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LIÇÃO nº 16 TEMA: A Transformação das Impressões INTRODUÇÃO

Este tema trata da transformação de si mesmo. Em lições anteriores tratámos da importância que tem a vida em si mesma; dissemos também que um homem é o que é a sua vida, e que esta é como um filme. Ao desencarnar levamo-la para vivê-la em forma retrospectiva no Mundo Astral e ao retornar trazemo-la para projectá-la outra vez no tapete do corpo físico.

É claro que a Lei de Recorrência existe e que todos os acontecimentos se repetem, tudo volta realmente a ocorrer como sucedeu, mais as consequências boas ou más. É claro que a transformação da vida é possível se a tal nos propusermos.

Transformação, significa que una coisa é substituída por outra coisa diferente; é lógico que tudo é susceptível de mudança.

Existem transformações muito conhecidas da matéria. Ninguém poderia negar, por exemplo, que o açúcar se transforma em álcool, e que o álcool se converte em vinagre pela acção dos fermentos. Esta é a transformação de uma substância molecular noutra molecular. Sabe-se, sobre a vida química dos elementos, que o rádio, por exemplo, se transforma lentamente em chumbo.

Os Alquimistas da Idade Média falavam da transformação do chumbo em ouro. No entanto, nem sempre aludiam à questão metálica, meramente física.

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Normalmente queriam indicar com tal palavra, a transformação do chumbo da personalidade em ouro do Espírito. Assim pois, convém que reflictamos em todas estas coisas.

Nos Evangelhos, a ideia do homem terreal comparável a uma semente capaz de crescimento, tem o mesmo significado, assim como o tem também a ideia do renascimento: Um homem que nasce outra vez. É óbvio que se o grão não morre, a planta não nasce.

Em toda a transformação existe morte e nascimento.

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A TRANSFORMAÇÃO DAS IMPRESSÕES Na Gnose consideramos o homem como uma fábrica de três

pisos, que absorve normalmente três alimentos:

1º.-O alimento comum: Normalmente corresponde ao piso inferior da fábrica, designadamente à questão do estômago.

2º.-O ar: Está no segundo piso, que se encontra relacionado com os pulmões.

3º.-As impressões: Indubitavelmente estão intimamente associadas ao cérebro ou terceiro piso.

Temos: Impressões – Cérebro; Ar – Pulmões; Alimento - Estômago.

O alimento que comemos sofre sucessivas transformações,

isto é inquestionável. O processo da vida em si mesma, por si mesma, é transformação.

Cada criatura do Universo vive mediante a transformação de uma substância noutra. O vegetal, por exemplo, transforma o ar, a água e os sais da terra, em novas substâncias vitais, em alimentos vitais para nós (frutas, etc.). Assim pois, tudo é transformação.

Pela acção da luz solar, variam os fermentos da Natureza. É inquestionável que a sensível película da vida, que normalmente

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se estende sobre a face da Terra, conduz toda a força Universal em direcção ao próprio interior do mundo planetário. Porém cada planta, cada insecto, cada criatura, o próprio animal intelectual equivocadamente chamado homem, absorve, assimila determinadas forças cósmicas e de imediato as transforma e as transmite inconscientemente às camadas interiores do Organismo Planetário. Tais forças transformadas, encontram-se intimamente relacionadas com toda a economia do Organismo Planetário em que vivemos. Indubitavelmente, cada criatura, segundo a sua espécie, transforma determinadas forças, que logo retransmite ao interior da Terra para a economia do Mundo. Assim pois, cada criatura que tenha a sua existência, cumpre a mesma função.

Em tudo existe transformação, portanto a epiderme da Terra é um órgão de transformação.

Quando comemos um alimento, tão necessário para a nossa existência, este é transformado; então, quem realiza dentro de nós esse processo de transformação das substâncias? O centro Instintivo, que tão sábio é! Realmente é assombrosa a sabedoria de dito centro. A digestão, em si mesma, é transformação. O alimento no estômago, na parte inferior da fábrica de três pisos deste organismo humano, sofre transformações. Se algo entrasse sem passar pelo estômago, o organismo não poderia assimilar os seus princípios vitamínicos, nem as suas proteínas, isso seria simplesmente uma indigestão. Assim, conforme formos reflectindo nesta questão, chegamos a compreender a necessidade de passar por uma transformação.

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Claro está que os alimentos físicos se transformam, porém há algo que nos convida à reflexão - a transformação adequada das impressões. Para o propósito da Natureza propriamente dito, não há necessidade alguma de que o animal intelectual transforme as impressões por si mesmo.

Resultaria magnífico transformar as impressões. A maioria

das pessoas, como vivem no campo da vida prática, crêem que este mundo físico lhes vai dar o que buscam e anelam. Realmente, isto é um tremendo equívoco. A vida em si mesma, entra em nós, no nosso organismo, em forma de meras impressões.

Não poderíamos realmente transformar a nossa vida se não transformássemos as impressões que chegam à mente.

Estamos a falar de algo muito revolucionário, pois todo o mundo crê que o físico é o real; porém se formos um pouco mais profundos, concluiremos que aquilo que realmente recebemos a cada momento, a cada instante, são impressões. Se virmos uma pessoa que nos agrada ou desagrada, o primeiro que obtemos são impressões dessa natureza. A vida é uma sucessão de impressões, não é, como crêem muitos, uma coisa física de tipo exclusivamente material.

A realidade da vida são as suas impressões. Claro está que as ideias que estamos a emitir são muito difíceis de captar, de apreender. Por exemplo: A pessoa que vemos sentada numa cadeira, com este ou aquele vestuário de cor, aquele que nos saúda, aquele que nos sorri, etc., são para nós reais, verdade? Porém se meditarmos profundamente em todos eles, chegamos à conclusão de que o real são as impressões. Estas, naturalmente, chegam à mente pelas janelas dos sentidos. Se não tivéssemos os sentidos, por exemplo, olhos para ver, ouvidos para ouvir, e boca para degustar os alimentos, existiria para nós isso que se chama corpo físico? Claro que não, absolutamente não. A vida chega até

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nós em forma de impressões e é aí onde existe a possibilidade de trabalhar sobre nós mesmos.

Antes de mais, o que devemos fazer? Há que compreender o trabalho que devemos fazer. Como poderíamos conseguir uma transformação psicológica em nós mesmos? Efectuando um trabalho sobre as impressões que recebemos a cada momento, a cada instante. Este primeiro trabalho recebe o nome de Primeiro Choque Consciente e relaciona-se com as impressões que recebemos, e que são tudo quanto conhecemos do mundo exterior. Que tamanho têm as verdadeiras coisas ou as verdadeiras pessoas? Precisamos transformar-nos em cada dia, internamente. Se quisermos transformar o nosso aspecto psicológico, precisamos de trabalhar sobre as impressões que entram em nós.

Porque chamamos ao trabalho sobre a transformação das impressões o Primeiro Choque Consciente? Porque o choque é algo que não poderíamos observar de forma meramente mecânica. Isto jamais se poderia fazer mecanicamente, necessita-se um esforço auto-consciente.

É claro que quando se começa a compreender este trabalho, começa a deixar de se ser homem mecânico que serve os fins da Natureza.

Se pensarmos agora no significado de tudo quanto ensinamos

aqui, pela via do esforço próprio, começando pela observação de si mesmo, vemos que no lado prático esotérico, tudo se relaciona intimamente com a transformação das energias e o que resulta naturalmente das mesmas.

O trabalho sobre os estados de ânimo negativos, sobre a

identificação, sobre a auto-consideração, sobre os eus sucessivos, sobre a mentira, sobre a auto-justificação, sobre a desculpa, sobre

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os estados inconscientes em que nos encontramos, relacionam-se com a transformação das impressões.

É necessário que reflictamos nisto, compreendamos o que é o

Primeiro Choque Consciente.

É necessário formar um elemento de mudança no lugar de entrada das impressões, não o esqueçam!

Desta forma as mesmas impressões, normalmente, ou melhor

dito, supra-normalmente, levar-nos-ão a uma vida melhor. A vida não actuará mais sobre nós como o fazia antes, começaremos a pensar e compreender de uma maneira nova, e esta é, naturalmente, o começo da nossa própria transformação.

Porém enquanto continuarmos a pensar da mesma maneira, é

claro que não haverá qualquer mudança interior. Transformar as impressões da vida é transformar-se a si mesmo.

Esta forma inteiramente nova de pensar pode efectuar-se. Podemos compreender que reagimos continuamente. Todas estas reacções formam a nossa vida pessoal. Mudar a nossa vida, é mudar realmente as nossas próprias reacções. Porém a vida exterior chega até nós como meras impressões que nos obrigam a reagir.

A vida consiste principalmente numa série sucessiva de

reacções negativas que se dão como resposta incessante às impressões que chegam à mente. Portanto, a nossa tarefa consiste em transformar as impressões da vida para que não provoquem esse tipo de resposta.

Para consegui-lo é necessário auto-observarmo-nos de

instante em instante, de momento em momento; é urgente estarmos em estudo das nossas próprias impressões. Não se pode

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deixar que as impressões cheguem de um modo subjectivo, mecânico.

O indivíduo pode dar-se ao luxo de deixar que as impressões

cheguem mecanicamente, porém se não cometer semelhante erro, se transformar as impressões, então começa a viver mais conscientemente, por isso se diz que é o Primeiro Choque Consciente. Tal choque consiste em transformar as impressões que chegam à mente no momento da sua entrada.

Este trabalho Esotérico Gnóstico deve ser levado até ao ponto onde entram as impressões e são distribuídas mecanicamente em lugares equivocados da personalidade para evocar as antigas reacções. Por exemplo, se atirarmos uma pedra a um lago cristalino, produzem-se no lago impressões, e as respostas a essas impressões dadas pela pedra manifestam-se em ondas que vão desde o centro à periferia. Da mesma forma podemos imaginar a mente, como um lago, no qual subitamente aparece a imagem de uma pessoa; essa imagem é como a pedra do nosso exemplo que chega ao lago da mente. Então a mente actua, produz imagens e respostas.

As impressões são as que produzem a imagem que chega à mente. As reacções são as respostas a tais impressões. Se atirarmos uma bola contra um muro, o muro recebe as impressões, logo vem a reacção, que consiste no regresso da bola a quem a mandou. Bom, pode acontecer que não chegue directamente porém, de alguma forma, a bola retorna e isso é reacção.

O mundo está formado por impressões. Por exemplo, chega-nos à mente, através dos sentidos, a imagem de uma mesa. Não podemos dizer que foi a mesa, ou que a mesa entrou no nosso cérebro, isso seria absurdo; porém sim, está metida a imagem da mesa, e então a nossa mente reage dizendo: "Esta é uma mesa, que é de madeira, ou metal, etc.". Há no entanto impressões que

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não são agradáveis, por exemplo, as palavras de um insultador. Poderíamos transformar essas palavras? As palavras são como são; então, que poderíamos fazer? Transformar as impressões que essas palavras nos produzem. Isso sim, é possível.

O ensinamento gnóstica ensina-nos a cristalizar em nós a segunda força, o Cristo, mediante um postulado que diz: "Há que receber com agrado as manifestações desagradáveis dos nossos semelhantes". Eis o modo de transformar as impressões que produzem em nós as palavras de um insultador. Este postulado levar-nos-á à cristalização em nós da segunda força, o Cristo, e a fazer com que o Cristo venha a tomar forma em nós. É um postulado sublime, esotérico em cem por cento.

Se do mundo físico não conhecemos senão as impressões, então o mundo físico, propriamente dito, não é tão externo como se crê. Com justa razão disse D. Emanuel Kant: "o exterior é o interior". Assim, se o interior é o que conta, devemos transformar o interior. As impressões são interiores; todos os objectos e coisas, tudo o que vemos, existe no nosso interior sob a forma de impressões. Se não transformarmos as impressões, nada mudará em nós; a luxúria, a cobiça, o ódio, o orgulho, etc., existem sob a forma de impressões dentro da nossa psique, que vibram incessantemente. O resultado mecânico de tais impressões foram todos esses elementos inumanos que levamos dentro, aos quais normalmente chamamos "Eus" e que no seu conjunto constituem o si mesmo.

Suponhamos que um indivíduo vê uma mulher provocadora e não transforma as suas impressões. O resultado será que as mesmas, de tipo luxurioso, naturalmente, produzem nele o desejo de possuí-la. Tal desejo vem a ser o resultado de tipo mecânico da impressão recebida e cristaliza-se, toma forma na nossa psique, converte-se em mais um agregado, quer dizer, num elemento inumano, que na sua totalidade constitui o Ego.

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Prossigamos com a reflexão, pois em nós existe Ira, Cobiça, Luxúria, Inveja, Orgulho, Preguiça, Gula, etc. Agora vamos analizar alguns Egos: Ira: Esse tão negativo estado de ânimo, que tanto dano causa aos nossos semelhantes, (e a nós mesmos), retira-nos do estado raciocinativo, pode ferir inclusive as pessoas que mais queremos e vem a ser o resultado de impressões recebidas de circunstâncias, pessoas, etc., que foram canalizadas equivocadamente por outros defeitos como por exemplo a vaidade ou o orgulho e que se traduz num tipo de negatividade interior com as características próprias que todos temos podido apreciar muitas vezes na vida nas pessoas que nos rodeiam, mas que passa muito desapercebido em nós mesmos.

Os olhos avermelham-se-nos, a cara descompõe-se e os nossos movimentos e palavras são violentos, tentando causar dano., ainda que, no fundo, muitas vezes sintamos que, com a pessoa com quem estamos, não deveríamos comportar-nos tão mal.

Realmente a ira com outros defeitos, são a causa real de tantas tragédias em lares e em geral em toda a humanidade.

Cobiça: Indubitavelmente, muitas coisas em nós despertaram cobiça: O dinheiro, as jóias, as coisas materiais de toda a classe, etc. Essas coisas, esses objectos, chegaram até nós sob a forma de impressões, que devem ser transformadas em outra coisa

Ira - Pintura de El Bosco

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diferente, numa atracção pela beleza ou a alegria, etc. Tais impressões não transformadas, naturalmente converteram-se em Eus de Cobiça.

Luxúria: Já dissemos que distintas formas de Luxúria chegaram a nós sob a forma de impressões, quer dizer, surgiram no interior da nossa mente imagens de tipo erótico cuja reacção foi a Luxúria. Uma vez que nós não transformámos essas ondas luxuriosas, essas impressões, esse sentir luxurioso, esse erotismo nocivo, naturalmente o resultado não se fez esperar, foi completamente mecânico, nasceram novos Eus no interior da nossa psique, Eus morbosos.

Certamente que todos estes defeitos têm labirintos muito

intrincados e expressam-se numa infinidade de maneiras particulares nos nossos pensamentos, emoções e factos na vida. Ninguém poderia dizer que está a ver uma árvore em si mesma, está a ver a imagen de uma árvore, mas não a árvore. As coisa em si, como dizia Enmanuel Kant, ninguém as vê, vêem-se as imagens das coisas, quer dizer, surge em nós a impressão sobre uma árvore, sobre uma coisa, e estas são internas; o resultado mecânico não se deixa esperar, é o nascimento de novos Eus que vêm escravizar ainda mais a nossa Consciência, que vêm intensificar o sonho em que vivemos.

Quando se compreende realmente que tudo o que existe dentro de nós mesmos, em relação ao mundo físico, não são mais que impressões, compreende-se também a necesidade de se transformar essas impressões e ao fazê-lo produz-se a transformação de si mesmo.

Inveja: Este é um defeito que pode ser muito evidente, porém

também tem estados quase imperceptíveis. Em si, este defeito psicológico manifesta-se quando sentimos por exemplo dor pelo

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bem alheio; procura causar dano ao próximo só pelo facto de este ter uma posição social, ou dinheiro em tal ou qual quantidade ou um bom carro, etc, mas também se manifesta na frustração de não se poder possuir aquilo que se cobiça e sente-se “inveja” do próximo.

Num grau superlativo a inveja foi o motivo de muitos crimes

contra pessoas, quase sempre ocultamente. Por exemplo muitas críticas a pessoas, buscando o seu desprestígio e prejuízo ante a opinião dos demais, tem origem na indigna inveja.

Vejamos quão distantes estamos então da verdadeira emoção

positiva de nos alegrarmos pelo bem e o progresso dos demais, sem nos importarmos com o nosso próprio estado.

Assim, precisamos de transformar incessantemente as

impressões, não só as presentes mas também as passadas.

Dentro de nós existem muitas impressões, as quais cometemos o erro, no passado, de não termos transformado; muitos resultados mecânicos das mesmas; são os tais Eus que há que desintegrar, a fim de que a Consciência fique livre e desperta.

Orgulho: Dentro deste defeito subjaz o fenómeno mental da

comparação. Para o nosso orgulho, nós somos melhores, temos mais virtudes, mais capacidades que os nossos semelhantes, etc... e o orgulhoso não pode tolerar em si mesmo, que aqueles que estão catalogados em escalões inferiores, por exemplo, o corrijam ou lhe ordenem algo. Em si, todos temos o desejo de sobressair, de destaque, de sermos mais que os demais. O orgulho ferido reage com tremenda ira.

O orgulhoso está muito longe da felicidade, qualquer

circunstância pela qual “fique rebaixado da sua posição”, será motivo de sofrimento e frustração. O orgulhoso envenena os

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ambientes pelos quais transita e o seu trato é muito difícil, sempre se sentirá e quererá fazer sentir que está num escalão superior.

As sensações que produzem o poder, o dinheiro e a posição social, não são mais do que impressões internas da mente; com o simples facto de se compreender que são só impressões internas da mente, fazendo a transformação das mesmas, então o Orgulho por si mesmo cai, desmorona-se, nasce de forma natural dentro de nós a Humildade.

Continuando com estes processos da transformação das impressões, prosseguimos com algo mais, por exemplo, uma imagem luxuriosa de uma mulher chega à mente; tal imagem é uma impressão, obviamente. Nós poderíamos transformar essa impressão luxuriosa mediante a compreensão. Bastaria que pensássemos nesse instante, que essa mulher há-de morrer, e que o seu corpo se desintegrará na sepultura; seria isso mais que suficiente para transformar essa impressão luxuriosa em Castidade. Se não se transformasse, converter-se-ia em mais Eus de Luxúria.

Assim convém que, mediante a compreensão, transformemos as impressões que surgem na mente. Deste modo vamos entendendo que o mundo exterior não é tão exterior quanto normalmente se crê. É interior, tudo o que nos chega do mundo, não são mais que impressões internas. Ninguém poderia meter uma árvore dentro da sua mente, uma cadeira, uma casa, um palácio, uma pedra; tudo chega à nossa mente sob a forma de impressões, isso é tudo; impressões de um mundo que chamamos exterior e que realmente não é tão exterior como se crê. Convém pois, que transformemos as impressões mediante a compreensão.

Se alguém nos adula, nos enaltece, como transformaríamos a vaidade que tal ou qual adulador poderia provocar em nós? Obviamente os elogios, as adulações, não são mais do que

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impressões que chegam à mente, e esta reage sob a forma de Vaidade. Porém se transformamos essas impressões, a Vaidade torna-se impossível. Como se transformariam as palavras de um adulador? Mediante a compreensão.

Quando realmente se compreende que não se é mais que uma infinitesimal criatura num canto do Universo, de facto, transforma-se por si mesmo tais impressões de elogios, de lisonja, em algo distinto; convertem-se tais impressões naquilo que são, pó, poeira cósmica, porque se compreende a sua própria posição.

Sabemos que o nosso planeta Terra é um grão de areia no espaço. Pensemos na Galáxia em que vivemos, composta por milhões de mundos... O que é a Terra? É uma partícula de pó no infinito e nós, por assim dizer, somos microrganismos dentro dessa partícula.

Se nós compreendêssemos isto, quando nos adulassem faríamos uma transformação das impressões que se relacionam com a lisonja e a adulação ou o elogio e, como resultado, não reagiríamos sob a forma de Orgulho. Quanto mais reflectirmos nisto, mais veremos a necessidade de uma transformação das impressões.

Tudo o que vemos externo, é interno. Se não trabalhamos com o interior, vamos pelo caminho do erro, porque então não modificamos os nossos hábitos. Se queremos ser diferentes, precisamos de nos transformar integralmente e se queremos transformar-nos, devemos começar por transformar as impressões animais, bestiais, em elementos de devoção. Então surge em nós a transformação sexual, a transmutação.

Inquestionavelmente, esta questão das impressões, merece ser analisada de forma clara e precisa. A personalidade que recebemos ou adquirimos, recebe impressões da vida, porém não

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as transforma porque praticamente é algo morto. Se as impressões caíssem directamente sobre a Essência, é óbvio que seriam transformadas, porque de facto ela depositá-las-ia no centro correspondente da máquina humana.

A personalidade é o termo que se aplica a tudo quanto adquirimos. É claro que traduz todas as impressões de todos os aspectos da vida, de um modo limitado e praticamente estereotipado, com ajuste à sua qualidade e associação. A este respeito, no trabalho esotérico, compara-se às vezes a personalidade com uma péssima secretária que está na casa enfrente, que se ocupa de todas as ideias, conceitos, opiniões e preconceitos; que tem muitíssimos dicionários, enciclopédias de todo o género, livros de referência, etc.; e está em comunicação com os três centros: O Mental, o Emocional e os centros Físicos; ordena tudo de acordo às suas inusitadas ideias e, como consequência ou conclusão, de aqui resulta que se põe em comunicação, quase sempre, com os centros equivocados. Isto significa que as impressões que chegam são desviadas a lugares equivocados, a centros que não lhe correspondem, e produzem, naturalmente, resultados equivocados.

Com o fim de se poder entender melhor, suponhamos, por exemplo, que uma mulher atende com muita consideração e respeito, um cavalheiro. As impressões que o cavalheiro recebe na sua mente são recebidas pela personalidade e esta envia-as a centros equivocados. Normalmente envia-as ao centro sexual. Então, este cavalheiro chega a crer firmemente que a senhora em questão está enamorada dele e, como é lógico, não tarda muito tempo que ele se apresse a fazer-lhe insinuações de tipo amoroso. Indubitavelmente, se aquela dama jamais teve esse tipo de preocupações por aquele cavalheiro, não deixará de sentir-se surpreendida, com muita razão. Esse é o resultado de uma péssima transformação das impressões. Podemos comprovar quão má secretária é a personalidade.

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Indubitavelmente, a vida de um homem depende dessa

secretária que busca mecanicamente a transformação nos seus livros de referências, sem compreender em absoluto o que significa na realidade e transmite-o, em consequência, sem preocupações pelo que possa ocorrer, mas sentindo unicamente que está a cumprir com o seu dever. Esta é a nossa situação interior.

O que importa compreender nesta alegoria, é que a personalidade humana, que nós adquirimos e devemos adquirir, começa a tomar conta da nossa vida. Isto é algo demasiado importante. Inquestionavelmente, é inútil imaginar que isto sucede a certas e determinadas pessoas, isto sucede a todos; a quem quer que seja.

Estas reacções mecânicas, desgraçadamente, governam-nos. É claro que cada qual, na vida, está governado, está submetido à vida em si, não importa que se apelide de liberal ou conservador, revolucionário ou bolchevique, bom ou mau no sentido ordinário, etc., não é livre.

É óbvio que estas reacções ante os impactos do mundo exterior, constituem a nossa própria vida. Neste sentido, podemos dizer que a Humanidade é completamente mecanicista. Qualquer ser humano, na vida, forma uma quantidade de reacções que vêm a ser as experiências práticas da sua existência. É claro que, como toda a acção produz uma reacção, acções de certo tipo, vêm a produzir reacções de certo tipo e, a tais reacções, se denomina experiências.

O importante seria conhecer melhor as nossas acções e reacções, poder relaxar a mente. Isto do relaxamento mental é magnífico, deitar-se na sua cama ou num cómodo sofá, relaxar todos os músculos pacientemente e esvaziar a mente de toda a classe de pensamentos, desejos, emoções, recordações.

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Quando a mente está em silêncio, podemos conhecer-nos

melhor a nós mesmos. Em tais momentos de quietude e silêncio mental, é quando realmente vimos a verificar, de forma directa, a crua realidade de todas as acções da vida prática.

Quando a mente se encontra em repouso absoluto, veremos a multiplicidade de elementos e sub-elementos, acções e reacções, desejos e paixões, etc., como algo alheio a nós, mas que esperam o instante preciso para poderem tomar controle sobre nós mesmos, sobre a nossa personalidade.

Eis aí o motivo pelo qual vale a pena o silêncio e a quietude da mente. Obviamente, o relaxamento do entendimento, no sentido mais completo da palavra, conduz-nos ao auto-conhecimento individual.

Toda a vida, a vida exterior, o que vemos, ouvimos e vivemos é, para cada pessoa, a sua reacção às impressões que lhe chegam do mundo físico. É um grande erro pensar que, o que chamamos vida, seja uma coisa fixa, sólida, a mesma para qualquer pessoa. Seguramente, não há uma só pessoa que, no respeitante à vida, tenha as mesmas impressões que outra. São infinitas.

A vida é, sem dúvida, as impressões que temos dela, e é claro que nós podemos, se a tal nos propusermos,

transformar tais impressões. Porém, como se disse, esta é uma ideia muito difícil de compreender, devido ao facto de ser tão poderoso o hipnotismo dos sentidos. Ainda que pareça incrível, todos os seres humanos se encontram num estado de hipnotismo colectivo. Tal hipnotismo é produzido pelo estado residual do

Estados de ánimo

involuntários

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abominável órgão Kundartiguador. Quando este se eliminou do ser humano, ficaram diversos agregados psíquicos ou elementos inumanos que no seu conjunto constituem o mim mesmo. Esses elementos e sub-elementos, por sua vez, condicionam a Consciência e mantêm-na em estado de hipnose. Assim pois, existe a hipnose de tipo colectivo. Todo o mundo está hipnotizado.

A mente está tão enfrascada no mundo dos cinco sentidos, que não consegue compreender como poderia emancipar-se deles, crê firmemente que é um Deus. Assim, a nossa vida interior, a verdadeira vida de pensamentos, de sentimentos, segue confusa para as nossas concepções meramente raciocinativas e intelectuais. Não obstante, ao mesmo tempo sabemos muito bem onde vivemos realmente, no nosso mundo de sentimentos e pensamentos, isto é algo que ninguém pode negar.

O trabalho esotérico ensina-nos que, se o resultado é negativo, isso se deve a nós mesmos. De um ponto de vista sensorial, esta ou aquela pessoa têm a culpa. Esta pessoa, por sua vez, dirá que nós somos os culpados, porém realmente a culpa está nas impressões que nós temos acerca das pessoas. Muitas vezes pensamos que uma pessoa é perversa quando, no fundo, é uma mansa ovelha. É imprescindível que aprendamos a transformar todas as impressões que temos sobre a vida. Aprender a receber com agrado as manifestações desagradáveis dos nossos semelhantes. Falando cientificamente sobre as impressões e o modo de transformá-las, diremos o seguinte: as impressões que chegam até nós correspondem ao Hidrogénio 48 (H48), que é o Hidrogénio que governa o corpo físico. Assim, cada impressão corresponde ao H48, para ser transformada em H24, que corresponde ao Corpo Astral, e muito mais tarde em H12, que corresponde ao

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Mental, e ainda em H6, que corresponde ao Causal ou Manas Superior.

É claro que a transformação do H48 em 24, ou o H12 em 6, ou o H6 em 3, só é possível mediante um agente secreto, refiro-me de forma enfática, ao Hidrogénio sexual Si-12. É claro que se formos castos, se cada um aprender a transformar o Esperma Sagrado em Energia Criadora, a transformação do H48 em 24, em 12 e em 6, torna-se possível.

Se transformamos o H48, que corresponde às impressões, em H24, 12 e 6, o nosso corpo irá nutrir-se de Hidrogénios superiores e, em consequência, adquirirá um maior estado de refinamento espiritual, tornar-se-á num corpo mais apto para a Alma, muito diferente ao dos nossos semelhantes, mais receptivo, mais psíquico.

Por outro lado, ao produzir o Primeiro Choque Consciente, o H48 transforma-se em Re-48, passando logo ao Mi-24, para preencher o vazio deixado pela Natureza e cumprindo-se desta maneira um alto processo, podendo criar assim uma maior quantidade de H24, o qual alimenta, como dissemos anteriormente, o Corpo Astral. Logo, com o Segundo Choque Consciente, este H24 viria a transformar-se em H12, e este por sua vez, por meio do agente secreto, vem a transformar-se em H6, e posteriormente em H3.

Quanto aos alimentos que entram no corpo físico, diremos que recebem o choque do ar vital, que se transforma em carbono ao fazer contacto com os alimentos e este choque produz o processo de transformação.

O mesmo sucede com o ar vital, que se transforma em oxigénio para purificar o sangue e de seguida em carbono, para ser expulsado. Porém isto não sucede com as impressões, estas ao

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entrarem em nós não sofrem a menor transformação. Se não utilizarmos o Primeiro e Segundo Choque Consciente, elas entram em nós em Do-48, passam a Re-48, Mi-48, Fa-48, etc. e ali permanecem.

O Segundo Choque Consciente corresponde à transformação das impressões cristalizadas em nós, porém para isso torna-se necessário primeiro realizar e compreender o Primeiro Choque Consciente, tendo em conta que com este não se terminou o trabalho, pois simplesmente se está a criar a memória do trabalho e o órgão transformador das impressões, o qual corresponde ao desenvolvimento da faculdade da observação.

A vida são as nossas impressões, e estas podem ser transformadas. Assim, necessitamos aprender a transformar melhor as impressões. Porém não é possível transformar coisa alguma em nós se prosseguimos apegados ao mundo dos cinco sentidos.

Mediante a compreensão podemos aceitar a vida como um trabalho; então realmente estaremos num estado constante de recordação de nós mesmos. Este estado de Consciência em si mesmo levar-nos-á à terrível realidade da transformação das impressões.