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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
KALLYNE BEZERRA FREITAS
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: um estudo no Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel.
NATAL/RN 2015
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KALLYNE BEZERRA FREITAS
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA:
um estudo no Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel
Monografia apresentada ao curso de graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Josivânia Estelita Gomes de Sousa
NATAL/RN
2015
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Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Freitas, Kallyne Bezerra.
A importância do acompanhamento no processo saúde-doença: um
estudo no Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel/ Kallyne
Bezerra Freitas. - Natal, RN, 2015.
63f.
Orientadora: Profa. Josivânia Estelita Gomes de Sousa.
Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas.
Departamento de Serviço social.
1. Serviço social – Monografia. 2. Humanização no atendimento – -
Hospital - Monografia. 3. Acompanhantes – Hospital – Monografia. I.
Sousa, Josivânia Estelita Gomes de. II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.
RN/BS/CCSA CDU 364.2:61
4
Dedico este trabalho aos meus pais João
e Miranice, e irmãs Carmezia e Kaliane
pela dedicação e incentivo, por
acreditarem e apoiarem durante toda esta
trajetória de minha vida; ao meu
namorado Ítalo, que foi porto seguro
durante as dificuldades dessa caminhada.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pois sem Ele nada seria possível. Em especial aos meus pais
pelo incentivo, dedicação, compreensão e pelo amor em todo percurso de minha
vida. As minhas irmãs pelo apoio e compreensão durante minha trajetória. Ao meu
namorado pelo amor e estímulo a mais uma vitória na minha vida. A professora
Josivânia Estelita pela paciência, dedicação e aprendizado na orientação desta
monografia. A professora Ilena pelas inesquecíveis lições, dedicação e paciência, na
orientação do projeto de pesquisa, e por aceitar o convite para participar da banca
desta monografia. A minha supervisora de estágio Maria de Fátima, pelos
ensinamentos que obtive com sua convivência durante o estágio e por aceitar o
convite para participar da banca deste trabalho. E a todos aqueles que contribuíram
e torceram para que aqui eu pudesse chegar.
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RESUMO
É consenso na literatura que a permanência de uma pessoa com o paciente internado durante o período de hospitalização é um fator de suma importância no processo de recuperação do paciente. Apesar de se caracterizar como um ponto positivo para o internado, a permanência de um acompanhante no hospital carrega consigo algumas dificuldades, principalmente no que diz respeito às condições físicas das instituições hospitalares, como também o relacionamento entre equipe médica e o acompanhante. A partir de experiências vivenciadas durante o processo de estágio realizado em 2014.2 e 2015.1, despertou-me o interesse por desenvolver este estudo que pretende desvelar o processo de acompanhamento por parte da família ao internado no processo saúde e doença. O estudo tem por objeto de investigação compreender qual é a função/importância do acompanhante na recuperação/tratamento dos pacientes no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG). Com a finalidade principal de planear sobre as principais dificuldades que estes encontram enquanto permanecem na instituição. Pensando nisto, este trabalho buscou analisar o perfil dos acompanhantes de pacientes hospitalizados no HMWG, compreendendo, mostrando as dificuldades que enfrentam e benefícios da presença dos mesmos nas instituições hospitalares. Este trabalho tem uma abordagem qualitativa e foi realizado com 30 acompanhantes de pacientes Fizemos uso de uma entrevista, e através desta, destacou-se que existe uma presença predominante de acompanhantes do sexo feminino, com baixa escolaridade o que influencia diretamente na renda mensal desses usuários, sendo caracterizados como pessoas de baixa renda e que passam por dificuldades de permanência no hospital principalmente se tratando da estrutura física do hospital, que não oferece condições adequadas para permanência de acompanhantes junto ao internado. Assim, se faz necessário dar mais atenção, apoio e dignidade a pacientes e familiares durante o processo de internamento.
Palavras-chave: Acompanhantes; Humanização no atendimento; Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel.
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ABSTRACT
There is a consensus that the stay of a person with the patient during hospitalization is of paramount importance in the patient's recovery process. Despite being characterized as a plus point for the hospital, the presence of a companion in the hospital carries with it some difficulties, especially with regard to the physical conditions of the hospitals, as well as the relationship between medical staff and the accompanying. From experiences during the internship process carried out in 2014.2 and 2015.1, my interest was piqued by developing this study attempts to unveil the monitoring process by the family to the hospital in the health and disease. The study is the object of investigation to understand what is the role / importance of accompanying the recovery / treatment of patients at the Hospital Monsignor WalfredoGurgel (HMWG). With the main purpose of planning on the major difficulties they encounter while remaining at the institution. With this in mind, this study sought to analyze the profile of caregivers of patients hospitalized in HMWG, comprising, showing the difficulties facing and benefits from the presence of the same in hospital institutions. This work has a qualitative approach and was carried out with 30 caregivers of patients We made use of an interview, and through this, it was highlighted that there is a predominance of female companions, with low education which directly influences the monthly income of these users It was considered as the poor and undergoing difficulties remain in the hospital mainly dealing with the hospital's physical structure, which does not offer adequate conditions to stay with the accompanying hospitalized. Therefore, it is necessary to pay more attention, support and dignity to patients and families during hospitalization process.
Keywords: Accompanying; Humanization of care; Hospital Complex Monsignor WalfredoGurgel.
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01-DEFINIÇÃO DO SEXO........................................................................40
GRÁFICO 02 – FAIXA ETÁRIA..................................................................................40
GRÁFICO 03 - VÍNCULO EMPREGÁTICIO .............................................................41
GRÁFICO 04 – NIVEL DE ESCOLARIDADE.............................................................42
GRÁFICO 05 – DADOS DE ESCOLARIDADE (IBGE 2010) POPULAÇÃO ACIMA
DE 25 ANOS..............................................................................................................43
GRÁFICO 06 – NÍVEL DE RENDA FAMILIAR...........................................................43
GRÁFICO 07 – GRAU DE PARENTESCO................................................................44
GRÁFICO 08 – RESIDEM COM O PACIENTE..........................................................45
GRÁFICO 09 – PACIENTES VINDOS DO INTERIOR DO ESTADO........................46
GRÁFICO 10 – SATISFAÇÃO COM A ESTRUTURA DO HOSPITAL......................48
GRÁFICO 11 - SATISFAÇÃO COM A QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS............50
GRÁFICO 12 – QUALIDADE NO ATENDIMENTO....................................................50
GRÁFICO 13 – ACESSO A INFORMAÇÕES SOBRE O DIAGNOSTICO DO
PACIENTE..................................................................................................................51
GRÁFICO 14 – SATISFAÇÃO COM A EQUIPE MULTIPROSSIONAL.....................52
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LISTA DE SIGLAS
CAPs – Caixas de Aposentadorias e Pensões.
CEBES - Centro Brasileiro de Estudos de Saúde.
HMWG – Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.
IAPs – Institutos de Aposentadorias e Pensões.
INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social
INSS- Instituto Nacional de Seguridade Social
NOAS – Norma Operacional da Assistência á Saúde
NOB – Norma Operacional Básica.
PNH -Política Nacional de Humanização.
PSCS – Pronto Socorro Clovis Sarinho
SUS – SistemaÚnico de Saúde.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2 O PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA SAÚDE. ................................................. 13
2.1 A CONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DA SAÚDE NO BRASIL. ......................... 14
2.2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NA ATUALIDADE. .............................................. 20
3 HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO: DIFERENCIAL NO CUIDADO AO PACIENTE. .... 26
3.1 A POLITICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO............................................................ 26
3.2 A IMPORTÂNCIA DOS LAÇOS FAMILIARES NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO.
......................................................................................................................................... 32
4 NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA: UM ESTUDO SOBRE DIFICULDADES DO
ACOMPANHANTE NO HOSPITAL MONSENHOR WALFREDO GURGEL. ........................ 39
4.1 O PERFIL DOS ACOMPANHANES NO HOSPITAL MONSENHOR WALFREDO
GURGEL. ......................................................................................................................... 40
4.2 DIFICULDADES E BENEFICIOS DO ACOMPANHAMENTO ................................ 47
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 55
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 56
APÊNDICES ........................................................................................................................ 61
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1INTRODUÇÃO
O tema da presente monografia é resultado de um grande interesse que nos
foi despertado durante o estágio curricular obrigatório, realizado no Complexo
Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel (CHMWG), situado em Natal, Rio Grande do
Norte. Durante o estágio pudemos vivenciar e participar da realidade dos pacientes
que ali se encontravam e seu relacionamento com os profissionais do hospital.
O HMWG tem em sua missão realizar atendimento, com ênfase na
emergência e urgência pelo SUS, visando atender a demanda com o olhar do
conceito sobre dignidade humana, pretendendo resgatar a saúde oferecendo assim
atendimento de boa qualidade, universal e igualitário, de acordo com os princípios
norteadores do SUS. Assim se faz necessário analisar os ambientes em que estes
acompanhantes se fazem presentes, entender qual a função/importância do
acompanhante na recuperação/tratamento dos pacientes naquele espaço.
Assim, uma questão em específico nos chamou atenção: tratava-se das
dificuldades enfrentadas pelos acompanhantes dos pacientes internados na referida
unidade. Como estagiária no HMWG foi possível observar esses acompanhantes, a
rotina dos mesmos dentro da instituição e principalmente as dificuldades enfrentadas
por eles. Foi este processo de estágio na instituição que me fez sentir-se inquieta
para compreender melhor essa realidade difícil que chega para os indivíduos de
forma inesperada.
Desse modo, objetivamos com a pesquisa traçar um perfil desses
acompanhantes, analisando as dificuldades e benefícios do processo de
acompanhante. Atualmente, a presença do acompanhante é assegurada por lei, a
portaria nº 280 de 7 de abril de 1999 do Ministério da saúde que define essa
presença como obrigatória nos hospitais públicos, contratados ou conveniados com
o Sistema Único de Saúde (SUS).
Nesse contexto, para alcançarmos tais objetivos, desenvolvemos um trabalho
através de pesquisa bibliográfica, documental e aplicação de questionários com 30
acompanhantes de pacientes hospitalizados. A pesquisa de campo foi realizada no
mês de agosto de 2015 junto aos acompanhantes que se encontravam no hospital
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há um período mínimo de 30 dias. É necessário destacar que incluímos os
acompanhantes que possuíam laços sanguíneos e aqueles que não possuíam
vinculo e recebiam remuneração para acompanhar o internado. A pesquisa se deu
de forma que nomes não foram anotados, a fim de manter o sigilo daqueles que se
dispuserama responder as perguntas.
Dessa forma, a partir dos resultados obtidos, o trabalho de conclusão de
curso se encontra dividido em três capítulos, para que seja possível desvelar o
processo de acompanhamento por parte da família ao internado no processo saúde-
doença.
No primeiro capitulo procuramos apresentar um breve histórico da trajetória
da saúde no Brasil, seu processo de democratização e todos os avanços para que
fosse possível chegar ao atual modelo de saúde publica no Brasil.
Ao decorrer do segundo capítulo mostramos a criação da Politica Nacional de
Humanização e sua importância nos hospitais, para que através dela sejam
fortalecidos os laços familiares entre internados e acompanhantes, destacando a
relevância da participação dos familiares como acompanhantes nas instituições
hospitalares no processo saúde-doença e tratamento do paciente enquanto
internado. Procuramos promover uma discussão sobre o quanto o acompanhante se
torna importante para o internado, os benefícios que esse acompanhamento poderá
trazer em seu processo de internamento/recuperação, visto que esse acompanhante
pode ajudar a equipe hospitalar para o melhor atendimento do paciente.
No terceiro e último capitulo traçamos um perfil dos usuários e as principais
dificuldades em ser um acompanhante presente no HMWG, visando, apreender
quais as principais dificuldades encontradas pelo acompanhante, destacando os
benefícios de sua presença no hospital.
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2 O PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA SAÚDE.
Dentre as mais variadas conquistas sociais adquiridas no processo de
democratização da saúde, que obtiveram uma consolidação efetiva com a
Constituição Brasileira de 1988, é indiscutível que a criação do Sistema Único de
Saúde (SUS) significa certamente, uma das mais importantes conquistas para os
cidadãos do nosso país.
Como citado por Bravo (2006):
O SUS completou 15 anos de existência e, não obstante ter conseguido alguns avanços, o SUS real está muito longe do SUS constitucional. Há uma enorme distância entre a proposta do movimento sanitário e a prática social do sistema público de saúde vigente. O SUS foi se consolidando como espaço destinado aos que não têm acesso aos subsistemas privados, como parte de um sistema segmentado. A proposição do SUS inscrita na Constituição de 1988 de um sistema público universal não se efetivou. (p.20)
Não se pode falar em SUS sem antes tentar fazer um resgate histórico de sua
trajetória, percebendo que este é resultante da reforma sanitária no Brasil,
caracterizando-se como a formalização da saúde como direito universal para a
população brasileira.
A partir de uma breve retrospectiva sobre a implantação do SUS cujo objetivo
é implantar a saúde como um direito de todos os cidadãos brasileiros, é possível
observar que esse sistema vive em constantes avanços, mas que ainda existe muito
a melhorar e muitos desafios a serem superados.
É importante que não existam dúvidas de que a implantação do SUS e, como
consequência, a saúde universal do Brasil, melhorou de forma significativa o acesso
aos serviços de saúde.
Ao longo dos próximos itens seráapresentado de forma breve a trajetória
percorrida no setor da saúde do Brasil, até a implantação do SUS trazendo como
este sistema funciona na atualidade.
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2.1 A CONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DA SAÚDE NO BRASIL.
Segundo Bravo o modelo de saúde no Brasil a partir de 1920 ganha um novo
rumo através, em 1922, da Reforma Carlos Chagas, em seguida, em 1923 a Lei Eloi
Chaves que significou um marco no surgimento da Previdência Social no Brasil,
vindo a instituir as caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) que faziam com que
algumas empresas financiassem a assistência médica de seus funcionários. Nesse
contexto as CAPs obtiveram um grande crescimento, e no ano de 1932 , as mesmas
vieram a ser transformadas em Institutos de Aposentarias e Pensões (IAPs) que
faziam atendimento a algumas categorias profissionais, e as contribuições
financeiras para seu funcionamento eram geradas pela empresa, empregados e
Estado.
Durante o período militar a saúde não era um direito garantido a todos, neste
momento a saúde era assegurada apenas aqueles cidadãos que trabalhavam de
carteira assinada e que contribuíam com a Previdência Social do país. Aos demais
cidadãos que faziam parte da população a única forma de terem acesso ao
atendimento era pagando pelos serviços. Com o referido quadro, o setor mais
beneficiado obviamente foi o setor privado, com os altíssimos ganhos financeiros
pelos atendimentos privados. Assim havia um empenho em que o setor público não
funcionasse para beneficiar o setor privado.
Com o golpe militar ocorrido em 1964, os IAPs que existiam no momento
foram unificados criando o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), para que
pudessem realizar a execução das políticas de previdência e assistência, recebendo
uma maior participação do Estado. A partir daí houve um enfraquecimento na
qualidade dos serviços, fato que se deu pela transferência da função do Estado de
provedor, para o setor privado.
Já no ano de 1977 é implantado o Instituto Nacional de Assistência
Médicaque realizava um maior atendimento aqueles trabalhadores do meio urbano
que estavam inseridos formalmente no mercado de trabalho e também realizavam
atendimento a alguns trabalhadores do meio rural. Devendo salientar que até aquele
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momento, aqueles que precisassem de serviços de assistência médica, deveriam
dispor de meios financeiros para que pudessem pagar para obter o atendimento,
caso não estivessem inseridos no mercado de trabalho. Ou seja, os direitos como
cidadão estavam ligados diretamente a condição de profissional inserido no mercado
de trabalho.
Bravo trás também o relato de que o movimento da Reforma Sanitária
Brasileira surge na segunda metade dos anos 1970 em meio aos movimentos que
vinham crescendo em todos os espaços da sociedade, movimentos de luta pela
democracia.Ao final dos anos 1970 e inicio de 1980, com os agravamentos das
carências sociais principalmente das áreas urbanas, deram inicio a esse movimento
que ficou denominado de Reforma Sanitária, movimento este de caráter
reivindicatório que trazia consigo a proposta de um novo modelo político para a
saúde, propondo que ele se tornasse de fato democrático.
No simpósio Nacional de Política de Saúde da Câmara dos Deputados
realizado em 1979, o movimento de Reforma Sanitária que vinha representado pelo
CBES ( Centro Brasileiro de Estudos de Saúde ) trouxe à mostra a proposta do
sistema de saúde SUS. Nessa exposição foi relatado as experiências desse sistema
em outros países que já o tinham como um modelo vigente. E colocava por base a
democratização geral da sociedade, universalização da saúde, descentralização,
integralização, racionalização.
Estas mudanças vinham ocorrendo no processo de democratização em que
buscavam a superação do regime militar, assim os movimentos sociais se
intensificaram e foi levado a Assembléia Nacional Constituinte, em 1987, o projeto
da Reforma Sanitária Brasileira. Nesta era previsto a democratização da saúde com
isso dando direito de acesso a essa política não através de pagamento, mas sim por
serem cidadãos.
Ao longo dos anos 1980, o Brasil ao passar por um processo de
democratização ao consegui ultrapassar a ditadura militar instaurada em 1964 e
enfrentou uma profunda crise econômica. A saúde nessa década recebeu a
participação de novos sujeitos, membros da sociedade civil, profissionais da saúde e
partidos políticos para a discussão sobre a situação da sociedade brasileira. Destes
novos sujeitos envolvidos nos debates acerca da saúde, merece um principal
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destaque os profissionais da área da saúde que se mobilizaram para discutir novas
propostas sobre qual o rumo a seguir.
As principais propostas debatidas por esses sujeitos coletivos foram a universalização do acesso; a concepção de saúde como direito social e dever do Estado; a reestruturação do setor através da estratégia do Sistema Unificado de Saúde visando um profundo reordenamento setorial com um novo olhar sobre a saúde individual e coletiva; a descentralização do processo decisório para as esferas estadual e municipal, o financiamento efetivo e a democratização do poder local através de novos mecanismos de gestão – os Conselhos de Saúde. (BRAVO, 2006, p.9)
Ao se falar sobre saúde é fundamental referenciar a 8º Conferência Nacional
da saúde, na qual se discutiu sobre direitos à saúde de todo e qualquer cidadão.
O fato marcante e fundamental para a discussão da questão Saúde no Brasil ocorreu na preparação e realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em março de 1986, em Brasília - Distrito Federal. O temário central versou sobre: I A Saúde como direito inerente a personalidade e à cidadania; II Reformulação do Sistema Nacional de Saúde, III Financiamento setorial. (BRAVO, 2006, p.9)
As principais determinações sociais do processo saúde e doença ficaram
caracterizadas no conceito de saúde que permeou o debate da Reforma Sanitária e
da 8º Conferência. Este foi abreviado por Sérgio Arouca (1987):
Saúde não é simplesmente não estar doente, é mais: é um bemestar social, é o direito ao trabalho, a um salário condigno; é o direito a ter água, à vestimenta, à educação, e até, a informação sobre como se pode dominar o mundo e transformá-lo. É ter direito a um meio ambiente que não seja agressivo, mas que, pelo contrário, permita a existência de uma vida digna e decente; a um sistema, político que respeite a livre opinião, a livre possibilidade de organização e de autodeterminação de um povo. É não estar todo tempo submetido ao medo da violência, tanto daquela violência resultante da miséria, que é o roubo, o ataque, como a violência de um governo contra o seu próprio povo, para que sejam mantidos os interesses que não sejam os do povo.(p.36)
Pela existência da necessidade de uma transformação mais profunda, na
ampliação do conceito de saúde e suas ações, foi aprovada a diretriz para a
universalidade da saúde, o relatório da 8º Conferência foi utilizado para discussões,
sendo reconhecido como um documento de expressão social.
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No ano de 1988 foi aprovada na Assembléia Nacional Constituinte a nova
Constituição brasileira, nesta havia uma seção sobre a saúde.
Em seu Art.196, afirma que: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação". (BRASIL,1988)
Arouca faz com que se torne claro o fato de que o processo de
redemocratização do país que vinha acontecendo na década de 80, fez com que a
saúde passasse a ser uma promessa da expansão dos direitos sociais frente ao
agravamento das dificuldades sociais vivenciadas no momento.
Por motivos de aversão para o envio das Leis Orgânicas 8.080 e 8.142 da
Saúde ao Congresso Nacional, leis que fazem a regulamentação e organização para
o funcionamento dos serviços de saúde, prevendo a participação da população na
gestão do SUS e transferências financeiras por parte do governo para a saúde e
participação de forma complementar do setor privado. Acontecia ao mesmo tempo
do processo de implementação do SUS, a Assembléia Nacional Constituinte de
1987/1988, a qual discutia sobre a reforma sanitária para que se pudesse ter a
aprovação do SUS. Uma discussão que se deu de maneira acirrada, expondo a
resistência do setor privado. Mas as resistências apresentadas não foram suficientes
para segurar o SUS.
Estas acabaram sendo enviadas apenas no ano seguinte, em 1989, e sua
aprovação só veio a acontecer em 1990 causando o atraso na implantação do SUS,
que é o sistema definido pelo Art. 4 da Lei 8.080 como: "O conjunto de ações e
serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder
público.”(BRASIL, 1990)
Como já foi dito, a Constituição de 1988 determinou a implantação do SUS, e
que esse sistema se desse de forma descentralizada, hierarquizada, regionalizadae
universal. Possuindo os seguintes fundamentos normativos:
A Norma Operacional Básica (NOB) 91 - tinha como objetivo prover
instruções aos responsáveis pela implantação a operacionalização doSUS.
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A NOB 92 -Normalizava a assistência à saúde no SUS, estimulando a
implantação, desenvolvimento e funcionamento do sistema. Entendendo a saúde
como um direito de todo cidadão e dever do Estado.
A NOB 93 - foi publicada pelo Ministério da Saúde em maio de 1993 em que
estabelecia medidas para descentralização dos serviços de saúde. Na mesma
época em que foi abolido o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social que oferecia serviços apenas aos trabalhadores que estavam inseridos no
mercado de trabalho de maneira formal e seus dependente, assim, não ofereciam
um serviço universal. Já no ano de 1996, surge a NOB/96, em que fortalecido o
processo de municipalização e tentou fazer uma melhoria neste sistema.
E a NOB 96 – tendo por finalidade promover e concretizar o pleno exercício,
por parte do poder público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da
atenção à saúde dos seus membros avançando na consolidação dos princípios do
SUS.
A implantação das Normas Operacionais Básicas do SUS, além de realizar
uma integração de ações entre as três esferas do governo, fez crescer o processo
de descentralização, a partir do momento que foi transferido para os estados e
municípios responsabilidades e recursos para operacionalização do SUS,
responsabilidades que anteriormente eram concentradas apenas no nível do
governo federal.
Em razão dos problemas surgidos durante a implementação da NOB 96,
principalmente se tratando da responsabilidade, planejamento e organização do
sistema, gerou-se um processo de discussões entre gestores fazendo surgir a
NOAS (01/2001) – Norma Operacional da Assistência á Saúde. Assim cada vez
mais o SUS se apóia nas leis Federais, claro que ainda existe muito para melhorar.
Dentre os elementos que dificultam a implantação do SUS, se faz importante
ressaltar o impróprio modelo de estrutura organizacional do Ministério da Saúde.
Antes do SUS ser implantado, a atuação do Ministério da Saúde se resumia às
atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças (por exemplo,
vacinação), realizadas em caráter universal, e à assistência médico-hospitalar para
poucas doenças; servia aos indigentes, ou seja, a quem não tinha acesso ao
atendimento pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. O
INAMPS foi criado pelo regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto
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Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS); era uma autarquia filiada ao Ministério da Previdência e
Assistência Social (hoje Ministério da Previdência Social), e tinha a finalidade de
prestar atendimento médico aos que contribuíam com a previdência social, ou seja,
aos empregados de carteira assinada.
É nesse cenário que os avanços obtidos com a Constituição de 1988, passam
a sofrer ataques por parte do capital. O Estado passa a ser o responsável por
promover e regular, deixando de ser o responsável e transferindo para o setor
privado responsabilidades que eram suas. Com isso o Estado centra suas ações
para aqueles que não possuem condições financeiras de pagar pelos serviços e
deixa o espaço para o mercado privado oferecer os serviços para aqueles que
dispõem de meios financeiros para adquirir os serviços de saúde, ferindo
diretamente a lógica de uma universalização de serviços.
Esse projeto privatista encontra apoio na ideologia neoliberal, que se versa no
Estado mínimo para o social e máximo para o capital, o que favorece para o
fortalecimento dos sistemas empresariais.
No Brasil essa ideologia neoliberal foi coligada ao discurso da modernização
do país, que desencadeou um processo de reformas econômicas, privatizações de
empresas estatais e políticas sociais focalizadas. Fazendo com que houvesse uma
redefinição das responsabilidades do Estado e com isso fazer com que os cidadãos
se envolvessem mais nos problemas da sociedade. Esse pensamento neoliberal não
traz consigo as políticas sociais como um direito, mas como uma forma de assistir os
mais necessitados, resultando na ação focalizada nos pobres e de modo que
estimule os membros da sociedade a se responsabilizar pela resolução de
problemas sociais e com isso diminuir as atribuições do Estado.
O SUS vai longo ao de sua de existência e, embora tenha conseguido
melhorar seu funcionamento, ainda está longe do SUS constitucional. Há uma
enorme distância entre a proposta do movimento sanitário e a prática do sistema
público de saúde vigente. O SUS foi se consolidando como espaço destinado aos
que não têm acesso aos subsistemas privados, como parte de um sistema
segmentado. A proposição inscrita na Constituição de 1988 de um sistema público
universal não se efetivou, apesar de alguns avanços, como o acesso de camadas da
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população que antes não tinham direito; o sistema de imunização e de vigilância
epidemiológica e sanitária; os progressos na alta complexidade, como os
transplantes, entre outros.
Verificamos um descumprimento do que havia sido definido na constituição. A
universalização do sistema que de fato é um dos principais fundamentos do SUS, foi
um dos principais pontos que fez com que existisse uma certa aversão, para a
efetiva implementação do projeto.
2.2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NA ATUALIDADE.
A partir da constituição de 1988 foram incorporados novos conceitos e
princípios para organização da saúde. A saúde passou a ser entendida como um
direito social universal para todos os membros da sociedade, realizado através de
articulações políticas, econômicas e sociais.
Um fator importante diz respeito à tentativa de definição do papel de cada
esfera de governo no SUS, processo que vem sendo orientado pelas Normas
Operacionais do SUS, onde estão definidas as competências de cada esfera de
governo.
Em locais em que não seja possível oferecer o serviço público o SUS pode e
deve realizar a contratação dos serviços de hospitais ou laboratórios que ofereçam
serviços particulares, de modo que não deixe faltar atendimento aos usuários desse
sistema.
Esse modelo se desenvolve a partir de um novo modelo de formulação
política e organizacional para o oferecimento dos serviços de saúde que foram
instituídos na Constituição de 1988. Com isso, o SUS deve ser visto como um novo
sistema que se encontra em construção com objetivo de oferecer assistência à
população sempre fundamentado no modelo de proteção epromoção que são ações
que podem ser desenvolvidas por associações comunitárias, empresas e indivíduos,
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com ações que visam a redução de fatores de risco, que constituam ameaça à
saúde das pessoas. Exemplo: Educação em saúde, adoção de estilo de vida
saudável, etc. Exemplos de ações de proteção pode-se citar: vacinações, vigilância
sanitária, saneamento básico, etc. E recuperação da saúde que são ações que
envolvem o diagnóstico e tratamento de doenças, invalidez e reabilitação. São ações
realizadas pelos serviços públicos de saúde e, de modo complementar, realizadas
por serviços particulares. Exemplos dessas ações: consultas médicas, exames
diagnósticos e tratamento em todos os níveis de complexidade. Para que seja
possível torná-lo um sistema de eficiência no nosso país. Ou seja, não se
caracteriza como um serviço ou instituição, este é sim um sistema que é constituído
por um conjunto de unidades, ações e serviços que interagem entre si para um
resultado comum.
Fundamentado nos princípios da Constituição cidadã a construção do SUS é
norteada pelos princípios doutrinários, que são eles: Universalidade, Equidade e
Integralidade, e organizado pelos princípios da: Regionalização, Resolutividade,
Descentralização, Racionalidade e Democratização. Apresentados pela Secretária
Nacional de Assistência à Saúde, a seguir serão analisados cada item:
• Universalidade: Este é um dos princípios fundamentais do SUS, por ele é
determinado que todo e qualquer cidadão brasileiro, sem sofrer nenhum tipo de
discriminação, possui o direito ao atendimento nos serviços de saúde públicos de
nosso país. A adoção desse princípio foi de fundamental importância para o avanço
democrático no atendimento, passando a colocar a saúde como um direito de todos
e dever do Estado.
• Integralidade: O SUS deve estar preparado e comprometido para atender o usuário
de acordo com suas reais necessidades, ou seja, oferecendo um tratamento de
qualidade e respeitoso. Desde a atenção básica até a alta complexidade.
• Equidade: Possui uma ligação direta com conceitos de justiça e igualdade. Para os
serviços de saúde significa prestar um atendimento de acordo com as necessidades
especificas dos usuários que necessitam de atendimento, ou seja, oferecendo mais
cuidados aqueles que se encontra em situações mais complicadas, aqueles que
apresentam risco de vida terão atendimento prioritário.
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• Descentralização: é um dos princípios que servem de base para a organização e
funcionamento do SUS, desenvolvida entre União, Estados e Municípios. Com esse
princípio o poder e responsabilidade são distribuídos entre os três níveis de governo,
assim, cada esfera de poder se tornou autônoma sobre como deve desempenhar
suas atividades, respeitando a participação da sociedade.
• Racionalidade: Deve buscar organização para que possa oferecer ações e serviços
que possam atender de acordo com as demandas apresentadas pelos usuários.
• Resolutividade: O Sistema deve ter condições de dar soluções aos problemas dos
usuários que chegam a procura de atendimento de forma adequada, no local mais
próximo de sua residência ou dar os devidos encaminhamentos para onde as suas
necessidades possam ser atendidas da melhor maneira possível.
• Democratização: Devendo assim contar com a participação popular, tendo o
envolvimento de todos os segmentos inseridos no sistema, como trabalhadores da
saúde, prestadores de serviços e fundamentalmente a população usuária. Esta
participação se dá primordialmente através dos Conselhos de saúde e pelas
Conferências.
A Criação do SUS foi sem dúvida nenhuma um divisor de águas na saúde do
país, por se tratar de um sistema universal que deve atender a todos sem fazer
nenhuma distinção seja ela de classe, raça, cor, orientação sexual. Atendendo
gratuitamente todas as necessidades em todos os níveis daqueles usuários que dele
necessitarem e oferecendo um atendimento de qualidade.
No entanto, sabe-se que o sistema encontra diversas dificuldades para que
consiga desempenhar com excelência seus serviços, problemas estes que são
conhecidos em todo o conjunto da saúde brasileira, problemas que são
caracterizados pela dificuldade de acesso que acontecem devido a superlotação dos
leitos oferecidos, longas filas de espera para realização de consultas e de exames
devido aparelhos quebrados e até mesmo profissionais que desempenham uma
quantidade excessiva de horas de trabalho, fazendo com que tenham seu
desempenho prejudicado.
Nesse contexto é necessário destacar que toda a população brasileira é
considerada usuária do SUS e para melhor conhecimento do funcionamento do
23
sistema por parte de seus usuários foi elaborada a Carta dos Usuários do SUS, que
em sua formulação dispõe sobre direitos e deveres.
Na carta dos direitos dos usuários do SUS foram definidos os seguintes
princípios: 1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos
sistemas de saúde, de forma que seja garantido que aquele que se encontre num
estado mais delicado de saúde tenha atendimento prioritário. 2. Todo cidadão tem
direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema, com isso a equipe
profissional do hospital deve de maneira clara e objetiva tentar explicar tanto ao
usuário como a seus familiares, o estado de saúde e procedimentos que serão
realizados. 3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e
livre de qualquer discriminação, seja este usuário de qualquer idade, raça, religião,
etc. deverá ter atendimento igualitário aos demais. 4. Todo cidadão tem direito a
atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos, assim o
usuário possui livre direito de decidir se quer passar pelos procedimentos propostos
pela equipe profissional ou não, desde que assuma o risco de sua escolha. 5. Todo
cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma
adequada. 6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde
para que os princípios anteriores sejam cumpridos.
Bresser faz perceber que é importante lembrar que a reforma sanitária e o
SUS representam a primeira experiência de reforma do Estado Brasileiro, fazendo
com que o nosso país passe a existir de forma mais concreto o reconhecimento do
direito de cidadania. O SUS é um sistema que veio a ser conquistado após um
intenso processo de luta. Os atendimentos à saúde no Brasil são realizados por
entidades públicas e privados. No entanto, de um modo geral, a maior parte da
população brasileira é atendida pelos serviços do Sistema Único de Saúde. O Brasil
possui serviços de Postos de saúde, Centros de Saúde, Consultórios Particulares,
Ambulatórios de Hospitais, Pronto Socorro, Emergência, Ambulatório, Consultório de
Clínicas e Farmácia. Inovador em alguns programas, o país já se tornou referência,
até mesmo internacional, em determinados temas.
Além de programas voltados ao combate de doenças, o Brasil investe em
iniciativas que viabilizem e facilitem o acesso de todos à saúde. Sobre o perfil das
condições de saúde do povo brasileiro, uma constatação demonstra, apesar de
muitos problemas, um progresso: o aumento na sua expectativa de vida. Com
24
realidades distintas entre as regiões, o Brasil tem apresentado também uma
redução na mortalidade infantil.
A desigualdade das grandes regiões no acesso ao sistema de saúde é um
dos grandes problemas do Brasil. No entanto, ele não é o único tendo em vista as
condições de pobreza, moradia, falta de saneamento básico e outros fatores
negativos, é fácil compreender por que o Brasil ainda não atingiu o mesmo nivel de
saúde dos países desenvolvidos.
É possível dizer que sistemas de saúde são construções sociais que possuem
como objetivo realizar a garantia dos meios necessário e adequados para que os
indivíduos da sociedade façam frente aos riscos sociais, dentre eles o de adoecer,
para os quais, por meios próprios não conseguiriam, nem teriam condições de
prover sozinhos. Dessa maneira, os sistemas de saúde possuem como fator de mais
importância garantir e adequar o acesso aos bens e serviços que estão disponíveis
na sociedade para manutenção e recuperação da saúde dos indivíduos que a
compõe.
No caso do Brasil, o sistema de saúde pública pode ser caracterizado de
forma geral como o convívio de sistema público e um mercado privado de serviços
de saúde. O SUS se caracteriza como um sistema que possui uma oferta de
serviços e bens de saúde insuficientes para a população, fato que acontece devido
este sistema possuir um porte pequeno considerando à demanda que procuram pelo
atendimento no sistema. Essa insuficiência nos serviços põe limite ao acesso da
população por meio da necessidade de um longo período de espera para
atendimento.
É óbvio que o SUS é um sistema que se encontra em constante processo de
aperfeiçoamento, os serviços oferecidos as pessoas passam constantemente por
transformações, visto que a cada dia surgem novas tecnologias, novos tratamentos
que podem e devem ser utilizadas para sempre garantir o melhor atendimento aos
cidadãos.
O sistema de saúde público que temos é um dos maiores sistemas públicos
do mundo, responsável por garantir e assegurar assistência integral e inteiramente
gratuita para todos os membros da sociedade. A realidade que vivemos nos mostra,
ainda, uma população que passa frequentemente por dificuldades no atendimento
25
no sistema de saúde pública que temos, fato que é comprovado na existência de
filas de espera nos hospitais públicos, para um atendimento médico adequado.
Porém, é importante destacar que apesar de todos os problemas existentes, o
sistema vem tentando se organizar no sentido de se adequar para oferecer, cada
vez mais, um melhor serviço. Mas, é claro que ao olhar para trás e analisar o
atendimento que se tinha antes da implantação do SUS, são constatados grandes e
significativos avanços, o importante é que esse sistema seja frequentemente
fortalecido e melhorado.
Por fim, é importante lembrar que, o acesso aos serviços de saúde no Brasil
obteve uma melhora considerável e significativa com a implantação do SUS. Nos
últimos anos houve grandes avanços, destacando principalmente inovações
institucionais. Ou seja, o SUS aumentou largamente os cuidados e acesso à saúde
no Brasil, mas, o SUS ainda é um sistema em desenvolvimento que passou e que
continua passando por transformações para que se possa garantir uma cobertura
universal de qualidade para todos os membros da sociedade.
Um dos avanços presentes no Sistema Único de Saúde é a Política Nacional
Humanização, responsável por trazer uma nova relação entre gestão e atenção á
saúde, buscando a melhoria dos serviços prestados á população. Mais a diante,
teceremos mais considerações sobre essa política.
26
3 HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO: DIFERENCIAL NO CUIDADO AO
PACIENTE.
Com o SUS tornou-se necessário adequar a forma de gestão dos serviços, o
que culminou na Política Nacional de Humanização que veio em busca da efetivação
dos princípios já existentes no SUS, mas que até então se encontravam apenas no
papel e não aconteciam no cotidiano dos serviços. Através da Política Nacional de
Humanização é notório o interesse e necessidade de transformar o cenário atual,
criando programas com o intuito de humanizar práticas de saúde.
A política Nacional de Humanização (PNH) criada em 2003, pelo Ministério da
saúde, veio como um método para tentar solucionar os problemas existentes no
sistema público de saúde, entre eles, vale destacar a grande desvalorização dos
profissionais e falta de treinamento com relação ao atendimento que desempenham
com o usuário, que causa uma fragilidade na relação entre profissional/usuário dos
serviços.
No decorrer dos próximos itens será melhor destrinchado como surgiu a
Política Nacional de Humanização e de que modo ela funciona, mostrando como
esta ajuda a fortalecer os laços familiares existentes entre o hospitalizado e sua
família e a importância das famílias presentes nos ambientes hospitalares.
3.1 A POLITICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO.
A política Nacional de Humanização foi difundida em 2003, visando
fundamentalmente colocar os princípios do SUS na prática do cotidiano da
realização dos serviços de saúde. Com ela são estimulados os processos de
comunicação entre os gestores, trabalhadores e usuários.
A humanização surgiu na forma de política pública para dar respostas a
insatisfação da sociedade, vistas no claro sucateamento dos serviços de saúde que
são oferecidos pelo sistema público, devido a péssima gestão ou ao fato dos poucos
e insuficientes recursos financeiros.
27
Suely Deslandes (2004), afirma que “a humanização deve ser praticada, nos
serviços de saúde, com profissionais e usuários de forma dialógica, em busca de
uma construção de novos caminhos capazes de propiciar um novo paradigma de
gestão da saúde pública”. (p.10)
Vale destacar que a PNHtem como intuito absorver os avanços que podem
ser obtidos a partir da implementação de novas técnicas no modelo de
administração hospitalar, de modo que sejam pautadas no respeito à singularidade
dos usuários e profissionais. Esta política possui princípios que são destacados no
documento de base para gestores:
TRANSVERSLIDADE: fazendo com que se reconheça que as diferentes
especialidades e práticas de saúde podem e devem conversar com a experiência
daquele que é assistido. Para que se perceba que juntos, essas sabedorias podem
produzir saúde de forma mais corresponsável.
INDISSOCIABILIDADE ENTRE ATENÇÃO E GESTÃO: todos os membros da
sociedade que utilizam os serviços de saúde da rede pública devem tentar conhecer
como se da o funcionamento da gestão dos serviços e da rede de saúde, tomando
conhecimento de que o cuidado com a saúde não é apenas uma responsabilidade
da equipe de saúde, o usuário dos serviços é também responsável pelo cuidado de
sua saúde.
PROTAGONISMO, CORRESPONSABILIDADE E AUTONOMIA DOS
SUJEITOS E COLETIVOS: O Sistema Único de Saúde humanizado reconhece cada
pessoa como sendo legítima cidadã de direitos, valoriza e incentiva sua atuação na
produção de saúde.
É importante destacar que a PNH toma como desafios para sua efetivação os
problemas já existentes no do SUS. Com isso a PNH reconhece os desafios que
devem ser enfrentados no sistema público de saúde que temos com intuito de
transformá-lo num SUS que dá certo e que pode oferecer serviços de qualidade.
Assim, o processo de humanização no sistema de saúde atual se caracteriza como
uma ferramenta de valorização do SUS.
Segundo o Ministério da Saúde:
28
Humanizar a atenção à saúde é valorizar a dimensão subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão no SUS, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão, destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, orientação sexual e às populações específicas (índios, quilombolas, ribeirinhos, assentados, etc.). É também garantir o acesso dos usuários às informações sobre saúde, inclusive sobre os profissionais que cuidam de sua saúde, respeitando o direito de acompanhamento de pessoas de sua rede social (de livre escolha). É ainda estabelecer vínculos solidários e de participação coletiva, por meio de gestão participativa, com os trabalhadores e os usuários, garantindo educação permanente aos trabalhadores do SUS de seu município.(BRASIL, 2005).
A PNH vem sendo utilizada como uma forte referência para problematizar os
processos vivenciados nos serviços de saúde, como as extensas filas de espera,
tratamentos interrompidos, descaso no atendimento daqueles que sofrem com a
falta de recursos e direito de ter um tratamento respeitoso e digno. Em seus
primeiros anos de funcionamento o foco principal foi a consolidação da humanização
como uma política pública, portanto se apresentando como um importante marco na
construção de serviços de saúde que de modo efetivo respeitem os cidadãos,
valores e necessidades.
Segundo Martins (2001), a humanização é um processo amplo, demorado e
complexo, ao qual se oferecem resistências, pois envolve mudanças de
comportamento, que sempre despertam insegurança.
E isso acaba gerando essa resistência por parte de gestores e profissionais,
visto que em certos casos não estão abertos a mudanças de comportamentos e
hábitos, dos quais já estão acostumados a desenvolver de maneira burocratizada.
Para Pessini (2002) é possível e adequado para a humanização se constituir,
sobretudo, na presença solidária do profissional, refletida na compreensão e no
olhar sensível, aquele olhar de cuidado que desperta no ser humano sentimento de
confiança e solidariedade.
A partir de sua consciência, seu pensamento, visão de mundo e de
atendimento qualificado, é que os profissionais da saúde desenvolveram esta
capacidade de ter um olhar mais sensível ao atendimento que oferecem.
Tomando por base a Política Nacional de Humanização, a humanização é um
pacto, uma construção coletiva que só pode acontecer a partir da construção e troca
29
de saberes, através do trabalho em rede com equipes multiprofissionais, da
identificação das necessidades, desejos e interesses dos envolvidos, do
reconhecimento de gestores, trabalhadores e usuários como sujeitos ativos e
protagonistas das ações de saúde, e da criação de redes solidárias e interativas,
participativas e protagonistas do SUS.
Assim, é importante se pensar o que significa de fato esse cuidado mais
humanizado, entendendo que o cuidado humanizado não deve nem pode estar
ligado apenas a qualidade do cuidado oferecido. A humanização busca a
valorização dos sujeitos, sendo compreendida pela democratização das relações
entre usuários, gestores e trabalhadores. Tendo como foco um cuidado mais voltado
para comunicação, troca de informações e escuta. Para que isso aconteça na
realidade concreta se faz necessária uma gestão compartilhada, modificações nas
estruturas das organizações e mudanças comportamentais dos sujeitos envolvidos
no processo dos serviços de saúde.
Como se pode falar de humanização se a pessoa é dividida em inúmeras partes, se ela é toda fragmentada em órgãos e sistemas? Como se pode falar de humanização se, para tratar de um problema de saúde, a pessoa é encaminhada de um especialista para outro, sem soluções adequadas e, muitas vezes, sem sequer ser ouvida? Se cada profissional olha para um pedaço do seu corpo como se pedaços isolados tivessem vida autônoma? (MENDES SOBRINHO; LIMA, 2007, p. 4)
Humanizar o atendimento vem no sentido de melhorar essa visão dos
profissionais sobre os pacientes que lhes procuram em busca de uma solução para
seu problema, ou seja, não se pode analisar um individuo por partes isoladas, este
deve e tem que ser visto como um conjunto em que quando uma de suas partes
está afetada as demais também sofreram consequências disto.
O processo de humanização no Sistema Único de Saúde (SUS) mostra
mudanças nas modelos de atenção e gestão, fazendo com se enxergue nos
usuários dos serviços e nos trabalhadores agentes que realizam uma transformação
social. Humanizar nos serviços de saúde é compreender que cada pessoa na sua
particularidade, possui necessidades específicas, que devem ser atendidas da
melhor maneira possível.
30
Com isso, projetos são desenvolvidos para interferir no processo de trabalho
realizando a promoção de mudanças nos hábitos já existentes como, transformar a
maneira tradicional e burocratizada nos atendimentos e atitudes, modificar as ações
diárias e hábitos, buscando a satisfação mútua. Não podendo somente fazer uma
idealização de um modelo fixo do SUS, percebendo que a produção de saúde deve
ser realizada como um processo que acontece de forma constante de construção.
Sabe-se que de fato este é um processo longo de construção e reconstrução,
buscando sempre novas métodos e estratégias, na busca constante e diária do SUS
que possa dar certo.
É possível observar que o tema humanização tomou uma proporção maior
nas discussões da sociedade, principalmente nos serviços de saúde, com objetivo
de melhorar na qualidade do atendimento de saúde como também oferecer
melhores condições de trabalho para os profissionais, se tornando um objeto de
reflexão e debates entre os profissionais e a sociedade.
Ao longo dos anos e das transformações ocorridas nas políticas de saúde,
projetos de humanização vem sendo desenvolvidos. Tomar a saúde como um valor,
que deve ser garantido ao usuário através de serviços de qualidade. Sabendo queo
movimento de humanização nos hospitais acontecem numa perspectiva de
educação e treinamento dos profissionais que fazem parte do sistema de saúde.
Acredita-se que aqueles seres humanos que se profissionalizaram para
trabalhar com o ser humano, devem saber tratar o outro como humano, de modo
que o trate com igualdade, tentando fazer sempre o melhor, respeitando-o. A
preocupação com a efetivação da humanização hospitalar tem como foco principal
garantir a dignidade do ser humano, o respeito com o mesmo e com seus direitos.
Na cartilha da PNH: Visita aberta e direito do acompanhante, é possível
entender um pouco mais sobre essa nova proposta que é a da implantação da visita
aberta nos ambientes hospitalares, tendo como intuito, facilitar na captação dos
dados dos pacientes e melhor entendimento das necessidades do doente. De modo
que se a equipe hospitalar possa oferecer informações e instruções para dar
continuidade aos cuidados com o paciente quando este receber alta e estiver de
volta ao seu lar. A visita aberta é uma nova proposta da Política Nacional de
31
Humanização, com ela o acesso por parte dos visitantes ao internado se torna
ampliado, através dessa visita é possível assegurar ao internado um elo maior com
seus familiares. Essa proposto foi pensada após um longo caminho a se chegar na
conclusão de que visitas e acompanhantes fazem bem à saúde, melhorando de
forma significativa sua reabilitação. Mas se sabe que por lei não é assegurado o
direito ao acompanhante a todos os pacientes em situação de internamento.
Sendo resguardado por lei apenas para o menor de idade, ou seja, até 18
anos de idade (Art. 12 da Lei 8.069/90 do Estatuto da criança e do adolescente),
como também para o idoso, que possua 60 anos ou mais (Art. 16 da Lei 10.741/03
do Estatuto do idoso) e ainda para as parturientes durante todo o trabalho de parto e
pós parto (Lei 11.108/05)
Assim, em cada instituição hospitalar será desempenhado um processo de
humanização no atendimento diferenciado das demais instituições, pelo fato de
serem equipes diferentes, com pensamentos e atitudes diferentes.
O Sistema Único de Saúde vem conquistando ao longo do tempo e de muita
luta o seu objetivo real de levar a todo e qualquer cidadão o direito pleno ao
atendimento nos serviços de saúde, colocando na efetivação concreta seus
princípios e diretrizes. Contudo, enfrentou e vem enfrentando grandes dificuldades
para que consiga modificar o modelo de atenção e cuidado à saúde que é oferecido
aos membros da sociedade.
Se faz possível perceber após leituras à respeito da PNH e os benefícios que
ela vem desenvolvendo que seu real intuito não é apenas de estabelecer normas e
procedimentos para funcionamento dos serviços, e sim de algo que precisa ser mais
pensado e analisado e consequentemente levará mais tempo, pelo fato de se tratar
de envolver os sujeitos na construção de um processo de valorização dos seres
humanos e de seus direitos, seja ele usuário ou um profissional do Sistema de
Saúde, resultando em um novo modo de agir. Colocando num processo constante
de educação, para construção de um ser crítico, responsável, que se envolve e que
reconhece seu papel e seus direitos.
A realidade existente nos hospitais da rede SUS torna clara e evidente
situações de descaso e em certos casos cruéis, não apenas pela presente
32
desestruturação da rede, mas também pela frequente presença das desigualdades
sociais, falta de empregos, moradia e consequentemente condições de vida digna,
que tem interferência direta na saúde dos membros da sociedade. É preciso que
todos se tornem usuários cidadãos, de modo que conhecem seus direitos e deveres.
Tratar da saúde dos membros de uma sociedade liga-se automaticamente a
condições de vida digna, é de suma importância se pensar nos profissionais com
jornadas de trabalho excessivas, infra-estruturas precárias e unidades superlotadas.
Superlotações que colocam os profissionais em meio a contradições sendo postos
entre o direito à saúde e a exclusão por não dispor de condições para oferecer
atendimento à grande demanda que lhes chega. O que ocasiona em alguns casos
na escolha de quem poderá ter acesso ao tratamento médico, lembrando que
segunda a Constituição Federal “ a saúde é um direito de todo e qualquer cidadão’.
Para que esse sistema público consiga ter um funcionamento eficiente,
universal, com acessibilidade e qualidade para realizar os tratamentos para aqueles
que do sistema necessitam é necessário à importância da humanização na gestão e
atenção e principalmente no processo de formação dos profissionais da saúde.
No decorrer do próximo tópico, será detalhado de forma mais clara a importância da
existência e fortalecimento dos laços familiares durante o processo de
hospitalização.
3.2 A IMPORTÂNCIA DOS LAÇOS FAMILIARES NO PROCESSO DE
HUMANIZAÇÃO.
Muito se fala sobre família e o que ela representa para os membros de uma,
ficando mais fácil entendimento ao perceber que, a presença e participação de
familiares no processo saúde/doença serve de conforto e tranquilizante para o
hospitalizado, diante dos processos que este vem passando, em alguns casos
processos dolorosos e do afastamento de pessoas de seu convívio e a partir daí
quando se encontram internados se vêem rodeados de pessoas “estranhas” passam
a se sentir sozinhos e com medo. Quando esse internado se encontra na instituição
33
hospitalar acompanhado por um familiar que transmita para a equipe médica
informações sobre o paciente, isso ajuda no melhor tratamento deste doente,
fazendo com que os profissionais possam lhes dar melhores respostas.
Ao olharmos para a Política Nacional de Humanização, esta traz que o
acompanhante é o “representante da rede social da pessoa internada que a
acompanha durante toda sua permanência nos ambientes de assistência à
saúde”.(BRASIL, 2003). Ou seja, ter um acompanhante é extremante importante,
tanto para o internado quanto pra a instituição hospitalar.
O Ministério da Saúde ainda propõe que seja garantida a visita aberta, por
meio da presença do acompanhante e de sua rede social, respeitando sempre a
dinâmica de funcionamento de cada unidade hospitalar.
É importante lembrar que uma família que possui um de seus membros em
condições de internamento hospitalar, é afetada diretamente por essa situação
inesperada, visto que os membros da mesma terão que se desempenhar para dar o
suporte necessário ao doente.
A família é um conjunto de pessoas que se encontram, ligadas por laços afetivos, têm objetivos em comum, e um funcionamento específico. No caso desse funcionamento ser alterado, como quando um dos membros está internado, é natural que surjam dúvidas e insegurança em todo e qualquer membro da família. É um momento de tomada de decisões que podem ser fáceis ou não, há que adaptar uma postura diferente para que o problema seja solucionado, neste caso, para que a pessoa internada atinja o estado de saúde ou, no caso de não se encontrar doente, que possa retornar a casa (TORRENTS, 2004 p.13).
O grande problema que se tem é de como a equipe médica enxerga esse
acompanhante no momento em que o paciente esta sendo tratado. É notório que em
alguns profissionais dão sim a importância necessária, ao quase sempre solicitarem
que o paciente possua uma pessoa, da confiança do paciente, para acompanhá-lo
durante todo processo de hospitalização que de certo modo servirá com
intermediador entre a instituição e o internado.
O art. 26 dos direitos do Paciente garante o “direito a acompanhante, se desejar, tanto nas consultas, como nas internações”. (SILVA; BOCCHI, 2005 p.7). A lei 10.689, de 30/11/2000 em seu art. 1º assegura o direito de entrada de um acompanhante junto à pessoa que se encontra internada em unidade de saúde sob responsabilidade do Estado. (SILVA; AVELAR, 2007, p. 4)
34
Os profissionais procuram ser atenciosos com esses acompanhantes e lhes
dão os esclarecimentos necessários sobre os procedimentos que serão realizados e
por que estes serão feitos. E entendem que as diversas perguntas que fazem a
equipe médica se devem ao fato de estarem aflitos e preocupados com a situação
que estão vivenciando. Compreendem que ninguém espera passar por certos
momentos em que possam ver familiares ou pessoas queridas, correndo risco de
vida. Isso faz com que alguns acompanhantes fiquem desnorteados, sem saber
como proceder, quem procurar, como devem se comportar, o que depende deles
para ser realizado e até mesmo coisas que não estão ao alcance deles, procuram
uma solução uma resposta imediata.
Mas é claro que existe o outro lado, aqueles profissionais que vêem no
acompanhante um “problema” dentro das instituições hospitalares, que atrapalham o
trabalho da equipe médica nos procedimentos que precisam desenvolver, em muitos
casos os profissionais não entendem que o acompanhante ao poder ver e saber
noticias da situação do internado, de certo modo se tranquiliza e tranquiliza o
restante de sua família. Porque além do acompanhante ser um elo de intermediação
entre o internado e equipe médica, ele também é um intermediador entre o internado
e sua família.
A questão dos acompanhantes e sua relação com a equipe de saúde é complexa tornando-se necessário a ampliação do apoio social, operacionalizado, a partir de estratégias mobilizadoras, tanto naturais como a família, ou organizadas a partir de serviços sociais institucionais. Identificar as possibilidades de uma ação capaz de renovar e recriar novas práticas na interação entre usuários e profissionais de saúde. Os espaços públicos da saúde contam com uma nova política de humanização que apóia, através da legislação, a presença do acompanhante como direito dos pacientes e também da visita da família, no entanto é uma prática que se desenvolve dentro de um antagonismo que pode ser mediada através da intervenção do assistente social (DIBAI; CADE, 2007. p 125).
Sendo de responsabilidade da instituição e dos profissionais que fazem parte
da mesma, ter o cuidado de verificar se a família e o acompanhante possuem as
condições de estarem ali para dar o suporte necessário ao paciente.
A saúde pode ser facilmente considerada o bem mais precioso que o ser
humano possa possuir ou desejar, de modo que a falta dela prejudica de forma
abrangente sua vida. Ao ser colocada lado a lado com a saúde de nada adianta ser
um possuidor de grandes riquezas, quando se chega ao ponto de se tornar um
35
enfermo sem cura. Claro que não se pode esquecer que a saúde em nosso país é
proporcionalmente prestada de acordo com o volume de recursos financeiros que o
usuário possua, e que vivemos em uma triste realidade em que, quanto mais ricos,
melhores serão suas chances e acessos ao atendimento médico. Entretanto, se o
cidadão que se encontra enfermo não é rico, se encontra na situação de dependente
da assistência médica oferecida pelo setor público.
Sabemos ainda que no momento que vivemos, essa assistência saúde
oferecida não é de boa qualidade, visto que não conseguem atender de fato as
necessidades e demandas que lhes chegam, por falta dos investimentos
necessários por parte do Estado. A saúde encontra-se em situação de privação, em
que se faltam até mesmo instrumentos básicos para o atendimento da população e
com isso na grande maioria dos casos o atendimento deixa a desejar, fazendo com
que os usuários, que a esse sistema recorreram, se sintam abandonados e com
sentimentos de impotência e revolta. Assim é negado aos membros da sociedade o
que lhes foi assegurado como um direito na Constituição, que seria um atendimento
universal, igualitário e de boa qualidade.
Com o passar dos anos é notório que se vem aumentando significativamente
um maior demonstrativo de preocupação da equipe de saúde e de assistência a
facilitação no acesso de familiares ao cuidado e informações de seus parentes
enquanto estes permanecem na situação de internado em ambientes hospitalares.
Para que seja desenvolvido um bom atendimento assegurando um conceito
real de saúde do internado é necessário que este usuário, na medida do possível, se
sinta confortável enquanto permanecer na instituição, visto que o processo de
adoecimento já é em si um momento doloroso ao internado.
O hospital é um ambiente desconhecido ao internado e seus familiares. No
momento em que se procura um atendimento médico esse usuário esta em busca
de amparo, segurança e resolutividade para o problema que vem enfrentado da
melhor maneira possível.
Nestes ambientes, o foco principal da atenção e cuidado é voltado
prioritariamente ao doente que esta precisando de atendimento, no entanto não se
pode esquecer daquele parente que se encontra na instituição na situação de
36
acompanhante, já que este parente é participante ativo no processo de saúde e
recuperação do doente.
As instituições hospitalares estão buscando sua estruturação quanto à
organização da assistência para a permanência desses acompanhantes, mas é
claro que encontram dificuldades para que assim possam desempenhá-las com
eficiência.
O desenvolvimento humano percorre um caminho de relacionamento
importante durante toda sua trajetória, neste sentido o seu grupo familiar se torna o
mais expressivo e com isso se torna claro a necessidade de se viver em contato com
esse grupo. Ao se tornar uma pessoa em situação de internamento hospitalar, esse
fato não é esperado nem pelo doente nem por seus familiares, o que afeta
diretamente esse funcionamento familiar. Isso se da pelo fato de que ao visualizar a
família como um sistema, quando um dos membros sofre uma situação de
mudança,no caso o internamentotodos os membros são afetados. É possível
perceber que na maioria dos casos a estrutura física dos hospitais acaba não
favorecendo a permanência do acompanhante, por não possuir acomodações
adequadas. Existe uma percepção nas instituições hospitalares, de que muitas
vezes só se é dado valor ao trabalho da equipe profissional, claro que esse trabalho
é extremamente importante para recuperação do internado. Mas, é importante
pensar nas necessidades básicas dos internados como a expressões de afetividade
de atenção, carinho. Expressões estas que são fornecidas e recebidas pelo
internado por parte do seu acompanhante.
Sabe-se que cuidar de outra pessoa não é uma tarefa fácil de ser
desempenhada, visto que lida com os limites do cuidador e do cuidado. Esse
processo de hospitalização causa no sujeito um baque no seu cotidiano, pelo fato de
sofrer mudanças em seu funcionamento, modificando seu estado físico e
psicológico, pois, em muitos casos ao se encontrar nesta situação, é frequente que
fiquem com seu psicológico abalado, por surgimento de sentimentos de medo e
ansiedade, tanto por parte do internado, quanto do acompanhante e tudo isso vem
associado ao sofrimento de estar doente.
Evidencio que a participação dos familiares no processo de recuperação e
tratamento do internado é fundamental e oferece uma contribuição significativa
durante todo esse processo. Com esse contato o paciente sente-se valorizado e
37
confiante, ao ter por perto a afetividade de sua família. Aqueles que se encontram
sem sua família sofrem o abandono de estar sozinho em um hospital.
É importante ainda pensar o quanto esses sentimentos podem tomar
proporções maiores durante o processo de hospitalização causado pela demora de
atendimento para transferências, diagnóstico e o trauma de passar por diversos
procedimentos em muitos casos procedimentos dolorosos.
O internado ao poder contar com um familiar o qual possui um vinculo afetivo,
possui mais condições de desempenho em seu processo de recuperação, pelo fato
de se sentir querido por sua família e importante para eles.
Embora, se tratando da organização do Sistema de Saúde, tenhamos
passado por diversas mudanças positivas, estas transformações ainda não
possibilitaram a superação de algumas dificuldades para um serviço de excelência.
Analisando a realidade do Brasil, uma das principais preocupações das
políticas de saúde, são os trabalhos voltados ao processo de humanização.
É importante que a família sinta que pode fazer algo para ajudar o seu familiar a recuperar-se quando tal e possível e, mesmo quando não é, que seja capaz de compreender a situação e acompanhar o paciente, dando apoio, compreensão, carinho e dedicação (LAZURE, 1994.p.37).
O paciente, ao ir em busca de atendimento hospitalar, leva consigo não
apenas seu corpo que precisa de um tratamento, carrega também sua família inteira,
que se encontra presente no seu processo de adoecimento, internação e
recuperação. Sua vida é confiada a estranhos, momento em que perde sua
privacidade e liberdade, tendo que se adaptar rapidamente a um ambiente que não
é de seu convívio, não é o seu lar. Em que muitos momentos contribuem para o
surgimento de desamparado, angustia, que o levam ao sofrimento e medo do que
esta por vir.
Ao estar internado o sujeito experimentos sentimentos de medo, isolamento e
dependência. Se vê separado de tudo que constitui seu meio de vida habitual e
laços afetivos, tornando-se dependente de todos. Fazendo com que dependa da
equipe que lhe atende, para o paciente o médico possui o conhecimento acerca de
sei quadro clinico, por isso necessita de sua presença ao leito. Depende da equipe
que lhe oferece os cuidados necessários para sua alimentação, higiene e
medicação. E depende, é claro, da família e amigos que o vêm visitar.
38
É notório uma dificuldade da equipe hospitalar oferecer um cuidado maior a
família, no contexto hospitalar, pois não se responsabilizam pela família do paciente.
Isso acarreta momentos em que a família fica desesperada e desamparada, sem ter
um suporte adequado e sem atenção. Apesar de toda dificuldade das instituições e
das equipes médicas em realizar uma aproximação entre família/hospital/tratamento
sabe-se que a presença de um familiar do paciente internado durante seu processo
de recuperação é de suma importância para o hospitalizado, fazendo com que fique
claro que a presença e permanência de familiares durante esse processo não é uma
boa ação realizada por parte dos hospitais, a presença do acompanhante se da pela
necessidade e importância para o auxílio durante todo o processo de tratamento. O
apoio oferecido pela família é muito importante, se tornando mais importante ao
longo do processo de tratamento, tornando-se essenciais.
O processo de acompanhamento é tomado por diversos fatores de
dificuldades e apreensões, mais adiante será melhor exposto os principais perfis dos
acompanhantes, dificuldades e benefícios durante o processo de recuperação no
Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.
39
4 NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA: UM ESTUDO SOBRE DIFICULDADES DO
ACOMPANHANTE NO HOSPITAL MONSENHOR WALFREDO GURGEL.
A participação da família durante todo o processo de internamento é
conhecida diretamente como a presença de um membro da família, que
desempenha a função de cuidar e estar junto durante todo o processo de
internamento, para que possa acompanhar todo o tratamento do doente.
Sabemos que os usuários que se fazem presentes no hospital, estão em
busca de tratamento para suas enfermidades e que este necessita de um bom
atendimento e respeito dos profissionais que ali estão para oferecer o tratamento.
Quando isso não ocorre de fato, geram nestes usuários sentimentos de
sofrimento e desapontamento, pelas presentes dificuldades que virão a enfrentar
durante esse processo de doença/recuperação.
A partir de observações diárias, tendo em vista o Estágio Curricular Obrigatório
em Serviço Social I e II no Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel -
HMWG/PSCS em 2014.2 e 2015.1 e uma grande preocupação com o
acompanhante de pacientes internados, desenvolveu-se o interesse em analisar
mais a fundo “O perfil do acompanhante de pacientes internados no Complexo
Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel- HMWG/PSCS” através de questionários
aplicados para obtenção de dados estatísticos da realidade vivenciada por eles.Com
o objetivo de verificar quem são esses acompanhantes e quais as principais
dificuldades encontradas por eles enquanto permanecem na condição de
acompanhante.
A pesquisa para que se pudesse realizar essa analise foi desenvolvida através
de um questionário com 30 acompanhantes, selecionados a partir do tempo de
permanência no hospital, de forma que fossem selecionados aqueles que estavam
no hospital há mais tempo.
Assim, nos próximos itens apresentaremos o perfil dos acompanhantes que
se fazem presentes no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, para que assim se
possa melhor conhecer quem são esses usuários. Como também será exposto os
40
benefícios da presença de um acompanhante e as dificuldades que este
acompanhante encontra durante sua permanência no hospital.
4.1 O PERFIL DOS ACOMPANHANES NO HOSPITAL MONSENHOR WALFREDO
GURGEL.
O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel/Pronto Socorro Dr. Clóvis Sarinho, é
referência na cidade do Natal pelo atendimento de urgência e emergência pelo SUS
no estado.
A demanda no hospital é altíssima, ocasionando a superlotação onde os
pacientes ficam internados nos corredores, a espera de um leito, ficam horas e até
mesmo dias esperando uma vaga para transferências , e muitas vezes não
suportam e são levados a óbito, exatamente aonde estão: nos corredores.
Outro enorme problema enfrentado pela população usuária deste hospital é que
só quem tem direito as refeições são acompanhantes advindos do interior, aqueles
os quais são da região metropolitana têm de providenciar o alimento para ficar com
o paciente no hospital, porém, a maioria destes acompanhantes residem na zona
oeste e norte e sem nenhuma condição de ir para casa para comer e voltar para
hospital, sendo quebrado um dos princípios do SUS: garantir a dignidade humana.
Os usuários procuram o HMWG porque estão doentes precisando de cuidados e
esclarecimentos, acompanhadas por seus familiares, com isso é necessário tentar ir
um pouco além do atendimento físico e é importante oferecer a estes pacientes o
interesse por ouvir suas histórias e entender a dor que sentem, respeitando sempre
o momento que estão passando.
Nessa perspectiva, o perfil dos acompanhantes dos usuários internados no
HMWG apresentador a seguir é composto por dados como sexo, faixa etária, vínculo
empregatício, nível de escolaridade, renda familiar, grau de parentesco, procedência
(município do Rio Grande do Norte)e se residem ou não com o paciente.
41
No que tange ao sexo, verificamos que a maior parte dos acompanhantes são
do sexo feminino (84,8%), como pode ser observado no gráfico 01 e estão na faixa
etária compreendida entre 18 e 40 (gráfico 02):
Com relação ao percentual de mulheres acompanhantes, é necessário refletir
acerca do lugar da mulher na sociedade e como, ao longo dos anos, esta vem sendo
colocada como aquela que deve desempenhar o papel de cuidadora e isso se faz
claro ao observar o alto índice de mulheres como acompanhantes de pacientes
hospitalizados. Sobre esse papel desempenhado pelas mulheres, Saffioti(1987) traz
que:
A identidade social da mulher, assim como a do homem, é construída através da atribuição de distintos papéis, que a sociedade espera ver cumpridos pelas diferentes categorias de sexo. A sociedade delimita, com bastante precisão, os campos em que pode atuar o homem. (p.8)
42
Ou seja, se torna claro a percepção de que na sociedade a mulher deverá ser
sempre aquela que desempenha o papel de cuidar e zelar dos membros da família.
No tange à faixa etária, percebemos que trata de um público jovem em idade
economicamente ativa, que deveria estar inserida no mercado de trabalho, obtendo
rendimentos pelo seu trabalho, para melhorar as condições de vida. Mas que não é
o que acontece de fato, visto que 92,9% não possuem vínculo empregatício. Como
mostra o gráfico abaixo:
Ao se falar no grande número de desempregados é interessante observar o
que é colocado por Pinto(2013), ao ver que:
[...] o crescente desemprego, que atinge, atualmente até mesmo os estratos mais qualificados da população trabalhadora com forte impacto sobre jovens, mulheres e os que estão acima de 50 anos. [...] O desemprego serve ainda a outros dois propósitos. Além de garantir a manutenção de baixos salários, viabiliza o intenso uso de trabalhadores contratados temporariamente [...] (p.81)
Sendo evidenciado um grande aumento no número de desempregados,
rebaixamento nos níveis de renda familiar e crescimento nas dificuldades de
inserção no mercado de trabalho.
Fator que, de certo modo, pode ser explicado ao analisar o nível de
escolaridade destes acompanhantes, ao se constatar que 54,8% não possuem nem
o ensino fundamental completo e apenas 16,1% possuem ensino médio completo,
ou seja,um grande número possuem um nível de escolaridade muito baixo,
considerando os níveis de exigência do mercado de trabalho atual, mercado este,
que requer que seus membros sejam cada vez mais capacitados para que possam
ocupar os cargos que são oferecidos. Como mostra o gráfico 04
7%
92,9%
03 Vinculo empregatício:
Sim
Não
43
04 Nível de escolaridade:
As pessoas que possuem níveis de escolaridade mais elevados adquirem
maior probabilidade de melhorarem seus níveis de renda, uma vez que, esse nível
de escolaridade refletirá diretamente na obtenção de um trabalho bem remunerado.
Como mostra o gráfico 04 que contém dados do IBGE referentes ao ano 2010
sobre os níveis de escolaridade da população brasileira acima de 25 anos, pode-se
observar que é uma população com nível de escolaridade baixo, visto que 49,25%
não possuem nem o ensino fundamental completo, sendo um dado preocupante,
pelo fato desse nível de escolaridade contribuir diretamente para melhorias na
condição de vida dos sujeitos.
05 Dados de escolaridade (IBGE 2010) população acima de 25 anos:
44
Nesse sentido, se evidenciou nos dados obtidos (gráfico 05) que 35,5% dos
acompanhantes entrevistados possuem renda familiar menor que um salário
mínimo.
06 Nível de renda familiar:
É necessário destacarmos que os baixos níveis de escolaridade refletemem
baixos níveis de renda. Sobre isso, observamosuma pesquisa da Fundação Perseu
Abramo (2014):
[...] vale a pena mencionar que a escolaridade dos jovens [...] está diretamente correlacionada com a renda familiar, sendo que quanto mais elevada é a renda do individuo, maior será o seu nível de escolaridade. (P.11)
49,25%
14,65%
24,56%
11,27%
Fundamental incompleto
Fundamental completo emédio incompleto
Médio completo esuperior incompleto
Superior completo
45
Já no que se refere ao grau de parentesco do acompanhante com o paciente,
observamos que na maior parte dos casos, os acompanhantes são membros da
família que possuem laço sanguíneo com o internado. Podendo ser observado no
gráfico a seguir:
Neste gráfico, é notório a presença do elo sanguíneo, que em momentos de
dificuldade acabam se fortalecendo, gerando um cuidado entre membros de uma
família. José Filho (2007)coloca que:
É preciso levar em conta a família vivida e não a idealizada, ou seja, aquela na qual se observam diversas formas de organização e de ligações e na qual as estratégias relacionadas à sobrevivência muitas vezes se sobrepõem aos laços de parentesco. (José Filho, 2007, p.142)
Assim, a família se constitui como um conjunto, em que, quando uma de suas
partes é afetada, as demais partes também sofreram mudanças.
35,80%
23.10%
38.50%
07 Grau de parentesco:
Mãe
Filho
Irmão
46
Desse parentesco, foi constatado um percentual de 63,30% dos
acompanhantes residindo junto do internado.
O que clarifica o pensamento de que, a permanência deacompanhantes
durante o processo de hospitalização pode vir a facilitar para a equipe hospitalar, no
acesso a informações acerca do paciente. E de modo que este possa, assim,
desenvolver habilidades e conhecimentos de como poderá dar continuidade aos
cuidados com seu familiar, ao retornar ao seu lar.
No que concerne à procedência (municípios do RN) dos acompanhantes e
consequentemente dos pacientes, os dados revelam que são pessoas vindas de
cidades do interior (95,2%), o que reflete o fato de que os hospitais de suas cidades
não conseguem atender as demandas que lhes chegam. Desse modo, se faz
necessário o encaminhamento para o atendimento na Capital, o que acaba gerando
o processo de superlotação do hospital e consequentemente fazendo com que o
HMWG não consiga atender da maneira que desejaria os usuários que procuram
atendimento na instituição, por se tratar de uma demanda muito alta. Como mostra o
gráfico a seguir:
63.30%
36.70%
08 Residem com o paciente:
Sim
Não
47
09 Pacientes vindos de cidades do interior:
Isso se deve ao fato de que os hospitais das pequenas cidades do interior
ainda não conseguem através do sistema atender as demandas de urgência (por se
tratar de pessoas que correm risco de vida) por falta de equipamentos e até mesmo
profissionais qualificados.
A seguir será tratado a respeito das dificuldades e benefícios que o
acompanhamento pode trazer por parte da família, durante o processo de
hospitalização.
4.2 DIFICULDADES E BENEFÍCIOS DO ACOMPANHAMENTO
Ao se referir a experiência de acompanhantes de pacientes em situação de
internamento, os sujeitos que foram ouvidos, durante o processo de levantamento
de dados, revelaram que, de certo modo, existe um prazer em realizar essa
atividade. Em seus discursos, fica latente a importância da presença do
acompanhante para o paciente, pois para este a presença daquele “é tudo” (Sic).
Relatam que se o paciente ficar sozinho irá sofrer, de certo modo por existir uma
demanda muito grande, fazendo com que a equipe profissional não consiga atender
minuciosamente cada usuário que se encontre internado.
48
Embora se saiba que o cuidado não é, e nunca será uma tarefa fácil de ser
executada, esta envolve o lidar com as limitações humanas, doença e recuperação,
ou seja, fatos que são sempre presentes no cenário hospitalar.
Ao serem questionados sobre quais atividades desempenhavam enquanto se
faziam presentes na instituição, os acompanhantes relataram que as principais
atividades estão associadas ao atendimento das necessidades básicas dos
internados.
Percebemos que 97% dos 30 participantes da pesquisa relataram a realização
do banho e higienização, 50% relataram ser os responsáveis por alimentar o
internado, 33% revelaram ser responsáveis por chamar a equipe multiprofissional
sempre que necessário.
Ou seja, atividades que muitas vezes não fazem parte do desempenho de suas
atividades enquanto acompanhante, passam a ser colocadas para desempenho
destes, o que em alguns casos se da pela falta de funcionários, para que consigam
atender a toda demanda que lhes é colocada.
E ao serem perguntadas sobre seu papel, suas respostas sempre se
encontravam ligadas a cuidar e ajudar o paciente internado. Isso mostra que, as
instituições hospitalares deveriam pensar mais em definir o papel do acompanhante
enquanto permanecerem nesta condição, fazendo com que a interação entre a
equipe e a família, ajude tanto o paciente como os profissionais que estão ali para
desempenhar suas atividades.
Como é colocado por Pena,
A presença da família auxilia e facilita a assistência de enfermagem, em atividades de menor complexidade, visto que ficando próximo ao doente, ela consegue observar e comunicar a enfermagem sobre as alterações em seu familiar. No entanto, a presença do familiar não deve ser considerada como um substituto do profissional de enfermagem, mas sim, a sua participação nos cuidados deve ser valorizada, considerando seus limites e possibilidades (PENA; DIOGO, 2009, p. 351).
É fundamental que atividades da equipe de enfermagem não sejam
transferidas para o acompanhante, devendo o hospital estabelecer e deixar claro,
quais funções dizem respeito ao desempenho das atividades da equipe de
enfermagem e quais atividades podem sem realizadas pelo familiar acompanhante.
49
No que se refere às das dificuldades vivenciadas pelos acompanhantes durante
esse processo de permanência no hospital, 50% dos sujeitos relataram estar
insatisfeitos com a estrutura física do hospital e outros 50% relataram estar
satisfeitos com a estrutura, como mostra o gráfico a baixo:
É Importante se pensar na família que se encontre presente na instituição,
pensando que quando a família recebe um maior cuidado, apoio físico e emocional,
esta família desenvolverá melhor condições de ajudar a cuidar de seu familiar
adoecido. Isso não acontece de fato ao ver como mostra o gráfico 10 que 50% das
famílias consideram que o hospital não possui uma estrutura adequada para atender
e acomodar seus pacientes, para se constatar isso, bastaria rever os dados já
apresentados, como foi colocado pelos sujeitos, muitas vezes não encontram uma
cadeira sequer para senta-se, tendo que permanecer em pé durante o período que
se fizerem presentes no hospital. Isso acontece por o hospital estar organizado
apenas em função do doente e que ate mesmo o doente encontra dificuldades de
permanecer no hospital, por falta de leitos adequados, macas quebradas, gerando
desconforto e sofrimento, além do sofrimento de se encontrar enfermo.
Seria necessário que o espaço físico começasse a ser pensado de modo que
pudesse atender ao doente e seu familiar, para que assim conseguisse acomodá-lo
adequadamente. Sendo assim, a falta de um espaço físico adequado interfere no
descanso e conforto do acompanhante.
50%50%
10 Estrutura do hospital:
Falta de estrutura
Estrutura adequada
50
É necessário criar esforços para diminuir as dificuldades enfrentadas pelos
acompanhantes, tendo em vista que permanecer na condição de acompanhante é
uma tarefa difícil:
Ser acompanhante também é estressante, triste e cansativo, provocando um desgaste físico e emocional por conviver de perto com o sofrimento do paciente (SHIOTSU; TAKAHASHI, 2000, p.102).
As principais reclamações levando em conta a estrutura física do hospital, foram
colocadas com referências as acomodações dos acompanhantes, pois relataram
que muitas vezes esbarram em dificuldade para encontrar até mesmo uma cadeira
para sentar-se, fazendo com que tenham dificuldades de ter condições físicas de
permanecer no hospital. Além disso, os acompanhantes também fizeram
apontamentos sobre os banheiros da instituição que não oferecem privacidade, pelo
fato de que muitas vezes se encontram com as fechaduras quebradas.
Ou seja,
Mesmo diante de algumas dificuldades encontradas pelos acompanhantes para permanecer junto ao doente, como as precárias condições de infraestrutura do hospital, que não lhes proporciona descanso e conforto, ainda assim, ele procura participar do processo de cuidar, proporcionando o apoio, o afeto e a proteção ao seu familiar (ESCHER; COGO, 2005, p. 242).
Assim, se faz notar que o familiar que se dispõe a ficar na função de cuidador,
embora enfrente dificuldades, não abandona seu familiar que esteja necessitando de
apoio durante esse momento difícil.
Ainda no rol de dificuldades, os acompanhantes relataram a falta de
profissionais, como pode ser verificado no gráfico abaixo:
51
Os dados revelaram que 35% consideram o quadro de funcionários do hospital
como insuficiente para oferecer o atendimento necessário da alta demanda que
chega a procura de atendimento no hospital. E isso se reflete claramente na
satisfação com o atendimento do hospital, conforme o gráfico12
Ressaltamos que a insatisfação com a atendimento está relacionada ao
tratamento que recebem da equipe de enfermagem e, em síntese, as principais
dificuldades destacadas pelos acompanhantes, se remetem ao desconforto físico e
falta de auxilio da referida equipe na realização dos procedimentos para o cuidado
com o internado. Diante disto se faz importante ressaltar a necessidade de
65%
35%
11 Quantidade de funcionários:
Suficiente
Insufciente
65%
35%
12 Qualidade no atendimento:
Bom
Ruim
52
melhorias na estrutura física do hospital para que se possa garantir um melhor bem
estar de seus usuários, visando o bem que a presença de um acompanhante nestas
entidades junto ao internado promove. É de suma importância em seu processo de
recuperação doença/saúde.
Nesse sentido, é necessário ver que:
A natureza humana é composta por diversos aspectos: sociais, biológicos, psicológicos e econômicos, que influenciarão a saúde e o bem-estar do indivíduo. Esses aspectos são interdependentes, relacionando-se o tempo todo e sendo influenciados pelo ambiente. (DIO; RETTONDINI; SOUSA, 2005, p. 807)
Assim, o atendimento oferecido deverá sempre visar a qualidade como objetivo
principal, sendo a atenção e cuidado com o paciente que lhe trarão conforto e mais
segurança, no momento que estão vivenciando.
Contudo, destacamos que apesar de todas as dificuldades encontradas pelos
acompanhantes, um dado positivo é preciso ser ressaltado: trata-se do
acessoainformação acerca do tratamento de seu familiares, pois 77% dos sujeitos
de pesquisa declararam receber tais informações, como se pode verificar no gráfico
abaixo:
Ou seja, uma parcela significativa revelou satisfação no acesso a informações
oferecidas pela equipe hospitalar. O que se faz um fator positivo, por se tratar de
uma das principais preocupações do acompanhante e da família, estar sempre
informado a respeito do tratamento e da situação do familiar internado.
77%
23%
13 Informações sobre diagnóstico:
Sim
não
53
Esse acesso às informações quanto a respeito da saúde do internado que são
repassadas pela equipe médica para os acompanhantes, acabam aumentando o
nível de satisfação no atendimento da equipe hospitalar como um todo, como mostra
o gráfico 14
Embora, algumas vezes, o atendimento oferecido pela equipe do hospital
tenha sido dita pelos acompanhantes como insuficiente para a demanda que chega
ao hospital, percebemos que 77% demonstrou um nível de satisfação entre ótimo e
bom no que se refere à satisfação com toda a equipe multiprofissional.
Por fim, ao serem perguntados sobre possíveis melhorias que devessem ser
realizadas no hospital, foram destacados pelos sujeitos de pesquisa,
prioritariamente, a melhoria da estrutura física do hospital, mais especificamente
com relação às acomodações dos acompanhantes e atenção da equipe hospitalar
com o internado.
Todos os sujeitos que vão em busca de atendimento no hospital possuem o
desejo de serem compreendidos e atendidos de forma integral em suas
necessidades, mas para que esse atendimento seja realizado de maneira precisa se
faz necessário o comprometimento por parte dos profissionais e da instituição.
Quanto as insatisfações mais relatadas pelos sujeitos que fazem referência
principalmente a estrutura física do hospital, ou seja, falta de acomodações, por
exemplo, falta até mesmo de cadeiras, é um fator que esta diretamente ligado a falta
de recursos financeiros do hospital, por parte dos órgão competentes.
12,90%
64,50%
16,10%
3.20% 3.20%
14 Satisfação com a equipe:
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
54
Sendo assim necessário o investimento em matérias que possam de certo
modo minimizar o sofrimento vivenciado por eles, isso irá certamente contribuir para
um atendimento mais humanizado.
55
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como finalidade compreender a importância da presença
do acompanhante junto ao paciente hospitalizado, destacando as principais
dificuldades enfrentadas por esse sujeito durante o processo de acompanhamento.
Nesse contexto, nossa pesquisa possibilitou a reflexão em relação ao cuidado e
acolhimento que este familiar enquanto acompanhante deve receber durante o
período de permanência no hospital.
Assim, como foi exposto ao longo do texto, o processo de adoecimento de um
familiar gera em toda família um momento de mudança, uma vez que esse momento
vivenciado traz consigo alterações na rotina familiar. Desta forma, o acolhimento
oferecido pela instituição hospitalar ao acompanhante deve ser tida como elemento
de suma importância no processo de recuperação do internado, uma vez que
contribui para uma melhora tanto da condição clínica quanto do situação emocional
do mesmo.
Dessa forma, é visível que, na maioria dos casos, os acompanhantes são
mulheres e isto, certo modo, parece ser tido como algo natural, pois, em nossa
realidade cotidiana é facilmente observado que comumente as mulheres já são
associadas ao desenvolvimento da atividade de cuidar. Todavia, este elemento
necessitaria ser mais bem analisado em estudos futuros, pois, mais importante que
definir um gênero de quem deveria desenvolver a atividade de cuidador e
acompanhante, é valorizar os vínculos afetivos e a vontade de exercer esse papel,
para que assim a relação existente entre eles seja benéfica e traga resultados à
saúde do paciente.
Durante a coleta de dados foi possível perceber que os sujeitos de pesquisa se
caracterizam como importantes por proporcionarem apoio emocional e físico, visto
que auxiliam nas atividades que os pacientes não possuem condições de
desempenhar sozinhos e estão ali sempre atentos a evolução de sua saúde,
desempenhando sempre o papel de fiscalizar a assistência oferecida pelos
profissionais.
De certo modo, a associação dos acompanhantes ao fator estrutura física para a
realização do acolhimento se fez notável, declarado por eles que a estrutura física
não consegue atender as demandas e oferecer um ambiente confortável. Com isso,
56
se fez claro que o acolhimento para eles não seria algo ligado apenas à relação
entre equipe hospitalar e usuário, envolvendo também a estrutura física.
Conclui-se, portanto, que o acompanhante presente durante todo o processo de
cuidado do familiar hospitalizado é composto por momentos gratificantes, que são os
que se fazem sentir úteis e necessários para a melhoria do paciente que se encontra
com a saúde fragilizada, como também, passam por momentos de dificuldade e
desgaste principalmente físico. Mas, se faz importante ressaltar também que apesar
de todas as dificuldades encontradas por eles, ainda assim querem e
buscampermanecer presentes na instituição durante o tempo que for necessário e
isso faz com que o acompanhante se torne um forte aliado para a equipe
multiprofissional, pelo apoio e ajuda que desempenham no cuidado ao doente.
Em síntese, o que ficou verificado a partir deste estudo, é que, na percepção
dos acompanhantes, à assistência que se dê de forma mais humanizada, deveria se
desenvolver de forma mais atenciosa, com uma estrutura física adequada, para o
atendimento da alta demanda que chega ao hospital. Sendo perceptível que para
eles estes fatores são de fundamental importância durante o processo de
recuperação. A partir daí ficou constatado que o atendimento humanizado, é
possível na visão dos acompanhantes, se forem realizadas por meio de atuações
conjuntas: mudança de postura dos profissionais, material suficiente, conforto.
Sendo as principais problemáticas colocadas por eles relacionadas à estrutura física
e falta de comunicação. Deste modo, a humanização nos ambientes hospitalares
necessita ser trabalhada e desenvolvida, visando o bem estar do paciente, família,
profissionais e da instituição de modo geral.
Assim, longe de esgotarmos o tema e esse objeto de estudo, vemos este
pesquisa como uma produção que nos possibilitou um desenvolvimento e
crescimento acadêmico, ampliando nosso senso crítico e fortalecendoa percepção
de que qualquer ser humano que se encontre em situação de internamento,
necessita se sentir querido e amado e uma das formas de se sentir assim é com a
presença de um acompanhante.
57
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61
APÊNDICES
APÊNDICE A –INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Departamento de Serviço Social
O perfil do(a) acompanhante de pacientes internados no Complexo Hospitalar
Monsenhor Walfredo Gurgel- HMWG/PSCS
01. Sexo (Orientação Sexual)
( ) Feminino ( ) Masculino ( ) Reivindica a seguinte orientação
sexual:____________
02 Faixa Etária
( ) 18 a 30 anos ( ) 60 a 70
( ) 31 a 40 anos ( ) 71 a 80
( ) 41 a 50 anos ( ) 81 a 90
( ) 51 a 59 ( ) + 90
03 Nível de Escolaridade ( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino superior incompleto
( ) Ensino superior completo
( ) Semi alfabetizado(a) = (Ler e assina o nome)
( ) Alfabetizado (a) = (Ler, escreve e assina o nome)
04 Procedência (Residência)
4.1 - NATAL
62
( ) Distrito Norte - Bairro: _____________________________________
( ) Distrito Sul - Bairro: _____________________________________
( ) Distrito Leste - Bairro: _____________________________________
( ) Distrito Oeste - Bairro: _____________________________________
4.2 – MUNICÍPIOS DO INTERIOR
( ) Município - Cidade/povoado:__________________________________
( ) Outro Estado - Cidade: _____________________________________
05. Ocupação: _______________________________________________
5.1- Exerce a profissão para a qual se capacitou? ( ) Sim ( ) Não
5.2 Situação Ocupacional:( ) Vínculo Empregatício? ( ) SIM ( ) NÃO 5.3 ( ) Contribui para a previdência? ( ) SIM ( ) NÃO
06. Renda Família
( ) < 1 SLM ( ) 03 a 05 SLM
( ) 01 a 02 SLM ( ) 05 a 10
( ) 02 a 03 SLM ( ) >10
07. Reside com o paciente ?( ) SIM ( ) NÃO
08. Tem ou teve acesso a algum programa social como bolsa família, BPC, etc?
( ) SIM ( ) NÃO . Qual?______________________
09. Tem parentesco com o paciente?( ) SIM ( ) NÃO
9.1 -Em casos de resposta SIM, qual o Grau de Parentesco?
( ) Pai ( ) Sobrinho(a)
( ) Mãe ( ) Tio(a)
( ) Filho(a) ( ) Primo(a)
( ) Irmão(a) ( ) Outros(as) ________________________________________
9.3Em casos de resposta NÃO, qual o vínculo estabelecido com o paciente ou
família?
Ex: vizinho(a)
_______________________________________________________________
10. Qual a sua opinião sobre a importância do acompanhante para o paciente
internado?
_______________________________________________________________
63
_______________________________________________________________
11. Ao chegar à instituição você recebeu alguma orientação da equipe do
Serviço Social ou da Enfermagem sobre o papel do (a) ACOMPANHANTE?(
) Sim ( ) Não.
11.1Se sua resposta é sim, quais informações forma mais destacadas ?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________
12. Qual o papel do acompanhante?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________
13. O que você faz diariamente como ACOMPANHANTE?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________
14. Quais as principais dificuldades encontradas pelo(a) acompanhante
durante o período de internação?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________
15. Você tem recebido informações detalhadas sobre o diagnóstico e
tratamento do paciente que acompanha?( ) Sim ( ) Não.
15.1 De 0 a 10 como você avalia a qualidade das informações? ______
16. Você sabe informar se neste hospital tem ouvidoria?( ) Sim ( ) Não
16.1Utilizou a ouvidoria? ( ) Sim ( ) Não
16.2 - Qual é afunção da Ouvidoria?
_______________________________________________________________
17. Qual o seu nível de satisfação com a equipe multiprofissional e cuidadora
do paciente que você está acompanhando neste setor?
( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
64
18. Como você classifica a qualidade das informações que você recebeu da
equipe cuidadora do paciente durante a sua permanência nesta unidade de
saúde na condição de acompanhante?
( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
19. Enquanto acompanhante desejas acrescentar alguma questão sobrea forma
como você vem sendo tratado(a) neste hospital?
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