Hl ANNO DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 1903 N.° 86
S E M A N A R I O N O T I C I O S O , L I T T E R À R I O E A G R Í C O L A
Assigiiiitura t)Anno, 1S000 réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado. £ Para o Brazil, anno, 2$5oo réis (moeda forte].A vulso, n o d ia d a p u b l ic a ç ã o , 20 ré is .: í i
EDITOR— José Auguslo Saloio
lli 3 I L W I A C A 0 E H lIQ, I.° — RUA DIREITA — rn, i.°
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P ublicaçõesAnnuncios— i . a publicação. 40 réis a linha, nas seguintes,
20 réis. Annuncios na 4.-' pagina, contracto esp . ciai. Os auto- jrnphos não se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO— José Auguslo Saloio
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tcceiínm-se coe» graíi-
<|:io q u a e sq u e r noticias
que sejam «le in<eresse
pubSieo.
Cl 1,
Noticiam os jornaes o grande crime de uma pobre raparrgá, criada de servir, que foi seduzida por um sujeito qualquer e que, encobriu o fructo da sua culpa, para se poupai- á vergonha. Dizem tambem que o pequenino cadaver apresentava signaes de estrangulamento.
O procedimento é realmente de uma lera. Pois a mãe pode lá ter coragem paradara morte ao querido ente que alimentou no seio! Peior até que as feras, porque essas defendem os filhos até morrer; só arrancando-lhes a vida conseguem arrebatar-lhos.
Cae todo o rigor da opinião publica sobre a desgraçada, porque é pobre, porque se viu sem amparo e cahiu ingenuamente no laço que lhe armou o D. Juan que foi abusar da sua innocencia. Já o disse e repito; porque não ha leis para castigar os ladrões da honra como se castigam os ladrões do dinheiro? Pois a honra não é o thesouro maior que uma mulher pode possuir? E’ crivei, é justo, é humano que, havendo dois culpados, só um soffra as consequencias da culpa e 0 outro passeie impunemente, ao abrigo da lei, rindo-se ainda do mal que causou ?
Essa mulher, se realmente deu a morte á creança, é digna de severo castigo. Mas digam-me cá os senhores moralistas que a aecusam, e que talvez tenham grandes culpas no cartorio, se não foram a dôr, o remorso, a vergonha, que a conduziram aquelle extremo. Essa crea- tura, aberração da natureza porque matou o filho, podia talvez ter sido uma mãe extremosa e cheia de carinhos, se tives
se encontrado um homem que a amparasse nos braços valorosos e lhe désse a conhecer as suaves alegrias do lar. Em vez d’isso encontrou um que a fez mãe e a desprezou depois; ella não viu nessa creança, no filho que todas as mães beijam com o mais extremoso amor, senão o espelho da sua culpa, senão o signal evidente da sua deshonra; quiz supprimil-o; não digo que seja o mais natural, mas foi o que a força das circumstancias lhe dictou ao espirito. A sociedade fez d’ella uma fera; suppor- té-llíe as ganas.
Custa tão pouco a pré- gar moral! O caso é sa- bel-a executar.
JOAQUIM DOS ANJOS.
AVISO
A fim de não soífrerem interrupção na remessa do nosso jornal, lembramos aos nossos assignantes que se acham ainda em debito, a fineza de nos enviarem as suas respectivas impor- tancias.
Lembramos tambem aos srs. assignantes de fóra, a conveniencia de mandarem satisfazer as suas assigna- turas, pois assim pouparão as despezas que fazemos no correio e que são inclui- das no recibo a cobrar.
A E M P R E Z A
A G R I C U L T U R A
A lu zern a c o m o a lim e n
tação dos gados
Pode empregar-se na alimentação dos gados a luzerna verde ou secca, reduzida a feno.
E’, porém, preferível ad- ministral-a em verde, porque o seu valor nutritivo é proporcionalmente maior em verde, do que em feno. Convém mais fazel-a consumir na manjadoura do que no prado, porque os animaes a pastar estragam muito a forragem, fazem buracos ou covas no terreno, e mesmo os excre
mentos poderão attrahir os insectos prejudiciaes.
A luzerna verde convém para os bois de trabalho, para os de ceva, para as éguas que criam, assim como para as porcas.
Pelo que respeita ás vac- cas em lactação convém tambem pelo lado da quantidade, mas não assim pelo da qualidade, principalmente quando o leite é destinado á fabricação do queijo, porque se tem notado, que o queijo fica picante, e que é de mais difficil con- servacão.>
Dada em verde e muito tenra produz ás vezes nos animaes que se achavam a regimen secco uma diar- rheia, que é passageira.
A administração da luzerna verde deve ser feita com algumas precauções, porque pode occasionar indigestões e meteorisa- ções mortaes. Para prevenir estes accidentes deve ceifar-se algum tempo antes de ser administrada, a fim de murchar e perder alguma agua de vegetação, mas não se deve deixar aquecer, assim como não se deve dar molhada ou orvalhada, havendo ainda o cuidado de fazer a distribuição em pequenas quantidades e mais repetidas.
O feno da luzerna, apesar de duro, é muito apetecido pelos animaes, que são bem alimentados com elle, mas tambem deve haver alguns cuidados na sua administração, não se devendo dar immediatamen- te depois de ter sido em- medado, e antes de soffrer a fermentação, porque no caso contrario, sendo novo, determina diversas doenças corno constipação de ventre, ebulição (vulgarmente alvoroçamenlo do sangue), e sobretudo indigestões graves. Ainda deve haver todo o cuidado em não se dar luzerna colhida depois da floração e que já tenha algumas vagens maduras, porque, teem ellas a mesma propriedade do chicharo, isto é, sendo dadas por um certo tempo ao cavallos, produ
zem nestes animaes a doença conhecida pelo nome de assobio chronico da respiração, doença que é tanto mais grave quanto é certo que resiste a todo o tratamento e quando des- apparece é muito vagarosamente.
O mais racional será administrar quer a luzerna verde, quer o feno misturado com outras forragens, e nunca fazer a alimentação exclusivamente com esta planta. Desta fórma aproveitar-se-hão as qualidades eminentemente nutritivas desta planta, e evi- tar-se-hão os seus inconvenientes.
B2VaniCS de instrucção
p r im aria
Tendo-se determinado que os proximos exames dinstrucção primaria sejam feitos de acordo com os novos programmas, era de necessidade immediata or- ganisar livros que podes- sem responder ás novas matérias a que o examinador tem a satisfazer.
A livraria de M. Gomes, de Lisboa, depositaria de todas as publicações oíft- ciaes, de pôr á venda dois livros que orgánisados em conformidade com os novos progammas, vem prestar pela sua clareza, simplicidade e exactidão, um valioso auxilio não só ao estudante mas tambem ao professor a braços com um ensino inteiramente novo.
Um destes — Rudimentos de agricultura pratica— é um volume de 128 paginas, acompanhadas duma grande quantidade de gravuras indispensáveis para a boa exposição e clara interpretação do texto, e o seu preço é apenas de 200 réis br., e 25o réis cart.
O seu auctor, um distincto professor official, quiz esconder debaixo das ini- ciaes A. L. a sua compe- tencia no assumpto.
O outro livro é o Compendio de doutrina christã acompanhado da noticia resumida da vida de N. S. Jesus Christo, profusamente ornada de magnificas es
tampas, que tornam este livro dum agradavei interesse para o alumno, sendo apenas de 100 réis o seu preço em brochura e i 5o réis cartonado.
E’ seu auctor o professor das Escolas de Lisboa, sr. Santos Martins, que viu o seu Compendio dejmoral e doutrina christã appro- vado como livro unico para o ensino em todo o Paiz.
Ambos os livrinhos são impressos com a nitidez e perfeição habituaes da conhecida casa editora.
listrad as
O estado em que se encontram as estradas que. conduzem daqui ao Pinhal Novo e Moita é vergonhoso. E’ tão péssimo o seu estado que, para carros passarem, ha pontos em que as pessoas tem de ir a pé, receiando um desastre. Era, porém, conveniente mandar concertar alguns buracos, pois que no péssimo estado em que aquel- las estradas presentemente se encontram, é de todo impossível transitar por ellas quer de carro quer a pé.
B*rovidci!cias
Mais uma vez lembramos á ex.niil camara a conveniencia de mandar calcetar a rua que se abriu na rua do Conselheiro João Franco, afim de evitar o lameiro que alli se junta, exhalando um cheiro nauseabundo, decerto contra a hygiene.
A rua é um verdadeiro lodaçal e, sem tal melhoramento, de utilidade alguma serve.
Será bom que a ex.n’a camara comprehenda que aquella rua está no centro da villa e que merece os mesmos cuidados que as outras.
.tnnivcrsarios
Completou no dia 6 do corrente mais um anniversario natalicio a esposa do nosso amigo Antonio Au-
gusto dos Santos. Os nos- nos sinceros parabéns.
— Tambem no dia 10 completa mais um anniversario natalicio a estremecida mãe do nosso amigo, sr. José Narcizo Godinho. As nossas sinceras felicitações.
— No dia i i completa o seu 6.° anniversario natalício o menino José, filho do nosso amigo, sr. José Narcizo Godinho. Parabéns.
SVSÊgJ» a i o s s o e a r i i l o s o a s - s lp a o le
Com a importância c]ue nos 'enviou o nosso amigo, sr. Antonio José- dos Santos, contemplámos os seguintes pobres:
Manuel Anaya, Maria Prazeres, Maria Rosa Machado, Luiza Rosa, Manuel Luiz, Francisco Figueira, Joanna Lopes, Custodia Soares, Cariota Joaquina, José da Paula, Anna Manteiga, Joaquina Lopes, Anna Castiga, Maria Almeida, Gertrudes Pacheca, Joaquina Pennacho, Marianna Tricopico, Antoniojdos Santos, Emilia Patinhas, Maria Angélica Pelles,Joaquina Paula, Maria José Rata, Maria Emilia Peixinho, Anna cia Laureanna, Emilia Fer reira, Maria José Coutinho, Julia Carolina, Alfredo, da Costa, Gertrudes. da Silva e Manuel Cai-
B is p e i? t a e a a l ó s
Ficou transferida para a próxima quinta feira, 12 do corrente, a recita em beneficio dos pobrés desta villa, que ha de realisar-se no elegante theatro «Electro- magico», promovida por um grupo cie cavalheiros da nossa élite. Já restam poucos bilhetes.
— No theatro «Oriental», teve hontem logar o beneficio de Joáo Torresmo, com uma enchente, devida á boa vontade de seus promotores, srs. Antonio da Costa Veiga e Manuel Rosa.
— Hoje, no «Oriental»,
será o beneficio de Este- vam Victorino, promovido pelos srs. Fernando Rodrigues Gouveia e Joaquim Fazchuva.
SíobsIks «le galllsahas a io SJajaaoaaeo
Foi preso na- ponte dos vapores de Aldegallega, um indivíduo de nome José de Oliveira Cardoso, vendedor de gallinhas, natural de Coimbra, sem domicilio certo, por ter roubado no Samouco, concelho de Alcochete, na manhã de 4 do corrente 17 gallinhas e um gallo a Antonio• odos Santos, Antonio da C. Vespeira, Antonio Beja e José Antonio da Cruz, todos residentes no Samouco. Ao gatuno foram ap- prehendidas 12 gallinhas e um gallo no acto da captura.
Birra ta
Por um lamentavel lapso de revisão, sahiu. no ultimo numero na primeira -noticia da 5.a' columna da 2.a pagina: «Estão recusados por este concelho 86 mancebos» em logar de: «Estão recenseados por este concelho 87 mancebos»; e são 5q de ALIegaiiiega em logar de 58.
Os nossos leitores que nos: perdoem a falta que aqui deixamos rectificada.
3§asèixa
Queixou-se na’ administração do concelho, José Antonio Caria, solteito; pedreiro, natural e residente nesta villa, dê que pelas 9 horas e meia da mánhã de 5 do corrente, e no sitio denominado Moinho do Caes, foi offendido corpo- ralmente por Antonio Net- to Aranha, pescador, tambem natural e residente nesta villa, do que resultou ficar com ferimentos 110 pescoço.
C O F R E D l P I R O L 1 Sr
A memória do bandarilheiro José Joaquim Peixinho
Alma boa, animosa e sempre juvenil,Que doce commoção mostrava d nossa vista Quando 0 povo saudava, em impeto febril,Em louco enthusiasmo, o arrojado artista!
' A ’ arte que seguiu deu brilho e lu\imenlo;Tinha firme, seguro, o gesto e o olhar,Até que conseguia, em rapido momento,Altivo e imponente, a fera dominar.
Mas’ a morte é cruel—fera que não se doma — E ’riu rapida e seguiu impavida 0 caminho.Nunca um sorriso bom aos labios seus assoma, Nunca nos olhos tem o dúlcido carinho.
Tudo vae destruir a tragica ceifeira —O amor, a alegria, as santas ajfeiçÕes.Na medonha missão, percorre a terra inteira, Levando, sem temor o lulo aos corações.
Artista, lu deixaste uma lacuna inorme!Nenhum de nós talve% consegue erguer-se tanto. Descança em pa? emfim; o somno eterno dorme, Que a tua sepultura orvalha o nosso pranto!
JO A Q U IM DOS ANJOS.
P E N S AMENTOSA civilisação-de uma nação não se afere pelo seu luxo;
mas sim pela illuslração intellectual; pela perfeição industrial; e pelo justo conhecimento dos direitos do, homem e do cidadão. — M Carvalho.
— Que copiosas bênçãos verte Deus sobre a cabana do pobre jornaleiro que achou a felicidade sem a procurar, formando de um rochedo e da sebe de alguns arbustos o seu palaciosinho ds abas de uma serra! Camil- lo Castello Branco.
— A riqueza encobre os vicios; a pobreza encobre a virtude.
A N E C D O T A S
N um a agencia de empregos:—,0 senhor deseja uma collocação?— Sim sekhor, ê preferia uma casa commercial.— E, seria càpa- 'de se encarregar aa caixa. —-Certamente! L u já fu i tambor!
Na aldeia:■— Então, sr. abbade, a pequena pode ir ao confesso?— Isso sim! Ella nem sabe que Jesus Christo mor
reu para nos salvar!. . .— Não admira, como a gente nunca lê jornaes. .
Eu tambem não soube que elle esteve doente.u iim m iiK im n n ii
Enc&mmendando el-rei D. João IV a Thomé Pinheiro da Veiga propo^esse o meio de lançar um tributo sem que o povo sentisse, voltou elle ao Paço por volta das duas horas da noite e acordou o rei, dizendo-lhe:
— Agora Senhor, agora que o povo dorme, é que é lançar 0 tributo, que ninguém o sentirá.
S&osabo dc galiiaihas sa* villa da Moita
Deram hontem entrada na cadeia de Aldegallega, tres indivíduos accusados de terem feito um roubo de gallinhas ao escrivão de fazenda da villa da Moita, sr. Antonio Cardoso de Locena Vilhegas.
DECLARAÇÃO>
Eu abaixo assignado declaro que, constando-me que alguns sujeitos meus invejosos, papagueiam por ahi, que pedi— não sei a quem — a importancja de2 C O N T O S de réis, e me foi negada, venho por este meio declarar a todas as pessoas que é falso 0 que por ahi se diz a meu respeito, pois nem pedi nem felizmente precizo pedir, e para provar o que digo tenho em meu poder contas satisteitas a prom- pto, como posso mostrar a todas as pessoas.
Alguem, pois, a quem eu deva alguma importan- cia, pode apresentar-me a conta, para de prompto a satisfazer.
João Antonio Ribeiro.
LITTEMTURÁ
.% «lastraíContiiT-iadó do n.á. 85)
Chegámos um pouco tarde. Estava o Patrício á pedra.
O tio Bernardo fez umsignal para que nmguemse incommodasse, e sentou-se ao pé do mestre. Eu caminhei gravemente para a minha carteira.
O Patrício, coitado estava um pouco atrapalhado.
Parece-me ainda estar vendo-o com as calças de quadradinhos, remendadas, muito curtas, o ventre muito saliente, o que lhe dava um pequenino aspecto grave, a camisa de panno cru aberta sobre o peito, e dois bocados de ourêlo a servirem-lhe de suspensorios. C o m as mãos
*7 FOLHETIM
Tradu.ccãà de- J. DOS AN JOS
d e p o i s p e c i i oL iv ro p rim e iro
11
Depois voltou-se pára o ládô do curral, procurando o Pedro, que. náo dava signal de vida. Logo o viu no cume da collína," séntailo á sombra de um castanheiro de ramos espessos dourados pelos raios do so nascente. Mas o pastor nf-o estava só. Ao lado d’elle estava sentada uma, mulher.; o Adriano reconheceu-a pelo cabello ruivo: e a a Magduiertasinha.
- 1.: estão ós nossos namorados!
pensou, dirigindo-se para aquelle lado.
Estavam tão completamente absortos pela' conversa, que não o viram v ir; poude subir a collina observando os e só quando chegou ao pé d’el- les é que deram pela sua presença. Levrntàram se precipitadamente, e;a rapariga pegou logo no cesto cheio de flores que puzerá ao seu lado.
— Não se incommodem por minha causa, rneus amigos, disse lhes elle.
Estavymos . á espera de que o se- jnKòr acordasse, respondeu o Pedro. A Magdalenasinha passou por aqui. Depois dè colher as flnres e as fructas e como. eu lhe disse que.o senhor tinha passado a noite -na cabair , quiz ficar para o cumprimentar quando acordasse.
— B o m d ia . Magdalenasinha.—‘ Uma suá Crcada, meu s rihor.
.— Ha muitos dias que não nos encontramos. E tinha-me promettido ir visitar-me.
— N ã o ‘me atrevi, meu senhor; tive medo de o imeommodar. A sr.a T e lemaco disse-me que a mrnha presença o importunava.
i— A sr.a Telemaco não sabe o que diz. A visita da Magdalenasinha é sempre agradavel para mim.
— Muito obrigada, disse ella. com o rosto illuminado por um sorrido que. lhe poz um clarão nos olhos e deixou vêr os dentes brancos sobre os qur.es resplandecia o rubro dos labios. f
— Diz-me o que veio f iz e ra estes •sitios, Magdalenasinha? accresccntou o Adriano,
— Vim ver o rrieu amigo Pedro.— Sim, é por minha causã’ que ella
aqui está, d-ssé entáo o Pedro; envoK vendo n um olhar npaixotvdo a rapa
riga, cujo perfil elegante se recortava no fundo, do céo.
— Então meus amigos, dei o-os juntos e vou para Antraigues, onde a sr.a Telemaco deve estarem cuidados por m nha causa.
— Mas não pode ir só, exclamou o P edro; não dá com o caminho.
— De dia!— Sim, senhor, mesmo de dia, dis
se’ maliciosamente a Magdalenasinha; ha umas poucas de azinhagas onde se perdia com certeza. Mas se me quer acceitar por guia. com todo o gústo o encaminharei até Antraigues.
— Se eu acceitar essa oflerta, Ma- jgdillenasinha, o seu amigo Pedro nunca me perdoará o ter-lh"a levado, resp ndeu o Adriano, que surprehen- dera no rosto do pastor uma expressão de d scontentamento:.
:— Está enganada, replicou o P e
dro. Ella pode ir comsigo á sua vontade.
— Em que tom diz isso, amigo Pedro!
— Tem razão; náo é assim que um pobre rapaz como eu des e falar a um homem como o senhor. Desculpe-me,
.sim, desculpe-me, accrescentou com tristeza, ha dias em que tenho o coração opprim ido sem saber porque. Mas estimo muito que aqui esteja a Magdalenasinha para lhe ensinar o caminho. Náo tenha receio de a levar. Ella nunca está cá muito tempo. E eu quero tambem ir para o campo com o meu rebanho.
— Então agradeço a ambos, res. poudeu o Adriano, ao amigo Pedro, que me deu hospitalidade esta noite, e á Magdalemsinha, que vae servir-me de guia.
■ Continua'
s algibeiras, os olhosuito injectados, e as azas
nariz a tremer, ouvia c0ierico a reprehe.nsão domestre. . ,
fvjão foi nunca dos mais fdizes, coitado! Por alli fic o u sempre. Tem quatro 0u cinco medalhas ao pei- t0 e todos os dias a fomeem casa.
senhor... disse o^estre apontando paramim- _
Ergui-me, e, pegando no çiz, acabei num instante a conta que tanto atrapalhá- ra o Patricio.
— Muito bem. Tire a prova dos nove, E’ o que eu digo, murmurou quando acabei. Mas de ir muito l°nge •
O tio Bernardo pediu ao mestre que me fizesse mais algumas perguntas. A todas respondi com muito animo e desembaraço.
— Muito bem. Podesentar-se.
O meu tio levantou-se dizendo-me:1 — Estou contente com- tigo, rapaz.
E sahiu. .Ao jantar reparei que
meu tio e minha mãe deviam ter falado a- meu respeito. Apenas eu abria a bocca para talar, olhavam um para o outro e tossiam com um certo ar mysterioso. Minha mãe teve várias alternativas de alegria e de tristeza.
Quando a via alegre, pensava:
— O tio faiou-lhe na lição.
E, quando a via triste, lembrava-me dos figos. Se ella soubesse.. .!
Quando o jantar acabou o tio Bernardo chamou-me e disse-me:' — Ouve cá. Tu tens uma cara séria, e o teu mestre que deve ser nisso entendido, diz que aqui dentro tens mais alguma coisa do que os outros.
E batia-me com os dos dedos na cabeca.
do Tribunal de esta comarca, no dia 22 do mez de março pelo meio dia, para ser vendido por preço superior ao abaixo designado, o direito e acção que o referido executado tem como comproprietario nos prédios adeante relacionados e dos quaes é usufru- ctuaria Luiza Violante da Costa, mãe do mesmo executado, a saber: Umas casas que servem de adega, com um pateo, sitas no Largo da Misericórdia, de Alhos Vedros, no valor de 8$ooo réis.— Umas casas para habitação situadas no Largo da Misericórdia da mesma villa, no valor de 22$000 réis.— Uma fazenda composta de terra de semeadura, vinha, arvores de -frueto, pinhal e sobreiros, situada no Campo da Forca, da referida freguezia de Alhos Vedi os, forei- a em 3fboo réis annuaes
ao Marquez de Pombal, não constando que tenha laudemio, no valor de réis
000.São citados para a dita
praça quaesquer crédores incertos nos termos do n?
do art.0 844 do codigo processo civil.
Aldegallega do Ribatejo, 28 de fevereiro de 1903.Verifiquei a exactidão.
O JU IZ D E D IR E IT O
Oliveira Guimarães.
sito na villa da Moita, que lhe propôz o auctor Manuel José da Costa, casado, proprietário, morador na mesma villa da Moita.
As audiências neste juizo teem logar todas as segundas e quintas feiras de cada semana, pelas dez horas da manhã, no tribunal judicial de esta comarca, sito na rua do Caes, des- ta villa de Aldegallega, e se algum daquelles dias for santificado, não estando comprehendido em férias, terão logar no dia seguinte se não for tambem santificado ou feriado.
O DOMI NGO
ALMANACH DAS ALDEIASBBASSA 1 0 0 3
Publicado por Julio Gama — Collaborado pelos redactores da Gaveta das Aldeias.
Este almanach, unico no seu genero que se publica em Portugal, é um precioso guia agricula illustrado, contendo numerosos artigos sobre variados assumptos, e todas as indicações próprias de livros desta ordem.
Nenhum lavrador deve dispensar oA L M A N A C H D A S A L D E I A S
1 volume de 160 paginas, illustrado, i 5o réis.E’ remetiido, franco de porte, em todo 0 reino, a
quem dirigir o pedido, acompanhado da respectiva importancia, á administração da Gaveta das Aldeias, rua do Costa Cabral, 1216 — Porto.
Aldegallega do Ribatejo, 27 de fevereiro de 1903.
o ESCRIVÁO
Antonio Coelho.
Augusto da Silva
Verifiquei .a exactidão..
0 JU IZ D E D IR E IT O
Oliveira Guimarães.
RELOJOARIA E OURIVESARIArival
O proprietário d'este estabelecimento ro.;a aos seus fre- guez.es a fineza de náo comprarem em outra parte, mesmo em Lisbófls sem que primeiro experimentem os modicos preços d’e.;te estabelecimento; porque no presente anno determinou fazer propaganda, muito util para os seus freguezes: em prim eiro logar em vendas de ouro e prata, relogios e outros artigos. Se comprarem mais barato em outra qualquer parte, devolve-se o seu dinheiro. Succede o mesmo em trabalhos de relojoaria e ourivesaria.' Soldas em ouro e em prata a 100 réis. Trabalhos para os coilegas, 20 p. c. de desconto. Garantem-se os trabalhos sob pena de se devolver as im p o rta ria s justas, quando estes rão estejam á vontade. Aos seus freguezes recommenJa estar ds ordens para qualquer trabalho de occas áo.
P R A Ç A S E R P A P I N T O — Aldegallega
O E S C R IV Ã O
José Alaria de Alendonça.
.1 LIju u .
& M ! 1
U ARMÊZEM 0 0 COMMERCIO— * D E
JO A O ANTONIO RIBEIROP R A Ç A . S E R P A P I N T O , 5 9 — ALDEGALLEGA'
nos
(Continua).JOÁO DA CAiMARA.
ANNUNCIOS
A N N U N C I O
( i . a i safoSIeaç-íão)
Pelo Juizo de Direito de esta comarca, cartorio do i.° officio, e execução hy pothecaria que move o Magistrado do M,° P.° de. esta comarca, contra Pedro da Costa, de Alhos Ve-
A N N U N C I O
tua Dl1; I I
BI) Ili)l|J0(1.* S®53 1âí*ísí‘Sa»)
Pelo Juizo de Direito da Comarca de Aldeia Galiega do Ribatejo, e cartorio do escrivão Silva Coelho, correm edites de sessenta dias, citando Maria do Carmo Jorge, viuva de Alfredo dos Santos, por si e como tuctora e legitima administradora de sua filha menor impúbere Maria, ausentes em parte incerta, para comparecer por si ou seu bastante procurador, sob pena de revelia, na segunda audiência de este juizo, posterior ao praso dos editos, a contar da pu blicacão do segundo annuncio no «Diario do Governo», afiní de vir.accu- sar a citação, e assignar o praso de lima audiência para contestar ou deduzir os embargos que tiver por conveniente á acção de despejo por falta de pagamento de renda de um
INGUEM duvida que é este o estabelecimento que melhor satisfaz as exigencias do publico, não só por nelle se encontrar todos os artigos que lhe dizem respeito como pela modicidade depreços por que são vendidos. Acaba elle de receber um grande e variadíssimo sortimento de fazendas da sua especialidade, constando dos seguintes artigos:
As lindas saias de feltro bordadas a filòqellè e muitos outros artigos de modas e confeccões.
U L T IM A N O V ID A D E ! U L T 1AIA N O V ID A D E !Recommenda os finos diagonaes, estambres e cheviotes pretos, e bem assim
as finissimas sedas pretas, alpacas e armures.A este estabelecimento acaba de chegar um valioso fornecimento de machi
nas de costura, o que ha de melhor. Vendas a prestações e a prompto com grandes descontos.
Tsasl© m ais fearaío!!!... Tudo mais barato!!!.
TODAS AS NOITES HA EXPOSIÇÃO!!!Completo sortimento de cobertores de lã de differentes qualidades, havendo
com desenhos de completa novidade.Retrozeiro, fanqueiro e mercador. Encontram-se todos estes artigos no que ha
de mais moderno.
1 TODOS OS S El í S FREGUEZ ES ! !
dros. vae a praça a portq. pr•edio rústico e urbano.
GRANDE ARMAZÉM DO COMMERCIOA m í o i b í o SSíbeiro
Praça Serpa Pinlo, 5 g, AldegallegaSENHA* B R IN D E . — To d o s-os freguezes teem direito a
uma senha por cada compra de 200 rs.
B RIN D ES: 10 senhas, um bom sabonete grande 20, uma toalha de ro sto —5 ). um corte de tecido, em chi'.a para camisete — 100. um corte de biarritz para bluza— 200, uma sombrinha para senhora— 5oo. um corte de seda para bluza— 1000, um corte de la para vestido ou uma peça de panno patente.
$mm$
Sedas pretas, velludos, armures, cachemiras e finissimas fazendas para fato de homem.
Aríigos «le malha
Toucas, capas e vestidos Chailes e lènços para senhora
em differentes cores.
Perfumaria! Perfumaria!
4 O D O MI N G O
OFFICINA DE CALDEIREIRO DE COBREm im m im iiii iiim im n m if i iiiu im m
Encarrega-se de todos os trabalhos concernentes á sua arte.
R U A D E JO S É M A R IA D O S S A N T O S ALDEGALLEGA
ESTEVÃO JO SE DOS REIS.* — COM *—
MERCEARIA ALDEGALLENSEDE
Jo sé A n ton io N u n e sNesle estabelecimento encontra-se d venda pelos preços
mais convidativos, um variado e amplo sortimento de generos proprios do seu ramo de commercio, podendo por isso offerecer as maiores garantias aos seus estimáveis fregueses e ao respeitável publico em geral.
Visite pois o publico esta casa.5<--------- -------------
1 9 - L A E G O X3 .A. E G B . E J A - 1 9 - AAldegaiiega d» BtiP>aíe|o
JOSÉ DA ROCHA BARBOSACOm o ílle in a <le C o rre e iro e_SelSeiro
18, RUA DO FORNO, 18 A I. B> Si A I, I. Si U A
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JOAQUIM PEDRO JESUS RELOGIOCarne de porco, azeite de Casteilo Branco e mais
qualidades, petroleo, sabão, cereaes, legumes, manteigas puras de leite da Ilha da Madeira e da Praia d’Ancora e queijos de differentes qualidades.
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COMPANHIA FABRIL SINGER78 _-
P o r 5 óo réis semanaes se adquirem as celebres machinas SINGER para coser.
Pedidos a AURÉLIO JO Ã O DA CRUZ, cobrador da casa incocu «& cv e concessionário em Portugal para a venda das ditas machinas.
Envia catatogos a quem os desejar, yo, rua do Rato, yo — Alcochete.
DIARIO DE NOTICIAS
AO COMMERCIO DO POVOA O já bem conhecidas do publico as verdadeiras vantagens que este estabelecimento oííerececompradores'de todos os seus artigos, pois que tem sortimento, e faz compras, em condicções de p0(U
’iz respeito a preços, porque vende muitos artigo.
Ai3i«3a saiais baratose como tal esta casa para maior garantia estabeleceu o systema de G A N H A R PO U CO P A R A V E N D E R MUITq e vendendo a todos pelos mesmos preços.
Tem esta casa além de vários artigos de ve-m ario mais as seguintes secções:De Fanqueiro, sortimento completo;De Retroseiro, bom sortido, e sempre artigos de prim eira moda;De Mercador, um bello e variado sortimento de casimiras, flanellas, cheviotes
picotilhos, etc., etc.Pia tambem lindos pannos para capas de senhora, e de excellentes qualidades
por preços baratíssimos.A O S S l* S . A l f a y a í e s . — Este estabelecimento tem bom sortimento de fórros necessários para a sua
confecção taes com o: setins pretos e de cor.panninhos lisos de cor e pretos, fórros para mangas, botões, etc.Ã S S C J S t iO r a S M o < I Í S Í a S . - ~ - Lembram os proprietários d'este estabelecimento uma visita, para
assim se certificarem de quanto os preços são limitados.Grande coliecção cie meias pretas para senhora, piugás para homem, e piuguinhas para creança que garanti
mos ser preto firme.fc ls n a v i s i t a p o i s a o C O U f S E i S S C I O 5»0 I * « V «
RUA DIREITA, 88 e 90 — RUA DO CONDE, 2, A L D E G A L L E G A J O Á O B E N T O & N U N E S D E C A R V A L H O
competir com as prim eiras casas^de Lisboa no qué diz
A G U E R R A A N G L O - B O E RImpressões do Transvaal
Interessantíssima narração das luetas entre inglezes e boers, «illustrada» om numerosas zinco-gravuras de «homens celebres» do Transvaal e do
Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas daG U E R R A A N G L O -B O E R
Por um funccionario da Cruz Vermelha ao serviçodo Transvaal.
Fasciculos semanaes de 16 paginas.................... 3o réisPomo de 5 f a s c i c u l o s : ..................... i 5 o »
A G U E R R A A N G L O B O E R é a obra de mais palpitante actualidade.N ’ella são descriptas, «por uma testemunha presencial», as differentes
. phases e acontecimentos emocionantes da terrivel guerra que tem espantado o mundo inteiro.
A G U E R R A A N G LO -i O ER faz passar ante os olhos do leitor todas as «grandes batalhas, combates» e ‘«escaramuças» d'esta prolongada e acérrima lueta entre inglezes, tra svaalianos e oranginos, verdadeiros prodigios de heroísmo e tenacidade, em que são eguàlmente admiravéis a coragem e dedicação p; triotica dè vencidos e vencedores.
Os incidentes varia Jissimos cfesta contenda e ■ tre a poderosa Inglater ra e as duas pequ nas republicas sul-africanas. decorrem atravez dc verdadeiras peripécias, por tal maneira d rama ficas e pittorescas, que dão á G U E R RA A N G L O -B O E R . conjunctamente com o irresistível attractivo d’uma narrativa histórica dos nossos d as, o encanto da leitura romantisada.
A Bibliotheca do DIARIO DE NOTICIASapresen:ando ao publico esta obra em «esmerada edição,» e por um preço diminuto, julga prestar um serviço ;»os numerosos leitores que ao mesmo tempo desejam deleitar-se e adquirir perfeito conhecimento dos successos que mais interessam o mundo culto na actualidade.
Pedidos d Empresa do D IA R IO D E N O T IC IA S Rua do Diario de Noticias, 110 — LISBOA
D E P O S I T OD E
VINHOS, VI NAGRES E AGUARDENTESE F A B R I C A D E L I C O R E S
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JiNSEN & C. LISBOAD E
C E R V E J A S , G A Z O Z A S , P I R O L I T O SVENDIDOS PELO PRECO DA FABRICA
— - LUCAS & C.* — -L A R G O D A C A L D E IR A — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
Vias liosVinho tinto de pasto de i.a, litro
» » » )) » 2.a, »» branco » » i.a, »» verde, tinto____ » »» abafado, branco » »» de Çollares, tinto » garrafa» Carcávellos br.c» » ' »» de Palm ella.. . . » »» do Porto, superior »» da M adeira............. »
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í Pirolitos, caixa. 24 garrafas... 36 > »
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Agente em Aldegallega— A. Mendes Pinheiro Junior.
Ctipilc. iitro réis e o m garrafa 3-10 réis
F M A IS B E B ID A S D E D IF F E R E N T E S Q U A L ID A D E S
PARA REVENDERV E N D A S A D I N H E I R O
PEDIDOS A LUCAS & C.A — A L D E G A L L E G A
R E LO JO A R IA GARANTIDAD E 89
AVELINO MARQUES CONTRAMESTRE
Relogios de ouro. de prata, dc aço, de nickel, de plaquet, de phanta* sia. americanos, suissos de parede, marítimos, despertadores americanos, despertadores de phantasia, despertadores com musica, suissos de algibeira com corda para oito dias. r
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Oxidam-se caixas d ’aço com a maxima perfeição. Garantem-se todos os concertos.O proprietário cfesta relojoaria compra ouro e prata pelo preco mais elevado.
- R U A D O B O Ç O - 1 - ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
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