo da forma, temos diferentes cores primárias.
Para cores formadas com luz direta, ou seja, que é diretamente projetada no olho do
espectador, como no caso das telas de televisão e monitores, as cores primárias são o ver-melho, o verde e o azul-violeta.
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As telas dos monitores projetam
luz diretamente nos olhos do espectador.
As cores primárias da luz direta são o vermelho, o verde e o azul-violeta. O sistema é chamado RGB por causa das
primeiras letras dos nomes dessas cores em inglês: R de red, G
de green e B de blue.
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aAs cores vistas nas pinturas são resultado do reflexo da luz nos pigmentos das tintas.
Além das cores primárias (ciano, magenta e amarelo), as impressoras também utilizam a cor preta. O sistema é chamado CMYK, porque utiliza letras dos nomes das cores em inglês: as primeiras letras de Cyan, Magenta e Yellow e a última letra de Black.
©Shutterstock/MicroOne
©Shutterstock/Paul Broadbent
Para cores produzidas com luz indireta,
a cor que se vê é o resultado da reflexão
da luz no pigmento. Por exemplo, quando
olhamos para uma pintura, não estamos
olhando para uma fonte de luz. A cor que
vemos é resultado do reflexo da luz que
bate na pintura e chega até nossos olhos.
Os pigmentos podem ser transparen-
tes ou opacos, gerando dois tipos de cores
primárias. Os pigmentos opacos estão pre-
sentes na maioria das tintas utilizadas pe-
los artistas, como as tintas a óleo e acrílicas
e o guache. Nesse caso, as cores primárias
são o vermelho, o azul e o amarelo.
No caso dos pigmentos transparentes –
utilizados nas pinturas de aquarelas e nas
impressoras –, as cores primárias são o cia-
no, o magenta e o amarelo.
28
Você e seus colegas serão os curadores do Artes em festa, ou seja, cuidarão de todo
o processo de organização do evento, planejando, produzindo e conservando as obras
de arte, escolhendo aquelas que serão expostas e mostradas no evento, montando as
exposições em espaços apropriados da escola, divulgando o aconte-
cimento, convidando artistas, registrando – com fotos e filmagens
– as produções de vocês e, também, o encontro.
A partir das aprendizagens de sala de aula, sua turma poderá
promover:
artes em festa
curadores: pessoas responsáveis pela organização e manutenção das obras de arte em museus e galerias.
©Shutterstock/Lapandr
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exposições;
bate-papos;
espetáculos teatrais;
apresentações de dança;
apresentações musicais;
oficinas ministradas por artistas convidados;
shows de talentos;
brincadeiras de produções artísticas com a co-
munidade (alunos, educadores, profissionais da
escola, familiares, amigos e artistas locais);
fruição de obras de artistas
locais;
e mais o que a imaginação
de vocês criar.
Prepare-se e organize-se
com sua turma. Use a criativi-
dade e curta o Artes em festa.
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29Arte
Neste capítulo, você viu que os seres humanos se manifestam artisticamente desde a Pré-História. A arte, portanto, acompanhou o processo evolutivo do ser humano. Das expressões artísticas que você conheceu, quais chamaram mais a sua atenção? Por quê?
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Material de Apoio6°. ano – Volume 1
Arte
Aproveite as cores descobertas e brinque com os pigmentos extraídos da natureza. Escolha um ou mais deles e faça uma pintura.
Página 24 – Atividade
1
Material de Apoio6°. ano – Volume 1
Arte
Página 28 – Atividade
Você já aprendeu bastante sobre cores, desde a Pré-História até os dias de hoje. Agora,
faça uma pintura utilizando cores primárias e misturando outras, até obter cores secundárias
e terciárias. Use a imaginação e inspire-se em todas as obras que você conheceu até aqui.
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