RESUMO Este artigo apresentado em trs partes. Nesta segunda parte, discutido o comportamento em fadiga de um ao de uso aeronutico em funo das tenses residuais superficiais combinadas com a presena de incluses no metlicas na regio onde se nucleou a trinca. O estudo desse comportamento se deu atravs da anlise dos resultados de ensaios de fadiga por flexo rotativa e da observao por MEV da superfcie de fratura das amostras ensaiadas, na regio onde se deu a nucleao da trinca. Foi possvel inferir a existncia de uma relao entre a posio da incluso no metlica, quando esta nucleia uma trinca, e o nmero de ciclos ocorridos no ensaio at a ruptura da amostra. Essa relao permite a compreenso de como uma trinca se comporta diante ou dentro de uma regio onde existem tenses residuais compressivas no metal. Na terceira e ltima parte, ser discutido o comportamento em fadiga de um ao em funo da aplicao de recobrimentos anticorrosivos e/ou antidesgaste. PALAVRAS-CHAVE Fadiga. Nucleao de trincas. Recobrimentos anticorrosivos. ABSTRACT This paper is presented in three parts. This second part discusses fatigue behaviour of aeronautical steel due to residual surface stress associated with non-metallic inclusions in fatigue origin zone. This study was done through results analysis of bending flexural fatigue tests and by SEM observation of ruptured surface near crack origin. It was possible to infer the existance of a relation between non-metallic inclusion position, when it gives origin to a crack, and sample fatigue life. This relation allows the understanding of how crack behaviours before and inside metal compressive stress zone. On the third and last part of the study, it will be discussed the fatigued steel behaviour due to anticorrosive and/or antiwasting. KEYWORDS Fatigue. Crack nucleating. Anticorrosive coatings.
ARTIGO ORIGINAL
ALGUNS FATORES QUE AFETAM O COMPORTAMENTO DE AOS DE USO AERONUTICO SOB FADIGA: SEGUNDA PARTE
Some factors that affect the behavior of steel in aeronautical use under fatigue
Carlos Eduardo Silva de Amorim, Herman Jacobus Cornelis Voorwald2
1 Doutorado em Engenharia Mecnica. Prof do Departamento de Fsica e Qumica da UNESP. [email protected] 2 Doutorado em Engenharia Mecnica. Reitor da UNESP.
Recebido em 13 de outubro de 2009, revisado em 3 de setembro de 2010
Algu
46
1
ciesitccmudigplasumopatrintrinnimVaqudedaqutrinvin
FIGum fma
aintdeincfranunqutrinsudenuquincco
uns fatores que afeta
R. Educ. vol. 2, n. 1,6
INTRODU
O procese do metal uao declicas de guito superioga. Nessa anos atmirgimento deorfologia searalelos. Esnca na sunca se pro
mero curtoagem obtid
arredura (Muando o nvee nucleaoa superfcieue as marcnca do a fando de fora
GURA 1 Nuclem esforo cclicfadiga. A trinargem direita d
A segundo da trinco de um
tensidade, mefeitos supecluses noactografia ducleada devo metlica ue a marcanca indica perfcie, po
efinido. A ucleao coue o pontocluso no
ondies, a
m o comportamento
Tecn. Apl. Aero p. 45-52, out. 2
O
sso da fadigem duas
efinida pelagrande intenores ao limicondio, ocos por cise micro falhe caracterizsses se comuperfcie. Nopaga e romo de ciclos.da por MicrMEV) da el de tens
o da trinca, de fraturaas deixadaalsa impresda amostra
eao de umaco muito supeca nasceu n
da amostra1.
da situao ca na superma tenso mas pela perficiais como metlicasde uma amvido prese
superficiala deixada
que suaorm focad
Figura 3m mais deto focal dao metlica
tenso c
de aos de uso aero
on. 2010
ga inicia-se situaes.
a aplicaonsidade, coite de resiso escorregasalhamentohas na supza por picombinam e Nessas compe a pe. A Figura roscopia Elsuperfcie o cclica a vista no c. Deve ser
as pela prosso de quea.
a trinca por faerior ao limite a superfcie,
definida rfcie, no
cclica dpresena demo ranhuras. A Figura mostra cujaena de um. Pode serpela prop
nucleada em um 3 mostra talhamento,a nuclea
a superficiaclica aplica
onutico sob fadiga
na superfA primeira
o de cargasom tensestncia faamento dos implica noerfcie, cuja
os e fendasnucleiam a
ondies, aa aps um1 mostra aletrnica dede fratura
alto. A zonacanto direitor observadoogresso dae esta tenha
adiga devido ade resistnciano centro da
pela nuclepela aplicade grandee pequenosas, furos ou
2 mostra aa trinca foma inclusor observadopagao dao est naponto bema mesma
, mostrandoo umaal. Nessasada mais
-a s s -s o a s a a
m a e a a o o a a
a a a
--e s u a oi o o a a
m a o a s s
baixa de quno teno te
A tambno mcie. A2 e 3tambda trin FIGURA nucleaddireito i
FIGURA nucleazada na
A que ametaisesquetensocorregmetliinicialnam egura iaplicatorno esse d
que no casue, caso neria sido ner se rompid
Figura 4 mm pode inmetlicas loA exemplo d3, a ausncm poderianca.
2 Uma amoda em torno inferior1.
3 A mesmao em torno a superfcie1.
Figura 5 reas trincas ss submetidoerdo da figuo cclica apgamento deica, gerandmente perfee nucleiam lustra a situ
ada baixade um de
defeito um
so anterior. o existisseucleada e do. mostra que niciar-se a ocalizadas do caso mocia do defe
a implicar n
ostra rompida de um defei
a trinca da Figude uma inclus
esume as dso nucleados a esfor
ura ilustra a plicada ale planos ado defeitoseita. Esses a trinca. O
uao em qa e a trincefeito prvidano locali
H a posse o defeito,
a amostra
a trinca popartir de inabaixo da
ostrado nas eito sub suno no sur
por fadiga coto superficial
ura 2, destacaso no metl
duas condidas por fados cclicos
situao elta e provocatmicos nas numa su defeitos se
O lado direique a tensca nucleio superficzado, seja
ibilidade a trinca poderia
or fadiga ncluses
superf-Figuras
uperficial rgimento
om a trinca no canto
ando-se a ica locali-
es em diga em . O lado m que a ca o es-a matriz uperfcie e combi-ito da fi-o cclica
eada em ial, seja ele uma
inclusona ausnuclead
FIGURA 4 presena40 m ab
FIGURA 5 tenso asegundo direita2.
A ptem sidportamereza. Emdos aosua durao aumtretantoqueda Essa quses nmostra aos, esistnciCaso oincluseobservatida par
Muos efeitem fadisob osestatsti
o no metsncia do dda.
Nucleao a de uma incbaixo da super
- Nucleaoaplicada (alta
o tipo de ori
presena do usada coento em fam geral, o los aumentareza3, de fomenta a su
o, acima deda resistnueda atrio metlicao comporta
evidencianda fadiga
os aos sejes, a lineada at a dra nveis maurakami e tos das inga de aos
s aspectos ico. As infl
lica. Fica defeito, a
de uma trincacluso no mrfcie do metal
de trincas p esquerda
igem das trin
das incluseomo explicaadiga de alimite de resa proporcioorma que aua resistne 400 Vickncia fadibuda ex
as nesses aamento emo a queda
a a partir am radicalaridade ex
dureza de 4ais elevadoscolaboradocluses no
s, reapresenqualitativo
luncias da
a noo detrinca no
a por fadiga dmetlica prxl1.
por fadiga sege baixa di
ncas, com inc
es no meao para oos com alsistncia
onalmente ca tmpera dcia fadigers, verificaga desses
xistncia deaos. A Fig fadiga de do limite de 400 Vmente limpxperimental
400 Hv sers de dureza
ores3-8 estuo comportantando a quo, quantitaas incluse
e que, o seria
devido ximo de
gundo a ireita) e
cluso
etlicas o com-lta du-fadiga com a de um a. En-a-se a
aos. e inclu-gura 6 vrios de re-ickers.
pos de lmente man-a. daram
amento uesto tivo e
es no
metlicas fadiga forMecnica sejam vistinfluncia metlicas sdos metaisincluses posio.
FIGURA 6 Cfadiga em fun
Entre 1sobre a infportamentolando o nconcentralimpeza dafadiga9-11. sultados code uma anincluses cveriam serdensidade sob fadiga
Outra qtncia fadresiduais ptrinca. O pcos resptrinca, de inibe a proforma, vericompressivsurgimentoPela mesms aplicam
Rvo
e dos peqam estudada Fraturatos como da existnsobre o cos foi estimano que diz
Comportamenno da dureza
1976 e 197fluncia daso em fadigamero de ino de ten matriz metEntretanto,
onclusivos, ntiga informcom dimetr considerade inclusde esferas questo dirdiga de um presentes nerodo de t
ponsvel pemaneira q
ogresso defica-se que
vas dificilmo/progresso ma razo, mm tenses
. Educ. Tecn. Aol. 2, n. 1, p. 45-
quenos defeadas sob a, de mod
pequenasncia das inomportamenada pela obz respeito
nto do limite a de alguns a
79, foram fs incluses a de algunsncluses coses, paratlica com a no forama menos da
mao, de tros acima adas para es na avalde rolamen
retamente lao o pea zona de trao nos ela aberturaque a sua e uma trince a aplica
mente contrde trinca
muitos ensacclicas tra
Apl. Aeron. -52, out. 2010
eitos sobrea tica
do que ess trincas3. ncluses nnto em fadbservao d
forma e
de resistncios3.
feitos estudsobre o co
s aos, vinom o efeito a relacionara resistncim obtidos a confirmaque somede 30 m da medida iao da v
ntos12. igada resrfil de tensnucleao esforos c
a da ponta neutraliza
ca. Da meso de tensribuir paras por fadiaios de fadativas. O p
47
e a da tes
A no iga
das e
a
dos om-cu-de
r a a re-
o nte de-da
vida
sis-es da
cli-da
o ma es a o ga. iga
pro-
Alguns fatores que afetam o comportamento de aos de uso aeronutico sob fadiga
R. Educ. Tecn. Apl. Aeron. vol. 2, n. 1, p. 45-52, out. 2010 48
cesso de shot peening13 se caracteriza pelo jateamento da superfcie da pea pronta com pequenas esferas de ao. As deformaes suaves causadas pelo impacto das esferas contra a superfcie da pea resultam na intro-duo de tenses residuais compressivas, que por sua vez, neutralizam parcialmente as ten-ses trativas cclicas aplicadas.
comum que o processo de usinagem tambm introduza tenses residuais na super-fcie da pea. Em geral, a usinagem de aos mais moles pode resultar em tenses residu-ais trativas na superfcie, prejudicando a re-sistncia fadiga da pea. Por outro lado, a usinagem de aos mais duros pode introduzir tenses residuais compressivas, beneficiando a resistncia fadiga da pea. Assim, inte-ressante que peas usinadas em ao sejam estudadas do ponto de vista das tenses resi-duais e, caso sejam detectadas tenses resi-duais trativas, recomenda-se um tratamento trmico para o alvio de tenses.
2 PARTE EXPERIMENTAL
Neste trabalho, foi usado o ao 35NCD16, de uso aeronutico, geralmente empregado para compor peas do trem de pouso. Suas caractersticas so prximas s do ao SAE 4340, a menos da presena de incluses no metlicas no ao 35NCD16.
Foram usinados trs corpos de prova se-gundo a norma ASTM E 8M e submetidos ao ensaio esttico de trao, para se caracterizar o ao e compar-lo com as especificaes de catlogo.
Foram usinadas, em um torno CNC, amostras conforme a Figura 7, para serem submetidas aos ensaios de fadiga por flexo rotativa. Aps a usinagem, cada amostra foi submetida a um polimento da parte central curvilnea, desde a lixa de granulometria 400 at a lixa de granulometria 1000, para eliminar toda e qualquer marca deixada pela ferra-menta de corte durante a usinagem. A condi-o do polimento foi verificada atravs da me-dida de rugosidade com um rugosmetro por-ttil Mitutoyo, modelo Surf Test 301. As amos-tras no foram tratadas termicamente, nem para tmpera, nem para alvio de tenes in-troduzidas devido usinagem. Por fim, foi me-dida a dureza na superfcie central de uma amostra aps o polimento e a medida da mi-crodureza a 40 m abaixo da superfcie.
FIGURA 7 Amostra para ensaios de fadiga por flexo rotativa.
2.1 Medida da tenso residual
Se a usinagem das amostras implicou na introduo de tenses residuais prximas da superfcie, e essas tenses permaneceram presentes durante o ensaio de fadiga, a ob-teno do perfil de tenses residuais na regio da nucleao das trincas, associada posio da incluso, permite que se discuta sobre a disperso na vida sob fadiga (nmero de ci-clos at o rompimento) de um grupo de amos-tras ensaiadas numa mesma tenso cclica.
Uma das amostras (no ensaiada) foi submetida a uma srie de medidas de tenso residual. O perfil das tenses residuais foi ob-tido pela tensometria por raios-X, realizada no Laboratrio de raios-X, COPPE. Foram feitas nove medidas, desde a superfcie at a pro-fundidade de 300 m, com intervalos regulares de 25 m entre cada medida. Cada medida de irradiao se deu com a superfcie exposta. Assim, as camadas foram retiradas por corro-so eletroltica para evitar alteraes no valor da tenso residual. As camadas foram retira-das formando uma janela na superfcie da amostra com lados de aproximadamente 3 mm.
2.2 Os ensaios de fadiga
Foram utilizadas 24 amostras para os en-saios de fadiga por flexo rotativa. A Figura 8 mostra o esquema desses ensaios.
Para se esboar uma curva de Wller (tenso por profundidade) do ao 35NDC16, foram escolhidas tenses cclicas de 891 MPa (90% da tenso de escoamento trs amostras), 801 MPa (cinco amostras), 751 MPa (cinco amostras), 701 MPa (trs amostras), 691 MPa (quatro amostras), 681 MPa (duas amostras) e 671 MPa (68% da tenso de escoamento - duas amostras). Os ensaios de fadiga foram realizados numa mquina Veb Werkstoffprufmaschinen Leipzig,
modelo saios Mde Gua
FIGURA 8
2.3 A aAp
as anlipermitirtrincas essas n
Devdas, a (MEV) tintos: d(CTA (INPE amostrauma prigeral dorigem examinaidentificmetlicametlicaconfirmapor meida amofeixe de
3 RES3.1 Carmedida
O etenso de escoantes d40 HRcseu intecamadadureza microdu47 HRcnagem
UBM 520/Mecnicos d
ratinguet/U
Ensaio de fa
nlise por
s a rupturises por MEram a locale das inclu
nuclearam avido ao n
microscopfoi realizaddo DEMAR So Jos
So Ja foi examimeira meno
da superfcda trinca, ear o ponto
car eventuaas. Diantea, foi feitar a naturezio de emissostra aps e eltrons (E
SULTADOS Eracteriza
as da tens
ensaio esttde ruptura
oamento dea usinagem em sua serior. Com a com 40 H
superficial ureza 40 mc. Esses res
a frio das
/86/9, do Lada FaculdadUNESP.
adiga por flex
MEV
ra por fadigEV das supeizao das
uses no mas trincas. mero de a
pia eletrnida em trs R (USP L dos Camos dos nada em dor, para se ie de fratue uma seg
o de nucleais defeitos
e de umata uma aza no-metso de raioser bomba
EDS).
E DISCUSSo do aoo residual
tico de trade 1107 M
e 989 MPa.m apresentosuperfcie ea usinagemRc, ficandode 38 HR
m abaixo dasultados suamostras
aboratrio dde de Enge
o rotativa14.
ga das amoerfcies de f
s nucleaemetlicas q
amostras aca de varlaboratrio
Lorena), dompos) e doCampos).
duas magnitomar uma
ura e localunda maiorao da triou inclusea inclusoanlise patlica da incos-X provenardeadas p
O 35NCD16
o fornecePa e uma t O tarugo d
ou uma duree de 38 HRm, foi elimino a pea comRc. A media superfciegerem queresultou em
de En-enharia
ostras, fratura es das quando
nalisa-rredura os dis-o AMR o LAS
Cada itudes, a viso lizar a r, para inca e es no o no ra se cluso, nientes por um
6 e as
u uma tenso do ao eza de Rc em nada a m uma ida da
e foi de a usi-
m uma
tenso ressuperfcie d
O perfamostra n
FIGURA 9 - Peaps a usinag
Partinddas amostrconjunto hoo perfil motodas as amfadiga aprepressivas nde 250 msivas, variinfluenciarapropagaofadiga. Detenso resicontrada nde 40% dacerca de 6cada nos em vida Tabela 1. efeitos da a nucleano so de
3.2 Os enimagens d
Na Tabobtidos norotativa, incMEV nas ztodos os cnuclearam
A tabeconsidera
1) a (891 MPa) sem a pres
-400
-300
-200
-100
0
100
Tens
o R
esid
ual (
MPa
)
Rvo
sidual comda amostra.fil da tenso ensaiada
erfil de tensegem.
do da hiptras em tornomogneo ostrado na mostras suesentaram no desprez. Essas tenveis em fam de algumo das trincaeve ser obidual comp
na superfcia tenso de60% da meensaios deinfinita, coEsses va
tenso reso e propag
esprezveis.
nsaios dede MEV
bela 1 apreos ensaioscluindo as
zonas de nucasos, as trincas.
ela permite es conclus
aplicao implicou n
sena de in
0,00 0,05 0,10
tenso nula
superfcie
Pro
. Educ. Tecn. Aol. 2, n. 1, p. 45-
mpressiva n.
so residuaa mostrad
es residuais e
tese de quenos CNC ree reprodutFigura 9 a
bmetidas atenses re
zveis at anses residufuno da ma forma nas durante bservado quressiva de ie, corresp
e escoamenenor tense fadiga, quomo pode alores sugesidual compao da trin
fadiga e
esentam-se s de fadiginformae
ucleao daincluses n
que se fasivas:
da tensona nucleancluses, co
0 0,15 0,20
ofundidade (mm)
Apl. Aeron. -52, out. 2010
na regio
al medida o na Figura
em uma amo
e a usinagesulte em tivo de peassegura qos ensaios esiduais coa profundidauais comprprofundidaa nucleaos ensaios ue o valor 380 MPa, eonde a ce
nto do ao eo cclica aue resultarser visto
erem que pressiva sobnca por fad
e respectiv
os resultada por flex
es obtidas pas trincas. Eno metlic
aam algum
o cclica ao de trinc
omo era de
0,25 0,30
49
da
na a 9.
stra
em um
as, que
de om-ade es-de, o e de da
en-rca e a pli-
ram na os
bre iga
vas
dos xo por Em cas
mas
alta cas se
Alguns fatores que afetam o comportamento de aos de uso aeronutico sob fadiga
R. Educ. Tecn. Apl. Aeron. vol. 2, n. 1, p. 45-52, out. 2010 50
esperar;
2) tenses cclicas intermedirias (801 MPa e 751 MPa) implicaram em situaes mistas de nucleao das trincas; observe-se que as vidas mais longas ocorreram nos casos onde no havia incluses nucleando as trincas; observe-se ainda que as vidas mais curtas ocorreram nos casos onde havia incluses superficiais;
3) a aplicao de tenses cclicas inferiores (701 MPa, 691 MPa e 681 MPa) implicaram na nucleao de todas as trincas em torno de incluses no metlicas; a exemplo do ocorrido com as aplicaes de 801 MPa e de 751 MPa, em 701 MPa e em 681 MPa, as incluses na superfcie tambm implicaram em vidas mais curtas. TABELA 1 Nmero de ciclos at a ruptura para amostras submetidas ao ensaio de fadiga.
Tenso (MPa)
% da tenso de
escoamento
Ciclos at a
ruptura x 103
Identific. do cdp.
Observaes
891 90 19,1 35,4 14,2
18 64 24
Sem incluses Sem incluses Sem incluses
801 81
104,9 66,7
285,6 61,4
219,1
01 10 54 62 04
Incluso a 130 mInclus. superficial Sem incluses Inclus. superficial Incluso a 60 m
751 76
61,5 163,9 209,1 297,5 156,6
02 42 03 60 05
Inclus. superficial Incluso a 140 mIncluso a 95 m Sem incluses Incluso a 170 m
701 71 2726,3 1329,9 569,7
06 07 08
Incluso a 130 mIncluso a 280 mInclus. subsuperf.
691 70
2176,8 1308,9 4341,9 2198,4
B1 B2 B3 B4
Incluso a 300 mIncluso a 200 mIncluso a 70 m Incluso a 180 m
681 69 3631,4 2078,2 09 67
Incluso a 75 m Inclus.subsuperf.
671 68
10.000 (inf.)
10.000 (inf.)
B5 B6
Sem fractografia Sem fractografia
O conjunto dos resultados dessa tabela apresenta uma coerncia clara quanto me-nor vida das amostras que possuiam incluses na superfcie. A nica exceo ocorreu sob a aplicao de 671 MPa, donde se pode inferir que nenhuma das quatro amostras ensaiadas sob essa tenso possua defeitos ou incluses superficiais. O fato de as fractografias (imagem da regio de fratura) por MEV terem permitido a exata localizao de cada incluso que gerou a trinca associado ao fato de incluses superficiais terem implicado em vidas nitidamente mais curtas, sugere que se
tente relacionar as vidas sob fadiga e respectivas posies das incluses (e nucleaes de trinca) com o perfil de tenses residuais mostrado na figura 9. Assim, fez-se o perfil de vidas sob fadiga em funo da profundidade da incluso (nucleao da trinca) para uma mesma tenso cclica aplicada.
Para comparar todos os resultados sobre a vida sob fadiga em uma nica escala, a figura 10 apresenta pontos que permitem a visualizao de uma eventual influncia da posio da incluso (ponto de nucleao da trinca) sobre a vida sob fadiga das amostras. Como foram considerados todos os nveis de tenso cclica onde a trinca foi nucleada por uma incluso, os valores foram normalizados em cada nvel de tenso, sendo a maior vida nessa tenso normalizada em 100%.
FIGURA 10 - Vidas sob fadiga (normalizadas) sob 5 ten-ses diferentes em funo da profundidade da incluso que nucleou a trinca.
O comportamento da curva tracejada, feita na tentativa de se seguir a tendncia sugerida pela distribuio dos pontos, pode ser expli-cada se for levado em conta o perfil de ten-ses residuais mostrado na Figura 9.
Alm da confirmao de que defeitos e in-cluses superficiais implicam em vidas sob fadiga menores, visto que a trinca superficial no precisa vencer o metal ntegro em um dos lados, verifica-se que as maiores vidas ocorre-ram quando a incluso que nucleou a trinca localizava-se entre 50 m e 150 m de pro-fundidade, ou seja, na zona onde a tenso residual compressiva, variando entre 250 MPa (50 m) e 50 MPa (150 m). A menor vida sob fadiga ocorreu para a posio da incluso a 200 m de profundidade, notoriamente na zona onde a tenso residual tende a se anular. Trincas nucleadas devido a incluses mais profundas voltaram a se
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propagar mais lentamente e resultaram em vidas sob fadiga maiores.
Dessa forma, ficou confirmado que existe uma influncia do nvel da tenso residual compressiva sobre a velocidade da propaga-o da trinca na sua zona de nucleao. Pode-se inferir que a trinca nucleada dentro de uma zona submetida a uma tenso residual compressiva propaga-se com maior dificul-dade do que uma trinca nucleada fora dessa zona. Esta ltima pode atravessar a zona submetida tenso residual compressiva mais facilmente do que uma trinca gerada no seu interior. Fica a idia de que a trinca nucleada no interior da zona comprimida pode, em caso extremo, ficar nela confinada. J as incluses existentes em camadas mais profundas da amostra tendem a se propagar mais lenta-mente (ou no nuclearem trincas) por precisa-rem vencer maiores quantidades de metal n-tegro em todas as direes.
4) CONCLUSES
1) a anlise por MEV da superfcie de fra-tura de amostras ensaiadas sob fadiga por flexo rotativa permite relacionar a vida sob fadiga com a posio da incluso que nucleou a trinca; o espalhamento dos resultados dos ensaios de fadiga pode no ser estatstico, mas um reflexo da posio das incluses que nuclearam as trincas;
2) se for feito o perfil das tenses residu-ais existentes na regio onde se nucleiam trin-cas, ser possvel se fazer a relao entre a vida sob fadiga, a tenso residual e a posio do ponto de nucleao da trinca devido existncia de incluses no metlicas;
3) estudada essa relao, verifica-se que trincas nucleadas no interior de zonas sob tenso residual compressiva tem a sua propa-gao retardada;
4) defeitos ou incluses superficiais redu-zem sensivelmente a vida sob fadiga em rela-o vida devida a defeitos ou incluses existentes em camadas sub-superficiais ou mais profundas.
AGRADECIMENTOS
Ao AMR (CTA) EEL (USP) e ao INPE, pelas microscopias eletrnicas de varredura.
EDE- Liebherr, pelo fornecimento do ao 35NCD16.
Enthone-OMI do Brasil, pelos recobri-mentos anticorrosivos.
Ao DMT/FEG/UNESP, pelos ensaios de fadiga.
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Alguns fatores que afetam o comportamento de aos de uso aeronutico sob fadiga
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12 UHRUS, L. O. Throught hardening steels for ball hearings effect of inclusions on endurance in clean steel 77. Iron Seel Inst., p. 104-109, 1963.
13 VOORVALD, H. J. C.; SILVA, M. P.; COSTA, M. Y. P.; CIOFFI, M. O. H. Improvement in the fatigue strength of chromium electroplated AISI 4340 steel by shot peening. Fatigue & Structures, v. 32, p. 97-104, 2009.
14 NASCIMENTO, M. P. Determinao da vida em fadiga do ao ABNT 4340 revestido com cromo duro sobre nquel qumico, 1999. Dissertao (Mestrado em Engenharia Mecnica, rea de Projetos e Materiais), Faculdade de Engenharia de Guaratinguet, UNESP, Guaratinguet, 1999.
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