Download - Aden stone contra o reino das bruxas vol 2 (série:Interligados)

Transcript
  • 1. 1
  • 2. 2
  • 3. 3 Sinopse Aden Stone finalmente conseguiu o que sempre desejou: um lar, amigos e a namorada dos seus sonhos... Agora ele tambm o Rei dos Vampiros. O nico problema que um feitio de morte foi lanado sobre Aden e seus amigos. E se ele no conseguir reverter essa maldio. Tudo o que conquistou ficar para trs e s lhe restar a dor e a solido. As trs almas que ainda vivem em sua cabea continuam a ajud-lo com as habilidades sobrenaturais: possuindo corpos, ressuscitando os mortos e prevendo o futuro. Essas premonies dizem que o destino de Aden ser sangrento e cabe a ele evitar isso. Fazendo as escolhas certas... A batalha contras as sombras continua. Espcies inimigas se aliam com o objetivo de destruir a fora que emana de Aden, a princesa vampira Victoria, o fiel lobo Riley e Mary Ann - que alm de neutralizar poderes especiais descobre que pode ter outras habilidades. Muitos desafios foram lanados, alguns enigmas descobertos, mas nada ser capaz de desviar Aden e seus amigos de lutarem para continuarem vivos e juntos...
  • 4. 4 Prlogo ADEN STONE SE DEBATIA na cama, lenis estavam caindo no cho. Quente demais. O suor respingava, fazendo sua samba cano, a nica pea que vestia, ficar colada em suas coxas. Demais. Sua mente... Ah, sua pobre e arruinadamente. Tantas imagens piscavam e se misturavam com a escurido intensa, com o caos horrvel, com a dor brutal. No posso aguentar... Muito mais... Ele era humano, embora o sangue ardente dos vampiros agora corresse em suas veias, o sangue poderoso dos vampiros que permitia que o garoto visse o mundo pelos olhos do doador, mesmo que apenas por um breve intervalo. Aquilo era to horrvel! Aden j tinha vivenciado esse tipo de situao antes. No entanto, naquela noite, ele tinha ingerido sangue de duas fontes distintas. Acidentalmente, claro, mas essa condio no era relevante para aquela dor avassaladora. Uma das fontes era sua namorada, a Princesa Victoria. A outra, Dmitri, o ex-noivo da vampira que havia falecido. Enfim. Agora os sangues se enfrentavam em um cabo de guerra pela ateno do garoto. Idas e vindas txicas. Nada demais, certo? Durante os anos de sua vida, Aden tinha lutado contra zumbis, viajado no tempo e conversado com fantasmas. Ele devia ser capaz de rir dessa nova condio. Errado! Ele sentia como se tivesse ingerido uma garrafa de cido e cacos de vidro como aperitivo. Um desses o queimava enquanto o outro o cortava em pedaos. E agora ele estava... Mudando o foco novamente. Ah, Pai. Aden subitamente ouviu Victoria sussurrar. Aden recuou. Ela tinha sussurrado, sim, mas alto demais. Os ouvidos do garoto estavam to sensveis quanto o restante de seu corpo. De alguma forma, ele encontrou foras para afastar a dor e focar seu olhar. Um grande erro. Claro demais. A forte melancolia dos arredores de Dmitri tinha aberto caminho para as cores vibrantes de Victoria. Aden agora enxergava pelos olhos dela, incapaz de sequer piscar sozinho. Voc foi o homem mais forte que j existiu. Ela continuou em um tom solene. Para Aden, aquilo era como se ele estivesse falando, sua garganta raspava como se estivesse em carne viva. Como voc pde ter sido derrotado to rapidamente? Como eu pude no saber que isso estava acontecendo? Pensou Victoria. Ela, seu guarda-costas Riley e sua amiga Mary Ann tinham levado Aden para casa na noite anterior. Victoria queria ficar com o garoto, mas ele a dispensara. Aden no sabia como iria reagir a dois tipos diferentes de sangue em seu corpo e Victoria precisava estar com os vampiros durante o perodo de luto. Por algum tempo, ele tinha tentado dormir, agitando-se e revirando-se, seu corpo se recuperava das agresses que tinha causado... E recebido. Ento, aproximadamente, uma hora atrs, aquele cabo de guerra tinha comeado. Graas a Deus, Victoria tinha se retirado. Que pesadelo terrvel teria sido para Aden ver, pelos olhos da vampira, a si mesmo, naquela situao pattica, e saber o que ela estava pensando dele.
  • 5. 5 Quando Victoria pensasse nele, ele queria que ela se apegasse palavra invencvel. Ou, se isso no fosse possvel, que ela, pelo menos, se apegasse palavra lindo. Qualquer outro termo, no, obrigado. Porque ele pensava que ela era perfeita, de todas as formas. Perfeita e doce, e linda. E dele. A imagem da vampira invadiu a mente de Aden. Ela tinha cabelos longos e escuros que se derramavam sobre aqueles ombros plidos; olhos azuis que brilhavam como cristais; lbios to vermelhos quanto cerejas. Para beijar. Para lamber. Ele a tinha conhecido h poucas semanas, embora tivesse a impresso de que a conhecia desde sempre. O que, de uma forma confusa, era verdade. Bem, ele conhecia Victoria h pelo menos seis meses, graas s informaes fornecidas por uma das almas que viviam em sua cabea. Sim, como se vampiros e sangues telepticos no fossem estranhos o suficiente, Aden dividia sua cabea, agora, com trs outras almas humanas. Mais que isso, cada uma dessas almas possua uma habilidade sobrenatural. Julian era capaz de levantar os mortos. Caleb podia possuir outros corpos. E Elijah tinha o dom de prever o futuro. Por meio de Elijah, Aden tinha descoberto que encontraria Victoria antes mesmo de ela chegar a Crossroads, Oklahoma. Um lugar que, no passado, Aden considerava a filial do inferno na Terra, mas que agora ele pensava ser o Paraso, muito embora aquele fosse um solo extremamente frtil para criaturas supostamente mticas. Bruxas, duendes, fadas, elfos (todos inimigos de Victoria) e, claro, vampiros. Ah, e lobisomens, os protetores dos vampiros. E tudo bem. Isso era um monte de criaturas esquisitas. No entanto, se um mito fosse verdadeiro, de certa forma fazia sentido que todos os mitos tambm se tornassem verdadeiros. O que vou fazer com... Victoria comeou a falar novamente, trazendo a ateno de Aden para o presente. Ele realmente queria ouvi-la completar a sentena. Entretanto, antes que a vampira pudesse pronunciar outra palavra, o foco do garoto mudou. Mais uma vez. A escurido subitamente o envolveu, consumindo-o, fazendo sua ligao com Victoria desaparecer. Aden voltou a se debater na cama, a dor explodia por todo o corpo antes de se ligar ao outro vampiro. Dmitri. O Dmitri morto. O garoto queria abrir os olhos, ver alguma coisa, qualquer coisa, mas suas plpebras estavam, de alguma forma, coladas. Em meio a uma respirao trmula, ele sentia o cheiro de terra e de... Fumaa. Sim. Fumaa. Espessa e nauseante, fazendo sua garganta coar. Ele tossiu e tossiu. Ou aquilo era Dmitri tossindo? Dmitri ainda estava vivo? Ou aquele corpo apenas reagia porque os pensamentos de Aden corriam por uma mente compartilhada? Ele tentou movimentar os lbios de Dmitri, forar para que palavras sassem para chamar a ateno de algum. No entanto, os pulmes se apertaram, rejeitando o ar poludo. E, de repente, ele j no conseguia respirar. Queime-o. disse friamente algum. Vamos nos assegurar de que o traidor esteja realmente morto. Ser um prazer. respondeu outro, com um tom ligeiramente eufrico. Em meio escurido, Aden no conseguia enxergar os falantes. No sabia se eles eram humanos ou vampiros. No sabia onde ele estava ou... As palavras do primeiro homem finalmente foram absorvidas, consumindo os pensamentos de Aden. Queime-o... No. No, no, no. No enquanto Aden estivesse ali. E se ele sentisse cada labareda das chamas? No! O garoto tentou gritar. Novamente, nenhum som saiu.
  • 6. 6 O corpo de Dmitri foi erguido. Aden sentia como se estivesse suspenso, preso a um fio, com a cabea caindo para trs e os membros esquecidos. Prximo dali, ele ouviu o estalar daquelas chamas assustadoras. O calor passava por ele, girando em volta dele, envolvendo-o. No! Ele tentava se debater, lutar, mas o corpo continuava sem nenhum movimento. No! Um momento depois, houve um contato. E, ah, sim. Ele sentiu. As primeiras chamas tocaram os ps antes de incendiarem... De espalharem-se. Agonia. Agora maior que qualquer agonia que ele j tinha sentido. A pele estava derretendo. Msculos e ossos, liquefazendo-se. O sangue, desintegrando-se. Meu Deus. Ainda assim, ele tentava lutar, afastar-se e correr. Entretanto, o corpo sem vida se recusava a obedecer. No! Ajuda! Embora parecesse impossvel, a agonia se intensificou... Ardendo por todo o corpo, devorando-o, pedao por pedao. O que aconteceria se ele continuasse ligado a Dmitri at o fim? O que aconteceria se ele... Pontos de luz piscaram em meio escurido, pontos que cresciam at se juntarem, e, novamente, ele passou a ver o mundo pelos olhos de Victoria. Mais uma mudana. Graas a Deus. Aden tremia, to ensopado de suor que poderia praticamente nadar. No entanto, apesar da mudana, a dor residual, muito maior que o cido que ainda raspava nas veias, escorregava dos ps at o crebro. Ele queria gritar. Aden estava... Tremendo, ele se deu conta. No, Victoria estava tremendo. Uma mo suave e aquecida encostou-se em seu ombro. No ombro dela. Victoria olhou para cima, a viso se embaava em consequncia das lgrimas. A luz da lua brilhava no cu, ele percebeu, assim como as estrelas. Alguns pssaros da noite voavam, gritando uns para os outros... Com medo? Provavelmente. Eles deviam sentir o perigo que estava logo abaixo deles. Victoria baixou o olhar e Aden observou os vampiros ao redor dela. Todos eram altos, plidos, lindos. Vivos. A maior parte deles no estava de acordo com a imagem retratada nos romances. Eles apenas eram diferentes; os humanos eram uma fonte de comida da qual eles no podiam se importar. Afinal, vampiros viviam sculos, enquanto os humanos se debilitavam e morriam rapidamente. Exatamente como Aden logo morreria. Elijah j tinha previsto a morte do garoto. Essa previso era um saco, sim, mas o pior dos problemas era como a morte ocorreria: uma faca afiada atravessaria o to necessrio corao de Aden. O garoto sempre rezava para que esse como mudasse milagrosamente. At mesmo agora. Uma faca enfiada em um corao queimando at a morte dentro de um corpo que no pertencia somente a ele em nenhum dia da semana. E quando ele teria uma folga, hein? Nada de torturas, nada de lutar contra criaturas, nada de esperar pelo fim, mas apenas desafios, como ser aprovado no colgio e beijar sua namorada. Aden se esforou para se concentrar antes de se enfurecer de uma forma que ele esperava ser incapaz de amenizar. A manso dos vampiros, escura e misteriosa, se elevava atrs da multido como uma mistura de casa malassombrada com catedral romana. Victoria lhe tinha contado que aquela casa estava aqui, em Oklahoma, h quatrocentos anos e que os vampiros a tinham tomado emprestada do dono quando chegaram. Aden entendeu que isso significava que o antigo dono tinha servido um excelente buf de almoo para os vampiros... Usando seus prprios rgos como prato principal. Ele era poderoso, voc est certa quanto a isso. disse uma garota que parecia ter a idade de Victoria. Ela tinha o cabelo da cor da neve recm-cada, olhos verdes como um campo e o rosto de um anjo. Ela usava uma toga negra que deixava o ombro plido mostra, a vestimenta tradicional das vampiras, mas aquilo, de alguma forma, parecia... Fora do lugar. Talvez porque ela tenha estourado uma bola de chiclete.
  • 7. 7 Um excelente rei. acrescentou outra garota, colocando a mo do outro lado do corpo de Victoria. Outra loura, mas dessa vez com olhos cristalinos como os de Victoria e com o rosto de um anjo cado. Diferentemente das outras garotas, ela usava um top de couro preto e calas tambm de couro preto. Havia armas presas cintura e arame farpado em volta dos pulsos. E no, o arame no era uma tatuagem. Sim. respondeu Victoria com uma voz suave. Queridas irms. Irms? Sim, ele sabia que Victoria tinha irms, mas nunca as tinha conhecido. Elas estavam trancafiadas em seus respectivos quartos durante o Baile dos Vampiros, cerimnia que tinha como propsito celebrar o despertar oficial de Vlad, o Empalador, depois de um sculo de sono. Aden se perguntava se a me de Victoria tambm estaria aqui. Aparentemente, ela tinha sido presa na Romnia por ter contado segredos dos vampiros a humanos. Ordens de Vlad. Que cara legal esse Vlad. Aden era humano e sabia muito mais do que devia saber. Alguns vampiros (como Victoria) eram capazes de se teletransportar, viajar de um local a outro usando apenas o pensamento. Portanto, se a informao da morte do rei j tivesse chegado Romnia, a mame vampira podia ter chegado a Crossroads em questo de segundos. Mas ele era um pai terrvel, no era? Continuou a primeira garota enquanto mascava o chiclete. As trs compartilharam um sorriso pesaroso. De fato, ele era. disse Victoria. Inflexvel, exigente. Brutal com seus inimigos e, s vezes, tambm conosco. E, ainda assim, to difcil dizer adeus. Ela olhou para baixo, encarando os restos mortais carbonizados de Vlad. Ele foi o primeiro a transformar humanos em vampiros. Bem, o primeiro de que se teve conhecimento. Seu corpo estava inteiro, embora queimado a ponto de no ser reconhecvel. Uma coroa se pendurava negligentemente no topo da cabea calva de Vlad. Vrios anis decoravam os dedos do vampiro; um tecido de veludo preto envolvia o peito e as pernas. O corpo morto ainda estava onde Dmitri o tinha deixado. Havia algum tipo de protocolo sobre mover o cadver real? Ou aquele povo ainda estava chocado demais para tocar em Vlad? Eles perderam o rei exatamente na mesma noite em que deviam se reunir novamente com ele. Dmitri o tinha queimado at a morte antes de a cerimnia comear e afirmado que o trono agora era seu. Depois, Aden matou Dmitri, o que significava que o garoto agora deveria liderar os chupadores de sangue. De todas as pessoas do mundo, de todos os humanos, Aden. Isso era realmente uma loucura. Ele seria um pssimo rei. No que ele quisesse tentar ser o soberano. Aden queria Victoria. Nada mais, nada menos. Apesar de nossos sentimentos, ele ter um lugar de honra, mesmo depois da morte. afirmou Victoria. Seu olhar passou por suas irms, chegando aos vampiros que ainda se aproximavam delas. O funeral dele deve acontecer... Em alguns meses. interrompeu a segunda irm. Victoria piscou uma vez, duas vezes, como se tentasse dar partida em seus pensamentos. Por qu? Ele nosso rei. Ele sempre foi nosso rei. Mais que isso, ele o mais forte de ns. E se ele ainda estiver vivo sob toda essa fuligem? Precisamos esperar e observar. Precisamos ter certeza. No. Aden sentiu o deslizar dos cabelos de Victoria, que tocavam nos ombros da vampira, enquanto ela sacudia a cabea violentamente. Isso s vai nos dar falsas esperanas.
  • 8. 8 Alguns meses uma espera longa demais, sim. disse a vampira de olhos verdes que mascava chiclete. Se Aden estava lendo os pensamentos de Victoria corretamente, o nome dessa garota era Stephanie. Mas concordo que esperar um pouco antes de crem-lo uma escolha inteligente. Assim podemos fazer todos se acostumarem com a idia de que vamos ter um rei humano. Ento, por que no chegamos a esse acordo, hein? Vamos esperar, ah, no sei, um ms. Podemos manter nosso pai em uma cripta subterrnea. Em primeiro lugar, a cripta para nossos humanos mortos. E, em segundo lugar, um ms ainda tempo demais. Victoria rangeu os dentes. Se temos que esperar... Ela fez uma pausa at que suas irms acenassem com a cabea, concordando. Ento vamos esperar... Metade de um ms. Ela queria dizer um dia, talvez dois, mas sabia que essa sugesto seria recebida com resistncia. E, assim, Aden teria tempo para se acostumar com a idia de ser rei. A outra irm passou a lngua sobre os dentes muito brancos, muito afiados. Muito bem. Concordo. Esperaremos quatorze dias. E, sim, ns vamos mant-lo na cripta. Ele ficar preso l dentro, o que vai evitar que qualquer rebelde que ainda exista por a, o machuque ainda mais. Victoria suspirou. Sim. Tudo bem. Voc concordou com a minha condio, portanto, vou concordar com a sua. Nossa! Ningum precisou partir para a violncia para ganhar a discusso. A mudana de governo j est funcionando a seu favor. Stephanie estourou outra bola de chiclete. Ento, enfim, de volta ao nosso querido pai. Ele tem sorte, vocs sabem. Ele morreu aqui, ento vai poder ficar aqui. Se isso tivesse acontecido na Romnia, o resto da famlia cuspiria na cripta. Houve um momento de silncio intenso antes que suspiros de indignao preenchessem o local. O que foi? Stephanie abriu os braos, toda inocente. Vocs sabem que esto pensando a mesma coisa. Graas a Deus! Victoria no teria de ir para sua terra natal para participar do funeral, Aden no conseguiria viajar com ela, afinal, ele vivia no Rancho D&M, uma casa de recuperao para jovens rebeldes, tambm conhecidos como delinquentes indesejados, onde todas as suas aes eram monitoradas. Todos acreditavam que Aden era esquizofrnico, afinal, ele conversava com as almas que moravam dentro da prpria cabea. E isso lhe havia rendido uma vida de remdios e hospitais. Esse rancho era a tentativa final do sistema para tentar salv-lo e, se ele estragasse essa chance, seria transferido. Boom. Feito. Adeus. Em outras palavras, Aden teria uma vida de confinamento em um quarto acolchoado. Ele perderia Victoria para sempre. Cale a boca, Stephanie, antes que eu tenha de for-la a fazer isso. Vlad nos ensinou a sobreviver e a fazer que os humanos no saibam que ns existimos. Ele nos tornou uma lenda, um mito. Tambm ensinou nossos inimigos a nos temerem. S por isso, ele j tem meu respeito. disse a irm de olhos azuis, Lauren... Lauren, esse era o nome dela. Lauren virou a cabea para o lado, subitamente tornando-se pensativa. E o que voc vai fazer com relao ao mortal enquanto o prazo de quatorze dias j est correndo? O Aden... Da Victoria? Stephanie apertou a sobrancelha. Esse o nome dele, certo? Haden Stone, conhecido pelo povo dele como Aden, sim. respondeu Victoria. Mas eu...
  • 9. 9 Seguiremos o governo dele. disse uma voz masculina, interrompendo a vampira. Porque, e me diga se voc j ouviu isso, ele nosso governante. Era Riley, o lobo e segurana de extrema confiana de Victoria, falando enquanto se aproximava do meio crculo que as garotas formaram. Riley olhou para Lauren. Se voc no entende isso, avise-me que desenho. Aden matou Dmitri, Aden est no comando. Ponto final. Lauren fez uma carranca para ele. As presas da vampira estavam mais afiadas que antes. Veja l como voc fala comigo, cachorrinho. Eu sou uma princesa. Voc no passa de um funcionrio contratado para nos servir. Mais suspiros reverberaram. Aden continuava sem conseguir visualizar a multido, mas ela subitamente preenchera sua linha de viso enquanto Victoria os estudava, pronta para agir se algum atacasse sua irm. Eles claramente no gostavam de ver o lobo receber insultos. Nem ela. Os lobos mereciam respeito, muito mais respeito do que era exigido at mesmo para Vlad. Os lobos podiam... Aden pestanejou quando Victoria limpou a mente. A vampira fazia esforos para se concentrar no que estava acontecendo sua volta. Os lobos eram mais importantes que os vampiros?, Aden se perguntava. Mais importante que a realeza dos vampiros? Por qu? Riley deu risada, um humor genuno. Seu ressentimento est aparecendo, Lore. Se eu fosse voc, tomaria cuidado. Dessa vez, Lauren ignorou Riley, voltando os olhos cristalinos para Victoria e esbravejando. Traga Aden aqui amanh noite. Todos vo conhec-lo. Oficialmente. E mat-lo antes mesmo de terem se passado quatorze dias? Sim. Victoria consentiu com a cabea, mas no revelou, nem por palavras, nem por aes, seu temor repentino. Est bem. Amanh voc conhecer seu novo rei. Enquanto isso, devemos ficar de luto. A conversa terminou com todos devidamente castigados. Victoria suspirou e olhou para o corpo de seu pai. O que significava que Aden estava olhando para o pai da vampira. Ele refletiu sobre os restos mortais carbonizados, pensando sobre qual teria sido a aparncia do rei antes do ocorrido. Alto e forte, certamente. Teria ele olhos azuis como os de Victoria? Ou verdes como os de Stephanie? Os dedos de Vlad se moveram, fechando a mo. Aden ficou paralisado. Ele certamente estava tendo alucinaes. Devia mesmo estar tendo alucinaes, ele pensou, porque Victoria no parecia ter notado o fato estranhssimo enquanto Aden observava pelos olhos dela. Os dedos de Vlad se desenrolaram. Mais uma vez, Aden ficou paralisado, esperando, avaliando, com o corao espancando as costelas. No era imaginao. Ele no podia ter imaginado aquilo porque, mesmo enquanto o pensamento se formava, aqueles dedos se debateram como se quisessem se enrolar novamente. Movimento, movimento verdadeiro. E movimento era sinnimo de vida. Certo? Por que Victoria no tinha notado? Por que ningum notou? Talvez eles estivessem perdidos demais em meio ao sofrimento. Ou talvez o corpo de Vlad, que no passado fora considerado imortal, estivesse apenas expelindo seus ltimos sinais de existncia. De qualquer forma, Victoria precisava saber daquilo que o garoto tinha visto. Victoria, Aden tentou projetar a voz, desesperado para conseguir a ateno da vampira. Nada. Nenhuma resposta. Victoria! Ela acariciou o brao de Vlad, antes de se levantar para instruir o maior dos vampiros a levar o corpo de seu pai para dentro, para os preparativos do funeral. Victoria claramente no ouvia Aden.
  • 10. 10 E ento era tarde demais. O mundo de Aden mudou, realinhou-se, a escurido o envolvia novamente. No, no era escurido. Era luz. Tanta luz! Chamas azul-esbranquiadas cobriam todo o corpo de Dimitri e, por consequncia, o corpo de Aden. Queimando, causticando o que sobrava dele. Dessa vez, Aden gritou. E se debateu. Ele tambm morreu.
  • 11. 11 Um MARY ANN GRAY ESTUDAVA cuidadosamente seu reflexo no grande espelho de corpo inteiro que havia em seu quarto. Maquiagem: leve e perfeita. Cabelos: escuros e sem um n sequer. Cabelos: uniformes, ela ousaria pensar? Sedosos. Roupas: uma impecvel camiseta com detalhes em renda e calas jeans skinny. Sapatos: botas para caminhada. Ela havia trocado o cadaro branco e fino por um mais grosso e cor-de-rosa, o que dava um toque de feminilidade. Certo. timo. Mary Ann estava oficialmente pronta. Respirando fundo e um pouco trmula, a garota juntou os livros, colocou-os na mochila, jogou-a sobre o ombro e caminhou at o andar inferior, em direo cozinha. Seu pai a esperava com o caf da manh preparado. O estmago de Mary Ann se revirou em protesto. Ela teria de fingir comer porque duvidava que conseguisse engolir uma nica garfada que fosse. A garota simplesmente estava uma pilha de nervos. Da sala de estar ela ouviu o barulho das panelas batendo umas contra as outras, da gua estalando contra a pia e um suspiro de homem... Derrotado? Pouco antes de dobrar o ltimo canto do corredor, Mary Ann parou e apoiou o ombro contra a parede, perdendo-se em pensamentos. Algumas semanas atrs, ela e o pai haviam entrado em territrio desconhecido um territrio horrvel e incerto. Seremos sempre sinceros um com o outro, ele costuma dizer a ela. O-tempo-todo. Obviamente, ao mesmo tempo, ele alimentava as mentiras sobre a me biolgica dela. A mulher que a criara no lhe dera a luz, mas era, sim, sua tia. Na verdade, sua me biolgica tinha a habilidade de viajar no tempo, de se transformar em verses mais jovens dela mesma e, ainda assim, seu pai se recusava a acreditar nela, considerava-a instvel. A mulher tampouco podia provar o contrrio, pois estava morta e seu esprito havia seguido seu caminho. Ela havia deixado Mary Ann para sempre. Deus, a perda ainda doa. A garota teve a oportunidade de passar um dia com ela. Um dia maravilhoso, perfeito, porque Eve, sua me, era uma das almas presas dentro da cabea de Aden, amigo de Mary Ann. Mas logo depois, boom. Eve se fora. Lgrimas queimaram os olhos enquanto ela se lembrava da despedida, mas Mary Ann as conteve. Ela no poderia se permitir chorar. Seu rmel borraria e ela acabaria parecendo uma vtima de abuso domstico quando Riley passasse para peg-la. Riley. Meu namorado. Sim. Mary Ann pensaria em Riley e se concentraria no futuro em vez de se prender ao passado. Os lbios at se curvaram levemente, esboando um sorriso, enquanto o corao acelerava descontroladamente. Ela no o vira desde que foram juntos ao Baile dos Vampiros, quando o rei do povo de Riley havia sido morto e Aden nomeado o novo soberano dos vampiros. No que Aden quisesse ter esse ttulo ou as responsabilidades que isso certamente acarretava.
  • 12. 12 Claro, aquilo tudo havia acontecido no sbado anterior. Porm, um intervalo de dois dias parecia eternidade quando o assunto era Riley. Ela estava acostumada a v-lo todos os dias no colgio, alm de todas as noites, quando ele entrava escondido em seu quarto. E, sinceramente, Mary Ann nunca havia gostado de ningum como gostava dele. Talvez porque no houvesse ningum como Riley. Ele era intenso e inteligente, doce (com ela) e protetor. E sexy. Todos aqueles msculos... Fortes depois de tantos anos correndo como um lobisomem mutante e lutando como o guardio de uma vampira. Esses dois fatos eram o que forjava as muitas facetas da personalidade de Riley. Como guardio, ele era frio e distante (com todos, exceto com ela). Precisava ser. Essa era a nica forma de realizar um trabalho to violento. Porm, como lobisomem, era suave, caloroso e aconchegante. Mal posso esperar para abra-lo outra vez, ela pensou, abrindo o sorriso. Voc vai ficar de p a o dia todo? Gritou seu pai. A garota voltou ao mundo real; seu sorriso desapareceu. Como ele sabia que ela estava ali? Acabe com o massacre emocional matutino. Levantando a cabea, ela marchou pelo restante do caminho at a cozinha e sentou-se mesa, deixando a mochila cair nos ps. Seu pai colocou um prato com panquecas diante dela. Os aromas de blueberry e melao revestiam o ar. Os favoritos de Mary Ann. Seu estmago tinha melhorado consideravelmente enquanto ela pensava em Riley, mas, mesmo assim, a garota no acreditava que conseguiria comer. Ou melhor, no queria arriscar as possveis consequncias por exemplo, vomitar na frente de seu novo namorado. O pai de Mary Ann relaxou o corpo na cadeira do outro lado da mesa. Os cabelos louros estavam arrepiados, como se ele os tivesse puxado algumas centenas de vezes. Os olhos cor do cu estavam opacos e circulados por grandes olheiras. Linhas de tenso brotavam da boca, dando-lhe um aspecto de algum que no dormia h semanas. Talvez fosse verdade. Apesar de tudo, Mary Ann detestava v-lo assim. Ele a amava, ela sabia disso. Porm, esse era o motivo pelo qual a traio havia se transformado em um evento to doloroso. E por doloroso, ela entendia enfiar a cabea em um moedor de carne e usar o produto como isca de pescaria. Pai. disse a garota no exato momento em que ele disse: Mary Ann. Eles se encararam por um momento e ento sorriram. Aquele era o primeiro momento afetuoso que eles compartilhavam h semanas. E aquilo era... Bom. Voc primeiro. disse a garota. Ele era mdico, um psiclogo clnico, e, portanto, extremamente ardiloso. Com apenas algumas palavras, era capaz de faz-la expressar seus sentimentos, sem que ela sequer percebesse que havia aberto a maldita boca. No entanto, hoje ela arriscaria deixar os sentimentos escapar porque no fazia idia de como dar incio conversa. Ele puxou algumas panquecas para seu prato. Eu s queria dizer que sinto muito. Por cada mentira. Por tudo. E eu fiz isso para proteger voc, Mary Ann. Um bom comeo. Ela seguiu o exemplo e encheu seu prato. Depois, continuou mexendo na comida, fingindo comer. Me proteger de...? Do estigma de pensar que sua me era uma desequilibrada. Do pensamento de que voc teria, de alguma forma... De que voc teria... Matado minha me? As palavras rasparam na garganta repentinamente apertada de Mary Ann. Sim. ele sussurrou. Voc no fez isso, voc sabe. No foi culpa sua.
  • 13. 13 Sua verdadeira me, Anne (que Aden conhecia como Eve) morrera durante o parto. Esse tipo de coisa acontece s vezes, no mesmo? No havia motivos para o pai culp-la. Mas ele tambm no sabia de toda a verdade. Ele no sabia que Mary Ann neutralizava habilidades paranormais. Ela mesma havia descoberto isso h pouco tempo e tudo o que sabia a respeito era que sua mera presena evitava que as pessoas (e as criaturas) empregassem seus dons Se no fosse por Aden, Mary Ann jamais teria descoberto nem mesmo isso. Esse seu amigo era o maior apoio de atividade paranormal de todos os tempos. (E tomara mesmo que fosse. Porque qualquer pessoa mais forte... Calafrios.) Durante a gravidez, a me da garota enfraquecia mais e mais. A pequena Mary Ann literalmente sugava a vida de sua me. E ento, assim que ela nasceu, Anne/Eve simplesmente se foi. Direto para Aden, pensou Mary Ann, suspirando. Aden, que nascera no mesmo dia, no mesmo hospital. Aden, que tambm havia atrado trs outras almas humanas (ou fantasmas) para dentro da cabea. Porm, Anne/Eve no se lembrou de Mary Ann logo no primeiro momento suas memrias se perderam quando ela entrou na cabea do garoto. Quando eles entenderam o que havia acontecido, sua me teve acesso a tudo o que mais queria na vida, quilo que lhe tinha sido negado quando ela morreu: um nico dia com Mary Ann. E quando o desejo foi realizado, Anne/Eve desapareceu. E nunca mais foi vista. E nunca mais disse nada. Estmago... Revirando... Outra vez... Seu pai no sabia de nada disso, e Mary Ann tampouco estava disposta a lhe contar. De qualquer forma, ele no acreditaria. Acharia que era desequilibrada como a me. Mary Ann. sussurrou o pai da garota. Por favor, diga como voc est se sentindo. Diga o que pensou quando eu... O som da campainha salvou o pai do tormento de terminar aquela frase, e a filha, da angstia de ter de criar uma resposta. Com o corao palpitando intensamente, a garota pulou. Riley. Ele estava aqui. Eu atendo. disse ela, apressando-se. Mary Ann... Mas ela j atravessava a cozinha, correndo em direo porta da frente. No momento em que a espessa porta de cerejeira se abriu, a garota pde ver Riley do outro lado tela. Seu estmago se acalmou completamente. Ele abriu aquele sorriso de bad boy, meio malvado, meio realmente malvado. Oi. Oi. Sim. Sexy. Ele tinha os cabelos negros e os olhos verde-claros. Era alto, tinha o corpo de um jogador de futebol dedicado que tambm se interessa por levantar pesos. Os ombros eram largos; a barriga, trincada. Infelizmente, ela no podia ver aquele tanquinho, de dar gua na boca, por debaixo da camiseta. A cala jeans estava um pouco larga em volta daquelas pernas fortes, e os sapatos sujos de terra. Espere a. Ela havia feito um exame corporal completo? Sim. Com as bochechas esquentando, ela voltou o olhar para o rosto de Riley, que claramente segurava o riso. Aprovado? Perguntou ele. O calor se intensificava. Sim, mas eu ainda no tinha terminado. respondeu Mary Ann. Ele no tinha o tipo de beleza de um modelo masculino, mas era vigorosamente interessante, com um nariz ligeiramente torto (talvez por ter sido quebrado tantas vezes) e um maxilar quadrado. E ela havia beijado aqueles lbios maravilhosos apenas uma vez.
  • 14. 14 Quando nos beijaremos outra vez? Mary Ann estava pronta. Mais que pronta. Aquele beijo tinha sido o pice da diverso que sua lngua j experimentara. Ele abriu a boca para dizer algo e ento a fechou rapidamente. Passos ecoaram atrs da garota, e ela ento se virou. Seu pai se aproximava balanando a mochila no brao. Ela se aproximou, pegou a mochila e se apoiou na ponta dos ps, beijando a bochecha do pai antes de se despedir. A gente se v mais tarde, pai. Obrigada pelo caf da manh. A tenso no rosto do homem diminuiu ligeiramente. At mais tarde, querida. Espero que voc tenha um timo dia. Voc tambm, pai. Ele encarou o garoto ainda parado na entrada. Riley. cumprimentou severamente o pai de Mary Ann. Eles haviam se conhecido apenas brevemente. O pai da garota no sabia, mas Riley era mais velho que ele. Algo do tipo... Cem anos mais velho. Sendo um mutante, Riley envelhecia lentamente. Muito, muito lentamente. Dr. Gray. respondeu Riley, respeitoso como sempre. Mary Ann. disse o pai da garota, voltando-se para ela. Talvez seja melhor voc levar uma jaqueta. Era 1 de novembro e a cada dia fazia mais frio. No entanto... Eu vou ficar bem. Riley a manteria aquecida. Prometo. Simpatias terminadas, Mary Ann voltou at a porta, abriu a tela com o ombro e segurou a mo quente e calejada de Riley. A garota estremeceu. Ela adorava toc-lo. Como humano e como lobo. Enquanto andavam, ele tomou a mochila com a mo livre. Obrigada. De nada. A manh estava agitada, embora o sol se escondesse atrs das nuvens e o cu estivesse cinza escuro, Os melros cantavam ininterruptamente (eles ficavam em Crossroads durante todo o ano) e o ar estava fresco e revigorante. Ainda de mos dadas, eles passaram pelas casas vizinhas de Mary Ann. Cada uma delas tinha a forma de uma estao de trem antiga, com pilares, deques, madeira colorida e telhados inclinados sobre dois andares. Ao passarem pela ltima das casas, aproximaram-se de uma muralha de tijolos que se estendia por quase um quilmetro, fazendo divisa com a densa floresta que se erguia logo atrs. As rvores enormes ostentavam agora folhas amarelas e vermelhas. O pai de Mary Ann sups que ela e Riley tomariam o caminho mais longo at a escola, seguindo pelas ruas seguras e pavimentadas, evitando cortar o caminho pela floresta. Mas ele estava errado. Tem horas que uma garota precisa ficar sozinha com seu namorado, longe de olhos espreitando. Ou de ouvidos. A caminhada at Crossroads High era um desses momentos. No acredito que tanto tempo se passou desde a ltima vez em que nos vimos. disse Mary Ann. Eu sei. Sinto muito. Para mim tambm pareceu uma eternidade. Eu queria ver voc, acredite, mas muitos vampiros tm aparecido em casa para os preparativos do funeral de Vlad. Sinto muito. disse a garota suavemente, enquanto apertava a mo de Riley. Pela morte. Sei que voc o respeitava.
  • 15. 15 Obrigado. Precisamos esperar quatorze dias antes de realizarmos o funeral... No, agora so mais treze dias, eu acho. Depois disso, Aden ser oficialmente coroado rei. Por que esperar quatorze dias? Mary Ann no queria nem imaginar o aspecto do cadver depois de duas semanas. Riley encolheu os ombros. Ele era um rei. As pessoas querem estar realmente certas de que ele morreu. Espere a. Pode ser que ele esteja vivo? No. Mas voc acabou de dizer que... Que as pessoas querem estar certas de que ele morreu, eu sei, mas ainda esto impressionadas, esperanosas. Nada desse tipo aconteceu antes aquele povo. Mary Ann conseguia entender. Ela ficou bastante confusa depois que suas duas mes morreram. Pelo menos Aden ficar feliz com esse adiamento. Acho que ele no est muito entusiasmado com essa histria de ser rei. Ah, ele j rei. No h dvidas quanto a isso. Nem mesmo Vlad conseguiria se recuperar de queimaduras to severas. E Mary Ann se viu novamente dizendo: Mas voc acabou de dizer que... Eu sei, eu sei. A questo que, vivo ou morto, Vlad no est os governando e algum precisa governar. Do contrrio, haver caos, desertores e tentativas de tomada de poder. De qualquer forma, com um humano no controle, provavelmente haveria caos, desertores e tentativas de tomada de poder. Alm do mais, todos esto... Ansiosos para conhecer Aden, para conhecer os planos que ele tem para o cl. Continuou Riley. Ansiosos. Claro. At parece. Sinto muito, Aden, ela pensou, suspeitando que o garoto ficaria frustrado ao ouvir aquilo. Parece que voc vai ter que se sacrificar pelo grupo. Agora que as questes de vida ou morte esto fora do caminho, voc precisa me dizer. Voc est bem? Riley lanou um olhar preocupado para ela. Depois de tudo o que voc presenciou, ando um pouco preocupado. Estou bem, eu juro. E ela estava. Sim, no baile ela tinha visto humanos serem reduzidos a nada alm de refeio viva para os chupadores de sangue. Sim, ela tinha visto Aden lutar e, finalmente, matar um dos sanguessugas, queimando-o da mesma forma que o vampiro havia queimado Vlad e depois o apunhalando em seu ponto mais vulnervel: o olho. E, sim, pode ser que aquelas imagens sangrentas a assombrassem por toda a vida. Apesar de tudo, graas a Aden e Riley, ela estava viva, e todo o resto parecia no importar quando comparado com isso. E voc? Voc est bem? Perguntou Mary Ann. Ele era um guerreiro e provavelmente o simples fato de ousar fazer essa pergunta o tivesse insultado. Ainda assim, ela precisava ouvir a resposta da boca dele. Agora estou. ele respondeu e ento sorriu. Um sorriso que a derreteu como um sorvete sob o sol. Certo. Lembre-o das outras questes de vida ou morte, para que voc consiga se concentrar em outra coisa. Como em limpar as amdalas de Riley. Acredito que seja bom saber que nada acontecer com os vampiros por duas semanas. Temos de ir a uma reunio com as bruxas. Ou melhor, Aden tem de ir.
  • 16. 16 Ugh! Ela odiava at mesmo pensar naquelas bruxas. Em como elas podiam ser to poderosas. Em como conseguiam ser to indiferentes. Em como ela literalmente morreria se Aden no aparecesse naquele encontro. Algumas semanas atrs, aquelas bruxas haviam lanado um feitio sobre eles. Um maldito feitio da morte. Se, em cinco dias, Aden no fosse a uma reunio com elas, Mary Ann, Riley e Victoria, a namorada de Aden, morreriam. Simples assim. E complicado assim. Ningum sabia onde o encontro aconteceria, nem mesmo onde as bruxas ficavam. O que impossibilitava um encontro com elas. Talvez essa fosse inteno delas desde o incio. Estmago queimando outra vez. E, no entanto, aquilo no parecia real. Elas haviam amaldioado Mary Ann com a morte se Aden no fosse ao encontro e, ainda assim, a garota se sentia bem. Saudvel, completa, como se ainda tivesse dcadas, e no dias, de vida pela frente. Seu corao simplesmente deixaria de funcionar? Ou ela estava se enganando? Nada aconteceria e o feitio seria apenas uma brincadeira? Uma forma de aterroriz-la? Mary Ann tinha passado toda a noite anterior pesquisando sobre bruxas e feitios, e formas de quebr-los. As informaes mudavam de acordo com a fonte. A fonte em que ela mais confiava, no entanto, era Riley, e ele disse que feitios, uma vez proferidos, so inquebrveis. Os msculos da mo de Riley estremeceram, trazendo Mary Ann de volta ao presente. Acredite, no me esqueci do encontro. A voz do mutante agora soava inexpressiva. Uma tentativa de no assust-la? Agora era tarde demais. Embora a perspectiva no parecesse real, Mary Ann ainda estava muito assustada. Riley acreditava piamente no poder das bruxas, o que significava que, no fundo, ele acreditava que todos daquele grupo logo morreriam. Voc tem idia de onde ocorrer esse encontro? Perguntou a garota, embora j soubesse a resposta. Ainda no, mas estou tentando descobrir. Que frustrante! No que ela estivesse frustrada com ele, claro que no, mas com toda aquela situao. Tudo vai ficar bem. disse Riley, como se sentisse que ela ficava mais incomodada a cada minuto. Ele provavelmente sentia isso. Ele podia ler auras e, portanto, emoes. Ns vamos dar um jeito nisso. Prometo. Eu jamais deixaria algo de ruim acontecer a voc. Mary Ann confiava nele. Ah, como ela confiava. Mais que em qualquer outra pessoa. Ele nunca mentia para ela. Mostrava os fatos, de forma direta, de forma nua e crua, independentemente de quo duros eles pudessem ser. Finalmente, os dois chegaram ao muro e, embora no estivessem nem um pouco prximos do porto, pararam. Sem dizer uma palavra, Riley pulou sobre a estrutura de mais de dois metros. Seus movimentos cheios de charme faziam o pulo parecer perfeito. Sorrindo, ele reclinou o corpo e ofereceu ajuda a Mary Ann. Mesmo assim, ela precisava usar toda a sua fora para alcanar a mo de Riley. Provavelmente, ela parecia um coelho convulsivo, pulando enquanto esticava a mo para conseguir alcan-lo. No entanto, assim que os dedos se entrelaaram, ele a puxou sem esforo algum. Obrigada. Por tudo. disse ela enquanto se equilibrava. E no quero mudar de assunto, mas voc acha que Tucker ficar bem? Tucker. Ex-namorado de Mary Ann. Eles o haviam resgatado no Baile dos Vampiros, evento em que ele fora escolhido como cardpio da noite.
  • 17. 17 Riley pulou no cho do outro lado do muro. Novamente, o movimento foi perfeito e o impacto do pouso, quase inaudvel. Ele sobreviver. Infelizmente. Ela pensou ouvir uma pontada de cimes. Ele parte demnio, lembra? Riley levantou os braos, esperando por ela. Os demnios se recuperam mais rpido que os humanos. Ela tinha feito isso tantas vezes que sequer hesitou; ela tambm pulou. O garoto a segurou e a ajudou enquanto ela deslizava por seu belo corpo, at os olhares finalmente se encontrarem. As palmas das mos de Mary Ann se ergueram e se apoiaram no peito de Riley. O corao dele batia forte. E o dela tambm. Demnio. Como se eu pudesse esquecer. Aquele sangue de demnio era o nico motivo pelo qual Tucker a tinha namorado. Mary Ann o acalmava, como ele havia confessado aps o fim do namoro. Um fim que aconteceu sem brigas. No porque ele a amava, mas porque ele precisava de mais daquele calmante, como se Mary Ann fosse um sedativo. E talvez ela fosse. s vezes ela se perguntava se esse seria o motivo de Riley estar com ela. Porque ela tambm o acalmava. Afinal, ele tambm era uma criatura sobrenatural, e a presena de Mary Ann devia acalmar o animal selvagem e feroz que havia dentro dele. Mesmo que fosse isso, ela ainda iria querer ficar com ele. Mary Ann estava viciada em Riley e adorava aquele seu lado selvagem. No entanto, ela ainda queria que ele a desejasse por quem ela era, e no pelo que ela podia fazer. De qualquer forma, Mary Ann sempre poderia ficar contente em saber que agora ela acalmava e no sugava as energias, como fizera com sua prpria me. Voc parece triste. disse Riley, inclinando-se para o lado enquanto a observava. Por qu? Pensar em sua me sempre a deixava melanclica, mas esse no era motivo da emoo que brotava em seu ser. Estou... O que ela poderia dizer? Ela no queria mentir para ele, mas tampouco queria confessar seus medos. Seu medo de talvez no ser to interessante quanto a habilidade que possua. Ela pareceria carente e sua auto-estima pareceria baixa. Essa voc? Voc isso? Sem avisar, Riley a empurrou para a esquerda. Mary Ann gritou enquanto todo o mundo parecia girar. De repente, ela se viu com as costas pressionadas contra o tronco de uma rvore, O choque no foi intenso. Mos fortes amorteceram a pancada e a garota nem sequer saberia que havia algo atrs dela, se no fosse por sua incapacidade de mover. No que ela quisesse se mover. No momento seguinte, Riley a imobilizou completamente, prendendo-a ali, colocando as mos sobre suas tmporas. Estamos sendo atacados? Ela conseguiu dizer. Algo (ou algum) os estaria ameaando? Haveria... Voc linda, sabia? Disse Riley, com a voz rouca. Nenhuma ameaa, ento. Ela se derreteu. O... Obrigada. De qualquer forma, Mary Ann no sabia se concordava com o elogio. Talvez ela pudesse ser chamada de graciosa em seus melhores dias. Ela apenas... Bem, tinha um rostinho de beb. Um pouco arredondado, com covinhas. Pele bronzeada, como a de sua me (o nico atributo do qual ela realmente gostava) e olhos castanho-claros. Voc tambm. Quero dizer... Voc tambm uma graa. No sou, no. disse ele, contrariado, embora seus olhos brilhassem como esmeraldas. Sou msculo.
  • 18. 18 Mary Ann deixou uma risada escapar. Definitivamente msculo. No sei o que eu estava pensando para dizer que voc uma graa. Perfeio seria uma palavra melhor para definir aqueles traos fortes. Voc me perdoa? Sempre. Riley se inclinou, encostando o nariz no pescoo de Mary Ann, e inspirou. Eu j falei que voc tem um cheiro maravilhoso? Algo como cookies com acar e baunilha. o creme que uso. Aquela voz sem f6lego era realmente dela? Bem, seu creme vai me fazer morder voc. E esse era o plano. Ah,? ! Riley levantou a cabea, mas apenas ligeiramente, e a ponta do nariz deles se tocaram. Ele estava ofegante, assim como ela. Portanto, toda vez inspirava, ela sentia o cheiro dele. Ela poderia ter cheiro de cookies, mas ele tinha o cheiro da floresta que os cercava. Selvagem e natural, e necessrio. Mary Ann cobriu a nuca de Riley com uma mo, enquanto apoiava a outra sobre o corao dele. Os batimentos agora estavam mais rpidos, to rpidos que ela nem sequer conseguia contar. O calor dele a envolvia como um casaco de inverno, mantendo-a bem aquecida, exatamente como ela esperava. Riley? Sim. Essa palavra nica foi um rosnado baixo e tremido. Por que voc se sentiu atrado por mim? Por Deus! Ela tinha mesmo perguntado isso? E, sim, ela soava carente. Querendo receber elogios, querida? Tudo bem. Estou com voc porque voc corajosa. Porque voc doce. Porque se importa com seus amigos. Porque toda vez que olho para voc, meu corao bate freneticamente, como provavelmente pode sentir agora, e eu consigo pensar em passar mais tempo com voc. Ah! Que lindo! Uma reposta boba, mas ela no sabia o que mais poderia dizer. Ele tinha acabado de abalar o mundo dela. E agora ela queria abalar o mundo dele. Me beije. Pouco a pouco, ela se aproximou, e a boca deles estava cada vez mais perto. Com todo o prazer. E ento os lbios se encontraram. Mary Ann automaticamente abriu a boca, deixando a lngua de Riley atravessar, e aquilo era como ser atingida por um raio. Eletrizante. To bom! O gosto de Riley era to bom, to selvagem, to natural quanto seu cheiro. To necessrio quanto seu cheiro. Os dedos do garoto deslizaram sob a barra da camiseta de Mary Ann e se apoiaram no quadril, esquentando a pele sensvel daquela regio. Ele a puxou para longe da rvore e para junto de seu corpo. Ela apaixonadamente o seguiu. To bom, pensou Mary Ann novamente. Aquele era o segundo beijo, e estava sendo muito melhor que o primeiro. O que Mary Ann pensava ser impossvel. O primeiro beijo a havia consumido, mas esse a acendeu e a queimou at a alma.
  • 19. 19 E assim eles ficaram, perdidos um no outro, por vrios minutos, saboreando um ao outro, com as mos passeando (embora de forma no muito atrevida) e desfrutando-se mutuamente. Adoro beijar voc. ele sussurrou. Eu tambm. Quer dizer, eu tambm adoro beijar voc. No eu mesma. A risada de Riley fez um ar quente bater levemente contra a bochecha da garota, fazendo arrepios brotar no pescoo. Enquanto estivermos na escola, no vou conseguir pensar em nada mais. S nisso. S em voc. Gemendo, Mary Ann o puxou, pedindo por mais. O entrelaar da lngua deles a excitava como nada jamais a excitara. A sensao de t-lo contra o corpo, to forte e to certo, causava- lhe arrepios. Talvez outras garotas o olhassem e o desejassem, mas era para ela que ele olhava com desejo. Est bem, mas por que ele realmente quer voc? Por que voc acalma o lobo que existe dentro dele? Medo idiota. Ela enrijeceu e Riley se afastou. Ele estava ofegante. Gotculas de suor se formavam na testa. O que h de errado? Perguntou o garoto. Nada. No acredito, mas voc me dir a verdade depois, depois que as chamas se acalmarem e eu conseguir pensar direito, certo? Ele no conseguia pensar direito? Ela quase sorriu. Sim. Talvez. E, de qualquer forma, ns precisvamos parar. As mesmas palavras que ele tinha dito da ltima vez. Se Mary Ann no estivesse tendo dificuldades para recuperar o flego, teria suspirado. , eu sei. Decepcionante, mas indiscutvel. Se no pararmos, vamos nos atrasar para a escola. Ou simplesmente no vamos escola. Alm do mais, ela no queria que sua primeira vez acontecesse em local aberto. No que ela contaria isso para ele. Relutantes, eles se afastaram e seguiram caminho em direo a Crossroads High. Ela no se conteve. Levantou a mo e passou a ponta dos dedos sobre os lbios. Eles estavam inchados. Provavelmente vermelhos. Definitivamente midos. Algum saberia, s de olhar, o que ela Riley estavam fazendo? Vinte minutos depois, eles chegaram ao limite da floresta e pisaram na propriedade da escola. O enorme prdio entrou no campo de viso, formando uma meia-lua de trs andares. Em vrios pontos, o telhado apontava na direo do cu. Os tijolos salmes estavam decorados com vrias faixas pretas e douradas em que se lia Go Jaguars. O gramado estava bem cuidado, lentamente passando de verde para amarelo e depois para quase branco. Os carros avanavam pelo estacionamento e os jovens corriam pelos degraus de concreto, passando pelo mastro sem sequer olhar para a bandeira. Diante das portas mais prximas, estava Victoria. Sozinha. Ela marchava, retorcendo as mos, agitada. Vestia uma camiseta preta que combinava com a minissaia e os cabelos negros se derramavam sobre as costas. Um feixe de luz solar a banhava, como se fosse atrado por ela, fazendo o azul dos olhos praticamente brilhar.
  • 20. 20 Quanto mais jovem fosse o vampiro, mais tempo poderia passar sob o sol. Mary Ann sabia disso. Porm, quanto mais envelheciam, mais o sol queimava e feria. A pele se tornava surpreendentemente sensvel, j que, nos vampiros jovens, era to espessa e resistente quanto mrmore, a ponto de nem mesmo urna lmina conseguir cort-la. Victoria, porm, ainda estava em uma idade (oitenta e um ou alguma coisa prxima disso) em que o sol no a incomodava. Assim como os lobos, os vampiros envelheciam lentamente. Pela primeira vez, esse pensamento chateou Mary Ann. Victoria e Riley envelheceriam no mesmo ritmo, enquanto Mary Ann perderia o vigor e se tomaria uma baranga. Ai, Deus. Que humilhante! E agora ela queria dar algumas pancadas na vampira, s por uma questo de princpios. Vocs viram Aden? Perguntou Victoria assim que eles chegaram. Se ela j era normalmente plida, hoje estava mais branca que um giz. No. responderam Mary Ann e Riley em unssono. Nesse momento, a garota se lembrou da ltima vez em que o tinha visto. Eles o tinham ajudado a entrar escondido no quarto no rancho e ele cara na cama. Aden estava plido, tremendo, suando e respirando com dificuldades. Mary Ann pensou que Aden descansaria e que o descanso faria ele se recuperar. E se... Bem, ele no estava no rancho hoje de manh. Victoria se apressou em dizer. Mas ele deveria estar l, porque combinamos que viramos caminhando juntos at a escola. Talvez ele j esteja l dentro. disse Riley. A preocupao da vampira no diminuiu. Na verdade, ela passou a mexer as mos de forma ainda mais agitada. No est. J verifiquei. O segundo sinal j est prestes a tocar. Vocs sabem que ele no pode se atrasar. Ele vai arrumar confuso, vai ser expulso. E vocs sabem que ele faz qualquer coisa para no ser expulso. Talvez ele esteja doente. disse Mary Ann, sem acreditar em suas prprias palavras. Se esse fosse o caso, ele estaria no rancho, ainda na cama. Alm do mais, Victoria estava certa. Aden nunca se atrasava. No por temer uma expulso, mas porque nunca perdia uma oportunidade sequer de passar algum tempo com sua princesa. Ele adorava aquela garota. Vou procurar por ele. Riley olhou para Mary Ann e, antes que ela pudesse dizer que iria com ele... Fique aqui com Victoria. No, eu... Sou mais veloz sem voc. Constrangedor, mas verdadeiro. Est bem. Est certo. Mas seja cuidadoso. Riley... comeou a dizer Victoria. Eu... Voc tambm fica. ele reiterou. Com as muitas criaturas que agora rondavam as ruas daquela pequena cidade, ele no deixaria Mary Ann sem segurana. Seu instinto de defesa era uma propriedade to definida quanto seu abdmen. Victoria concordou, embora um pouco contrariada. Voc meu soldado, sabia? Teoricamente, voc deve obedecer s minhas ordens. esclareceu a vampira. Eu sei, mas o rei do meu povo que est em pauta. Desculpe-me por dizer isso, minha querida, mas agora ele est em primeiro lugar. Lanando um ltimo olhar para Mary Ann, Riley deu meia volta e seguiu logo desaparecendo em meio s rvores.
  • 21. 21 Dois ADEN ACORDOU COM UM SOLAVANCO, um grito de dor preso na garganta, um olhar selvagem catalogando tudo o que estava sua volta. Quarto. Escrivaninha. Cmoda. Paredes brancas. Assoalho. Seu quarto no alojamento do rancho, ento. Vivo. Ele estava vivo, e no queimado como um churrasco. Graas a Deus. Mas... Ele estava intacto? O garoto passava a mo pelo corpo enquanto se observava. Pele? Confere. Suave e aquecida, bronzeada, mas no frita. Dois braos? Confere. Duas pernas? Confere. E mais importante: agora ele era uma garota? No. Graas a Deus, graas a Deus, graas a Deus. Aden suspirou aliviado, afundou sobre o colcho e relaxou todo o corpo. Ele estava ensopado de suor. Os cabelos estavam grudados sobre a cabea e a samba- cano fazia parecer que ele... Dava a impresso de que ele... Suas bochechas enrubesceram e esquentaram. Se Shannon, seu colega de quarto, o visse assim, faria brincadeiras sobre um sonho molhado. Embora fosse uma brincadeira bem-humorada. Amigos faziam isso. Ainda assim... No, obrigado. Ele... Olhou para o estrado da parte de cima do beliche, onde Shannon dormia, e arregalou os olhos. Havia sulcos profundos nas ripas de madeira, como se ele tivesse arranhado e chutado a cama do amigo. Repetidas vezes. Aden olhou para as unhas e, como era de se esperar, elas estavam esfoladas e cheias de sangue, com farpas de madeira debaixo delas. timo. O que mais ele teria feito quando estava sob o efeito do sangue de vampiro? Preocupe-se com isso depois. Elijah? Chamou. Hora da chamada. Presente, disse o sensitivo, sabendo o que estava prestes a acontecer. Tudo bem com um deles. Julian? O despertador de cadveres, como eles o chamavam. Um simples passo no cemitrio e, ol, mortos-vivos. Aqui. Legal. Tudo bem com dois. S falta um. Caleb? O possuidor de corpos. Fala, mano. timo. Todos estavam ali. No passado, Aden queria que eles desaparecessem. O garoto os amava, mas, por favor! Um pouquinho de privacidade no faz mal a ningum. Aden, porm, havia perdido Eve. O nome dela durante a vida real pode ter sido Anne, mas, de qualquer forma, ela sempre foi e sempre ser Eve para ele. E ele sentia falta dela, sua viajante do tempo com instinto maternal. Sentia muita, muita saudade. Agora ele j no estava certo de que conseguiria suportar a possibilidade de perder os outros. Eles eram parte dele. Seus melhores amigos. Seus companheiros constantes. Aden precisava deles. Como de costume, essa linha de raciocnio fez o garoto se sentir culpado. Eles mereciam a liberdade. Queriam a liberdade. Talvez. Desde que Eve partira, eles no haviam pedido a
  • 22. 22 Aden para descobrir quem tinham sido antes de se mudarem para sua cabea. Era como se tivessem medo de o garoto encontrar a resposta e eles tambm terem de partir rumo ao desconhecido. Para onde Eve tinha ido, isso nenhum deles sabia. Tudo o que sabiam que ela havia desaparecido e nunca mais voltado. Ento, o que est acontecendo? Perguntou Caleb. O que ele quer dizer, respondeu Caleb, que tivemos sonhos quentes. E no estou falando de quente no bom sentido. Ns queimamos, cara. Queimamos. E a maioria de ns no costuma dividir os sonhos, acrescentou Julian. Bem, Elijah compartilhava os sonhos, mas s porque era sensitivo e suas vises eram vises de Aden. Porm, essa noite, a noite passada, seja l quando foi aquilo, no se tratava de uma viso. Tinha sido real, uma fuso das mentes. No entanto, agora faltavam pedaos na memria de Aden. Ele se lembrava de ter visto Victoria, sentido aquelas chamas e tambm de ter conhecido. . . As irms da vampira? Sim, as irms. Mas nada mais parecia claro. Todo o resto do que tinha acontecido parecia borrado, como se sua mente no conseguisse processar o que tinha visto. No entanto, se isso fosse verdade, por que ento ele se lembrava de ter sido queimado vivo? Por que todos eles se lembravam disso? Isso no deveria ser a parte que eles esquecem? Algo doloroso demais para ser lembrado? E a? Disse Julian. Seria bom receber uma explicao. Sangue de vampiro. Aden os lembrou. O garoto no podia simplesmente pensar em suas respostas porque seus amigos no conseguiram ouvir sua voz interna em meio ao caos. Ns vimos por dois olhos diferentes. Ah, claro. E por falar em vampiros, onde est a nossa vampira? Perguntou Caleb. A alma estava falando de Victoria. Ela minha, Aden sentiu vontade de gritar, mas permaneceu em silncio. Caleb, o pervertido, no pde se conter. Ele vivia pelas garotas e talvez nunca tivesse tido uma transa. Ela deve passar por aqui para caminhar com a gente at a escola. Que horas seriam? Antes que ele conseguisse olhar o relgio na escrivaninha, a porta do quarto se abriu e Seth e Ryder entraram. Shannon no vai se importar. dizia Seth. Seth Tsang. Um sobrenome asitico, embora fosse impossvel distinguir sua etnia simplesmente olhando para ele. Seth tinha mechas vermelhas nos cabelos negros, os olhos azuis e a pele clara. Ryder Jones, que vinha logo atrs de Seth, franziu a testa. Ele tambm tinha cabelos negros, mas seus olhos eram castanhos. Tem certeza? Voc sabe como esse cara possessivo com as coisas dele. Aden agarrou o lenol e o jogou sobre a parte inferior do corpo ensopado. Ei, pessoal. No sabem bater na porta? Eles ignoraram. O que vocs esto procurando? Resmungou Aden. Mais uma vez, eles ignoraram. Alis, eles nem sequer olharam na direo do garoto. Procure na escrivaninha. disse Seth a Ryder, que se arrastou adiante, obedecendo. Aden franziu a testa. No passado, esses dois o odiavam. No passado, mas no mais. Eles tinham dado uma trgua depois que seu dolo tratem-todos-como.idiotas, Ozzie, tinha sido expulso do rancho (e, no ltimo final de semana, sugado por vampiros). No que eles soubessem dessa parte. Eles sabiam tanto a respeito do outro mundo quanto Aden sabia do passado. Ento por que a rejeio agora?
  • 23. 23 Onde est? Murmurou Seth, agachando na frente do armrio e vasculhando as roupas no cho, ostentando no pulso a tatuagem de cobra. Onde est o qu? Insistiu Aden, sentando-se. Mais uma vez, eles o ignoraram. Camisas e calas jeans foram arremessadas sobre o ombro de Seth, seguidas por sapatos. Na escrivaninha, papis eram amassados sob as mos de Ryder. Vrios minutos se passaram. Aden tagarelava constantemente. Essa piada no engraada, tentem algo original, vocs vo falar comigo ou no? Sem sucesso. Ele finalmente se levantou, deixando os lenis carem, esquecidos, e ento caminhou at a escrivaninha. Na tentativa de provocar alguma reao em Ryder, Aden esticou o brao. No entanto, a mo passou atravs do corpo do garoto. No! Impossvel! No mesmo! O corao de Aden golpeou as costelas enquanto ele tentava novamente, dessa vez tremendo. Mais uma vez, sua pele passou atravs da pele de Ryder, e tudo o que Aden conseguiu fazer foi ficar ali, cambaleando com os olhos arregalados. Inferno! Como aquilo era possvel? Ele tinha queimado at a morte, sim, mas no corpo de outra pessoa. Ele pensou que... Ele sups que... Ser que ele tambm estava morto? Realmente morto? No. No, mesmo. Mas... Com o sangue gelando nas veias, Aden seguiu na direo de Seth. Encontrei. disse Seth, levantando-se. Triunfante, o garoto levantou um livro. Um livro sobre vampiros. Em qualquer outro momento, Aden teria se debatido com a escolha de Shannon. Shannon estranho, cara. Ele sempre l essas porcarias. Isso nos poupa do trabalho de ir at a biblioteca, mas, caramba, nunca escrevi um relatrio sobre loucos com presas antes, e no agora que quero fazer isso. O Sr. Thomas que o esquisito, cara. Temos de escrever sobre quo malvados so esses sanguessugas. Como se eles realmente existissem, no mesmo? No consigo levar isso a srio. provvel que eu tome bomba, mas veja a minha cara de quem se importa com isso. Aden, tremendo ainda mais intensamente, tentou segurar o pulso de Seth com os dedos. Nada. Nenhum contato slido. A bile o queimava at a garganta. Ele bateu o brao com fora na lateral do corpo e cambaleou para trs, a viso estava embaando, e uma vertigem invadindo a cabea. A resposta para sua pergunta? Morto, Aden realmente estava morto. Essa era a nica resposta que fazia sentido. Os garotos se apressaram para fora do quarto, resmungando sobre os novos tutores idiotas e sobre os trabalhos escolares sem sentido. Aden apenas ficou ali. Condenado a viver o resto da eternidade como fantasma? Deus, era assim que as almas se sentiam? Em uma armadilha? Sem controle? Perdidas? Pessoal. sussurrou Aden, sem saber como comear. Se fosse um fantasma, o garoto no poderia ajud-los a descobrir quem eles foram na outra vida. E se ele no conseguisse ajud-los a descobrir quem foram em outras vidas, eles jamais conseguiriam se libertar. Se que eles ainda queriam isso. Acho que... Eu... Isso ... Ol, Aden. A voz masculina veio de trs e, ento, o garoto deu meia volta. L, na entrada, estava o novo tutor do D&M. No de Aden ou de Shannon, uma vez que os dois frequentavam a Crossroads High, mas de todos os outros rapazes. O Sr. Thomas apareceu no dia do Baile dos Vampiros, e Dan o contratou logo de cara. O que era completamente diferente das atitudes
  • 24. 24 que Dan costumava tomar. Nada de verificar antecedentes, nada de longas entrevistas. Apenas voc perfeito!. O mais estranho era que os garotos agiam como se o conhecessem h muito tempo e at j se sentiam vontade para reclamar dele. Aden no tinha oficialmente conhecido aquele homem, mas Victoria havia secretamente chamado a ateno do garoto para aquilo. O Sr. Thomas era, ou pelo menos se mostrava ser, um desses tutores no estilo vamos todos aprender e crescer. Na verdade, entretanto, ele era um elfo, inimigo de Victoria e cuja misso era descobrir quem estava ajudando a vampira. O homem no se parecia com a imagem que Aden tinha de fadas e elfos, aquela imagem de seres pequenos e alados. Em vez disso, ele era alto, magro, de pele dourada e at mesmo levemente brilhante (est bem, isso sim era tpico de fadas e de elfos). Aden nunca tinha visto um rosto to perfeito. No havia uma falha sequer. Olhos azuis perfeitamente espaados, um nariz perfeitamente inclinado, lbios perfeitos, nem grossos demais, nem finos demais. E o fato de Aden ter notado isso era bastante constrangedor. Se algum descobrisse, j iria logo fazer piadinhas sobre sua masculinidade ou algo assim. Voc consegue me ver? Aden engoliu em seco. Consegue ouvir? Sim. E eu estou... Morto? Dizer essa palavra era mais difcil que pensar nela. E como o elfo conseguia ver e ouvir o que Seth e Ryder no conseguiam? O Sr. Thomas soltou uma gargalhada, quase como uma nota saindo de uma harpa. No exatamente. Voc est... Em outro lugar. Aden gostaria de poder se confortar com isso. Em outro lugar? E tudo era igual? Est bem. Onde estou? Como vim parar aqui? Aden passou os dedos pelos cabelos O que est acontecendo? Aden, disse Elijah, com um tom de advertncia em sua voz. Tenho um mau pressentimento a respeito disso. O temor o invadiu. Os maus pressentimentos de Elijah eram... Maus. Tantas perguntas. O homem estalou a lngua, apontando para a cadeira prxima escrivaninha. Sente-se, por favor, e tentarei responder. Depois que voc me responder algumas perguntas, claro. O que poderia ter sido apenas um pedido atingiu Aden como uma ameaa. E com a advertncia de Elijah, o garoto suspeitou que uma briga logo explodiria. Aden verificou a existncia de armas. Ele no tinha nada ali com ele, mas as adagas estavam escondidas nos sapatos. Sapatos que ele no estava usando e nos quais talvez sequer conseguisse tocar. Sapatos que estavam... Perfeitamente colocados ao lado da cama, ele notou. Sente-se, Aden. Ambas as palavras foram expressas com autoridade. Dessa vez, Aden se sentou. Sem tentar alcanar as adagas. Ele no queria demonstrar seus (provavelmente) melhores golpes, a no ser que isso fosse absolutamente necessrio. Antes de essa reunio terminar, vai rolar sangue, disse Elijah. O nosso? Perguntou Caleb, irritado e com medo. Porque gosto do nosso sangue e no estou afim de perder uma gota sequer dele. Meu nome Thomas, Sr. Thomas. disse o homem antes que Elijah pudesse responder, andando at parar a poucos centmetros da cadeira em que Aden estava sentado. O homem, ento, cruzou as mos nas costas, deixando as pernas separadas. Posio de guerra. Aden conhecia essa posio muito bem. Ele havia permanecido nela muitas vezes justamente antes de se lanar contra a pessoa que o ameaava. Concentre-se. Aquele nome comum no combinava com as caractersticas perfeitas daquele homem, de forma alguma. Certamente era um pseudnimo. Aden tascaria um beijo mega molhado bem na boca daquele homem se ele realmente se chamasse Thomas.
  • 25. 25 Voc quer respostas. disse Aden, enquanto se perguntava: respostas de qu? Ento voc ter que me dizer o que quero saber. Em primeiro lugar, como estamos aqui sem estarmos aqui? Como estou vivo e invisvel? Um pesado silncio se instalou por alguns instantes. Inicialmente, Aden pensou que Thomas poderia querer atac-lo por usar suas tticas contra ele. A cada segundo que passava, a fria naqueles olhos azuis aumentava. Fria e indignao. Por fim, o elfo disse: Seu povo chamaria esse lugar de outra dimenso, embora esse seja o verdadeiro reino de Fae. Apesar da expresso no rosto de Thomas, suas palavras foram ditas calmamente. Fae devia ter algo a ver com fadas. Mas... Outra dimenso? Isso era realmente possvel? Assim que se deu conta de que estava se fazendo essa ltima pergunta, Aden queria se esconder de si mesmo, tamanha sua estupidez. Depois de tudo o que ele tinha visto e feito recentemente, tudo era possvel. Ento, s para esclarecer, no estou morto? Essa necessidade constante de garantias algo realmente cansativo. Portanto, oua com ateno. Eu no vou repetir. Voc est bem vivo. Mas, voc est em outra dimenso e, por isso, os humanos no conseguem v-lo ou ouvi-lo. Se Thomas pudesse ser considerado digno de confiana, ento Aden no era um fantasma. Ele poderia voltar a ver Victoria e seus amigos. E foi voc quem me trouxe at aqui? Ele resmungou. Sim. Por qu? Mais uma pausa carregada de tenso se instalou entre eles. Parecia claro que conseguir respostas seria to difcil quanto arrancar dentes. Por que... Finalmente disse Thomas, suspirando. Eu j tinha conhecido todos os alunos, todos menos voc. Ao final da frase, a fria havia tomado novamente os olhos daquele homem, mas, dessa vez, a fria se misturava com repulsa. . Vai rolar sangue, disse Elijah, com a respirao trmula. De uma faca? Perguntou Aden. Por favor, por favor, diga que no ser de uma faca. No sei, respondeu Elijah. S consigo ver um rio vermelho. Como assim, de uma faca? Perguntou Thomas. O elfo provavelmente no conhecia a reputao de Aden, o garoto que sempre falava sozinho. Desculpe, no estava falando com voc. Ento estava falando com quem? Uma pergunta que j lhe tinha sido feita milhares de vezes, por milhares de pessoas diferentes. Talvez devssemos... Correr. Quer dizer.... Disse Caleb sem ousadia alguma. . . . Antes de comearmos a sangrar. Concordo com o Caleb. E no sabemos lutar contra um elfo. De repente, Caleb abafou o riso e a distrao momentaneamente suprimiu a angstia. Lutar contra um elfo. Voc ouviu o que disse, Jules? Silncio, por favor. gritou Aden. Thomas sibilou enquanto inspirava. No fale comigo nesse tom, meu jovem. Em vez de se explicar, Aden massageou as tmporas para desviar a dor que logo chegaria. No h motivo algum para voc me conhecer. Voc no vai ser meu tutor.
  • 26. 26 Aden no poderia correr, como Caleb sugerira. Para onde ele iria? Alm do mais, ele no estava ansioso. Ainda. Ele tinha aquelas adagas. Talvez. No. Thomas comeou a caminhar. Um passo. Dois. E em seguida parou, absorto. Mas serei seu assassino. Certo. Agora o garoto estava ansioso. Em um salto, Aden se levantou. Se Thomas emitisse mais uma ameaa ou fizesse outro movimento, mnimo que fosse, em sua direo, Aden estenderia as mos na direo dos sapatos. Se no conseguisse pegar as adagas que estavam dentro deles, correria como louco, apesar de no saber para onde. Nem pense em escapulir, Haden Stone. Ningum me chama assim. Pelo menos desde quando ele sacrificara o prprio nome, ainda criana, e passara a se chamar de Aden. Todas as outras pessoas seguiram o exemplo. Eu matei o ltimo cara que me chamou assim. E isso verdade. Longe de se sentir intimidado, Thomas gritou: Sente-se. Eu respondi s suas perguntas. Agora a sua vez de responder minha. Ah, a resposta seria um no em alto e bom som. Aden decidiu que no ficaria ali esperando pela segunda ameaa de morte, O nvel de fria do elfo tinha ultrapassado todos os nveis. Certamente. Aden fingiu que sairia pela esquerda e Thomas o seguiu. Foi ento que o garoto virou para a direita, esquivando-se do tutor e alcanando os sapatos. Sua mo passou atravs do couro. O garoto esbravejou em voz baixa enquanto corria a toda velocidade na direo da porta, no se permitindo tropear em decepes ou em medos. Porm, algum tipo de muralha invisvel o bloqueou. Aden bateu contra ela fortemente e o impacto do choque reverberou pelo corpo, arremessando-o para trs. Um segundo depois, Thomas j estava em sua frente, empurrando-o at o cho e espremendo um de seus sapatos contra o pescoo do garoto. Instintivamente, Aden passou a mo em volta do tornozelo do homem e empurrou. O p continuava plantado em seu pescoo. Os olhos azuis brilhantes se direcionaram para baixo, na direo de Aden. Se aqueles olhos fossem armas, o garoto certamente j estaria em pedaos. H algumas semanas, um choque eltrico atingiu meu mundo, abrindo uma passagem para o seu. Uma passagem que no conseguimos fechar. A fonte daquele choque foi investigada e chegamos a esse rancho. E agora a voc. Sinto a energia emanando de voc at mesmo agora... Essa energia me puxa, me atrai. E chega a aumentar meu poder. A ltima frase foi dita como o sussurro de um drogado. O sussurro de uma pessoa necessitada. A energia aumentava o poder de Thomas? Por que, ento, o elfo queria acabar com Aden? O garoto tentou formular uma resposta, mas o nico som que conseguiu emitir foi uma arfada, pedindo por ar. Ele continuou lutando, arranhando a perna do homem, empurrando. Respirar, preciso respirar... Aden no poderia morrer aqui, nessa... Dimenso? Ele no podia. Ningum saberia o que teria acontecido com ele. No mesmo. Eles acabariam supondo que o Aden Louco teve uma recada e fugiu. Asfixia no causa derramamento de sangue, disse Elijah. Fique calmo. No assim que voc vai morrer. Voc sabe disso. Acabe com ele! Gritou Caleb.
  • 27. 27 Acabe com ele de uma vez! Concordou Julian. Eles precisavam de Eve, a voz racional. No entanto, parte do que Elijah disse conseguiu atravessar a nvoa do pnico. Asfixia no era o fim previsto para Aden. Thomas estava apenas tentando assust-lo. Espervamos mant-lo vivo e us-lo para finalmente fechar essa passagem. continuou Thomas. E veja s o que encontrei quando entrei no seu quarto para me apresentar. O fedor de um vampiro. Nosso maior inimigo. A raa que certa vez tentou nos aniquilar. Tenho certeza... De que... Eles tiveram... Bons motivos. O msculo do maxilar do elfo se repuxou. Agora, conte para mim, Haden Stone. Voc est ajudando esses vampiros? Planejando ajud-los a entrar nessa dimenso para nos atacar? No entanto, como Aden ajudaria os vampiros a chegarem aqui se ele no tinha idia de como ele tinha vindo parar aqui? No consigo... Mais... Falar. A presso no pescoo do garoto diminuiu. Voc no precisa responder s minhas perguntas. Eu conheo a verdade. Voc est ajudando aqueles vampiros, e por isso que voc deve morrer. Aden manteve as mos no tornozelo de Thomas, levando um momento para recuperar o flego, ainda muito ofegante enquanto discretamente procurava por alguma arma que pudesse usar. Tudo o que o garoto encontrou foi prpria determinao. Ao longo dos anos, ele havia lutado contra mais cadveres do que conseguia se lembrar, o veneno desses cadveres entrava em seu corpo, deixava-o fraco, doente. E, mesmo assim, Aden sempre vencera. Todas s vezes. Ele no permitiria que um elfo o derrotasse. Use suas mos. Sugeriu Elijah. Faa esse cara perder o equilbrio. Aden dobrou os dedos em volta do sapato de Thomas e sacudiu com toda a fora que tinha, desequilibrando o grandalho, que finalmente desmoronou. Um momento depois, Aden estava de p, adotando a mesma postura de agora guerra que o elfo ostentara antes. Isso no foi inteligente da sua parte, garoto. Embora no tivesse visto Thomas se levantar, a voz veio de suas costas. Diretamente atrs dele. O ar quente passou pela nuca, fazendo-o se contrair, assustado. Lentamente, Aden se virou, sabendo que qualquer movimento brusco faria o elfo atacar. Os dois se encararam. Aden era alto para sua idade, pouco mais de um metro e oitenta. Ainda assim, Thomas se elevava sobre ele. No gosto de ver humanos sofrerem e eu poderia ter acabado com voc sem que sentisse dores. Porm... Os lbios do elfo arquearam, formando um sorriso assustador Eu disse para voc no brigar comigo, Voc desobedeceu. Agora no terei piedade. Sangue, ofegou Elijah. Ento era o fim. O grand finale. Isso o que veremos. disse Aden. De repente, a nica janela do quarto se despedaou e uma gigante mancha preta voou para dentro do cmodo. Aquela enorme mancha (Riley na forma de lobo, percebeu Aden) pousou, com olhos verdes brilhando, lbios entreabertos e dentes brancos e pontiagudos mostra. Um rosnado furioso ecoou das paredes. Para trs, Aden. Um comando de Riley, projetado diretamente na cabea de Aden, misturando-se s vozes de seus companheiros. Ainda assim, o garoto conseguiu ouvi-lo.
  • 28. 28 Voc consegue me ver? Perguntou, mesmo sabendo que o lobo estava ocupado demais para responder. Se a resposta fosse sim, ser que Riley conseguia ver Thomas? Ser que Thomas conseguia ver Riley? Voc cometeu um erro, lobo. disse Thomas, virando-se para encarar Riley. Havia, naquela expresso do elfo, ameaa suficiente para matar. Aparentemente, a resposta para todas as perguntas de Aden era a mesma: Claro que sim. Sem qualquer outra ameaa, os dois pularam um contra o outro, encontrando-se no meio do quarto em um emaranhado de garras, dentes, estranhas luzes brilhantes e lminas cintilantes que apareceram do nada. Agora no restava dvida alguma. Como Elijah havia dito, rolaria sangue. Essa luta acabaria em morte.
  • 29. 29 Trs SIM. EXATAMENTE COMO ELIJAH tinha previsto, exatamente como Aden tinha suspeitado, rolou sangue. Riley mastigou o pescoo de Thomas e suas garras afiadas golpearam o peito do elfo. O cheiro de algodo e carne queimando invadiu o ar. Da camisa de Thomas, saa fumaa, e gritos surgiram enquanto ele, trmulo, puxou tufos de pelo do lobo e o jogou para o outro lado com fora. Riley voou na direo de Aden que, por sua vez, voou na direo ia parede. O gesso rachou e lascas de tinta voaram para todos os lados. O ar saiu com fora dos pulmes de Aden. Riley se levantou logo em seguida e saltou novamente na direo de Thomas; os dois corpos pareciam se misturar enquanto saam. Quando as unhas do lobo voltaram a cortar o elfo, o cheiro de carne chamuscando se tornou mais intenso e mais sangue jorrou, atingindo o rosto de Aden. E aquelas gotas de sangue eram estranhamente frias, como se fossem raspas de gelo. Quando as adagas do elfo se moveram na velocidade da luz, o sangue de Riley jorrou. Quente, como espinhos de fogo. Ajude-o, gritou Julian. por isso que sou um amante e no um lutador, disse Caleb, novamente com coragem, agora que um lobo os defendia. Respirar poderia ter se tornado impossvel, mas Aden conseguiu encher os pulmes com algumas lufadas de ar enquanto se levantava com dificuldade. A tontura o acometeu, e ele cambaleou. Elijah? Obviamente, o sensitivo sabia o que o garoto estava silenciosamente perguntando. O que fazer para ajudar? Ele no tinha armas e no podia sair do quarto para consegui-las. No sei, disse Elijah, angustiado. Riley vencer no final? Murmurou Aden. Ele no queria distrair o lobo e causar uma derrota. No sei, repetiu o sensitivo, com o mesmo tom de agonia. Eu vejo sangue, sangue lavando essa casa, banhando tudo e todos. Tanto assim? Com essa briga? Ou havia algo pior? Thomas arremessou Riley vrias vezes e, a cada vez que o lobo voltava a se aproximar, havia outro golpe de dio e dentes. Por algum motivo, Riley deixou de usar suas garras. A moblia estava em pedaos e, a essa altura, outras paredes tinham sido destrudas, incluindo a parede invisvel, o que permitia que os combatentes sassem do quarto em direo ao corredor. A briga ento invadiu outro quarto. A porta foi destruda como um quebra-cabea que jamais voltaria a ser montado. Aden os seguiu. Em algum ponto no meio do caminho, Thomas deixou as adagas de Aden cair. O garoto tentou peg-las para coloc-las em ao diversas vezes. No entanto, ele no conseguiu toclas e, em seguida, elas acabaram desaparecendo. Alm do mais, o lobo e o elfo se moviam com tanta agilidade que apareciam em outro lugar antes que Aden sequer percebesse o que tinha acabado de acontecer.
  • 30. 30 E por que eles conseguiam destruir paredes, portas e mveis sem que ningum percebesse? Os garotos que viviam no Rancho D&M Seth, Ryder, RJ, Terry e Brian estavam no hall de entrada, cada um com um livro nas mos. Alguns estavam lendo, outros fingiam ler. Ningum, entretanto, percebia a briga violenta que se desdobrava por ali. Nem mesmo quando suas cadeiras aparentemente foram reviradas destrudas. Eles continuavam sentados ali. Sobre o ar. Riley e Thomas Passavam por eles como fantasmas, sem que fossem percebidos, sem que fossem sentidos, sem que fossem ouvidos. O sangue esguichava tambm sobre os garotos, mas, novamente, eles no percebiam. Talvez sequer pudessem ver. Tudo era muito estranho. Tudo muito estranho. Thomas tinha feridas abertas que sangravam abundantemente e, ainda assim, parecia mais forte que nunca. Riley, por outro lado, demonstrava abatimento. Seus saltos se tornavam lentos e seus rosnados, arrastados, apesar de as feridas terem cicatrizado e estarem curadas. O que o estava enfraquecendo? Aden percebeu que Thomas apenas dava socos para soltar o maxilar de Riley de qualquer que fosse a parte do corpo que o lobo decidisse mastigar. Ento, o elfo empurrava a cabea para trs e praticamente oferecia seu pescoo para o lobo, em vez de permitir apenas que o animal mordesse sua mo. Por qu? E em vez de imediatamente golpear Riley para longe, Thomas apenas encostava a mo no animal por vrios segundos, permitindo que o lobo fizesse o que quisesse fazer. Aquilo era idiota. Aquilo era... Necessrio? As mos de Thomas tinham o poder de enfraquecer Riley? Isso explicaria a determinao do elfo em mant-las livres. Isso tambm explicaria sua despreocupao com seus prprios ferimentos. Que mal fariam alguns cortes quando seu combatente logo se tornaria fraco demais para lutar contra voc? O que posso... Fazer? Dessa vez, a pergunta silenciosa de Aden saiu em voz alta. Ele sabia. A resposta j o tinha acertado. Fria. Dura. Dolorosa. Voc sabe, disse Elijah, e, se antes ele soava angustiado, agora soava estilhaado. O companheiro de Aden claramente tambm tinha encontrado a resposta. O qu? Perguntou Julian. O que ns vamos fazer? Aden engoliu em seco. Caleb. Voc est acordado. Eu estou acorda... Do... Ah, caramba, no! No precisava explicar. Quando Aden pediu a ajuda de Caleb, ficou claro para todos o que o garoto tinha em mente. Eles invadiriam o corpo de Thomas. No. No! Deve haver outra sada. Se tivesse um corpo prprio, Julian estaria sacudindo a cabea em negao e se afastando. Desculpe, pessoal. Aquilo tinha de ser feito. Por Riley. E tambm por ele mesmo. Que inferno! A dor. Gemeu Julian. J enfrentamos o suficiente. Isso vai nos destruir. Essa a nica sada, contestou Elijah. Esse elfo precisa ser destrudo. J passamos por situaes piores. Como ser queimados vivos. Nada poderia ser pior que aquilo, Aden tinha certeza. E se eu quiser beijar Victoria outra vez, preciso salvar o guarda-costas dela. Odeio funcionar como prenncio de ms notcias. Porm, Aden est certo, disse Caleb, repentinamente concordando com o Plano para Salvar o Dia. Ele faria qualquer coisa por outro beijo. Sobreviveremos a isso mesmo se Thomas no sobreviver. E isso o que importa.
  • 31. 31 Aden se focou nos dois combatentes. Riley estava deitado no cho, distante de Thomas, mas se aproximava da melhor forma que conseguia, ainda determinado a vencer. Aps ser arremessado como uma boneca de pano, Thomas retirou grandes raspas de gesso que cobriam seu peito e se levantou. Sua camisa no passava de pedaos de trapo; a pele, esfolada. No entanto, aquela pele logo voltou a se entrelaar, como se de alguma forma, o elfo tivesse absorvido a capacidade que Riley tinha de se curar rapidamente. Thomas sorria com orgulho enquanto se aproximou do lobo e agachou. Diga para a sua princesa no mandar um garoto fazer o trabalho de um homem. Ah, no... Espere. Como voc no vai sair dessa sala, no vai poder dizer nada para ela. Os olhos de Riley brilhavam como chamas verdes, cheios de dio. O elfo suspirou. Admiro sua coragem, lobo. Por isso, voc no vai morrer de forma vergonhosa. Saiba que no sou apenas um mero servo de Fae, mas um prncipe. Indestrutvel. No instante em que entrou em meu reino, voc estava destinado a morrer. Mas no h vergonha nenhuma em morrer. Voc deveria ver essa situao como o favor que ela . Um favor? No mesmo! Ecoando os sentimentos de Aden, Riley rosnou. Franzindo a testa, Thomas estendeu a mo. E repito: admiro sua coragem. uma pena o fato de voc servir os vampiros. Voc estaria, por acaso, interessado em mudar de lado? Outro rosnado. Um no bastante claro. Bem, ento sinto muito, mas isso precisa ser feito. Serei breve, lobo. O que voc est esperando? Se a pergunta tinha vindo de si mesmo ou das almas, isso Aden no sabia. Riley era seu amigo (na maior parte do tempo) e Aden no poderia permitir que um amigo fosse ferido. Independentemente da dor que isso implicasse. Pouco antes de a palma do elfo tocar a pelagem do lobo, Aden (que obviamente havia sido esquecido em meio quela guerra) correu a toda velocidade. O garoto no parou quando alcanou o elfo. Ele s parou quando estava dentro do elfo. Um toque de pele contra pele e, graas a Caleb, Aden podia mesclar seu corpo ao de outra pessoa. Transmutar-se de massa slida em nvoa insubstancial era doloroso, conforme Julian havia dito. E isso sem mencionar a loucura, o terror e o choque. Mas Aden fez isso. Ele entrou em Thomas. Um grito de agonia rasgava sua garganta. A voz que ele ouviu, entretanto, no era sua. Essa voz era mais profunda, mais rouca. A voz era de Thomas. Tremendo, embebido em um suor frio, Aden caiu de joelhos. Lanas passavam atravs de seu corpo e ele queria golpear o peito, rasgar a pele fazer qualquer coisa para det-las. Cada um de seus ossos era agora uma lmina contra os msculos, rasgando-os mais e mais. E o pior que essa dor era apenas o comeo. Thomas gritou dentro da cabea de Aden: o que voc est fazendo? Como voc fez isso? Saia! Normalmente, Aden conseguia bloquear os pensamentos da outra pessoa. Conseguia invadir to completamente os corpos que os donos nunca sabiam o que tinha acontecido. Porm, criaturas mitolgicas e lendrias, como ele estava descobrindo, eram bastante diferentes dos humanos. Elas sabiam. E elas odiavam. Riley. disse ele com aquela voz profunda. Sou eu, Aden. Estou dentro do elfo e tenho controle do corpo dele. Os olhos verdes do lobo pareciam perfur-lo em busca de alguma prova de que aquilo era verdade.
  • 32. 32 Aden podia sentir o poder se acumulando, Tanto poder. O poder de Riley tambm, como se o elfo no apenas tivesse enfraquecido o lobo, mas tambm atrado sua energia. Pulsaes animalescas e selvagens aqueciam a frieza de seu sangue, cantando em sua mente, de forma mais bonita que um coro de anjos, entorpecendo-o. Isso pode viciar. Novamente, Aden no conseguia reconhecer se quem falava era ele mesmo ou as almas. Talvez todos estivessem falando juntos. Parte dele queria permanecer para sempre no corpo do elfo, perdendo-se naquele calor e naquele poder, esquecendo-se do que precisava ser feito. Aja rpido, disse Elijah, repentinamente. Ou voc nunca vai sair desse corpo. Ele sairia. Logo. Alguns minutinhos a mais no fariam mal a ningum. Aquela msica... Tanta paz... Quanto mais cedo voc sair, mais cedo poder ver Victoria, acrescentou Caleb. Victoria. Sim. Estar com ela era ainda melhor que isso, ele pensou, finalmente conseguindo se concentrar na tarefa que tinha em mos. Riley, diga o que devo fazer para que voc consiga derrotar Thomas. O lobo o estudou, ento assentiu com a cabea, como se estivesse satisfeito com o fato de Aden ter realmente possudo aquele corpo. Diga e eu farei. Seja l o que for. Um momento se passou. O lobo franziu a testa, rosnou. Esperou. Seja qual fosse a reao que esperava receber ela no veio. No fim das contas, ele mancou at um guarda-roupa prximo e desapareceu l dentro. Riley. gritou Aden. Ele sabia que o lobo no o abandonaria ali, mas no tinha idia do que estava acontecendo. O garoto devia segui-lo? Uma luz brilhante, vrios gemidos e ento o farfalhar das roupas. Exatamente quando Aden deu um passo adiante, Riley surgiu usando suas calas jeans. Nada de camiseta, nada de sapatos apenas aquele jeans mal-ajustado, largo. Como Riley teria conseguido tocar no tecido? Sua mo no deveria sofrer daquele mesmo efeito fantasmagrico que Aden experimentava? A pele de Riley, normalmente bronzeada, agora estava plida; as veias azuis, visveis. Suas bochechas profundas, seus olhos ligeiramente afundados e feridos. Havia alguns cortes no peito, como se sua habilidade de se curar instantaneamente tivesse desaparecido. Fadas e elfos no conseguem ouvir os pensamentos de lobos. At a voz do mutante estava fragilizada Isso s pode significar que voc tambm no consegue enquanto est a. Bem, eu estava dizendo o que voc devia fazer, mas voc no reagia. Ento. Riley estava esperando uma reao. Ser que ele trazia ms notcias? Diga novamente. No ajude esse cara, rugiu Thomas dentro daquela cabea. Ele o inimigo. Os mestres dele destruiro seu mundo e todos os humanos que o habitam. Est me ouvindo? Mate esse cara! Aden o ignorou o mximo que conseguia. Preciso cravar uma faca no corao dele. anunciou Riley. No! O protesto partiu simultaneamente de Thomas e de Aden. Que timo. Disse Caleb. Jesus amado. Disse Julian. Sangue. Disse Elijah. E no h outra sada? Aden conseguiu perguntar, embora tivesse um n na garganta. Algo como... Uma forma de deix-lo preso aqui e evitar que ele cause mais danos? No. No h outra sada. Ele um elfo. Como todos dessa espcie, Thomas tem a habilidade de tomar emprestada a fora dos imortais, possuindo temporariamente as
  • 33. 33 habilidades deles. E, alm disso, ele um prncipe. Se sobreviver, reunir um exrcito e eles viro atrs de ns. No gosto da idia de mat-lo. Embora Elijah tambm tivesse dito que essa seria a nica sada. Ele protege os humanos. Victoria tinha contado ao garoto. Ainda assim. Se ele no soubesse, teria percebido a verdade logo que entrou no corpo do elfo. O conhecimento estava l, flutuando naquela mente com a mesma intensidade daquele calor. Humanos eram como crianas. Crianas irresponsveis e instintivas, mas, de qualquer forma, amadas pelos Fae. Ele vai matar voc se voc der outra chance a ele. disse Riley. Eu sei. Essa informao tambm estava l. Mas no me importo. Aden era capaz de se cuidar. Bem, pelo menos esperava ser. Ele vai matar Victoria. acrescentou Riley friamente. Golpe baixo, O lobo sabia que Aden faria qualquer coisa para proteger a princesa vampira. O garoto fechou as mos e os olhos. Seu corao batia em staccato enquanto ele condenava outra criatura morte. Est bem. Meu Deus.Vamos fazer isso. Tem certeza? Certeza de que queria sentir uma faca atravessar seu corao? No. Sim. Ele se perguntava se iria morrer com o elfo da mesma forma como tinha morrido com Dmitri. Se fosse isso, ele voltaria a viver? Sim, voc vai morrer; mas, sim, voc vai voltar, esclareceu