A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO PEDAGÓGICO NO TRABALHO DOCENTE: ENTRE O PRESCRITO E O REALIZADO
ERNALDINA SOUSA SILVA RODRIGUES
ELIANE MAURA LITTIG MILHOMEM DE FREITAS
A ORDENAÇÃO DO TEMPO ESCOLAR
O tempo escolar é institucional, é organizativo e é
fato cultural, como tal resulta de uma construção
histórica.
O tempo escolar, tal como ocorre hoje nas escolas,
ou seja, com a distribuição de conteúdos, matérias e
atividades durante o ano letivo e o estabelecimento
de horários, é fruto de mudanças das concepções de
educação escolar e das reformas educacionais.
A ORDENAÇÃO DO TEMPO ESCOLAR
Embora os tempos escolares tenham sido definidos pelo
currículo nacional único e pela legislação, as discussões em
torno dessa dimensão importante no trabalho educativo
ganharam relevância no fim do século XX e continuam em
relevância no início do século XXI.
Essas discussões trazem elementos para a reflexão sobre a
sequência temporal que orienta a organização do trabalho
escolar, as diferentes formas pelas quais passou e tem
passado, bem como suas múltiplas temporalidades, seus
usos e significados
A ORDENAÇÃO DO TEMPO ESCOLAR
A organização do tempo escolar caminha junto com a
institucionalização da escola pública e ganha a legitimação
de ritmos e tempos sob controle do Estado.
A prescrição do tempo por meio de calendários, rotinas,
programas e projetos na escola tem como foco as práticas
escolares, atividade principal da organização do ensino.
CALENDÁRIO ESCOLAR
CALENDÁRIO ESCOLAR Teixeira (1999) em seu artigo sobre “cadências escolares e
ritmos docentes” afirma que, após analisar os calendários
escolares de algumas escolas, observou que eles especificam
vários períodos e temporalidades, delimitando conjuntos de
tempo/atividades, tais como: as jornadas de trabalho e dias de
descanso (feriados, recessos, férias); as subunidades de
temporalização como bimestres, trimestres, quinzenas,
semanas e dias letivos; os períodos festivos e comemorativos
(dia das mães, do índio, etc); as datas pedagógicas especiais,
como os dias de planejamento, “as semanas de avaliação”, os
períodos de recuperação; os períodos não letivos, como os de
seleção e matrícula; as datas das reuniões e assembleias
escolares; a programação extra escolar, como as excursões;
os “dias de conveniência”, as feiras de cultura, as
competições esportivas e etc. (p.98)
CALENDÁRIO
ESCOLAR
O calendário evidencia o
caráter de organização,
continuidade, uniformidade e
linearidade do tempo vivido
na escola.
O ano escolar institui um
tempo de trabalho
permanente, que cessa
quando autorizado.
A ordenação minuciosa do emprego do tempo revela o
sentido estrutural que ele adquire na racionalização
curricular. Ordenar os conteúdos por série, lições e aulas
consistia em uma tarefa árdua. Na distribuição do tempo
nas escolas, os horários surgiram como objetos
catalisadores de uma determinada estrutura temporal,
pondo em funcionamento um dispositivo que visava
assegurar a marcha da classe, evitar interrupções
desnecessárias, manter o tempo todo ocupado, impedir a
dispersão e a desordem. Respeitar o tempo fazia parte da
disciplina.
O tempo escolar próprio
da escola é ritmado pelas
cadências das atividades
como início das aulas,
conclusão da série,
exames finais, horários de
aulas, recreio e festas de
encerramento do ano
letivo.
Os horários de aulas, são ordenados em função das
disciplinas escolares e de sua sequência ao longo dos dias,
das semanas, das quinzenas, dos meses e anos, visando
facilitar o controle do trabalho docente.
A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO ESCOLAR DE
ACORDO COM A LDB Nº 9394/96 (art. 23)
A educação básica poderá organizar-se em séries anuais,
períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos
e estudos, grupos não seriados, com base na idade, na
competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
organização, sempre que o interesse do processo de
aprendizagem assim o recomendar.
A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO ESCOLAR DE
ACORDO COM A LDB Nº 9394/96 (art. 23)
A LDB é flexível com relação à Educação Básica quando
usa o verbo poder em vez de dever, porém essa
flexibilidade de organização se faz seguir de uma
obrigatoriedade na duração do ano letivo que, de acordo
com a lei, terá 800 horas efetivas de aulas, em 200 dias
letivos no tempo escolar.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
A AULA: a aula normamente compreende entre 50 a 60
minutos.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
A organização do tempo escolar pode ser dividido em
administrativo e pedagógico.
O tempo escolar administrativo visa precisamente ao
controle das atividades de professores e alunos, por meio
dos calendários, jornadas e horários.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
O tempo escolar pedagógico diz respeito ao trabalho de
ensino do professor em sala de aula, de certa forma
sustentados pelo tempo administrativo.
Esse tempo deve ser organizado de acordo com os horários
estabelecidos pela escola, isto é, os horários de entrada, de
recreio e de saída e os saberes acumulados no processo de
ensino.
Se o professor conhece os seus alunos, esse fator pode
facilitar ainda mais esta organização que inclui no seu bojo
momentos de continuidade e descontinuidades de atividades
que fazem parte da cultura escolar nas instituições do Ensino
Fundamental.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
Os momentos de continuidade podem ser traduzidos como a
apresentação e o desenvolvimento das atividades que
envolvem os conteúdos das disciplinas ensinadas.
Os momentos de descontinuidades são expressos nas
paradas para reclamar a atenção dos alunos sobre a
indisciplina, nas paradas para apontar o lápis ou mesmo na
parada para o recreio.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
A organização do tempo perpassa uma rotina de atividades
no trabalho de ensino.
A rotina é produto de uma construção histórica e cultural,
produzida e reproduzida pela escola e pelo professor como
processo de aprendizagem e de organização das atividades
de ensino.
A forma de organizar a rotina de trabalho pode facilitar e
controlar o uso do tempo pedagógico na sala de aula,
conforme a frequência de planejamento estabelecido no
tempo coletivo pedagógico.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
O trabalho docente engloba a
estrutura educacional, as condições
de trabalho, métodos, opções
didáticas, prática pedagógica e a
organização do tempo em suas
múltiplas dimensões, ou seja, tempo
escolar, tempo administrativo,
disciplinar, tempo de aprendizagem,
dentre outros.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
A organização do tempo pedagógico pressupõe a distribuição
dos conteúdos fixados no plano de curso, visando controlar a
duração das atividades e promover a aprendizagem, uma
temporalidade racional. Por exemplo, para conseguir atingir
os objetivos de ensino e de aprendizagem, o professor pode
implementar modalidades de organização por meio de
“projetos, atividades permanentes, sequência de atividades e
atividades independentes” (LERNER, 1996, p.10-11)
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
As atividades de ensino podem ser caracterizadas como
sendo os conteúdos curriculares trabalhados no tempo
dedicados em cada aula, requerendo do professor domínio
do conteúdo a ser ensinado, estimulação dos alunos para a
aprendizagem, preparação das condições materiais para
essa aprendizagem, seja, exposição oral, escrita, uso de
recursos didáticos e etc. O conjunto dessas atividades pode
nos ajudar a fazer uma leitura do emprego do tempo
pedagógico no trabalho de ensino do professor, totalmente
circunscrito no tempo prescrito a escola.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
Esses tempos são vivenciados pelos professores e seus
alunos no fazer das atividade de ensino, requerendo,
principalmente deles, em um dia de trabalho, de forma bem
peculiar, o fazer do ensino para promover a aprendizagem
dos alunos. Nesse tempo o professor precisa dar conta de
cerda de, 25 a 30 alunos de uma só vez. Este “dar conta”
pressupõem conta da aprendizagem, da indisciplina, das
solicitações individuais e coletivas dos alunos, do ensino dos
conteúdos, das interferências, das solicitações dos eventos
pela escola e outras instituições, dentre outras.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
A organização pedagógica do tempo na sala de aula requer
do professor o desenvolvimento de planejamento,
coordenação, controle, envolvendo a manipulação do espaço
físico, de recursos didáticos pedagógicos, de coerções
verbais e disciplinares visando a realização dos eu trabalho.
Esses esforços convergem no sentido de atingir a
aprendizagem do aluno, tendo para isso que desenvolver
atividades dentro e fora da escola.
TRABALHO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO PEDAGÓGICO
O espaço fora de sala de aula pode ser realizado com a
presença do professor, para exploração dos conteúdos
curriculares ou sem a presença dele, como por exemplo, a
realização das lições de casa.
TEMPOS E RITMOS PRESENTES NA SALA
-A organização da sala;
- Escrever no quadro com o objetivo de ensinar a leitura e
escrita;
- Controle da disciplina;
- Sequência de atividades;
- Recuperação;
- Acompanhamento individual de alunos;
TEMPOS E RITMOS PRESENTES NA SALA
Em sala de aula, o professor precisa dar conta da turma
(manejo), apresentar, desenvolver e avaliar o conteúdo, a
cada momento, a cada nova situação. A cada pergunta,
questionamento dos alunos, o/a professor/a precisa explicar
o exercício proposto de outra forma e continuar com a
assistência individual.
TEMPOS E RITMOS PRESENTES NA SALA
A organização do tempo pedagógico no trabalho docente se
dá no enfrentamento das situações de trabalho. Esta
organização abrange o momento da situação e representa
a “reordenação” da prescrição. É no uso que o professor faz
do tempo em sala de aula que possibilita novas formas de
organização.
Essas formas caracterizam-se pela ressignificação das
atividades frente aos acontecimentos gerados pela
indisciplina dos alunos, pelas rupturas e continuidades,
repetições, pelas interferências externas e pela
imprevisibilidade e, de certa forma, requerem uma ação
imediata do professor e, às vezes, uma reordenação das
atividades desenvolvidas.
TEMPOS E RITMOS PRESENTES NA SALA
A organização do tempo pedagógico no trabalho docente se
dá no enfrentamento das situações de trabalho. Esta
organização abrange o momento da situação e representa
a “reordenação” da prescrição. É no uso que o professor faz
do tempo em sala de aula que possibilita novas formas de
organização.
Essas formas caracterizam-se pela ressignificação das
atividades frente aos acontecimentos gerados pela
indisciplina dos alunos, pelas rupturas e continuidades,
repetições, pelas interferências externas e pela
imprevisibilidade e, de certa forma, requerem uma ação
imediata do professor e, às vezes, uma reordenação das
atividades desenvolvidas.
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