3. 3 Sinopse Aden Stone finalmente conseguiu o que sempre
desejou: um lar, amigos e a namorada dos seus sonhos... Agora ele
tambm o Rei dos Vampiros. O nico problema que um feitio de morte
foi lanado sobre Aden e seus amigos. E se ele no conseguir reverter
essa maldio. Tudo o que conquistou ficar para trs e s lhe restar a
dor e a solido. As trs almas que ainda vivem em sua cabea continuam
a ajud-lo com as habilidades sobrenaturais: possuindo corpos,
ressuscitando os mortos e prevendo o futuro. Essas premonies dizem
que o destino de Aden ser sangrento e cabe a ele evitar isso.
Fazendo as escolhas certas... A batalha contras as sombras
continua. Espcies inimigas se aliam com o objetivo de destruir a
fora que emana de Aden, a princesa vampira Victoria, o fiel lobo
Riley e Mary Ann - que alm de neutralizar poderes especiais
descobre que pode ter outras habilidades. Muitos desafios foram
lanados, alguns enigmas descobertos, mas nada ser capaz de desviar
Aden e seus amigos de lutarem para continuarem vivos e
juntos...
4. 4 Prlogo ADEN STONE SE DEBATIA na cama, lenis estavam caindo
no cho. Quente demais. O suor respingava, fazendo sua samba cano, a
nica pea que vestia, ficar colada em suas coxas. Demais. Sua
mente... Ah, sua pobre e arruinadamente. Tantas imagens piscavam e
se misturavam com a escurido intensa, com o caos horrvel, com a dor
brutal. No posso aguentar... Muito mais... Ele era humano, embora o
sangue ardente dos vampiros agora corresse em suas veias, o sangue
poderoso dos vampiros que permitia que o garoto visse o mundo pelos
olhos do doador, mesmo que apenas por um breve intervalo. Aquilo
era to horrvel! Aden j tinha vivenciado esse tipo de situao antes.
No entanto, naquela noite, ele tinha ingerido sangue de duas fontes
distintas. Acidentalmente, claro, mas essa condio no era relevante
para aquela dor avassaladora. Uma das fontes era sua namorada, a
Princesa Victoria. A outra, Dmitri, o ex-noivo da vampira que havia
falecido. Enfim. Agora os sangues se enfrentavam em um cabo de
guerra pela ateno do garoto. Idas e vindas txicas. Nada demais,
certo? Durante os anos de sua vida, Aden tinha lutado contra
zumbis, viajado no tempo e conversado com fantasmas. Ele devia ser
capaz de rir dessa nova condio. Errado! Ele sentia como se tivesse
ingerido uma garrafa de cido e cacos de vidro como aperitivo. Um
desses o queimava enquanto o outro o cortava em pedaos. E agora ele
estava... Mudando o foco novamente. Ah, Pai. Aden subitamente ouviu
Victoria sussurrar. Aden recuou. Ela tinha sussurrado, sim, mas
alto demais. Os ouvidos do garoto estavam to sensveis quanto o
restante de seu corpo. De alguma forma, ele encontrou foras para
afastar a dor e focar seu olhar. Um grande erro. Claro demais. A
forte melancolia dos arredores de Dmitri tinha aberto caminho para
as cores vibrantes de Victoria. Aden agora enxergava pelos olhos
dela, incapaz de sequer piscar sozinho. Voc foi o homem mais forte
que j existiu. Ela continuou em um tom solene. Para Aden, aquilo
era como se ele estivesse falando, sua garganta raspava como se
estivesse em carne viva. Como voc pde ter sido derrotado to
rapidamente? Como eu pude no saber que isso estava acontecendo?
Pensou Victoria. Ela, seu guarda-costas Riley e sua amiga Mary Ann
tinham levado Aden para casa na noite anterior. Victoria queria
ficar com o garoto, mas ele a dispensara. Aden no sabia como iria
reagir a dois tipos diferentes de sangue em seu corpo e Victoria
precisava estar com os vampiros durante o perodo de luto. Por algum
tempo, ele tinha tentado dormir, agitando-se e revirando-se, seu
corpo se recuperava das agresses que tinha causado... E recebido.
Ento, aproximadamente, uma hora atrs, aquele cabo de guerra tinha
comeado. Graas a Deus, Victoria tinha se retirado. Que pesadelo
terrvel teria sido para Aden ver, pelos olhos da vampira, a si
mesmo, naquela situao pattica, e saber o que ela estava pensando
dele.
5. 5 Quando Victoria pensasse nele, ele queria que ela se
apegasse palavra invencvel. Ou, se isso no fosse possvel, que ela,
pelo menos, se apegasse palavra lindo. Qualquer outro termo, no,
obrigado. Porque ele pensava que ela era perfeita, de todas as
formas. Perfeita e doce, e linda. E dele. A imagem da vampira
invadiu a mente de Aden. Ela tinha cabelos longos e escuros que se
derramavam sobre aqueles ombros plidos; olhos azuis que brilhavam
como cristais; lbios to vermelhos quanto cerejas. Para beijar. Para
lamber. Ele a tinha conhecido h poucas semanas, embora tivesse a
impresso de que a conhecia desde sempre. O que, de uma forma
confusa, era verdade. Bem, ele conhecia Victoria h pelo menos seis
meses, graas s informaes fornecidas por uma das almas que viviam em
sua cabea. Sim, como se vampiros e sangues telepticos no fossem
estranhos o suficiente, Aden dividia sua cabea, agora, com trs
outras almas humanas. Mais que isso, cada uma dessas almas possua
uma habilidade sobrenatural. Julian era capaz de levantar os
mortos. Caleb podia possuir outros corpos. E Elijah tinha o dom de
prever o futuro. Por meio de Elijah, Aden tinha descoberto que
encontraria Victoria antes mesmo de ela chegar a Crossroads,
Oklahoma. Um lugar que, no passado, Aden considerava a filial do
inferno na Terra, mas que agora ele pensava ser o Paraso, muito
embora aquele fosse um solo extremamente frtil para criaturas
supostamente mticas. Bruxas, duendes, fadas, elfos (todos inimigos
de Victoria) e, claro, vampiros. Ah, e lobisomens, os protetores
dos vampiros. E tudo bem. Isso era um monte de criaturas
esquisitas. No entanto, se um mito fosse verdadeiro, de certa forma
fazia sentido que todos os mitos tambm se tornassem verdadeiros. O
que vou fazer com... Victoria comeou a falar novamente, trazendo a
ateno de Aden para o presente. Ele realmente queria ouvi-la
completar a sentena. Entretanto, antes que a vampira pudesse
pronunciar outra palavra, o foco do garoto mudou. Mais uma vez. A
escurido subitamente o envolveu, consumindo-o, fazendo sua ligao
com Victoria desaparecer. Aden voltou a se debater na cama, a dor
explodia por todo o corpo antes de se ligar ao outro vampiro.
Dmitri. O Dmitri morto. O garoto queria abrir os olhos, ver alguma
coisa, qualquer coisa, mas suas plpebras estavam, de alguma forma,
coladas. Em meio a uma respirao trmula, ele sentia o cheiro de
terra e de... Fumaa. Sim. Fumaa. Espessa e nauseante, fazendo sua
garganta coar. Ele tossiu e tossiu. Ou aquilo era Dmitri tossindo?
Dmitri ainda estava vivo? Ou aquele corpo apenas reagia porque os
pensamentos de Aden corriam por uma mente compartilhada? Ele tentou
movimentar os lbios de Dmitri, forar para que palavras sassem para
chamar a ateno de algum. No entanto, os pulmes se apertaram,
rejeitando o ar poludo. E, de repente, ele j no conseguia respirar.
Queime-o. disse friamente algum. Vamos nos assegurar de que o
traidor esteja realmente morto. Ser um prazer. respondeu outro, com
um tom ligeiramente eufrico. Em meio escurido, Aden no conseguia
enxergar os falantes. No sabia se eles eram humanos ou vampiros. No
sabia onde ele estava ou... As palavras do primeiro homem
finalmente foram absorvidas, consumindo os pensamentos de Aden.
Queime-o... No. No, no, no. No enquanto Aden estivesse ali. E se
ele sentisse cada labareda das chamas? No! O garoto tentou gritar.
Novamente, nenhum som saiu.
6. 6 O corpo de Dmitri foi erguido. Aden sentia como se
estivesse suspenso, preso a um fio, com a cabea caindo para trs e
os membros esquecidos. Prximo dali, ele ouviu o estalar daquelas
chamas assustadoras. O calor passava por ele, girando em volta
dele, envolvendo-o. No! Ele tentava se debater, lutar, mas o corpo
continuava sem nenhum movimento. No! Um momento depois, houve um
contato. E, ah, sim. Ele sentiu. As primeiras chamas tocaram os ps
antes de incendiarem... De espalharem-se. Agonia. Agora maior que
qualquer agonia que ele j tinha sentido. A pele estava derretendo.
Msculos e ossos, liquefazendo-se. O sangue, desintegrando-se. Meu
Deus. Ainda assim, ele tentava lutar, afastar-se e correr.
Entretanto, o corpo sem vida se recusava a obedecer. No! Ajuda!
Embora parecesse impossvel, a agonia se intensificou... Ardendo por
todo o corpo, devorando-o, pedao por pedao. O que aconteceria se
ele continuasse ligado a Dmitri at o fim? O que aconteceria se
ele... Pontos de luz piscaram em meio escurido, pontos que cresciam
at se juntarem, e, novamente, ele passou a ver o mundo pelos olhos
de Victoria. Mais uma mudana. Graas a Deus. Aden tremia, to
ensopado de suor que poderia praticamente nadar. No entanto, apesar
da mudana, a dor residual, muito maior que o cido que ainda raspava
nas veias, escorregava dos ps at o crebro. Ele queria gritar. Aden
estava... Tremendo, ele se deu conta. No, Victoria estava tremendo.
Uma mo suave e aquecida encostou-se em seu ombro. No ombro dela.
Victoria olhou para cima, a viso se embaava em consequncia das
lgrimas. A luz da lua brilhava no cu, ele percebeu, assim como as
estrelas. Alguns pssaros da noite voavam, gritando uns para os
outros... Com medo? Provavelmente. Eles deviam sentir o perigo que
estava logo abaixo deles. Victoria baixou o olhar e Aden observou
os vampiros ao redor dela. Todos eram altos, plidos, lindos. Vivos.
A maior parte deles no estava de acordo com a imagem retratada nos
romances. Eles apenas eram diferentes; os humanos eram uma fonte de
comida da qual eles no podiam se importar. Afinal, vampiros viviam
sculos, enquanto os humanos se debilitavam e morriam rapidamente.
Exatamente como Aden logo morreria. Elijah j tinha previsto a morte
do garoto. Essa previso era um saco, sim, mas o pior dos problemas
era como a morte ocorreria: uma faca afiada atravessaria o to
necessrio corao de Aden. O garoto sempre rezava para que esse como
mudasse milagrosamente. At mesmo agora. Uma faca enfiada em um
corao queimando at a morte dentro de um corpo que no pertencia
somente a ele em nenhum dia da semana. E quando ele teria uma
folga, hein? Nada de torturas, nada de lutar contra criaturas, nada
de esperar pelo fim, mas apenas desafios, como ser aprovado no
colgio e beijar sua namorada. Aden se esforou para se concentrar
antes de se enfurecer de uma forma que ele esperava ser incapaz de
amenizar. A manso dos vampiros, escura e misteriosa, se elevava
atrs da multido como uma mistura de casa malassombrada com catedral
romana. Victoria lhe tinha contado que aquela casa estava aqui, em
Oklahoma, h quatrocentos anos e que os vampiros a tinham tomado
emprestada do dono quando chegaram. Aden entendeu que isso
significava que o antigo dono tinha servido um excelente buf de
almoo para os vampiros... Usando seus prprios rgos como prato
principal. Ele era poderoso, voc est certa quanto a isso. disse uma
garota que parecia ter a idade de Victoria. Ela tinha o cabelo da
cor da neve recm-cada, olhos verdes como um campo e o rosto de um
anjo. Ela usava uma toga negra que deixava o ombro plido mostra, a
vestimenta tradicional das vampiras, mas aquilo, de alguma forma,
parecia... Fora do lugar. Talvez porque ela tenha estourado uma
bola de chiclete.
7. 7 Um excelente rei. acrescentou outra garota, colocando a mo
do outro lado do corpo de Victoria. Outra loura, mas dessa vez com
olhos cristalinos como os de Victoria e com o rosto de um anjo
cado. Diferentemente das outras garotas, ela usava um top de couro
preto e calas tambm de couro preto. Havia armas presas cintura e
arame farpado em volta dos pulsos. E no, o arame no era uma
tatuagem. Sim. respondeu Victoria com uma voz suave. Queridas irms.
Irms? Sim, ele sabia que Victoria tinha irms, mas nunca as tinha
conhecido. Elas estavam trancafiadas em seus respectivos quartos
durante o Baile dos Vampiros, cerimnia que tinha como propsito
celebrar o despertar oficial de Vlad, o Empalador, depois de um
sculo de sono. Aden se perguntava se a me de Victoria tambm estaria
aqui. Aparentemente, ela tinha sido presa na Romnia por ter contado
segredos dos vampiros a humanos. Ordens de Vlad. Que cara legal
esse Vlad. Aden era humano e sabia muito mais do que devia saber.
Alguns vampiros (como Victoria) eram capazes de se teletransportar,
viajar de um local a outro usando apenas o pensamento. Portanto, se
a informao da morte do rei j tivesse chegado Romnia, a mame vampira
podia ter chegado a Crossroads em questo de segundos. Mas ele era
um pai terrvel, no era? Continuou a primeira garota enquanto
mascava o chiclete. As trs compartilharam um sorriso pesaroso. De
fato, ele era. disse Victoria. Inflexvel, exigente. Brutal com seus
inimigos e, s vezes, tambm conosco. E, ainda assim, to difcil dizer
adeus. Ela olhou para baixo, encarando os restos mortais
carbonizados de Vlad. Ele foi o primeiro a transformar humanos em
vampiros. Bem, o primeiro de que se teve conhecimento. Seu corpo
estava inteiro, embora queimado a ponto de no ser reconhecvel. Uma
coroa se pendurava negligentemente no topo da cabea calva de Vlad.
Vrios anis decoravam os dedos do vampiro; um tecido de veludo preto
envolvia o peito e as pernas. O corpo morto ainda estava onde
Dmitri o tinha deixado. Havia algum tipo de protocolo sobre mover o
cadver real? Ou aquele povo ainda estava chocado demais para tocar
em Vlad? Eles perderam o rei exatamente na mesma noite em que
deviam se reunir novamente com ele. Dmitri o tinha queimado at a
morte antes de a cerimnia comear e afirmado que o trono agora era
seu. Depois, Aden matou Dmitri, o que significava que o garoto
agora deveria liderar os chupadores de sangue. De todas as pessoas
do mundo, de todos os humanos, Aden. Isso era realmente uma
loucura. Ele seria um pssimo rei. No que ele quisesse tentar ser o
soberano. Aden queria Victoria. Nada mais, nada menos. Apesar de
nossos sentimentos, ele ter um lugar de honra, mesmo depois da
morte. afirmou Victoria. Seu olhar passou por suas irms, chegando
aos vampiros que ainda se aproximavam delas. O funeral dele deve
acontecer... Em alguns meses. interrompeu a segunda irm. Victoria
piscou uma vez, duas vezes, como se tentasse dar partida em seus
pensamentos. Por qu? Ele nosso rei. Ele sempre foi nosso rei. Mais
que isso, ele o mais forte de ns. E se ele ainda estiver vivo sob
toda essa fuligem? Precisamos esperar e observar. Precisamos ter
certeza. No. Aden sentiu o deslizar dos cabelos de Victoria, que
tocavam nos ombros da vampira, enquanto ela sacudia a cabea
violentamente. Isso s vai nos dar falsas esperanas.
8. 8 Alguns meses uma espera longa demais, sim. disse a vampira
de olhos verdes que mascava chiclete. Se Aden estava lendo os
pensamentos de Victoria corretamente, o nome dessa garota era
Stephanie. Mas concordo que esperar um pouco antes de crem-lo uma
escolha inteligente. Assim podemos fazer todos se acostumarem com a
idia de que vamos ter um rei humano. Ento, por que no chegamos a
esse acordo, hein? Vamos esperar, ah, no sei, um ms. Podemos manter
nosso pai em uma cripta subterrnea. Em primeiro lugar, a cripta
para nossos humanos mortos. E, em segundo lugar, um ms ainda tempo
demais. Victoria rangeu os dentes. Se temos que esperar... Ela fez
uma pausa at que suas irms acenassem com a cabea, concordando. Ento
vamos esperar... Metade de um ms. Ela queria dizer um dia, talvez
dois, mas sabia que essa sugesto seria recebida com resistncia. E,
assim, Aden teria tempo para se acostumar com a idia de ser rei. A
outra irm passou a lngua sobre os dentes muito brancos, muito
afiados. Muito bem. Concordo. Esperaremos quatorze dias. E, sim, ns
vamos mant-lo na cripta. Ele ficar preso l dentro, o que vai evitar
que qualquer rebelde que ainda exista por a, o machuque ainda mais.
Victoria suspirou. Sim. Tudo bem. Voc concordou com a minha condio,
portanto, vou concordar com a sua. Nossa! Ningum precisou partir
para a violncia para ganhar a discusso. A mudana de governo j est
funcionando a seu favor. Stephanie estourou outra bola de chiclete.
Ento, enfim, de volta ao nosso querido pai. Ele tem sorte, vocs
sabem. Ele morreu aqui, ento vai poder ficar aqui. Se isso tivesse
acontecido na Romnia, o resto da famlia cuspiria na cripta. Houve
um momento de silncio intenso antes que suspiros de indignao
preenchessem o local. O que foi? Stephanie abriu os braos, toda
inocente. Vocs sabem que esto pensando a mesma coisa. Graas a Deus!
Victoria no teria de ir para sua terra natal para participar do
funeral, Aden no conseguiria viajar com ela, afinal, ele vivia no
Rancho D&M, uma casa de recuperao para jovens rebeldes, tambm
conhecidos como delinquentes indesejados, onde todas as suas aes
eram monitoradas. Todos acreditavam que Aden era esquizofrnico,
afinal, ele conversava com as almas que moravam dentro da prpria
cabea. E isso lhe havia rendido uma vida de remdios e hospitais.
Esse rancho era a tentativa final do sistema para tentar salv-lo e,
se ele estragasse essa chance, seria transferido. Boom. Feito.
Adeus. Em outras palavras, Aden teria uma vida de confinamento em
um quarto acolchoado. Ele perderia Victoria para sempre. Cale a
boca, Stephanie, antes que eu tenha de for-la a fazer isso. Vlad
nos ensinou a sobreviver e a fazer que os humanos no saibam que ns
existimos. Ele nos tornou uma lenda, um mito. Tambm ensinou nossos
inimigos a nos temerem. S por isso, ele j tem meu respeito. disse a
irm de olhos azuis, Lauren... Lauren, esse era o nome dela. Lauren
virou a cabea para o lado, subitamente tornando-se pensativa. E o
que voc vai fazer com relao ao mortal enquanto o prazo de quatorze
dias j est correndo? O Aden... Da Victoria? Stephanie apertou a
sobrancelha. Esse o nome dele, certo? Haden Stone, conhecido pelo
povo dele como Aden, sim. respondeu Victoria. Mas eu...
9. 9 Seguiremos o governo dele. disse uma voz masculina,
interrompendo a vampira. Porque, e me diga se voc j ouviu isso, ele
nosso governante. Era Riley, o lobo e segurana de extrema confiana
de Victoria, falando enquanto se aproximava do meio crculo que as
garotas formaram. Riley olhou para Lauren. Se voc no entende isso,
avise-me que desenho. Aden matou Dmitri, Aden est no comando. Ponto
final. Lauren fez uma carranca para ele. As presas da vampira
estavam mais afiadas que antes. Veja l como voc fala comigo,
cachorrinho. Eu sou uma princesa. Voc no passa de um funcionrio
contratado para nos servir. Mais suspiros reverberaram. Aden
continuava sem conseguir visualizar a multido, mas ela subitamente
preenchera sua linha de viso enquanto Victoria os estudava, pronta
para agir se algum atacasse sua irm. Eles claramente no gostavam de
ver o lobo receber insultos. Nem ela. Os lobos mereciam respeito,
muito mais respeito do que era exigido at mesmo para Vlad. Os lobos
podiam... Aden pestanejou quando Victoria limpou a mente. A vampira
fazia esforos para se concentrar no que estava acontecendo sua
volta. Os lobos eram mais importantes que os vampiros?, Aden se
perguntava. Mais importante que a realeza dos vampiros? Por qu?
Riley deu risada, um humor genuno. Seu ressentimento est
aparecendo, Lore. Se eu fosse voc, tomaria cuidado. Dessa vez,
Lauren ignorou Riley, voltando os olhos cristalinos para Victoria e
esbravejando. Traga Aden aqui amanh noite. Todos vo conhec-lo.
Oficialmente. E mat-lo antes mesmo de terem se passado quatorze
dias? Sim. Victoria consentiu com a cabea, mas no revelou, nem por
palavras, nem por aes, seu temor repentino. Est bem. Amanh voc
conhecer seu novo rei. Enquanto isso, devemos ficar de luto. A
conversa terminou com todos devidamente castigados. Victoria
suspirou e olhou para o corpo de seu pai. O que significava que
Aden estava olhando para o pai da vampira. Ele refletiu sobre os
restos mortais carbonizados, pensando sobre qual teria sido a
aparncia do rei antes do ocorrido. Alto e forte, certamente. Teria
ele olhos azuis como os de Victoria? Ou verdes como os de
Stephanie? Os dedos de Vlad se moveram, fechando a mo. Aden ficou
paralisado. Ele certamente estava tendo alucinaes. Devia mesmo
estar tendo alucinaes, ele pensou, porque Victoria no parecia ter
notado o fato estranhssimo enquanto Aden observava pelos olhos
dela. Os dedos de Vlad se desenrolaram. Mais uma vez, Aden ficou
paralisado, esperando, avaliando, com o corao espancando as
costelas. No era imaginao. Ele no podia ter imaginado aquilo
porque, mesmo enquanto o pensamento se formava, aqueles dedos se
debateram como se quisessem se enrolar novamente. Movimento,
movimento verdadeiro. E movimento era sinnimo de vida. Certo? Por
que Victoria no tinha notado? Por que ningum notou? Talvez eles
estivessem perdidos demais em meio ao sofrimento. Ou talvez o corpo
de Vlad, que no passado fora considerado imortal, estivesse apenas
expelindo seus ltimos sinais de existncia. De qualquer forma,
Victoria precisava saber daquilo que o garoto tinha visto.
Victoria, Aden tentou projetar a voz, desesperado para conseguir a
ateno da vampira. Nada. Nenhuma resposta. Victoria! Ela acariciou o
brao de Vlad, antes de se levantar para instruir o maior dos
vampiros a levar o corpo de seu pai para dentro, para os
preparativos do funeral. Victoria claramente no ouvia Aden.
10. 10 E ento era tarde demais. O mundo de Aden mudou,
realinhou-se, a escurido o envolvia novamente. No, no era escurido.
Era luz. Tanta luz! Chamas azul-esbranquiadas cobriam todo o corpo
de Dimitri e, por consequncia, o corpo de Aden. Queimando,
causticando o que sobrava dele. Dessa vez, Aden gritou. E se
debateu. Ele tambm morreu.
11. 11 Um MARY ANN GRAY ESTUDAVA cuidadosamente seu reflexo no
grande espelho de corpo inteiro que havia em seu quarto. Maquiagem:
leve e perfeita. Cabelos: escuros e sem um n sequer. Cabelos:
uniformes, ela ousaria pensar? Sedosos. Roupas: uma impecvel
camiseta com detalhes em renda e calas jeans skinny. Sapatos: botas
para caminhada. Ela havia trocado o cadaro branco e fino por um
mais grosso e cor-de-rosa, o que dava um toque de feminilidade.
Certo. timo. Mary Ann estava oficialmente pronta. Respirando fundo
e um pouco trmula, a garota juntou os livros, colocou-os na
mochila, jogou-a sobre o ombro e caminhou at o andar inferior, em
direo cozinha. Seu pai a esperava com o caf da manh preparado. O
estmago de Mary Ann se revirou em protesto. Ela teria de fingir
comer porque duvidava que conseguisse engolir uma nica garfada que
fosse. A garota simplesmente estava uma pilha de nervos. Da sala de
estar ela ouviu o barulho das panelas batendo umas contra as
outras, da gua estalando contra a pia e um suspiro de homem...
Derrotado? Pouco antes de dobrar o ltimo canto do corredor, Mary
Ann parou e apoiou o ombro contra a parede, perdendo-se em
pensamentos. Algumas semanas atrs, ela e o pai haviam entrado em
territrio desconhecido um territrio horrvel e incerto. Seremos
sempre sinceros um com o outro, ele costuma dizer a ela.
O-tempo-todo. Obviamente, ao mesmo tempo, ele alimentava as
mentiras sobre a me biolgica dela. A mulher que a criara no lhe
dera a luz, mas era, sim, sua tia. Na verdade, sua me biolgica
tinha a habilidade de viajar no tempo, de se transformar em verses
mais jovens dela mesma e, ainda assim, seu pai se recusava a
acreditar nela, considerava-a instvel. A mulher tampouco podia
provar o contrrio, pois estava morta e seu esprito havia seguido
seu caminho. Ela havia deixado Mary Ann para sempre. Deus, a perda
ainda doa. A garota teve a oportunidade de passar um dia com ela.
Um dia maravilhoso, perfeito, porque Eve, sua me, era uma das almas
presas dentro da cabea de Aden, amigo de Mary Ann. Mas logo depois,
boom. Eve se fora. Lgrimas queimaram os olhos enquanto ela se
lembrava da despedida, mas Mary Ann as conteve. Ela no poderia se
permitir chorar. Seu rmel borraria e ela acabaria parecendo uma
vtima de abuso domstico quando Riley passasse para peg-la. Riley.
Meu namorado. Sim. Mary Ann pensaria em Riley e se concentraria no
futuro em vez de se prender ao passado. Os lbios at se curvaram
levemente, esboando um sorriso, enquanto o corao acelerava
descontroladamente. Ela no o vira desde que foram juntos ao Baile
dos Vampiros, quando o rei do povo de Riley havia sido morto e Aden
nomeado o novo soberano dos vampiros. No que Aden quisesse ter esse
ttulo ou as responsabilidades que isso certamente acarretava.
12. 12 Claro, aquilo tudo havia acontecido no sbado anterior.
Porm, um intervalo de dois dias parecia eternidade quando o assunto
era Riley. Ela estava acostumada a v-lo todos os dias no colgio,
alm de todas as noites, quando ele entrava escondido em seu quarto.
E, sinceramente, Mary Ann nunca havia gostado de ningum como
gostava dele. Talvez porque no houvesse ningum como Riley. Ele era
intenso e inteligente, doce (com ela) e protetor. E sexy. Todos
aqueles msculos... Fortes depois de tantos anos correndo como um
lobisomem mutante e lutando como o guardio de uma vampira. Esses
dois fatos eram o que forjava as muitas facetas da personalidade de
Riley. Como guardio, ele era frio e distante (com todos, exceto com
ela). Precisava ser. Essa era a nica forma de realizar um trabalho
to violento. Porm, como lobisomem, era suave, caloroso e
aconchegante. Mal posso esperar para abra-lo outra vez, ela pensou,
abrindo o sorriso. Voc vai ficar de p a o dia todo? Gritou seu pai.
A garota voltou ao mundo real; seu sorriso desapareceu. Como ele
sabia que ela estava ali? Acabe com o massacre emocional matutino.
Levantando a cabea, ela marchou pelo restante do caminho at a
cozinha e sentou-se mesa, deixando a mochila cair nos ps. Seu pai
colocou um prato com panquecas diante dela. Os aromas de blueberry
e melao revestiam o ar. Os favoritos de Mary Ann. Seu estmago tinha
melhorado consideravelmente enquanto ela pensava em Riley, mas,
mesmo assim, a garota no acreditava que conseguiria comer. Ou
melhor, no queria arriscar as possveis consequncias por exemplo,
vomitar na frente de seu novo namorado. O pai de Mary Ann relaxou o
corpo na cadeira do outro lado da mesa. Os cabelos louros estavam
arrepiados, como se ele os tivesse puxado algumas centenas de
vezes. Os olhos cor do cu estavam opacos e circulados por grandes
olheiras. Linhas de tenso brotavam da boca, dando-lhe um aspecto de
algum que no dormia h semanas. Talvez fosse verdade. Apesar de
tudo, Mary Ann detestava v-lo assim. Ele a amava, ela sabia disso.
Porm, esse era o motivo pelo qual a traio havia se transformado em
um evento to doloroso. E por doloroso, ela entendia enfiar a cabea
em um moedor de carne e usar o produto como isca de pescaria. Pai.
disse a garota no exato momento em que ele disse: Mary Ann. Eles se
encararam por um momento e ento sorriram. Aquele era o primeiro
momento afetuoso que eles compartilhavam h semanas. E aquilo era...
Bom. Voc primeiro. disse a garota. Ele era mdico, um psiclogo
clnico, e, portanto, extremamente ardiloso. Com apenas algumas
palavras, era capaz de faz-la expressar seus sentimentos, sem que
ela sequer percebesse que havia aberto a maldita boca. No entanto,
hoje ela arriscaria deixar os sentimentos escapar porque no fazia
idia de como dar incio conversa. Ele puxou algumas panquecas para
seu prato. Eu s queria dizer que sinto muito. Por cada mentira. Por
tudo. E eu fiz isso para proteger voc, Mary Ann. Um bom comeo. Ela
seguiu o exemplo e encheu seu prato. Depois, continuou mexendo na
comida, fingindo comer. Me proteger de...? Do estigma de pensar que
sua me era uma desequilibrada. Do pensamento de que voc teria, de
alguma forma... De que voc teria... Matado minha me? As palavras
rasparam na garganta repentinamente apertada de Mary Ann. Sim. ele
sussurrou. Voc no fez isso, voc sabe. No foi culpa sua.
13. 13 Sua verdadeira me, Anne (que Aden conhecia como Eve)
morrera durante o parto. Esse tipo de coisa acontece s vezes, no
mesmo? No havia motivos para o pai culp-la. Mas ele tambm no sabia
de toda a verdade. Ele no sabia que Mary Ann neutralizava
habilidades paranormais. Ela mesma havia descoberto isso h pouco
tempo e tudo o que sabia a respeito era que sua mera presena
evitava que as pessoas (e as criaturas) empregassem seus dons Se no
fosse por Aden, Mary Ann jamais teria descoberto nem mesmo isso.
Esse seu amigo era o maior apoio de atividade paranormal de todos
os tempos. (E tomara mesmo que fosse. Porque qualquer pessoa mais
forte... Calafrios.) Durante a gravidez, a me da garota enfraquecia
mais e mais. A pequena Mary Ann literalmente sugava a vida de sua
me. E ento, assim que ela nasceu, Anne/Eve simplesmente se foi.
Direto para Aden, pensou Mary Ann, suspirando. Aden, que nascera no
mesmo dia, no mesmo hospital. Aden, que tambm havia atrado trs
outras almas humanas (ou fantasmas) para dentro da cabea. Porm,
Anne/Eve no se lembrou de Mary Ann logo no primeiro momento suas
memrias se perderam quando ela entrou na cabea do garoto. Quando
eles entenderam o que havia acontecido, sua me teve acesso a tudo o
que mais queria na vida, quilo que lhe tinha sido negado quando ela
morreu: um nico dia com Mary Ann. E quando o desejo foi realizado,
Anne/Eve desapareceu. E nunca mais foi vista. E nunca mais disse
nada. Estmago... Revirando... Outra vez... Seu pai no sabia de nada
disso, e Mary Ann tampouco estava disposta a lhe contar. De
qualquer forma, ele no acreditaria. Acharia que era desequilibrada
como a me. Mary Ann. sussurrou o pai da garota. Por favor, diga
como voc est se sentindo. Diga o que pensou quando eu... O som da
campainha salvou o pai do tormento de terminar aquela frase, e a
filha, da angstia de ter de criar uma resposta. Com o corao
palpitando intensamente, a garota pulou. Riley. Ele estava aqui. Eu
atendo. disse ela, apressando-se. Mary Ann... Mas ela j atravessava
a cozinha, correndo em direo porta da frente. No momento em que a
espessa porta de cerejeira se abriu, a garota pde ver Riley do
outro lado tela. Seu estmago se acalmou completamente. Ele abriu
aquele sorriso de bad boy, meio malvado, meio realmente malvado.
Oi. Oi. Sim. Sexy. Ele tinha os cabelos negros e os olhos
verde-claros. Era alto, tinha o corpo de um jogador de futebol
dedicado que tambm se interessa por levantar pesos. Os ombros eram
largos; a barriga, trincada. Infelizmente, ela no podia ver aquele
tanquinho, de dar gua na boca, por debaixo da camiseta. A cala
jeans estava um pouco larga em volta daquelas pernas fortes, e os
sapatos sujos de terra. Espere a. Ela havia feito um exame corporal
completo? Sim. Com as bochechas esquentando, ela voltou o olhar
para o rosto de Riley, que claramente segurava o riso. Aprovado?
Perguntou ele. O calor se intensificava. Sim, mas eu ainda no tinha
terminado. respondeu Mary Ann. Ele no tinha o tipo de beleza de um
modelo masculino, mas era vigorosamente interessante, com um nariz
ligeiramente torto (talvez por ter sido quebrado tantas vezes) e um
maxilar quadrado. E ela havia beijado aqueles lbios maravilhosos
apenas uma vez.
14. 14 Quando nos beijaremos outra vez? Mary Ann estava pronta.
Mais que pronta. Aquele beijo tinha sido o pice da diverso que sua
lngua j experimentara. Ele abriu a boca para dizer algo e ento a
fechou rapidamente. Passos ecoaram atrs da garota, e ela ento se
virou. Seu pai se aproximava balanando a mochila no brao. Ela se
aproximou, pegou a mochila e se apoiou na ponta dos ps, beijando a
bochecha do pai antes de se despedir. A gente se v mais tarde, pai.
Obrigada pelo caf da manh. A tenso no rosto do homem diminuiu
ligeiramente. At mais tarde, querida. Espero que voc tenha um timo
dia. Voc tambm, pai. Ele encarou o garoto ainda parado na entrada.
Riley. cumprimentou severamente o pai de Mary Ann. Eles haviam se
conhecido apenas brevemente. O pai da garota no sabia, mas Riley
era mais velho que ele. Algo do tipo... Cem anos mais velho. Sendo
um mutante, Riley envelhecia lentamente. Muito, muito lentamente.
Dr. Gray. respondeu Riley, respeitoso como sempre. Mary Ann. disse
o pai da garota, voltando-se para ela. Talvez seja melhor voc levar
uma jaqueta. Era 1 de novembro e a cada dia fazia mais frio. No
entanto... Eu vou ficar bem. Riley a manteria aquecida. Prometo.
Simpatias terminadas, Mary Ann voltou at a porta, abriu a tela com
o ombro e segurou a mo quente e calejada de Riley. A garota
estremeceu. Ela adorava toc-lo. Como humano e como lobo. Enquanto
andavam, ele tomou a mochila com a mo livre. Obrigada. De nada. A
manh estava agitada, embora o sol se escondesse atrs das nuvens e o
cu estivesse cinza escuro, Os melros cantavam ininterruptamente
(eles ficavam em Crossroads durante todo o ano) e o ar estava
fresco e revigorante. Ainda de mos dadas, eles passaram pelas casas
vizinhas de Mary Ann. Cada uma delas tinha a forma de uma estao de
trem antiga, com pilares, deques, madeira colorida e telhados
inclinados sobre dois andares. Ao passarem pela ltima das casas,
aproximaram-se de uma muralha de tijolos que se estendia por quase
um quilmetro, fazendo divisa com a densa floresta que se erguia
logo atrs. As rvores enormes ostentavam agora folhas amarelas e
vermelhas. O pai de Mary Ann sups que ela e Riley tomariam o
caminho mais longo at a escola, seguindo pelas ruas seguras e
pavimentadas, evitando cortar o caminho pela floresta. Mas ele
estava errado. Tem horas que uma garota precisa ficar sozinha com
seu namorado, longe de olhos espreitando. Ou de ouvidos. A
caminhada at Crossroads High era um desses momentos. No acredito
que tanto tempo se passou desde a ltima vez em que nos vimos. disse
Mary Ann. Eu sei. Sinto muito. Para mim tambm pareceu uma
eternidade. Eu queria ver voc, acredite, mas muitos vampiros tm
aparecido em casa para os preparativos do funeral de Vlad. Sinto
muito. disse a garota suavemente, enquanto apertava a mo de Riley.
Pela morte. Sei que voc o respeitava.
15. 15 Obrigado. Precisamos esperar quatorze dias antes de
realizarmos o funeral... No, agora so mais treze dias, eu acho.
Depois disso, Aden ser oficialmente coroado rei. Por que esperar
quatorze dias? Mary Ann no queria nem imaginar o aspecto do cadver
depois de duas semanas. Riley encolheu os ombros. Ele era um rei.
As pessoas querem estar realmente certas de que ele morreu. Espere
a. Pode ser que ele esteja vivo? No. Mas voc acabou de dizer que...
Que as pessoas querem estar certas de que ele morreu, eu sei, mas
ainda esto impressionadas, esperanosas. Nada desse tipo aconteceu
antes aquele povo. Mary Ann conseguia entender. Ela ficou bastante
confusa depois que suas duas mes morreram. Pelo menos Aden ficar
feliz com esse adiamento. Acho que ele no est muito entusiasmado
com essa histria de ser rei. Ah, ele j rei. No h dvidas quanto a
isso. Nem mesmo Vlad conseguiria se recuperar de queimaduras to
severas. E Mary Ann se viu novamente dizendo: Mas voc acabou de
dizer que... Eu sei, eu sei. A questo que, vivo ou morto, Vlad no
est os governando e algum precisa governar. Do contrrio, haver
caos, desertores e tentativas de tomada de poder. De qualquer
forma, com um humano no controle, provavelmente haveria caos,
desertores e tentativas de tomada de poder. Alm do mais, todos
esto... Ansiosos para conhecer Aden, para conhecer os planos que
ele tem para o cl. Continuou Riley. Ansiosos. Claro. At parece.
Sinto muito, Aden, ela pensou, suspeitando que o garoto ficaria
frustrado ao ouvir aquilo. Parece que voc vai ter que se sacrificar
pelo grupo. Agora que as questes de vida ou morte esto fora do
caminho, voc precisa me dizer. Voc est bem? Riley lanou um olhar
preocupado para ela. Depois de tudo o que voc presenciou, ando um
pouco preocupado. Estou bem, eu juro. E ela estava. Sim, no baile
ela tinha visto humanos serem reduzidos a nada alm de refeio viva
para os chupadores de sangue. Sim, ela tinha visto Aden lutar e,
finalmente, matar um dos sanguessugas, queimando-o da mesma forma
que o vampiro havia queimado Vlad e depois o apunhalando em seu
ponto mais vulnervel: o olho. E, sim, pode ser que aquelas imagens
sangrentas a assombrassem por toda a vida. Apesar de tudo, graas a
Aden e Riley, ela estava viva, e todo o resto parecia no importar
quando comparado com isso. E voc? Voc est bem? Perguntou Mary Ann.
Ele era um guerreiro e provavelmente o simples fato de ousar fazer
essa pergunta o tivesse insultado. Ainda assim, ela precisava ouvir
a resposta da boca dele. Agora estou. ele respondeu e ento sorriu.
Um sorriso que a derreteu como um sorvete sob o sol. Certo.
Lembre-o das outras questes de vida ou morte, para que voc consiga
se concentrar em outra coisa. Como em limpar as amdalas de Riley.
Acredito que seja bom saber que nada acontecer com os vampiros por
duas semanas. Temos de ir a uma reunio com as bruxas. Ou melhor,
Aden tem de ir.
16. 16 Ugh! Ela odiava at mesmo pensar naquelas bruxas. Em como
elas podiam ser to poderosas. Em como conseguiam ser to
indiferentes. Em como ela literalmente morreria se Aden no
aparecesse naquele encontro. Algumas semanas atrs, aquelas bruxas
haviam lanado um feitio sobre eles. Um maldito feitio da morte. Se,
em cinco dias, Aden no fosse a uma reunio com elas, Mary Ann, Riley
e Victoria, a namorada de Aden, morreriam. Simples assim. E
complicado assim. Ningum sabia onde o encontro aconteceria, nem
mesmo onde as bruxas ficavam. O que impossibilitava um encontro com
elas. Talvez essa fosse inteno delas desde o incio. Estmago
queimando outra vez. E, no entanto, aquilo no parecia real. Elas
haviam amaldioado Mary Ann com a morte se Aden no fosse ao encontro
e, ainda assim, a garota se sentia bem. Saudvel, completa, como se
ainda tivesse dcadas, e no dias, de vida pela frente. Seu corao
simplesmente deixaria de funcionar? Ou ela estava se enganando?
Nada aconteceria e o feitio seria apenas uma brincadeira? Uma forma
de aterroriz-la? Mary Ann tinha passado toda a noite anterior
pesquisando sobre bruxas e feitios, e formas de quebr-los. As
informaes mudavam de acordo com a fonte. A fonte em que ela mais
confiava, no entanto, era Riley, e ele disse que feitios, uma vez
proferidos, so inquebrveis. Os msculos da mo de Riley estremeceram,
trazendo Mary Ann de volta ao presente. Acredite, no me esqueci do
encontro. A voz do mutante agora soava inexpressiva. Uma tentativa
de no assust-la? Agora era tarde demais. Embora a perspectiva no
parecesse real, Mary Ann ainda estava muito assustada. Riley
acreditava piamente no poder das bruxas, o que significava que, no
fundo, ele acreditava que todos daquele grupo logo morreriam. Voc
tem idia de onde ocorrer esse encontro? Perguntou a garota, embora
j soubesse a resposta. Ainda no, mas estou tentando descobrir. Que
frustrante! No que ela estivesse frustrada com ele, claro que no,
mas com toda aquela situao. Tudo vai ficar bem. disse Riley, como
se sentisse que ela ficava mais incomodada a cada minuto. Ele
provavelmente sentia isso. Ele podia ler auras e, portanto, emoes.
Ns vamos dar um jeito nisso. Prometo. Eu jamais deixaria algo de
ruim acontecer a voc. Mary Ann confiava nele. Ah, como ela
confiava. Mais que em qualquer outra pessoa. Ele nunca mentia para
ela. Mostrava os fatos, de forma direta, de forma nua e crua,
independentemente de quo duros eles pudessem ser. Finalmente, os
dois chegaram ao muro e, embora no estivessem nem um pouco prximos
do porto, pararam. Sem dizer uma palavra, Riley pulou sobre a
estrutura de mais de dois metros. Seus movimentos cheios de charme
faziam o pulo parecer perfeito. Sorrindo, ele reclinou o corpo e
ofereceu ajuda a Mary Ann. Mesmo assim, ela precisava usar toda a
sua fora para alcanar a mo de Riley. Provavelmente, ela parecia um
coelho convulsivo, pulando enquanto esticava a mo para conseguir
alcan-lo. No entanto, assim que os dedos se entrelaaram, ele a
puxou sem esforo algum. Obrigada. Por tudo. disse ela enquanto se
equilibrava. E no quero mudar de assunto, mas voc acha que Tucker
ficar bem? Tucker. Ex-namorado de Mary Ann. Eles o haviam resgatado
no Baile dos Vampiros, evento em que ele fora escolhido como
cardpio da noite.
17. 17 Riley pulou no cho do outro lado do muro. Novamente, o
movimento foi perfeito e o impacto do pouso, quase inaudvel. Ele
sobreviver. Infelizmente. Ela pensou ouvir uma pontada de cimes.
Ele parte demnio, lembra? Riley levantou os braos, esperando por
ela. Os demnios se recuperam mais rpido que os humanos. Ela tinha
feito isso tantas vezes que sequer hesitou; ela tambm pulou. O
garoto a segurou e a ajudou enquanto ela deslizava por seu belo
corpo, at os olhares finalmente se encontrarem. As palmas das mos
de Mary Ann se ergueram e se apoiaram no peito de Riley. O corao
dele batia forte. E o dela tambm. Demnio. Como se eu pudesse
esquecer. Aquele sangue de demnio era o nico motivo pelo qual
Tucker a tinha namorado. Mary Ann o acalmava, como ele havia
confessado aps o fim do namoro. Um fim que aconteceu sem brigas. No
porque ele a amava, mas porque ele precisava de mais daquele
calmante, como se Mary Ann fosse um sedativo. E talvez ela fosse. s
vezes ela se perguntava se esse seria o motivo de Riley estar com
ela. Porque ela tambm o acalmava. Afinal, ele tambm era uma
criatura sobrenatural, e a presena de Mary Ann devia acalmar o
animal selvagem e feroz que havia dentro dele. Mesmo que fosse
isso, ela ainda iria querer ficar com ele. Mary Ann estava viciada
em Riley e adorava aquele seu lado selvagem. No entanto, ela ainda
queria que ele a desejasse por quem ela era, e no pelo que ela
podia fazer. De qualquer forma, Mary Ann sempre poderia ficar
contente em saber que agora ela acalmava e no sugava as energias,
como fizera com sua prpria me. Voc parece triste. disse Riley,
inclinando-se para o lado enquanto a observava. Por qu? Pensar em
sua me sempre a deixava melanclica, mas esse no era motivo da emoo
que brotava em seu ser. Estou... O que ela poderia dizer? Ela no
queria mentir para ele, mas tampouco queria confessar seus medos.
Seu medo de talvez no ser to interessante quanto a habilidade que
possua. Ela pareceria carente e sua auto-estima pareceria baixa.
Essa voc? Voc isso? Sem avisar, Riley a empurrou para a esquerda.
Mary Ann gritou enquanto todo o mundo parecia girar. De repente,
ela se viu com as costas pressionadas contra o tronco de uma rvore,
O choque no foi intenso. Mos fortes amorteceram a pancada e a
garota nem sequer saberia que havia algo atrs dela, se no fosse por
sua incapacidade de mover. No que ela quisesse se mover. No momento
seguinte, Riley a imobilizou completamente, prendendo-a ali,
colocando as mos sobre suas tmporas. Estamos sendo atacados? Ela
conseguiu dizer. Algo (ou algum) os estaria ameaando? Haveria...
Voc linda, sabia? Disse Riley, com a voz rouca. Nenhuma ameaa,
ento. Ela se derreteu. O... Obrigada. De qualquer forma, Mary Ann
no sabia se concordava com o elogio. Talvez ela pudesse ser chamada
de graciosa em seus melhores dias. Ela apenas... Bem, tinha um
rostinho de beb. Um pouco arredondado, com covinhas. Pele
bronzeada, como a de sua me (o nico atributo do qual ela realmente
gostava) e olhos castanho-claros. Voc tambm. Quero dizer... Voc
tambm uma graa. No sou, no. disse ele, contrariado, embora seus
olhos brilhassem como esmeraldas. Sou msculo.
18. 18 Mary Ann deixou uma risada escapar. Definitivamente
msculo. No sei o que eu estava pensando para dizer que voc uma
graa. Perfeio seria uma palavra melhor para definir aqueles traos
fortes. Voc me perdoa? Sempre. Riley se inclinou, encostando o
nariz no pescoo de Mary Ann, e inspirou. Eu j falei que voc tem um
cheiro maravilhoso? Algo como cookies com acar e baunilha. o creme
que uso. Aquela voz sem f6lego era realmente dela? Bem, seu creme
vai me fazer morder voc. E esse era o plano. Ah,? ! Riley levantou
a cabea, mas apenas ligeiramente, e a ponta do nariz deles se
tocaram. Ele estava ofegante, assim como ela. Portanto, toda vez
inspirava, ela sentia o cheiro dele. Ela poderia ter cheiro de
cookies, mas ele tinha o cheiro da floresta que os cercava.
Selvagem e natural, e necessrio. Mary Ann cobriu a nuca de Riley
com uma mo, enquanto apoiava a outra sobre o corao dele. Os
batimentos agora estavam mais rpidos, to rpidos que ela nem sequer
conseguia contar. O calor dele a envolvia como um casaco de
inverno, mantendo-a bem aquecida, exatamente como ela esperava.
Riley? Sim. Essa palavra nica foi um rosnado baixo e tremido. Por
que voc se sentiu atrado por mim? Por Deus! Ela tinha mesmo
perguntado isso? E, sim, ela soava carente. Querendo receber
elogios, querida? Tudo bem. Estou com voc porque voc corajosa.
Porque voc doce. Porque se importa com seus amigos. Porque toda vez
que olho para voc, meu corao bate freneticamente, como
provavelmente pode sentir agora, e eu consigo pensar em passar mais
tempo com voc. Ah! Que lindo! Uma reposta boba, mas ela no sabia o
que mais poderia dizer. Ele tinha acabado de abalar o mundo dela. E
agora ela queria abalar o mundo dele. Me beije. Pouco a pouco, ela
se aproximou, e a boca deles estava cada vez mais perto. Com todo o
prazer. E ento os lbios se encontraram. Mary Ann automaticamente
abriu a boca, deixando a lngua de Riley atravessar, e aquilo era
como ser atingida por um raio. Eletrizante. To bom! O gosto de
Riley era to bom, to selvagem, to natural quanto seu cheiro. To
necessrio quanto seu cheiro. Os dedos do garoto deslizaram sob a
barra da camiseta de Mary Ann e se apoiaram no quadril, esquentando
a pele sensvel daquela regio. Ele a puxou para longe da rvore e
para junto de seu corpo. Ela apaixonadamente o seguiu. To bom,
pensou Mary Ann novamente. Aquele era o segundo beijo, e estava
sendo muito melhor que o primeiro. O que Mary Ann pensava ser
impossvel. O primeiro beijo a havia consumido, mas esse a acendeu e
a queimou at a alma.
19. 19 E assim eles ficaram, perdidos um no outro, por vrios
minutos, saboreando um ao outro, com as mos passeando (embora de
forma no muito atrevida) e desfrutando-se mutuamente. Adoro beijar
voc. ele sussurrou. Eu tambm. Quer dizer, eu tambm adoro beijar
voc. No eu mesma. A risada de Riley fez um ar quente bater
levemente contra a bochecha da garota, fazendo arrepios brotar no
pescoo. Enquanto estivermos na escola, no vou conseguir pensar em
nada mais. S nisso. S em voc. Gemendo, Mary Ann o puxou, pedindo
por mais. O entrelaar da lngua deles a excitava como nada jamais a
excitara. A sensao de t-lo contra o corpo, to forte e to certo,
causava- lhe arrepios. Talvez outras garotas o olhassem e o
desejassem, mas era para ela que ele olhava com desejo. Est bem,
mas por que ele realmente quer voc? Por que voc acalma o lobo que
existe dentro dele? Medo idiota. Ela enrijeceu e Riley se afastou.
Ele estava ofegante. Gotculas de suor se formavam na testa. O que h
de errado? Perguntou o garoto. Nada. No acredito, mas voc me dir a
verdade depois, depois que as chamas se acalmarem e eu conseguir
pensar direito, certo? Ele no conseguia pensar direito? Ela quase
sorriu. Sim. Talvez. E, de qualquer forma, ns precisvamos parar. As
mesmas palavras que ele tinha dito da ltima vez. Se Mary Ann no
estivesse tendo dificuldades para recuperar o flego, teria
suspirado. , eu sei. Decepcionante, mas indiscutvel. Se no
pararmos, vamos nos atrasar para a escola. Ou simplesmente no vamos
escola. Alm do mais, ela no queria que sua primeira vez acontecesse
em local aberto. No que ela contaria isso para ele. Relutantes,
eles se afastaram e seguiram caminho em direo a Crossroads High.
Ela no se conteve. Levantou a mo e passou a ponta dos dedos sobre
os lbios. Eles estavam inchados. Provavelmente vermelhos.
Definitivamente midos. Algum saberia, s de olhar, o que ela Riley
estavam fazendo? Vinte minutos depois, eles chegaram ao limite da
floresta e pisaram na propriedade da escola. O enorme prdio entrou
no campo de viso, formando uma meia-lua de trs andares. Em vrios
pontos, o telhado apontava na direo do cu. Os tijolos salmes
estavam decorados com vrias faixas pretas e douradas em que se lia
Go Jaguars. O gramado estava bem cuidado, lentamente passando de
verde para amarelo e depois para quase branco. Os carros avanavam
pelo estacionamento e os jovens corriam pelos degraus de concreto,
passando pelo mastro sem sequer olhar para a bandeira. Diante das
portas mais prximas, estava Victoria. Sozinha. Ela marchava,
retorcendo as mos, agitada. Vestia uma camiseta preta que combinava
com a minissaia e os cabelos negros se derramavam sobre as costas.
Um feixe de luz solar a banhava, como se fosse atrado por ela,
fazendo o azul dos olhos praticamente brilhar.
20. 20 Quanto mais jovem fosse o vampiro, mais tempo poderia
passar sob o sol. Mary Ann sabia disso. Porm, quanto mais
envelheciam, mais o sol queimava e feria. A pele se tornava
surpreendentemente sensvel, j que, nos vampiros jovens, era to
espessa e resistente quanto mrmore, a ponto de nem mesmo urna lmina
conseguir cort-la. Victoria, porm, ainda estava em uma idade
(oitenta e um ou alguma coisa prxima disso) em que o sol no a
incomodava. Assim como os lobos, os vampiros envelheciam
lentamente. Pela primeira vez, esse pensamento chateou Mary Ann.
Victoria e Riley envelheceriam no mesmo ritmo, enquanto Mary Ann
perderia o vigor e se tomaria uma baranga. Ai, Deus. Que
humilhante! E agora ela queria dar algumas pancadas na vampira, s
por uma questo de princpios. Vocs viram Aden? Perguntou Victoria
assim que eles chegaram. Se ela j era normalmente plida, hoje
estava mais branca que um giz. No. responderam Mary Ann e Riley em
unssono. Nesse momento, a garota se lembrou da ltima vez em que o
tinha visto. Eles o tinham ajudado a entrar escondido no quarto no
rancho e ele cara na cama. Aden estava plido, tremendo, suando e
respirando com dificuldades. Mary Ann pensou que Aden descansaria e
que o descanso faria ele se recuperar. E se... Bem, ele no estava
no rancho hoje de manh. Victoria se apressou em dizer. Mas ele
deveria estar l, porque combinamos que viramos caminhando juntos at
a escola. Talvez ele j esteja l dentro. disse Riley. A preocupao da
vampira no diminuiu. Na verdade, ela passou a mexer as mos de forma
ainda mais agitada. No est. J verifiquei. O segundo sinal j est
prestes a tocar. Vocs sabem que ele no pode se atrasar. Ele vai
arrumar confuso, vai ser expulso. E vocs sabem que ele faz qualquer
coisa para no ser expulso. Talvez ele esteja doente. disse Mary
Ann, sem acreditar em suas prprias palavras. Se esse fosse o caso,
ele estaria no rancho, ainda na cama. Alm do mais, Victoria estava
certa. Aden nunca se atrasava. No por temer uma expulso, mas porque
nunca perdia uma oportunidade sequer de passar algum tempo com sua
princesa. Ele adorava aquela garota. Vou procurar por ele. Riley
olhou para Mary Ann e, antes que ela pudesse dizer que iria com
ele... Fique aqui com Victoria. No, eu... Sou mais veloz sem voc.
Constrangedor, mas verdadeiro. Est bem. Est certo. Mas seja
cuidadoso. Riley... comeou a dizer Victoria. Eu... Voc tambm fica.
ele reiterou. Com as muitas criaturas que agora rondavam as ruas
daquela pequena cidade, ele no deixaria Mary Ann sem segurana. Seu
instinto de defesa era uma propriedade to definida quanto seu
abdmen. Victoria concordou, embora um pouco contrariada. Voc meu
soldado, sabia? Teoricamente, voc deve obedecer s minhas ordens.
esclareceu a vampira. Eu sei, mas o rei do meu povo que est em
pauta. Desculpe-me por dizer isso, minha querida, mas agora ele est
em primeiro lugar. Lanando um ltimo olhar para Mary Ann, Riley deu
meia volta e seguiu logo desaparecendo em meio s rvores.
21. 21 Dois ADEN ACORDOU COM UM SOLAVANCO, um grito de dor
preso na garganta, um olhar selvagem catalogando tudo o que estava
sua volta. Quarto. Escrivaninha. Cmoda. Paredes brancas. Assoalho.
Seu quarto no alojamento do rancho, ento. Vivo. Ele estava vivo, e
no queimado como um churrasco. Graas a Deus. Mas... Ele estava
intacto? O garoto passava a mo pelo corpo enquanto se observava.
Pele? Confere. Suave e aquecida, bronzeada, mas no frita. Dois
braos? Confere. Duas pernas? Confere. E mais importante: agora ele
era uma garota? No. Graas a Deus, graas a Deus, graas a Deus. Aden
suspirou aliviado, afundou sobre o colcho e relaxou todo o corpo.
Ele estava ensopado de suor. Os cabelos estavam grudados sobre a
cabea e a samba- cano fazia parecer que ele... Dava a impresso de
que ele... Suas bochechas enrubesceram e esquentaram. Se Shannon,
seu colega de quarto, o visse assim, faria brincadeiras sobre um
sonho molhado. Embora fosse uma brincadeira bem-humorada. Amigos
faziam isso. Ainda assim... No, obrigado. Ele... Olhou para o
estrado da parte de cima do beliche, onde Shannon dormia, e
arregalou os olhos. Havia sulcos profundos nas ripas de madeira,
como se ele tivesse arranhado e chutado a cama do amigo. Repetidas
vezes. Aden olhou para as unhas e, como era de se esperar, elas
estavam esfoladas e cheias de sangue, com farpas de madeira debaixo
delas. timo. O que mais ele teria feito quando estava sob o efeito
do sangue de vampiro? Preocupe-se com isso depois. Elijah? Chamou.
Hora da chamada. Presente, disse o sensitivo, sabendo o que estava
prestes a acontecer. Tudo bem com um deles. Julian? O despertador
de cadveres, como eles o chamavam. Um simples passo no cemitrio e,
ol, mortos-vivos. Aqui. Legal. Tudo bem com dois. S falta um.
Caleb? O possuidor de corpos. Fala, mano. timo. Todos estavam ali.
No passado, Aden queria que eles desaparecessem. O garoto os amava,
mas, por favor! Um pouquinho de privacidade no faz mal a ningum.
Aden, porm, havia perdido Eve. O nome dela durante a vida real pode
ter sido Anne, mas, de qualquer forma, ela sempre foi e sempre ser
Eve para ele. E ele sentia falta dela, sua viajante do tempo com
instinto maternal. Sentia muita, muita saudade. Agora ele j no
estava certo de que conseguiria suportar a possibilidade de perder
os outros. Eles eram parte dele. Seus melhores amigos. Seus
companheiros constantes. Aden precisava deles. Como de costume,
essa linha de raciocnio fez o garoto se sentir culpado. Eles
mereciam a liberdade. Queriam a liberdade. Talvez. Desde que Eve
partira, eles no haviam pedido a
22. 22 Aden para descobrir quem tinham sido antes de se mudarem
para sua cabea. Era como se tivessem medo de o garoto encontrar a
resposta e eles tambm terem de partir rumo ao desconhecido. Para
onde Eve tinha ido, isso nenhum deles sabia. Tudo o que sabiam que
ela havia desaparecido e nunca mais voltado. Ento, o que est
acontecendo? Perguntou Caleb. O que ele quer dizer, respondeu
Caleb, que tivemos sonhos quentes. E no estou falando de quente no
bom sentido. Ns queimamos, cara. Queimamos. E a maioria de ns no
costuma dividir os sonhos, acrescentou Julian. Bem, Elijah
compartilhava os sonhos, mas s porque era sensitivo e suas vises
eram vises de Aden. Porm, essa noite, a noite passada, seja l
quando foi aquilo, no se tratava de uma viso. Tinha sido real, uma
fuso das mentes. No entanto, agora faltavam pedaos na memria de
Aden. Ele se lembrava de ter visto Victoria, sentido aquelas chamas
e tambm de ter conhecido. . . As irms da vampira? Sim, as irms. Mas
nada mais parecia claro. Todo o resto do que tinha acontecido
parecia borrado, como se sua mente no conseguisse processar o que
tinha visto. No entanto, se isso fosse verdade, por que ento ele se
lembrava de ter sido queimado vivo? Por que todos eles se lembravam
disso? Isso no deveria ser a parte que eles esquecem? Algo doloroso
demais para ser lembrado? E a? Disse Julian. Seria bom receber uma
explicao. Sangue de vampiro. Aden os lembrou. O garoto no podia
simplesmente pensar em suas respostas porque seus amigos no
conseguiram ouvir sua voz interna em meio ao caos. Ns vimos por
dois olhos diferentes. Ah, claro. E por falar em vampiros, onde est
a nossa vampira? Perguntou Caleb. A alma estava falando de
Victoria. Ela minha, Aden sentiu vontade de gritar, mas permaneceu
em silncio. Caleb, o pervertido, no pde se conter. Ele vivia pelas
garotas e talvez nunca tivesse tido uma transa. Ela deve passar por
aqui para caminhar com a gente at a escola. Que horas seriam? Antes
que ele conseguisse olhar o relgio na escrivaninha, a porta do
quarto se abriu e Seth e Ryder entraram. Shannon no vai se
importar. dizia Seth. Seth Tsang. Um sobrenome asitico, embora
fosse impossvel distinguir sua etnia simplesmente olhando para ele.
Seth tinha mechas vermelhas nos cabelos negros, os olhos azuis e a
pele clara. Ryder Jones, que vinha logo atrs de Seth, franziu a
testa. Ele tambm tinha cabelos negros, mas seus olhos eram
castanhos. Tem certeza? Voc sabe como esse cara possessivo com as
coisas dele. Aden agarrou o lenol e o jogou sobre a parte inferior
do corpo ensopado. Ei, pessoal. No sabem bater na porta? Eles
ignoraram. O que vocs esto procurando? Resmungou Aden. Mais uma
vez, eles ignoraram. Alis, eles nem sequer olharam na direo do
garoto. Procure na escrivaninha. disse Seth a Ryder, que se
arrastou adiante, obedecendo. Aden franziu a testa. No passado,
esses dois o odiavam. No passado, mas no mais. Eles tinham dado uma
trgua depois que seu dolo tratem-todos-como.idiotas, Ozzie, tinha
sido expulso do rancho (e, no ltimo final de semana, sugado por
vampiros). No que eles soubessem dessa parte. Eles sabiam tanto a
respeito do outro mundo quanto Aden sabia do passado. Ento por que
a rejeio agora?
23. 23 Onde est? Murmurou Seth, agachando na frente do armrio e
vasculhando as roupas no cho, ostentando no pulso a tatuagem de
cobra. Onde est o qu? Insistiu Aden, sentando-se. Mais uma vez,
eles o ignoraram. Camisas e calas jeans foram arremessadas sobre o
ombro de Seth, seguidas por sapatos. Na escrivaninha, papis eram
amassados sob as mos de Ryder. Vrios minutos se passaram. Aden
tagarelava constantemente. Essa piada no engraada, tentem algo
original, vocs vo falar comigo ou no? Sem sucesso. Ele finalmente
se levantou, deixando os lenis carem, esquecidos, e ento caminhou
at a escrivaninha. Na tentativa de provocar alguma reao em Ryder,
Aden esticou o brao. No entanto, a mo passou atravs do corpo do
garoto. No! Impossvel! No mesmo! O corao de Aden golpeou as
costelas enquanto ele tentava novamente, dessa vez tremendo. Mais
uma vez, sua pele passou atravs da pele de Ryder, e tudo o que Aden
conseguiu fazer foi ficar ali, cambaleando com os olhos
arregalados. Inferno! Como aquilo era possvel? Ele tinha queimado
at a morte, sim, mas no corpo de outra pessoa. Ele pensou que...
Ele sups que... Ser que ele tambm estava morto? Realmente morto?
No. No, mesmo. Mas... Com o sangue gelando nas veias, Aden seguiu
na direo de Seth. Encontrei. disse Seth, levantando-se. Triunfante,
o garoto levantou um livro. Um livro sobre vampiros. Em qualquer
outro momento, Aden teria se debatido com a escolha de Shannon.
Shannon estranho, cara. Ele sempre l essas porcarias. Isso nos
poupa do trabalho de ir at a biblioteca, mas, caramba, nunca
escrevi um relatrio sobre loucos com presas antes, e no agora que
quero fazer isso. O Sr. Thomas que o esquisito, cara. Temos de
escrever sobre quo malvados so esses sanguessugas. Como se eles
realmente existissem, no mesmo? No consigo levar isso a srio.
provvel que eu tome bomba, mas veja a minha cara de quem se importa
com isso. Aden, tremendo ainda mais intensamente, tentou segurar o
pulso de Seth com os dedos. Nada. Nenhum contato slido. A bile o
queimava at a garganta. Ele bateu o brao com fora na lateral do
corpo e cambaleou para trs, a viso estava embaando, e uma vertigem
invadindo a cabea. A resposta para sua pergunta? Morto, Aden
realmente estava morto. Essa era a nica resposta que fazia sentido.
Os garotos se apressaram para fora do quarto, resmungando sobre os
novos tutores idiotas e sobre os trabalhos escolares sem sentido.
Aden apenas ficou ali. Condenado a viver o resto da eternidade como
fantasma? Deus, era assim que as almas se sentiam? Em uma
armadilha? Sem controle? Perdidas? Pessoal. sussurrou Aden, sem
saber como comear. Se fosse um fantasma, o garoto no poderia
ajud-los a descobrir quem eles foram na outra vida. E se ele no
conseguisse ajud-los a descobrir quem foram em outras vidas, eles
jamais conseguiriam se libertar. Se que eles ainda queriam isso.
Acho que... Eu... Isso ... Ol, Aden. A voz masculina veio de trs e,
ento, o garoto deu meia volta. L, na entrada, estava o novo tutor
do D&M. No de Aden ou de Shannon, uma vez que os dois
frequentavam a Crossroads High, mas de todos os outros rapazes. O
Sr. Thomas apareceu no dia do Baile dos Vampiros, e Dan o contratou
logo de cara. O que era completamente diferente das atitudes
24. 24 que Dan costumava tomar. Nada de verificar antecedentes,
nada de longas entrevistas. Apenas voc perfeito!. O mais estranho
era que os garotos agiam como se o conhecessem h muito tempo e at j
se sentiam vontade para reclamar dele. Aden no tinha oficialmente
conhecido aquele homem, mas Victoria havia secretamente chamado a
ateno do garoto para aquilo. O Sr. Thomas era, ou pelo menos se
mostrava ser, um desses tutores no estilo vamos todos aprender e
crescer. Na verdade, entretanto, ele era um elfo, inimigo de
Victoria e cuja misso era descobrir quem estava ajudando a vampira.
O homem no se parecia com a imagem que Aden tinha de fadas e elfos,
aquela imagem de seres pequenos e alados. Em vez disso, ele era
alto, magro, de pele dourada e at mesmo levemente brilhante (est
bem, isso sim era tpico de fadas e de elfos). Aden nunca tinha
visto um rosto to perfeito. No havia uma falha sequer. Olhos azuis
perfeitamente espaados, um nariz perfeitamente inclinado, lbios
perfeitos, nem grossos demais, nem finos demais. E o fato de Aden
ter notado isso era bastante constrangedor. Se algum descobrisse, j
iria logo fazer piadinhas sobre sua masculinidade ou algo assim.
Voc consegue me ver? Aden engoliu em seco. Consegue ouvir? Sim. E
eu estou... Morto? Dizer essa palavra era mais difcil que pensar
nela. E como o elfo conseguia ver e ouvir o que Seth e Ryder no
conseguiam? O Sr. Thomas soltou uma gargalhada, quase como uma nota
saindo de uma harpa. No exatamente. Voc est... Em outro lugar. Aden
gostaria de poder se confortar com isso. Em outro lugar? E tudo era
igual? Est bem. Onde estou? Como vim parar aqui? Aden passou os
dedos pelos cabelos O que est acontecendo? Aden, disse Elijah, com
um tom de advertncia em sua voz. Tenho um mau pressentimento a
respeito disso. O temor o invadiu. Os maus pressentimentos de
Elijah eram... Maus. Tantas perguntas. O homem estalou a lngua,
apontando para a cadeira prxima escrivaninha. Sente-se, por favor,
e tentarei responder. Depois que voc me responder algumas
perguntas, claro. O que poderia ter sido apenas um pedido atingiu
Aden como uma ameaa. E com a advertncia de Elijah, o garoto
suspeitou que uma briga logo explodiria. Aden verificou a existncia
de armas. Ele no tinha nada ali com ele, mas as adagas estavam
escondidas nos sapatos. Sapatos que ele no estava usando e nos
quais talvez sequer conseguisse tocar. Sapatos que estavam...
Perfeitamente colocados ao lado da cama, ele notou. Sente-se, Aden.
Ambas as palavras foram expressas com autoridade. Dessa vez, Aden
se sentou. Sem tentar alcanar as adagas. Ele no queria demonstrar
seus (provavelmente) melhores golpes, a no ser que isso fosse
absolutamente necessrio. Antes de essa reunio terminar, vai rolar
sangue, disse Elijah. O nosso? Perguntou Caleb, irritado e com
medo. Porque gosto do nosso sangue e no estou afim de perder uma
gota sequer dele. Meu nome Thomas, Sr. Thomas. disse o homem antes
que Elijah pudesse responder, andando at parar a poucos centmetros
da cadeira em que Aden estava sentado. O homem, ento, cruzou as mos
nas costas, deixando as pernas separadas. Posio de guerra. Aden
conhecia essa posio muito bem. Ele havia permanecido nela muitas
vezes justamente antes de se lanar contra a pessoa que o ameaava.
Concentre-se. Aquele nome comum no combinava com as caractersticas
perfeitas daquele homem, de forma alguma. Certamente era um
pseudnimo. Aden tascaria um beijo mega molhado bem na boca daquele
homem se ele realmente se chamasse Thomas.
25. 25 Voc quer respostas. disse Aden, enquanto se perguntava:
respostas de qu? Ento voc ter que me dizer o que quero saber. Em
primeiro lugar, como estamos aqui sem estarmos aqui? Como estou
vivo e invisvel? Um pesado silncio se instalou por alguns
instantes. Inicialmente, Aden pensou que Thomas poderia querer
atac-lo por usar suas tticas contra ele. A cada segundo que
passava, a fria naqueles olhos azuis aumentava. Fria e indignao.
Por fim, o elfo disse: Seu povo chamaria esse lugar de outra
dimenso, embora esse seja o verdadeiro reino de Fae. Apesar da
expresso no rosto de Thomas, suas palavras foram ditas calmamente.
Fae devia ter algo a ver com fadas. Mas... Outra dimenso? Isso era
realmente possvel? Assim que se deu conta de que estava se fazendo
essa ltima pergunta, Aden queria se esconder de si mesmo, tamanha
sua estupidez. Depois de tudo o que ele tinha visto e feito
recentemente, tudo era possvel. Ento, s para esclarecer, no estou
morto? Essa necessidade constante de garantias algo realmente
cansativo. Portanto, oua com ateno. Eu no vou repetir. Voc est bem
vivo. Mas, voc est em outra dimenso e, por isso, os humanos no
conseguem v-lo ou ouvi-lo. Se Thomas pudesse ser considerado digno
de confiana, ento Aden no era um fantasma. Ele poderia voltar a ver
Victoria e seus amigos. E foi voc quem me trouxe at aqui? Ele
resmungou. Sim. Por qu? Mais uma pausa carregada de tenso se
instalou entre eles. Parecia claro que conseguir respostas seria to
difcil quanto arrancar dentes. Por que... Finalmente disse Thomas,
suspirando. Eu j tinha conhecido todos os alunos, todos menos voc.
Ao final da frase, a fria havia tomado novamente os olhos daquele
homem, mas, dessa vez, a fria se misturava com repulsa. . Vai rolar
sangue, disse Elijah, com a respirao trmula. De uma faca? Perguntou
Aden. Por favor, por favor, diga que no ser de uma faca. No sei,
respondeu Elijah. S consigo ver um rio vermelho. Como assim, de uma
faca? Perguntou Thomas. O elfo provavelmente no conhecia a reputao
de Aden, o garoto que sempre falava sozinho. Desculpe, no estava
falando com voc. Ento estava falando com quem? Uma pergunta que j
lhe tinha sido feita milhares de vezes, por milhares de pessoas
diferentes. Talvez devssemos... Correr. Quer dizer.... Disse Caleb
sem ousadia alguma. . . . Antes de comearmos a sangrar. Concordo
com o Caleb. E no sabemos lutar contra um elfo. De repente, Caleb
abafou o riso e a distrao momentaneamente suprimiu a angstia. Lutar
contra um elfo. Voc ouviu o que disse, Jules? Silncio, por favor.
gritou Aden. Thomas sibilou enquanto inspirava. No fale comigo
nesse tom, meu jovem. Em vez de se explicar, Aden massageou as
tmporas para desviar a dor que logo chegaria. No h motivo algum
para voc me conhecer. Voc no vai ser meu tutor.
26. 26 Aden no poderia correr, como Caleb sugerira. Para onde
ele iria? Alm do mais, ele no estava ansioso. Ainda. Ele tinha
aquelas adagas. Talvez. No. Thomas comeou a caminhar. Um passo.
Dois. E em seguida parou, absorto. Mas serei seu assassino. Certo.
Agora o garoto estava ansioso. Em um salto, Aden se levantou. Se
Thomas emitisse mais uma ameaa ou fizesse outro movimento, mnimo
que fosse, em sua direo, Aden estenderia as mos na direo dos
sapatos. Se no conseguisse pegar as adagas que estavam dentro
deles, correria como louco, apesar de no saber para onde. Nem pense
em escapulir, Haden Stone. Ningum me chama assim. Pelo menos desde
quando ele sacrificara o prprio nome, ainda criana, e passara a se
chamar de Aden. Todas as outras pessoas seguiram o exemplo. Eu
matei o ltimo cara que me chamou assim. E isso verdade. Longe de se
sentir intimidado, Thomas gritou: Sente-se. Eu respondi s suas
perguntas. Agora a sua vez de responder minha. Ah, a resposta seria
um no em alto e bom som. Aden decidiu que no ficaria ali esperando
pela segunda ameaa de morte, O nvel de fria do elfo tinha
ultrapassado todos os nveis. Certamente. Aden fingiu que sairia
pela esquerda e Thomas o seguiu. Foi ento que o garoto virou para a
direita, esquivando-se do tutor e alcanando os sapatos. Sua mo
passou atravs do couro. O garoto esbravejou em voz baixa enquanto
corria a toda velocidade na direo da porta, no se permitindo
tropear em decepes ou em medos. Porm, algum tipo de muralha
invisvel o bloqueou. Aden bateu contra ela fortemente e o impacto
do choque reverberou pelo corpo, arremessando-o para trs. Um
segundo depois, Thomas j estava em sua frente, empurrando-o at o
cho e espremendo um de seus sapatos contra o pescoo do garoto.
Instintivamente, Aden passou a mo em volta do tornozelo do homem e
empurrou. O p continuava plantado em seu pescoo. Os olhos azuis
brilhantes se direcionaram para baixo, na direo de Aden. Se aqueles
olhos fossem armas, o garoto certamente j estaria em pedaos. H
algumas semanas, um choque eltrico atingiu meu mundo, abrindo uma
passagem para o seu. Uma passagem que no conseguimos fechar. A
fonte daquele choque foi investigada e chegamos a esse rancho. E
agora a voc. Sinto a energia emanando de voc at mesmo agora... Essa
energia me puxa, me atrai. E chega a aumentar meu poder. A ltima
frase foi dita como o sussurro de um drogado. O sussurro de uma
pessoa necessitada. A energia aumentava o poder de Thomas? Por que,
ento, o elfo queria acabar com Aden? O garoto tentou formular uma
resposta, mas o nico som que conseguiu emitir foi uma arfada,
pedindo por ar. Ele continuou lutando, arranhando a perna do homem,
empurrando. Respirar, preciso respirar... Aden no poderia morrer
aqui, nessa... Dimenso? Ele no podia. Ningum saberia o que teria
acontecido com ele. No mesmo. Eles acabariam supondo que o Aden
Louco teve uma recada e fugiu. Asfixia no causa derramamento de
sangue, disse Elijah. Fique calmo. No assim que voc vai morrer. Voc
sabe disso. Acabe com ele! Gritou Caleb.
27. 27 Acabe com ele de uma vez! Concordou Julian. Eles
precisavam de Eve, a voz racional. No entanto, parte do que Elijah
disse conseguiu atravessar a nvoa do pnico. Asfixia no era o fim
previsto para Aden. Thomas estava apenas tentando assust-lo.
Espervamos mant-lo vivo e us-lo para finalmente fechar essa
passagem. continuou Thomas. E veja s o que encontrei quando entrei
no seu quarto para me apresentar. O fedor de um vampiro. Nosso
maior inimigo. A raa que certa vez tentou nos aniquilar. Tenho
certeza... De que... Eles tiveram... Bons motivos. O msculo do
maxilar do elfo se repuxou. Agora, conte para mim, Haden Stone. Voc
est ajudando esses vampiros? Planejando ajud-los a entrar nessa
dimenso para nos atacar? No entanto, como Aden ajudaria os vampiros
a chegarem aqui se ele no tinha idia de como ele tinha vindo parar
aqui? No consigo... Mais... Falar. A presso no pescoo do garoto
diminuiu. Voc no precisa responder s minhas perguntas. Eu conheo a
verdade. Voc est ajudando aqueles vampiros, e por isso que voc deve
morrer. Aden manteve as mos no tornozelo de Thomas, levando um
momento para recuperar o flego, ainda muito ofegante enquanto
discretamente procurava por alguma arma que pudesse usar. Tudo o
que o garoto encontrou foi prpria determinao. Ao longo dos anos,
ele havia lutado contra mais cadveres do que conseguia se lembrar,
o veneno desses cadveres entrava em seu corpo, deixava-o fraco,
doente. E, mesmo assim, Aden sempre vencera. Todas s vezes. Ele no
permitiria que um elfo o derrotasse. Use suas mos. Sugeriu Elijah.
Faa esse cara perder o equilbrio. Aden dobrou os dedos em volta do
sapato de Thomas e sacudiu com toda a fora que tinha,
desequilibrando o grandalho, que finalmente desmoronou. Um momento
depois, Aden estava de p, adotando a mesma postura de agora guerra
que o elfo ostentara antes. Isso no foi inteligente da sua parte,
garoto. Embora no tivesse visto Thomas se levantar, a voz veio de
suas costas. Diretamente atrs dele. O ar quente passou pela nuca,
fazendo-o se contrair, assustado. Lentamente, Aden se virou,
sabendo que qualquer movimento brusco faria o elfo atacar. Os dois
se encararam. Aden era alto para sua idade, pouco mais de um metro
e oitenta. Ainda assim, Thomas se elevava sobre ele. No gosto de
ver humanos sofrerem e eu poderia ter acabado com voc sem que
sentisse dores. Porm... Os lbios do elfo arquearam, formando um
sorriso assustador Eu disse para voc no brigar comigo, Voc
desobedeceu. Agora no terei piedade. Sangue, ofegou Elijah. Ento
era o fim. O grand finale. Isso o que veremos. disse Aden. De
repente, a nica janela do quarto se despedaou e uma gigante mancha
preta voou para dentro do cmodo. Aquela enorme mancha (Riley na
forma de lobo, percebeu Aden) pousou, com olhos verdes brilhando,
lbios entreabertos e dentes brancos e pontiagudos mostra. Um
rosnado furioso ecoou das paredes. Para trs, Aden. Um comando de
Riley, projetado diretamente na cabea de Aden, misturando-se s
vozes de seus companheiros. Ainda assim, o garoto conseguiu
ouvi-lo.
28. 28 Voc consegue me ver? Perguntou, mesmo sabendo que o lobo
estava ocupado demais para responder. Se a resposta fosse sim, ser
que Riley conseguia ver Thomas? Ser que Thomas conseguia ver Riley?
Voc cometeu um erro, lobo. disse Thomas, virando-se para encarar
Riley. Havia, naquela expresso do elfo, ameaa suficiente para
matar. Aparentemente, a resposta para todas as perguntas de Aden
era a mesma: Claro que sim. Sem qualquer outra ameaa, os dois
pularam um contra o outro, encontrando-se no meio do quarto em um
emaranhado de garras, dentes, estranhas luzes brilhantes e lminas
cintilantes que apareceram do nada. Agora no restava dvida alguma.
Como Elijah havia dito, rolaria sangue. Essa luta acabaria em
morte.
29. 29 Trs SIM. EXATAMENTE COMO ELIJAH tinha previsto,
exatamente como Aden tinha suspeitado, rolou sangue. Riley mastigou
o pescoo de Thomas e suas garras afiadas golpearam o peito do elfo.
O cheiro de algodo e carne queimando invadiu o ar. Da camisa de
Thomas, saa fumaa, e gritos surgiram enquanto ele, trmulo, puxou
tufos de pelo do lobo e o jogou para o outro lado com fora. Riley
voou na direo de Aden que, por sua vez, voou na direo ia parede. O
gesso rachou e lascas de tinta voaram para todos os lados. O ar
saiu com fora dos pulmes de Aden. Riley se levantou logo em seguida
e saltou novamente na direo de Thomas; os dois corpos pareciam se
misturar enquanto saam. Quando as unhas do lobo voltaram a cortar o
elfo, o cheiro de carne chamuscando se tornou mais intenso e mais
sangue jorrou, atingindo o rosto de Aden. E aquelas gotas de sangue
eram estranhamente frias, como se fossem raspas de gelo. Quando as
adagas do elfo se moveram na velocidade da luz, o sangue de Riley
jorrou. Quente, como espinhos de fogo. Ajude-o, gritou Julian. por
isso que sou um amante e no um lutador, disse Caleb, novamente com
coragem, agora que um lobo os defendia. Respirar poderia ter se
tornado impossvel, mas Aden conseguiu encher os pulmes com algumas
lufadas de ar enquanto se levantava com dificuldade. A tontura o
acometeu, e ele cambaleou. Elijah? Obviamente, o sensitivo sabia o
que o garoto estava silenciosamente perguntando. O que fazer para
ajudar? Ele no tinha armas e no podia sair do quarto para
consegui-las. No sei, disse Elijah, angustiado. Riley vencer no
final? Murmurou Aden. Ele no queria distrair o lobo e causar uma
derrota. No sei, repetiu o sensitivo, com o mesmo tom de agonia. Eu
vejo sangue, sangue lavando essa casa, banhando tudo e todos. Tanto
assim? Com essa briga? Ou havia algo pior? Thomas arremessou Riley
vrias vezes e, a cada vez que o lobo voltava a se aproximar, havia
outro golpe de dio e dentes. Por algum motivo, Riley deixou de usar
suas garras. A moblia estava em pedaos e, a essa altura, outras
paredes tinham sido destrudas, incluindo a parede invisvel, o que
permitia que os combatentes sassem do quarto em direo ao corredor.
A briga ento invadiu outro quarto. A porta foi destruda como um
quebra-cabea que jamais voltaria a ser montado. Aden os seguiu. Em
algum ponto no meio do caminho, Thomas deixou as adagas de Aden
cair. O garoto tentou peg-las para coloc-las em ao diversas vezes.
No entanto, ele no conseguiu toclas e, em seguida, elas acabaram
desaparecendo. Alm do mais, o lobo e o elfo se moviam com tanta
agilidade que apareciam em outro lugar antes que Aden sequer
percebesse o que tinha acabado de acontecer.
30. 30 E por que eles conseguiam destruir paredes, portas e
mveis sem que ningum percebesse? Os garotos que viviam no Rancho
D&M Seth, Ryder, RJ, Terry e Brian estavam no hall de entrada,
cada um com um livro nas mos. Alguns estavam lendo, outros fingiam
ler. Ningum, entretanto, percebia a briga violenta que se
desdobrava por ali. Nem mesmo quando suas cadeiras aparentemente
foram reviradas destrudas. Eles continuavam sentados ali. Sobre o
ar. Riley e Thomas Passavam por eles como fantasmas, sem que fossem
percebidos, sem que fossem sentidos, sem que fossem ouvidos. O
sangue esguichava tambm sobre os garotos, mas, novamente, eles no
percebiam. Talvez sequer pudessem ver. Tudo era muito estranho.
Tudo muito estranho. Thomas tinha feridas abertas que sangravam
abundantemente e, ainda assim, parecia mais forte que nunca. Riley,
por outro lado, demonstrava abatimento. Seus saltos se tornavam
lentos e seus rosnados, arrastados, apesar de as feridas terem
cicatrizado e estarem curadas. O que o estava enfraquecendo? Aden
percebeu que Thomas apenas dava socos para soltar o maxilar de
Riley de qualquer que fosse a parte do corpo que o lobo decidisse
mastigar. Ento, o elfo empurrava a cabea para trs e praticamente
oferecia seu pescoo para o lobo, em vez de permitir apenas que o
animal mordesse sua mo. Por qu? E em vez de imediatamente golpear
Riley para longe, Thomas apenas encostava a mo no animal por vrios
segundos, permitindo que o lobo fizesse o que quisesse fazer.
Aquilo era idiota. Aquilo era... Necessrio? As mos de Thomas tinham
o poder de enfraquecer Riley? Isso explicaria a determinao do elfo
em mant-las livres. Isso tambm explicaria sua despreocupao com seus
prprios ferimentos. Que mal fariam alguns cortes quando seu
combatente logo se tornaria fraco demais para lutar contra voc? O
que posso... Fazer? Dessa vez, a pergunta silenciosa de Aden saiu
em voz alta. Ele sabia. A resposta j o tinha acertado. Fria. Dura.
Dolorosa. Voc sabe, disse Elijah, e, se antes ele soava angustiado,
agora soava estilhaado. O companheiro de Aden claramente tambm
tinha encontrado a resposta. O qu? Perguntou Julian. O que ns vamos
fazer? Aden engoliu em seco. Caleb. Voc est acordado. Eu estou
acorda... Do... Ah, caramba, no! No precisava explicar. Quando Aden
pediu a ajuda de Caleb, ficou claro para todos o que o garoto tinha
em mente. Eles invadiriam o corpo de Thomas. No. No! Deve haver
outra sada. Se tivesse um corpo prprio, Julian estaria sacudindo a
cabea em negao e se afastando. Desculpe, pessoal. Aquilo tinha de
ser feito. Por Riley. E tambm por ele mesmo. Que inferno! A dor.
Gemeu Julian. J enfrentamos o suficiente. Isso vai nos destruir.
Essa a nica sada, contestou Elijah. Esse elfo precisa ser destrudo.
J passamos por situaes piores. Como ser queimados vivos. Nada
poderia ser pior que aquilo, Aden tinha certeza. E se eu quiser
beijar Victoria outra vez, preciso salvar o guarda-costas dela.
Odeio funcionar como prenncio de ms notcias. Porm, Aden est certo,
disse Caleb, repentinamente concordando com o Plano para Salvar o
Dia. Ele faria qualquer coisa por outro beijo. Sobreviveremos a
isso mesmo se Thomas no sobreviver. E isso o que importa.
31. 31 Aden se focou nos dois combatentes. Riley estava deitado
no cho, distante de Thomas, mas se aproximava da melhor forma que
conseguia, ainda determinado a vencer. Aps ser arremessado como uma
boneca de pano, Thomas retirou grandes raspas de gesso que cobriam
seu peito e se levantou. Sua camisa no passava de pedaos de trapo;
a pele, esfolada. No entanto, aquela pele logo voltou a se
entrelaar, como se de alguma forma, o elfo tivesse absorvido a
capacidade que Riley tinha de se curar rapidamente. Thomas sorria
com orgulho enquanto se aproximou do lobo e agachou. Diga para a
sua princesa no mandar um garoto fazer o trabalho de um homem. Ah,
no... Espere. Como voc no vai sair dessa sala, no vai poder dizer
nada para ela. Os olhos de Riley brilhavam como chamas verdes,
cheios de dio. O elfo suspirou. Admiro sua coragem, lobo. Por isso,
voc no vai morrer de forma vergonhosa. Saiba que no sou apenas um
mero servo de Fae, mas um prncipe. Indestrutvel. No instante em que
entrou em meu reino, voc estava destinado a morrer. Mas no h
vergonha nenhuma em morrer. Voc deveria ver essa situao como o
favor que ela . Um favor? No mesmo! Ecoando os sentimentos de Aden,
Riley rosnou. Franzindo a testa, Thomas estendeu a mo. E repito:
admiro sua coragem. uma pena o fato de voc servir os vampiros. Voc
estaria, por acaso, interessado em mudar de lado? Outro rosnado. Um
no bastante claro. Bem, ento sinto muito, mas isso precisa ser
feito. Serei breve, lobo. O que voc est esperando? Se a pergunta
tinha vindo de si mesmo ou das almas, isso Aden no sabia. Riley era
seu amigo (na maior parte do tempo) e Aden no poderia permitir que
um amigo fosse ferido. Independentemente da dor que isso
implicasse. Pouco antes de a palma do elfo tocar a pelagem do lobo,
Aden (que obviamente havia sido esquecido em meio quela guerra)
correu a toda velocidade. O garoto no parou quando alcanou o elfo.
Ele s parou quando estava dentro do elfo. Um toque de pele contra
pele e, graas a Caleb, Aden podia mesclar seu corpo ao de outra
pessoa. Transmutar-se de massa slida em nvoa insubstancial era
doloroso, conforme Julian havia dito. E isso sem mencionar a
loucura, o terror e o choque. Mas Aden fez isso. Ele entrou em
Thomas. Um grito de agonia rasgava sua garganta. A voz que ele
ouviu, entretanto, no era sua. Essa voz era mais profunda, mais
rouca. A voz era de Thomas. Tremendo, embebido em um suor frio,
Aden caiu de joelhos. Lanas passavam atravs de seu corpo e ele
queria golpear o peito, rasgar a pele fazer qualquer coisa para
det-las. Cada um de seus ossos era agora uma lmina contra os
msculos, rasgando-os mais e mais. E o pior que essa dor era apenas
o comeo. Thomas gritou dentro da cabea de Aden: o que voc est
fazendo? Como voc fez isso? Saia! Normalmente, Aden conseguia
bloquear os pensamentos da outra pessoa. Conseguia invadir to
completamente os corpos que os donos nunca sabiam o que tinha
acontecido. Porm, criaturas mitolgicas e lendrias, como ele estava
descobrindo, eram bastante diferentes dos humanos. Elas sabiam. E
elas odiavam. Riley. disse ele com aquela voz profunda. Sou eu,
Aden. Estou dentro do elfo e tenho controle do corpo dele. Os olhos
verdes do lobo pareciam perfur-lo em busca de alguma prova de que
aquilo era verdade.
32. 32 Aden podia sentir o poder se acumulando, Tanto poder. O
poder de Riley tambm, como se o elfo no apenas tivesse enfraquecido
o lobo, mas tambm atrado sua energia. Pulsaes animalescas e
selvagens aqueciam a frieza de seu sangue, cantando em sua mente,
de forma mais bonita que um coro de anjos, entorpecendo-o. Isso
pode viciar. Novamente, Aden no conseguia reconhecer se quem falava
era ele mesmo ou as almas. Talvez todos estivessem falando juntos.
Parte dele queria permanecer para sempre no corpo do elfo,
perdendo-se naquele calor e naquele poder, esquecendo-se do que
precisava ser feito. Aja rpido, disse Elijah, repentinamente. Ou
voc nunca vai sair desse corpo. Ele sairia. Logo. Alguns minutinhos
a mais no fariam mal a ningum. Aquela msica... Tanta paz... Quanto
mais cedo voc sair, mais cedo poder ver Victoria, acrescentou
Caleb. Victoria. Sim. Estar com ela era ainda melhor que isso, ele
pensou, finalmente conseguindo se concentrar na tarefa que tinha em
mos. Riley, diga o que devo fazer para que voc consiga derrotar
Thomas. O lobo o estudou, ento assentiu com a cabea, como se
estivesse satisfeito com o fato de Aden ter realmente possudo
aquele corpo. Diga e eu farei. Seja l o que for. Um momento se
passou. O lobo franziu a testa, rosnou. Esperou. Seja qual fosse a
reao que esperava receber ela no veio. No fim das contas, ele
mancou at um guarda-roupa prximo e desapareceu l dentro. Riley.
gritou Aden. Ele sabia que o lobo no o abandonaria ali, mas no
tinha idia do que estava acontecendo. O garoto devia segui-lo? Uma
luz brilhante, vrios gemidos e ento o farfalhar das roupas.
Exatamente quando Aden deu um passo adiante, Riley surgiu usando
suas calas jeans. Nada de camiseta, nada de sapatos apenas aquele
jeans mal-ajustado, largo. Como Riley teria conseguido tocar no
tecido? Sua mo no deveria sofrer daquele mesmo efeito fantasmagrico
que Aden experimentava? A pele de Riley, normalmente bronzeada,
agora estava plida; as veias azuis, visveis. Suas bochechas
profundas, seus olhos ligeiramente afundados e feridos. Havia
alguns cortes no peito, como se sua habilidade de se curar
instantaneamente tivesse desaparecido. Fadas e elfos no conseguem
ouvir os pensamentos de lobos. At a voz do mutante estava
fragilizada Isso s pode significar que voc tambm no consegue
enquanto est a. Bem, eu estava dizendo o que voc devia fazer, mas
voc no reagia. Ento. Riley estava esperando uma reao. Ser que ele
trazia ms notcias? Diga novamente. No ajude esse cara, rugiu Thomas
dentro daquela cabea. Ele o inimigo. Os mestres dele destruiro seu
mundo e todos os humanos que o habitam. Est me ouvindo? Mate esse
cara! Aden o ignorou o mximo que conseguia. Preciso cravar uma faca
no corao dele. anunciou Riley. No! O protesto partiu
simultaneamente de Thomas e de Aden. Que timo. Disse Caleb. Jesus
amado. Disse Julian. Sangue. Disse Elijah. E no h outra sada? Aden
conseguiu perguntar, embora tivesse um n na garganta. Algo como...
Uma forma de deix-lo preso aqui e evitar que ele cause mais danos?
No. No h outra sada. Ele um elfo. Como todos dessa espcie, Thomas
tem a habilidade de tomar emprestada a fora dos imortais, possuindo
temporariamente as
33. 33 habilidades deles. E, alm disso, ele um prncipe. Se
sobreviver, reunir um exrcito e eles viro atrs de ns. No gosto da
idia de mat-lo. Embora Elijah tambm tivesse dito que essa seria a
nica sada. Ele protege os humanos. Victoria tinha contado ao
garoto. Ainda assim. Se ele no soubesse, teria percebido a verdade
logo que entrou no corpo do elfo. O conhecimento estava l,
flutuando naquela mente com a mesma intensidade daquele calor.
Humanos eram como crianas. Crianas irresponsveis e instintivas,
mas, de qualquer forma, amadas pelos Fae. Ele vai matar voc se voc
der outra chance a ele. disse Riley. Eu sei. Essa informao tambm
estava l. Mas no me importo. Aden era capaz de se cuidar. Bem, pelo
menos esperava ser. Ele vai matar Victoria. acrescentou Riley
friamente. Golpe baixo, O lobo sabia que Aden faria qualquer coisa
para proteger a princesa vampira. O garoto fechou as mos e os
olhos. Seu corao batia em staccato enquanto ele condenava outra
criatura morte. Est bem. Meu Deus.Vamos fazer isso. Tem certeza?
Certeza de que queria sentir uma faca atravessar seu corao? No.
Sim. Ele se perguntava se iria morrer com o elfo da mesma forma
como tinha morrido com Dmitri. Se fosse isso, ele voltaria a viver?
Sim, voc vai morrer; mas, sim, voc vai voltar, esclareceu