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    ISSN: 2316-2600

    Luc Ferry nasceu em Paris nametade do sculo XX e formou-se

    em filosofia e cincia poltica. Foi

    professor de filosofia nas universidades

    de Lyon II, Caen e Paris VII e

    tambm ajudou a fundar o Collge

    de Philosophie. Entre 2002 e 2004

    foi ministro da educao na Frana.

    Durante esse perodo, criou uma

    lei que proibia o uso de vu pelas

    estudantes mulumanas no interior das

    escolas pblicas. Ferry conhecido

    por defender uma filosofia baseada

    na razo, afastada de qualquer forma

    de religiosidade, o que classifica

    como humanismo secular. Em 2006,ganhou o prmio Aujourdhui, um

    dos mais prestigiados de no fico

    contempornea na Frana, com o seu

    livro Aprendendo a viver, que teve

    mais de 700 mil cpias vendidas

    no planeta. Tambm escreveu outros

    livros de grande sucesso como A

    nova ordem ecolgica; A tentao docristianismo; Famlias, amo vocs; O

    anticonformista; Vencer os medos; La

    pense 68; entre outros. Recentemente,

    Luc Ferry, este declarado republicano

    de direita, lanou A Revoluo do

    amor: por uma espiritualidade laica.

    O livro, que j considerado um

    sucesso de vendas, chegou ao Brasil

    pela editora Objetiva com traduo

    de Vra Lucia dos Reis.

    O subttulo do livro chama

    a ateno do leitor logo de cara

    pela aparente contradio do termo

    espiritualidade laica. Ser possvel

    afirmar a existncia de umaespiritualidade afastada de uma

    esfera religiosa? esse o esforo

    que Luc Ferry faz ao decorrer de seu

    livro: asseverar uma espiritualidade

    afastada de dogmas e de qualquer

    forma de transcendentalidade

    religiosa, respaldada na tradio

    Amor sustentvel

    Luc Ferry.

    A Revoluo do amor: por uma espiritualidade laica. Traduo de Vra Luciados Reis. So Paulo: Objeva, 2012, 359 pp.

    Gustavo Ramus

    Mestre em Cincias Sociais pela PUC-SP. Pesquisador no Nu-Sol e no Projeto

    temco FAPESP Ecopoltca.

    ecopoltica, 3: 2012

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    iluminista, agora revigorada por uma

    nova espiritualidade da razo e das

    emoes.

    De acordo com Ferry, vivemosum momento histrico, o segundo

    humanismo, que se afasta daquele

    do iluminismo. Esse segundo

    humanismo tem como principal

    predicado o amor. No o amor a

    um Deus, a uma ptria ou a uma

    grande causa, mas o amor que cerca

    nossas relaes cotidianas. Para ele,

    exatamente esse novo amor que

    d sentido nossa existncia.

    o amor aos prximos e aqui o

    prximo no tem um sentido cristo

    que sugere um amor incondicional

    a qualquer outra pessoa , queles

    com quem estabelecemos laos,alianas, ou seja, mais precisamente,

    aos nossos amigos, parentes, amantes

    e, sobretudo, os filhos, que nos far

    atentar ao futuro e, consequentemente,

    no nos descuidarmos da poltica.

    O autor de A revoluo do amor

    se dirige ao leitor de forma clara,

    com uma linguagem simples, o que

    faz com que seu livro possa ter

    alcance no somente entre intelectuais,

    mas tambm a um grande pblico.

    O autor escreve para um pblico

    que ama, portanto, escreve para

    todos. Ferry no lana mo de uma

    exposio acadmica intrincada para

    expor conceitos difceis, o que torna

    a sua argumentao convincente. Em

    alguns momentos recorre a autores

    conceituados como Montaigne, nopara discutir sua obra, mas para

    comentar algumas passagens de sua

    vida. Da mesma maneira, dedica

    algumas pginas comparao do

    estilo de vida de suas filhas com os

    tempos de sua av para exemplificar

    as transformaes culturais nos

    ltimos anos. Luc Ferry no est

    interessado, em certa medida, com o

    que se tem produzido academicamente

    em filosofia ou cincia poltica. O

    objeto com o qual se preocupa est

    no cotidiano das pessoas, presente

    nas suas vidas da forma mais simples

    que possamos imaginar.Luc Ferry nos apresenta a uma

    nova noo de sagrado que, segundo

    ele, no est no sentido religioso,

    mas sim em seu sentido ideolgico e

    filosfico: no o oposto ao profano,

    mas antes como aquilo pelo qual

    podemos nos sacrificar, nos arriscar

    ou dar a vida (p. 16). Essa a

    grande mudana que, segundo ele,

    marca esse momento histrico

    no qual vivemos. Antigamente,

    as pessoas se sacrificavam pela

    revoluo, pela ptria ou at por

    Deus. Mas a que se deve o fim dos

    motivos tradicionais do sacrifcio?

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    E no que consiste exatamente? Em

    primeiro lugar, essa mudana s foi

    possvel pela destruio dos valores

    e das autoridades tradicionais queteve como grande marco o maio de

    68: os motivos dos sacrifcios hoje

    no so mais abstraes, mas sim

    as pessoas, seres reais. Contudo, o

    autor se preserva com uma ressalva

    importante ao sublinhar que essa nova

    noo de sagrado e de sacrifcio no

    pode ser generalizada, pois se refere

    Europa, principalmente a parte

    ocidental, e mesmo assim admitindo

    algumas excees regra.

    A substituio dos ideais polticos

    ou religiosos pela vida amorosa

    de pessoas comuns culmina num

    dos pontos principais do livro:a sacralizao do amor. O amor

    passou a ser o pedestal mais

    importante dos valores que guiam

    a contemporaneidade, o centro das

    preocupaes dos cidados comuns.

    No obstante, Ferry ressalta que no

    estamos perto do fim da sociedade

    individualista, pelo contrrio, o

    egosmo ainda prepondera no interior

    dessa nova tica. Mas esse egosmo

    captado de forma positiva e otimista.

    No por acaso que agora exigimos

    que a poltica sirva primeiramente e

    antes de tudo no glria da nao,

    muito menos do imprio, mas ao

    desenvolvimento de nossa existncia

    pessoal e preparao da de nossos

    filhos (p. 18).

    O primeiro ponto para compreendera argumentao de Ferry entender

    como ele situa o processo da

    desconstruo das tradies e dos

    valores que as seguiam. O incio

    dessa desconstruo pode ser

    remetido filosofia nietzschiana que

    ele classifica como a filosofia do

    martelo, responsvel pela destituio

    de dolos e dos valores judaico-

    cristo. E de maneira anloga est

    a contribuio de Heidegger com

    a desconstruo da metafsica.

    No sculo XX, essa transformao

    se acentuou por meio de variadas

    mudanas, que fazem deste o sculode inovaes e que encontrou no

    maio de 68 seu marco fundamental

    para a transformao que ele tanto

    insiste em constatar.

    Os jovens que embalaram maio

    de 68 se voltaram contra o estilo de

    vida burgus e iniciaram a destituio

    dos valores convencionais dando

    forma ao que o autor denomina

    de individualismo revolucionrio.

    Entretanto, Luc Ferry aponta os

    agentes de 68 tambm como os

    principais geradores da sociedade de

    consumo, e afirma que aqueles jovens

    que queimavam carros se tornaram

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    o brao armado da expanso do

    capitalismo globalizado. Ferry

    brinca com a famosa frase pichada

    nos muros de Paris: abaixo docalamento est a praia e diz

    que se no houve praia, houve a

    globalizao liberal. Em outras

    palavras, afirma que os contestadores

    de outrora formam hoje o grande

    mercado consumidor: quanto mais

    os valores tradicionais se corroem,

    mais ficamos dependentes e mais

    nos tranquilizamos consumindo. o

    que j se chamava nos anos 1960 de

    dessublimao repressiva (p. 74).

    Ferry vai ainda mais longe em sua

    anlise e aponta esse fato histrico

    como ponto crucial para o que

    denomina como segunda globalizao.A primeira teria sido a das Luzes,

    entre os sculos XVI e XVIII, que

    marcaram as grandes revolues como

    a francesa. J a segunda globalizao

    um processo recente, ou melhor,

    ainda em formulao. No entanto

    seus sintomas j so visveis. De

    acordo com Ferry no existe mais

    a distino, pelo menos no que diz

    respeito poltica partidria, entre

    direita e esquerda. Isso pertence

    ao passado, uma questo fora de

    poca. Hoje os pases se organizam

    e se articulam diante da questo:

    como vencer a crise financeira que

    assombra a Europa? Como regular

    a economia mundial livrando-se da

    ameaa da falncia social?

    Voltemos questo principal dolivro: o amor. De acordo com Luc

    Ferry, a mudana mais notvel que

    se pode ter hoje o casamento

    por amor. Antes o casamento se

    dava por convenincia, ocorria por

    interesses econmicos e exercia esta

    funo social. Hoje em dia, a maior

    parte dos casamentos uma escolha

    marcada pela paixo. Antes, o

    casamento norteado pelo sentimento

    era muito mal visto pela sociedade.

    Nessas sociedades a famlia tinha a

    funo de preservao dos bens e

    da honra, e no tinham, portanto, a

    funo afetiva como primordial.Ferry aponta a transio de um

    casamento que se d por uma

    imposio social para um casamento

    de livre escolha, uma conquista,

    mais precisamente uma reivindicao

    de direito. Nem amor, nem escolha,

    mas em compensao, peso da

    comunidade e preocupao maior

    com a linhagem, a biologia, e a

    economia. Em resumo, assim o

    casamento antigo. (...) Alis, no sem

    razo: se no mais a biologia, a

    linhagem ou a economia que decidem,

    e se, alm disso, os indivduos so

    livres para escolher uma vida que,

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    evidentemente, no lhes mais

    imposta, nem pela aldeia, nem por

    qualquer comunidade tradicional,

    por que motivo continuar recusar aadultos complacentes no apenas o

    direito sexualidade, mas tambm

    ao amor? (p. 88).

    O autor no trata da importncia

    do casamento em outras sociedades,

    o que curioso, porque chega a

    mencionar, ainda que timidamente,

    o nome de Claude Lvi-Strauss. O

    antroplogo francs famoso, entre

    outras coisas, pelo seu estudo das

    relaes de parentesco, apontando

    a importncia do casamento nas

    sociedades tribais como mecanismo

    de circulao de bens, mulheres

    e palavras, e tambm meio parareafirmar ou afirmar alianas

    polticas. Contudo, isso no abala

    a argumentao no trabalho de

    Luc Ferry porque, como disse

    anteriormente, ele est interessado

    na sociedade europeia e na transio

    do casamento por convenincia para

    o casamento por amor. Por fim,

    a tese defendida no livro que

    o casamento por amor, somado

    desconstruo das tradies e uma

    nova globalizao, propiciaram uma

    nova viso de mundo.

    Ferry chama ateno para outra

    mudana decorrente do casamento: a

    das relaes familiares, principalmente

    entre pais e filhos. Nas sociedades

    antigas os filhos eram tidos como mo

    de obra. Uma criana de sete anosj ajudava nos trabalhos de campo,

    ao passo que hoje teramos outro

    tipo de investimento nas crianas

    e foi na educao que ocorreram

    grandes mudanas. Antigamente

    era comum aos pais entregarem

    seus filhos aos cuidados das amas,

    e tambm que muitos filhos no

    voltassem vivos para seus pais. Ferry

    volta a Montaigne quando este fala

    tranquilamente a um amigo que no

    sabia o nmero exato de filhos que

    morreram nas mos das amas, e

    tambm ao caso de Rousseau, que

    abandonou seus cinco filhos. O queera comum naquela poca hoje

    inconcebvel. A perda de um filho

    hoje jamais seria encarada de forma

    tranquila, com normalidade, como

    nos casos acima; pelo contrrio,

    seria a pior tragdia que poderia

    acontecer a uma famlia por certo

    esta famlia europeia classe mdia,

    que ele no nomeia diretamente, e

    que a grande fonte da produo da

    verdade sobre o amor e o casamento

    contemporneos.

    A falta de afetividade entre pais

    e filhos, ou o desapego por parte

    dos pais era tamanho que era at

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    mesmo comum os pais se livrarem

    de filhos recm nascidos. Ferry

    recorre ao historiador Philippe Aris

    para mostrar que a diminuio damortalidade infantil que se observa

    no sculo XVIII no pode ser

    explicada exclusivamente por razes

    mdicas e sanitrias: apenas no se

    deixava mais morrer ou ajudar a

    morrer as crianas que no eram

    mais desejadas (p. 99). Dito de

    outra forma, aliado ao avano da

    medicina, essa mudana cultural, a

    da afetividade entre pais e filhos, ou

    como coloca Ferry, quando a criana

    passa a ser considerada um bem

    emocional, o que faz com que a

    taxa de mortalidade infantil diminua

    consideravelmente.Ao final do livro o autor retoma

    o tema da morte para afirmar que,

    sob o prisma do amor, ela ganha

    uma nova dimenso, um novo

    significado. Isso tambm desponta

    em uma transformao significativa,

    na medida em que a partir de

    determinado momento as famlias

    passam a se organizar em funo

    das crianas. A preocupao com os

    filhos o que determina tambm uma

    nova postura poltica predominante

    nos dias de hoje.

    Como criar nossos filhos, como

    equip-los para que venam na vida

    do melhor modo possvel? O que

    significa, alis, a expresso vencer

    na vida, se no a reduzirmos

    dimenso puramente social e material?Que mundo ns queremos lhes

    deixar, legar s geraes futuras, no

    apenas em termos de ecologia, mas

    tambm de economia, de poltica, de

    cultura? (p. 116).

    Essa preocupao com o futuro

    do planeta e das geraes futuras

    foi o que propiciou o surgimento

    dos ecologistas que, segundo Ferry,

    constituram o movimento poltico

    mais consistente do sculo XX. Os

    ecologistas, mais interessados pela

    sociedade civil do que pelo Estado,

    perceberam isso desde cedo, tirando

    proveito, jogando habilmente com omedo do futuro que a preocupao

    com os filhos no deixa de provocar

    (p. 353). Na dcada de 70 surge a

    preocupao com o fim dos recursos

    naturais devido ao aceleramento

    incontrolvel do capitalismo. O

    medo de um possvel apocalipse

    reflete em uma poltica de

    conscientizao. Como consequncia,

    surge a preocupao, no apenas dos

    dirigentes, mas tambm dos cidados

    comuns, com um desenvolvimento

    durvel. Desde ento, emergiu o

    discurso da sustentabilidade.

    Essa a chave principal de A

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    revoluo do amor: esse amor ao

    homem, ou o que Ferry denomina

    de sacralizao do Homem, a nova

    face do sagrado. E exatamente essenovo sagrado que funda o que ele

    classifica como segundo humanismo.

    Ferry insiste no segundo humanismo,

    porque considera que o primeiro

    humanismo, o das Luzes, esteve

    centrado no cidado, no homem

    jurdico de direito, que exerce uma

    relao, no caso da democracia,

    de sdito e soberano ao mesmo

    tempo, ao passo que esse segundo

    humanismo considera as paixes dos

    indivduos. Isso no significa o fim

    dos direitos. O autor defende que

    esse amor-paixo um acrscimo,

    que aos poucos vai ganhando maiorimportncia. No est mais em

    jogo o humanismo da razo e dos

    direitos, mas um humanismo tomado

    pelas emoes e, sobretudo, pela

    afetividade nas relaes de parentesco

    e de amizade. Esse humanismo,

    segundo Luc Ferry, rompe com

    uma tradio metafsica, baseada

    em transcendncias, e se firma na

    imanncia do mundo ou, o que o

    autor toma emprestado de Husserl,

    a transcendncia da imanncia. O

    autor se refere ao amor s pessoas

    que nos so prximas, e no ao

    amor como abstrao. Dito de outra

    forma, no mais o filho da nao

    o centro do discurso poltico e da

    preocupao dos cidados alis,

    atualmente seria at inadequado oemprego desse termo , mas sim os

    de filhos dos cidados, pessoas reais.

    Enfim, o primeiro humanismo tinha

    como base a secularizao da moral

    crist, no entanto, seus efeitos se

    limitavam a direitos formais, ou seja,

    estava enredada no interior do que

    foi institudo como Estado-nao.

    Na terceira e ltima parte do

    livro, Luc Ferry tenta firmar seu

    novo conceito o de espiritualidade

    laica. Uma espiritualidade sem Deus.

    Sem dvida, o autor rompe com um

    pensamento abstrato e transcendental,

    mas no abre mo dos valores cristos,como bondade, benevolncia e o

    respeito pelo prximo. Est interessado

    em uma espiritualidade prxima de

    uma filosofia que busca, atravs da

    razo, a resposta do que seria uma

    vida boa. Em outras palavras,

    a busca por uma sabedoria, longe

    de uma definio religiosa, que por

    sua vez se aproxima da filosofia. A

    preocupao com as geraes futuras

    fez com que as pessoas passassem

    a se preocupar com o planeta. Luc

    Ferry aponta para um novo caminho

    para se pensar o mundo hoje. Ser

    que podemos falar em um amor ao

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    planeta, fruto do amor aos filhos?

    Talvez isso seja um dos pontos de

    partida, ou um grande pilar que

    sustenta o discurso da sustentabilidadeto em voga atualmente. Luc Ferry

    se coloca a partir de uma perspectiva

    liberal de direita, na qual expe o

    desencanto em relao poltica

    partidria. Estaria essa poltica dando

    lugar a essa nova cultura imposta

    pelo amor? Para ele, a poltica

    liberal, associada ao mercado e a

    uma certa preocupao com a moral,

    o que garante a democracia e,

    consequentemente, eleies livres,

    liberdade de expresso, os direitos

    bsicos como a educao e sade,

    assim como a liberdade individual

    e de consumo. Por isso, defendeque impossvel se voltar contra

    o capitalismo, principalmente quando

    este est sob uma perspectiva liberal.

    Luc Ferry nos fornece pistas

    interessantes para uma anlise da

    poltica mundial, a importncia da

    ecologia, da economia e, sobretudo,

    a emergncia do discurso da

    sustentabilidade. O amor, desdobrado

    na secularizao do Homem,

    reorganizou a poltica como um

    todo. O medo de um futuro

    desastroso para as geraes futuras

    fez com que as pessoas repensassem

    o desenvolvimento capitalista e seus

    estilos de vida. primeira vista,

    surge a ideia da desacelerao da

    economia, contudo, como fazer isso

    sem causar a falncia de empresase consequentemente o aumento do

    desemprego e da misria? O desafio

    do mundo hoje encontrar meios

    para que a economia no pare, ao

    mesmo tempo em que no esgote

    os recursos naturais e diminua os

    impactos ambientais. Tudo isso sem

    perder de vista o amor e a preocupao

    com o futuro que queremos deixar

    para as prximas geraes.

    De maneira plstica e direcional,

    o livro de Luc Ferry contribui para

    que compreendamos o estgio da

    produo da verdade sustentvel

    enquanto discurso filosfico-poltico.