ABEMANUAL DO ACADÊMICO
2020
APRENDIZAGEM BASEADA EM EQUIPES - ABECURSO DE MEDICINA
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DE CACOAL
Presidente da FACIMED
Nelson Mangueira
Diretora Geral da FACIMED
Sandra Maria Carrijo Veloso Marques
Coordenador do Curso de Medicina da FACIMED
Marcial Francis Galera
ELABORAÇÃO:
Janice Santana do Nascimento Segura
Coordenadora Pedagógica do Curso de Medicina
Cacoal – RO
2020
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................................................... 4
Princípios Fundamentos da ABE .................................................................................... 5
Trabalho em Equipe .......................................................................................................... 6
Etapas da ABE ................................................................................................................... 7
Avaliação ABE .................................................................................................................. 11
Referências ...................................................................................................................... 13
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INTRODUÇÃO
Conforme especificado nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de
Medicina em seu artigo Art. 26.: o projeto pedagógico do curso deverá estar
centrado no aluno como sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como
facilitador e mediador do processo, e deverá utilizar metodologias ativas de
ensino (Art. 32).
Cada vez mais as metodologias ativas de ensino vêm sendo utilizadas na área
médica, atendendo ao desafio de contínuo aprendizado e mudança da relação de
quem ensina e de quem aprende. Este movimento de transformação da educação
tem no aluno o centro do processo ensino-aprendizagem.
O curso de medicina da FACIMED aposta no método ativo de aprendizado, em
que o aluno é protagonista do seu próprio processo de formação. Para isso, usa
especificamente a metodologia TBL, abreviação para Team Based Learning.
A Aprendizagem Baseada em Equipes – ABE é uma estratégia educacional
constituída por um conjunto de práticas sequenciadas de ensino-aprendizagem
(PARMELEE et. al, 2012). É uma proposta metodológica que favorece a interação
social dos alunos em sala de aula e visa desenvolver no estudante níveis avançados
de aprendizagem (análise, aplicações, avaliações e criatividade), fornecendo
tarefas de aprendizagem significativa (MICHAELSEN, 2002).
Este manual tem o objetivo de apresentar o método Team-Based Learning (TBL)
ou Aprendizagem Baseada em Equipes (ABE), como um guia objetivo de consulta
em relação a metodologia.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ABE
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Para Michaelsen & Sweet (2008) quatro princípios são fundamentais para
alcançar níveis avançados de aprendizagem propostos no ABE.
Equipes permanentes, estrategicamente formadas e sua adequada
condução;
Responsabilização dos alunos pela qualidade do trabalho individual e em
equipe;
Fornecimento de feedback frequente, imediato e oportuno, fornecido
através das avaliações individuais, em grupo e na aplicação dos conceitos;
Tarefas para a equipe que promovam tanto a aprendizagem individual como
o desenvolvimento da equipe.
Fonte: https://catracalivre.com.br/pessoas diferentes
A coordenação pedagógica é responsável pela formação das equipes. Os critérios
utilizados são:
Preferencialmente ter um número ímpar de participantes, para facilitar o
desempate nas decisões.
Ser compostas por cinco a sete estudantes, para favorecer a
aprendizagem ativa e ampliar a troca de saberes entre os participantes.
Composição heterogênea (diferentes características, habilidades e
personalidades)
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Permanência por longo período de tempo (mínimo 1 ano) para a coesão dos
seus membros e alcançar uma aprendizagem efetiva em equipe.
São fatores dificultadores à coesão do grupo: vínculos afetivos entre
componentes (irmãos, namorados, amigos muito próximos), expertise
diferenciada de alguns membros (tenderão a se isolar), entre outros.
TRABALHO EM EQUIPE
O ABE é uma estratégia pedagógica embasada em princípios centrais da
aprendizagem de adultos. Tem como característica a valorização da
responsabilidade individual dos estudantes perante as suas equipes de trabalho.
É na fase da preparação individual que os alunos possuem a responsabilidade de
se prepararem previamente para o trabalho em equipe através da realização de
determinadas tarefas. A não realização das atividades individuais resultará em
atraso e, consequentemente, perda de eficiência no desenvolvimento do trabalho
em equipe. Por isso, é muito importante que cada estudante tenha discernimento
do que é trabalhar em equipe.
Uma equipe deve ter como essência a colaboração mútua, o compromisso comum
e a integração. Segundo Katzenbach e Douglas (1993), "o desempenho de um
grupo de trabalho é resultado da soma dos desempenhos individuais”. Assim, o
desempenho de uma equipe, além de incluir os resultados individuais, inclui o
resultado do trabalho coletivo. Beyerlein, (1991) refere que o melhor desempenho
é obtido quando há alta colaboração dentro e entre equipes.
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Segundo Katzenbach & Douglas (1993), o trabalho em equipe apresenta um
conjunto de valores que ajudam as equipes, como um todo, a obterem desempenho,
além de promover o próprio desempenho individual.
Quanto ao aspecto responsabilização dos alunos pela qualidade do trabalho
individual e em equipe, a avaliação por pares sobre a contribuição do estudante
para o sucesso do trabalho em equipe contribui neste aspecto.
ETAPAS DA ABE
Na ABE, cada tema principal (denominado por Michaelsen como “macrounidade”
ou unidade maior) a ser trabalhado em um módulo requer três etapas, que incluem
diversos processos (KRUG,2016). No final do processo o aluno irá verificar cada
tema três vezes.
Duração:
Tempo necessário para o estudante realizar a tarefa
Variável 50 a 90 minutos 50 a 90 minutos
Figura 1: Etapas do TBL e sua duração aproximada.
*Problema significativo, mesmo problema, escolha específica, relatos simultâneos
1. Preparação
•Pré-classe
•Estudos individuais
•Entrevista
•Conferência
•Filmes
•Experiências, etc.
2. Garantia de Preparo
•Na Classe
•2.1 Teste individual
•2.2. Teste em grupo
•2.3 Aplicação do conceito
•2.4 Feedback do professor
3. Aplicação de conceitos
•Na classe (com aplicação das 4 características*)
•Testes múltipla escolha
•Questões verdadeiro ou falso
•Casos clínicos: dignósticos, exames, terapêutica
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Fonte: https://www.zun.com.br/fotos
Preparação consiste no preparo prévio pelo estudante de uma tarefa
proposta pelo professor fora da sala de aula. Esta fase é o primeiro
contato do aluno com a matéria nova. Esta tarefa tem como objetivo a
contextualização da temática e o embasamento para as questões a serem
exploradas, tanto individualmente como em equipe. Este preparo será
conferido na garantia de preparo, que ocorre em sala de aula. Poderá ser
utilizado leitura de textos, filmes, entrevista, conferências, fazer
atividade em laboratório, entre outros. Os textos devem ser simples, de
fácil leitura e não muito longos.
Para o preparo prévio os docentes deverão enviar o Protocolo da fase de
preparação individual para sessão da ABE (ANEXO 1), contendo o nome da
disciplina, do professor, do tema e data da sessão, os objetivos, seleção do
conteúdo contendo as referências bibliográficas: (livro, vídeo, artigo, etc.), o
detalhamento (capítulo do livro, páginas) e os tópicos das referências. O envio do
protocolo deverá ser enviado com no mínimo uma semana de antecedência da
sessão de ABE.
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É necessário que cada aluno tenha compromisso e responsabilidade em relação ao
preparo, pois permitirá de forma efetiva a sua contribuição na equipe.
Fonte: http://bomjardimnoticia.com
Garantia do Preparo é realizada em sala de aula inicialmente por meio de
teste individual e posteriormente o mesmo teste em equipe, com feedback,
possibilidade de apelação e uma breve apresentação do professor.
Finalizado o teste em equipe, o professor recolhe o gabarito e faz um
levantamento com a turma toda sobre as respostas das equipes a cada questão,
de forma que cada equipe possa comparar suas escolhas com as das outras
equipes. Para isso são utilizadas placas, previamente confeccionadas. Neste
momento pode ocorrer a “apelação”, quando a equipe discorda do gabarito. Caso
o professor considere a justificativa adequada e aceitar a resposta da equipe,
apenas a equipe que fez a apelação receberá ponto na questão (Anexo 2).
O processo é seguido por conferência para esclarecimento – quando o professor
faz uma revisão ou discussão breve dos temas abordados no teste para
esclarecer os assuntos para os alunos que não entenderam ou completar
informações que não foram plenamente cobertas pelo teste e preparar para a
fase seguinte, que é a resolução de problemas mais complexos.
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Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=qk6vS8UDT0c
Aplicação de Conceitos consiste na execução de várias tarefas em equipe
propostas pelo professor, que, geralmente, envolvem resolução de problemas e
tomadas de decisão, seguidas por sua apresentação e feedback.
A aplicação de conceitos é a fase mais importante para a consolidação dos
conhecimentos.
Os exercícios apresentam situações e cenários semelhantes aos que os
estudantes vivenciarão ao longo de sua formação e vida profissional. Estes levam
os estudantes a fazer interpretações, cálculos, comparações, previsões, análises,
avaliações e sínteses das informações.
Os exercícios de aplicação, são resolvidos primeiramente em equipe, e em seguida
reúne-se todas as equipes para discutirem as respostas à questão, devendo
explicar e defender sua decisão.
As atividades devem contemplar algumas características chamadas de “4S” em
inglês, que representam Significant, Same, Specific, Simultaneous (BOLLELA et.
al., 2014).
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a. Problema significativo (Significant): Os estudantes resolvem problemas reais,
contendo situações contextualizadas semelhantes aos que vivenciarão ao longo de
sua formação e vida profissional.
b. Mesmo Problema (Same): cada equipe recebe o mesmo problema e ao mesmo
tempo de modo que cada equipe se preocupa com as conclusões e fundamentos de
outras equipes para estimular o futuro debate.
C. Escolha específica (Specific): cada equipe deve buscar uma resposta curta e
facilmente visível por todas as outras equipes.
d. Relatos simultâneos (Simultaneous report): as respostas devem ser
mostradas simultaneamente, de modo a inibir que alguns grupos manifestem sua
resposta a partir da argumentação de outras equipes.
Nesta fase, a “apelação” também é incentivada e segue as mesmas recomendações
na fase de garantia de preparo.
Observação: Assim como nas avaliações tradicionais, o uso do celular ou qualquer
outro material de pesquisa é proibido, tato na fase de garantia de preparo como
na aplicação de conceito.
AVALIAÇÃO DA ABE
A avaliação é feita com base no desempenho dos testes individuais e da equipe,
nos exercícios de aplicação dos conceitos em equipe, bem como na contribuição
do estudante para o sucesso do trabalho da equipe (avaliação por pares).
A contribuição nas atividades de preparo individual para o trabalho em equipe
poderá ser na participação nas discussões, participação em reuniões de equipe
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que possam ter o corrido fora da classe, dar feedback positivo para a equipe após
as discussões, e valorizar as contribuições encorajando outros membros da
equipe.
Para a avaliação por pares, o aluno irá preencher um formulário estruturado
(Anexo 3).
A periodicidade da avaliação por pares seguirá os critérios de cada disciplina pela
especificidade de cada uma. Visa-se com isto incentivar as contribuições
individuais e o princípio de valorização do trabalho em equipe.
Cada sessão de ABE será valorada de 0 a 100. O aproveitamento final, então, será
o resultado da média das notas parciais das diversas sessões de ABE. Cada
componente da ABE tem um peso no sistema de avaliação:
Teste individual de Garantia de preparo: peso 3
Teste em equipe de Garantia de preparo: peso 1
Aplicação do Conceito: peso 2
Média de Avaliação por pares: 0 a 0,5 pontos
A decisão sobre o peso de cada uma destas avaliações poderá ser alterada quando
o NDE/Colegiado de Curso achar conveniente e estarão definidos no plano de
ensino de cada disciplina.
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REFERÊNCIAS BEYERLEIN, MICHAEL. Editorial. Center for the Study of Work Teams- Newsletter, v.1 n.2, 1991.
BOLLELA VR, SENGER MH, TOURINHO FSV, AMARAL E. Aprendizagem baseada em equipes: da teoria à
prática. Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):293-300. Disponível em http://revista.fmrp.usp.br/.
FARLAND MZ, SICAT BL, FRANKS AS, PATER KS, MEDINA MS,PERSKY AM. Best Practices for
Implementing Team-Based Learning in Pharmacy Education. Am J of Pharm Educ2013;77(8).
KATZENBACH, JON R.; SMITH, DOUGLAS K. The discipline of teams. Harvard Business Review,
Março/Abril 1993.
KRUG, Rodrigo de Rosso et al . O “Bê-Á-Bá” da Aprendizagem Baseada em Equipe.Rev. bras. educ.
med., Rio de Janeiro , v. 40, n. 4, p. 602-610, Dec. 2016 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022016000400602&lng=en&nrm=iso>.
access on 11 Dec. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v40n4e00452015.
MICHAELSEN LK, SWEET M. Fundamental principles and practices of Team-Based Learning. In:
MICHAELSEN LK, PARMELEE D, MACMAHON KK, LEVINE RE. Team-Based Learning for health
professions education: a guide to using small groups for improving learning. Sterling, VA: Stylus Publishing;
2008. 9-34
MICHAELSEN LK. Getting Started with Team-Based Learning. In: Michaelsen LK, Knight AB, Dee Fink L.
A Transformative Use of Small Groups. Westport: Praeger Publishers; 2002. 27-52
MCMAHON KK. Team-Based Learning. In: Jeffries WB, Huggert KN. An introduction to Medical Teaching.
New York:Sringer. 2010; 55-64.
PARMELEE D, MICHAELSEN LK, COOK S, HUDES PD. Team-based learning: a practical guide: AMEE
guide no. 65. Med Teach 2012;34(5):e275-e7
PARMELEE DX, MICHAELSEN LK. Twelve tips for doing effective Team-Based Learning (TBL). Med
Teach 2012;32:118-22.
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ANEXO 1
Modelo de Protocolo da fase de preparação individual para sessão da ABE
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ANEXO 2
Roteiro de Apelação
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ANEXO 3
Avaliação por pares
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