FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUÍBA
CURSO DE PEDAGOGIA
MARCO ANTONIO BUENO SOUZA
A TECNOLOGIA E SUAS PLATAFORMAS COMO
INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
Os diversos ambientes encontrados no ciberespaço como local
de aprendizagem do aluno adolescente
CARAPICUÍBA
2014
MARCO ANTONIO BUENO SOUZA
A TECNOLOGIA E SUAS PLATAFORMAS COMO
INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
Os diversos ambientes encontrados no ciberespaço como local
de aprendizagem do aluno adolescente
Carapicuíba
2014
Trabalho de Conclusão de Curso a-
presentado à Faculdade da Aldeia de
Carapicuíba como requisito para apro-
vação no curso de Pedagogia com li-
cenciatura plena, sob a orientação do
Prof. Me. Valter Barcala.
MARCO ANTONIO BUENO SOUZA
A TECNOLOGIA E SUAS PLATAFORMAS COMO
INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
Os diversos ambientes encontrados no ciberespaço como local
de aprendizagem do aluno adolescente
Prof. Me. Valter Barcala Faculdade da Aldeia de Carapicuíba______________________________________ Prof. Me. José Carlos Barcala Faculdade da Aldeia de Carapicuíba _____________________________________
Prof. Me. José João de Alencar Faculdade da Aldeia de Carapicuíba______________________________________
CARAPICUÍBA 2014
Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como requi-
sito parcial para a obtenção do
diploma do curso de Graduação
em Pedagogia pela seguinte
banca examinadora:
.
Aos meus pais
Florisvaldo e Iraci
que fizeram da minha vida uma possibilidade.
Agradeço imensamente ao meu professor de sociologia, Me. Valter
Barcala, pelo apoio, e por não colocar grilhões e nem empecilhos
na minha escrita.
Tornou-se aterradoramente claro que
a nossa tecnologia ultrapassou a
nossa humanidade.
Albert Einstein
RESUMO
Este trabalho é o resultado de um dedicado estudo sobre “a tecnologia e os diversos
ambientes encontrados no ciberespaço como local de aprendizagem do aluno adoles-
cente”. Mais importante do que apontar todas as plataformas de interação, por meio
do computador ou dos dispositivos móveis que o aluno faz uso, e as trapalhadas que
ele costuma fazer a partir do usos destes, é evidenciar sob a luz da ciência porque ele
não consegue deixar de fazê-lo.
PALAVRAS-CHAVE: educação tecnológica. ciberespaço. comportamento. transfor-
mação.
ABSTRACT
This work is the result of a dedicated study on "technology and the various environ-
ments found in cyberspace as a place of learning the adolescent learner." More im-
portant than pointing all platforms of interaction through the computer or mobile device
that the student uses, and the mess he usually does is to evident in the light of science
why he can not leave to do it.
KEYWORDS: technology education. cyberspace. behavior. transformation.
LISTA DE FIGURAS, TABELAS E SÍMBOLOS Figura 1: A tecnologia aborda quase tudo o que conhecemos.................................... 6
Figura 2: Percentual de pessoas que usam a internet .............................................. 19
Figura 3: Índice de desenvolvimento das TICs .......................................................... 21
Figura 4: Ilustração de um ambiente virtual............................................................... 26
Figura 5: Os Jetsons ................................................................................................. 33
Figura 6: Exemplo típico de inversão de valores ....................................................... 38
Figura 7: O aprendizado no século 21 ...................................................................... 41
Figura 8: Alusão à Alfabetização Digital .................................................................... 48
Figura 9: Logos de algumas redes sociais. ............................................................... 59
Figura 10: Uso excessivo da rede social ................................................................... 61
Figura 11: Estatística. ................................................................................................ 62
Figura 12: Algumas redes sociais existente .............................................................. 62
Figura 13: Assassins Creed e o seu ambiente histórico ............................................ 64
Figura 14: A ciência por trás de como aprendemos .................................................. 68
Figura 15:Evolução e Transformação Social ............................................................. 70
Sumário
INTRODUÇÃO.........................................................................................1
1. O ADOLESCENTE, A TECNOLOGIA, O LAZER, A CULTURA E A
EDUCAÇÃO ................................................................................................................ 3
2. ANTES DE COMEÇAR: O QUE É TECNOLOGIA .................................. 6
3. A TECNOLOGIA SOZINHA NÃO APRIMORA O APRENDIZADO ........ 10
4. CONTEÚDO CURRICULAR: É PRECISO ENSINAR OS ALUNOS A
USAR A TECNOLOGIA COM CONSCIÊNCIA ......................................................... 12
5. ERA E SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: O ALUNO DEVE SER
ENSINADO A PROBLEMATIZAR O MUNDO EM QUE VIVE ................................... 14
6. A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: DE ONDE VIEMOS JÁ SABEMOS -
MAS PARA ONDE VAMOS MESMO? ...................................................................... 17
6.1 A SOCIEDADE E A TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO SEGUNDO A ONU .................................................................... 19
6.2 A EXCLUSÃO DIGITAL .................................................................. 22
6.3 O MUNDO VIRTUAL E O MUNDO REAL ....................................... 23
6.4 ALGUNS ASPECTOS CULTURAIS DA TECNOLOGIA E A SUA
INFLUÊNCIA SOBRE O ALUNO .......................................................................... 24
7. A IMPORTÂNCIA DA PEDAGOGIA COMO INSTRUMENTO DE
AQUISIÇÃO E APRIMORAMENTO DO CONHECIMENTO TECNOLÓGICO .......... 29
8. A TECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO ..... 32
9. CAMINHOS PARA INOVAR .................................................................. 36
9.1 TECNOLOGIA E O PROFESSOR: ONTEM E HOJE ..................... 37
9.2 O QUE É APRENDIZAGEM E PARA QUE SERVE? ...................... 38
10. CURRÍCULO E TECNOLOGIA .............................................................. 42
11. ALFABETIZAÇÃO DIGITAL................................................................... 47
12. OS DIVERSOS AMBIENTES ENCONTRADOS NO CIBERESPAÇO
COMO LOCAL DE APRENDIZAGEM DO ALUNO ADOLESCENTE ........................ 52
12.1 BLOGS ............................................................................................ 52
12.2 EAD ................................................................................................. 54
12.3 ONGS E ASSOCIAÇÕES ............................................................... 54
12.4 MUSEU VIRTUAL ........................................................................... 55
12.5 CHAT .............................................................................................. 56
12.6 FÓRUM DE DISCUSSÃO ............................................................... 57
12.7 REDES SOCIAIS ............................................................................ 58
13. A CIÊNCIA POR TRÁS DE COMO APRENDEMOS NOVAS
HABILIDADES ........................................................................................................... 63
14. PARA QUE SERVE A EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA NESTA ERA
DIGITAL.....................................................................................................................68
15. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 71
16. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 72
17. ANEXOS ................................................................................................ 75
17.1 PLANO DE AULA: ASSASSINS CREED I À PARTIR DA
TECNOLOGIA DA EDUCAÇÃO............................................................................ 75
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INTRODUÇÃO
É inegável que o sistema de comunicação intermediado pelos meios tecnológi-
cos estão presentes cada vez mais na vida das pessoas. Como exemplo desta in-
fluência na vida dos indivíduos, em especial na dos adolescentes que é o foco deste
trabalho, posso citar os computadores portáteis e de mesa, celulares, tablets, mp5,
ipad - bem como as suas principais ferramentas de acesso à rede mundial de compu-
tadores, a internet: chat, rede social, site, blog, tic, ead, email etc.
Parece ser senso comum que a tecnologia e as suas ferramentas de interação
tornaram-se imprescindíveis não só para este mundo globalizado como também para
o desenvolvimento humano. Entretanto, o fato é que essas tecnologias e as suas pla-
taformas no uso do computador são mal interpretadas quando o assunto é adoles-
cente.
É sabido que as tecnologias, como por exemplo a internet e o computador, são
meios de comunicação, informação e expressão que abrange as relações humanas
em todas as dimensões, sejam elas econômicas, sociais, políticas, emocionais, espi-
rituais, porém, embora o discurso seja de construção, autonomia, desenvolvimento
crítico e outras habilidades no aluno, existe uma relutância por parte da sociedade
adulta e conservadora em aceitar que que as práticas, principalmente as pedagógicas,
são outras.
Assim sendo, através deste trabalho de conclusão de curso vou apresentar
pontos, fatos, situações, exemplos que confirme a veracidade da análise, desmistifi-
cando os velhos conceitos incutidos na sociedade.
Neste contexto, vamos buscar compreender com que intensidade, frequência
e forma as informações e os conhecimentos chegam aos adolescentes, com o propó-
sito de discutir entre os adultos a importância do uso dessas tecnologias na educação
de jovens do ensino médio.
O desejo de discutir este assunto nasceu exatamente da visão que tenho de
que, contrário do que muitos dizem por aí, que não vivemos propriamente uma época
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de expansão do conhecimento, mas da informação. O conhecimento acontece quando
pegamos as informações e as analisamos de forma crítica.
Por isso, este é um dos meus objetivos: trazer à tona por anda o professor e o
que ele está fazendo para mudar a realidade tradicional de transmissão de informa-
ção, para uma prática pedagógica alinhada à educação tecnológica. E a luz da ciência
demonstrar até que ponto a sua afirmação e a sua contradição é verdade.
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1. O ADOLESCENTE, A TECNOLOGIA, O LAZER, A CULTURA E
A EDUCAÇÃO
Vivemos em uma sociedade de falsas verdades e de mentiras verdadeiras. No
meio deste cenário está a criança e o adolescente que não sabe o que realmente
devem fazer.
Os adolescentes rebeldes, rebeldes no sentido de pessoa que tem dificuldade
de obedecer, parecem estar alienados pelo excesso de informação. Vários estudos
apontam que estes jovens estão padecendo por falta de um sistema educacional co-
erente com a sua realidade.
Dói no fundo da alma saber que, em pleno século XXI, uma meninada que po-
deria ser o futuro de um Brasil melhor, poderá não passar de pessoas melhores em
um Brasil sem futuro.
Isto porque esta garotada que navega entre canais de televisão, internet, vídeo
game, MP5, celular e uma infinidade de recursos multimídia não tem uma educação
tecnológica que os ensinem à explorar os recursos disponíveis de forma didática. É
muito comum ouvirmos falar que devemos formar um cidadão crítico, autônomo e par-
ticipativo, mas na prática a realidade é outra.
Este contrassenso fica claro quando passamos a refletir os direitos e deveres
dispostos nos artigos três e quatro do Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 3º - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportu-
nidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental,
moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referen-
tes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à pro-
fissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivên-
cia familiar e comunitária.
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Visto que o discurso acima é um pouco diferente da ação, fundamentado nele,
cabe aos adultos a revisão das suas políticas públicas educacionais, práticas peda-
gógicas e a ressignificação do que se entende por cultura. Essa leitura, objetiva e
complexa por sinal pode dar um embasamento melhor para a descoberta de qual é o
verdadeiro papel dos adultos no que tange à formação das crianças e adolescentes.
Se fizermos uma contextualização com a história logo perceberemos que a cul-
tura do homem vive em desarmonia com o desenvolvimento tecnológico, isto porque
os hábitos, costumes e crenças sempre entraram em conflito com aquilo que é dife-
rente/inovador.
Assim, somente a auto avaliação dos adultos pode dar sustentação a uma di-
dática coerente com a personalidade destes jovens imediatistas, e que vivem, literal-
mente, no século XXI.
Neste contexto, é evidente que temos um comportamento que não condiz com
esta geração que, equivocadamente, é tachada como rebeldes. Contudo, e na ver-
dade, são apenas crianças e jovens, firmes nas suas convicções, que não gostam de
ser contrariados, de ter a sua independência colocada em jogo e a sua privacidade
invadida.
Estes garotos e garotas, meninos e meninas nasceram no século XXI, vivem
em uma estrutura familiar do século XX, e vivenciam um sistema educacional do sé-
culo XIX. Por esta razão o conflito, seja biológico, cultural ou ideológico é inevitável,
pois são pessoas diferentes vivendo realidades diferentes.
Por isso, enquanto não aceitarmos que estas crianças e jovens não se identifi-
cam com o nosso contexto saudosista de viver, não avançaremos. Antigamente, mui-
tas pessoas jogavam pelada no campinho perto de casa, rodavam pião, empinavam
pipa, brincavam de bolinha de gude, boneca, esconde-esconde, beijo-abraço e aperto
de mão. Isso era antigamente, hoje é hoje. Da mesma forma que muitos gostavam da
vida mecanizada que levavam, estes jovens contemporâneos também estão se dando
muito bem com a sua vida digital, cheias de touch screen e recursos audiovisuais
futurístico.
São estas luzinhas, as coisas que se mexem ao tocar do dedo, as imagens em
alta definição, os filmes high definition (HD), a internet de alta velocidade, as ações
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executadas pelo comando de voz entre outras é que diverte o público juvenil atual.
São estes recursos que atraem, envaidecem e dissimulam estes espíritos sedentos
por conhecimento.
Mas não estou falando de um conhecimento qualquer. Conhecimento que vem
dos livros parece não suprir a necessidade desses jovens consumidores de informa-
ção. Informação transmitida por esta didática carcomida também não chamam a aten-
ção. Sendo assim, o que almeja este público juvenil?
Os acontecimentos diários apontam que esta geração quer ter o direito de fazer
uso dos recursos tecnológicos, seja em casa, na rua, na igreja, no trabalho, na escola.
Porém, o público adulto reluta em se adaptar à realidade tecnológica que vivemos, e
por consequência o adolescente é coagido à reagir, muitas vezes de forma inconsci-
ente/involuntária, contra esta estrutura pedagógica fascista.
Foi pensando neste conflito de gerações que nasceu este trabalho de conclu-
são de curso, e é por causa dele que analisarei qual é a prática pedagógica que mais
se encaixa com o aluno adolescente nesta era digital. Objetivando compreender o
quanto o aluno tem de consciência da sua responsabilidade, do seu compromisso e
do seus deveres consigo e com o outro.
Essa pesquisa pode colaborar com outros estudos, resultando em uma relação
mais saudável entre professor e aluno, docente e discente, filhos e pais. Estejam eles
na escola, na faculdade ou em família. Esteja no momento de descontração, serie-
dade, ou que seja, de educação.
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2. ANTES DE COMEÇAR: O QUE É TECNOLOGIA
Muitas são as definições de tecnologia. Ao pesquisarmos o assunto, logo des-
cobrimos que a tecnologia não envolve somente o desenvolvimento de aparelhos que
distribuem a informação cada vez mais rápida, realizando cálculos cada vez mais a-
vançados e abrangendo um número maior de pessoas.
Os apontamentos indicam que:
[...] se você falar com um biólogo, por exemplo, ele poderá lhe dizer que a
tecnologia envolve a criação de ferramentas que facilitem o estudo das célu-
las e da evolução animal e vegetal. Um arqueólogo pode falar sobre a evolu-
ção das ferramentas que permitem o estudo de elementos históricos. A lista
de exemplos pode seguir adiante e englobar as mais diversas áreas de de-
senvolvimento humano [...].
Figura 1: A tecnologia aborda quase tudo o que conhecemos. Fonte da imagem: Reprodu-
ção/W3ins)
Como vê, pôr o assunto não se esgotar em uma simples significação, é que fui
buscar uma base teórica junto a alguns alunos da Universidade Estadual de Campi-
nas, que trataram o tema com mais profundidade. Acompanhe.
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Os autores (Veraszto, da Silva, de Miranda, Simon, 2010), descrevem o se-
guinte:
[...] Ao iniciarmos esta breve revisão histórica precisamos lembrar que a his-
tória do homem iniciou-se juntamente com a história das técnicas, com a uti-
lização de objetos que foram transformados em instrumentos diferenciados,
evoluindo em complexidade juntamente com o processo de construção das
sociedades humanas (CARDOSO, 2001; ACEVEDO DÍAZ, 2002b; VALDÉS
et al, 2002; MAIZTEGUI et al, 2002; VERASZTO, 2004). E é através de um
estudo da evolução histórica das técnicas desenvolvidas pelo homem, colo-
cadas dentro dos contextos socioculturais de cada época, é que podemos
compreender melhor a participação ativa do homem e da tecnologia no de-
senvolvimento e no progresso da sociedade, enriquecendo assim o conceito
que temos a respeito do termo tecnologia (VERASZTO, 2004). Desta ma-
neira, torna-se notório conhecer que as palavras técnica e tecnologia têm o-
rigem comum na palavra grega techné que consistia muito mais em se alterar
o mundo de forma prática do que compreendê-lo. [...]
Assim, contrariando o senso comum, conclui-se que muito se fala de tecnolo-
gia, mas a maioria das pessoas não tem ideia de como é a relação da tecnologia com
o homem. Para compreendermos melhor esta questão precisamos voltar ao passado
e analisar a evolução histórica das técnicas desenvolvidas pelo ser humano, respei-
tando os contextos socioculturais de cada época, é claro.
Se não procedermos desta forma o termo tecnologia continuará sendo traduzi-
dos por muitos como um conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se
aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um de-
terminado tipo de atividade, como consta no Dicionário Informal Online.
Felizmente os autores e fundamentadores deste tópico, através de sua pes-
quisa desmistifica velhos conceitos, expondo o seguinte:
[...] Na técnica, a questão principal é do como transformar, como modificar. O
significado original do termo techné tem sua origem a partir de uma das vari-
áveis de um verbo que significa fabricar, produzir, construir, dar à luz, o verbo
teuchô ou tictein, cujo sentido vem de Homero; e teuchos significa ferramenta,
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instrumento (TOLMASQUIM, 1989; LION, 1997). A palavra tecnologia pro-
vém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber fazer, e
logia, do grego logus, razão. Portanto, tecnologia significa a razão do saber
fazer (RODRIGUES, 2001). Em outras palavras, tecnologia é o estudo da
técnica; o estudo da própria atividade do modificar, do transformar, do agir
(VERASZTO, 2004; SIMON et al, 2004a). Uma definição exata e precisa da
palavra tecnologia fica difícil de ser estabelecida tendo em vista que ao longo
da história o conceito é interpretado de diferentes maneiras, por diferentes
pessoas, embasadas em teorias muitas vezes divergentes e dentro dos mais
distintos contextos sociais (GAMA, 1987). Em diferentes momentos a história
da tecnologia vem registrada junto com a história das técnicas, com a história
do trabalho e da produção do ser humano. Assim, é primordial a tentativa de
apresentar um marco divisório para mostrar a tênue linha que separa a téc-
nica da tecnologia. [...]
Visto isto, compreende-se que uma definição exata da palavra tecnologia é di-
fícil, até mesmo porque os contextos socioculturais de cada época tornam a sua defi-
nição uma missão quase impossível. Porém, é muito válido os esforços que demons-
tram que existe uma linha imaginária entre a técnica e tecnologia, e que uma coisa
não está necessariamente ligada a outra.
Para uma ressignificação do termo tecnologia, segundo os autores, vale lem-
brar que:
[...] a história das técnicas e das tecnologias, não deve ser apenas entendida
com uma descrição sucessiva dos artefatos descobertos por artífices e enge-
nheiros, mas também o encadeamento das grandes circunstâncias sociais
que ora favoreciam, ora prejudicavam o esforço humano em desenvolver
seus artefatos e modificar o mundo ao seu redor, garantindo-lhes assim, me-
lhores condições de vida. [...]
Neste sentido, fazendo um paralelo, vale mostrar que o site Tecmundo argu-
mentou que a tecnologia “é o uso de técnicas e do conhecimento adquirido para aper-
feiçoar e/ou facilitar o trabalho com a arte, a resolução de um problema ou a execução
de uma tarefa específica”. Este entendimento, singelo, de que a tecnologia é o uso de
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técnicas e do conhecimento adquirido para aperfeiçoar “processos” é bem diferente
das concepções já exposta.
Embora soe um pouco repetitivo, para efeito de recapitulação é prudente voltar
a dizer que a tecnologia tem por meta estudar a forma como os indivíduos fazem, se
relacionam e interagem com o mundo a sua volta, e é através do estudo destas técni-
cas que a tecnologia pode aperfeiçoar ou criar outras.
Felizmente, apesar dos esclarecimentos, que fique claro que o objetivo desta
seção não é aprofundar na origem ou na definição do que é tecnologia, e sim preparar
o terreno para que possamos discutir a importância da educação digital na vida dos
adolescentes.
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3. A TECNOLOGIA SOZINHA NÃO APRIMORA O APRENDIZADO
A matéria apresentada pela Revista Nova Escola, assinada por Ana Ligia Sca-
chetti, traz elementos importantes para a comprovação de que a tecnologia sozinha
não aprimora o aprendizado.
Esta constatação é importante quando nos deparamos com determinados há-
bitos e costumes - tipo quando vemos jovens que acordam com o celular tocando;
que almoçam e assistem filme enquanto navega na internet, ou ainda ouvem música
no mp5 player enquanto toma um refrescante banho.
Existe uma alegoria coletiva da sociedade que promove a ideia de que a tec-
nologia por si só garante a melhoria do ensino e da aprendizagem, colocando-a como
um processo salvacionista e redentor. Contudo, não é o que demonstra o trecho ci-
tado:
{...} Imagine duas cenas. Na primeira, a sala de aula possui um qua-
dro-negro, o professor usa o giz e senta em uma mesa em frente às crianças,
posicionadas nas carteiras enfileiradas. Na segunda cena, o docente utiliza
uma lousa digital e os alunos estão atrás de mesas brancas com computado-
res. O que muda se compararmos esses dois cenários?
Se você disse que "na segunda cena o aprendizado é melhor", cuidado. A
euforia geral com a tecnologia leva a pensar que o investimento em equipa-
mentos garante a melhoria do ensino e da aprendizagem, mas a realidade
mostra que em muitas salas de aula que se enquadram na segunda descrição
a diferença está apenas nas ferramentas empregadas no trabalho. A resposta
para a pergunta do primeiro parágrafo é, portanto, "depende". Depende de
como a interação entre professores, alunos e conteúdos se dá após a inclu-
são dos novos recursos.
O artigo mencionado deixa claro que as políticas públicas em vigor estão mais
preocupadas em equipar escolas. Os números desta pesquisa apontam que cerca de
150 milhões de reais estão sendo destinados à compra de 600 mil tablets para os
docentes do Ensino Médio e o programa Um Computador por Aluno (UCA) está dis-
tribuindo 500 mil laptops educacionais desde o ano passado. Segundo A Nova Escola,
as estatísticas também demonstram que 39,37% das escolas brasileiras já possuíam
laboratório de informática, 60,45% tinham computador, e 45%, acesso à internet.
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Deste modo e mediante o exposto, nos resta considerar que o investimento em
equipamentos informáticos vem sendo feitos esporadicamente, contudo, mesmo o a-
luno vendo a modernidade do mundo dentro da sua sala de aula, esta aplicação não
é suficiente para afirmar que os alunos estão sendo educados tecnológica e digital-
mente.
Isto porque muitas aulas se restringem a exibição de vídeos, pesquisa na inter-
net e leitura de texto por exemplo, sem no entanto alterar o contexto da prática peda-
gógica.
Para que os recursos tecnológicos sejam aproveitados em toda a sua potenci-
alidade, é necessário que professores e educadores revejam os seus conceitos de
comunicação, socialização e interação.
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4. CONTEÚDO CURRICULAR: É PRECISO ENSINAR OS ALU-NOS A USAR A TECNOLOGIA COM CONSCIÊNCIA
Em matéria a revista Gestão Escolar, Catarina Lavelberg, psicóloga, enfatiza
que:
[...] O conhecimento de novas tecnologias ainda encontra resistências na es-
cola. Enquanto alguns educadores temem que o uso da internet, de softwares
educativos e de plataformas de ensino a distância prejudique o processo de
aprendizagem, outros negam a existência desses recursos didáticos por des-
conhecer suas potencialidades. As tecnologias contemporâneas permitem a
construção de leituras inovadoras do mundo e ampliam as possibilidades de
articulação, construção e circulação da informação. Aprendemos com o filó-
sofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951) que os limites da nossa lin-
guagem denotam os limites do nosso mundo. Quanto maior a diversidade de
ferramentas dominadas pelo aluno, maior será seu território de ação [...]
A autora demonstra com sábias palavras a rejeição que há quanto a exploração
do conhecimento de novas tecnologias no ambiente escolar. Vários são os motivos,
mas os principais deles são que, o uso da internet, de softwares educativos ou de
plataformas de ensino a distância prejudica o processo de aprendizagem. Em outros
casos, existe muitos profissionais que exibem total despreparo ao negar a potenciali-
dade destes recursos didáticos na relação ensino-aprendizagem.
Devido ao crescente desenvolvimento tecnológico, não é possível ignorar a
quantidade e a qualidade das informações que trafegam pela rede. Existem coisas
boas a se ver e a fazer, mas outras nem tantas. As possibilidades são quase infinitas.
São inúmeros textos, imagens, áudios e vídeos que circulam para cima e para baixo
nos espaços virtuais, e que pode ensinar a criança e o adolescente a se apropriar
dessas novas linguagens, tornando-as pessoas críticas, autônomas e capazes de co-
laborar com a transformação do mundo a sua volta.
A autora, Catarina Lavelberg, deixa bem claro que:
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[...] Toda escola deveria assumir o compromisso ético de proporcionar aos
alunos o uso adequado dessas ferramentas, dando, assim, subsídios para
que sejam capazes de filtrar as informações disponíveis, produzir conteúdo e
conseguir articulá-los de forma reflexiva [...].
Filtrar informações, produzir conteúdo e articulá-los de forma reflexiva tem a
ver com captar os sinais do mundo que, necessariamente não estão no mesmo lugar,
e logo em seguida torná-las autênticas após um processo de investigação, avaliação
e constatação - classificando-as em seguida por ordem de importância. Esta classifi-
cação objetiva separar o que é necessário e o que é supérfluo. O que tem que ser
feito rapidamente e o que pode ser deixado para depois.
Para isto, neste tempo de produção de informação em excesso, convém aos
profissionais envolvidos com a educação auxiliar o adolescente na investigação da
internet como instrumento de aprendizagem autônoma. Autônoma porque a rede tem
uma linguagem e uma estrutura própria, com símbolos e significados que precisam
ser compreendidos.
Por exemplo, realizar uma pesquisa de como funciona a internet pode dar sub-
sídios ao jovens estudantes para que eles percebam que a tela do seu computador,
notebook, tablet, celular e afins é apenas a ponta do iceberg de um mundo virtual e
imaginário que ele não pode ver – mas que na realidade está bem viva.
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5. ERA E SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: O ALUNO DEVE SER ENSINADO A PROBLEMATIZAR O MUNDO EM QUE VIVE
Demonstrei no tópico anterior que, nestes tempos de produção de informação
em excesso, convém aos profissionais envolvidos com a educação promover a inter-
net como como um instrumento de aprendizagem autônoma. Porém, para o professor
e o aluno, o adulto e o jovem, o pai e o filho compreender que a rede mundial tem uma
linguagem e uma estrutura própria, antes, devem tomar consciência deste fato.
Para isso, o usuário da tecnologia deve compreender que estrutura e linguagem
são estas que compõe a rede e qual é a sua relação com ela. Para responder estas e
outras questões vamos analisar alguns pontos expostos em dois artigos da revista
Superinteressante. A primeira, “Era da informação: Tudo ao mesmo tempo agora”, e
o segundo, “A sociedade da informação”, juntas, servirão de fundamentação para o
que segue:
Uma revolução está em andamento bem diante dos seus olhos. É como se
você tivesse andado de bonde a vida toda e descobrisse de repente que pode
dirigir um carro e sair dos trilhos da mesmice. Não tem mais que ir ao ponto
para tomar a condução, pode guiar sozinho e entrar em cada ruazinha que
encontrar, a qualquer hora. O que os jornais chamam de Era da Informação
nada mais é que o atestado de óbito da cultura de massa — um estilo de vida
que surgiu com Gutenberg, no século XV, e foi a tônica da Revolução Indus-
trial. Até hoje você foi obrigado a assistir ao mesmo filme que o vizinho, ler o
mesmo jornal que outros 200 mil assinantes, comer o mesmo molho de to-
mate industrializado e usar uma calça jeans do mesmo modelo do seu amigo
de trabalho. Esse tempo está chegando ao fim [...].
É evidente que os indivíduos estão tentando abandonar uma vida de modelos,
crenças, dogmas e tradições que os mantiveram escravos de um sistema político-
econômico-social-religioso dominador. Observe que a questão, aqui, não é abordar o
porquê e como isso aconteceu ou continua acontecendo. E sim trazer à tona que os
velhos rudimentos estão sendo substituídos por novos paradigmas nesta era da Infor-
mação, onde tudo ocorre ao mesmo tempo e na velocidade da luz.
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Estes velhos rudimentos que, como bem explica a citação acima, está calcada
na massificação.
Como bem foi apontado, até hoje o sujeito foi obrigado a fazer as mesmas coi-
sas que a maioria. Assistir o mesmo filme que o vizinho, vestir as mesmas roupas,
fazer o mesmo corte de cabelo, gostar dos mesmos lanches, ler o mesmo jornal que
outros assinantes. Mas como explicado, este tempo está acabando.
Este mundo onde a regra principal é a massificação, cuja matriz serviu até o
presente momento para abastecer a sociedade como as mesmas ideias e ideais, fi-
nalmente chega ao fim, e o que dá lugar é a personalização, ou melhor dizendo, a
preservação ao direito de escolha do indivíduo.
Esta preservação do direito da escolha do indivíduo, dentre outros fatores, está
ocorrendo devido a democratização da comunicação através da rede mundial de com-
putadores. Aquilo que até então parecia impossível, aconteceu. O leva e traz de men-
sagens surgido no antigo Egito 2.400 anos antes de Cristo não foi tão eficiente e rápido
como agora, com a popularização da internet.
As pessoas não estão mais isoladas umas das outras. Um indivíduo pode falar
com outra pessoa em qualquer canto do planeta em questão de segundos, com trans-
missão de voz e imagem em tempo real. Qualquer pessoa pode compartilhar suas
ideias em um blog ou em uma rede social sem ter a liberdade de expressão vetada
por motivos fúteis.
O intercâmbio cultural está fácil, barato e a distância de um clique. Basta agora,
crianças e jovens, adultos e velhos compreender de que forma esta relação social
entre o homem e a tecnologia pode colaborar com o desenvolvimento de uma socie-
dade mais justa.
Mais uma vez, em matéria a revista Gestão Escolar, intitulada “É preciso ensi-
nar os alunos a usar a tecnologia com consciência”, Catarina Lavelberg, psicóloga
aborda o seguinte:
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Para não cair em armadilhas, o importante é preservar, nos processos de
ensino e aprendizagem, o sentido do conhecimento - ou seja, as preocupa-
ções e as indagações do aluno, da cultura e da sociedade. A escola que se
empenha em inquietar o jovem, confrontando-o com questionamentos e con-
teúdos que o ajudam a entender o mundo em que vive, não deve temer a
tecnologia, mas problematizá-la.
Então, a citação exposta acima, nos faz pensar o quanto devemos nos preocu-
par com a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem, mas para isto os pro-
fessores e educadores devem estimular que o aluno problematize o mundo em que
vive através dos recursos tecnológicos disponíveis, promovendo a internet como como
um instrumento de aprendizagem autônoma e que precisa ser compreendida, tudo
isso sem entretanto, o professor e educador temê-la.
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6. A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: DE ONDE VIEMOS JÁ SABE-
MOS - MAS PARA ONDE VAMOS MESMO?
Desde o início venho demonstrando alguns conflitos existentes na interpreta-
ção de alguns fatos que giram em torno da educação tecnológica, em especial, na
relação de ensino-aprendizagem entre o professor e o aluno, e do adolescente e o
mundo virtual.
Antes do professor ou educador querer ensinar o aluno adolescente a usar a
tecnologia com consciência, deve ele se questionar sobre aquilo que pensa e faz,
comparando se o seu discurso é equivalente as suas práticas em sala de aula.
Por falar em coerência, é sabido que essas últimas gerações tem sofrido mu-
danças profundas, rápidas e bruscas, e a sociedade adulta atual tem demonstrado a
todo momento que não está preparada para lidar, bem como para tirar proveito desta
diferença.
A professora e Mestre em Administração Denise Dutra, e colunista do site “Ad-
mistradores.com.br”, em seu artigo intitulado “Revolução tecnológica pode ser causa-
dor de conflitos entre gerações”, afirma o seguinte:
A experiência e a possível maturidade dos "mais velhos", somadas ao volume
de informações e o expertise dos "mais novos" no manejo das tecnologias
dos nativos digitais, têm sido responsáveis por resultados expressivos e pela
capacidade de inovação de algumas organizações. Por outro lado, a falta
dessa coexistência sinérgica leva a uma perda de energia e de recursos que
impacta de forma negativa os resultados... O desafio é entender estes dife-
rentes códigos, buscar os pontos de convergência, trabalhar no sentido da
complementaridade entre as diferentes gerações, identificando onde e como
cada geração poderá contribuir mais e melhor... Por que tão injusto quanto
tratar pessoas iguais de forma diferente será tratar pessoas diferentes de
forma igual.
A posição da autora reflete muito bem sobre os conflitos de gerações, e argu-
menta a importância de se buscar os pontos em comum, de forma que estes possam
contribuir com desenvolvimento saudável da singularidade e o fazer melhor de cada
um. Mas este é o problema. Na maior parte do tempo existe uma polêmica míope e
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infantil em torno do conflito de gerações, que invés de ajudar resolver o problema
acaba-se criando outros. Por esta razão, a professora Denise Braga continua. É pre-
ciso ter cuidado para que a polêmica não gere três importantes equívocos:
1- Considerar que o conflito entre as gerações é algo negativo e prejudi-cial às organizações e à sociedade. Sabe-se, conceitualmente, e pela própria vivência que o conflito é algo inerente ao ser humano e que tem uma função muito positiva de quebrar paradigmas e não engessar as ideias se devida-mente gerido. 2- Se adotarmos uma postura preconceituosa de julgar que uma geração pode ser melhor que a outra e imaginarmos que padronizando comportamen-tos, que julgamos mais ou menos aceitáveis, segundo o ponto de vista da nossa geração, estaremos tratando adequadamente esta questão? 3- Confundir convergir com igualar. Encontrar pontos comuns permitirá que uma geração acesse a outra e perceba que existem possibilidades de uma construção conjunta. No entanto, isto não significará ignorar as diferen-ças. Muito pelo contrário, elas precisam ser percebidas como complementa-res: você Y pode contribuir com aquilo que me falta e vice-versa, como as diferentes notas musicais compõem diferentes melodias, e também como pe-quenos pedaços de cores e formas diferentes compõem um caleidoscópio.
Como se vê, esta visão de administração na educação tecnológica pode ajudar
a gerir o problema a partir da raiz. Parafraseando a autora acima, este conflito de
gerações, a falta dessa coexistência sinérgica entre os adultos e os jovens tem levado
a uma perda de energia e de recursos, e por causa disso tem impactado de forma
negativa nos resultados, que no nosso caso é na relação aluno-professor-família- es-
cola.
Realmente, não há como esgotar um assunto tão rico em detalhes como este:
Descobrimos que já vivemos no tempo das cavernas, descobrimos o fogo, a roda, a
escrita. Entre a cultura de gravar imagens nas paredes das cavernas e a visualização
de e-mails na telinha do celular, muita coisa aconteceu. Mas ainda não é o suficiente.
Digo isso porque propagandeamos que a internet foi o meio de comunicação que mais
rapidamente se expandiu no mundo, mas parece que omitimos a informação de que
muito pouca gente tem acesso a ela. Como pode ser isso? Em pleno século XXI,
numa época em que o acesso aos computadores e a internet foi popularizada, ainda
existem muita gente sem acesso a ela?
Infelizmente a informação acima até o prezado momento é uma verdade. O site
“To Be Garany”, na sua seção de Dados, Estatísticas e Projeções sobre a Internet no
Brasil demonstra o seguinte:
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A desigualdade social, infelizmente, também tem vez no mundo digital: entre os 10% mais pobres, apenas 0,6% tem acesso à Internet; entre os 10% mais ricos esse número é de 56,3%. Somente 13,3% dos negros usam a Internet, mais de duas vezes menos que os de raça branca (28,3%). Os índices de acesso à Internet das Regiões Sul (25,6%) e Sudeste (26,6%) contrastam com os das Regiões Norte (12%) e Nordeste (11,9%).
Assim sendo, numa reflexão mais apurada, dá para considerarmos que o pro-
blema dos conflitos de gerações, jovens e adultos, não se resume simplesmente ao
poder ou não usar o celular na sala de aula por exemplo. A problemática é bem mais
embaixo. É uma questão social. É um jogo de poder. É uma briga de classes.
Figura 2: Percentual de pessoas que usam a internet - Fonte: R7
6.1 A SOCIEDADE E A TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNI-CAÇÃO SEGUNDO A ONU
No site oficial da Nações Unidas no Brasil, essa organização em 07 de Outubro
de 2013 postou um artigo com um título bem alarmante: “ONU: 4,4 bilhões de pessoas
permanecem sem acesso à Internet”.
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Oras, se somos cerca de 7 bilhões de pessoas que povoam o planeta, o que
4,4 bilhões de indivíduos estão fazendo sem ela?
A resposta não poderia vir de outro lugar que não do corpo do próprio texto. O
documento expõe de forma técnica que a “banda larga móvel se tornou o segmento
que mais cresce no mercado mundial da Tecnologia de Informação e Comunicação”.
Este relatório é amplamente reconhecido por governos, agências da ONU e
pela indústria, pois demonstra de forma muito imparcial o desenvolvimento da Tecno-
logia de Informação e Comunicação (Tic) no mercado mundial.
A notícia informa ainda que existe vários países que melhoraram o seu índice
de desenvolvimento nos últimos 12 meses, computados da data da publicação do re-
latório para trás. Dentre essas nações estão os Emirados Árabes Unidos, Líbano, Bar-
bados, Seicheles, Belarus, Costa Rica, Mongólia, Zâmbia, Austrália, Bangladesh,
Omã e Zimbábue. Mas por outro lado, o mesmo artigo fornece informações não tão
agradáveis como essa que acabo de comentar. Veja:
Ele (o relatório – grifo meu) também aponta os países com os mais baixos níveis de desenvolvimento nas TICs – chamados de ‘Países Menos Conec-tados’. Cerca de 2,4 bilhões de pessoas – um terço da população total do mundo – fazem parte deste grupo. São esses países que ainda podem se beneficiar com um melhor acesso e utilização das TICs em áreas como a saúde, educação e emprego – o Brasil se encontra nesta categoria em 62º lugar dentro do índice de desenvolvimento das TICs.
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Figura 3 - Índice de desenvolvimento das TICs: ranking dos países. Fonte: UIT, 2013
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Por mais difícil que pareça ser, é sabido que todo problema tem uma solução,
e as pesquisas da Organização das Nações Unidas apontam que o investimento na
Tecnologia de Informação e Comunicação além de alavancar o crescimento socioe-
conômico de uma país e resultar em melhor acessibilidade, é a melhor forma de co-
nectar suas populações e ajuda-los a sair pobreza.
6.2 A EXCLUSÃO DIGITAL
Ainda, no mesmo artigo, A Onu relata que:
Estima-se que 1,1 bilhão de domicílios em todo o mundo ainda não estão conectados à Internet, 90% dos quais estão em países em desenvolvimento. No entanto, a tendência é fortemente positiva, com a proporção de domicílios com acesso à internet nos países em desenvolvimento aumentando em 12% em 2008 para 28% em 2013.
Segundo o portal InfoEscola, a exclusão digital é um dos grandes desafios no
início deste século e apresenta inúmeras consequências nos diversos aspectos da
vida humana na contemporaneidade:
Dado um ambiente social em que não existam disparidades socioeconômi-cas, o uso de tecnologias de informação e comunicação parece ser promissor e possuir um potencial fantástico. Mas sabe-se que na realidade de países como o Brasil a exclusão digital deve ser considerada ao se pensar no uso de novas tecnologias para que estas não venham a perpetuar a exclusão e criar um abismo ainda maior entre os que têm e os que não têm acesso às inovações tecnológicas. No Brasil a inclusão digital ainda não é realidade.
Vê-se claramente que apenas o acesso às mídias e tecnologias de informa-ção e comunicação não é suficiente para assegurar aos cidadãos a efetivação de seus direitos e o exercício de uma cidadania plena, no entanto, o não a-cesso agrava ainda mais o quadro de exclusão e desigualdade social.
Nesse sentido, embora sonhemos ver todas as pessoas conectadas com o
mundo e interligadas entre si, este projeto coletivo está muito longe de acontecer. Esta
homogeneidade existe só em nossa imaginação. A matéria da superinteressante inti-
tulada sociedade da informação desmistifica o porquê:
Jamais, em qualquer circunstância, uma tecnologia, mesmo o arado ou a foice, foi disponível para todos os humanos. Imaginar um mundo linear, intei-ramente plano e pleno em suas necessidades é uma das mais insistentes utopias humanas. Jamais veremos toda uma humanidade conectada, letrada, com os mesmos padrões de comportamento e de conhecimento. Nem a pa-lavra escrita, que já tem 5 mil anos, nem o livro, seu mais perfeito hardware, foram capazes desta proeza. Independente de fatores como a distribuição de renda e os níveis de escolaridade, os internautas continuarão a ser parte do
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mundo, como os letrados. É nessas horas que o termo vanguarda e o con-ceito de inovação distinguem uns de outros, e uma parte do todo se destaca, mesmo não sendo maioria ou regra dominante.
As três citações acima, embora tenham sido colocadas em um curto espaço de
texto é necessário para gabaritar e melhorar o entendimento daquilo que estou ex-
pondo. Fala-se muito em desenvolvimento do aluno autônomo, crítico, participativo e
capaz de ler o mundo, mas as nossas ações, principalmente aquelas no que se refere
a escola, não é suficiente para assegurar a estes cidadãos a efetivação de seus direi-
tos e o exercício de uma cidadania plena.
6.3 O MUNDO VIRTUAL E O MUNDO REAL
Assim que surgiu essa febre de internet, lembro-me que todo mundo queria
adentrar nessa realidade virtual. Com o decorrer do tempo, conforme o cinema foi
lançando filmes tipo O passageiro do futuro (1992), Matrix (1999), Tron- Uma odisseia
eletrônica (1992), as pessoas ficaram mais alvoraçadas para conhecer esse mundo
virtual que tanto falavam.
O computador e essa realidade virtual mudou a forma como interagimos com o
mundo, sobretudo com as pessoas. Mas como tudo que tem um começo tem que ter
um fim, e esse desejo alucinante de conhecer a inovação do momento, acabou. Só
restou o pé no chão.
Mas mal sabíamos que a única coisa que existe de real mesmo é o mundo
virtual. O mundo virtual é essa coisa onde tudo está em constante mutação, já o
mundo real é essa linha de tempo em que tentamos organizar tudo e fazer essa coisa
tornar-se concreta:
A economia virtual repousa sobre as mudanças. É possível preparar uma a-
genda em tempo real (aquele em que uma semana vai de segunda a domingo
e todos os dias têm 24 horas), mas ela pouco terá a ver com o tempo virtual
(aquele em que tudo está em constante mutação e as sábias decisões de
hoje cedo já não parecem mais tão sábias na hora do almoço, porque nesse
meio tempo alguém apertou um botão na Malásia e provocou um efeito do-
minó no mundo inteiro). Embora isso pareça contraditório, fica a impressão
de que o único tempo que existe de verdade é o virtual. Porque é nele – como
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pregava Heráclito – que as mudanças ocorrem. O tempo real é aquele em
que tentamos fazer as mudanças se encaixarem na nossa agenda.
É certo que as civilizações se desenvolveram quando a transmissão de conhe-
cimento passou da forma oral para a escrita:
Foi a partir desses esforços isolados que surgiu uma espécie de consciência histórica, a de trazer o passado oral para o presente alfabetizado. Aos poucos o livro, como instituição, cativou a imaginação geral com tanta intensidade que passou a ser aceito como instrumento vital para os civilizados contempo-râneos.
Até então o conhecimento do homem que ficava só na oralidade passaram a
ser sistematizadas na forma escrita. Da organização dos pensamentos escritos cria-
ram-se o acervo, e da ordenação da biblioteca física, tudo em um só lugar, com o
surgimento da internet o conhecimento passou a ser disponibilizado para cada pes-
soa. Quer dizer, houve um grande avanço desde que os livros eram restritos a um
grupo de pessoas até o momento em que passou a ser acessíveis a todos:
O que a Internet possibilita é a abertura da maior biblioteca do mundo, dentro da casa de cada pessoa. Muito da sabedoria – e do lixo – que a humanidade produziu está ali, na telinha, ao alcance de um simples enter. Acreditar pia-mente em tudo o que circula pela Internet é um engano tão grande quanto preferir ignorar a relevância do conhecimento que ela pode proporcionar. No fim, tudo se resume ao que era há 2000 anos: ouvir com atenção, falar com convicção e, principalmente, saber tirar as próprias conclusões. A Internet não é um fim, mas apenas um meio, o mais completo colocado à disposição da humanidade até hoje, para que a raça humana continue a desenvolver o maior presente que a natureza lhe deu: saber pensar.
Assim, como exposto, este processo de democratização do conhecimento na
história da humanidade não é real, é virtual e “não é um fim, mas apenas um meio, o
mais completo colocado à disposição da humanidade até hoje, para que a raça hu-
mana continue a desenvolver o maior presente que a natureza lhe deu: saber pensar”.
6.4 ALGUNS ASPECTOS CULTURAIS DA TECNOLOGIA E A SUA INFLUÊNCIA SOBRE O ALUNO
Para iniciar este tópico, uso o questionamento inicial de um artigo postado no
site afiliado da TV Cultura e que contextualiza perfeitamente com a pergunta que este
trabalho de conclusão de curso busca responder: “As tecnologias entraram na vida
dos estudantes antes de serem trabalhadas na escola. Isto facilitou ou atrapalhou a
relação com tais recursos?”.
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Essa é uma questão complexa e não dá para responde-la com uma simples
afirmação ou negação. Até mesmo porque qualquer que fosse a resposta, ela é pas-
sível do bendito, investigativo e inquietante porquê. Por tal motivo eu vou colocar as
situações e fundamenta-las com citações de pessoas que entendem melhor do as-
sunto. Para isto, podemos começar assim:
A profissão do educador deveria se voltar para ser um filtro de todas essas
invenções antes de chegar à criança. A pergunta fundamental que faço é: o
que essa nova invenção está propondo é um jeito de otimizar um sistema
falido ou é um jeito novo de fazer educação? 90% são um jeito de otimizar
um sistema falido. E que sistema é esse? É aquele onde a educação é um
processo de transmissão de conhecimento. O conhecimento está pronto e a
gente precisa enfiá-lo na cabeça das crianças. As pessoas sugerem vídeos
on-line, animações superdivertidas, cinema. Mas é sempre o mesmo para-
digma. Um paradigma, mais alinhado com o século 21, é admitir que parte
desse conhecimento está pronto, mas para aprender, o aluno precisa gerar
sua própria versão das coisas.” [Paulo Blisken, professor-assistente da
School of Education de Stanford, em entrevista concedida a Patrícia Gomes,
para o site Porvir
Uma das minhas maiores dificuldades foi identificar que tipo de TCC eu queria
fazer, encontrar um título e um tema para este trabalho. Depois de muitas divagações,
o meu professor orientador e eu consideramos que ele poderia ficar assim: Título: A
tecnologia e suas plataformas como instrumento de aprendizagem na educação.
Tema: Os diversos ambientes encontrados no ciberespaço como local de aprendiza-
gem do aluno adolescente.
Olha que interessante. Para a construção deste artigo a citação acima é de
suma importância... Ela é meio que a alma do título e do tema juntos. Explico.
A tecnologia e as suas plataformas, ou melhor, a tecnologia e os diversos am-
bientes encontrados no ciberespaço como instrumento de aprendizagem na educação
estão mal alocados, mal aproveitados, mal administrados.
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Quando o autor da citação acima, o professor Paulo Blisken, afirma que o nosso
jeito novo de fazer educação, na maior parte do tempo, é o de otimizar um sistema
falido - torna este argumento irrefutável.
Parafraseando-o, é isso mesmo que acontece: sugerimos vídeos on-line, ani-
mações superdivertidas, músicas, cinema, pesquisas diversas, historietas aos alunos,
mas sem admitirmos que boa parte deste conhecimento também está pronto. Demos
volta ao mundo para continuar batendo no mesmo ponto e no mesmo paradigma, que
é a educação como transmissão de conhecimento.
Sendo assim, invés de eu me aprofundar na relação da cultura com a tecnolo-
gia, vou me apegar a sintetização da história do professor Paulo Blisken, quando ele
resume dizendo que o aluno precisa gerar sua própria versão das coisas.
Figura 4 - Ilustração de um ambiente virtual e a sua relação com o homem - Fonte: Snarke.com
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Essa lucidez da cultura tecnológica é que pode conduzir tanto o professor
quanto ao aluno a um patamar de ensino-aprendizagem até agora desconhecido:
Por esta lógica invertida, que tomou conta do mundo real, tecnologias como
os computadores e a internet chegaram às mãos dos alunos antes da escola
e dos professores se apropriarem delas. Paulo Blisken é engenheiro e como
tal olha a educação de um prisma bastante objetivo, sem se deixar levar por
ideologias existentes ou correntes teóricas e novidades pedagógicas. Ao a-
firmar que a profissão do educador deveria fazer com que estes profissionais
“filtrassem” as invenções antes delas chegarem as crianças (e adolescentes),
o faz pensando na lógica invertida que se estabeleceu no contexto social a
partir do advento das tecnologias de informação e comunicação.
Provavelmente você não se lembre, mas no tópico de número 6 eu disse que
este conflito de gerações é uma questão social, é um jogo de poder, é uma briga de
classes. E agora tudo isso vai ficando mais claro quando descobrimos que o mercado
permite, estimula, vende todas estas tecnologias as famílias, se esquecendo que está
dando total acesso de uma plataforma às crianças e aos jovens de forma irresponsá-
vel.
Não basta a criança ou o adolescente ter acesso a um manual técnico. Na ver-
dade eles precisam antes de mais nada de professores preparados para orienta-los
de forma adequada quanto ao uso desta ou daquela ferramenta. Porém, esta não é a
realidade que vivemos, e pelo que os acontecimentos apontam estão longes de ser:
Não se pode conter o ímpeto empresarial diante de tão ávido mercado por
todos estes maravilhosos recursos tecnológicos que surgiram e continuam a
fazê-lo ano após ano. A dinâmica do capitalismo neoliberal se sustenta a par-
tir da mercantilização ágil, global e sem tempo para que particularidades ou
especificidades do mundo em que vivemos possam deter seus negócios,
ainda que isso possa (ou pudesse) constituir elemento favorável a utilização
de tais recursos no que tange a educação, cultura, sociedade, política, eco-
nomia e todos os campos de atuação humana.
Como vimos, o ímpeto empresarial diante de tão avido mercado cria, estimula
e vende produtos culturais com envoltórios cada vez mais esplendorosos. E cada vez
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mais as tecnologias são usadas para atender as necessidades de pessoas que bus-
cam apenas por entretenimento ou diversão, não se preocupando nenhum pouco com
o caráter educativo daquilo que lhe é oferecido.
Pode-se pegar como exemplo o próprio celular e fazer uma análise com o olhar
pedagógico sobre o produto. Não será de assustar que poucos itens se salvariam
desse controle de qualidade.
Até pouco tempo atrás afirmava-se que a televisão era um elemento que parti-
cipava da formação das pessoas e que por isso poderia construir um novo tipo de ser
humano. Hoje, com a globalização e popularização da tecnologia e dos diversos am-
bientes encontrados nesse ciberespaço, já não podemos afirmar com tanta certeza
que é somente a TV que pode gerar um outro tipo de gente:
Ao afirmar que o conhecimento em utilização pela humanidade, já está, em
grande parte, configurado - ainda que tenhamos muito a constituir, construir
ou inventar - Blisken nos provoca a pensar que para aprender não basta a-
penas ter acesso a tais saberes, é preciso se apropriar, reler, compreender,
interpretar e relacionar. Este movimento é muito individualizado e, como tal,
é e precisa ser estimulado e mobilizado socialmente. Toda a existência traz
ou ao menos permite conhecer, saber e com isso crescer. Nem sempre isso
acontece, mas no geral os seres humanos se apropriam dos conhecimentos
todos os dias, em maior ou menor grau e o ambiente escolar propicia (ou
deveria) oportunidades e ensejos para que isto aconteça. As tecnologias ou
inventos, como afirma Blisken, podem ser relacionadas a todo este movi-
mento coletivo e individual em busca do conhecimento como elementos que
se adicionam aos esforços ou mesmo como molas-mestras, propulsoras des-
tas ações educativas.
Embora este trecho tenha sido curto, espero que este tópico intitulado “a in-
fluência e alguns aspectos culturais da tecnologia” venha servir como ponto de partida
para outros profissionais que compreenderam que é necessário se apropriar, estudar,
e planejar as ações pedagógicas com ajuda das tecnologias. Não se esquecendo que
as tecnologias ainda entram na vida dos estudantes antes de serem trabalhadas na
escola. E por conta disso, é obvio que elas irão chegar nela com inúmeros hábitos,
costumes e vícios.
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7. A IMPORTÂNCIA DA PEDAGOGIA COMO INSTRUMENTO DE A-QUISIÇÃO E APRIMORAMENTO DO CONHECIMENTO TECNOLÓ-GICO
Já foi o tempo em que o aluno sentava na cadeira, ajustava a sua postura junto
a carteira, e ficava ali quietinho olhando a nuca do colega da frente, quase sem respi-
rar. Era sim senhor para cá, não senhora para lá. Palmadinha na mão. Alfabetização
através do velho livro didático Caminho Suave. Visitas à biblioteca para pesquisas de
trabalhos escolares. Recadinhos no caderno para mamãe e o papai quando fazia
coisa errada. Aulas de educação moral e cívica. Rolezinho na sala da diretora quando
brigava na escola. Ser agredido pelo giz dos professores que faziam um mergulho em
cima da nossa cabeça. Aulas impositivas e cheias de transmissão de conhecimento.
Chá e bolacha na hora do recreio. Proibição severa do olhar de canto de olho, do
responder os mais velhos, do se intrometer na conversa de adultos, do balançar dos
ombros, tipo aquele que insinua “estou nem aí”. Era muita pedagogia tradicional, con-
servadora e inquisidora de seguir a fé, as crenças, enfim, os paradigmas alheios.
Para muitos, as características histórica acima trará saudades, outros porém
não irão querer nem lembranças desse antigamente. Este recorte histórico que fez
parte da vida de muita gente demonstra que não é uma coisa que aconteceu no pas-
sado, e sim, uma situação que continua ocorrendo cotidianamente.
A afirmação do parágrafo anterior embora possa parecer improcedente, na ver-
dade é mais um argumento de que o primeiro passo para a gestão do uso das tecno-
logias é compreender as suas diferentes possibilidades de aplicação, tendo como prin-
cipal objetivo o processo de aprendizagem do educando.
Assim sendo, baseado nas lembranças do passado, a intenção aqui é demons-
trar de forma direta e prática a importância da pedagogia como instrumento de aqui-
sição e aprimoramento do conhecimento tecnológico.
Mas como podemos apreender e aprimorar o conhecimento tecnológico a partir
do exposto no primeiro parágrafo?
Bem, para isso devemos voltar lá no tópico 2, que trata do assunto “o que é
tecnologia”, e baseado nos autores (Veraszto, da Silva, de Miranda, Simon, 2010),
construir a própria resposta:
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[...] E é através de um estudo da evolução histórica das técnicas desenvolvi-
das pelo homem, colocadas dentro dos contextos socioculturais de cada é-
poca, é que podemos compreender melhor a participação ativa do homem e
da tecnologia no desenvolvimento e no progresso da sociedade, enrique-
cendo assim o conceito que temos a respeito do termo tecnologia (VE-
RASZTO, 2004). Desta maneira, torna-se notório conhecer que as palavras
técnica e tecnologia têm origem comum na palavra grega techné que consis-
tia muito mais em se alterar o mundo de forma prática do que compreendê-
lo. [...]
Os autores acima argumentam com muita propriedade quando dizem que é
muito melhor alterar o mundo de forma prática do que compreendê-lo:
A palavra tecnologia provém de uma junção do termo tecno, do grego techné,
que é saber fazer, e logia, do grego logus, razão. Portanto, tecnologia signi-
fica a razão do saber fazer (RODRIGUES, 2001). Em outras palavras, tecno-
logia é o estudo da técnica; o estudo da própria atividade do modificar, do
transformar, do agir (VERASZTO, 2004; SIMON et al, 2004a).
Então, quando avaliamos as ações do passado, pensando/questionando a
forma e porque elas acontecem - na verdade, estamos se inteirando sobre as técnicas
usadas, para através das informações colhidas podermos aprimorar, modificar, trans-
formar aquele jeito de fazer, agir.
Deste modo, quando o professor tem consciência do tipo de técnica (jeito de
fazer, agir) que o aluno está aplicando para apreender determinado conhecimento,
através da tecnologia (estudo da técnica aplicada) o professor pode propor ao edu-
cando uma forma de fazer melhor aquilo que o educando já estava fazendo bem.
Mas para que o uso da tecnologia incorra numa qualidade de aprendizagem
melhor para o educando - os produtos, as ferramentas, os mecanismos, enfim, as
mídias que derivam dela deve ser incorporada à intenção didática do professor, de
forma que haja uma integração entre o uso da tecnologia (estudo da técnica aplicada)
e o uso dos apetrechos que desenvolvemos e/ou fabricamos para facilitar as nossas
ações.
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Assim, estou fugindo desse senso comum que coloca a tecnologia como um
produto cheio de luzinha, um programa, uma projeção holográfica - para afirma-la em
seu lugar de direito, ou seja, a tecnologia não é o resultado ou extensão daquilo que
fazemos (produto, ferramenta) e sim o seu processo. O site Tecmundo com o seu
artigo intitulado “o que é tecnologia” traz uma ilustração adequada ao exposto:
Com isso, a ciência seria o estudo de uma determinada situação, enquanto a
engenharia seria o desenvolvimento dos meios para se conseguir uma evo-
lução, representados pela tecnologia. Podemos usar como um bom exemplo
disso tudo a criação da roda, considerada como uma das principais invenções
da humanidade. Vamos desenvolver um cenário figurativo para ela, como se
a roda tivesse sido inventada nos dias de hoje.
Enquanto um cientista teria estudado os movimentos das coisas e chegado à
conclusão de que algo capaz de rodar poderia tornar o transporte dos objetos
mais fácil, um engenheiro desenvolveu uma maneira de ela ser construída.
Por fim, o estudo da técnica permitiu a melhor aplicação do seu uso, transfor-
mando as carroças de “roda quadrada” e trazendo uma evolução tecnológica
para o transporte de pedras.
Esta nossa discussão serve somente para apimentar a conversa, e chamar a-
tenção de professores e educadores quanto a importância da educação do olhar, do
saber ver.
Enquanto muitos profissionais continuarem achando que a tecnologia se re-
sume a meros produtos (computador, datashow, celular, netbook) ou softwares (sis-
temas operacionais, aplicativos) a nossa relação com o mundo continuará sendo e-
quivocada, a ponto de se promover e valorizar a ideia de que os resultados são mais
importantes que os processos. Ou que os produtos são mais importantes que a tec-
nologia.
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8. A TECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO
Nos tópicos anteriores abordei esses assuntos: o que é tecnologia; a tecnologia
sozinha não aprimora o aprendizado; conteúdo curricular: é preciso ensinar os alunos
a usar a tecnologia com consciência; era e sociedade da informação: o aluno deve ser
ensinado a problematizar o mundo em que vive; a sociedade da informação: de onde
viemos já sabemos - mas para onde vamos mesmo?; educação digital e a importância
da pedagogia como instrumento de aquisição e aprimoramento do conhecimento tec-
nológico.
Mesmo que estes conteúdos não tenham sido discutidos com a profundidade
que o estudo merece, eles servem para demonstrar a influência da cultura contempo-
rânea tanto nas questões tecnológicas como na curricular.
Existe um estereótipo, um idealismo em torno da evolução e avanço da tecno-
logia na sociedade. Esta evolução, este avanço é promovido de tal forma que aparenta
ser mais importante que a própria tecnologia ou pedagogia, conforme o explicado an-
teriormente.
Esta cultura do sensacionalismo e que valoriza mais o fim do que o próprio meio
serve para alimentar a indústria cultural e multiplicar várias vezes o lucro de seus ide-
alizadores.
A influência mercantilista e midiática é tanta que chega a entorpecer os sentidos
das pessoas, a ponto de as fazerem ver somente os mecanismos e as ferramentas
criadas e que, ocultamente, estão incutidas com a ideologia do “entretenimento e da
facilitação da realização de atividades. Igual aquele desenho que passava na televi-
são, os Jetsons, e que foi criado em 1962 por Joe Barbera e Bill Hanna, nos estúdios
da HB Produtions:
Imagine-se num ambiente repleto de recursos inovadores que só facilitariam
o dia-a-dia, como por exemplo: a partir de uma pílula, fazer uma refeição ou
ter como transporte uma nave espacial veloz. Imaginou?
Os Jetsons vivem assim, pois no futuro tudo é diferente, rápido e dinâmico. A
família é composta por: George Jetson, sua esposa Jane, seus filhos Elroy e
Judy, o cãozinho de estimação Astro e Rose a robô empregada.
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Figura 5: Esta animação contava em seus episódios como seria o cotidiano da raça hu-
mana no futuro tomando como referência uma família muito simpática: Os Jetsons. Fonte - Au-
tobahn
Nós estamos virando uma espécie de família Jetsons. Os computadores estão
se tornando cada vez menores e mais rápidos. Os aparelhos portáteis de comunica-
ção estão sendo lançados com inúmeros recursos. Criamos o Ead, onde as pessoas
podem ter acesso aos cursos à distância, técnicos ou superiores, sem ter que sair de
casa. Desenvolvemos a nanotecnologia. Clonamos animais. Fomos a lua e enviamos
sondas à Marte. Com ajuda dos submarinos alcançamos as profundezas dos mares.
Através dos microscópio enxergamos aquilo que não pode ser visto a olho nu. Inven-
tamos um adesivo inteligente que monitora o estado de saúde e libera doses exatas
de remédios em horários programados. Projetamos robôs antibombas. Criamos bom-
bas nucleares, aviões caças, drogas, armas físicas e biológicas. Elaboramos proje-
ções holográficas.
A lista parece não ter fim devido a imaginação do homem poder atravessar a
fronteira do espaço e do tempo, mas a que preço?
Por causa do nosso apetite voraz de criar e destruir tudo aquilo que criamos,
as nossas ações acabam sendo inconsistentes. Tudo bem que é uma metáfora, mas
ela exemplifica bem o que estamos discutindo: asfaltamos ruas para depois criar a
rede esgoto.
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Quer dizer, por fazermos as coisas sem planejamento adequados, somos obri-
gados a fazer o serviço novamente, mas essa é a questão, nem sempre algumas de
nossas ações pode ser refeitas. E foi pensando nisto, meio que por acaso, me deparei
com o artigo da autora Isabel Cristina Vollet Marson intitulado “Currículo E Tecnologia:
Diferentes Formas De Pensar A Educação” dizendo o seguinte:
A tecnologia tem se inserido paulatinamente no cotidiano das pessoas e co-
nhecimentos formais e informais estão misturados num grande caos comuni-
cacional. A modernidade tem trazido para o meio educativo transformações
intensas no relacionamento entre instituições educativas e a sociedade, im-
plicando possibilidades de alteração na prática pedagógica e nas relações
existentes entre os vários agentes formativos. Nesse cenário, a relação entre
os diversos atores educacionais – alunos professores, famílias comunidades,
instituições sociais diversas – é também reconfigurada.
Para melhor compreender essa realidade, pretende-se investigar a influência
da tecnologia no meio cotidiano e escolar, as consequências e as racionali-
dades dessa inserção no currículo e as mudanças que a relação educação-
tecnologia pode provocar na prática-pedagógica do professor que atua no
século XXI.
Observa-se que a implantação de recursos tecnológicos no cotidiano escolar
transcende a dimensão física de simplesmente equipar as escolas com com-
putadores. A educação com tecnologias, exige formação continuada de pro-
fessores, conscientização de toda a comunidade escolar (direção-professor-
aluno), quanto à finalidade dessa inserção e apoio institucional e político para
a viabilização desse processo. Dessa maneira, o uso de tecnologias na edu-
cação pode servir como meio para se desenvolver trabalho colaborativo, pos-
sibilitar reflexão e criticidade na seleção do que é pertinente na produção do
conhecimento e permitir o acesso a novas possibilidades de conhecimento
que transcendem a ideia restrita de livro didático.
A tecnologia vem se inserindo no seio da sociedade desde que descobrimos o
fogo, mas de forma deliberada. Criamos, lançamos o produto e/ou ferramenta no meio
sociedade sem se preocupar com os seus fins educacionais/ pedagógicos. O resul-
tado disso só pode ser desastroso.
Por não termos uma educação tecnológica, os adolescentes vão vivendo neste
meio cheios de ilusões, e vão sendo educados para crescer imaturamente. Então é
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de se esperar que o aluno chegue numa sala de aula por exemplo, e fique mexendo
em seu aparelho celular sem se preocupar muito com as admoestações de seu pro-
fessor.
Quando paramos para refletir a postura e comportamento dos jovens diante da
tecnologia, surge-nos uma pergunta: Porque os jovens não se comportam de forma
adequada quando estão fazendo uso da parafernália digital?
De antemão sabemos que nenhum aparato tecnológico sozinho resolve o con-
flito de gerações se não houver uma mudança na prática pedagógico do professor e
do aluno. Mas da mesma forma que o aluno tem suas obrigações, porque muitos pro-
fessores relutam em aceitar os seus deveres?
A tecnologia moderna possibilita o contato e o acesso à informação de várias
pessoas ao mesmo tempo em pontos extremos do planeta. Essa evolução
tecnológica tem produzido mudanças nos mais variados segmentos da soci-
edade e sua implantação tem exigido criatividade, posicionamento crítico e
discernimento das pessoas que utilizam a tecnologia na seleção do que é
relevante para a construção do conhecimento.
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9. CAMINHOS PARA INOVAR
Anteriormente, por diversas vezes nós falamos da influência da tecnologia na
cultura, e por sua vez sobre as pessoas. É sabido que, nesta famosa era digital, a
moeda forte do momento é a informação. E quem detém a informação, detém o poder.
A informação, que segundo o Dicionário Informal é o conceito genérico de tudo
que possa representar notícia, conhecimento ou comunicação e, que até pouco tempo
era guardadas em livros e transportadas por ele, começou a ser armazenadas em
outros locais e transportadas por ela.
Assim, aquela informação que ficava restrita somente à um local ou pessoa,
hoje, pode estar disponível em todo o mundo em questão de segundos. Como menci-
onado, atualmente temos discos rígidos internos e externos, a família dos celulares,
os computadores de mesa, os netbook e notebooks, as televisões, os blogs, os sites,
as redes sociais e mais uma parafernália de coisas fazendo esta ponte entre nós e o
mundo.
Expondo de outra forma, a informação que até então era gerida por um sistema
tecnológico fascista, hoje, este poder está sendo desbancado pela democratização da
informação, do conhecimento e da comunicação. Porém, em matéria a revista Gestão
Escolar, Marcia Padilha, educadora e coordenadora do estudo ressalta que falta uma
educação tecnológica que nos ajude ler melhor este mundo, e por sua vez aprimorar
a nossa relação e participação nele:
[...] a inovação tecnoeducativa é um processo de mudança estimulado por
oportunidades ou dificuldades. “Ela ocorre para aproveitar ou superar essas
questões e envolve um suporte tecnológico, colocado a serviço da qualidade
da Educação”, explica. “A nova geração de alunos precisa estar preparada
para atuar na cultura da informação e do conhecimento. Ser um nativo digital
não significa que o aluno fará uso criativo e competente das mídias. A escola
deve favorecer essa aprendizagem”. [...]
Poderíamos passar horas a fio discutindo sobre a falta de suporte tecnológico
nas escolas ou o mal uso deles. No entanto, em ambos os casos, o desafio a ser
superado não advém dos produtos tecnológicos e suas plataformas, e sim das pes-
soas que interagem com elas.
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9.1 TECNOLOGIA E O PROFESSOR: ONTEM E HOJE
As obrigações do aluno é aprender ser aluno, e a do professor é ser professor.
Não podemos misturar uma coisa com a outra. Parafraseando o sumário do livro inti-
tulado “Por que os subordinados nunca fazem o que se esperam deles” de Ferdinand
F. Fournies, temos a seguinte contextualização:
Se o aluno não faz exatamente o que se espera dele, se ele não sabe por
que deve fazer, não sabe como fazer, não sabe o que deve fazer, se ele acha
que seu modo não vai dar certo, se ele acha que a sua maneira é a melhor,
se ele pensa que outra coisa é mais importante, se ele não vê nenhum bene-
fício em fazer a coisa certa, se ele pensa que está fazendo certo, se ele é
compensado por não fazê-lo, se ele é punido por fazer o que se pretende que
faça, se ele antecipa uma consequência negativa, se não há consequência
negativa em caso de desempenho fraco, se há obstáculos além do controle
do aluno, se as limitações pessoais impedem que o aluno tenha um desem-
penho melhor, se o aluno está passando por problemas pessoais, se ninguém
que se encontra no mesmo patamar do aluno não consegue superar o desafio
apresentado é porque alguma coisa está errada.
Agora, que coisa errada seria esta, pergunto. Seria a estrutura tecnológica da
escola? A sociedade corrompida pelo interesse e orgulho? O governo? O professor?
A pobreza? A falta de educação? O sistema político? A religião? O indivíduo? Ne-
nhuma das respostas ou todas as anteriores?
A intenção aqui não é apontar culpados, mas sim demonstrar aos profissionais
que lidam com a educação, direta ou indiretamente, que a relação de ensino-aprendi-
zagem entre o aluno, o professor, a escola e família não é feita somente de pedagogia,
no sentido reducionista da palavra.
É preciso ter uma visão administrativa, de recursos humanos, de assistência
social, de logística, religiosa, de mundo, enfim. É preciso que o professor tenha uma
visão tradicional, progressista, de passado, de futuro, laica, puritana, transcendente,
holística, multi, inter e transdisciplinar da matéria que ensina, bem como da leitura de
mundo que faz:
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Tudo isso só acontece se houver o apoio dos gestores escolares e se as
equipes docentes estiverem preparadas para lidar com as novidades corre-
tamente. “Os dispositivos tecnológicos estão se popularizando, mas é o pro-
fessor que irá usá-los para ensinar de outra maneira”, lembra Paulo Blikstein,
professor da Universidade Stanford (leia entrevista na página 18). “Nos Esta-
dos Unidos, chegaram à conclusão de que para cada dólar gasto em tecno-
logia é preciso investir 9 dólares na formação de professores”.
As pesquisas apontam que o professor de ontem não é muito diferente do de
hoje. Tanto o que ensinava na base do quadro negro ou daquele que ensina na lousa
digital carecem de formação, pois são poucos os que conseguem transformar a si
mesmo por livre e espontânea vontade.
Figura 6: Exemplo típico de inversão de valores Fonte: Forumeiros.com
9.2 O QUE É APRENDIZAGEM E PARA QUE SERVE?
A cultura do homem, à grosso modo, não valoriza o estudo. Existem diversos
psicólogos que afirmam que isso ocorre simplesmente porque estudar não dá prazer.
Observando de perto o nosso cotidiano e a nossa relação com ele, a afirmação
acima prova que o argumento contém uma forte dose de realidade. Tirando suas ex-
ceções é claro, ninguém gosta de trocar um cinema, uma praia, uma roda de conversa
com amigos, uma navegação na internet, um vídeo no Youtube por aquelas horas
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intermináveis em cima de livros ou dentro de uma sala de aula com o seu sistema de
ensino maçante.
Não é somente o ambiente formal que nos irrita; o não-formal e informal tam-
bém. No fundo no fundo todo mundo deseja ficar à vontade.
Pensando didaticamente, então, um professor que busca a própria transforma-
ção para então colaborar com a mudança de realidade do aluno, irá questionar quais
são as melhores formas de conduzi-lo pela senda da aprendizagem. Mas o que seria
aprendizagem?
Conforme a colunista do site Brasil Escola, Amélia Hamze, em seu artigo “o que
é aprendizagem”, afirma:
Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através
da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e
ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o
meio ambiente. De acordo com a nova ênfase educacional, centrada na a-
prendizagem, o professor é coautor do processo de aprendizagem dos alu-
nos. Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído
e reconstruído continuamente.
Quando a educação é construída pelo sujeito da aprendizagem, no cenário
escolar prevalecem a ressignificação dos sujeitos, novas coreografias, novas
formas de comunicação e a construção de novas habilidades, caracterizando
competências e atitudes significativas. Nos bastidores da aprendizagem há a
participação, mediação e interatividade, porque há um novo ambiente de a-
prendizagem, remodelação dos papéis dos atores e coautores do processo,
desarticulação de incertezas e novas formas de interação mediadas pela ori-
entação, condução e facilitação dos caminhos a seguir.
Se fizermos um link com o tópico anterior a este, consideraremos que o aluno
não faz exatamente o que se espera dele porque a ênfase educacional não é centrada
na aprendizagem, pois falta interação emocional, neurológica, relacional e ambiental
adequadas, permitindo que o conhecimento do aluno possa ser construído e recons-
truído continuamente.
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Embora os discursos didáticos que permeiam os impressos e as reuniões, se-
minários e workshops sejam de inovação, na prática, a retórica continua sendo homo-
gênea, de uniformização de conhecimento e de pessoas.
Ainda, segundo Amélia Hamze, temos:
A Educação como interatividade contempla tempos e espaços novos, dialogo
problematização e produção própria dos educandos. O professor exerce a
sua habilidade de mediador das construções de aprendizagem. E mediar é
intervir para promover mudanças. Como mediador, o docente passa a ser
comunicador, colaborador e exerce a criatividade do seu papel de coautor do
processo de aprender dos alunos.
Na relação desse novo encontro pedagógico, professores e alunos interagem
usando a corresponsabilidade, a confiança, a dialogicidade fazendo a auto
avaliação de suas funções. Isso é fundamental, pois nesse encontro, profes-
sor e alunos vão construindo novos modos de se praticar a educação. É ne-
cessário que o trabalho escolar seja competente para abdicar a cidadania
tutelada, ultrapassar a cidadania assistida, para chegar à cidadania emanci-
pada, que exige sujeitos capazes de fazerem história própria. Saber pensar
é uma das estratégias mais decisivas. O ser humano precisa saber fazer e,
principalmente, saber fazer-se oportunidade. (DEMO, Política Social do Co-
nhecimento).
No sentido amplo da expressão, a aprendizagem serve para nós apreendermos
o mundo. Contudo, as nossas contradições e as contradições do meio é que dão gosto
a este processo, que na maior parte do tempo é amargo. No entanto ele não precisa
sê-lo por uma razão muito óbvia. Veja quadro abaixo.
O aluno não tem por obrigação de saber o que estamos pontuando aqui. Mas
os profissionais da educação sim.
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Figura 7: O aprendizado no século 21 Fonte: International Society for Technology in Education
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10. CURRÍCULO E TECNOLOGIA
Antes de ponderarmos um pouco sobre currículo e tecnologia, quero deixar
claro que o objetivo deste estudo é fugir das análises padrões, teóricas, conceituais e
decadente que o currículo se encontra.
Vejamos. O currículo por si só não existe, e se ele não pôde criar a si mesmo,
é evidente que ele é fruto de alguém ou de algo. Sendo assim, sabendo que o currículo
é uma sistematização do conhecimento colhido pelo homem nos diversos departa-
mentos de sua vida, é indiscutível que este possa conter erros, afinal de contas ele é
a imagem e semelhança do seu formador.
Então, por este motivo, fugindo desta conceituação de mundo cheio de este-
reótipo e extremamente dogmática é que proponho uma reflexão além do currículo.
Neste sentido, ir além do currículo significa compreender que não há jeito certo ou
errado de pensar, fazer, ver, sentir ou viver o currículo escolar. Nada é impossível,
tudo é provável.
Ir além do currículo é entender que a apreensão do saber e consequentemente
a sua sistematização não pode ser baseada no orgulho e na vaidade do seu dono, o
homem.
O currículo precisa ser clean (limpo). Para isso, como visto, podemos e deve-
mos usar e abusar do estudo da técnica (tecnologia) para permitir que o currículo seja
um processo contínuo de transformação. O currículo não pode ser uma coisa estática,
até mesmo porque as pessoas não são. As pessoas mudam.
E é com este espírito que começo. Isabel Cristina Vollet da Universidade
Tuiuti do Paraná, redigiu um artigo chamado Currículo E Tecnologia: Diferentes For-
mas De Pensar A Educação”, e é com ele que buscamos entendê-lo:
Muitas instituições chamam de currículo o conjunto de documentos (ementas,
planos de ensino), planejamento e experiências de aprendizagem, que envol-
vem a prática educativa, porém a amplitude desse conceito é muito mais a-
brangente. Apple (1994) destaca que o estudo do currículo não é simples nem
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prático, pois envolve a realidade, as angústias e os temores que os professo-
res vivem diariamente nos contextos escolares. Para o autor a s teorias, dire-
trizes e práticas envolvidas na educação devem refletir o que acontece no
cotidiano escolar e não podem se restringir a uma racionalidade técnica.
Como estávamos falando, o currículo não pode ser reduzido apenas à uma
ideia. Por isso, encontrei uma colocação bem pequena, mas que dá a abertura neces-
sária para sua articulação: currículo é a organização do conhecimento escolar. Medi-
ante a visão e habilidade das pessoas que o pensam ele pode ser expandido ou com-
pactado conforme a realidade de cada escola.
Até aqui tudo bem. Entendemos o que é currículo e que ele não deve ser ma-
nipulado a bel prazer. Jennifer Fogaça colunista do Brasil Escola no artigo intitulado
“Currículo no Contexto escolar” nos dá uma base melhor de como isso funciona:
Essa organização do currículo se tornou necessária porque, com o surgi-
mento da escolarização em massa, precisou-se de uma padronização do co-
nhecimento a ser ensinado, ou seja, que as exigências do conteúdo fossem
as mesmas. No entanto, o currículo não diz respeito apenas a uma relação
de conteúdos, mas envolve também:
“Questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e administrador/pro-
fessor, quanto em todas as relações que permeiam o cotidiano da escola e
fora dela, ou seja, envolve relações de classes sociais (classe domi-
nante/classe dominada) e questões raciais, étnicas e de gênero, não se res-
tringindo a uma questão de conteúdos”. (HORNBURG e SILVA, 2007, p.1)
Quer dizer, a autora acima diz que o currículo precisou ser “inventado” para
atender à exigência do desenvolvimento cultural e a sistematização do conhecimento,
e que ele não é apenas um amontoado de conteúdos:
“Currículo é uma construção social do conhecimento, pressupondo a siste-
matização dos meios para que esta construção se efetive; a transmissão dos
conhecimentos historicamente produzidos e as formas de assimilá-los, por-
tanto, produção, transmissão e assimilação são processos que compõem
uma metodologia de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o
currículo propriamente dito.” (VEIGA, 2002, p.7)
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Se você pegar o trecho acima e dividi-lo em dois momentos você terá: Primeiro,
a minha argumentação do porquê o currículo deve ir além do seu próprio conheci-
mento, e segundo, a fundamentação teórica e exata do que seja ele.
Porém, como a proposta inicial é expandir a forma como este currículo é ex-
posto na escola, preciso dar subsídio para que os pedagogos gestores de mundo das
pessoas e das situações que a cercam possam pensa-lo de forma heterogênea, e
homogênea conforme a necessidade. Tradicional e progressista. Nem uma coisa nem
outra. Equilibrada.
De novo, conforme a autora Isabel Cristina Vollet, temos:
Na visão de Silva (2004, p.46), o currículo está intimamente ligado às estru-
turas sociais e econômicas da sociedade. O currículo, portanto, não é um
corpo neutro, inocente e sem relação com o cotidiano.
Nesse sentido, considerando o mundo globalizado em que vivemos, é im-
prescindível que o professor que atua nesse século, esteja atento à constante
exposição dos seus alunos à informação, percebendo que a aprendizagem
não se estabelece por um único meio na sala de aula, o livro didático.
Estamos vivemos num mundo em constante transformação com alunos ex-
postos constantemente a recursos tecnológicos (internet, telefone celular, tv
a cabo, vídeo games). Esse conjunto de conhecimentos formais e informais
que permeiam o cotidiano dos alunos interfere de maneira incisiva o processo
ensino-aprendizagem dos alunos.
Mas, nessa perspectiva, como deve agir o professor frente aos novos desa-
fios tecnológicos? Ele deve considerar esses novos meios comunicacionais
na prática pedagógica? Que conhecimento vale mais no currículo? É rele-
vante considerar a inserção de tecnologias na educação?
A colocação de Isabel é perfeita quando diz que estamos vivemos num mundo
em constante transformação, com alunos expostos constantemente a recursos tecno-
lógicos, sejam internet, telefone celular, tv a cabo, vídeo games entre outros.
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A evolução terrena, para nós, existe desde quando houve aquele choque elé-
trico, aquela faísca gerada pelo encontro do espermatozoide de nosso pai com o óvulo
de nossa mãe.
Agora, a partir dali, o que vai ser da vida de cada um deixou de ser obrigação
do espermatozoide e do óvulo que o gerou, para ser do feto que começou se desen-
volver, embora que a proteção daquele ser humano é um dever natural dos adultos
para a sobrevivência e preservação de sua espécie.
Quando fulano ou beltrano chega a maturidade, politicamente ele deveria estar
preparado para constituir uma família e dar prosseguimento a sua linhagem. Assim
sendo, não cabe a nós ficarmos brincando de socialização ou adulando gente adulta,
principalmente se ele carrega o título de professor.
Há coletivo mas também há individualidade. Há proteção mas também há lei
da selva. Por esta razão, cada um quando “livre” é responsável por seus atos, sejam
eles bons ou ruins. O mérito, mesmo trabalhando em grupo, é sempre individual.
Até entendo quando a autora questiona se “ele (o professor) deve considerar
esses novos meios comunicacionais na sua prática pedagógica, mas por outro lado
acho redundante esse tipo de reflexão para quem, realmente, é ou sabe o que é ser
um professor:
A introdução de recursos tecnológicos inovadores no contexto escolar pode exigir o redimensionamento de práticas, análise e comprometimento coletivo (professores – alunos) e institucional (direção) para que o processo ensino aprendizagem tenha progresso. Para Hutmacher (apud ALMEIDA, 2000, p.123), “as novas práticas são inventadas, conquistadas, construídas coleti-vamente, e não no isolamento individual”.
Mediante o exposto, é que eu me recuso a ficar escrevendo o que as pessoas
que se julgam profissionais devem saber. Não adianta perdermos tempo com teoria
infundadas e com gente que só quer ganhar.
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Tantos os pedagogos como os demais pesquisadores deveriam focar nesta
concepção: valorizar o que é necessário e se afastar do que é supérfluo. Professor
que é professor sabe que tecnologia não é somente indispensável, como também im-
prescindível. E é para esses que os estudos e as práticas pedagógicas devem ser
pensadas:
O acesso às redes permite ao aluno, acessar novas culturas, novas ideias e informações fazendo que ele construa novas perspectivas sobre um determi-nado tema. Desta forma, para garantir o sucesso da aprendizagem mediada pelo computador exige do docente formação específica e domínio de novas tecnologias. Segundo Sampaio e Leite (1999), o professor provido de “alfa-betização tecnológica” será capaz de lidar com essas diversas tecnologias e analisar a relevância e a aplicabilidade de outras formas de comunicação no contexto escolar. Libâneo (2001, p. 80), também adverte que: “[...] a escola de hoje precisa propor respostas educativas e metodológicas em relação a novas exigências de formação postas pelas realidades contem-porâneas como a capacitação tecnológica, a diversidade cultural, a alfabeti-zação tecnológica, a superinformação, o relativismo ético, a consciência eco-lógica”.
Embora as palavras sejam duras e fujam do padrão acadêmico, ela é necessá-
ria para atender o objetivo deste trabalho de conclusão de curso e responder a per-
gunta: De que forma a educação tecnológica (O uso do computador e suas platafor-
mas) pode colaborar com a formação do aluno adolescente?
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11. ALFABETIZAÇÃO DIGITAL
Continuando a partir do pensamento anterior, Currículo e Tecnologia, que a-
pontou a necessidade dos profissionais se preocuparem com a própria transformação,
e que sugeriu que as abordagens do currículo escolar sejam feitas além das práticas
pedagógicas corriqueiras, é que introduzo a alfabetização digital.
A alfabetização digital/tecnológica e que é praticada por muitos professores em
diversos ambientes escolares é retrógada.
Nesta era de globalização, apontar o mouse, arrastar, cortar, colar, copiar, es-
crever um texto pesquisando na internet, fazer resenhas, fichamentos, assistir filmes
e fazer relatórios, fazer seminário em PowerPoint, ouvir música e ir lá na frente explicar
o que entendeu, não tem nada a ver com uma proposta curricular inovadora.
E fácil deixar um aluno assistindo filme, voltar no outro dia e pedir que ele vá lá
no computador resenhar o seu entendimento. Não que este método esteja errado,
mas a questão é o que ele tem de inovador, e o que ele realmente agrega além de
uma transmissão de conhecimento?
Conforme vamos chegando no final deste trabalho de conclusão de curso, vai
ficando mais fácil entender porque as coisas acontecem do jeito que acontecem. Da-
remos volta no mundo, escreveremos teorias complexas, gastaremos a maior grana
em congressos e reuniões suntuosas para cairmos na mesma questão: o problema
da educação é social. O problema da educação são as pessoas.
Estamos avançados no que se refere a tecnologia, mas não temos pessoal
gabaritado para exercer funções adequadas. No caso das crianças e adolescentes,
dentro daquilo que a sua fase de desenvolvimento lhe compete eles estão antenados
com a tecnologias e os seus processos, mas os adultos, especificamente os profes-
sores, que deveriam ter habilidades especializadas para ensinar esse público como
melhorar a sua participação no mundo através da tecnologia – não consegue suprir
esta necessidade e tão pouco desfazer esta deficiência.
Margarita V. Gomez, com o seu artigo chamado “Alfabetização na esfera digi-
tal: Uma proposta Freireana, remenda da seguinte forma:
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[...] como agentes educativos que buscam contribuir com a educação da po-pulação brasileira, devemo-nos um debate do sentido que a alfabetização di-gital faz na nossa prática. A politicidade do ato educativo adquire fundamento quando homens e mulheres, seres em relação, até então excluídos desse universo, participam da leitura de mundo, codificação/decodificação. Busca-se, na alfabetização digital, a realização do inédito viável, isso que os educa-dores percebem inédito, porque ninguém o estreou, mas viável, porque estão dadas as condições para acontecer, possibilitando uma educação crítica dos educadores de jovens e adultos. Na esfera da Internet, a proposta de educação de jovens e adultos envolve a alfabetização digital, que tem como base a comunicação e o diálogo e como estratégias fundamentais de leitura de mundo real/virtual o reconhecimento da fala do cotidiano, da escrita e da leitura, na multidiversidade de textos di-gitais gerados[...]
Figura 8: Alusão à Alfabetização Digital Fonte: Cmais.com.br
De forma bem objetiva, de nada adianta apresentar ferramentas sofisticadas
aos profissionais da educação sendo que muitos deles não sabem formatar um texto
no Word. Não adianta gastar fortunas com investimento tecnológico se os próprios
professores não estão interessados em suprir a demanda do mercado.
Assim fica claro mais uma vez que, antes de qualquer problemática, a dificul-
dade sempre está com o indivíduo. O que fazer então?
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Frente a essa situação, a formação de educadores de jovens e adultos vem sendo assumida, em parcerias, governamentais ou privadas, através de es-tratégias específicas de formação, por diversas instituições com tradição na área. Mas ainda é incipiente em face da demanda crescente na área e da realidade brasileira. Portanto, uma das finalidades da educação on-line de educadores de jovens e adultos seria ajudar a superar essa situação de anal-fabetismo no Brasil e em países de condições similares, contribuindo para uma política pública de alfabetização que inclua modos mais complexos de leitura e escrita. Essa situação de analfabetismo é aguçada quando introduzidas as tecnolo-gias informáticas, que deixam claro que a distância entre elas e a educação do adulto está ampliando-se dia a dia, gerando a chamada "brecha digital". Neste sentido, a ONU fez, recentemente, um chamado para a "Alfabetização digital e o equilíbrio tecnológico". Através deste chamado busca impulsionar a aplicação das tecnologias da informação como instrumento de progresso civil, econômico e social, por meio de uma distribuição mais solidária da tec-nologia
A maior dificuldade do aluno contemporâneo é a mesma sentida pelo professor:
falta de educação. Muitas das pessoas que são pagas para ensina-lo não tem a ca-
pacitação necessária para conduzi-lo pelo mundo da educação. Ninguém pode forne-
cer aquilo que não tem para dar. Resta ao aluno sentar, chorar e clamar por um sal-
vador?
A situação é complexa e não pode ser resolvida com um estalar de dedos. Isto
porque um dos problemas não mencionados vem da defasagem de ensino no nível
superior. Veja a seguir um pouco sobre isto no artigo “Má formação dos professores
atrapalha educação brasileira” escrito por Cristiane Capuchinho e postado no site UOl
Educação:
Sem formação adequada, os professores têm dificuldades em ensinar seus alunos apropriadamente. "Todas as profissões têm seus métodos de traba-lho: o engenheiro aprende a fazer os cálculos, o professor deveria aprender a dar aula bem", explica Bernadette Gatti, pesquisadora do tema na Funda-ção Carlos Chagas.
Seria em um curso adequado de licenciatura o lugar em que os docentes deveriam aprender as técnicas para melhorarem suas aulas. Mas os cursos universitários também precisam ser repensados. "As licenciaturas não estão formando professores profissionais, essa é a questão", aponta Gatti.
Gostaria de transcrever para minha escrita o que a autora Margarita V. Go-
mez expõe a seguir. Mas se eu o fizer, perderei a originalidade do seu pensamento,
e por consequência a intercontextualização deste trabalho. Por esta razão estou co-
piando, colando, citando e depois comentando o trecho abaixo:
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Inicialmente, vamos desacelerar para pensar neste mundo agitado. Se a al-fabetização é entendida como um processo que se inicia e desenvolve du-rante toda a vida do indivíduo e seu grupo, isto compreende a progressiva incorporação de elementos mais sofisticados de comunicação gerados na cultura e modos mais complexos de leitura e escrita. Assim como a leitura e a escrita representaram um avanço tecnológico, edu-cativo e, portanto, cultural -- ampliado e generalizado a partir da imprensa --, a alfabetização digital também encontra-se ancorada em um fato tecnológico , cultural e educativo. A cultura gerada em torno ao uso generalizado do com-putador na vida cotidiana criou possibilidades de relações sociais de enorme impacto socioeducativo, econômico e político em nível local e global. Neste sentido, a alfabetização digital, no contexto da educação freireana, re-fere-se tanto ao reconhecimento de saberes básicos, quanto ao aprendizado de conhecimentos de informática (como, por exemplo, operar computadores conectados em redes, incorporados à compreensão crítica da realidade). Mas, independentemente da educação ou formação inicial de uma pessoa, faz-se necessária a compreensão crítica dos conhecimentos embutidos no mundo digital. Ler e escrever não é passear por cima das palavras, dizia Paulo Freire, ler é ter a convicção profunda e estética do lido. E, se este país não levasse a sério o exercício da leitura, da palavra, associada à leitura do mundo com todas as suas implicações estéticas, de beleza ("boniteza") e de liberdade de criação, ensinar a ler e a escrever, numa perspectiva como essa, faria parte da peda-gogia, da democracia. Com base nesse princípio, a alfabetização digital seria a habilidade para lidar, entender e usar informação em múltiplos formatos em uma extensiva gama de textos digitais apresentados por computadores. O conceito de alfabetiza-ção vai além de simplesmente poder ler; é significar o ler, significar e enten-der, é dar sentido. É um ato de leitura e escrita, de cognição do que se visu-aliza na tela, do que se escuta nos arquivos de som, do que se percebe nas simulações ou animações, do que se constrói com os outros na busca de textos úteis para as atividades cotidianas. Essa prática vai gerando a competência do homem contemporâneo que para obter e expressar conhecimentos em forma escrita necessita deles e de uma compreensão dos textos para uso criativo do computador e das redes. Assim, alguns conceitos universais e práticos do mundo digital, mesmo que apresen-tem uma certa homogeneidade, favorecem, no aspecto cultural, a conexão de grupos locais entre si mesmos e eles com a comunidade educativa virtual. Por exemplo, certos sistemas operativos, os símbolos e ícones utilizados e os modos de intercâmbio de textos são quase estandardizados . É importante destacar que os valores culturais de uma comunidade educativa virtual emergem da produção coletiva da leitura e da escrita, para a qual é fundamental fazer uso correto do correio eletrônico, mas não tanto quanto o seu repertório cultural que lhe permite interpelar os outros, participar com o-piniões e estudos em grupos de discussão e decisão na Internet. Há que pensar "Numa alfabetização em que o homem, porque não fosse seu paciente, seu objeto, desenvolvesse a impaciência, a vivacidade, caracterís-tica dos estados de procura, de invenção, de reivindicação." Isso será possível se os cidadãos também puderem entender e lidar com os processos para criar mensagens e os distribuir, isto é, dizer a sua palavra, "escrever o mundo"; então sim, as práticas de alfabetização digital proverão o máximo de benefício para o indivíduo e a comunidade de jovens e adultos.
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Vimos anteriormente que sem formação adequada, os professores têm dificul-
dades em ensinar seus alunos apropriadamente. A razão desta falta de formação do
professor não pode-se atribuir somente ao estado ou ao gestor da escola por exemplo.
O indivíduo, independentemente da problemática é responsável por si e por suas a-
ções, como biologicamente foi especulado.
Faz parte então do processo de formação do professor perceber onde ele está
deficiente e buscar os meios disponíveis para a solução da sua “má-formação”. Assim,
tanto para ele, como para o aluno, a inserção da alfabetização nas suas práticas diá-
rias é um dos caminhos para a real inovação.
Não adianta termos estrutura tecnológica na escola ou pessoal se o professor
não souber abarcar os recursos disponíveis para aumentar a sua compreensão crítica
no que tange aos conhecimentos embutidos no mundo digital.
Está muito certo a autora dizer que o conceito de alfabetização vai além do
simplesmente ler. É preciso aprender significar a leitura e dar sentido a ela. Real-
mente, tanto o aluno como o professor precisa compreender este processo de cogni-
ção do que se visualiza na tela, do que se escuta nos arquivos de som, do que se
percebe nas simulações ou animações, ou do que se constrói com os outros a partir
das nossas atividades cotidianas.
Tanto o professor como o aluno precisa ser alfabetizado digitalmente. Dimi-
nuindo a distância que há em entre um e outro. Nivelando as duas instituições que,
ilusoriamente foi criada pela sociedade. Ambos precisam aprender dizer, cada um na
sua vez, a sua palavra, e juntos escrever o mundo. Porém, isso só é possível se os
dois se renderem à alfabetização e letramento digital.
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12. OS DIVERSOS AMBIENTES ENCONTRADOS NO CIBERES-PAÇO COMO LOCAL DE APRENDIZAGEM DO ALUNO ADOLES-CENTE
Os espaços citados abaixo, é um catalogamento dos principais locais que cri-
anças, jovens e adultos costumam frequentar, não só para entretenimento mas como
lugar de aprendizagem também. Estas informações tem por objetivo auxiliar profes-
sores, educadores, pesquisadores e estudantes na avaliação de que estas platafor-
mas também podem ser usadas como instrumentos facilitadores nas práticas peda-
gógicas. Sendo assim, o seu conteúdo foi reproduzido na íntegra a partir do material
encontrado na internet, e que pode ser conferido na seção de referências deste tra-
balho. Boa leitura.
12.1 BLOGS
Com a expansão da internet pelo mundo e a facilidade de comunicação que ela
proporciona, cresceu o interessa das pessoas em possuir seu próprio espaço na web.
Contudo, para montar uma homepage e publicá-la era necessário ter certo domínio
técnico, que poucas pessoas tinham.
Desse interesse e dessa dificuldade conflitantes surgiram os bloggers, que são
serviços que oferecem ferramentas para possibilitar que internautas comuns publi-
quem seus próprios textos na internet. Segundo a Wikipédia, blogger é "uma palavra
criada pela Pyra Labs e é um serviço que oferece ferramentas para indivíduos publi-
carem textos na Internet" sem a necessidade de ter domínio técnico, de programação
ou software. Esses espaços individuais disponibilizados pelos bloggers receberam o
nome de blogs.
O blog, ou weblog, é uma das ferramentas de comunicação mais populares da
internet. A pessoa que administra o blog é chamada de blogueira(o). Uma das carac-
terísticas dos blogs é que, em geral, eles têm um aspecto muito parecido, isto é, o
usuário é limitado no que diz respeito a alterações visuais. Outra característica dos
blogs é a frequência de atualização. Alguns são atualizados diariamente, outros se-
manalmente, mensalmente e, em alguns casos, até várias vezes por dia. Cada atua-
lização ou publicação no blog é chamadas de post (postagem).
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Quando surgiram os blogs tinham caráter puramente recreativo, eram usados
como "diários virtuais", on-line, onde as pessoas, especialmente adolescentes e jo-
vens, expunham suas ideias, narravam o que acontecia em suas vidas. Com o tempo
os blogs foram se tornando espaço de disseminação de ideias e informações mais
consistentes, pessoas conhecidas e empresas passaram a utilizá-los também.
Os blogs tornaram-se o "endereço virtual" de muitas pessoas e empresas e
perdeu o status inicial de "diário", tornando-se, além de tudo, fonte de obtenção de
informações, ferramenta de trabalho e auxílio de diversos profissionais, especialmente
jornalistas, repórteres e professores. Além de publicar conteúdo pessoal, profissional,
informativo e educativo, os blogs viraram também ferramenta de divulgação artística,
possibilitando a publicação de material desenvolvido por artistas independentes como
poetas, desenhistas, escritores e fotógrafos, antes impossibilitados de mostrar seu
trabalho.
A popularização dessa ferramenta foi tamanha que até as empresas passaram
a utilizá-la como ferramenta de comunicação. A maioria das empresas, mesmo aque-
las que não atuam diretamente na internet já mantém blogs para se comunicar com
funcionários e clientes.
Pessoas comuns ou famosas, empresas pequenas, médias ou grandes, todos
compartilham da blogosfera, o mundo dos blogs. Nesse espaço, alguns blogueiros se
destacam e ficam famosos, ganham dinheiro ou simplesmente externam suas ideias
a quem quiser conhecê-las.
A característica mais marcante da blogosfera é interação entre os diversos es-
paços. Em cada blog existe uma lista com link (ligação) para outros blogs "indicados"
pelo autor ou pelo próprio blogger. Quando o blogger gera essa lista automaticamente,
são utilizados diversos critérios para um blog aparecer na lista, alguns dos mais co-
muns são mostrar os blogs mais visitados ou os mais recentemente atualizados.
Alguns dos serviços de blogs mais conhecidos da atualidade é o Blogger do
Google (http://www.blogger.com/home) e o Windows Live Spaces da Microsoft
(http://spaces.live.com), que é vinculado ao messenger mais utilizado no mundo, o
MSN. Existe também o WordPress, um script blog desenvolvido em PHP (linguagem
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de programação), mas para utilizá-lo é preciso ter uma conta de hospedagem de sites
na internet, entre outros detalhes.
12.2 EAD
Ead é a sigla para Educação a Distância. É uma forma de ensino/aprendizagem
mediados por tecnologias que permitem que o professor e o aluno estejam em ambi-
entes físicos diferentes.
Ead possibilita que o aluno crie seu próprio horário para estudar pois geral-
mente as aulas são ministradas pela internet, e o aluno apenas comparece a institui-
ção de ensino para realizar as provas. Nessa modalidade o aluno acompanha a ma-
téria através de mídias como televisão, vídeo, CD-ROM, telefone celular, iPod, note-
book etc.
A Educação a Distância foi regulamentada pelo Decreto-Lei nº 2.494, de 10 de
fevereiro de 1998, do Ministério da Educação, regulamentando o Art. 80 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Entre outras disposições, determina que a
educação a distância será oferecida por instituições especificamente credenciadas
pela União. Caberá também à União regulamentar requisitos para realização de exa-
mes e para registro de diplomas relativos ao curso.
Na educação a distância, o aluno tem a capacidade de gerenciar seu próprio
aprendizado, ele possui uma grande autonomia para estudar e “assistir” as aulas de
acordo com seu tempo disponível.
A Educação a Distância é uma modalidade de ensino que tem se tornado cada
vez mais comum. São oferecidos cursos de graduação, pós-graduação, cursos técni-
cos, profissionalizantes, de aperfeiçoamento etc.
12.3 ONGS E ASSOCIAÇÕES
ONGs é a sigla para Organizações não Governamentais, que são instituições
criadas sem ajuda ou vínculos com o governo, geralmente de fundo social e sem fins
lucrativos.
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As ONGS são caracterizadas por ações de solidariedade nas políticas públi-
cas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em favor de populações excluídas
das condições da cidadania, ou também pelos direitos dos animais. As ONGs fazem
parte do chamado terceiro setor da Economia.
O surgimento dessas organizações, deu-se pelo motivo da ineficiência dos
Governos e do poder público em geral, para suprirem todas as necessidades da so-
ciedade. Essas organizações constituem importantes alternativas para sistematizar a
sociedade como um todo, pois promovem ações sociais, culturais, assistenciais etc.
As ONGs fazem parte de movimentos sociais e têm, como princípio o desen-
volvimento humano e o alargamento da participação na cidadania. Elas apresentam
uma grande diversidade, principalmente temática, variando desde as entidades liga-
das ao meio ambiente e aos grupos feministas, até as organizações voltadas à pro-
teção da criança e do adolescente.
12.4 MUSEU VIRTUAL
O museu virtual permite a utilização via internet de uma apresentação integrada
e interdisciplinar da informação a respeito de determinado assunto. De forma que esse
tipo de museu dá ao visitante a oportunidade de estabelecer um diálogo interativo com
o assunto abordado.
A internet é algo ainda muito novo, pois a sua proliferação teve início na década
de 90 (século XX). No entanto, já é possível verificar algumas transformações em
diversas áreas do conhecimento. A internet vem revolucionando a forma como as pes-
soas se comunicam na área da museologia. A criação de sites de museus e a criação
de museus virtuais disponibilizam mais rapidamente a informação. O virtual é onipre-
sente e possibilita a emergência de uma outra cultura, alargando o campo da expo-
grafia.
O museu virtual pode ser tão ou mais eficaz quanto o museu físico, mas não o
substituirá. É sim uma nova perspectiva de interação com o patrimônio. É uma forma
de se traduzir as ações museológicas no espaço virtual, como mediação e relação do
patrimônio com os utilizadores. É uma nova maneira de pensar o museu, libertando-o
do espaço tradicional e limitado para se tornar acessível ao grande público.
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O Museu Virtual Miguel Bakun criado nas comemorações do centenário do nas-
cimento do artista (1909/ 2009) pela Secretaria de Estado da Cultura tem como o ob-
jetivo catalogar, preservar e divulgar a arte de Bakun. É possível consultar réplicas
digitais de suas obras e conhecer um pouco mais sobre sua vida pessoal e artística.
12.5 CHAT
Um “chat” (pronuncie chate), é um espaço que permite “uma discussão textual”
(por escrito) em tempo real entre vários usuário da internet. Reserva-se geralmente o
termo “chat” para os sistemas de comunicação disponíveis num site web, por oposição
ao termo serviço de “mensagens instantâneas”, representando os sistemas de con-
versação dedicados que funcionam via Internet, independentemente da web. O termo
“chat” provém do verbo inglês “To chat” que significa “tagarelar”. É igualmente o acró-
nimo de "Conversationnal Hypertext Access Technology".
Contrariamente a um fórum de discussão, as conversas num chat têm lugar em
tempo real e não são capitalizadas, o que significa que beneficiam apenas das pes-
soas presentes (certos chats permitem contudo registar as conversas). O objetivo
prosseguido de um chat não é o mesmo que o de um fórum de discussão: um chat
favorece a comunicação em tempo real entre um pequeno grupo de indivíduos e a-
proxima-se mais de uma comunicação privada, enquanto um fórum de discussão per-
mite a um grande número de indivíduos trocar e consultar a conversa sem necessari-
amente estar presente no mesmo momento.
Um chat apresenta-se na maior parte do tempo sob a forma de janela subdivi-
dida em várias partes:
A zona de discussão, que contém os diálogos sucessivos dos diferentes in-
terlocutores;
A zona de escrita, na qual o utilizador pode introduzir uma mensagem a en-
viar ao(s) destinatário(s);
A lista dos interlocutores em linha, permitindo ver o conjunto das pessoas
presentes no canal de discussão. Na maior parte dos casos, um clique no nome de
um utilizador permite abrir uma comunicação privada com este.
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12.6 FÓRUM DE DISCUSSÃO
Um fórum de discussão (em inglês “bulletin board”) é um espaço web dinâmico
que permite a diferentes pessoas comunicar. O fórum de discussão é composto ge-
ralmente por diferentes fios de discussão (o termo “fio de discussão” é às vezes subs-
tituído por assunto de discussão, post, thread, enfilade ou topic) que correspondem
cada um a um intercâmbio sobre um assunto específico. A primeira mensagem de um
thread define a discussão, e as mensagens seguintes (situadas geralmente abaixo)
tentam responder.
Pseudónimo
Não é aconselhável mostrar num fórum o seu nome real porque as discussões
de um fórum são assíncronas, o que significa que uma mensagem deixada um dia
num fórum tem vocação para aí permanecer eternamente. Assim, se postar com o
seu nome verdadeiro, é possível encontrar os vestígios de todas as discussões sobre
o conjunto dos fóruns que frequentou. A lei informática e de liberdades prevê um di-
reito de acessos e retificação a todos os dados pessoais que se relacionam consigo.
Contudo, pode ser difícil contatar o conjunto dos responsáveis dos sites nos quais
postou um dia e extremamente vinculativo para estes últimos suprimir os vestígios das
suas discussões.
Por conseguinte, é aconselhável escolher um pseudónimo (pseudo ou
nickname), permitindo aos seus vossos interlocutores reconhecê-lo de uma discussão
para outra, mas protegendo de certa maneira o seu anonimato.
Noção de carta
Cada fórum de discussão tem um funcionamento que lhe é próprio e possui às
vezes os seus “Usos e costumes”. Estes são frequentemente tácitos e às vezes ins-
critos num documento chamado “carta de utilização” que precisa as condições nas
quais uma mensagem pode ser acrescentada ao fórum e os critérios que podem con-
duzir à moderação de uma mensagem.
Antes de postar uma mensagem num fórum de discussão, é sempre aconse-
lhável ver o seu funcionamento e, se for caso disso, ler a sua carta de utilização.
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Por exemplo, o fórum do Kioskea possui a sua carta.
Moderação
O conjunto das discussões presentes num fórum de discussão compromete a
responsabilidade dos seus autores, bem como a do responsável de publicação, ou
seja, o editor do site que aloja o fórum.
Assim, para garantir o bom funcionamento do fórum de acordo com os termos
da carta de utilização e para se proteger juridicamente, os sites que propõem um fórum
de discussão instalam geralmente um sistema de moderação, ou seja, um dispositivo
humano e técnico que permite supervisionar e suprimir as mensagens não conformes
à carta ou podendo provocar processos jurídicas. As pessoas encarregadas desta
tarefa são chamadas moderadores.
Existe dois tipos de moderação:
A moderação a priori: as mensagens devem ser validadas por um regulador para
serem publicadas e por conseguinte aparecer em linha;
A moderação a posteriori: as mensagens acrescentadas são publicadas automa-
ticamente (aparecem em linha). O site reserva-se a possibilidade de suprimir as
mensagens a posteriori.
12.7 REDES SOCIAIS
Um espaço pra você reencontrar amigos, fazer novas amizades, trocar fotos,
depoimentos e marcar eventos.
Tem face?” Quem nunca ouviu esta pergunta?
Antes as pessoas perguntavam se você tinha telefone, e-mail ou um blog. Hoje
perguntam se você tem perfil numa rede social, geralmente na mais famosa do mo-
mento. As redes sociais são ambientes que conectam as pessoas, ampliando seu
círculo de contatos e favorecendo novas amizades. São como clubes digitais que co-
nectam milhões de usuários no mesmo ambiente.
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Convivência Virtual
Não é difícil para os adultos entenderem o que é tão legal nas redes sociais.
Os motivos são parecidos com os nossos: compartilhar novidades com os amigos,
postar fotos e assistir a vídeos interessantes são apenas alguns deles.
As redes sociais facilitaram a comunicação, mas é preciso que você fique es-
perto, redes sociais são espaços públicos! Cuide de sua privacidade, configure seu
perfil para privado e fique atento às pessoas que você adiciona e o que compartilha
com seus amigos virtuais.
A maioria das redes tem uma idade mínima para acesso
É importante que você entenda que fornecer informações falsas sobre sua i-
dade pode ser um vacilo. Se passar por outra pessoa ou falsificar informações é crime.
Figura 9: Logos de algumas redes sociais. Fonte: Google Imagens
Quais são seus círculos de amizade?
E sua galera, em quais redes estão? Para evitar papelão on-line, saiba que em
algumas redes sociais você pode classificar os seus contatos. Assim, poderá ter uma
lista de pessoas da sua família, seus amigos e outros grupos separados. Para cada
uma delas você pode compartilhar conteúdos diferentes.
Você sabe o que são hashtags?
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São palavras-chave antecedidas pelo símbolo # e que se relacionam com um
assunto específico. Pode ser usada em redes como Facebook, Twitter e Instagram.
Ao clicar na hashtag você acessa todo conteúdo público postado com aquele termo.
Um exemplo de hashtag é o relacionado às manifestações contra a corrupção no Bra-
sil: #ogiganteacordou, ou a #FicaDica que traz dicas sobre assuntos variados. Quer
dicas sobre uso responsável da Internet, confira a sessão #FicaDica
Exposição de si e do outro
Muitas vezes é confuso entender os limites entre o privado e o público nas re-
des sociais e na Internet em geral. Verifique as configurações de privacidade e lembre-
se que existe sempre o risco de um conteúdo postado se tornar público muito rapida-
mente.
Nas redes sociais, você tem o poder do clique. Um comentário, uma foto ou um
vídeo que possa comprometer ou constranger alguém não deve ser compartilhado,
mesmo que de maneira privada.
Na Internet, arquivos podem ser facilmente copiados, modificados e repassa-
dos. Depois que você publica algo, não tem mais volta! O clique é mais poderoso do
que podemos imaginar.
Fique atento
Verifique se seu perfil é público ou privado. Lembre-se que não dá para ter cer-
teza de quem está do outro lado do perfil. Nem sempre podemos confiar no a-
migo do amigo do amigo…
Pense bem antes de curtir uma página, como grupos com conteúdo preconceitu-
oso, violento ou com brincadeiras como “Odeio estudar” e “Detesto segunda-
feira”. Sua rede social é parte do seu currículo e um dia você vai precisar muito
dele!
Evite publicar muitas informações sobre si mesmo ou sobre familiares e amigos,
como nome completo, e-mail, telefone ou endereço.
Não dê cheque em branco e não compartilhe suas senhas, mesmo que seja com
amigos próximos!
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Ao fazer um Check-in (ferramenta que permite comunicar os lugares onde você
se encontra no momento da foto, comentário ou curtida) pense bem se vale a
pena avisar ao mundo onde você está. Evite check-in em casa e nos lugares
que frequenta diariamente, pense que o amigo do amigo pode não ser tão amigo
assim e estar mal intencionado.
Os mesmos cuidados devem valer ao postar #partiu e escrever para onde está
indo, assim você evita o risco de stalkers, pessoas que acompanham sua vida
online e passam a te perseguir onde estiver.
Um amigo virtual quer marcar um encontro. E agora?
É preciso ter muito cuidado ao marcar um encontro com alguém com quem
você só conversou através da rede. Ainda que você tenha muita confiança nesse a-
migo virtual, a Internet favorece muito o anonimato e essa pessoa pode estar men-
tindo para você. Converse com seus pais e se o encontro for mesmo acontecer ele
só poderá ser feito em local público com a companhia de um adulto responsável.
Uso excessivo
Atividades sociais também são feitas fora das redes. Como tantas outras atividades,
o uso da internet e das redes sociais também precisa ter limite.
Figura 10: Uso excessivo da rede social. Fonte: Internet Responsável
Estatística
Do total de usuários de Internet com idades entre 9 e 16 anos: 70% possuem
um perfil nas redes sociais e 53% daqueles que têm de 13 a 16 anos acessam tais
redes diariamente. 58% dos jovens entre 15 e 23 anos afirmam que ficam online mais
tempo do que deveriam. 55% tem ao menos um amigo que já saiu para encontrar com
alguém que conheceu pela Internet.
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Figura 12: Algumas redes sociais existente
Figura 11: Estatística. Fonte: Internet Responsável
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13. A CIÊNCIA POR TRÁS DE COMO APRENDEMOS NOVAS HABI-LIDADES
Nós entendemos até agora que o conflito de geração entre jovens e adultos é
uma relação de poder. Porém, o ditado popular “quem pode mais chora menos” pa-
rece ilustrar muito bem quem está ganhando esta guerra.
Os jovens que por muitos é tido como indisciplinados e rebeldes exigem a todo
momento que a escola e seus professores mudem a forma de se relacionar com eles,
e principalmente, mudem a forma de ensinar.
Entretanto, por mais que se fale que os professores devem se preocupar com
a sua própria formação, a orientação, para muitos, não surte efeito. Costuma-se dizer
por aí que isso pode estar ocorrendo devido aos baixos salários, falta de infraestrutura
física e curricular, má educação de alunos entre outros.
Seja lá qual for a desculpa de cada um, a retórica continuará sendo a mesma:
- E os alunos como ficam?
Enquanto os profissionais da educação não resolvem o seu cabo de guerra
político e de poder, penso eu que a geração teen devem continuar sendo o que são:
Jovens Vulcões Jovens Vulcões Ficaremos em paz Quando os homens entenderem Tuas explosões. (Luiz Gonzaga de Freitas Filho. Pedagogia da Presença, 2001)
Enquanto esta relação de poder cerceada de interesses não se resolve, a su-
gestão deste trabalho de pesquisa é que os profissionais que apesar dos apesares
continuam remando contra a maré, continuem tentando ensinar seus alunos a serem
autônomos, criativos, críticos e partícipes do mundo que vivem.
Para isso, a partir da referência anterior “os diversos ambientes encontrados
no ciberespaço como local de aprendizagem do aluno adolescente”, o professor pode
alargar a sua prática pedagógica, aceitando que os lugares de entretenimento dos
alunos também são lugares de aprendizagem, pois:
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A Internet, em suas múltiplas camadas de interface, em seu processo dinâ-mico de navegação, sugere uma discussão a respeito de espaços. Quando discutimos sobre Ambientes Virtuais de Educação (AVE), estamos nos refe-rindo a espaços virtuais nos quais se dá o fenômeno educativo, em sua ma-neira intencional. A importância das interfaces transforma estes AVE em ins-trumentos que podem ou não valorizar posturas educativas transformadoras. Tudo vai depender de como podemos utilizar estes espaços de forma a torná-los lugares e territórios de ação dos sujeitos envolvidos.
Mediante o exposto, fica claro que tudo é uma questão de abordagem. Inde-
pendentemente do tipo da plataforma, sendo ela especifica ou não de um ambiente
educacional, cabe ao professor transforma-lo em um.
Por exemplo, qual o problema de pegar o jogo de rpg “Assassins Creed I” e que
é muito conceituado entre a molecada e transforma-lo em uma ação educativa? Veja
bem, não sou professor de história, mas sei que este game aborda profundamente
uma batalha entre Assassinos e Templários ao longo da história da Humanidade. O
seu enredo revive épocas como a Terceira Cruzada da Terra Santa, o Renascimento,
a Revolução Americana e a Idade de Ouro da Pirataria, na esperança de encontrar
alguma forma de deter os Templários que querem instaurar uma Nova Ordem Mun-
dial.
Figura 13: Assassins Creed e o seu ambiente histórico. Fonte: Google Imagens
O exemplo colocado acima, é melhor explicado por Fernando Lincoln Carneiro Leão Mattos, no seu artigo Espaço, Lugares e Territórios de Aprendizagem: Uma Proposta Para Ação Pedagógica em Ambientes Virtuais de Educação:
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O jogo como instrumento facilitador da aprendizagem de crianças e adoles-centes tem sido objeto de estudo e análise por parte de muitos estudiosos das questões relativas ao processo de ensino/aprendizagem. Ao longo do tempo, esse recurso pedagógico, busca consensos funcionais, didáticos e conceituais para sua construção enquanto identidade pedagógica. Notamos que há muitas pesquisas que tratam dos conceitos e metodologias sobre re-cursos lúdicos, com diferentes enfoques, embora não exista até o momento teoria aceita universalmente para o “jogo”. A busca dessa autonomia pedagógica não se dará pela tarefa meramente técnica, não deverá ser conduzida aos fins de pesquisa e intervenções práti-cas para o desenvolvimento biológico e motor, mas proporcionar um de de-senvolvimento integral e integrado ao mundo existencial dos professores e estudantes que tem oportunidade de vivenciá-los, para a sua autonomia ci-dadã. Alguns estudos demonstram que além de propiciar a construção de um es-paço no imaginário das crianças e jovens, o jogo, “por ser uma atividade di-nâmica capaz de transformar-se com o contexto” (Diva Maranhão, 2004), es-timula o desenvolvimento da capacidade de abstração dos sujeitos envolvi-dos nele. Referindo-se ao processo educacional, Diva acrescenta que o uso do jogo como um recurso pedagógico é sugerida como facilitadora do pro-cesso de ensino/aprendizagem e do desenvolvimento físico, cognitivo e inte-lectual.
Não só o jogo, mas os blogs, as redes sociais, os chats, os sites diversos, o
fórum de discussão e qualquer outro ambiente dito virtual podem ser integrado ao
mundo existencial do professor e do aluno, e juntos, fazerem um espaço real, de cres-
cimento e de aprendizagem.
Por falar em aprendizagem, o artigo “A ciência por trás de como aprendemos
novas habilidades” postado no site Hype.Science aborda o assunto de mesmo nome
de uma forma bem didática. O seu autor, Bruno Calzavara, coloca de forma bem sim-
ples que a ciência é a base para o auto aprendizado.
Se for assim, pensando naquela situação corriqueira da sala de aula, onde um
aluno assiste um vídeo no celular enquanto o seu professor se mata de falar, signifi-
caria o que? Significaria que o aluno aprende mais problematizando um vídeo no You-
tube do que as aulas expositivas do professor?
Para elucidar a questão fui buscar resposta no artigo já mencionado:
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Quando estamos aprendendo uma nova habilidade, é muito fácil confiar no Youtube, em tutoriais, orientações ou guias para nos ajudar a iniciar o pro-cesso. Isso é ótimo para aqueles que estão apenas começando, mas se con-tinuar fazendo isso com o passar do tempo, nunca vai realmente aprender porque não estamos resolvendo problemas por conta própria.
A fim de aprender, temos de falhar. A jornalista e escritora Annie Murphy Paul chama isso de fracasso produtivo: “Temos ouvido muito ultimamente sobre os benefícios de viver e superar o fracasso. Uma maneira de obter esses benefícios é encarar as coisas de modo que você esteja certo de que vai falhar, ao enfrentar um problema difícil, sem qualquer instrução ou assistên-cia”, propõe.
Manu Kapur, pesquisador do Laboratório de Aprendizagem de Ciências no Instituto Nacional de Educação de Cingapura, relata uma experiência em que as pessoas tentaram resolver problemas muito complexos de matemática. Eles não conseguiram chegar até a resposta certa, porém foram capazes de bolar diversas ideias sobre a natureza dos problemas e as possíveis soluções de um exercício semelhante, dando-os a chance de executar melhor um des-ses problemas no futuro. Esse é o chamado “fracasso produtivo”. “Você pode implementar essa ideia na sua própria aprendizagem, permitindo que você lute contra um problema por algum tempo antes de procurar ajuda ou infor-mação”, fala.
Bom, então, para o questionamento “O aluno aprende mais problematizando
um vídeo no Youtube do que as aulas expositivas do professor?”, a resposta depende
da didática do docente. Se a didática tecnológica do professor for aquele feijão com
arroz, ou melhor, sem envolvimento profundo e problematização efetiva por parte do
discente, a resposta é sim. Agora, se o aluno é orientado a resolver problemas por
algum tempo antes de procurar ajuda ou informação, a resposta é não.
O mesmo artigo argumenta que a compulsão obsessiva por competência não
é o melhor caminho para o aprendizado. Demonstra também que, invés de ficarmos
horas a fio em cima de um contexto, é usarmos e abusarmos da prática distribuída
pois provou ser a melhor maneira de aprender.
O estudo apontado também constatou que “algumas estratégias que os alunos
usam muito – como a releitura e o destaque de frases importantes – parecem oferecer
benefícios mínimos para a sua aprendizagem e para o seu desempenho”.
Sendo assim, a prática distribuída funciona muito bem para a maioria das pes-
soas, principalmente à aqueles que levam uma vida muito ocupada:
Em vez de sentar-se por horas a fio para aprender uma habilidade, experi-mente a prática distribuída, que consiste em sessões mais curtas, que aca-bam estimulando as ligações entre os neurônios por mais vezes ao longo do tempo. Assim, em vez de tentar aprender uma habilidade tendo aulas de uma
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hora de duração cada noite, reserva um tempo maior no geral, mas em pe-quenos pedaços ao longo do dia. Até mesmo 15 minutos por dia já é o sufici-ente para muitos de nós.
Resumindo este trecho, o melhor que os profissionais envolvidos com a educa-
ção tem a fazer, é problematizar o aprendizado do aluno usando os locais em que ele
gosta de estar como um espaço de construção educativa e efetiva.
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14. PARA QUE SERVE A EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA NESTA ERA DIGITAL
O livro educação tecnológica: desafios e perspectivas que marca presença na
referência deste trabalho, traz temas importantes como, por uma filosofia da tecnolo-
gia; revisitando a relação entre ética; tecnologia e sociedade; sociedade e desenvol-
vimento tecnológico; tecnologia digital na educação: contribuição da EAD para forma-
ção de professores; e por fim, educação tecnológica.
Os autores deste excelente livro voltam-se para o educando, pontuando como
ele deve ser formado para pensar, saber, saber-fazer e saber-ser em tempos de uma
tecnologia que está sempre se desenvolvendo e se ampliando.
Uma reflexão muito importante que uma das autoras faz é quanto ao que po-
demos entender sobre educação tecnológica. Num primeiro momento ela menciona
que educação tecnológica poderia ser uma dimensão mais especifica de uma educa-
ção profissional ou educação técnica ou poderia ser uma forma nova de se colocar
em prática uma área da educação apoiada em teorias tecnológicas. Mas ela é mais
do que isso.
Figura 14: A ciência por trás de como aprendemos novas tecnologias. Fonte: HyperScience
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A educação tecnológica vem para exigir mudanças no homem, e quem rejeitar
a pensa-la, está fadado a ficar preso a um sistema de crenças, que consequentemente
atrapalhará a sua convivência e participação no mundo:
Afirma bastos (1997) que a educação no mundo de hoje tende a ser tecnoló-gica que por sua vez vai exigir o entendimento e interpretação de tecnologias. Como as tecnologias são complexas e práticas, ao mesmo tempo, elas estão a exigir uma nova formação do homem que remeta a reflexão e compreensão do meio social e, que ele circunscreve. Esta relação – educação e tecnologia – está presente em quase todos os estudos que tem se dedicado a analisar o contexto educacional atual, vislumbrando perspectivas para um novo tempo marcados por avanços tecnológicos.
Mello (1993) afirma que a educação tecnológica passa a ocupar vários lugares
hoje: junto com as políticas de ciência e tecnologia um lugar central nas decisões
macropolíticas do estado; na educação profissional integrada as diferentes formas de
educação, ao trabalho, a ciência e a tecnologia; na forma que o conhecimento é pro-
duzido na educação superior, bem como nas concepções e práticas pedagógicas.
Não dá para eu abordar aqui de forma profunda “para que serve a educação
tecnológica, até mesmo porque este trabalho de conclusão de curso é um convite a
se pensar a tecnologia e suas plataformas como instrumento de aprendizagem na
educação. É um convite à pensarmos a forma que a educação tecnológica deveria
ser: pluralista, não doutrinária e não dogmática:
No processo educacional o que se pretende alcançar é que o indivíduo seja capaz de obter conhecimentos, construí-los através de uma atitude reflexiva e questionadora sobre os mesmos. Junto a essas questões relacionadas ao conhecimento o processo educacional trabalha a dimensão dos sentimentos, da afetividade e da criatividade. O indivíduo não só aprende com a educação, como também, se posiciona frente aos fatos e a realidade que existe dentro e fora dele. Essa atitude crítica e pensamento crítico constituem o que se pode denominar de uma atitude filosófica em relação a sua própria identidade e as situações que o circundam. Em termos de uma educação para viver a era tecnológica há que se pensar sobre valores subjacentes ao indivíduo que pode criar, usar, transformar as tecnologias mas não pode se ausentar, nem desconhecer os perigos, desafios e desconfortos que a própria tecnologia pode trazer.
Estamos vivendo um tempo de não pensar somente a tecnologia como objeto,
um produto final acabado e que passado o momento de êxtase, euforia e assimila-
mento é abandonado às traças. Precisamos começar a viver os produtos, objetos tec-
nológicos como um fim, e a educação tecnológica como o meio mais sensato de trans-
formação social e humana.
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Figura 15:Evolução e Transformação Social. Fonte - Mi-tosyfraudes
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15. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho de conclusão de curso não teve a intenção de ser uma receita de
bolo para qualquer pessoa que a partir de agora fará suas considerações finais.
Este artigo não buscou e continuará não buscando formas, métodos, metodo-
logias ou jeitinho brasileiro que tornem fácil e iluminem o caminho de ensino aprendi-
zagem, até mesmo porque, desde que o homem é homem, essa trilha sempre foi
obscura. Basta ver os acontecimentos históricos.
O objetivo geral deste trabalho foi buscar responder à pergunta “De que forma
a educação tecnológica (O uso do computador e suas plataformas) pode colaborar
com a formação do aluno adolescente?
Eu não sei quanto a você, porque cada pessoa que ler este trabalho, é óbvio,
tirará suas próprias conclusões.
Mas quanto à eu, se fosse para eu responder o que entendi deste estudo e o
que penso sobre a questão acima, eu diria que a educação tecnológica (O uso do
computador e suas plataformas) pode colaborar com a formação do aluno adolescente
a partir do momento em que o professor se colocar no seu lugar e descobrir qual é o
seu papel em relação a si e ao outro.
Fico muito feliz, de verdade, ao ponto de sair lágrimas dos olhos por estar che-
gando aqui.
À partir de uma ideia nasceu essas palavras e de um singelo estudo uma pro-
posta de trabalho finalizado. E nada disso teria sido possível, se o meu professor de
sociologia, Me. Valter Barcala, não tivesse me dado toda a liberdade para escrever.
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16. REFERÊNCIAS
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www.abed.org.br/revistacientifica/Re-
vista_PDF_Doc/2010/2010_2462010174147.pdf> Acesso em 26/Set/2014.
ADMINISTRADORES. Revolução tecnológica pode ser causador de conflitos entre gerações. Disponibilizado emhttp://www.administradores.com.br/noticias/tec-nologia/revolucao-tecnologica-pode-ser-causador-de-conflitos-entre-gera-coes/34235> Acesso em 10/Set/2014. ALENCAR, VAGNER DE. Tecnologia digital não pode substituir pedagogia. Dis-ponível em<http://porvir.org/porpensar/tecnologia-digital-nao-pode-substituir-pedago-gia/20130521> Acesso em 18/Set/2014. ANNA MARIA, ANTÔNIO MAURICIO ET AL. Educação Tecnológica: desafios e perspectivas. 3. ed. ver.ampl. São Paulo: Cortez, 2009. AUTOBAHN. Família Jetsons. Disponível em <http://www.autobahn.com.br/dese-
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matica/o-que-sao-blogs> Acesso em 12/Out/2014. KIOSKEA. Fórum de discussão. Disponível em <http://pt.kioskea.net/contents/829-forum-de-discussao> Acesso em 12/Out/2014. LINCOLN CARNEIRO LEÃO MATTOS, FERNANDO. Espaço, lugares e territórios de aprendizagem. Disponível em <http://www.anpad.org.br/diversos/traba-lhos/EnEPQ/enepq_2007/ENEPQ241.pdf> Acesso em 12/Out/2014. MARIA PEREIRA DA SILVA, ADELINA. Processos de ensino aprendizagem na era digital. Disponível em <http://www.bocc.ubi.pt/pag/silva-adelina-processos-en-sino-aprendizagem.pdf> Acesso em 05/Out/2014. MARSON, ISABEL CRISTINA VOLLET. Currículo e tecnologia: diferentes formas
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ponibilizado em<http://tobeguarany.com/internet-no-brasil> Acesso em 15/Set/2014. V GOMEZ, MARGARITA. Alfabetização na esfera digital: Uma proposta freireana. Disponível em <http://www.ufjf.br/revistaedufoco/files/2010/02/06.pdf> Acesso em 05/Out/2014. VERASZTO, Estéfano Vizconde et al. Tecnologia: Buscando uma definição para o conceito. Prisma, n.7,2009. Disponível em<http://revistas.ua.pt/index.php/prisma-com/article/viewFile/681/pdf>Acesso em 03/Mar/2014.
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17. ANEXOS
17.1 PLANO DE AULA: ASSASSINS CREED I À PARTIR DA TECNO-LOGIA DA EDUCAÇÃO
Objetivo(s)
Conduzir os alunos a refletir sobre a história do game Assassins Creed I, de forma que análise desses contextos específicos possam impactar na vida cotidiana do discente, melhorando a sua participação no mundo.
Conteúdo(s)
A influência dos jogos eletrônicos violentos nos adolescentes
Videogames não provocam violência infantil
Videogames e dependência: quando o jogar se torna perigoso
Ano(s)
1º, 2º e 3º
Tempo estimado: Seis aulas Material necessário:
Cópias da reportagem A influência dos jogos eletrônicos violentos nos adoles-
centes: https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/a-influen-
cia-dos-jogos-eletronicos-violentos-nos-adolescentes
Cópias da reportagem Videogames não provocam Violência: http://super.a-bril.com.br/cotidiano/videogames-nao-provocam-violencia-infantil-681511.shtml
Gameplay do Jogo https://www.youtube.com/watch?v=4tcWOROASK8
DESENVOLVIMENTO
1ª etapa – Duas Aulas
Introdução
A vida envolve um processo de pulsação. A partir da pressão de nossas neces-sidades nos expandimos e nos movemos em direção ao mundo; quando satisfeitos,
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recuamos e voltamos para nós mesmos. Depois de certo tempo de repouso, com no-vas necessidades, recomeçamos a expansão, seguida de recolhimento e assim su-cessivamente.
Ao longo da vida este processo pode sofrer algumas distorções. Estas altera-ções resultam em paralisia em algum destes pólos, de expansão ou de recolhimento. Por exemplo, uma certa pessoa paralisa no movimento do recuo e fica constante-mente retraída e inibida, enquanto uma outra pessoa paralisa no movimento da ex-pansão e torna-se hiperativa, excitada e agitada na maior parte do seu tempo.
Há muitos modos de distorção da pulsação e nós vamos buscar entender como se dá este processo nas pessoas que se tornam dependentes dos videogames, uma situação que possui várias ressonâncias com outras formas de dependência e que nos ajuda a iluminar algumas coisas da dinâmica geral da adição.
O artigo A Influência Dos Jogos Eletrônicos Violentos Nos Adolescentes demonstra alguns números e afirmam que os jogos induzem a violência. A partir dele, é importante discutir com os alunos a realidade dos fatos apresentados.
Dentre as afirmações e contradições do artigo da superinteressante Videoga-
mes não provocam violência infantil para o estimulo da análise crítica dos alunos é
prudente a leitura e contextualização dos dois textos mencionados.
Questione os alunos sobre os seus hábitos. Levante quais são os momentos em que eles ficam calmos e em silêncio, e quais são as situações que os deixam agitados ou até mesmo violentos. Ainda:
Vocês acham que jogos induzem a violência? Porque?
Vocês conhecem alguém que tenham mudado seu hábito após começar a jogar Assassins Creed?
Vocês conhecem alguém que não joga e são violentos? Partindo dessa pre-missa, se essa pessoa que não joga é violento, para você, qual seria a causa então?
Vocês acham que a religião, a televisão, os livros, as revistas tipo Times, Veja e Istoé são instrumentos de propagação da violência, da mesma forma que muitos afirmam que o jogo o é?
Em seguida, relacione o tema jogos com o dia a dia dos estudantes. Comente com a turma como a visão do homem é estereotipada e muitas delas obedecem as relações de poder vinda do mercado, e devido ao auto grau de desenvolvimento de coordenação motora e intelectual, além de estimular os sentidos e pensamento crítico, o jogos não são bem vistos.
Baseado no texto abaixo e nas leituras sugeridas faça uma breve exposição oral sobre qual é o momento que os jogos e quais são as circunstancias que eles podem se tornar perigosos.
Texto de apoio ao professor: Videogames E Dependência: Quando O Jo-gar Se Torna Perigoso
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A vida envolve um processo de pulsação. A partir da pressão de nossas ne-cessidades nos expandimos e nos movemos em direção ao mundo; quando satisfei-tos, recuamos e voltamos para nós mesmos. Depois de certo tempo de repouso, com novas necessidades, recomeçamos a expansão, seguida de recolhimento e assim sucessivamente.
Ao longo da vida este processo pode sofrer algumas distorções. Estas altera-ções resultam em paralisia em algum destes pólos, de expansão ou de recolhimento. Por exemplo, uma certa pessoa paralisa no movimento do recuo e fica constante-mente retraída e inibida, enquanto uma outra pessoa paralisa no movimento da ex-pansão e torna-se hiperativa, excitada e agitada na maior parte do seu tempo.
Há muitos modos de distorção da pulsação e nós vamos buscar entender como se dá este processo nas pessoas que se tornam dependentes dos videogames, uma situação que possui várias ressonâncias com outras formas de dependência e que nos ajuda a iluminar algumas coisas da dinâmica geral da adição.
As dependências acontecem com pessoas que se expandem numa situação específica e não conseguem mais recuar e voltar para si. Elas muitas vezes ocorrem com pessoas que eram retraídas em outras esferas da vida, mas que vão além de seus limites nesta nova atividade. Algumas pessoas são capturadas pelas intensida-des afetivas da nova experiência e se tornam dependentes. Inicialmente as pessoas se sentem mais vivas quando estão envolvidas com aquilo, mas depois vão se tor-nando escravas, pois não conseguem recuar, assimilar o que viveram, não conse-guem deixar de fazer sempre aquilo.
Comer, praticar esporte, trabalhar, jogar, apostar, consumir, todas as ativida-des podem assumir uma dimensão explosiva, onde a pessoa passa a fazê-las de forma intensa e repetida e não consegue recuar e ficar sem elas por muito tempo. Aí se inicia um padrão de dependência, também chamado de adição ou mais popular-mente, vício.
Muitas atividades podem entrar no circuito da dependência, mas para isto é necessária uma pessoa suscetível, e isto se adquire a partir de uma história de vida que produziu uma distorção do pulso natural entre expansão e recolhimento.
Mas como ocorre o comportamento de adição especificamente em relação aos videogames?
Toda criança brinca de situações de "faz de conta", brinca de casinha, de bo-neca, de carrinho, de guerra e de luta. A fantasia e a simulação fazem parte de nossa vida psicológica. "Agora sou um soldado e que vou matar todos os bandidos". A cri-ança brinca com elementos do mundo adulto (ser policial, ser modelo, ser médico, etc) adaptados para a sua realidade. Neste processo ela encontra um modo de recriar o mundo adulto ao seu modo, dando espaço para viver seus dramas internos e ela-borar seus sentimentos. Os videogames permitem a criação de situações de simula-ção, de faz de conta, porém adaptadas também para os jovens e os adultos.
O sexo virtual não deve ser melhor que o sexo real; participar de uma guerra virtual não deve ser comparável a participar de uma guerra de fato, com armas em
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punho e presenciando seus amigos sangrarem e morrerem de verdade ao seu lado. Apesar de serem "menos reais" que o real, podem ser experiências bastante inten-sas, segundo dizem os usuários de games.
A tecnologia permite criar muitas situações "como se", simulações e criações de realidade através de muitas imagens e sons, que disparam uma miríade de sen-sações e experiências. Os videogames, os computadores e a internet têm permitido a criação de ambientes cada vez mais fantásticos, onde os recursos gráficos e de multimídia impulsionam as experiências de imersão emocional no jogo.
A intensidade desta "hiper-realidade" pode contribuir para uma pessoa esque-cer-se de si mesma, dissociar-se das suas necessidades de alimentação, sono, tra-balho, etc, deixando-se absorver pelo mundo fascinante do ciberespaço - os novos ambientes criados pela tecnologia.
Indo além da vida cotidiana através dos videogames, uma pessoa pode expe-rimentar outros tipos de experiências, pode controlar a vida dos personagens num jogo de simulação, arriscar a vida de seu personagem num combate, ir muito além das leis físicas deste mundo, sem os limites frágeis que nossa corporeidade nos im-põe.
A dimensão dos fatos reais da vida os fazem únicos e sem volta. Se uma pes-soa corre com seu carro numa estrada e bate de frente com um caminhão, dificil-mente terá uma segunda chance para experimentar de novo esta emoção, a reali-dade nos obriga a um nível de responsabilidade sobre a vida que os jogos nos exi-mem. Dá para se arriscar imensamente nos jogos, dá para se expor, para experi-mentar. Os jogos nos afastam do horizonte da finitude, eles nos prometem um mundo onde podemos desejar, agir, tropeçar, cair, mas sempre podemos recomeçar em pleno estado de energia.
Os videogames propiciam experiências virtuais cheias de possibilidades, onde é possível ser um outro além de si mesmo, dar vazão a fantasias que não se tornarão realidade e arriscar comportamentos novos. Num certo sentido, os videogames são também exercícios de libertação.
Portanto, o ciberespaço permite experimentações com garantias. Afinal, em última instância, se a coisa ficar muito preta, se eu for morto, se minha cidade falir, se meu império for destruído, posso sair do jogo e tudo voltará ao "normal". Há uma certa promessa de "superação" das limitações reais da vida, uma negação da morte, permitindo uma experimentação radical e sem efeitos reais. Mas são também estas garantias que podem levar uma pessoa a querer ir sempre um pouco mais e um pouco mais, capturada pelo jogo da simulação. Em alguns casos, a aventura "segura" pode acabar aprisionando por não impor limites. E assim a pessoa vai, vai, e sempre que pode quer ir de novo, sem conseguir voltar, dando alguns passos em direção à dependência. O jogo é sem limites enquanto a vida é uma pressão com limites.
Na dependência a pessoa alcança um estado de preenchimento interno pela atividade que se torna muito envolvente. No jogo há uma suspensão do tempo que não se percebe passar. Em alguns casos o jogar compulsivo pode abafar muitas
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vozes: o vazio existencial, a falta de sentido, as carências, as frustrações, os senti-mentos de inadequação e muitos problemas da vida.
A dependência do jogo pode ser avaliada por alguns sinais, entre os quais a frequência. Ninguém que é "viciado" joga só de vez em quando, o viciado joga muito e frequentemente joga bem mais do que pretendia fazê-lo inicialmente. A pessoa tende a comprometer outras atividades em sua vida, como relacionamentos, família, trabalho, escola e outros passatempos. Ela até pensa e tenta reduzir a frequência com que joga, mas não consegue. Há uma impotência para mudar este padrão. Quando deixa de jogar a pessoa pode sentir-se irritada, desanimada, ansiosa, to-mada por uma série de sensações ruins, mal conhecidas dentro de si. O afastamento frequente de si nos deixa cada vez mais estranhos a nós mesmos. Nestas situações, voltar a jogar permite o abafamento e o alívio temporário deste "mal estar" nunca enfrentado e solucionado.
O comportamento de adição, de dependência, torna-se uma fonte de sofri-mento, pois se uma pessoa depende de algo, ela já não faz mais por prazer, mas por necessidade. A pessoa sofre se não jogar e repete exaustivamente seu comporta-mento de jogar a ponto de comprometer seus relacionamentos, seus estudos, seu trabalho, sua saúde, etc.
O problema não está no videogame, que pode ser uma boa diversão, mas no padrão de uso que se estabelece com ele. Algumas pessoas perdem o controle e passam a ser dominados pelo jogo. Estas precisam da ajuda psicológica, sendo que a dependência é um estado que pode ser superado.
Com isso, cada vez mais, engenheiros, profissionais de marketing e sociólogos precisam atuar em sincronia. Está nas mãos deles não só desenvolver novos produ-tos, mas também gerar diferentes necessidades de mercado e compreender estes arranjos ao mesmo tempo sociais, técnicos e científicos.
2ª etapa – Duas aulas
Divida a moçada em grupos. Distribua entre os alunos e passe o Gameplay de 12 minutos. Em seguida, peça que cada grupo, fundamentados nos artigos A Influên-cia Dos Jogos Eletrônicos Violentos Nos Adolescentes, Videogames não provocam violência infantil, Videogames E Dependência: Quando O Jogar Se Torna Perigoso e mais o vídeo (deixar em repetição até o final da atividade) que acabaram de assistir, peça que eles façam um relatório corrido do vídeo apresentado, baseado nos questi-onamentos abaixo:
Cinematografia: Os elementos de fundo e de ambiente ajudaram a criar deter-
minado tom?
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Roteiro: Avalie o roteiro, incluindo diálogo e caracterização. Você sentiu que a trama foi criativa, imprevisível, chata e fraca? O jogo parece induzir você a praticar algum ato desiquilibrado?
Design das vestimentas: As vestimentas e armas escolhidas combinaram com o estilo do jogo? Elas parecem querer influenciar você a se vestir de maneira igual?
Design do ambiente: Considere como o ambiente do jogo influenciou seus
outros elementos. Ele melhorou ou piorou a experiência? Alguma coisa no ambiente, alguma situação traduz uma história ou acontecimento que você viu, leu ou ouviu na vida real? Qual?
Música: A música combinou com as cenas? Ela foi usada excessivamente ou parcamente? Criou suspense? Foi divertida? Irritante?
3º Etapa - Duas Aulas
Para finalizar, peça que os grupos apresentem suas redações e discuta cole-tivamente as opiniões da turma.
AVALIAÇÃO
Nas duas primeiras aulas, analise o textos apresentados e a pertinência dele à discussão em sala. Observe o envolvimento dos alunos na elaboração da redação do grupo. Na 2º aula discuta individualmente com aqueles grupos que tiverem dificulda-des de realizar a redação. Observe o envolvimento dos alunos na atividade. Na 3º aula avalie a apresentação dos grupos, a partir dos seguintes critérios:
Contextualização dos conteúdos apresentados
Analise crítica do grupo sobre o conteúdo observado
Criatividade
Participação dos membros de cada equipe
REFERÊNCIA
SIMON, GUSTAVO. Videogames não provocam violência infantil. Disponibilizado
em< http://super.abril.com.br/cotidiano/videogames-nao-provocam-violencia-infantil-681511.shtml>Acesso em 12/10/2014 THAÍS XAVIER RODRIGUES HURTADO, ANDREA; DE CARVALHO MUNIZ, LA-RISSA. A influência dos jogos eletrônicos violentos nos adolescentes. Disponi-bilizado em< https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/a-influencia-dos-jogos-eletronicos-violentos-nos-adolescentes>Acesso em 12/10/2014 TIAGO SCARPATO, ARTUR. Quando o jogar se torna perigoso. Disponibilizado em< http://www.psicoterapia.psc.br/scarpato/t_games.html> Acesso em 12/10/2014
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