UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CCAAB – CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL
DESENVOLVIMENTO DE RECIPIENTE BIODEGRADÁVEL PARA PRODUÇÃO
DE MUDAS DE EUCALYPTUS
LUCAS GONÇALVES RIBEIRO
CRUZ DAS ALMAS - BA
ABRIL DE 2015
LUCAS GONÇALVES RIBEIRO
DESENVOLVIMENTO DE RECIPIENTE BIODEGRADÁVEL PARA PRODUÇÃO
DE MUDAS DE EUCALYPTUS
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Florestal.
CRUZ DAS ALMAS – BA
ABRIL – 2015
LUCAS GONÇALVES RIBEIRO
DESENVOLVIMENTO DE RECIPIENTE BIODEGRADÁVEL PARA PRODUÇÃO
DE MUDAS DE EUCALYPTUS
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Profª. Drª. Andrea Vita Reis Mendonça– UFRB (Orientadora)
_____________________________________________
Profª. Drª. Teresa Aparecida Soares de Freitas- UFRB(Co-orientadora)
_____________________________________________
Prof. Fábio Botelho (Mestre em Extensão Rural) – UFRB
Ao meu pai Romário Nunes Ribeiro e a minha avó
Aurelina Nunes Ribeiro.
Dedico
AGRADECIMENTOS
Sempre, ao criador e razão do meu existir, sem Deus não poderia chegar a lugar algum.
À Universidade Federal do Recôncavo da Bahia pela oportunidade e conhecimento adquirido
até aqui.
À Romário Nunes Ribeiro, principal incentivador, que em muitos momentos acreditou mais
na minha vitória, que eu mesmo. Reconheço o seu amor incondicional.
Á Aurelina Nunes Ribeiro, minha avó-mãe que nunca esqueceu deste filho que Deus lhe
concedeu. Em todas as conversas, sempre uma palavra motivadora, renovando minhas
energias e trazendo-me confiança.
Á Eliza Frigeri, companheira nos melhores e piores momentos, sempre incentivando e
demonstrando seu amor por mim. Nós dois sabemos quão longa esta caminhada foi.
Á família, base e referência de qualquer ser.
À Prof. Andrea Vita Reis Mendonça, minha orientadora, pela atenção e cuidado, quando
necessitados. Nosso trabalhos foram importantes, agregando conhecimento e contribuindo
para minha formação acadêmica.
Ao Prof. Josival, pelas oportunidades cedidas, as orientações, os trabalhos realizados e a
amizade compartilhada. Sua presença foi motivadora no decorrer destes cinco anos de
formação acadêmica.
À Prof. Teresa Aparecida Soares de Freitas, pelas orientações e trabalhos realizados.
Aos amigos de Cruz das Almas, Douglas Crisley, Ricardo Rizzi, Eduardo Rizzi, Carlos
Manoel e Armando Neto que fizeram com que a adaptação a esta cidade fosse mais prazerosa.
Aos Amigos Elayne Kátia, Lucas Barbosa e Bruno Meira, passando de colegas para
cúmplices que toda graduação bem aproveitada, carece. Vocês são amigos verdadeiros,
aqueles que levo para vida toda.
Aos colegas que viraram amigos, Joaquim Custódio, Preta Pretinha, Poli Pereira, Thaison
Monteiro, Arthur Felipe, Jocy Sousa e Wendell Souza (Del). Cada um de vocês têm um
contribuição na minha graduação como Engenheiro Florestal.
Ao meu amigo JammeBagano, sempre alegre e atencioso, demonstrando que tenho um amigo
para todas as horas.
Á Mariana Duarte, Iracema Gomes, Jamille Sampaio, Sandra Selma, Valdomiro Victor e José
Neto pelo auxilio e companheirismo nos trabalhos realizados.
Agradecimento especial ao artesão José Roque Azevedo, que prestou valiosa e preciosa
contribuição na confecção dos tubetes.
RESUMO
RIBEIRO, Lucas Gonçalves. TCC; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; abril, 2015;
Título: Desenvolvimento de recipiente biodegradável para produção de mudas de
eucalyptus. Orientadora: Andrea Vita Reis Mendonça. Coorientadora: Teresa Aparecida
Soares de Freitas.
Este trabalho teve como objetivo a elaboração de tubetes biodegradáveis provenientes de
resíduos de fibras de piaçava, para produção de mudas de espécies florestais que pudessem ser
plantadas junto ao tubete. O experimento foi uma parceria entre a Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia – UFRB, e a Casa familiar Agroflorestal – CFAF, sendo elaborado em
três etapas. A confecção dos tubetes de fibra de piaçava, primeira etapa, e a produção de
mudas, segunda etapa, foram realizadas na casa familiar. A espécie utilizada foi Eucalyptus
camaldulensis, em Delineamento Inteiramente Casualizado – DIC com 2 tratamentos (T1 =
tubete polietileno e T2 = biodegradável) e 10 repetições com 64 mudas por repetição, usando
substrato comercial para espécies florestais e adubo de liberação lenta (osmocote). O ciclo de
produção, gerou dados referentes à altura, diâmetro, massa seca da parte aérea e de raiz, área
foliar (software ImageJ), comprimento raiz principal, % deformação e número de raiz, relação
massa seca de raiz/parte aérea, porcentagem de raiz, relação altura da parte aérea/diâmetro do
coleto e razão do comprimento de raiz/comprimento da parte aérea. A simulação de campo,
última etapa, foi conduzida no campus da UFRB de Cruz das Almas, utilizando sacos
plásticos de 11 L preenchidos com subsolo adubado, em DIC. Foram 3 tratamentos (T1 =
muda proveniente do tubete de polietileno, T2 = muda plantada com tubete orgânico e T3 =
muda plantada sem tubete orgânico) com 10 repetições cada, avaliando altura e diâmetro
durante os quatro meses de plantio, e % de deformações radiculares, comprimento total de
raízes finas e área superficial de raízes, após o término da simulação.Os recipientes fabricados
a partir de resíduos de Piaçava são viáveis para produção de mudas de Eucalyptus
camaldulensis, uma vez que resistem, sem deformações, por pelo menos um ciclo de
produção de mudas, além de produzirem mudas de qualidade, aptas para plantio no campo. O
plantio da muda sem a remoção do recipiente biodegradável de Piaçava não interfere no
estabelecimento e crescimento inicial da planta no campo.
Palavras-chave:Tubetes biodegradáveis, Piaçava.
ABSTRACT
RIBEIRO, Lucas Gonçalves. TCC; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; april, 2015;
Title:Developmentbiodegradable container for seedlingsofeucalyptus. Advisor: Andrea
Vita Reis Mendonça. Co-advisor: Teresa Aparecida Soares de Freitas.
This study aimed to the preparation of biodegradable tubets from waste palm fibers for the
production of seedlings of forest species that could be planted together with the tubets. The
experiment was a partnership between the Federal University of Bahia Reconcavo - UFRB,
and the family house Agroforestry - CFAF, being developed in three stages. The making of
palm fibertubets,the first stage, and the production of seedlings, second stage, were held at the
family home. The species used was Eucalyptus camaldulensis in completely randomized
design - DIC with two treatments (T1 tubets polyethylene = T2 = biodegradable) and 10
repetitions with 64 seedlings per repetitions, using commercial substrate for forest species and
slow release fertilizer (osmocote). The cycle of production, generated data on height,
diameter, dry weight of shoot and root, leaf area (ImageJ software), main root length,%
deformation and root number, root dry weight / shoot, percentage root, relative height of the
part / stem diameter and ratio of root/ shoot length. The simulation field, the last stage was
conducted on the campus of UFRB in Cruz das Almas city, using plastic bags of 11 L filled
with underground fertilized, in completely randomized design. There was three treatments (T1
= seedlings from the polyethylene plastic tubet, T2 = seedlings planted with
biodegradabletubet and T3 = seedlings planted without biodegradabletubet) with 10
repetitions each, evaluating height and diameter during the four months of planting, and root
deformation% , total length of fine roots and surface area of roots, after the end of the
simulation. Containers manufactured from Piassava residues are feasible for the production of
Eucalyptus camaldulensis seedlings, since resisted without deformation, at least one seedling
production cycle, and produced quality seedlings, suitable for planting in the field. The
planting of changes without removing the biodegradable container of the Piaçava not interfere
in the establishment and initial growth of the plant in the field
Keywords: biodegradabletubets, Piaçava.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................9
2. OBJETIVOS........................................................................................................................11
2.1 Objetivo geral................................................................................................................11
2.2 Objetivos específicos.....................................................................................................11
3. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................12
3.1 Eucalyptus camaldulensis Dehnh..................................................................................12
3.2 Recipientes para produção de mudas..........................................................................13
3.3 Attalea funifera Martius (Piaçava)...............................................................................14
4. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................16
4.1 Desenvolvimento do tubete biodegradável..................................................................16
4.2 Desenvolvimento das mudas no viveiro.......................................................................16
4.3 Simulação de campo......................................................................................................18
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................20
5.1 Confecção do tubete biodegradável.............................................................................20
5.2 Casa de vegetação..........................................................................................................22
5.3 Simulação de campo......................................................................................................25
6. CONCLUSÕES...................................................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................27
9
1. INTRODUÇÃO
A produção de mudas, principalmente de espécies perenes, tem sido realizada com a
utilização de tubetes de polietileno, introduzidos no Brasil na década de 80. Esses recipientes
comparados com os sacos plásticos apresentam vantagens como menor gasto com substratos
em função de apresentar menor volume, reduzindo a área de preparo de mudas,possibilitando
a mecanização de boa parte do processo de produção. Segundo Campinhos Jr. e Ikemori
(1983) e Zani Filho (1998), além desses benefícios, há melhoria no aspecto ergonômico de
produção, por permitir que os operários trabalhem em pé, manuseando recipientes mais leves.
Os custos relativos aos tubetes plásticos são responsáveis por 30% do investimento
nas instalações de viveiro em uma empresa florestal (ZANI FILHO, 1998). A utilizaçãodeste
tipo de recipiente implica na necessidade de remoção no ato do plantio e retorno para
higienização, sendo posteriormente descartados depois de algum tempo, gerando resíduos.
Contudo, nas últimas décadas se tem buscado desenvolver tubetes com materiais
orgânicos no intuito de não necessitar retira-los no momento do plantio, devido a sua
capacidade de degradação, minimizando, assim, a geração de resíduos. Tendo como
exemplos, os trabalhos de Moreira et al (2011) que utilizaram tubetes biodegradáveis na
produção de mudas de espécies florestais nativa. Silva et al (2014) queproduziram plântulas
de Ingá (Inga veraWilld) cultivadas em tubetes biodegradáveis e, Ferraz (2006) que avaliou
tubetes biodegradáveis para a produção de petúnia-comum.
Entretanto, a dificuldade no desenvolvimento de tubetes orgânicos é que os mesmos
não podem degradar durante o ciclo de produção das mudas no viveiro. Estes recipientes
devem ser resistentes o suficiente para manter a integridade durante a produção das mudas,
mas ao mesmo tempo, após o plantio no campo, não podem impor resistência ao
desenvolvimento das raízes.
Conti et al (2012), ao analisarem o desenvolvimento e a viabilidade econômica do
plantio de mudas de árvores em tubetes biodegradáveis, notaram que a resistência mecânica
dos recipientes de fibra de coco e bagaço de cana foi comprometidaapós 45 dias de
desenvolvimento das mudas, ou seja os recipientes se desintegraram.
AAttaleafuniferaMartius é uma espécie endêmica do litoral do estado da Bahia de
grande importância extrativista, há relatos da época do descobrimento, da utilização desta
espécie pelos índios como alimento e cobertura de ocas (SILVA, 2003).Atualmente, a
importância econômica desta palmeira está na extração de fibras industriais para diferentes
fins, destacando-se: a fabricação de vassouras, enchimento nos assentos de carros, cordoaria e
10
escovões(SILVA, 2003).A atividade de produção de vassoura de piaçava gera grande
quantidade de resíduo, tornando-se um problema ambiental.
Neste contexto foi firmada uma parceria entre a Universidade Federal do recôncavo da
Bahia – UFRB, campus de Cruz das Almas, Bahia e a Casa Familiar Agroflorestal – CFAF da
cidade de Nilo Peçanha, Bahia, com odesafio de transformar o problema em solução,
destinando o resíduo indesejável, cascas e fibras finas e curtas da Piaçava, em recipientede
produção de mudas.
11
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar a viabilidade técnica do uso de tubetes biodegradáveis, constituídos de resíduo de
fibra de Piaçava, na produção de mudas de Eucalyptus camaldulensis.
2.2 Objetivos específicos
-Desenvolver a técnica de confecção artesanal de tubetes utilizandoresíduo de fibra de
piaçava;
- Verificar a integridade dos tubetes durante o ciclo de produção das mudas;
- Avaliar a qualidade de mudas de Eucalyptus camaldulensis produzidas em tubetes de
piaçava;
- Avaliar o comportamento das mudas plantadas com os tubetes orgânicos em simulação de
campo.
12
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Eucalyptus camaldulensisDehnh
Originado da Austrália e pertencente à família Myrtaceae, o gênero Eucalyptus tem
grande variedade de espécies, clones e híbridos. São os mais utilizados em plantios florestais
brasileiros em vista do seu rápido crescimento, múltiplas utilidades e alta capacidade de
adaptação. De acordo com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), em 2013 a área de florestas
plantadas com Eucalyptus foi de 5.473.176 hectares, visando atender as fábricas e industriais
dos segmentos florestais, como carvão, celulose e papel (SFB, 2015).
Os plantios de eucaliptos no Brasil estão entre os mais produtivos do mundo, com
produção média de 300 metros cúbicos por hectare em seis anos, ou seja, um rendimento
médio anual de 50m³/ha/ano (PEPINO, 2013). Esses valores são consequência dos fatores
ambientais favoráveis do país, do progresso de técnicas silviculturais e do melhoramento
genético dos gêneros, fazendo com que maiores investimentos financeiros de empresas
florestais sejam empregados em programas de melhoramento genético. Com as pressões
exercidas pelas restrições ambientais sobre o uso de madeiras nativas, a madeira de eucalipto
advinda de reflorestamentos é uma substituição promissora que apresenta grande versatilidade
e tem obtido crescente espaço no mercado mundial (FONSECA, 2012).
Entre as espécies do gênero Eucalyptus o E. camaldulensis se adapta a variadas
condições edafoclimáticas, além de possuir elevado número de procedências disponíveis
(COSTA et al., 2012). Segundo Ferreira (1979) o E. camaldulensisocorre em todos os estados
da Austrália, exceto na Tasmânia, pode atingir 30 metros de altura e 210 centímetros de
diâmetro, classificado como umas das mais adequadas espécies para zonas críticas de
reflorestamento onde a deficiência hídrica e problemas ligados a fertilidade do solo, sejam
fatores limitantes para outras culturas. Este autor também salienta que alguns fatores como
boa adaptação a condições adversas e facilidade de regeneração através das brotações de
cepas, somaram para expansão aqui no Brasil do Eucalyptus camaldulensis.
Segundo Mora e Garcia (2000), no Brasil, esta espécie tem potencial para plantios do
Rio Grande do Sul ao nordeste, sendo sua madeira avermelhada, de densidade média a
elevada, podendo ser utilizada para serraria, postes, dormentes, lenha e carvão.
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3.2 Recipientes para produção de mudas
Identifica-se dois sistemas de produção de mudas em viveiros florestais, mudas de raiz
nua, onde as mudas são desprotegidas, e mudas produzidas em recipientes, onde seus sistemas
radiculares são protegidos. As Mudas em recipientes apresentam menores problemas,como
baixa incidência de fungos e ergonomia no preparo. Características que contribuem para
adoção deste sistema, por grande parte das empresas florestais(WALKER et al., 2011).
O tipos de recipientes usados para produção de mudas do setor florestal vem passando
por constantes substituições, do torrão paulista, confeccionado a partir de mistura de solo
argiloso, solo arenoso e esterco curtido, ao de taquara ou tubo de bambu que muitas vezes
apodrecem, não resistindo ao ciclo de produção (WALKER et al., 2011).Além desses menos
utilizados tem-se os sacos plásticos e os tubetes rígidos de polietileno.
Grande parte das empresas do setor florestal, que produzem grandes quantidades de
mudas, adotaram o sistema de produção em tubetes para mudas de eucaliptos e pinus
(FONSECA, 2012). Elesapresentam maiores benefícios, já que o peso e ocupação da área no
viveiro é menor, possibilitando a mecanização da produção e redução dos custos, quando
comparados a mudas de sacolas (WENDLING et al., 2002).
Com a crescente demanda pela produção de mudas, os viveiros florestais vêm
buscando desenvolver técnicas que favoreçam a obtenção de mudas com características
morfofisiológicas e sanitárias apropriadas (FONSECA, 2012). Visando redução de custos e
tendo em vista as questões de sustentabilidade, pesquisadores e empresas estão apostando em
tubetes biodegradáveis, que dispensam a remoção deste no momento do plantio. O grande
desafio está ligado justamente a durabilidade da embalagem, já que esta não pode se
desintegrar durante o período de produção das mudas nem demorar muito tempo para se
decompor no campo (GOMES; PAIVA, 2004). Estas pesquisas com recipientes para
produção de mudas têm sido dinâmicas e sempre acatando o princípio de que o sistema
radicular é importante, devendo apresentar boa arquitetura. No ato do plantio as raízes
deverão sofrer o mínimo de distúrbios, o que permitirá que a muda seja plantada como um
torrão sólido e bem agregado a todo o sistema radicular, favorecendo a sobrevivência e o
crescimento inicial no campo (FERRAZ, 2006).
Estudar embalagens alternativas na produção de mudas pode contribuir com a
melhoria do meio ambiente e diminuir etapas no processo de produção de mudas, gerando
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maior economia para o setor. Conhecer o comportamento destas embalagens diretamente no
solo é um outro fator importante para avaliar o comportamento das plantas nestas embalagens.
Iatauro (2004) avaliando tubetes biodegradáveis na produção de mudas de aroeira, concluiu
que o uso destes tubetes foi eficaz na produção desta espécie florestal, com grande capacidade
de substituir os tubetes de plástico. Ferraz (2006) também avaliou tubetes biodegradáveis para
a produção de petúnia e concluiu que o processo em sacos plásticos foi mais trabalhoso
emrelação a tubetes biodegradáveis, principalmente em função da mão de obra. Outro
resultado favorável ao uso desta tecnologia, foi encontrado em Pereira et al. (2007)
avaliandotubetes biodegradáveis produzidos com cera de abelha, concluíram que mudas de
cafeeiro produzidas em tubetes de cera de abelha, apresentam desenvolvimento semelhante
àquelas produzidas em tubetes de polietileno.
3.3AttaleafuniferaMartius (Piaçava)
AttaleafuniferaMartius, conhecida como Piaçava ou Piaçaba, pertence à família
Arecaceae, que compreende 189 gêneros e mais de 2.000 espécies distribuídas em todo
mundo(GUIMARÃES; SILVA, 2012). Esta espécie apresenta raiz de cor branca e amarela,
com coifa bastante diferenciada. Seu caule possuiu estirpe ereta e cor predominante cinza
escuro. Folha completa com coloração verde-escuro, com fruto simples, pluricarpelare
plurilocular (BARRETO, 2009).
De ocorrência natural no Sul da Bahia, a piaçava adapta-se bem em clima quente e
úmido. Na região litorânea pode ser encontrada em solos arenosos e associada à vegetação
secundária sob mata (BARRETO, 2009). Caracterizada como planta de fácil adaptação, é
possível encontra-la em solos de baixa fertilidade, impróprios para outras culturas. Os
municípios de Cairú, Ilhéus, Nilo Peçanha, Ituberá, Taperoá, Canavieiras, Belmonte e
Valença são tidos como principais cultivadores de piaçava (AVELAR, 2008).
De acordo com Avelar (2008), constituída de fibra longa, flexível, lisa, resistente e de
textura impermeável, a piaçava pode produzir de 8-10 kg de fibras, com média de 1,1
milímetros de largura e até 4 metros de comprimento, colhidas, somente, uma vez por ano.
Esta espécie é uma atraente opção agrícola quando plantada de forma correta, pois começa a
produzir, economicamente, aos sete anos e não necessita de grandes técnicas de manutenção e
exploração (AVELAR, 2008). As fibras de piaçava são empregadas na fabricação de
vassouras, escovas, cordas para navios, cestos, capachos e coberturas (AQUINO et al, 2002).
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O bulbo da piaçava nova é um tipo de palmito muito saboroso, e o seu fruto (coco) possui
amêndoa, muito utilizada para fabricação de farinha, canjica e mingau. Além disso, o coco
serve para produzir novas mudas, botões, piteiras, punhos de bengalas e boquilhas de
cachimbos, como também, constitui propriedades energéticas, sendo utilizado como carvão ou
na queima direta em fornos industriais (AVELAR, 2008).
De acordo com Agrela et al. (2009) na região norte e nordeste existem comunidades que
tem a extração de fibras naturais como fonte de renda, e que as fibras de piaçava possuem alto
teor de lignina, aproximadamente 45% e densidade de 1,12 g ml-1, sendo a densidade da borra
(resíduo) igual a 1,1 g ml-1.
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre os produtos da
exploração extrativista não madeireira que se destacaram em 2013 está a Piaçava,
contribuindo com R$ 82,9 milhões da produção nacional, registrando neste ano uma produção
de 44 617 toneladas (IBGE, 2015).
A exploração da Piaçava para os seus diversos fins gera grande quantidade de resíduo,
também conhecido por borra, constituído por cascas e fibras finas, que embora seja
empregado em outros usos, tais como isolante térmico e cobertura de quiosques, ainda não é
suficiente para evitar o descarte, o que gera um problema ambiental (AVELAR,2008). De
acordo com Silva (2004) as perdas de piaçava nas indústrias de vassouras, rodos e escovas
ficam em torno de 10% a 20%, devido a aquisição de fardos desta fibra com presença de
material molhado e com diâmetro inferior ao utilizado na indústria.
16
4. MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento iniciou em 2012 sendo dividido em três etapas:1.confecção dos tubetes
orgânicos, 2.produção demudas e 3.simulação de campo.
A primeira e segunda etapaforam realizadasna Casa Familiar Agroflorestal – CFAF,
município de Nilo Peçanha – Bahia, cidade pertencente a região da Costa do Dendê com
clima Tropical Chuvoso, precipitação média de 1500 mm e coordenadas geográficas -
13°30’00’’ a -13°50’00’’ de Latitude Sul, e - 39°00’00’’ a -39°30’00’’ de Longitude
Oeste(AVELINO, 2010).
A terceira etapa, denominada simulação de campo, foi realizada no viveiro da
Engenharia Florestal da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, campus Cruz das
Almas,situado a 12°40’12” de Latitude Sul e 39°06’07” de Longitude Oeste, clima Tropical
quente e úmido, com pluviosidade média anual de 1200 mm. (SUPERINTENDÊNCIA DE
ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 2010).
4.1 Desenvolvimento do tubete biodegradável
A matéria prima para fabricação dos tubetes, foi fornecida pela Cooperativa das
Produtoras e Produtos Rurais da APA (Área de Preservação Ambiental) de Pratigi –
COOPRAP, que atua em parceria com a CFAF. Se trata de um tipo de resíduo ou
bagaço,compostos porcascas de fibras, e algumas fibras consideradas curtas e finas para
produção de vassouras.
A fabricação foi realizada de forma artesanal, na qual o resíduo foi misturado a água e
fécula de mandioca em aquecimento de até 100° C, o composto resultante foi moldado em
formas de cimento e posteriormente secos a sombra.
4.2 Desenvolvimento das mudas no viveiro
Para avaliar a viabilidade técnica do uso de tubetes biodegradáveis de piaçava na
produção de mudas de eucalipto foi realizado um experimento no viveiro de produção de
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mudas da CFAF, em delineamento inteiramente casualizado, com dois tratamentos, T1
(tubetes de polietileno de 55 cm3 e T2 (tubetes biodegradáveis de resíduos de piaçava, com 55
cm³)com dez repetições de 64 mudas cada. Para fixar os tubetes biodegradáveis nas bandejas
plásticas desenvolvidas para os tubetes de polietileno, foi necessário adaptar um suporte
confeccionado com material proveniente de garrafa de refrigerante (PET)(Figura 1).
Figura 1: tubete biodegradável com suporte de garrafa pet
As bandejas com os tubetes foram alocadas em bancadas suspensas, em casa de
vegetação a 30% de sombreamento.
A espécie utilizada foioEucalyptus camaldulensis,devido ao amplo conhecimento
sobre produção de mudas de espécies deste gênero, e as sementes doadas pelo Instituto de
Pesquisa e Estudos Florestais – IPEF, safra 2007.
Os tubetes foram preenchidos com substrato comercial para espécies
florestais,adubado com Osmocote (19-6-10) na dose de 1,5 kg m-3 de substrato.O semeio e
raleio foram realizados de forma manual e a irrigação realizada duas vezes ao dia (manhã e
tarde). O raleio ocorreu quando as plântulas apresentaram um par de folhas, deixandoapenas a
muda mais vigorosa e central.
As mudas foram avaliadas quanto ao diâmetro do coleto (D) e altura da parte aérea (H)
aos 66, 80 e 93 dias após a semeadura, com auxílio de paquímetro (mm) e régua (cm),
respectivamente.
Aos 93 dias, considerou-se encerrada a fase de produção das mudas, eduas mudas de
cada repetição foram selecionadas aleatoriamente e avaliadas quantoas variáveis:comprimento
de raiz principal e da parte aérea, utilizando régua; diâmetro do coleto, por paquímetro; área
foliar (AF), as folhas foram destacadas, dispostas sem sobreposição em aparelho scanner,
obteve-se a imagem digitalizada e a área foliar foi contabilizada no software ImageJ.Massa
18
seca da parte área (MSPA) e do sistema radicular (MSSR) e sua porcentagem (%
MSR),secagem em estufa a 70°C por 48 horas e pesagem em balança de precisão; número de
raízes (secundárias e terciárias) quantificação manual; número de deformações das raízes,
calculado através da quantidade de danos (dobramento, enovelamento ou estrangulamento)
que as raízes secundárias e terciárias podem sofrer por conta dos recipientes ou substratos,
obtendo o percentual de deformações de raízes, conforme Freitas, (2007). Calculou-se,
também variáveis como: razão do comprimento da parte aérea pelo comprimento raiz
principal, razão massa seca de raiz pela massa seca da parte aérea, porcentagem de massa seca
de raízes, razão altura da parte aérea pelo diâmetro do coleto, e Índice de Qualidade Dickson
(CARNEIRO, 1995), um método científico, muito utilizado na determinação da qualidade de
mudas, já que considera a interação entre vários parâmetros que refletem as condições de
desenvolvimento da planta, como a altura da parte aérea (H), o diâmetro do colo-coleto (D),
fitomassa seca total (PMST) que é dada pela soma da fitomassa seca da parte aérea (PMSPA)
e a fitomassa seca das raízes (PMSR) (RUDEK, 2013).
Durante o ciclo de produção das mudas os tubetes biodegradáveis foram diariamente
avaliados quanto a integridade, sendo classificados de acordo com as seguintes categorias:
sem deformações, parcialmente deformados e totalmente deformados.
Os dados foramtestados quanto a normalidade dos resíduos (Teste de Shapiro-Wilk) e
submetidos a análises de variância (α= 0.05), Programa R version 3.1.3 (R DEVELOPMENT
CORE TEAM, 2015).
4.3 Simulação de campo
O experimento de simulação de campo foi desenvolvido em ambiente aberto no
viveiro florestal da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no período de Dezembro de
2012 a Março de 2013.O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três
tratamentos: T1 (mudas produzidas em tubetes de polietileno) T2 (mudas produzidas em
tubetes de piaçava, sem remoção dos tubetes no plantio) e T3 (mudas produzidas em tubetes
de piaçava, com remoção dos tubetes no plantio) e dez repetições, com uma muda por
repetição.
Transplantou as mudas para sacolas, para simular uma situação de campo. As sacolas
de 11 litros foram preenchido com terra de subsolo adubada com N-P-K(04-14-08) na
proporção de 3 Kg de adubo para cada 500 L de solo.As plantas foram irrigadas duas vezes ao
dia, e avaliadasquantoà altura (régua, cm) e diâmetro (paquímetro, mm) ao nível do soloaos
19
30, 60, 90 e 120 dias após o plantio.
Aos 120 dias foi retirada uma amostra de solo, a 5 cm da planta, utilizando um cilindro
de (5 cm de diâmetro e de altura). Estas amostras foram congeladas para posterior análise de
raízes, sendo o solo lavado em peneiras de malhas finas, as raízes separadas, montadas em
scanner, obtendo imagem digitalizada para posterior mensuração de comprimento total de
raízes finas e área superficial de raízes por meio do software Safira, desenvolvido pela
Embrapa.
Aos 120 dias as plantas, também, foram avaliadas quanto ao número de raízes
(secundarias e terciárias) e % de deformação de raízes, conforme Freitas (2007).
Os dados foram testados quanto a normalidade dos resíduos (Teste de Shapiro-Wilk) e
submetidos a análises de variância e teste de médias Scott-Knott(α= 0.05), Programa R
version 3.1.3 (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2015).
20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Confecção do tubete biodegradável
A primeira fase do trabalho foi a confecção dos tubetes que deveriam apresentar
volume e forma semelhante aos tubetes de polietileno de 55cm³, usados como testemunhas.
Assim, inicialmente foram confeccionadas formas de cimento para moldar os tubetes. Foram
utilizados os tubetes convencionais de polietileno (55 cm³) para con6fecção das formas
(Figura 2).
Figura 2: Confecção das formas para moldar tubetes biodegradáveis de Piaçava
Na sequência preparou-se uma massa, por meio de cozimento, contendo resíduo de
piaçava, fécula de mandioca e água (figura 3).
Figura 3: Cozimento dos ingredientes para confecção dos tubetes biodegradáveis
21
Para definir a proporção da mistura, tempo de cozimento, rendimento na fase de
moldagem e tempo de secagem ao ar livre dos tubetes confeccionados, foram realizadas 13
linhas de produção, conforme Tabela 1.
Tabela 1 – Variáveis relacionadas a quantidade de materiais, tempo e pessoas necessárias para fabricação dos moldes de cimento, para confecção dos tubete biodegradáveis
Número tubetes
Quantidade resíduo (g)
Quantidade fécula (g)
Quantidade água (ml)
Tempo cozimento (minutos)
Tempo moldar (minutos)
Número de pessoas
Tempo secar (dias)
100 2000,0 1100,0 6800,0 40,0 300,0 3 4,0
100 3000,0 1650,0 10200,0 60,0 390,0 3 4,0
100 3000,0 1650,0 10200,0 60,0 390,0 4 5,0
71 2816,9 1549,3 9577,5 15,0 360,0 3 4,0
50 2000,0 1100,0 6800,0 20,0 360,0 4 4,0
42 2381,0 1309,5 8095,2 20,0 360,0 4 4,0
50 2000,0 1100,0 6800,0 20,0 360,0 4 4,0
100 2000,0 1100,0 6800,0 40,0 300,0 6 4,0
150 2000,0 1100,0 6800,0 60,0 240,0 6 4,0
150 2000,0 1100,0 6800,0 60,0 300,0 4 4,0
100 2000,0 1100,0 6800,0 40,0 360,0 2 4,0
100 2000,0 1100,0 6800,0 40,0 300,0 2 4,0
150 2000,0 1100,0 6800,0 60,0 300,0 5 4,0
Para confecção de 100 tubetes utilizam-se, em média, 2,3 kg de resíduo de piaçava, 1,3
kg de fécula de mandioca, 7,7 litros de água, sendo o tempo médio de cozimento da massa de
40 minutos.
Após preparada a massa, esta foi moldada nas formas de cimento (Figura 1). Para
facilitar a remoção dos tubetes aderidos aos moldes, os mesmos foram envoltos por sacos
plásticos e cobertos com resíduo de óleo de cozinha. Após aderir a massa ao molde a mesma
foi envolvida por palha-da-costa para melhor fixação. O tempo médio para confecção do
molde de cada tubete foi de 1’6”, assim considerando dia de trabalho de 8 horas (com duas
horas de descanso), espera-se que uma pessoa confeccione em média 327 tubetes dia-1. Os
tubetes após moldados foram secos ao ar livre, por um período de quatro a cinco dias
(Figura3).
22
Figura 3: Tubetes biodegradáveis secando ainda na forma de cimento
Após secagem, a palha da costa foi removida e os tubetes estavam prontos para
utilização (Figura 4).
Figura 4: Tubetes biodegradáveis sem a palha da costa e a forma de cimento, prontos para utilização
5.2 Casa de vegetação
A avaliação da integridade dos tubetes biodegradáveis de resíduo de Piaçava permitiu
concluir que 100% dos recipientes utilizados se mantiveram sem deformações durante todo o
ciclo de produção das mudas de eucalipto, que correspondeu a 93 dias. O mesmo não ocorreu
no trabalho de Conti et al. (2012) já que aos 45 dias de desenvolvimento das mudas, a
resistência mecânica dos tubetes biodegradáveis de fibra de coco e bagaço de cana foi
comprometida devido à alta capacidade de absorção de água que prejudicou a aderência de
suas fibras e o aparecimento de fungos, junto com os deslocamentos das fibras que também
acelerou a decomposição e o rompimento dos tubetes biodegradáveis.
Desta forma, os recipientes biodegradáveis produzidos a partir de resíduos de Piaçava
são promissores, considerando que um dos desafios da utilização deste tipo de material é a
23
manutenção da integridade durante todo o ciclo de produção das mudas. Entretanto, além da
manutenção da estrutura, o recipiente deve permitir o desenvolvimento adequado das mudas.
Mudas produzidas em tubetes convencionais apresentaram maiores valores em altura e
diâmetro (Tabela 2).Uma possível explicação para estes resultados é a porosidade do tubete
biodegradável, que favorece maior velocidade de evaporação da água proveniente da
irrigação. Conti et al. (2012) observaram em estudos de produção de mudas em tubetes
biodegradáveis de fibra de coco e bagaço de cana, que o substrato contido nestes recipientes
secava rapidamente, pois a água evaporava através de suas paredes, fazendo com que as
mudas sofressem estresse hídrico.
Tabela 2 -Médias de altura (H), diâmetro (D), área foliar (AF), massa seca da parte aérea (MSPA) de mudas de Eucalyptus camaldulensis, aos 90 dias após a semeadura produzidas em dois tipos de tubetes
TRAT ALTURA (cm)
DIÂMENTRO (mm)
AF (mm2) MSPA (g)
1 Tubete convencional 29,05 a 2,11 a 108,18 a 0,94 a2 Tubete orgânico 22,87 b 1,92 b 95,11 a 0,83 aMédias seguidas por letras iguais minúsculas nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste F/ANOVA a 5% de probabilidade
As características morfológicas das mudas, tais como altura e diâmetro do colo, são
indicadores de qualidade de muda. Para muda de Eucaliptos sp atender aos padrões de
qualidade, a altura deve estar entre 15 a 35cm e o diâmetro do colo acima de 2,0 mm
(GOMES; PAIVA, 2011).Sendo assim, as mudas produzidas nos tubetes orgânicos de resíduo
de piaçava atendem, dentro do ciclo de produção de 90 dias, o padrão relativo à altura, mas o
diâmetro está abaixo (1,92 cm) do mínimo estabelecido (Tabela 2). A área foliar e a massa
seca da parte aérea não foram influenciadas pelo tipo de tubete (Tabela 2).
Com relação as variáveis relativas ao sistema radicular (Tabela 3), observa-se que as
mudas produzidas em tubetes biodegradáveis apresentaram maior quantidade de massa seca
de raíz, bem como menor percentual de deformações nas raízes.
Tabela 3-Médias de massa seca de raiz (MSR), comprimento de raiz principal (CRP), deformação de raiz (%Deformações) e número de raízes (NR) de mudas de Eucalyptus camaldulensis, aos 90 dias após a semeadura produzidas em dois tipos de tubetes
TRATAMENTO MSR (g) CRP (cm) % DEFORMAÇÃO NR
1 Tubete convencional 0,29 b 13,05 a 57,59 a 8,25 a
24
2 Tubete orgânico 0,38 a 13,99 a 25,12 b 9,25 a
Segundo Binotto (2007) a massa seca do sistema radicular está relacionada a
capacidade da muda em captar nutrientes do substrato. Assim, maior massa seca de raízes
pode indicar maior área de captura de nutrientes e melhor desempenho da muda no campo.
O percentual médio de deformação das raízes das mudas provenientes de tubetes
convencionais foi duas vezes maior do que as produzidas nos tubetes biodegradáveis. De
acordo com Freitas (2007) a produção de mudas em recipientes de paredes rígidas pode
resultar em deformações do sistema radicular em função do reduzido volume e manejo
inadequado da produção. Sendo assim, os recipientes produzidos a partir de resíduos de fibra
de piaçava, por não serem de paredes rígidas, provavelmente, minimizaram as deformações
no sistema radicular.
Os recipientes biodegradáveis favoreceram a razão massa seca de raiz/massa seca da
parte aérea (Tabela 4). Binotto (2007) considera esta variável como eficiente para análise de
qualidade de muda. Maior razão MSR/MSPA, bem como o maior percentual de massa seca de
raiz, sugerem maior capacidade do sistema radicular em fornecer nutrientes para parte aérea.
Tabela 4 –Médias de razão massa seca raiz/massa seca parte aérea (MSR/MSPA), porcentagem de massa seca de raiz (%MSR), razão altura da parte aérea/diâmetro do coleto, razão do comprimento da raiz pelo comprimento da parte aérea e Índice de Qualidade Dickson (IQD) de mudas de Eucalyptus camaldulensis, aos 90 dias após a semeadura produzidas em dois tipos de tubetes
Tratamentos MSR/MSPA %MSR LN(H/D) 1/(RAIZ/PA)* IQD
Tubete convencional 0,31 b 23,60 b 2,58(13,22) a 2,59(0,39) a 0,08 aTubete orgânico 0,46 a 31,33 a 2,34(10,44) b 1,87(0,55) a 0,10 a
*Razão do comprimento da raiz pelo comprimento da parte aérea ( )Valores entre parêntese não transformados
A razão entre altura da parte aérea e diâmetro de colo, também denominado quociente
de robustez, foi superior nas mudas dos tubetes plásticos. Esta relação exprime o equilíbrio de
desenvolvimento das mudas no viveiro(CARNEIRO, 1995). De acordo com Gomes e Paiva
(2004) menor quociente de robustez favorece a sobrevivência e o estabelecimento das mudas
no campo. Ao avaliar relação entre variáveis de crescimento e o Índice de qualidade de
Dickson em mudas de eucaliptos e pinus, Binotto (2007) concluiu que as mudas com maior
relação H/D obtiveram os piores indicadores de qualidade.
Estatisticamente, não foram verificadas diferenças entre os dois tipos de recipientes
para as variáveis: área foliar e a massa seca da parte aérea (Tabela 2), comprimento das ráizes
25
principais e número de raízes secundárias e terciárias (Tabela 3), razão do comprimento da
raiz/comprimento da parte aérea e Índice de Qualidade Dickson - IQD (Tabela 4). Por outro
lado apenas duas características morfológicas apontam para superioridade dos tubetes
plásticos, a altura e diâmetro das mudas, enquanto cinco variáveis avaliadas sinalizam
superioridade dos tubetes biodegradáveis, sendo elas: massa seca raiz, % de deformações de
raízes, razão MSR/MSPA, percentual de massa seca de raiz e razão altura da parte
aérea/diâmetro do coleto. Estes resultados evidenciam superioridade das mudas produzidas no
recipiente biodegradável a base de resíduos de Piaçava.
5.3 Simulação de campo
A simulação de campo busca simular o desempenho das mudas na fase de crescimento
inicial no campo. Nesta fase de avaliação da viabilidade dos tubetes biodegradáveisa questão
de maior relevância a ser investigada é se o plantio da muda sem a retirada do tubete
biodegradável interfere no estabelecimento e crescimento da muda no campo. Neste sentido
foi constatado que o plantio da muda sem a retirada do tubete não interfere no
estabelecimento e crescimento das plantas, já que nenhuma das vaiáveis avaliadas nesta fase
do trabalho diferenciaram entre os tratamentos testados (Tabela 5).Assim, não é necessária a
retirada do tubete orgânico no momento do plantio, pois além de servir como recipiente para
germinação, ele pode ser plantado junto com a muda, gerando economia e reduzindo resíduos.
Além disto, elimina-se etapas no processo de produção de mudas em relação ao processo
convencional, tais como recolhimento e higienização dos recipientes.
Tabela 5 -Médias de altura (H), diâmetro (D), comprimento total de raízes finas (CTRF), % Deformação, Número de raízes (NR), área superficial de raízes (ASR) de mudas de Eucalyptus camaldulensis, aos 120 dias após o plantio em simulação de campo realizada em três tipos de tratamentos
TRAT H (cm) D (mm) CTRF (cm)
% Deformação
NR ASR (cm²)
Muda tubete polietileno
144,4 a 17,22 a 47,00 (3,70) a 169,76 a 25,1 a 38,02 a
Muda com tubete orgânico
155,8 a 17,67 a 53,70 (3,06) a 144,16 a 25,2 a 35,15 a
Muda sem tubete orgânico
149,3 a 17,72 a 56,11 (2,95) a 146,17 a 26,8 a 36,17 a
26
Em casa de vegetação, os valores de altura e diâmetro foram superiores para as mudas
provenientes de tubetes convencionais, porém, em simulação de campo estas variáveis não se
diferenciaram estatisticamente.
O comprimento total e a área superficial de raízes finas, também são variáveis que não
diferiram entre os tratamentos avaliados, enfatizando que o tubete de piaçava pode ser
plantado junto com a muda.Na fase de produção das mudas a porosidade e flexibilidade do
tubete orgânico,provavelmente, favoreceramo desenvolvimento das raízes e minimizaram as
deformações neste órgão.
6. CONCLUSÕES
Os recipientes fabricados a partir de resíduos de Piaçava são viáveis para produção de
mudas de Eucalyptus camaldulensis, uma vez que resistem, sem deformações, por pelo menos
um ciclo de produção de mudas, além de produzirem mudas de qualidade, aptas para plantio
no campo.
O plantio da muda sem a remoção do recipiente biodegradável de Piaçava não
interfere no estabelecimento e crescimento inicial da planta no campo.
27
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