Carlos Estevão Leite Cardoso
Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura
Cruz das Almas (BA)
Pesquisador convidado do Cepea/Esalq/USP
Piracicaba – SP
Março - 2016
Alternativas de Governança para a Cadeia
da Mandioca
O que se espera de uma governança compatível com as características das cadeias?
Preços mais estáveis, menos conflitos nas transações.
Mais estímulos para inovar.
Maior competitividade da cadeia.
O que se espera de uma governança compatível com as características das cadeias?
Preços mais estáveis, menos conflitos nas transações.
Mais estímulos para inovar.
Maior competitividade da cadeia.
Determinantes dos preços
» Os preços dependem:
» custos de produção/sistema de produção;
» da estrutura do mercado;
» da tendência do mercado;
» dos ciclos do mercado;
» do componente sazonal;
» dos fatores aleatórios; e
» da forma de gestão/governança da cadeia
de produção.
Determinantes dos custos Sistema de preparo do solo baseado na derruba e queima (impotência!!!)
Áreas disponibilizadas para os plantios
Duplica a produtividade do trabalho na colheita e, consequentemente reduz custo.
Um homem colhe entre 800 kg e 1.200 de raízes por dia.
Sistema de colheita: semimecanizada
Duplica a produtividade do trabalho na colheita e, consequentemente reduz custo.
Um homem colhe entre 800 kg e 1.200 de raízes por dia.
Colheita semimecanizada: poda das ramas, parte aérea
Preços de mandioca: tendência e ciclo
R² = 0,2156
- 100 200 300 400 500 600 700
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R$
/t d
e fe
ver
eiro
d
e 2
01
3
Fonte: FGV (valores deflacionados)
Mandioca: Preços recebidos pelos produtores.
Bahia - R$/t* » Tendência:
»Preços em ascensão
» Ciclo:
»Pico dos ciclos de preços de
curto e longo prazos
Preços de mandioca: fatores aleatórios
Seca: imprevisível quanto à intensidade
» Consequências:
»Redução de área plantada
»Perda de quantidade e qualidade
das manivas-semente
»Perda da diversidade
»Risco de disseminação de pragas
e doenças
Ciclo de preço
R² = 0,2156
-
100
200
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R$
/t d
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d
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3
Fonte: FGV (valores deflacionados)
Mandioca: Preços recebidos pelos
produtores. Bahia - R$/t*
q
p
o1
o2
q1 q2
p1
p2
d1
d2
Efeito do aumento da oferta de farinha
q3
E1
E2
E3
1. Expectativa de elevação dos preços 2. Nova tecnologia (aumento de produção)
Evoluções dos preços de raiz de mandioca e fécula no Centro-Sul
0,0035,0070,00105,00140,00175,00210,00245,00280,00315,00350,00385,00420,00455,00490,00525,00560,00595,00630,00665,00700,00735,00
0,00200,00400,00600,00800,00
1.000,001.200,001.400,001.600,001.800,002.000,002.200,002.400,002.600,002.800,003.000,003.200,003.400,003.600,003.800,004.000,004.200,00
18
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/15
18
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/15
Man
dio
ca
- R
$/t
Fécu
la -
R$/t
Fécula (R$/t)deflacionado
Raiz (R$/t)deflacionado
Fonte: Cepea, 2016
Como fazer a matéria prima (raiz) chegar na indústria no momento certo, com qualidade e preços adequados?
Desafio....
Governança: gestão da matéria prima
Características das transações nas cadeias
• Frequência
• Incerteza (risco)
• Estrutura de informação
• Especificidades dos ativos
Quais as formas de coordenação das cadeias?
• Realizada pelo governo
• Mercado (mecanismo de preço – “spot”)
–“Compra na folha”
• Contratos/parcerias
• Verticalização
Sentido do controle de preços
O que significa verticalizar a produção?
Distribuição
Consumidores/clientes
Processamento
Produção de matéria prima
Insumos
Características das transações na cadeia de mandioca
• Alta frequência (pode armazenar?)
• Incerteza (associadas ao mercado - fatores ambientais e biológicos?)
• Especificidades dos ativos – Geográfica (colhe o ano inteiro?)
– Locacional (custo do transporte vs. teor de água)
– Temporal (perecibilidade)
Fonte: IBGE (2004).
Rendimento médio de amido (%)
Meses Valores usados no estudo1(ir )
Média alcançada em uma grande fecularia2
Janeiro 21 26,89
Fevereiro 21 26,78
Março 25 28,58
Abril 25 29,37
Maio 25 29,71
Junho 29 29,60
Julho 29 29,43
Agosto 29 29,26
Setembro 25 28,81
Outubro 25 27,57
Novembro 25 26,84
Dezembro 21 27,40
Fonte: Cardoso (2003). Dados básicos apresentados em Takahashi & Gonçalo (2001) e Barros et al. (2002)
1 Valores apresentados em Barros et al. (2002) 2 Teor de amido calculado pelo autor, usando fórmula apresentada em Conceição (1987) Valores básicos apresentados em Takahashi & Gonçalo (2001)
Teor médio de amido ao longo do ano - PR
Rendimento em farinha: Recôncavo da Bahia
Rendimento em farinha
24,0
26,0
28,0
30,0
32,0
34,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
(Meses)
(%
)
Interesses agricultor/agroindústria: (ponto de vista em relação à raiz)
Para agricultor: Produto (Fim)
Para agroindústria: matéria prima (Início)
Para agricultor: Preço máximo
Para agroindústria: Preço mínimo
Correlações entre os preços de raiz de mandioca e fécula no Centro-Sul
y = 5,025x + 334,45 R² = 0,9599
0,00200,00400,00600,00800,00
1.000,001.200,001.400,001.600,001.800,002.000,002.200,002.400,002.600,002.800,003.000,003.200,003.400,003.600,003.800,004.000,004.200,00
0,0
0
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,00
10
0,0
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5,0
0
20
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0
22
5,0
0
25
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0
27
5,0
0
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0,0
0
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0,0
0
37
5,0
0
40
0,0
0
42
5,0
0
45
0,0
0
47
5,0
0
50
0,0
0
52
5,0
0
55
0,0
0
57
5,0
0
60
0,0
0
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5,0
0
65
0,0
0
67
5,0
0
70
0,0
0
72
5,0
0
Fécu
la -
R$/t
Raiz (R$/t)deflacionado
Linear (Raiz (R$/t)deflacionado)
Fonte: Cepea (2016)
Alternativas de coordenação/governança/gestão
indicadas para a cadeia de mandioca
• Integração vertical
• Contratos e parcerias
Coordenação/governança que permita forte controle sobre o fornecimento
da matéria prima
Mercado
61%
Verticalização
3%
Parceria
16%
Contrato
15%
Intermediário
5%
Formas de aquisição da matéria prima no mercado de fécula. Centro-Sul - 2001
Fonte: EMBRAPA/CEPEA/ESALQ
Fonte: Barros et al., (2002)
EFETIVAÇÃO DE CONTRATOS
% DAS EMPRESAS - 2006
Fonte: Cepea/Esalq/USP- ABAM - Paranavaí/PR, 27 de abril de 2007
54%
71%
0%
25%
60%
67%
100%
43%
100%
43%
80%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
BR ASI AVI COP EOP ESM GO LSC MG NOP SOM
1
Formas de aquisição da matéria prima, 2014
77,6
100,0
92,0 89,9
73,6
66,8 93,8
100,0 96,3
87,5
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ASI AVI COP EOP ESM LSC NOP PA SOM Total
Spot (%) Contratos (%) Cultivo em áreas arrendadas (%) Cultivo em áreas próprias (%)
Fonte: Cepea (2016)
Restrições à integração vertical
• Sistema de produção em larga escala
• Comprar ou arrendar terra?
– Mobilizar capital?
– Área superior a capacidade instalada (cultura esgotante - fileiras duplas)
• Rotação de culturas implica gerenciar atividades fora do “foco”
– Desconhecimento quanto às interações positivas e negativas da cultura da mandioca com as culturas anteriormente plantadas
Restrições à integração vertical
• Variedades que apresentem versatilidade de período de colheita (alongamento do período da safra)
• Alternativas para ampliar a taxa de multiplicação
• Perdas na colheita derivadas do uso do “afofador”/arrancador
• Encargos sociais (sistema de produção ainda intensivo em mão de obra)
– Tratos culturais (capinas vs. herbicidas)
– Colheita
Restrições à implementação dos contratos
• Organização de produtores e industriais
• As experiências passadas...
• Formato dos contratos
• Indicadores de preços (preços de referência) para várias regiões
• Formas de remunerar a matéria prima (balança hidrostática)
Preço médio de raiz de mandioca: R$/t
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
Preço (R$/t) Preço médio: R$/t
Regiões acompanhadas pelo Cepea/Esalq/USP
Fonte: Cepea, 2016
61,3% - menor que o preço médio: R$ 295,11
41,7% - menor que o custo médio de produção: R$ 260,00
Efeito de um preço de referência na cadeia de mandioca
Fonte: Dados básicos, Cepea ( 2016). Cálculos do autor
Simulações CTMe (R$/t)
VPL
(2% a.m.)
(R$)
Variação em
relação ao
mercado (%)
Receita (preço de mercado
–“spot”) 260,00 58.345,47
Receita
(R$312,00/t)=CTMe+20% 260,00 62.557,04 6,73
Receita
(R$364,00/t)=CTMe+40% 260,00 72.761,89 19,81
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