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2015
Universidade do Minho
Instituto de Ciências Sociais
Ana Rita Barros Pereira
Dificuldades de expansão da infografia
interativa: um problema de produção e
receção
Outubro de 2015
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Ana Rita Barros Pereira
Dificuldades de expansão da infografia
interativa: um problema de produção e
receção
Outubro de 2015
Dissertação de Mestrado
Mestrado em Media Interativos
Trabalho efetuado sob a orientação do
Professor Doutor Luís António Martins dos Santos
Universidade do Minho
Instituto de Ciências Sociais
DECLARAÇÃO
Nome: Ana Rita Barros Pereira
Endereço eletrónico: [email protected]
Número do Bilhete de Identidade: 13851273 6ZZ2
Título dissertação: “Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção
e receção.”
Orientador: Professor Doutor Luís António Martins dos Santos
Ano de conclusão: 2015
Designação do Mestrado: Mestrado em Media Interativos
É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE
INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE
COMPROMETE;
Universidade do Minho, ___/___/______
Assinatura: ________________________________________________
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, sem eles, era impossível concluir este ou qualquer outro dos meus
objetivos.
Ao meu avô, que me acompanhou em parte deste processo. Estarás sempre no meu
pensamento.
A toda a minha família, obrigada por serem um exemplo.
Ao Rui Miguel, pelo apoio, incentivo e pela compreensão. És o meu porto seguro.
À Joana e à Paula, por me trazerem felicidade, por serem o meu amparo e por me
espevitarem. São o melhor de mim.
Aos meus amigos, que, por trás de reclamações, compreenderam que nem sempre pude estar
presente.
Ao professor Luís Santos pela orientação e pela compreensão ao longo deste projeto.
Ao professor Leonardo Pereira, pela disponibilidade e ajuda.
iv
v
Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção e receção
RESUMO
Quando pensamos em jornalismo vem-nos à ideia um conjunto de informação que foi
organizada com o intuito do público perceber mais facilmente um acontecimento ou uma certa
temática. Essa forma de organização e transmissão de dados tem vindo a sofrer alterações com
o passar dos anos. A consulta de informação passou a ser facilitada e a sua disseminação feita
em tempo real. Novas formas de transmitir informação, que passam pela hipertextualidade e
convergência, têm sido estudadas e concebidas para melhorar a experiência do leitor/
visualizador.
A transmissão visual de informação iniciou-se com o surgimento da arte rupestre, e agora,
mais que nunca, está a ser valorizada. Este reconhecimento trouxe as infografias. Apesar de não
haver um consenso sobre quando começaram a ser utilizadas, foi na última década que este
recurso mais evoluiu. São capazes de agrupar texto, imagem, som e vídeo tornando a informação
mais interessante e clara para o público. No meio de tantas potencialidades encontramos um
problema: a mudança a que assistimos parece ser lenta e quase impercetível em alguns países,
dos quais faz parte Portugal.
Com este trabalho pretendemos explorar todas as dificuldades que estão no processo de
expansão da infografia interativa no jornalismo digital, e que vão muito para além do custo de
produção. As dificuldades presentes na rotina de produção de uma infografia, assim como as
questões sociais que não permitem que esta seja corretamente percebida por todos, vão ser
também alvo de análise.
Palavras-chave: Infografias; interatividade; multimedialidade; literacia mediática
vi
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The expansion difficulties of interactive infographics: a production and reception problem
ABSTRACT
When we think about journalism comes to the idea a set of information that has been
organized with the purpose that the public understands easily an event or a certain theme. This
form of organization and data transmission has undergone changes over the years. The
information query came to be facilitated and its spread done in real time. New ways of
transmitting information, that pass through hypertextuality and convergence, have been studied
and designed to improve the reader’s/viewer’s experience.
The visual transmission of information started with the appearance of rock art, and now,
more than ever, is being valued. This recognition brought the infographics. Although there is no
consensus on when they began to be used, it was in the last decade that this resource more
evolved. They are able to group text, image, sound, video, making information more interesting
and clear to the public. Amongst all the capabilities it can be found a problem: the change we are
watching appears to be slow and almost imperceptible in some countries, of which is part of
Portugal.
With this work we intend to explore all the difficulties that are in the expansion process of
an interactive infographic in digital journalism, and that go far beyond the production cost. The
difficulties in the production routine of an infographic, as well as the social issues that do not
allow it to be correctly understood by all, who will also be analysis of target.
Keywords: Infographics; interativity; multimediality; media literacy
viii
ix
ÍNDICE
1 - NOTA INTRODUTÓRIA .............................................................................................................. 1
2- O PODER DA IMAGEM ............................................................................................................... 6
3 - INFOGRAFIA E JORNALISMO .................................................................................................. 10
3.1 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃO .................................................................................................. 13
3.1.1 - História da infografia - O caso Português ................................................................ 18
3.1.2 - A atualidade das infografias em Portugal ................................................................ 19
3.2 - MUDANÇAS NO JORNALISMO E NO PAPEL DO JORNALISTA .......................................... 20
3.3 - A IMPORTÂNCIA DA INFOGRAFIA E DA INTERATIVIDADE .............................................. 22
3.4 - INFOGRAFIA. UM GÉNERO? ............................................................................................ 27
3.5 - INFOGRAFIA E PROFISSIONAIS: JORNALISTAS OU DESIGNERS? .................................... 28
3.6 - O QUE INFOGRAFAR ........................................................................................................ 30
3.7 - PRINCÍPIOS PARA UMA BOA INFOGRAFIA ...................................................................... 32
3.7.1 - Arquitetura de informação e usabilidade ................................................................ 34
4 - DIFICULDADES DE PRODUÇÃO E RECEÇÃO DA INFOGRAFIA ................................................. 38
4.0.1 - Entraves ao estabelecimento da infografia em Portugal ......................................... 41
4.1 - EDUCAR PARA OS MEDIA E LITERACIA MEDIÁTICA ........................................................ 43
5 – PERCEÇÂO SOBRE INFOGRAFIAS ........................................................................................... 49
5.1 - MODELO DE ANÁLISE PARA QUESTIONÁRIO .................................................................. 49
5.2 - OS RESULTADOS .............................................................................................................. 52
6 - PRODUÇÃO DA INFOGRAFIA .................................................................................................. 63
6.0.1 – Ideia ......................................................................................................................... 63
6.0.2 – Esboço ..................................................................................................................... 64
6.0.3. - Produção criativa .................................................................................................... 65
6.1 - A ANÁLISE DE UM PROFISSIONAL ................................................................................... 66
6.2 - A OPÇÃO DE UMA NOVA INFOGRAFIA ........................................................................... 67
6.2.1 - O esboço ................................................................................................................... 67
6.2.2 - Produção criativa ..................................................................................................... 69
6.3 - A ANÁLISE DOS GRUPOS DE FOCO .................................................................................. 72
6.3.1 – Publicação................................................................................................................ 75
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 79
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 84
APÊNDICE .................................................................................................................................... 91
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ÍNDICE DE GRÁFICOS, FIGURAS, QUADROS E TABELAS
Quadro 1- Modelo de análise .................................................................................................. 49
Gráfico 1- Dispositivos que possuí em casa (coletiva)........................ Erro! Marcador não definido.
Gráfico 2- Sabe o que é uma infografia interativa? ................................................................... 57
Gráfico 3 - Como avalia a experiência de interagir com essa infografia?.................................... 59
Gráfico 4- Qual a maior dificuldade ao interagir com essa infografia? ....................................... 60
Tabela 1- Dispositivos que possuí em casa (individual) ............................................................ 53
Tabela 2- Relação entre a idade e o grau de facilidade em encontrar/perceber conteúdo online54
Tabela 3- Relação entre a idade e o meio favorito para seguir a atualidade informativa ............ 55
Tabela 4- Relação entre o sexo e o meio favorito para seguir a atualidade informativa .............. 56
Tabela 5 - Relação entre a idade e o conhecimento das infografias interativas ......................... 58
Tabela 6 - Relação entre o sexo e o conhecimento das infografias interativas ........................... 59
Figura 1- Esboço da primeira infografia ................................................................................... 64
Figura 2- Página inicial - primeira infografia ............................................................................. 65
Figura 3- Gráfico de despesas - primeira infografia .................................................................. 66
Figura 4- Portugal e Espanha - Um retrato dos dois países em números .................................. 68
Figura 5- Esboço da segunda infografia ................................................................................... 69
Figura 6- Página inicial - segunda infografia ............................................................................. 71
Figura 7- Quadro de despesas - segunda infografia .................................................................. 71
xii
1
1 - NOTA INTRODUTÓRIA
As tecnologias da informação e da comunicação têm mostrado nos últimos anos um
grande desenvolvimento. As evoluções vieram facilitar a difusão de conteúdo mas também
permitiram que este chegasse até nós de uma forma mais dinâmica, com múltiplas possibilidades
de leitura, trazendo ao público uma experiência mais rica e diversa (Mello apud Sousa 2014: 4).
Muitos foram os anos em que o jornalismo devotou mais recursos à informação textual mas,
recentemente, o panorama, tem vindo a ser alterado. A forma de se fazer jornalismo tem sido
repensada, de tal modo, que o papel dos seus profissionais é questionado. Mas o comportamento
do público também se redefiniu. Há um novo consumidor, que anseia por informação constante,
íntegra, mais aprofundada. Os nomes “leitor”, “recetor” e “emissor” foram esquecidos, agora
falamos antes de “usuários”, de “inter-atores” e de “tele-agentes” (Manovich apud Ribas 2004:
9).
Ranieri (2008: 261) diz-nos que a maneira tradicional de fazer notícia têm sido revista e
reelaborada de acordo com os progressos da tecnologia, com os mecanismos disponibilizados
pelo online e com as exigências feitas pela receção. A forma como o jornalismo chega até nós
alterou-se, correntemente escrito, agora assume uma faceta mais visual, retirando ao textual parte
da relevância que lhe havia sido dada. As tecnologias da informação e comunicação colaboraram
para o progresso e para as inovações na impressão, a entrada do computador nas redações
apresentou-se como uma contribuição exemplar, para que a ilustração conquistasse um maior
destaque na imprensa, “dando origem a uma linguagem jornalística mais imagética e com textos
reduzidos” (Nogueira 2013: 9).
Com a era digital o jornalismo começou a transferir a sua informação, que era
anteriormente paga, para domínios web, dando assim, a possibilidade aos leitores de usufruir dos
seus conteúdos gratuitamente.
Um dos problemas que existiu até muito recentemente apontava-se como a baixa
velocidade de conexão da Internet. Portanto a chegada da Web fez-se ressentir de uma grave
limitação que impossibilitava um uso claro e integral das suas potencialidades. A melhor forma
2
dos conteúdos chegarem aos leitores seria, então, através de texto pois ocupava um menor
espaço, como nos explica Palacios apud Amaral (2010: 33-34):
“Era comum os sites oferecerem alternativas de versões text only (...)
para usuários conectados a baixas velocidades. Tal situação,
evidentemente, restringia a utilização não só de fotos, mas de todo o
qualquer recurso não textual, fazendo dos sites, de um modo geral,
(hiper) textos num sentido estrito, complementados subsidiaria e
optativamente por outros médias, a depender das possibilidades de
conexão dos usuários” (Palacios apud Amaral 2010: 33-34).
As limitações eram diversas. Não é, assim, de estranhar que a massificação da world wide
web tenha demorado alguns anos, apesar da sua criação se ter dado em 1989. Depois de
alcançados os avanços com as ligações de banda larga a audiência cresceu. Com o aumento de
subscritores acabaram por aparecer gráficos cada vez mais realistas (Sabbatini & Maciel 2004:
7). O online trouxe aos profissionais do jornalismo um conjunto interminável de ferramentas
multimédia que, neste momento, “permitem tornar os conteúdos mais inteligíveis para os leitores,
sintetizando a informação e tornando-a mais clara e objetiva” (Nogueira 2013: 1).
Nogueira (ibidem) explica-nos que a web facilitou a difusão de dados e permitiu que se
agrupasse num só meio tudo o que fora explorado e utilizado pelos outros veículos. A imagem,
usada pela televisão, o som, usado pela rádio e a escrita, usada pela imprensa, apareciam agora
reunidos para agarrar os leitores e auxiliar na compreensão da informação. Velho (2009: 6)
enumera os recursos que começaram a ser utilizados e que conduziram ao aparecimento da
infografia:
“a atividade jornalística vem se utilizando cada vez mais da mistura de
gráficos, tabelas, ilustrações, diagramas, resultando num texto
informativo particular, que se une ao texto verbal, apresentado em
blocos. Este texto é a infografia” (Velho 2009: 6).
Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações e texto começaram a ser utilizados
ao mesmo tempo, num único meio. O ambiente digital deu a oportunidade ao narrador de usar
3
um ou todos estes recursos para apresentar os seus trabalhos. Assim nasceu o que nós hoje
chamamos de multimédia (Paul apud Ranieri 2008: 263). Esta facilidade da web, de aglomerar
vários recursos no mesmo espaço, permitiu a reconfiguração do jornalismo (Pedrosa; Lima &
Nicolau 2013: 2). O novo modelo de jornalismo passou também a exigir uma atualização mais
ligeira da informação, conteúdos totalmente claros, transmitidos com exatidão, e a maior
contextualização possível (Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 4).
Apesar das potencialidades que são encontradas na infografia e do termo estar na “moda”
(Joaquim Guerreiro)1, as pesquisas sobre o tema são escassas. Se procurarmos investigações
sobre a infografia multimédia, encontram-se apenas bons exemplos a nível internacional. Segundo
Nogueira (2013: 1) este lapso pode ser explicado pela novidade do produto. Diz-nos que a
infografia é um recurso jornalístico que se popularizou recentemente, há cerca de uma década.
Pacheco (1995: 67) diz-nos que todas as investigações têm por base um problema inicial,
que se vai complexificando até que surja uma interpretação válida ou solucionadora para esse
problema. Daí, não é apenas importante escrever sobre a temática que é a infografia, é importante
perceber os problemas que esta possuí e percebê-los, encontrando, se possível, uma solução. É
nisto que estamos empenhados ao realizar esta investigação.
Com este trabalho pretendemos explorar todas as dificuldades que estão no processo de
introdução e permanência da infografia interativa no jornalismo digital e nos websites de divulgação
de conteúdo informativo (a que não se pode chamar jornalismo). É nosso objetivo identificar as
dificuldades que estão presentes na rotina de produção de uma infografia, desde o custo à
necessidade de mão de obra qualificada, assim como as questões sociais onde se encontram a
iliteracia mediática e digital.
A metodologia consistiu, primeiramente, em pesquisa bibliográfica sobre as infografias
estáticas e as infografias interativas, partindo do princípio que as leituras ajudar-nos-iam a fazer
um “balanço dos conhecimentos relativos ao problema de partida” (Quivy & Campenhoudt 2008:
69). Não existindo dados sobre o grau de conhecimento dos portugueses sobre o tema, optamos
por inquirir diretamente a população portuguesa, de forma a trabalharmos com resultados
1 Através de entrevista, ver apêndice 1
4
recentes e que nos aproximam da realidade. Quando percebemos, através dos questionários, que
a percentagem de inquiridos que são conhecedores das infografias interativas era realmente
reduzida, seguimos para a entrevista a jornalistas. Segundo o que nos diz Quivy e Campenhoudt
(ídem) é importante inquirir pessoas, que pela sua ação, posição ou cargo tenham uma boa
compreensão do problema. Foi isto que fizemos. Nesta fase tentamos perceber, se internamente,
há a ideia dos entraves à publicação de uma infografia ou das dificuldades do público em
compreendê-la. Estas entrevistas vieram complementar as ideias que tínhamos ficado através da
leitura de bibliografia. De seguida começamos a desenvolver uma infografia. Esta foi apresentada
a um designer profissional com experiência, o Dr. Leonardo Pereira. Dado o feedback optamos
por realizar uma nova infografia com as sugestões deste designer em mente. Submetemos a
segunda infografia à avaliação de grupos de foco para percebermos se tinha qualidade para ser
publicada online. Por último, contactamos websites, empresas e organizações para colocar a
infografia online e posteriormente tiramos as nossas conclusões.
A dissertação é composta por dez capítulos, subdivididos em vários tópicos. Este primeiro
capítulo é dedicado a algumas explicações sobre a temática da investigação e da sua relevância.
Esclarece também o papel que o jornalismo desempenha na atualidade. A metodologia utilizada
e os objetivos de trabalho são também abordados.
No capítulo dois falamos sobre o poder da imagem, abordando a sua crescente
importância. Fazemos uma revisão histórica para perceber os seus primórdios, passamos pelo
conceito de universalidade e pelo papel próspero que a ilustração vem a ocupar em todos os meios
de comunicação.
O capítulo três aborda os conceitos teóricos mais importantes sobre a infografia, desde as
definições, à sua história e evolução, onde discutimos também o caso português. Fazemos
também uma passagem pelo mundo do jornalismo e das plataformas de divulgação de conteúdo
informativo, enumerando grande parte das mudanças que se foram verificando com o passar dos
tempos. Neste capítulo são também debatidas questões que se foram colocando com a leitura de
bibliografia: desde o papel do jornalista, no presente e no futuro; o papel que a infografia ocupa
no jornalismo; o estatuto dado aos profissionais da infografia e algumas regras básicas para se
fazer boa infografia.
5
No quarto capítulo são abordadas as dificuldades de implementação de uma infografia,
da produção à receção. As dificuldades técnicas dos profissionais, e as dificuldades de um público,
que se espera menos passivo, para perceber uma nova forma de transmissão de conteúdos, que
não é mais aquela a que se habituaram. Mais uma vez fazemos uma abordagem do caso
português, para perceber a realidade que nos é mais próxima. Por fim, falamos da necessidade
de uma educação para os media, para criar um cidadão ativo, atento e crítico.
No quinto capítulo começamos a desenvolver a nossa metodologia. Este capítulo é
dedicado ao questionário, da preparação, à execução e resultados. No sexto capítulo dedicamo-
nos à descrição da parte mais prática desta investigação, que se trata da realização de duas
infografias interativas. São descritas todas as fases, da ideia à produção, assim como as
dificuldades sentidas, e a necessidade de uma nova infografia. É também neste capítulo que
apresentamos a análise de um profissional e de dois grupos de foco sobre o trabalho realizado.
No sétimo capítulo são apresentadas todas as considerações finais retiradas da
investigação e a possibilidade da adaptação deste tema a dissertações ou investigações futuras.
Vamos utilizar o termo infografia interativa e infografia multimédia como equivalentes para
designar a infografia multimédia interativa. Embora a infografia multimédia possa não ser
interativa, e a infografia interativa possa não ser multimédia, são-no na maior parte das vezes.
Poderíamos optar por outros termos como infografia online ou infografia digital, mas autores, como
Salaverría (2009: 156) dizem que são termos imprecisos, pois hoje as infografias de imprensa
também são feitas com ferramentas digitais e uma infografia estática também pode ser colocada
online. Com interatividade referimo-nos à capacidade do leitor de definir o que quer ver quando
quer ver, escolhendo também se quer seguir uma leitura linear ou não linear. Com multimédia
referimo-nos à utilização de médias distintos e diversificados que permitem apreender uma
realidade de forma multissensorial. A combinação de diferentes médias como texto, imagem e
vídeo, permitem que o leitor visualize, leia e compreenda melhor as informações que lhe são
transmitidas (Sabbatini & Maciel 2004: 6; Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 1).
6
2- O PODER DA IMAGEM
“A informação visual é o mais antigo registo da história humana. As
pinturas das cavernas representam o relato mais antigo que se
preservou sobre o mundo tal como ele podia ser visto há cerca de trinta
mil anos” (Dondis, 1997: 5-6).
Ochoa (2009: 13) diz-nos que as imagens fazem parte do quotidiano do homem desde
sempre. Os primeiros seres humanos relacionavam a imagem de um objeto com a sua própria
existência, ou seja, identificavam-no com base na realidade que lhe era mais próxima, com o
objeto real. O pensamento visual é algo preeminente e inato no ser humano, vem naturalmente,
sem a necessidade de trabalharmos isso. Para Dondis (1997: 8) ver é ter a capacidade de produzir
imagens mentais. Há aqui uma diferença entre ver e olhar, ver exige mais do homem, olhar é algo
natural e impõe apenas que tenhamos o sentido da visão ativo. Cairo (2012: XV) diz-nos que o
nosso cérebro tem várias regiões relacionadas com a perceção visual. Os neurônios interligam-se
formando grupos que se vão dedicar ao processamento de informação que é recolhida através
dos olhos, exigindo a maior utilização dos nossos recursos mentais. Refere também que somos
espécimes visuais (ibídem).
Huyghe (1986: 9) refere que, anteriormente, os homens podiam ser vistos como senhores
do pensamento, cuja vida interior se alimentava de textos, mas a perspetiva mudou. Vivemos
numa era em que o visual predomina, os nossos sentidos são postos à prova com os choques
sensoriais que o dia-a-dia nos oferece. Realmente a forma mais fácil de comunicar é através da
representação de imagens. Sabe-se, indubitavelmente, que o ser humano compreende melhor
determinados factos ou assuntos quando lhes é mostrada uma explicação visual (Módolo 2007:
11) A necessidade de recorrer à ilustração para comunicar é cada vez maior, especialmente numa
época visual e não mais literal, numa altura “em que se pode entender as coisas com apenas uma
vista de olhos, por mais complexas que estas sejam” (Valero Sancho apud Sousa 2014:24). Os
desenhos e as representações gráficas servem para clarificar assuntos complexos que não se
conseguem esclarecer através de informação textual ou até oralmente. Daí a celebre pergunta
“Percebeste ou queres que te faça um desenho?”.
7
As imagens são universais, superam as barreiras linguísticas e surgiram mesmo antes da
invenção da linguagem. Percebe-se assim porque são vistas como um dos modos mais simples
de transmitir conhecimento. Ochoa (2009: 21) esclarece-nos porque considera a imagem uma
das formas comunicativas mais importantes:
“estamos inmersos en la cultura que ella propicia y nos invade en todo
momento hasta el punto de que a veces se entromete en nuestras
vidas. Por eso siempre es más fácil que recordemos o relacionemos a
partir de ella la información que, de manera más automática, se
almacena en nuestro cerebro” (Ochoa 2009:21).
Nogueira (2013: 7) refere que para além de a imagem superar a pluralidade de idiomas
dispersos pelo mundo ela é, também, eficaz na comunicação com um recetor não-alfabetizado,
pois não é necessário saber os códigos da escrita para ler uma imagem. Por sua vez Dondis (1997:
9) diz-nos que a quantidade de línguas existentes no mundo é realmente vasta, são todas
independentes e únicas e, portanto, mesmo sendo a linguagem visual intrincada, a sua
universalidade consegue ser maior, e a sua complexidade não deve ser vista como algo impossível
de ultrapassar.
Dondis (1997: 8) diz-nos que nos textos impressos, a palavra surgia como componente
essencial, e em segundo plano, ou como apoio, surgiam os fatores visuais. Peltzer apud Calegari
& Perfeito (2013: 294) refere que a informação gráfica sempre esteve presente no jornalismo
impresso, mas tinha um papel meramente decorativo ou aparecia como um aditivo ao conteúdo
principal, que se apresentava de forma textual. No entanto, no jornalismo digital o panorama é
outro, a imagem já não serve apenas para ilustrar o texto, apresenta-se hoje como informação
principal, ou então assume um protagonismo dividido de forma igualitária com o texto.
“A precedência da imagem sobre o texto muda a importância da
matéria escrita e submete-a a leis mais impressionistas e aleatórias. A
aparência e a dinamicidade da página é que se tornam agora
decisivas” (Marcondes Filho apud Velho 2009: 4).
8
Nos modernos meios de comunicação, a imagem é valorizada em relação ao textual. A
forma como olhamos para uma notícia mudou, já não segue uma ordem tão marcada, não somos
mais obrigados a ler de cima para baixo, da esquerda para a direita. A escolha, agora é do leitor.
“O visual predomina, o verbal tem a função de acréscimo. A impressão
ainda não morreu, e a linguagem já se deslocou sensivelmente para o
nível icônico. Quase tudo em que acreditamos, e a maior parte das
coisas que sabemos, aprendemos ou compramos, reconhecemos e
desejamos, vem determinado pelo domínio que a fotografia exerce
sobre nossa psique. E esse fenômeno tende a intensificar-se” (Dondis
1997: 8).
A informação visual está a tornar-se, com a evolução do jornalismo, uma necessidade
para o homem, está já tão enraizada nele que é impossível ignorá-la (Módolo 2007: 7). Neste
momento a imagem predomina em relação às outras técnicas de comunicação, isto comprova
que somos “animais visuais por natureza” (Nogueira 2013: 6), com a capacidade de assimilar
melhor aquilo que nós vemos do que aquilo que lemos ou que nos contam. Tal podemos constatar
com o exemplo que Huyghe (1986: 9) nos dá:
“O automobilista vai demasiado depressa para ler painéis, e apenas
obedece aos sinais vermelhos e verdes. O peão, empurrado,
apressado, capta simplesmente de passagem o aspeto de uma
montra, a ordem expressa de um cartaz” (Huyghe 1986: 9).
Uma das razões para percebermos com maior facilidade uma imagem, é que esta se
assemelha com a realidade, tal não acontece na escrita. Nada na palavra “lápis” se assemelha
visualmente com o objeto que é o lápis. Daí que a imagem tenha mais êxito do que o texto quando
é necessário transmitir uma informação mais específica (Nogueira 2013: 5). López (1998:37) dá
um exemplo: um mapa, só muito dificilmente conseguirá passar a informação correta sem uma
imagem gráfica. “Una fotografía proporciona una información que no se puede obtener por otro
medio”(ibidem).
9
10
3 - INFOGRAFIA E JORNALISMO
“um dos principais objetivos dos infográficos seria mostrar a notícia em
lugar de somente falar sobre ela” (Módolo 2007: 5).
A palavra “infografia” vem do inglês “Informational graphics”, se buscarmos uma tradução
à letra poderemos interpretar como “gráficos que informam”. No caso Português, podemos dividir
em “info” que nos remete para informação e “grafia” que se traduz em algo visual. A tradução
literal da palavra indica-nos, portanto, que infografia é uma forma de transmitir informação e para
isso utiliza recursos visuais. Normalmente estes recursos visuais são desenhos, gráficos,
fotografias, ilustrações, vídeos e animações. Colle apud Ranieri (2008: 261) descreve a infografia
muito sucintamente como uma disciplina que expõe a informação através de meios visuais
descomplicados e que não é um produto exclusivo do jornalismo. O objetivo da infografia é
informar de uma forma descomplicada, possibilitando ao público uma leitura rápida. Sendo criada
para esse fim, vale por si só, ou seja, não há a necessidade de o leitor procurar uma outra fonte
de informação textual ou visual para que a mensagem se faça entender. Mas uma infografia bem
concebida provoca no leitor um interesse de saber mais sobre o seu assunto. Normalmente a
forma de uma infografia comunicar passa por uma narrativa, que se associa a diferentes códigos
linguísticos:
“Podemos, então, entender a infografia com um instrumento
intertextual - que utiliza diferentes códigos - para compor um quadro
informacional (...) com o objetivo de aumentar a qualidade
informacional de matérias jornalísticas ou esquematizar factos ou
processos” (Velho 2009:2).
Valero Sancho (2008: 2) diz-nos que a infografia é uma das salvações do jornalismo
impresso. Uma das grandes potencialidades da infografia é servir de recurso visual e
esquematização quando há escassez de outros recursos, como a fotografia, para comprovar ou
descrever certo acontecimento. Também se torna imprescindível quando estamos numa situação
de difícil explicação para um público leigo, onde, se apenas estivessem presentes elementos
textuais, correríamos o risco de nos perder num “redemoinho de palavras” (Leturia apud Sabbatini
& Maciel 2004: 2-3).
11
No jornalismo impresso sabe-se que a informação textual é mais utilizada e é um elemento
fundamental, enquanto a imagem aparece a acompanhar ou a esclarecer o texto, como uma
espécie de complemento. Quando falamos dos meios de comunicação online a imagem ganha
uma maior importância assumindo um papel predominante e quase autónomo no papel de
informar. A infografia multimédia surge hoje na web de duas formas - uma como informação
complementar, que ajuda a perceber a notícia principal, que aparece na forma textual, ou então
como informação principal, sendo a própria notícia, sem necessidade de um acréscimo textual
para ajudar na compreensão. Contudo esta última ainda não ocorre com muita frequência (Ribas
2004: 2). Para Julio apud Ribas (2004: 4) nas infografias que são criadas apenas como apoio de
uma notícia textual, as qualidades informativas deixam de ser consideradas e os valores que regem
a infografia desprezados. Este autor considera que a infografia perfeita deve conter todos os
elementos de uma notícia, sendo possível ser a própria notícia, sem necessidade de um texto de
acompanhamento.
A infografia apresenta caraterísticas distintas dos gráficos. Estes últimos são uma forma
transparente de organizar a informação, não deixam espaço para qualquer tipo de opinião pessoal.
Já a infografia, que recorre correntemente a gráficos para compor a sua narrativa, aproxima-se
mais de uma história, que vai ser contada e repassada ao leitor (Amaral 2010: 28), normalmente
também não deixa muito espaço para opiniões, mas é menos “pura”. Se, através desta narrativa,
o processo de comunicação tiver sucesso, para além do fator positivo que é a atração visual,
podemos falar de uma compressão mais fácil do conteúdo.
A infografia é extremamente útil pela sua capacidade de apresentar a informação de uma
forma sistematizada e dinâmica, tornando-se assim mais apetecível que a tradicional informação
escrita. A sua componente central é o diagrama, uma forma normalmente abstrata de reproduzir
diversos temas (Neves 2014: 13). A aposta no visual vem da intenção de atrair e persuadir os
leitores, para que permaneçam agarrados à leitura/visualização de uma determinada notícia.
Contudo nem tudo se resume ao dinamismo e ao interesse que as infografias captam. Se este
método tem vindo a ser utilizado em muitos países é pela capacidade de compreensão gerada
nos leitores. Segundo Bello apud Cardoso (2010: 30) o sucesso da infografia está em clarificar,
de maneira muito simples os factos complicados. Por sua vez, Amaral (2010: 26) diz-nos que a
12
infografia não retira a complexidade das informações, ela utiliza uma forma distinta de apresentar
os dados:
“apresenta-as (as informações) de modo diferenciado, onde é possível
visualizar processos complexos e termos técnicos restritos de uma
área, sem os quais, por meio de texto “puro”, o leitor não teria o
recurso visual para auxiliar a compreensão” (Amaral 2010: 26).
Também Lopéz (1998: 37) defende que é através de elementos visuais que se consegue
transmitir uma informação de forma mais rápida e acessível, e em alguns casos a única forma
viável. É realmente mais fácil perceber o que nos diz uma representação/ imagem, desde que
tenha sido bem-feita e construída para esse fim, do que o tradicional texto noticioso. Nogueira
(2013: 19) refere que a infografia dá tempo aos leitores. Dá-lhes a oportunidade de compreender
e assimilar a informação mais rapidamente, sem dificuldades. Ganha assim um novo público,
aquele que não gosta de perder tanto tempo a ler informação noticiosa, nem folhear um jornal.
Uma das discussões que estão presentes na investigação sobre este tema está
relacionada com o uso simultâneo de imagem e texto na infografia. Colle apud Ranieri (2008: 261)
define a infografia como uma unidade, dentro da qual se coloca uma combinação de mensagens
visuais e verbais. Estas transformar-se-ão numa informação ampla e precisa, que seria impossível
de transmitir eficientemente se fosse utilizado apenas o discurso verbal. Também Sojo (2002) diz
que a infografia se deve utilizar de imagens e textos pois pede-se que seja abrangente e esta, é a
melhor forma de se comunicar. Cecilio & Pegoraro (2011:1) fala do binómio imagem-texto e diz
que os dois se fundem formando significado. A imagem facilita assim a perceção do conteúdo e
pode acompanhar ou substituir o texto informativo. Amaral (2010:21) refere a importância de
conjugar imagem e texto, pois cada elemento é crucial para um bom resultado final, sendo que a
sua ausência diminui a eficácia do processo comunicativo. Também Ribas (2004:10) acredita que
o texto pode tornar-se um complemento ao modelo da infografia multimédia. Identicamente Lívia
Cirne apud Cecilio & Pegoraro (2011: 3) defende que a infografia não é composta só por imagens
nem apenas de texto, deve haver uma relação entre os dois, de forma a criar uma conjugação
simétrica, para que que nenhum dos dois tenha uma representação mais relevante do que o outro.
Módolo (2007: 6) é da mesma opinião, diz-nos que para o correto funcionamento de uma
13
infografia, esta precisa de um texto objetivo, dividido por assuntos e com uma linguagem clara,
para ser corretamente compreendido.
“Apesar de o potencial comunicativo da imagem prevalecer sobre o da
escrita, a complementaridade entre estas duas linguagens resulta
claramente numa maior capacidade interpretativa, uma vez que amplia
o seu raio de abrangência e de explicação dos factos perante o público”
(Nogueira 2013: 7).
Já Cairo apud Ranieri (2008: 269) tem a opinião contrária, diz-nos que nem sempre uma
infografia necessita de um texto de apoio, já que este, por vezes, pode atrapalhar o entendimento
do conteúdo.
A estrutura de uma infografia noticiosa é igual ou idêntica à estrutura de uma notícia
textual. É composta pelo título, pelo texto introdutivo, pelo corpo, pela fonte e, por último, chegam
os créditos da autoria. Contudo, na infografia o leitor lê o que quer primeiro, não segue a ordem
descrita, pode avançar algumas etapas, não é linear. A finalidade é também igual à de uma notícia,
informar os leitores sobre determinado assunto, para isso espera-se que dê resposta às seis
questões jornalísticas: quem? O quê? Onde? Quando? Como? Porquê? (Neves 2014: 27).
No meio de todas as definições e de algumas divergências de opinião, surgem alguns
consensos: a infografia apareceu para facilitar a compreensão dos dados jornalísticos,
transmitindo, de uma forma simples, informação com que o público não está familiarizado; trouxe-
nos novas formas de leitura jornalística e uma maneira distinta de assimilar a informação (Neves
2014: 14); no final, o mais importante, é que se verifique a qualidade.
3.1 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃO
“A infografia não é produto da era atual da informática, mas sim da
vontade humana de aprimorar a sua comunicação” (Nogueira 2013:
2).
14
Peltzer apud Rinieri (2008: 262) diz-nos que as imagens já eram importantes referências
para os homens das cavernas que tentavam comunicar com os seus semelhantes. Contudo Cairo
apud Neves (2014:15) não considera, ainda, estas pinturas como um primórdio da infografia, pois
refere que não se percebe a informação que estes homens queriam transmitir, ou até mesmo se
queriam comunicar algo ou seria apenas uma forma de diversão. Posteriormente, ao lado das
mensagens, começaram a nascer símbolos escritos, para ajudar a compreender o que estava
presente nas gravuras. Até à revolução francesa, nos finais do século XVIII, o poder ficou limitado
aqueles que conheciam os códigos da escrita, os cidadãos alfabetizados (Velho 2009:2), mas já
vem destes homens das cavernas, a tentativa de explicar fenómenos de uma forma mais visual.
Foi assim que nasceu a infografia “fruto dos desejos da humanidade para comunicar-se melhor”
(De Pablos apud Rinieri 2008: 262).
Não há total consenso sobre a primeira infografia de imprensa que foi publicada. Caixeta
apud Módolo (2007: 6) diz-nos que foi em 1702 no primeiro jornal diário Inglês, o “The Daily
Courant” onde, num mapa, se tentou representar a invasão da baía de Cádis pelas tropas
britânicas. Por sua vez Peltzer apud Velho (2009: 4) refere que o primeiro mapa publicado na
imprensa data de 1740, e apareceu no “Daily Post”, de Londres. Este mapa apresentava-se sob
a forma de um desenho e expunha o ataque realizado por um almirante inglês a uma cidade das
Caraíbas. Cerca de uma década mais tarde, em 1754 surgiu uma imagem de uma cobra cortada
em 8 partes com o nome “Join, or Die” que foi publicada no “The Pensylvania Gazette”, sem um
consenso entre a forma como a imagem deveria ser nomeada, as opiniões divergiram entre uma
infografia, uma caricatura ou uma ilustração (Rico 2009: 30). A grande parte dos teóricos e
investigadores dizem que a data da primeira infografia consta do ano de 1806. Esta representava
o cenário do assassinato de Isaac Blight e apareceu no jornal “The Times” de Londres (Cecílio &
Pegoraro 2011: 2). Teixeira (2007: 1) refere que esta infografia foi publicada no início do século
XIX, mas o seu uso só começou a tornar-se expressivo a partir da década de 80 do século passado.
Também Velho (2009: 4) é da opinião que a infografia parou durante 150 anos, restringindo-se,
durante esse tempo a informações secundárias e pouco relevantes, como o uso de informação
meteorológica, mapas e rotas. Até à segunda metade do século XX, poucos eram os planos para
a infografia, que ocupava um papel acessório na redação. A fotografia só começou a ser
amplamente divulgada nos jornais a partir do final do século XIX. Foi nesta fase que se
estabeleceram e desenvolveram as tecnologias de reprodução de informação (Velho 2009: 3). A
15
ressurgência da infografia deveu-se às investigações militares, aéreas e náuticas realizadas, nos
anos 70, pela NASA (Piñuela apud Velho 2009: 4).
“En la década de los setenta, el número de lectores de prensa
descendió globalmente, lo que obligó a las empresas editoras de
prensa a invertir de forma importante en tecnología, apoyándose en la
propia evolución tecnológica en sectores de tecnología punta, como la
microelectrónica” (Sancho 2001: 53).
Concebiam-se infografias sempre que havia uma falta de imagens para complementar um
texto, mas a qualidade e o rigor das representações ainda não era uma preocupação dos editores
e designers. Estas “serviam apenas para embelezar as páginas, e não como ferramentas de
utilidade informativa para o leitor” (Neves 2014: 23). A mudança verificou-se quando os jornais
decidiram adaptar as suas linguagens a um tipo de leitor que se familiarizou com o mundo do
audiovisual. Mudaram assim o aspeto dos jornais e revistas de forma a imitar a informação que o
leitor via na televisão. Começaram a contratar profissionais com formação e conhecimentos em
informação gráfica e mapas, os departamentos de arte passaram por estruturações (Módolo 2007:
6). Em 1982, nasceu o “USA Today”. O seu criador, através de diversas investigações, percebeu
que os leitores preferiam o uso de cores e imagens, ao invés do texto escrito a que se foram
acostumados. Depois de sucessivas buscas de opinião, este visionário, valorizou o design e criou
um novo modelo para o jornalismo impresso, com mais informação visual e textos curtos, e
revolucionou a imprensa escrita com a sua descoberta (Velho 2009; Teixeira 2007: 1).
“Las técnicas de diseño en cualquiera de sus facetas han
experimentado un gran impulso desde la aparición de los
microprocesadores, dando la posibilidad de retocar imagenes de forma
mas cómoda y sencilla” López (1998: 37).
Para Lopez a importância destes avanços tecnológicos deveu-se à necessidade de
modificar algumas imagens, de forma a conseguir o resultado ideal, algo que antes apenas se via
no desenho ou na pintura. Também Sancho (2001: 54) diz-nos que o aparecimento dos gráficos
explicativos na imprensa escrita, nos anos 80, teve uma forte influência dos computadores. Estes
16
foram decisivos na consagração da infografia e da produção multimédia pois eram dotados de
softwares específicos que ajudavam a gerar e editar imagens.
Só em 1989 a infografia passou a ser considerada um género informativo. Os editores
começaram a perceber que a infografia facilitava realmente o entendimento da informação. Assim
os jornais passaram a dar mais atenção ao seu conteúdo do que à sua estética (Neves 2014: 23-
24). Foi em 1991, com a cobertura mediática da Guerra do Golfo Pérsico, “que a infografia se
consolidou definitivamente na imprensa mundial” (Nogueira 2013: 12). Apareciam
constantemente infografias com mapas das regiões, com explicações sobre as complexas armas
que eram utilizadas e as estratégias dos soldados (Rodrigues 2010: 2). Ribas (2004: 3) explica
porque é que a Guerra do Golfo Pérsico é um marco: havia uma escassez de fotografias que
comprovassem e completassem a notícia, a infografia encontrou aqui a sua rampa de lançamento.
Quadros apud Amaral (2010: 62) diz que esta necessidade, do uso da infografia, foi em grande
parte incentivada pela censura imposta pelos Estados Unidos em relação às imagens que eram
sendo captadas no campo de batalha. De nada valia falar apenas sobre o acontecimento se o
público não conseguia ter qualquer tipo de visualização sobre este. Esta guerra motivou, ainda, o
uso de “infografias em jornais latino-americanos” (Sousa 2014:29) e também o aparecimento das
“mega infografias” (ibidem).
Alguns anos depois efetuou-se a passagem da infografia estática para a infografia
interativa. Numa primeira fase verificou-se uma reprodução das infografias impressas, sem
grandes alterações, apenas uma transposição. Depois, em 1996 começaram a personalizar-se os
conteúdos, surgindo websites informativos com uma qualidade mais elevada e certo grau de
personalização. Por último, a tendência a que assistimos atualmente, é a criação de conteúdo
específico e exclusivo para o meio digital e a experimentação de novas formas de narrar os
acontecimentos, reescrevendo uma nova forma de comunicação online (Pérez-Luque & Perea-
Foronda, 1998). Realmente, só no final dos anos 90 é que a Society of News Design começou a
premiar as infografias de natureza multimédia:
“Em 1999, los premios Malofiej que otorga la SND (Society for News
Design) en colaboración con la Facultad de Comunicación de la
17
Universidad de Navarra juzgaron por primera vez infográficos
multimedia” (Salaverria 2009: 158).
Foi na viragem de século (inícios do século XXI) que a consolidação da infografia
multimédia se deu no jornalismo online. A principal causa para este fenómeno foram os atentados
de 11 de Setembro e na sequência destes a Guerra entre o Iraque e os Estados Unidos (Rodrigues
2010: 2).
“Entender como havia acontecido o atentado tornou-se mais fácil a
partir da utilização de infografias, que explicavam em etapas
detalhadas com informações sobre as aeronaves, as torres gémeas e
os locais em que aconteceram os impactos e as consequências”
(Amaral 2010: 66).
Sancho (2001: 54) diz-nos que as reconstruções de alguns feitos notáveis, como batalhas,
compostas por mapas ou diagramas formavam elementos visuais eficazes, que permitiam
contemplar um mapa com um olhar mais geral, abrangendo toda a situação e dando ao leitor uma
visão mais alargada.
Estamos, no presente, perante uma nova geração de infografias (Rodrigues 2010: 9). É a
chamada infografia em base de dados. A habitual infografia tornou-se mais dinâmica, sofisticada
e interativa, mais complexa. Pode sofrer uma atualização constante, permite o cruzamento e
comparação das informações, a personalização do conteúdo por parte do leitor e incorpora
variadas formas de visualização. Também pede mais do leitor do que as outras infografias estáticas
pois requer mais atenção, exploração e nível de interação. Este tipo de infografia surgiu como
resposta a uma emergência de visualizar grandes quantidades de dados complexos, necessidade
cada vez maior na sociedade e no jornalismo. (idem)
Neves (2014: 43) referia, há um ano atrás, que a maioria das infografias digitais era
realizada em Adobe Flash, um dos softwares que fez com que a produção das infografias
interativas aumentasse. Pouco tempo passado, o cenário mudou, devido às incompatibilidades
entre o formato Flash e os sistemas operativos de alguns dos mais recentes dispositivos móveis,
18
este entrou definitivamente em desuso. Espera-se agora que os infografistas saibam programar
em HTML5.
As infografias sofreram grandes mas lentas alterações, com o passar dos tempos, como
nos dizem Cecilio e Pegoraro (2011:13):
“Pode-se dizer que o infográfico teve uma lenta e gradual evolução,
começando com o seu modo artesanal e como um simples
complemento, e até ao que temos hoje, apontando como uma nova
maneira de se fazer jornalismo” (Cecilio & Pegoraro 2011: 13).
3.1.1 - História da infografia - O caso Português
Neves (2014: 22) diz-nos que a primeira infografia portuguesa foi publicada no dia 21 de
janeiro de 1723, na Gazzeta de Lisboa Ocidental e retratava uma baleia que teria entrado no rio
Tejo. Cardoso (2010: 24) refere que o diário Público é, entre os órgãos de imprensa escrita
nacionais, o pioneiro na criação e publicação de infografias multimédia. Foi em 2001, o primeiro
diário português, a publicar online uma infografia relacionada com a ponte de Entre-Os-Rios.
“O jornal Público, em 2001, foi o primeiro a publicar uma infografia
multimédia online, seguindo-se o Expresso em 2008 e, em 2009,
Jornal de Notícias, Diário de Notícias e Sol” (Cardoso 2010: 74).
Neves (2014: 57) refere que em 2007 o “Público” inaugurou a secção de infografia, onde
eram realizadas maioritariamente infografias impressas. Também no campo das infografias em
bases de dados foi o “Público” o primeiro a mergulhar, em 2008, durante as eleições americanas,
inaugurando assim esta nova fase de produção de infografias (Rodrigues 2010:12).
Para Cardoso (2010: 22) a carência de informações sobre as infografias multimédia nos
mais variados aspetos da sociedade, e os seus poucos anos de existência, só poderão levar à
conclusão de que este ainda é um produto que terá de evoluir bastante. Mas é evidente que há
um esforço de investigadores e os estudos sobre o tema têm evoluído consideravelmente na última
década, pelo menos além-fronteiras.
19
3.1.2 - A atualidade das infografias em Portugal
A realidade da comunicação social do nosso país difere em muito de outros países
desenvolvidos, como é o caso dos Estados Unidos da América e da Espanha. Estes países
mostram um grande vigor nesta área e é, portanto difícil comparar os nossos níveis de
desenvolvimento com os deles. Quando falamos da infografia interativa a distância entre Portugal
e estes países é ainda maior. Em Espanha, por exemplo, a infografia já está consagrada e é uma
realidade há vários anos. Os estudos sobre infografias, em língua portuguesa, são poucos, sendo
os de maior expressão aqueles que são realizados por profissionais norte-americanos, sul-
americanos, ou espanhóis (Ranieri 2008: 261).
No site “meios e publicidade” (2006) encontramos um artigo sobre os nossos
profissionais. Os jornalistas entrevistados referem que temos bons técnicos na área da infografia.
Estes vão crescendo com as possibilidades que o nosso país vizinho lhes dá, como certames e
congressos. Sabe-se portanto que temos profissionais aptos, qualificados e motivados para
melhorar o panorama da infografia em Portugal. No mesmo artigo encontramos um depoimento
de Susana Lopes que nos explica o atraso em relação a outros países: “A formação ao nível da
infografia em Portugal é ainda muito deficitária, existindo alguns cursos isolados e alguns
congressos mas ainda sem a força que se pretende para impulsionar este veículo de
comunicação” diz-nos Susana Lopes2 num artigo de “Meios e Publicidade”. No mesmo artigo
Joaquim Guerreiro3 constata uma recente aceitação por parte das redações, que só agora se
apercebem que a infografia é extremamente positiva para um artigo, não podendo ser encarada
como rival da escrita.
Com os olhos postos na vizinha Espanha, uma das referências no mundo das infografias
multimédia, Cardoso (2010: 2) diz-nos que Portugal dá os primeiros sinais de estar a ficar ciente
das vantagens da infografia multimédia, começa a notar-se a emergência de uma aposta neste
universo infográfico que é reconhecido pelo seu potencial. Ricardo Castro4 não duvida que a aposta
2 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006) 3 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)
4 Através de entrevista, ver apêndice 2
20
em conteúdos multimédia permite um maior e mais notório alcance de número de leitores,
confirmando contudo, que as infografias são uma lacuna evidente no ComUM. Cardoso (2010:
26) investigou as editorias de vários órgãos jornalísticos e, através de declarações dos editores
multimédia, constatou que em nenhuma delas existia uma editoria exclusiva para a infografia.
Remata com a conclusão de que as condições socioeconómicas do mercado da Internet, em
Portugal, não são estáveis e não faz sentido produzir conteúdos com maior qualidade.
3.2 - MUDANÇAS NO JORNALISMO E NO PAPEL DO JORNALISTA
O jornalismo mudou definitivamente com a introdução das novas TIC. Muitas são as
alterações que se conhecem nas variadas fases, da produção à receção:
“Hoy las salas de redacción están llenas de ordenadores y equipos que
facilitan cada vez más la producción, pero a su vez la hacen más
compleja gracias a las múltiples possibilidades que ofrecen para
producirla en el menor tiempo posible” (Ochoa 2009: 198).
Mielniczuk (2003) distingue as etapas de evolução do jornalismo online. Numa primeira
fase, no web jornalismo de primeira geração, assiste-se a um trabalho muito idêntico ao da
imprensa. A atualização é diária e os conteúdos são praticamente os mesmos, há apenas uma
transposição e adaptação ao meio. O conteúdo mantém-se estático e linear. No web jornalismo de
segunda geração observa-se uma tentativa de utilizar melhor as caraterísticas oferecidas pelo
meio, a web. Apesar do jornalismo continuar ancorado ao modelo impresso começam a aparecer
links para notícias que aparecem entre as edições. Na última fase, no web jornalismo de terceira
geração, observamos um real esforço para produzir conteúdo exclusivo para o meio, aproveitando
muitas das suas potencialidades. Utilizam-se recursos multimédia, interatividade e hipertexto e há
uma atualização contínua dos conteúdos. Amaral (2010: 36) é um dos autores que acrescenta
uma nova fase, a quarta geração do web jornalismo, que se carateriza pela presença das
infografias em base de dados. Esta dá a possibilidade ao leitor de cruzar dados e personalizar o
seu conteúdo.
21
O jornalista atual tem a necessidade de pegar em um conjunto de informações e
transformá-las num material visual de qualidade, que facilidade a sua compreensão. Assim chega
ao leitor de forma mais rápida e simples. Tem de criar notícias e reportagens com maior
dinamismo e com uma compreensão mais acessível, tornando-as mais cativantes (Pedroza; Lima
& Nicolau 2013: 12). Ricardo Castro5 refere que hoje pede-se mais de um jornalista. Anteriormente
não se exigia tanta versatilidade a um profissional da área, “hoje em dia qualquer recém-licenciado
tem (quase) a obrigação de ter um conhecimento e domínio crescente das várias técnicas”
(ibidem).
Diz-se que o profissional do jornalismo pode deixar de existir, pois hoje, todos produzimos
conteúdo informativo. Anteriormente, os media tradicionais produziam mensagens para o público,
a lógica da oferta, agora todos produzem conteúdo para todos, a lógica da demanda (Wolton apud
Palácios 2003: 5).
“The promise of so much easily accessible information quickly
transforms into peril as we wonder just how to make sense of all that
abundance, how to find the signal amidst all the noise.” (Craft; Maksl
& Ashley s.d: 1)
Contudo, com este acréscimo de informações, o papel do jornalista não pode ser
esquecido, aliás, deve ser valorizado pois há uma maior necessidade de filtragem. Aparece assim
como um moderador, que diz ao público qual o material que é confiável e qual será nocivo
(Palácios 2003: 6). Como nos diz Nogueira (2013: 29) mais informação não quer dizer que haja,
necessariamente, uma maior facilidade em encontrar o que pretendemos:
“O emergir da Internet veio quebrar com as barreiras do espaço e do
tempo, contribuindo para a rápida disseminação de informações e para
a facilidade de comunicação à escala mundial. Porém, é possível
afirmar que o seu crescimento, paradoxalmente, pode ter dificultado o
acesso às informações realmente pertinentes aos utilizadores.”
(Nogueira 2013: 29).
5 Através de entrevista, ver apêndice 2
22
À sobrecarga de informação a que os humanos começaram a estar expostos dá se o nome
de “Síndrome da Fadiga Informativa” (David Lewis apud Vietta 2012). Bustamante (s.d.: 24)
mostra-nos um exemplo muito prático:
“Consultar un término cualquiera en un metabuscador como Google
arroja una cantidad extraordinaria -casi inmanejable a veces- de
referencias. Es algo que casi todos hemos experimentado. Es la
sensación de quien está perdido en el desierto, sediento, pide agua y
llega un camión de bomberos con una manguera de alta presión
apuntada directamente al rostro” (Bustamante s.d.: 24).
Se tivermos apenas em atenção a boa informação e compreendermos as notícias que são
credíveis estaremos a caminhar, indiscutivelmente, para uma forma mais razoável de tomar
decisões, mais sábias e informadas.
3.3 - A IMPORTÂNCIA DA INFOGRAFIA E DA INTERATIVIDADE
Joaquim Guerreiro6 entrevistado por “Meios e Publicidade” denota que vivemos num
século em que o tempo para atividades de distração é escasso, sendo, portanto, uma ótima altura
para a aposta na infografia. Há um novo estilo de vida. O tempo para leitura é extremamente
reduzido e é mais fácil e rápido esclarecer o leitor com uma boa infografia do que com um texto
complexo e longo. Pois como nos diz Ochoa (2009:28):
“siempre la percepción visual es más rápida y exige menos trabajo
mental que la lectura que implica además que establezcamos
relaciones diferentes dependiendo del significado que adquieren o no
los signos y de que el medio y nosotros como lectores compartamos el
código” (Ochoa 2009: 28).
Com todas as mudanças exigidas pelo público, o jornalismo teve de inovar, uma tendência
que nos dias de hoje é irreversível. Nasceu o jornalismo visual, que tem como um dos elementos
6 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)
23
mais marcantes a infografia. Esta nova forma de transmitir conteúdo jornalístico adotou técnicas
esteticamente agradáveis, “com maior legibilidade possível, somada à incorporação de elementos
gráficos e a redução de textos escritos, visando uma leitura mais rápida e fácil” (Sabbatini & Maciel
2004: 2). A eficácia na leitura da infografia está relacionada com a sua forma de apresentação,
pois tem a capacidade de agrupar múltiplas semioses, facilitando a sua compreensão (Calegari &
Perfeito 2013: 292-293).
“As infografias não só se fazem valer pelo seu poder explicativo como
também pelo seu potencial de sedução estética, servindo muitas vezes
como porta de entrada para os textos” (Nogueira 2013: 10).
Este poder explicativo e de sedução assegura um conjunto de leitores que gosta de
absorver a informação com celeridade. Para além de ser lida rapidamente, a infografia é
predominantemente visual, sendo mais fácil de compreender para a generalidade da população,
que apreende melhor os dados recebidos (Nogueira 2013: 13). Também Módolo (2007: 4) tem a
mesma opinião, revela que a linguagem jornalística vai dando, nos dias de hoje, preferência ao
uso da imagem, nomeadamente na utilização de infografias, o que se adequa perfeitamente ao
estilo de vida das populações modernas. A facilidade de apreensão dos variados assuntos assume
uma importância enorme e torna as infografias produtos ainda mais atraentes pois, “a maior força
da linguagem visual está no seu caráter imediato, na sua evidência espontânea” (Dondis apud
Calegari & Perfeito 2013: 294).
A infografia também é extremamente útil para explicar assuntos complicados a um público
leigo, onde geralmente se precisa de facilitar a comunicação. Um exemplo disto é o jornalismo
científico, que muitas vezes utiliza expressões próprias que não são familiares à grande maioria
do público (Cecilio & Pegoraro 2011: 2).
A infografia estática mereceu, durante algum tempo a atenção do jornalismo. Este
utilizava-a como um dos pontos mais importantes da sua linguagem visual. Com as mudanças
tecnológicas a infografia começou a incorporar a interatividade. Temos de perceber o que é
realmente uma infografia interativa e porque se distingue da infografia estática. Sancho apud
24
Teixeira (2007: 6) fala dos seus atributos - a interatividade, o movimento, o hipertexto e desenho
gráfico - e define-a como:
“uma aportación informativa, en la mayoria de los casos sucesiva, que se
elabora en las publicaciones digitales, basicamente visuales, pero também
audiovisuales, realizada mediante unidades elementales icônicas (estáticas o
dinâmicas), com el apoyo de diversas unidades tipográficas y/o sonoras,
normalmente verbales” (Sancho 2003 apud Teixeira 2007: 6).
A infografia impressa, que algumas vezes era vista apenas como um complemento à
notícia textual migrou, com o avançar das tecnologias, para o ambiente digital, acrescentando aos
seus benefícios a interatividade, a animação e a multimedialidade. Desta forma deixou de ser
encarada como um complemento, passando a ser utilizada, muitas vezes, de forma autónoma.
Ranieri (2008: 260) é um dos autores que nos explica a importância da infografia no jornalismo
atual. Refere que num contexto de jornalismo em mudança, a informação que assume um caráter
visual começa a ganhar o seu espaço. A importância é maior quando se acrescenta o valor da
interatividade. A interatividade é a oportunidade dada ao leitor para escolher o conteúdo que quer
ver, controlando também o momento em que quer ver, podendo optar por uma leitura não linear.
A interatividade é possibilitada pelo meio onde a infografia se insere, a web, que apresenta uma
enorme quantidade de vantagens relativamente ao impresso.
“A infografia já utilizada no jornal impresso aparece no web jornalismo
com outra roupagem e mais paramentada de possibilidades
facilitadoras de emissão de uma grande gama de informações antes
dificultada pela falta de ferramentas ágeis; com capacidade de
armazenamento; fácil manuseio e visualização de vários bancos de
dados” (Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 5).
Salaverría (2009: 47) afirma que a infografia multimédia é certamente um género com
imensas potencialidades devido a todos os recursos que possuí, entre os quais se encontra a
interatividade:
“La hipertextualidad, la multimedialidad, la interactividad y la
frecuencia de actualización confieren a los nuevos medios un
25
dinamismo que los convierte en entes exclusivos, situados en el mismo
nivel ontológico que prensa, radio y televisión.” (Salaverría 2009:47)
Ribas (2004: 2) compara as infografias estáticas com as infografias multimédia. Diz-nos
que na passagem do estático para a infografia de web, as caraterísticas essenciais mantêm-se,
mas, por agregar as potencialidades que o meio oferece, alargam a sua função, é-lhes alterada a
lógica e passam a agregar novas feições culturais. Teixeira (2007: 2) e Valero Sancho (2008)
alertam para as dificuldades e as limitações da infografia impressa, como as técnicas e o espaço.
Já quando se fala de infografia interativa estamos a falar do suporte da web e estes impedimentos
deixam de fazer sentido pois dissolvem-se nas próprias características do meio. Encontramos,
assim, mais potencialidades relativamente à infografia impressa.
A interatividade transforma a infografia num produto com enorme “polivalência estrutural
e riqueza expressiva” (Salaverria apud Rinieri 2008: 264). Quando assistimos a uma infografia
interativa não nos limitamos a ouvir, ver ou ler aquilo que alguém preparou para nós, podemos
escolher o conteúdo interagindo com ele. A informação deixa de ser linear. O leitor tem a
oportunidade de se envolver com a informação e o conteúdo, este pode filtrar o que quer ver de
acordo com os seus interesses, pode compartilhar e até deixar a opinião (Pedrosa; Lima & Nicolau
2013: 3).
“Fazendo jus à máxima “Uma imagem vale mais do que mil palavras”,
uma infografia multimédia abre um universo de perspetivas (...) e, mais
importante, a possibilidade do utilizador interagir com a informação
que possui diante de si, aumentando os níveis de interesse e
permitindo a existência de várias camadas de conhecimento”
(Cardoso 2010:2)
A interatividade assume grande importância, hoje em dia, pela falta de tempo que se
vislumbra na generalidade das sociedades desenvolvidas. Uma infografia interativa dá a
possibilidade ao leitor/visualizador de escolher aquilo que quer ver, servindo assim de filtro para
o que não é tão interessante. Com a interatividade é também possível interligar e manusear a
informação, para que o leitor fique mais conectado com o que se está a passar. Assim usufrui de
uma nova experiência cheia de potencialidades e não apenas de uma leitura.
26
Com o aumento da difusão de dados e informações, a maioria do público deixou de ter
tanto tempo para ler todas as notícias, “passando apenas os olhos pelas páginas e pelos
elementos gráficos” (Nogueira 2013: 9). Os leitores informam-se agora, apenas sobre o que faz
parte da sua lista de interesses. As infografias fazem parte, ao mesmo nível que as fotografias e
os títulos, do primeiro nível de leitura de todos os meios impressos, ou seja, é nelas que o leitor
deposita, primariamente a sua atenção, e pode ser através delas que ele escolherá se quer ou não
continuar a ler sobre determinada matéria (Scalzo apud Módolo 2007: 5).
A infografia interativa, sendo jornalismo, tem o objetivo de transmitir informação, para
além de oferecer ao leitor a “possibilidade de selecionar, organizar e visualizar a informação de
acordo com as suas necessidades e em concordância com o seu ritmo de apreensão de
informação” (Sousa 2014: 33). Discute-se o imediatismo de uma infografia, o tempo que esta
demora para estar disponível na web. Neves (2014: 46) diz-nos que esta é realmente uma das
grandes diferenças que se verificam entre a infografia realizada para papel e outra para a web. Na
internet o conteúdo é colocado instantaneamente, e a atualização não é feita de forma diária,
semanal ou mensal como acontece na imprensa. Novos dados pedem atualização imediata.
Uma das principais razões para que a infografia seja facilmente entendida pelos leitores
pode estar relacionada com reminiscências de infância. A junção de imagem com desenho traz à
memória a banda desenhada (Susana Lopes)7.
Ana Serra8 entrevistada por “Meios e Publicidade” diz-nos que a infografia tem a mais
complicada das funções – demonstrar a verdade pura com base nos factos, não deixando espaço
para a opinião. Assim, retira ao leitor todos os obstáculos que poderiam surgir e separá-lo da
verdade. O que apesar de complicado é um fator muito positivo, pois não permite que os leitores
se percam por entre opiniões e mostra-lhes apenas a verdade. Para além disto, segundo Nogueira
(2013: 10), é possível mostrar mais dados num menor espaço:
7 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)
8 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)
27
“A sua capacidade de condensar e simplificar a informação, através de
uma linguagem verbal mais simples e uma linguagem visual mais
atraente, permite um melhor aproveitamento do espaço da página e
torna o conteúdo mais acessível ao seu público-alvo,
independentemente das camadas sociais” (Nogueira 2013: 10).
Palacios (2003: 2) diz-nos que algumas das potencialidades da infografia multimédia se
prendem com as possibilidades que o meio oferece. Essas possibilidades são a multimedialidade/
convergência, interatividade, hipertextualidade, customização do conteúdo/personalização,
memória, instantaneidade/ atualização contínua. Tudo isto são fatores positivos que colocam a
infografia interativa num patamar acima da infografia estática.
A infografia interativa tem valor pedagógico. Os estudantes mudaram e o sistema
educativo de há umas décadas deixou de ser o ideal (Prensky 2001). Percebeu-se que é mais
simples para um estudante aprender com a personalização do conteúdo. Sabbatini & Maciel
(2004: 13) defendem que se uma infografia usar elementos um pouco abstratos, com
realismo reduzido, os estudantes são obrigados a imaginar parte da situação e não apenas a
visualiza-la de forma passiva, contribuindo, assim, para aumentar a criatividade dos jovens.
Reinhardt (2010), num estudo sobre Infografia Didática, chegou à conclusão que um grupo de
alunos conseguiu descodificar mais facilmente a informação transmitida por uma infografia,
comparando com o texto escrito, que arrecadou uma percentagem de descodificação mais
diminuta. Também a informação que é transmitida pela infografia fica mais tempo na memória do
leitor do que a informação passiva, aquela com que não necessitam de interagir.
3.4 - INFOGRAFIA. UM GÉNERO?
Para Prado apud Pedrosa; Bezerra & Nicolau (2013: 3) não são as diferenças dos veículos,
de meios, produções e plataformas que vão fazer do jornalismo atual menos jornalismo do que o
tradicional. Discute-se o papel da infografia, que se insere neste jornalismo atual, pois ainda não
há total consenso da designação que deverá ser-lhe atribuída. Alguns profissionais e estudiosos
assumem-na como uma técnica jornalística, outros nomeiam-na de “modalidade discursiva”
(Teixeira 2007: 1) e outros elevam-na a género jornalístico. A grande razão para se falar de género
é esta capacidade que a infografia tem, de hoje, já sobreviver independentemente.
28
Autores como Colle; Clapers; Leturia e Cairo discordam da classificação de género
jornalístico e “referem-se à infografia como uma técnica, uma disciplina, um recurso, uma
ferramenta informativa, uma ilustração, uma unidade espacial” (Ribas 2004: 2). Amaral (2010:
26) diz-nos que podemos classificá-la como género, mas prefere utilizar o termo “modalidade
jornalística” ou sub-género. Cecilio & Pegoraro (2011: 2) dizem-nos que a infografia tem sido vista,
muitas vezes, como um mero recurso de estética ou como forma de complementar aquilo que o
texto principal diz e rematam dizendo que a essência da infografia não é idêntica à do jornalismo.
Paulo Ranieri (2008: 260) refere a constante necessidade de se verificar uma mudança
nos média. Com o espaço que a infografia vem a ocupar no campo hipermediático vem-se
tornando “uma ferramenta autónoma com médias combinadas, e não seria exagerado dizer um
género jornalístico independente” (ibidem). Teixeira apud Cecilio & Pegoraro (2011: 12) diz-nos
que a infografia, assumindo o papel de narrativa jornalística, terá de adotar obrigatoriamente os
princípios do jornalismo, tanto os técnicos quanto os deontológicos, assim como os seus limites.
Portanto, se não se distingue das outras formas de fazer jornalismo terá de ser encarada, tal como
as restantes, como um género. Rico & Rodrigues (2009: 26) também preferem adotar e
concordam com o termo “género jornalístico”. Valero Sancho (2001) também se refere à infografia
como sendo um género. Justifica que se deve ao facto da infografia ter funções jornalísticas
particulares. Assume que pode ser encarada como um género diferente, por ser mais visual, mas
a essência dela é narrar uma informação, assim como os outros géneros. Sojo (2002) explica-nos
porque considera que a infografia é um género jornalístico:
1) Tem uma estrutura claramente definida;
2) Tem um propósito;
3) Tem marcas formais que se repetem em diferentes trabalhos;
4) Faz sentido por conta própria.
3.5 - INFOGRAFIA E PROFISSIONAIS: JORNALISTAS OU DESIGNERS?
Até há bem pouco tempo a infografia ainda não era respeitada dentro e fora das redações.
As direções não faziam qualquer tipo de investimento, e as infografias que apareciam na imprensa
e nos jornais digitais eram maioritariamente compradas a agências. Com a descoberta das suas
29
potencialidades as direções começaram a preocupar-se com a contratação de designers
profissionais. Estes não se limitavam a pôr em prática aquilo que os jornalistas lhes pediam,
reuniam-se e discutiam a matéria em conjunto. Estes designers, que se foram dotando de um
vasto sentido crítico passaram a ser chamados de “infografistas”. Foi aqui que a profissão nasceu.
Contudo, no meio do tema, há uma questão que sobressaí - estes infografistas, são vistos como
jornalistas ou designers?
Para responder a esta questão, primeiro é preciso esclarecer o papel da infografia no
jornalismo. Apesar de não haver consenso em relação ao tema, como já observamos, algo é
inquestionável - a infografia já deixou de ser um auxiliar visual que se limita a acompanhar a
importante e verdadeira informação. Cardoso (2010: 2) é um dos autores que tenta clarificar este
papel da infografia no jornalismo nomeando-a de género jornalístico.
Deste ponto de vista é normal encararmos os profissionais que trabalham com infografias
como jornalistas pois produzem, tal como os outros, conteúdo informativo jornalístico. Leturia
apud Sabbatini & Maciel (2004:4) diz-nos que o infografista é um jornalista, mas no campo visual,
e para além das características básicas que um jornalista possui, o infografista terá de ter
“habilidade, criatividade e pensamento crítico” (ibidem).
Valero Sancho (2008) diz-nos que os infografistas devem ter formação especializada na
área da comunicação. Defende que é mais importante a presença de disciplinas de jornalismo do
que estudos estéticos, e tal acontece poucas vezes. A arte deve ser desvalorizada em favor da
comunicação. Com esta informação Sancho diz-nos que o infografista é um jornalista pois a sua
profissão se aproxima muito mais do jornalismo do que propriamente do design, pelo menos no
que diz respeito à formação. Mónica Bello apud Cardoso (2010: 29) salienta que a infografia é,
de facto, jornalismo e aquele que faz infografia deve ser visto e tratado como jornalista, e deve ser
um trabalho valorizado pois além das caraterísticas destes profissionais, ainda tem de acrescentar
a carga do pormenor e do impacto visual. Bello apud Cardoso (2010: 30) refere ainda que, mesmo
dentro do meio, esta perceção, de que um infografista é um jornalista, ainda não está bem
presente.
30
“Existe ainda um certo estigma em torno da função de infografista que,
mesmo até entre os seus pares, não é globalmente reconhecido como
sendo também um jornalista” (Cardoso 2010: 75).
Sérgio Braga9 num artigo de “Meios e Publicidade” defende, que tendo a infografia o papel
de informar o público da mesma forma que uma notícia informa, os profissionais desta área devem
reger-se pelas normas e os princípios do jornalismo e portanto estudarem as suas regras. Contudo
reconhece que em Portugal os infografistas ainda não são vistos como jornalistas, mas sim como
designers ou gráficos. Ranieri (2008: 271) diz, que realmente, são poucos os infografistas que
têm esta formação em jornalismo. A separação entre a área de “jornalismo” e “multimédia” nos
cursos de comunicação, que permite aos alunos de multimédia se aproximarem mais das
infografias, indicam que ainda se faça esta divisão entre os profissionais da infografia e os
jornalistas (Cardoso 2010: 22). Realmente, também Daniel Cerejo10 refere que depois da
licenciatura em Ciências da Comunicação, são os estudantes de multimédia que têm um à vontade
maior com a prática das infografias, ficando os alunos de jornalismo pelos conhecimentos básicos.
A infografia deve ser olhada como um elemento independente da produção jornalística, portanto,
deve ter critérios próprios e “constituir em casos possíveis uma editoria equiparada aos seus
restantes congéneres na sala de redação” Cardoso (2010: 66).
Mário Cameira apud Cardoso (2010: 29) diz-nos que há um estigma: quem escolher
especializar-se e seguir a área de multimédia nunca será tão jornalista quanto os que seguem
jornalismo. Para além disso destaca que poucos são os infografistas que têm a carteira de
jornalista. Joaquim Guerreiro11 diz que apesar de todos, no Público, terem a carteira profissional
de jornalista, em Portugal o infografista em vez de se tornar jornalista visual acaba, muitas vezes,
“por ser a chave inglesa da redação, usada sem grande critério para uma variedade enorme de
tarefas que pouco ou nada têm a ver com infografia” (ibidem).
3.6 - O QUE INFOGRAFAR
9 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)
10 Através de entrevista, ver apêndice 3 11 Através de entrevista, ver apêndice 1
31
A comunicação digital, nomeadamente as infografias interativas, podem, desde que
utilizem mensagens objetivas e claras, substituir os textos “inflados e prolixos no processo de
comunicação” (Módolo 2007: 8). Porém nem todo o assunto ou notícia tem potencial para se
converter em infografia. De Pablos apud Sousa (2014: 39) diz-nos que o uso da infografia deve
ser moderado, e que, apesar de assistirmos ao seu crescimento, nem sempre é justificável a sua
utilização. Assim, percebemos porque é que algumas infografias são difíceis de perceber, nem
sempre o problema está na forma como é produzida, mas por representar um assunto sem
potencial infográfico. Portanto, para os variados media, torna-se um desafio perceber quais os
assuntos ou acontecimentos onde será adequado utilizar uma infografia e qual poderá ser a forma
mais apropriada para a transmitir ao público.
“A questão (...) não é apenas se o infográfico pode potencializar ou incrementar
uma narrativa, mas se deve ser usado, se ao adotá-lo estar-se-á contribuindo
efetivamente para a compreensão, pelo público, de um dado fenómeno.”
(Teixeira apud Rodrigues 2010: 7)
Clapers (1998) contraria estes autores dizendo que qualquer tema jornalístico se pode
transformar em infografia pois esta deve ser vista como o resumo lógico de uma notícia.
Nem sempre os profissionais recorrem às infografias. Os temas de última hora, por
exemplo, são evitados ao máximo. Existem grandes dificuldades em criar conteúdos com
celeridade e eficácia. Normalmente é preciso tempo para se criar um bom planeamento e
execução (Nogueira 2013: 24).
Valero Sancho apud Calegari & Perfeito (2013:296) explica quais as situações onde se
deve utilizar infografia: quando há uma necessidade de comparar visualmente os dados; quando
é necessário documentar um fenómeno ou acontecimento para que se consiga compreender toda
a informação; quando é necessário localizar os acontecimentos.
“aquelas notícias que não podem ser complementadas por fotos, ou
que não dispõe delas em absoluto, são as melhores candidatas para
receber um tratamento infográfico.” (Sabbatini & Maciel 2004: 4)
32
Em relação aos temas que surgem com mais destaque, Ribas (2004: 4) diz-nos que são
as grandes ocorrências, das quais fazem parte os conflitos políticos e religiosos, desastres naturais
e descobertas científicas, que têm logrado uma maior atenção nos meios de comunicação social.
Surgem também com bastante frequência as infografias relacionadas com a informação desportiva
e com informação científica ou assuntos relacionados com a medicina. Scalzo apud Módolo
(2007:5) diz-nos que a infografia é um ótimo recurso para descrever procedimentos e métodos,
para demonstrar semelhanças e para explicar objetos e seres que são grandes ou pequenos
demais. Outro dos temas que merece o interesse dos infografistas é o jornalismo científico.
Normalmente este tema é mais difícil de explicar sem que se recorra a qualquer tipo de imagem
ou gráfico, pois os termos são demasiado complexos para um público que é leigo na matéria.
“O uso da infografia é legítimo em todo texto que pretenda fornecer
algum tipo de explicação acerca de um fenómeno ou acontecimento,
mas é quase obrigatório quando se trata da cobertura jornalística de
temas ligados a Ciência e Tecnologia, sobretudo para públicos leigos”
(Teixeira apud Amaral 2010: 24)
Mas não é só no jornalismo que o grafismo é útil para explicar assuntos relacionados com
ciência, os inventores e cientistas utilizam, desde os primórdios, imagens visuais para explicar as
suas descobertas (Schmitt 2006: 55). Também nas enciclopédias encontramos a utilização de
algumas infografias, que servem como uma espécie de ferramenta didática, para explicar
processos e informações detalhadas (Amaral 2010: 24).
3.7 - PRINCÍPIOS PARA UMA BOA INFOGRAFIA
No jornalismo preza-se sempre a qualidade da informação. Quando se realiza uma
infografia os princípios do jornalismo têm de ser respeitados. Desta forma um infografista tem de
estar ciente que o resultado do seu trabalho não pode induzir a nenhum erro de interpretação,
nem mostrar a informação de forma falseada ou distanciada da verdade. Para além da qualidade
da informação há um outro critério que chama a atenção do leitor, falamos da qualidade do design
visual - é a porta de entrada para que o leitor se queira envolver na infografia. A importância destas
funções, decorativa e explicativa, é igual, não se pode valorizar uma em detrimento da outra, sob
perigo de perder o interesse do público ou o seu “potencial informador” (Sabbatini & Maciel 2004:
33
3-4). Quando a infografia serve para representar uma notícia jornalística espera-se que responda
às tradicionais questões - o quê? Quem? Quando? Como? Onde? Porquê? Mas como a infografia
tem uma formatação diferente da notícia verbal, não é normal ver-se a estrutura de pirâmide
invertida ou a presença de um lead. Presume-se antes que os elementos mais importantes se
apresentem numa parte mais central da página, com um tamanho consideravelmente maior do
que a restante informação, de forma a dar-lhes relevância (Módolo 2007: 10).
Quando se utilizam múltiplos meios, terá de se ter em consideração que a mensagem
seja unitária e não fracionada. Só assim se conseguirá “uma integração harmónica de seus
elementos constituintes, pelo qual o desafio não é tanto tecnológico, mas linguístico e
comunicativo” (Sabbatini & Maciel 2004: 6). Cairo apud Rodrigues (2010: 15) explica que quanto
maior o grau de dificuldade de um gráfico, e menor for o nível de conhecimento que o leitor tem
sobre o assunto desse gráfico, maior será a quantidade de explicações que se devem empregar.
Os elementos estéticos em demasia podem atrapalhar a informação, ainda mais quando o assunto
é complexo, neste caso não se deve retirar a atenção do conteúdo. Espera-se, assim, que a
infografia se rege pela simplicidade.
É necessário passar para o público todos os factos sobre o acontecimento, evitando a
utilização de informações que não estejam completas mas que não se tornem repetitivas. “Só
deve ser apresentado aquilo que for estritamente necessário para ajudar na sua compreensão”
(Neves 2014: 36). É necessário simplificar e tirar fora os excessos. A infografia terá de ter em
conta uma narrativa ou um sistema interativo que seja fácil de compreender para o leitor, para
que a informação lhe chegue de uma forma integra. É importante não supor que o leitor está
familiarizado com a informação, e descurar assim todos os pormenores importantes. Cada tema
deve ser bem explicado, mas de forma simples e concisa para evitar uma overdose de
informações.
As infografias devem absorver o princípio da utilidade, para que consigam transmitir a
“informação, significação e funcionalidade e devem ter em si, o princípio da visualização que
permita ao utilizador a compreensão dos factos” (Cairo apud Sousa 2014: 29). A qualidade
narrativa é um dos fatores mais fundamentais para que a infografia tenha total eficácia no seu
34
propósito de informar. Para isso todos os elementos devem estar voltados para o mesmo
objetivo - mostrar e narrar um acontecimento (Amaral 2010: 31).
Um dos aspetos a ter em atenção quando se constrói uma infografia é o uso da cor. Ela
deve ser vista e utilizada como informação que é, deve usar-se tendo em conta aquilo que a
sociedade está habituada a associar-lhe. A cor é um elemento de sintaxe visual e a sua utilização
exige criatividade e conhecimento. O objetivo é dar clareza e não confundir os leitores evitando
mal-entendidos na receção da informação (Módolo 2007: 8; Neves 2014: 36).
Sancho (2001:21) refere que no jornalismo de imprensa a infografia deve conter oito
características, que são:
1. Ter significado total e independente;
2. Proporcionar quantidade razoável de informação atual;
3. Conter informações suficientes para a compreensão dos factos;
4. Ordenar o conteúdo utilizado, se preciso, usando variantes de tipologia;
5. Apresentar elementos icónicos que não distorçam a realidade;
6. Realizar funções de síntese ou de complemento da informação escrita;
7. Proporcionar uma certa sensação estética;
8. Ser precisa e exata.
Cairo (2012: 5) fala-nos do perfil de um bom comunicador visual. Esclarece-nos que o
mais importante é a curiosidade aliada à tentativa de explicar racionalmente tudo o que existe no
mundo. Sem este interesse e esta vontade é impossível ser um bom comunicador.
“The life of a visual communicator should be one of systematic and
exciting intellectual chaos” (ibídem)
3.7.1 - Arquitetura de informação e usabilidade
Na década de 1970, Richard Saul Wurman, professor de arquitetura na Carolina do Norte,
previu uma explosão da informação que exigia a intervenção de uma nova classe de profissionais
que, treinados, fossem capazes de organizar quantidades gigantescas de dados. Wurman dizia
35
que o maior desafio da humanidade seria enfrentar o tsunami de informação que se aproximava.
A estes profissionais foi dado o nome de “Arquitetos de Informação” (Cairo 2012:15).
Para ajudar o leitor a encontrar a informação mais relevante e apenas aquilo que procura,
reduzindo assim a dificuldade de acesso e a sua frustração, criaram-se duas disciplinas que
tornam a navegabilidade e os conteúdos mais eficientes. Nasceu assim a arquitetura ou design de
informação (relacionado com a etapa de planeamento) e a usabilidade (relacionado com a etapa
final, quando o leitor faz uso do produto). Os seus objetivos são: estruturar melhor os conteúdos
e criar um design e navegabilidade mais agradável, no fundo, ajudar os leitores a perceber melhor
e mais rapidamente o que se quer transmitir (Jakob Nielson apud Nogueira 2013: 30; Nogueira
2013: 2).
A arquitetura de informação, tem uma função mais direcionada para um fácil acesso e
recolha de informação pelos leitores. Assim oferece-se facilidade aos leitores nas suas escolhas,
de acordo com os seus interesses. Esta relacionada com a maneira eficiente de dispor os
conteúdos (Rico & Rodriguez 2009: 50).
A arquitetura de informação tem o papel de definir a estrutura do conteúdo e para isso
foca-se particularmente nas experiências do leitor “dando-lhes condições para que sejam capazes
de alcançar os seus objetivos com um mínimo de esforço e com resultados máximos” (Nogueira
2013: 29). Memória apud Nogueira (2013: 30) diz-nos que esta disciplina deve ajudar os
profissionais da área a orientar o conteúdo dos seus trabalhos, permitindo que o mais importante
ganhe relevância. Para isto baseiam-se num modelo mental do utilizador, antecipando, de certa
forma, aquilo que ele vai pensar. O design de comunicação deve “ajudar os recetores a
encontrarem o sentido comunicado” (Nogueira 2013: 30).
“A usabilidade debruça-se mais sobre a qualidade da interação entre
os utilizadores e a infografia, procurando que estes obtenham a
máxima eficácia no acesso aos conteúdos” (Nogueira 2013: 30).
Quanto mais instintiva for uma infografia melhor será a sua usabilidade, devendo, sempre
que possível, acrescentar-lhe atributos de simplicidade (Nogueira 2013: 30). Rico & Rodrigues
36
(2009: 49) dizem-nos que podemos relacionar este conceito com o grau de facilidade que o leitor
tem em encontrar o conteúdo que procura.
É importante voltar a referir que o design, apesar de ser aquilo que capta mais a atenção,
nunca se pode sobrepor ao conteúdo pois é isso que o utilizador procura. Sendo a infografia
interativa um produto que se encontra maioritariamente na web deve respeitar estas disciplinas
de forma a agradar e captar a atenção do leitor. O seu design deve ser atrativo e ser levado em
conta no momento da pré-produção mas nunca se deve desvalorizar o conteúdo, pois o seu
principal objetivo é informar e não entreter (Módolo 2007: 8). Cairo (2012: XX) esclarece-nos sobre
a importância de conjugar o design com o conteúdo:
“Graphics, charts, and maps aren’t just tools to be seen, but
to be read and scrutinized. The first goal of an infographic is not to be
beautiful just for the sake of eye appeal, but, above all, to be
understandable first, and beautiful after that; or to be beautiful thanks
to its exquisite functionality” Cairo (2012: XX)
37
38
4 - DIFICULDADES DE PRODUÇÃO E RECEÇÃO DA INFOGRAFIA
“a pesar de la capacidad informativa y el lugar privilegiado que ha ido
ganando esta herramienta (infografia) dentro de las opciones de
lectura, el usuario promedio no conoce su verdadera significación ni
dimensiones.” (Rico & Rodrigues 2009: 15)
Começa a notar-se um crescimento e um maior envolvimento das redações com as
infografias, contudo, a mudança tem sido lenta e nem todos os meios de comunicação a
acompanham. Apenas nos grandes jornais percecionamos estas mudanças. Nos restantes, de
pequeno e médio porte, mesmo que haja um esforço para incluir as infografias nas suas editorias,
estas utilizam recursos muito ultrapassados (Cecilio & Pegoraro 2011: 7).
Joaquim Guerreiro12 refere que as dificuldades começam logo na procura de um tema
pertinente para infografar; seguem-se as questões relacionadas com a abordagem a seguir e por
último existe o deadline, é ele que vai influenciar todo o procedimento assim como o número de
profissionais necessários.
Ochoa (2009: 216) diz que há um problema na distribuição. O jornalismo precisa de dar
a conhecer a infografia, pois apesar de ser atrativa, é desconhecida ou ignorada pelo público, que
a considera uma oferta apenas para pessoas com conhecimentos informáticos. A sugestão é que
os meios a deverão colocar mais visível de forma a convidar os leitores a interagir com ela.
Um dos problemas na produção da infografia é a falta de profissionais qualificados. Há
uma ausência de investigações acerca das infografias que se agrava quando há também uma
ausência de unidades curriculares nos cursos de comunicação. Isto leva a que se desenvolva um
“descompasso que faz com que teoria e prática não se coadunem no dia-a-dia das redações e da
produção da infografia” (Teixeira 2007: 2). A oferta torna-se menor que a procura, elevando o
preço dos serviços, e nem todos os meios de comunicação têm o mesmo poder económico para
contratar uma equipa para infografia. Assim são os jornais de grande porte os únicos que
conseguem assegurar departamentos próprios para as infografias, “onde interagem profissionais
12 Através de entrevista, ver apêndice 1
39
do jornalismo e do design gráfico” (Cecilio & Pegoraro 2011: 7). Também Cairo apud Reis &
Rodriguez (2009: 102) assegura que são poucos os departamentos equipados a nível pessoal e
preparados para o mundo online, devido à carência de conhecimentos técnicos e formação teórica.
Um profissional da infografia deve ter conhecimentos de comunicação, de design e de
programação, e é muito difícil ver alguém assim tão preparado. Valero Sancho (2011: 2-3) diz-nos
que o infografista interativo tem o mais difícil dos papéis, pois a linguagem de trabalho é a mais
complexa do meio jornalístico. Refere que todos os outros profissionais têm tarefas mais fáceis,
pois “un presentador o locutor tiene su voz y prepara un texto, un reportero gráfico capta la
información con cámaras, un ilustrador no busca noticias ni documentos” (ibidem). Para além
disso há a pressão do tempo e muitas vezes, quando o conteúdo está toda colocado surgem novas
informações que têm de ser atualizadas. Por sua vez, Cardoso (2010: 74) é uma das autoras que
nos fala do espírito economicista das empresas mediáticas:
“Como condicionante a esta tentativa de impulsão da infografia, surge
a falta de verbas despendidas para o sector já que os detentores dos
títulos nacionais, grandes grupos económicos, olham para os media
como empresas que efetivamente são e que têm de ser geridas de
acordo com o que mais lucro obtiver. E neste momento, o online ainda
não se paga a si mesmo, residindo aí o seu próprio arquirrival”
(Cardoso 2010: 74).
Uma das dificuldades para a fraca receção da infografia está no próprio recetor. O público
está habituado a ser passivo e não é isso que, agora, se anseia dele. Não se espera um público
leigo que não saiba interagir com as tecnologias, mas um publico ativo que pretende explorar uma
notícia, e quer relacionar-se com os conteúdos.
Pereira (2013: 5) fala-nos dos discursos encantatórios que circundam as inovações. Estes
elogios fazem sobressair o potencial de cada uma das ferramentas, de tal forma, que se pode
pensar que estas substituem a ação humana. “Tais discursos encantatórios encontram nos
discursos apocalípticos e ameaçadores o seu reverso” (ibidem).
Bustamante (s.d.: 20) diz-nos que no início, a tecnologia começou a ser entendida como
um meio que engrandeceria as capacidades humanas e permitiria a realização de ações. Mas,
40
com o passar do tempo, a tecnologia começou a tomar um caminho diferente, segundo a perceção
de algumas pessoas. Bustamante (1993: 60) refere que é possível que o significado da tecnologia
se perca no homem, mas da mesma forma, também o homem se sente perdido na tecnologia. É
provável que uma das causas para que a receção das infografias não aconteça como se prevê seja
a dificuldade, que algumas pessoas têm, em ver e aceitar a tecnologia. Há um tipo de público que
não aceita a passagem do papel para o online pela falta de essência, pela habituação ou pela
desumanização que a tecnologia pode criar. O autor cita a doutrina heideggeriana para defender
o seu papel:
“(...) la tecnología es una parte de nuestra forma de ser, una
parte de la estructura existencial del ser humano. No es un elemento
que pueda ser analizado independientemente de nuestro ser, sino que
es parte de nuestra forma de existir” (Bustamante 1993: 61).
Palácios (2003: 5) diz-nos que não se pode olhar para a tecnologia com a visão tão
simplista de um triunfalismo face aos outros formatos mediáticos. A tecnologia não surgiu como
oposição ou como forma de superar os outros meios. As características do novo jornalismo, de
web, devem antes ser vistas como uma forma de continuidade e potencialização do mesmo e não
como uma rutura ao tradicional. É mais importante estar atento às experimentações do jornalismo
de hoje e às transformações que poderão surgir em vez de “investir em especulações ou numa
futurologia de cunho pouco confiável” (Palácios 2003: 13).
Nem todos conseguem perceber as infografias. É necessário começar a ensinar o público
a interpretá-las, se possível, desde os primeiros anos de escola. Esta prática é cada vez mais usada
nos suportes mediáticos e nem todos têm habilitações para a conseguir ler ou capacidade de a
perceber. Os estudantes são o público ideal, pois são os chamados “nativos digitais” (Prensky
2001) que convivem diariamente com as tecnologias interativas, têm portanto maior capacidade
de interagir com a tecnologia do que os “imigrantes digitais” (ibidem). Este trabalho é
imprescindível para equipar os jovens de conhecimento, tornando-os “ indivíduos multiletrados e
possíveis produtores de suas próprias leituras” (Calegari & Perfeito 2013: 305). A alfabetização
visual é também imensamente importante. As imagens transmitem mensagem que têm
caraterísticas específicas, a sua linguagem pode não ser simples (Ochoa 2009: 142).
41
Para compreender melhor os media, e para os utilizadores conseguirem selecionar o que
interessa, criou-se uma nova disciplina, a educação para os media.
4.0.1 - Entraves ao estabelecimento da infografia em Portugal
“Não há dúvidas de que existe uma grande iliteracia por parte do
público sobre o que é realmente uma infografia, no entanto este facto
não é, de todo, uma surpresa quando nem nas próprias redações a
sua definição é consensual” (Nogueira 2013: 1).
Uma das maiores dificuldades na implementação de uma infografia é o seu tempo de
execução. Mesmo que seja uma infografia simples, a presença de interatividade aumenta o tempo
de desenvolvimento e requer profissionais e meios específicos. Quando se trata de uma notícia
que diz respeito à atualidade tudo se complica, visto que o tempo para a criação do trabalho
infográfico é sempre inferior ao necessário para a sua boa concretização, o fator deadline que
surge como dissuasor (Daniel Cerejo13). A formação é praticamente inexistente pois as
universidades não preparam os alunos das áreas de comunicação para ingressar na área da
infografia.
“Nas universidades portuguesas, por exemplo, são muito poucos os
cursos académicos de Comunicação e Jornalismo que investem no
ensino da infografia, o que acaba por não preparar devidamente os
estudantes para o que é o panorama atual do meio jornalístico”
(Nogueira 2013: 1).
Relativamente à falta de formação na área, uma das coisas em que a formação académica
faria decisivamente a diferença, seria “na capacitação dos infografistas e no reconhecimento desta
vertente do design de informação como distinta de todas as outras” (Joaquim Guerreiro14).
Esclarece-nos que neste momento o percurso e evolução de um jovem infografista dependem de
13 Através de entrevista, ver apêndice 3 14 Através de entrevista, ver apêndice 1
42
quem o recebe numa redação e não da sua formação académica. Sérgio Braga15 entrevistado por
“Meios e Publicidade” refere que um entrave para que as infografias não se estabeleçam
definitivamente no jornalismo português estará relacionado com uma questão de cultura, visto que
em Portugal os infografistas são apenas vistos como gráficos enquanto além-fronteiras têm o
estatuto de jornalistas visuais. Também as universidades terão de apostar numa formação mais
específica e direcionada para a área. Para além disso o investimento tem de ser feito já, para que
o fosso que existe entre Portugal e os outros países não aumente ainda mais.
Ricardo Castro16, diretor do ComUM, expõe-nos o seu ponto de vista sobre as dificuldades
na receção da infografia:
“Creio que os leitores de jornais sempre estiveram habituados a
associar notícias a texto, com uma ou mais fotografias a complementar
(…) Mas não sendo esta representada por texto, pode dar aso a alguma
incompreensão de algum leque de leitores, nomeadamente de faixas
etárias mais elevadas, que pouco ou nunca tiveram contacto com
infografias.” (Ricardo Castro17)
Refere ainda que não lhe parece fruto de uma ausência de investimento pois acredita que
a infografia interativa tem sido uma das apostas dos meios de comunicação portugueses. Também
Daniel Cerejo18 pensa que a forte habituação à presença dos conteúdos tradicionais pode impedir
que os leitores recebam de bons olhos a interatividade. Mas refere que lhe parece que o panorama
está a mudar.
A formação é insuficiente. Apesar disso temos profissionais habilitados e aptos para fazer
bons trabalhos, mas que adquirem os seus conhecimentos fora das nossas fronteiras. Parece
então inadiável que os cursos de comunicação mudem a sua forma de ensinar jornalismo e
comecem a formar jovens que estejam qualificados para iniciar o seu percurso na infografia. A
falta de profissionais e de formação traduz-se num aumento do preço dos serviços da infografia.
15 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006) 16 Através de entrevista, ver apêndice 2
17 Através de entrevista, ver apêndice 2
18 Através de entrevista, ver apêndice 3
43
Por outro ponto de vista, como nos diz Joaquim Guerreiro19, o número de publicações em Portugal
também é reduzido e assim não parece muito rentável a criação dessa formação, sendo mais fácil
e vantajoso os profissionais adquirirem conhecimento em congressos e workshops fora do país.
Cardoso (2010: 22) dá-nos conta que depois dos despedimentos nos média, causados
pela crise económica no país, é normal que as verbas despendidas para o sector das infografias
sejam diminutas. Daniel Cerejo20, editor do JPN, acredita que a divulgação das infografias
interativas pode ter como impedimentos “a falta de pessoal, nas redações, com conhecimentos
para as desenvolver, agravada pela falta de capacidade, por parte dos empregadores, para
contratarem esses profissionais.”
Do lado do recetor encontramos uma literacia mediática incomparável com a dos países
que estão no topo da produção da infografia. Temos pouca população e poucas publicações e não
é fácil perceber se o investimento nas infografias seria lucrativo.
4.1 - EDUCAR PARA OS MEDIA E LITERACIA MEDIÁTICA
Há a ideia de que os media, nomeadamente as novas tecnologias da comunicação e
informação, vieram tirar ao ser humano a capacidade de pensar e tomar decisões. É possível que
isto aconteça, em alguns casos. Contudo a ideia dos novos meios de comunicação e informação
não é essa. Os cidadãos são cada vez mais desafiados pelos media, pela sua enorme quantidade
e diversidade de informação (Pereira et al. 2014: 2). Há uma necessidade de educar para os
media digitais, mas também para os tradicionais, de forma a tornar o público atento, crítico, dotado
de pensamento próprio, respeitador de diversidade e com voz ativa. Não é, de todo, ideia dos
novos media transformar o público num sujeito passivo e superficial. São as mentes inquietas,
ativas e curiosas que chegam mais rapidamente ao conhecimento (Reinhardt 2010: 130).
“Hará falta una conciencia social que evalúe y asuma riesgos y
beneficios, un control social de dichos procesos y una cultura
tecnológica en los ciudadanos de esta nueva aldea global que les
19 Através de entrevista, ver apêndice 1
20 Através de entrevista, ver apêndice 3
44
permita actores responsables en un proceso de decisión”
(Bustamante s.d.: 16).
A educação para os media passa por saber utilizá-los, mas também compreendê-los e
interrogá-los, de forma a ter uma participação ativa nesta troca de conhecimentos. Esta disciplina
tornou-se “fundamental para uma utilização crítica, esclarecida e participada dos meios digitais.
Sem isso não se desenvolvem novas formas de comunicação e pode sair prejudicado o exercício
de cidadania” (Pereira 2013: 24). Esta é uma necessidade atual para que não se corra o risco de
criar, ao que Pereira (idem) chama de “vaga de analfabetismo funcional” que se define pela
capacidade de saber utilizar as tecnologias da comunicação e da informação, mas não pensar
muito sobre o que é que isso significa. É importante perceber que educar para os media é mais
do que criar acesso. Educar para os media é trabalhar para perceber o que estes nos dizem, criar
sentido com as mensagens deles, fazer escolhas e perceber qual o material informacional que é
correto e qual é nocivo. Por vezes somos tentados a pensar como os meios de comunicação
querem, e temos de refletir sobre os assuntos e ser críticos o suficiente para proteger-nos de
informação duvidosa.
“A literacia para os média, entendida como o conjunto de
competências e conhecimentos que permitem aos cidadãos uma
utilização consciente e informada dos meios de comunicação social,
representa uma componente essencial do processo comunicativo.”
(Pinto et al. 2011: 7).
Quando falamos em Literacia Mediática estamos a referir-nos à capacidade dos indivíduos
de aceder, perceber e tirar conclusões ou avaliações de uma forma crítica, daquilo que lhes é
transmitido pelos media. Portanto iliteracia também não é apenas a falta de competência para
aceder aos média e de perceber o que eles transmitem. É também a incapacidade e falta de
disposição dos indivíduos pensarem sobre os diferentes temas e ter uma vida comunicacional
ativa. Educação para os media deve ser entendida como o processo para conseguir dado objetivo
e a literacia será esse objetivo, aquilo que se consegue atingir (Pinto et al. 2011: 21). Neste
momento, a ideia de literacia digital, remete-nos para a capacidade de olhar criticamente para os
conteúdos, de forma a criar sentido no mundo digital (Pinto el al. 2011: 73).
45
Pereira (2013: 81) fala-nos das quatro dimensões a ter em conta quando o assunto é
literacia mediática - a capacidade de aceder; habilidade para compreender; aptidão para avaliar e
para criar. Numa fase inicial é preciso conseguir aceder aos media e compreender aquilo que eles
nos dizem. De seguida tirar conclusões sobre o que vemos, pensando criticamente. Por último ter
a capacidade de, também, criar conteúdo mediático. O facto de termos acesso as tecnologias não
faz de nós automaticamente mais cultos ou críticos, isto é uma ilusão.
Não é surpreendente que os níveis de literacia mediática dos portugueses sejam muito
baixos. Mas as conclusões de alguns estudos que têm vindo a ser feitos nas últimas décadas são
realmente preocupantes. O relatório final do IALS (International Adult Literacy Survey) que foi
divulgado em 2000 coloca cerca de 80% da população portuguesa abaixo do nível 3 de literacia -
o nível mínimo para responder adequadamente às exigências sociais (Lopes 2011: 450).
Similarmente Barbosa (2011: 90) na sua dissertação de mestrado, referindo-se à educação
escolar, concluí que há ainda muito para fazer. É necessário “facultar aos jovens uma literacia
digital que lhes permita adquirir uma autonomia crítica, no sentido de desenvolverem o seu próprio
pensamento, à luz da criatividade e produção própria” (ibidem).
Foi para colmatar esta situação que, em Portugal, se criou o programa de educação para
os media. Pereira et al. (2014) no referencial de educação para os media falam de uma
necessidade de educar para os media de forma a combater esta iliteracia mediática. Dizem-nos
que é necessário perceber como funcionam as suas linguagens e mensagens, pensar sobre elas
criticamente e “desvendar o mundo que os ecrãs ocultam, quais biombos entre nós e os
profissionais, as empresas, as tecnologias” (Pereira et al. 2014:4). A partir dos anos 80, Portugal
começou a investir em iniciativas com vista a melhorar o acesso às tecnologias informáticas.
“Em três décadas, diferentes governos privilegiaram uma intervenção
pública na área, o que permitiu melhorar as condições de acesso a
computadores e à internet nas escolas e seus principais atores, alunos
e professores” (Pereira 2013: 27).
Apesar desta evolução Portugal ainda se encontra abaixo da média de utilização de
tecnologias, distanciando-se dos países europeus mais desenvolvidos. Para Pinto (2003; 2011) a
46
Educação para os Media está longe de se tornar uma prioridade nos programas de políticas
públicas. Nos programas que existem são gastas grandes somas de tempos, dinheiro e energia,
tudo para que haja um fornecimento das TIC, mas no fundo, todos os equipamentos não passam
de um meio e o importante é a finalidade.
“A simples presença numa biblioteca, pelo facto de permitir aceder a
livros com um esticar de braços, não torna automaticamente alguém
leitor, tampouco mais conhecedor” (Pereira 2013: 83).
Estamos numa altura em que temos condições privilegiadas para o acesso a estas
tecnologias mas o conhecimento só chega se nós trabalharmos para isso. Deve então haver uma
combinação de fácil acesso com trabalho e com a criação de competências. Disciplinar para a
literacia. Pereira (2013: 91) chama a atenção para a necessidade e a importância de um sistema
educativo que promova uma formação de novos consumidores, mais críticos e que não se deixem
sufocar pela informação, que saibam filtrar, compreender e reagir. Assim como Pinto et al. (2011:
24), que nos fala da extrema importância deste processo de aprendizagem e da necessidade de
habilitar os cidadãos para compreenderem os media, para que, autonomamente, consigam tirar
as suas conclusões.
“podemos afirmar que as exigências da vida atual pedem mudanças
rápidas e constantes, não podendo a escola alhear-se das mesmas,
uma vez que a introdução das novas tecnologias, em particular da
internet, nestas instituições, procura dar resposta à necessidade de
preparar o indivíduo para uma sociedade em constante devir”
(Barbosa 2011: 18).
O objetivo, então, de um plano de educação para os media é que se desenvolvam todas
as competências acima descritas num contexto escolar, porque é o mais adequado à situação.
Poderá, também ser adaptado para ser falado entre “grupos cívicos; bibliotecários; animadores
socioculturais; grupos e organizações para a juventude; grupos ou associações de pais; empresas
dos media, públicas e comerciais; entidades reguladoras; serviços de saúde; meios de
comunicação; académicos e investigadores; igreja e outros grupos religiosos” (Pinto et al. 2011:
31). Tornero apud Barbosa (2011: 14) considera também que a educação para os media não é
47
importante só para os jovens, mas também para os mais velhos, pais, professores e profissionais
dos média, definindo-a como uma das melhores ferramentas que se utilizam para fortalecer a
responsabilidades dos cidadãos.
Muitos estudos têm comprovado que os resultados de educar para os novos media são
muito positivos, levam os jovens a tomar decisões mais sábias, contribuindo assim para uma
participação mais ativa na vida democrática (Craft; Maksl & Ashley s.d.).
48
49
5 – PERCEÇÂO SOBRE INFOGRAFIAS
É uma realidade que a infografia interativa nos meios de comunicação portugueses está
ainda numa fase de prematuridade comparando-a com os líderes mundiais. Este atraso provocou
um desconhecimento da área levando muitos portugueses a não compreenderem o conceito de
infografia, menos ainda quando se associa a interatividade.
Sendo nosso objetivo perceber porque é que a população portuguesa ainda desconhece
as infografias interativas, precisamos de percentagens que nos dessem uma noção da realidade
nacional. Decidimos realizar um questionário online para efetuar um processo de recolha
sistemática de dados. Através destes dados, de carater anónimo, percebemos qual a percentagem
de pessoas que desconhecem esta área. Contudo, há outras questões, acerca da literacia
mediática e os hábitos informativos da população portuguesa, que foram importantes para
percebermos o que se passa no país, assim como qual será o próximo passo a dar para evoluirmos
e aproximarmo-nos da realidade de outros países europeus. Surgiu, então, a necessidade de ter
perguntas relacionadas com o acesso a equipamentos tecnológicos de uso domestico, a facilidade
em encontrar e perceber conteúdos online e as dificuldades de interação.
O inquérito serviu também para perceber se a web começou a ganhar terreno
comparativamente à televisão; qual o meio predileto dos portugueses para seguir a atualidade e
perceber se ainda há alguma dificuldade em aceder à informação noticiosa nas novas tecnologias,
principalmente nos escalões de maior idade.
5.1 - MODELO DE ANÁLISE PARA QUESTIONÁRIO
Para auxílio na realização do questionário foi elaborado o seguinte modelo de análise
presente no “Quadro 1”. As práticas mediáticas corresponderam à busca, através dos meios de
comunicação, da atualidade informativa.
Quadro 1- Modelo de análise
Conceito Dimensão Indicadores
50
Caracterização sociodemográfica
Sexo
Escalões Etários
Zona residência
Literacia
mediática
Acesso a equipamentos
tecnológicos de
uso doméstico
Dispositivos que possuí em casa
Acesso a Internet Possuir internet em casa
Capacidade de interação e
perceção
Facilidade em encontrar ou perceber
conteúdo online
Práticas
mediáticas
Internet
Seguir a atualidade informativa através
dos meios online
Televisão, Rádio, Jornais,
Internet
Meio favorito para seguir a atualidade
informativa
Atitudes face à
infografia
Contacto com infografias
Saber o que é uma infografia
Interagir com uma infografia
Recordar o tema de uma infografia
Recordar os recursos que uma
infografia apresentava
Avaliar a experiência da interação
Dificuldades de interação
51
No questionário, o conceito mais importante correspondia às “atitudes face às
infografias”. No indicador “saber o que é uma infografia interativa” esperava-se a resposta à nossa
pergunta de partida. Esta é a pergunta que nós queríamos ver respondida através do inquérito por
questionário: “Será que a percentagem de pessoas que desconhecem a infografia interativa é
superior às que conhecem, de tal forma que podemos dizer que este desconhecimento é tão
significativo que nos coloca num atraso problemático relativamente aos países líderes?”.
Desenvolvemos esta pergunta de forma a servir de guia ao inquérito, ajudando-nos a encontrar
com maior facilidade aquilo que procurávamos saber. (Quivy & Campenhoudt, 1998: 44).
Algumas das últimas questões não serviram para retirar qualquer conclusão, mas
permitiram-nos perceber se os inquiridos responderam com sinceridade à nossa pergunta
principal. Quisemos também compreender de que forma os inquiridos se sentiam confortáveis ou
desconfortáveis com as infografias.
Optamos pela realização de um questionário curto para que os participantes não se
aborrecessem ao preenchê-lo, ou desistissem de o completar. Foi nossa opção não ter perguntas
com resposta aberta, pois isso poderia levar os inquiridos a escolher uma das opções de mais
fácil e rápida resposta. A opção de condicionar nas respostas teve em vista a fácil comparabilidade
da informação, facilitando a “anotação no ato de inquirir e o apuramento de resultados” (Lima &
Guimarães 2012: 15)
Almeida e Pinto (1995: 119) referem a importância de organizar uma investigação em
torno de hipóteses de trabalho. É assim a forma mais acertada de conduzir o trabalho. As nossas
hipóteses eram: a maioria da população portuguesa desconhece a infografia interativa; o
conhecimento das infografias está relacionado com a idade dos inquiridos, de tal forma que as
classes mais jovens têm mais conhecimento do que as mais antigas.
Antes de colocar o inquérito online, subtemo-lo a um pré-teste junto de sete pessoas. As
dificuldades prenderam-se apenas a uma questão, que foi imediatamente reformulada. Não
existiram problemas de interpretação, sendo que todos consideraram as perguntas e as opções
de resposta claras.
52
O inquérito foi divulgado e aplicado online. Para a amostra não ser influenciada por redes
de amigos ou redes profissionais, decidiu-se que a divulgação seria feita numa rede social, numa
página de artesanato. Responderam ao inquérito 318 pessoas, mas apenas foram contabilizados
302. Anulamos dezasseis questionários por conter incoerências nas respostas. Seis participantes
diziam saber o que era a infografia mas não sabiam se alguma vez tinham interagido com uma;
seis diziam, da mesma forma, saber o que era uma infografia, mas posteriormente diziam que
interagiram com infografias que utilizavam apenas o texto como recurso; quatro dos questionados
disseram que interagiram com infografias que não tinham o texto como recurso, mas
posteriormente diziam que sentiram dificuldades em perceber a relação, que existia na infografia,
entre texto e imagem. Preferimos não contabilizar estes questionários tendo em mente que a sua
exclusão iria, certamente, beneficiar a fiabilidade dos resultados mais do que prejudicar.
Os inquéritos foram aplicados entre os dias 14 e 28 de Abril de 2015.
5.2 - OS RESULTADOS
Relativamente à caracterização da amostra, cerca de 50% dos inquiridos tinham idade
compreendida entre os 21 e os 30 anos, foi esta a classe com uma representação mais
significativa. A partir daí as percentagens de respostas vão descendo conforme a idade vai
aumentando. É normal isto suceder, visto tratar-se de um inquérito aplicado online e sabendo que
há um maior acesso dos jovens às redes sociais. Cerca de 75% dos questionados foram mulheres
contra os aproximados 25% de elementos do sexo masculino. A razão para isto acontecer pode
ser explicada pelo facto da divulgação do questionário ter sido feita numa página de artesanato,
que apesar da diversidade de seguidores, claramente tem mais membros femininos.
Relativamente à área de residência vimos que a grande maioria vive no Norte, quase 80%; as
restantes zonas têm uma percentagem aproximada, variando entre 3,31% e 6,62%, sendo os
Açores e o Alentejo as zona com menos evidência com uma percentagem de apenas 1,32% e
1,99% respetivamente.
53
Tabela 1- Dispositivos que possuí em casa (análise individual)
Uma das questões que nos pareceu pertinente analisar refere-se aos dispositivos que os
inquiridos possuíam em casa. Vemos que a televisão foi o suporte mais escolhido e que é predileto
na casa dos portugueses, com 98% dos inquiridos a responderem que a possuíam. Contudo, se
juntarmos os computadores, fixo e portátil e o tablet, que são normalmente utilizados para práticas
idênticas, como aceder à internet, vemos que apenas 0,66% dos inquiridos, o correspondente a
duas pessoas, não assinalaram a utilização caseira destes dispositivos. O computador fixo parece
ser o suporte menos presente na casa dos portugueses.
54
Tabela 2- Relação entre a idade e o grau de facilidade em encontrar/perceber conteúdo online (Escala de avaliação/ posição)
Percebemos, com base nos totais desta tabela, que a maioria das pessoas escolheu o
número sete ou outro superior para definir o grau de facilidade em perceber ou encontrar conteúdo
online. O número um foi definido como ausência total de facilidade, enquanto o número dez se
definia como a total facilidade para perceber e encontrar conteúdo online. Optamos por colocar os
dados numa tabulação cruzada para perceber a relação destas respostas com a idade dos
inquiridos. Verificamos que os dois segmentos etários mais jovens (<21 e 21-30) teve uma elevada
percentagem de respostas de nível sete ou superior. Definimos que as respostas com valor igual
ou superior ao número sete já compreendiam utilizadores com grande facilidade de acesso à web,
e é a partir desse número que vamos analisar. Dos inqueridos com menos de 21 anos 65,2%
escolheram um número igual ou superior a sete; daqueles que têm entre 21 e 30 anos 75,4%
aparentavam ter facilidade de acesso e perceção dos conteúdos; na amostra seguinte entre 31 e
40 a percentagem reduz para 60%; dos 41 aos 50 apenas 43,8% pareciam ter uma boa relação
com o conteúdo online e nos dois últimos conjuntos de idade, nenhum dos inquiridos escolheu
um número superior a seis. Muito pelo contrário, na classe de idades entre 51 e 60 anos mais de
55
40% dos inquiridos escolheram o número um, ou seja, sentiam total ausência de facilidade para
encontrar e procurar conteúdo online.
Tabela 3- Relação entre a idade e o meio favorito para seguir a atualidade informativa
A tabela 3 mostra-nos a relação entre a idade dos inquiridos e o meio favorito para seguir
a atualidade informativa, era possível para os participantes escolher unicamente uma opção. Salta
logo à vista que a rádio foi o meio menos preferido, mas não se esperava que fosse o predileto
para alguns jovens e jovens adultos, enquanto as outras classes etárias o colocaram de lado por
completo. Expectava-se o contrário. Vemos também que a internet foi a escolha predileta dos
jovens e jovens adultos (<21 e 21-30). Depois destes escalões ficou a televisão a ganhar, sendo a
favorita das classes etárias entre os 31-40; entre os 41-50 anos e entre os 51-60 anos. Aqui a
percentagem aumenta numa relação direta com o aumento de idade. Na última classe deparamo-
nos com uma divisão entre a televisão e a imprensa escrita mas não é possível tirar inferências
pois é uma amostra muito pequena, de apenas 4 inquiridos e seria um erro fazer alguma leitura
com tão poucas respostas. Feitas as contas a internet ficou à frente com uma percentagem geral
de 56,3%. Contudo é possível que este valor seja influenciado pela grande quantidade de jovens
que responderam ao inquérito.
56
Tabela 4- Relação entre o sexo e o meio favorito para seguir a atualidade informativa
Decidimos também perceber se havia uma relação entre o sexo dos interrogados e o meio
favorito escolhido para seguir a atualidade informativa. O sexo masculino demonstrou mais
interesse do que as mulheres na procura de notícias online, e evidenciou uma procura similar no
que toca à informação televisiva e na imprensa escrita. O sexo feminino, apesar de preferir também
a internet indicou um nível de interesse muito marcante na televisão, não havendo uma diferença
tão díspar como a observada no sexo masculino. A imprensa escrita foi posta um pouco de lado
por este sexo. No geral, observando os dois grupos, o acompanhamento da informação noticiosa
na rádio não pareceu valorizado, tendo, mesmo assim, uma maior percentagem de aceitação no
caso do sexo masculino.
57
Gráfico 1- Sabe o que é uma infografia interativa?
Eis a nossa questão principal - “Sabe o que é uma infografia interativa?”. O resultado é o
esperado, mais de metade do nosso universo de inquiridos não sabe o que é uma infografia
interativa, aliás, bem mais do que isso, 72,19% não soube responder. Optamos por definir as
respostas por níveis de conhecimento/ sabedoria. A resposta - “Não sei” - interpretamos como
correspondendo a nenhum conhecimento; a resposta - “É uma forma de transmitir todo o tipo de
informação, que utiliza apenas imagens e gráficos e apresenta-se de forma linear” - definimos
como pouco conhecimento; a resposta - “é uma forma de transmitir algum tipo de informação,
que utiliza apenas imagens e gráficos e apresenta-se de forma linear” - determinamos como sendo
algum conhecimento; fixamos as outras duas respostas como total conhecimento. Apesar de
apenas uma, do nosso ponto de vista, ser totalmente acertada - “É uma forma de transmitir algum
tipo de informação, que utiliza imagens, gráficos e texto e apresenta-se de forma não linear” -
Clapers (1998) diz-nos que toda a informação jornalística pode ser convertida em infografia,
portanto optamos por aceitar também a resposta - “É uma forma de transmitir todo o tipo de
informação, que utiliza imagens, gráficos e texto e apresenta-se de forma não-linear” - como sendo
totalmente correta.
58
Tabela 5 - Relação entre a idade e o conhecimento das infografias interativas
Decidimos relacionar o grau de conhecimento com a idade, esperando encontrar uma
relação forte entre a idade dos inquiridos e o conhecimento que têm das infografias interativas, de
tal forma que menor idade significaria um melhor conhecimento e maior idade significaria um
menor conhecimento. Não analisamos a última classe de idades (61-70) porque a mostra é de
apenas 4 elementos e não nos pareceu possível tirar alguma ilação disso. Relativamente às outras
classes, vemos que a que apresentava conhecimentos mais satisfatórios foi a dos 31-40 anos,
que tinha também a menor percentagem de respostas que significam “nenhum conhecimento”.
Contudo os valores foram muito idênticos aos das classes de idades anteriores. No intervalo dos
41 - 50 anos o valor de “total conhecimento” já desceu gradualmente, e observou-se uma subida
da percentagem relativa ao “nenhum conhecimento”. Na classe dos 51-60 anos todas as
respostas apontaram para um total desconhecimento. Não parece haver uma relação assumida,
como era expectado, entre a idade e a correta consciência do que é uma infografia interativa.
59
Tabela 6 - Relação entre o sexo e o conhecimento das infografias interativas
Cruzamos também os dados relativos ao sexo dos inquiridos com o conhecimento que tinham
sobre infografia interativa. O sexo masculino apresentou um menor número de respostas que
refletem a falta total de conhecimento, e apresentaram um maior número de respostas que
correspondiam ao total e a algum conhecimento. Este facto pode estar relacionado com as leituras
que traçamos em cima. Os homens parecerem interessar-se mais por seguir a atualidade
informativa na internet, que é verdadeiramente o único meio que nos permite interagir com
infografias, do que as mulheres que têm um maior interesse pela televisão.
Gráfico 2 - Como avalia a experiência de interagir com essa infografia? (Escala de avaliação/ posição)
60
Vemos no gráfico 4 a avaliação da experiência de interação com uma infografia. Só estão
presentes as respostas dos inquiridos que já interagiram, efetivamente, com uma infografia. Como
implementamos anteriormente, o número sete serviu de barreira, onde todos os números
superiores foram considerados como uma boa experiência e os anteriores como uma experiência
de mediana ou fraca satisfação. Desta forma, feitas as contas, vimos que cerca de 86% das
pessoas consideraram a interação com uma infografia bastante positiva. De facto não há respostas
muito negativas, visto não se encontrarem respostas com a avaliação de um, dois ou três. Parece-
nos que o nosso universo de inquiridos, no geral, gostou de experimentar as infografias e interagir
com elas.
Gráfico 3- Qual a maior dificuldade ao interagir com essa infografia?
A última pergunta incidia sobre as dificuldades que os inquiridos sentiram ao interagir com
uma infografia. Vemos que a grande maioria, quase 70%, não sentiu qualquer dificuldade. A
principal razão para não conseguirem interagir corretamente com a infografia pareceu estar
precisamente na dificuldade em descobrir como a interação é feita. A segunda causa
aparentemente estava na dificuldade em relacionar o que nos mostram as imagens e o que diz o
texto. Das outras opções de resposta, nenhuma foi escolhida: “Perceber o assunto” e “Perceber
símbolos e gráficos”.
61
Podemos concluir que as respostas foram, grosso modo, de encontro àquilo que se
esperava. No nosso universo de inquiridos, verificou-se que a maioria não sabe o que é uma
infografia interativa e os valores são, de facto, preocupantes. Não se confirma, contudo, que a
idade influencia diretamente o conhecimento que há sobre as infografias, parece haver uma
relação muito fraca e inconclusiva. Fomos tentar perceber a razão para que ainda exista este
desconhecimento, e se há alguma forma de o combatermos.
62
63
6 - PRODUÇÃO DA INFOGRAFIA
No âmbito desta investigação produzimos uma infografia, que teria de ser aprovada por
profissionais e por grupos de foco, para seguidamente ser colocada online, com a finalidade de
perceber o seu “grau de viralidade”. Pereira, J. Monteiro (2014:12) define o potencial viral de certo
produto como a sua capacidade de propagação entre redes de contactos. Na sequência de
contactos com um profissional de design optamos, contudo, por realizar uma segunda infografia,
aproveitando apenas o tema inicial.
Partindo do conceito de infografista híbrido assumimos que seria possível a realização das
infografias de uma forma autónoma, sem a ajuda de programadores, designers ou alguém
responsável pelo tratamento dos dados. Sempre tivemos conhecimento do grau de complexidade
de tal tarefa, pois não sendo especialistas em nenhuma das áreas, o desafio aumentava. Contudo,
consideramo-nos aptos para o trabalho.
Neste capítulo debruçamo-nos nas questões relacionadas com a produção das duas
infografias. São esclarecidas as etapas que superamos - a ideia, o esboço, a produção criativa, a
aprovação/alteração e a publicação - e enumeradas todas as dificuldades sentidas.
6.0.1 – Ideia
Com a crise económica instalada no nosso país pensamos que “O preço um filho!” seria
o tema ideal. É sempre atual, é interessante para futuros pais, para pais que têm filhos em idade
de muitos gastos e para todos os jovens, para que tenham uma noção dos valores que os seus
educadores despendem até aos seus 25 anos. Sabendo da dificuldade de obter estes dados, pois
era necessário realizar mais questionários, decidimos utilizar informações com valores já
existentes para realizar a infografia. Na recolha dos dados fizemos uma compilação das notícias e
reportagens sobre o tema e escolhemos a que nos pareceu mais completa. Apresentava-se como
a única reportagem portuguesa que não suponha apenas médias de gastos, detalhava todas as
despesas, para além de ter informação até aos 25 anos e não apenas relativa aos primeiros meses
de vida, como a grande maioria das restantes. Tínhamos, assim, uma maior quantidade de dados
64
para trabalhar. Como a reportagem21 dizia respeito a uma simulação com duas famílias, uma de
classe média baixa e outra de classe média alta, decidimos fazer uma comparação dos gastos
entre as duas classes.
6.0.2 – Esboço
Nesta etapa começamos por pensar visualmente na infografia. A definir o tamanho que
poderia ocupar na página e a elaborar os rascunhos. Definimos quais os tipo de media que iriam
ser utilizadas. Foram escolhidas as ilustrações, os gráficos e texto, pois eram a melhor forma de
mostrar a informação e também eram estes os únicos meios que tínhamos disponíveis.
Pensamos sobre como, no geral, se ia parecer a infografia, qual a figura gráfica que ia
representar cada secção de despesa, assim como se iria processar a interação. Pensamos na
melhor forma de organizar o espaço na tela e decidimos criar dois grupos diferentes. O menu,
com os objetos das despesas, que iria estar colocado no lado direito e os gráficos, com os valores
das despesas, que iriam aparecer do lado esquerdo.
Figura 1- Esboço da primeira infografia
21 Disponível em: http://www.cmjornal.xl.pt/domingo/detalhe/quanto-custa-um-filho.html
65
Esta foi a melhor forma que encontramos para o menu estar sempre disponível para o
leitor.
6.0.3. - Produção criativa
É nesta fase que se constrói realmente a infografia, pondo-se em prática todos os planos.
Começamos por desenhar as imagens no Photoshop. Não consultamos qualquer tipo de banco
de dados, tudo foi realizado autonomamente. Depois de estarem ilustrações e gráficos prontos,
fomos colocando o material no software de programação para começar a desenvolver a interação
e as pequenas animações. Esta foi a etapa mais morosa e complicada.
Para a produção escolhemos o programa Adobe Edge Animate. Apesar de não termos
conhecimentos acerca do software, este pareceu-nos o ideal. Era intuitivo e permitiu-nos trabalhar
na ótica do designer, facilitando-nos o trabalho. Contudo era desconhecido para nós, e estando
habituados a outros programas e a trabalhar com outro tipo de código deparamo-nos com muitas
ações de tentativa e erro. Ficamos um tanto ou quanto limitados as ações básicas pois foram as
únicas que fomos percebendo e dominando.
Figura 2- Página inicial - primeira infografia
66
Figura 3- Gráfico de despesas - primeira infografia
Com o aproximar do final da produção fomo-nos apercebendo que os ficheiros gerados
pelo Photoshop não eram os ideais, pois de cada vez que era necessário modificar o tamanho de
uma imagem assistíamos ao efeito de despixelização. O grafismo utilizado não parecia homogéneo
e não se conjugava bem. Mesmo com a introdução de imagens com uma palete de cor reduzida
a infografia não estava a ficar do nosso agrado. Por estas razões em vez de recebermos apenas o
feedback de grupos de foco, como estava definido, decidimos consultar primeiro um profissional
da área.
6.1 - A ANÁLISE DE UM PROFISSIONAL
Falamos com o designer Leonardo Pereira, para nos dar algum feedback acerca do design
da infografia. Na nossa conversa, via Skype, foi-nos dando algumas ideias sobre o design mas
também sobre a infografia em si.
O designer começou por dizer que estava marcante, na infografia, uma falta de cultura
visual, que era habitual ver em alunos que não vinham de artes nem de design gráfico. Para
67
mostrar uma maturidade gráfica, precisávamos de simplificar as formas e objetos. Notava-se uma
necessidade de ir à base para trazer o mais simples, para abstrair o objeto. Assim como
precisávamos de abrir horizontes.
Em relação à utilização dos gráficos para mostrar as despesas, referiu que estava
demasiado insosso, e era presumível que a infografia fosse divertida, pois como disse “a infografia
é como a comida, se a comida não tiver solero ninguém come” (Leonardo Pereira 2015).
Da conversa retivemos principalmente a necessidade de nos basearmos na simplicidade
dos objetos e na utilização de trocadilhos visuais. Para além de tudo, sugeriu que nestes casos
utilizássemos sempre o Adobe Illustrator para desenhar os objetos pois este produz imagens
vetoriais e desta forma não teríamos o problema de despixelização.
6.2 - A OPÇÃO DE UMA NOVA INFOGRAFIA
Face ao que nos foi dito pelo professor Leonardo Pereira e à nossa insatisfação com a
primeira infografia, concluímos que uma melhoria não seria suficiente e optamos pela realização
de uma nova infografia, onde fosse aproveitada apenas a ideia inicial. Reconhecemos que não
havia a necessidade de submeter esta primeira infografia a grupos de foco pois era possível, que
fosse aprovada. Toda a informação que continha era compreensível, e era nesta questão que as
entrevistas aos grupos de focos se ia focar, mas o design foi posto de lado, transformando a
infografia num produto sem grande interesse, e isso poderia acabar com toda a investigação.
Vamos então fazer a descrição pormenorizada das restantes fases.
6.2.1 - O esboço
No esboço voltamos a preocupar-nos, primeiramente, com o design. O nosso principal
foco, desta vez, foi simplificar. Primeiro pensamos individualmente em cada categoria e como
poderíamos representá-la visualmente. Procuramos alguns exemplos e fomos optando sempre
pelo mais básico e com um maior nível de abstração. Depois de pensados os objetos centramo-
nos na organização espacial destes na tela. A nossa ideia era colocar as categorias de forma
dispersas no quadro, mas com alguma organização. Baseamo-nos numa infografia estática,
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encontrada num blog22 sobre infografia, que comparava as diferentes realidade de Portugal e
Espanha.
Figura 4- Portugal e Espanha - Um retrato dos dois países em números
Na nossa infografia pensamos em colocar categorias com menores gastos no canto
inferior esquerdo e as com maiores gastos no canto superior direito, com uma maior dimensão.
As restantes iam-se colocando no centro mas sempre obedecendo à mesma ordem. No entanto,
esta hipótese foi abandonada por percebermos que um dos lados ia ficar, consequentemente,
mais preenchido que o outro.
22 Fonte: http://iinfografia.blogspot.pt/2010_04_01_archive.html
69
Figura 5- Esboço da segunda infografia
Por último pensamos na forma de se desenvolver a interação. A ideia era que, clicando
numa categoria, o objeto que a representaria aumentasse de tamanho e dentro deste objeto
apareceriam os outros elementos clicáveis com informação detalhada e referente aos gastos e às
suas percentagens.
6.2.2 - Produção criativa
Decidimos desenhar os elementos através do software Adobe Illustrator de forma a
trabalharmos com imagens vetoriais, como nos disse o designer Leonardo Pereira. O software era
desconhecido para nós e devido à falta de bases foi complicado trabalhar com vetores no primeiro
dia. Depois de entendida a mecânica de funcionamento tornou-se mais simples e intuitivo do que
o Adobe Photoshop, e as imagens com uma qualidade muito maior. Os resultados começaram,
desde logo, a agradar-nos, muito mais do que os da primeira infografia.
70
Depois do design estar completo avançamos para a fase da programação. O software foi
o mesmo utilizado na primeira, o Adobe Edge Animate. Começando por criar o projeto, optamos
por fazer duas versões da infografia, pois não sabíamos ainda onde seria possível colocá-la online,
dependia do formato dos sites. As duas tinham exatamente as mesmas imagens e o mesmo
conteúdo mas diferenciavam-se no tamanho. A maior com 900x650 pixéis e a mais pequena com
650x500 pixéis. Começamos por colocar os elementos na tela, da forma como tínhamos colocado
no esboço, mas o posicionamento não nos agradou. Parecia que os elementos tinham sido
colocados arbitrariamente sem qualquer tipo de organização, transformando o trabalho em algo
sem qualquer nexo. Decidimos então dispor todos os elementos na tela e organizados, com a
mesma dimensão, colocando alguma sombra para os botões parecerem clicáveis. Ficou do nosso
agrado, contudo, mesmo ainda sem qualquer tipo de programação, quando realizamos o export,
para ver o trabalho, as imagens confundiam-se entre elas e substituíam-se. No lugar da “saúde”
aparecia a educação que seguidamente aparecia no sítio dos transportes e assim sucessivamente,
acontecendo tudo em poucos segundos. Na incapacidade de perceber o que se passava criamos
um novo projeto sem sombras e com imagens mais leves. No início pareceu resultar mas quando
começamos a criar alguma interatividade o erro voltou. Começamos a perceber que as imagens
só trocavam por outras com a mesma dimensão ou dimensão semelhante. A solução foi voltar ao
plano inicial e colocar as imagens com mais despesas maiores e as imagens com menos despesas
com uma dimensão menor. Apesar disto encontramos uma forma de as manter organizadas para
que todas juntas formassem um retângulo no centro da tela.
Optamos por deixar as imagens representativas das classes sociais (as duas famílias) nos
cantos inferiores para estarem sempre visíveis, assim como as suas descrições, para que as
pessoas as pudessem sempre consultar, como forma de legendar os dados que iam aparecendo.
71
Figura 6- Página inicial - segunda infografia
Figura 7- Quadro de despesas - segunda infografia
Até à conclusão do trabalho o projeto foi continuando a dar erros, como os que
mencionamos em cima, e portanto a dimensão de algumas imagens teve de ser alterada
impedindo a proporcionalidade de todos os elementos. Quando esta alteração teve de ser feita, o
método utilizado foi sempre o mesmo - maiores despesas foram representadas por maiores
imagens, menores despesas foram representadas por imagens com menor dimensão.
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6.3 - A ANÁLISE DOS GRUPOS DE FOCO
Depois de várias revisões da infografia, foi o momento de a apresentar a um grupo de foco
para proceder a uma avaliação.
Segundo Krueger & Casey (2014: 27) os grupos de foco servem para o investigador
perceber como as pessoas (participantes) se sentem ao contactar com um produto e o que
pensam dele. A importância que os grupos focais possuem na pesquisa qualitativa deve-se à
riqueza e flexibilidade na coleta de dados, “normalmente não disponíveis quando se aplica um
instrumento individualmente, além do ganho em espontaneidade pela interação entre os
participantes” (Oliveira e Freitas apud Oliveira et al 2012: 3). Vergara apud Oliveira et al (2012: 4)
refere que o uso do grupo focal é apropriado quando há o objetivo de explicar como os membros
de um certo grupo ou sociedade consideram uma experiência. A nossa ideia era perceber se a
experiência de interação com a infografia era percetível, positiva e agradável, para posteriormente
termos a certeza de que seria uma mais valia publicá-la online, e que a falta de interesse na
publicação, ou uma possível fraca interação do público não tinha como motivo uma má infografia.
Sabendo da importância extrema do moderador para o sucesso da investigação,
recolhemos informação pertinente para perceber qual o comportamento que este deveria ter.
Primeiro era importante que o moderador fosse claro sobre o propósito da reunião do grupo de
foco, pois se o caminho percorrido não fosse aquele que foi, primeiramente, referido, o grupo iria
ficar confuso e frustrado (Krueger & Casey 2014: 26). Era necessário saber administrar e
incentivar o diálogo; criar envolvimento mas manter o desapego; ter sensibilidade; ser permissivo
mas estar atento a uma possível monopolização da discussão por parte de um membro que
poderia gerar atitudes defensivas por parte dos outros; ser capaz de criar dinamismo para manter
a conversa acesa e ser isento. (Malhotra apud Oliveira, Filho e Rodrigues 2007: 8)
De forma a garantir a presença dos elementos nos grupos de foco, foi-lhes oferecido um
vale para gastar em artesanato. Foi critério para participação que nenhum dos elementos que
realizaram a entrevista focal tivesse anteriormente cooperado em vários grupos de foco (Malhotra
apud Oliveira; Filho & Rodrigues 2007: 6), assim como serem todos da mesma área de residência,
simplesmente para facilitar a reunião. Fez-se a divisão em dois grupos. Ambos com oito
73
participantes, sendo que a media deve situar-se entre 6/8 e 12 (Oliveira; Filho & Rodrigues 2007:
5). A divisão foi feita tendo em vista as caraterísticas dos participantes, um primeiro grupo com
idades menores, na casa dos 20 anos, com ensino superior, mais homogéneo; um segundo grupo
com membros com maiores idades, com o ensino secundário, interesses e profissões mais
diferentes, infelizmente mais heterogéneo.
Seguindo o que Krueger (2002: 3) nos dizia, começamos por introduzir o moderador.
Explicar o que se ia passar e qual o uso que seria dado aos resultados obtidos. Advertimos os
participantes que podiam estar à vontade e dizer o que pensavam, pois não existiam respostas
certas ou erradas. Não havia necessidade de chegar a consenso de opinião, mas que no momento
de um dos colegas se expressar todos deviam ouvir respeitosamente. Cada um, individualmente
se familiarizou com a infografia antes de começar a entrevista. Enquanto isto acontecia, fomos
fazendo uma observação das reações dos envolvidos. Apesar de sabermos que é mais conveniente
percebermos os comportamentos do conjunto, por vezes as informações úteis “só podem ser
obtidas junto dos elementos que constituem o conjunto” (Quivy & Campenhoudt 2008: 157).
Durante toda a entrevista a infografia esteve acessível a todos para o caso de surgir alguma dúvida.
Não mencionamos que a infografia tinha sido realizada pela mesma pessoa que estava a fazer o
papel de moderador para não comprometer a entrevista.
A primeira sessão foi mais demorada do que a segunda. A apresentação da reunião, do
tema, a apresentação dos entrevistados, o contacto com a infografia e a discussão demoraram
cerca de hora e meia. No segundo grupo de foco demorou cerca de uma hora e quinze minutos.
O primeiro grupo era mais crítico; no segundo, os elementos eram menos participativos e estavam
mais de acordo com as escolhas que tínhamos feito para a infografia. No entanto, no segundo
grupo, um dos elementos conhecia minimamente a infografia e levou os outros a tirar algumas
conclusões, sendo que aqui o moderador teve um papel mais importante, para incentivar os outros
elementos a tirar as suas próprias conclusões, sem forçar ou pressionar a participação. Ambas
foram extremamente importantes porque apesar de algumas das conclusões serem idênticas,
foram encontrados problemas diferentes nas duas seções. Alguns dos problemas encontrados na
primeira seção eram mais ou menos previsíveis, já na segunda foram mais inesperados, pois
tratava-se de apontamentos mais básicos.
74
Alguns elementos, de ambos os grupos, mesmo depois da explicação do que era uma
infografia interativa, tiveram dificuldades em relacionar-se com o trabalho. Visto não terem
contactado com nenhuma, não tinham qualquer ideia da necessidade de interagir, de poder
escolher o que queriam ver, de perceber as ilustrações. Fomos fazendo uma observação direta
dos elementos do grupo, suficientemente distanciados para que não se sentissem sufocados pela
nossa presença. Desta forma conseguimos recolher informações, mesmo antes de começar a
entrevista.
Três dos participantes abriram a infografia e ficaram sem fazer nada, à espera que algo
acontecesse, sem nunca pensarem que eram eles que tinham que escolher e explorar. Quando
isto aconteceu decidimos colocar outro membro a explorar a infografia para que pudessem
interpretá-la juntos, de forma a tirarem conclusões juntos, se não os grupos iriam ficar muito
reduzidos. Também se verificou que apesar de alguns botões reagirem ao passar do rato, muitos
participantes pensavam que, por reagirem de forma diferente, já não seriam botões. Alguns
elementos pareciam realmente perdidos na infografia, sabiam que tinham de clicar em certos
elementos mas não sabiam em quais, verificou-se que não sabiam efetivamente o que era uma
infografia e o que era suposto encontrar-se nela. Ficamos verdadeiramente preocupados com a
possibilidade da infografia não ser percetível ou da navegação ser complicada. Contudo os
restantes participantes, cerca de 50%-55%, perceberam perfeitamente a lógica da interação e do
funcionamento da infografia e foram apontando apenas algumas questões a ser melhoradas.
Conseguimos fazer a leitura de que havia uma grande iliteracia digital, nomeadamente em
questões mediáticas, mesmo no grupo dos participantes mais jovens.
Os problemas encontrados nos dois grupos centraram-se na dificuldade de perceber
alguns botões, que não pareciam à primeira vista clicáveis. Um facto que todos reconheceram que
deveria ser melhorado foram os textos, o que é totalmente aceitável. Sendo uma infografia sobre
questões financeiras, contêm muitas percentagens e as informações não estavam acessível a toda
a gente, e portanto explicações mais detalhadas foram necessárias em alguns casos. Também foi
previsível que nos dois grupos houvesse alguma dificuldade em encontrar os créditos e portanto,
uma das maiores necessidades era colocá-lo num local mais acessível.
75
No primeiro grupo não se conseguiu encontrar consenso sobre alguns temas, como a
pertinência do uso de vídeo na infografia. No segundo grupo algumas questões não eram
esperadas, entre as quais: não perceberem a organização dos botões do menu; não constatarem
que tamanhos diferentes correspondiam a despesas diferentes: maiores despesas, maiores
imagens. Também alguns elementos sentiram dificuldade em perceber a diferença que existia
entre as duas famílias retratadas, pois não leram a legenda das figuras. Sendo assim, decidimos
deixar lá essa informação, pois era a única forma de ela estar sempre visível, mas optou-se por
reforçar a mostrar isso mais vezes, nos subtítulos.
Uma questão que não foi referida no grupo de foco mas que foi visível nas reações à
infografia, principalmente no segundo grupo, é que depois de tantos números, quando os
entrevistados se deparavam com o valor final não reagiam, como esperávamos, com espanto.
Optamos por colocar uma correspondência ao valor diário de gastos, pois valores tão altos podem
não incitar uma reação a uma pessoa que nem faz ideia do que esse valor é.
Os grupos de foco foram realmente importantes, pois seria impensável, para nós, perceber
todas as imperfeições que a infografia tinha. Julgamos que não foi só importante a parte da
entrevista, a observação do comportamento dos participantes perante a infografia foi tão ou mais
importante. Todas as expressões corporais e olhares foram registados para retirar o maior número
de conclusões possíveis. No final foram realizadas todas as correções que nos foram possíveis
para melhorar ao máximo a experiência do leitor.
6.3.1 – Publicação
Ao contrário do que se esperava, foi esta a etapa que nos trouxe maiores dores de cabeça.
Quando se julgava que o pior, a etapa de produção, tinha passado, eis que chega o maior desafio.
Contactar websites que produzem diariamente/ semanalmente conteúdo informativo e que
destacam temas como o da nossa infografia, tentando convencê-los a publicá-la.
Na primeira fase optamos por fazer uma procura de websites que poderiam estar
interessados na nossa infografia. Os escolhidos foram websites de media com temáticas de
educação, sites de dicas e ideias para ajudar os pais, e por último sites de poupanças e economias.
76
Só incluímos websites com presença em pelo menos uma rede social (facebook obrigatório) e com
várias publicações recentes.
Seguidamente partimos para o contacto com esses websites a fim de perceber se estavam
interessados na nossa infografia. Foi referida a temática e alguma informação sobre o trabalho.
Pedimos a cooperação, aludindo à importância da colaboração para uma investigação cujas
conclusões iriam ser utilizadas apenas para fins académicos.
Dos dez contactos que efetuamos conseguimos quatro e-mails de retorno. Nas quatro
respostas todos nos pediram primeiro mais informações sobre o que pretendíamos e sobre a
infografia em questão. Como resposta pedimos a colocação online da infografia e seguidamente
uma partilha da mesma nas redes sociais da empresa ou organização. Depois disto apenas um
website de economia e outro de poupanças continuaram interessados. O portal de gestão e a
Reorganiza. Pediram-nos a infografia, que posteriormente apelidaram de “interessante”. Ambos,
depois de vários esforços e na dificuldade de publicar a infografia online, talvez por falta de
conhecimento associada à ausência de qualquer tipo de conteúdo multimédia nos seus websites,
desistiram de nos dar auxilio.
Com alguma margem de tempo decidimos voltar a procurar empresas que se dedicam a
partilhar e escrever artigos e notícias nos seus websites. Desta vez, conseguimos uma lista mais
restrita, pois tinham, como os anteriores, de dedicar-se à temática da nossa infografia, ter presença
nas redes sociais e publicações semanais ou diárias. Voltamos a efetuar contactos através de e-
mails disponibilizados nas páginas. Não nos foi dada nenhuma resposta. Voltamos a insistir, para
diferentes contactos, mas as respostas não apareceram.
Foi neste momento que percebemos que poderíamos começar a tirar algumas conclusões
na lógica dos produtores de conteúdo. Todos os websites que contactamos produzem notícias e
artigos sobre diferentes temas, o crescimento, a poupança, a economia e gestão. Não se pode
dizer que façam jornalismo mas são certamente produtores de conteúdo e, alguns deles, apelidam-
se de empresas de media/ notícias. Nas suas páginas, alguns, são seguidos por dezenas de
milhares de pessoas, que se interessam pelos seus artigos e que seguem os seus conteúdos.
77
Todos os que tinham um maior número de seguidores ignoraram ou negaram a publicação da
infografia.
De todos os websites, apenas um, o “e-konomista.pt” apresentava alguns artigos em
forma de infografia. Ainda que estática, eram trabalhos de razoável/boa qualidade. Os restantes,
apresentavam poucos, ou nenhuns exemplos, sendo os existentes de fraca qualidade e não nos
arriscamos a chamar-lhes infografia. Isto fez-nos questionar se os produtores de conteúdo têm
noção das mais-valias da infografia. Parece-nos que na sua lógica a infografia não vem acrescentar
nada ao que eles têm produzido, que se cinge, quase inteiramente, a texto. É de ressaltar que a
maioria do trabalho foi realizada por nós, a totalidade da produção. Se nem a publicação estes
websites se interessaram a fazer, porque lhes traria trabalho, imagine-se se tivessem de realizar
todo o trabalho de fabrico. Não foi assim possível verificar o “grau de viralidade” da infografia.
A infografia foi testada no espaço de servidor do designer Leonardo Pereira, que teve a
gentileza de nos ajudar em todas as fases deste projeto. Antes de mais deu-nos os parabéns pelo
salto qualitativo entre a primeira e a segunda infografia, e referiu que era um trabalho com uma
nota muito positiva, principalmente tendo em conta o facto de ser realizada por alguém sem bases
de design. A infografia estava perfeitamente funcional, e não existiu qualquer tipo de entrave à
colocação do trabalho no seu espaço de servidor, estando acessível a todos que quiserem interagir
com ela através do seguinte link: “http://www.entaovadesign.com/rita/infografia.html”. Esta
avaliação veio dar-nos a certeza que a infografia estava perfeitamente apta para que grande parte
das empresas contactadas a publicasse nos seus próprios domínios, e que o facto de não a
publicarem só indica falta de interesse e desconhecimento das potencialidades das infografias
interativas.
78
79
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento desta pesquisa fomos percebendo que o panorama das
infografias interativas tem vindo a melhorar mas ainda está muito longe de se comparar aos líderes
mundiais. É importante referir que, dentro das redações dos grandes jornais, a ideia não parece
ser esta. Há a ideia de que as infografias estão já estabelecidas no jornalismo Português. Tal é
verdade, mas apenas nas publicação mais badaladas. Fomos referindo que o jornalismo e o
jornalista mudaram. Há uma maior liberdade em criar conteúdo informativo e artigos da atualidade
e é importante perceber a realidade destas pequenas publicações, que pouco a pouco, vão
conquistando o seu público e os seus seguidores, transmitindo, diariamente, conteúdos nas redes
sociais, a sua principal forma de contactar, relacionar-se e interagir com o seu público. Sendo
estas publicações e websites, presentes maioritariamente no meio online, extremamente
importantes, pois transmitem a milhares e milhares de pessoas conteúdos e são vistas como tendo
bastante veracidade e às vezes com maior apreço do que as principais publicações portuguesas,
pois os seus conteúdos não têm qualquer custo.
Observando-se um amplo conjunto de problemas não seria sensato cingirmo-nos, na
conclusão, àquele que pensamos ser o mais grave. Falamos primeiro na educação, na ausência
de cursos especializados na área das infografias. É complicado formar um jornalista visual sendo
que a aprendizagem é feita, quase absolutamente, na redação onde começa a trabalhar. Não será
rentável para as publicações contratar um profissional com poucas bases, a quem terá de ser
ensinado quase tudo.
É importante tirar conclusões acerca da necessidade de orientação e de leitura em
projetos como as infografias. Vemos as enormes diferenças entre a primeira infografia realizada e
a segunda. Sendo que, quando começamos o primeiro trabalho, não tínhamos ainda estudado
metade das obras enunciadas nesta investigação, e a cada leitura fomos percebendo mais do
assunto e melhorando a nossa segunda infografia. É essencial ter uma boa formação ou alguém
que nos saiba orientar no nosso trabalho, só assim conseguimos ficar satisfeitos com o resultado.
Há ainda uma ausência de publicação de infografias em muitos jornais e revistas
portuguesas. As grandes publicações têm já uma editoria de multimédia que trabalha nas
80
infografia mas esse trabalho não se vê com a mesma frequência dos artigos escritos, alguns
cingem-se à meteorologia ou a uma atualização de infografias anuais. As infografias merecem um
maior destaque quando surgem temas onde é realmente importante o seu uso, para uma perceção
mais fácil da realidade: como as projeções das eleições ou os seus resultados; quando acabam
as épocas desportivas; quando há desastres naturais ou grandes acidentes.
As empresas de media que se orgulham de ter um website com artigos ricos e escritos
por profissionais de diversas áreas, vão publicando e partilhando notícias, estudos e informação
constantemente atualizada, mas quase na totalidade escrita. Muitos dos artigos são escritos
realmente com bastante qualidade, o que lhes permite uma maior quantidade de seguidores, mas
não diversificam na forma de mostrar a informação, o que leva a uma fraca interação do público.
Normalmente esse número não chega sequer a 0,2% dos seguidores, sendo que esta marca é
muito raramente ultrapassada.
Pode-se falar também de um problema de orçamento, obviamente, agravado quando a
informação não é paga. É claramente mais benéfico para um jornal fazer uma notícia escrita, com
o complemento de umas fotografias, ou até de uma pequena infografia, que vai aparecer num
jornal em formato de papel, que normalmente é pago. As infografias interativas aparecem online,
entre a informação que normalmente não é paga pelo público. A publicidade vai pagando esta
informação, mas nem todos (os pequenos jornais) conseguem patrocínios suficientes para isso. A
infografia vai pedir mais tempo, maior mão-de-obra e qualificada, licenças de software, no geral
mais recursos do que as outras formas de fazer notícia. Claramente as direções dos jornais têm
que balancear os prós e os contras na aposta das infografias, mas parece-nos que os benefícios
serão maiores, mas não tão imediatos.
Parece-nos que os leitores serão os mais beneficiados neste processo. Como as infografias
interativas aparecem online, estes têm a oportunidade de as consultar de forma gratuita, com a
certeza que usufruem de uma experiência interativa de qualidade. Realmente vemos um público
que começa a demonstrar um interesse crescente nas infografias, parecem não estar
familiarizados com o nome e sentem algum receio, no início, ao explorar um assunto
desconhecido. Principalmente, nas pessoas com maior idade, há o grande medo de fazer asneira
e não saber retroceder. Tal verificou-se nos grupos de foco – alguns dos participantes tiveram
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receio de interagir com a nossa infografia, e ficaram parados à espera que algo acontecesse. Não
perceberam imediatamente que o conceito de interatividade implicava um comportamento do
leitor. Verificamos que existia uma disparidade de comportamentos. Podemos dividir os
comportamentos dos participantes em três grupos: aqueles que se sentiram completamente
perdidos na infografia (cerca de 25%); os que interagiram mas não tinham a certeza se estavam a
fazer uma navegação correta e perdiam-se em alguns momentos (cerca de 20%); por fim, aqueles
que navegavam pela infografia com extrema confiança, perceberam o mecanismo e todas as
informações (cerca de 55%).
Verificamos que a grande maioria, no final da entrevista focal, gostou da experiência e
ficou interessado pelo tema. A avaliação geral que fizeram da infografia foi positiva. Mas, como já
referimos, não esperávamos um número relativamente elevado de pessoas que não conseguissem
interagir com a infografia. Isto faz-nos tirar algumas conclusões: há um novo tipo de leitor, tal como
referimos nos primeiros parágrafos, mas não podemos generalizar. Há também uma percentagem
de leitores que ainda não está preparado para o novo jornalismo, apesar de se aperceber que não
é necessariamente contra a mudança, apenas não está preparado e não se sente confortável com
esta.
Relativamente às conclusões com o nosso questionário, fomos percebendo, através do
nosso universo de inquiridos, que a quantidade de adultos a preferir a internet para aceder a
notícias, do que os outros meios, já começa a ser significativa. Há realmente sinais de mudança.
Os profissionais do jornalismo dizem-nos que se denota uma mudança indiscutível de feedback
do público, quando são confrontados com infografia ao invés de texto. Há uma maior interação
com a notícia, mais visualizações, mais comentário e partilhas. Por isso percebe-se que apesar de
reticente, devido à diferença significativa que a infografia faz em relação ao texto, o público parece
querer mergulhar em novas experiências.
O objetivo desta investigação foi perceber qual seria neste momento o principal causador
da falta das infografias, nomeadamente no mercado mediático português, e consequentemente o
desconhecimento do público em relação a estas. As razões balanceavam-se entre a falta de aposta
das direções dos meios de comunicação e a aversão e a antipatia do público. Verificámos que o
público parece aderir cada vez mais à utilização do meio online para aceder à informação noticiosa
82
e a conteúdo informativo. No nosso questionário, as classes de idade mais baixas por exemplo,
que para além de aceder constantemente e darem preferência à internet, dizem ter uma grande
facilidade para perceber e encontrar conteúdo online. Tal não bate certo com a percentagem de
jovens e jovens adultos que desconhece as infografias interativas. Podemos então concluir que
não é falta de interesse nos conteúdos noticiosos multimédia e interativos, mas antes uma
dificuldade de os encontrar. Esta dificuldade de os encontrar só poderá estar relacionada com a
falta de aposta e resistência financeira das direções dos jornais.
Neste estudo não nos limitamos a enumerar as potencialidades desta nova forma de
transmitir informação, tentamos perceber um problema e encontrar a sua solução. Parece-nos
que a solução trata-se da necessidade de um investimento, por parte das direções dos meios de
comunicação social, nos seus meios online. O retorno será positivo, ainda que não seja tão
imediato como o dos meios tradicionais. Esperamos conseguir alertar para a problemática e
contribuir para um avanço da utilização das infografias interativas.
Pensamos que é importante voltar a investigar este tema daqui a alguns anos, para
perceber se já existiram mudanças significativas e se o panorama português se está a aproximar
dos líderes europeus e mundiais. É também importante retirar mais conclusões relacionadas com
a receção, mas estas só poderão chegar depois do investimento das redações. Seria interessante
perceber se infografias diferentes, infografias com grafismo simples versus infografias com
trocadilhos visuais, trazem reações e níveis de interesse diferentes no público. Estas conclusões
poderiam ser retiradas nesta investigação, pois, a primeira infografia que realizamos pode inserir-
se nas infografias com grafismo simples e a segunda já apresenta certo nível de trocadilho visual.
Infelizmente, por falta de tempo, não conseguimos tirar qualquer tipo de conclusão relativamente
a este assunto. Desta forma esperemos que futuras investigações possam dar continuidade a este
trabalho desenvolvido.
83
84
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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91
APÊNDICE
APÊNDICE 1 – ENTREVISTA A JOAQUIM GUERREIRO, INFOGRAFISTA DO PÚBLICO (via e-mail)
2015
1 - Sabe-se que a infografia interativa, aos poucos, tem conquistado o seu espaço dentro das
redações, mas não parece ainda ser reconhecida por uma boa parte dos leitores portugueses.
Quais são, a seu ver os principais fatores que contribuem para este desconhecimento?
R - Comecei a responder, mas fiquei na dúvida sobre o que querias dizer com – não ser
reconhecida por uma boa parte dos leitores.
2 - A formação académica na área da infografia é quase inexistente. Acha que uma alteração neste
panorama poderia significar uma evolução mais rápida no processo de consagração da infografia
interativa?
R - Sem dúvida. Mas eu vejo a infografia interativa no seguimento da infografia estática. A única
coisa que as separa é o suporte e, obviamente, as capacidades tecnológicas para a aplicar. Mas
no fim do dia servem os mesmos objetivos – informar o leitor. Uma das coisas em que a formação
académica faria decisivamente a diferença era na capacitação dos infografistas e no
reconhecimento desta vertente do design de informação como distinta de todas as outras. Ou seja,
um infografista tem de ser formado. Hoje a maior parte deles vem de cursos de design e adaptam-
se quando caem nas redações. É aí que geralmente começa, sabe-se lá como, a sua “formação
em infografia”, que vai depender muito de quem encontram nas redações. Assim o seu percurso
e evolução passam a depender de quem os recebe e não de uma formação académica com
conceitos estudados, regulamentados e praticados num contexto profissional.
3 - Na sua opinião qual o maior entrave ao posicionamento das infografias interativas, a falta de
investimento, uma questão de iliteracia ou outro?
R - Acho que vai na sequência da resposta anterior. Começa por uma falta de investimento na
formação e acaba numa falta de investimento na maior parte das redações. O infografista em vez
de se tornar jornalista visual acaba, muitas vezes, por ser a chave inglesa da redação, usada sem
grande critério para uma variedade enorme de tarefas que pouco ou nada têm a ver com infografia.
Por estranho que possa parecer a formação, quase inexistente em Portugal, muitas vezes deforma
logo à partida potenciais interessados pelo simples facto de os formadores terem pouca ou
nenhuma experiência profissional no contexto de execução de trabalhos concretos. Não se
ensinam métodos jornalísticos em conjunto com os conceitos gráficos e não se cultiva o conceito
92
de experimentação nem de rigor gráfico. O investimento correto na formação deveria começar pela
escolha mais acertadas de alguns formadores, que deviam ser profissionais no ativo ou que, já
não estando nessa situação, continuem atualizados no que toca a métodos, novas técnicas, novas
aplicações e linguagens de programação.
4 - Quais as maiores dificuldades com que se depara na construção/concessão de uma infografia
interativa?
As dificuldades começam logo na seleção de um assunto pertinente, como qualquer artigo
jornalístico. Depois vêm questões relacionadas com a abordagem a seguir. Depois temos o
deadline, que vai influenciar todo o processo e número de intervenientes. Sendo uma infografia
mais complexa, com bases de dados que facilmente chegam a ter mais de 200.000 linhas de
Excel, torna-se imperativo o auxílio de um programador e de um jornalista de dados (ou infografista
experiente) que estabeleça relações entre os dados que traduzam informação impossível de
visualizar se não forem “infografados”. Resumindo, a dificuldade aumenta com a complexidade e
com o número de intervenientes e especialidades a coordenar.
5 - Há uma questão que tem lançado alguma discussão - a distinção entre infografistas e
jornalistas. Acha que essa distinção deve ser feita?
Depende do contexto. Nem toda a infografia é jornalística. Aqui no jornal PÚBLICO todos os
infografistas têm carteira profissional de jornalista. São Jornalistas Visuais e a haver distinção é no
tipo de conteúdos que produzem.
6 - Quais as perspetivas para o futuro desta área? Crescimento ou estabilização?
Depende de que tipo de infografia estamos a falar. No caso da infografia jornalística a tendência é
cada vez mais de “regulamentação”, não digo de estabilização, porque nem consigo associar esse
termo à atividade jornalística nos tempos que correm. Digo “regulamentação” porque estamos
num ponto em que os infografistas mais antigos, e que têm continuado no ativo, funcionam como
memória viva das etapas e dificuldades ultrapassadas até aqui chegar. Foi um caminho percorrido
que lançou as fundações necessárias para que o desnorte de quem entra agora neste segmento
seja minimizado. Passam assim a existir, no contexto nacional, referências e precedentes tidos
como certos que ajudam a consolidar a atividade.
Resumindo, pode-se dizer que saindo do nicho da infografia jornalística, que apesar de tudo tem
conseguido fazer o seu caminho de forma cada vez mais consistente, não há regras nem conceitos
e muitos dos trabalhos a que chamam infografias nem o chegam a ser, mas o termo “infografia”
está na “moda” e isso só pode ser positivo.
93
APÊNDICE 2 – ENTREVISTA A RICARDO CASTRO, DIRETOR DO COMUM (via e-mail) 2015
1 - O jornal ComUM tem um forte vertente textual. Sendo um jornal online alguma vez pensaram
em acrescentar o uso de infografias interativas?
R - Dentro das capacidades que o ComUM e os seus elementos têm, há uma atenção cada vez
maior a novas ferramentas digitais para representar os conteúdos de forma mais simples, atrativa
e percetível ao leitor. É um cuidado crescente não só, mas principalmente por temos apenas a
versão online do jornal. A política de inserção de novas ferramentas de cobertura jornalística levou
a que, nas últimas eleições para a Associação Académica (AAUM), em dezembro de 2014,
utilizássemos infografias interativas, além de termos feito o direto da noite eleitoral pelo nosso site.
E não tenho dúvidas de que a aposta em novos conteúdos e formas multimédia torna notório e
mais imediato o alcance a um maior número de leitores. As infografias são, hoje em dia, um
exemplo válido disso mesmo.
2 - Na Universidade do Minho os alunos da área de audiovisual e multimédia contribuem com
artigos interativos para o jornal?
R - Maioritariamente, os alunos de audiovisual e multimédia colaboram no ComUM com trabalhos
nessa mesma vertente e estes têm sido feitos com maior frequência nos últimos tempos,
atentando à necessidade que o mercado impõe aos órgãos de comunicação social, incluindo os
académicos. O texto é o fio condutor de qualquer género jornalístico, mas exige-se cada vez mais
a fotografia, o vídeo, a infografia. No fundo, incutir a multimédia. Neste momento e no nosso jornal,
os alunos da área audiovisual e multimédia contribuem mais com fotorreportagens ou trabalhos
em vídeo. As infografias ainda são uma lacuna evidente a colmatar e a aperfeiçoar no ComUM.
3 - Uma das opiniões de muitos investigadores é que a formação na área das infografias, em
Portugal, é praticamente nula. Acha que os alunos no final da licenciatura em Ciências da
Comunicação estão preparados para trabalhar na área das infografias interativas?
R - Do meu ponto de vista, acredito que hoje estão mais preparados. O avanço digital obriga
inevitavelmente a alterações nos planos de estudos e isso tem acontecido no curso em questão.
Pelo conhecimento que tenho, tem sido assim na Universidade do Minho, havendo já Unidades
94
Curriculares com aulas dedicadas à aprendizagem em infografia, mas talvez não tão grande ainda
quanto se poderia desejar. Por outro lado, tal como a escrita de notícias, a produção de vídeo ou
a criação de anúncios, acho que as infografias também envolvem aperfeiçoamento ao longo do
tempo e aí, a prática desempenha um processo fulcral. Claro que futuramente à licenciatura será
conveniente uma especialização para os estudantes que queiram dedicar a sua formação às
infografias. Contudo, e de um modo geral, é preciso investir mais nessa formação desde cedo e
esta deverá posteriormente ser intrínseca a qualquer pessoa que saia de um curso de
comunicação. Se antes não se exigia tanta versatilidade a um profissional da área, hoje em dia
qualquer recém-licenciado tem (quase) a obrigação de ter um conhecimento e domínio crescente
das várias técnicas, seja ele um jornalista ou um publicitário. Por isso, qualquer pessoa que
conclua a licenciatura nesta área terá de ter faculdades mínimas que permitam reconhecer a
infografia como é uma ferramenta cada vez inerente ao jornalismo, à publicidade e ao audiovisual.
É existente e evidente esse avanço, até porque conheço pessoas dois ou três anos mais velhas do
que eu, que no fim do curso não tinham qualquer formação ou conhecimento em infografias.
4 - Quais as principais razões para no ComUM não investirem em infografias?
R - Nem sempre é fácil fazer adaptação de novas modalidades digitais no ComUM. E isto deve-se
muito ao facto de toda a equipa não ter o 100% de tempo disponível para o jornal. Pode parecer
que não, mas é um grande entrave a um melhor desempenho de todas as secções que temos.
Não considero que haja uma grande razão concreta para que tal investimento não seja feito, até
porque estamos calma, contínua e progressivamente a apostar nestes novos formatos e
linguagens de representação informativa. O mercado assim o exige.
5 - Não sentem que o retorno (em termos de likes, comentários e partilhas) seria positivo?
R - Tenho notado particularmente o maior retorno do leitor nas redes sociais em todos os
conteúdos multimédia inseridos em notícias, entrevistas ou reportagens que temos realizado nos
últimos meses. Do vídeo à infografia, da fotografia ao áudio, tudo complementa o texto jornalístico
em qualquer peça, despertando o natural interesse de quem lê. Consequentemente há um maior
número de ‘gostos’, comentários e partilhas. Esta espécie de ciclo que se estende por mais e mais
utilizadores torna virais quaisquer conteúdos. E isso só pode ser, diria eu, mais do que positivo.
Como já referi na última resposta, é uma aposta gradual que estamos a fazer e os resultados que
daí advêm têm sido satisfatórios.
95
6 -Na sua opinião qual o maior entrave ao posicionamento das infografias interativas no mercado
Português, a falta de investimento, uma questão de iliteracia ou outro?
R - Creio que os leitores de jornais sempre estiveram habituados a associar notícias a texto, com
uma ou mais fotografias a complementar. Nas últimas décadas temos assistido a alterações
graduais - até mesmo exponenciais - no modo de fazer jornalismo. As infografias assumem aqui
um papel relevante e dentro deste tipo de representação de conteúdos há cada vez mais formas
de o fazer dentro dos mais variados assuntos. Não sei até que ponto pode haver entraves à sua
inserção, até porque são uma forma de simplificar a informação. Mas não sendo esta representada
por texto, pode dar aso a alguma incompreensão de algum leque de leitores, nomeadamente de
faixas etárias mais elevadas, que pouco ou nunca tiveram contacto com infografias. Por outro lado,
não me parece fruto de falta de investimento, até porque acredito que tem sido uma das grandes
apostas de grandes meios de comunicação no mercado português, no que respeita à produção e
difusão de informação.
96
APÊNDICE 3 – ENTREVISTA A DANIEL CEREJO, EDITOR DO JPN (via e-mail) 2015
1 - As infografias interativas publicadas no JPN são de origem interna ou externa? Porque é que
optam pela produção interna ou externa?
R - As infografias interativas publicadas no JPN são de origem interna. Não se trata, na verdade,
de uma questão de opção. O JPN foi criado para ser uma espécie de laboratório de jornalismo ao
dispor dos estudantes de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. Todos os conteúdos
que dele fazem parte provêm dos editores do jornal ou dos estudantes do curso.
2 - São os estudantes do curso de Ciências de Comunicação que contribuem para a realização de
infografias interativas que estão no JPN? No final da licenciatura os alunos estão aptos a
desenvolver inteiramente uma infografia interativa?
R - Acho que a resposta anterior acaba também por responder a esta questão. Quanto ao nível de
aptidão para desenvolver este tipo de infografia, nem todos os alunos, no final do curso, estão no
mesmo patamar. Visto que a licenciatura de Ciências da Comunicação, na UP, é de três anos,
sendo que, no terceiro, os estudantes têm de optar por uma especialização - Jornalismo,
Assessoria ou Multimédia -, é normal que os finalistas de Multimédia encontrem-se mais à vontade
nesse aspeto. Ainda assim, os de Jornalismo têm os conhecimentos básicos para conseguirem
desenvolver uma infografia interativa.
3 - Sente que as dificuldades na construção de uma infografia interativa são maiores do que a
construção de uma notícia de cariz textual? Quais as maiores dificuldades na concessão de uma
infografia interativa?
R - Sim, sinto isso, porque a infografia interativa engloba, ao mesmo tempo, o trabalho de recolha
e tratamento de informação sobre o tema que se vai abordar, que terá de ser introduzida na
própria infografia, bem como o desenho e programação da mesma. Portanto, é trabalho a dobrar
em comparação com um artigo de texto.
4 - Conseguem perceber se o feedback (partilhas, comentários, likes) de uma infografia é mais
positivo ou igual ao de uma notícia maioritariamente textual?
R - Sim, conseguimos perceber isso e não restam dúvidas de que as infografias, junto do nosso
público-alvo, têm muito melhor recetividade do que um outro artigo qualquer. A atividade no
97
Facebook, por exemplo, quando as partilhamos, aumenta consideravelmente, quer em termos de
visualizações, quer em termos de likes.
5 - Apesar da infografia interativa estar a conquistar o seu espaço dentro das redações não parece
ainda ser reconhecida por uma boa parte dos leitores portugueses. Quais são, a seu ver os
principais fatores que contribuem para esta ignorância?
R - Acho que é uma realidade que tem vindo a alterar-se. Cada vez mais o público apercebe-se da
existência dessa modalidade de tratamento da informação e aprova esse trabalho por parte dos
órgãos de comunicação. Quanto àqueles que ainda estranham a presença de infografias interativas
nos media, acho que tem a ver, sobretudo, com a forte habituação à apresentação tradicional de
conteúdos, que não "obriga" o utilizador a interagir com a informação para deparar-se com novos
dados.
6 - Na sua opinião qual o maior entrave ao posicionamento das infografias interativas, a falta de
investimento, uma questão de iliteracia ou outro?
R - Acredito que a propagação das infografias interativas pode ter como obstáculos a falta de
pessoal, nas redações, com conhecimentos para as desenvolver, agravada pela falta de
capacidade, por parte dos empregadores, para contratarem esses profissionais. Além disso, penso
que o fator "deadline" sempre presente no jornalismo pode, muitas vezes, funcionar como
dissuasor para os media não embarcarem num trabalho dessa envergadura.
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APÊNDICE 4 – GRUPO DE FOCO UM
Moderador - O objeto com que vocês interagiram tem o nome de infografia. Conheciam ou já
tinham interagido com alguma?
Ana – Não.
Rui - Hmm, que me lembre não.
Lígia - Eu também não.
Sara - Uma vez vi uma coisa parecida num jornal, bem, não era assim tão parecida, mas tinha
assim umas imagens também e depois ao lado tinha algumas explicações em texto.
Moderador - Sim, provavelmente era uma infografia, mas sendo numa folha de papel tem o nome
de infografia estática. Deste género já contactaram com alguma?
Eduardo - Talvez, mas neste momento não me estou a lembrar de nenhuma.
Catarina - Eu acho que não.
Tânia - Tenho ideia que sim, uma vez, por causa de um acidente, mas lá está, não sei bem se era
uma coisa destas.
Paula - Eu não
Ana - Nem de uma forma nem de outra.
Os restantes abanam a cabeça negativamente.
Moderador - Nesta infografia que viram conseguiram identificar facilmente o título, as informações
textuais e imagens, a fonte de informação e os créditos?
Eduardo - Sim, está tudo.
Sara - Eu não consigo encontrar bem os créditos, encontro, mas não identifico com muita
facilidade.
Rui - Pois, o título, as imagens e até a fonte estão bem visíveis, agora os créditos acho que não.
Paula - Se calhar se estivesse ao pé da fonte, mas assim um bocado separado, pra distinguir, se
calhar estava melhor, não sei.
Sara - Sim, acho que não é informação tão importante e por isso podiam estar juntas.
Moderador - Concordam todos?
Todos consentem afirmativamente.
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Moderador - Acham que a informação está organizada e é clara?
Rui - Do género: se as imagens estão bem organizadas?
Moderador - Se o sítio onde os elementos estão posicionados, os títulos, os textos, as imagens,
são os mais corretos/acertados?
Rui - Eu penso que sim, podia haver outra forma, mas não acho que fosse fazer diferença ou que
fosse mais correto.
Sara - Eu gosto principalmente do menu. O título está bem, está em cima. Quando entramos nas
imagens, nos tipos de despesa pronto, as imagens não estão tão organizadas, mas elas também
são diferentes, acho que devem estar em sítios e com dimensões diferentes.
Catarina - Eu acho que as coisas estão no sítio correto, os textos estão posicionados num sítio
diferente das imagens mas percebemos qual texto ou explicação se refere a qual imagem e vice-
versa.
Moderador - Conseguem identificar, no menu principal a informação mais relevante?
Tânia - A infomação mais importante é quase tudo não é? Por isso acho que sim.
Sara - Só os créditos é que não se consegue encontrar bem mas eu acho que essa não é a
informação mais relevante.
Moderador - Não, os créditos e a fonte não fazem parte da informação principal
Sara - Pois.
Moderador - Não é negligenciada então nenhuma informação importante?
Rui - Aquelas imagens que estão no lado, os bonecos, elas são no fundo, o mais importante,
porque são a junção das outras todas, eu acho que deviam estar no meio.
Tânia - Estás a falar da imagem das classes ou famílias, não é? (O Rui consente). Eu sei que elas
não estão no centro como as outras, estão nos lados, mas acho que não são deixadas de parte.
São grandes como as outras. E repara, se elas estivessem no meio, estas imagens, das outras
despesas iam ter de ficar divididas.
Rui - Eu acho que não havia problema em que ficassem divididas.
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Ana - Se calhar, se as imagens das classes barra famílias estivessem no meio era a primeira coisa
em que as pessoas iam clicar, e depois sabiam logo as despesas todas.
Rui - Mas assim as pessoas podem clicar na mesma primeiro nelas.
Ana - Podem, mas não é tão provável. Tu clicaste nelas primeiro?
Rui - Por acaso não.
Moderador - Os restantes, qual é a vossa opinião acerca disto?
Sara - Eu continuo a achar que a informação importante é fácil de encontrar.
Eduardo - Sim, eu também acho.
Paula - Por mim está bem como está.
Lígia - Eu não tive problemas em encontrar nada, acho eu.
Catarina - Eu também não.
Moderador - E os elementos secundários, perturbam essa informação principal?
Rui - Não
Todos concordam
Moderador - Sentem-se bombardeados com informação quando abrem a infografia?
Sara - é assim, nós quando olhamos para a infografia vemos muitas imagens (...)
Tânia - sim, mas eu não acho que é em demasia. Elas estão lá porque têm de estar
Sara - mas era isso que eu queria dizer… são muitas, mas são adequadas, não me sinto confusa
ao olhar pra elas.
Paula - elas aparecem todas ao mesmo tempo mas eu nem acho que sejam muitas, temos tempo
suficiente para olharmos para todas e depois os títulos ou as informações em texto aparecem
apenas quando passamos o rato, não aparece tudo ao mesmo tempo.
Moderador - Acham então que a informação aparece de forma subtil e leve?
Paula - sim, eu acho que sim.
Lígia - também concordo.
Todos concordam.
Moderador - Os textos são curtos, compreensíveis e ajustados ao espaço?
101
Ana - curtos são, e eu percebi tudo.
Sara - aí curtos são.
Rui - eu até acho que são curtos demais. Talvez em alguns casos fosse preciso dizer mais, eu
percebi, mas não sei se toda a gente percebe. Por exemplo, as percentagens aparecem nas
imagens, mas eu acho que se voltassem a aparecer no texto não seria repetitivo.
Moderador - Por falar nisso, vêm alguma repetição de informação desnecessária?
Eduardo - Não, a única coisa que aparece duas vezes é no caso das despesas gerais, quando se
comparam as famílias. Tanto clicando num botão como em outro, as informações são as mesmas.
Mas se a ideia é fazer uma comparação como nas outras despesas teria de ser mesmo assim.
Rui - Eu acho que quando clico num botão diferente espero que se apresente informação diferente
e isso não acontece. Fico um bocado dececionado.
Sara - Eu tenho a mesma opinião, mas acho que ficava pior se a informação fosse dividida, aí não
podíamos comparar e ficávamos sem a noção da disparidade de valores.
(Continuam a falar entre eles, sem chegar a um consenso.)
Moderador - Existem áreas suficientes vazias que dão ao leitor espaço pra respirar e suavizam a
leitura?
Sara - não existem muitas áreas vazias, mas como a informação só é apresentada quando
passamos o rato, vem uma coisa de cada vez.
Tânia - e também como somos nós que escolhemos a velocidade que queremos ler, temos o
tempo pra respirar.
Eduardo - eu acho que há áreas vazias, olhem quando abrimos uma categoria, vemos as imagens
e não tem texto nenhum, tem muitas áreas vazias entre as imagens.
Sara - sim, tem mais áreas vazias dentro das despesas do que no menu inicial.
Tânia - isso é verdade.
Moderador - Mas então acham que na página inicial deveria ter mais espaço vazio?
Eduardo - não era isso que eu queria dizer, tem mais nas despesas do que na página inicial mas
isso não quer dizer que esteja mal.
102
Moderador - Objetos de natureza semelhante mantêm a mesma identidade? (pausa) Se têm formas
idênticas, as cores, se parece que fazem parte do mesmo universo…
Tânia - sim, completamente.
Lígia - é verdade.
Rui - as cores são as mesmas, são pouquinhas, os títulos por exemplo, também aparecem todos
de forma igual, por isso eu acho que sim.
Moderador - Os objetos clicáveis são facilmente reconhecíveis?
Paula - sim, têm as caixinhas à volta, dá para perceber
Tânia - pois, mas há outros que não têm as caixinhas e nem toda a gente pode perceber
Moderador - Quais, por exemplo?
Tânia - deixa-me ver… na página inicial temos os bonequinhos, estes que representam as famílias,
eles até parecem clicáveis, mas depois quando passamos o rato eles não mudam quase nada, eu
cliquei, mas acho que se calhar alguns não clicavam.
Sara - eu acho que esses nem é pior, dentro das despesas, tem estes número, a mim, o que me
pareceu clicável era a meia roda e não os números, só percebi porque ao passar o rato pela roda
sem querer passei em cima do número.
Eduardo - eu acho que os números não deviam estar aí sem nada, podiam estar dentro de uma
caixa também.
Sara - ou uma rodinha, como tem o símbolo de fechar em cima.
Eduardo - ou isso.
Moderador - Os movimentos tornam a infografia confusa?
Rui - não, são poucos.
Eduardo - como assim os movimentos?
Rui - tipo quando abres e fechas a janelinha das despesas.
Moderador - Sim, exatamente, ou os movimentos que os subtítulos fazem…
Eduardo - ah não, são poucos realmente, não fazem confusão nenhuma.
Sara - eu acho que até são esses pequenos movimentos que dão alguma vida.
103
Catarina - eu também acho, até deveriam existir mais, para chamar mais à atenção, desde que
não interferisse com a informação, ou seja, que não passassem umas coisas por cima das outras.
Moderador - A navegação, a forma como navegamos na infografia, é fácil de aprender, eficaz, e
agradável?
Tânia - sim é super fácil, não tem nada que saber.
Ana - sim, também acho.
Rui - bem, não tem nada que saber também não é assim.
Tânia - é uma forma de dizer.
Rui- o que pode ser fácil para ti pode ser mais difícil para outra pessoa, eu acho fácil também,
mas não sei se é fácil para todos.
Tânia - sim, está bem, mas eu acho que é muito fácil.
Moderador - Perceberam então todos a lógica de navegação?
Todos respondem afirmativamente.
Moderador - Existem falhas na navegação como botões que não funcionam?
Ana – não.
Paula - que eu desse por ela também não.
Sara - eu reparei que algumas imagens ficavam com uma aparência diferente sem eu clicar nelas.
Tânia - também eu, ficavam estranhas, mas os botões abriam todos.
Moderador - Acham que há a necessidade de sistemas de ajuda e de escape?
Sara - eu acho que não porque é fácil perceber a lógica da infografia.
Rui - é como disse anteriormente, para mim foi fácil e eu acho realmente fácil, mas não sei se
todos compreenderão, mas também se não compreendem isto também não compreendem como
ir ao botão de ajuda.
(todos se riem)
Tânia - realmente é verdade.
Eduardo - é, eu acho que não é preciso ajuda, é fácil perceber o que se deve fazer.
Tânia - só alguem com pouquíssimos conhecimentos de informática é que é capaz de não
perceber.
104
Moderador - Tem uma boa estética, ou seja, é atrativa?
Sara - sim, gosto particularmente do cenário, porque não atrapalha e enche a vista.
Ana - os desenhos têm boa qualidade, parece-me profissional.
Tânia - sim, é bastante simples, mas é bonita, é agradável.
Moderador - Não acham então que seja demasiado decorativa?
Sara - não, não mesmo.
Tânia - onde podia ser decorativa era no cenário tem as nuvens e isso, mas eu concordo com ela,
é agradável de se ver, não estorva nada.
Moderador - A tipografia é clara e legível?
Tânia - Sim, perfeitamente.
Catarina - Também acho.
Eduardo - Concordo.
Todos consentem.
Moderador - As cores são utilizadas de forma comedida e racional?
Eduardo - Totalmente.
Rui - Sim, só são usadas duas cores, menos do que isso ficava muito morto.
Ana - Verdade. E as cores ficam bem juntas. O cinzento e bordeaux.
Moderador - Acham que há necessidade da utilização de outros media, como vídeo ou som, para
que a informação se torne mais compreensível?
Rui - Eu acho que para a informação ser mais compreensível podiam os textos ser melhorados.
Sara - Não estou a ver como é que o som podia ser inserido na infografia, penso que não. O vídeo
talvez.
Eduardo - e mesmo o vídeo, eu não sei se encaixava bem na infografia, é tudo imagens
desenhadas e depois aparecia o vídeo.
Moderador - Com vídeo podemos estar a falar também de animação, não imagem real…
105
Eduardo - Nesse caso já podia ser, de qualquer das formas não sei qual a pertinência de ter um
vídeo, está compreensível assim.
Paula - Mas um vídeo podia prender, chamar mais a atenção, das pessoas não é?
Eduardo - Sim, mas isso já não tem a ver com a compreensão da infografia ou da informação.
Paula - Pois, isso não.
Moderador - Mas mesmo que não fosse para ajudar na compreensão, acham pertinente a
colocação de um vídeo?
Eduardo - Talvez, não sei bem, se tivéssemos a infografia com e sem vídeo era melhor para
comparar.
Paula - Eu acho que colocava mais interesse na infografia.
Tânia - Eu acho que tanto poderia dar interesse como estar ali a mais e atrapalhar.
Eduardo - Sim, só vendo.
Moderador - Em resumo, acham a experiência agradavél?
Eduardo - Sim, como nunca tinha “brincado” com nada deste género, achei interessante.
Lígia - Eu gostei, é engraçado.
Todos consentem.
Moderador - De zero a dez, como definem a experiência? Sendo que o zero singnifica “nada
agradável” e o dez significa “totalmente agradavél”.
Eduardo - 9
Paula- 8
Catarina -9
Rui - 7
Tânia - 8
Lígia - 10
Sara - 7
Ana - 9
Moderador - Há alguma coisa que não vos agrade diretamente?
Ana - Eu não tenho nada a dizer.
106
Tânia - Só tenho a pontar as imagens que não parecem botões .
Lígia - Isso, mas de resto…
Sara - Por mim tudo ok.
Rui - Se for mesmo pra apontar, é só aquela questão dos números [refere-se aos botões em forma
de números]
Sara - é, é só isso.
Rui - Ah, e melhorava os textos
(momento de pausa)
Catarina - Uma pergunta, os valores são mesmo reais?
Moderador - Sim, os valores fazem parte de uma simulação feita com base nos gastos de duas
famílias
Catarina - Nesse caso acho que não quero ter filhos.
Rui - Acho que nenhum de nós vai querer ter depois disto.
(todos fazem comentários acerca da quantidade de despesas, alguns regressam à infografia e
todos riem)
Agradecimento final e despedida
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APÊNDICE 5 – GRUPO DE FOCO DOIS
Apresentação da infografia. Contextualização do tema.
Moderador - Depois de saberem resumidamente o que é uma infografia interativa, já tinham
anteriormente interagido com alguma?
Carina - Não
Maria - Eu acho que não
Zé Pedro - Sim já.
Ana - Não
[o resto do grupo responde negativamente]
Moderador - [Diretamente para o Zé Pedro] Qual era a temática da infografia?
Zé Pedro - Já interagi com algumas, a maior parte sobre política e economia.
Moderador - Nesta infografia que viram conseguiram identificar facilmente o título, as informações
textuais e imagens, a fonte de informação e os créditos ou autores?
Rita - Eu acho que vi tudo.
André - Ah, eu não vi a fonte e nem os autores.
Maria - A fonte está aqui em baixo, ou autores também não sei.
Zé Pedro - Está aqui! [Mostra aos restantes onde estão as informações]
Moderador - Então tiveram dificuldades a encontrar a fonte e os créditos?
Maria - Eu só não vi os créditos.
Mariana - Foi como eu.
André - Sim, eu não vi a fonte mas foi porque não estava atento, é fácil de ver.
João - Eu vi tudo.
Moderador - Acham que a informação está organizada e é clara?
[momento de silêncio]
Se a posição do título, imagem e texto é mais adequada? Se facilita ou dificulta o entendimento da
informação.
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André - Ah eu acho que está bem, tem o título que está em cima, normalmente os títulos aparecem
em cima.
Zé Pedro - Eu acho que a informação está bem organizada, aparecem os títulos em cima, depois
vêm as imagens e depois no fundo aparece o menos importante, como a fonte e as legendas. O
mesmo acontece quando é aberto o quadro das despesas. No caso do [vai ver a infografia]
“rendimento perdido” também temos o título, depois a descrição, e depois a informação da
despesas e em baixo continua visível a fonte, e as legendas.
Carina - Eu concordo com ele. Mas acho que todos os quadros de despesas deveriam ter algum
tipo de informação, como descrição. Nem toda a gente pode interpretar da mesma forma.
Moderador - Todos têm a opinião da Carina?
Zé Pedro - Sim, os textos que existem são curtos por isso não é exagerado acrescentar alguns,
desde que sejam pequenos.
Moderador - Em relação a isso, não acham então que os textos são exagerados? São curtos e
compreensíveis?
Zé Pedro - Sim, curtos e fáceis de entender.
Maria - Sim, eu percebi.
Moderador - O que é que acham da organização dos botões da página inicial?
Zé Pedro - Estão bem, têm tamanhos diferentes, mas não estão completamente desorganizados.
Ana - Mas não percebo a razão para terem tamanhos diferentes.
André - Eu também não percebo se há uma razão, mas visivelmente é agradável, se calhar ia ficar
mais monótona se fossem todas iguais.
Moderador - E em relação aos quadros com as despesas?
Zé Pedro - Também acho que está bem, as imagens estão mais dispersas mas é para depois
aparecer o texto no espaço em branco.
João - Eu acho que tanto num caso como noutro os botões estão bem organizados, mas prefiro o
menu. É mais agradável.
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Moderador - Os elementos secundários, como as legendas, créditos e fontes perturbam a
informação principal?
André - Aí não acho, de forma nenhuma.
Mariana - Sim, de forma alguma. São letras mais pequenas e estão no fundo, tirando os créditos,
mas esses também mal se veem.
Ana - Sim, isso nem se põe em questão, não interferem nada.
Moderador - Quando são confrontados com a infografia, sentem-se, de alguma forma,
bombardeados com informação?
[silêncio]
Zé Pedro - Não! Nós só vemos imagens e um título basicamente.
Rita - O menu não nos dá informação praticamente nenhuma.
Zé Pedro - Pois, só percebemos o nome das categorias, tipo dos subtítulos, e eles não surgem
todos.
Maria - Mesmo nos quadros das despesas, existe muita informação, mas como só aparece quando
nós vamos lá clicar, não somos bombardeados.
Moderador - Encontraram informações repetidas?
Maria - Repetidas não, mas eu ao início não estava a perceber a diferença entre umas
percentagens e as outras.
Zé Pedro - Uma é em relação a uma família e a outra é em relação à outra.
Maria - Eu depois percebi, pelas cores e as legendas em baixo.
Mariana - Eu isso percebi, e não acho que hajam repetições.
André - Eu sou da mesma opinião.
Moderador - Acham que há espaço na infografia para respirar ou seja, áreas vazias, ou há
demasiada informação?
João - Eu acho que não há muitas áreas vazias.
Rita - Não sei se pudemos considerar o fundo uma área vazia.
Zé Pedro - Não é uma área vazia, mas também não passa qualquer tipo de informação, quer dizer,
acho eu.
110
Moderador - Há então demasiada informação?
Ana - Não há demasiada informação, já tinham dito isso abocado mas a que existe ocupa muito
espaço.
André - É isso mesmo.
João - Exatamente.
Moderador - Os objetos têm a mesma identidade?
[silêncio]
Moderador - Se as formas são ou não idênticas, assim como o sistema de cores, se ficam com a
ideia que pertencem todas ao mesmo sítio ou se há alguma que se diferencia da outra.
[todos visualizam a infografia]
Carina - As imagens têm todas mais ou menos as mesmas cores, só são diferentes porque há dois
conjuntos de informação diferentes. As duas famílias.
Mariana - Os títulos e os sub-títulos são apresentados da mesma forma.
Rita - E os símbolos são todos muito simples, daí não serem muito diferentes uns dos outros.
Moderador - Os objetos clicáveis, normalmente chamados de botões são fáceis de reconhecer?
Zé Pedro - Não, nos quadros de despesas, temos de clicar nuns números (...)
André - Passar o rato.
Zé Pedro - Sim, passar o rato nuns números. Eles não são fáceis de conhecer, não parecem
objetos clicáveis.
André - Tive a mesma impressão
Mariana - É verdade.
Carina - Eu por acaso encontrei logo, mas também acho, os restantes estão ok.
Moderador - A forma de navegar na infografia é fácil de perceber?
João - A forma de navegar?
Moderador - Por exemplo, quando olham pra infografia percebem logo que é suposto clicar numa
das imagens? Quando abrem um quadro de despesas sabem que têm de clicar ou passar o rato
nas imagens e depois fechar? E por aí na mesma lógica… Ou acontece precisamente o contrário
e não há maneira de perceber isto?
111
Maria - É fácil de perceber isso. Não tem muito que saber.
Mariana - A forma como, como é que me hei-de explicar, como nós brincamos com a infografia…
Zé Pedro - A forma como se interage (...)
Mariana - Isso. A interação é fácil. Nós percebemos o que temos de fazer
Zé Pedro - É realmente simples.
André – Ao início ficamos um bocado parados, mas depois é fácil.
Moderador - Há falhas na navegação? Botões que não reajam ao passar do rato ou que não
funcionem
Ana - Não detetei nenhum erro.
André - Eu gosto da forma de clicar nos botões no menu, porque aparece o título.
Carina - Funcionam todos e todos reagem ao passar do rato.
Zé Pedro - Tirando os botões que não tem reação, como os números que falamos abocado.
André - Exatamente, mas não deve ser uma falha de navegação.
Zé Pedro - Ah sim. É verdade. Se não reagiam alguns e outros não.
Moderador - A infografia é esteticamente atrativa?
Carina - Eu acho que sim logo pelas cores escolhidas. O bordeaux e o cinzento são cores que
ficam muito bem juntas.
João - As imagens têm uma boa qualidade.
André - Não ficam desfocadas, isso tem um nome…
Moderador - Despixelizadas?
André - Exatamente.
Moderador - Não é demasiada decorativa?
Zé Pedro - Não, é simples.
Maria - É a mesma coisa que disseram abocado. Há poucas imagens mas as que há ocupam
muito espaço, assim como a decoração é pouca, é simples, mas como a infografia é toda à base
de imagens parece ser muito decorativa.
Moderador - Acham que o aspeto decorativo se sobrepõe ao aspeto informativo?
112
Rita - Eu acho que se conseguem ter as duas coisas. Mas há mais imagem do que informação.
Zé Pedro - Mas a imagem é também informação.
Rita - Podemos ver as coisas dessa forma. Mas eu acho isto.
Zé Pedro - Então qual é a alternativa? Retirar as imagens e por só um título em texto em cada
caixa?
Rita - Não, isso também não.
Zé Pedro - Mas estás a perceber o que eu quero dizer?
Rita - Sim, eu percebo. Acho que cada um tem a sua razão.
Moderador - A tipografia é clara e legível?
[respondem todos afirmativamente]
Moderador - Acham que há necessidade da utilização de outros media, como vídeo ou som, para
que a informação se torne mais compreensível?
João - Compreende-se bem como está.
Carina - Em vez de ter as explicações em texto?
Moderador - Por exemplo, ou então para complementar com a imagem ou o texto.
Zé Pedro - Era capaz de ficar engraçado.
Rita - Chamar mais a atenção.
André - Sim, despertar mais interesse.
Moderador - Em resumo, acham a experiência agradável?
Zé Pedro - Sim, sempre achei interessante a utilização de infografias.
Ana - Sim, é interessante e transmite informações ao mesmo tempo.
Carina - Pois, é isso, podemos “brincar” enquanto conhecemos novas coisas.
Moderador - Há alguma coisa que não vos agrade diretamente?
Zé Pedro - Tirando os aspetos que já foram ditos anteriormente…
João - Aquelas pequenas questões, não estou a ver mais nada.
Moderador - Os botões que não parecem clicáveis?
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Zé Pedro - E acrescentar alguma informação escrita.
Maria - Exatamente.
Moderador - Têm todos a mesmo opinião?
Mariana - Sim
Ana - Eu não sei se fui a única que não percebi uma coisa. [silêncio] Eu não percebi porque é que
uma família gasta mais do que a outra… Não há uma razão para isso?
Mariana - Porque uma família pertence à classe média baixa e outra à classe média alta.
Ana - Ah eu não vi isso.
João - Está em baixo daqueles dois bonecos, a legenda.
Moderador - Mais alguém não conseguiu ou teve dificuldade em encontrar esta informação?
Rita - Eu no inicio não estava a perceber também, mas depois encontrei e percebi a diferença
entre as famílias.
Carina - Comigo aconteceu o mesmo.
Moderador - Acham que essa informação pode ou deve ser, então, reforçada?
Rita - Sim, penso que sim.
Mariana - Acho que deveria, se não fica-se sem perceber muito bem o sentido de tudo.
Agradecimento final e despedida
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APÊNDICE 6 – QUESTIONÁRIO
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