LEIKO NEMOTO DE BARCELLOS FERREIRA
ALFABETIZAO CARTOGRFICA E
FORMAO DO PROFESSOR:
UM APRENDIZADO SIGNIFICATIVO
MESTRADO EM EDUCAO
UNISAL
Americana
2011
LEIKO NEMOTO DE BARCELLOS FERREIRA
ALFABETIZAO CARTOGRFICA E
FORMAO DO PROFESSOR:
Um aprendizado significativo
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao do Centro Universitrio Salesiano de So Paulo - UNISAL, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Educao, sob a orientao do Prof. Dr. Lus Antonio Groppo.
UNISAL
Americana
2011
Ferreira, Leiko Nemoto de Barcellos
F441a Alfabetizao cartogrfica e formao de professor: um aprendizado significativo / Leiko Nemoto de Barcellos Ferreira. Americana: Centro Universitrio Salesiano de So Paulo, 2012.
86 f. Dissertao (Mestrado em Educao). UNISAL SP. Orientador: Prof. Dr. Lus Antonio Groppo. Inclui bibliografia. 1. Geografia. 2. Alfabetizao cartogrfica.
3. Formao de professor. 4. Representao grfica Brasil. I. Ttulo.
CDD 372.414
Catalogao elaborada por Maria Elisa Pickler Nicolino CRB-8/8292 Bibliotecria Chefe do UNISAL Unidade de Ensino de Americana.
Leiko Nemoto de Barcellos Ferreira
Alfabetizao Cartogrfica e Formao do Professor:
Um aprendizado significativo
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao do Centro Universitrio Salesiano de So Paulo - UNISAL, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Educao, sob a orientao do Prof. Dr. Lus Antonio Groppo.
Dissertao defendida e aprovada em 31 de Agosto de 2011, pela comisso julgadora.
_______________________________________________
Prof. Dr. Lus Antonio Groppo - Orientador / UNISAL
_______________________________________________
Prof. Dr. Renato Kraide Soffner / UNISAL
_______________________________________________
Prof. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro / UNISAL
Americana, 31 de agosto de 2011.
Dedico esta dissertao:
Aos meus pais pelo estmulo e compreenso.
A todos os professores que acreditaram no meu trabalho.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente,
contriburam para a concluso de mais esta etapa.
Agradecimentos
Elaborar uma dissertao como esta foi como reunir retalhos e costurar a mo, para
tanto precisei e pude contar com muitas mos. Mos que contriburam das mais
variadas e imprescindveis formas. Assim, meu agradecimento:
Ao Professor Doutor Lus Antonio Groppo, meu orientador, que soube conduzir os
estudos e olhar para cada detalhe dando os devidos valores, motivando e fazendo
da orientao uma realizao.
Aos Professores Doutores Renato Kraide Soffner e Sueli Maria Pessagno Caro,
membros da banca examinadora de defesa, pelas contribuies tericas e prticas
que enriqueceram o trabalho.
Ao Sergio Ricardo de Barcellos Ferreira, meu marido e aos nossos filhos, Nathalia,
Las e Ricardo, que no me deixaram desistir e por sonharem comigo.
s Professoras: Ariadne Rodrigues, Edilma Moura, Erika Rodrigues e Ftima
Soares, pelo companheirismo durante todo o curso.
Tambm agradeo Secretaria da Educao do Estado de So Paulo, na pessoa
do Prof. Pedro Magalhes, Coordenador do Programa Bolsa Mestrado da
Secretaria de Estado da Educao de So Paulo, pela oportunidade e concesso
de bolsa.
[...] hoje cada um de ns
como o ponto singular de um holograma que,
em certa medida, contm o todo planetrio que o contm.
Edgar Morin (1990)
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo a realizao, baseado na pesquisa de campo e
bibliogrfica, de um estudo que leve observao, descrio, interpretao,
anlise e posterior compartilhamento de saberes relacionados ao tema
Alfabetizao Cartogrfica, nas sries iniciais do Ensino Fundamental (1 a 4
sries) e formao dos professores que atuam nas escolas estaduais da cidade de
Registro, no Vale do Ribeira, Estado de So Paulo. Neste estudo h a inteno de
que a escola possa, por meio da Geografia, mais especificamente da Cartografia,
oferecer ao aluno dados e informaes que possam gerar conhecimento geogrfico
ampliando seu repertrio pessoal e contribuindo para sua formao cidad.
Destaca-se ainda a importncia do trabalho do professor para que esta formao
seja enriquecida, ou seja, que se torne real o conhecimento do espao terrestre por
parte do aluno; o espao terrestre reconhecido e valorizado como agente educativo
voltado ao bem estar social.
Palavras-chave: Geografia. Alfabetizao Cartogrfica. Formao de Professor.
Representao Grfica.
ABSTRACT
This work aims at the realization, based on field research and literature, a study that
leads to the observation, description, interpretation, analysis and subsequent sharing
of knowledge related to the theme Literacy Cartography in the early grades of
elementary school (1st to grade 4) and training of teachers working in state schools
in the city Registro, in the Ribeira Valley, State of So Paulo. In this study it is
intended that the school can by geography, cartography specifically to provide the
student data and information that may generate geographic knowledge expanding
her repertoire by contributing to their personal and civic education. We also
emphasize the importance of teacher's work for this training is enriched, ie, it
becomes real knowledge of terrestrial space, by the student and the teacher. Floor
space as a recognized and valued educational agent returned to welfare
Keywords: Geography. Cartography Literacy. Teacher Training. Graph
Representation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Mapa Mesopotmico de Ga-Sur 19
Figura 2 Mapa Mundi de Anaximandro 540 a.C e Hecateu - 500 anos a.C
20
Figura 3 Mapa Brasil Climas......................................................................... 22
Figura 4 O Tratado de Tordesilhas (1494).................................................... 23
Figura 5 Mapa Mundi de Jernimo Marini (1512).......................................... 24
Figura 6 Mapa de Lus Teixeira (1574) com a diviso da Amrica Portuguesa em Capitanias..............................................................
26
Figura 7 Mapa atual do Brasil com 26 estados e mais o Distrito Federal.... 27
Figura 8 Maquete de sala de aula, iniciando o trabalho geogrfico............. 28
Figura 9 Mapa/representao do trajeto que o aluno faz de sua casa at a escola..............................................................................................
28
Figura 10 Croqui de uma casa, elaborado por profissional e com as medidas...........................................................................................
30
Figura 11 Mapa do Brasil em diferentes escalas............................................. 32
Figura 12 Carta Martima que orientou a navegao exploratria.................. 33
Figura 13 Exemplificao dos Tipos Principais de Projeo .......................... 34
Figura 14 Organograma Simplificado da SEE-SP.......................................... 52
Figura 15 Localizao da Cidade de Registro................................................. 54
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Faixa Etria dos Professores do Ensino Fundamental.................. 44
Quadro 2 Escolaridade do Professor no Ensino Fundamental....................... 45
Quadro 3 Professor com Formao Superior.................................................. 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resultados Finais do Censo Escolar 2010..................................... 55
Tabela 2 Distribuio de PEB I nas Escolas Estaduais da Cidade de Registro (2010)................................................................................
57
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Formao Acadmica dos Professores........................................... 62
Grfico 2 Tempo de Docncia........................................................................ 63
ABREVIATURAS E SIGLAS
ACI Associao Cartogrfica Internacional
CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
CEI Coordenadoria de Ensino do Interior
CENP Coordenadoria de Ensino e Normas Pedaggicas
CF Constitutio da Repblica Federativa do Brasil
DERR Diretoria de Ensino-Regio de Registro
DCN Diretrizes Curriculares Nacionais
EAD Ensino a Distncia
EE Escola Estadual
EJA Educao de Jovens e Adultos
GDAE Gesto Dinmica da Administrao Escolar
GPS Sistema de Posicionamento Global
HTPC Hora de Trabalho Pedaggico Coletivo
IDH ndice de Desenvolvimento Humano
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
ISA Instituto Socioambiental
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional
MEC Ministrio da Educao
ONU Organizao das Naes Unidas
OP Oficina Pedaggica
PEB I Professor da Educao Bsica I
PP Projeto Pedaggico
SARESP Sistema de Avaliao e Rendimento Escolar do Estado de So Paulo
SEB Secretaria da Educao Bsica
SEE Secretaria de Estado da Educao
SEF Secretaria da Educao Fundamental
SUITE Sistema Unificado de Informaes sobre Telecomunicaes
UE Unidade Escolar
UNESCO Unidade Escolar
USP Universidade de So Paulo
SUMRIO
INTRODUO 14
PARTE I A GEOGRAFIA E A FORMAO DO PROFESSOR. 17
CAPTULO I A GEOGRAFIA ........................................................................... 17
1.1. Breve Histrico da Geografia........................................................................ 17
1.2. A Geografia na Escola.................................................................................. 24
CAPTULO II - A CARTOGRAFIA....................................................................... 31
2.1. A Cartografia e seus Elementos.................................................................... 31
CAPTULO III - A ALFABETIZAO CARTOGRFICA.................................. 38
3.1. A Alfabetizao Cartogrfica na Escola........................................................ 38
CAPTULO IV - A FORMAO DO PROFESSOR PARA O ENSINO DA CARTOGRAFIA...................................................................................................
42
4.1 O Status do Professor.................................................................................... 42
4.2. O Professor e o Ensino da Cartografia......................................................... 48
PARTE II A PESQUISA DE CAMPO............................................................... 52
CAPTULO V - AS ESCOLAS ESTADUAIS DA CIDADE DE REGISTRO........ 52
5.1. A Diretoria de Ensino da Regio de Registro e suas Escolas...................... 52
5.2. O Ideal e o Real apresentado na Pesquisa................................................... 58
CAPTULO VI - A PROPOSTA DE UMA OFICINA CARTOGRFICA.............. 67
CONSIDERAES FINAIS................................................................................. 73
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................... 76
REFERNCIAS DAS ILUSTRAES... 81
APNDICE. 83
ANEXOS 84
14
INTRODUO
A meta desta dissertao conhecer como acontece a alfabetizao
cartogrfica e como se desenvolve a formao do professor que atua nas sries
iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas pblicas da cidade de Registro,
pertencentes Diretoria de Ensino de Registro. H vrias formas de entender e
trabalhar em sala de aula a Geografia e a alfabetizao cartogrfica; as possveis
intervenes educativas demandam partir deste trabalho do professor e espera-se
o aluno faa uso destes conhecimentos para facilitar seu dia a dia.
A Cartografia parte integrante da disciplina de Geografia, que uma cincia
que tem por objeto de estudo o espao terrestre e a distribuio espacial de
fenmenos que se desenvolvem na paisagem natural ou humanizada. Esta
disciplina desenvolvida nas sries iniciais do Ensino Fundamental compondo a
disciplina de Estudos Sociais junto Histria, que se ocupa do tempo e das
intervenes do homem sobre ele; assim estas se ocupam do tempo (Histria) e do
espao (Geografia) em que vivemos; tambm por delas que o homem procura
compreender e planejar onde vive. Neste estudo, a Cartografia se coloca como
ferramenta de trabalho do professor.
No mundo de hoje a linguagem grfica, icnica e gestual tem grande
representatividade, est contida em todos os ambientes pelos quais convivemos e
assim devemos conceber a cartografia.
Segundo Jolly (1990, p.7), a Cartografia a arte de conceber, de levantar,
de redigir e de divulgar os mapas. Um mapa uma representao geomtrica
plana, simplificada e convencional, do todo ou de parte da superfcie terrestre, que
uma superfcie curva.
A cartografia est inserida neste contexto de mundo que os alunos tm na
escola, como facilitadora desta linguagem, fazendo dela um meio particular de
aprendizado, utilizando-a na interao social, quer seja por uma leitura de simples
rota do metr, indicar um endereo para algum, identificar uma rua, ou localizar-se
dentro de um shopping.
A pesquisa visa levantar dados e informaes quanto s aes que so
desenvolvidas nas escolas, em relao aos fatores que possam dificultar ou facilitar
o aprendizado do conhecimento geogrfico, mais particularmente, o cartogrfico.
15
Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa de campo, por meio de registros
bibliogrficos, que resultou numa oficina, como alternativa para o enriquecimento
das aulas e a ampliao do conhecimento geogrfico do professor. Observa-se que
a oficina foi elaborada com base na demanda que o grupo de professores
pesquisados apresentou.
O objeto de estudo desta pesquisa se constitui de um grupo de professores
selecionados em dezembro de 2008, que ministravam, na poca, aulas nas sries
iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas da cidade de Registro, pertencentes
rede estadual paulista.
Este trabalho busca apresentar a geografia real, destacando a cartografia
aplicada vida do aluno; cartografia entendida como cincia e arte que aborda
conceitos, smbolos e significados, que descrevem lugares, pontos, referncias e
que permite ao aluno elaborar ou interpretar cartas, mapas ou roteiros prprios ou
de outrem, facilitando a sua interao social.
O contedo sobre Alfabetizao Cartogrfica e Formao de Professor, est
dividido em duas partes: Parte I - A Geografia e a Formao do Professor,
distribuda em quatro captulos e a Parte II - A Pesquisa de Campo com dois
captulos.
Parte I Captulo I A Geografia, se inicia com um breve histrico da
Geografia e delimita seu objeto de estudo e campo de atuao como cincia. Prope
a Geografia atualizada, como tema a ser desenvolvido em sala de aula, sua histria
e evoluo; destaca quais so os contedos e conceitos que compem o
conhecimento geogrfico e sua base curricular expressa nos documentos oficiais
aplicada aos alunos das sries iniciais do Ensino Fundamental.
O Captulo II A Cartografia, possibilita uma mostra da cartografia como
elemento da Geografia, apresenta um breve histrico, algumas definies do que o
estudo cartogrfico, seus elementos e sua importncia para o cotidiano social.
O Captulo III A Alfabetizao Cartogrfica uma busca pelos caminhos e
pelos conhecimentos que o aluno deve apreender para que possa usufruir no seu
cotidiano, desde a construo de um croqui da casa onde mora at a leitura de um
mapa mais elaborado que ilustre um Atlas, por exemplo.
O Captulo IV A Formao do Professor para o Ensino da Cartografia,
busca investigar a formao dos professores que atuam nas sries iniciais e como
16
acontece essa atuao; destacamos o perfil do professor e suas atribuies frente a
uma sala de aula.
Na Parte II Captulo V As Escolas Estaduais da Cidade de Registro-SP,
retrata-se o campo e o objeto a ser investigado, ou seja, as escolas estaduais da
cidade de Registro, no Vale do Ribeira, interior do Estado de So Paulo, da Diretoria
de Ensino da Regio de Registro e seu pblico.
O Captulo VI Proposta de uma Oficina Pedaggica, relata o trabalho
desenvolvido em parceria com as especialistas de Histria e Geografia da Oficina
Pedaggica (OP) da Diretoria de Ensino da Regio de Registro (DERR). A proposta
com as Professoras Coordenadoras Aparecida Pereira e Maria Helena Zanon
Salvador foi elaborada partir dos questionamentos dos professores que
participaram da pesquisa.
17
PARTE I A GEOGRAFIA E A FORMAO DO PROFESSOR
CAPTULO I A GEOGRAFIA
1.1. Breve Histrico da Geografia
O homem por sua curiosidade, mpeto, bravura ou na busca pelo poder,
desbravou, explorou e percorreu o mundo conhecido e desconhecido, utilizando
como referncias os astros e alguns registros como descreve um compndio
geogrfico elaborado no sculo IV a. C., bem como uma enciclopdia geogrfica do
ano de 993; os dois registros so chineses. (MAGALHES, 2008, p. 53).
Nos albores de sua existncia, o homem gravou em pedra ou em argila, pintou em pele de animais ou armou em estruturas diversas o seu lugar, seu ambiente e suas atividades. Ao fazer isso no s representava a prtica de suas relaes espaciais, em terra ou mar, como tambm expunha o contedo das relaes sociais de sua comunidade (KISH, 1980 apud MARTINELLI, 2010, p.7).
As mudanas constantes no espao terrestre fazem da Geografia uma cincia
em construo e se reflete na sociedade.
A etimologia da palavra Geografia vem do grego geographia, cincia que tem
por objeto a descrio da superfcie da Terra, o estudo dos seus acidentes fsicos,
climas, solos e vegetaes e das relaes entre o meio natural e os grupos,
conforme consta no Novo Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa (FERREIRA,
1986, p.846).
Troppmair (2004, p.7) afirma que atualmente a Geografia a cincia que
estuda a organizao do espao: a paisagem, diferente de outros tempos.
Em tempos passados, Geografia significava estudar para conhecer todos os aspectos de um lugar: o relevo, o clima, a vegetao, os rios, a histria do povo, seus heris e suas lendas, as artes, bem como as rotas de comrcio de uma regio ou de um pas. (TROPPMAIR, 2004 , p.7).
18
O termo Geo relativo terra e graphein escrita, ou seja, a Geografia a
cincia que descreve a superfcie da terra.
Na literatura h vrias definies para o termo Geografia. Todas contemplam
que uma cincia e seu objeto de estudo o espao, envolvendo a formao do
saber geogrfico.
Segundo Gonalves (1987), o saber geogrfico dominante fala do clima,
vegetao, relevo, hidrografia, populao, principais atividades econmicas etc. Na
verdade, pretende falar de todas as coisas e, no fundo, acaba por produzir uma
viso catica do mundo, no analisando como essas coisas se formam, se
produzem, se constituem como totalidade.
Para Sartre (1943):
A totalidade define-se como um ser que, radicalmente distinto da soma de suas partes, se reencontra inteiro de uma forma ou de outra em cada uma delas, e entra em relao consigo mesmo, seja por sua relao com uma o outra de suas partes, seja por relao com as relaes que todas ou vrias de suas partes entretm entre si (RUSS, 1994, p.295)..
Santos (2006, p. 113), entende que a questo da totalidade tem sido
enfrentada pela Geografia de maneira tmida. Duas so as verses mais frequentes
no tratamento do problema. A primeira [...] O fato geogrfico como fato social
total, maneira de M Mauss.
A busca, geralmente, a de reunir todos os elementos que definem uma
regio, ou um pas, e de alinhar todos os fatores possveis de uma dada situao
local.
A segunda, vem pela ideia de totalidade-mundo:
[...] A ideia de totalidade-mundo, no raro, inspira um fastidioso discurso filosfico e encontra, como soluo epistemolgica, o apelo noo de sistema-mundo proposta por F. Braudel [...] O principal escolho est em imaginar que esse quadro, preparado para emoldurar outras formas de ver a realidade, pode, to simplesmente, ser atribudo ao fato geogrfico (SANTOS, 2006, p.113).
Nos sculos XVI e XVII, as pessoas que desenhavam os mapas eram
chamados de gegrafos, o que corresponde nos dias de hoje aos cartgrafos.
Deste ponto em diante este estudo passa a ter ilustraes contextualizadas.
19
A Figura 1 mostra o Mapa Mesopotmico de Ga-Sur, considerado o mapa
mais antigo, j encontrado, datado de 2.500 a.C. entalhado numa placa de argila
cozida, representando o vale de um rio, provavelmente o Rio Eufrates, segundo o
IBGE (2011).
Figura 1 Mapa Mesopotmico de Ga-Sur
Fonte: Atlas Escolar IBGE (2011).
Segundo Carlos Walter Porto Gonalves (1987), professor do Departamento
de Geografia da PUCRJ, foi Immanuel Kant (1724-1804), filsofo alemo quem
iniciou a Geografia na Universidade; ministrou a primeira aula falando do espao,
dentre outras coisas. Kant, no sculo XVII, afirma que a dimenso intuitiva do
espao, que passa ento, por sua filosofia, designa uma ferramenta humana,
necessria para a construo da experincia.
A Figura 2 apresenta um mapa, datado de 500 anos a.C. que retrata os
territrios que at ento se conhecia.Este mapa foi elaborado partir dos relatos e
registros das expedies exploratrias.
20
Figura 2 Mapa Mundi de Anaximandro 540 a.C e Hecateu - 500 anos a.C Fonte: Vento do Universo (2010)
Com a introduo da Geografia nas Universidades e com as contribuies do
gegrafo, filsofo e historiador Friedrich Wilhelm Karl Heinrich Alexander Von
Humboldt (1769-1859), conhecido por Baro de Humboldt, e Carl Ritter (1779-
1859), naturalista, a Geografia firmou-se como saber especfico.
As expedies do Baro Humboldt e de Ritter propiciaram muitas descobertas
cincia geogrfica; eles observavam atentamente e se preocupavam em anotar
com riqueza os detalhes da explorao. Ritter se alongava na observao das
paisagens, e ao descrev-las buscava um entrelaamento ao conhecimento
geogrfico cientfico, tendo como referncia as Cincias Naturais.
A reflexo contnua e sistematizada acerca do espao terrestre manteve-se
presente por todas as cincias desde a antiguidade at os dias de hoje; constituindo-
se como campo disciplinar acadmico independente no final do sculo XIX, mais
especificamente no Colgio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, sendo que o
estudo da Terra, sua formao geolgica, paisagens e a formao dos territrios
compunham a disciplina. A Geografia era, anteriormente, parte da disciplina de
Histria.
Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, v.5. 1997, p.103) a
geografia foi se transformando ao longo dos anos, no que diz respeito ao fazer
geogrfico e seu incio deve-se ao Departamento de Geografia da Faculdade de
Filosofia da Universidade de So Paulo a partir do ano de 1940.
A produo acadmica em torno da concepo de Geografia passou por
21
diferentes momentos, gerando reflexes distintas acerca dos objetos e mtodos do
fazer geogrfico.
As primeiras tendncias da Geografia no Brasil nasceram com a fundao da Faculdade de Filosofia da Universidade de So Paulo e do Departamento de Geografia, quando, a partir de 40, a disciplina Geografia passou a ser ensinada por professores licenciados, com forte influncia da escola francesa de Vidal de La Blanche. (BRASIL, v.5. 1997, p.103).
A escola francesa de Vidal de La Blanche traz uma Geografia que apresenta
as relaes do homem acerca da natureza de forma estanque, ou seja fechada,
chamada, desde ento, de Geografia Tradicional.
Com as mudanas na sociedade, a Geografia Tradicional tornou-se
insuficiente para levantar os dados do homem e sua relao com a natureza, foi
ento que a partir dos anos 60 inicia-se uma transformao; a busca pelo
apresentar mais fielmente as relaes humanas com a natureza.
Segundo a Proposta Curricular do Estado de So Paulo (2008), para o ensino
de Geografia, entende-se que a diviso em Geografia Humana e Fsica, facilita o
entendimento das relaes do homem com a natureza, o que difere so as
abordagens.
Na Geografia Humana acontece o estudo dos grupos humanos, populao,
uso da terra, que so apresentados pelas disciplinas: Geografia da Populao,
Geografia Urbana, Geografia Agrria, Geografia Industrial, Geografia dos
Transportes, entre outras.
A Geografia Fsica estuda os fenmenos do meio fsico, entrelaados ao
do homem, como relevo (Geomorfologia), tipos de tempo (Climatologia), os solos
(Pedologia), as guas ocenicas e continentais (Hidrogeografia) e os seres vivos
(Biogeografia).
A Figura 3 apresenta o Mapa do Brasil, mostrando o clima nas diferentes
regies no Brasil, na escala 1:5.000.000.
22
Figura 3 Mapa Brasil Climas
Fonte: IBGE (2002)
Complementando esta ideia da diviso da Geografia, Magalhes (2008)
destaca que a Geografia Humana aborda a relao dos seres humanos sobre a
terra; uma relao de influncia uns sobre os outros, proporcionado
desenvolvimento. Compreende estudos sobre a composio, migrao, distribuio
de populaes, considerando os aspectos polticos, econmicos, sociais e histricos
das relaes homem-terra. J a Geografia Fsica est envolvida com o estudo da
atmosfera, biosfera e litosfera, a parte fsica da Terra. Para tanto, est subdividida
em partes que se interam para dar sentido ao conhecimento geogrfico.
A Geografia envolve o trabalho com o espao e, segundo Santos (1998)
chamado de conjunto de fixos e fluxos, sendo definido como elemento fixo aquele
que est fixo num determinado lugar e atravs dele possam acontecer as
modificaes e de elemento fluxo os que so novos, ou renovados e que podem
redefinir o lugar. Essa integrao de fixos e fluxos gera a realidade geogrfica.
23
Outra forma de trabalho com a Geografia envolve os conceitos de territrio e
relaes sociais, sendo territrio entendido como o meio para se fazer conhecer as
relaes do homem com a natureza.
O estudo da Geografia est ligado a espao, territrio, paisagem, fato
geogrfico e as aes do homem neste contexto. Seu objetivo apresentar esses
dados na forma grfica e ou concreta (mapas, croquis, maquetes, por ex.), levando
ao indivduo uma forma mais ampla de entender a realidade e permitir um
planejamento de preservao, manuteno ou de uma simples viagem. Para tanto
valemo-nos da cartografia.
A exemplo do uso da cartografia, temos na Figura 4 a representao grfica
do Tratado de Tordesilhas, onde se explicita as terras e seus devidos proprietrios.
Figura 4 O Tratado de Tordesilhas (1494)
Fonte: Info Escola (2011)
24
1.2. A GEOGRAFIA NA ESCOLA
A Geografia na escola brasileira tem sua origem a partir do sculo XIX, mais
especificamente no Colgio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, sendo que o
estudo da terra, sua formao geolgica, paisagens e a formao dos territrios
compunham a disciplina. A Geografia era parte da disciplina de Histria.
Encontramos a Geografia nos dicionrios e enciclopdias como uma cincia
que tem por objeto de estudo o espao terrestre, suas transformaes quanto ao
solo, clima, vegetao e a relao do homem com a natureza, bem como as suas
intervenes.
Nos sculos XVI e XVII as pessoas que desenhavam os mapas eram os
chamados gegrafos, o que corresponde, nos dias de hoje, aos cartgrafos, sendo
os italianos os mais renomados na arte.
A Figura 5 mostra o Mapa Mundi de Jernimo Marini, em 1512; o primeiro
mapa em que aparece o nome Brasil.
Figura 5 Mapa Mundi de Jernimo Marini (1512)
Fonte: Museu Tec (2011)
25
No Ensino Fundamental conhecemos uma Geografia resultante das
contribuies memorveis, que vo desde os primeiros registros nas cavernas, das
expedies do Baro Von Humboldt, passando pela Universidade de So Paulo
(USP) at os dias de hoje; vemos que a Geografia Escolar cumpriu seu papel
quando requisitada por ser a disciplina que melhor atenderia aos interesses do
governo, ou seja: no momento acontecia a formao e a definio dos Estados
Brasileiros, ento, por consequncia, deveria acontecer a insero e, em alguns
casos, o fortalecimento de alguns conceitos tais como: nacionalidade, nao e suas
estruturas, o que daria melhor entendimento aos dias vividos e auxiliaria o governo
em seu intento.
Entendemos por Ensino Fundamental, Ciclo I, as sries que compreendem de
1 4, contudo observamos que esta designao encontra-se em transio,
conforme Lei Federal 11.276/06 que normatiza o Ensino Fundamental de nove anos,
que trouxe reorganizao em anos e est acontecendo em etapas. Esclarecemos
que este trabalho teve incio em dezembro de 2008, justificando a denominao 1 a
4 sries do Ciclo I e do seu tratamento neste trabalho.
Um dos documentos oficiais que embasam o tratamento da disciplina
Geografia, no Brasil, so os Parmetros Curriculares Nacionais PCN
(BRASIL,1997), que sugerem uma abordagem cuja referncia especfica a que
propicia ao aluno a compreenso e a interveno na realidade social; que por ela o
aluno tenha elementos e vivencie situaes que o conduza anlise, estudo e
obteno de informaes e dados conclusivos quanto interao da sociedade
como um todo, inclusive com a natureza, evidenciando sua relao com o espao,
construindo as noes de espao e tempo. Destaca sua importncia na formao do
cidado e d as coordenadas de contedo e estratgias.
Partindo destas diretrizes temos, em destaque, para estudarmos uma
geografia muito ampla em seus objetivos; uma disciplina ambiciosa que, ao se
deparar com as constantes mudanas no seu objeto de estudo, se fragmenta em
partes diferentes, sendo que aqui destacamos a Geografia Tradicional.
O ensino da Geografia foi apresentado na escola, por muitas vezes, como um
simples estudo descritivo das paisagens naturais; de forma bem fragmentada, no
levando em considerao o espao que a sociedade ocupa e suas aes.
26
Na busca pelo melhor entendimento a prpria Geografia sofre com as
mudanas aps perceber que o estudo emprico no bastava por si s. As
tecnologias aeroespaciais e o computador surgem como alternativa e, a chamada de
Geografia Tradicional, se ocupa desta tendncia renovada, isso partir do ano de
1960.
Ao longo dos anos, aconteceram vrias mudanas que alteraram a Geografia
e, por consequncia, refletiram no Ensino Fundamental. Por ser uma cincia e viver
dos experimentos est em constante modificao; isso ocorre na tentativa de se
acompanhar a sociedade e suas nuances performticas.
As Figuras 6 e 7 apresentam o Brasil de 1574 e de 2011, numa viso do que
se compreendia enquanto territrio e na atualidade.
Figura 6 Mapa de Lus Teixeira (1574) com a diviso da Amrica Portuguesa em
Capitanias.
Fonte: Ministrio da Fazenda (2011)
27
Figura 7 Mapa atual do Brasil com 26 estados e mais o Distrito Federal
Fonte: Revista Escola (2011)
A Geografia do Ensino Fundamental prope ao aluno estudos que o leve
compreenso do conhecimento geogrfico, ou seja, a conhecer o mundo que o
cerca e, com isso, espera que ele possa, por meio deste conhecimento, atuar de
forma consciente e propositiva, tornar-se um cidado consciente.
Desta forma, contemplando a disciplina encontramos no discurso do professor
ou no livro didtico, a forma mais comum de apresentar ao aluno o contedo a ser
desenvolvido nas sries iniciais, que partem das noes e conceitos-chave s
composies mais elaboradas.
O observar, o descrever, o experimentar e o comparar se entrelaam de
forma a resultar em atividade geogrfica que poder contribuir para que o aluno
venha a construir suas noes e estratgias pessoais de assimilao, informaes e
dados para o seu repertrio pessoal.
Segundo Piaget (1974), as crianas passam por estgios diferenciados
quanto a sua capacidade de compreenso, sendo gradativo e cumulativo; estes
estgios devem ser explorado pelo professor para que o aluno possa construir seu
referencial geogrfico e posteriormente se localizar, locomover utlizando mapas,
roteiros, GPS, Google Maps etc.
A Figura 8 apresenta uma maquete feita em sala de aula que, geralmente,
parte inicial do trabalho cartogrfico.
28
Figura 8 Maquete de sala de aula, iniciando o trabalho geogrfico.
Fonte: Portal do Professor 1 (2011)
Nas sries iniciais do Ciclo I, ou seja, 1 e 2 sries, a paisagem e o espao
em que se vive so tpicos trabalhados, com o objetivo de propiciar ao aluno
formas variadas de percepo da realidade que lhe mais prxima; compreender o
seu espao, aquele que ele j conhece, mas ainda no reconhece como vlido. Este
trabalho de reconhecimento muito importante, pois lhe dar subsdios para um
melhor entendimento de conceitos e fenmenos mais complexos.
Figura 9 Mapa/representao do trajeto que o aluno faz de sua casa at a escola.
Fonte: Portal do Professor 2 (2011)
29
Na 3 e 4 sries os tpicos paisagem e espao so trabalhados de forma
mais complexa, em que se exige do aluno um grau de compreenso mais aguado.
O destaque est no estudo dos temas territorialidade e temporalidade, seguidos
pelos problemas socioambientais, econmicos, de crescimento na ordem
populacional e etnia; perpassando pela globalizao, natureza e sendo
interdisciplinar, valendo-se de bancos icnicos, imagticos, auditivos e visuais.
Finaliza com o estudo dos mapas, a cartografia, que nosso foco neste estudo e
que nos leva a variadas interpretaes.
A Proposta Curricular do Estado de So Paulo para a disciplina de Geografia
para o Ensino Fundamental - Ciclo II (5 a 8 sries) e Ensino Mdio (1 a 3 anos),
busca desenvolver as competncias:
De Observao Competncias do grupo I.
De Realizao Competncia do grupo II.
De Compreenso Competncia do grupo III.
A partir dos objetivos desta Proposta Curricular, vemos no trabalho das
sries iniciais uma maior responsabilidade do professor em oportunizar o
desenvolvimento das noes conceituais e experimentais, ampliando o repertrio
pessoal do aluno. Uma forma alternativa a interdisciplinariedade, ou seja buscar
nos textos literrios a geografia, destacando as paisagens, o estudo dos lugares, o
territrio, os costumes da regio, o clima, vegetao etc, facilitando o aprendizado.
No prprio PCN (BRASIL, v.5. 1997, p.118) h formas prazerosas de se
trabalhar a Geografia, tais como partir de fotos comuns, relatos e registros e
construir mapas, maquetes e croquis, saindo do micro para o macro espao, da sala
de aula para a escola, bairro, cidade, estado, pas, continente, hemisfrio, planeta.
Os objetivos da Geografia na escola envolvem aes de transformao, de
conscientizao do cidado e seu exerccio como tal, por meio da observao e
interao com o meio em que vive, representando-os graficamente em mapas,
croquis ou maquetes, valendo-se da cartografia.
A Figura 10 apresenta um exemplo de croqui de uma casa, feito por um
profissional e contendo as medidas/metragens.
30
Figura 10 Croqui de uma casa, elaborado por profissional e com as medidas
Fonte: I On Line (2011)
No prximo captulo vemos a definio de cartografia, com o estudo dos seus
elementos.
31
CAPTULO II A CARTOGRAFIA
2.1. A Cartografia e seus Elementos
O vocbulo cartografia, etimologicamente, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatstica IBGE (2011a), a descrio de cartas e foi introduzido em
1839, pelo segundo Visconde de Santarm, Manoel Leito (1791-1856).
A ampliao do significado da Cartografia acontece com o passar dos anos,
pois se percebe que se concilia muito mais dados e exige uma tcnica mais bem
elaborada, o que a faz ser reconhecida como uma arte; a arte para representar a
superfcie terrestre.
Em 1949, a Organizao das Naes Unidas (ONU) e em 1966 a Associao
Cartogrfica Internacional (ACI), reconheceram e delegaram Cartografia um
significado mais amplo e responsvel, como de a ferramenta a ser usada antes que
outras possam ser postas em trabalho e como conjunto de estudos e operaes
cientficas tcnicas e artsticas... (IBGE, 2011a, p.57).
A cartografia trabalha com os limites e serve de pano de fundo para
decifrarmos a realidade conhecida. O elaborar escrito ou mental dos lugares onde se
pretende chegar, o verificar de uma linha de nibus, a manuteno da rota de um
avio ou navio, fazer a anlise e definio de estratgias de ataque ou defesa, a
localizao de jazidas e possveis vias de acesso, a localizao de nascentes de
gua ou a simples orientao rodoviria numa viagem de turismo, so atividades
que exigem mapas especficos com diferentes objetivos, legendas e destinados a
um pblico-alvo diferente, os usurios. Este o sentido e a importnicia da
cartografia no nosso cotidiano, ela faz parte de nossa vivncia, pois, auxilia,
direciona, propicia experincias, subsidia as solues para os governantes, quanto
aos problemas sociais, econmicos etc.
Joly (1990, p. 7) considera a cartografia como:
A arte de conceber, de levantar, de redigir e de divulgar os mapas. Mapa como uma representao geomtrica plana, simplificada e convencional, do todo ou de parte da superfcie terrestre, numa relao de similitude conveniente denominada escala.
32
A Figura 11 exemplifica o uso de diferentes escalas para uma mesma rea,
no caso o Brasil diviso poltica.
Figura 11 Mapa do Brasil em diferentes escalas
Fonte: Geocotidiano (2011)
Para Martinelli e Pedrotti (2001), a cartografia encarada para alm da
cincia que se ocupa de conceitos, classificaes dos produtos cartogrficos,
aplicaes metodolgicas, incluindo coleta de dados, processamento de
informaes e representao sob forma de mapas, grficos e modelos; dos aspectos
humanos e dos relativos superfcie fsica da Terra.
Para os autores, a cartografia ordena e representa o ambiente, aprimorando
aquilo que sempre foi intuitivo no homem e o acompanha desde os primrdios de
sua vida no planeta, que representar a paisagem a sua volta, desenhar e
descrever suas rotas, seus caminhos e os aspectos que refletem sua organizao,
desde os primitivos grupos nmades at as mais complexas sociedades.
A Figura 12 apresenta uma carta maritima que, juntamente com a bssola,
orientava as grandes expedies martimas; a busca do homem pelo poder e
domnio de mais terras.
33
Figura 12 Carta Martima que orientou a navegao exploratria.
Fonte: Mast (2011)
Os mapas tm sua importncia desde o incio dos tempos e estiveram sempre
atrelados s conquistas, dominao e ao poder.
Entendemos por mapa a representao grfica convencional, geralmente
plana e, na maior parte das vezes, em pequena escala, sendo que busca retratar
uma determinada rea para um determinado objetivo. Neste sentido um croqui, uma
maquete ou uma planta pode servir de base para uma futura construo do mapa,
de fragmentos para uma anlise ou ainda, para interpretao da linguagem
cartogrfica.
H geogrfos que colocam em discusso que um mapa no apresenta a
realidade no seu mais fiel e completo detalhamento de uma rea, por exemplo, e
sugere o uso das tecnologias como a fotoimagem via satlite, disponvel hoje.
Entretanto, ressalvamos que para esta leitura h de se partir de um trabalho mais
elaborado nas escolas, na sala de aula.
A linguagem cartogrfica utiliza muitos smbolos, que possuem elementos
universais e que abrangem componentes e variveis.
Segundo Albuquerque (2002), em linhas gerais, um mapa apresenta
respostas aos questionamentos quanto:
34
a. Espao discorrer sobre o local do fato, como se apresenta e quais as
dimenses.
b. Tempo localizar no tempo, datar.
c. Tema caracterizar o fato, a finlidade.
A proposio para tal atividade, o mapa, requer a documentao e a utlizao
de elementos que daro corpo a este produto: o mapa.
Dentre eles destacamos:
a. Escala: a medida utlizada para demonstrar a reduo da rea
representada, a proporcionalidade.
b. Projeo: trata-se da forma como ser apresentada, que pode ser
cilndrica, cnica ou plana.
c. Pblico-alvo: a quem se destina o mapa, deternina tambm sua finalidade.
A Figura 13 apresenta uma exemplificao dos tipos principais de projeo.
Figura 13 Exemplificao dos Tipos Principais de Projeo
Fonte: ITC.UFES (2011)
35
Ao considerar que os elementos definem o tipo de mapa, devemos entender
que este poder ser:
a. Topogrfico.
b. Temtico.
c. Especiais.
Segundo Freitas (2005, p. 19), denominamos carta como sendo:
Um mapa com mais detalhes, elementos naturais e culturais, em escala maior e destinada a suprir fins prticos da atividade humana, que possa permitir uma avaliao mais precisa de distncias e de direes. Planta uma representao cartogrfica plana detalhada de uma rea de pequena extenso, de modo que a curvatura da Terra no precisa ser considerada e croqui, uma representao cartogrfica aproximada que permite ao leitor orientao e localizao de objetos de interesse; pode ser acompanhado ou no de uma indicao de escala; indica direes e trajetos de uma localidade outra; tido como documento complementar de atividades de campo.
A carta ou mapa tem por objetivo a representao de duas dimenses, uma
referente ao plano e outra referente altitude.
As cores e os smbolos obedecem s convenes cartogrficas e so
classificados em duas ordens: planimtricos e altimtricos.
A representao planimtrica compreende os elementos que cobrem a
superfcie do solo: fsicos ou naturais (hidrografia e vegetao) e culturais ou
artificiais (ocupao humana, sistema virio, construes, limite poltico ou
administrativo etc).
A representao altimtrica refere-se cor que esta representa, ou seja, um
terreno, por exemplo, representado pela cor spia. Os areais so representados
por meio de um pontilhado irregular, tambm na cor spia.
Ao elaborar um mapa podemos utilizar a representao por trao ou por
imagem.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 1998, p.25-
30) a representaao por trao envolve as seguintes formas:
36
1) Globo:
a representao cartogrfica sobre uma superfcie esfrica, em escala
pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetria, com finalidade
cultural e ilustrativa.
2) Mapa:
a representao plana, geralmente em escala pequena, da rea delimitada
por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc), polticoadministrativos,
com fins temticos, culturais ou ilustrativos.
3) Carta:
a representao plana, em escala mdia ou grande, com desdobramento
em folhas articuladas de maneira sitemtica; os limites das folhas so constitudos
por linhas convencionais, destinadas avaliao de direes, distncias e
localizao de pontos, reas e detalhes.
4) Planta:
um caso particular de carta, em que a representao se restringe a uma
rea muito limitada e a escala grande, os detalhes acompanham e so maiores.
Quanto imagem, o IBGE (1998, p.32-40) destaca:
1) Mosaico:
o conjunto de fotos de uma deterninada rea, recortadas e montadas
tcnica e atisticamente, de forma a dar a impresso de que todo o conjunto uma
nica fotografia. Classifica-se em: controlado, no-controlado ou semicontrolado.
2) Fotocarta:
um mosaico controlado, sobre o qual realizado um tratamento cartogrfico
(planimtrico).
37
3) Ortofotocarta:
uma ortofotografia, ou seja, uma foto resultante da transformao de uma
foto original.
4) Ortofotomapa:
um conjunto de vrias ortofotocartas adjacentes de uma determinada
regio.
5) Fotondice:
uma montagem por superposio das fotografias, geralmente em escala
reduzida. a primeira imagem cartogrfica da regio.
6) Carta Imagem:
a imagem referenciada a partir de pontos identificveis e com coordenadas.
O IBGE (1998) tem a cartografia como uma ferramenta que alimenta todo
seu sistema; fundamental valer-se da preciso, pois dela dependem as polticas
que regem o governo brasileiro. O papel da formao que a alfabetizao
cartogrfica realiza vai alm do ambiente escolar, extrapola e acompanha a criana
vida afora. E, se espera, que uma vez aprendido jamais seja esquecido.
A alfabetizao cartogrfica na escola apresentada no prximo captulo.
38
CAPTULO III A ALFABETIZAO CARTOGRFICA
3.1. A Alfabetizao Cartogrfica na Escola
A Cartografia faz parte da disciplina Geografia. No Ensino Fundamental, Ciclo
I, ou seja, de 1 a 4 srie, compe a disciplina de Estudos Sociais, junto Histria,
que tem por objeto de estudo o tempo e as intervenes do homem sobre ele.
Quando se aborda o tema alfabetizao, logo se pensa no ato de ler e
tambm no de escrever; aes que sustentam a existncia da escola e que so
pontos fundamentais para a organizao da sociedade. A alfabetizao cartogrfica
parte integrante do processo ensino-aprendizagem, pelo qual as crianas das
sries iniciais devem vivenciar para tornarem-se aptas a interpretar e elaborar os
mapas.
Elaborar mapas requer que o aluno pense o espao. O mapa uma forma de
representao deste espao com smbolos, legendas e escalas que fazem com que
o aluno busque potencializar habilidades e competncias do sistema para entend-
lo, decifr-lo e utiliz-lo.
[...] o uso de signos conduz os seres humanos a uma estrutura especfica de comportamento que se desloca do desenvolvimento biolgico e cria novas formas de processos psicolgicos enraizados na cultura.(VYGOTSKY, 1988, p. 49).
Segundo Piaget (1974), a criana na idade do pensamento concreto
necessita agir para conseguir construir conceitos e edificar os conhecimentos;
sendo, ento, a fase mais propcia para que o professor proponha ao aluno
elaborar mapas e, consequentemente, a sua familiarizao com os termos e
smbolos, ampliando sua biblioteca pessoal; potencialmente, tornar-se- um leitor de
mapas.
Em seus estudos, Piaget (1974), nos revela que a funo simblica surge por
volta dos dois anos de idade com o aparecimento da linguagem; para tanto, na
alfabetizao cartogrfica o interesse o da compreenso do smbolo como
representao grfica, ou seja, estimular a criana a expressar-se e a explorar os
39
smbolos criados, que representam ideias ou objetos na sua concepo, no seu
olhar, do seu entorno.
Esta uma fase importante para a formao integral da criana, que poder
se tornar um adulto que buscar compreender qual o tratamento de conhecimento
geogrfico o auxiliar numa localizao ou num roteiro turstico, por exemplo. A
proposta de construo de noo de espao e a consequente adequao ao
desenvolvimento cognitivo do aluno.
As prticas escolares devem visar o desenvolvimento de procedimentos que
levem o aluno compreenso e apreenso do espao terrestre, sempre partindo de
sua realidade mais prxima, com o obejtivo de que, ao final das sries iniciais do
Ensino Fundamental, o aluno possa ser capaz de observar, conhecer, analisar,
explicar e representar os lugares. Ao desenvolver a capacidade de anlise, o aluno
se desprende do fsico, do vivido e pode ousar no espao, organizar-se e
represent-lo em forma de mapa, carta, maquete, croqui etc.
O processo de alfabetizao cartogrfica encontra-se presente na escola e
possibilita s crianas o desenvolvimento de aspectos essenciais cartografia e a
sua vida. Entretanto, ainda h o que se melhorar no tratamento didtico, uma vez
que este um processo de aprendizagem e envolve a alfabetizao.
O ensino da Cartografia fundamental no desenvolvimento da compreenso
do espao terrestre e sua ocupao.
Segundo Almeida e Passini (2010, p.10), o trabalho escolar sobre espao e
sua representao deve partir de trs pontos bsicos:
1. A construo da noo de espao pela criana por meio de um processo psicossocial, no qual ela elabora conceitos espaciais por meio de sua ao e interao em seu meio, ao longo de seu desenvolvimento psicobiossocial.
2. A importncia do aprendizado espacial no contexto sociocultural da sociedade moderna, como instrumento necessrio vida das pessoas, pois esta exige certo domnio de conceitos e de referncias espaciais para deslocamento e ambientao; e, mais do que isso, para que as pessoas tenham uma viso consciente e crtica de seu espao social.
3. O preparo para esse domnio espacial , em grande parte, desenvolvido na escola, assim como o domnio da lngua escrita, do raciocnio matemtico e do pensamento cientfico, alm do desenvolvimento das habilidades artsticas e da educao corporal.
40
A escola deve apresentar um ambiente que estimule o aluno a se apropriar
da linguagem cartogrfica e espera-se que, por meio da vivncia e domnio da
representao espacial, ele possa construir o seu conhecimento geogrfico, partindo
do concreto para atingir o abstrato, sempre observando e respeitando as etapas do
desenvolvimento cognitivo. O conhecimento geogrfico envolve muito o abstrato, um
dos motivos que dificulta a compreenso do aluno. Deve-se priorizar a
aprendizagem espacial voltada s formas do como a sociedade se organiza em seu
espao.
Este processo de construo do conhecimento por meio da Cartografia deve
partir do espao imediato do aluno, para ento, gradativamente, ir se ampliando para
outros espaos, oferecendo subsdios ao aluno para o desenvolvimento de
variadas habilidades e conhecimentos necessrios compreenso e anlise global
do espao e sua dinmica, como produto social.
Nas sries iniciais so abordadas questes relativas ao quanto e como a
natureza est presente no cotidiano; questes que faz o aluno refletir sobre a sua
ao no grupo social a que pertence e ao espao geogrfico que ocupa, partindo do
princpio dos estudos de um simples relato do trajeto que faz de casa escola, do
que percebe enquanto est na sala de aula, de um roteiro de viagem, de um mapa
de trens, da construo de um croqui da sala de aula, da construo de uma
maquete da sua casa, sua escola etc.
Nesta fase importante considerar toda e qualquer exposio do aluno,
escrita ou oral; diagnosticar o repertrio; fazer um estudo do espao concreto,
aquele que ele tem contato direto como, sua casa, seu bairro, sua sala de aula, sua
escola e, ento, partir para espao maiores como a sua cidade, seu estado, seu pas
e o seu planeta. Torna-se essencial que ele desenvolva suas habilidades e
competncias para a leitura e comunicao, quer escrita ou oral, no sentido que este
compreenda a relevncia que se d ao espao que se ocupa.
Pressupe-se que, ao findar dos anos iniciais do Ensino Fundamental Ciclo
I, o aluno tenha desenvolvido as noes de como atribuir valores viso (oblqua e
vertical), imagem bi e tridimensional, aos fatores matemticos (ponto, linha,
proporo, escala), leitura e construo de legendas, ao domno da lateralidade,
s referncias e ao sentido da orientao grfica.
41
As atividades que envolvem a proporo, o exerccio mais prximo, como as
brincadeiras e os jogos infantis, traduzem essa desenvoltura, pois o fato est em
reconhecer o fator matemtico nestas atividades, o ver por outros ngulos (de
cima, de lado, de frente); buscar no croqui, por exemplo, a imagem bidimensional,
ou na maquete a imagem tridimensional.
Ao iniciarmos a tarefa da alfabetizao cartogrfica, permitimos ao outro o
novo, o sentir, o renovar das sensaes que j foram vivenciadas, mas ainda no
percebidas como, por exemplo, o de um simpes desenho da sala de aula, vista de
cima. este contato com os elementos da cartografia, estabelecendo as relaes
espaciais a partir do referencial de seu conhecimento, que torna possvel a leitura, a
compreenso e a concepo do espao geogrfico transposto em um mapa.
Para tanto, h necessidade de se trabalhar com foco em trs aspectos,
segundo Almeida e Passini (2010, p.22): a funo simblica, o conhecimento da
utilizao do smbolo e o espao a ser representado.
O aprofundamento no estudo da alfabetizao cartogrfica busca demonstrar
uma linha de pensamento, em que a cartografia se apresenta como um
conhecimento geogrfico que parte integrante do cotidiano do aluno e, certamente,
ir acomanh-lo por toda a vida, fazendo a diferena em sua trajetria, como um
saber especfico aplicado que resulta em integrao social; uma validao do
espao que ocupa.
Nesse sentido, a importncia da alfabetizao cartogrfica est aliada ao
exercicio da cidadania. Valer-se dela para sua autonomia, seu bem estar social e
econmico, bem como conhecer-se e reconhecer-se no espao geogrfico.
42
CAPTULO IV A FORMAO DO PROFESSOR PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA
4. 1. O Status do Professor
Segundo Gatti e Barreto (2009, p.8):
O Brasil no constitui uma exceo. Apesar das vrias tentativas de valorizao dos professores, empreendidas nos ltimos anos pelo Governo Federal e pelos Estados, Municpios e Distrito Federal, com destaque recente para a Lei que instituiu um piso salarial e o Decreto sobre a Poltica Nacional de Formao de Profissionais do Magistrio da Educao Bsica, liderada pela CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior), a situao atual bastante crtica, certamente devido a omisses que se acumularam e foram progressivamente se agravando ao longo da histria. As sucessivas avaliaes da educao brasileira, em mbito nacional ou internacional, indicam que o baixo rendimento escolar persiste e demonstram a magnitude e a complexidade do problema.
A Lei Federal a que Gatti se refere a Lei de Diretrizes e Bases da Educao
Nacional, LDB 9393, de 20 de dezembro de 1996.
Desta lei destacamos o Ttulo IV art. 13 e o Ttulo VI art. 61 e 62:
Ttulo IV Da organizao da Educao Nacional:
Art. 13. Os docentes incumbir-se-o de:
I participar da elaborao da proposta pedaggica do estabelecimento de ensino;
II elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedaggica do
estabelecimento de ensino;
III zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV estabelecer estratgias de recuperao para os alunos de menor rendimento;
V ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, alm de participar integralmente dos perodos dedicados ao planejamento, avaliao e ao desenvolvimento profissional;
VI colaborar com as atividades de articulao da escola com as famlias e a comunidade.
43
Ttulo VI DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAO
Art. 61. A formao de profissionais da educao, de modo a atender aos objetivos dos diferentes nveis e modalidades de ensino e as caractersticas de cada fase do desenvolvimento do educando, ter como fundamentos:
I a associao entre teorias e prticas, inclusive mediante a capacitao em servio;
II aproveitamento da formao e experincias anteriores em instituies de ensino e outras atividades.
Art. 62. A formao de docentes para atuar na educao bsica far-se- em nvel superior, em curso de licenciatura, de graduao plena, em universidades e institutos superiores de educao, admitida, como formao mnima para o exerccio do magistrio na educao infantil e nas quatro primeiras sries do ensino fundamental, a oferecida em nvel mdio na modalidade Normal.
A legislao clara e bem atribue a sua funo ao professor, no processo
educativo, entretanto, no percebemos a aplicao destas atribuies nas escolas
pblicas.
Para cumprimento da LDB, artigo 13 incisos I e II, o professor tem os
Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) para subsidiar suas atribuies e nortear
suas atividades, pois estes documentos apresentam as disciplinas em volumes. O
volume 5, de Histria e Geografia, traz a caracterizao da rea, os objetivos gerais,
os critrios de seleo, a organizao dos contedos, as orientaes didticas e os
objetivos especficos; na parte I para Histria e na parte II para Geografia.
Quando se pensa no professor, a que status se faz referncia? No h um
comparativo, pois depende de cada escola, entretanto, h um consenso de que a
funo do professor vem sendo desvalorizada a cada ano, como bem explicam Gatti
e Barretto (2009). Essa desvalorizao do professor e da escola acontece por
motivos os mais variados, contudo, sua formao, muitas vezes inadequada,
contribui para o seu agravo.
No Brasil, conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais INEP (2009), no Ensino Fundamental, h 1.377.483 professores;
destes 530.155 esto concentrados na regio Sudeste e no Estado de So Paulo,
254.783 professores esto atuando. Os nmeros proclamam que quaisquer que
sejam as mudanas para este determinado profissional, estas envolvem uma
camada da sociedade que bem representativa, o que dificulta uma ao mais
44
pontual, pois tudo que se planeja deve levar em conta a quantidade, os recursos
disponveis, enfim, requer uma logistica bem coerente.
Observamos no Quadro 1, do INEP (2009), que a profisso do magistrio no
est atraindo os jovens, e mais especificamento no Estado de So Paulo, a faixa
etria que compreende os professores com idade acima dos 41 anos somatiza
131.261 professores , o que corresponde a 51,2 % do total, enquanto que a menor
faixa, a faixa de at 24 anos, so 7.919 professores, que representa apenas 3,1 %
do total.
Quadro 1 Faixa Etria dos Professores do Ensino Fundamental
Fonte: INEP (2009)
Quanto escolaridade do professor, que atua no Ensino Fundamental no
Brasil, so 960.428 professores ou seja 69,7% que possuem graduao, sendo que
o Sudeste representa 45,5% e, especificamente o Estado de So Paulo representa
51,6% deste total.
O Quadro 2 apresenta a escolaridade do professor do Ensino Fundamental.
45
Quadro 2 Escolaridade do Professor no Ensino Fundamental
Fonte: INEP (2009)
Ao analisarmos o quadro do nmero de professores no Ensino Fundamental
que possuem formao superior, licenciados e no licenciados, notamos que o
Estado de So Paulo se destaca com seu grupo de professores, pois so 97,7% de
professores com licenciatura.
O Quadro 3 mostra o nmero de professores do Ensino Fundamental que
possuem o ensino superior.
46
Quadro 3 Professor com Formao Superior
Fonte: INEP (2009)
Todos estes quadros destacam o desempenho da regio Sudeste:
- Maior nmero de professores com at 24 anos 26,2%.
- Com formao superior apresenta 45,5%.
- Destes com formao superior, 46,6% so graduados com cursos de
licenciatura.
Contudo, nem mesmo estes nmeros so demonstrativos de qualificao
para os professores que atuam na rede pblica.
Osto porque, oss papis se fundiram e a escola deixou de ser aquela nau por
onde se viajava no tempo, no espao e que ao retornar terra trazia conhecimento,
se voltava maravilhado, havia prazer ao ensinar e respeito ao aprender.
Na concepo de Perrenoud (2001, p.86):
[...] as redefinies do papel do profissional colocam uma parte dos professores e uma situao incmoda : seus motivos para optar pela profisso e suas competncias deixaram de coincidir com as novas exigncias .
47
Ainda para Perrenoud (2001, p.34): [...] A educao e a instruo, assim
como as mdias, so fundamentais para a abertura e/ou para o fechamento de uma
sociedade.
A Resoluo n. 70, de 26 de outubro de 2010, da Secretaria de Educao do
Estado de So Paulo (SEESP), dispe sobre os perfis profissionais, competncias e
habilidades requeridas dos educadores da rede pblica estadual e os referenciais
bibliogrficos que fundamentam os exames, concursos e processos seletivos e d
providncias correlatas.
Por este documento oficial o Professor de Educao Bsica das sries iniciais
do Ensino Fundamental PEB I, deve apresentar como, o que a Resoluo chama
de Competncias Tcnicas Gerais:
1. Compreender os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos considerando as dimenses cognitivas, afetivas e sociais.
2. Selecionar e utilizar diferentes recursos didticos, ajustando-os s necessidades de aprendizagem dos estudantes.
3. Gerenciar a classe, organizando o tempo, o espao e o agrupamento dos estudantes, de modo a potencializar as aprendizagens.
4. Avaliar a aprendizagem dos estudantes atravs de estratgias diversificadas e utilizar a anlise dos resultados para reorganizar as propostas de trabalho.
5. Analisar e utilizar o resultado de avaliaes externas e de estudos acadmicos para reflexo sobre suas aes reconhecendo pontos que necessitam mudanas.
6. Ser proficiente no uso da lngua portuguesa em todas as situaes sociais, atividades e tarefas relevantes para o exerccio profissional.
7. Dominar os contedos relacionados aos temas sociais urgentes (sade, sustentabilidade ambiental etc.) objetos da atividade docente e informar-se sobre os principais acontecimentos da atualidade que provocam impactos sociais, polticos e ambientais reconhecendo a si mesmo como agente social e formador de opinio no mbito de sua atuao profissional.
8. Dominar os contedos relacionados s reas de conhecimento (Lngua Portuguesa, Matemtica, Histria, Geografia e Cincias Naturais) objetos da atividade docente.
9. Avaliar a eficincia de situaes didticas para a aprendizagem dos estudantes, envolvendo diferentes conhecimentos presentes no currculo escolar.
10. Pautar decises e escolhas pedaggicas por princpios ticos democrticos de modo a no reproduzir discriminaes e injustias.
48
Este fragmento da Resoluo n 70/2010, demonstra o grau de complexidade
e responsabilidade das atividades que envolvem o papel do professor como agente
educativo.
O trabalho do professor abrange e reflete o campo poltico e cultural de uma
sociedade. A arte de ensinar constitui a forma dominante de socializao e de
formao nas sociedades modernas e continua se expandindo.
Em matria publicada na Revista Nova Escola, por Marcio Ferrari (2009) e
intitulada Hannah Arendt, a voz de apoio autoridade do professor, este cita que a
cientista poltica acredita que o aluno deve ser apresentado ao mundo e estimulado
a mud-lo. A funo da escola ensinar s crianas como o mundo , e no instru-
las na arte de viver.
H educadores que se dedicam ao estudo da aprendizagem e tecem
questionamentos diversos; outros afirmam que o aprendizado um ato individual,
que o professor pode apresentar um contedo, mas o aluno, s aprende se for
motivado, se sentir a vontade de refletir e de intergir com o contedo apresentado
pelo professor.
4.2. O Professor e o Ensino da Cartografia
Uma das dificuldades enfrentadas pelo professor das sries iniciais do
Ensino Fundamental o desenvolvimento precrio das habilidades e competncias
dos alunos. Isso possvel por meio de atividades simples que, se bem trabalhadas
e na idade certa, apresentam resultados motivadores, facilitando uma concecpo
mais elaborada, requerida na escola, nos anos que se seguem como, por exemplo,
as noes de acima, abaixo, dentro, fora, ao lado de, direita, esquerda, por meio
de atividades escritas, orais, jogos ou brincadeiras.
Em no havendo este comprometimento de base, o professor se depara com
um aluno que no tem os pr-requisitos mnimos, sequer alfabetizao: leitura,
escrita e clculo, o que desencadeia um desafio, que o de levar esse aluno a
perceber a geografia e a cartografia em seu cotidiano.
Outro fator que dificulta o trabalho do professor a sua formao, o seu
conhecimento mnimo para desenvolver contedos geogrficos em sala de aula.
49
No Estado de So Paulo, o professor que atua no Ensino Fundamental, em
sua maioria, tem curso superior de licenciatura e idade mdia entre 41 e 50 nos.
Isto nos leva a acreditar que estes profissionais so produtos de cursos de
graduao que no sabemos qual contribuio ofereceram uma boa atuao
profissional.
A legislao vigente (LDB 9394/96) garante a qualidade da educao aos
brasileiros em idade escolar e at aos Jovens e adultos, pela Educao de Jovens e
Adultos (EJA) porm, falta pr-requisitos aos professores para planejar uma boa
aula, por meio da qual o aluno consiga contextualizar os conhecimentos geogrficos
com o seu cotidiano.
O professor que possui as noes bsicas para o ensino do conhecimento
cartogrfico, deve repassar estes conhecimentos aos alunos, mas, no uma tarefa
fcil. Os alunos vm de anos sem a apreciao destes conhecimentos e sua tarefa
passa a ser a alfabetizao cartogrfica, ou seja os smbolos e signos da cartografia.
Os alunos, por sua vez, geralmente no apresentam um conhecimento mnimo, o
que auxiliaria a professor na leitura de uma legenda, um mapa, um roteiro, ou
sequer um croqui.
Percebe-se que falta ao aluno algumas noes bsicas de lateralidade, de
escala ou mesmo de proporo; estes so alguns dos pr-requisitos necessrios,
no s para a cartografia, mas tambm para outras disciplinas como a Matemtica,
a Histria, a Arte, a Lngua Portuguesa, a Educao Fsica etc. O conhecimento
cartogrfico entrelaado a outros conhecimentos; no se faz por si s. O aluno
trabalha a proporo na Matemtica e, ao mesmo tempo, a utliza para compor os
mapas ou um croqui.
de grande importncia que o professor, principalmente o professor das
sries iniciais do Ensino Fundamental, elabore e aplique atividades que estimulem a
produo e a leitura de mapas, cartas, croquis, maquetes etc, pois a vivncia e a
experimentao facilitam a compreenso dos smbolos e signos cartogrficos.
Existe uma lacuna, por parte do professor das sries iniciais do Ensino
Fundamental, de trabalhos prticos e objetivos que ofeream subsdios para o
desenvolvimento de atividades dentro e fora da sala de aula; deve-se explorar os
ambientes externos, ambientes que ele conhece e domina, na expectativa de que
ele possa utilizar a cartografia para represent-los.
50
Segundo Moreira (2010, p.105) Geografia uma forma de leitura do mundo.
A educao escolar um processo no qual o professor e seu aluno se relacionam
com o mundo por meio das relaes que travam entre si na escola e das ideias que
trocam. A Geografia e a educao formal concorrem para o mesmo fim, ou seja,
compreender e construir o mundo, a partir das ideias que formam dele.
Complementando a ideia, Moreira enfatiza a importncia da definio de
paisagem para o aluno:
Paisagem o ponto de partida e o ponto de chegada da produo e da representao em Geografia. Isso significa valorizar a imagem e a fala na representao geogrfica. Paisagem, territrio e espao formam a trade das categorias da representao e construo da ideia de mundo da Geografia. (MOREIRA, 2010, p. 109).
Assim, espera-se do professor que ele contemple no ensino cartogrfico a
linguagem elaborada pela prpria cartografia e desenvolva atividades que visem as
competncias da observao, da realizao e da compreenso, definidas na
Proposta Curricular do Estado de So Paulo para a disciplina de Geografia para o
Ensino Fundamental - Ciclo II (5 a 8 sries) e Ensino Mdio (1 a 3 anos).
Em outro documento da Educao, intitulado Matrizes de Referncia para
Avaliao Documento Bsico SARESP Ensino Fundamental e Mdio 2009
Coordenao geral Maria Ins Fini SEE/ SP, parte integrante do Sistema de
Avaliao e Rendimento Escolar do Estado de So Paulo (SARESP), para Cincias
Humanas Geografia, as competncias de observao so, em linhas gerais, para
as sries subsequentes (5 e 6 srie do Ensino Fundamental:
o Reconhecer o significado da seletividade na representao cartogrfica e/ou a distino entre mapas e imagens de satlites.
o Reconhecer a diferena entre a escala grfica e a escala numrica.
o Reconhecer o significado da legenda para a representao dos fenmenos geogrficos.
o Reconhecer a diferena entre mapas de base e mapas temticos.
o Reconhecer tcnicas de representao utilizadas na cartografia temtica (SARESP, 2009, p.131-134).
51
As competncias de realizao abrangem a identificao dos pontos cardeais
e colaterais e/ou aplicar tcnicas de orientao relativa. As chamadas competncias
de compreenso so :
o Aplicar o sistema de coordenadas geogrficas para determinar a posio absoluta dos lugares.
o Inferir ttulo mais adequado para uma representao cartogrfica. (SARESP, 2009, p 131 a 134).
Ao entendermos os conhecimentos que as Matrizes de Referncia para
Avaliao do SARESP, solicita do aluno, percebemos a importncia do trabalho do
professor no ensino da Geografia nas sries iniciais.
Um dos grandes desafios dos cursos de formao de professores de
Geografia diz respeito necessidade prtica e articulao dos contedos desse
componente curricular com os contedos pedaggicos e educacionais, ou seja, aos
mecanismos de transposio didtica, que envolvem metodologias do ensinar a
ensinar. (PONTUCHKA, 2007).
Deste modo, as aulas nas quais o professor prioriza a observao, explora
a realizao e finaliza com a compreenso apresentam possibilidades maiores de
apreenso por parte dos alunos dos contedos trabalhados. Os documentos oficiais
da educao como as Diretrizes Curriculares Nacionais DCN e os Parmetros
Curriculares Nacionais PCN, do nfase interdisciplinaridade e
transversalidade, o que facilita o trabalho do professor com a cartografia, pois amplia
suas alternativas.
O prximo captulo apresenta a pesquisa de campo.
52
PARTE II A PESQUISA DE CAMPO
CAPTULO V AS ESCOLAS ESTADUAIS DA CIDADE DE REGISTRO
5.1. A Diretoria de Ensino Regio de Registro e suas escolas
A Diretoria de Ensino-Regio de Registro (DERR), est subordinada
Coordenadoria de Ensino do Interior (CEI), rgo da Secretaria Estadual de
Educao do Estado de So Paulo (SEE/SP).
Localiza-se na Rua Vitria, n 465, bairro Jardim Amrica, na cidade de
Registro, no Vale do Ribeira, interior do Estado de So Paulo.
Atende s escolas das redes estadual, municipal e particular de oito
municpios do Vale do Ribeira: Barra do Turvo, Canania, Cajati, Jacupiranga,
Eldorado, Pariquera-A, Registro e Sete Barras.
A Figura 14 mostra como est estruturada a DERR, por meio de seu
organograma.
Figura 14 Organograma Simplificado da SEE-SP
Fonte: Elaborada pela Autora com dados da Secretaria de Estado da Educao (2011)
53
A Diretoria de Ensino da Regio de Registro compreende 44 escolas
estaduais, sendo 04 de educao escolar indgena, 39 de ensino regular e 1 de
ensino supletivo; atende, ainda, as redes municipal e particular, envolvendo mais de
2.000 professores e mais de 35.000 alunos da Educao Infantil ao Tcnico,
segundo dados do Sistema Gesto Dinmica da Administrao Escolar GDAE.
O GDAE Gesto Dinmica da Adminsitrao Escolar um sistema de
administrao local, constitudo por um amplo portal operacional a ser utilizado pelas
escolas, Diretorias e rgos Centrais, alimentando as bases de dados operacionais
da Secretaria de Estado da Educao, por meio da internet. Foi institudo pela
Secretaria do Estado da Educao, atravs da Resoluo SE n 107, de 25 de junho
de 2002, que instituiu, no mbito da Secretaria de Estado da Educao, os sistemas
de Gesto Dinmica de Administrao Escolar e Sistema de Informaes da
Educao o GDAE.
Ainda sobre a regio, o Instituto Socioambiental (ISA) e o Instituto Ambiental
Vidgua, disponibilizam na internet, no site intitulado Cilios do Ribeira (2010) que o
Vale do Ribeira considerado:
Patrimnio natural, socioambiental e cultural da humanidade, ttulo conferido em 1999 pela UNESCO; o Vale do Ribeira localiza-se entre os estados de So Paulo e Paran, estendendo-se ao longo de 2 830 666 hectares (28 306 quilmetros quadrados) - 1 119 133 hectares no Paran e 1 711 533 hectares em So Paulo. Trata-se da maior rea contnua de Mata Atlntica do Brasil. Em contraposio aos ricos patrimnios ambiental e cultural, o Vale do Ribeira apresenta os mais baixos ndices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos estados de So Paulo e Paran, incluindo os mais altos ndices de mortalidade infantil e de analfabetismo.
Segundo os referidos Institutos, Registro a cidade polo do Vale do Ribeira:
Surgiu como um pequeno povoado margem do Rio Ribeira de Iguape. Na poca, explorava-se ouro no Alto Ribeira que era transportado pelo rio at o porto de Iguape, porm antes de seguir Iguape todas as mercadorias eram registradas por um agente de Portugal para cobrar o dzimo destinado Coroa Portuguesa. Da originou-se o nome Registro. Ainda como povoado pertencente Iguape, Registro comeou a crescer partir da chegada dos primeiros colonizadores japoneses, em 1913, sendo que neste perodo Registro era o maior produtor de arroz do Estado de So Paulo. Somente em 30 de Novembro de 1944, pelo decreto Lei n 14.334, Registro emancipou-se de Iguape, tornando-se Municpio, cujas instalaes deu-se em 1 de Janeiro de 1945.
54
Segundo dados informativos da Prefeitura Municipal de Registro (2011), h
registros documentais que a cidade de Registro, na poca do Brasil Colnia:
Era conhecida como Porto Registro, por ser passagem obrigatria para registrar o ouro garimpado nas cidades vizinhas de Eldorado e Sete Barras, e que para simplificar passou ento a ser chamada de Registro.
Figura 15 Localizao da Cidade de Registro
Fonte: Google Maps (2011).
As escolas da rede pblica, no Vale do Ribeira, por muitas vezes
concentram o nico local onde a comunidade se rene, at mesmo nos finais de
semana.
A escola o meio de interao do aluno com o mundo externo, quer seja
pelo acesso internet ou pela aula do professor.
55
A Tabela 1 apresenta dados do Censo Escolar sobre os resultados finais da
educao na cidade no ano de 2010.
Tabela 1 Resultados Finais do Censo Escolar 2010
Fonte: INEP (2009)
Nessa Tabela 1 temos os Resultados Finais do Censo Escolar 2010 e na qual
destacamos o nmero de matrculas nas sries iniciais (1 a 4 sries) - do Ensino
Fundamental na rede pblica estadual que so 203 matrculas, distribudas nas 03
das 13 escolas estaduais pertencentes cidade de Registro. So elas:
o Escola Estadual Professora Aurora Coelho.
o Escola Estadual Professor Paschoal Grecco.
o Escola Estadual Dona Irene Machado de Lima.
56
Segundo os dados da Diretoria de Ensino Regio de Registro (DERR,
2010), a EE Prof Aurora Coelho est situada na zona urbana; a EE Professor
Paschoal Grecco e a EE Dona Irene Machado de Lima esto situadas na zona rural
e juntas, as trs atendem os 230 alunos matriculados, divididos em dois perodos.
A Escola Estadual Professora Aurora Coelho, encontra-se situada Rua
Etipia, n 8, no bairro Xangril, na cidade de Registro e atende ao Ensino
Fundamental, Ciclo I (1 a 4 sries ), Ciclo II (5 a 8 sries) e Ensino Mdio (1 a 3
anos); atende 366 alunos, divididos em 9 salas; possui um laboratrio de
informtica com 10 computadores conectados internet e 39 profissionais
(funcionrios, professores e gestores). (DERR, 2011).
A Escola Estadual Professor Paschoal Grecco, encontra-se situada na
Estrada Municipal Bairro Taquaruu, s/n, na zona rural da cidade de Registro;
atende ao Ensino Fundamental, Ciclo I (1 a 4 sries), Ciclo II (5 a 8 sries),
Ensino Mdio (1 a 3 anos) e Educao de Jovens e Adultos (EJA - Ensino
Fundamental e Ensino Mdio); so atendidos 410 alunos, divididos em 7 salas;
possui um laboratrio de informtica com 11 computadores com conexo internet
e 34 profissionais (funcionrios, professores e gestores). (DERR, 2011).
E, finalmente, a Escola Estadual Dona Irene Machado de Lima que est
situada na Estrada do Capinzal, Km 19, na zona rural da cidade de Registro; atende
ao Ensino Fundamental, Ciclo I (1 a 4 sries) e Ciclo II (5 a 8 sries), Ensino
Mdio (1 a 3 anos) e Educao de Jovens e Adultos (EJA - Ensino Fundamental e
Mdio); so 370 alunos matriculados e distribudos em 7 salas; possui um
laboratrio de informtica com 6 computadores conectados internet e 37
profissionais (funcionrios, professores e gestores). (DERR, 2011).
Compem o quadro das unidades escolares que atendem o ciclo I (1 a 4
sries) do EF - Ensino Fundamental, na Diretoria de Ensino da Regio de Registro,
7 escolas municipalizadas parcialmente, num total de 30 professores, que so
classificados como PEB I Professor da Educao Bsica I, distribudos por escola
conforme mostra a Tabela 2.
57
Tabela 2 Distribuio de PEB I nas Escolas Estaduais da Cidade de Registro (2010)
Fonte: Elaborada pela Autora com base na DERR (2010)
A Tabela 2 apresenta as escolas estaduais Prof. Aurora Coelho, Dona Irene
Machado de Lima e Prof. Pascoal Grecco, que atendem s sries iniciais do EF
Ensino Fundamental, esto localizadas na cidade de Registro e foram pr-
selecionadas para o trabalho de pesquisa. So 12 professores que foram
acompanhados quanto sua formao e desenvolvimento do trabalho em sala de
aula, no ensino de Geografia, especificamente com a alfabetizao cartogrfica.
A localizao das escolas na zona rural enriquece o ensino da Geografia,
pois um elemento facilitador para o estudo da cartografia em si, visto que faz parte
do cotidiano do aluno e o professor pode explorar esse conhecimento natural, essa
relao com o espao terrestre. Os alunos na sua maioria residem em stios
distantes da escola, caminham por trilhas dentro da mata, na beira do rio, at
chegarem ao ponto de encontro do nibus que os levar at a escola.
As UEs possuem prdios pequenos; so construes antigas, porm, bem
conservadas, iluminadas, arejadas e harmoniosas. Retratam a histria da riqueza
de um tempo em que o forte era a produo do ch na regio, que atraiu muitos
imigrantes, principalmente do Japo. A gesto participativa e a equipe escolar
vive o dia a dia com compromisso. Tanto os professores como os alunos entendem
a escola como um espao para desenvolver suas habilidades e competncias,
segundo observao e relatos orais dos alunos, pais ou responsveis pelos alunos,
Municpio Unidades Escolares N de PEB I
Registro
EE Prof. Aurora Coelho 04
EE D. Irene Machado de Lima 04
EE Prof. Pascoal Grecco 04
Total 12
58
gestores e professores, quando em reunies ou mesmo nos corredores e aredores
da escola.
Nas visitas, nas reunies e nos eventos das escolas, podemos observar a
participao das comunidades nos projetos que as escolas propem, bem como
auxiliam seus filhos nos deveres de casa. A rotina dos alunos inclui as tarefas no
campo que possibilita que ajudem no sustento da famlia. H um perodo para ir a
escola, um para auxiliar nas tarefas domsticas ou campo e outro para estudar em
casa. Aos finais de semana, a escola o ponto de encontro de toda a comunidade,
momento de interao, lazer e descontrao.
5.2. O Ideal e o Real apresentado na Pesquisa
A dissertao envolveu a pesquisa bibliogrfica e de campo. Na pesquisa de
campo participaram os gestores escolares, professores, funcionarios, alunos, pais
ou responsveis pelos alunos de trs escolas da rede pblica estadual, situadas na
cidade de Registro, no Vale do Ribeira, no Estado de So Paulo. Na elaborao da
Oficina Cartogrfica, houve a participao dos especialistas, em Geografia e
Histria, que so as Professores Coordenadoras da Oficina Pedaggica de Histria
e de Geografia, da Diretoria de Ensino da regio de Registro. A oficina cartogrfica
foi atividade solicitada pelo grupo de professores (12), das escolas pesquisadas,
justificando que seria uma alternativa para o aprimoramento e atualizao dos
conhecimentos cartogrficos. Esta solicitao ocorreu em razo das reflexes
sugeridas nos questionrios apresentados pela pesquisadora.
Essa pesquisa de campo teve seu incio formal em maio de 2010 e a
finalizao em dezembro de 2010, entretanto, informalmente esta acontecia desde
fevereiro de 2009 e o seu final estendeu-se at julho de 2011, com o propsito de
possibilitar uma provvel resposta aos seguintes questionamentos:
o A alfabetizao cartogrfica acontece nas escolas?
o De que forma o conhecimento cartogrfico pode auxiliar na formao
cidad?
o O estudo da cartografia amplia o repertrio pessoal da criana?
59
o Qual a formao do professor que atua nas sries iniciais do Ensino
Fundamental?
o Quais as competncias e habilidades que a Geografia requer no ensino
da cartografia nas sries inciais do Ensino Fundamental?
O foco foi sempre as sries iniciais do Ensino Fundamental, devido ao
entendimento das teorias de Piaget sobre as etapas do desenvolvimento da criana
quando se refere contruo do conhecimento.
A bateira 1 de questes propiciou um diagnstico inicial e com estes dados foi
traado um perfil destes professores, que revelou sua formao acadmica, os anos
ministrando aulas nas sries iniciais do Ensino Fudamental, seu cuidado com a
atualizao e aperfeioamento e, por fim, o tempo disponibilizado para o preparo de
suas aulas por semana. Trabalho que resultou um vasto material, que foi compilado,
representado em grficos e que permitiu compreender melhor quem so estes
professores.
So questes da bateria 1, para o incio da pesquisa:
1) Qual a sua formao acadmica?
2) H quantos anos voc ministra aulas para as sries iniciais do Ensino
Fundamental?
3) Voc participa de cursos de atualizao e aperfeioamento, com que
frequncia e em qual disciplina ?
4) Se no participa , no o faz por qual o motivo ?
5) Quantas horas por semana voc dedica ao preparo das aulas?
Na etapa seguinte aconteceram as visitas mais sistemticas; as conversas
informais tornaram-se mais frequentes, assim como o acompanhamento das aulas,
quando a pesquisadora, no mais foi vista como uma espectadora e sim como uma
possvel alternativa para minimizar as dificuldades no campo da Geografia,
facilitando a elaborao e aplicao da bateria 2 de questes.
So questes da bateria 2, para complementao da pesquisa:
60
1) Voc encontra dificuldades ou facilidades ao trabalhar o contedo de
Geografia? Cite duas.
3) Qual o grau de importncia do conhecimento geogrfico em suas aulas?
Justifique.
4) Voc trabalhou cartografia com seus alunos? Descreva o resultado.
5) Voc utiliza as mdias em suas aulas? Se sim, quais? Se no, por qu?
6) Voc acredita que uma oficina cartogrfica seria mais produtiva se fosse
aplicada diretamente aos alunos ou aos professores? Justifique sua resposta.
7) Considerando o repertrio pessoal dos seus alunos quanto ao
conhecimento cartogrfico, como voc os avalia ? Quantifique em % e justifique.
Nesta etapa as questes foram elaboradas diretamente voltadas ao tema da
pesquisa: Alfabetizao Cartogrfica e formao dos professores que atuam nas
sries iniciais da Ensino Fundamental, que responderam com liberdade e
segurana, pois as questes foram sugestes do prprio grupo .
Para responder s questes da bateria 2, o professor teve que refletir,
mensurar seu conhecimento, expor-se para poder encontrar-se no que se refere
Alfabetizao Cartogrfica, conhecimento catogrfico e sua formao para atuar em
sala de aula.
Finalizando a pesquisa de campo, os professores foram convidados a
participar da Oficina Cartogrfica e, ento, surgiu a bateria 3 de questes, com o
objetivo de obter o resultado final do trabalho de pesquisa nas escolas.
So questes da bateria 3, para concluso da pesquisa:
1) A sua participao nesta pesquisa refletiu em mudana na sua prtica de
ensino e ou de aprendizagem? Exemplifique.
2) Voc proporia alguma alterao no material apresentado na oficina
cartogrfica ? Qual e por que?
61
3) Qual a melhor forma para trabalhar a cartografia na escola?
4) Suas expectativas quanto a Geografia e mais especificamente a cartografia
foram atendidas com este trabalho? Comente.
Os professores participaram ativamente nas aes propostas e, ao compilar
os
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