ESCOLA SUPERIOR DE SADE
CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
A ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM S GRVIDAS
VACINADAS INADVERTIDAMENTE COM A VACINA
DUPLA VIRAL
MARISIA DE FTIMA DELGADO RAMOS
Mindelo, Setembro 2014
ii
A ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM S GRVIDAS
VACINADAS INADVERTIDAMENTE COM A VACINA
DUPLA VIRAL
MARISIA DE FTIMA DELGADO RAMOS
Monografia apresentada Universidade do Mindelo, como parte dos requisitos para a
obteno do grau de Licenciatura em Enfermagem.
Orientadora: Enfermeira Romana Flores
Mindelo, Setembro 2014
iii
Dedico esta monografia aos meus pais e aos meus
irmos; pelo amor, incentivo, e pelo apoio que me
deram durante todo este percurso acadmico, para
que este sonho se concretizasse.
iv
AGRADECIMENTOS
No reconhecimento da importncia do envolvimento de todos que estiveram presentes no
meu percurso acadmico, um especial agradecimento:
A Deus, que se fez presente nos meus momentos mais difceis, guiando-me com sua fonte
de luz;
Aos meus pais, irmos e demais familiares que sempre estiveram presentes em cada passo
desta jornada, dando-me fora, amor e uma imensa dose de pacincia;
enfermeira Romana Roque, pela orientao, correces e pelo incentivo;
coordenadora do curso de Enfermagem, Aclia Mireya;
A directora do Centro de Sade Reprodutiva Dr Emely Santos pela autorizao da
pesquisa;
s gestantes que disponibilizaram, alm das informaes necessrias para a realizao
deste trabalho, tambm sentimentos e um pouco de suas vidas;
A todas as enfermeiras da seco maternal do CSRBV, pelo apoio no meu ensino clnico
e no desenvolvimento das minhas competncias profissionais;
Aos meus amigos e colegas que conheci e partilhei os meus momentos durante a minha
vida acadmica;
A todos aqueles que apostaram e acreditaram em mim.
A todos, um muito obrigado!
v
Cuidar mais que um acto, uma atitude. Portanto,
abrange mais, que um momento de ateno, de zelo e
de desvelo. Representa uma atitude de ocupao,
preocupao, de responsabilizao e de envolvimento
afectivo com o outro.
Boff, (2000, p. 22)
vi
RESUMO
O presente estudo de categoria cientifica subordinada ao tema A Assistncia
de Enfermagem as Grvidas Vacinadas Inadvertidamente com a Dupla Viral,
resulta de uma reviso bibliogrfica sobre a vacina Dupla Vral e suas complicaes,
complementado com uma pesquisa de campo de modo a assimilar os riscos desta vacina
quando aplicado a uma grvida.
Sua importncia epidemiolgica est relacionada ao risco de abortos, natimorto
e malformaes congnitas como cardiopatia, catarata e surdez, denominada Sndrome da
Rubola Congnita (SRC) quando a infeco ocorre durante a gestao.
O objectivo desta pesquisa centra-se na motivao de conhecer a importncia da
assistncia de enfermagem s gestantes vacinadas inadvertidamente com a Dupla Vral,
que uma vacina combinada, contendo vrus vivos atenuados em cultivo celular, que
protege contra Sarampo e a Rubola.
Pela natureza desta pesquisa, a estratgia versa a metodologia de investigao
descritiva com abordagem qualitativa. O formulrio foi a elaborao de um guio de
entrevista semi-estruturada, aplicado a cinco gestantes que frequentam o Centro de Sade
Reprodutiva da Bela Vista, que foram vacinadas inadvertidamente com a Dupla Vral,
durante a referida campanha.
Dos resultados obtidos conclui-se que, durante a campanha foram vacinadas em
So Vicente, um total de 63 grvidas. Em relao a idade gestacional, observou-se que as
gestantes foram vacinadas no primeiro trimestre de gestao.
Palavras-chave: Rubola e a Gestao; Vacinao; o Sarampo;
Inadvertidamente; Imunizao; Dupla Vral; O Cuidado em Enfermagem.
vii
ABSTRACT
The present study of scientific category on the theme the nursing care pregnant
women Inadvertently Vaccinated with Dual Viral, results from a literature
review on Dual Viral vaccine and its complications, complemented with a field
research in order to assimilate the risks of this vaccine when applied to a pregnant
woman.
Its importance is related to the epidemiological risk of
abortion, stillbirth and congenital malformations such as heart disease, cataracts,
and deafness, called Congenital Rubella Syndrome (CRS) when the infection
occurs during pregnancy.
The aim of this research focuses on motivation to know the importance
of nursing care to pregnant women inadvertently vaccinated with dual Viral, which is a
combined vaccine that contains live, attenuated viruses in cell culture, which
protects against Measles and rubella.
Due to nature of this research, the adopted methodology combines both
descriptive and qualitative approach. The form was the elaboration of a semi-
structured interview script, applied to five pregnant women that
attend the Reproductive Health Center of Bella Vista, which
were inadvertently vaccinated with Dual Viral, during this campaign.
With the results obtained it is concluded that, during the campaign were
vaccinated a total of 63pregnant women in So Vicente. In relation to gestational age, it
was observed that pregnant women were vaccinated in the first trimester of pregnancy.
Keywords: Rubella and pregnancy; Vaccination;
measles; Inadvertently; Immunization; Dual Viral; Nursing care.
viii
NDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. IV
RESUMO ....................................................................................................................... VI
ABSTRACT ................................................................................................................. VII
INTRODUO ............................................................................................................. 12
CAPTULO I ................................................................................................................. 17
1. REFERENCIAL TERICO DA PESQUISA .................................................... 18
1.1 O Cuidar em Enfermagem ................................................................................ 18
1.2 A Rubola e a Gestao ..................................................................................... 20
1.2.1 A Sndrome da Rubola Congnita........................................................... 22
1.2.2 O Diagnostico de Infeco Materna por Rubola ..................................... 23
1.3 O Sarampo .......................................................................................................... 23
1.4 A Dupla Vral ..................................................................................................... 25
1.4.1 A Vacinao .............................................................................................. 26
1.4.2 A Imunizao ............................................................................................ 29
1.5 Avaliao Imunolgica da GVI para decidir Pelo Acompanhamento .......... 32
1.5.1 Conduta Diante da Notificao do RN ..................................................... 34
1.5.2 Definio de Caso da SRC ........................................................................ 35
1.6 Calendrio de Vacinao Recomendado para Grvidas em Cabo Verde .... 36
1.7 Educao Para Sade e a Vacinao ................................................................ 37
1.8 A Situao Epidemiolgica do Sarampo e da Rubola em Cabo Verde ....... 40
ix
CAPTULO II ............................................................................................................... 41
2. EXPLICAO METODOLGICA .................................................................. 42
2.1 Tipo de Estudo.................................................................................................... 42
2.2 Contextualizao e Caracterizao do Campo Emprico............................... 44
2.2.1 Organizao funcional do CSRBV ........................................................... 46
2.3- Populao-alvo ....................................................................................................... 48
2.4 Instrumento de Colheita de Dados ................................................................... 49
2.5 Princpios ticos da Investigao ..................................................................... 50
CAPTULO III .............................................................................................................. 52
3. A FASE EMPIRCA ............................................................................................. 53
3.1 Apresentao e Interpretao dos Resultados ................................................ 53
3.1.1 Caracterizao da populao..................................................................... 53
3.1.2 Anlises de Contedo das Entrevistas ...................................................... 54
CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 60
REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 63
ANEXOS ........................................................................................................................ 70
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Algoritmo do Acompanhamento das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente ..... 33
Figura 2 - Seguimento do RN das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente ........................... 35
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Calendrio de Vacinao para as Grvidas em Cabo Verde .............................. 36
Quadro 2 - Caracterizao da Populao .............................................................................. 53
Quadro 3 - Categorias e Subcategorias ................................................................................. 54
LISTA DE ANEXOS
Anexo I - Declarao da Coordenadora do Curso para Autorizao de recolha de dados ... 71
Anexo II - Requerimento de Autorizao para Recolha de Dados ....................................... 72
Anexo III - Termo de Consentimento Informado ................................................................. 73
Anexo IV - Guio de Entrevista s Grvidas do CSRBV ..................................................... 74
xi
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS
AIDI Ateno Integrada s Doenas de Infncia
Apud Citado em
COMCV Comisso para a Organizao das Mulheres de Cabo Verde
CSRBV Centro Sade Reprodutiva Bela Vista
DGS Direco Geral de Sade
DIU Dispositivo intra-uterino
EMC Educao para Mudana de Comportamento
FUNASA Fundao Nacional de Sade
GVI Grvidas Vacinadas Inadvertidamente
HBS Hospital Baptista de Sousa
IgG Imunoglobulina Classe G
IgM Imunoglobulina Classe M
IST Infeces Sexualmente Transmissveis
IVG Interrupo Voluntaria Gravidez
OMS Organizao Mundial de Sade
PAV Programa Alargado de Vacinao
PCA Persistncia do Canal Arterial
PMI/PF Proteco Planeamento Materno - Infantil e Planeamento Familiar
PNI Plano Nacional de Imunizao
PNSR Programa Nacional de Sade reprodutiva
REPE Regulamento Profissional de Enfermagem
SRC Sndrome da Rubola Congnita
TCC Trabalho de Concluso de Curso
TD Ttano/difteria
TT Toxoide Tetnico
UNICEF Fundao das Naes Unidas para a Infncia
VIH Vrus da Imunodeficincia Humana
12
INTRODUO
Este estudo de categoria cientfica subordinada ao tema A Assistncia de
Enfermagem s Grvidas Vacinadas Inadvertidamente com a Dupla Vral, surge
no mbito do curso de Licenciatura em Enfermagem, ministrada pela Universidade do
Mindelo, como parte dos requisitos para a obteno do grau de Licenciatura em
Enfermagem.
Schutz, (2000, p.22) considera que:
A assistncia de enfermagem cogita a sustentao das prticas de sade to
necessrias no quotidiano do cliente, tendo em vista que o cuidar uma das
ferramentas do processo de trabalho que o enfermeiro dispe para aplicao do
conhecimento tcnico cientfico, imprescindvel a assistncia ao usurio e
optimizao das suas aces.
de extrema importncia prestar cuidados de qualidade quando se trata de uma
mulher grvida, porque isso significa ter uma gravidez saudvel e garantindo assim o
bem-estar materno-fetal.
Para Ozaki e Shimo, (2007, p.194),
A gestao e o parto so episdios sociais especiais que fazem parte da
vivncia reprodutiva das mulheres, mas que tambm influenciam os homens, a
famlia, a comunidade, profissionais de sade e instituies, alm disso,
constante a preocupao das mulheres gestantes em relao sade do beb.
Citando Pacheco (2011, p.194), no perodo gestacional, a mulher pode se
precaver de vrias patologias que podero levar tanto a me quanto o recm-nascido ao
bito. Muitas dessas doenas so passveis de imunizao prvias e evitveis.
Esta pesquisa tem como objectivo o enriquecimento dos conhecimentos da
temtica em estudo de modo a melhorar os cuidados as gestantes vacinadas
inadvertidamente com a Dupla Viral, ser benfica na rea de enfermagem uma vez que
este estudo tem como nfase analisar qual a assistncia de enfermagem as grvidas
vacinadas inadvertidamente com a referida vacina.
Como futura enfermeira importante atribuir o devido realce ao tema no intuito
de dar a conhecer aos profissionais de enfermagem como o acompanhamento das
gestantes vacinadas inadvertidamente importante para uma melhor avaliao e
classificao do recm-nascido e delas.
13
O mtodo utilizado para levar a cabo esta investigao o mtodo descritivo
com abordagem qualitativa, e o instrumento de colheita de dados usado a entrevista
semi-estruturada, que ser aplicado s grvidas vacinadas inadvertidamente que
frequentam o Centro de Sade Reprodutiva da Bela Vista.
Assim, para alargar esta pesquisa, foi formulado a seguinte pergunta de partida:
Quais as complicaes da vacina Dupla Vral quando administrada a uma
gestante?
Objectivos da Pesquisa
Os objectivos de um estudo so, na ptica de Fortin (2009, p.100) os elementos
chaves que vo orientar todo o processo de investigao. atravs dos objectivos que o
investigador apresenta o que pretende fazer para obter respostas as questes de
investigao.
Assim, para dar resposta pergunta de partida formulada anteriormente, definiu-
se os seguintes objectivos.
Objectivo Geral
O Objectivo Geral desta pesquisa consiste analisar a importncia da assistncia
de enfermagem s grvidas vacinadas inadvertidamente com a Dupla Vral.
Objectivos Especficos
Para alcanar o objectivo geral proposto, foram definidos os seguintes objectivos
especficos:
Identificar as complicaes da vacina Dupla Vral quando aplicado a uma
gestante.
Identificar os efeitos iatrognicos da vacina na gestao no binmio Me - Filho;
14
Descrever possveis erros da campanha que culminaram com a vacinao
inadvertida de algumas grvidas;
Conhecer o nmero de grvidas inadvertidamente vacinadas com a Dupla Viral
em So Vicente;
Justificativas do Estudo
A escolha do tema surgiu a partir da observao dos resultados da campanha
Cabo Verde Livre do Sarampo e da Rubola realizada em Cabo Verde, que
decorreu de 14 a 24 de Outubro de 2013, aps o trmino, ter aparecido vrios casos de
mulheres que foram vacinadas inadvertidamente com a Dupla Viral. De acordo com os
boletins de informao do Ministrio de Sade de Cabo Verde a mesma deve ser contra-
indicada durante a gestao e com orientao para se evitar a gravidez por um perodo de
30 dias aps a sua aplicao.
Segundo o Ministrio de Sade o objectivo da campanha de vacinao era de
vacinar mais de 95% da populao alvo, e deveria ter como resultado o aumento da
imunidade de massa colectiva da populao de Cabo Verde, e consequentemente, a
reduo do nmero de casos e de mortes devidos ao Sarampo e Rubola, bem como de
casos de crianas atingidas por malformaes, devido ao Sndrome de Rubola
Congnita.
Com a iniciativa mundial/regional para a eliminao do Sarampo, Rubola e
Sndrome da Rubola Congnita (SRC), o Ministrio da Sade em colaborao com a
Organizao Mundial da Sado (OMS) e a Fundao das Naes Unidas para a Infncia
(UNICEF), programaram para princpios do ms de Outubro do ano 2013, uma campanha
de vacinao em todo o Pas, tendo como pblico-alvo, todos os indivduos de ambos os
sexos com idade compreendida entre os 9 meses e os 25 anos de idade menos um dia, em
que tinha preconizado vacinar um total de 261.559 pessoas durante a referida campanha.1
Dados do Ministrio da Sade de Cabo Verde, 2013
1
15
Para a realizao da campanha, havia postos da vacinao em todas as estruturas de
sade, e as equipas de vacinao deslocaram a todos os jardins infantis, escolas, liceus,
universidades, quartis, prises e hospitais2.
Conforme a Ministra de Sade de Cabo Verde, Cristina Fontes Lima3, os
objectivos foram alados, dos 95% dos jovens que tinha traado como meta
ultrapassaram para 95,7%, ainda de acordo com a Ministra, esta foi uma campanha que
partiu do pressuposto que era preciso atingir esta fasquia para podermos dizer que
estaremos em condies de nos ver livre do Sarampo e da Rubola, fruto de um esforo
enorme de todos os envolvidos.
Segundo os dados disponibilizados pelo Centro Sade Reprodutiva Bela Vista
(CSRBV), foram vacinadas inadvertidamente em So Vicente, cerca de 63 grvidas.
Das grvidas vacinadas inadvertidamente, 28 prosseguiram com a gravidez e
esto sendo acompanhadas, embora com o caso encerrado, entre estas, dois casos
susceptveis de acompanhamento, das restantes algumas delas procuraram o CSRBV,
porque optaram por fazer IVG (Interrupo Voluntaria de Gravidez), e tambm houve
casos de aborto espontneo. Assim sendo, o estudo desta problemtica pertinente, na
medida em que, traz contribuies adicionais, devido caracterstica da anlise proposta,
englobar aspectos inovadores de conceitos metodolgicas e aces, tambm com este
estudo pretende conduzi-lo para uma melhoria na realizao futura de uma campanha
desta dimenso, e descartar possveis erros que culminaram na vacinao inadvertida de
algumas gestantes e evitar complicaes futuras.
Estrutura do Trabalho
Em termos estruturais, o presente trabalho encontra-se dividido em trs
captulos que, embora distintos, no deixam de ser interdependentes. O primeiro
captulo est constitudo pelo referencial terico, onde se procura fundamentar com uma
reviso bibliogrfica, a temtica em estudo.
2 Dados do Ministrio da Sade de Cabo Verde, 2013
3 Declaraes proferidas ao Jornal Expresso das Ilhas, edio on line de 24 Outubro 2013
16
O segundo captulo, denominado os processos metodolgicos da investigao
ser a explicao metodolgica, descrevendo a metodologia escolhida, tendo em conta os
objectivos a atingir.
Num terceiro captulo, denominado fase emprica, foi feita a apresentao e
discusso dos resultados. Por fim as consideraes finais, destacando as reflexes
suscitadas em todo este processo. Assim, distingue as Palavras-chave: O Cuidado em
Enfermagem, Rubola e a Gestao; Vacinao; o Sarampo; Imunizao; Dupla Vral.
17
CAPTULO I
REFERENCIAL TERICO
18
1. REFERENCIAL TERICO DA PESQUISA
Este captulo corresponde a um levantamento dos conceitos relacionados com a
natureza da temtica em estudo, A Assistncia de Enfermagem s Grvidas
Vacinadas Inadvertidamente com a Vacina Dupla Viral. Para dar mais sensibilidade
pesquisa, ser feita uma explanao dos conceitos mais importantes relacionados com o
tema abordado.
De acordo com Fortin (2009, p.49):
A fase conceptual a fase que consiste em definir os elementos de um
problema. Do decurso desta fase, o investigador elabora conceitos, formula
ideias e recolhe a documentao sobre um tema preciso, com vista a chegar a
uma concepo clara do problema. (), a fase conceptual reveste-se de uma
grande importncia, porque da investigao uma orientao e um objectivo.
1.1 O Cuidar em Enfermagem
A enfermagem como cincia e profisso autnoma, conforme Costa et al (2005,
p.107), compreende conhecimentos cientficos e tcnicos, acrescido das prticas sociais,
ticas e politicas vivenciadas no ensino, pesquisa e assistncia, estimulando os
enfermeiros a adquirir qualificaes de maior nvel e especializaes em diversas reas
de interveno.
Na actualidade, a enfermagem ocupa um papel de destaque nas equipas de
sade, constituindo o enfermeiro o elemento que mais tempo dedica ao utente, pelo que
Helman (2003, p.59), defende que no se justifica a inexistncia da sua interveno, a
preveno a doena.
Segundo Heidegger (1989, p.51).
O cuidar est enraizado no ser humano acompanhando todas as suas aces
por intermdio dos sentimentos de querer e desejar, que so caractersticas
humanas fundamentais, portanto, o cuidar engloba caractersticas do ser
humano, do seu relacionamento, da sua existncia e da sua evoluo.
Boff (1999, p.51), contribuiu com varias publicaes que enfatizam o cuidar e o
descreve como um modo de ser, ou seja, a maneira como a pessoa humana se estrutura e
se realiza no mundo com os outros demonstrando um valor maior que um simples acto
19
nico. O cuidar tem sido um imperativo no sentido de garantir a continuidade da vida e
das espcies.
Nessa viso, Sousa e Baptista (2005, p.23), consideram que:
O acto de cuidar compreende agir com desvelo, solicitude, empenho, zelo e
carinho. Tanto no mbito pessoal como no mbito social, o cuidado destaque-
se pela aco de colocar-se no lugar do outro e na maneira de se relacionar com
o outro em momentos especficos da vida em que se exige atitudes pessoais em
relao ao prximo, como ao nascer, adoecer, morrer.
Neste contexto, o cuidado de enfermagem se delineia por meio da busca
primordial em promover e preservar a vida do ser humano, visando ampar-lo na dor e no
sofrimento diante da doena, assim como na procura do bem-estar e conforto, necessrios
a conservao da dignidade humana. Assim, segundo os mesmos autores, prestar
cuidados, quer na dimenso pessoal quer na social, uma virtude que integra os valores
identificadores da profisso de enfermagem (Ibid, p. 28).
Na perspectiva de Collire (1999, p.27):
Desde que surge a vida surge os cuidados, porque preciso `tomar conta da
vida para que ela possa permanecer. Os homens como todos os seres humanos,
sempre precisaram de cuidados, porque cuidar, tomar conta, um acto de vida
que tem primeiro, e antes de tudo, como fim, permitir a vida continuar,
desenvolver-se, e assim lutar contra a morte: morte do indivduo, morte do
grupo, morte da espcie.
A enfermagem uma cincia que lida com seres humanos, que tem por base
cuidar, quando se presta os cuidados de enfermagem necessria uma viso holstica,
sendo que estes cuidados devem ser de acordo com a cultura e a sociedade, pois cada
indivduo tem um conceito muito prprio sobre a sade, a doena e o cuidar.
Bollander (1998, p.6) enfatiza que:
Hoje, a enfermagem um campo dinmico, enriquecido pelas profundas
mudanas na sociedade e nos cuidados de sade (), a imagem da
enfermagem tem variado ao longo da nossa histria. Como profisso na
sociedade actual, a enfermagem tenta clarificar e melhorar a sua imagem, para
que o trabalho e os profissionais possam receber um justo reconhecimento quer
do sistema de cuidado de sade quer da sociedade em geral.
Consequentemente, o cuidado na rea de enfermagem resulta da convergncia
entre as aces profissionais ao bem-estar do indivduo, efectivando-se por meio de
atitudes intuitivas e cognitivas advindas ate mesmo de outras cincias.
20
Crivaro et al (2007, p.249) afirmam que:
A enfermagem, ento passa por profundas mudanas, buscando uma outra
maneira de cuidar. Procura se afastar do assistencialismo e vislumbra um novo
horizonte repleto de possibilidades, como por exemplo, o cuidar que preserva o
indivduo na sua singularidade, integralidade e seu contexto de vida. Para dar
forma a esse modo de ser e agir, retoma aspectos intrnsecos, tais como a
solicitude, a sensibilidade, o contacto, a relao teraputica, recriando seus
contornos com o trao marcante do artista que se desdobre.
A enfermagem, como qualquer actividade humana, possui um conjunto de ideias
e modo de actuar que constituem o conhecimento, o saber em que se baseia sua prestao
de servio sociedade.
O cuidar em enfermagem, um construto articulada a realidade da assistncia,
incorporando concepes esquecidas voltadas ao zelo e a preocupao na medida, em que
a profisso repensa e reformula os seus conceitos, nesta viso, Crivaro et al (2007, p.249)
defende que:
Para que o cuidado ocorra, imprescindvel que exista um outro ser, o que
desenvolve as situaes de cuidar. O cuidador promove o cuidado, que
estabelea as condies para que o outro cresa, valorizando-o na expectativa
de que se desenvolva por si mesmo, favorecendo oportunidades para
demonstrar suas capacidades, o que pressupe envolvimento, efectividade,
empatia, sinceridade e dedicao como parte essenciais do cuidar.
Para fundamentar, Souza e Baptista (2005, p.269), referem que o cuidar de
enfermagem consiste na essncia da profisso e pertence a duas esferas distintas: uma
objectiva, que se refere ao desenvolvimento de tcnicas e procedimentos, e uma
subjectiva, que se baseia em sensibilidade, criatividade e intuio para cuidar de outro
ser.
Sendo a enfermagem, uma profisso necessita sistematizar o seu prprio
conhecimento para melhorar o desempenho e para formar novos enfermeiros e fazer a
continuao contnua dos existentes.
1.2 A Rubola e a Gestao
A Rubola uma doena, de etiologia Vral, que apresenta alta contagiosidade.
Tem como agente infeccioso um vrus pertencente ao gnero Rubivirus, famlia
Togaviridae (Brasil, 2005, p.69). Porm, na viso de S, GR et al, (2006, p.96),
21
considerada benigna na infncia. Quando acomete crianas ou adultos, geralmente
apresenta manifestaes clnicas discretas, sendo assintomtica em 25 a 50% dos casos.
Toscano e Kosim (2003, ps15-17) sublinham que:
A Rubola uma doena muito contagiosa, provocada por um vrus que
atinge principalmente crianas e provoca febre e manchas vermelhas na pele,
comeando pelo rosto, couro cabeludo e pescoo e se espalhando pelo tronco,
braos e pernas. transmitida pelo contacto directo com pessoas
contaminadas. A importncia do controle e erradicao da Rubola esta
relacionada, em sade publica aos efeitos teratogenicos que podem ocorrer
quando a infeco adquirida nos primeiros meses da gravidez. A sndrome da
Rubola Congnita uma importante causa de cegueira, surdez, doena
cardaca congnita e retardo mental.
Richttman (2008, p.24), considera que, a Rubola quando contrada durante o
primeiro trimestre da gestao, representa alto risco ao feto.
A transmisso vertical pode determinar a Sndrome da Rubola Congnita
(SRC), que directamente proporcional a poca em que ocorreu a infeco materna.
Quanto mais precoce for o perodo gestacional no momento da infeco, maior a
probabilidade de acometimento fetal, (Ibidem).
Segundo Dias et al (2008, p.58), a infeco do concepto pode resultar em aborto,
nado-morto ou malformaes congnitas, no entanto certas complicaes podero
manifestar-se tardiamente, o que se torna o diagnstico muito complexo. As ms
formaes congnita que podem estar associadas SRC em crianas so:
Oculares- catarata, glaucoma, retinopatia, alteraes na crnea;
Auditiva surdez unilateral ou bilateral;
Cardiovasculares- persistncia do canal arterial (PCA), estenose da artria
pulmonar, estenose artica, defeitos nos septos;
Neurolgicas - microencefalia, retardo psicomotor, meningo encefalite.
Assim Miller et al (1982, ps13-14), evidenciam que:
O risco de infeco fetal ocorre quando a Rubola acomete a mulher no
primeiro trimestre de gestao, e em mdia de 81%. Porm a taxa de infeco
fetal se reduz a metade quando a disposio ao vrus ocorre no segundo
trimestre da gestao, no sendo ainda totalmente elucidados os mecanismos
de teratogenecidade do vrus da Rubola. O processo comea com a infeco
da placenta durante a viremia materna. A partir da placenta, o vrus se
dissemina para as clulas do feto danificando-as e interferindo na diviso
celular.
22
1.2.1 A Sndrome da Rubola Congnita
A Sndrome da Rubola Congnita, constitui o somatrio de sinais e sintomas
decorrentes da infeco do concepto pelo vrus da Rubola, (Costa, 2013, p.47). Assim
quando precoce, a infeco (durante o primeiro trimestre da gestao), resulta anomalias
de diversos rgos, sendo clssica, porm no patognomica, a trade de mal formao
cardaca, catarata e surdez, (Ibidem).
As consequncias da Rubola Congnita so imprevisveis e variadas, podendo
acometer qualquer rgo, de maneira transitria ou permanente, (Neves, 2000, p.64).
medida que o contgio atinge o concepto com idade gestacional mais
avanada, o risco de anomalias fetais diminui. Entretanto, Anders et al, (1996, p.62)
sublinham que ainda pode existir leses inflamatrias e degenerativas no feto,
especialmente no sistema nervoso central e vsceras como corao, fgado e pulmes.
Fescina et al, (2010, p.66) consideram que:
Ainda que muitos Pases estejam caminhando para a eliminao da Rubola e
da Sndrome da Rubola Congnita (SRC), em outros, ainda continua sendo
um desafio. O objectivo para a erradicao do SRC, tentar garantir que toda a
mulher em idade frtil receba a vacina Anti-Rubola antes de engravidar.
A Sndrome da Rubola Congnita constitui importante complicao da infeco
pelo vrus da Rubola durante a gestao, especialmente no primeiro trimestre, podendo
comprometer o desenvolvimento do feto e provocar abortamento espontneo, natimorto
ou nascimento de crianas com anomalias simples ou combinadas. Suas manifestaes
clnicas podem ser transitrias (Prpura, Trombocitopenia, Hepatoesplenomegalia,
Ictercia, Meningo encefalite, osteopatia radioluscente), permanentes (Deficincia
Auditiva, Malformaes Cardacas, Catarata, Glaucoma, Retinopatia Pigmentar) ou
tardias (retardo de desenvolvimento, Diabetes Mellitus). As crianas com SRC
frequentemente apresentam sinais ou sintomas mltiplos, mas podem ter apenas um mal
formao, sendo a Deficincia Auditiva a mais comum, (Brasil, 2005, p.2).
23
1.2.2 O Diagnostico de Infeco Materna por Rubola
Os prdromos antecedem o quadro cutneo em 1 a 5 dias e se caracterizam pelo
aparecimento de cefaleia, febre baixa, anorexia, conjuntivite leve, tosse e
linfadenomegalia. O exantema tem uma distribuio centrfuga e dura de 1 a 5 dias
podendo ser acompanhado de artralgia.
A Rubola pode ser assintomtica em mais de 50% dos casos dos adulto
infectados e, aproximadamente 50% dos diagnsticos clnicos, mesmo quando
realizados por mdicos, no correspondem a infeco por este vrus, portanto o
diagnostico deve ser sempre confirmada pela sorologia (Cooper e Prelub,
1995, p.268).
Alem da suspeita clnica e epidemiolgica, o diagnstico da Rubola Congnita ,
sobretudo laboratorial.
Para Castanho, (2013, p.54), devido ao facto da vacina ter sido constituda por
vrus vivos, existe a preocupao com a possibilidade terica de SRC aps a
administrao inadvertida durante a gravidez.
O mesmo autor acrescenta que:
na gestante, o diagnstico laboratorial feito por meio do isolamento do
vrus ou por mtodos serolgicos para deteco de anticorpos especficos,
sendo necessrio assegurar a colheita da amostra de sangue logo no primeiro
atendimento. () como o diagnostico diferencial com outras doenas
exantemticas difcil, os exames laboratoriais destacam-se pela importncia
para a confirmao diagnostica (Ibid, p.64).
O teste mais utilizado o ensaio imunoenzimatico (ELISA), para a deteco de
anticorpos especficos IgM e IgG e ou pela identificao do vrus a partir de secreo da
nazofaringe e urina, ate o stimo dia do inicio do exantema.
1.3 O Sarampo
De acordo com Toscano e Kosim et al, (2003, p.28):
O Sarampo uma doena muito contagiosa, causada por um vrus que
provoca febre alta, tosse, coriza e manchas avermelhadas pelo corpo.
transmitida de pessoa a pessoa por tosse, espirro ou fala especialmente em
ambientes fechados. Facilita o aparecimento de doenas respiratrias como a
pneumonia e diarreias e pode levar morte, principalmente em crianas
pequenas.
24
Segundo o Fundo Nacional da Sade do Brasil (FUNASA), (2002, ps728-729),
o vrus do Sarampo pertence ao gnero Morbillivirus, famlia Paramyxoviridae, o
homem o seu nico hospedeiro natural conhecido.
Segundo Carneiro et al (2013: ps5-6), as manifestaes clnicas do Sarampo so
divididas em trs perodos:
1. Prodrmico: caracteriza-se por febre alta acima dos 38c, exantema maculo-
papular generalizado, tosse seca irritativa, coriza, conjuntivite com fotofobia
com durao de 1 a 7 dias;
2. Manchas de Koplick: pequenos pontos brancos que aparecem na mucosa
bucal, antecedendo ao exantema, com durao de 1 a 3 dias, desaparecendo
aps o incio do exantema;
3. Exantemtico: aparece o exantema cutneo maculo-papular de cor vermelha
inicialmente na face (geralmente na regio retro auricular), depois se estende
pelo tronco e membros, com durao de 4 a 6 dias.
Carneiro et al (2013, ps5-6) acrescenta que, o perodo de incubao do
Sarampo de 10 dias (variando de sete a 18 dias), desde a data da exposio ate o
aparecimento da febre, e cerca de 14 dias at o aparecimento do exantema. Ainda,
segundo o mesmo autor, (Ibid, p.15) a susceptibilidade ao vrus do Sarampo geral. Os
lactentes cujas mes j tiveram Sarampo ou foram vacinadas possuem temporariamente,
anticorpos transmitidos por via placentria, conferindo imunidade, geralmente ao longo
do primeiro ano de vida, o que interfere na resposta a vacinao.
Dados do FUNASA (2002, p.729) evidenciam que:
O Sarampo uma doena que compromete a resistncia do hospedeiro,
facilitando a ocorrncia de super Infeco Viral ou bacteriana, por isso so
frequentes as complicaes principalmente nas crianas ate os dois anos de
idade, em especial as desnutridas, e adultos jovens. A ocorrncia de febre, por
mais de trs dias, aps o aparecimento do exantema, um sinal de alerta,
indicado o aparecimento de complicaes, como: infeces respiratrias;
desnutrio; doenas diarreicas, e neurolgicas.
De acordo com Aranda et al (2000, ps13-14), o Sarampo at o final dos anos
70, destacou-se entre as doenas infecto-contagiosas, como uma das principais causas de
bitos, sobretudo de crianas menores de cinco anos, em decorrncia das complicaes,
em especial a pneumonia. Porem, FUNASA (2008, p.810) considera que com a
introduo efectiva da vacina contra o Sarampo o comportamento epidemiolgico da
25
doena vem mudando tanto nos pases desenvolvidos como aqueles em
desenvolvimento. Ainda acrescenta que o diagnstico laboratorial realizado por meio
da sorologia para deteco de anticorpos IgM especficos, portanto imprescindvel
assegurar, logo no primeiro atendimento do utente, a colheita da amostra do sangue para
a sorologia (FUNASA, 2008, p.810).
Carneiro et al (2013, p.15) consideram que:
No existe tratamento especfico para a infeco por Sarampo. O tratamento
profilctico com antibitico contra indicado. O Sarampo afecta igualmente
ambos os sexos. A incidncia, a evoluo clnica e a letalidade so
influenciadas pelas condies socioeconmicas, o estado nutricional e
imunitrio do doente, condies que so favorecidas pela aglomerao em
lugares pblicas e em pequenas residncias, com grupo familiar maior que sua
capacidade alm da promiscuidade existente em habitaes colectivas.
Assim, a principal medida de controlo do Sarampo a vacinao dos
susceptveis, que inclui: vacinao de rotina na rede bsica de sade, bloqueio vacinal,
intensificao e campanhas de vacinao de seguimento, (Ibid, p.24).
O Sarampo quando contrado durante a gravidez, h o risco de aborto
espontneo, nado-morto, ou parto prematuro. Porm, o risco relativamente menor com
os defeitos congnitos relativamente ao caso da Rubola.
1.4 A Dupla Vral
A vacina Dupla Vral uma vacina combinada, contendo vrus vivos atenuados
em cultivo celular, que protege contra Sarampo e Rubola. Foi introduzida no Brasil
entre 1992 e 2000 de forma gradual no calendrio bsico do Programa Nacional de
Imunizaes (PNI, 2001, p.56).
Os componentes da vacina so altamente imunognicos e eficazes. A proteco
inicia-se duas semanas aps a aplicao e sua eficcia superior a 95% para Sarampo e
Rubola. A proteco duradoura, provavelmente por toda a vida.
Segundo a OMS (2005), a vacina combinada contra Rubola e Sarampo consiste
num p liofilizado contendo dois antigenos: Sarampo e Rubola. O componente da
vacina contra Sarampo e Rubola um vrus vivo atenuado. Os eventos adversos mais
comuns so: febre, erupo cutnea, artralgias e artrites. As contra-indicaes so:
26
Antecedente de reaco analtica sistmica aps a ingesto de ovo de galinha (pois
a vacina apresenta componentes do ovo);
Gravidez;
Administrao de gamaglobulina, sangue total ou plasma nos trs meses
anteriores.
importante ressaltar que as mulheres vacinadas devero evitar a gravidez por
trinta dias aps a aplicao e caso ocorra a administrao de imunoglobulina humana
normal, sangue total ou plasma nos catorze dias que se seguem vacinao, deve-se
revacinar trs meses depois. (DGP, 2003, p.15). A via de administrao a via
subcutnea. O esquema de vacinao por dose nica.
1.4.1 A Vacinao
A vacinao um recurso preventivo de extrema importncia para toda a
populao, que confere alm da proteco individual, contra serias doenas, a proteco a
comunidade, reduzindo a circulao de agentes infecciosos.
De acordo com Vicente (2001, p.123):
A vacinao o procedimento que visa a produzir anticorpos (mecanismos de defesa) no organismo, contra determinado agente infeccioso, antes que uma
infeco seja causada por aquele agente. Dessa maneira, vale ressaltar que aps
a aplicao da vacina e consequente produo dos anticorpos especficos, em
caso de contacto natural com aquele agente infeccioso especfico, os anticorpos
o neutralizaro antes que ele consiga produzir a doena.
Uma vacina uma substncia derivada, ou quimicamente semelhante, a um
agente infeccioso particular, causador de doena. Esta substncia reconhecida pelo
sistema imunitrio do indivduo vacinado e suscita da parte deste uma resposta que o
protege de uma doena associada ao agente. A vacina, portanto, induz o sistema
imunitrio a reagir como se tivesse realmente sido infectado pelo agente.
Dias (2008, p.59) considera que:
A vacina altamente segura e eficaz e se apresenta na forma combinada com
as vacinas contra o Sarampo, Rubola e a parotidite, (Dupla Vral). A grande
preocupao em relao s mulheres que receberam a vacina inadvertidamente
devido capacidade que o vrus da Rubola possui em atravessar a placenta e
causar a infeco placentria, actuando como fonte de vrus para o feto.
27
Fundamentando a sua ideia, podemos dizer que a primeira resposta do sistema
imunitrio, quer a uma vacina, quer ao agente infeccioso, em geral lenta e especfica.
Porm, o facto de o agente no existir na vacina com capacidade para se multiplicar
rapidamente e causar doena, d ao sistema imunitrio tempo precioso para preparar uma
resposta especfica e memoriz-la. Toscano e Kosim (2003, p.18) consideram que no
futuro, caso o vacinado seja realmente infectado, o sistema imunitrio responder com
rapidez e eficcia suficiente para o proteger da doena.
Para o avano das prticas em sade, importante que a enfermagem se
actualize em conhecimentos, atitudes e habilidades para um bom cuidado,
como no caso da vacinao. Nossa actuao como profissionais de
enfermagem fundamental para efectivar o processo de armazenamento,
conservao manipulao, distribuio e transporte dos imunobiolgicos.
(Oliveira e Santos, 2003, p.75).
Enfatizando a ideia, os mesmos autores analisa que a vacina considerada
como o produto orgnico obtido a partir de pedaos de um agente infeccioso especfico,
ou do agente morto por um tratamento qumico ou, ainda, do prprio agente aps
tratamento por um processo que no, o mata, mas diminui sua capacidade agressiva,
mantendo-o vivo, mas incapaz de produzir a doena (Ibidem).
Segundo Toscano e Kosim (2003, p.10):
A vacinao no apenas protege aqueles que recebem a vacina, mas tambm
ajuda a comunidade como um todo. Quanto mais pessoas de uma comunidade
ficarem protegidas, menor a probabilidade de contrair uma doena que pode
ser erradicada por vacina.
Ainda de acordo com os mesmos autores importante destacar que as vacinas
no so necessrias apenas na infncia. Os idosos precisam se proteger contra gripe,
pneumonia e Ttano, e as mulheres em idade frtil devem tomar vacinas contra Rubola e
Ttano, que, se ocorrerem enquanto elas estiverem grvidas (Rubola) ou logo aps o
parto (ttano), podem causar doenas graves ou at a morte dos seus bebs (Ibid, p.12).
Desta forma importante salientar que, as mulheres em idade frtil precisam ser imunizadas principalmente contra a Rubola, pois esta doena quando
contrada durante a gestao pode atingir o feto, que poder apresentar
sequelas irreversveis, tais como glaucoma, catarata, malformao cardaca
retardo no crescimento, surdez e microcefalia, entre outras. Caso a gestante no
tenha sido imunizada anteriormente, esta dever receber a vacina aps o parto,
porm, nos casos de Sarampo, as gestantes comunicantes, com condio
imunitria desconhecida, devem receber imunizao passiva, (Brasil, 2001,
p.87).
28
Os profissionais de sade, as pessoas que viajam muito e outros grupos de
pessoas, com caractersticas especficas, tambm tm recomendaes para tomarem
certas vacinas.
A vacina estimula o corpo a se defender contra os organismos (vrus e bactrias)
que provocam doenas. As primeiras vacinas foram descobertas h mais de duzentos
anos. Actualmente, tcnicas modernas so utilizadas para prepara-los em laboratrios.
Elas podem ser produzidas a partir de organismos enfraquecidos, mortos ou alguns de
seus derivados, podendo ser aplicadas por meio de injeco ou por via oral.
Toscano e Kosim (2003, p.12) consideram que, quando a pessoa vacinada,
seu corpo detecta a substncia da vacina e produz uma defesa, os anticorpos. Esses
anticorpos permanecem no organismo e evitam que a doena ocorra no futuro. Isso se
chama imunidade.
Rocha (2003, p.12), reala que:
evidente a importncia das vacinas, consideradas umas dos principais
avanos na sade pblica mundial, pois, provavelmente, salvam muito mais
vidas do que qualquer outro tipo de medicamento. As vacinas protegem
milhes de pessoas contra a dor, sofrimento e mesmo incapacitao
permanente, reduzindo, assim, a velocidade de disseminao da doena.
Citando o mesmo autor convincente ressaltar que o atendimento s chamadas
do Ministrio da Sade para as campanhas de vacinao, pois uma campanha de
vacinao significa a necessidade imediata de controlo epidemiolgico de uma ou mais
doenas imunopreveniveis (Ibidem).
Desse modo, significante salientar que o carto de vacinas de direito do
indivduo vacinado e no deve, em hiptese alguma, ser retido por quaisquer motivos ou
servios. Ele um documento fundamental e isso deve ser sempre orientado aos
vacinados e/ou seus responsveis.
O objectivo final da vacinao, ou seja, da administrao de um imunobiologico,
no apenas a proteco do indivduo contra determinada doena, ou seja, no
somente possibilitar a imunidade individual (Toscano e Kosim, 2003, p.13). Na verdade,
a vacinao realizada pela rede de servios pblicos de sade, busca principalmente,
produzir imunidade colectiva, o que vai permitir o controlo, a erradicao ou a
diminuio e controle de vrias doenas.
29
Compete aos profissionais de sade, em particular aos enfermeiros o
cumprimento do PNV. Para isso necessrio aproveitar todas as oportunidades de
vacinao para sensibilizar, para a sua importncia. Porm a populao tem de estar
receptvel e tomar as necessidades de se proteger contra as doenas, (DGS, 2006, p 61).
Castillo et al, (2003, p.69) fundamentam que:
Desde 1999, com o objectivo de acelerar o controlo da Rubola e a preveno
da Sndrome da Rubola Congnita (SRC), e como parte do programa
ampliado de imunizaes para as Amricas, vrios pases desencadearam
campanha de vacinao em massa para a populao feminina de 12 a 39 anos,
ou para ambos os sexos, de 5 a 39 anos sendo esta estratgia considerada a
mais eficiente para a interrupo da transmisso de vrus da Rubola.
A vacinao de rotina permitiu alcanar coberturas de vacina elevada na
populao de 1 a 11 anos, deslocando a transmisso do vrus selvagem para os adultos
jovens susceptveis, a semelhana do que ocorreu nos Pases Europeus e nos EUA,
(WHO, 2000).
Benefcios da vacinao
Segundo a Organizao Mundial da Sade (OMS), os benefcios da vacinao
englobam:
Controlo de doenas;
Poupanas para o sistema de sade e para a sociedade;
Previne o desenvolvimento de resistncia a antibiticos;
Oferece proteco aos viajantes comunidades migrantes;
Promove o crescimento econmico.
1.4.2 A Imunizao
Imunizao o processo de induzir imunidade artificialmente e que pode ser
obtido tanto pelo uso de vacinas como pelo uso de toxodes, que seriam responsveis pela
imunizao activa.
Para Carvalho, (2008, p.8):
A Imunizao o processo de induzir artificialmente e que pode ser obtido
tanto pelo uso de vacinas como pelo uso de toxodes, que seriam responsveis
pela imunizao activa. Existe tambm a imunizao passiva que ocorre quanto
30
administramos os anticorpos contra as doenas. Do mesmo modo, na
imunizao activa o organismo estimulado a produzir anticorpos e deflagra
respostas imunes celulares mediadas por linfcitos T. Na imunizao passiva
artificial ocorre uma proteco temporria atravs da administrao de
anticorpos exgenos (imunoglobulinas). A imunizao passiva natural consiste
na passagem de anticorpos por via transplacentaria para o feto do tipo IgG.
Assim Grossman et al (2004, p.611), fundamentam que:
A imunizao ativa resulta na produo de anticorpos dirigidos contra o
agente infeccioso ou contra seus produtos txicos; alm disso, pode iniciar uma
resposta celular mediada por linfcitos e macrfagos. Os anticorpos protetores
mais importantes incluem os que inativam produtos proteicos txicos solveis
de bactrias (antitoxinas), os que facilitam a fagocitose e a digesto intracelular
de bactrias (opsoninas), os que interagem com os componentes do
complemento srico para lesar a membrana bacteriana e, assim, provocar
bacterilise (lisina) ou os que impedem a proliferao de vrus infecciosos
(anticorpos neutralizantes).
O Programa Nacional de Imunizao, (PNI), foi institudo em 1973 pela
Fundao Nacional de Sade (FUNASA). De acordo com o manual de normas de
vacinao (Brasil, 2001 p. 53), o PNI tem por objectivos: controlar a manuteno de
estado de erradicao das doenas, contribuir para o controlo de outros agravos e
coordenar o suprimento e a administrao de imunobiolgicos indicados para situao ou
grupos populacionais especficos da cada doena/patologia.
Conforme Toscano e Kosim (2003, p.14):
As vacinas podem ser aplicadas por meio de injeco ou por via oral (pela
boca). Quando a pessoa vacinada, seu corpo detecta a substncia da vacina e
produz uma defesa, os anticorpos. Esses anticorpos permanecem no organismo
e evitam que a doena ocorra no futuro. Isso se chama imunidade, assim
Segundo Macedo et al, a imunizao se reveste de particular interesse, pois
considera o perfil epidemiolgico das localidades, constituindo as vacinas
benficas e de baixo custo um dos factores associados reduo da
morbilidade e da mortalidade infantil.
Com o desenvolvimento da cincia, a enfermagem veio a surgir para dar
resposta s vrias necessidades ou demandas, que os seres humanos precisavam para
manter a sade e recuperar da doena.
Pereira e Barbosa, (2007, ps76-88) define que:
A enfermagem exerce papel fundamental em todas as aces de execuo do
programa Nacional de Imunizaes e tem como responsabilidades orientar e
prestar assistncia ao usurio com segurana, responsabilidade e respeito.
Provendo periodicamente as necessidades de material e imunobiolgicos,
mantendo as condies ideais de conservao de imunobiolgicos e os
equipamentos em boas condies de funcionamento, acompanhando as doses
de vacinas administradas de acordo com a meta, buscando faltosos, realizando
31
avaliao e acompanhamento sistemtico das coberturas vacinais e buscando
periodicamente actualizao tcnico-cientfica.
De acordo com o PNI, a capacitao de recursos humanos faz parte das
estratgias para o aperfeioamento do programa, assim como a cooperao tcnica, a
superviso, o monitoramento e a avaliao das actividades que envolvem os
imunobiolgicos em mbito federal, estadual e municipal.
Segundo relatrio publicado em 2004 pela OMS, a imunizao representa uma
das medidas chave em sade para que atinja essa meta, uma vez que aproximadamente
um quarto da taxa de mortalidade de crianas menores de cinco anos de idade em 2002
foi atribudo a doenas imunoprevenveis.
Os programas de imunizao devem zelar pela aquisio de vacinas seguras e
eficazes e so os profissionais de sade, responsveis pela execuo das aces de
imunizao, que devem estar preparadas para atender a quaisquer questionamentos e ou
preocupaes da populao.
Actuao do profissional de enfermagem nas suas diversas categorias tem uma
relao directa com o sucesso ou insucesso das actividades do PNI. Esses profissionais
alm de actuarem directamente na rea de vacinao, tambm devem ser agentes
multiplicadores da importncia e necessidade desta actividade na rotina dos servios de
sade.
32
1.5 Avaliao Imunolgica da GVI para decidir Pelo Acompanhamento4
1. IGM (Imunoglobulina Classe M), positivo (independentemente do IgG): a grvida
ser acompanhada e a colheita de sangue do RN obrigatrio aps o nascimento,
preferencialmente na maternidade.
2. IgM negativo considerar a IgG: Se IgG (-), caso a colheita ocorre ate 45 dias aps a
data da vacinao, realizar a segunda amostra de sangue. O intervalo entre a
primeira e a segunda amostra de sangue devera ser de 20 a 30 dias.
Se IgG (Imunoglbulina de classe G), positivo a grvida no dever ser
acompanhada, gestante imune ou seja caso encerrado.
Resultados da segunda colheita/amostra:
1. Se IgM negativo a grvida ser acompanhada e a colheita de sangue do RN
obrigatria aps o nascimento, preferencialmente na maternidade.
2. Se IgM negativo e IgG negativo a grvida no ser acompanhada, porem devera
receber a vacina Dupla Viral imediatamente aps o parto ou aborto. Grvida
susceptvel, devendo ser vacinada no ps-parto.
Segundo o Ministrio de Sade de Cabo Verde, as Grvidas Vacinadas
Inadvertidamente detm os seguintes objectivos do acompanhamento:
1. Investigar o perfil serolgico e acompanhar todas as grvidas vacinadas
inadvertidamente (GVI) durante a campanha de vacinao contra a Rubola e
mulheres que engravidaram dentro de 30 dias aps a vacinao;
2. Acompanhar, avaliar e classificar o recm-nascido das GVI segundo a definio
de infeco congnita por Rubola (IRC) e Sndrome da Rubola Congnita
(SRC).
4 Dados do Ministrio de Sade de Cabo Verde, 2013
33
O Algoritmo do Acompanhamento das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente
Figura 1 - Algoritmo do Acompanhamento das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente
Fonte: Ministrio de Sade. (2013, p.3), Praia, Cabo Verde
34
1.5.1 Conduta Diante da Notificao do RN
De acordo com informaes do ministrio da Sade de Cabo Verde (2013, p.7),
diante da notificao do RN, destacam-se as seguintes condutas:
Preencher a ficha de notificao do RN pelo profissional de sade do local da
assistncia ao parto.
Recolher, de preferncia ate 30 dias aps o nascimento, uma amostra de sangue do
RN para pesquisa de anticorpos IgM e IgG especficos para Rubola
Encaminhar a amostra ao laboratrio para pesquisa de anticorpos especficos IgM e
IgG, com a ficha de notificao.
Enviar a ficha de notificao do RN para o servio de vigilncia epidemiolgica do
Ministrio de Sade.
Fazer avaliao clnica do RN e manter o acompanhamento em consultas de
pediatria ate que os resultados de exames serolgicos sejam divulgados e
analisados.
35
Seguimento do RN das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente
Figura 2 - Seguimento do RN das Grvidas Vacinadas Inadvertidamente
Fonte: Ministrio de Sade. (2013, p.7), Praia, Cabo Verde
1.5.2 Definio de Caso da SRC
Toda criana menor de um ano que apresentar catarata congnita unilateral ou
bilateral e/ou glaucoma congnita e/ou dfice auditivo e/ou malformao cardaca
(persistncia do canal arterial, estenose artica, estenose da artria pulmonar e cardiopatia
no especificada) associadas ao vrus da Rubola, (Ministrio Sade de Cabo Verde,
2013, p 9).
36
1.6 Calendrio de Vacinao Recomendado para Grvidas em Cabo Verde
Quadro 1 - Calendrio de Vacinao para as Grvidas em Cabo Verde
Doses Intervalos Mnimos
TT 1 ou Td 1 No primeiro contacto ou mais cedo possvel durante a gravidez
TT2 ou Td 2 Intervalo mnimo de quatro semanas aps a primeira dose
TT3 ou Td 3 De seis a doze meses aps a segunda dose ou durante uma
gravidez posterior
TT4 ou Td 4 De um a cinco anos aps a terceira dose ou durante uma gravidez
posterior
TT 5 ou Td 5 De um a 10 anos aps uma quarta dose ou durante uma gravidez
posterior
Fonte: eliminacion del ttanos neonatal. (2005). Guia prtica: publicao cientfica. 2 Edio.
Os principais objectivos da vacinao, na gestante, so a proteco da mulher
grvida, livrando-a de doenas e complicaes da gestao, e a proteco do
feto, recm-nascido e/ou lactente, favorecendo-o com anticorpos para que
possa resistir a infeces devido baixa resistncia do sistema imunolgico.
Os clnicos gerais obstetras e enfermeiros esto habilitados para rever o estado
de imunizao e recomendar estratgias de vacinao para as gestantes no
imunizadas ou com atraso vacinal. (Santos e Albuquerque, 2005,
p.195).
A vacina antitetnica nas gestantes tem como finalidade a erradicao dos casos
de Ttano Neonatal. Contudo, ainda uma meta a ser alcanada, pois alguns municpios
Brasileiros ainda apresentam risco para esta patologia. Uma vez, que a imunidade s
adquirida atravs da vacinao, de grande relevncia a aderncia desta prtica (Vieira;
Oliveira; Lefvre, 2006, p.195).
Embora no existam indcios de efeitos teratogenicos produzidos pela vacina,
recomenda-se administrar as doses de reforo depois do quarto ms de gestao e no
mnimo um ms antes da data prevista do parto, (Fescina et al, 2008, ps64-65).
Aps as duas doses consegue em todas as pessoas uma eficcia contra o
Ttano de 80 a 90 %, durante um mnimo de trs anos, eficcia que se eleva
37
quase a 100% e provavelmente para toda a vida, se tiverem sido recomendada
as cinco doses recomendada, apenas uma dose de TT aplicada a mulher durante
a gravidez, comprovou a sua eficcia na preveno do Ttano neonatal em
80%, (Ibidem).
1.7 Educao Para Sade e a Vacinao
Educao e sade so lugares de produo e utilizao de saberes necessrias ao
desenvolvimento humano.
Desde a promoo da sade at a emergncia mdica, passando pelos aspectos
relacionados com a preveno da doena, onde se inclui a vacinao, a sade uma
responsabilidade partilhada por diversos actores sociais onde existe um lugar de destaque
para o utente e o enfermeiro.
As aces de promoo para sade podem situar-se no campo das estratgias
passivas ou activas de promoo de sade.
De acordo com Aboim, (2005, p.85), a educao em sade , tambm, um
campo multifacetado, onde afluem concepes, quer da rea da educao, quer da rea da
sade, onde se reflectem divergentes percepes que podem ser limitadas por vrias
posies polticas e filosficas sobre o homem e a sociedade.
dever do enfermeiro frisar a promoo da sade e mobilizar actividades de
preveno da doena, como forma importante dos cuidados prestados. A rea de
vacinao pode e deve ser palco destas iniciativas.
Potter e Perry (2006, p.7) reala que:
As aces de preveno da doena, como os programas de vacinao,
protegem os utentes de ameaas, reais ou potenciais, a sua sade (), as
aces de promoo da sade motivam as pessoas a actuarem positivamente,
para alcanarem nveis de sade mais estveis (), cada vez mais os cuidados
de sade tem o seu destaque na promoo da sade, no bem-estar e na
preveno da doena.
De entre todos os profissionais de sade, o enfermeiro tem um papel
fundamental na implementao do PNV na populao e na preveno das doenas. da
sua competncia:
() divulgar o programa, motivar as famlias e aproveitar todas as
oportunidades para vacinar as pessoas susceptveis, nomeadamente atravs da
38
identificao e aproximao a grupos de imigrantes ou outros, com o menor acesso a
servios de sade () (DGS, 2006, p.63).
O regulamento profissional de Enfermagem (REPE) considera que o enfermeiro
um profissional habilitado com um curso de enfermagem legalmente reconhecido, a
quem foi atribudo um ttulo profissional que reconhece competncias cientficas e
humanas para a prestao de cuidados de enfermagem gerais ao indivduo, famlia,
grupos e comunidade aos nveis de preveno primria, secundria e terciria.
Diante do exposto, torna-se necessrio que o profissional de enfermagem, nas
suas diversas categorias, esteja devidamente qualificado para a promoo da sade,
atravs de educao em sade, tanto individual quanto colectiva. Para tanto,
importante que os mesmos estejam sempre actualizados, uma vez que a vacinao um
tema que est em constante processo de mudana e inovaes por ocasio das
descobertas tecnolgicas, (Cavalcante, 2007, ps13-14).
A educao para a sade assume, assim, um aspecto essencial, no desempenho
de todos os profissionais. Para Redman (2001, p 4), a educao para sade efectuada
segundo um processo de diagnstico e interveno, que envolve vrias etapas.
Primeiro necessrio avaliar as necessidades de aprendizagem e a motivao do
indivduo para aprender, estabelecendo metas em conjunto. Posteriormente planeada a
interveno sendo o ensino-aprendizagem efectuado de acordo com as necessidades
diagnosticadas. A avaliao a etapa que permite verificar se as metas esto a ser
atingidas e ocorre ao longo de todo o processo.
Desde o primeiro contacto com o utente o enfermeiro deve verificar com este, o
seu esquema vacinal, verificar o porque da no adeso vacinao e aproveitar esse
momento para vacinar. A elaborao de programas de preveno da doena atravs da
convocao da populao e do esclarecimento necessrio face a dvidas apresentadas,
prestam a informao complementar que julgam necessria para estimar a adeso
vacinao e administrar vacinas. Pois, qualquer adiamento da vacinao constitui uma
oportunidade perdida da vacinao, que pode vir a resultar em mais uma pessoa no
vacinada (DGS, 2006).
Numa perspectiva de promoo de sade, o aconselhamento assenta numa
vertente da educao para a sade vocacionada para motivar a adopo de mudanas
39
voluntrias de comportamento com impacto positivo na sade (Greene e Kreuter, 1999,
p.195).
A promoo de sade, como uma das estratgias de produo de sade, contribui
para a edificao de prticas que possibilitam responder s necessidades sociais em
sade. As campanhas de informao e de educao para a sade so necessrias para
permitir mulher reconhecer os sinais de complicaes, incentivando-a a adoptar
comportamentos saudveis antes, durante e aps a gravidez e o parto (OMS, 1997,
p.47).
Drulhe (1996, p.62) destaca que o direito sade carece de ser, substitudo por
uma obrigao moral que preserve a sua prpria sade, o que implica o direito a receber
apoio sob forma de informao e criar condies de acesso a servios de sade de
qualidade.
A Carta de Ottawa (1986)5 , sem dvida, um dos documentos fundamentais dos
movimentos de promoo de sade. Actualmente, a educao para a sade no tem,
somente, como propsito a modificao de comportamentos e de hbitos relacionados
com problemas de sade, aponta, tambm, para uma maior responsabilidade individual e
colectiva no que diz respeito sade e ao bem-estar. O crescente desenvolvimento
cientfico e tecnolgico tem exigido das enfermeiras um aperfeioamento constante que
inclua os saberes oriundos de outras reas do conhecimento. A enfermagem foi
conquistando progressivamente o seu espao e ao ser integrado no Sistema Educativo
Nacional passou a ser socialmente reconhecida (Ferreira, 2003, p.88). Por outro lado,
constata-se que, nos ltimos anos, o ensino de enfermagem especializada tem
acompanhado uma importante viragem mundial na rea da sade que se traduz numa
perspectiva valorizadora da sade na comunidade.
5 A Carta de Ottawa um documento apresentado na Primeira Conferncia Internacional sobre Promoo
da Sade, realizado em Ottawa, Canad, em Novembro de 1986. Trata-se de uma Carta de Intenes que
busca contribuir com as polticas de sade em todos os pases, de forma equnime e universal.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_Internacional_sobre_Promo%C3%A7%C3%A3o_da_Sa%C3%BAdehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_Internacional_sobre_Promo%C3%A7%C3%A3o_da_Sa%C3%BAdehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ottawahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1http://pt.wikipedia.org/wiki/1986
40
1.8 A Situao Epidemiolgica do Sarampo e da Rubola em Cabo Verde
No obstante o perfil epidemiolgico que o pas enfrenta, onde as doenas
transmissveis tendem a superar, em frequncia a gravidade, as doenas infecto
contagiosas, a necessidade de erradicar doenas como a Rubola e o Sarampo, tem sido
reconhecido cada vez mais como prioridade de sade pblica, (Ministrio de Sade,
2013, p.27).
Cabo Verde viveu uma epidemia de Sarampo em1997-1998 que afectou todas as
ilhas do Arquiplago sendo que foi notificado um Total de 8.873 casos e 49 bitos.
Tambm em 2008/2009 o pas voltou a viver uma outra epidemia desta vez da Rubola
que se estendeu a todas as ilhas tendo sido notificados 9.578 e 11.329 casos suspeitos
respectivamente, de fcil transmisso, atravs de contacto, por via respiratria,
grave nas mulheres grvidas, no primeiro trimestre de gestao, capaz de provocar morte
fetal e m formao. Como consequncia dessa epidemia foram notificados um total de
61 casos do Sndrome de Rubola Congnita (SRC), dos quais 20 caso oftalmolgico
grave, 8 casos de cardiopatia congnita (HBS, 2010), interrupes voluntrias de
gravidez, nados mortos, abortos espontneos, baixo peso ao nascer, partos prematuros,
entre outros (Ministrio de Sade Cabo Verde, 2013, p.13). No entanto o
acompanhamento das grvidas vacinadas inadvertidamente (GVI) ou de mulheres que
engravidaram no perodo de 30 dias aps serem vacinadas fundamental para o controle
e segurana destas grvidas e dos recm-nascidos. Alm do que importante se
consolidar a segurana da vacina contra Rubola, (Ibidem).
Assim, cientes da importncia da campanha nacional de vacinao contra a
Rubola e o Sarampo, considerou-se oportuno abordar nesta edio a relevncia da
vacinao na erradicao da Rubola e Sarampo, bem como as reaces adversas mais
frequentes (Ministra de Sade, 2013, S/p).
No pas, apesar da evoluo positiva e sustentada das taxas de cobertura
vacinal onde, no caso do Sarampo passou de 94,2% em 2009 para 96,6% em 2011, a sua
eliminao representa uma oportunidade impar de afastar do nosso pas estas doena de
envergadura global, (Ibidem).
41
CAPTULO II
OS PROCEDIMENTOS METODOLGICOS DA
INVESTIGAO
42
2. EXPLICAO METODOLGICA
Este captulo baseia-se na explicao metodolgica, da investigao em estudo,
de modo a responder a questo formulada. Para a elaborao de um trabalho cientfico,
este requer uma metodologia de modo a facilitar o pesquisador a alcanar os objectivos
proposto e descrever como a pesquisa ser realizada.
Para Quivy e Campenhout, (1998, p.12):
Um trabalho de natureza cientfica requer a definio e a explicao prvia
dos procedimentos metodolgicos de modo a orientar os passos do pesquisador
e a facilitar a compreenso do processo por parte daqueles que cessaro o
resultado do esforo empreendido ou mesmo que pretendem percorrer
caminhos semelhantes ou no.
Nesta ptica, Fortin, (2003, p.254), salienta que a fase metodolgica, diz
respeito s etapas no decurso das quais foram tomada pelo investigador sobre a matria
de responder as questes de investigao. Assim, Polit (2004, p.165), defende que
nesta fase desenvolvido o desenho da investigao, onde o investigador planeia e
adopta estratgias para desenvolver informaes precisas e interpretveis.
Para fundamentar, Denker, (2001, p.18) afirma que:
Refere que a metodologia a maneira correcta como se busca o conhecimento
e o que fazemos para atingir esse conhecimento de maneira racional e eficiente,
est relacionada com os objectivos e a finalidade do projecto e deve descrever
todos os passos que sero dados para atingir o objectivo proposto.
Nesta linha de ideias, Fortin (2003, p.40), salienta que no decurso da fase
metodolgica o investigador determina o mtodo que utilizar para obter as respostas, as
questes de investigao colocadas ou as hipteses formuladas. Quando se investiga
um problema a escolha e o tipo de estudo bastante importante pois descreve a estrutura
a utilizar para atingir os objectivos (Ibid, p.40).
2.1 Tipo de Estudo
Para Sterubert e Carpenter, (2006, p20), a escolha do mtodo de estudo
depende da questo que est a ser colocada.
Para a elaborao do presente trabalho a metodologia pretendida o mtodo
descritivo com abordagem qualitativa, do mesmo modo Fortin (2000, p.28) explica que
alm de possibilitar a obteno de dados descritivos mediante contacto directo com os
43
sujeitos do objecto de estudo, permite entender os fenmenos, segundo a perspectiva dos
participantes da situao estudada e, a partir da, o pesquisador consegue estabelecer a
sua interpretao e descrever os factos estudados,
Optou-se pelo mtodo de abordagem qualitativa pois uma metodologia que
serve para compreender o sentido da realidade social na qual se inscreve a aco, tem
por objectivo chegar a uma compreenso alargada dos fenmenos, onde o investigador
observa, descreve e aprecia o meio e o fenmeno tais como se apresentam, (Prodanov e
Freitas, 2013, p.85).
Na perspectiva de Fortin (2000, p.263):
O mtodo de investigao qualitativo implica o interesse de uma
compreenso absoluta e ampla do fenmeno a estudar. O investigador observa,
descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenmeno tal como se apresentam,
sem procurar control-los. A abordagem qualitativa pretende descrever ou
interpretar mais do que avaliar.
De acordo com a mesma autora, (1999, p.22), o mtodo de investigao
qualitativa, observa, descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenmeno tal como se
apresenta, sem procurar controla-los.
Relativamente a isto, Sousa e Baptista, (2011, p.57) afirmam que:
A metodologia qualitativa traz como vantagem do mtodo qualitativo o
seguinte: possibilidade de gerar boas hipteses de investigao, devido ao facto
de se utilizarem tcnicas como: entrevistas detalhadas, observaes
minuciosas, e anlise de produtos escritos (relatrios, testes, composies). No
entanto convm realar as desvantagens do mtodo em estudo, nomeadamente:
existe problemas de objectividade que podem resultar da pouca experincia, da
falta de conhecimentos e da falta de sensibilidade do investigador.
Este estudo descritivo, a partir do ponto que identifica, compreende e descreve
os procedimentos adoptados pelos Enfermeiros na assistncia as grvidas vacinadas
inadvertidamente com a Dupla Vral. Fortin (1999, p.162) refora que o objectivo do
estudo descritivo consiste em descriminar os factores determinantes ou conceitos que,
eventualmente possam estar associados ao fenmeno em estudo.
Para Rudio (2008, p.55) a questo fundamental na pesquisa descritiva que
nesta modalidade o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade sem nela
interferir para modifica-la.
Optou-se inicialmente por fazer o levantamento em fontes bibliogrficos como
livros, revistas, artigos, dissertaes e documentos na internet.
44
Conforme Marconi e Lakatos (2008, p.188)
A pesquisa de campo aquela utilizada com o objectivo de obter informaes
e ou conhecimento acerca de um dado problema, para a qual procura-se um
resposta, ou hipteses, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos
fenmenos ou ralaes entre eles. Consiste na observao de factos e
fenmenos tal como ocorrem espontaneamente, na colecta de dados a eles
referentes e no registo de variveis que se presume relevantes, para analisa-
los.
O presente estudo foi desenvolvido no Centro de Sade Reprodutiva da Bela
Vista uma vez que todas as gestantes so encaminhadas a esse Centro a partir das trinta e
seis (36) semanas de gestao sobretudo as que apresentam gravidez de risco. Para a
autorizao da pesquisa foi necessrio uma Declarao da Coordenadora do Curso para
Autorizao de recolha de dados, (anexo I).
Procura-se desenvolver uma pesquisa baseada em observaes e, uma entrevista
as grvidas do centro, do tipo semi-aberta de modo a conceder uma abertura as
entrevistadas para expressar. Para ter acesso a esse meio foi necessrio, a realizao de
um requerimento de autorizao para recolha de dados e o mesmo foi autorizado, pela
directora do CSRBV. (Anexo II).
2.2 Contextualizao e Caracterizao do Campo Emprico
Tendo em conta a natureza desta pesquisa, considera-se pertinente esclarecer o
meio em que este se desenvolveu. Assim segundo Fortin (2003, p.123), () os estudos
conduzidos fora dos laboratrios tomam o nome de estudo em meio natural.
O campo emprico apresentado corresponde o local onde foi realizado o estudo.
A opo foi o Centro de Sade Reprodutiva da Bela Vista (CSRBV), fica situado na zona
de Bela Vista, na ilha de So Vicente em Cabo Verde. um Centro de referncia com
maior afluncia de grvidas e de outros utentes que procuram um servio diferenciado e
nessa ptica esse foi o motivo da escolha.
De acordo com o resumo do folheto informativo dos 35 anos do CSRBV, em
1975 foi feito um trabalho de sensibilizao da populao na Zona de Bela Vista e
arredores (ilha de S. Vicente) para a promoo e proteco da sade da me e da criana
e planeamento familiar com o apoio dos servios dos assuntos sociais, Comisso para a
45
Organizao das Mulheres de Cabo Verde (COMCV) e de dois mdicos de servios de
sade.
Com a visita de tcnicos da Radda Barnen, da Sucia, as instalaes do CSRBV,
seguida da visita a Sucia, de tcnicos nacionais ligados ao projecto, viria a surgir em
1977 o Projecto de Proteco Materno-Infantil e Planeamento Familiar (1977-1990),
financiado pela organizao no-governamental Sueca e que rapidamente se estendeu a
todos os concelhos do pas, garantindo a proteco das mulheres e das crianas, incluindo
ao acesso ao planeamento familiar.
Na sequncia da realizao da conferncia internacional para o
desenvolvimento, no Cairo em 1994, Cabo Verde adoptou a sade reprodutiva como um
dos programas de sade de maior sucesso, garantindo o direito universal sade
reprodutiva, que contribui para a melhoria da performance do pas em matria de
indicadores de sade, sobretudo nos que se refere a reduo das taxas de mortalidade
infantil. Em 2000 houve uma assuno, por parte do Governo do projecto PMI/PF com a
sua integrao nos servios de sade.
Em 2001 aconteceu a transio do Programa de Proteco Materno-Infantil e
Planeamento Familiar (PMI/PF), para o Programa Nacional De Sade Reprodutiva
(PNSR).
O PNSR um programa da Direco Geral da Sade, do Ministrio da Sade de
Cabo Verde, que visa promover o bem-estar geral, fsico, mental e social da pessoa para
tudo o que diz respeito ao aparelho genital, suas funes, seu funcionamento e no
somente ausncia de doena onde de uma forma geral o CSRBV tem tido uma enorme
importncia.
Segundo o Ministrio de Sade (2001, S/p), os componentes do PNSR e os
servios prestados no CSRBV so:
Maternidade sem risco - aconselhamento e consulta pr-concepo, vigilncia pr-
natal, promoo do aleitamento materno exclusivo;
Promoo e vigilncia do crescimento infantil, preveno por vacinao e Ateno
Integrada s Doenas de Infncia (AIDI);
Planeamento Familiar que abrange mulheres e homens na fase reprodutiva da vida:
15 a 49 anos de idade e 15 a 59 anos respectivamente;
46
Contracepo e preveno da gravidez precoces e das indesejadas;
Preveno e tratamento da Infertilidade;
Preveno, atendimento e seguimento dos abortos e suas complicaes;
Preveno e luta contra Infeces Sexualmente Transmissveis (IST) e VIH/SIDA;
Preveno e tratamento dos Cancros da mama, do colo uterino e da prstata;
Preveno e tratamento da disfuno sexual, das complicaes da menopausa e
andropausa;
Preveno e medidas contra a violncia fsica e sexual;
Educao para Mudana de Comportamento (EMC) - visando a adopo de estilos
de vida saudveis, a sexualidade humana (incluindo o aparelho genital e as
alteraes fisiolgicas que ocorrem ao longo da vida), a maternidade e a
paternidade responsveis, as questes de gnero e promoo da auto afirmao da
Mulher o envolvimento e a responsabilizao dos Homens em SR.
2.2.1 Organizao funcional do CSRBV
O CSRBV trata-se de uma Instituio que presta servios de sade ateno
bsica como Pr-natal, Ps-Parto, Planeamento Familiar, Exame de Citologia, consultas
Mdicas, de Enfermagem, consultas de Nutrio, consultas de Psicologia, consultas de
Fonoaudiologia, consultas de Sade Infantil, Atendimentos de Reabilitao Infantil.
De acordo com o Plano Nacional de Sade de Cabo Verde (2001: S/p) () um
Centro de Sade uma unidade Bsica do Servio de Sade que constitui como primeira
responsvel pela Promoo e melhoria dos nveis de sade da populao onde est
inserida. Tem como misso: Promoo, Preveno, Diagnstico, Tratamento e
Reabilitao.
O Centro encontra-se estruturado da seguinte forma:
A Seco Maternal integrando o laboratrio para anlises de Citologia;
A Seco Jovem; A Seco Infantil; O Servio de Nutrio;
A Seco de Reabilitao Infantil integrando os servios de Psicologia, de
Fonoaudiologia e de Fisioterapia;
Secretaria; Gabinete da Directora do Centro; Copa;
47
Lavandaria;
Um Depsito contendo arcas para armazenamento das vacinas;
Uma casa de banho para utentes; Um pequeno depsito para stock de materiais
logsticos, definido por Fernandes, (1981, p.1), como uma certa quantidade de
itens mantidos em disponibilidade constante e renovados permanentemente, para
produzirem lucros ou servios ().
Seco Maternal: Comportando trs gabinetes mdicos, trs gabinetes de
enfermagem, uma sala de apoio para pequenos procedimentos invasivos, um laboratrio
para a realizao das citologias, uma sala ginecolgica, uma sala de recepo, duas casas
de banho, devidamente equipadas, sendo uma para utentes e outra para os trabalhadores e
um quarto pequeno para stock de materiais.
Actividades desenvolvidas: Consultas Mdicas e ginecolgicas; Consultas de
Enfermagem; Planeamento Familiar; Educao para a Sade; Insero de DIUS,
insero de Jadell/Implant, atendimento pr-natal, consultas ps-parto e deslocaes s
Comunidades s Quartas-feiras (Salamansa, Calhau, So Pedro),
Seco Jovem - Comporta uma sala de espera e para palestras, uma sala para
enfermeira, uma sala para auxiliar de enfermagem, uma arrecadao para stock, uma casa
de banho.
Actividades desenvolvidas: com ateno particular sobre IST/HIV/SIDA,
aconselhamento em pr concepo e gravidez, contracepo e preveno da gravidez
precoce e no desejadas, educao para a sade e a sexualidade, atendimento mdico de
ginecologia, pr natal e planeamento familiar. Deslocaes s comunidades s Quartas-
feiras.
Seco Infantil composta por: uma sala para vacinao; uma sala para
pesagem, medio, avaliao das crianas; um gabinete mdico; uma sala de espera; uma
sala para auxiliar de Enfermagem.
Actividades desenvolvidas: controle do crescimento e desenvolvimento da
criana, PAV (imunizao), avaliao e o despiste precoce das malformaes congnitas,
Educao para a Sade, deslocaes s Comunidades s Quarta-feira (Salamansa,
Calhau, So Pedro), jardins e hospital (HBS para vacinar os recm-nascidos diariamente),
48
Consulta de Nutrio, incluindo o Aleitamento Materno Exclusivo at os 6 meses de
vida.
Seco de Reabilitao Infantil - composta por: uma sala grande preparada
para Fisioterapia; dois gabinetes de Psicologia; um gabinete de Fonoaudiologia e uma
casa de banho para os profissionais.
Actividades desenvolvidas: unidade de referncia para atendimentos de
crianas e adolescentes portadores de deficincias. Crianas com dificuldades de
aprendizagem, alterao de conduta, atraso de linguagem, atraso do desenvolvimento
psicomotor, Paralisia Cerebral, Sndromes e outras deficincias.
Secretaria composta por: um gabinete para a chefe de secretaria; um
gabinete para a Directora do Centro; uma sala pequena onde fica instalada a mquina
fotocopiadora; uma casa de banho.
Recursos Humanos: O staff do CSRBV constitudo por dois Mdicos, sete
Enfermeiras, dois Psiclogos, um Nutricionista, um Fonoaudiloga, trs Auxiliares de
Enfermagem, cinco Agentes de servios gerais, um Administrativo, um Recepcionista,
dois Guardas que trabalham por turnos.
A ttulo de informao, duas vezes por ms o Centro conta com o apoio de um
Ginecologista/Obstetra do HBS para a realizao de Ecografias.
2.3- Populao-alvo
Qualquer que seja o estudo necessita de uma determinada populao, onde o
investigador vai colher os dados de modo a obter as informaes necessrias para dar
resposta a sua pesquisa.
Para Fortin (2000, p.202), uma populao a coleco de elementos ou de
sujeitos que partilham caractersticas comuns, definidos por um conjunto de critrios.
Nesta mesma linha de ideias esta autora destaca que o elemento pode ser a
famlia, uma comunidade, um comportamento ou uma organizao, (ibidem). Porem
neste tipo de investigao as informaes teis, muitas vezes s podem ser obtidas junto
dos elementos que constituem o conjunto, (Quivy e Campenhout, 1998, p.156). Ou
seja a populao deve, portanto, ser aqui entendida no seu sentido mais lato o conjunto de
elementos constituintes de um todo (Ibid, p.160).
49
Para fundamentar Fortin (1999, p.243) define que populao alvo constituda
pelos elementos que satisfazem os critrios da seleco definidos, antecipadamente e para
os quais o investigador deseja generalizaes.
No presente estudo a populao um grupo de grvidas, que frequenta o
CSRBV de So Vicente. Porm foi necessrio realizar o estudo com uma populao de
cinco grvidas com a idade compreendida entre os 20 e 25 anos de idade, que foram
vacinadas inadvertidamente durante a referida campanha de vacinao, em que permite
uma anlise de dados mais profundos.
2.3 Instrumento de Colheita de Dados
A colheita de dados realiza-se segundo um plano pr-estabelecido, recolhe-se
informaes junto dos participantes com o auxlio do instrumento de medida seleccionado.
Para a realizao desta entrevista foi necessrio a elaborao de um termo de
consentimento livre e esclarecido, que foi assinado pelas respectivas gestantes, em que
neste encontra-se os objectivos da pesquisa (Anexo III).
Denker (2001, p.137), define a entrevista como sendo uma comunicao verbal
entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturao previamente definido, cuja
finalidade a obteno de informaes de pesquisa. Nesta ptica Quivy et al, (1998,
p.11), defende que as entrevistas servem para encontrar pistas de reflexo, ideias e
hipteses de trabalho e no para verificar hipteses pr-estabelecidas.
A entrevista como sendo um instrumento de colheita de dados, constitui uma
importante ferramenta de suporte ao processo de investigao.
Para Carpenter e Streubert (2002, p.141):
A entrevista permite entrar no mundo de outra pessoa e uma excelente fonte
de dados. A completa concentrao e a participao rigorosa no processo de
entrevista aumentam o rigor, a confiana e a autenticidade dos dados. Contudo
o investigador deve concentrar nas respostas, ouvir atentamente e evitar
interrogar os participantes, tratando-os com respeito e sinceridade face a
experiencia partilhada.
Decidiu-se optar por uma entrevista semi-estruturada, pois segundo Fortin
(2009, p.379):
O investigador recorre a entrevista semi-estruturada nos casos em que deseja
obter mais informaes particulares sobre um tema. A entrevista semi-
estruturada principalmente utilizada nos estudos qualitativos, quando o
50
investigador quer compreender a significao de um acontecimento ou de um
fenmeno vividos pelos participantes.
Para o mesmo autor neste tipo de entrevista o entrevistador determina uma lista
de temas a abordar, frmula questes respeitantes a estes temas e apresenta-se ao
respondente numa ordem que ele julga apropriado (Ibidem).
O mtodo de recolha de dados em principio, qualquer recurso que o
investigador pode recorrer para conhecer os fenmenos e extrair deles a informao,
(Vilelas, 2009, p.265).
Foi realizado um guio que tem como objectivo servir de guia a entrevista,
facilitando a recolha de informao de forma a orientar as respostas para o tema
abordado. O guio dirigido as grvidas do SCRBV. (Anexo IV).).
2.4 Princpios ticos da Investigao
A realizao de qualquer pesquisa implica por parte do investigador o
levantamento de questes morais e ticas. A tica coloca problemas ao
investigador decorrentes das exigncias morais que, em certas situaes,
podem entrar em conflito com o rigor da investigao, (Vilelas, 2009, p.371).
Para Fortin (1999, p.326), a tica a cincia da moral que regula a nossa
postura e o nosso comportamento () ou seja um juzo filosfico, acerca do que mais
correcto, baseado em princpios usados para justificar aces e resolver problemas.
A investigao que envolve seres humanos pode pr em causa os direitos e a
liberdade da pessoa. Assim, para Fortin (2000, ps116-119), quando se inicia a
investigao tem de respeitar:
O direito a autodeterminao: baseia-se no princpio tico do respeito pelas
pessoas, segundo o qual qualquer pessoa capas de decidir por ela prpria e tomar conta
do seu prprio destino. Decorre deste princpio que o potencial sujeito tem o direito de
decidir livremente sobre a sua participao ou no numa investigao.
Direito a Intimidade: qualquer investigao junto de seres humanos constitui
uma forma de intruso na vida pessoal dos sujeitos. O investigador deve assegurar-se que
o seu estudo menos invasivo possvel e que a intimidade dos sujeitos esta protegida.
O direito ao anonimato e a confidencialidade: respeitado se a identidade do
sujeito no puder ser associad
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