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max bill
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max bill mavignier wollner
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juan manuel bonet
1 edioSo PauloDan Galeria2010
60 anos dearte construtiva
no brasil
max bill mavignier wollner
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apresentao
peter cohn
bill-brasil: uma histria transatlntica
juan manuel bonet
da construo desconstruo
erreira gullar
max bill
biografa de max bill
almir mavignier
biografa de almir mavignier
wollner
galxia gestalt
andr stolarski
entrevista com wollner
andr stolarski
biografa de alexandre wollner
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sumrio
max billvariation 4
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a dan galeria, j h alguns anos, tem direcionado suas
exposies e eventos para artistas do movimento
construtivista brasileiro. publicou o livro lothar charoux,
a potica da linha, com uma exposio simultnea ao
mam, ambas premiadas pela apca. exps lygia clark,
faminghi, sacilotto, mavignier e a coletiva arte concreta
e neoconcreta, da construo desconstruo.
neste ano de 2010, em que se comemora os
60 anos de arte construtiva no brasil, a dan galeria
props-se a realizar uma mostra que remete gnese
deste movimento, reunindo obras de max bill e de
dois de seus alunos brasileiros da escola de ulm:
mavignier e wollner.
so dois mestres do design e da pintura concreta,
artistas exclusivos da dan galeria e integrantes do grupo
de artistas hoje objeto de estudo e reconhecimento
pela crtica e colecionismo internacionais.
assim como a escola de paris oi undamental
para a histria do modernismo brasileiro, a chegada das
obras de max bill em 1950, sua exposio retrospectiva
do masp em 1951 e o 1 prmio da bienal de so paulo,
no mesmo ano, confguram o momento histrico do
recm iniciado movimento construtivo, como muito
bem se l no abrangente estudo de aracy amaral, em
seu livro projeto construtivo brasileiro.
um dos aspectos mais sedutores da arte
construtiva est na explicitao do belo, atravs da
harmonia das relaes matemticas, subjacente a toda
realidade visvel. o construtivismo substitui a mimese
naturalista, indo ao mago das estruturas.
ponto, linha, plano, construes geomtricas,
estruturas subjacentes a tudo que nos rodeia, so
tomados e nos remetem ao belo, em sua gnese.
esta exposio simultnea 29 bienal de
so paulo d sequncia s mostras construtivas
na dan galeria apresentando pinturas, serigrafas e
plottergrafas histricas e atuais, num total de 52
trabalhos e vrias mdias.
h que destacar nossos agradecimentos pela
colaborao especial da editora cosac naiy, de
andr stolarski, de augusto de campos, de alexandre
wollner e de erreira gullar que, com seus trabalhos,
cooperao e autorizaes, ajudaram a viabilizar a
mostra e esta publicao.
peter cohn
60 anos de arte construtiva
maviginerbrasil rotao
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pas onde as vanguardas conheceram um importante
desenvolvimento a partir de 1922 ano da semana
de arte moderna de so paulo o brasil no esteve,
no entanto, na linha de rente no que se reere
abstrao. na realidade, sua entrada aqui se deu muito
lentamente. a primeira obra abstrata e construtivista
brasileira, tambm em 1922, no oi um quadro, mas
um trabalho tipogrfco: a capa annima e de orte
sabor russo da revista modernista paulista klaxon,
rgo de um grupo capitaneado por mrio de andrade,
connoisseurdas vanguardas europias, incluindo o
uturismo e o lesprit nouveau.
e, recontando as relaes do brasil com o
construtivismo, o que segue acontece no campo
da arquitetura, na expresso dos pioneiros gregori
warchavchik, o tambm pintor vio de carvalho, lcio
costa, oscar niemeyer...
sempre em sintonia com o lesprit nouveau, temos
que recordar, em 1937, o ministrio de educao
e sade no rio, uma obra na qual colaboraram
lcio costa, oscar niemeyer e le corbusier muito
vinculado ao brasil como supervisor do projeto que
complementado por azulejos de candido portinari e
pelos jardins de roberto burle max.
o terceiro salo de maio paulista oi em 1939,
um marco no conhecimento da abstrao pelo pblico
brasilei ro. vio de carvalho, personalidade marcante e
multiacetada do modernismo brasileiro, conseguiu trazer
entre outras, obras de jose albers, alexander calder, hans
erni, jean hlion, carl holty e alberto magnelli.
um grande impulso para a confgurao defnitiva
da modernidade brasileira acontece no ps-guerra.
a criao do museu de arte de so paulo (masp),
encabeada pelo recm chegado italiano pietro
maria bardi, e o museu de arte moderna (mam),
iniciativa de rancisco matarazzo, no qual teve lugar
a primeira bienal de 1951, modifcam o cenrio
brasileiro das artes. leon degand, o critico belga
e primeiro diretor do mam, inaugurou o museu em
1949, com a extraordinria coletiva do fgurativismo
ao abstracionismo, na qual participaram, entre outros,
arp, jean-michel atlan, calder, waldemar cordeiro,
robert delaunay, jean dewasne, ccero dias,csar
domela, samson exor, hans hartung,auguste
herbin, kandinsky, kupka, ernand lger, alberto
magnelli, mir, rancis picabia, serge poliako, alred
roth, sophie taeuber-arp, georges vantongerloo, victor
vasarely, jacques villon...
uma das exposies mais arrojadas do masp,
em sua primeira ase, oi a dedicada ao suo max
bill em 1951. o artista, que no pde comparecer
inaugurao, deixou instrues precisas para a sua
montagem que inclua pinturas, esculturas, obra grfca,
cartazes, objetos, maquetes e otografas de edicios.
bardi conheceu max bill na milo de 1945. geraldo
erraz, um dos poucos crticos brasileiros receptivos
mostra, escreveu uma resenha no peridico carioca
o jornale a revista habitat, de lina bo bardi, em cujo
segundo exemplar aparecia o artigo de max bill
beleza provinda de uno e beleza como uno,
naturalmente tambm apoiou a mesma.
quanto bienal, reencontramos, nas glrias de sua
primeira edio, o nome de max bill que obteve o grande
prmio de escultura com a unidade tripartida(1948-
1949), uma pea de ao inoxidvel baseada na cinta de
moebius, que hoje az parte da coleo do mac/usp.
em 1952, niomar moniz sodr, diretora do mam
rio, visitou max bill em seu atelier de zrich e adquiriu
duas esculturas para a coleo do museu.
quando triunou na bienal de so paulo, max bill
(winterthur, 1908 - berlim, 1994) tinha quarenta e trs
anos e uma j importante carreira. ormado como
ourives na kunstgeverbeschule (escola de artes e
ocios) de zrich (1924-1927), conheceu le corbusier em
1926 numa de suas conerncias e passou rapidamente
ao bauhaus (1927-1929) ento em dessau, onde oi
bill-brasil: uma histria transatlnticajuan manuel bonet
wollnersem ttulo
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visin de toms maldonado. um pouco mais tarde,
seria um dos entrevistados por kosice em seu livro
geocultura de la europa de hoy(buenos aires, losange,
1958). outra publicao relevante daqueles anos,
qual esteve vinculado, oi a espetacularspirale(1953-
1964), de berna. dirigida por marcel wyss, contou
com a participao de eugen gomringer (nascido na
bolvia) e secretrio de max bill por um tempo) e dieter
roth. e, na rea das artes plsticas, com colaboraes
originais de albers, arp, max bill, lanranco bombelli
(que, com o tempo, muito ez para a diuso da obra
billiana na espanha), camille graeser, leo leuppi, verena
loewensberg, richard paul lohse, vantongerloo, mary
vieira e riedrich vordemberge-gildewart. um grupo
sem dvida suo em sua maioria, mas que tambm
incluiu alguns alemes, um belga e uma brasileira, a
escultora mary vieira, membro do grupo allianz, esposa
de carlo belloli, que desenvolveu na cena sua a principal
parte de sua carreira.
tudo que oi dito at agora nos permite apreciar
a hiperatividade de max bill (que o autor destas linhas
entrevistou em 1980 para o jornal madrilenho el pas,
por ocasio de sua retrospectiva no museo espaol
de arte contemporneo), seu proundo conhecimento
da tradio qual associava seu projeto (nessa
entrevista alou com admirao sobre torres-garca),
e seu carter batalhador. este teria a oportunidade
de maniestar-se em seu trabalho entre 1953 e 1956,
na conduo da hochschule r gestaltung (escola
superior da orma) de ulm, escola conhecida pela sigla
hg, e que seria considerada como a continuadora
mais direta do bauhaus. escola, cujo austero e
conortvel edicio, oi obra sua e na qual conuram
talentos muito diversos. em alguns casos como
proessores integrados ao seu claustro (otl aicher,
inge aiger-scholl, jose albers, max bense, karl gerstner,
johannes itten, toms maldonado, abraham moles,
walter peterhans, riedrich vordemberge-gildewart),
e em outros como conerencistas (reyner banham,
herbert bayer, os eames, r. buckminster uller,
walter gropius, mies van der rohe, joseph rickwert,
karlheinz stockhausen, norbert wiener). uma lista
enorme de nomes, embora s enumere aqui alguns
exemplos que alam da continuidade relativa bauhaus
e tambm da capacidade de conexo com uma nova
sara, especialmente pelo lado cientfco. entre os
alunos, cinco brasileiros: rauke e elke koch-weser, almir
mavignier, alexandre wollner e mary vieira que em seu
pas natal havia sido aluna de guignard e que permaneceu
por muito pouco tempo em ulm.
toms maldonado, um dos pintores mais
signifcativos da cena geomtrica argentina, undador
em 1945 da asociacin de arte concreto-invencin,
conheceu max bill na zrich de 1948. da mesma orma
aluno de kandinsky, paul klee, moholy nagy e oskar
schlemmer, entre outros. em 1930 se estabeleceu
como arquiteto em zrich. durante os anos seguintes
participou como pintor um pintor interessadssimo
em matemtica nas principais iniciativas destinadas
a consolidar uma rente construtivista na europa, entre
elas a abstraction-crationde pars, na qual se tornou
grande amigo de um de seus criadores e executores,
georges vantongerloo, que muito inuenciou algumas
de suas obras concretas durante os anos 40.
com o tempo, max bill compatibilizou a arte dos
pincis com a escultura (as baseadas na cinta de
moebius, como a premiada em so paulo), com o
desenho industrial (incluindo o relgio junghans), com
uma excepcional obra tipogrfca (so seus os desenhos
dos primeiros volumes da obra completa de le corbusier,
assim como o do muito conhecido livro de alred roth
sobre a nova arquitetura), com a pedagogia, o ensaio, a
cenografa e com uma produo arquitetnica reduzida,
mas de grande qualidade, sempre com base numa
percepo modestae claraj maniestada em sua
prpria casa em zrich (1932-1933).
artista completo, transitou em cdigos
internacionais sem nunca deixar de lado a poltica
sua. entre 1967 e 1971 chegou a ser membro
do parlamento, azendo parte do grupo dos
independentes. em 1936 obteve, com seu desenho
do pavilho suo, o prmio de honra na trienal de
milo. belssima a sua srie quinze variations sur
un mme thme(pars, cahiers libres, 1938), de ttulo
e atmosera to musicais: se um tema estrutural
nasce cumprindo uma lei de desenvolvimento e no
arbitrariamente, admite uma multiplicidade infnita de
possibilidades. em 1944 organizou, desenhando
tambm seu cartaz, a coletiva konkrete kunstna
kunsthalle de basilia, para a qual retomou, como vinha
azendo h alguns anos, o conceito de arte concreta
criado por theo van doesburg.
no ano seguinte editou as 11 confgurationsde
arp, um de seus inspiradores, muito embora no
demonstrasse as mesmas inclinaes ou o seu sentido
de humor. em 1947 exps com anton pevsner e
com vantongerloo na kunsthaus de zrich, tendo sido
novamente o autor do cartaz da mostra. na paris
de 1951, aim maeght editou sua monograa sobre
kandinsk y. coincidentemen te, naquele mesmo ano e
naquela mesma cidade, recebeu o prmio que levava
o nome do artista russo. no mbito latino-americano,
cabe mencionar a presena, distncia, deste suo,
na buenos aires concreta dos anos 40. seu nome e
sua obra aparecem sucessivamente em importantes
revistas como arte madi universalde gyula kosice,
ciclode aldo pellegrini, ver y estimarde jorge romero
brest, contemporneade juan jacobo bajarla, e nueva
morar no conjunto do pedregulho. em conerncia
aos estudantes de arquitetura paulistas, o suo seguiu
em sua linha de ataque contra o que considerava
o academicismo moderno brasileiro: demasiada
orma orgnica e gratuita imitada de arp e le corbusier,
demasiadas curvas utilizadas de maneira puramente
decorativa, demasiado pan de verre, demasiado
brise-soleil, demasiados pilotis...
nessa ocasio, seu principal motivo de irritao
oi outra obra de niemeyer, a galeria calirnia, que
considerou terrvel, o fm da arquitetura moderna.
a causa, o uso antasioso dos pilotis que comparou
a uma oresta virgem da construo, perguntando-
se como podem existir no brasil construes to
selvagens. tudo isso, incluindo sua antes aludida
deesa de uma arquitetura modesta e clara, oi
registrado no n 14 de habitat, j em1954, ano em que
bill retornou a so paulo.
o escndalo se tornou internacional, quando esse
registro oi includo no report on brasil do nmero
de outubro da londrina architectural review, na qual
tambm se encontravam outras opinies de walter
gropius, do japons hiroshi ohye e de ernesto rogers.
em madrid, o texto oi reproduzido naquele
mesmo ano no n 163 da revista nacional de
arquitectura, que o recuperou da revista de arquitectura
de buenos aires. alm de niemeyer, max bill estava,
na realidade, atacando seu admirado antecessor
le corbusier, o nico nome prprio citado naquela
conerncia.
o debate resume tudo muito bem, includa a cida
resposta do prprio niemeyer em sua revista mdulo
e o captulo a afrmao de uma escola do livro de
hugo segawa arquiteturas no brasil: 1900-1990(so
paulo, 1998, edusp). ainda sobre o tema, tambm
devem ser vistos o ensaio de mara amalia garca max
bill on the map o argentine-brazilian concrete art, em
building on a construct: the adolpho leirner collection
o brazilian constructive art at the mah , houston, the
museum o fne arts, 2009, e o artigo da mesma
autora: tenses entre tradio e inovao: as crticas
de max bill a arquitetura moderna brasileira, em
concinnitas, n 16, rio de janeiro, junho de 2010.
max bill sempre ascinante, mesmo quando
equivocado, como maniestamente o caso rente
arquitetura brasileira. releio uma vez mais minha
entrevista de 1980 com ele e, enquanto seu ataque
contra os cinticos, aos quais qualifca de circenses me
parece previsvel, a admirao que maniesta por giorgio
morandi me surpreende positivamente. lembro-me
ento que, no ateli deste ltimo em bolonha, girava no
teto uma leve escultura do suio, de quem tambm, na
biblioteca, certamente havia algum livro com dedicatria.
alexandre wollner (so paulo, 1928), a partir
que para alredo hlito, o citado kosice, juan mel, lidy
prati e outros artistas da vanguarda portenha, o suo
era, para ele, naquele momento, um claro de luz.
em 1955, maldonado oi autor de uma monografa
sobre max bill, publicada em seu editorial nueva visin.
rapidamente a relao entre os dois se deteriorou e o
argentino terminou sendo um dos causadores de sua
sada da escola, na qual permaneceu inicialmente como
membro de um grupo reitor e mais tarde como seu
responsvel mximo at seu echamento em 1968.
desnecessrio dizer que max bill no perdoaria
o que considerou uma traio e assim, na entrevista
madrilenha disse o que queria: em maldonado
tambm havia muito orgulho, uma vontade incrvel
de desempenhar sempre um grande papel, um
blee, convenhamos, com toda a sua terminologia
pretensamente criadora.
no mbito brasileiro, os contatos de maldonado
com seus pares oram adiantados, o que na nueva
visin se traduziu na presena de bardi ou de geraldo
de barros, com suas buscas otogrfcas, assim como
na participao do argentino, em 1951, no curso de arte
moderna, organizado em terespolis, pelo compositor
hans joachim koellreutter, j presente nas pginas de
arte madi universal.
em 1953, o mam do rio apresentou uma mostra
dos concretistas argentinos, precisamente em maio de
1953. graas a um convite de niomar moniz sodr,
max bill fnalmente visitou o brasil, pronunciando
conerncias no rio de janeiro e em so paulo.
no rio, onde topou com maldonado, sabemos
que conheceu manuel bandeira, roberto burle marx,
lcio costa, oscar niemeyer, abraham palatnik, lygia
pape, aonso eduardo reidy e os irmos roberto. em
so paulo encontrou os bardi, geraldo de barros, sergio
milliet, mrio pedrosa, alexandre wollner...
entrevistado por vio de aquino na popular
revista manchete, maniestou-se contra o emblemtico
e corbusiano ministrio de educao e sade, incluindo
seus pilotis e os azulejos de portinari, e contra o
conjunto da pampulha de niemeyer, que considerou
de um barroquismo excessivo com suas curvas
caprichosas e gratuitas. do ponto de vista social,
criticou como demasiadamente luxuoso o bloco de
apartamentos de lcio costa no parque guinle do rio.
o nico edicio que encheu seus olhos oi uma
obra de reidy, o conjunto residencial de pedregulho,
tambm no rio.
crtica do b arroquismo, lcio costa respondeu
com ironia prpria manchete: no descendemos de
relojoeiros, mas de abricantes de igrejas barrocas.
os elogios a pedregulho oram repetidos por max bill no
jornal tribuna da imprensa, numa entrevista intitulada
pelo romeno stean baciu de max bill gostaria de
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lo na extensa entrevista concedida a andr stolarski
(alexandre wollner e a ormao do design moderno
no brasil: depoimentos sobre o design visual brasileiro,
so paulo, cosac naiy, 2005), emprega palavras pouco
amenas (ele era terrvel; as pessoas soriam porque
ele bronqueava, chutava, xingava), e at mesmo
reconhece que herdou essa legendria dureza billiana.
desse perodo o cartaz verde-amarelo de wollner
para a coletiva brasilianischer knstler, celebrada em
1958, na haus der kunst de mnich.
no ano seguinte, j no brasil, mencionemos outro
magnfco cartaz seu, anunciador do congresso da
aica, que se celebrou em braslia, rio e so paulo, sob o
signifcativo lema a cidade nova, sntese das artes.
para conhecer em proundidade a obra de wollner
como designer, dispomos de dierentes monografas,
a mais importante das quais a publicada em 200 3
pela cosac naiy, sob o ttulo design 50 anosque, entre
outros textos contm um vasto e autobiogrfco escrito
do prprio artista e um texto breve, mas pereito de um
de seus pares, o poeta concreto dcio pignatari, que
emoldura seu caso no contexto dos brilhantes fties
brasileiros: anos 50, a mais extraordinria dcada
construtiva do brasil internacionalista: bienal, masp,
vera cruz, braslia, arte e poesia concreta, indstria
automotiva, utebol. e a liberdade, que tudo envolvia,
criando aura e clima para grandes surtos abdutivos,
depois da mortera barbrie hitlerista. em seu texto
autobiogrfco, wollner recorda que conheceu pignatari
em ulm, de onde havia chegado procedente de paris,
e onde lhe apresentou gomringer. tambm recorda
que, quando retornou ao brasil, undou com geraldo
de barros, rubens martins e outros, a orminorm.
nos textos, teve a colaborao de pignatari, com
quem voltaria a contar em mltiplas ocasies. da
mesma maneira, o poeta o convida para dar orma
ao ormidvel suplemento semanal inveno, que
publicava no correio paulistanocom os irmos augusto
e haroldo de campos e com mrio chamie.
do discurso mais terico de wollner nesse
interessantssimo livro, destaco o que az reerncia
mencionada capa construtivista de klaxon,
considerando-a como a pedra undamental do
desenho grfco brasileiro e reproduzindo a de seu
primeiro nmero.
em 1963 era inaugurada no rio, a escola superior
de desenho industrial (esdi) dirigida por maurcio
roberto, grande fgura da arquitetura modernista
brasileira como seus irmos marcelo e milton que
representava, no sem difculdades, a adaptao das
propostas ulmianas ao meio brasileiro. ali presentes
estavam wollner e pignatari, dois outros ulmianos, karl
heinz bergmiller e paul edgard decurtins e, durante um
tempo, a bibliotecria da escola alem, andrea schmidt.
de 1950, havia se ormado no instituto de arte
contempornea do masp. o excepcional corpo docente
daquele centro inclua, alm de bardi, seu undador e
diretor, criadores e intelectuais to interessantes como
roger bastide, lina bo bardi, leopoldo haar, aldemir
martins, vio motta, jacob ruchti e roberto sambonet.
o primeiro contato de wollner com a obra de max
bill, que ele recorda como algo de to excepcional
importncia, que sua primeira sensao oi de absoluta
paralisia, aconteceu precisamente em 1951, quando
bardi lhe pediu para colaborar na instalao da j
mencionada retrospect iva do suo. da mesma orma
oi impactado, naquele mesmo ano, por outra mostra
no masp dedicada ao cartaz suo. as primeiras
realizaes tipogrfcas do caula, algumas delas
para a flmoteca do mam, revelam a nase que ele
deu inuncia de tudo aquilo, especialmente s
consideraes de max bill. geraldo barros - pintor e
otgrao - oi colaborador ocasional em algumas dessas
realizaes, nas quais tambm dava seus primeiros
passos. graas a ele, wollner tornou-se um pintor
concretista e passou a integrar-se no pioneiro grupo
ruptura, undado em 1952, e do qual tambm aziam
parte o citado, lothar charoux, waldemar cordeiro,
kasmer jer, leopoldo haar, judith lauand, mauricio
nogueira lima, luiz sacilotto e anatol wladyslaw.
com o rupturainicia-se a aventura do concretismo
brasileiro. dos extraordinrios quadros, com os quais
wollner contribuiu, eitos com esmalte sobre duratex,
mencionemos o de 1953 que oi propriedade de
adolpho leirner e que hoje est, como o restante dessa
coleo, no museum o fne arts, de houston.
outra grande experincia para o aprendiz de
pintor oi sua colaborao, em 1953, nas tareas de
montagem da segunda bienal. ali, teve a oportunidade
de contemplar obras primas d a vanguarda internacional,
muitas pertencentes a artistas inscritos no horizonte
da geometria, com destaque para as obras dos neo-
plasticistas holandeses. presente nessa edio da
bienal, com trs de seus quadros, recebeu o prmio de
pintura jovem revelao vio de carvalho. e seriam
seus os cartazes da terceira (1955) e quarta (1957)
bienais, realizados desde ulm.
durante seus anos de ulm (1954-1958), wollner
realizou seu sonho de aprender com o mestre suo
e grande herdeiro da bauhaus, inicialmente reticente
em aceit-lo como aluno. o brasileiro, que em ulm
abandonou a pintura, optando pelo design, tirou
muitas e boas otografas da hg, de seus proessores
sempre se sentiu em dvida com aicher, em cuja
aula ez um bonito esboo de cartaz para a panair do
brasil e de seus condiscpulos. relembra de muitos
ocorridos ulmianos e dos conitos que desembocaram
na j mencionada sada do criador max bill. para evoc-
entre os conerencistas, alguns nomes j mencionados
da escola alem: aicher, max bense, maldonado,
moles...
indiscutivelmente, wollner, um d os grandes
nomes do design brasileiro,que ez contribuies
extensamente diundidas na vida cotidiana do pas,
que se destacam por sua simplicidade e efccia
grfca, depois de ulm, como j mencionei, nunca
retornou prtica da pintura - qual ez to brilhantes
contribuies antes de sua estadia alem.
o outro discpulo brasileiro de max bill e de
ulm, almir mavignier (rio de janeiro, 1925), residente
desde 1965 em hamburgo, de cuja hochschule
r bildente kunst oi proessor, compatibilizou, no
entanto, o trabalho no mbito da pintura com notveis
contribuies no campo do design, especialmente
do cartaz. seu primeiro proessor de pintura oi o
hngaro arpad szenes, reugiado no rio durante os anos
da segunda guerra mundial, junto com sua mulher, a
portuguesa maria helena vieira da silva, dois nomes
muito queridos para o autor destas linhas, que os
conheceu ainda menino e que com eles conviveu
com requncia por muitos anos. naquele tempo,
mavignier dirigiu um atelier de artes plsticas para
internos no hospital do engenho de dentro. suas
primeiras tentativas abstratas, entre o geomtrico e o
orgnico, datam de 1947 e, seus contatos com milton
dacosta, abraham palatnik, o crtico mrio pedrosa,
ivan serpa, e mary vieira se intensifcaram. em 1949,
passando pelo rio, conheceu maldonado. em 1951,
tambm se impressionou com a retrospectiva max
bill do masp. naquele mesmo ano participou tal
qual serpa, que recebeu um prmio de aquisio da
bienal de so paulo e oi para paris, onde conheceu
vantongerloo e estudou na grande chaumire com
jean dewasne. sua abstrao evoluiu do orgnico ao
sistemtico, sem renunciar de todo ao intuitivo. no
ano seguinte, seu encontro com max bill aconteceu
em zurich, por intermdio de mrio pedrosa e mary
vieira. o pintor no s lhe mostrou seu ateli como
tambm o introduziu aos atelis de camille graeser,
verena loewensberg e richard paul lohse. tambm em
companhia de pedrosa o brasileiro visitou morandi em
bolonha. inicialmente, max bill no aceitou mavignier
como aluno - est claro que era um proessor que
comeava dizendo que no- o que o levou a optar
por estudar em stuttgart com willi baumeister.
fnalmente, mary vieira intercedeu por seu
compatriota, que pde incorporar-se a ulm, onde
esteve entre 1953 ano em que enviou obra ao
salon des ralits nouvelles de paris, um dos
principais encontros para aqueles que, naqueles anos
de esmagador predomnio inormalista, seguiam
empenhados em empunhar a bandeira da geometria
e 1958; e onde oi especialmente sensvel aos
ensinamentos de albers, com quem aprendeu a amar o
quadrado. sua primeira individual europia aconteceu
em 1955, na galerie 33 de berna. construo e
intuio dialogam em nove quadrados(1956). em
1957, um one man show no museum ulm, e outro
na galerie gnsheide 26 de stuttgart, este com um
catalogo preaciado por max bense, responsvel pela
sala. na dsseldor de 1958, exps com o grupo zero.
1964 o viu participar na documentade kassel, e
dentro do pavilho brasileiro na bienal de veneza, uma
dobradinha que se repetiria quatro anos depois. em
1965, oi includo na coletiva do moma nova-iorquino
the responsive eye, que marcou o apogeu do op
art, uma tendncia com a qual mavignier maniestou
como pintor, naquele momento, certa afnidade. em
1968, apresentou sua obra na kestner-gesselschat
de hannover, com catlogo novamente preaciado por
bense. gomringer, assessor artstico da empresa
de porcelana rosenthal, incorporou naqueles anos o
brasileiro ao seu programa, da mesma orma que a
max bill e a muitos outros artistas de vanguarda. em
1973, exps em dsseldor, na sala conjunta de denise
ren, a grande galerista da geometria do ps-guerra, e
hans mayer. em 1985, ano em que recebeu o prmio
anton stankowski, sua obra pode ser contemplada,
sucessivamente, em dois espaos alemes chave para
os artistas da tradio construtiva, o bauhaus-archiv de
berln, e o jose albers museum, de bottrop.
espetacular o trabalho de cartazes de
mavignier. seu cartaz horizontal de 1955 para a
retrospectiva de vordemberge-gildewart no museum-
kunstverein de ulm pode ser qualifcado de obra
prima pr-minimalista: um undo vermelho e duas
linhas de tipografa, ambas em caixa baixa; a primeira
camada em branco e a segunda, em um tipo menor,
combinando novamente essa camada em branco
e umas quantas palavras em preto. destaca-se
sua colaborao, nos fnais daquela dcada, com
o museum ulm, para o qual cria um tipo de cartaz
que ele mesmo qualifca de modular, no qual certos
elementos compositivos e cromticos se repetem
como constantes, dando lugar a uma arte da variao.
da mesma orma, destaco seu belssimo cartaz de
1958, para uma dupla exposio em munique sobre
braslia, utopia ento em construo, e sobre burle
marx. gosto muitssimo de outro cartaz seu, de
1960, novamente horizontal, que ez para divulgar uma
exposio de antonio calderara no studio , tambm
de ulm, o maravilhoso pintor italiano antonio calderara.
temos que recordar a monografa (miln, allinsegna del
pesce doro, 1965), a ele dedicada pelo grande poeta
e conhecedor de arte murilo mendes, tambm amigo
de mavignier, a quem em 1963, ez expor em roma e
alexandre wollnercartaz para a coletiva
brasilianischer knstler,
haus der kunst de
mnich, 1958
alexandre wollnercartaz premiado,
terceira bienal de
so paulo, 1954
alexandre wollnercartaz premiado em
concurso internacional,
quarta bienal de
so paulo, 1957
alexandre wollnercartaz cidade nova,
sntese das artes,
anunciando o congresso
da aica, braslia, rio de
janeiro e so paulo, 1959
almir mavignier
cartaz para a retrospectivade vordemberge-gildewart
no museum-kunstverein
de ulm, 1955
almir mavigniercartaz para dupla
exposio sobre braslia e
burle marx em munique,
alemanha, 1959
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livro breve e eliz, alimentado por quatro viagens
sucessivas entre 1961 e 1964.
bense-brasil so os poetas concretos. o alemo
colaborou em invenoe divulgou na europa o trabalho
de seus amigos brasileiros. haroldo de campos
preaciaria sua pequena esttica(so paulo, perspectiva,
1971). bense-brasil so o aleijadinho, diante do qual
conessa no sentir a admirao que sentia por mrio
de andrade, os arquitetos (lcio costa, niemeyer, reidy,
de quem admira seu modo de utilizar os pilotis),
a engenheira carmen portinho, alredo volpi, sobre
quem diz coisas especialmente sutis, bruno giorgi,
waldemar cordeiro, lygia clark, erreira gullar e outros
neo-co ncretos, mira schendel, os designers, mrio
pedrosa, braslia (incontestvel proclamao brasileira
da inteligncia cartesiana), visitada em companhia
de joo cabral de melo (na contracapa desta edio
brasileira se reproduz seu poema. acompanhando
max bense em sua visita a braslia,1961), um
memorvel almoo carioca com guimares rosa e
clarice lispector, e os jardins de um burle marx que v
como um raro herdeiro do cartesiano andr le ntre...
precisamente o dilogo entre o cartesiano e o tropical,
entre o orgnico e o geomtrico, oi o que seduziu max
bense muito dierente nisso de max bill no brasil, pas
para ele de singular clareza intelectual, onde o rio era
a cidade como prolongamento da natureza habitvel,
e braslia a cidade como prolongamento da inteligncia
emancipada. no livro de max bense esto tambm,
claro, o prprio max bill, alexandre wollner autor de
um texto sobre o alemo, includo na orelha do volume
e almir mavignier. juntos novamente nessas pginas, e
agora nesta mostra da dan, como no ulm ftiesonde se
haviam entrelaado, na hg, os destinos dos quatro.
neste ano de 2010 se celebrou, no zentrum
r kunt und medientechnologie de karlsruhe, outra
mostra, intitulada bense und die knste bense
e as artes. assim, no plural na qual estavam
representados bill e mavignier, juntos a, entre outros
(em sua maioria vinculados historia que se tratou
de contar aqui) lygia clark, waldemar cordeiro,
augusto e haroldo de campos, bruno giorgi, mathias
goeritz, gomringer, alosio magalhes, ranois
morellet, pignatari, dieter roth, mira schendel e anton
stankowski; embora seja interessante sinalizar que
compartilhavam cartazes com artistas inscritos em
outras linhas de trabalho, como georges mathieu, henri
michaux, ou wols, cujas presenas contribuam para
azer entender a amplitude do olhar bensiano.
sobre quem escreveu em 1964, no catlogo do citado
envio brasileiro bienal de veneza.
de 1960 , em preto sobre branco, orm, o
primeiro dos additive plakate ou cartazes aditivos
de mavignier, de poderosa visualidade, como coloca
aracy amaral. h uma otografa daquele ano em que
se pode comprovar quo bem uncionam na rua, vrios
exemplares justapostos daquele cartaz, base de cuja
acumulao se cria uma potente estrutura de repetio.
max bill, alexandre wollner, almir mavignier: trs
artistas totais, trs grandes fguras da segunda onda da
abstrao geomtrica e trs grandes nomes tambm do
desenho grfco e, no caso dos dois primeiros, industrial.
as peas reunidas pela dan galeria para a mostra
que o presente catlogo documenta, nos alam do
interesse e da vigncia de suas respectivas obras.
um exemplar do original quinze variations sur un mme
thme, e um admirvel conjunto de seis quadros, de
extrema pureza, exatido, beleza e pereio, realizados
por max bill entre 1959 e 1975, dentro de uma potica
em grande medida devedora do neo-plasticismo, e que,
expostos no stand da galeria paulista na ltima arco
madrilenha, constituram uma ilha de quietude e uma das
melhores surpresas da eira.
do perodo concreto de wollner, um quadro
acompanhado pelas vinte plottergrafas que compem
o ciclo ormulao, interao, articulao, (2005-2009),
no qual retoma o motivo que lhe havia inspirado uma
constelao de seis pinturas(1953), documentada em
sua monografa de 2003; e um conjunto de quatro
quadros quadrados os quatro de um metro por um
metro de mavignier, escalonados entre 1973 e 2008,
aos quais se acrescenta outro ciclo de cinco serigrafas
vibrantes e de grande dinamismo,rotaobrasil(1992).
composies que trazem nossa memria o
que aracy amaral escreveu a propsito do quanto
brasileiro o pintor, desde o ponto de vista cromtico:
no pigmento puro, a luminosidade do pas tropical
permanece, algo que t ambm est claro em seu
cartaz de 1957 para uma exposio de cndido
portinari em munique.
se bill-brasil derivou eventualmente em um
desencontro, no que se reere arquitetura, outro
ulmiano, max bense (strasbourg, 1910 - stuttgart,
1990) fcou absolutamente ascinado pelo pas, tal
como se pode deduzir de alguns de seus poemas
e sobretudo de seu livro em orma de dirio
brasilianische intelligenz: eine cartesianische reexion
(wiesbaden, limes, 1965 capa com o smbolo do
quarto centenrio do rio por alosio magalhes).
livro que agora fnalmente pude ler na traduo
portuguesa de tercio redondo: inteligncia brasileira:
uma reexo cartesiana(so paulo, cosac naiy, 2009,
com um interessante poscio de ana luiza nobre).
almir mavignieradditive plakate ou cartazes
aditivos, 1960
konkrete kunstcapa e quarta capa do
catlogo com a relao dos
artistas concretistas da
exposio. junho/agosto
de 1960 zurique, suia
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konkrete kunstpginas, 27, 31, 39 e 43 do
catlogo, com obras de
max bill, alexandre wollner e
almir mavignier, entre outros.
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revista habitat n 2max bill - beleza
provinda de uno e
beleza como uno-
pp 61-65, so paulo,
janeiro-maro, 1951
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noigandres n 1a campos, d pignatari,
h campos
capa: dcio pignatari
1952
antologia noigandres n 5a campos, d pignatari,
h campos, jos lino
grnewald, ronaldo azeredo.
capa: homenagem do
grupo noigandres a alredo
volpi, primeiro e ltimo
grande pintor brasileiro
1962
poetamenos, 1953-1973augusto de campos
edies inveno
so paulo, brasil -1973
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poetamenospoema do livro
homnimo
paraso pudendopoema do livro
poetamenos
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nossos dias com cimentopoema do livro
poetamenos
lygia fngerspoema do livro
poetamenos
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eis os amantespoema do livro
poetamenos
dias dias diaspoema do livro
poetamenos
da construo desconstruo
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para a nova experincia artstica que, no rio, sob a
inuncia de mrio pedrosa, mobiliza jovens artistas
como ivan serpa, almir mavignier e abraho palatnik.
j desde o incio, verifcam-se dierenas entre os
grupos paulista e carioca, mostrando-se este mais
ecltico, conorme se verifca na composio do grupo
rente, que j ento rene, artistas tanto de linguagem
geomtrica quanto fgurativa ou abstrato-expressionista
e at mesmo pintores naives. j o grupo ruptura, de
so paulo, mais coerente na sua opo concretista.
talvez esteja a a explicao para o desenvolvimento
dierente que tero as idias concretistas num e
noutro grupo. mas isso s se explicitar, mais tarde,quando o nascimento da poesia concreta incute
novo entusiasmo no movimento, de que resulta a I
exposio nacional de arte concreta, inaugurada em
so paulo, em dezembro de 1956 e transerida para o
rio, em evereiro do ano seguinte. essa juno das
obras dos dois grupos, numa mesma mostra, tornou
evidentes as dierenas entre eles.
ragmento do texto homnimo originalmente publicado
no catlogo arte concreta e neoconcreta, da construo
desconstruo- dan galeria - so paulo - 2006
a arte concreta e neoconcreta pertencem hoje
histria da arte brasileira e sobre elas j muito se
reetiu e escreveu, em uno mesmo do papel que
desempenharam no curso dessa histria.
por determinadas razes a crtica e os amadores de
arte costumam associar esses dois movimentos como
se um osse uma variao do outro, quando na verdade
so contraditrios e conitantes.
a arte neoconcreta poderia, sob certos aspectos,
ser vista como anticoncreta, se se leva em conta que
surgiu da negao dialtica da arte concreta.
no obstante, aquela no teria existido sem esta,
mesmo porque a prpria expresso negaodialtica implica o envolvimento com o que
negado. de ato, a arte concreta, ao surgir no brasil
no comeo dos anos 50, provoca uma ruptura com
a tradio modernista que se mantinha hegemnica
desde 1922. essa ruptura consistiu em propor ao
artista brasileiro novas questes relativas concepo
artstica e linguagem da arte, pondo de lado como
superados os valores que o modernismo impusera.
em lugar da temtica nacional ou regional, em lugar
da linguagem fgurativa, uma temtica universal,
racional e uma linguagem geomtrica.
oram essas novas propostas que, por azerem da
questo ormal o prprio tema da obra, precipitariam
um processo esttico radical, cujo desecho oi
a negao delas. contribuiu para isso, de modo
decisivo, o surgimento da poesia concreta que
estendeu para o campo literrio propostas semelhantes
s do concretismo plstico. tambm aqui a negao
dialtica da viso concretista gerou a busca de
solues estticas novas, que tiveram inuncia direta
no curso da arte neoconcreta.a presena das idias concretistas no brasil se d
como parte do reatamento do intercmbio cultural com
a europa, interrompido em uno da segunda guerra
mundial, de 1939 a 1945. o fm do conito provocou
uma onda de otimismo e renovao que se reetiu
no campo artstico. a exposio de max bill em so
paulo, em 1950, gerou o primeiro vnculo com a arte do
grupo de ulm, herdeiro de algumas idias da bauhaus
e, mais particularmente, dos conceitos emitidos por
van doesburg, em seu maniesto da arte concreta,
publicado em 1936. esse vnculo novo punha fm a
uma longa dependncia da arte brasileira com a escola
de paris. em so paulo, vrios artistas, entre os quais
geraldo de barros e waldemar cordeiro, voltavam-se
ferreira gul lar
maniesto ruptura,
so paulo, 1952
capa do suplemento
dominical do jornal
do brasil, rio de janeiro,
maro de 1959
poema manuscrito de
erreira gullar
1956
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max bill
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gelbe und weisse zone - 1974-75leo/ tela
114 cm
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36 37
sem ttulo - 1972
acrlica/ tela
33 x 33 cm
radiation du jaune - 1972-73leo/ tela
33,5 x 33,5 cm
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38 39
strahlung in gruen - 1972-73leo/ tela
40 x 40 cm
weiss in grn - 1959-62acrlica/ tela
48 x 48 cm
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40 41
rote basis - 1959
acrlica/ tela
34,7 x 34,7 cm
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42 43
quinze variations surun mme thme
serigrafa
ditions des chroniques
du jour - paris - 1938
32 x 30,8 cm
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variation 1thme
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46 47
variation 2 variation 3
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48 49
variation 4 variation 5
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variation 6 variation 7
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52 53
variation 8 variation 9
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variation 10 variation 11
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56 57
variation 12 variation 13
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58 59
variation 14 variation 15
1951 grande prmio de escultura na I bienal de
arte de so paulo.
1967-71 representante do parlamento ederal.
1967 74 proessor de design ambiental na
max bill
1908 max bill nasce em 22 de dezembro em
winterthur.
1932-36 membro do grupo de paris abstraction-
cration e participao em suas atividades.
uso e ocupao do solo) liderado pelo
arquiteto hans schmidt na eira nacional sua
em zurique
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60 61
1951-56 reitor da hochschule ur gestaltung em ulm.
designer do pavilho suo na IX triennale
di milano.
1952-69 prmio anual e exposio da campanha
die gute orm iniciada por bill em 1949,
sob o patrocnio do werkbund suo.
1953 viaja ao brasil como membro do jri da bienal
de so paulo
1955 novo lanamento do livro de wassily
kandinsky, punkt und linie zu che.
publicao dos ensaios essays ber
kunst und knstlerde kandinsky.
participao na documenta 1.
1957 organizao da exposio die unbekannte
gegenwartnas vitrines das lojas globus em
zurique, basilia, st. galen, chur e aarau.
1959 publicao do texto katalogue ur
kunstausstellungen 1936-1958.
membro da bsa (bund schweizer architekten).
participao na documenta 2.
1960 organizao da exposio konkrete kunst, 50
jahre entwicklungno helmhaus de zurique.
1961-64 concepo e construo da seo bildenund gestalten, na eira nacional sua expo 64,
em lausanne.
1961-68 membro do conselho municipal da cidade
de zurique.
1964 membro honorrio do american institute
o architects.
participao na documenta 3.
1967/68 design e construo de sua segunda casa
e atelier em zumikon.
1967-74 proessor de design ambiental na
hochschule ur bildende kunste, em hamburgo.
1968 prmio de arte da cidade de zurique;
discurso sobre o tema contentment in the
provincial state.
1972 membro da akademie der kunste, berlim.
1979 groes verdienstkreuz grande cruz de
mrito da repblica ederal da alemanha.
recebe o ttulo de doutor honoris causa,
da universidade de stuttgard.
1979-83 pavilho-escultura no bahnhostrasse,
em zurique.
1985 presidente do bauhaus-archiv, em berlim.
commandeur de lordre ds arts et letters,
rana.
1988 morte de binia bill.
1990 recebe o helmut-krat-preis ur bildende
kunste, stuttgard.
1991 casa-se com angela thomas.
1993 recebe o praemium imperiale, japo.
1994 max bill morre no dia 9 de dezembro,
em berlim.
1924-27 ingressa no ocio da ourivesaria no
kungstewerbeschule de zurique.
1925 viagem de estudo a paris para a exposition
internationale dart, na qual estava exposto o
pavilho lesprit nouveaude le corbusier.
1927/28 estuda na bauhaus em dessau.
1929 retorna a zurique. comea a trabalhar como
designer grfco, arquiteto, designer de
exposies, pintor, escultor e, a partir de
1944, como designer industrial. em 1934,
desenvolve vrios trabalhos de designcomercial, a aade signage identidade
visual e designs de exposio para os
grandes projetos do circulo arquitetnico
internacional avant-garde de zurique, como
wohnbedar, a associao (werkbund)
de urbanizao neubuhl, zett-haus,
corso-theater, pestalozzi & co.
1930 publicao do bill-zurich, seu primeiro texto
sobre tipografa e design grfco comercial.
1930-62 membro do werkbund suo swb.
1931 casa-se com a violoncelista e otgraa
binia spoerri.
participa da exposio do crculo neue
werbegestalterem amsterd.
cria o cartaz da exposio de arte rupestre
aricana negerkunst, prhistorische elsbilder
sdarikaspara o kunstgewerbemuseum
de zurique.
1931/32 realiza a escultura well-relei; em chapa
pintada de branco.
1932/33 design e construo de sua casa-atelier em
zrich-hngg com a colaborao do arquiteto
robert winkler.
1932-34 design da revista inormation.
1933 publicao do texto uber
gebudebeschritungen.
max bill se une ao grupo de designers
grfcos que inclui aloit carigiet, richard
paul lohse, herbert matter, heinrich steiner,
hans trommer e outros da sociedade de
designers grfcos independentes, da qual,
em 1938, surge o sindicato de designers
grfcos suos.
1934 publicao do texto ausstellungs-reklamebauten:
halb prospekt, halb architektur.
1935 primeira verso da escultura unendliche
schleie.
1936 design do pavilho suo para a iv triennale
di milano; bill recebe vrios prmios
internacionais e prestigiado pelo conceito
do pavilho.
participao na graa international,
exposio de design grfco comercial na
basilia, com seus trabalhos.
participao na exposio histrica
zeitprobleme in der schweizer malerei und
plasticna kunsthaus de zurique; design do
cartaz e catlogo; publicao do texto terico
konkrete gestaltungtambm no catlogo da
exposio.
1937 bill junta-se ao sindicato de artistas
suos modernos, allianz.
publicao do texto die typografe ist
der grafsche ausdruck unserer zeit (...).
1938 publicao das litografas quinze variations
sur un mme thmeem paris.
membro do ciam (congrs internationaux
darquitecture moderne), do qual sigried
giedion oi secretrio.
1939 design grfco do stdtebau und
landesplanung(planejamento urbano e de
em zurique.
publicao do livro le corbusier & pierre
jeanneret, oeuvre complete, band 3, 1934-1938.
1941 criao da allianz publishing house.
1942 nascimento de seu flho jacob.
1944 criao da revista abstrakt/konkret.
1944/45 leciona a disciplina ormlehre(teoria da
orma), no kunstgewerbeschule de zurique.
1946 publicao do ensaio ber typografe.
1947 produo em larga escala da escultura
kontinuittno zka; obra destruda em
1948 pelo artista.
criao do institut r progessive culture i.p.c.
1948 palestra schonheit aus unktion und als
unktion na conerncia do werkbund suo
na basilia, onde a campanha die gut orm e,
em 1952, o livro orm surgiram.
1949 conceito, design e organizao da primeira
apresentao especial de die gut orm na
eira da basilia, tambm apresentada em
colnia e outras cidades.
publicao do ensaiodie mathematische
denkweise in der kunst unserer zeit dentro
da perspectiva da exposio pevsner,
vantogerloo, billno kunsthaus de zurique.
publicao do livro robert maillart.
concluso da srie moderne schweizer
architekture1925-1945, sistematicamente
apresentada a partir de 1938.
1950 primeira grande exposio da obra completa
de bill em so paulo, brasil, seguida de vrias
exposies do mesmo tipo.
planejamento do programa e edicios para
o hochschule ur gestaltungem ulm.
mavignier
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62
g
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64 65
rotao na paralela branco - 1981leo/ tela
100 x 100 cm
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interpenetraes vermelho/verde/ azul/ lilas - 1975
leo/ tela
100 x 100 cm
penetrao branco/ amarelo - 1973leo/ tela
100 x 100 cm
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68 69
branco - 2008
acrlica/ tela
100 x 100 cm
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70 71
rotao brasil - 1992serigrafa/ papel
84 x 59,5 cm
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72 73
azulverde sobre marrom - 1978leo / tela
77 x 52 cm
verde sobre violeta - 1978leo / tela
80,5 x 49 cm
1958-64 participou do grupo zerocom heinz mack,
otto piene, gnther uecker, lucio ontana e
piero dorazio, entre outros.
1960-61 projetou organizou e deu o ttulo para a
almir da silva mavignier
1925 nasceu no rio de janeiro.
1945 terminou o curso colegial cientfco.
1947-48 estudos de pintura com arpad szenes
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1960 61 projetou, organizou e deu o ttulo para a
exposionovas tendncias(nove
tendencije) de zagreb.
trabalhos
1949 aquarela concreta.
1952-53 paris, pinturas geomtricas.
1954 ulm, quadro com pontos.
1956 pinturas com retcula, apresentando cor e
estrutura como enmenos de percepo visual.
1957 pinturas monocromticas.
1959-61 realizou as serigrafas permutaes-
programa de multiplicao, que liberta a obra
do controle do artista.
1962 cncavo-convexo- quadros branco e preto.
1963 cartazes aditivos, onde a estrutura
programada pode adicionar-se
indefnidamente.
1974 sries de pinturas mono-policromticas.
1975 estruturas monocromticas que reetem
luz e sombra.
1981 diviso e rotao, srie com dez pinturasmonocromticas.
1985 primeiro cartaz onde a inormao escrita se
apresenta em cada lado, permitindo nas ruas
quatro variaes
1947 48 estudos de pintura com arpad szenes,
axel v. Ieskoschek e henrique boese.
1951 paris, atelier de la grande chaumire.
1952 viagem com mario pedrosa, visitando em
zurique os pintores concretos - max bill,
richard paul lohse, camille graeser, verena
loewensberg - e em bologna, giorgio morandi.
1953-58 hochschule r gestaltung, ulm.
estudos com jose albers, max bill,vordemberge-gildewart, otl aicher, toms
maldonado, entre outros.
1958 recebeu o diploma no departamento de
comunicao visual.
1965 casamento com sigrid quarch.
nomeado como proessor de pintura na
hochschule r bildende knste (escola de
belas artes) de hamburgo.
1968 nascimento do flho delmar.
2008 vive em hamburgo.
atividades artsticas
1946-51 iniciou o atelier de pintura e modelagem
no centro psiquitrico nacional do engenhode dentro, no rio de janeiro, descobrindo os
artistas: arthur amora, emygdio de barros,
ernando diniz, raphael domingues, adelina
gomes, isaac liberato, carlos pertuis.
1949 participou do primeiro grupo de arte concreta
no rio de janeiro com ivan serpa, abrao
palatnik e mario pedrosa.
1950 organizou com leon dgand e lourival gomes
machado a exposio 9 artistas do engenho
de dentrono mam de so paulo. apresentou
o cinecromticode palatnik na vernissage.
wollner
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76
o que os seus pais aziam antes de chegar ao brasil?
a amlia do meu pai sempre oi estranha para mim.
i h di
tudo mundo dizia que eu desenhava bem, ento me
dediquei ao desenho. quando terminei o ginsio, quis
aprender pintura. ui procurar um curso na escola de
belas artes. a primeira pergunta que minha me ez ao
diretor oi: a escola d diploma?. ele respondeu que
no. ento nem pensar. minha me queria que eu
fzesse arquitetura, mas eu s queria saber de desenho.
cheguei a iniciar um curso de belas artes na
l i i i i l
mais de trezentas pessoas, entrei e ui imediatamente
procurar o aldemir martins e o poty lazarotto. eles me
acharam engraado, logo fcamos amigos. como eu
no tinha com o que me ocupar, fcava l o dia todo
trabalhando, tentando azer gravuras. comearam
as aulas: tecnologia da madeira, das pedras, do erro,
otografa, laboratrio. eu no sabia nada.
i ?
trechos da entrevista concedida a andr
stolarski em seu livro alexandre wollner e a
formao do design moderno no brasil -
editora cosac naiy - 2005
a expresso echar a gestalt signifca, grosso
modo, completar a fgura, caracterizar o todo de uma
d i f h d l
poderamos chamar de uma complexidade regulada.
orma, cor, tamanho, contraste, ritmo, tenso,
l f d l
galxia gestalt
andr stolarski
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78 79
nunca consegui chegar perto. nunca entendi exatamente
o que meu pai azia, mas sei que ele era comerciante e
gostava de utebol - era juiz e treinador. ele era muito
ligado colnia iugoslavo-italiana.
quando veio da iugoslvia para o brasil, no defniu
bem o que azer, mas se associou a algum do ramo e
passou a coordenar a parte comercial de uma tipografa.
nessa poca, eu vivia com ele no trabalho. oi uma
ase muito importante para mim - o cheiro da mquina,
os tipos que caiam no cho e que eu fcava olhando,
interessado.
ele montou uma tipografa em so paulo?
montou uma tipografa e oi dono de vrias grfcas.
voc passou a inncia trabalhando com ele?
eu ajudava, levava originais para compor textos
na linotipia.
ele no tinha linotipos na grfca?
no. era tudo eito ora, na rua da abolio, no bexiga.
eu levava os originais para azer a digitao dos tipos
e devolvia os blocos de chumbo prontos para ele. vivia
na grfca o dia todo. eu gostava muito, fcava com o
meu pai e a gente se divertia.
como oram seus primeiros anos na escola?
diceis. eu tinha difculdade de pensar
abstratamente. no conseguia entender as aulas de
aritmtica e gramtica. os proessores fcavam com
pena de mim. minha me me vestia com camisa
de jrsei, cala de veludo e eu ia todo chique para
a escola. os proessores pensavam que eu era de
classe mdia e me davam mais ateno. fcavam
preocupados, perdiam o recreio me explicando a
matria. tanto que, no quarto ano do primrio, uma
das proessoras chamou meu pai e disse: seu flho
no est acompanhando a classe. acho melhor ele
repetir o ano. meu pai disse que no, que eu ia
melhorar, e ela no me reprovou. mais tarde, pensei:
ser que eu era autista naquele tempo?
meu pai morreu quando eu estava na primeira
srie do ginsio. eu no compreendia o que estava
acontecendo. talvez seja pesado dizer isso, mas com
a morte dele eu comecei a deslanchar e a perceber as
coisas, pois fquei sem proteo.
galeria prestes maia, mas no me interessei pelo
mtodo. ento ui cursar o cientfco no colgio
caetano de campos. minha me conseguiu bolsa de
estudo para mim e para minha irm, mas eu repetia
de ano, no reqentava a escola, jogava bilhar, estava
totalmente ora do esquema.
oi nessa poca que voc comeou a azer jornal?
eu azia o jornal do caetano de campos. mas, quando
meu pai vivia, j tinha eito um jornal no grupo escolar.
voc conhecia o modo de impresso dos jornais?sim. na grfca, eu via como eram produzidos.
eram eitos com linotipo, amarrados, e depois
passavam por um processo de impresso plana.
gostava muito do cheiro. sobrava jornal, eu pegava
e ia vender na rua. eu desenhava jornaizinhos para
a turma, desde o grupo escolar. como eu fcava
vermelho com acilid ade, meu apelido era cebol o.
por esse motivo, o jornal acabou batizado com
esse nome. era uma coisa intuitiva, mas as pessoas
gostavam muito, fcavam na expectativa.
e o hbito de desenhar para os proessores na sala
de aula, tambm surgiu nessa poca?
isso oi no mackenzie. eu tinha catorze anos e,
durante a aula, desenhava no caderno os diagramas
de corpos humanos que a proessora de cincias mos-
trava nos livros. ela viu e pediu que eu reproduzisse
os desenhos no quadro-negro durante o recreio.
voc perde o recreio mas garante uma nota seis, e
eu vou pedir ao meu marido - que era o proessor de
matemtica - que d uma ora para voc. tudo que
ela dava na aula eu azia no quadro-negro. e aprendi
a desenhar em p. desenhar no papel uma coisa,
desenhar na vertical outra, as propores mudam
totalmente. comecei a perceber essas coisas e a
orientar melhor minhas propores, meu eixo.
as coisas estavam normais, eu cursava o cientfco
e me preparava para estudar arquitetura. mas eis
que vejo um anncio no dirio de so paulo: o museu
de arte de so paulo vai abrir o instituto de arte
contempornea e est abrindo concurso para o ingresso
de trinta alun os, eu pensei: arte contempo rnea?
tudo que eu quero!. nunca havia pensado em
design, nem sabia o que era isso. fz o concurso com
voc esperava isso?
no, s queria desenhar. comecei a perceber meu
talento na grfca e ui contratado pela flmoteca do
museu de arte moderna - que fcava ao lado - para
azer os cartazes das sesses das teras e sextas-
eiras. fz o cartaz de uma exposio do saul
steinberg. utilizei letras vermelhas e uma seta preta.
no sei por qu, ele ganhou a simpatia de algumas
pessoas. uma delas oi o geraldo de barros.
em 1952, ele ganhou o concurso d o IV centenrio
de so paulo, e oi contratado para azer os cartazes
do estival internacional de cinema e da revoadainternacional. como viu que eu sabia e tinha pacincia
para cortar letras, me pediu ajuda.
essas letras eram recortadas?
todas recortadas, com papel colorido, no fcavam
grafcamente bem eitas, mas no importava: naquele
tempo, ningum reparava nessas coisas.
e o que aconteceu depois?
como o geraldo no podia pagar direito pelo servio,
oereceu aulas de pintura. ns trabalhvamos no
estdio dele, perto da rua 25 de maro - ele me
ensinou a mexer com pincis, tintas, e eu comecei
a azer pinturas concretas - a essa altura, os artistas
concretos j comeavam a se reunir e constituir um
movimento. oi nessa poca que ganhei algum nome
como pintor.
e esta oto, o que ?
o meu primeiro escritrio, no poro da casa onde eu
morava no tempo
do museu, na rei caneca. eu j juntava otografas
de revistas look, lie - de que gostava muito e comecei
a aprender quem eram paul rand e alexei brodovitch.
como eram as aulas?
o bardi dava aulas tericas sobre o signifcado do
design, sobre a bauhaus. eu no conhecia nada
daquilo. muita gente no conhecia a bauhaus
naquele tempo por causa da censura poltica imposta
pelo nazismo, pelo ascismo e tambm em razo do
marketing cultural rancs. o desenho comeava a
tomar um outro aspecto, mas eu ainda no entendia
isso completamente.
percepo. no design grfco, o echamento da gestalt
pode ocorrer em muitos nveis. echa-se a gestalt
de um cartaz, de uma pgina, de uma marca, de um
complexo programa de identidade.
as gravuras desta exposio, so, nas palavras de
alexandre wollner, uma busca pelo echamento de sua
prpria gestalt. iniciadas como uma srie de pinturas
no incio da dcada de 1950, serviram de mote para
o cartaz da 3 bienal de so paulo. oram um dos
ltimos pontos de contato entre a carreira de pintor e
a pioneira atuao como designer uma das principais
responsveis pelo amadurecimento da profsso no pas.como muitos trabalhos de matriz construtiva, essas
gravuras so compostas de progresses. conjuntos
de tringulos de dierentes dimenses, que deixam
entrever os quadrados dos quais se originam, articulam-
se pelo toque de seus vrtices. a estabilidade desses
quadrados posta em marcha num vaivm dimensional
pelas movimentadas diagonais dos tringulos.
os pontos de partida e chegada desse vaivm so
intercambiveis. nas bordas, o conjunto oscila entre o
predomnio dos tringulos grandes e a diluio sugerida
pelos pequenos. no meio, a diluio ocorre na escala
intermediria, mas produz como resto tringulos
de dimenses idnticas aos menores das pontas
indicao de que, apesar da aparente conuso, h um
pleno domnio proporcional e modular em ao.
em que pese a rigidez geomtrica sugerida
pelos tringulos e a preciso da composio, o todo
caracterizado sobretudo pela uidez. de incio, somos
levados a pensar que ela ruto de sobreposies
complexas, mas se deixarmos que nosso olhar se
detenha um pouco mais, veremos que ela resulta
antes das relaes proporcionais entre os conjuntos de
tringulos, que no so mecnicas, mas orgnicas.
intudas nos trabalhos de sessenta anos atrs,
essas relaes passaram, nos ltimos anos, a se
basear abertamente na proporo que governa a
sequncia de fbonacci, uma ormulao matemtica
baseada na observao emprica de padres de
organizao e crescimento encontrados na natureza.
nessas novas sries de gravuras, essa investigao
desdobrou-se em pelo menos trs sentidos
importantes: no uso das cores, na multiplicao das
progresses e na sua sobreposio. o resultado
o enrentamento contnuo e obstinado daquilo que
escala, textura enfm, todos os elementos
constitutivos da linguagem visual esto ali, no em
estado de dicionrio, mas de laboratrio original, como
num big bang do olhar. o conjunto dessas gravuras, de
ato, mostra como wollner se debrua insistentemente
sobre a mesma progresso, investigando os matizes de
sua judiciosa reorganizao ormal e cromtica.
como designer, alexandre wollner produziu uma
obra extremamente sofsticada do ponto de vista
ormal. quem teve o privilgio de acompanhar seu
processo de trabalho, testemunhou a proundidade
com que seu olhar perscruta aquilo a que chamamosgestalt, varrendo incessantemente o espao que
vai do todo parte e da parte ao todo, e lentamente
ajustando as relaes dessas eseras em si e entre si.
estas gravuras podem ser vistas como uma
ampliao existencial desse raciocnio. no retorno
ao trabalho artstico e pura investigao ormal, o
designer reafrma no apenas seus mtodos, mas trata
o prprio trabalho como uma alegoria de sua vida.
a coincidncia de datas entre esta exposio e a 29
bienal de so paulo no , portanto, uma coincidncia,
mas uma aluso signifcativa 3 bienal, s mudanas
de rumo de sua carreira e s relaes que ento
estabeleceu com fguras do porte de max bill e
almir mavignier.
os ciclos de uma vida no se echam com a morte,
mas com o reconhecimento de suas totalidades.
esse o pano de undo desses trabalhos: totalidades
que se afrmam e logo se desazem para em seguida
reafrmarem-se noutra escala, e assim por diante.
de incio contidas, crescem e nos ultrapassam.
primeiro aos poucos, depois inexoravelmente,
tomam, por fm conta de tudo, deixando tempo e
espao para trs e dando sentido ao nosso universo.
com seus trabalhos, wollner nos mostra que esse
sentido urdido por analogias e conhece o poder de
seu alcance. da seu batismo csmico: constelaes.
comunismo. quando a escola de ulm oi undada, as
pessoas da cidade se perguntavam: ser que no
so comunistas?. at mesmo a expresso visuelle
kommunication, nova na lngua alem, soava como
coisa de comunista.
alm disso, havia o problema do dinheiro.
o governo norte-americano, por meio do plano
marshall, concedeu um aporte fnanceiro para a
construo da escola mas em contrapartida exigiu
quem eram os estudantes brasileiros?
eram o almir mavignier, duas moas de origem alem
que viviam no paran, rauke e iise koch-weser, e a
mary vieira, que no terminou o curso. ela desistiu
porque fcou claro para ela e para a turma de pintores
e escultores que em ulm no se enocava a arte s
como arte, nem se ormavam alunos para que depois
montasse um ateli.
de uma cultura latina e chegar a um pas como a
alemanha. como sou judeu, minha me se preocupou
com a possibilidade de perseguio poltica, o que criou
em mim uma certa ansiedade. achava que iam azer
pizza de mim. mas eu estava querendo ir mesmo,
azer o que osse, cair no precipcio, ir, ver e me arriscar
em todos os sentidos.
eu no tinha certeza de ser algum sufcientemente
desenvolvido para reqentar uma escola daquele tipo
o roberto sambonet dava aula de desenho mo
livre. tambm era muito interessante. um dia, vi uma
vitrine cheia de potes egpcios, astecas, e, ao lado de
diversas outras antiguidades, uma mquina olivetti.
ui alar com o vio motta, que era assistente do
bardi: acho que esqueceram uma mquina de escrever
na vitrine .: , o bardi se interessou pelo sujeito que havia
dito aquilo e veio me explicar que a mquina de escrever
era a mesma coisa que o pote na poca do pote: um
jantar, na happy hour, alm disso, tinha que explicar
minhas idias para um grupo de pessoas. fcava com
medo, achava que iam me malhar por eu no azer as
coisas certas, mas nada disso acontecia; as pessoas
me incentivavam.
a comearam as matrias abstratas: sica,
geometria, matemtica, aritmtica, semitica,
signifcados, percepo. eu mergulhei totalmente
naquilo; oi deslumbrante comecei a azer otografa
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construo da escola, mas, em contrapartida, exigiu
que o governo alemo fzesse o mesmo. um milho
de dlares por um milho de dlares. os primeiros
alunos que vieram pagavam a escola - e no era
barato. essa primeira turma, ormada antes mesmo
da inaugurao, era composta pelos artesos e
arquitetos que construram a escola.
o max bill oi convidado por essa undao para
estruturar a escola?
sim. o jose albers veio para ensinar cores, tema que
tambm era abordado por johannes itten e por nonne
schimdt, esposa de joost schmidt. walter peterhans
deu aulas para a turma anterior minha. era um ncleo
bauhausiano . em 1937, ele, o albers e o moholy-nagy
tinham undado, em chicago, a new bauhaus, mas o
projeto no deu certo.
a bauhaus no tinha a inclinao cientfca de ulm?
no. no havia curso de matemtica, nem de sica nem
nada. o que extraordinrio para mim, que no pensava
abstratamente, oi que comecei a perceber a relao
que cada profsso estabelecia com o projeto. aprendi
que o projeto no era simplesmente uma idia, que para
azer a orma era preciso inormar-se. s quartas-eiras,
amos ao instituto albert einstein, um instituto de sica
na cidade, para aprender sica quntica. s teras-eiras,
amos volkshochschule para aprender literatura e poesia
com proessores importantes de toda a alemanha.
oi uma experincia maravilhosa no apenas para mim,
mas para muita gente.
a estrutura da escola baseava-se no trabalho
individual?
de jeito nenhum. voc aprendia a trabalhar em equipe,
respeitando a opinio de todo mundo. ulm era um
convento: cento e cinqenta pessoas de manh,
tarde e noite, tomando ca, almoando e jantando
junto - inclusive os proessores. voc trabalhava 48
horas por dia. o albers, por exemplo, continuava a dar
aula at de noite.
eram alunos do mundo inteiro?
sim, mas principalmente da sua alem e rancesa.
eram do japo, da itlia, dos estados unidos, da ustria...
mas voc no era pintor?
era, mas logo desisti. a comunicao visual que
aprendamos substitua a pintura. para ns, pintar
era azer algo que tivesse um conceito e uma uno
para as pessoas, que mostrasse um progresso e
uma relao entre cores e ormas. azendo projeto,
azamos a mesma coisa. no havia necessidade de
dividir o esoro entre duas profsses.
o almir, como bom carioca, conseguiu amenizar.
o aicher, o maldonado e vrios outros proessores
queriam mand-io embora, porque ele passava o tempo
todo s voltas com a pintura. mas ele, muito esperto,
acabou fcando.
quando voc ez as suas pinturas?
eu participei da bienal de 1953, em que recebi o prmio
vio de carvalho na categoria revelao. comecei a
pintar em 1951.
como oi o fm da escola?
o echamento de ulm oi uma coisa tot almente mal
orientada, resultado de uma atuao puramente
tecnolgica, poltica, organizada pelos intelectuais
de origem latina: ranceses, italianos, argentinos e
brasileiros.
voc inclui o toms maldonado nisso?
de certa maneira, embora ele tenha sado da escola
antes do echamento e tivesse um nvel intelectual
muito elevado. ele era muito inteligente e azia as
coisas com bastante clareza. isso visvel na carta
em que sugeria uma nova orientao para o curso
undamental da escola depois da sada de max bill, que
os intelectuais consideravam um ditador, uma pessoa
com a qual no era cil se relacionar.
o prprio bill, que tinha um poder tremendo
como designer e havia participado da bauhaus, no
requentava muito a escola porque a mulher dele no
queria ir para ulm. ele morava na sua, vinha uma
vez por ms ou a cada quinze dias. oi a deixa para o
pessoal da undao tir-lo da escola, o que provocou
a ruptura defnitiva - e essencial - com a bauhaus.
com toda a evoluo da cincia, da tecnologia e do
conhecimento, no era possvel manter a mesma
mentalidade de dezenas de anos antes.
desenvolvido para reqentar uma escola daquele tipo,
mas como o max bill tinha conversado com outras
pessoas antes de me aceitar, adquiri confana.
ele exigiu que eu chegasse l seis meses antes do
incio do curso. sa daqui em julho de 1954.
quando o navio chegou rana, aconteceu o suicdio
do getlio. houve inmeros problemas diplomticos e ui
obrigado a fcar um bom tempo em paris. depois, peguei
o trem e ui para a alemanha. j era setembro e o curso
ia comear em outubro, embora a inaugurao ofcial
osse em evereiro de 1955.
voc estava sozinho?
no, estava com a minha primeira esposa.
voc oi direto para ulm?
quando cheguei a ulm, entrei em contato com a escola
e disse que estava preocupado, pois no alava alemo,
apenas ingls. ui aconselhado a azer o curso do
goethe institut e a trabalhar no escritrio do otl aicher.
fcava l o dia todo, limpando as mesas, azendo
desenhos. ulm comemorava mil e cem anos, era
preciso azer um olheto e ele me deu essa tarea.
seu auxiliar tcnico, ritz ouerenqsser, pegava as
coisas, dava para mim e dizia: leve essa arte ao otolito
e mande azer isso e aquilo. eu respondia que no
sabia alar alemo. vire-se. oi assim que comecei
a aprender. em seis meses, pude entender o que a
turma alava. comecei a requentar disciplinas sobre as
quais no tinha a menor ideia e a participar de tudo que
podia. via os outros trabalhando com mais acilidade
que eu, competia com eles, azia trabalhos abstratos
totalmente idiotas. percebi ento que no se tratava
s de azer o que se gosta, mas de procurar saber se
aquilo de que se gosta realmente vai uncionar.
quando voc comeou a perceber isso?
nos primeiros seis meses. como no havia notas, os
alunos eram avaliados pelo que aprendiam. eu estava
sendo avaliado positivamente e aquilo aumentava
minha confana, minha vontade de aprender.
de manh, tnhamos aulas tericas. tarde, as
aulas prticas, de ofcina e projetos. e noite havia
palestras e outras atividades. os proessores moravam
l, ns morvamos l. eu conversava constantemente
com todo mundo: no ca da manh, no almoo, no
era a mesma coisa que o pote na poca do pote: um
objeto til, que azia parte da cultura de um grupo
primitivo, assim como hoje a mquina az parte do nosso
grupo. oi ento que comecei a perceber essas coisas.
eis que um dia o bardi vem sala de aula e me
pergunta se eu estava disposto a ajudar na montagem
de uma exposio, claro que eu estava. ento venha.
vamos azer a exposio de um designer suo
amoso, ele disse. um designer?, perguntei. , um
designer, um sujeito que az cartazes. vai ser o seu
primeiro trabalh o profssional. voc vai ganhar por ele.
oi a primeira exposio individual abrangente do max
bill. na montagem, comecei a perceber que o desenho
tinha unes que no estavam muito claras para mim,
que podia adaptar-se para criar produtos, ormas novas.
fquei paralisado. oi um choque. nesse momento,
sa da idade das trevas.
o max bill veio para a montagem?
ele no pde vir porque j est envolvido na criao da
escola de ulm.
ele s veio ao brasil em 1953. nenhum crtico
comentou a palestra que ele ez contra o niemeyer.
escola de ulm
a exposio do max bill tinha relao com a
divulgao da escola de ulm?
no, era para divulgar os trabalhos dele, mas o prprio
bardi alou da escola no texto de apresentao.
quando o max bill veio ao brasil, perguntou ao bardi
se algum brasileiro poderia ir escola de ulm, ao que
ele respondeu: tem o geraldo de barros ... - que
trabalhava no laboratrio de otografa do museu, tinha
mais envolvimento com projetos de design, tinha
vencido o concurso de cartazes do IV centenrio - e
tem o alexandre aqui. o geraldo oi escolhido mas no
pde ir: era recm-casado, tinha acabado de voltar de
uma temporada de estudos em paris, era uncionrio do
banco do brasil e no queria perder a aposentadoria.
ento o bardi e o geraldo me indicaram. fz uma
pequena entrevista e - no sei por qu - ui aprovado.
como oi chegar a ulm vindo do brasil?
naturalmente, fquei muito impressionado ao sair
naquilo; oi deslumbrante. comecei a azer otografa
com o rol schroeter, um grande colega, otograo
suo de quem eu fquei muito amigo. o mesmo
aconteceu com o max gra, que era arquiteto em
st. galten, na sua. conheci tambm o karl heinz
bergmiller, com quem me divertia muito, alm de
discutir os assuntos da escola.
oi uma exploso, mudei totalmente a minha
vida. virei outra pessoa. comecei a azer projetos
otogrfcos. os proessores de otografa me
incentivavam e diziam que meu talento era para a
otografa, que eu deveria trabalhar com jornalismo ao
voltar ao brasil. fquei tambm muito amigo do max
bill, alm do otl aicher, com quem conversava sempre.
ele tinha mais ou menos a minha idade e oi cil
fcarmos amigos.
os proessores tinham a mesma idade dos alunos?
alguns sim. o toms maldonado era um deles.
j proessores como max bill e walter zeischegg
eram bem mais velhos. os proessores convidados
tambm. um deles era o norbert wiener, o inventor
da ciberntica, que trabalhou num projeto do qual
tambm participamos no departamento de desenho
industrial. ns nos dvamos muito bem. no havia
aquele rano do proessor imaculado, que pega uma
pastinha e fca na mesa, chamando, perguntando,
srio. no havia isso em ulm. a interao entre alunos
e proessor era total.
de quem oi a iniciativa de undar ulm?
oi de inge aicher-scholl e de otl aicher, que era marido
dela. eles trabalhavam juntos na volkshochschule,
uma escola particular patrocinada pela preeitura.
era uma escola de alto nvel literrio e flosfco,
que pretendia restaurar uma cultura muito aetada
pela guerra. ele azia os cartazes e participava das
discusses; ela era a diretora. seu pai havia sido
preeito da cidade.
seus irmos envolveram-se com o movimento
antinazista weibe rose [rosa branca] e acabaram
uzilados. em homenagem a eles, otl e inge tiveram
a idia de, por meio da undao irmos scholl,
azer ressurgir a bauhaus, que, por ser simptica ao
comunismo, tambm havia sido echada pelo nazismo.
a alemanha tem um problema srio com o
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sem ttulo - 1953
esmalte/ placa
60 x 60 cm
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constelao a1 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao a2 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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86 87
constelao b1 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao b2 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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45/55
88 89
constelao n b3 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao b4 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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90 91
constelao- 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao c2 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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92 93
constelao c3 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao c4 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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94 95
constelao c5 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao c6 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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96 97
constelao d1 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao d2 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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98 99
constelao n d3 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao e1 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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100 101
constelao e2 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao e3 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
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constelao e4 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
constelao e5 - 2010srie ormulao.
interao. articulao.
50 x 50 cm
plottergrafa
alexandre wollner
1928 nasce em so paulo sp br, 16 setembro.
1950 inscreve-se e aceito na seleo de
candidatos a requentar o instituto de arte
contempornea, primeira escola de design no
brasil, do museu de arte de so paulo, por
pietro maria bardi, lina bo bardi e jacob ruchti.
aluno de roberto sambonet, avio motta,
recebe bolsa do itamaraty, do ministrio
da educao e do capes para requentar a
hochschule r gestaltung, ulm, alemanha.
1954/58 inicia e completa seus estudos de
comunicao visual e design grfco na
hochschule r gestaltun em ulm, Alemanha.
durante os quatro anos de curso tem
educadores de escolas de arte, porm sem
conhecimentos da uno e necessidades de
uma escola de design. junto com seu colega
de ulm, karl heinz bergmiller, defne o programa
para a implantao de uma escola de design no
brasil, cujo conceito aceito pelo ministrio da
cultura.
1960 a convite de max bill participa de uma
1997 a convite do designer wolgang weingart,
conduz workshop e palestras na basel
kunstgewerbeschule, suia e, a convite de
herbert kapitzki, em rotis, alemanha.
2008 palestra em homenagem ao centenrio de
max bill e sobre o signifcado de sua
inuncia na arte concreta e design no brasil,
no museum haus konstruktiv, zurich, suia.
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leopoldo haar, salvador candia, aldemir martins,
roger bastide, carlos nicolaiesky, gastone
novelli, po ty lazazaroto, wolgang peier.
colega de luiz sadaki hossaka, estella aronis,
emilie chamie, antonio malu, mauricio nogueira
lima, ludovico martino.
paralelamente, desenvolve grandesamizades no campo de aprendizagem do
desenho com aldemir martins, goebel weyne,
geraldo de barros.
1951 recebe convite de pietro maria bardi para
auxili-lo na montagem da exposio de
max bill no masp.
1952 solicitado por geraldo de barros para,
conjuntamente, desenvolver cartazes para a
comemorao do quarto centenrio da cidade
de so paulo e como pagamento recebe aulas
de pintura e pelos trabalhos associa-se aos
artistas concretos do grupo ruptura, com
waldemar cordeiro, lothar charoux, luis
sacilotto, kazmer ejer, judith lauand, maurcio
nogueira lima, antonio malu, anatol wladyslaw
e leopoldo haar.
1953 participa de concurso e premiado pelo
cartaz da terceira bienal de so paulo.
inscreve quatro pinturas de arte concreta
na terceira bienal e premiado como jovem
pintor revelao por um juri internacional,
que inclui mario pedrosa e max bill. max
bill solicita de pietro maria bardi a indicao
de um possvel jovem candidato brasileiro
para participar de um grupo internacional de
estudantes para a escola, baseada na bauhaus,
em ulm na alemanhaocidental. indicado por
bardi e entrevistado e aprovado por max bill.
contato com programas da teoria e cincia
das cores: joseph albers, johannes itten,
helene nonn-schmidt, aemilius mller;
geometria construtiva: hermann von
baravalle; trabalhos visuais e projetos: max
bill, otl aicher, toms maldonado, hans
gugelot, vordemberg- gildewart; tipografa:
anthony rshaug, ritz querengsser;
otografa: ernest scheidegger, ernest hahn,thomas rago, wolgang siol, christian staub;
integrao cultural, metodologia, teoria
cientifca, semitica e sociodinmica da
cultura: max bense, toms maldonado,
abraham moles, jose richwert, hans-gnter
sperlich, waltter zeischegg; metodologia
aplicada, percepo visual: herbert vesely,
merwin wiklliam perrine.
1957 recebe o prmio internacional do cartaz da
quarta bienal do museu de arte moderna de
so paulo.
1958 em outubro retorna ao brasil e abre o
primeiro escritrio brasileiro de industrial e
graphic design com geraldo de barros, ruben
martins e walter macedo: a orminorm.
participam desse escritrio, como
colaboradores: dcio pignat
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