CESA – CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO
SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA
ALDO ANTONIO ROSSI
ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO IAPAR EM LONDRINA:
ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO
OPERACIONAL
LONDRINA 2011
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ALDO ANTONIO ROSSI
ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO IAPAR EM LONDRINA:
ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO
OPERACIONAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, do Departamento de Administração da UEL, como requisito final para obtenção do título de Especialista.
Orientador: Prof. Dr. Saulo Fabiano Amâncio Vieira
LONDRINA 2011
ALDO ANTONIO ROSSI
ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO IAPAR EM LONDRINA:
ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO
OPERACIONAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, do Departamento de Administração da UEL, como requisito final para obtenção do título de Especialista.
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. Saulo Fabiano Amâncio Vieira Universidade Estadual de Londrina
_____________________________________
Prof. Hamil Adum Filho Universidade Estadual de Londrina
_____________________________________
Prof. Cássio Chia Jang Tsay Universidade Estadual de Londrina
ROSSI, Aldo Antonio. Estação Experimental do IAPAR em Londrina: análise da evolução da estrutura de apoio operacional. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, como requisito parcial ao Título de Especialista, Londrina, 2011.
RESUMO
O presente trabalho visa descrever a evolução da estrutura de apoio operacional da Estação Experimental do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, em Londrina, buscando identificar suas atribuições, alterações ocorridas, momentos de dificuldade e avaliar sua eficiência operacional no atendimento às atividades de pesquisa em campo. Utiliza-se como fundamentação teórica os conceitos de ciência e tecnologia, tecnologia e inovação na pesquisa agrícola, experimento em campo agrícola e estação experimental de pesquisa agrícola. Quanto aos procedimentos metodológicos, esta pesquisa caracteriza-se como exploratória, descritiva, qualitativa e desenvolvida através de um estudo de caso único, utilizando a pesquisa bibliográfica para obtenção do referencial teórico, a pesquisa documental para análise dos documentos oficiais e/ou produzidos pela instituição e a técnica de entrevista semi-estruturada para avaliar a percepção de pesquisadores e técnicos usuários dos serviços da Estação Experimental quanto à sua qualidade e eficiência. No que se refere aos resultados obtidos, verifica-se que a Estação é avaliada como fundamental e importante para os trabalhos do campo, prestando um bom trabalho de apoio operacional, mas, entretanto, necessitando de aperfeiçoamento e definições de planejamento e gerenciamento, melhoria na infra-estrutura de pessoal e de equipamentos e implementos agrícolas. Palavras-chave: Estrutura organizacional; Estação Experimental; apoio operacional; pesquisa agropecuária; eficiência em serviços de campo.
ROSSI, Aldo Antonio. Experimental Station of IAPAR in Londrina: analysis the evolution of operational support structure. Completion work presented to the postgraduate program in Public Administration for Managers of the State Agriculture System, such as partial requirement for the title of Specialist, Londrina, 2011.
ABSTRACT
The present work aims to describe the evolution of operational support structure of the Experimental Station of the Agronomic Institute of Parana – IAPAR, in Londrina, seeking to identify tasks, changes, moments of difficulty and measure its operational efficiency in attendance on research activities in the field. It uses as theoretical bases concepts of science and technology, experiment in experimental field, experimental station in agricultural research, qualitative research and data analysis. As regards the methodological procedures, this research is characterised as exploratory, descriptive, qualitative and developed through a unique case study, using bibliographic search to obtain theoretical, documentary research for analysis of official documents and/or produced by the institution and the technical interview structured way to evaluate the researchers and technical users perception of the services from the Experimental Station as its quality and efficiency. The results obtained, the station is assessed as fundamental and important for the work on the field, as provides a good operational support work, but it needs improvement and definitions of planning and management, improved personnel infrastructure and equipment and agricultural implements. Keywords: organizational structure; Experimental Station; operational support; agricultural research; efficiency in field services.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Organograma do IAPAR
Figura 2 – Imagem aérea da Estação Experimental
Figura 3 – Mapa de Bases Físicas do IAPAR
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APE – Área de Produção e Experimentação
C&T – Ciência e Tecnologia
COODETEC – Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola
CPE – Centro de Produção e Experimentação
CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CVG – Casas de Vegetação
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAPEAGRO - Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do
Agronegócio
IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
SEPAC - Sistema de Elaboração de Projetos e Acompanhamento de Custos
TAs – Técnicos Agrícolas
UBS – Unidade de Beneficiamento de Sementes
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 09
1.1 OBJETIVOS............................................................................................... 10
1.1.1 Geral ...................................................................................................... 10
1.1.2 Específicos ............................................................................................. 11
1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................
11
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 14
2.1 CIÊNCIA E TECNOLOGIA ........................................................................ 14
2.2 TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA PESQUISA AGRÍCOLA....................... 16
2.3 EXPERIMENTO EM CAMPO AGRÍCOLA ............................................... 23
2.4 ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE PESQUISA AGRÍCOLA........................ 25
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................... 28
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................ 28
3.2 MÉTODO DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS...................................... 32
3.3 QUADRO SÍNTESE DAS ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS................
37
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ............................................... 38
4.1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ................................................................ 38
4.2 A OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA NO IAPAR............................ 40
4.3 A ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE LONDRINA ....................................... 43
4.4 OBJETO DE ESTUDO .............................................................................. 44
4.5 DISCUSSÃO E ANÁLISE DE DADOS ...................................................... 46
4.5.1 A Pesquisa Agronômica e a Estação Experimental ............................... 46
4.5.2 A Estrutura Organizacional e o Papel da Estação Experimental ........... 47
4.5.3 A Contribuição da Estação na Condução das Atividades de Pesquisa.. 51
4.5.4 A Infraestrutura Física e de Equipamentos e Implementos Agrícolas.... 53
4.5.5 Os Problemas Existentes Segundo os Entrevistados ............................ 56
4.5.6 As Necessidades de Melhoria no Atendimento .....................................
57
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 59
REFERÊNCIAS ...............................................................................................
61
APÊNDICES.....................................................................................................
APÊNDICE A – ENTREVISTA Nº 1 ................................................................
APÊNDICE B – ENTREVISTA Nº 2 ...............................................................
APÊNDICE C – ENTREVISTA Nº 3 ................................................................
APÊNDICE D – ENTREVISTA Nº 4 ................................................................
APÊNDICE E – ENTREVISTA Nº 5 ................................................................
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78
83
88
ANEXOS .........................................................................................................
ANEXO 1 – Organograma do IAPAR .............................................................
ANEXO 2 – Imagem Aérea da Estação Experimental ....................................
ANEXO 3 – Mapa de Bases Físicas ...............................................................
93
94
95
97
9
1- INTRODUÇÃO
Após a Revolução de 64, o Brasil passou a dar maior ênfase à modernização
do país e na agricultura o objetivo era o aumento da produtividade da terra e do
trabalho no campo. A pesquisa agropecuária passou então a pautar-se nesse
parâmetro, com estímulo ao uso de capital intensivo para proporcionar maior
excedente.
O Governo brasileiro promoveu mudanças estruturais nos órgãos de pesquisa
e nas universidades, objetivando obter profundos estudos técnicos agronômicos, na
busca de resultados para aplicação no campo, o que levaria ao aumento da
produtividade física por área e do trabalho. Nesse contexto ocorreu a criação da
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em 1973.
A criação da Embrapa causou importantes repercussões na organização da
pesquisa de âmbito estadual. As instituições estaduais de pesquisa foram criadas
em grande parte da década de 70 e no Estado do Paraná, em 1972, foi então criado
o IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná. A sede do Instituto foi inaugurada em
março de 1975, mas já em 1973 os trabalhos de pesquisa em campo tiveram início.
No IAPAR, em 1973 ocorreu a implantação da Estação Experimental do
IAPAR em Londrina, objeto de estudo do presente trabalho, cujo objetivo é o de
analisar a evolução e a eficiência operacional e de apoio da Estação durante os 39
anos de existência do Instituto, que é o órgão estadual responsável pela geração e
adaptação de novas tecnologias, visando o desenvolvimento social e econômico
ambientalmente sustentado para uma melhoria no processo de produção
agropecuária.
O processo de modernização na agricultura é complexo e de difícil execução
para se atingir os objetivos de incorporação da inovação tecnológica para satisfação
das necessidades da população. O aumento da produtividade agrícola não é fruto do
acaso: resulta de um processo de geração, difusão e adoção de tecnologia que na
realidade envolve uma série de componentes: variedades adequadas, tratos
culturais, uso de insumos modernos, manejo de atividades e mesmo condições de
mercado que orientam as práticas a serem adotadas.
A modernização agrícola apóia-se na criação de novos conhecimentos e uso
de novos insumos que permitam o aumento da produtividade e a geração adicional
10
de renda nas atividades agrícolas. A pesquisa agronômica necessita de pré-
requisitos básicos: recursos naturais favoráveis à modernização agrícola e em
proporção adequada à sua população, incorporação da inovação tecnológica via
adoção de práticas culturais e uso de insumos e maquinaria modernos, buscando a
elevação da produtividade.
Neste sentido, na pesquisa agrícola, a experimentação em campo, no solo, é
imprescindível e a atuação da Estação Experimental é o apoio necessário à
experimentação agrícola, desenvolvida por pesquisadores e técnicos e que irá
resultar em produtos de qualidade para disponibilização à sociedade.
O apoio operacional se encontra, portanto, alocado na Estação
Experimental. O ensaio de pesquisa instalado em área de terras da Estação requer
acompanhamento e observações diárias e cuidados muitas vezes minuciosos e,
portanto, o apoio prestado pela equipe de técnicos e operários de campo e mesmo
pelo Gerente, na administração da unidade, é fator preponderante para o bom
resultado dos trabalhos e fundamental ao pesquisador responsável pelo Projeto
conduzido.
Com base no exposto acima, o presente trabalho tem como problema a
seguinte questão: como ocorreu a evolução da estrutura de apoio operacional da
Estação Experimental do IAPAR em Londrina? Pretende-se, assim, identificar, no
decorrer dos 39 anos do Instituto, as atribuições da Estação Experimental, unidade
onde acontece o desenvolvimento de parte da atividade-fim do Instituto – a pesquisa
em campo; e analisar a percepção de pesquisadores, técnicos e administradores da
instituição no que diz respeito a facilidades e dificuldades encontradas no
desenvolvimento das atividades de pesquisa na área experimental, de forma que
possa se entender melhor a atuação da Estação e seu grau de eficiência.
1.1 - OBJETIVOS
1.1.1 - Geral
Analisar a evolução da estrutura de apoio operacional da Estação Experimental do
IAPAR em Londrina-Paraná
11
1.1.2 – Específicos
a. Descrever a evolução da estrutura organizacional e o papel da Estação
Experimental de Londrina;
b. Analisar a contribuição da Estação Experimental na condução das atividades
de pesquisa;
c. Analisar a percepção de pesquisadores, técnicos e administradores quanto à
qualidade e eficiência dos serviços de apoio à pesquisa.
1.2 – JUSTIFICATIVA
A escolha do tema se justifica pela importância do assunto, pois a base mais
importante da execução da pesquisa agrícola é o próprio solo e essas pesquisas são
realizadas no campo experimental. Assim, o apoio operacional prestado por estas
unidades é imprescindível à experimentação realizada por pesquisadores e técnicos
na busca de resultados que disponibilizem ao produtor pequeno, médio ou grande
proprietário, novas técnicas e recursos.
Outra justificativa para a realização do presente trabalho é a carência de
estudos neste tema. Não foram localizados estudos relacionados à qualidade e
importância da prestação de serviços de apoio operacional à atividade agronômica
de pesquisa em área experimental.
Pesquisar significa muito mais do que simples plantar e colher. Significa
conhecer causas e efeitos dos fatores estudados, interpretando esses dados em
função do ambiente onde se dá o processo de pesquisa. Um experimento agrícola
deve ser planejado e executado cuidadosamente, exige observação contínua e o
pesquisador não poderá estar no campo o tempo todo. O apoio da Estação
Experimental contribui, além das tarefas básicas de plantio, irrigação, preparo de
solo, colheita e capina, na observação, no acompanhamento de fatores ambientais
adversos, no acompanhamento dos ensaios e eventuais fenômenos biológicos,
indicando ao pesquisador responsável estes fatores.
Enfim, no que se refere a novos produtos agrícolas, como, por exemplo,
novas cultivares, a sua disponibilização ao produtor e ao ambiente da agricultura
12
deve ser precedida de avaliações e testes que busquem garantir a adaptação às
condições locais de solo e clima, embora parte do processo de geração e
desenvolvimento da tecnologia na pesquisa agropecuária também possa ser
realizada com apoio de laboratórios, telados e casas de vegetação.
O processo como um todo leva à necessidade da realização de um grande
volume de atividades de pesquisa e experimentação. Essas atividades demandam
estruturas de laboratório e de campo e mão de obra especializada.
No caso da pesquisa agrícola o experimento em campo é imprescindível. É
no campo experimental que se inicia todo o processo de pesquisa. O apoio técnico e
operacional fornecido para a realização das atividades experimentais em solo
colabora para a disponibilidade de novos produtos e na inovação tecnológica para a
geração de cultivares e tecnologias ao agronegócio, na conservação de solos e
recursos ambientais e na manutenção do patrimônio genético institucional.
A disponibilidade de uma infraestrutura física de apoio operacional de campo
tem permitido, no caso do IAPAR, que a instituição torne mais efetivo o seu
processo de geração de informações, conhecimentos e inovação de interesse social,
ampliando e qualificando também a prestação de serviços de apoio aos produtores
rurais. É necessário, portanto, que o apoio operacional seja realizado com qualidade
e eficiência, sob o risco de se perder os resultados relevantes para a pesquisa.
As Estações Experimentais, no caso do IAPAR, são unidades
organizacionais responsáveis pela operacionalização das atividades relativas ao
planejamento, coordenação e execução dos trabalhos de rotina de campo e de
apoio à pesquisa, para atendimento aos projetos de pesquisa desenvolvidos na área
de atuação da Estação. Assim, neste objetivo disponibilizam estrutura de campo,
equipamentos, casas de vegetação, telados, materiais e pessoal para atendimento
às atividades de pesquisa e produção (IAPAR, 1980).
Pesquisa agrícola, em uma concepção mais ampla, pode ser considerada
como a busca cuidadosa e minuciosa da averiguação de uma realidade, adotando
conceitos adequados e abrangentes. A pesquisa tecnológica é a pesquisa entendida
e realizada para atender as necessidades locais dos produtores agropecuários e
visa produzir conhecimento novo para utilização em processo produtivo, para fins
comerciais ou bens e serviços destinados ao próprio consumo. Sua aplicação se dá
no âmbito da produção, destinada ou não ao mercado, e constitui uma inovação
(CGEE, 2006, p. 53-54).
13
Um sistema de pesquisa agropecuária deve abrigar a pesquisa estratégica,
a pesquisa aplicada e a pesquisa adaptativa. A pesquisa estratégica é direcionada à
geração de conhecimento, método e instrumentos usados na pesquisa aplicada; a
pesquisa aplicada é direcionada ao desenvolvimento de produtos e processos
aplicáveis às atividades econômicas; e a pesquisa adaptativa é direcionada à
adequação a novos usos e ambientes de produtos e processos desenvolvidos pela
pesquisa aplicada. Os três são direta e indiretamente necessários ao avanço do
conhecimento produtivo do setor agropecuário (CGEE, 2006, p. 57).
É, portanto, interessante e importante entender o funcionamento da Estação
Experimental do IAPAR em Londrina, analisando a evolução de sua estrutura, a
contribuição no apoio às atividades de pesquisa e a percepção de pesquisadores,
técnicos, administradores - usuários dos serviços prestados - quanto à qualidade e
eficiência.
Neste contexto, a contribuição deste estudo tem também por objetivo abrir
novas frentes de pesquisa no tema e estimular discussões sobre a importância da
atividade de apoio operacional prestada pela Estação Experimental na pesquisa
agronômica.
14
2 – REFERENCIAL TEÓRICO
Os conceitos abordados neste trabalho estão relacionados a ciência e
tecnologia, tecnologia e inovação na pesquisa agrícola, experimento em campo
agrícola e estação experimental de pesquisa agrícola e estão a seguir apresentados.
2.1 - Ciência e Tecnologia
Existe um razoável consenso de que ciência e tecnologia são a base do
desenvolvimento econômico e social. Nosso tempo se caracteriza cada vez mais
pela rápida geração de conhecimento, como também pela ampla utilização do
conhecimento já dominado, tornado disponível para a sociedade. Não o
conhecimento enquanto riqueza tradicional, humanista e cultural, mas um elemento-
chave no desenvolvimento dos povos.
No atual processo de inovação, são fundamentais as interações entre o
mercado e o progresso técnico, através de novas formas de associação entre
empresas – as alianças estratégicas – e destas com as universidades e institutos de
pesquisa, para o desenvolvimento conjunto de tecnologia.
Segundo Nussenzveig (1994, p. 70),
o desenvolvimento de um país se mede pela sua capacidade de gerar de forma autônoma conhecimentos, transmiti-los e utilizá-los, assentando-se assim no tripé: ciência e tecnologia, educação e política econômico-industrial.
A expressão C&T, reunindo os dois vocábulos ciência e tecnologia, tem
sentido amplo, genérico e identifica um campo de atuação, uma área de atividade.
Daí as expressões derivadas: sistema de ciência e tecnologia, política científica e
tecnológica, atividades de C&T etc. Pode-se incluir aqui atividades de
geração, fomento, disseminação e aplicação do conhecimento científico e tecnológico; as pessoas e instituições diretamente
15
envolvidas; os estudos de inovação, transferência, invenção, difusão; a relação da C&T com a economia, com a sociedade; as técnicas e processos de administração de pesquisa e das instituições de P&D, etc (ALMEIDA, 1986), p. 21).
Segundo o Livro Verde, editado pelo MCT em julho de 2001, C&T são
atividades científicas e tecnológicas que dizem respeito ao esforço sistemático
diretamente relacionado com a geração, o avanço, a disseminação e a aplicação do
conhecimento científico e técnico em todos os campos da Ciência e da Tecnologia.
Incluem-se aqui as atividades de pesquisa e desenvolvimento, o treinamento e a
educação técnica e científica e os serviços científicos e tecnológicos. Os serviços
científicos e tecnológicos compreendem as atividades relacionadas à pesquisa e ao
desenvolvimento experimental, assim como as que contribuam para a geração,
disseminação e aplicação do conhecimento científico e tecnológico (MCT-Livro
Verde, 2001, p. 16).
As atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) se referem ao trabalho
realizado em bases sistemáticas, objetivando ampliar o estoque de conhecimento,
bem como o uso desse estoque de conhecimento em novas aplicações,
compreendendo a pesquisa básica – trabalho experimental ou teórico realizado
principalmente para a aquisição de novos conhecimentos sobre os fundamentos de
fatos ou fenômenos observáveis, sem o objetivo de qualquer aplicação ou utilização;
a pesquisa aplicada – investigação original, realizada visando a obtenção de novos
conhecimentos, mas dirigida, primordialmente, a um objetivo prático; e o
desenvolvimento experimental – trabalho sistemático, apoiado no conhecimento que
já existe e que foi obtido por pesquisas ou pela experiência prática, destinado à
produção de novos materiais, produtos ou equipamentos, para a instalação de novos
processos, sistemas ou serviços, ou para melhorar substancialmente aqueles já
produzidos ou instalados (OCDE, apud MCT-Livro Verde, 2001, p. 16).
Inovação tecnológica é definida como um produto ou processo que
compreende a introdução de produtos ou processos tecnologicamente novos e
melhorias significativas em produtos e processos existentes. É considerada uma
inovação tecnológica de produto ou processo quando esta tenha sido implementada
e introduzida no mercado (inovação de produto) ou utilizada no processo de
produção (inovação de processo). As inovações tecnológicas de produto ou
16
processo envolvem uma série de atividades científicas, tecnológicas,
organizacionais, financeiras e comerciais (OCDE, apud MCT-Livro Verde, 2001, p.
16).
O Sistema Nacional de Inovação pode ser definido como o conjunto de
instituições e organizações que são responsáveis pela criação e adoção de
inovações em um determinado país. Desta forma, as políticas nacionais passam a
incentivar as interações entre as instituições que participam do amplo processo de
criação do conhecimento e da sua difusão e aplicação (OCDE, 1996, apud MCT-
Livro Verde, 2001, p. 16).
Nos últimos anos a importância da ciência e tecnologia se tornou mais nítida
e os recursos disponibilizados por órgãos de governo para pesquisa e
desenvolvimento tiveram aumento considerável, criando-se novos instrumentos de
financiamento à pesquisa e a inovação tecnológica apareceu como objetivo central
no esforço nacional para o crescimento do país.
2.2 – Tecnologia e Inovação na Pesquisa Agrícola
Complementando o colocado no item anterior, tecnologia e inovação devem
ser ainda mais detalhadas, sob o ponto de vista da pesquisa agrícola.
Tecnologia tem significado semelhante à ciência, podendo ser definida como
um conjunto de conhecimento ou como uma atividade. No caso do conhecimento
pode ser entendida como “um conjunto de conhecimentos científicos e empíricos, de
habilidades, experiências e organização requeridos para produzir, distribuir,
comercializar e utilizar bens e serviços” (Saenz e García Capote, 2002, p. 47). Do
ponto de vista da tecnologia como atividade, ela pode ser entendida como a busca
de aplicações para conhecimentos já existentes (Saenz e García Capote, 2002, p.
47).
Já o processo de inovação “é a integração de conhecimentos novos e de
outros existentes para criar produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou
melhorados” (Saenz e García Capote, 2002, p. 69), podendo o termo ser utilizado de
maneira flexível, inclusive quando se referir a uma primeira utilização de um produto,
processo, sistema ou serviço.
17
A produção agrícola brasileira é uma das atividades mais prósperas, é
moderna, é competitiva e rentável, e tem incluído o Brasil entre um dos maiores
produtores de alimentos do mundo. O país possui clima diversificado, com chuvas
regulares, energia solar em quantidade, boa parte da água doce do planeta, e
diversas regiões com solos férteis e produtivos, fazendo do Brasil um lugar
adequado ao desenvolvimento e produção de alimentos de todas as cadeias
produtivas. Sem dúvida, a produção agrícola é nos tempos de hoje uma das
principais atividades da economia brasileira, estando o Brasil colocado entre os
maiores produtores e exportadores de commodities como soja e milho (Velho, 2009,
p. 18-19).
O Brasil se coloca também como líder mundial na produção e exportação de
diversos produtos agropecuários, sendo o primeiro produtor e exportador de café,
açúcar, álcool e sucos de frutas do mundo, e também líder no ranking das vendas
externas de soja, carne bovina e carne de frango, entre outros produtos. Outro fator
importante na agricultura é o desenvolvimento científico-tecnológico e a
modernização da atividade rural, resultado de pesquisas e da expansão da indústria
de máquinas e de implementos agrícolas, que têm contribuído para a transformação
do país (Velho, 2009, p. 19).
No Paraná a evolução da produção agrícola ocorre tendo em vista fatores
como a inovação tecnológica e seu apoio e influência no aumento da atividade
produtora. O aumento das áreas de cultivo motivadas por novas formas de produção
também tem ajudado na mudança do perfil agrícola e contribuído para a
prosperidade do setor (Velho, 2009, p. 20).
Este cenário foi construído, sem dúvida, com a busca de novas tecnologias e
inovação e as instituições públicas de pesquisa têm um importante papel a
desempenhar neste campo. São estas instituições – entre as quais o IAPAR – que
desenvolvem a chamada pesquisa e desenvolvimento de interesse público, tanto
nos mercados de interesse da iniciativa privada, como, e em especial, naqueles
onde o interesse da iniciativa privada não é tão significativo.
O uso da inovação tecnológica na agricultura e também no agronegócio se
justifica por estas inovações estarem sendo criadas como uma fonte de superação
dos obstáculos naturais e econômicos, considerando-se que a aplicação de novos
processos tem sido determinante para o aumento da competitividade.
18
Entretanto, a prática da inovação tecnológica na agricultura e também no
agronegócio surge da demanda e exigência do mercado consumidor, de forma que a
tecnologia contribua nos processos agroindustriais, com as maiores concentrações
de pesquisa e desenvolvimento na produção de insumos e mudas para plantio,
adaptação de novas tecnologias para plantio e processamento de produtos
agroalimentares, como máquinas e implementos agrícolas (Pereira e Manfron de
Paula, 2004).
No que diz respeito à política científica e tecnológica brasileira, Salles-Filho
(2000) demonstra que a organização das atividades de C&T tem se transformado
intensamente nos últimos anos, especialmente pelo aparecimento de novos
institutos de pesquisa e de empresas, com a reconfiguração dos agentes neste
contexto.
Para Zouain (2001, apud Borgonhoni e Ichikawa, 2007), as fases das
políticas científicas apresentam algumas características que podem ser agrupadas
em três paradigmas: um primeiro onde a ciência é vista como motor do progresso,
que vigorou nos anos 1960 até a década de 1970; um segundo, onde a ciência é
vista como solucionadora de problemas, que vigorou em 1970 e priorizava a
mobilização da ciência e tecnologia para solucionar problemas nacionais urgentes,
estabelecer ligação entre pesquisa e usuários e monitorar insumos e resultados; e
um terceiro, onde a ciência e vista como fonte de oportunidade estratégica, em vigor
desde 1980 e que considera a ciência e a tecnologia como propiciadora de
oportunidades estratégicas para o crescimento e para o bem-estar do país.
No caso da pesquisa agrícola é importante destacar que a pesquisa tem
sido tradicionalmente realizada pelo setor público, através de institutos
governamentais, com recursos em geral de fontes públicas, onde se destacam o
IAPAR e a Embrapa, entre outras instituições, embora este ambiente tenha
enfrentado, especialmente nas décadas de 1980 e 1990, grandes desafios pela crise
econômica, com uma grande competição por recursos (Freitas Filho et al, 1986,
apud Borgonhoni e Ichikawa, 2007).
A inovação tecnológica se constitui em uma ferramenta de importância para
a busca do aumento da produtividade e competitividade, objetivando impulsionar o
desenvolvimento econômico (Tigre, 2006). A pesquisa agrícola também funciona de
igual forma como em uma empresa ou indústria. Essa busca é constante e necessita
de novas tecnologias. O produto agrícola gerado e disponibilizado ao produtor é
19
resultado da busca de transformação e incorporação de novos produtos e processos
com a agregação de valor.
Salles-Filho e Bonacelli (2003) colocam que tem sido destaque no noticiário
nacional os resultados positivos das atividades econômicas no campo da agricultura,
sobre sua contribuição, em conjunto com a agroindústria, à economia brasileira,
tanto pela colheita de grãos, pela exportação de suco de laranja ou de frutas
tropicais, ou pela abertura de nichos de mercado para produtos exóticos, como
carne de jacaré e rã. Os números são animadores e colocam a agricultura e a
agroindústria num patamar de “salvar a pátria”.
Para os autores é importante a agricultura se definir no campo da inovação
quanto às pesquisas em biotecnologia, que é vista como uma vastíssima área do
conhecimento com imensas aplicações práticas e uma peça fundamental no avanço
do conhecimento.
Salles-Filho e Bonacelli (2003) colocam que durante os anos 80 muito se
discutiu sobre a importância dos países menos desenvolvidos entrarem nas novas
ondas tecnológicas, quando se citava como algumas áreas do conhecimento de
ponta ou portadoras de futuro, novos materiais, energia, microeletrônica, química
fina e biotecnologia. No caso da tecnologia agropecuária o sistema de inovação
brasileiro detém conhecimento, gera tecnologia e transforma essa tecnologia em
inovação. Para os autores, talvez seja um dos únicos sistemas setoriais de inovação
no Brasil onde acontece amplo domínio e forte integração da pesquisa à inovação,
do laboratório ao mercado.
A incorporação de novas tecnologias na agricultura tem explicado o
desempenho competitivo do setor, que obteve ganho de produtividade que levou à
ampliação da produção, que somada à qualidade, sustentou a capacidade de
concorrência do agronegócio brasileiro. Neste cenário o Paraná é expoente de um
setor produtivo, técnica e economicamente competitivo, e embasado na inserção de
inovações tecnológicas (IAPAR, 2010).
O processo de inovação é dependente da contínua busca e aplicação de
novos conhecimentos científicos e tecnológicos e na agricultura existe a
necessidade de se adaptar as inovações às condições agroecológicas e
socioeconômicas, específicas de cada região onde está implantado o experimento.
Assim, o desenvolvimento de inovações para o agronegócio depende de uma forte
estrutura que propicie a produção de conhecimentos técnico-científicos e o
20
transforme em tecnologias aplicáveis, respeitando-se as condições específicas de
cada região e embasando a sustentabilidade dos sistemas produtivos locais (IAPAR,
2010).
No caso do Paraná, a pesquisa realizada pelo IAPAR busca a criação de
alternativas para “a permanência dos agricultores no campo, a recuperação e a
proteção dos recursos naturais, a busca de opções de independência tecnológica e
a atuação articulada de geração e difusão de tecnologia” (IAPAR, 2010, p. 7). Neste
sentido, o IAPAR busca incorporar estratégias para o desenvolvimento de inovações
focadas na sustentabilidade da agricultura familiar e na regionalização da pesquisa
para o desenvolvimento de agroecossistemas.
No campo específico da independência tecnológica e inovação, o Estado do
Paraná, através do IAPAR, busca o desenvolvimento de técnicas e processos
capazes de assegurar esta independência e favorecer o aumento da capacidade
científica e tecnológica autônoma estadual e nacional (IAPAR, 2010).
A atividade de melhoramento de cultivares, um dos pontos-forte na pesquisa
agrícola, contribui de forma significativa para o desenvolvimento tecnológico,
econômico e social do país. O benefício gerado pela introdução de novas variedades
de plantas leva ao alto desempenho produtivo, melhoria de qualidade nutricional e
tecnológica, maior resistência a pragas e doenças e tolerância ao calor e à seca –
isso é inovação na agricultura (IAPAR, 2010).
No campo da agricultura, como resultado das atividades do IAPAR, a
tecnologia e a inovação estão expressas em cultivares adaptadas às diferentes
condições ambientais, na criação de novos insumos agropecuários, máquinas,
equipamentos, zoneamento e monitoramento agrícola, novas tecnologias, práticas e
processos agropecuários, raças de animais e microorganismos de importância
econômica, entre outros. E ainda, neste campo, disponibiliza um conjunto de
produtos e/ou serviços que subsidiam a formulação e implementação de políticas
públicas, tanto em nível estadual como nacional (IAPAR, 2010).
Estudo realizado por Salles-Filho et al. (2006), coloca que a maioria dos
institutos de pesquisa agrícola da América Latina tem buscado implantar inovações
institucionais incrementais e no nível micro, que são as internas à organização. Do
ponto de vista geral, as inovações visam eficiência gerencial, eficácia operativa,
efetividade dos resultados, sustentabilidade financeira, ampliação de interfaces e
legitimidade social e política. No IAPAR isto também tem ocorrido, podendo ser
21
citado as inovações com o sistema de avaliação de desempenho e competências
por resultados, implantação de ouvidoria e novos modelos de gestão estratégica.
Outras inovações no campo administrativo também podem ser
consideradas, como discussões sobre o modelo de pesquisa, onde as mudanças na
instituição e na gestão da pesquisa e desenvolvimento, em geral, foram motivadas e
afetaram fatores do ambiente interno e externo.
O IAPAR tem buscado também uma maior participação dos stakeholders
para a elaboração e condução de uma agenda de pesquisa que amplie sua
capacidade de atuar em novas áreas da ciência e que resulte em tecnologias que
contribuam para uma maior competitividade. Neste sentido tem realizado eventos
que envolvam a participação de representantes dos segmentos da agricultura
estadual, buscando ouvir as demandas no campo da agricultura.
Outras inovações mais abrangentes também devem ser lembradas, como as
políticas de propriedade intelectual e de negócios tecnológicos, onde o IAPAR tem
atuado fortemente nos últimos anos, procurando se organizar para enfrentar novas
demandas neste campo, visando incentivar o processo de inovação, a promoção da
interação entre os setores público e privado e assim contribuindo para um melhor
aproveitamento de oportunidades econômicas e tecnológicas.
A busca pela inovação na agricultura segue um padrão definido pelo
paradigma vigente no momento. Para Dosi (1988, apud Barbosa, 2006), paradigma
tecnológico é uma espécie de padrão ou de modelo para a formulação e
encaminhamento de soluções para problemas tecnológicos específicos, baseando-
se o mesmo em princípios derivados das ciências naturais e de tecnologias
materiais.
As trajetórias tecnológicas representam a forma de enxergar como a
tecnologia se articula para a formação de um novo paradigma, e então representam
os caminhos diferentes em um dado paradigma. Em cada paradigma é possível
existir inovações que seguem as trajetórias tecnológicas deste e essas inovações
podem ser incrementais, radicais ou levar a uma mudança de paradigma (Barbosa,
2006).
Pode-se dizer que a lógica do paradigma tecnológico da agricultura esta
centrada no aumento da produtividade do trabalho e que os caminhos existentes
dentro do paradigma levam a agricultura às possibilidades de inovação, como citado
por Barbosa (2006):
22
desenvolvimento de tecnologias moto-mecânicas: inovações em
máquinas e equipamentos que proporcionam em especial economia
de mão de obra;
desenvolvimento de tecnologias físico-químicas: inovações que
buscam facilitar a substituição da terra, como por exemplo inovações
em agrotóxicos, adubos e defensivos agrícolas e novas formas de
aplicação;
desenvolvimento de tecnologias biológicas: uma das mais importantes
para a pesquisa agrícola, pois auxilia na redução de períodos de
produção e potenciação de efeitos das inovações mecânicas e físico-
químicas;
desenvolvimento da organização do trabalho: diz respeito a
mudanças no processo de trabalho e formas de contratação de mão
de obra, e pode interferir na produtividade do trabalho.
As atividades de inovação apresentam características específicas de quem
realiza a pesquisa e da região onde esta é efetuada e também características de
cumulatividade, tornando a tecnologia menos sujeita ao acaso. A inovação
tecnológica na produção agrícola apresenta características inerentes à cultura que
se está pesquisando, pois primeiramente se trata da produção de seres visos e que
possuem caráter reprodutivo e com isso a relação insumo-produto utilizado na
agricultura resulta diferente da utilizada pela indústria, já que uma unidade de
insumo na agricultura produz mais de uma unidade de produto (Barbosa, 2006).
Outra característica da pesquisa agrícola tem relação com o tempo de
trabalho, já que na indústria o tempo de produção é semelhante ao tempo de
trabalho. Na agricultura o tempo de trabalho é menor que o tempo de produção, já
que existe tempo de não trabalho e a dimensão deste tempo envolve ciclos
biológicos, que geralmente impõem um longo período de produção. Assim, mesmo
que a inovação biológica seja a única maneira de conseguir redução no tempo de
produção, esta não consegue acabar com a dependência da agricultura para com a
natureza em seu processo de reprodução, mas apenas reduzir um pouco o tempo
de não trabalho. Portanto, na agricultura, a base tecnológica da produção depende
fortemente das condições naturais (Barbosa, 2006).
Conclui-se, portanto, que é necessário reconhecer a importância dos fatores
produtivos na obtenção de produtos de boa qualidade na agricultura e que isso
23
ressalta a tendência histórica de elevação da composição orgânica do capital,
considerando-se que o nível de tecnificação na agricultura deverá aumentar, já que
o produtor rural visa a redução de custos de produção e também está preocupado
com a qualidade dos produtos ofertados ao consumidor e com as questões
ambientais e sociais, que, sem dúvida, estão presentes na mudança na trajetória do
paradigma tecnológico vigente.
2.3 - Experimento em Campo Agrícola
O experimento de campo é um estudo de investigação em uma situação
real, onde uma ou mais variáveis independentes são manipuladas pelo investigador,
sob condições controladas, com o máximo cuidado permitido pela situação. É
importante fazer uma distinção entre os experimentos de laboratório e de campo, e
que esta deve ser feita com base nos dois elementos principais na definição de
experimento de campo dada acima, ou seja:
levando em conta se existe ou não uma tentativa para criar uma situação especialmente desejável e adaptada e o grau de precisão no controle e na manipulação das variáveis. O experimento de laboratório é dotado de um controle máximo; por sua vez, os experimentos de campo operam com menos controle, fator que em geral representa alguma desvantagem (MOREIRA, 2000, p. 1).
Os experimentos realizados em campo possuem diferentes qualidades, pois
se adaptam bem ao estudo de problemas sociais, organizacionais, psicológicos e
educacionais de grande interesse. Entretanto, nos experimentos de campo
raramente o controle da situação é tão rigoroso quanto nos experimentos de
laboratório. No experimento de campo, o investigador, ainda que tenha o poder de
manipulação, sempre se defronta com a possibilidade de que suas variáveis
independentes estejam poluídas por variáveis ambientais que escapam a seu
controle. Segue-se daí que uma das preocupações principais do pesquisador
24
experimental de campo é a de fazer com que a situação fique semelhante o mais
possível com a situação do experimento em laboratório (Moreira, 2000).
No caso da pesquisa agronômica, o experimento em campo diz respeito ao
plantio no solo, sujeito às mudanças de clima e outras variáveis presentes no
ambiente, e é imprescindível. É aqui que se verifica o real comportamento de um
produto, de uma planta, pois é no campo que ele será produzido depois de
disponibilizado ao produtor rural, estando, portanto, sujeito às intempéries do campo,
do solo e do clima.
Assim como a instalação, a condução é a maneira de administrar, no campo
ou no laboratório, o problema investigado. Nessa fase todos os cuidados se fazem
necessários para não desvirtuar a qualidade dos dados que serão colhidos. Nas
pesquisas laboratoriais, os riscos são reduzidos. Os experimentos de campo, porém,
estão mais sujeitos às intempéries que podem de um momento para o outro,
modificar completamente seu panorama. Em muitos casos, há necessidade de nova
montagem ou de modificações no delineamento do experimento (IAPAR, 1978).
A agronomia pode ser definida como uma ciência que envolve um conjunto
de conhecimentos de diversas áreas, como engenharia, biologia, botânica,
economia, química, genética, zootecnia, administração etc, e estes conhecimentos
são aplicados na agricultura e na pecuária. A pesquisa agronômica tem entre seus
objetivos melhorar a qualidade nos processos de produção de gêneros agrícolas e
pecuários e também aumentar a produção através da implantação de técnicas,
mantendo ou até melhorando a qualidade dos produtos. Na realização desses
objetivos, a pesquisa no campo experimental é o apoio altamente necessário para a
obtenção de resultados a serem colocados à disposição dos agricultores (IAPAR,
1978).
Ciências agrícolas ou agronomia estão em um campo multidisciplinar e
visam melhorar a prática e aumentar a compreensão da agricultura objetivando uma
otimização para o bem da humanidade. Assim, a pesquisa visa a produção de
produtos animais e vegetais para uso humano através da transformação tecnificada,
resultado de experimentação, com a utilização de técnicas (IAPAR, 1978).
No campo experimental se produzem pesquisas e se desenvolvem técnicas
que melhoram os resultados da agricultura, como manejo de irrigação; uso
adequado de fertilizantes; melhoria da qualidade do produto; seleção de variedades
resistentes à seca, ao frio, a doenças e pragas; modelos de simulação de
25
crescimento de colheita e outras técnicas. Mas, o mais importante, as pesquisas
agronômicas estão fortemente relacionadas ao local em que são realizadas, pois
trabalham com características locais de solo e clima que nunca são exatamente
iguais nas diferentes regiões.
Hoje, o campo experimental está cada vez mais equipado, mais potente,
com colheitadeiras, equipamentos de ponta, computador de bordo, sensores ligados
a satélites e assim se busca um maior potencial produtivo. De outro lado, sementes,
adubos e agrotóxicos estão também cada vez mais aprimorados, melhorando o
rendimento produtivo, produzindo-se mais em menos tempo, mas, com a
preocupação na preservação ambiental acima de tudo.
Enfim, a pesquisa no campo experimental, no solo, na terra, é técnica
utilizada na pesquisa agronômica, e busca, cada vez mais, técnicas e métodos para
a obtenção de melhores resultados, a incorporação de novas tecnologias, ganhos
em produtividade, ou seja, no caso do Paraná, uma evolução da agricultura e do
agronegócio, transformando o Estado em um expoente do setor produtivo, técnica e
economicamente competitivo, e embasado na inserção de inovações tecnológicas
(IAPAR, 2010).
2.4 - Estação Experimental de Pesquisa Agrícola
No IAPAR a Estação Experimental, utilizada na experimentação e pesquisa
agrícola é uma base física, uma área de terras que simula uma propriedade agrícola
ou, em outras palavras, uma fazenda experimental, com todos os elementos
necessários à produção agrícola, possuindo equipamentos e implementos agrícolas,
instalações, barracões, insumos, terreno com conservação de solos e inoculo de
doenças e pragas para testar resistência das plantas.
As culturas são plantadas em pequenas escalas e avaliadas durante o ciclo
produtivo. Os dados são compilados e análises e resultados preparadas por
pesquisadores, e disponibilizados em diversas formas, divulgados através de
publicações, da extensão rural e na realização de eventos técnicos.
Em geral as estações experimentais são alocadas em regiões estratégicas e
representativas das diferentes situações de clima e solo.
26
Para Monice Filho e Lima (1989), as estações experimentais podem cumprir
duas relevantes funções nas áreas onde estão inseridas:
técnica, de se constituir no ponto básico onde se deve concentrar as experiências adquiridas pelos pesquisadores e se debater essas experiências; e social, contemplando as reais necessidades da agricultura regional, levando em consideração os fatores sócio-econômicos envolvidos, a partir da participação dos produtores e de suas Associações junto às Estações (p. 6).
Para os autores evidencia-se também a necessidade de ação integrada
envolvendo administrador e pesquisador. Para isso é necessário desenvolver canais
de comunicação entre os pesquisadores das diversas áreas da pesquisa e os
administradores de estações, estabelecendo-se, assim, um sistema de informação
para o bom andamento da produção da pesquisa (Monice Filho e Lima, 1989, p. 6).
Monice Filho e Lima (1989, p. 6) colocam ainda que o administrador de uma
Estação Experimental ocupa papel relevante na busca de um melhor gerenciamento
possível de recursos disponíveis para promover uma coordenação integrada de
apoio à pesquisa, com o objetivo de melhorar os resultados dos projetos.
É na Estação Experimental que se realizam as pesquisas, com o apoio
também dos laboratórios. É no campo, no solo, onde é realizada a experimentação e
onde acontece a criação de novos produtos e tecnologias. A inovação consiste na
adoção de métodos, procedimentos, sistemas ou técnicas de produção novos ou
melhorados, podendo incluir mudanças nos equipamentos, nas matérias primas, nos
materiais e nos fluxos de produção (Saenz e García Capote, 2002, p. 73).
É importante, em campos e estações experimentais, uma gestão eficiente e
a busca por soluções inovadoras. Nestas unidades os resultados obtidos podem
gerar, além dos resultados da pesquisa propriamente dita, para apropriação pelo
produtor rural, ganhos de eficiência administrativa no gerenciamento das atividades
agrícolas, oferecendo subsídios para planejamento do espaço, uso intensivo do solo,
busca de diversificação entre culturas e sistemas de produção vegetal e animal.
De um lado importante, a produtividade dos campos de experimentação é
medida em termos de produção técnico-científica e de ações de transferência de
tecnologia. Permite-se aqui que o custo de produção de uma mesma cultura seja
27
avaliado, com utilização de metodologias diferentes e esses aspectos presentes na
pesquisa realizada em uma estação experimental apresentam diferenças quanto a
um estabelecimento rural comum, mas, entretanto, é aqui que se pode avaliar todos
os aspectos e possibilidades em uma experimentação. Em uma Estação
Experimental se atua de forma intensiva na busca de alternativas tecnológicas
poupadoras de insumos modernos, e capazes de promover o aumento da produção
e da produtividade, resguardando-se a necessidade de uma tecnologia adequada
também ao pequeno produtor.
A Estação Experimental é um espaço para o desenvolvimento da ciência. É
neste espaço onde deve ser enfatizado o melhor conhecimento dos sistemas
agrícolas em uso e o desenvolvimento de novos sistemas agrícolas, envolvendo
fatores físicos e ambientais, bem como os socioeconômicos que predominam na
região ou local. É importante fazer um estudo da realidade e a Estação Experimental
serve a esse propósito. A Estação Experimental fornece o solo, onde se pode
estudar a introdução de novos processos, tipo rotação de culturas, culturas
consorciadas, intercalares, etc. É na Estação que se testam novos processos ou
métodos de produção, onde se avalia novos produtos e insumos, onde se testam
máquinas e equipamentos em termos de eficiência.
28
3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este item apresenta a metodologia utilizada na realização da pesquisa. A
metodologia de pesquisa adotada na realização de um trabalho é a explicação
minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no caminho da
realização da pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado
(questionário, entrevista etc), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da
divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo
aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.
A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos” (Gil, 1999, p.26) para que seus objetivos sejam atingidos: os
métodos científicos. Método científico é o conjunto de processos ou operações
mentais que se deve empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no
processo de pesquisa.
A metodologia de pesquisa para Minayo (2008) é o caminho do pensamento
a ser seguido e se refere ao conjunto de técnicas que se utilizará para construir uma
realidade. A pesquisa qualitativa trata-se de uma atividade da ciência, que tem por
objetivo a construção da realidade, trabalhando com um universo de crenças,
valores e significados.
3.1 - Delineamento da Pesquisa
O estudo aqui realizado pode ser classificado como exploratório, como um
estudo de caso único, e tem como ferramentas a pesquisa bibliográfica para a
obtenção de referencial teórico, a pesquisa documental para análise de documentos
oficiais, normativos, decisórios e outros produzidos pela instituição ou atores
envolvidos e a pesquisa qualitativa, com a técnica de entrevista semi-estruturada,
objetivando captar percepções de atores ligados ao problema em estudo.
Para Triviños (1987, p. 133), o estudo de caso é um dos mais relevantes
tipos de pesquisa qualitativa e “é uma categoria de pesquisa cujo objetivo é uma
unidade que se analisa aprofundadamente”. Para o autor, é importante lembrar que
29
no estudo de caso qualitativo, a complexidade dos fatos envolvidos aumenta de
acordo com o aprofundamento da pesquisa.
Uma das categorias de pesquisa citada por Triviños (1987, p. 134), refere-se
a estudos de casos históricos-organizacionais, modalidade na qual pode ser incluído
o presente trabalho. Para o autor, nesta modalidade, a pesquisa recai sobre a vida
de uma instituição ou de uma unidade específica, como neste trabalho, que trata da
Estação Experimental do IAPAR em Londrina. Triviños coloca que neste tema
podem-se encontrar arquivos que registraram documentos referentes à unidade,
publicações ou estudos pessoais com os quais é possível realizar entrevistas etc.
Sobre pesquisas exploratórias, Gil (1999, p. 43) coloca que estas visam proporcionar
uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo. Ainda segundo Gil
(2002), uma pesquisa exploratória tem por objetivo proporcionar maior familiaridade
com o problema, de forma a torná-lo mais explícito. Neste caso pode ser utilizado o
levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas envolvidas no problema
pesquisado.
Já a pesquisa documental se assemelha muito à pesquisa bibliográfica, e as
duas modalidades são utilizadas neste trabalho. A diferença entre as duas está na
natureza das fontes, pois a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das
contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto e a pesquisa
documental vale-se de materiais que eventualmente não receberam ainda um
tratamento analítico, ou que ainda possam ser re-elaborados de acordo com os
objetos da pesquisa (Gil, 1999).
A entrevista, modalidade também utilizada neste trabalho, é uma técnica de
pesquisa que visa obter informações de interesse a uma investigação, onde o
pesquisador formula perguntas orientadas, com um objetivo definido, frente a frente
com o respondente e dentro de uma interação social. Segundo Gil (1999) é uma das
técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das ciências sociais por
apresentar enorme flexibilidade e permitir identificar variáveis e suas relações,
comprovar hipóteses e orientar outras fases da pesquisa.
Ainda segundo Gil (1999), tem como vantagem a possibilidade de obtenção
de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida social, permite obtenção de
dados em profundidade, podendo estes ser classificados e quantificados, não exige
que o respondente saiba ler ou escrever e apresenta maior flexibilidade no trabalho
de investigação. As entrevistas segundo o autor podem ser mais estruturadas, com
30
alto grau de predeterminação das perguntas, com roteiro pré-estabelecido ou menos
estruturadas, sem roteiro pré-estabelecido (Gil, 2002, p. 117-127).
No que diz respeito à pesquisa qualitativa, uma de suas principais
característica é sua grande flexibilidade e adaptabilidade. Ao invés de utilizar
instrumentos e procedimentos padronizados, a pesquisa qualitativa considera cada
problema objeto de uma pesquisa específica para a qual são necessários
instrumentos e procedimentos específicos. Tal postura requer, portanto, maior
cuidado na descrição de todos os passos da pesquisa: o delineamento, a coleta de
dados, a transcrição e a preparação dos mesmos para análise específica (Günther,
2006).
Mayring (2002, apud Günther, 2006) apresenta seis delineamentos da
pesquisa qualitativa: estudo de caso, análise de documentos, pesquisa-ação,
pesquisa de campo, experimento qualitativo e avaliação qualitativa (Günther, 2006,
p. 204).
. Estudo de caso: No estudo de caso, delimitado como a coleta e análise de
dados sobre um exemplo individual para definir um fenômeno mais amplo, pode-se
coletar e analisar tanto dados quantitativos, como qualitativos. É também concebível
observar comportamento no contexto natural, criar experimentos que utilizem o
sujeito como seu próprio controle, bem como realizar entrevistas, aplicar
questionários ou administrar testes (Günther, 2006, p. 205).
Um estudo de caso, segundo Yin (apud Luciano e Freitas, 2010, p. 4) é uma
“pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não estão claramente evidentes”, e o foco do estudo é sobre um conjunto
de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle.
Para Martins (2008, p. 11) estudo de caso é uma estratégia metodológica de
se fazer pesquisa nas ciências sociais, uma metodologia utilizada para se avaliar e
descrever situações dinâmicas onde o elemento humano está presente, de forma a
entender a situação e descrever, compreender e interpretar a complexidade do caso
estudado.
No estudo de caso são feitas análises e reflexões nos vários estágios de
uma pesquisa, em especial no levantamento de informações, dados e evidências. A
sistematização e organização das observações, transcrições, registros, comentários,
são tratados com critério, definindo um protocolo de estudo (Martins, 2008, p. 10).
31
Para Yin, o estudo de caso é uma ferramenta de investigação científica,
utilizada para compreender processos na complexidade social, nas quais estes se
manifestam, seja em situações caracterizadas como problemáticas, para se analisar
obstáculos, ou em situações de sucesso, para se avaliar modelos exemplares (Yin,
2001, p. 21).
Para Yin existem pelos menos cinco situações em que o estudo de caso se
aplica:
para explicar vínculos causais em intervenções na vida real que são muito complexas para estratégias experimentais; quando é preciso descrever intervenções no contexto em que ocorrem; para ilustrar determinados tópicos em uma investigação; para explorar uma situação complexa de resultados e como uma forma de meta-avaliação de determinados processos (Yin, apud Martins, p. 11-12).
. Análise de documentos: A análise de documentos é a variante mais antiga
para se realizar uma pesquisa, em especial no que diz respeito à revisão de
literatura. Além de procedimentos tradicionais de leitura e resumo de idéias, é
possível extrair e sumarizar resultados por meio de meta-análise. Dependendo do
tipo dos documentos a serem analisados existem as mais diferentes maneiras de
encará-los, que vão desde relatos verbais e respostas a perguntas de pesquisadores
futuros, até segmentos de texto selecionados como “sujeitos” entre um corpo
lingüístico grande, por meio de procedimentos de amostragem (Günther, 2006, p.
205).
. Pesquisa de campo: Este tipo de estudo é especialmente interessante do
ponto de vista do método da pesquisa qualitativa, pois ao mesmo tempo em que se
constitui como exemplo de triangulação, acaba por ser uma integração de diferentes
abordagens e técnicas qualitativas e quantitativas em um mesmo estudo. Envolve
desde métodos quantitativos experimentais até procedimentos qualitativos clínicos
(Günther, 2006, p. 205).
. Experimento qualitativo e avaliação qualitativa: Qualificar experimento e
avaliação com o adjetivo “qualitativo” reforça a constatação de que estes
procedimentos, além da interpretação tradicional da pesquisa quantitativa, podem
incluir uma abordagem qualitativa (Günther, 2006, p. 205).
32
No contexto da pesquisa qualitativa, pode-se contar com três maneiras:
observação, experimento e survey, que podem ser reagrupadas como coleta de
dados visuais e verbais. Diferentes técnicas de coleta de dados visuais e verbais
podem ser utilizadas, como entrevistas focalizada, semi-estandardizada, centrada
num problema e centrada no contexto. Podem-se utilizar também três tipos de
relatos: entrevista narrativa, entrevista episódica e contos. Existem ainda três tipos
de procedimentos grupais: entrevista em grupo, discussão em grupo e narrativa em
grupo (Günther, 2006.
No que diz respeito aos procedimentos visuais pode ser utilizada a
observação, a observação participante, a etnografia, a fotografia e a análise de
filmes. Mayring (2002, apud Günther, 2006, p. 205) descreve quatro maneiras de
levantar dados no contexto da pesquisa qualitativa: dados verbais por meio de
entrevista centrada num problema, entrevista narrativa, grupo de discussão e dados
visuais por meio da observação participante (Günther, 2006, p. 205).
A metodologia de pesquisa para Minayo (2008) é o caminho do pensamento
a ser seguido e que ocupa um lugar especial na teoria, tratando-se de um conjunto
de técnicas a serem utilizadas para a construção de uma realidade. Ou ainda, a
metodologia trabalha com a teoria de abordagem - que é o método; os instrumentos
de operacionalização do conhecimento – que são as técnicas utilizadas; e a própria
criatividade do pesquisador, que acontece com base em sua experiência, sua
capacidade pessoal e a sua sensibilidade.
3.2 – Método de Coleta e Análise de Dados
Entende-se que a pesquisa é a atividade básica da ciência em seu interesse
de indagar e construir uma realidade. A pesquisa alimenta a atividade de ensino,
buscando sua atualização frente à realidade mundial e assim envolve pensamento e
ação. Desta forma a investigação está relacionada a interesses e circunstâncias
socialmente condicionadas e é resultado de uma determinada inserção na vida real
e nela buscando razões e objetivos (Minayo, 2008). Toda investigação, portanto, tem
início em uma questão, em um problema, em uma pergunta e por uma dúvida.
33
Segundo Minayo (2008), a pesquisa qualitativa responde a questões muito
particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que
não pode ser quantificado e trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis.
Ainda segundo Minayo, a pesquisa é um trabalho artesanal e não dispensa a
criatividade, mas baseia-se em conceitos, proposições, hipóteses, métodos e
técnicas, linguagem construída com ritmo próprio e muito particular. A autora coloca
que a pesquisa qualitativa é realizada em três etapas: a fase exploratória, o trabalho
de campo e a análise e tratamento do material empírico e documental (p. 26).
A fase exploratória diz respeito à produção propriamente dita do projeto de
pesquisa e de todos os procedimentos que este envolve, especialmente para as
definições necessárias ao objeto a ser estudado, ao desenvolvimento do estudo, à
metodologia a ser adotada, às hipóteses a serem investigadas, à descrição dos
instrumentos de operacionalização do trabalho, a definição do cronograma e outros
procedimentos (Minayo, 2008, p. 26).
O trabalho de campo se refere à parte prática do estudo, fase onde se
realiza a observação, as entrevistas ou outra técnica de pesquisa, o levantamento
de documentos e outras atividades. É o momento prático de importância
exploratória, para a confirmação ou refutação das hipóteses levantadas e para a
construção de uma teoria (Minayo, 2008, p. 26).
A etapa de análise e tratamento do material empírico e documental envolve
o conjunto de procedimentos para se definir a importância, compreender e
interpretar dados, analisá-los sob a teoria que fundamenta o projeto e também
utilizar literatura sobre o tema. Aqui acontece a ordenação dos dados, a
classificação dos dados e a análise propriamente dita (Minayo, 2008, p. 26-27).
A entrevista é uma das técnicas de trabalho de campo e é particularmente
utilizada para descobrir aspectos relacionados a um tema em estudo. Na pesquisa
qualitativa, a entrevista semi-estruturada é um dos principais meios que o
pesquisador-investigador tem para a realização da fase de coleta de dados. Esta
técnica, segundo Triviños (1987), é aquela
34
que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses e que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (p. 146
Enfim, coleta de dados são procedimentos ou métodos práticos utilizados
para juntar as informações, necessárias à construção dos raciocínios em torno de
um fato, de um fenômeno ou de um problema. Como um dos objetivos desta
pesquisa foi o de captar percepções sobre a atuação da Estação Experimental do
IAPAR em Londrina, a opção foi pelo método qualitativo de pesquisa. A técnica
escolhida foi a entrevista semi-estruturada, realizada com o auxílio de roteiro pré-
estabelecido. A análise do conteúdo foi realizada com a transcrição das informações
gravadas, procurando garantir o máximo possível a exatidão destas na análise dos
dados e utilizando-se fragmentos de textos das falas dos entrevistados, de forma a
somar com os objetivos do presente estudo, buscando respostas às questões
presentes nos objetivos do trabalho.
Para as entrevistas foram escolhidos 5 funcionários, entre ativos e
aposentados, originários do quadro da Diretoria Técnico-Científica, unidade onde
está alocada a Estação Experimental de Londrina, que ocupam ou ocuparam
funções de pesquisador, técnico agrícola ou de administrador da estação
experimental, de forma a contar com uma diversidade na amostra pretendida. O
objetivo maior das entrevistas foi o de detectar fatos não localizados na pesquisa
documental, já que não existe estudo anterior sobre o tema, mas que são relevantes
para o presente estudo.
A etapa de análise foi realizada utilizando-se a técnica de análise de
conteúdo, de forma que colocações-categorias pudessem aparecer e revelar fatos
significativos ou mesmo importantes na percepção dos entrevistados sobre o tema
em estudo. Segundo Minayo (2008) uma categoria diz respeito a um conceito que
envolve elementos ou aspectos comuns ou que se relacionam entre si.
A técnica de análise de conteúdo, segundo Richardson (1999) tem mudado
através do tempo, à medida que a técnica tem sido aperfeiçoada e seu campo de
aplicação diversificado, com a formulação de novos problemas e novos materiais (p.
222). Segundo Bardin (1979, apud Richardson, 1999, p. 223), a análise de conteúdo
35
é um conjunto de técnicas de análise das comunicações que objetiva obter, com o
uso de procedimentos sistemáticos e objetivos, indicadores, quantitativos ou não,
que permitam inferir conhecimentos à produção e recepção das mensagens.
Em resumo, para Richardson (1999, p. 223), a análise de conteúdo “é um
conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais aperfeiçoados que se
aplicam a discursos diversos”.
Ainda na coleta de dados, foi utilizada também a pesquisa bibliográfica,
entre livros, artigos, periódicos e informações publicadas em nível nacional, e
também fontes eletrônicas, buscando conceitos e informações sobre os temas de
interesse.
Segundo Eisenmhardt (1989, apud Silva, Godoi e Bandeira-de-Mello, 2006,
p. 132), o envolvimento do pesquisador com a literatura produzida sobre um tema
tem papel muito importante. Para a autora, é fundamental que se compare conceitos
surgidos no trabalho em execução com aqueles existentes na literatura. Resultados
diferentes dos encontrados na literatura representam uma oportunidade de reflexão,
para o pesquisador, de forma a buscar aprofundamento e gerar novas formas de
pensar sobre o tema, organizando novos conceitos e teorias.
Hartley (1995, apud Silva, Godoi e Bandeira-de-Mello, 2006, p. 132) defende
a idéia de que é importante contar com uma estrutura teórica de referência antes de
dar início a um novo trabalho de campo, e que esse referencial teórico deve ser
amplo e não se constituir em elemento que possa impedir o aparecimento de novas
idéias e ou conceitos.
Na pesquisa documental foram utilizados documentos oficiais, normativos,
decisórios e outros produzidos pela Instituição ou por integrantes de sua equipe e
buscou-se relatar a estrutura de apoio operacional utilizada pelo IAPAR, no caso de
sua Estação Experimental localizada em sua Sede, na cidade de Londrina, Estado
do Paraná.
Segundo Richardson (1999, p. 228), o surgimento da comunicação escrita
permitiu o registro de diversos tipos de documentos, de forma que informações
fossem passadas de uma pessoa para outra, ou mesmo através de gerações. O
autor coloca que órgãos públicos e privados mantém registro ordenado e regular de
acontecimentos importantes e nas ciências sociais existe uma variedade de
elementos de valor documental, como objetivos, elementos iconográficos,
36
documentos fotográficos, cinematográficos, fonográficos, vídeos etc. Estes
documentos, segundo o autor, constituem-se na base da observação documental.
Para Richardson (1999, p. 230), a análise documental consiste em uma série
de ações que objetivam estudar e analisar um ou vários documentos para descobrir
circunstâncias sociais e econômicas e que o método mais conhecido de análise
documental é o método histórico, que busca estudar documentos na investigação de
fatos sociais e suas relações com o tempo sócio-cultural-cronológico.
Para o autor, determinadas operações efetuadas na análise documental,
como a codificação de informações e o estabelecimento de categorias, são
semelhantes ao tratamento das mensagens em alguns tipos de análise de conteúdo,
técnica também utilizada neste estudo. Mas o autor coloca que a análise documental
trabalha sobre os documentos e a análise de conteúdo sobre as mensagens; que a
análise documental é essencialmente temática e que é apenas uma das técnicas
utilizadas pela análise de conteúdo; e que o objetivo básico da análise documental é
a determinação fiel dos fenômenos sociais e a análise de conteúdo objetiva analisar
as mensagens e testar indicadores de forma a inferir sobre uma realidade diferente
daquela da mensagem (Richardson, p. 230).
3.3 – Quadro Síntese das Estratégias Metodológicas
Considerando-se a entrevista como objeto de relato das experiências dos
entrevistados com relação aos serviços prestados pela Estação Experimental de
Londrina às atividades de pesquisa e também buscando organizar as etapas de
trabalho, optou-se pela elaboração de um quadro síntese das estratégias
metodológicas, como ferramenta de auxílio à coleta de informações.
37
Quadro Síntese das Estratégias Metodológicas
Objetivo geral
Objetivos específicos
Perguntas que respondem aos objetivos específicos
Documentos comprobatórios
Analisar a
evolução da
estrutura de
apoio
operacional da
Estação
Experimental do
IAPAR em
Londrina-
Paraná
Descrever a evolução da estrutura organizacional e o papel da Estação Experimental de Londrina
- Como era a estrutura da estação experimental de londrina quando você iniciou suas atividades no IAPAR? - A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura organizacional?
- Resolução nº 096/1980 de 17 de junho de 1980 e outros documentos decisórios - Conteúdo das entrevistas - Documentos internos sobre o tema
Analisar a contribuição da Estação Experimental na condução das atividades de pesquisa
- Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina? - Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da pesquisa ou dos pesquisadores? - Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a disponibilidade atual é satisfatória? - Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela Estação Experimental de Londrina?
- Conteúdo das entrevistas - Documentos internos que apresentam informações sobre a atuação da Estação Experimental
Analisar a percepção de pesquisadores, técnicos e administradores quanto à qualidade e eficiência dos serviços de apoio à pesquisa?
- Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?
- Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da pesquisa ou dos pesquisadores?
- Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?
- Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como adequada a distribuição?
- Conteúdo das entrevistas
- Documentos internos que apresentam informações sobre a atuação da Estação Experimental
Fonte: Aldo Antonio Rossi, 2011.
38
4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A apresentação e a análise dos dados obtidos no presente estudo consistem
no levantamento de informações coletadas em fontes documentais e nas entrevistas
realizadas com pesquisadores, técnicos e administradores envolvidos nas atividades
de pesquisa desenvolvidas na Estação Experimental do IAPAR de Londrina. Este
item apresenta um histórico da instituição – o Instituto Agronômico do Paraná,
informações sobre a operacionalização da pesquisa, um histórico da criação da
Estação Experimental de Londrina, e a caracterização do objeto de estudo.
4.1 – Histórico da Instituição
O IAPAR foi criado em 29 de junho de 1972 e é uma entidade de
administração indireta (Autarquia Estadual), vinculada à Secretaria de Estado da
Agricultura e do Abastecimento do Paraná. Tem sua sede em Londrina e como
órgão de coordenação e execução da pesquisa agropecuária executada pelo
Governo do Estado, é responsável pela geração e adaptação de novas tecnologias,
visando uma melhoria no processo de produção agropecuária do Paraná (IAPAR,
2009).
Como órgão de pesquisa agropecuária, a missão do IAPAR é “gerar
tecnologia agropecuária adaptada às condições dos agricultores e às exigências dos
consumidores e das agroindústrias, de forma a promover o desenvolvimento sócio-
econômico e o bem estar da população paranaense, servindo como referência
técnico-científica em nível nacional e internacional”. Complementando sua atividade
de pesquisa, o IAPAR promove a difusão da tecnologia gerada, tanto diretamente,
através de dias de campo, treinamentos, publicações, palestras etc, como
indiretamente, através dos órgãos de assistência técnica e extensão rural, oficiais ou
não (IAPAR, 2009).
A estrutura organizacional do IAPAR, caracterizada como matricial,
compreende um nível de direção, um de assessoramento e um de execução (Figura
1 – Organograma do IAPAR).
39
O nível de direção é constituído por um Conselho de Administração, órgão
superior de formulação da política de ação da instituição, de acompanhamento de
sua execução e de avaliação do desempenho no cumprimento das finalidades e
objetivos institucionais, e por uma Presidência, com um Diretor-Presidente,
autoridade máxima da instituição, responsável pela execução das atribuições
definidas no Regulamento, e das diretrizes e determinações do Conselho de
Administração (IAPAR, 2009).
O nível de assessoramento é composto pelo Grupo de Planejamento
Institucional, incumbido de prover a Presidência dos meios de assessoramento,
apoiando-a na atividade de coordenação geral do IAPAR e de alimentar a instituição
de instrumentos direcionais, através do assessoramento institucional e do
desenvolvimento dos sistemas de planejamento, orçamento, acompanhamento
financeiro e custos operacionais, modernização administrativa, desempenho
organizacional, comunicação institucional e relacionamento internacional e
interinstitucional; pela Assessoria Jurídica, unidade de assessoramento ao Diretor-
Presidente e à instituição, em sua especialidade, e pelo Comitê Técnico-Científico,
constituído por pesquisadores, órgão superior de orientação, visando o desempenho
técnico-científico do IAPAR (IAPAR, 2009).
O nível de execução é constituído pelas Diretorias Técnico-Científica, de
Administração e Finanças e de Recursos Humanos.
No âmbito da Diretoria Técnico-Científica se implementa a execução da
atividade-fim do IAPAR, relativa a projetos de pesquisa e apoio técnico. A estrutura
é matricial, constituída de uma estrutura permanente de Áreas Técnicas de
Especialidade (Fitotecnia, Melhoramento e Genética Vegetal, Propagação Vegetal,
Solos, Engenharia Agrícola, Sócioeconomia, Nutrição Animal, Sanidade Animal,
Proteção de Plantas, Ecofisiologia, Melhoramento e Reprodução Animal e
Zootecnia) e de Apoio Técnico (Documentação, Biometria, Produção e
Experimentação e Difusão de Tecnologia), e de uma estrutura não permanente de
Programas e Projetos. Operando matricialmente, em projetos com equipes
multidisciplinares, os atuais 14 Programas de Pesquisa (Sistemas de Produção,
Manejo do Solo e Água, Recursos Florestais, Produção Animal, Cereais de Inverno,
Feijão, Milho, Algodão, Café, Fruticultura, Propagação Vegetal, Culturas Diversas,
Agroenergia e Agroecologia são unidades responsáveis pelas ações de pesquisa e
desenvolvimento em termos de seu planejamento, organização, execução e
40
avaliação, envolvendo atualmente 252 projetos de pesquisa e 600 experimentos.
Complementa a atuação técnico-científica do IAPAR, uma estrutura composta por 17
estações experimentais distribuídas pelo Estado, desenvolvendo atividades
atendendo demandas regionais, consolidando, assim, sua atuação regional para
melhor apoiar o desenvolvimento agropecuário e de ciência e tecnologia
paranaense. Conta também com uma estrutura de estações agrometeorológicas
distribuídas pelo Estado, bem como de laboratórios e de unidades de
beneficiamento de sementes (IAPAR, 2009).
A Diretoria de Recursos Humanos é encarregada da execução da política de
pessoal da instituição, por meio das atividades de recrutamento e seleção de
pessoal, administração de cargos e salários, avaliação de desempenho, treinamento
e desenvolvimento de recursos humanos, administração de pessoal, serviço social e
benefícios, segurança, medicina e higiene do trabalho (IAPAR, 2009).
A Diretoria de Administração e Finanças tem por objetivo prover o IAPAR
dos meios administrativos e financeiros, através da operacionalização das atividades
de contabilidade, finanças, suprimento material, controle patrimonial, tecnologia da
informação, reproduções gráficas, projetos de obras, manutenção, transporte,
segurança e serviços gerais (IAPAR, 2009).
4.2. A Operacionalização da Pesquisa no IAPAR
A pesquisa agrícola no IAPAR está alocada na Diretoria Técnico-Científica,
que atua em uma estrutura matricial, que é a combinação da estrutura funcional com
a estrutura por projeto. O IAPAR possui uma Estrutura Matricial com o nível
hierárquico do gerente de projetos inferior ao do gerente funcional. Neste caso o
gerente de projeto está alocado na área técnica de especialidade que apresenta
maior afinidade com a natureza do projeto do qual participa (Cargano e Sendin,
2001).
A Diretoria Técnico-Científica conta com um setor permanente – as Áreas
Técnicas de Especialidade e as Áreas de Apoio Técnico, que são responsáveis pelo
gerenciamento dos recursos humanos e dos meios necessários ao desempenho
técnico-científico da atividade-fim – a pesquisa agrícola. De outro lado conta com um
41
setor não permanente – os Programas de Pesquisa e os respectivos Projetos -, que
são responsáveis pelo gerenciamento e pela execução da pesquisa (Muzilli, 1988,
apud Cargano e Sendin, 2001).
Na estrutura do IAPAR as Áreas de Especialidade são as unidades
responsáveis pela aquisição, manutenção e fornecimento do acervo de
conhecimento e manutenção da capacidade de uso e desenvolvimento de novos
conhecimentos científicos e definem, em suas respectivas disciplinas, a metodologia
de pesquisa científica necessária ao atendimento das demandas de pesquisa,
encaminhadas via Programas (Cargano e Sendin, 2001).
Os Programas de Pesquisa se constituem em uma estrutura de
gerenciamento e execução da pesquisa, de forma a cumprir as diretrizes e
prioridades institucionais. Por serem ligados diretamente à atividade de pesquisa e
responsáveis pelo cumprimento de metas e ações programadas, os Programas são
constituídos por equipes muldidisciplinares, voltadas à atuação segundo objetivos
específicos em um determinado espaço de tempo e quantidade de recursos. São,
portanto, organizados seguindo princípios de uma Estrutura por Projetos (Muzilli,
1988, apud Cargano e Sendin, 2001).
Considerando que as ações de pesquisa ocorrem a partir de demandas do
meio produtivo, a atuação das equipes de pesquisa é interdisciplinar, com os
projetos representando a unidade de identificação e avaliação dos problemas
abordados pelos Programas (Cargano e Sendin, 2001).
O Programa de Pesquisa é um instrumento de ação coordenada das
atividades de pesquisa, definindo estratégias de pesquisa por produtos, por recursos
ou outras áreas de conhecimento, priorizando Projetos e definindo a equipe e sua
ação. Já o Projeto se constitui em um instrumento básico de ação sistêmica
definindo objetivos, metodologia, equipe, recursos necessários e cronograma de
execução (IAPAR, 1980).
A ação da equipe de pesquisa no IAPAR é multidisciplinar e essa equipe
nasce de uma necessidade estabelecida pelo Programa ou pelo Projeto, e não de
um simples agrupamento de elementos de diferentes áreas disciplinares. A
problemática levantada pelo Programa e analisada pelas equipes disciplinares é que
decide sobre a participação do pesquisador no Programa e no Projeto (IAPAR,
1978).
42
O papel do pesquisador é de grande importância na condução das
atividades de pesquisa. O pesquisador é alocado em uma área de especialidade e
sua atuação é pautada na busca de conhecimento e especialização no tema. Em
sua área de especialidade são discutidos os problemas comuns relativos ao
desenvolvimento científico da área, como novos métodos de pesquisa, novos
equipamentos, novas teorias ou processos. A área de especialidade é coordenada
por um pesquisador com elevado padrão técnico (IAPAR, 1978).
O pesquisador tem sua atuação técnica dentro dos Programas, através dos
projetos de pesquisa. Seu papel dentro do projeto deve estar bem definido, bem
como o papel de toda a equipe participante. Na execução da pesquisa no âmbito do
projeto o pesquisador está subordinado ao Líder do Programa ou também ao
Gerente do Projeto do qual participa (IAPAR, 1978).
O projeto é um instrumento básico para a organização das atividades dos
setores de apoio, apresentando as demandas de serviços, materiais, recursos, áreas
experimentais, análises laboratoriais etc.
Em resumo, ao pesquisador cabe planejar, elaborar, programar e atuar em
projetos de pesquisa, orientando o pessoal de apoio na execução das tarefas e
utilizando eficientemente os recursos do projeto. Deverá elaborar relatórios, definir
tecnologias aplicáveis, ministrar seminários, participar de reuniões, e buscar um alto
padrão ético no aspecto comportamental e na divulgação técnico-científica dos
resultados de pesquisa (IAPAR, 1978).
As Áreas de Apoio Técnico são unidades organizacionais responsáveis pelo
apoio ás Áreas Técnicas de Especialidade, aos Programas de Pesquisa e aos
Projetos, na análise e estudos de dados e procedimentos estatísticos e biométricos,
informação técnico-científica, difusão e transferência de inovações tecnológicas e
manutenção de estruturas de campo destinadas tanto à pesquisa quanto à produção
(Cargano e Sendin, 2001).
Nesta estrutura está presente a Área de Produção e Experimentação, à qual
está ligada a Estação Experimental de Londrina.
43
4.3 – A Estação Experimental de Londrina
Com a criação do IAPAR em 1972 e a aquisição da área já efetivada, em
1973, considerando-se a urgência em se iniciar a execução da atividade-fim do
Instituto, em atendimento às demandas das diversas regiões do Estado, decorrentes
“de problemas fitossanitários, das diversas culturas, da diminuição da fertilidade
natural do solo e consequente decréscimo da produtividade, do programa
governamental de estímulo à exportação de produtos agrícolas e agro-industriais”,
deu-se início aos trabalhos de pesquisa, em particular aqueles que não
necessitassem da existência de laboratórios e equipamentos especializados, ainda
não existentes, avançando-se então algumas etapas de implantação e consolidação
do IAPAR (Cargano, 2007, p. 18).
Na oportunidade, a implantação do centro experimental em Londrina contou
com um plano elaborado pela empresa responsável pela construção da sede do
Instituto, prevendo a utilização racional de uma área de 250 ha, incluindo um estudo
pedológico, com levantamento detalhado do solo, indicando uso, manejo e
conservação. Nesta fase o trabalho principal foi a limpeza e uniformização da área
experimental, com operações de destoca, aração, gradagem e remoção de restos
vegetais. “No preparo da área experimental foi introduzido o plantio de soja da
variedade Viçoja, para verificação do nível de fertilidade e mancha do terreno”
(Cargano, 2007, p. 20).
Em 1974, no campo experimental já estavam instalados um galpão de
máquinas, almoxarifado agrícola e armazém de adubos e defensivos, atendendo à
primeira etapa de necessidades para os trabalhos de pesquisa em andamento.
Foram construídas também cinco câmaras frias para guarda de material genético, e
três casas de vegetação. Na área do campo experimental foram efetivados o
sistema viário, a locação e o dimensionamento dos talhões para experimentação, o
sistema de conservação de solos, aspecto de paisagens nas áreas próximas e
espaços internos do edifício-sede, a sistematização do terreno pela aração e
gradagem, calagem e adubação corretivos. Em 1974 já se ocupava 106,26 ha do
campo com experimentos e produção comercial (Cargano, 2007, p. 21-22).
44
Nessa época as Estações do IAPAR eram denominadas de Centro de
Produção e Experimentação. Apenas em 1985 estas unidades passaram a
denominar-se Estação Experimental.
Desde então a Estação Experimental de Londrina tem atuado no apoio à
pesquisa, disponibilizando áreas de terras, pessoal de campo, equipamentos e
implementos agrícolas, participando dos resultados de pesquisas adaptadas à
região Norte do Paraná (Figura 2 – Imagem aérea da Estação Experimental).
4.4 – Objeto de Estudo
O objeto de estudo do presente trabalho foi a Estação Experimental do
Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, localizada em Londrina (Figura 3 – Mapa
de Bases Físicas). O IAPAR é o órgão de coordenação e execução da pesquisa
agropecuária executada pelo Governo do Estado, que tem como responsabilidade
gerar e adaptar novas tecnologias, visando a uma melhoria no processo de
produção agropecuária do Paraná.
A Estação Experimental está localizada junto à Sede do Instituto e é um
campo experimental onde estão implantados diversos experimentos agrícolas, que
são orientados, supervisionados e avaliados pela equipe de pesquisadores
integrantes dos Programas de Pesquisa e seus resultados são posteriormente
disponibilizados aos produtores agrícolas, através de eventos técnicos, publicações
ou atividades desenvolvidas em conjunto com a extensão rural. A Estação possui
uma área de 245,84 ha e conta com atividades de plantio de experimentos, casas de
vegetação, estufas, telados, galpões de armazenagem, secador de grãos, viveiros
de café, estoque de insumos, áreas para apoio a fruticultura, unidade de
beneficiamento de sementes, estação agrometeorológica, parque de máquinas e
implementos agrícolas, oficina agrícola e escritório administrativo, entre outras.
A área de campo conta com conservação de solos e irrigação e é adequada
a todo tipo de cultura perene ou anual adaptada à região e clima de Londrina.
A principal responsabilidade da Estação é a disponibilização de apoio à
pesquisa agrícola no âmbito operacional, viabilizando desde a implantação de
ensaios até os resultados finais dos experimentos desenvolvidos por Projetos de
45
Pesquisa conduzidos pelos diversos Programas de Pesquisa, gerenciados por
pesquisadores integrantes das equipes de pesquisa.
A Estação é uma unidade que busca dar atendimento às demandas
apresentadas pela equipe de pesquisadores e técnicos agrícolas integrantes dos
Programas e tem responsabilidades, além de técnicas, que são orientadas pelas
equipes técnicas, para apoio logístico às atividades de pesquisa.
A Estação Experimental de Londrina realiza pesquisas com melhoramento
em algodão, arroz, café, milho, sorgo e trigo; pesquisa com plantas medicinais;
pesquisa com meio ambiente; pesquisa florestal (seringueira); produção de
sementes de aveia, arroz, algodão, triticale, milho, adubo verde, trigo, feijão, guandú
e café; e coleções de bambu (IAPAR, 2009).
As atividades desenvolvidas são complexas e sua execução exige
habilidades especificas e pessoal de campo especializado e treinado em todo o
detalhamento técnico e peculiaridades relativas às atividades de pesquisa agrícola,
como capina, colheita, tratos culturais, coleta de amostras e outras de caráter muito
específico.
A Estação possui atualmente 80 funcionários entre administrativos, técnicos,
operacionais e auxiliares e conta ainda com 103 auxiliares contratados
temporariamente.
A Estação Experimental está vinculada à Área de Produção e
Experimentação, que é responsável por organizar e manter estrutura de campo,
equipamentos, materiais e pessoal para atender a pesquisa e produção. Esta Área
está vinculada hoje à Diretoria Técnico-Científica, que é responsável pelo
gerenciamento da atividade-fim do Instituto, a pesquisa agropecuária (IAPAR, 1980).
Formalmente as atribuições da Estação Experimental estão definidas pela
Resolução nº 096/80 de 17 de junho de 1980 (IAPAR, 1980):
I. Planejar, coordenar e executar os trabalhos de rotina de campo e de apoio à pesquisa (inclusive UBS) para atendimento aos Projetos na área de atuação da EST, em estreita articulação com os Programas de pesquisa / produção; II. Realizar os serviços de transporte, oficina mecânica, carpintaria, postos de serviços, armazenamento de insumos e produtos, e conservação de edificações, parques e jardins; III. Realizar a comercialização de produtos agropecuários, de conformidade com as normas em vigência;
46
IV. Servir de padrão de uso e manejo de solo para a região que representa; V. Servir de campo de demonstração aos produtores da região que representa mantendo permanentes contatos com os técnicos , cooperativas, produtores da região, através de visitas e dias de campo; VI. Fornecer sementes, mudas e reprodutores para interessados na região, como meio de transferência de tecnologia regional; VII. Cadastrar informações sobre produtividade, custo de produção, aspectos de áreas gerais de administração de ESTs, em estreita cooperação com a Área de Sócio-Economia; VIII. Manter o registro sistemático de todos os trabalhos realizados, subsidiando a Área de Custos da GPI com informações precisas.
4.5 – Discussão e Análise dos Dados
Este item apresenta a discussão e análise dos dados, relatando informações
obtidas em documentos e a análise do conteúdo das entrevistas realizadas, já que
não existem estudos anteriores sobre a estrutura de apoio operacional da Estação
Experimental de Londrina.
O que se pretende aqui é avaliar a evolução da estrutura de apoio
operacional da Estação Experimental às atividades de pesquisa, procurando
entender sua estrutura e seu papel, analisar sua contribuição à condução das
atividades de pesquisa e a percepção de pesquisadores, técnicos usuários e
administradores quanto à qualidade e eficiência dos serviços de apoio à pesquisa.
4.5.1 – A Pesquisa Agronômica e a Estação Experimental
A pesquisa agronômica, mais do que qualquer outro campo, está fortemente
relacionada ao local em que é realizada. Esse campo pode ser olhado como uma
ciência de eco-regiões, pois as pesquisas estão ligadas às características locais de
solo e clima, que não são iguais nos diferentes lugares geográficos. Os sistemas
agrícolas de produção devem levar em conta características como clima, solo e
variedades de plantas e animais de produção que precisam ser estudados a nível
local.
47
Assim, para a pesquisa agrícola, o campo experimental é imprescindível,
pois é neste ambiente que se testará os materiais a serem disponibilizados ao
produtor rural, materiais estes testados no solo e clima, sujeito às alterações, de
forma semelhante ao que o agricultor terá à sua disponibilidade.
A Estação Experimental do IAPAR em Londrina é a área onde os
pesquisadores e técnicos da Instituição implantam suas pesquisas para testes
regionais, ou seja, produtos adaptados ao solo e clima da região de Londrina, que
são depois disponibilizados aos agricultores locais.
4.5.2 – A Estrutura Organizacional e o Papel da Estação Experimental
Analisa-se aqui o primeiro objetivo do presente estudo, o de descrever a
evolução da estrutura organizacional e o papel da Estação Experimental de
Londrina.
Formalmente esta unidade apresenta a mesma estrutura, a mesma definição
de atribuições e a mesma área disponível para pesquisa desde sua implantação (ver
imagem no Anexo 2). Os documentos descrevem, até hoje, as mesmas atribuições,
que foram formalmente definidas e aprovadas apenas em 1980, através da
Resolução nº 096/1980 de 17 de junho de 1980 (IAPAR, 1980), embora
anteriormente, conforme consta do Modelo Institucional de Pesquisa Agropecuária
para o Estado do Paraná, estas unidades estavam definidas como “unidades
destinadas à produção de sementes básicas e mudas, e a experimentação regional,
não sediando, no entanto, pesquisadores” (IAPAR, 1975, p. 7).
Entretanto, quanto a outros itens da estrutura, diversas situações foram
relatadas pelos entrevistados.
O Entrevistado 1, que ocupa a função pesquisador, cita em sua entrevista
que no início a Estação contava com mais funcionários efetivos, em número
suficiente para as tarefas ou além, com pessoal em início de carreira e motivado
para o desempenho das atividades. Relata também que os equipamentos e
laboratórios eram novos e disponíveis; que a estrutura de comando era matricial,
centralizada no Administrador, que distribuía as tarefas aos setores internos e que o
“pesquisador não precisava correr atrás das coisas operacionais, como hoje”. Para o
48
entrevistado os recursos eram limitados, mas distribuídos pela gerência da Estação
e coordenados pela Área de Produção e Experimentação, e não faltavam
pesquisadores e nem técnicos de campo, pois era fácil contratar pessoal
especializado e então não faltava mão de obra de apoio (Entrevistado 1, 2011).
Entretanto, o Entrevistado 1 avalia que hoje a Estação de Londrina “é a
melhor estação ainda onde a gente encontra condições de dar seqüência para a
nossa pesquisa”, “que a gente tem assim muito apoio...” (Entrevistado 1, 2011).
Compreende-se as colocações do Entrevistado 1, pois de fato a Instituição
ficou mais de 15 anos sem contratar pessoal, o que sem dúvida prejudicou as
atividades de forma geral, inclusive com a diminuição do apoio operacional direto ao
pesquisador. Esta questão é essencialmente política junto ao Governo do Estado, e
apenas a partir de 2008 a Instituição, após a aprovação do governo, retomou a
contratação de pessoal, mas ainda em número insuficiente para atender a todas as
funções e é certo que o campo experimental carece de mão de obra especializada,
preparada para atender demandas da pesquisa. Entretanto, a direção do Instituto
tem atuado na busca da reposição do quadro, já que com a implantação de um novo
Plano de Carreiras em 2006, a questão salarial ficou razoavelmente equacionada.
O Entrevistado 2, ocupante da função de técnico agrícola partilha da mesma
opinião quanto à disponibilidade de pessoal, que era maior, que as funções eram
mais definidas, mas considera que no início faltava planejamento para as atividades
técnicas, e que isso, no seu entendimento, foi resolvido com o tempo.
Compreende-se as razões do Entrevistado, pois atua no IAPAR desde o final
da década de 70, período em que as etapas de planejamento e organização ainda
estavam sendo finalizadas, mas como confirmado em sua própria fala, “se
adequaram os trabalhos do centro experimental com os programas...” (Entrevistado
2, 2011).
O Entrevistado 3, também pesquisador, considera que no início havia uma
distribuição de tarefas bem definidas entre os técnicos da Estação Experimental e
que a estrutura funcionava muito bem; que o atendimento era mais rápido também
pela maior disponibilidade de pessoal, o que permitia ao pesquisador maior
dedicação ao tempo de escrever seus trabalhos, já que os técnicos agrícolas e
técnicos da Estação Experimental tocavam os experimentos, em uma “equipe bem
sincronizada”. Para ele a Estação, no início da implantação, tinha pessoal
especializado e treinamento para as atividades (Entrevistado 3, 2011).
49
Entende-se que as observações do Entrevistado 3 são corretas quanto à
disponibilidade de pessoal e atendimento mais rápido, liberando o pesquisador de
tarefas que podiam ser eventualmente delegadas ao técnico agrícola. Com a
diminuição do quadro de pessoal ao longo dos anos, o pesquisador acabou de uma
forma ou de outra sendo penalizado e tendo que assumir diretamente algumas
funções.
O Entrevistado 4, que ocupou a função de administrador da estação, relata
em sua entrevista que foi sucessor de uma estrutura muito paternalista por parte dos
administradores anteriores e que no início existiam muitos “feudos”, onde “os
pesquisadores eram donos das áreas”. Para o entrevistado a dificuldade de
administração foi maior por esse motivo e assim não sobrava espaço para que o
administrador cumprisse efetivamente o seu papel. Mas considera, entretanto, que a
estrutura era muito boa em termos de apoio à pesquisa, que tinha mão de obra,
embora a questão com os equipamentos fosse muito séria e afirma que no seu
ponto de vista o problema maior era técnico-administrativo (Entrevistado 4, 2011).
Para o Entrevistado 4 os vínculos de amizade entre pessoal de apoio e
pesquisadores dificultavam, na época, a administração da Estação e o acesso para
gerenciar a mão de obra disponível. Segundo o entrevistado, a alternativa
encontrada foi alocar todo o pessoal de apoio na Estação Experimental e não nos
programas de pesquisa, o que foi muito difícil, exigindo, de sua parte, uma postura
muita agressiva e a busca de respaldo superior à sua autoridade, mas considera que
ao final tudo ficou mais adequado.
A opinião do Entrevistado 4 diz respeito à sua função de Administrador e as
dificuldades encontradas por ele no gerenciamento da Estação. Neste ponto sua
opinião deve ser respeitada e entende-se as dificuldades quanto a administração da
área de pesquisa e comportamento de alguns pesquisadores que atuavam como
“donos das áreas”, pois estas questões vez por outra ainda aparecem, demandando
ações da Administração da Estação.
Para o Entrevistado 5, ocupante da função de técnico agrícola e também de
administrador da Estação, no início a estrutura era bem diferente da atual, com
menos estrutura, com trabalhos mais manuais, mas que se tinha mão de obra
disponível e facilidades para contratar.
Compreende-se as colocações do Entrevistado 5, tendo em vista o acima
colocado sobre as dificuldades de reposição de pessoal nos últimos anos e de fato,
50
sob o ponto de vista de máquinas e equipamentos, pois sem dúvida estes
substituíram hoje alguns trabalhos manuais.
Com relação ao papel regional das Estações Experimentais, em agosto de
1990 foi apresentada, pelo administrador da Estação Experimental de Londrina da
época (Monice Filho, 1990), uma proposta de reflexão, na qual são levantados os
problemas considerados, por ele, como centrais, na discussão acerca da situação
das Estações. Esses problemas, no seu estudo, corroboram com a fala do
Entrevistado 4, pois diziam respeito ao papel eminentemente gerencial (e não
estratégico) dos administradores, o seu isolamento e a falta de integração com as
áreas técnicas.
Quanto às mudanças ocorridas no decorrer do tempo, os entrevistados são
unânimes na opinião sobre a questão da falta de pessoal; à obsolescência dos
equipamentos; à contratação de pessoal temporário, sem experiência e não
compromissado com a Instituição, no que se concorda. Esta questão somente será
equacionada com a contratação e o treinamento de pessoal.
O Entrevistado 1 relata em sua entrevista que embora tenha acontecido nos
últimos anos uma entrada significativa de recursos e também a compra de novos
equipamentos, a Instituição não conta com “operários para operarem estes
equipamentos”, considera que faltam “pessoas qualificadas para dar continuidade na
pesquisa” e que “estes conhecimentos levam anos para serem aprendidos”
(Entrevistado 1, 2011). De forma semelhante, o Entrevistado 4 tem a opinião de que
se compraram equipamentos e renovaram a estrutura para pesquisa, mas que não
existe mão de obra qualificada para estes novos equipamentos e mesmo em número
para sua utilização, o que também é citado pelo Entrevistado 5.
Os Entrevistados retomam aqui a questão da falta de pessoal,
especialmente os qualificados para operar equipamentos novos e mesmo
qualificados para algumas atividades específicas de pesquisa, que carecem de
maior preparo técnico, já que com a redução do quadro e o atendimento das funções
com mão de obra temporária, a especialização deixou em grande parte de ser
atendida, pois existe, inclusive, dificuldade em se encontrar disponibilidade de mão
de obra com conhecimento de algumas tarefas da pesquisa para as quais se requer
um conhecimento técnico mais treinado.
Ainda com referência à falta de pessoal, o Entrevistado 3 afirmou em sua
fala que se perde muito tempo contratando pessoal temporário, que é uma atividade
51
desgastante treinar pessoal que ficará pouco tempo no Instituto. O Entrevistado 1
considera que a falta de pessoal é um problema preocupante, especialmente quanto
ao insuficiente número de pessoal de apoio à pesquisa, o que prejudica a condução
dos projetos por parte do pesquisador, além de prejudicar em certas etapas da
pesquisa, muitas vezes em atividades de crucial importância para os resultados.
Concorda-se com as observações apresentadas, pois existe de fato um
desgaste em se treinar pessoal temporário, que quando estão em condições de
executar as tarefas com qualidade e competência, estão sendo afastados, pois a
legislação utilizada para esse tipo de contratação prevê contratos de até 2 anos, não
sendo possível a renovação.
Já o Entrevistado 2 manifestou opinião de que a condução dos ensaios
anteriormente era mais custoso, necessitando de muito pessoal de campo e que
hoje tudo é mais mecanizado, levando os pesquisadores a se adequarem, a adaptar
seus métodos de pesquisa para uma forma mais enxuta, levando ao ganho de
tempo e agilidade nos trabalhos.
De fato, a mecanização avançou em algumas tarefas de campo, de forma
que algumas atividades de campo tiveram ganho no tempo de execução.
4.5.3 – A contribuição da Estação na condução das atividades de pesquisa
Neste tópico busca-se avaliar, do ponto de vista dos entrevistados, a
contribuição da Estação Experimental às atividades de pesquisa, contribuição essa
imprescindível à obtenção dos resultados para disponibilização ao produtor rural.
O Entrevistado 1 manifesta em sua entrevista opinião de que a Estação de
Londrina “é fundamental para o desenvolvimento das pesquisas”). Para o
Entrevistado, “sem o apoio desta estação experimental, nós não teríamos condições
de efetuar duas gerações de feijão por ano...”, “isto devido à estrutura...”
(Entrevistado 1, 2011).
Com relação às observações apresentadas, é importante assinalar que a
Estação de Londrina possui uma das melhores infraestrutura entre as demais
distribuídas pelo Estado para a execução das atividades de pesquisa e a Estação
52
tem buscado apoiar o pesquisador em suas atividades, apesar das dificuldades
encontradas com pessoal e equipamentos.
Na opinião do Entrevistado 2 a Estação “é bem rápida no atendimento dos
pedidos” e considera que nos dois últimos anos “as atividades foram dinamizadas”.
Para o entrevistado a mão de obra hoje é distribuída conforme a importância do
projeto, e no seu entendimento isso tem melhorado muito (Entrevistado 2, 2011).
Observa-se aqui uma visão muito positiva por parte do Entrevistado e é
possível se afirmar que as avaliações podem ser diferentes entre técnicos e
pesquisadores quanto ao serviço prestado pela Estação.
Na avaliação do Entrevistado 3 a Estação faz um enorme esforço para
atender a demanda, mas o atendimento ainda deixa muito a desejar. O Entrevistado
entende a questão de falta de pessoal, mas observa que o atendimento acaba
ficando comprometido por este motivo. No seu entendimento faltam pessoas e
equipamentos na hora em que o pesquisador necessita, mas entende que isso
extrapola as atribuições gerenciais da Estação.
As análises do Entrevistado quanto à falta de pessoal é pertinente, mas o
problema é geral na Instituição e extrapola as possibilidades gerenciais da Estação e
no decorrer dos anos a infraestrutura de atendimento apresentou altos e baixos, com
momentos com mais pessoas e equipamentos e em outros não.
Para o Entrevistado 4, a Estação atende de forma adequada às demandas
da pesquisa e dos pesquisadores.
O Entrevistado 5 considera que a falta de pessoal prejudica a condução das
atividades e que se perde muito em resultados e eficiência com a contratação de
mão de obra temporária, especialmente em tarefas especializadas. Mas avalia,
entretanto, que a Estação atende de forma adequada as demandas da pesquisa e
aos pesquisadores.
A questão de mão de obra para tarefas especializadas é de fato um grande
problema, como já citado anteriormente e o Entrevistado 5, que ocupou a função de
técnico agrícola e também de administrador da Estação conhece de fato os
problemas causados com a perda de eficiência no caso de tarefas especializadas. O
problema, como já observado, somente será resolvido com a contratação e o
treinamento de pessoal.
53
4.5.4 – A infraestrutura física e de equipamentos e implementos agrícolas
Aqui se analisa a infraestrutura física e de equipamentos e implementos
agrícolas disponibilizados pela Estação Experimental.
Com relação à estrutura física, para o Entrevistado 1 ela é adequada,
embora apresente deficiência de instalações, e que para algumas atividades faltam
barracões, salas de apoio e câmaras frias. Quanto a equipamentos, o entrevistado
considera que a estrutura hoje está adequada, mas que precisa se tomar cuidado
para não equipar a produção, que é importante lembrar que “o foco principal da
Estação é a pesquisa”. No seu entendimento é necessário adquirir equipamentos
para atender a demanda da pesquisa “em primeiro lugar” e não da produção.
As opiniões emitidas pelo Entrevistado são pertinentes. Entretanto, a partir
de 2006 o IAPAR iniciou a recuperação das estruturas físicas da sede em Londrina
com a construção de casas de vegetação e estruturas agrícolas de apoio, bem como
a reforma de barracões e laboratórios, casas de vegetação e telados e outras
estruturas. Quanto a equipamentos, em 2009 o Instituto realizou investimentos de
aproximadamente R$ 5,3 milhões na aquisição de colheitadeiras, colhedeiras de
parcelas e implementos agrícolas, sendo que em 2008 efetuou a renovação de 11%
de sua frota de tratores e com previsão de renovação de 80% a partir de 2010, o que
se encontra em execução (IAPAR, 2010).
Para o Entrevistado 3 é necessário mais agilidade ou então planejamento
em conjunto, a condução de um cronograma com os pesquisadores e que em
havendo o planejamento, até já previsto no projeto de pesquisa, a Estação
Experimental e a Área de Produção e Experimentação terão que gerenciar isso.
Quanto à disponibilidade de equipamentos e implementos agrícolas, o
Entrevistado 1 alerta ao fato de que, na sua opinião, “as compras são focadas para a
produção e são efetuadas sem o aval dos pesquisadores”. No seu entendimento o
número de equipamentos e implementos está adequado, exceto para as atividades
de irrigação. Para o entrevistado,
a pesquisa agronômica se faz no campo, não se faz no laboratório. Não adianta termos equipamentos super sofisticados dentro de um
54
laboratório, por que nós temos que testar tecnologia no campo e no mesmo sistema que o agricultor vai utilizar. Agora, se nós não temos condições ideais pra fazer estas espécies em campo... Na minha concepção é fundamental que se dê toda estrutura necessária pra que as pesquisas de campo possam ser executadas com eficiência (ENTREVISTADO 1, 2011)
O entrevistado observa que os equipamentos agrícolas devem ser
adquiridos “de acordo com a necessidade da pesquisa”. Para ele o foco da
instituição “é desenvolvimento, o avanço do conhecimento e o desenvolvimento de
tecnologia... produção de tecnologia” (Entrevistado 1, 2011).
A questão levantada pelo Entrevistado quanto ao foco em pesquisa deve,
sem dúvida, ser olhada com atenção pela Instituição. Entretanto, no que diz respeito
de equipamentos, a aquisição realizada a partir de 2006 buscou recuperar o
conjunto de máquinas, equipamentos e implementos, com destaque para os
utilizados nos trabalhos de pesquisa em campo, que apresentavam crescente
deterioração física devido à idade e obsolescência tecnológica, com impactos na
eficiência e na qualidade dos resultados de pesquisa. Tomando-se, por exemplo, o
conjunto de colhedeiras, verifica-se que estas contavam com mais de 15 anos de
uso, já sucateadas e com muito tempo em operação no campo. De forma
semelhante o parque de tratores apresentava situação preocupante, com mais de 15
anos de uso, apresentando significativo impacto econômico negativo em decorrência
da redução de sua capacidade produtiva. A aquisição dos novos equipamentos tem
equacionado essa situação, atendendo, atualmente, mais satisfatoriamente os
trabalhos de pesquisa.
Já para o Entrevistado 2 faltam alguns equipamentos de menor porte, pois
os grandes não cabem ou prejudicam as parcelas. Para ele necessita-se que sejam
menores e adaptados à pesquisa agrícola. O Entrevistado 5 corrobora essa opinião,
considerando que “faltam agora máquinas pequenas, e implementos adaptados à
pesquisa” (Entrevistado 5, 2011).
A opinião dos Entrevistados é, sem dúvida, importante e poderá ser
analisada pelas instâncias pertinentes na oportunidade de novas aquisições.
Para o Entrevistado 3 os equipamentos ou são insuficientes ou o
planejamento de seu uso está inadequado, pois muitas vezes não estão disponíveis
quando necessário ao pesquisador, muitas vezes em outra Estação Experimental
55
aguardando uso e não pode ser disponibilizado. Também no seu entendimento “tem
máquina que tem dono” (Entrevistado 3, 2011).
As observações do Entrevistado devem ser analisadas com cuidado,
buscando a solução através do gerenciamento entre a Estação Experimental,
Programas de Pesquisa e Gerentes de Projeto.
Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, o Entrevistado 1 manifesta
em sua entrevista opinião de que esta não é adequada, que no IAPAR existe
“política de território”, que pessoas se julgam “donas das áreas” e que isso prejudica
a questão de rotação de culturas, que é necessário na pesquisa, já que o Instituto
orienta ao produtor o uso desta tecnologia. Outra questão, para o Entrevistado, é a
pesquisa com determinados produtos. Considera que é necessário um planejamento
junto aos Programas de Pesquisa e conhecimento do Administrador da Estação
sobre cada experimento a ser implantado, o que cada experimento envolve na sua
condução. O Entrevistado cita também como muito importante um registro do uso
das áreas, para que se conheça o histórico de uso na pesquisa, para não
comprometer novos experimentos ou mesmo para esclarecer problemas futuros. O
Entrevistado 3 tem opinião semelhante, sobre a necessidade de um controle de
tratamento, um controle histórico do uso das áreas.
Para o Entrevistado 2, a disponibilidade de área é adequada e não encontra
problemas, mas considera que para uns é suficiente, mas exagerada para outros
pesquisadores e Programas de Pesquisa, sendo necessário uma definição de
critérios para uso.
O Entrevistado 3 relata em sua entrevista que desconhece os critérios de
distribuição, mas, em sua opinião, houve dificuldade de disponibilidade de área para
os novos pesquisadores contratados. No seu entendimento alguns se consideram
“donos” e informa que em sua área também existe esse conflito.
O Entrevistado 5 avalia que a disponibilidade de área não é adequada, que
“está bem abaixo do ideal”. Para ele seria necessário uma área específica para cada
programa, para se poder fazer uma rotação de culturas, como também citado pelo
Entrevistado 1. Olhando para a área de pesquisa em geral, manifesta a preocupação
com a localização hoje do IAPAR, com conjuntos residenciais no seu entorno,
prejudicando algumas atividades de pesquisa que utilizam produtos químicos,
entendendo que seria adequada a aquisição de uma nova área para as atividades
de pesquisa de campo (Entrevistado 5, 2011).
56
Os entrevistados fazem análises bastante pertinentes, que requerem
discussão entre a gerência da Estação, Coordenadores de Áreas de Especialidade e
Líderes de Programa de Pesquisa, pois além de ser uma questão comportamental
de técnicos e pesquisadores, interfere também na questão técnica, na condução das
atividades de pesquisa previstas nos projetos.
4.5.5 – Os problemas existentes segundo os Entrevistados
Pretende-se aqui analisar a colocação, por parte dos entrevistados, de
problemas existentes na Estação Experimental.
O maior problema atual na Estação, segundo os entrevistados, é a falta de
pessoal. O Entrevistado 1 cita como problema “principalmente a administração
dessa mão de obra”. Na sua concepção “a pesquisa é prioridade”, à frente de outras
atividades, e então a mão de obra disponível deve ser direcionada para a pesquisa e
não para outras tarefas como poda de árvores e serviços de jardinagem. Para o
entrevistado o IAPAR dispõe de casas de vegetação sofisticadas, mas existem
falhas na manutenção dessas unidades, especialmente quanto às medidas de
segurança, para não prejudicar a pesquisa ali alocada. Voltando à mão de obra, o
entrevistado considera necessário melhorar o treinamento do pessoal de apoio,
especialmente em atividades que possam causar contaminação.
O Entrevistado observa que é necessário que se tenha pessoal treinado,
especializado para as atividades de pesquisa. Em sua opinião outro problema é a
falta de equipamentos para as atividades de irrigação e, no seu entendimento, estes
equipamentos também devem ser modernizados.
Outros problemas lembrados pelo Entrevistado 1 foram a falta de veículos,
que às vezes compromete as tarefas diárias e a falta de salas de apoio para
tratamento do material de pesquisa. Em sua opinião alguns se “sentem donos da
estrutura”, e assim é necessário planejar um uso coletivo e não aumentar os
espaços já existentes (Entrevistado 1, 2011).
Na opinião do Entrevistado 2 é necessário realizar uma melhor avaliação
dos solos cultiváveis e administrar melhor o uso de mão de obra.
57
O Entrevistado 4 entende que seria necessário mecanismos de motivação
ao pessoal, valorizando a mão de obra de campo.
Fazendo um apanhado das observações apresentadas, entende-se
perfeitamente as questões quanto à falta de pessoal, já tratada anteriormente. Por
outro lado, a pesquisa é a atividade que tem sentido muito na questão do
treinamento para tarefas que requerem um maior conhecimento técnico por parte do
pessoal de campo e o problema somente poderá ser resolvido com a contratação de
mão de obra efetiva, no que tem atuado a direção do Instituto. A contratação de mão
de obra efetiva e o treinamento desta em atividades específicas da pesquisa, com
certeza darão maior segurança na execução de grande parte das atividades, em
especial as que contam com equipamentos mais sofisticados.
O problema citado pelo Entrevistado 1 quanto à falta de veículos tem sido
também equacionado pela direção do Instituto, pois no período 2006-2010 a
Instituição adquiriu mais de 120 veículos, com a renovação de 55% de sua frota
(IAPAR, 2010).
4.5.6 – As necessidades de melhoria no atendimento
Neste item pretende-se avaliar, do ponto de vista dos entrevistados, as
necessidades de melhoria no atendimento por parte da equipe da Estação
Experimental.
O Entrevistado 1 ressalta, em sua entrevista, que a Estação Experimental de
Londrina, em sua opinião “é a melhor estação ainda onde a gente encontra
condições para dar sequência para a nossa pesquisa”, mas reafirma a necessidade
do histórico de uso das áreas de pesquisa. Considera que a eficiência de trabalho no
campo está boa, mas que pode melhorar muito mais.
Quando à questão de histórico de uso das áreas de pesquisa, entende-se
ser uma importante ferramenta para controle de uso das áreas. Estes dados
buscariam informar operações realizadas e uso do solo nos ensaios de pesquisa,
como adubação, calagem, uso de herbicidas, culturas, preparo de solo. Estas
informações são importantes para o planejamento de instalação dos ensaios, pois
apresentam informações de uso anterior da área, tipo de adubação realizada,
58
presença de inóculos de doenças, resíduos de herbicidas, composição química e
física do solo e outras operações, que podem interferir nos resultados de pesquisa.
Hoje a Estação Experimental não possui esse procedimento formalmente,
embora alguns registros estejam disponíveis, mas não de forma organizada. Para
um controle formal seria necessário o registro de pelo menos 5 anos anteriores do
uso do solo, com informações disponibilizadas aos técnicos e pesquisadores para
consulta no planejamento de ensaios futuros.
Na opinião do Entrevistado 2 é necessária a contratação de pessoal
operacional de apoio e para o Entrevistado 3, é necessário manter um planejamento
das atividades, manter equipamentos disponíveis e treinar pessoal em áreas
específicas. O Entrevistado 4 considera imprescindível a valorização da mão de
obra, e a criação de mecanismos de premiação e punição.
Para o Entrevistado 5 é necessário contratar pessoal efetivo e não
temporário e investir em treinamento, bem como é necessário flexibilizar horários,
objetivando a realização de trabalhos específicos na parte da tarde, na manhã, e em
dias sem sol.
Os entrevistados retomam, em suas falas, tanto a questão da contratação de
pessoal, como o treinamento para tarefas específicas e a valorização da mão de
obra, situações que poderão ser equacionadas tão logo a Instituição obtenha a
aprovação do Governo do Estado para a contratação de pessoal e então possa
atuar no sentido de resolver as situações levantadas, que, sem dúvida, propiciaram
melhorias na condução das atividades da pesquisa.
59
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve por objetivo geral analisar a evolução da estrutura de
apoio operacional da Estação Experimental do IAPAR em Londrina.
Com relação ao objetivo específico 1, é descrita a estrutura organizacional e
relatado seu papel como unidade de apoio à execução da pesquisa agrícola
executada pelo IAPAR. O que se observa quanto a estrutura formal, é que esta não
sofreu alterações de importância nos 39 anos de vida Instituto.
Entretanto, a partir da análise do conteúdo das entrevistas, é possível
observar que a Estação encontrou, no decorrer deste período, momentos de
dificuldades e momentos de melhora, especialmente quanto à questão de
disponibilidade de pessoal e de infraestrutura de equipamentos e implementos
agrícolas. Pelas entrevistas é possível afirmar que o problema maior hoje é a falta
de mão de obra e a impossibilidade do comprometimento da mão de obra contratada
de forma temporária, o que dificulta as atividades de pesquisa, pois quando o
operário está treinado, vai embora da instituição e não acontece uma evolução no
quadro de apoio operacional.
Outra preocupação manifestada pelos entrevistados é quanto às
especificidades das atividades de campo do IAPAR, que requerem pessoal treinado
e especializado, sob pena de comprometer os resultados da pesquisa.
Com relação ao objetivo específico 2, que diz respeito à contribuição da
Estação às atividades de pesquisa, observa-se que os entrevistados consideram a
Estação como imprescindível e fundamental ao desenvolvimento das atividades, e
que a unidade realiza um enorme esforço no objetivo de prestar um bom
atendimento aos técnicos e pesquisadores, apesar da falta de mão de obra ou da
dificuldade com a disponibilidade de equipamentos e implementos agrícolas, muito
embora atualmente o número tenha aumentado consideravelmente, mas talvez não
de forma adequada a todas as atividades de campo ou técnicas de pesquisa.
Na análise do objetivo específico 3, que trata da percepção dos
entrevistados quanto à qualidade e eficiência dos serviços prestados pela Estação,
todos os entrevistados colocaram questões que de forma direta ou indireta
prejudicam sua qualidade e eficiência, que vão desde ao gerenciamento da Estação
até a insuficiência de mão de obra e de equipamentos, na definição das áreas para
60
pesquisa e manutenção e disponibilidade das unidades internas, e treinamento da
mão de obra nas tarefas mais especializadas. Outros pontos também considerados
importantes pelos entrevistados dizem respeito à necessidade de histórico de
utilização das áreas em atividades de pesquisa para não prejudicar futuros trabalhos
e a preocupação com o apoio à pesquisa e não à produção, já que a missão do
Instituto é a de realizar pesquisa agropecuária e disponibilizar resultados para o
produtor rural e para o ambiente de ciência e tecnologia.
Uma questão também bastante citada pelos entrevistados se refere aos
técnicos e pesquisadores que se consideram “donos” das áreas de pesquisa, o que
dificulta, além do gerenciamento, por parte do administrador, da área propriamente
dita, a realização de atividades de pesquisa, como a de rotação de culturas, o que
acaba interferindo na qualidade do serviço.
Outro ponto bastante reafirmado diz respeito ao planejamento e cronograma
das atividades de pesquisa para um melhor atendimento aos Programas e aos
pesquisadores, o que viria a facilitar o gerenciamento da Estação e da mão de obra
disponível.
Assim, ao finalizarmos o presente estudo, pode-se afirmar que a atuação da
Estação é considerada adequada de forma geral, com melhores condições de dar
atendimento na seqüência das pesquisas do que as demais instaladas no Estado,
embora permeada por problemas que fogem ao seu controle e que se situam em
âmbito político, fora do seu alcance direto, por outros que contam com a
compreensão por parte dos técnicos e pesquisadores e por outros que ainda
carecem de algum aperfeiçoamento, refinamento ou de definições, que são ainda
incipientes.
Mas de forma geral, a Estação de Londrina é vista pelos entrevistados como
fundamental no apoio às atividades regionais e que o serviço prestado pela unidade
apresenta qualidade e apóia os técnicos e pesquisadores na condução das
atividades da pesquisa na melhor forma possível e disponível, no que depender do
gerenciamento interno.
61
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65
APÊNDICES
66
APÊNDICE A
ENTREVISTA Nº 1
1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você
iniciou suas atividades no IAPAR?
Tínhamos funcionários efetivos, pessoal de apoio em início de carreira, motivados,
aprendendo a lidar com pesquisa de campo... recursos de governo, programas de
pesquisa em desenvolvimento rural ...conservação de Solos, irrigação, drenagem,
desenvolvimento local, etc., vários ensaios em campo.
Equipamentos novos...irrigação ainda nova, tratores, máquinas, equipamentos,
laboratórios de solo, agrometeorologia, estações distribuídas em todas as regiões. A
estrutura era toda distribuída por setores, havia cinco técnicos de apoio somente na
Estação Experimental, mais o Administrador ...o Dr. ... Mais de duzentos
funcionários de campo disponível.
Já tinha uma estrutura de comando matricial, centralizada no administrador, que
distribuía tarefas por setores específicos, máquinas, administração pessoal, Casas
de Vegetação, irrigação.
O pesquisador não precisava correr atrás de coisas operacionais, como hoje... os
recursos eram limitados, mas era distribuído pela gerência da Estação experimental
e coordenados pela APE.
Também... assim... a forma jurídica da época era Fundação e um pouco emperrada,
estritamente ligada ao governo... não havia uma descentralização como hoje tem.
Esses convênios ...
Não faltavam pesquisadores e nem técnicos de campo... as áreas eram supridas de
profissionais. Quando precisava era mais fácil contratar, e operário de campo
especializado... não faltava mão de obra para apoio...secagem de materiais,
colheita, viagens, plantio, pesagens, avaliações.
Quando surgia um novo projeto e faltavam operários, ou profissionais... era
chamado às pessoas candidatos no concurso de lista de espera, então supria as
demandas.
2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura
organizacional?
Aconteceram várias mudanças... os equipamentos foram ficando obsoletos, por
exemplo... a irrigação, que é extremamente importante para a produção dos ensaios
aqui na estação, outros equipamentos também, a contratação de pessoal
temporário, e... que ficam um período... trabalham e logo vão embora, saem sem
67
compromisso com a instituição... isto é muito sério. Antigamente tínhamos
funcionários efetivos com compromisso com os resultados da pesquisa. Muito
estagiários, que de certa forma ajudam e complementam as atividades e, também
colaboradores.
Ultimamente teve bastante entrada de recursos via FAPEAGRO e Fundações...
Programa de governo que contempla o desenvolvimento da agropecuária
paranaense... Por isso exige-se mais do IAPAR... consequentemente da estação...
convênios com Universidades, outras entidades também... isto existia muito pouco.
A estrutura da estação hoje é muito enxuta. Só temos um administrador gerente
para administrar toda esta área e os projetos implantados aqui... um administrador,
dois técnicos e operários de apoio. Devido ao envelhecimento da instituição e dos
servidores... esta faltando muitos servidores de carreira, pois tem bastantes
aposentadorias, licenças, afastamentos, incorporações de atividades.
Tivemos agora, nos últimos tempos deste governo ...a entrada de equipamentos
modernos. Mas falta operários para operarem estes equipamentos, falta pessoas
qualificadas para dar continuidade na pesquisa. Estes conhecimentos levam anos
para serem aprendidos.
3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?
A Estação Experimental de Londrina ...ela é fundamental para o desenvolvimento
das pesquisas que realizamos na área de melhoramento e genética do feijão, pois
são ...nesta estação que nós avaliamos todas as nossas... efetuamos todos os
cruzamentos que vão dar origens às novas cultivares... efetuamos o berçário de
população F1, toda a parte de população segregante... mais os ensaios
preliminares... e os ensaios de determinação de valores de cultivos e uso.
Então, sem o apoio desta estação experimental, nós não teríamos condições de
efetuar duas gerações de feijão por ano, né?... das populações segregantes... por
que todo material que nos tiramos daqui da estação, que colhemos aqui da estação
experimental de Londrina ...ela vai para a estação de Ponta Grossa, ou vai para Irati.
Então, hoje, na verdade, nós fazemos três gerações por ano e o maior suporte das
nossas pesquisas é dado pela estação experimental de Londrina. Isto devido à
estrutura... porque... aqui nos temos todas as Casas de Vegetação... nós temos o
Laboratório de Apoio ...onde nós fazemos toda a parte de preparo de sementes pra
ensaio, fazemos toda a parte de beneficiamento das sementes colhidas dos ensaios,
todo preparo de sementes para plantar os blocos de cruzamentos... Temos um
sistema de irrigação... assim... embora muito antigo, mas que proporciona
efetuarmos o nosso berçário de populações F1... que precisa ser irrigado. Temos
que ter assim um controle eficiente de pragas nestas populações, e termos inclusive
mão de obra também... embora este seja um grande problema que a gente vem
enfrentando nos últimos 10 anos. Vamos assim colocar... em virtude da não
68
contratação mais de pessoal de apoio de campo ...efetivos e sim temporários ...que
a cada dois anos tem uma rotatividade muito grande. E também devido aos baixos
salários que são pagos pra essas pessoas... não tem mais interesse das pessoas
em vir aqui trabalhar. Então trabalham enquanto não arrumam outro emprego. A
partir do momento em que arrumam um emprego melhor... elas nos deixam na
mão... vai embora e leva todo conhecimento e treinamento que receberam.
Estamos tendo certa concorrência em mão de obra hoje, tem empresas ao redor
empregando bastante, e até emprego de diaristas. Na nossa equipe... muitas
mulheres trabalharam ...estas ultimas que trabalharam aqui, inclusive, receberam
treinamento para efetuar hibridações, cruzamentos, seleções, preparo de sementes,
seleção de sementes... atividades especializadas. Mas o que acontece, Aldo... estas
pessoas saem e arrumam emprego em diversas atividades que ganham mais do
que ganhariam no IAPAR. Aqui em Londrina está cada vez mais escassa a mão de
obra rural, que é essencial aos nossos trabalhos aqui na estação experimental.
4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da
pesquisa ou dos pesquisadores?
Com relação à infra-estrutura... nós... em virtude de... primeiro vamos dividir em dois
pontos: a questão da estrutura física e recursos humanos.
Com relação à estrutura física, ela é adequada sim, embora apresente algumas
deficiências como, por exemplo, barracões ...e esta deficiência... surgiram em virtude
de novos programas que foram criados, por exemplo, o Programa de Agroenergia,
onde nós trabalhamos com a cultura do amendoim. Só que foi criado o programa e
não foi disponibilizada a estrutura física para este programa... Então, hoje todos os
nossos ensaios de amendoim... nós não temos aonde manipular estas sementes...
nós não temos aonde beneficiar todas as sementes provenientes destes ensaios...
não temos nem onde armazenar estas sementes... Então criou- se um novo
programa, mas não se disponibilizou uma estrutura física adequada que o programa
necessita... tipo galpões, salas de apoio.... nós não temos... tem somente uma
câmara fria, porque na câmara fria você só coloca a semente depois de
beneficiada... e pra ser armazenada e usada na próxima safra. Em outros programas
mais antigos, por exemplo, programa feijão, nós temos uma infra-estrutura que
atende a nossa demanda, só que ela precisa ser aperfeiçoada. Nós necessitamos
de uma câmara de expurgo... nós não temos uma câmara de expurgo... Então é
necessário construir para atender a demanda dos programas grãos... vamos assim
dizer... é ... alguns programas já conseguiram esta infra-estrutura, nós ainda não.
Com relação a equipamentos... em virtude deste ... do Programa de Aceleração do
Crescimento, o PAC Embrapa, do PAC que houve o ano passado, retrasado... nós
conseguimos estruturar bem, o nosso..., a estação experimental aqui em Londrina.
Embora nós precisemos tomar o cuidado de não equipar produção, que o foco
principal da estação é a pesquisa... Então nós temos que efetuar a aquisição de
equipamentos pra que venha a atender a demanda da pesquisa em primeiro lugar e
69
não da produção. Então dentro deste sentido, um tanto ....que embora o IAPAR vai
completar agora em 29 de junho... 39 anos...o que é muito deficiente para nós, é a
falta de uma unidade de beneficiamento de semente genética... dentro da
instituição... para atender todos os programas: programa trigo, programa arroz,
programa feijão, programa milho... não tem uma unidade de beneficiamento de
semente genética, e isto já foi demandado há muitos anos para a direção da
instituição. Agora parece que está havendo um movimento pra se construir uma
UBS de semente genética dentro da estação experimental de Londrina, pra poder
atender a demanda... porque nós temos uma UBS, mas de sementes básicas, e ela
é pra atender grandes volumes, e nós da produção de sementes genéticas, nós
produzimos volumes pequenos de uma grande quantidade de materiais. Então esta
unidade é importante para atender uma produção de sementes genéticas de cinco
linhagens... só que de cada linhagem a gente ia produzir 300, 400 quilos de
sementes. Então precisamos de equipamentos menores, galpão de armazenamento
com câmara fria... inclusive pra fazer o armazenamento adequado desta semente.
Mas infelizmente até hoje a instituição... a estação aqui, não dispõe desta unidade...
Ao passo que outras empresas, tipo a COODETEC, por exemplo, já está
construindo a segunda unidade de beneficiamento de semente genética. A Embrapa
Soja já construiu a sua segunda unidade ...e nós não temos nenhuma... e nós que
trabalhamos com uma diversidade muito grande de espécie. Bom... essa também...
e a que falta pra nós.
Em relação a recursos humanos, como já comentei anteriormente, nós estamos
passando por um problema muito sério de apoio a pesquisa dentro da estação
experimental. Por quê? Todos aqueles funcionários experientes, que foram treinados
e que conhecem bem as atividades que devem executar dentro da pesquisa, estão
se aposentando... e não estão sendo reposto, não está sendo efetuada à reposição
deste pessoal. O que ocorre são a contratação daqueles funcionários contratados
por determinado período, e a gente sabe que a qualquer momento ficamos sem
eles. Então... com relação a recursos humanos... daí fica também essa situação. O
IAPAR contratou novos pesquisadores...Só que não deu recursos humanos de apoio
pra estas pessoas trabalharem, não contratou novos funcionários para dar apoio...
As atividades fins destes pesquisadores... e eles... Então, nós temos que dividir
pessoal com estas pessoas... São mais atividades... como sempre a gente diz... um
pesquisador com uma boa equipe toca 20 projetos... Agora 20 pesquisadores, sem
equipe, não toca projeto nenhum. Então você tem que dar a condição e estrutura
física... que da estação é muito boa, mas que precisa de algumas adequações.
Como eu disse... a construção de UBS Genética, a construção da câmara de
expurgo, a aquisição de novos equipamentos de irrigação, por exemplo... Você
mesmo Aldo, é testemunha, quando no ano passado nós ficamos uns períodos de
veranico, quase vinte dias sem irrigação, porque a bomba de irrigação pifou. Houve
uma pane no sistema... Isto não pode acontecer, não é? Nós temos que ter peças
sobressalentes, equipamentos novos, não é? Que não venham a dar problemas
justamente nas épocas necessárias em que precisam deles.
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5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a
disponibilidade atual é satisfatória?
O que ocorre na questão de aquisição de equipamentos, é que as compras são
focadas para a produção e são efetuadas sem o aval dos pesquisadores. Não vem
solicitar a opinião dos pesquisadores, quais as características essenciais à demanda
da pesquisa. Não é verdade?
Aqui na estação em Londrina, não temos muito a reclamar em questão de
equipamentos e implementos agrícolas, a não ser em questão da irrigação. Aqui é a
única estação que tem uma irrigação que funciona, mais ou menos ainda, apesar de
obsoleta... equipamento de 35 anos atrás. A sua substituição seria mais do que
urgente. Eu sempre digo que pesquisa agronômica se faz no campo, não se faz no
laboratório. Não adianta termos equipamentos supersofisticados dentro de um
laboratório, por que nós temos que testar tecnologia no campo e no mesmo sistema
que o agricultor vai utilizar. Agora, se nós não temos condições ideais pra fazer
estas espécies em campo... Na minha concepção é fundamental que se dê toda
estrutura necessária pra que as pesquisas de campo possam ser executadas com
eficiência. Então a questão da irrigação é problema muito sério, a questão de falta
barracões também é problema sério pra esses novos programas que foram criados...
A questão de equipamentos agrícolas como eu falei, devem ser adquiridos de
acordo com a necessidade da pesquisa. Por exemplo, tamanho de semeadoras,
semeadoras compactas de parcelas, se bem que com o PAC isso foi bem
melhorado, adquirido equipamentos novos. O foco da instituição é desenvolvimento,
o avanço do conhecimento e o desenvolvimento de tecnologia ... produção de
tecnologia.
6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela Estação
Experimental de Londrina?
O maior problema é a mão de obra. É uma peleja, né?... e principalmente a
administração desta mão de obra... Então quando os recursos são escassos, tem
que ser muito bem administrado... deve-se definir prioridades... Por exemplo,
estamos no auge da colheita dos experimentos de feijão... e o que é prioritário?
Colher estes experimentos, pra que a chuva não deteriore as sementes, não se
perca os resultados destes experimentos, que envolve uma pesquisa de anos ou
capinar beira de estrada, ou varrer, ornamento porque uma visita irá chegar, ou
podar árvores, serviços de jardinagens... Na minha concepção pesquisa é
prioridade, então se nós vamos fazer horas extras no sábado, é hora extra pra
atender a pesquisa que é a atividade fim da instituição... é a finalidade da instituição,
não é verdade? Que é o desenvolvimento do que irá gerar tecnologia para atender a
demanda do setor agropecuário do Estado. Então o maior problema nosso aqui
71
dentro... é o gerenciamento de pessoas aqui no IAPAR . Outro problema que a
gente encontra aqui também é com relação ao setor de Casas de Vegetação... a
manutenção... não é o problema das casas em si...por que hoje em virtude dos
projetos que nós vendemos né?... para as entidades financiadoras... Nós temos
casas de vegetação ultra sofisticadas, alguma, não é? Com controle de temperatura,
umidade, ventilação, etc., ótimas, mas se peca na manutenção destas casas... é
quem irriga os vasos, são as pessoas que irão encher retirar os vasos, pulverização
destas casas... mas não é só o pessoal da estação que lida com as casas de
vegetação... Às vezes alguns colegas de pesquisa... não sabem que a pesquisa dele
pode interferir e prejudicar a pesquisa do colega. Então ele tem que ter consciência
e adotar medidas de segurança, inclusive informar isto a estação experimental, pra
que a atividade de pesquisa dele não venha a prejudicar a pesquisa de outros
pesquisadores... no entorno das CVG. Então esta é uma questão muito grave.
Voltando na questão de mão de obra... é preciso melhorar o treinamento do pessoal
de apoio, quanto o manejo adequado nos experimentos em CVG, por exemplo,
transportar nas roupas agentes contaminantes de um lugar para outro dentro dos
experimentos.
7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como adequada
a distribuição?
Não, não avalio como adequada, por que no IAPAR temos a política do território. É
uma questão que vou colocar com muita franqueza... Existem pessoas que se
julgam donas das áreas e não abre mão... Então nós temos que adotar uma postura
dentro da estação experimental... O mesmo critério que nós orientamos, com a
mesma tecnologia que é orientada aos produtores, fazer rotação de culturas... é
nunca fazer, por exemplo, plantio de feijão sobre feijão do cultivo anterior, sempre na
mesma área, milho, milho, milho, milho, todas as safras ...sempre na mesma
área...Não, se nós apregoamos que deve ser feito a rotação de culturas e procurar
inserir diferentes espécies dentro do sistema, isto é diversificação dentro da
estação...obrigatoriamente devemos adotar esta prática, não é verdade? É óbvio
que em algumas áreas aonde é efetuado trabalhos de herbologia, com aplicação de
determinados... de determinados produtos químicos, que causam resíduos ...então é
este o outro problema que eu vou dizer daqui a pouco, e neste caso estas áreas
devem ficar mais ou menos predestinadas. E no caso, por exemplo, onde se faz
também algum estudo de algum patógeno, apesar de não ser muito utilizado a
campo, mas eventualmente pode ocorrer. Outras áreas, por exemplo, onde é feito
estudos de plantio direto há décadas... Então estas áreas podem ter um manejo um
pouco diferente, mas de uma forma geral tem que haver uma rotação... E o que está
havendo, não é... estamos vendo experimentos todos os anos na mesma curva, nas
mesmas áreas... E quando precisamos de uma área isolada, por exemplo, pra poder
fazer um campo de produção de semente genética, é uma dificuldade muito grande,
por que o que falta... isso no meu entendimento também... bom, é um planejamento
72
dos programas, seria assim dizer... o programa feijão vai colocar nesta safra na
estação Londrina tais experimentos, com a dimensão de x hectares. Isto não tem...
cada hora um pesquisador chega e pede área pra plantar ensaio... o administrador
da fazenda nem sabe pra que é. Tem que haver um melhor gerenciamento dentro
dos programas e os programas por sua vez informar a estação – olha nesta safra na
estação experimental de Londrina, vai se estabelecer o seguinte projeto, com as
seguintes atividades e dimensões... Daí o administrador vai poder gerenciar melhor.
Sem falar nas áreas vitalícias. Não tem como administrar numa situação desta.
Realmente não tem. Cada o pesquisador não vai ao programa, mas vai ao
administrador... pega uma área diferente e vão aumentando sem planejamento...
algumas pessoas se julgam donas da área, não se adequou ao sistema plantio
direto... Todos os anos têm que plantar feijão nas mesmas áreas. Pregamos uma
técnica e não estamos executando aqui dentro Disputamos áreas com outros
pesquisadores Outro problema, Aldo, aqui na estação, é que não temos um registro,
um histórico daquilo que foi plantado anteriormente... como um banco de dados dos
produtos que são utilizados naquela área... Por que nós já perdemos experimentos
aqui em conseqüência de efeito tóxicos de resíduos de produtos que foram a
aplicado na área. Plantamos no passado em uma área e o feijão não se
desenvolveu. Então já tivemos algumas vezes problemas deste tipo.
Falta este processo de controle das áreas, que mostre histórico de anos atrás,
safras anteriores. Você deve ter um registro histórico de produtos... Alguns
problemas futuros você diagnostica com melhor facilidade... você sabe se foi algum
produto residual, ou algum patógeno causado pela cultura anterior. Assim como
temos dados climáticos, temos que ter também este levantamento para melhorar a
eficiência. Outra questão também que estou percebendo é o problema de nematóide
dentro da nossa área... Precisamos fazer manejo de controle, com espécies de
cobertura que possam minimizar estes efeitos, e estar utilizando espécies que não
disseminem estes populações de nematóides...adubos verdes... sempre plantamos aveia.
8- Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?
Às vezes durante a safra também... Tirando esta questão de implementos,
maquinários, barracões... sentimos muitas dificuldades de veículos no campo. Às
vezes nós precisamos trazer diversas quantidades de materiais colhido do campo.
Nós temos uma grande quantidade de materiais... várias frentes de trabalho ...
principalmente nas safras... Por exemplo, nós fazemos todo trabalho de
melhoramento e pós melhoramento... Por exemplo, avaliação de resistência à seca,
avaliação de resistência à alta temperatura, a determinados efeitos bióticos
específicos... Então nós precisamos muitas vezes, ter várias frentes de trabalho...
Agora, só disponibiliza um veículo, enquanto o veículo está atendendo o campo ele
não pode atender outras pessoas, outra parte da pesquisa que está sendo
executada, sabe? Então você vê um programa, que a dimensão do nosso
programa... A direção deve olhar pra esse lado também... a questão da dimensão
73
dos programas... Não é assim... disponibiliza um veículo para cada programa... a de
forma geral... não é essa a proposta que nos queremos... Nós temos amplas
atividades a serem executadas. Às vezes nós sentimos falta disto, sabe? Sentimos
falta de apoio... na questão veículos, espaços para secar este material colhido,
manusear... às vezes chove e precisa secar estes materiais colhidos no campo...
não temos espaços um local específico, um barracão grande. Utiliza se ainda a
improvisação... Ande já se viu numa instituição deste porte, com quase 40 anos?...
já não seria para estar improvisando tanto.... Nós estamos ainda improvisando para
poder trazer resultados de pesquisa... mas passa também por uma questão de
cultura. As pessoas sentem posse da estrutura, tratam como se fosse delas e não
da instituição para uso comum. Todos pegam seu espaço e são proprietários...
donos da estrutura ...e não dividem os espaços com outros colegas, você entendeu?
Mesmo estando vazio, por exemplo, um barracão naquele momento deve ser
compartilhado com outro programa que estão estudando outras espécies de outras
épocas... É isto que no futuro terá que acabar. Com isto não precisaria construir
tanto, investir tanto em estrutura. Tem que se construírem coisas coletivas. Eu estive
na Europa, e lá nas instituições ninguém é dono de nada, laboratório, galpão, casa
de vegetação. Lá é tudo compartilhado, comum a todos... É óbvio que tem também
culturas de inverno... verão ... e lá quando o pesquisador já utilizou, tem que deixar
em condições assim... pronto pro próximo que vai usar, para outro utilizar
novamente. É este conceito que devemos implantar aqui no IAPAR... Senão a
estrutura só vai aumentando, aumentando... Vai precisar contratar cada vez mais
gente pra poder manter a estrutura ... e a pesquisa mesmo fica pra traz... e haja
dinheiro ... recurso público pra manter tudo isso. Se não for bem organizado e
administrado não adianta, você nuca vai conseguir manter satisfazer a demanda...
Então ...o que precisa é mudar um pouco a cultura dos pesquisadores aqui do Brasil,
para uma cultura que... você não precisa ter seu equipamento... trilhadeira,
semeadora... cada um quer ter seu espaço, como dizem seu iaparzinho... sua
fazendinha.
9 - O que você sugere para a melhoria no atendimento?
Somente gostaria de ressaltar que a Estação de Londrina, é a melhor estação ainda
onde a gente encontra condições para dar seqüência para a nossa pesquisa...
porque em ... ou física, recursos humanos, exceto a estação de Irati, que a gente
tem assim muito apoio, porque em outras ... o grosso dos problemas é de ordem de
gestão... temos que ter assim, estabelecer tipo protocolo, é o que não temos.
Priorizar a pesquisa e não a produção... formulários de procedimentos de apoio, por
exemplo, irrigação, serviços, pulverização, com responsabilidade técnica, CREA,
assinado e registrado ...princípio ativo, dosagem... para a estação. Com base nestas
informações ... solicitações, montar seu banco de dados. Ocorre Aldo, que muitas
vezes nem você sabe o que está sendo aplicado lá no campo.
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E pra pesquisa é essencial que tenhamos registro de tudo ...o que acontece na safra
para programar as atividades seguintes, não é? Eu gostaria de sugerir, como eu
disse... a estação ... a gerência da estação ter maior cuidado no registro destes
pedidos, que vem pelos pesquisadores... A eficiência de trabalhos no campo está
boa, mas pode melhorar muito mais. Hoje nós não podemos brincar... a pesquisa é
competitiva ... temos que superar problemas de ordem operacional para não
errarmos. Temos que inovar cada vez mais pra termos resultados... também na
questão de aplicações de agrotóxicos ...aqui nas áreas da estação... precisamos
orientar melhor o nosso pessoal.
75
APÊNDICE B
ENTREVISTA Nº 2
1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você
iniciou suas atividades no IAPAR?
A Estação Experimental era uma estrutura mais diversificada, onde o contingente
técnico era amplo e com atividades subdivididas em partes, funções. Cada técnico
atendia, respondia pela sua área e com isso era mais detalhado o trabalho com
distribuição de funções previamente definidas.
Por não ter uma linha de ação programada, era um pouco confusa. Mas ao passar
do tempo surgiram os planejamentos, se adequaram os trabalhos do centro
experimental com os programas, tais como, divisão de mão de obra, adequação de
atividades específicas conforme as demandas.
2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura
organizacional?
Bem, eu acho que sim. O número de técnicos foi diminuindo, foram se unindo as
áreas, juntando as funções e consequentemente acumulando atividades. Contudo
foram organizadas algumas mudanças, principalmente no setor de máquinas.
Antigamente se usava mão de obra na montagem e condução de ensaios, era muito
mais custoso e precisava de muita gente pessoal de campo. Hoje tudo é
mecanizado, as atividades, os pesquisadores tiveram que se... tiveram que se
adequar, adaptar os seus métodos de pesquisa para um método mais enxuto, um
modelo mais enxuto, como por exemplo, plantio, aplicações e colheita. Com isso
tivemos ganho de tempo e agilidade nos trabalhos.
Muitas melhorias foram feitas neste sentido. Depois destas adequações houve
melhorias nos desempenhos e resultados. O que mais me chamou a atenção foi a
diminuição de aplicações de defensivos que antes era de forma manual, e
sacrificava nossos trabalhadores. Também teve bastante ganho, inclusive no bem
estar dos trabalhadores e sua saúde também.
3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?
A estação aqui em Londrina, hoje eu vejo como uma estação bem rápida no
atendimento dos pedidos que na gente faz. Apenas uma fichinha para controle de
relatório... isto facilita bastante a ordem de serviço. É um procedimento que eu
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aprovo. Quer seja em pedido de mão de obra para apoio, ou outro serviço ...de
máquina, por exemplo. Isto ajuda bastante na programação de atividades que temos
que executar. A mão de obra hoje é distribuída conforme a importância do projeto e
melhorou nos últimos dois anos... onde as atividades foram dinamizadas, excluindo
parte das burocracias.
4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da
pesquisa ou dos pesquisadores?
Sim, em maior parte das situações.. salvo quando entra falta de mão de obra como
agora. Mas temos que entender que este problema é de ordem de governo... não
depende somente da gerência daqui da estação. Este problema é em todas as
estações, no Paraná inteiro. Quando contrata pessoal tudo se resolve mais fácil,
apesar de muitas vezes termos que brigar para conseguir apoio nos momentos de
picos de serviços. Ás vezes também... faltam equipamentos ou os que temos estão
quebrados... ou aguardando recursos para conserto... Isto também é um problema
que sempre existe, mas também não condeno a estação somente, porque são
coisas públicas, burocracia também.
5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a
disponibilidade atual é satisfatória?
Então... falando de equipamento, sempre falta alguns equipamentos de menor
porte. Compraram agora bastante máquinas, mas grandes, que não cabem ou
pisam em parcelas. Precisamos de equipamentos de menor porte como micro
tratores, colhedores de amendoim em parcelas, coletores de amostra de solos...
mas tudo em menores tamanhos, adaptados à pesquisa agrícola. Como eu disse,
sempre falta alguma coisa, como o trabalho é desenvolver pesquisa em campo, e
tudo tem que ser por amostragem... faltam alguns equipamentos, em menor escala.
Como trabalhar com uma colhedora, por exemplo, numa área de 5 m quadrados?
Impossível né?... vai pisar todo o experimento. É disso que estou falando.
6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela
Estação Experimental de Londrina?
Pra mim, Aldo... o maior problema hoje na estação é a ausência de pessoas
especializadas nos setores... que estão se aposentando. O contingente da estação
experimental esta se acabando e não tem concurso para repor estas perdas.. estas
baixas. Não vai ser possível tocar pesquisa somente com mão de obra temporária,
ou terceirizada... ou estagiários. É insuficiente, principalmente no campo que é o
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nosso caso. Normalmente o problema está na falta de mão de obra... é o problema
dos últimos tempos do IAPAR.
7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como
adequada a distribuição?
Adequada na medida em que se preserva a sua totalidade. Temos que ter a
responsabilidade de trabalhar visando manter a mesma área a ser disponibilizada
para a próxima safra. Sempre que eu precisei eu tive área... mas sempre entrego
corrigida e pronta para outros usos. O nosso programa sempre faz assim.. também
para não onerar a estação experimental e dar trabalho para vocês. Tem áreas
disponíveis para pesquisa, mas é suficiente para alguns e exagerada para outros
pesquisadores e programas. Falta aplicação de critérios na hora de avaliação dos
materiais, onde os excessos só aumentam a demanda das áreas e
consequentemente vai tornando maior a fatia de área disponível. Se a pesquisa não
tornar... eliminar o que é inviável, faltará área para o que é viável, com certeza.
8. Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?
Uma melhor avaliação na questão de solos cultiváveis, fazer análise de solo e
coletores de solo mecanizados. Falta também disponibilizar um serviço de cobrança
junto aos programas, no que diz respeito... referente a mão de obra, e horários
ordinários e extraordinários de cada funcionário lotado nos setores, é o que eu
vejo... assim pra visar a necessidade de aumentar ou diminuir o contingente. Tem
muita gente fazendo horas sem necessidade... falta este tipo de cobrança.
9. O que você sugere para a melhoria no atendimento?
Eu gostaria de sugerir melhorias nas condições de equipamentos por exemplo...
informática, telefonia, comunicação em si... pessoal técnico também... contratar.. E
pessoal de apoio operacional... também, mais agilidade no atendimento,
colaboração de quem pede o serviço, para aguardo de uma melhor oportunidade
caso o momento do pedido não seja favorável para executar tal trabalho. Com
certeza, se tiver tudo a favor, o trabalho sairá com perfeição.
78
APÊNDICE C
ENTREVISTA Nº 3
1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você
iniciou suas atividades no IAPAR?
Eu lembro tinha o R..., que era o agrônomo responsável pela estação como um todo
e tinha os técnicos agrícolas que auxiliavam o administrador na execução dos
trabalhos. E eram cinco, e havia uma distribuição de tarefas bem definidas entre
estes técnicos. Um cuidava do setor casas de vegetação, outro era responsável pela
oficina agrícola, máquinas, havia outro que era responsável pela distribuição de
pessoal, e também tinha ... se não me engano, a área da Maravilha e daquela forma
eu lembro que funcionava muito bem... daquela estrutura funcionava muito bem... o
atendimento do trabalho era mais... Era bem pontual e muito mais dirigido para
aquilo que você pedia então na solicitação de material de atividade. O atendimento
era mais rápido, mas também tinha muito mais disponibilidade de pessoal naquela
época, não é Aldo? Então facilitava muito a execução das atividades, tanto na
irrigação quanto nas aplicações e tratamentos, capina, instalação de experimentos
tudo era mais fácil.
O pessoal da herbologia, por exemplo, tinha uma equipe disponível pra gente em
tempo integral ... tínhamos três técnicos agrícolas um para cada pesquisador... nós
tínhamos três operários de campo, equipe bem entrosada e equipada, percorria o
estado todo fazendo... Tinha uma atividade bem grande no estado todo, testes de
dosagens com produtos, mapeamento de campo, identificação de ervas ... apoio de
laboratórios. Nós pesquisadores ... a gente acompanhava o trabalho na hora da
montagem, e depois nas avaliações... praticamente só escrevíamos os trabalhos...
todo trabalho era tocado pelos T.A.s... e o pessoal de campo, uma equipe bem
sincronizada. Então, tínhamos pessoal especializado e treinado para atividades
nossas... isto facilitava bastante.
2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura
organizacional?
Houve muita perda de pessoal, tanto administrativo... administrador aposentou,
técnicos agrícolas se aposentaram, e pessoal de campo... Houve redução de
pessoal da estação experimental acompanhado pela redução do pessoal de apoio...
de apoio... Hoje é contratado pessoal temporário em substituição, que não tem
treinamento pra atividade de pesquisa, quando já estão treinados na atividade tem
que ser... depois de dois anos substituídos. Não pode ser recontratados... Então a
gente perde muito tempo, muita energia treinando esse pessoal e pra depois perder
79
esse pessoal e então reiniciar tudo de novo... é muito desgastante. Espero que a
nova diretoria continue a batalhar pelo que anterior.., se começou a discutir, né?... a
fazer o governo entender a especificidade da instituição, fazer um concurso público
colocar pessoas no campo.
3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?
Então, Aldo, eu acho esta questão muito geral, tá? Mas, pra mim... a impressão que
eu tenho da estação é que vocês fazem um esforço enorme pra atender a gente,
mas, eu, na minha avaliação, ainda o atendimento deixa muito a desejar. Eu vejo
assim... mesmo com as dificuldades que vocês têm para atender com este novo
sistema de contratação de pessoal, que não é efetivo nosso, se torna um
complicador pra vocês. Mas aí a gente fica com o atendimento bem comprometido...
não é o ideal e não é o desejado, que daí vai implicar em todas as outras coisas que
eu já coloquei. Existe certa quantidade de pessoas, existem vários equipamentos,
mas quando a gente realmente precisa nem sempre está disponível, tanto pessoal
quanto gente... Então ... Olha tem equipamento, mas, estão executando outros
trabalhos depois vem, ou... está lá na estação tal. O limitador é neste sentido... o
que não é muitas vezes responsabilidade sua. Mas é um problema da estação.
Queria colocar também, eu acho importantíssimo, não vejo má vontade... ah não,
isto não da nada, não tem importância, nada disso... você quer atender e as vezes
não depende só de você.
4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da
pesquisa ou dos pesquisadores?
Eu acho que fui muito taxativa: não! É preciso mais agilidade. Assim, falta um
pouquinho de... quer dizer passa a impressão pra gente. Talvez você tenha um
planejamento... um cronograma... mas passa a impressão pra gente... É que a gente
desconhece o funcionamento de vocês e também falta os pesquisadores dizerem...
olha, eu vou colher dia tal, quero plantar dia tal... Há um pouco de desencontro de
informações também... semana que vem eu vou usar tal máquina. Fica difícil acertar
as coisas em tão pouco tempo. Agora me lembrei... A gente faz este planejamento,
quando elabora os projetos, né? A gente tem... não assim semana a semana, mas a
gente tem ...é semear avaliação disto... aquilo... mas a gente não tem a interação
de tudo àquilo que vai usar lá no experimento. A APE assina este planejamento ... a
APE aprova isso... Só que eu acho que isto não chega à estação experimental.
Então também ta faltando esse link... Porque tudo é apodado lá, isso não chega lá?
Esta tudo registrado, elaborado lá, e agora ainda tem o SEPAC ... vocês devem ter
acesso a estas propostas. A APE tá aprovando... olha tem condições de fazer.
Talvez falte a gerência da estação, você, interagir mais com as direções.
80
Ali tem... assim... vai ser implantado em londrina, vai ser implantado em Xambrê,
Paranavaí... Se cada administrador ...se tiver isto, consegue programar... fizer um
cronograma. Olha, eu acho que falta pouco para ajustar estes problemas. O apoio
não pode ficar distanciado, tem que estar a par de todas as atividades, ter acesso,
não pode sair daqui da pesquisa e não passar por vocês. Ta faltando planejamento.
5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a
disponibilidade atual é satisfatória?
Com relação a equipamento... os equipamentos ou ainda são insuficiente ou o
planejamento de seu uso está inadequado. Por exemplo... o rolo facas e tritom, eles
saem para outras unidades, ai não voltam no tempo adequado ou a adaptação da
semeadora de plantio direto... não estão adaptados conforme a pesquisa
recomenda. Tem um monte de máquinas na estação, mas quando se precisa não
estão disponíveis. Teve o ano passado, quando precisei da semeadora de
parcelas... ela não estava aqui, estava lá num lugar... não me lembro aonde. Enfim...
e não ia vir porque choveu lá e tinha que esperar para plantar e aqui estava bom pra
plantar. E não tem essa coisa de vai lá buscar, vai num dia e volta no outro, traz e
pronto. Tudo é demorado, precisa de transporte disponível e outros fatores também.
Então tivemos problemas aqui em decorrência de outros. Fez falta aqui... e outra
coisa, tem máquina que tem dono, não é? Como que foi feita esta distribuição de
máquinas novas? Quem comprou pelos seus projetos passam a ser donos? Isso
tem que mudar.
6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela
Estação Experimental de Londrina?
Sempre converso com o O.... sobre o sistema de irrigação ... também é sempre um
problema sério, Aldo, deve ter equipamento de sobra.
O A.. tinha me dito que estavam planejando a compra de equipamentos novos... isso
não aconteceu. A estação deve cobrar isto, tem que modernizar os sistemas.
Sempre que precisa tem todos usando, faltam equipamentos ou estão quebrados.
Não citei o maior, mas eu falei algum aqui... falta de pessoal... Tem que haver um
jeito de nossa diretoria aqui, conseguir que... contratação efetiva de pessoal de
campo, deslocamento de pessoal treinado em certas atividades, pra outra atividade.
Aldo, o nosso exemplo é o caso do JD, quando foi tirado de nós... ele é
especializado em trabalhos com ervas daninhas, identificar sementes, plantas É
claro que pra ele é interessante estar lá naquele setor da CVG... Vai receber horas
extras tudo... Talvez a gente pudesse pegar pessoas que tem certo treinamento...
elas serem motivadas, permanecer naquelas atividades recebendo gratificações por
serem treinadas naquela atividade, entendeu? Ou ter uma outra forma de incentivar
81
a pessoa e quando o programa precisa ... este funcionário tem que estar lá, mesmo
que volte a disposição daquela atividade. A pessoa tem que entender que a sua
atuação vai ser desta forma, a forma que ela vai trabalhar vai ser esta. Então a
prioridade de atendimento é da área a qual foi treinada.
Outra coisa ...o treinamento de todo pessoal de campo, em atividades não
direcionadas pra aquilo que ele vai trabalhar ...esse treinamento de informática, por
exemplo, pra todo mundo... Não são todos que irão trabalhar com informática, e nem
é prioridade, até entendo, assim como chama a idéia... de inclusão digital... Eu
considero também o planejamento disto muito necessário. Não se pode tirar o
pessoal de campo todos de uma vez nesta época... para treinar... pode desfalcar os
programas.
O uso de equipamentos irrita bastante ...e áreas externas aumentam ainda mais a
disputa do uso. Temos que esperar onde estão usando para depois usar aqui. O
planejamento faz falta.
Um dos maiores problemas aqui é em relação aos trabalhos, pessoal de campo.
Às vezes precisa terminar uma atividade no final da tarde ...fica pro outro dia, temos
que acompanhar horário do sol, e não horário comercial ...tem que haver um acerto
com o pessoal quanto a horários.
7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como
adequada a distribuição?
Então, Aldo, eu desconheço como é feito a distribuição. No entanto houve
dificuldades de alocação de áreas para novos pesquisadores contratados... E o que
era esperado... estão todas ocupadas... e chega gente nova...Todo mundo é dono, e
inclusive esse conflito dentro da área de fitotecnia, tem também, né? O O., a P. e
S.... se bem que o S. acabou se ajeitando dentro da área de Agroenergia. Acho que
a D. cedeu uma área na curva 21. Mas me lembro assim das dificuldades em
conseguir. A P. entrou numa área cedida pelo Dr. N.. Eu não sei se vocês tem áreas
de reserva... assim áreas que não é de ninguém para estes casos.
Sempre tivemos curvas ...áreas definidas para nossos experimentos...a nossa área
esta ok.
8. Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?
Considero limitado, não tem um controle de tratamento, adubação e histórico de uso
das áreas da estação. Acho que é necessário estabelecer cronograma de demandas
anuais, na estação por área, pesquisador, tanto na necessidade de equipamentos,
irrigação, capinas insumos, para facilitar o processo. Também é preciso fazer
análises de solo periódicas para ter informações completas e histórico de uso de
áreas. No caso de pulverizações fora de horário, com ventos fortes, plantios com
excesso de umidade, pregamos práticas de cultivo e praticamos outras.
82
9. O que você sugere para a melhoria no atendimento?
No nosso caso... eu acho que é necessário manter o planejamento de atividades,
segurar equipamentos aqui nas épocas de plantio e, colheitas e também manter
pessoal, mesmo temporário no programa para apoio nas salas de pesquisas e
campo... e também treinamento de pessoal nas áreas específicas.
83
APÊNDICE D
ENTREVISTA Nº 4
1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você iniciou suas atividades no IAPAR?
Quando eu comecei, eu... eu fui sucessor de uma estrutura, muito... até certo ponto,
paternalista, por parte dos administradores anteriores. Havia aqui dentro feudos,
onde os pesquisadores eram donos das áreas e também protegiam operários rurais,
que era a nossa mão de obra. E isto era um vício difícil de ser administrado, que
criava... além de criar disfunção, dificultava a execução de uma administração mais
científica. Quer dizer, a minha formação não é administração, sou fitotecnista, mas
eu procurei através de uma reestruturação minimizar os problemas administrativos.
A estação era uma estrutura viciada com feudos... Por exemplo, o programa trigo
tinha uma área dentro da estação, o programa feijão... enfim, eles faziam dela o que
bem entendiam. Então não sobrava para o administrador espaço para que ele
cumprisse efetivamente o papel dele, coordenar estas estruturas do ponto de vista
técnico e administrativo. Por outro lado, uma estrutura muito boa em termos de
apoio à pesquisa. Aquela época tinha bastante gente, embora nós utilizássemos em
função do que eu já citei. Problemas diversos, máquinas, por exemplo, era muito
sério. Naquela época tínhamos poucas coisas. Também não tinha disponibilidade
tecnológica que hoje tem, mas tínhamos um bom sistema de irrigação, ou seja, o
foco de uma maneira geral era o problema técnico administrativo.
2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura
organizacional? Eu só diria que... Como coloquei antes... isso aqui foi o quadro que eu encontrei. O
que eu tinha, além de tudo, só pra completar aí, né?... uma estrutura de apoio muito
boa por parte dos TAs. Na época tinha o I., que era o T.A. mais antigo, e com
bastante experiência, o V.... e o O..., aquele que faleceu. Quer dizer, então era uma
mistura danada de problemas e serviços, né? Eu procurei diante da experiência e
característica de cada um, setorizar a estação e rotaciona. Quer dizer, então pra
minimizar, diminuir os efeitos daqueles vínculos de amizade, inclusive entre os TA(s)
dos programas e da estação. Naquela época todos os T.A(s) do IAPAR eram
diretamente ligados a APE... não sei se você se lembra disso. Ah! Não é da sua
época, Aldo, você veio depois. Então os TA(s), inclusive os dos programas, todos os
programas era uma salada. A APE era uma estrutura central como se fosse hoje aí
na estação que você comanda. Ela distribuía aos programas... era chamado o apoio
técnico. Se bem que o fim deste outros técnicos era muito mais válido para o líder de
84
programa e coordenador de área técnica, a qual eles faziam parte. Mas em termos
de hierarquia eles eram... eles pertenciam, então, à estação experimental. O que ...
quando eu descobri, foi um facilitador. Também eu não sabia destes instrumentos,
falei pô, estes caras nós.. vamos ter que usar, mas não vamos nos aproveitar disto,
mas vou aproveitar, justamente para efetuar as mudanças, começar a fazer à
mudança. Então como eu disse, a estrutura era central da APE para os programas,
eles pertenciam a APE, o programa era a atividade somente.
A partir desta época, o assunto seria o que foi feito em termos de mudanças. Em
primeiro lugar, eu acabei com os feudos, tentei... melhor... acabar com os feudos,
que deu bastante trabalho e principalmente que por traz destes feudos... questões
de clientelismos, ou seja, o engenheiro agrônomo, pesquisador, né?... ele delegava
coisas pro TA e muitas vezes em disfunção, e por sua vez, fazia o trabalho de
pesquisador e delegava pro operário rural, funcionário que estava à disposição da
área... O custo operacional disto era que, você praticamente não tinha acesso para
gerir a mão de obra que na realidade era da estação. Então eu passava no apoio e
via o cara trabalhando com sementinha de feijão, trazia pra cá, e levava pra lá, era
isso. Isso foi em 80, falei pô... Era um protecionismo, problema sério. Então o que eu
fiz, em termos organizacionais... Em primeiro lugar, eu tirei todo mundo dos
programas, e todo mundo ficou ligado a estação, criei mecanismos, procedimentos
de solicitação de mão de obra. Meu amigo foi uma briga de arrebentar, e neste
ponto valeu a minha agressividade, tive que ser muito duro. Ainda bem que, neste
sentido eu não tenho muita dificuldade em ser briguento, mas agressivo no bom
sentido. Quer dizer, muita firmeza, eu perguntava você precisa de quem? Eu preciso
do Z..., o T..., não sei mais quem, então eu falo: não! Quem sabe de quantas
pessoas você precisa sou eu. Se o pesquisador precisa exatamente destas pessoas,
é por que ela tem alguma característica especial, que é dedicada ao trabalho em
questão. Eu diria então, operário não pode ter, pra isso tem um monte de
especialistas... doutores no IAPAR. De vez em quando a gente tava trombando com
pesquisadores neste sentido. Algumas preferências, também, pessoas que por
exemplo, sabia abrir trincheiras de solo, fazer leituras de perfil de solo. Então tinha
que ter bom senso, um pouco, mas com freio de mão puxado.
Eu falava, também, não vou brigar, criar caso com todo mundo. Como eu era
pesquisador, tudo ficava mais fácil negociar... Estando no mesmo nível, mas sempre
quando dava problema, eu batia de frente. Eu dizia que nem o Zagalo, “vocês vão
ter que me engolir”.
Eu era ligado a APE e era cargo de confiança. Queria respaldo.. Vou usar minha
autoridade e vou organizar esse troço como deve ser ou pode colocar outro.
Em termos organizacionais, primeiro foi isto: acabo com esse monopólio de uso de
operário, operário era da estação e distribuído conforme a demanda.
85
3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?
Eu hoje vejo que a estrutura da estação está muito capenga, em função da mão de
obra, do descaso que houve nos últimos governos. Muito embora, já aposentado a
sete anos, eu vejo isso. Eu sempre... desde que eu saí daqui, eu mantive um contato
muito grande que a gente que fazia um trabalho em conjunto aqui no IAPAR em
convênio com a Embrapa e Cooperativas. Se vê então, nunca deixei de conviver. Eu
acho que é raro a semana que você não viu minha cara aqui. Prefiro trabalhar com
pesquisa e tal. Então eu vejo o seguinte: a mão de obra minguou, em função
qualidade por questões da quantidade de pessoas e principalmente pelo tipo de
contrato que se faz hoje, onde você não tem vínculo, tá? ... e que o cara sabe que
não poderá trabalhar aqui por dez anos e tal. Então o cara meio que, não tem
comprometimento ou o compromisso é muito pequeno. Em contrapartida, como eu
nunca vi tanto investimento, na parte de estrutura física, o que eu vejo até
desnecessária, como por exemplo, essa colhedora que vocês compraram, daquele
tamanho, pra colher nestes terraços aqui. Talvez fosse melhor ter duas pequenas,
faria um melhor trabalho. Faz um monte de prédio, constrói, tem mais pedreiro aqui
dentro do que operário de campo.
Então... este... ela tá sofrendo um processo de inchaço. Vai servir pra fazer uma
base espacial. Então eu acho que a estação... o IAPAR está passando por um
gigantismo muito grande. É a mesma coisa, Aldo, que você comprar uma carroceria
de Ferrari e colocar um motor de gordini.
Não adianta ter tanta estrutura, tudo isso... Essa injeção de recurso somente em
estrutura física e faltar pesquisadores e mão de obra.
4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da
pesquisa ou dos pesquisadores?
Eu colocaria, assim, um ressalto, neste item. Como eu estou fora, eu posso não
estar sendo muito consistente. Isto aqui é um pressuposto de alguém que está aqui
dentro, usando a estrutura. Eu estava aqui, mas ligado à parte técnica e executando
trabalhos fora, não é? Mas isto é a forma como eu vejo, com a minha experiência.
Sou formado há 40 anos sempre trabalhando nesta parte. Quer dizer, é assim, que
eu vejo.
5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a
disponibilidade atual é satisfatória?
Olha, eu acho que ela está além do que é necessária. Hoje se vê máquinas novas...
Eu não sei as dificuldades de hoje que vocês tem, mas se vê tudo funcionando.
86
Então, comparo com a nossa época, fazíamos gambiarras, não vencia comprar
peças de máquinas e tratores, quebrava muito.
Eu diria que é um ponto fundamental, do instituto... Até bate um pouco com esta
questão do crescimento muito grande por parte da estrutura física. Seus tratoristas,
meu amigo, aqueles antigos, hoje não servem pra pilotar estas máquinas, tem que
ter contratações de gente nova, acompanhar as inovações.
Resumidamente hoje tem máquinas de sobra no IAPAR e a disponibilização é mais
que satisfatória na minha opinião.
6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela
Estação Experimental de Londrina?
Eu diria más administrações, por parte de diretorias, Recursos Humanos, Diretoria
Técnica... Tivemos muitos problemas e eu sempre fiz parte disto. Eles nunca
apoiaram a estação quanto a sua finalidade. São burocratas... Nós sofremos muito
com isso. Outros problemas eram resolvíveis, mas o pior problema é o político.
Sempre se envolverem com problemas de governo... de repente muda o secretário...
Ah!... tudo que o IAPAR fez até agora está tudo errado. Nós não vamos discutir com
o governo não é?Política muda, governo, presidentes, mas o IAPAR continua.
Então acho que o maior problema apresentado está na submissão política. A ciência
pra funcionar tem que ser neutra, a neutralidade da ciência é fundamental.
7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como
adequada à distribuição?
Sim eu acho que você hoje, você ainda demanda... Acho que nós perdemos muitas
áreas boas. Com relação... no caso do jardim Botânico, estamos muito amarrado aí,
mal localizado. A cidade encostou demais, estamos muito próximo à cidade. Tava
conversando com o A..., vamos perder mais área ainda 50 m de área pesquisa.
Você ta sabendo disto né? Vamos perder perto de sete ha... Só na área da
Embrapa. Tudo bem ...é exigência da área ambiental... tudo isto é importante
também. Nós temos sempre que se adequar. Não sei dizer se ela é adequada, mas
pelo que tem de gente pra fazer pesquisa, eu acho que sim. Pelas voltas que dou na
Estação, se vê que a ocupação dela é perfeita. Tá tudo sendo usado, nem há muitas
áreas de reserva. Pra atender a função nossa que é a pesquisa tá ótimo. A parte de
produção pode ficar de reserva.
8. Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?
Eu acho pelo contato que eu tenho com o IAPAR, hoje, um contato bem próximo,
né? Eu to como voluntário... O que falta disponibilizar é uma forma de fazer a turma
trabalhar mais motivada, motivada em termos de saber que ela terá isso aqui, tá?
87
Durante muito tempo e principalmente, utilizar de uma forma muito criteriosa e feroz
a tal de avaliação de desempenho. Eu sempre fodi os caras aqui dentro e eu era o
ruim. Sempre fui taxado como ruim. Eu pegava uns elementos malandros, eu ia lá e
botava, dava zero, e tinhas muitos caras protegidos de pesquisadores e colocava
como excelente. Então eu acho que falta o pessoal valorizar o IAPAR, valorizar os
benefícios, a estabilidade, valorizar os salários que tem a instituição... E o IAPAR
usar com critério e firmeza junto com equipe disciplinar a avaliação de desempenho.
Com a estação presente. Valorizar as pessoas que trabalham.
No meu tempo também não tinha mecanismo de controle, mas a avaliação aqui
sempre foi uma palhaçada. Isso aqui é fundamental...Então a minha opinião de
apoio e serviços que falta disponibilizar é... são critérios que possam realmente fazer
com que a pessoa valorize o trabalho.
9. O que você sugere para a melhoria no atendimento?
Eu acho Aldo que tudo que nós falamos aqui.. Como eu disse... a questão de
valorização, do IAPAR, né?... das pessoas que se dedicam ao trabalho... Criar
mecanismos de punição e premiação. Essa questão da avaliação também... O que
eu sugiro é que vocês façam uma reflexão do que a gente conversou aqui... Opinião
de um ... um cara que participou deste processo por 25 anos. Muito Obrigado pela
oportunidade.
88
APÊNDICE E
ENTREVISTA Nº 5
1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você
iniciou suas atividades no IAPAR?
Eu iniciei minhas atividades quando começou o IAPAR. Eu vim do IBC, e
praticamente eu vi o IAPAR começar... Não somente ajudava na estação, mas
ajudava na montagem dos experimentos dos programas. Tinha bem poucos técnicos
agrícolas e operários de campo. Depois foi contratando gente.
Olha Aldo, a estrutura era bem diferente da atual, porque no início não tinha toda
esta estrutura que tem hoje. Eu comecei na estação experimental e as atividades
eram poucas. Na estação eu ajudava em outros problemas, porque não tinham
muitos técnicos agrícolas e a demanda dos programas era alta. Ajudei muito no
programa trigo que na época não existia máquinas para semear, colher, pulverizar
herbicidas, programa feijão, desenvolvimento da variedade rali, que hoje é extinto,
mas era bem diferente.
Trabalhos eram mais manuais, a mão de obra naquela época... os funcionários eram
jovens, né? Então era mais fácil trabalhar... o regime era outro. A gente tinha
autonomia para contratar, demitir, então era mais fácil. Hoje tem o pessoal
aposentando, velho, muitos de atestado, outros faleceram. Esta cada dia mais difícil
de trabalhar... essas leis trabalhistas que complicam, neste regime estatutário. Até
hoje não é? Tem estes contratos temporários, pra pesquisa, e só renovado um ano,
tem que contratar novos... se fosse uma linha de produção até não teria problema,
mas pra pesquisa é um problema muito grande, é um dos fatores que deixa a
desejar.
Tinha estrutura de máquinas, não muito potentes como agora... era limitado, na
época era tudo feito manual... hoje é mais fácil com estas máquinas modernas,
plantio direto, herbicidas. Antigamente tinha que arar, era plantio todo convencional,
não tinha herbicidas pós-emergentes. Hoje temos mais recursos e tudo ficou mais
fácil.
Existiam programas de governo com renome internacional, como GTZ...o Doutor
Rolf que comandava ...onde iniciou o plantio direto na década de 70... tinha bastante
ensaios de rotação de culturas, ensaios de solo, preparo de solo perda de solo.
89
2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura
organizacional?
Antigamente o presidente do IAPAR... o Juliatto... constatou que um órgão de
pesquisa, no porte do IAPAR, para funcionar bem ...teria que ser assim, na
proporção de 1 pesquisador para 3 T.As e 3 Operários de campo... mas esta
proporção era naquela época. Não sei se mudou isso... ele tirou esta conclusão em
outros órgãos... em outros países.
Nunca conseguimos manter esta relação, sempre houve deficiência de operários,
até hoje.
A estrutura não mudou muito, houve trocas, mas continua mais ou menos a mesma
coisa.
3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?
Há época eu estava adjunto a APE, Xambrê, Umuarama... você apoiava também
aqui, éramos cinco técnicos, somente para a estação.
Hoje temos mais projetos em andamento... tinha mais pessoas, menos
equipamento, mas hoje é mais tecnificado... só que com menos pessoas.
Hoje, pra tocar pesquisa precisa muito de mão de obra, sem mão de obra não se faz
nada, apesar de ter equipamento bastante. A mão de obra nos programas está em
defasagem.
4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da
pesquisa ou dos pesquisadores?
É adequada na medida do possível... Considerando no meu tempo, a gente resolvia
muitas coisas, às vezes não dependia só da gente. Dependia de outros fatores.
Sempre atendemos, mesmo com alguns contratempos, sempre tem né? Alguns
problemas eram de ordem climática, feriados prolongados, horários do trabalho,
saídas pro almoço, faltas sem aviso.
Há uma diversidade muito grande de tarefas, então, Aldo, na minha opinião, o
governo deveria olhar pra isto com outros olhos, estas questões... Contratos
temporários que são improvisos e não atendem totalmente a pesquisa... Temos
muito a perder em resultados e eficiência com isto no IAPAR.
O campo experimental, por ser operacional, ainda cobre certas demandas, em
alguns casos, mas em outras atividades, setores, exemplo, laboratórios... Como este
pessoal poderá trabalhar com instrumentos de aferição, medidas, escalas e
conversões? Precisam treinar e depois perde tudo. É a realidade hoje, no meu
90
tempo já era assim. Eu penso sempre: o que vai ser do IAPAR daqui algum tempo,
se não mudar isto.
5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a
disponibilidade atual é satisfatória?
Não era muito satisfatório na minha época. Atualmente, nos últimos meses, quando
eu estava, foi aparecendo alguns implementos novos e tratores mais modernos.
Hoje eu estou vendo, melhorou bem, como nunca, Houve renovação de frota.
Já não estão muito sucateadas, era um tal de tirar peças, comprar, não tinha
dinheiro para serviços, comprar peças. Quando eu estava saindo já estava
chegando máquinas novas, construindo casas de vegetação, prédios de
laboratórios, compra de equipamentos pela Fapeagro e tal. Faltam agora máquinas
pequenas, e implementos adaptados à pesquisa.
Hoje é satisfatória. Parece... este último governo injetou bastante recurso no IAPAR.
Bastante convênios... isto facilita bastante, mas também precisa de pessoas.
6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela Estação
Experimental de Londrina?
O maior problema é o problema de mão de obra, este foi o maior estrago, deu maior
desgaste... atinge os trabalhos dos técnicos, pesquisadores, e sabe?... esta
defasagem aconteceu pelo envelhecimento do pessoal, aposentadorias, rendimento
baixo... os temporários resolvem parte desta defasagem.
Hoje consegue suprir de máquinas, computadores... vai chegar o tempo de ter
máquinas e não ter quem operar. O maior estrago foi nos primeiros anos no início,
da década de 70. Tivemos falta de equipamento ... hoje inverteu... de 80 pra cá.
Não sai concursos públicos?
Eu penso que deveria a estação ter um recurso à parte para contratar seu próprio
pessoal, pagando direitos e tudo, mas fazer isto pela estação, com autonomia.
Vai como sempre empurrando com a barriga, e chega na hora certa de usar a mão
de obra não tem, e corre risco de prejudicar a pesquisa.
Sem dúvida o maior entrave da estação experimental, hoje é o problema da mão de
obra. Hoje equipamento tem bastante. Pesquisa não pode faltar mão de obra. Hoje
mesmo não tem ninguém, não é? Está esperando pra contratar o pessoal do CRES.
Estes contratados também não é legal. Pode dar problemas no futuro, ações
trabalhistas, por exemplo. Seria importante a estação ter autonomia para contratar.
Hoje também não tem mão de obra rural disponível, pessoal de campo que veio do
sítio. Hoje o pessoal tem leitura e não quer mais serviços pesados.
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7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como adequada
à distribuição?
Não avalio como adequada, está bem abaixo do ideal. A área deveria ser bem maior
pra que houvesse área delimitada pra cada programa ter uma área. Precisaria do
dobro da capacidade em área poder fazer uma rotação de culturas. Iniciar tudo de
novo. As áreas são insuficientes. Prejudica a pesquisa. Os programas estão há
décadas na mesma área. Ainda mais agora com o jardim botânico, a cidade está
chegando perto. A fazenda ficou pequena, rodeada de conjuntos habitacionais.
Agora essa área livre de aplicação de agrotóxicos... Só está diminuindo cada vez
mais...
Há uns 15 anos atrás, já foi cogitada a compra ou troca não sei, desta área por uma
área e se mudar a área de pesquisa pra outro lugar. Como fez a Embrapa, que
estava, lembra, provisoriamente aqui junto no IAPAR. Eles compraram lá na Warta
250 alqueires pra pesquisa, eles tem uma área grande. O IAPAR com este número
grande de projetos é insuficiente a área... aqui só ficaria a sede do café ... pra cá, o
prédio, a estrutura física.
Comprar uma área bem mais homogênea, que pudesse fazer esta rotação na área
de pesquisa, numa área melhor, mas isto envolve venda, negociação... isto também
é complicado.
Pra continuar teria que sair daqui. Nós estamos impossibilitados de fazer pesquisa,
rodeado de conjuntos... áreas residencial... não pode aplicar defensivo... é problema
de invasão.
Uma das coisas que precisava era mudar a estação, área mais plana, longe de
conjuntos habitacionais.
8. Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?
Bom, eu não estou mais aqui, mas na minha opinião falta gente de apoio ao campo.
Precisa contratar mais pessoal efetivo. A meu ver, também os programas estão
defasados em armazéns, terreiro, secador para grãos, essa infra-estrutura... casas
de vegetação que sempre foi uma briga danada, uma disputa por espaço, e um
pesquisador não pode usar ali com produto tal... porque tem criação de mosca
branca... outro contaminação por nematóides... Então tem... teria que ter espaço
sobrando pra atender todos os programas com folga.
No meu tempo se dizia muito que pra cada R$1,00 investido aplicado na pesquisa, o
retorno era de setenta vezes mais para o governo, agricultor, arrecadação. Se
aplica 1 e o retorno é garantido, a longo prazo, né? Falta visão de futuro por parte
dos governantes... pensar no retorno lá adiante. Igual aos países de primeiro mundo.
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9. O que você sugere para a melhoria no atendimento?
Autonomia para contratar e demitir pessoas, pela estação... Sem passar por
processos complicados. Já que governo não sinaliza contratos efetivos, tem que
haver outra forma de ter pessoal pra não prejudicar os trabalhos.
Pensar em novas formas de contratos. Olha, um exemplo bom, é o que a Corol faz,
fazia em colheitas de laranjas. Lembra?
Também hoje já é difícil contratar, pois não há mais pessoal com experiência,
tarefas rurais. Então investir bastante em treinamento também.
Mudar alguns métodos de pesquisa, fazer o pesquisador adequar o projeto dele com
o que se pode hoje atender. Exemplo: trabalhar com parcelas de ensaios com
menores tamanhos, trabalhar mais em estufas, casas de vegetação, áreas reduzidas
etc...
Flexibilizar os horários do pessoal... tem trabalhos específicos que precisa de horário
à tarde, manhã, sem sol... Enfim precisa moldar esta questão. Às vezes a direção
proíbe ou quer diminuir as horas extras.
93
ANEXOS
94
Figura 1
ORGANOGRAMA DO IAPAR
95
Figura 2
IMAGEM AÉREA DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL
Vista Aérea da Fazenda Experimental de Londrina – Sede (Ponto de visão = altitude 2,8 km)
96
FIGURA 3
MAPA DE BASES FÍSICAS DO IAPAR