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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    FACULDADE DE ODONTOLOGIA

    ROSILAINE SCHENA

    ERUPO ECTPICA DE PRIMEIROS MOLARES PERMANENTES

    SUPERIORES: REVISO DE LITERATURA

    Porto Alegre

    2013

  • ROSILAINE SCHENA

    ERUPO ECTPICA DE PRIMEIROS MOLARES PERMANENTES

    SUPERIORES: REVISO DE LITERATURA

    Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C u r s o apresentado ao Curso de Graduao em Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obteno do ttulo de Cirurgio-Dentista.

    Orientador: Prof. Dr. Jos Renato Prietsch

    Porto Alegre

    2013

  • CIP Catalogao na Publicao

    Schena, Rosilaine Erupo ectpica de primeiros molares permanentes superiores: reviso de literatura / Rosilaine Schena. 2013. 26 f.

    Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Odontologia) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Odontologia, Curso de Graduao em Odontologia, Porto Alegre, BR-RS, 2013. Orientador: Jos Renato Prietsch 1. Erupo ectpica de dente. 2. Erupo dentria. 3.

    Ortodontia. I. Prietsch, Jos Renato. II. Ttulo.

    Elaborada por: Ida Rossi - CRB/10-771

  • A minha av, Ilka Melania Hauth (in memoriam), pelas palavras de otimismo, com as

    quais sempre me incentivou a persistir nos meus sonhos.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Amplio e Iraci, que me deram o dom da vida! Muitas vezes

    trabalharam dobrado, abdicando de seus sonhos em prol dos meus. Obrigada por

    me proporcionarem uma das maiores riquezas da vida: o estudo.

    minha irm, Gislaine, pela amizade e incentivo, pelas brigas e risadas

    costumeiras, que, quando ausentes, deixam em mim um grande vazio.

    minha tia-av, Sabina, que abriu as portas de sua casa e me acolheu de

    braos abertos, nos meus primeiros meses em Porto Alegre, pelo carinho e ateno.

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Jos Renato Prietsch por toda ateno, pacincia

    e prontido para me orientar no decorrer deste trabalho, sempre com consideraes

    relevantes e fundamentais para o desenvolvimento do assunto aqui abordado.

    Ao Daniel e Sergio Hergemller, pelo incentivo a ingressar na carreira

    odontolgica.

    s minhas eternas vizinhas, Roberta e Niane, sempre dispostas a me ajudar,

    pelas palavras nos momentos de angstia, que tornaram esta etapa mais leve, e

    pelas sempre agradveis jantas e chimarres.

    minha amiga e irm de corao, Lydiane, pelo afeto e apoio nos momentos

    em que mais precisei ao longo desta jornada.

    Aos amigos que fiz no decorrer da faculdade, em especial a Lisi (e aqui fica no

    apenas o meu muito obrigada, mas tambm da Cindy pelos cuidados ao longo do

    primeiro semestre), Dessa, Karen, dina, Xika, Robe, Charle, Creta, Leti, Fran, com

    os quais compartilhei no s os melhores momentos da vida acadmica, como

    festas, viagens, noites de estudos, mas tambm aqueles momentos de maior

    apreenso, angstia, dvidas e anseios sobre o futuro de nossas carreiras e de

    nossas vidas.

    Aos pacientes pela confiana e compreenso.

    A todos, o meu muito obrigada!

  • Se enxerguei mais longe, foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes.

    Isaac Newton

  • RESUMO

    SCHENA, Rosilaine. Erupo ectpica de primeiros molares permanentes superiores: reviso de literatura. 2013. 27 f. Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Odontologia) Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

    Erupo ectpica uma alterao do caminho padro de erupo da dentio permanente. Com base nos estudos avaliados, observa-se uma prevalncia em torno de 4% para populao em geral e de quase 20% para irmos de crianas afetadas. O molar considerado como ectopicamente irrompido quando na radiografia observa-se uma imagem sobreposta do elemento impactado sobre a raiz disto-vestibular do dente decduo. O atraso unilateral ou bilateral no surgimento do primeiro molar superior permanente ou um trajeto de erupo em que as cspides distais esto surgindo antes das cspides mesiais deve ser considerado como sinal deste distrbio. Uma radiografia de acompanhamento ao longo do tempo vai permitir o diagnstico diferencial entre erupes ectpicas reversveis e irreversveis. Em ambos os casos, uma reabsoro patolgica da raiz distal dos segundos molares decduos produzida. Quando apenas pequenas quantidades de reabsoro forem observadas a autocorreo espontnea pode ser esperada, estando indicado um perodo de acompanhamento. Porm, se o bloqueio da erupo persistir ou a reabsoro continuar a aumentar algum tipo de tratamento estar indicado. Quando a interveno se fizer necessria a abordagem bsica distalizar e verticalizar o dente erupcionado ectopicamente. Se a necessidade de movimentao for pequena pode-se, ento, utilizar separador de lato, mola de separao ou separador elstico para que se tenha os movimentos desejados. Em casos onde houver a necessidade de maior movimento para distal do que se consegue com estes simples aparelhos, deve-se utilizar mecnicas mais sofisticadas, inclusive aparelhos extra-oral.

    Palavras-chave: Erupo ectpica de dente. Erupo dentria. Ortodontia.

  • ABSTRACT

    SCHENA, Rosilaine. Ectopic eruption of maxillary first permanent molars: a review. 2013. 27 f. Final Paper (Graduation in Dentistry) Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

    Ectopic eruption is a change in the default path of eruption in the permanent dentition. Based in the studies reviewed, there is a prevalence of about 4% for the general population and nearly of 20% for siblings of affected children. The molar is considered ectopically erupted when in the radiograph there is a superimposed image of the impacted element on the distobuccal root of the deciduous tooth. Unilateral or bilateral delay in the emergence of the first permanent molar eruption path or if the distal cusps are appearing before the mesial cusps that should be considered as a sign of this disorder. A radiograph follow-up over time will allow the differential diagnosis between reversible and irreversible ectopic eruption. In both cases, a pathological resorption in the distal root in the second primary molars are produced. When only small amounts of resorption were observed, spontaneous self-correction could be expected, and a monitoring period. Is indicated however, if the blocking eruption persists or the reabsorption continues to increase, some kind of treatment will be indicated. When intervention is necessary, the basic approach is to distalize and verticalize the ectopically erupted tooth. When a little movement, is need a brass separator, separating spring or elastic in order to have the desired movement. In cases where there is a need separador can be used in order for greater distal movement than is achieved with these simple devices, we should used more sophisticated mechanics, including extra-oral devices.

    Keywords: Ectopic eruption of the teeth. Dental eruption. Orthodontic.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO.....................................................................................................08

    2 OBJETIVOS.........................................................................................................10

    2.1 ESPECFICOS.....................................................................................................10

    3 METODOLOGIA..................................................................................................11

    3.1 CRITRIOS PARA A AVALIAO DOS ESTUDOS NESTA REVISO...............11

    3.2 ESTRATGIA DE BUSCA PARA IDENTIFICAO DOS ESTUDOS..................11

    3.3 BASE DE DADOS ELETRNICA........................................................................11

    3.4 BUSCA MANUAL.................................................................................................12

    3.5 SELEO DOS ESTUDOS.................................................................................12

    3.6 CRITRIOS DE INCLUSO................................................................................12

    3.7 CRITRIOS DE EXCLUSO...............................................................................12

    4 REVISO DE LITERATURA................................................................................13

    5 DISCUSSO........................................................................................................22

    6 CONSIDERAES FINAIS E CONCLUSO.....................................................25

    REFERNCIAS....................................................................................................26

  • 1 INTRODUO

    Segundo Kimmel et al. (1982), o primeiro relato na literatura sobre erupo

    ectpica de primeiros molares superiores datada de 1923. Desde ento muitos

    relatos de casos, tcnicas de tratamento, especulaes sobre os fatores etiolgicos

    e descries sobre o padro de reabsoro foram publicados. Alm disso, existem

    vrios estudos apresentando dados sobre a prevalncia da erupo ectpica.

    Erupo ectpica, de acordo com Bjerklin e Kurol (1983), uma alterao do

    caminho padro de erupo da dentio permanente. Mesmo este termo sendo

    referido a qualquer dente, ele tambm aplicado aos primeiros molares

    permanentes, quando o padro de erupo normal interrompido ou bloqueado.

    Este bloqueio ocorre devido a mesializao do molar permanente por falta de

    espao na regio da tuberosidade. A poro mesial do primeiro molar permanente

    fica bloqueado apicalmente na poro distal do segundo molar decduo. Esta

    condio faz com que ocorra reabsoro radicular do segundo molar decduo.

    Existem dois tipos de erupo ectpica bem distintas, a reversvel e a

    irreversvel (BJERKLIN; KUROL, 1981; YASEEN et al., 2011). No primeiro tipo, tem-

    se uma auto correo e o molar consegue erupcionar na posio normal no arco

    dentrio, porm o dente decduo sofre uma pequena reabsoro atpica. No tipo

    irreversvel, o primeiro molar permanente fica retido na parte distal do segundo molar

    decduo na regio cervical e no erupciona para a sua posio normal.

    A erupo ectpica, portanto, pode auto corrigir-se: o molar permanente

    escapa da posio de bloqueio e erupciona em posio normal. Se isso no ocorrer,

    e o primeiro molar permanente continuar com o eixo de erupo mesializado,

    causar extensa destruio, s vezes at, a perda prematura do segundo molar

    decduo. O deslocamento mesial dos primeiros molares permanentes pode gerar

    uma diminuio na permetro do arco dentrio, e, eventualmente, uma impaco do

    segundo pr-molar e uma m ocluso futura (KIMMEL et al., 1982).

    No existe nenhum fator etiolgico bem definido para tal distrbio. Maxila

    menor, erupo e angulao anormal do molar permanente, erupo precoce do

    primeiro molar permanente superior, tamanho maior do que o normal dos dentes

    decduos e permanentes, falta de crescimento sseo na regio da tuberosidade e

    posio posterior da maxila em relao base do crnio so fatores que podem

    08

  • causar erupo ectpica dos molares permanentes (BJERKLIN; KUROL, 1981;

    KIMMEL et al., 1982).

    09

  • 2 OBJETIVOS

    O objetivo desse estudo foi revisar a literatura sobre a erupo ectpica dos

    primeiros molares permanentes superiores.

    2.1 ESPECFICOS

    - Determinar a etiologia da ectopia dos primeiros molares permanentes

    superiores.

    - Verificar a prevalncia da ectopia dos primeiros molares superiores na

    populao.

    - Estabelecer os mtodos de diagnsticos.

    - Revisar as alternativas de tratamento.

    10

  • 3 METODOLOGIA

    A seguir est descrita detalhadamente a metodologia aplicada nesta

    reviso.

    3.1 CRITRIOS PARA A AVALIAO DOS ESTUDOS NESTA REVISO

    Estudos clnicos que avaliaram a prevalncia na populao, mtodos de

    diagnsticos e/ou alternativas de tratamento da ectopia dos primeiros molares

    superiores.

    3.2 ESTRATGIA DE BUSCA PARA IDENTIFICAO DOS ESTUDOS

    Para identificao dos estudos includos nesta reviso, ou considerados para

    a mesma, foram realizadas buscas detalhadas nas base de dados. Tais buscas

    foram realizadas no MEDLINE, PUBMED, Cochrane Oral Health Group, Scielo e

    Bireme, sendo selecionados resumos publicados entre 1981 e 2012, em lngua

    portuguesa e inglesa. A estratgia de busca utilizou uma combinao de descritores

    e palavras-chave.

    Na lngua inglesa foram utilizadas as seguintes palavras-chave:

    1. Ectopic eruption

    2. First permanent molars

    3. Prevalence

    4. Etiology

    5. Orthodontic treatment

    Na literatura de lngua portuguesa foram utilizados os seguintes descritores:

    1. Erupo Ectpica de Dente

    2. Erupo Dentria

    3. Ortodontia

    3.3 BASE DE DADOS ELETRNICA

    As bases eletrnicas utilizadas foram as seguintes:

    Cochrane Oral Health Group.

    MEDLINE.

    PUBMED.

    Scielo.

    11

  • Bireme.

    3.4 BUSCA MANUAL

    Para complementar o estudo foi feita uma busca manual em bibliotecas, dos

    artigos eventualmente no contemplados na busca eletrnica dentro do perodo

    referido.

    3.5 SELEO DOS ESTUDOS

    Foram examinados os ttulos e os resumos de todos os estudos encontrados

    por meio de buscas eletrnicas e manual. Dentre estes, foram avaliados os estudos

    que cumpriram com os critrios de incluso.

    3.6 CRITRIOS DE INCLUSO

    Peridicos disponveis no portal de peridicos da Capes e pertencentes ao

    acervo da biblioteca da FO-UFRGS.

    Publicados em lngua inglesa e portuguesa.

    Banco de dados MEDLINE, PUBMED e Cochrane Oral Health Group, Scielo e

    Bireme.

    Palavras-chave e descritores, supracitados.

    Relatos de casos de pacientes de ambos os gneros, com idade entre 5 e 12

    anos.

    3.7 CRITRIOS DE EXCLUSO

    Casos associados a sndromes, a outras disfunes dentrias, malformaes

    crnio-faciais e fissura labiopalatal.

    12

  • 4 REVISO DE LITERATURA

    Erupo ectpica do primeiro molar permanente superior um distrbio no

    trajeto de erupo, no qual o primeiro molar permanente entra em contato

    apicalmente com a face distal do segundo molar decduo provocando uma

    reabsoro atpica nessa regio (BJERKLIN; KUROL, 1981).

    A erupo ectpica classificada em reversvel ou irreversvel (BJERKLIN;

    KUROL, 1981; YASEEN et al., 2011), sendo que quando reversvel, tem-se uma auto

    correo e o molar consegue erupcionar em posio normal no arco dentrio.

    Portanto, a erupo ectpica reversvel significa que o primeiro molar permanente

    superior consegue erupcionar distalmente ao segundo molar decduo, mas o

    decduo sofre uma pequena reabsoro atpica. J no tipo irreversvel, o primeiro

    molar permanente fica retido na poro distal do segundo molar decduo e no

    erupciona para a posio normal.

    A classificao desta ectopia se d conforme o grau de severidade do dano

    causado ao segundo molar decduo (figura 1): (a) grau I, possui menor grau de

    severidade, sendo classificada como severidade leve, onde ocorre uma reabsoro

    limitada ao cemento ou com mnima penetrao na dentina do segundo molar

    decduo; (b) grau II, possui severidade moderada, tendo reabsoro da dentina, mas

    sem exposio pulpar do segundo molar decduo; (c) grau III, apresenta severidade

    grave, tendo reabsoro da raiz distal do segundo molar decduo levando a

    exposio pulpar; (d) grau IV, apresenta o maior grau de severidade, sendo

    classificado como muito grave devido a reabsoro que afeta a raiz mesial do

    segundo molar decduo (BARBERIA-LEACHE; SUAREZ-CLA; SAAVEDRA-

    ONTIVEROS, 2005). Figura 1 - Classificao de severidade.

    Fonte: BARBERIA-LEACHE; SUAREZ-CLA; SAAVEDRA-ONTIVEROS, 2005, p. 612.

    13

  • Em um estudo realizado por Bjerklin e Kurol (1981), na Sucia, na qual foram

    examinadas radiografias de 2.903 crianas entre 7 e 9 anos, sendo 1.459 meninos e

    1.444 meninas, observou-se que 126 (4,3%) apresentaram erupo ectpica de pelo

    menos um dos primeiros molares superiores. Das 126 crianas, 75 eram meninos

    (60%) e 51 eram meninas (40%), sendo que juntos, totalizou-se 186 erupes

    ectpicas dos primeiros molares superiores. Destes, 76 casos (41%) foram do tipo

    irreversvel, e 110 (59%) do tipo reversvel. A distribuio da erupo ectpica entre

    o lado esquerdo e direito da maxila foi semelhante, 32 do lado direito, 34 do lado

    esquerdo e 60 bilateral. Quanto ao tratamento, as 110 erupes ectpicas do tipo

    reversvel tiveram a correo espontnea e o molar irrompeu na posio normal,

    entretanto, nos 76 casos do tipo irreversvel, 54 segundos molares decduos com

    reabsoro foram extrados sem qualquer outro tratamento prvio, 6 foram extrados

    aps insucesso do tratamento, 7 tiveram extrao planejada e em 9 casos, aps o

    tratamento, o dente decduo permaneceu em boca e o permanente conseguiu

    erupcionar em posio correta. O tratamento incluiu separao com ligadura de

    bronze em 5 casos e desgaste na distal do segundo molar decduo em 4 casos.

    Todas as crianas foram tratadas aos 7 anos de idade, exceto uma.

    Em 1982, Kurol e Bjerklin, avaliaram a tendncia familiar para a erupo

    ectpica dos primeiros molares superiores, com base num estudo prvio realizado

    por eles em 1981, na Sucia, com 2.903 crianas. Para a realizao do estudo,

    foram coletados dados de todos os irmos das crianas afetadas, sendo encontrado

    erupo ectpica em 16 (19,8%) dos 81 irmos investigados. A prevalncia para

    irmos afetados (19,8%) foi quase cinco vezes maior do que para a populao em

    geral (4,3%) e esta diferena foi estatisticamente significativa. A erupo ectpica do

    tipo reversvel foi encontrada em 11 dos 16 irmos afetados, destes, 10 so meninos

    e 6 so meninas.

    Kimmel et al. (1982), estudaram a prevalncia da erupo ectpica de

    primeiros molares superiores em diferentes reas dos Estados Unidos, e sua relao

    com gnero, raa e acesso a gua fluoretada. Foram avaliadas 5.277 crianas, entre

    5 e 9 anos, e observou-se uma prevalncia de 3,83% (202 crianas). Das 202

    crianas, 114 so meninos e 84 meninas, 140 so brancos e 34 negros, 87 tinham

    acesso gua fluoretada e 115 no tinham acesso fluoretao, e nenhuma dessas

    14

  • caractersticas apresentou diferena estatisticamente significativa. Das crianas

    estudadas, 125 apresentaram erupo ectpica unilateral e 73 bilateral.

    Bjerklin e Kurol (1983), realizaram um estudo para determinar quais so os

    fatores etiolgicos mais importantes que podem gerar uma erupo ectpica do

    primeiro molar permanente superior, e tambm para distinguir as variveis

    associadas erupo ectpica. O estudo envolveu 129 crianas, com faixa etria

    entre 6 a 10 anos, das quais 92 (58 meninos e 34 meninas) tiveram erupo

    ectpica de pelo menos um primeiro molar permanente superior. Destas, 24 crianas

    tiveram erupo ectpica irreversvel bilateral e 33 tiveram erupo ectpica

    irreversvel unilateral. A erupo ectpica reversvel bilateral ocorreu em 15 crianas

    e 20 tiveram erupo ectpica reversvel unilateral. O grupo controle foi composto

    por 37 crianas com erupo normal e foram pareadas por idade e sexo com as

    crianas que tiveram erupo ectpica irreversvel. Para coleta de dados foram

    usadas radiografias panormicas, radiografias laterais de cabea e modelos de

    estudos. As radiografias panormicas foram utilizadas para mensurar a angulao

    mesial dos primeiros molares permanentes. Para obteno desta angulao, foi

    medido o ngulo formado entre uma linha de referncia horizontal traada atravs

    do ponto mais baixo da fossa orbital em ambos os lados, e uma linha vertical traada

    tangente parte mesial da coroa e da raiz msio-vestibular. Foram analisadas

    diversas medidas lineares nos modelos de gesso, sendo que aps a anlise das

    variveis, observou-se que a principal caracterstica da erupo ectpica irreversvel

    era que o primeiro molar permanente possua ngulao mesial maior e aumento da

    largura mesio-distal. Essas diferenas foram estatisticamente significativas quando

    comparadas com o lado normal. A maxila nesses casos foi menor e o molar

    permanente foi situado mais anteriormente do que o esperado em relao espinha

    nasal posterior. No foram encontradas diferenas estatisticamente significativas

    para as variveis sexo e posio sagital da maxila e da mandbula. Embora os

    molares fossem significativamente maiores quando apresentavam erupo ectpica

    irreversvel, em comparao com os lados onde a erupo era normal, os incisivos

    centrais no apresentaram diferena significativa. No houve diferena com relao

    s variaes na ocluso em qualquer relao transversal, vertical ou sagital. As

    crianas com erupo ectpica irreversvel bilateral, possuam a largura msio-distal

    do primeiro molar permanente superior 0,6mm maior no lado direito e 0,4mm maior

    15

  • no lado esquerdo, quando comparadas s larguras destes mesmos dentes do grupo

    controle.

    Em uma reviso de literatura, feita por Kurol e Bjerklin (1986), observou-se

    uma variao da prevalncia entre 2% e 6% nos estudos publicados entre 1947 a

    1982. Quanto a etiologia, foram citados fatores locais como, comprimento do arco

    inadequado, falta de crescimento na regio posterior da maxila, inclinao mesial do

    trajeto de erupo, aumento na largura msio-distal do primeiro molar permanente

    superior, e fatores hereditrios. Em relao aos mtodos de tratamento nos casos de

    erupo ectpica reversvel, no h necessidade de intervenes. Deve ser

    realizada apenas uma observao por um perodo, pois o primeiro molar

    permanente consegue se liberar espontaneamente e erupcionar na posio correta.

    Sempre que possvel deve-se evitar danos ao segundo molar decduo, pois ele

    serve como mantedor de espao, favorecendo, a longo prazo, para o correto

    desenvolvimento da ocluso. Desta forma, importante diferenciar as erupes

    ectpicas reversveis das irreversveis e quando houver incertezas quanto ao

    diagnstico, o tratamento deve ser adiado por alguns meses. Nos casos de erupo

    ectpica irreversvel, pode-se dividir os tratamentos em com ou sem extrao do

    segundo molar decduo. Nos tratamentos sem extrao do molar decduo em que o

    molar permanente permanece bloqueado na poro distal do molar decduo, pode-

    se usar fio de lato ou molas para afastar o primeiro molar permanente do segundo

    molar decduo. A separao com molas geralmente efetiva, mas alguns tipos

    podem causar distrbio na ocluso ao final do tratamento. A separao com fio de

    lato questionvel em alguns casos, sendo que nestas ocasies, a separao com

    molas pode ser til. Nos casos em que o primeiro molar permanente est bloqueado

    no segundo molar decduo devido a sua inclinao mesial, recomendado um

    movimento mais ativo do molar permanente para distal, e para tal podem ser

    utilizadas bandas, nos molares decduos, soldadas com mola ativa sobre a oclusal

    do molar permanente. Se houver o segundo molar decduo em ambos os lados,

    aconselhado bandar os dois e soldar uma barra transpalatina devido as foras

    biomecnicas. Nos casos em que a reabsoro do segundo molar decduo muito

    extensa, sendo necessria sua exodontia, talvez seja necessrio a utilizao de um

    mantedor de espao, porm muitas vezes tenha-se que distalizar e verticalizar o

    primeiro molar permanente com trao cervical.

    16

  • Segundo Roberts (1986), a utilizao de algumas tcnicas para corrigir a

    erupo mesializada do primeiro molar permanente requer que o dente em questo

    esteja parcialmente erupcionado, isto necessrio para utilizao de vrios

    dispositivos, como por exemplo, molas, fios de lato e brquetes. A tcnica que

    utiliza uma coroa de ao inoxidvel com uma extenso distal permite o tratamento

    quando o molar permanente estiver totalmente impactado. A interveno ortodntica

    preventiva deve ser iniciada somente aps o dentista estar convencido de que o

    dente permanente incapaz de erupcionar passando pela superfcie distal do

    segundo molar decduo e entrar em ocluso corretamente.

    Segundo Kurol (2002), a ectopia dos primeiros molares permanentes podem

    ser diagnosticados clinicamente quando a parte distal da coroa do molar for visvel

    em boca. A sua prevalncia de 4% em geral e 20% em irmos de crianas

    afetadas, sendo que a auto-correo possvel entre 6 e 7 anos de idade, caso

    contrrio, necessrio o tratamento precoce para trazer o dente bloqueado

    ocluso. Isso deve comear quando for evidente que a auto-correo no ir ocorrer.

    A literatura defende o uso da ligadura de fio de lato, molas ou elsticos

    separadores utilizados na distalizao do primeiro molar permanente impactado na

    distal do segundo molar decduo. Quando o segundo molar decduo for perdido, o

    primeiro molar permanente pode mover-se mesialmente, resultando numa

    deficincia de espao para o segundo pr-molar, nestes casos, o objetivo do

    tratamento mover o primeiro molar permanente para distal, na posio vertical, e

    recuperar o espao perdido. Placas removveis, aparelhos fixos e aparelhos

    extrabucais esto entre as opes de tratamento. A trao extraoral vai distalizar e

    verticalizar o molar permanente em um perodo de 9 a 12 meses.

    Em um estudo realizado por Kim e Park (2004), eles sugerem o uso de uma

    mola em forma de cunha triangular (figura 2), que consiste em trs laadas

    helicoidais em forma triangular com fio 0,018 polegadas, inserido entre o segundo

    molar decduo e o primeiro molar permanente em erupo ectpica (figura 3). Nesse

    estudo, um caso de erupo ectpica foi tratado com sucesso utilizando uma mola

    com forma de cunha triangular durante 2 meses. Segundo os autores, este tipo de

    mola pode ser utilizada como uma forma simples, menos irritvel, e mais eficaz para

    corrigir a erupo ectpica do primeiro molar permanente.

    17

  • Figura 2 - Aparelho com trs laadas helicoidais em forma triangular.

    Fonte: KIM; PARK, 2004, p. 144.

    Figura 3 - Aparelho inserido entre o segundo molar decduo e o primeiro molar permanentes.

    Fonte: KIM; PARK, 2004, p. 144.

    Barberia-Leache, Suarez-Cla e Saavedra-Ontiveros (2005), avaliaram as

    caractersticas e a ocorrncia da erupo ectpica do primeiro molar permanente

    superior em uma amostra de crianas espanholas. Foi realizado um estudo

    utilizando as radiografias de 509 crianas, com idades entre 6 a 9 anos. A freqncia

    de ocorrncia foi de 4,3% e a distribuio por gnero mostrou que 59% (13

    pacientes) eram meninos e 41% (9 pacientes) eram meninas, entretanto, a diferena

    entre os gneros no foi estatisticamente significativa. A anomalia ocorreu de forma

    unilateral em 36,4% dos pacientes afetados e bilateral em 63,6%. Nos casos

    unilaterais, 75% estavam localizados no lado direito, enquanto que 25% estavam no

    lado esquerdo, esta diferena foi estatisticamente significativa. Em relao ao

    prognstico dos 36 molares ectpicos em 22 crianas, 25 (69,4%) foram auto-

    corrigidas e 11 (30,6%) permaneceram impactados. A impactao mdia foi de 2,9

    mm no lado direito e 1,6 mm no lado esquerdo e esta diferena foi estatisticamente

    significativa. Embora a reabsoro tenha sido encontrada em graus I e II, a auto-

    18

  • correco espontnea pode ser esperada sem interveno, no entanto, em grau III e

    IV, a interveno teraputica deve ser feita. A vantagem do diagnstico precoce e

    tratamento da erupo ectpica do primeiro molar permanente a preveno da

    perda prematura do segundo molar decduo e a consequente m ocluso.

    Kennedy (2007), sugere como tratamento para erupo ectpica de primeiros

    molares superiores, uma banda de ao pr-fabricada adaptada no segundo molar

    decduo, e dois ganchos soldados a ela, um por vestibular e um por lingual, sendo

    ligados por um elstico a um boto cimentado na oclusal do molar permanente

    (figura 4).

    Figura 4 - Aparelho inserido entre o segundo molar decduo e o primeiro molar permanentes.

    Fonte: KENNEDY, 2007, p. 328

    Para Yaseen et al. (2011), a etiologia da erupo ectpica pode ser resumida

    como sendo uma perturbao do padro de crescimento do indivduo. Tecidos e

    rgos diferentes crescem a taxas diferentes e em momentos diferentes. Um

    delicado equilbrio normalmente existe entre o tempo e a taxa de crescimento. O

    crescimento diferencial a base para a concluso normal e harmoniosa de vrios

    processos fisiolgicos, incluindo a erupo dos dentes. Sempre que esse equilbrio

    perturbado devido a fatores congnitos ou interferncias ambientais, uma situao

    anormal se desenvolve. , portanto, evidente que, independentemente do agente

    etiolgico, uma perturbao do equilbrio entre a taxa de crescimento da maxila, a

    taxa de erupo dos primeiros molares e/ou os tamanhos msio-distais dos dentes

    produzem a erupo ectpica. Quando um dente no entrar em erupo atravs do

    osso alveolar, este deve ser visto com cuidado. Embora a maioria dos dentes

    ectpicos acabe irrompendo em posio normal, a interveno aconselhvel

    imediatamente aps o dente penetrar na crista alveolar. Tambm tem sido

    19

  • demonstrado que na maioria dos casos de erupo ectpica reversvel o dente

    acaba se libertando por volta dos 7 anos de idade da criana. Portanto, adiar o

    tratamento para uma idade mais avanada no recomendado, uma vez que o

    tratamento precoce pode evitar uma perda de espao de 6 a 8 mm. Vrios mtodos

    de tratamento deste problema foram descritos. Podemos utilizar na proximal entre o

    primeiro molar permanente e o segundo molar decduo, fio de lato e molas. Outra

    tcnica para corrigir erupo ectpica do primeiro molar permanente, a utilizao

    de uma banda de ao ortodntico pr-fabricada adaptada no segundo molar decduo

    do lado afetado, e um fio flexvel em forma de S soldado na banda, o

    prolongamento distal do fio colocado numa preparao no sulco central do molar

    permanente em erupo ectpica, sendo necessrio reativar o aparelho em sete ou

    dez dias, durante seis semanas.

    Hennessy et al. (2012), relatam em seu estudo que a erupo ectpica do

    primeiro molar superior pode ser considerada uma desordem multifatorial. Para fins

    de diagnstico deve se fazer um exame clnico completo. Em crianas com 7 anos

    ou mais, a poro mesial da coroa do primeiro molar permanente, muitas vezes,

    pode estar bloqueada na distal do segundo molar decduo. Radiografias deveriam

    ser realizadas em crianas de 5 a 7 anos para o diagnstico precoce, uma

    radiografia bitewing o suficiente, porm a radiografia panormica tambm nos

    mostra a presena dos germes dos dentes permanentes. A erupo ectpica pode

    apresentar como consequncias, dor e infeco em torno do segundo molar

    decduo. Em casos mais severos pode haver a esfoliao precoce do molar decduo,

    levando a migrao mesial do primeiro molar permanente que ocupar o espao do

    segundo pr-molar, resultando na diminuio no comprimento do arco e podendo

    causar atraso na erupo ou impactao do segundo pr-molar. Alguns fatores

    devem ser considerados na definio do tratamento, como por exemplo, a idade do

    paciente, o estado do segundo molar decduo, presena do segundo pr-molar e a

    severidade da impactao. A correo espontnea geralmente ocorre antes dos 7

    anos de idade. Em pacientes com diagnstico de erupo ectpica antes dos oito

    anos de idade, aconselhado observar por um perodo de seis meses e se neste

    perodo no ocorrer a correo espontnea, a interveno pode ser necessria. Tal

    interveno pode ser dividida em encaixe interproximal e inclinao distal. Um

    separador de elstico, fio de lato ou um separador de metal Kesling podem ser

    20

  • usados para encaixe interproximal. J para inclinao distal necessrio um

    aparelho removvel ou fixo. A tcnica de encaixe interproximal deve ser

    cuidadosamente supervisionada, pois o deslocamento para apical da borracha

    separadora ou do fio de lato pode induzir infeco e perda precoce do segundo

    molar decduo. O uso do separador, seja com borracha ou com fio de lato, est

    indicado nos casos em que se requer pouco deslocamento e h pouca reabsoro

    do molar decduo. Se for necessria uma pequena quantidade de movimento, e

    pouca superfcie mesial do molar permanente estiver visvel clinicamente, est

    indicado o uso de fio de lato. As desvantagens para utilizao do fio de lato so

    que se faz necessrio o uso de anestsicos para colocao do fio e quando o ponto

    de contato estiver subgengival dificulta a colocao. Na tcnica de inclinao distal,

    pode-se utilizar um aparelho removvel com um brao de suporte que se estende

    distalmente ao segundo molar decduo e se ligar a um boto colado na distal da

    superfcie oclusal do primeiro molar permanente, ou aparelho fixo. Aps a correo

    da posio do molar permanente, pode ocorrer reincidncia, e uma maneira simples

    de se prevenir colocando uma banda com extenso distal no segundo molar

    decduo. O paciente deve ser rechamado a cada 6 - 8 semanas para acompanhar a

    erupo, e apenas se remove a banda quando o molar permanente j estiver

    erupcionado o suficiente para evitar reincidncia. Se o segundo molar decduo tiver

    sido extrado, pode-se utilizar o boto de Nance ou um arco palatino para manter o

    molar permanente em posio correta.

    21

  • 5 DISCUSSO

    Kurol e Bjerklin (1982), observaram uma tendncia familiar nas erupes

    ectpicas de primeiros molares permanentes superiores. Em 1983, Bjerklin e Kurol,

    relataram em seu estudo que na erupo ectpica irreversvel o primeiro molar

    permanente possua angulao mesial maior e largura msio-distal maior do dente,

    e nesses casos a maxila tinha um tamanho menor e o molar permanente estava

    situado mais anteriormente do que o esperado em relao espinha nasal posterior.

    Kurol e Bjerklin (1986), realizaram uma reviso de literatura aonde constataram que

    existem fatores locais como, comprimento inadequado do arco, falta de crescimento

    na regio posterior da maxila, inclinao mesial do trajeto de erupo, aumento na

    largura do primeiro molar permanente, e fatores hereditrios envolvidos na etiologia

    da erupo ectpica dos primeiros molares superiores. Para Yaseen et al. (2011), a

    etiologia da erupo ectpica pode ser resumida como sendo uma perturbao do

    padro de crescimento do indivduo, pois tecidos e rgos diferentes crescem a

    taxas diferentes e em momentos diferentes, sendo que um delicado equilbrio

    normalmente existe entre o tempo e a taxa de crescimento. Sempre que este

    equilbrio perturbado devido a fatores congnitos ou interferncias ambientais,

    uma situao anormal se desenvolve. Para os autores, evidente que,

    independentemente do agente etiolgico, uma perturbao do equilbrio entre a taxa

    de crescimento da maxila, a taxa de erupo dos primeiros molares e/ou os

    tamanhos dos dentes produzem a erupo ectpica. Para Hennessy (2012), a

    erupo ectpica do primeiro molar superior pode ser considerada uma desordem

    multifatorial. Considerando os dados descritos nos estudos, quanto aos fatores

    etiolgicos, pode-se sugerir que os fatores locais envolvidos na erupo ectpica de

    primeiro molar permanente superior sejam: angulao mesial do primeiro molar

    permanente, largura da coroa maior do que a largura mdia dos primeiros molares

    permanentes, e uma diferena na cronologia de crescimento sseo na regio da

    tuberosidade em relao calcificao e erupo do molar. E, por ltimo, mas no

    menos importante, uma tendncia familiar tem sido observada (KUROL; BJERKLIN,

    1982), todavia, necessrio mais estudos que suportem esta tendncia familiar.

    Em outro estudo realizado por Bjerklin e Kurol (1981), observou-se que 4,3%,

    da populao analisada, apresentaram erupo ectpica em pelo menos um dos

    primeiros molares permanentes superiores. Kurol e Bjerklin (1982), observaram uma

    22

  • prevalncia de 19,8% entre irmos de crianas que apresentavam erupo ectpica

    de primeiros molares. Nesse mesmo ano, Kimmel et al., verificaram uma prevalncia

    de 3,83% na populao analizada. Barberia-Leache, Suarez-Cla e Saavedra-

    Ontiveros (2005), verificaram uma frequncia de ocorrncia de 4,3% em uma

    amostra de crianas espanholas analisadas. Com base nos estudos avaliados,

    observa-se uma variao da prevalncia entre 3,83% e 4,3% para populao em

    geral e de quase 20% para irmos de crianas efetadas.

    Apesar de em todos os estudos includos nesta reviso a erupo ectpica

    estar presente de forma mais prevalente no sexo masculino, no h diferena

    estatisticamente significativa entre os sexos (BJERKLIN; KUROL, 1981; KUROL;

    BJERKLIN, 1982; KIMMEL et al., 1982; BJERKLIN; KUROL, 1983; BARBERIA-

    LEACHE; SUAREZ-CLA; SAAVEDRA-ONTIVEROS, 2005).

    Quanto a distribuio das erupes ectpicas de primeiros molares

    permanentes superiores na arcada, pode-se observar, a partir dos estudos

    analisados, que erupes ectpicas so na maioria das vezes unilaterais e em

    menor nmero bilaterais (BJERKLIN; KUROL, 1981; KIMMEL et al., 1982;

    BJERKLIN; KUROL, 1983;), com exceo de um estudo, no qual a maior frequncia

    da ocorrncia de casos foi bilateral (BARBERIA-LEACHE; SUAREZ-CLA;

    SAAVEDRA-ONTIVEROS, 2005). Neste mesmo estudo observa-se que nos casos

    unilaterais tem-se uma maior prevalncia no lado direito em relao ao esquerdo,

    sendo esta diferena estatisticamente significativa.

    Em relao as erupes ectpicas reversveis e irreversveis, foi verificado

    maior frequncia de casos reversveis em relao aos casos irreversveis

    (BJERKLIN; KUROL, 1981; KUROL; BJERKLIN, 1982), com exceo de um estudo

    que apresentou maior prevalncia nos casos irreversveis em relao aos

    reversveis (BJERKLIN; KUROL, 1983), porm tal estudo no apresenta uma

    metodologia clara e bem definida.

    O diagnstico geralmente feito atravs de um exame radiogrfico de rotina.

    Pode se suspeitar de erupo ectpica quando, clinicamente, os lados mesial e

    distal do primeiro molar permanente superior estiverem erupcionando de forma

    assimtrica. E radiograficamente, deve se suspeitar de erupo ectpica, quando o

    primeiro molar permanente estiver intimamente relacionado com a raiz disto-

    vestibular do segundo molar decduo (BJERKLIN; KUROL, 1983; KUROL, 2002).

    23

  • Pode-se utilizar alguns exames complementares para fins de diagnstico, entre eles

    as radiografias panormicas para mensurar a angulao mesial dos primeiros

    molares permanentes, e a radiografia lateral de cabea para verificar o espao

    disponvel na regio da tuberosidade (BJERKLIN; KUROL, 1983).

    Uma radiografia de acompanhamento ao longo do tempo vai permitir o

    diagnstico diferencial entre erupes ectpicas reversveis e irreversveis. Em

    ambos os casos, uma reabsoro patolgica da raiz distal dos segundos molares

    decduos produzida. Quando apenas pequenas quantidades de reabsoro forem

    observadas (grau I e II) a autocorreo espontnea pode ser esperada, estando

    indicado um perodo de espera com acompanhamento. Porm, se o bloqueio da

    erupo persistir ou a reabsoro continuar a aumentar algum tipo de tratamento

    estar indicado. Quando a interveno se fizer necessria a abordagem bsica

    movimentar o dente erupcionado ectopicamente para longe do dente decduo que

    est sendo reabsorvido, ou seja, distalizar e/ou verticalizar o primeiro molar

    permanente. Se a necessidade de movimentao for pequena pode-se, ento,

    utilizar separador de lato, mola de separao ou separador elstico para que se

    obtenha os movimentos desejados. Em casos onde houver a necessidade de mais

    movimento distal do que se consegue com estes simples aparelhos, utiliza-se banda

    e mola, banda e cantilver com trao elstica, ou aparelhos de trao extra-oral

    (BJERKLIN; KUROL, 1981; KUROL; BJERKLIN, 1986; ROBERTS, 1986; KUROL,

    2002; KIM; PARK, 2004; KENNEDY, 2007, YASEEN et al., 2011, HENNESSY et al.,

    2012).

    24

  • 6 CONSIDERAES FINAIS E CONCLUSO

    Estudos realizados entre 1981 e 2012 demostram uma variao da

    prevalncia de aproximadamente 4% para populao em geral. Quanto a etiologia,

    os fatores locais citados foram a largura msio-distal maior do primeiro molar

    permanente superior, maxila atrsica e uma desarmonia entre a taxa de crescimento

    na regio da tuberosidade e a taxa de calcificao e erupo dos primeiros molares

    permanentes superiores. Todavia, necessrio mais estudos que suportem estes

    achados.

    Um trajeto de erupo assimtrico, em que as cspides distais esto surgindo

    antes das cspides mesiais, um sinal clnico da erupo ectpica dos primeiros

    molares permanentes superiores. Radiograficamente, observa-se uma sobreposio

    do primeiro molar permanente com o segundo molar decduo.

    Devido as consequncias causadas pela erupo ectpica, uma interveno

    precoce deve ser realizada, afim de evitar a perda do segundo molar decduo. Com

    a perda precoce do segundo molar decduo temos uma maior migrao mesial do

    primeiro molar permanente, podendo gerar a impactao do segundo pr-molar.

    Esta migrao mesial acaba levando reduo do espao no arco dentrio, e

    consequentemente ao estabelecimento de uma m ocluso. Nos casos que

    apresentarem reabsoro de grau I, a autocorreo espontnea pode ser esperada,

    estando indicado um perodo de acompanhamento. Quando for necessrio intervir, a

    abordagem bsica distalizar e verticalizar o primeiro molar permanente. Nos casos

    de grau II pode-se utilizar separador de lato ou separador elstico. Nos casos de

    grau III e IV pode-se utilizar molas de separao e quando houver necessidade de

    maior movimentao distal deve-se utilizar mecnicas mais sofisticadas, inclusive

    aparelhos de trao extra-oral.

    25

  • REFERNCIAS

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    26