QUAL O PROBLEMA DA IMPRENSA COM O CLIMA?
Beatriz Diniz e Marcia Pimenta
ANÁLISE DA COBERTURA DA RATIFICAÇÃO DO ACORDO DE PARIS PELO BRASIL
PERÍODO: 12 E 13 DE SETEMBRO, 2016
O Brasil ratificar o Acordo de Paris foi bonito, mas,
tem um abismo entre o assinado e a realidade, que o
jornalismo ajudaria a diminuir.
O Brasil ratificar o Acordo de Paris foi bonito, mas,
tem um abismo entre o assinado e a realidade, que o
jornalismo ajudaria a diminuir.
POR QUE?
A cada mês é registrado aumento recorde na
temperatura global.
A cada mês é registrado aumento recorde na
temperatura global.
A cada ano o aumento da temperatura do planeta
bate o recorde do anterior.
Por isso que a gente precisa falar mais, e
repetidamente, sobre aquecimento global e
mudanças climáticas.
Por isso que a gente precisa falar mais, e
repetidamente, sobre aquecimento global e
mudanças climáticas.
É relevante, afeta a vida de geral e requer sociedades
esclarecidas.
A gente checou ocorrências de divulgação no dia da ratificação
e no dia seguinte à cerimônia. Bora conferir!
COBERTURA DA RATIFICAÇÃO
A ratificação do Acordo de Paris pelo Brasil não foi pra
capa dos principais jornais do país nem teve destaque
em suas edições digitais e nos telejornais da TV
aberta.
A cerimônia na segunda 12/9 até foi noticiada pelos
meios de comunicação, só que timidamente.
A cerimônia na segunda 12/9 até foi noticiada pelos
meios de comunicação, só que timidamente.
O também chamado acordo do clima, importantão
pra o mundo todo, tem pouco prestígio na imprensa
brasileira.
A cobertura da imprensa pra ratificação do Acordo
de Paris pelo Brasil foi desproporcional à relevância e
gravidade do assunto.
A cobertura da imprensa pra ratificação do Acordo
de Paris pelo Brasil foi desproporcional à relevância e
gravidade do assunto.
No dia seguinte, a natureza se encarregou de mostrar
como se sente na pele o aquecimento global.
A terça 13/9 foi o dia mais quente do inverno na cidade do rio de janeiro
Gancho perfeito para esquentar a pauta da
ratificação e noticiar mais sobre clima, apresentando
seu efeito no cotidiano e incluindo o dado
fresquinho divulgado pela NASA de que o agosto de
2016 foi o mais quente em 136 anos.
Gancho perfeito para esquentar a pauta da
ratificação e noticiar mais sobre clima, apresentando
seu efeito no cotidiano e incluindo o dado
fresquinho divulgado pela NASA de que o agosto de
2016 foi o mais quente em 136 anos.
SÓ QUE NÃO
Comparando com o fluxo de fatos desimportantes
tornados notícia pela imprensa, a cobertura da
ratificação do acordo do clima por aqui foi bem
mixuruca.
Comparando com o fluxo de fatos desimportantes
tornados notícia pela imprensa, a cobertura da
ratificação do acordo do clima por aqui foi bem
mixuruca.
UMA TRISTEZA
Dá ainda mais tristeza se a gente levar em
consideração que não falta espaço editorial pras
notícias do futebol e pras boçalidades sobre
celebridades [o que sequer é notícia,
jornalisticamente falando, é só marketing mesmo,
negócios].
E isso faz diferença? Ô, e como!
Informação é imprescindível para a sociedade
alavancar atitudes e compromissos dos governantes!
Sem a sociedade pressionando ninguém sai do lugar.
Sem informação, a sociedade fica na ignorância
sobre o que está em jogo.
Um planeta saudável que tenha capacidade de dar suporte pra vida da gente.
REPERCUSSÃO NO DIA
No UOL Notícias foi publicada matéria na editoria Ciência às 11h23 [clica aqui para
ler]. Vale destacar que a fonte consultada e citada é o Observatório do Clima, a fonte
mais especializada em clima no país. Fica a dica pra jornalistas: consultem o pessoal
do OC na próxima pauta sobre clima.
REPERCUSSÃO NO DIA
Também vale botar reparo no detalhe da foto na matéria do UOL [renderia uns
memes]: Rodrigo Maia, presidente da Câmara, ajeitando a calça indo ladear a
assinatura com o ministro do meio ambiente, Zequinha Sarney.
A edição Brasil da Deutsche Welle noticiou às 11h55 e já no título deu um ótimo
apelo de atração para o conteúdo: entenda o que está em jogo [olha aqui a notícia].
Obteve mais interação no Twitter que o UOl.
REPERCUSSÃO NO DIA
O Globo on line soltou às 11h55 matéria de Eduardo Barretto e Catarina Alencastro
[atualizada à noite, vê aqui], publicada na editoria Sociedade/Sustentabilidade, e
aproveitou a pauta da ratificação no mesmo dia às 12h02 [com atualização às 14h59]
pra gerar conteúdo com o apelo de explicar o acordo [acessa aqui], com SOS Mata
Atlântica e Greenpeace como fontes especializadas.
REPERCUSSÃO NO DIA
Outra ocorrência de notícia sobre a ratificação é do G1, publicada na editoria política
às 11h31 [atualizada às 13h27 às 13h27] e também distribuída pela editoria Globo
Natureza [vê aqui], relatando a cerimônia, sem mencionar a participação do
Observatório do Clima e sem consultar fontes especializadas.
REPERCUSSÃO NO DIA SEGUINTE
Nada na edição digital do Estadão. Nada na capa do UOl, nem em Ciência e Saúde.
Na capa do UOL Notícias estava publicado um artigo do NYT sobre os perigos do
aquecimento global, no entanto, sem uma chamadinha mais pra ratificação
brasileira. Nada no site do El País edição Brasil.
REPERCUSSÃO NO DIA SEGUINTE
Nadica de nada na capa de O Globo sobre a ratificação do Acordo de Paris pelo
Brasil. Nada na capa da Folha de São Paulo também [na edição São Paulo e na
nacional coube publicidade pra vender um ícone de poluição e não espaço pra uma
notícia relevante].
Uma passada na banca para checar outros jornais do Rio e....nada! Nada em O Dia,
nada no Extra, apesar de serem jornais de uma cidade litorânea [mais vulnerável às
mudanças climáticas].
Ô PAUTA INGRATA...
As notícias publicadas pela imprensa são também
divulgadas nas redes sociais dos meios, nas quais são
impulsionadas na medida da repetição e não só da
força do conteúdo.
A matéria do UOl Notícias publicada no Twitter só teve 1
retwite.
Taí uma indicação do porquê da imprensa convencional não
investir na cobertura especializada nem na distribuição do
conteúdo produzido além do básico [como a assinatura de
um acordo] e das tragédias [que rendem muitos cliques].
A importância diminuída da mudança climática pela
imprensa brasileira também reflete como a pauta é
oferecida.
A importância diminuída da mudança climática pela
imprensa brasileira também reflete como a pauta é
oferecida.
O aviso de pauta do Ministério do Meio ambiente [MMA] foi
publicado 1 vez em 9/9 no Twitter e teve só 2 retuítes. Devia
ter sido repetido até 11/9, diversas vezes a cada dia, com
variações de chamada, pra obter maior alcance conforme a
relevância da pauta.
A análise da cobertura da ratificação demonstra que o
Ministério do Meio Ambiente poderia diminuir a distância
entre a pauta e a imprensa com outros esforços de
relacionamento e influência qualificada e qualificadora.
Uma distribuição tímida vai ter uma cobertura
tímida.
Uma distribuição tímida vai ter uma cobertura
tímida.
Ainda mais a pauta que já não é tratada com a
devida importância, por não ser atrativa nem contar
com predominância de profissionais nas redações
com interesse e conhecimento atualizado em clima,
meio ambiente e sustentabilidade.
A cerimônia foi transmitida ao vivo pela TV NBR e
pelo Facebook do Palácio do Planalto. Teve cobertura
on line do Observatório do Clima e do Instituto
Socioambiental pelas redes sociais, com fontes
especializadas acessíveis.
A cerimônia foi transmitida ao vivo pela TV NBR e
pelo Facebook do Palácio do Planalto. Teve cobertura
on line do Observatório do Clima e do Instituto
Socioambiental pelas redes sociais, com fontes
especializadas acessíveis.
Tava fácil para a imprensa cobrir.
A participação do Observatório do Clima deu o conteúdo
explicativo do assunto pra consulta direta em tempo real,
sem que a produção precisasse dar um telefonema ou
mandar um zap sequer pra rechear suas matérias com
informações técnicas.
A participação do Observatório do Clima deu o conteúdo
explicativo do assunto pra consulta direta em tempo real,
sem que a produção precisasse dar um telefonema ou
mandar um zap sequer pra rechear suas matérias com
informações técnicas.
Detalhe que devia ter sido explorado na divulgação por
qualificar a cobertura e facilitar o entendimento da
relevância da pauta para jornalistas e editores leigos.
EUA, CHINA E É NÓIS NA HISTÓRIA
Por ser um dos maiores emissores de gases do efeito
estufa, o Brasil ratificar do Acordo de Paris teve
repercussão em jornais estrangeiros e na mídia
especializada internacional, inclusive influenciadores.
A repercussão lá fora não foi repercutida aqui. Se nem o
Ministério do Meio Ambiente bota valor nisso, quem vai
destacar?
A repercussão lá fora não foi repercutida aqui. Se nem o
Ministério do Meio Ambiente bota valor nisso, quem vai
destacar?
E aí é só mais do mesmo. Processo padrão, reprodução do
tratamento de diminuição que a imprensa já dá pra pauta
clima [e meio ambiente e sustentabilidade], desperdício de
oportunidade de ajudar a imprensa a ampliar a cobertura.
POUCO ESFORÇO PRA RELEVÂNCIA
Na busca no Google por “Brasil ratifica acordo de
Paris” há somente 11 ocorrências de notícias na
primeira página [em seguida 6 relacionadas ao tema,
de datas anteriores]. Entre elas, uma é da ONU, uma
do Portal Brasil e duas do Blog do Planalto.
O resultado indica que o assunto não bombou, ou melhor,
foi noticiado sem ser bombado na internet pela imprensa,
mesmo com sua enorme relevância pra a vida da gente.
O resultado indica que o assunto não bombou, ou melhor,
foi noticiado sem ser bombado na internet pela imprensa,
mesmo com sua enorme relevância pra a vida da gente.
O fato do Brasil ratificar o acordo do clima teve cobertura, foi
produzido conteúdo noticioso sobre o assunto, só que as
notícias tiveram pouco esforço de distribuição pra que
pudessem obter alto alcance e intensa circulação.
Esse esforço vai da força criativa no título à
quantidade de vezes que se publica nas redes sociais
e ao período de validade conferida ao conteúdo pela
importância e/ou potencial de render interação e/ou
gerar cliques em links [e levar pra publicidade que
financia os serviços de jornalismo].
O alcance seria maior se os meios tivessem
publicado suas notícias 10 vezes ao longo do dia em
suas redes sociais, como é feito com notícias sobre
futebol e boçalidades de celebridades.
Publicar mais 10 ou 20 vezes é dar a chance a um
número muito maior de brasileiros de saber mais
sobre o maior desafio que a humanidade tem que
enfrentar: o aquecimento global e as mudanças
climáticas.
Publicar mais 10 ou 20 vezes é dar a chance a um
número muito maior de brasileiros de saber mais
sobre o maior desafio que a humanidade tem que
enfrentar: o aquecimento global e as mudanças
climáticas.
E enfrentar hoje, não é conversa pra amanhã, é pra
gente chegar num amanhã melhorzinho.
Tocando a real, repetir dois dias, 20 vezes, é pouco.
Até porque nem é lá tão custoso o esforço
operacional para isso: crtl c/crtl v, hashtags e
programa os horários pra publicar automaticamente.
Tocando a real, repetir dois dias, 20 vezes, é pouco.
Até porque nem é lá tão custoso o esforço
operacional para isso: crtl c/crtl v, hashtags e
programa os horários pra publicar automaticamente.
O assunto nada atrativo tem que chegar em mais e
mais pessoas.
A função do jornalismo nessa empreita é estratégica.
As próximas gerações vão colher o que a gente semear no presente.
Veja mais da análise da cobertura da ratificação no artigo
publicado no Portal Envolverde e no Portal EcoDebate.
E, por gentileza, compartilhe.
QUAL O PROBLEMA DA IMPRENSA COM O CLIMA?ANÁLISE DA COBERTURA DA RATIFICAÇÃO DO ACORDO DE PARIS PELO BRASIL
Beatriz Diniz Criativa do Eco Lógico [conteúdo sem fins lucrativos, feito com amor desde 2009] e da Eii, Amoreco [comunicação de propósito]. Jornalista com Especialização em Gestão Ambiental, formação em Desenvolvimento Sustentável e Liderança em sustentabilidade nas cidades.@beatrizdiniz
Marcia PimentaFundadora do blog Pimenta no Meio. Produtora de conteúdo especializado. Craque em relacionar o cotidiano com meio ambiente e sustentabilidade. Jornalista com Especialização em Gestão Ambiental.@pimentamarcia
Gratas pela suaaudiência e validação!
Sobre a análise da cobertura da imprensa para a ratificação do Acordo de Paris
. Observação sobre jornais impressos e sites de notícias nos dias 12/9 e 13/9. Não inclui rádios.
. Pesquisa por apenas uma máquina de busca [Google] e uma combinação de palavras chave [link]. Em outras
máquinas de busca e com outras combinações de palavras deve ter resultados diferentes, inclusive com as
ocorrências dos meios especializados.
. Pesquisa no Google pela frase “brazil ratifies” [link].
. Pesquisa no Google pela frase “Brazil is now the next major country to move forward” [link].
. Monitoramento de impulso em apenas uma rede social, o Twitter. Consulta de registros no Twitter e em outras
redes sociais abrangeria, além de postagens, tagueamentos, compartilhamentos, curtidas, comentários.
. Acompanhamento da transmissão pelo Facebook do Planalto. Observação sobre comentários,
majoritariamente polarizados e sem nenhuma relação com o assunto.
. Observação sobre telejornais da tv aberta. Repercussão protocolar nos nacionais. Sem repercussão nos do Rio.
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