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  • PREPARO DE AMOSTRAS

    Ana Rita de Araujo Nogueira

    Grupo de Anlise Instrumental Aplicada - Embrapa Pecuria

    Sudeste, So Carlos, SP [email protected]

    Resumo

    Este texto um resumo do mini-curso apresentado durante o VIII Encontro

    sobre Metodologias da Embrapa, organizado pela Embrapa Meio Ambiente.

    A apresentao teve como objetivo uma introduo aos principais aspectos

    voltados aos cuidados que devem ser tomados para uma boa

    representatividade da amostra, envolvendo a coleta, a moagem, o

    armazenamento e a amostragem. Tambm foram abordadas a lavagem e a

    desmineralizao dos frascos e material que entra em contato com as

    amostras e as alternativas existentes para a escolha de reagentes, extraes

    e formas de digesto da matria orgnica.

    Palavras-chave - preparo de amostras, digesto, decomposio, microondas

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    Introduo

    Como na maioria das reas aplicadas, a qumica apresenta-se

    fundamental para o fornecimento de informaes para a tomada de decises

    na agronomia. com o uso de resultados qumicos que possvel se

    conhecer o grau de carncia ou excesso de nutrientes em um solo e a

    necessidade de adubao e calagem (para a correo do pH do solo). A

    quantidade e o tipo de fertilizante necessrio variam segundo o cultivo, a

    poca e a evoluo deste. A escolha, a quantidade e a freqncia de

    aplicao do fertilizante dependem principalmente de parmetros

    decorrentes da observao direta do cultivo, da anlise do solo e da anlise

    foliar. A determinao dos elementos essenciais, do pH e da condutividade,

    por exemplo, fornecem informaes sobre as carncias inerentes ao cultivo

    e ajudam a decidir, sobretudo, o tipo e a composio dos corretivos a serem

    aplicados.

    Os dados relacionando os teores de minerais ou dos constituintes

    proteicos nas plantas, solos e alimentos so cada vez mais requisitados e um

    correto procedimento de coleta e preparo dessas amostras permitem uma

    avaliao eficiente, que ir direcionar os recursos financeiros e ambientais

    com segurana.

    Este curso abordou as etapas de coleta e preparo das amostras, que se

    apresentam como as mais demoradas, onde so gastos os maiores recursos

    e onde tambm se cometem os maiores erros. Foi preparado com base em

    texto publicado pela Embrapa sobre coleta e preparo de amostras, em

    material produzido pelos Profs. Francisco Krug, Gunter Knapp e Harold

    Barnes para o III Workshop sobre preparo de amostras, realizado em So

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    Carlos, SP em 10/2000, em palestras apresentadas pelo Grupo de Anlise

    Instrumental Aplicada - GAIA durante Encontro sobre preparo de

    amostras, realizado em So Carlos, SP em 04/2003 e em livro publicado

    pelos Prof. Kingston & Haswell, de 1997, sobre decomposies assistidas por

    microondas, alm da descrio de discusses surgidas nas reunies de

    grupo (GAIA- http://www.dq.ufscar.br/Labs/gaia) e em algumas experincias

    pessoais e resultados recentes da literatura.

    Aproveito para agradecer aos organizadores do VIII Encontro Sobre

    Mtodos de Anlise da Embrapa pelo convite, parabenizando-os pela

    organizao e empenho e desejando que todos tenham tido uma semana

    bastante produtiva, com o aumento dos horizontes profissionais e pessoais.

    Coleta de amostras de solo, gua e tecidos vegetais

    Alm da escolha conveniente do mtodo analtico e estudo dos

    possveis interferentes, torna-se essencial boa amostragem, preparao e

    solubilizao da amostra para anlise. Qualquer que seja o tipo de amostra,

    erros significativos podero ser introduzidos se a etapa de preparao no

    for satisfatoriamente conduzida.

    A amostragem a primeira fase da anlise. preciso haver integrao

    entre os responsveis pela coleta e o laboratrio, buscando-se sincronismo

    entre a remessa de amostras e a capacidade do laboratrio em executar as

    determinaes.

    Em alguns casos necessrio reduzir consideravelmente a dimenso

    da amostra antes que ela seja introduzida no sistema analtico e possa ser

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    tratada convenientemente. O mtodo de preparao utilizado depender do

    tipo de amostra. O material coletado deve ser preparado em local apropriado

    e equipado para esta finalidade. Normalmente a atividade de preparao

    inclui o recebimento, o registro, o pr-acondicionamento, a secagem, a

    moagem, o acondicionamento e a rotulagem das amostras.

    Aspectos importantes relacionados coleta de amostras

    Alguns cuidados devem ser observados, para garantir a integridade

    fsica e qumica do material coletado (NOGUEIRA et al., 1996):

    evitar coletar amostras sujas de terra ou com excesso de gua;

    identificar devidamente, com letras legveis, o recipiente (saco de papel ou

    de plstico, potes plsticos, frascos, etc.) que receber a amostra. Cuidado

    especial deve ser tomado com as amostras que sero armazenadas a

    baixa temperatura. Em muitos casos, a identificao feita inicialmente

    torna-se ilegvel durante o processo de descongelamento;

    garantir que os utenslios, embalagens e ferramentas empregados na

    coleta e no transporte no contaminem a amostra, principalmente em

    funo das determinaes que sero realizadas. Como exemplo, se de

    uma planta pretende-se determinar o teor de ferro, um faco utilizado para

    retirar a amostra no pode ter sido confeccionado com esse elemento. Em

    amostras provenientes de experimentos conduzidos em casa de

    vegetao esse tipo de cuidado deve ser redobrado;

    documentar cada etapa da coleta, incluindo eventos no esperados (p.ex.,

    chuvas). Especificar todas as caractersticas relevantes da rea, condies

    climticas e populao amostrada, condies de transporte e secagem;

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    a amostra deve ser encaminhada o mais rapidamente possvel ao

    laboratrio, para que possa ser devidamente processada e armazenada;

    a amostra que chegar ao laboratrio sem as informaes necessrias ao

    processamento e anlise deve ser recusada. necessrio conhecer o tipo

    da amostra, o que deve ser determinado e quem o seu responsvel.

    Cuidados que devem ser tomados para evitar contaminaes

    O maior problema no preparo de uma amostra para anlises na faixa de

    g L-1 o risco de contaminao, devido a diferentes causas, como o grau do

    reagente empregado, os frascos empregados para estocagem, digesto ou

    diluio das amostras ou aos erros relacionados coleta e manipulao da

    amostra. Uma adequada tcnica de decomposio dever, de uma maneira

    geral, ser eficiente, evitando erros sistemticos provenientes de

    contaminao, sendo importante o uso de reagentes de alta pureza

    (incluindo a gua utilizada nas diluies), perdas por volatilizao ou

    digesto incompleta; ser reproduzvel, apresentar baixos limites de deteco

    (baixos valores do branco), ser seguro (quanto aos reagentes usados,

    manuseio, equipamento) e, sempre que possvel, ser simples e rpido, com

    mnima manipulao. O uso de uma amostra como branco que sofra todos

    os tratamentos dados a amostra essencial em todos os procedimentos para

    identificar qualquer problema com o analito. A natureza dos frascos

    empregados durante as anlises e para estocagem das solues tambm

    deve ser observada. Recomenda-se que toda vidraria seja previamente

    deixada em banho cido (10% HNO3) por no mnimo 24 horas antes de ser

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    utilizada.

    Os mtodos de decomposio para anlises de elementos na faixa de

    g L-1 requerem o uso de cidos com valores de branco negligenciveis. Com

    o objetivo de se evitar contaminao dos cidos devido longa estocagem,

    recomenda-se o preparo de quantidades de cido livre de interferentes

    imediatamente antes do uso. Isso possvel com o emprego de frascos de

    subdestilao, construdos em quartzo ou PTFE. Os cidos so destilados a

    temperaturas abaixo do ponto de ebulio, o que evita o arraste das

    substncias interferentes. Esse procedimento bastante indicado, pois

    resulta em solues com pureza superior aos cidos ultra-puros, alm de

    permitir o emprego de cidos comerciais, diminuindo os custos da anlise

    (KRUG et al., 2000).

    Mtodos de preparo de amostras

    Amostras agronmicas normalmente apresentam-se na forma lquida ou

    slida. A maneira mais fcil de se manusear a amostra quando esta se

    encontra na forma lquida, quando muitas vezes uma simples filtrao

    suficiente. No entanto, mesmo nesses casos, a necessidade de serem

    determinados teores cada vez menores, em funo de proteo ambiental,

    impurezas dos compostos, dentre outros, e aos problemas de sensibilidade

    das tcnicas espectroscpicas, para uma determinao adequada

    invariavelmente necessrio o emprego de tcnicas de pr-concentrao.

    Quando a amostra se encontra na forma aquosa, a maneira mais simples de

    se obter essa pr-concentrao a evaporao da gua por aquecimento.

    Nesse caso, devem ser tomados cuidados quanto a volatilidade dos

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    compostos a serem determinados. Outras alternativas para a pr-

    concentrao dos elementos so a troca inica e a extrao por solventes.

    Se, por outro lado, a amostra se encontra na forma slida, existem

    alguns procedimentos e equipamentos que permitem a anlise direta de

    slidos e suspenses. No entanto, o requerimento normal a converso do