A Sociedade Mineradora
Professora: Martha J. da Silva
A corrida do OuroPor volta de 1693, Antônio Rodrigues Arzão descobriu ouro perto de onde é hoje
a cidade mineira de Sabará. Nos anos seguintes , foram descobertas novas minas deouro, como as de Vila Rica, hoje Ouro Preto. Daí o nome “minas gerais”.
Assim que a notícia se espalhou, afluíram ao sertão mineiro milhares de possas dasmais diversas origens e condições sociais. Vinham de Portugal, do Rio de Janeiro, daBahia, de São Paulo e de vários outros pontos do território colonial atraídas pela ideiade enriquecimento fácil. Da África foram trazidos milhares de indivíduos escravizadospara trabalhar na mineração.
Ao chegar à região das minas, essas pessoas tinham uma desagradável surpresa:não havia o que comer, onde morar, o que vestir. Nos primeiros anos da mineração,ninguém se preocupava em plantar ou criar. Ocupavam-se apenas com o ouro. Porisso, a região passou por várias crises de fome; as pessoas abandonavam as vilas e serefugiavam no mato em busca de raízes e frutos. Mas, com o tempo, a populaçãocomeçou a plantar roças de milho e feijão e a criar porcos e galinhas. E, usando o ourocomo moeda, passou a comprar de outras regiões aquilo de que necessitava.
http://trabalhadoresdasminas03.blogspot.com.br/2013/09/min
eracao-no-brasil-colonia-os.html http://www.klickeducacao.com.br/enciclo/encicloverb/0,
5977,POR-4212,00.html
Guerra dos EmboabasNos primeiros anos de mineração, ocorreram vários conflitos na região das
minas. O maior deles teve origem na disputa pelo ouro entre os paulistas, que odescobriram e os recém-chegados (portugueses e pessoas de outras regiões doBrasil), que queriam explorá-lo. Os portugueses calçavam botas altas e por issoforam apelidados pelos paulistas de emboabas, palavra tupi que significa “aves depés emplumados”.
Esse conflito, conhecido como Guerra dos Emboabas (1707-1709), terminoucom a vitória dos emboabas. O líder emboaba, o comerciante português ManuelNunes Viana, foi aclamado governador, e a capitania do Rio de Janeiro foiseparada da de São Paulo e Minas. Para melhor controlar a população, o governofundou vilas nos povoados mais populosos; a primeira delas foi a do Ribeirão deNossa Senhora do Carmo, em 1711, atual Mariana. Depois surgiram Vila rica,Sabará, São João del Rei, Vila Nova da Rainha (Caeté) e Vila do Príncipe (Serro).
O controle sobre o ouroIniciada a mineração, o rei de Portugal criou, em 1702, a Intendência das Minas, um
órgão encarregado de controlar a exploração do ouro, cobrar impostos e julgar os crimespraticados na região.
A partir de então, quando a o minerador descobria uma mina, era obrigado por lei ainformar ao intendente. Este mandava dividir a mina em lotes auríferos chamados de datas. Odescobridor tinha direito a escolher duas datas; a próxima era reservada ao rei. As outras eramdistribuídas entre os mineradores; as maiores para quem tivesse mais escravos.
Inicialmente, a bateia e o almocafre eram os dois únicos instrumentos usados namineração.
O almocafre é uma enxada pequena e pontiaguda usada para remover o cascalho no leitodos rios e nas encostas. A bateira é uma espécie de prato grande, em forma de chapéu chinês.O trabalhador girava a bateia, e, por meio de movimentos circulares, ia separando o cascalho doouro em pó ou em pepitas que, por ser mais pesado, ficava no fundo.
Passada a fase inicial da exploração do ouro, passou-se investir em novas técnicas deextração. Uma delas foi a roda do rosário, em 1711, mostrada na imagem a seguir.
http://www.memoriadaeletricidade.com.br/default.asp?pagina=
destaques/almanaque/historia&menu=387&iEmpresa=Menuhttp://hid0141.blogspot.com.br/2011/06/fernao-dias-pais.html
Instrumentos utilizados na mineração
https://natrilhadomorrovelho.wordpress.com/2014/04/19/instrumentos-de-mineracao/
Impostos e mais ImpostosAo mesmo tempo em que incentivava a extração do ouro, a Intendência
criava e cobrava pesados impostos sobre homens livres e escravizados, sobre
tecidos, ferramentas, gêneros agrícolas e, é claro, sobre o ouro. O mais
importante deles era o quinto (20 % de todo o ouro extraído).
A cobrança era feita, sobretudo, nas estradas que ligavam Minas Gerais ao
Rio de Janeiro, a São Paulo e à Bahia, sempre policiadas por soldados (dragões
do Regimento das Minas). Quanto maior a opressão fiscal, mais a população
reagia, praticando o contrabando: escondia outro entre os dedos dos pés, nos
saltos e solas das botas, entre doces e salgados que as quitandeiras carregavam
em seus tabuleiros, dentro das estátuas de santos.
https://issoeunaosabia.wordpress.com/2012/05/
Revolta de Vila Rica (1720)O contrabando de ouro aumentava, e o governo português apertava o cerco. Para
dificultar o desvio, em 1719 criou as Casas de Fundição, locais onde o outro eratransformado em barras, selado e quintado, ou seja, tinha extraída a sua quinta parte, comoimposto. Das casas de fundição, o ouro seguia para a Provedoria da Fazenda Real, de ondeera levado para o Rio, sob forte escolta dos Dragões da capitania de Minas Gerais.
A Criação das casas de fundição aumentou a insatisfação das pessoas, que járeclamavam do alto preço dos alimentos, e acabou ocasionando uma revolta de Vila Rica,em 1720. As principais exigência dos rebeldes eram:• A redução do preço dos alimentos;• A anulação do decreto que criava as casas de fundição.
A revolta foi duramente reprimida. Seus principais líderes, o tropeiro Felipe dos Santose o minerador e comerciante Pascoal da Silva Guimarães, foram presos. Felipe dos Santosfoi morto e teve seus corpo feito em pedaços e exposto nas margens das estradas. OArraial do Ouro Podre, onde ficava a minha de ouro de Pascoal Silva, foi inteiramentequeimado por ordem do governador. Para aumentar seu controle sobre a Colônia, o reiseparou Minas Gerais de São Paulo, criando em 1720 a Capitania de Minas Geais.
http://pt.slideshare.net/Geronimocosta/a-sociedade-mineradora-8-anohttp://sandytagregador.blogspot.com.br/2014/10/blog-do-enem-simplificado-como-
deve-ser_30.html
Controle sobre os diamantesNo Arraial do Tijuco, atua cidade de Diamantina as autoridades portuguesas também
atuaram de forma violenta. Assim que o rei soube das existências de diamantes no Tijuco,
mandou expulsar os antigos moradores do local, dividiu as terras em lotes, separou para si
o lote em que havia uma grande mina e leiloou os demais entre os homens brandos da
região. Para administrar e policiar a área, criou a Intendência dos Diamantes (1734) e deu
ao intendente poder de vida e de morte sobre os habitantes do local.
Em 1739, o rei de Portugal arrendou a extração de diamante a contratadores –
homens que recebiam o direito de explorar as valiosas pedras em troca de uma parte da
riqueza. Um desses contratadores, João Fernandes de Oliveira, ficou conhecido por ter
acumulado fortuna e por ter vivido maritalmente com sua ex-escrava, Chica da Silva.
Posteriormente, em 1771, o governo português acusou os contratadores de
enriquecimento ilícito e reassumiu o controle total sobre os diamantes.
http://cebbgeracao2d.blogspot.com.br/p/con
hecimentos-brasil.html
http://ba.quebarato.com.br/salvador/xica-da-
silva-novela-completa-em-dvd__9F1BD.html
Trecho da Novela Chica da Silva – “Chica dançando com o contratador João Fernandes de Oliveira”
Mineração e mercado internoNão por acaso o século XVIII mineiro ficou conhecido como “século do ouro”
A mineração de ouro e de diamantes contribuiu para uma série de mudanças ocorrida
no Brasil. Entre elas cabe destacar:
A ocupação e o povoamento de vastas áreas do interior brasileiro;
O florescimento da vida urbana, contribuindo para o nascimento de várias
vilas e cidades;
Mudanças da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), único porto
por onde o governo português permitia que se embarcasse o ouro;
A consolidação do mercado interno, já que a população das regiões mineiras
(atuais Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) comprava com ouro em pó de
várias partes do Brasil aquilo de que necessitava. Do Nordeste vinham o
gado, o couro e a farinha de mandioca; do Rio de Janeiro, a africanos
escravizados e artigos europeus (vidros, louças, tecidos, ferramentas); de São
Paulo, milho, trigo, marmelada; do Sul, cavalos, bois, mulas e charque.
A Sociedade MineradoraA população de Minas Gerais, em 1776, era composta de 70.769brancos, 82.00 pardos e
167.000 negros. Observe o gráfico.
Aproximadamente 78% da população de Minas Gerais era formada de negros e mestiços. E eles eram, quase todos, muito pobres. Hoje se sabe que foram poucos os ricos no solo mais rico da América no século XVIII.
Brancos22%
Pardos26%
Negros52%
População de Minas Gerais 1776
Brancos
Pardos
Negros
Os Ricos
Na região mineradora, as maiores fortunas pertenciam quase sempre aos grandes comerciantes, e não aos
donos de minas. Um exemplo: Manuel Nunes Viana, o líder dos emboabas, enriqueceu vendendo gêneros
alimentícios para os armazéns e carne para os açougues mineiros. Os tropeiros, homens que comerciavam mulas,
cavalos e gado de corte, também conseguiram prosperar, chegando a se destacara na sociedade mineira.
Já entre os donos de minas, foram poucos os que enriqueceram. O motivo é simples: boa parte do que
ganhavam servia ao pagamento de imposto ou era gasta com a compra de mão de obras e de artigos importados
como ferramenta, vinhos, tecidos, trigos, queijos e doces.
http://www.villaantica.com.br/leiloes_2014/set
embro_2014/leiloes-catalogo-3.html
http://teredecorando.blogs
pot.com.br/2013/02/louca
s-de-alcobaca.html
http://www.houzz.com/perfu
me-bottles
As Camadas MédiasEm Minas Gerais, no século XVIII, houve um crescimento também das
camadas médias (carpinteiros, alfaiates, ourives), profissionais liberais(advogados, médicos), padres, garimpeiros (pessoas que mineravam com dois,três, cincos escravos), donos de vendas e roceiros. Estes plantavam milho,arroz, feijão, mandioca; cultivavam plantas frutíferas e hortaliças e crivamporcos. Nos últimos anos do século XVIII, desenvolveu-se também a criaçãode vacas leiteiras e a fabricação e queijo, que aos poucos foi se tornando muitoconhecido no Brasil todo. Das camadas médias faziam parte também algunsartistas (entalhadores, músicos, pintores) que alcançaram prestígio como, porexemplo, Manuel da Costa Ataíde, Francisco da Silva Lisboa, o Aleijadinho, eFrei Jerônimo da Graça, que trabalhou no tento da Igreja de São Francisco deAssis, situada no Pelourinho, em Salvador.
http://nonosanoscsa.blogspot.com.br/2013/08/o-
barroco-no-brasil.html
http://universosdarte.blogspot.com.br/2011/04/preparando-se-
para-o-pas-2-etapa.html
Os homens livres pobresNas capitanias do ouro viviam também um grande número de homens livres pobres. Eles
perambulavam pelos arraiais pedindo esmola e comida, brigando nas vendas ou praticando
pequenos furtos. Por não terem ocupação nem posição social definidas, foram chamadas pela
historiadora Laura de Mello e Souza de “desclassificados”.
Abandonados à própria sorte, moravam em casebres que dividiam como outros
marginalizados ou com mulheres igualmente pobres. Negros e mestiços em sua imensa maioria,
os homens livres pobres erma perseguidos e chamados de vadios pelas autoridades.
Mas, quando essas mesmas autoridades precisavam de pessoas para serviços pesados ou
perigosos, procuravam por esses homens. Então, eles deixavam de ser taxados de vadios. Eram
chamados para construir obras públicas (estradas, ruas, presídios), fazer a segurança pessoal dos
ricos, combater os botocudos (grupos indígena da região), destruir quilombos (Minas colonial
foi a região com o maior número de quilombos do Brasil.
Os EscravizadosO dia a dia dos escravizados nas regiões mineira era particularmente difícil. Eles
trabalhavam em pé, curvados e com as pernas mergulhadas na água até a altura do joelho ou da
cintura. Ou então em túneis cavalos nas encosta dos morros, onde era comum ocorrerem
desabamentos e mortes.
Os escravizados não realizavam apenas tarefas ligados à mineração. Também
transportavam mercadorias e pessoas, construíam estradas, casas e chafarizes, comerciavam
pelas ruas e lavras. Alguns proprietários alugavam seus escravos a outras pessoas. Esses
trabalhadores eram chamados de “escravos de ganhos”. Era o caso, por exemplo, das mulheres
que vendiam doces e salgados em tabuleiros pelas ruas. As “negras de tabuleiro”, eram
conhecidas não só por seus quitutes, mas também por proteger escravos fugidos e por esconder
ouro e diamantes entre os alimentos que vendiam, a fim de comprar a liberdade.
Com ser vê, a sociedade do ouro premiou a poucos e castigou a maioria. Os habitantes das
Minas, porém, não se calaram diante da escravidão, da pesada rede de impostos e de outras
violências a que forma submetidos. Resistiam a tudo isso desobedecendo em silencia,
promovendo revoltas, desviando ouro e diamantes, reclamando à Justiça, fugindo para a mata e
formando quilombo.
http://martaiansen.blogspot.com.br/2014/12/escravos-
vendedores.html
https://hemi.nyu.edu/unirio/studentwork/imperio/projects/Denise/1.htm
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