Abordagem Ins.tucional do Mercado de Capitais Comparando capitalismos financeiros:
ins2tuições financeiras para superar atraso histórico.
Fernando Nogueira da Costa Professor do IE-‐UNICAMP
h>p://fernandonogueiracosta.wordpress.com/
Tese da Afirmação do BeneHcio Mútuo • As relações econômicas
existentes entre dois grupos de países, os desenvolvidos e os subdesenvolvidos, podem configurar-‐se de forma tal que ambos se beneficiem.
Rechaço da Tese Monoeconômica • Os países subdesenvolvidos possuem
caracterís<cas econômicas dis<ntas dos países industrializados avançados.
• A análise econômica tradicional, inspirada nestes úl2mos países, deverá modificar-‐se, em alguns aspectos importantes, quando se aplica aos países subdesenvolvidos.
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Tipos de Teorias do Desenvolvimento Econômico
Tese Monoeconômica
Aceita Rechaçada
Afirmação do BeneHcio Mútuo
Aceita Economia Ortodoxa
Economia do Desenvolvimento
Rechaçada Marx Teorias Neomarxistas
Teorias Ortodoxas
A Ciência Econômica está integrada por vários teoremas de validez universal: só há uma Ciência Econômica.
Um desses teoremas afirma que, em Economia de Mercado, todos os par<cipantes, sejam indivíduos, sejam países, se beneficiam de todos os atos voluntários de intercâmbio econômico, caso contrário, não os executariam.
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Teoria Marxista
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Marx descreve o processo da exploração
a que esteve sujeita a periferia,
durante o período da acumulação primi<va
no centro.
Marx esboça “a imagem do futuro”
dos países de capitalismo tardio espelhada
no presente das economias mais avançadas.
Ele não diferencia as “leis de movimento”
desses países retardatários das
leis aplicáveis aos países avançados.
Teorias neomarxistas
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A exploração ou o “intercâmbio desigual” é a caracterís<ca essencial das relações existentes entre a “periferia” subdesenvolvida e
o “centro” capitalista.
A estrutura polí.ca e econômica
dos países periféricos é muito diferente
de tudo experimentado pelo centro.
Seu desenvolvimento não pode seguir
a mesma experiência de industrialização sob auspícios do capitalismo.
Teorias Desenvolvimen2stas
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Há fenômeno de poder subjacente às relações econômicas: o comportamento das variáveis econômicas depende, em grande medida, de parâmetros não-‐econômicos.
O enfoque tradicional se preocupa, essencialmente, em mostrar automa<smos via livres forças do mercado.
na caracterização das estruturas e/ou ins<tuições;
na iden2ficação dos agentes significa<vos;
A teoria do desenvolvimento
tende a concentrar-‐se:
nas interações entre determinadas
categorias de decisões e as estruturas e/ou ins<tuições.
Controvérsias em Ciência Econômica
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A evolução da Ciência Econômica é es2mulada por controvérsias.
Implícita na noção de fronteira do conhecimento
está o pressuposto da superação posi<va das controvérsias, fazendo emergir a verdade, e incorporando-‐a ao
estado atual da ciência.
Na “era do neoliberalismo”, desejava-‐se tornar credo dominante,
justamente, o fim das ideologias,
portanto, das controvérsias.
Nesse caso, o modelo vencedor, defini2vamente,
teria sido o idealizado pelos racionalistas: o do livre mercado em escala global.
Capitalismo contra capitalismo
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Economistas heterodoxos passaram a subverter a visão ortodoxa homogeneizante, apontando diferenças persistentes nas ins<tuições e trajetórias dos sistemas, regimes ou modelos
capitalistas.
O capitalismo compe..vo não se estabeleceu, plenamente, em escala
planetária, pelo contrário, está evidente o processo de compe.ção entre
capitalismos.
Esta pluralidade de capitalismos, plena de
implicações teóricas e polí2cas, propiciou a emergência de programa de pesquisa
classificado sob a rubrica “variedades de capitalismo”.
Nacionalismo metodológico
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A Vpica abordagem das variedades do capitalismo
coloca atenção sobre o nível nacional de agregação espacial.
No estágio atual da abordagem das variedades de capitalismo, a metodologia convencional é
a de “nacionalismo metodológico”, embora esteja sob ques<onamento.
Questão-‐chave: há um único capitalismo ou uma variedade significante de capitalismos pode coexis2r mesmo no longo prazo?
Capitalismos nacionais
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Cada nação tende a desenvolver es<lo de capitalismo culturalmente dis<nto.
Cada Estado incorpora
determinada configuração de poder e autoridade, refle2da na criação e operação de suas ins<tuições.
Cada capitalismo tem sua própria configuração de mercado, Estado e outras ins<tuições para a coordenação e a governança dos
setores de a2vidades.
Os analistas acabaram por par.cularizar cada capitalismo,
como fosse nacional ou étnico, tal como o capitalismo norte-‐
americano, o europeu, ou o japonês, etc.
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O capitalismo mundial é combinado e desigual,
pois há diferenças nacionais, temporais e ins<tucionais.
A economia de mercado no mundo é composta de dis<ntos
mercados de capitais, cada qual com mercado de ações, bancos privados e
bancos públicos cumprindo a missão de “dar saltos na história”.
Para .rar a defasagem na dinâmica concorrencial, as nações-‐estados usam
diferentes ins<tuições financeiras.
Em nível mais abstrato, pode-‐se falar em capitalismo mundial, porém, quando se diminui a abstração,
incorporando na análise as ins<tuições financeiras, é necessário datar e
localizar os capitalismos financeiros.
O obje.vo é comparar diversos
mercados de capitais.
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a sociedade tradicional as precondições
para o arranco
o arranco propriamente
dito
a marcha para a maturidade
a era do consumo de massa
Walt W. Rostow: visão monoeconômica
• take-‐off = decolagem, arranco ou impulso brusco, exógeno ao sistema econômico
Essas cinco etapas do desenvolvimento têm conteúdo idên<co para todos os países, independentemente do momento em que cada qual se industrializa.
• Ritmo pentamétrico:
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Alexander Gerschenkron demonstrou que
a industrialização tardia dos países europeus, como na Alemanha e na Rússia,
diferiu da revolução industrial inglesa.
O papel dos bancos e do Estado, na centralização do capital
necessário ao grande inves<mento inicial,
é completamente diferente do representado na industrialização
originária.
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Os países que decidiram industrializar-‐se tenderam a forjar suas próprias polí<cas, ins<tuições, sequências e ideologias, para alcançar
a meta.
Pode haver mais de um caminho em direção ao
desenvolvimento.
Gerschenkron forneceu apoio histórico à
argumentação contra a
monoeconomia.
Questão de contemporaneidade: papel dos bancos na etapa da industrialização
pesada de país de capitalismo tardio
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A historicidade das forças produ.vas capitalistas leva à necessidade do país que se propõe à industrialização pesada dar salto tecnológico que envolve problemas de escala, de dimensão, de mobilização e
concentração de capital suficiente para enfrentar a descon<nuidade tecnológica.
Os diferentes caracteres das industrializações se devem a que as forças produ<vas de cada momento do capitalismo
são dis<ntas.
Há, então, diferentes bases técnicas da qual deve par2r a industrialização de cada país.
Trotsky – lei do desenvolvimento desigual e combinado: sem repe2ção das formas de desenvolvimento em diversas nações
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Situação
historicam
ente atrasad
a força um
povo a
assim
ilar tod
o o realiza
do, antes do prazo previsto,
passan
do por cim
a da
série
de etap
as interm
ediária
s.
Renunciam os selvagens ao arco e à flecha e tomam imediatamente o fuzil, sem que
necessitem percorrer as distâncias que, no passado, separaram estas diferentes armas.
Os europeus que colonizaram a América não recomeçaram ali a História desde seu início.
Se a Alemanha e os Estados Unidos ultrapassaram, economicamente,
a Inglaterra, isso se deveu, exatamente, ao atraso na evolução capitalista
daqueles dois países.
Regimes macro-‐financeiros
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economia de endividamento ou com cobertura financeira
economia de autofinanciamento ou com fundos próprios
Zysman: 2pologia do mercado financeiro
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Modelo dos países anglo-‐saxões: baseado em mercado de capitais;
Modelo franco-‐nipônico: baseado em crédito público;
Modelo germânico: baseado em crédito privado.
Sistemas financeiros nacionais: variações
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Importância dos diferentes mercados na transferência de recursos entre aplicações e inves.mento: sistemas baseados em mercado de capitais X
sistemas baseados em crédito
Maneira pela qual os preços são fixados nesses mercados: preços compe<<vos,
preços de oligopólios privados ou preços fixados pelo governo.
controle de agregados monetários
alocação de recursos entre setores compe<dores
Atuação assumida pelo governo no
sistema financeiro:
administração quan<ta<va direta ou manipulação das
condições de mercado.
Tipos de sistemas financeiros: correlacionados aos modelos de transição
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sistemas financeiros baseados em mercado
de capitais com preços determinados
compe22vamente, 2veram condução empresarial do crescimento.
Estados Unidos e Inglaterra
sistemas financeiros baseados em crédito
e preços administrados, 2veram condução
estatal do processo de salto de etapas.
França e Japão
com uma ins<tuição estatal dominante, dentro de sistema
financeiro baseado em crédito privado,
houve elementos de negociação polí<ca nos processos de mudança.
Alemanha
Tropicalização antropofágica miscigenada
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A economia brasileira possui traços não plenamente desenvolvidos dos três modelos de financiamento a prazo.
crédito privado incipiente
crédito público
insuficiente
mercado de capitais raquí2co
A Negra + Abaporu (O Homem Que Come) = Antropofagia
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Aqui, até agora, se cons2tuiu
“economia de endividamento”, mas não
“economia de mercado de capitais”.
Ainda não houve no mundo nenhuma experiência de
conversão da primeira nessa úl<ma, rpica dos países anglo-‐saxões.
Pelo contrário, mais uma vez (assim como em 1929),
a bolsa de valores de Nova York absorve ações (ADRs) das grandes empresas do resto do mundo, esvaziando as congêneres.
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O desafio histórico será a junção dessas “economias” via securi-zação,
termo oriundo da palavra inglesa “security”.
Significa o processo de transformação de
dívidas com determinado credor em
dívidas com compradores de ]tulos ou contratos originados no montante
dessa dívida.
É a conversão de emprés<mos bancários
(e outros a<vos) em ]tulos (securi<es ou recebíveis)
para a venda a inves2dores, em
mercados secundários organizados.
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