FACULDADE PITÁGORAS DE ENSINO SUPERIOR
ANDREZA BORGO
ANÁLISE DE CONTEÚDO:DEFINIÇÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS PRESENTES NO ALTEROSA
ESPORTE E GLOBO ESPORTE MINAS
Belo Horizonte 2011
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ANDREZA BORGO
ANÁLISE DE CONTEÚDO:DEFINIÇÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS PRESENTES NO ALTEROSA
ESPORTE E GLOBO ESPORTE MINAS
Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da Faculdade Pitágoras como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social
Orientador: Jacyntho Salviano
Belo Horizonte 2011
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AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus, por ter me dado força e fé para jamais desistir antes de tentar.
Agradeço à minha Vó Zilda, que não está mais aqui, mas é o principal estímulo para
que eu jamais desista, e que me deu o melhor presente da vida: minha mãe Cláudia,
minha tia Adriana e meu tio Carlos.
Agradeço a toda minha família, que é meu porto seguro, a minha base para a
construção da felicidade.
Agradeço ao meu orientador Jacyntho Salviano, pois sem ele minha pesquisa
poderia ser inviável. Ele me trouxe o encantamento com o tema dia após dia.
Agradeço aos meus amigos, aos que conheci na faculdade e aos que ganhei ao
longo da vida, eles me garantem muitos sorrisos.
E agradeço a todos aqueles que me apoiaram em toda minha vida, por terem
acreditado em minha capacidade de superar obstáculos.
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“Apesar de nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam por seus sonhos ou desistem deles.”
Augusto Cury
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RESUMO
Os motivos pelos quais uma produção jornalística se torna referência no
mercado da comunicação são diversos. Na televisão, as mudanças ao longo do
tempo são fundamentais para que uma produção se mantenha no ar e agrade ao
seu público-alvo. No jornalismo esportivo, a necessidade de acompanhar o
comportamento da sociedade é tamanha, que faz com que os telespectadores se
tornem participantes ativos na construção do jornalismo.
A audiência se faz cada dia mais atuante nas transformações de conteúdo no
jornalismo esportivo, e a interatividade permitida por alguns veículos de
comunicação é o retrato disso nos dias atuais. É ela que vai medir até que ponto um
programa agrada e convida o telespectador a participar, e qual é a parcela de
participação deste público nas mudanças implantadas nas produções.
Nesta pesquisa, expõe-se uma comparação entre os programas Alterosa
Esporte e Globo Esporte Minas, considerando-se as mudanças ocorridas em ambos
os programas e analisando as motivações para que estas transformações se
fizessem necessárias, a partir de observação teórica e prática do objeto de estudo.
Palavras-chave: Jornalismo, Esporte, Televisão, Interatividade, Audiência
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 7
2. OBJETIVOS ..................................................................................... 9
3. REFERENCIAL TEÓRICO ...............................................................10
3.1. Jornalismo ....................................................................................10
3.1.1. Jornalismo e Entretenimento ......................................................11
3.2. O Jornalismo na TV .....................................................................12
3.2.1. O controle da Audiência ..............................................................14
3.2.2. Cobertura local x Cobertura em Rede (Nacional): Amarras e Vantagens ................................................................
18
3.3. A Linguagem Telejornalística ....................................................20
3.3.1. O Formato ...................................................................................20
3.3.2. Artes Visuais ...............................................................................20
3.3.3. Linha Ideológica ..........................................................................21
3.3.4. A Linguagem e o Telejornalismo ................................................22
3.4. Esporte e Jornalismo ..................................................................24
3.4.1. O Esporte como Fonte de Lucro ................................................26
3.4.2. A Linguagem do Esporte.............................................................29
3.5. A Cobertura do Esporte na TV ......................................................30
3.5.1. O Papel do Comentarista Esportivo............................................31
3.6. O Globo Esporte Minas ..................................................................33
3.7. O Alterosa Esporte .........................................................................35
4. METODOLOGIA ...............................................................................37
5. ANÁLISE EMPÍRICA DO OBJETO DE ESTUDO ...........................41
6. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS ..............51
7. ANÁLISE DE DADOS ......................................................................59
12
8. CONCLUSÃO ...................................................................................64
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................67
ANEXOS ...............................................................................................70
APÊNDICES - de A a O........................................................................71
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: A equação do lucro para os clubes de futebol .................................. 27
Gráfico 1 – Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 04/04/2006 ................. 42
Gráfico 2 – Percentual de conteúdo Globo Esporte 04/04/2006 ..................... 43
Gráfico 3 – Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 29/04/2008 ................. 44
Gráfico 4 – Percentual de Conteúdo Globo Esporte 29/04/2008 .................... 45
Gráfico 5 – Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 05/10/10 .................... 46
Gráfico 6 – Percentual de Conteúdo Globo Esporte 05/10/10 ........................ 47
Gráfico 7 – Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 16/05/2011 ................ 49
Gráfico 8 – Percentual de Conteúdo Globo Esporte 16/05/11 ........................ 50
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1. INTRODUÇÃO
Em tempos em que a internet surge com força total como veículo de
comunicação e propagação da informação, fazer o jornalismo diário na televisão
torna-se uma tarefa que exige compromisso e dedicação. O esporte está
diretamente ligado ao entretenimento nas diversas camadas da sociedade e se
associa à mídia como um elemento de informação a partir do momento em que atrai
a atenção de grande parte da população. Ao mesmo tempo, é um instrumento de
lazer, que encontra possibilidades que vão além da competição.
O jornalismo esportivo é caracterizado pela irreverência e popularidade que
promove na mídia, e assim, estimula a aproximação entre os veículos de
comunicação e seu público-alvo. Aliando o bom-humor à preocupação com a ética
da profissão, o jornalista esportivo encontra uma série de desafios diariamente.
Nesta pesquisa, há diversas análises relacionadas à comunicação
direcionada para o esporte, a partir da escolha dos programas Alterosa Esporte, da
TV Alterosa, e Globo Esporte Minas, da TV Globo Minas, e a história que existe
entrelaçada entre essas duas produções que vão ao ar, diariamente, na hora do
almoço do telespectador mineiro.
Diversos programas telejornalísticos que se destinam à cobertura esportiva
atualizam-se ao longo dos anos para adquirir características que agradem e
convidem o público a acompanhar sua produção. Mas no caso específico do
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Alterosa Esporte e do Globo Esporte Minas, há semelhanças que vão além daquelas
estabelecidas pelas teorias do jornalismo e do esporte; são conseqüências da
corrida diária em busca de audiência, que faz com que os formatos, linguagens e
conteúdos destes dois programas sejam construídos a partir da relação com a
concorrência e com o público. Sendo assim, pretende-se, neste estudo, definir a
resposta para a pergunta “Porque são utilizados os atuais formatos presentes no
Alterosa Esporte e no Globo Esporte Minas?”
Entre a paixão pelo esporte e os limites éticos, há uma série de conceitos
envolvidos entre a comunicação e a polêmica, sempre pautados em um mesmo
objetivo: a transmissão da informação como meio de atingir e aumentar a audiência.
Ter o topo do Ibope como meta exige atenção diária a uma série de processos como
a busca por inovações tecnológicas, por uma linguagem que convide o público a
assistir e a interagir na construção do jornalismo, mesmo que de forma limitada, pois
o desejo da maior parcela da audiência é se sentir representada na tela da TV. Se o
telespectador se sente representado, ele se fideliza, e audiência fidelizada é garantia
de receita publicitária.
Para quem se dedica à pesquisa, o assunto abordado aqui é o passaporte
para um labirinto a ser percorrido, para que haja uma arquitetura bem projetada na
construção de relações que influenciam as mudanças de conteúdo no jornalismo
esportivo. Além disso, é a oportunidade concreta para aplicar os conceitos teóricos
abordados durante a graduação, trazendo-os para o jornalismo esportivo, que há
tempos é uma paixão platônica.
A cada semestre da habilitação, os estudantes são estimulados a direcionar
seus próprios objetivos profissionais. Esta é uma abertura de porta para quem se
interessa pelo jornalismo esportivo, pois aqui serão encontradas diversas
possibilidades de aprofundamento de estudo, pois, no meio acadêmico, este é um
campo a ser desbravado.
No âmbito mercadológico, esta análise é a ligação entre o jornalismo, a
audiência, a publicidade e, consequentemente, à geração de receitas para o lucro
dos meios de comunicação, assim como também para o desenvolvimento e
aprimoramento de cada formato. E para a sociedade, é uma contribuição para que
todo cidadão possa começar a entender o tamanho da influência dele na mídia e nos
meios de comunicação de massa, a partir do momento em que se considera o
telespectador como participante ativo na construção da realidade, mesmo que ainda
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parcialmente, em um momento cultural em que a interatividade é a aposta de
diversas produções televisivas.
Neste estudo, relações entre o jornalismo, a televisão e o esporte trazem
conceitos modernos sobre os quais cabe uma série de análises e considerações.
Este é um convite ao aprofundamento em diversas segmentações que levam ao
entendimento da influência exercida pela audiência no mercado midiático.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Estabelecer relações comparando o conteúdo jornalístico presente no Alterosa
Esporte e no Globo Esporte Minas.
2.2. Objetivos específicos
• Definir o conteúdo teórico relacionado ao telejornalismo esportivo;
• Caracterizar definições acerca do jornalismo esportivo;
• Descrever características presentes nos programas Alterosa Esporte e Globo
Esporte Minas
• Relacionar as semelhanças e diferenças existentes entre o Alterosa Esporte e
o Globo Esporte Minas;
• Determinar as motivações para utilização desses formatos a partir de
observação e entrevistas;
• Determinar o impacto da utilização de técnicas jornalísticas junto ao público e
aos índices de audiência;
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3. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste item, apresenta-se o embasamento teórico a ser utilizado na realização
desta pesquisa. Aqui, encontram-se as principais definições a serem co-
relacionadas neste estudo, baseando-se nas teorias do telejornalismo e jornalismo
esportivo, com conceitos restritos, mas que permitem associações entre si.
3.1. Jornalismo
O jornalismo é o ramo da comunicação que tem por função trabalhar com a
informação e direcioná-la ao público. De acordo com definições da área da
comunicação, jornalismo é “a atividade profissional que consiste em lidar com
notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também define-se o
Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre
eventos atuais.” (Abiinter¹). Assim, é uma prestação de serviço à sociedade, estando
à margem dela e se apoiando em seus conceitos morais e éticos.
A comunicação e suas vertentes acompanham o processo de
desenvolvimento da sociedade, moldando as relações sociais e sendo moldadas por
elas. Estas transformações se intensificaram com o surgimento da tendência de
globalização mundial, que acompanhou o aparecimento da modernidade. No mundo
pós-moderno, temos uma comunicação inter-relacionada ao contexto social,
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econômico e tecnológico, e a mídia, aqui representada pelo jornalismo, é o canal
que liga a sociedade à esfera global.
O jornalismo, em particular, é a linguagem que codifica e universaliza a cultura hegemônica e legítima à lógica do mercado. Os jornais, radiojornais, tele-jornais e net jornais pulverizam os signos e ícones da nova era, desenvolvendo um novo estágio no processo de colonização cultural mundial, principalmente em relação a nações periféricas. (MARSHAL, 2003, p.23)
Observa-se, então, algumas dificuldades na evolução do jornalismo, uma vez que as mudanças ocorrem de forma veloz nos dias atuais, o que leva a uma rápida obsolescência de conceitos e padrões: o que hoje é novo, pode se tornar
¹ Associação Brasileira de Imprensa Internacional - http://www.abiinter.com/node/63antigo em um curto espaço de tempo. Além disso, aspectos financeiros colocam as
empresas de comunicação jornalística em uma espécie de “corda bamba”, em que é
preciso agradar a patrocinadores, fontes, personagens, e outros.
A evolução dos meios de comunicação, por sua vez, trouxe vantagens à
produção jornalística, que pode contar com recursos tecnológicos diversos para
acompanhar a rapidez em que a sociedade se desenvolve, e o desejo por
informações velozes, manifestado pelo público. Porém, também houve grandes
perdas, conforme cita Marshal (2003):
A cobertura das notícias mais sérias, que exige maior investigação e maior profundidade, foi trocada por notícias de entretenimento, que tem maior efeito sobre a audiência e custam bem menos à empresa. (MARSHAL, 2003, p. 27)
Isto implica na exaltação do efêmero e na valorização da diversão no
jornalismo, que então passou a ser mesclada à grande gama de informações que
são fornecidas ao público quase que instantaneamente. Desta forma, a notícia
ganhou novos artifícios e o jornalista passou a ter uma postura diferente diante dos
fatos.
3.1.1. Jornalismo e Entretenimento
A principal mercadoria do jornalismo é a notícia. E, para se definir de forma
objetiva o que é noticia, é necessário recorrer às definições dos dicionários de
comunicação¹, em que notícia é o “relato dos fatos ou acontecimentos atuais, de
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interesse e importância para a comunidade e capaz de ser compreendido pelo
público”¹.
Enquanto mercado produtor, o jornalismo se encarrega de informar de acordo
com a necessidade expressa pelos gostos e hábitos de seu público, conforme cita
Squirra (2004):
O público da informação deseja, sempre que possível, saber o que se passa no lugar onde vive, no seu país, e também no resto do mundo. Podemos afirmar que o público da televisão está aberto às informações e ao processo de comunicação das informações.(SQUIRRA, 2004, p.49)
¹ Dicionário de Comunicação, Ed. Codecri, Rio de Janeiro, p. 1978,p.324)
No jornalismo esportivo, é grande a utilização da informação como forma de
entretenimento, já que as produções esportivas constantemente estimulam o
aspecto lúdico das competições, tanto dentro quanto fora de campo ou quadra.
Porém, o entretenimento não pode ser confundido com sensacionalismo, pois, de
acordo com Tófoli (2008, p.47): “... é preciso estar atento para não cair na tentação
de sensacionalizar. Afinal de contas, a prática remonta há centenas de anos e tem
sido rotina no jornalismo”.
Assim, é necessário lidar com os fatores que não condizem ao relato fiel dos
fatos e acabam por dar lugar aos interesses particulares e econômicos de veículos
de comunicação ou até mesmo de grupos de investimento, e ter um cuidado peculiar
para que a produção jornalística atenda à necessidade do veículo e do público.
Na televisão, esta produção jornalística é cuidadosa e tem características
próprias, conforme expõe-se a seguir:
3.2. O Jornalismo na TV
Desde o início das transmissões, foram inúmeras as transformações ocorridas
na comunicação televisiva. A história deste meio de comunicação é extensa, mas
pode-se destacar que:
Durante a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da tecnologia da televisão sofreu uma parada. Mas, entre o final dos anos 40 e o começo dos 50, a TV entrou na vida de praticamente todos os países e se firmou como meio de informação e comunicação de massa. O telespectador já tinha a
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garantia da boa imagem e a indústria começou a se preocupar com os aperfeiçoamentos, que duram até hoje. (PATERNOSTRO, 2006, P. 24)
A partir de 1940 a televisão passou a ter um sistema totalmente eletrônico.
Muitos avanços fizeram com que este meio ganhasse notoriedade junto ao público,
como a possibilidade de fornecer imagens quase que instantaneamente e a
transformação do espectador em participante efetivo no processo de comunicação,
por exemplo.
Hoje, a televisão é a mídia de maior audiência no país, de acordo com dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005¹), cerca de 93% dos
lares brasileiros possuem ao menos um aparelho de TV, por isso, a mídia televisiva
¹ http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/indic_culturais/2005/indic_culturais2005.pdf
passa a ser uma importante fonte de informação da grande massa. Fazer a notícia
na TV para este grande público se torna uma tarefa que exige cada vez mais
comprometimento com as novas técnicas e regras da produção jornalística.
Paternostro (2006) identifica as necessidades do espectador ao procurar a
informação na mídia televisiva:
Quando o telespectador liga a televisão para assistir a um telejornal ele quer se informar, saber as notícias. E sabe que será por meio da imagem. Muitas vezes, quando existe uma imagem forte de um acontecimento, ela leva vantagem sobre a palavra. Ela é suficiente para transmitir, ao mesmo tempo, informação e emoção. (PATERNOSTRO, 2006, p.85)
Esta consideração de Paternostro nos mostra uma característica específica e
restrita à televisão, que oferece o recurso da imagem, sendo conectado ao som
emitido pelo narrador da notícia para satisfazer a necessidade do espectador pela
informação e, ao mesmo tempo, ilustrar os acontecimentos noticiosos de maneira
precisa.
E como citam Mouillard e Porto (2002):
Ao contrário da construção da realidade nos cenários de realidade virtual, o jornalismo procura representar a realidade dos fatos, operando, assim, uma virtualização da realidade sem, contudo, ficcioná-la. Não se trata, então, de uma realidade proposta (hiper-real), mas de uma realidade testemunhal, seja a cobertura direta de um acontecimento, seja a reportagem dos fatos através de fontes que sabem dos fatos, são parte dos fatos, ou presenciam os fatos. (MOUILLARD; PORTO, 2002, p. 257)
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Assim, pode-se considerar que o telespectador é um agente fundamental para
colocar o telejornalismo exatamente na linha tênue que delimita até que ponto o
jornalismo produz a virtualização da realidade sem que ele se misture com a ficção,
com o público sendo testemunha constante desse processo de representação.
Ainda abordando a diferenciação que precisa ser feita entre o real
acontecimento e sua apresentação como notícia, agora no que diz respeito à
linguagem utilizada, Zanchetta Jr. (2004) apresenta o seguinte argumento:
Embora pareça coloquial, e portanto mais compreensível à maioria dos brasileiros, o texto lido na televisão não pode ser confundido com a linguagem falada. Trata-se de uma cuidadosa produção escrita com roupagem coloquial. Somado aos expedientes narrativos, esse artifício é importante para mostrar o telejornal como construção simbólica, deixando entrever decisões editoriais que distanciam a notícia do fato. (ZANCHETTA JR, 2004: p.107)
A linguagem da notícia na televisão é próxima daquela presente no jornal
escrito, pela escala de importância dos componentes do lead e pela atenção dada a
ele, e mesmo que a forma como o texto é apresentado na TV não externe todo o
processo de produção, o texto verbal sofre influência direta dos dados que sua linha
editorial pretende ressaltar. E em razão da disponibilidade de recursos tecnológicos
e até mesmo do tamanho de uma equipe, esta produção pode sofrer alterações que
interferem diretamente no modo de fazer o telejornalismo.
Devido às condições de disponibilidade de imagens, à política de um veículo
ou até mesmo à rapidez exigida para a realização deste trabalho, há alterações que
interferem diretamente na forma como este produto jornalístico será produzido, com
o texto verbal sempre entremeando-se com imagens para dar forma a um produto
que será veiculado na televisão com o objetivo de cumprir com o dever da
informação e, ao mesmo tempo, assegurar a audiência dessa publicação.
3.2.1. O controle da audiência
O jornalismo é considerado o mercado da informação, e como tal, precisa ter
a notícia como principal produto e lucrar com isto, para que a empresa de
comunicação se mantenha. Mas então, de onde vem os investimentos do mercado
jornalístico? Esta resposta depende de uma série de fatores co-relacionados, que
têm como instituição fundamental a audiência.
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O índice de audiência é a sanção do mercado, da economia, isto é, de uma legalidade externa e puramente comercial, e a submissão às exigências desse instrumento de marketing é o equivalente exato em matéria de cultura do que é a demagogia orientada pelas pesquisas de opinião em matéria de política. A televisão regida pelo índice de audiência contribui para exercer sobre o consumidor supostamente livre e esclarecido a pressões do mercado, que não têm nada da expressão democrática de opinião coletiva esclarecida, racional, de uma razão pública, como querem fazer crer os demagogos cínicos. (BORDIEU, 1997, pp.96,97)
Sendo assim, é necessário considerar o que está implícito no espetáculo,
uma vez que a busca por espectadores estimula a relação entre telespectador,
produtor e patrocinador, como ocorre no telejornalismo esportivo, em que as
produções consideram as preferências do público a partir dos índices de audiência,
considerando este público como uma grande massa homogênea.
Todas as empresas privadas jornalísticas vêem o jornalismo como um negócio. As receitas provêm basicamente das vendas e da publicidade. O espaço ocupado pela publicidade acaba intervindo na produção do produto jornalístico. Na televisão, por exemplo, a publicidade impõe sobretudo a lógica das audiências: mais audiência, mais receita. (VIZEU, 2003, p. 8)
Diante disto, observa-se que o lucro muita vezes é um critério levado em
consideração para a definição de o que é notícia. E assim, a notícia acaba sendo
inserida como uma mercadoria na relação entre o produtor e o cliente, mas passa a
atender em grande parte à necessidade do cliente, ao invés de atender
essencialmente às expectativas do público.
A audiência é uma peça fundamental para que um programa permaneça no ar
em um grande intervalo de tempo, e é necessário que ela estabeleça uma relação
estratégica com diversas operações enunciativas como: atualidade, objetividade,
interpelação, leitura e didática. Neste sentido, o desafio da TV é produzir uma
informação que seja transmitida em linguagem coloquial e correta, o que demonstra
a grande preocupação dos jornalistas com a didática e suas relações com a
audiência.
Se o telespectador se desligar, não há desculpas: o erro foi nosso. Quanto mais as palavras (ou o texto como um todo) forem ‘familiares’ ao telespectador, maior será o grau de comunicação. As palavras e as estruturas das frases devem estar o mais próximo possível de uma conversa. Devemos usar palavras simples e fortes, elegantes e bonitas, apropriadas ao significado e à circunstância da história que queremos contar. (PATERNOSTRO, 1999, p.78)
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É preciso abandonar a visão obsoleta e subjetiva que a mídia em geral possui
a respeito da audiência, que “considera o telespectador como passivo diante de um
televisor, quase sem vida ou energia até mesmo para mudar os canais”, conforme
cita ARMES (1999) e passar a considerar o espectador como participante ativo da
configuração que relaciona mídia e público. Da mesma forma, a homogeneidade da
massa precisa ser reanalisada sob diversos pontos de vista, com a visão de que
cada telespectador tem interesses particulares.
Os sons e imagens da mídia têm credibilidade para uma audiência apenas à medida que atendam algumas das condições normais de percepção. Isso, vale dizer, que nos ofereçam material numa forma que, até certo ponto, se aproxime das formas como percebemos o mundo. Portanto, para contar uma história convincente ou mostrar um documentário, o produtor precisa estruturar um padrão de sons e imagens que estimule a receptividade ativa. Em outras palavras, os sistemas inventados para registrar o mundo tornam-se sistema de representação quando usados para criar obras ficcionais ou documentais. (ARMES, 1999, p. 149)
A relação que cada programa tem com sua audiência é única. O público que
está habituado a assistir determinada programação sabe exatamente o que esperar
e de que forma as informações chegarão a ele. Assim, a audiência se manifesta a
partir do que é exibido na tela da TV. O convívio estabelecido entre o programa e o
espectador nasce através de vínculos próprios, como a linguagem e o enredo, que
recebem influência do contexto textual, social e do direcionamento das mensagens.
Desta forma, observa-se a participação do telespectador como membro ativo
da formatação e transformação da mídia, que exerce influência a partir da expressão
de suas opiniões e sua busca pela informação satisfatória. O espectador passa,
então, a ter este contato com a notícia proporcionado pela evolução dos meios de
comunicação, que facilitou o acesso à informação. Esse indivíduo receptor passa a
selecionar as informações que lhe agradem por meio de critérios de noticiabilidade,
como os descritos por Souza (2001):
• Proximidade (Quanto mais próximo ocorrer um acontecimento, mais
probabilidades tem de se tornar notícia. A proximidade pode assumir várias
formas: geográfica, afetiva, cultural, etc.);
• Momento do acontecimento (Quanto mais recente for um acontecimento, mais
probabilidades tem de se tornar notícia.);
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• Significância (Quanto mais intenso ou relevante for um acontecimento, quantas
mais pessoas estiverem envolvidas ou sofrerem consequências, quanto maior for
a sua dimensão, mais probabilidades tem de se tornar notícia; além disso, quanto
menos ambíguo for um acontecimento, mais probabilidade tem de se tornar
notícia.);
• Proeminência social dos sujeitos envolvidos (Quanto mais proeminentes
forem as pessoas envolvidas num acontecimento, mais hipóteses ele tem de se
tornar notícia.);
• Proeminência das nações envolvidas nas notícias (Quanto mais
proeminentes forem as nações envolvidas num acontecimento internacional, mais
probabilidades ele tem de se tornar notícia.);
• Consonância (Quanto mais agendável for um acontecimento, quanto mais
corresponder às expectativas e quanto mais o seu relato se adaptar ao médium,
mais probabilidades tem de se tornar notícia.)
• Imprevisibilidade (Quanto mais surpreendente for um acontecimento, mais
hipóteses terá de se tornar notícia.);
• Continuidade (Os desenvolvimentos de acontecimentos já noticiados têm
grandes probabilidades de se tornar notícia.);
• Composição (Quanto mais um acontecimento se enquadrar num noticiário
tematicamente equilibrado, ou seja, num noticiário com espaço para diversos
temas, mais probabilidades tem de se tornar notícia);
• Negatividade (Quanto mais um acontecimento se desvia para a negatividade,
mais probabilidades tem de se tornar notícia.)
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No jornalismo diário, estes critérios são presenças constantes na produção da
notícia, e aparecem em todas as editorias. Mas no caso do jornalismo esportivo, a
expectativa do público é diferente.
Em geral, os telespectadores dos programas esportivos já assistiram as transmissões dos jogos, o que significa que eles já possuem a informação básica sobre o evento. Por isso, a expectativa com relação ao jornalismo dos programas é de obter os comentários dos especialistas sobre a partida. Ainda que o objetivo central seja dar um panorama geral as partidas, como é o caso do Globo Esporte, a opinião é inserida de forma sutil através de adjetivações, expressões faciais e por uma avaliação feita pelos repórteres acerca do campo esportivo. Outros programas, como o Bate-Bola¹ trazem os comentários de forma mais explícita e se constroem com base nesses comentários. (SILVA, 2005, p. 14)
Esta é a oportunidade chave para que o jornalismo esportivo seja um produto diferenciado. Em geral, os programas esportivos possuem uma grande carga de comentários como forma de notícias coloquiais, com uma linguagem improvisada,
¹ Programa esportivo da Rede de Televisão ESPN Brasilutilizada por especialistas do esporte na tentativa de aproximação ao desejo do
público.
Visto isto, as produções jornalísticas, inclusive as esportivas, se baseiam na
preferência do telespectador a partir de uma série de conceitos teóricos para, assim,
atrair a audiência e poder controlá-la, absorvendo os investimentos da publicidade,
que irá atingir o público, e assim segue-se um ciclo infindável.
Toda produção jornalística passa por uma série de processos construtivos.
Neste sentido, o tipo de cobertura a ser realizada influencia nesta construção. A
seguir, observam-se características que distinguem as coberturas locais e nacionais.
3.2.2. Cobertura Local x Cobertura em Rede (Nacional): Amarras e Vantagens
Uma das características que mais influencia a linha editorial e o produto final
de um programa jornalístico é a hierarquia existente em cada veículo. Se a
comunicação é, de forma geral, direcionada para a massa, muitos aspectos serão
comumente encontrados em toda e qualquer veiculação.
De acordo com Wolf (2003):
A massa é constituída por um conjunto homogêneo de indivíduos que, enquanto seus membros são essencialmente iguais, indiferenciáveis,
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mesmo que provenham de ambientes diferentes, heterogêneos, e de todos os grupos sociais. (WOLF, 2003, p.7)
Com o avanço da tecnologia, a televisão pode se preparar para uma
cobertura em âmbito nacional, tanto no que se refere ao entretenimento, quanto à
publicidade. Esta abrangência de rede, com programação nacional, pode trazer uma
série de vantagens para uma produção telejornalística, conforme citam Barbeiro e
Lima (2003):
Participar de uma transmissão jornalística em rede pressupõe a formação de uma equipe bem treinada de técnicos e jornalistas – chefe de reportagem, coordenador, apresentador, locutor, produtor, redator, editor de entrevistas, operador da mesa de áudio e operadores da central técnica. Quanto mais tempo ao vivo, maior a necessidade e integração da equipe. A mesma operação vale para coberturas especiais, transmissões ao vivo de acontecimentos importantes, políticos, esportivos ou mesmo prestação de serviço em situações excepcionais, como chuvas, enchentes, etc. (BARBEIRO; LIMA, 2003. p.49)
Mesmo sofrendo influência de uma programação de rede, um programa
telejornalístico pode ter alguns regionalismos e notícias próprias, já que a
proximidade com os fatos é um dos critérios para atrair o público. Ainda assim, um
programa jornalístico que compartilha e usufrui de matérias veiculadas por todo o
país, traz um conteúdo diferenciado para a mídia, a partir do momento em que se
considera a amplitude dessa mídia geradora de informações e os recursos gráficos e
tecnológicos de que detém, o que, muitas vezes, é uma das deficiências dos
jornalismos locais que precisam produzir em sua totalidade o conteúdo a ser
disseminado.
Contudo, o improviso na linguagem e nas transmissões é uma das
características que pode dar leveza ao jornalismo esportivo. Por isso, deve-se ter um
cuidado especial ao trabalhar as notícias locais e a hierarquia advinda da rede. Esta
última, que pode vir a prender a cronologia dos fatos dentro de um programa, já que,
geralmente, é a rede quem determina o espaço da linha do tempo em que os fatos
serão noticiados.
Em contrapartida, um programa jornalístico totalmente destinado à cobertura
local oferece ao público um leque maior de notícias regionais e, portanto, próximas à
realidade do telespectador alvo da mensagem, que poderá encontrar maior
identificação com os fatos expostos, já que a proximidade é também um dos critérios
de noticiabilidade. Ao mesmo tempo, esse jornalismo regional possibilita diversas
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coberturas que não precisam necessariamente obedecer a um padrão previamente
determinado. A respeito disso, escreve Siqueira (1999):
Por meio de categorias de tempo e espaço, pode-se mostrar como os programas jornalísticos trabalham com séries de oposições simbólicas, como locais por oposição a global, ou nacional e mesmo internacional. Programas como o RJ-TV, de cobertura local, e Jornal Hoje, de cobertura nacional, atestam isso. Dessa forma, criam-se formas de diferenciação por meio dessas oposições. A rotina estabelecida pelos horários cria ritualisticamente a noção da divisão do tempo e espaço ao longo do dia. (SIQUEIRA, 1999, p. 93)
Se estas observações dizem respeito ao jornalismo diário, no jornalismo
esportivo não seria diferente. Para que cada programa crie sua identidade e veicule
notícias de forma a alcançar a sua massa receptora, é necessário que seu conteúdo
abranja a linha editorial predominante em cada veículo, aceitando, é claro, os
improvisos e alternâncias, inerentes a linguagem esportiva, que anseia por um
conteúdo mais descontraído.
3.3. A Linguagem Telejornalística
Neste tópico, abordam-se características de linguagem específica da
televisão, com conceitos que abrangem a formatação do texto deste meio de
comunicação.
3.3.1. Formato
Na televisão, o texto é escrito para ser falado e precisa conter um forte
aspecto de instantaneidade, para que o telespectador absorva e se interesse
rapidamente pela mensagem que está sendo transmitida. Sobre a diferenciação
entre o texto de um jornal impresso e um texto de telejornal, Paternostro (2006, p.85)
afirma que: “são duas maneiras distintas de produzir informação, com o mesmo
objetivo. Formatos diferentes, com o mesmo conteúdo”.
Além de dar ênfase à sonoridade das palavras no texto de TV, Paternostro
(2006), cita ainda que:
Em telejornalismo, a preocupação é fazer com que texto e imagem caminhem juntos, sem um competir com o outro: ou o texto tem a ver com o que está sendo mostrado, ou não tem razão de existir, perde a sua função. O papel da palavra não é brigar com a imagem. (PATERNOSTRO, 2006, p.85)
27
Ou seja, a TV tem suas características próprias quando se dedica a produzir o
telejornalismo, e aí, a imagem vista como seu principal artifício, precisa ser encarada
como uma aliada do texto a ser lido, mas para isto, conforme conclui Paternostro
(2006, p.89): “A sensibilidade aliada ao bom senso, que todo jornalista deve ter, vai
indicar como e quando esses recursos precisam ser usados”.
3.3.2. Artes visuais
Um dos aspectos presentes na televisão que atrai a atenção de seus
espectadores são as artes visuais. Um diferencial importante para o sucesso da TV
no mundo.
A natureza eletrônica da televisão por si só já a aproximou de certas tendências mais avançadas da arte contemporânea que trabalhavam com a sintetização da imagem e com o grafismo eletrônico gerado pelo computador. O casamento da televisão com a op/ pop/ vídeo/ computer foi inevitável e dele nasceu esse rebento sedutor que é o grafismo televisual. (MACHADO, 2003, p. 199)
Estes artefatos permitem que o produto telejornalístico tenha um ‘rosto’
definido e possa atrair a percepção do público através da identidade dessa
produção. Ainda de acordo com Machado (2003):
Em televisão, denomina-se grafismo (trad.) todos os recursos visuais, em geral dinâmicos e tridimensionais, destinados a construir a “identidade” visual da rede, do programa ou dos produtos anunciados, bem como também as apresentações de créditos, as chamadas e toda sorte de elementos visuais que se sobrepõem às imagens figurativas captadas pelas câmeras. O que chamamos de grafismo agora já não está apenas na abertura: ele contamina todo o fluxo televisual até integrar-se à estrutura do enunciado como um todo. (MACHADO, 2003, p. 199)
Sendo assim, pode-se considerar que, como veículo das massas, as artes ou
grafismos virtuais são de grande contribuição ao campo da visualidade, e estimulam
a sensibilidade e o gosto coletivos, uma vez que fazem parte do conjunto que é
exibido na tela dos televisores diariamente. Aliada a isto, está a ideologia própria de
cada veículo, que contribui para dar forma à produção.
3.3.3. Linha ideológica
28
Toda e qualquer produção jornalística é influenciada pela ideologia
característica do veículo em que é transmitida, enquanto formadora de ideias.
Atualmente, muito mais que nas redações, as organizações que se dedicam ao
telejornalismo se tornaram empresas, que precisam obedecer a critérios ideológicos
e organizacionais. Isso vai depender dos interesses do veículo, se é financiado por
investimentos privados, ou se há participação do estado nesta hierarquia, por
exemplo.
Há empresas de comunicação privadas, que se estabelecem a partir de
investimentos particulares, e há os veículos de comunicação de iniciativa pública,
que têm investimentos do Estado em sua manutenção.
A principal característica das empresas públicas de comunicação é o comprometimento com o interesse público considerando o telespectador ou ouvinte um cidadão e não apenas um consumidor de notícias como um outro produto qualquer. Não se trata de “satanizar” as emissoras privadas produtoras de notícias. É apenas o entendimento da natureza de cada empresa. A emissora particular tem a preocupação, em última análise, de gerar resultados. Um dos caminhos é a obtenção de audiência e isso pode custar a produção de programas de baixo nível cultural ou de comprometimento social e político. A programação de uma empresa privada não é necessariamente de má qualidade, mas tem seus limites estabelecidos pelos acionistas e pela publicidade. (BARBEIRO; LIMA, 2002, p. 52)
Estes aspectos econômicos influenciam diretamente a produção jornalística
que vai ser transmitida aos telespectadores. Ao mesmo tempo, é extremamente
necessário que estes investimentos estejam implícitos na veiculação de cada
notícia. Isso é essencial para que o jornalismo cumpra seu papel de informar sem
perder suas características de imparcialidade e integridade. Pois, por mais que esta
seja uma tarefa difícil, visto o jogo de interesses dentro dos veículos, o compromisso
com a ética jornalística tem que ser uma meta constante.
3.3.4. A Linguagem e o Telejornalismo
Na comunicação enquanto âmbito de transporte de informações, há
elementos que implicam diretamente no processo de transmissão de uma
mensagem: o emissor, o destinatário, o referente, o canal (ou contato), o código e a
29
mensagem. E, segundo Vanouye (2003), a cada um desses seis elementos
corresponde uma função lingüística:
• A função expressiva, centrada no destinador (ou emissor) da mensagem,
exprime a atitude do emissor em relação ao conteúdo de sua mensagem e da
situação;
• A função conativa, que se orienta para o destinatário, cujas manifestações
mais evidentes são os imperativos e vocativos;
• A função referencial ou denotativa, que está centrada no referente;
• A função fática, que está centrada no “contato” (físico ou psicológico). Tudo o
que numa mensagem serve para estabelecer, manter ou cortar o contato
(portanto a comunicação);
• A função metalingüística, que está centrada no código, o que, numa
mensagem, serve para dar explicações ou precisar o código utilizado pelo
destinador;
• A função poética, que se refere à própria mensagem, e coloca em evidência o
lado palpável dos signos.
Vanoye (2003) observa, ainda, que:
As seis funções da linguagem não se excluem, mas também não se encontram todas reunidas necessariamente numa mensagem. Aliás, é muito raro encontrar numa mensagem apenas uma dessas seis funções. Frequentemente elas se superpõem. (VANOYE, 2003, p. 59)
Sendo assim, pode-se observar que as funções linguísticas aqui expostas se
conjugam na tarefa de formar uma mensagem eficaz a ser transmitida, a fim de que
se cumpram os objetivos principais do emissor, que, no caso do jornalismo, incluem
a comunicação efetiva aliada à prestação de serviços.
30
Na televisão, o olhar também direciona a percepção que o telespectador tem
do que está sendo transmitido a ele. Por isto, ela exige uma relação constante entre
fala e imagem, alternando-se em significância. Neste aspecto, sensibilidade e
evocação trabalham juntos e, ao mesmo tempo, com certa autonomia, para que daí
nasça a significação de uma mensagem.
Assim, não há, para a significação televisiva, imagem em estado puro como poderia ser o caso em algumas criações figurativas da fotografia ou das artes plásticas. A imagem televisionada tem uma origem enunciativa múltipla com finalidades de construção de um discurso ao mesmo tempo referencial e ficcional. (CHARAUDEAU, 2006, p. 110)
Estas afirmações colocam o jornalista como personagem principal e
responsável pelo sentido que uma notícia adquire ao ser transmitida, a partir da
relação existente entre os itens orquestrados em uma produção, sempre
considerando os objetivos do transmissor da informação, no caso, o próprio
jornalista.
Isso explica a relação particular que se instaura, na televisão, entre imagem e fala, a qual pode ser constatada no fato de que o telejornal pode ser ouvido sem ser olhado, como se se tratasse de informações do rádio, e no fato de que, se fizermos uma comparação entre os canais, as mesmas imagens tomam um sentido diferente conforme o comentário que as acompanha. (CHARAUDEAU, 2006, p. 110)
Assim, voltamos a referências sobre a linha ideológica de cada veículo, ao
texto de cada repórter e, é claro, ao formato de cada produto telejornalístico, que
são diretamente influenciados pela linguagem aí empregada. No caso do segmento
de esportes, o jornalismo segue referências distintas, expostas a seguir.
3.4. Esporte e Jornalismo
Quando o esporte surgiu no país, no século 19, teve um destaque tímido nas
veiculações jornalísticas, e com a chegada do futebol por aqui, não havia a garantia
de que ele se tornaria a paixão nacional. De acordo com Coelho (2009):
Provavelmente nenhum palpite de comentaristas antes da Copa do Mundo
de 2002 foi tão furado quanto o do escritor Graciliano Ramos, no início de
século XX. Graciliano parecia convencido de que o jogo dos ingleses não
iria conquistar adeptos no Brasil. Talvez o maior engano da história do
esporte brasileiro. (COELHO, 2009, p. 7)
31
Mas conforme completa o autor, “em 1925, o futebol já era o esporte nacional.
O Brasil havia sido bi-campeão sul-americano em 1919 e em 1922, faltavam apenas
cinco anos para o início da primeira Copa do Mundo, mas o profissionalismo só
chegaria ao país oito anos mais tarde”. (COELHO, 2003)
Quando esta cultura entrou para ficar de vez na dinâmica do Brasil, as
redações foram, ao longo do tempo, se adaptando para ter espaço destinado a esta
produção do jornalismo esportivo, que requer cuidado com suas peculiaridades, pois
levar o esporte até a mídia de maior audiência nacional significa atender a uma
necessidade social e, ao mesmo tempo, buscar alcançar os objetivos do veículo, a
fim de que se mantenha o sucesso da disseminação destes conteúdos para a
grande massa e para que a comunicação seja bem feita.
Melo (2003) reflete sobre este cruzamento:
Essa convergência ocorre no momento em que o segundo(esporte) se converte em conteúdo da primeira (televisão). Ou melhor, quando o esporte supera o âmbito de lazer individual ou grupal e se torna uma atividade coletiva, perfilando o universo do lazer de massas. (MELO, 2003, p.112)
Ou seja, transmitir a informação jornalística quando se trata de esporte,
significa se preocupar não só com o cidadão visto de maneira individual, mas com a
grande parcela do público que representa a audiência das massas. Também por isto
é preciso lidar com a necessidade de se dividir o que é paixão e o que é realmente o
fato a ser noticiado na TV, tarefa difícil de ser realizada na televisão brasileira,
devido a fatos como o exposto por Coelho (2009):
A maneira como os campeonatos no Brasil são organizados, sempre levando em conta algum acordo político entre um dirigente da CBF¹ e outro de alguma minúscula federação estadual. (COELHO, 2009, p. 22)
Este jogo de interesses somado à paixão que o esporte desperta em cada
indivíduo faz com que um jornalista tenha que exercer, a cada dia, a sua capacidade
de ser imparcial ao transformar um fato em notícia, esta, que deve ser colocada em
primeiro lugar. Afinal, de acordo com Coelho (2009):
A telinha passou a vender a imagem de alguém que passou a julgar-se mais importante que a notícia. Eis o grande risco do profissional que começa a ser exposto diariamente na mídia. Jornalismo é notícia. Ela é a razão de ser
32
do jornalista. E do jornalismo. Construída com inteligência, com conhecimento do assunto, com encadeamento de ideias, coisas que exigem bons profissionais. (COELHO, 2009, p. 47)
E por isso, fazer jornalismo esportivo requer excelência e dedicação a este
trabalho, sem deixar de lado as características inerentes a todo e qualquer tipo de
jornalismo, que lida com a realidade e veracidade dos fatos; mas que, ao tratar de
esportes, tem o importante papel de noticiar a paixão nacional.
¹ A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é a entidade máxima do futebol no Brasil. Fundada em 20 de agosto de 1919, é responsável pela organização de campeonatos de alcance nacional, como o Campeonato Brasileiro das séries A, B, C e D, além da Copa do Brasil. Também administra a Seleção Brasileira de Futebol Masculino, cinco vezes campeã mundial, e a Feminina, duas vezes vice-campeã mundial.3.4.1.O esporte como Fonte de Lucro
O caminho a ser percorrido para alcançar o lucro e as razões pelas quais o
esporte gera este lucro são interdependentes, estando em uma constante relação de
troca.
O futebol mundial é hoje um grande negócio. De acordo com o relatório final do lano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que inclui os agentes diretos, como clubes e federações, e indiretos, como indústrias de equipamentos esportivos e a mídia, o futebol mundial movimenta, em média, cerca de 250 bilhões de dólares anuais. No Brasil, dados desse mesmo relatório mostram que o futebol é uma atividade econômica com grande capacidade de gerar empregos, e tem efeito multiplicador maior que vários setores tradicionais.(LEONCINI; SILVA, 2004, p.11)
Os investimentos milionários, originários de empresas de diversos setores da
economia global, garantem a manutenção de clubes esportivos pelo mundo. Um
bom exemplo disso é a venda do jogador brasileiro Kaká, que em 2009 foi
contratado pelo Real Madrid, clube de futebol da Espanha, junto ao Milan, da Itália,
por 67 milhões de euros (cerca de R$150 milhões²), quantia representativa para uma
época de crise econômica mundial, em que a Europa e os Estados Unidos passaram
por dificuldades. À época, o clube espanhol justificou a transação milionária pela
33
necessidade de se igualar ao seu maior rival na Espanha, o Barcelona, explicando
que precisava fazer contratações de peso para mostrar sua força no futebol, o que
também reafirmou seu poderio econômico.
Situações como estas fomentam a lógica do investimento e se relacionam
diretamente com a divulgação jornalística nos meios de comunicação. Esta lógica
pode ser ilustrada pela figura a seguir:
¹http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Selecao_Brasileira/0,,MUL1183175-15071,00COM+VENDA+DE+KAKA+AO+REAL+SELECAO+MOVIMENTOU+R+MILHOES+EM+UM+ANO.html ² Convertido em 07/07/2011 no site http://www.bcb.gov.br/
Figura 1: A equação do lucro para os clubes de futebol. (Fonte: LEONCINI; SILVA, 2003, p.20)
Como visto, os resultados dentro de campo, assim como a atividade
mercadológica e o saldo entre receita e gastos, precisam estar em constante
análise, para que contribuam positivamente para o sucesso de um clube de futebol.
34
Esta relação fica compreendida entre o mecanismo de desenvolvimento da
sociedade, em que a mídia exerce importante papel e tem a função de influenciar
tendências.
A prática do esporte está presente na vida da sociedade e tem participação
ativa nas atitudes e posturas dos indivíduos. A mídia se insere neste contexto, com o
papel de fascinar o espectador com os artifícios do jornalismo, fazendo com que
eventos esportivos sejam apresentados como verdadeiros megaespetáculos,
assistidos simultaneamente por milhões de pessoas.
A publicidade em torno dos eventos esportivos movimenta somas gigantescas de dinheiro. A mídia fez do esporte um grande negócio. Por sua vez, o esporte se tornou um filão tão importante para as empresas de comunicação que criou uma certa dependência da mídia. Se grandes competições e eventos esportivos como a Copa do Mundo de Futebol, campeonatos nacionais de diversas modalidades, Jogos Olímpicos, etc., deixarem de acontecer, o lucro das empresas de comunicação deve cair muito, algumas nem sobreviveriam e, certamente, o número de jornalistas e publicitários desempregados seria maior do que o já existente. (SOBRINHO, 2007, p. 15)
Se por um lado criou-se uma relação de subsistência entre o esporte e a
dependência de sua veiculação na mídia, por outro lado, há os clubes que figuram
na real competição dentro da mídia esportiva e, conforme afirma Coelho (2009):
O debate real implica o que é jornalismo e o que é show. A TV Globo tem os direitos exclusivos de transmissão do Campeonato Brasileiro desde 1995. Os direitos tiveram valorização em 1997. Os clubes pensaram que iriam aumentar seus dividendos com o dinheiro da TV, mas não criaram campeonato suficientemente lucrativo para que a televisão dele precisasse. Ao contrário, hoje são os clubes que dependem da televisão. (COELHO, 2009, p. 63)
De certa forma, esse é um ciclo lucrativo que engloba as competições
esportivas e o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, sendo o
primeiro moldando o segundo, e vice-versa. Isto se faz presente tanto na alteração
de regras, para que fiquem mais atrativas mercadologicamente, por exemplo, quanto
na exaltação de ídolos do esporte que se destacam da maioria, o que é um grande
artifício para a publicidade.
Desde os primórdios, o esporte se divide em duas vertentes. De um lado, a prática para o aperfeiçoamento físico, como fator de higiene e saúde; de outro a competição, seja entre indivíduos, grupos, ou do homem com ele mesmo. Estas vertentes estão bastante solidificadas no mundo contemporâneo, que acrescentou, via mídia, uma terceira variante, a do
35
esporte como espetáculo. O esporte acompanha o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa. Um tem moldado o outro. (SOBRINHO, 2007, p.5)
Com estas considerações de Sobrinho (2007), pode-se observar que, por
mais que o esporte tenha ganhado destaque na imprensa no decorrer do século XX,
o desenvolvimento das tecnologias de comunicação impulsionou esta nova visão
que dá às competições esportivas um aspecto de show, a partir da popularidade que
foi adquirida, o que transforma o esporte em fonte de lucro.
Além disso, o esporte requer uma linguagem diferenciada, pois o público tem
necessidades diferenciadas, conforme será exposto no tópico a seguir.
3.4.2. A linguagem do Esporte
Os fatos originários do meio esportivo trazem consigo algumas
particularidades necessárias para transformá-los em notícia, tais como: a relação
entre razão e emoção e o contato entre o lúdico e o real. No esporte, a linguagem
não carrega uma estrutura pré-moldada, conforme exemplificam Barbeiro e Rangel
(2006):
O surgimento de um estilo próprio sempre dependeu das tentativas de erros e acertos. Em 1932, início das transmissões esportivas no rádio, a linguagem usada era a da pura emoção. Os locutores chegavam a gritar para demonstrar a explosão do gol. Muitas vezes não se preocupavam com quem estava em volta e se o estádio estava lotado: eles falavam mais alto para não ter seu som abafado pelos urros da torcida enlouquecida. Casos como esses eram um espetáculo a parte quando comparados às narrações de locutores da Europa, habituada a uma narração mais informativa e menos empolgante. (BARBEIRO; RANGEL, 2006,L p. 54)
As relações que o repórter estabelece com a história, com o entrevistado ou
com o fato, por exemplo, influenciam diretamente na linguagem que, por sua vez,
pode provocar transformações relevantes no discurso jornalístico adotado por um
veículo de comunicação.
36
Hoje, a linguagem jornalística está bem caracterizada de veículo para veículo. Algumas TVs adotam o estilo do jornalista-personagem, em que a função não é só passar a informação, relatar o fato. É preciso “viver” aquela emoção para o telespectador. O repórter faz rapel, escala montanhas, mergulha, desce corredeiras, luta, chora, sofre e vive até a última gota a emoção do esporte. Ele é tão protagonista quanto o atleta. (BARBEIRO; RANGEL, 2006, p. 55)
Em muitos veículos, a aproximação entre a realidade do fato e a emoção que
o esporte provoca é tamanha que pode vir a alterar, de forma significativa, a
percepção do telespectador, que então consegue se enxergar explicitamente em
uma narrativa. Isto se deve, muitas vezes, à presença de comentaristas nos
programas esportivos.
3.5. A Cobertura do Esporte na TV
No jornalismo, a tarefa de se veicular notícias com foco na principal fonte de
entretenimento do espectador brasileiro se torna ainda mais difícil por trazer relação,
quase que por convenção, com os sentimentos e emoções irracionais a que o
esporte remete. Com relação a isto, Barbeiro e Lima (2002), citam que:
A emoção faz com que o jornalismo esportivo no veículo eletrônico esteja sempre numa linha tênue entre a pieguice e a razão. Costuma-se dizer que não há boa cobertura esportiva sem emoção, mas o jornalista não pode se deixar levar por ela. O exagero é um passo para a desinformação. (BARBEIRO; LIMA, 2002, p.108)
Os autores ainda comentam sobre a necessidade de improviso que o
jornalismo exige do profissional do esporte. Ou seja, “a rapidez dos acontecimentos
no esporte exige do jornalista a improvisação constante, mas as informações não
podem ser recheadas de metáforas, erroneamente confundidas com estilo”
(BARBEIRO; LIMA, 2002, p.108). Muitas vezes o apresentador precisará estar
atento e preparado para se justificar ou modificar sua fala no ar, seja porquê o
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telepronter não funcionou, ou porquê a matéria não entrou no ar, pois erros técnicos
podem acontecer.
Sendo assim, o jornalista precisa lidar com estes percalços, sabendo fazer
uso de toda a técnica jornalística para que seu espectador seja estimulado pela
cobertura desenvolvida, que precisa conter regras a serem cumpridas e, ao mesmo
tempo, a possibilidade para que o jornalista improvise e aprimore seu ‘jogo de
cintura’ enquanto comunicador.
A produção do jornalismo abrange uma série de processos para se chegar ao
resultado final. O trabalho do profissional que se dedica a transformar os fatos
relevantes em notícias que irão atrair o público precisa ser embasado nos diversos
conhecimentos experimentados por ele.
Apurar e divulgar notícias, contar uma boa história, que seja verdadeira, que tenha sido bem checada e que responda à perguntas básicas do o quê, quando, onde, como, quem e por quê é o dever de todo bom jornalista. Uma boa reportagem depende de boas perguntas feitas para as pessoas certas no momento adequado. Se fizer bom uso desse instrumento de trabalho, o repórter esportivo tem tudo para ser um bom profissional. (BARBEIRO e RANGEL, 2006, p. 19)
Sendo assim, pode-se considerar que, nas produções esportivas, a técnica
jornalística deve ser associada à experiência obtida em campo e a teoria e a prática
devem estar presentes em proporções equivalentes, para que o profissional consiga
desempenhar um bom trabalho, especialmente nesta cobertura.
Há ainda o papel de denúncia social que o jornalismo representa, e, ao se
dedicar ao esporte, isto não é diferente, conforme citam Barbeiro e Rangel (2006):
Os jornalistas têm obrigação de fiscalizar essas relações do esporte e exercer o direito de denúncia toda vez que os interesses particulares se sobrepuserem ao interesse público. Os bastidores do mundo do esporte ainda são pouco conhecidos pela sociedade, pouco divulgados e são raros, infelizmente, os profissionais que se dedicam a uma cobertura crítica do esporte. (BARBEIRO; RANGEL, 2006, p. 118)
O interesse público tem que estar interligado à notícia e deve direcionar sua
formatação, pois a sociedade precisa se enxergar na cobertura jornalística enquanto
opinião relevante. O esporte é um setor que participa subjetivamente dos demais
segmentos sociais influenciando a economia, a política, a cultura, etc.
Os jornalistas esportivos precisam avaliar corretamente a relação que o esporte tem com os setores político e econômico da sociedade. Essa
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atividade mexe com o poder e é responsável por grandes verbas publicitárias públicas ou privadas. (BARBEIRO; RANGEL, 2006, p.118)
O fato de que o bom jornalista não deve esquecer em momento algum do
dever público desta profissão é primordial para a compreensão deste assunto. Esta
tarefa exige que o jornalista esportivo deixe de lado as amarras pessoais e a paixão
pelo esporte e consiga enxergar realidades como a dos bastidores do futebol, por
exemplo, para que o acontecimento chegue ao público como notícia embasada e
fundada em conceitos e acontecimentos sólidos.
3.5.1. O papel do Comentarista Esportivo
O relato jornalístico pode ser complementado pelo comentário, e estes
caminham juntos para se definir os porquês de um acontecimento. Desta forma,
“comenta-se contando ou conta-se comentando” (CHARAUDEAU, 2006 p. 175). O
autor cita que:
Comentar o mundo constitui uma atividade discursiva, complementar ao relato, que consiste em exercer suas faculdades de raciocínio para analisar o porquê e o como dos seres que se acham no mundo dos fatos que aí se produzem (CHARAUDEAU, 2006, p. 175)
No âmbito do jornalismo, os comentários figuram como motivo de discussão
constante sobre qual é definitivamente o papel das mídias sociais: narrar ou
comentar. Porém, Charaudeau (2006), opina sobre esta consideração:
Levando-se em conta as restrições situacionais da comunicação midiática quanto à sua finalidade, a oposição descrição dos fatos / comentário dos fatos se resolve numa complementaridade: a visada informativa de saber fazer engloba, ao mesmo tempo, a existência dos fatos e sua razão de ser. Não é possível informar se não se pode, ao mesmo tempo, dar garantias sobre a veracidade das informações transmitidas, logo, fazer saber implica, necessariamente, um “explicar”. (CHARAUDEAU, 2006, p. 177)
Portanto, pode-se considerar que a existência de comentário na produção
esportiva da TV se justifica a partir do momento em que se faz necessária a
comprovação de um fato ou até mesmo uma reflexão mais consistente e explícita a
ser estimulada junto ao espectador. É bem melhor ouvir comentários sobre
39
arbitragem em uma partida de futebol do que simplesmente aceitar que o árbitro
marcou um pênalti.
A cobertura esportiva diária, nos dias de hoje, precisa se intensificar ao
retratar o esporte e os diversos segmentos e ramificações que possam gerar boas
coberturas e trazer o retorno exigido de um veículo de massa. Cada empresa de
telecomunicação tem seus diferenciais, assim como também têm características
comuns entre si. A presença do comentarista vem apenas para acrescentar um
diferencial nesta cobertura.
Os programas esportivos se diferenciam pelos diversos aspectos descritos
neste estudo, como a linguagem, o tipo de cobertura, o veículo a que pertence, entre
outros. Sendo assim, cabem estudos sobre os programas a serem analisados.
3.6. O Globo Esporte Minas
O Globo Esporte Minas é um telejornal exibido pela Rede Globo¹ desde
agosto de 1978, às 12h50, de segunda-feira a sábado. No início, era dedicado
quase que exclusivamente à cobertura dos torneios estaduais e nacionais de futebol.
Apesar do destaque dado ao futebol, já no primeiro ano do programa havia
reportagens sobre motociclismo, tênis, boxe, natação, basquete, entre outras
modalidades esportivas. Atualmente, tem quatro edições próprias e uma edição de
rede gravada e gerada pela TV Globo Rio de Janeiro para todo o Brasil (menos SP,
MG, PR e o próprio RJ).
A TV Globo Minas é uma das cinco emissoras próprias da Rede Globo de
Televisão no Brasil. Tem transmissão em TV aberta para a região metropolitana de
Belo Horizonte e diversas áreas do interior do Estado. Além disso, detém os direitos
de exibição dos principais campeonatos de futebol disputados pelos clubes mineiros.
Inaugurada em 5 de fevereiro de 1968, atualmente atinge cerca de 7 milhões de
espectadores mineiros.
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Com sede à Avenida Américo Vespúcio, região noroeste de Belo Horizonte,
retransmite a programação nacional da Rede Globo e exibe programas próprios,
como os telejornais diários Bom dia Minas, MGTV e a edição própria do Globo
Esporte para Minas Gerais.
Ao longo de sua trajetória, o Globo Esporte pode ser definido como uma
mistura de informação e entretenimento. A pauta passou a abordar reportagens
curtas sobre times e atletas, os resultados, os melhores lances de jogos e
campeonatos; além de procurar o lado inusitado do fato esportivo. Em Minas Gerais,
há edição própria do programa, exibida somente neste estado. Esse esquema havia
sido abolido em 2008, quando o repórter Tino Marcos assumiu o cargo de editor-
chefe, com o telejornal sendo transmitido em rede para todo o país. Mas em 2009 o
Globo Esporte Minas voltou a ser produzido, conquistando novamente espaço na
grade de programação.
Em 2008, o Globo Esporte chegou aos seus 30 anos. Para comemorar, o
¹ A Rede Globo é uma rede de televisão brasileira. Foi fundada em 26 de abril de 1965, na cidade do Rio de Janeiro, pelo jornalista Roberto Marinho. É assistida por 140 milhões de pessoas diariamente,seja elas no Brasil ou no Exterior por meio da TV Globo Internacional. A empresa faz parte do grupo empresarial Organizações Globo. (Fonte: Wikipédia)
programa ganhou um cenário novo com cores fortes que simbolizam as diversas
modalidades esportivas. O programa também obteve uma série de recursos virtuais,
produzidos pelo departamento de arte da Central Globo de Jornalismo. No novo
formato, os apresentadores podem andar pelo cenário para mostrar gráficos e
tabelas na parede virtual.
O Globo Esporte mantém a sua proposta de acompanhar o cotidiano e o
trabalho de atletas, destacar exemplos de superação de dificuldades do dia-a-dia,
mostrar projetos que utilizam o esporte como ferramenta de inclusão social e trazer
para perto do telespectador o espetáculo e a emoção do esporte. Alguns quadros
traduzem este objetivo, como o Galeria do Globo Esporte, O baú do GE e o Troféu
Globo Minas, além das reportagens produzidas para séries especiais.
A edição mineira (gerada em Belo Horizonte) não vai ao ar para todo o
estado. A região do Triângulo Mineiro assiste ao programa gerado no Rio de
Janeiro, sendo que, assim como em outras praças, o primeiro bloco é reservado
para notícias da região.
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Atualmente, o jornal é apresentado diariamente por Letícia Renna¹,
esporadicamente por Odilon Amaral², com participações e comentários de Bob
Faria³ e Márcio Rezende de Freitas4.
Troféu Globo MinasO Troféu Globo Minas é um prêmio criado em 2004 pela TV Globo Minas para
homangear os melhores do campeonato mineiro a cada ano. É realizado pela Rede
Globo em parceria com o jornal O Tempo. A escolha dos indicados é feita por
votação de jornalistas da Globo Minas, do site do Globo Esporte Minas e do Sistema
Globo de Rádio (SGR), composto pelas rádio Globo e CBN. O público vota pelo site
para escolher os premiados.
Em 2011, o Troféu Globo Minas foi realizado no dia 16 de maio, logo após a
final do Campeonato Mineiro, que aconteceu no dia 15. A festa contou com a
participação dos principais destaques do futebol mineiro e com show do sambista
Dudu Nobre.O Globo Esporte Minas é o programa responsável pela cobertura do
evento, e anunciou os vencedores pela transmissão ao vivo na TV, em reportagem
no programa do dia 17 de maio, e pelo site do Globo Esporte Minas.
¹ Jornalista brasileira formada em jornalismo pela PUC Minas, está na Rede Globo desde 2001 ² Jornalista brasileiro, repórter da TV Globo Minas ³ Jornalista, comentarista esportivo da TV Globo Minas 4 Ex-árbitro de futebol, comentarista de arbitragem da TV Globo Minas3.7. O Alterosa Esporte
Alterosa Esporte é um programa esportivo de Minas Gerais, apresentado por
Leopoldo Siqueira¹, na TV Alterosa², de segunda a sexta, às 12h25. O programa
começou a ser exibido em 1997, com a tradicional Bancada Democrática³. Em 2007,
foi considerado, juntamente com o Jornal da Alterosa, o principal programa
jornalístico da emissora.
A TV Alterosa é uma emissora mineira que transmite para o estado, em sua
região de cobertura, a programação do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT)4, além
de gerar programas locais como o Jornal da Alterosa, Alterosa Esporte, TV Verdade
e Viação Cipó. Fundada em 13 de março de 1962, dois anos mais tarde passou a
integrar os Diários Associados5, formado por veículos de comunicação de todo o
Brasil. Em 1980, passou a sediar-se à Avenida Assis Chateaubriand, antiga sede da
TV Itacolomi6. Atualmente, o sinal da TV Alterosa é um dos mais abrangentes de
Minas Gerais, atingindo 834 cidades.
42
Desde sua criação, o Alterosa Esporte passou por diversas transformações,
na tentativa de se adequar ao estilo que agradasse ao telespectador, com um
espírito despojado, irreverente, que traz para a tela da TV a descontração bastante
presente na cobertura esportiva local. Atualmente, os representantes oficias são
Dadá Maravilha (Atlético), Artur Rodrigues “Vibrantinho” (Cruzeiro) e o primeiro
integrante da bancada Otávio Di Toledo, que permanece representando o América.
Desde 1999, o jornalismo esportivo local cresce, seguindo a ascensão das
equipes mineiras, e o Alterosa Esporte acompanha esta ascensão, chegando à
liderança do Ibope (Instituto Brasileira de Opinião Pública e Estatística, mas em
meados de 2006, a emissora passa por uma crise, a nível nacional, e sua
¹ Jornalista brasileiro, editor-responsável e apresentador do programa Alterosa Esporte, vice-presidente de comunicação da Associação Mineira dos Cronistas Esportivos (AMCE) ² A Rede Alterosa (também conhecida como TV Alterosa) é uma rede de emissoras de televisão instaladas no estado de Minas Gerais, afiliadas ao SBT. São emissoras de propriedade dos Diários Associados, que congrega vários veículos de comunicação. ³ Composta por três representantes dos clubes de Minas ( Atlético, América e Cruzeiro) 4O Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) é uma rede de televisão aberta brasileira formada por emissoras afiliadas ou pertencentes ao empresário e apresentador Silvio Santos. 5Os Diários Associados, também conhecidos como Condomínio Acionário dos Diários e Emissoras Associados, Associados, ou simplesmente D.A, são o sexto maior conglomerado de empresas de mídia do Brasil. A corporação já foi a maior da história da imprensa no Brasil. 6A TV Itacolomi era um dos dois canais de televisão pertencentes aos Diários Associados que tinham sede em Belo Horizonte.
programação é diretamente afetada. Devido a desgastes internos, a Bancada
Democrática chegou a ser excluída do jornal diário no ano de 2008, por uma
discussão ocorrida entre seus representantes, mas este formato, com torcedores
com voz ativa no ar, retornou ao horário do almoço de quem sintoniza na TV
Alterosa.
Em sua programação, o Alterosa Esporte traz quadros que se alternam para
exibição nos cinco dias da semana, como Gol de Ouro, Marcação Cerrada, Bolsa de
Craques, Gol Contra, Desafio da Bancada, Caça Talentos, entre outros.
Troféu Telê SantanaO Troféu Telê Santana é uma premiação que procura homenagear os
melhores jogadores de futebol, treinadores e diversos esportistas de Minas Gerais
que destacam durante cada ano. Criado em 2002, é realizado pelo grupo de
comunicação Diários Associados, do qual faz parte a TV Alterosa. A escolha dos
43
premiados é feita por votação de jornalistas dos Diários Associados e do público,
que participa através de votação promovida pelo programa Alterosa Esporte.
Em 2011, o Troféu Telê Santana foi realizado no dia 24 de janeiro, no Palácio
das Artes. A festa contou com a participação dos principais destaques do esporte
mineiro e com shows do grupo Samba de Luiz e do humorista Paulinho Gogó. O
Alterosa Esporte é o programa responsável pela cobertura da premiação desde sua
criação. Além de noticiar os premiados, traz curiosidades dos bastidores. Nesta
última edição, o internauta pode assistir ao Troféu Telê Santana por videochat¹ no
site da TV Alterosa e teve a oportunidade de participar pelo twitter².
Enfim, este elo aqui construído entre os conceitos de jornalismo, esporte,
televisão e linguagem oferece argumentos plausíveis para o surgimento de
comentários a cerca da formatação jornalística destes programas, uma vez que são
destinados à veiculação direcionada ao público telespectador. E assim, pretende-se
relacionar estas considerações com a observação do conteúdo jornalístico presente
atualmente no Alterosa Esporte e no Globo Esporte Minas para se chegar aos
motivos que justificam o uso dos atuais formato, linguagem e conteúdo destes
produtos, analisando cada processo que originou as principais mudanças ocorridas
nestes formatos.
¹ O telespectador grava um vídeo e envia para o site do Alterosa Esporte ² Microblog, que permite postagens de até 140 caracteres
4. METODOLOGIA
Este estudo foi feito a partir do levantamento de dados e tem o foco no
conteúdo jornalístico presente nos programas Alterosa Esporte, da TV Alterosa, e
Globo Esporte Minas, da TV Globo Minas, ressaltando as semelhanças e diferenças
existentes entre as duas produções telejornalísticas esportivas. A análise foi
realizada tendo em vista as características do meio somadas à técnica de produção
jornalística, relacionando os conceitos teóricos pertinentes ao telejornalismo e
jornalismo esportivo.
Os procedimentos foram, prioritariamente: a consulta de bibliografias
relacionadas ao tema e o levantamento de dados necessários para a construção de
um referencial teórico que permita a realização de todo o trabalho; a análise de
programas já exibidos nos anos de 2006, 2008, 2010 e 2011, um intervalo de tempo
que permitiu que fossem verificadas mudanças expressivas em ambas emissoras; a
44
identificação de semelhanças e diferenças entre as produções; a entrevista com os
editores-chefe dos programas analisados, assim como a soma de diversas
possibilidades levantadas para se chegar a uma conclusão que resolva o problema
proposto por este estudo.
4.1. Tipo de pesquisa
4.1.1. Abordagem
A opção para a realização desta pesquisa é a utilização de uma abordagem
qualitativa, pois, segundo Malhotra(2001, p.154), “a pesquisa qualitativa proporciona
melhor visão e compreensão do contexto do problema”. Assim, por meio desta
abordagem, serão feitas as análises necessárias para resolver o problema sugerido
neste estudo, no que diz respeito à construção do discurso no jornalismo esportivo
da televisão, que sofre influência direta da configuração social.
4.1.2. Quanto aos fins
A pesquisa foi exploratória, buscando identificar as relações que integram o
objeto de estudo. A partir da análise de conteúdo existente na produção dos
programas Alterosa Esporte e Globo Esporte Minas, aplicaram-se as variações de
técnicas de observação que puderam ser desenvolvidas durante a realização da
pesquisa. Além disso, aplicou-se um estudo de manipulação experimental. “O
objetivo deste estudo é demonstrar a viabilidade de determinada técnica ou
programa como uma solução, potencial e viável, para determinados programas
práticos” (MARCONI e LAKATOS, 2007, p. 191). Finalmente, foram realizadas
entrevistas com os editores-chefe dos programas para complementação da análise
crítica.
Portanto, somaram-se a análise bibliográfica à observação prática dos objetos
de estudo, a fim de se alcançar as soluções propostas para este caso em específico.
45
4.1.3. Quanto aos meios / procedimentos técnicos
Os procedimentos técnicos utilizados foram a análise bibliográfica e
documental, que relacionou os contextos existentes entre o telejornalismo e o
jornalismo esportivo, permitindo a identificação da construção de relações entre a
emissão e recepção do Alterosa Esporte e do Globo Esporte Minas; e um estudo de
caso que irá comparar a técnica e forma destes programas, pois, de acordo com
Duarte e Barros (2005):
O estudo de caso deve ter preferência quando se pretende examinar eventos contemporâneos, em situações onde não se podem manipular comportamentos relevantes e é possível empregar duas fontes de evidências, em geral não utilizadas pelo historiador, que são a observação direta e a série sistemática de entrevistas. (DUARTE; BARROS, 2008, p. 216)
Malhotra (2006, p.201) apresenta, ainda, melhor opção para o
desenvolvimento desta pesquisa: a análise de conteúdo, que “é um método
apropriado quando o fenômeno a ser observado é a comunicação, e não um
comportamento ou objetos físicos”. Este procedimento permitiu a análise de
conteúdo efetivo de uma comunicação, incluindo também a observação prática.
Diante disso, define-se esta pesquisa como um modo embasado de
compreender as relações presentes entre a produção dos programas
telejornalísticos selecionados para o estudo.
4.2. Universo, amostra e período de estudo
O universo a que se destinou essa pesquisa compreendeu os processos de
produção e veiculação na TV Alterosa e na Globo Minas, como responsáveis pelos
programas esportivos Alterosa Esporte e Globo Esporte Minas, respectivamente.
Pois aí esteve compreendido o objeto de estudo que definiu as especificidades do
conteúdo jornalístico esportivo do meio televisivo, analisadas aqui.
Foi extraída uma amostra não probabilística por acessibilidade junto atual
editor-chefe do Alterosa Esporte, e ao ex-editore-chefe do Globo Esporte Minas, pois
o acesso ao atual editor-chefe da emissora não foi permitido; e por tipicidade, que
considera o público-alvo como influência ativa na construção do elemento de estudo
aqui explicitado: o conteúdo jornalístico, enquanto forma e técnica.
46
4.3. Coleta de dados
A aquisição de dados de pesquisa foi realizada a partir de análise bibliográfica
e documental relacionada ao tema delimitado, mesmo que indiretamente, que
contribua para o entendimento do processo. Houve também a coleta de dados junto
aos profissionais responsáveis pela direção dos programas, para obtenção de novas
informações, que se somaram ao estudo proposto.
4.4. Tratamento e análise dos dados
A partir do momento em que se reúne um volume considerável de dados, é
necessária a verificação de falhas no levantamento. Conforme Marconi e
Lakatos(2007) a seleção é:
O exame minucioso dos dados. De posse do material coletado, o pesquisador deve submetê-lo a uma verificação crítica, a fim de detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas, incompletas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa. (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 168)
Desta forma, a análise dos dados considerou as informações coletadas a
partir da observação das veiculações jornalísticas de ambos os programas (Alterosa
Esporte e Globo Esporte Minas), e das informações obtidas junto aos profissionais
envolvidos.
4.5. Limitação dos dados
A análise de conteúdo permite encontrar respostas para as questões
levantadas e ponderar as hipóteses estabelecidas durante o desenvolvimento do
estudo. Além disso, podem ser localizados alguns pontos que se encontravam
implícitos no que foi analisado.
Considerando-se estas questões, foi necessário evitar equívocos nesta
análise e tomar certo cuidado com afirmações tendenciosas neste estudo, que
envolve uma série de conceitos que se relacionam para trazer respostas
satisfatórias.
47
5. ANÁLISE EMPÍRICA DO OBJETO DE ESTUDO
A relevância dos conceitos teóricos deste estudo é verificável a partir do
cruzamento com as experiências práticas e, então, estabelecem-se relações a partir
da observação individual dos programas escolhidos como objetos de estudo.
04/04/2006
Estes programas foram exibidos na terça-feira após a final do Campeonato
Mineiro, em que o Cruzeiro sagrou-se campeão ao vencer o Ipatinga.
No Alterosa Esporte, apresentado pelo jornalista Leopoldo Siqueira, o foco é
a provocação dos cruzeirenses ao presidente do Atlético e a resposta dos
atleticanos. Além disso, o programa anuncia, nas manchetes, a votação para
escolha do craque do campeonato, o quadro Marcação Cerrada em Welder¹, em que
a câmera segue os passos do jogador cruzeirense por todo o jogo, e, ainda, o humor
de Caju e Totonho². No primeiro bloco, o destaque é a polêmica levantada junto aos
integrantes da bancada, sobre um possível desrespeito dos jogadores do Ipatinga à
equipe do Cruzeiro. Há a participação do jornalista Jaeci Carvalho, do jornal Estado
48
de Minas, que também opina sobre a polêmica. Durante todo o primeiro bloco, este
assunto é alimentado.
No segundo bloco, os assuntos comentados pela bancada giram em torno da
contratação de jogadores e da situação dos jogadores atuais dos clubes, sempre
com os comentários constantes da Bancada Democrática. No último bloco, o
assunto principal é a confusão e pancadaria dentro do estádio do Ipatingão, logo
após a partida entre Cruzeiro e Ipatinga. A matéria sobre o assunto tem 4 minutos
seguidos de mais 4 minutos de comentários da Bancada. Ao final, a polêmica sobre
a provocação dos cruzeirenses aos atleticanos volta à pauta e mais comentários são
tecidos ao vivo.
Como o programa ficou sem tempo disponível, dois assuntos anunciados no
início do programa não foram ao ar: o quadro Marcação Cerrada e o humor com
Caju e Totonho, ficando para a próxima edição, sem justificativa do apresentador.
¹ Jogador de futebol, ex-meio-campo do Cruzeiro. ² Dupla de humoristas mineiros, atualmente, estão na Rede Record
Neste dia, a carga de comentários superou a produção local e a transmissão de
informações, conforme mostra o gráfico a seguir:
Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 04/04/2006
3%19%
66%
12% Manchetes
Produção Local
Comentários daBancada
Nota Seca
Gráfico 1 – Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 04/04/2006
Este programa durou, no total, 28 minutos e 10 segundos. Como descreve o
gráfico acima, mais da metade do programa (66%) foi tomada por comentários que
49
alimentaram as polêmicas existentes entre os times de Minas Gerais. O restante foi
destinado à produção local (19%), nota seca (12%) e às manchetes (3%).
No Globo Esporte desta mesma data, o destaque foi dado para a delegação
do Cruzeiro e o seu técnico Paulo César Gusmão¹, para a preparação do Atlético
para a Copa do Brasil, para votação do público e para o Torneio Corujão de futebol
amador, realizado pela TV Globo Minas. No primeiro bloco, há reportagens sobre a
maioria dos assuntos anunciados nas manchetes, sempre com o esqueleto pré-
definido de matérias, intercaladas pelas chamadas e notas secas da apresentadora
Letícia Renna.
No segundo bloco, são veiculadas matérias sobre os principais clubes de
Minas e é realizada uma entrevista ao vivo com o presidente do cruzeiro, Alvimar
Perrela, que dura 5 minutos e 15 segundos. Já no terceiro bloco, o principal assunto
é a votação para escolha do craque do Campeonato Mineiro, e é exibida a primeira
matéria de rede deste programa, o quadro Caçadores de História.
¹Técnico de futebol brasileiro
Percentual de conteúdo Globo Esporte 04/04/2006
4%
80%
9% 5% 2%Manchetes
Produção Local
Produção de Rede
Nota Seca
Comentário
Gráfico 2 – Percentual de conteúdo Globo Esporte 04/04/2006
A duração total deste programa é 23 minutos e todas as matérias anunciadas
foram exibidas. Neste tempo, temos 80% de produção local, 9% de produção de
rede, 5% de notas secas, 4% de manchetes e apenas 2% de comentários. Como
mostram os percentuais de conteúdo e a decupagem descrita no apêndice B, o
esqueleto do programa é bem pré-definido.
50
29/04/2008
Estes programas foram exibidos na terça-feira após a vitória do Cruzeiro em
final do Campeonato Mineiro, contra o Atlético. O Cruzeiro ganhou por 5 a 0 e isso
causou a ira de muitos atleticanos, que protestaram de diversas maneiras.
O Alterosa Esporte começa com quase 3 minutos seguidos de imagens do
protesto que alguns torcedores fizeram na sede do clube, em Belo Horizonte. Neste
tempo, os integrantes da bancada já iniciam seus comentários e provocações. O
programa traz uma matéria com entrevista com o presidente do Atlético, Ziza
Valadares. Posteriormente, é transmitida uma reportagem sobre o Cruzeiro se
preparando para a Taça Libertadores da América. Neste dia, o programa é
apresentado por Péricles de Souza, com co-apresentação de Patrícia Andrade, que
chama matérias e lê e-mails dos telespectadores durante o programa.
No segundo bloco, há informações sobre decisões do conselho diretivo do
Atlético com comentários da bancada. Há a veiculação de um merchandising e a
cobertura completa da final do domingo anterior, esta matéria teve 2 minutos e 50
segundos com mais 2 minutos de comentários da bancada. Finalmente, no terceiro
bloco, foi exibida mais uma matéria sobre o clássico do final de semana, sobre o
pensamento do Atlético Mineiro na Copa do Brasil e o do cruzeiro na Libertadores.
Ao final, o assunto em foco volta a ser a confusão na sede do Galo, com imagens da
pancadaria e protesto.
Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 29/04/08
9%
49%
39%
3%
Manchetes
Produção Local
Comentários da Bancada
Merchandising
Gráfico 3 – Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 29/04/2008
51
A Bancada Democrática é sempre muito ativa nos comentários. Se uma
matéria acaba e o programa volta para o estúdio, o telespectador é recepcionado
com comentários. No programa do dia 29/04/2008, por exemplo, os comentários
ocuparam 39% do conteúdo do Alterosa Esporte, e a produção local, que neste dia
era pautada na polêmica da pancadaria na sede do Atlético, ocupou 49% do
programa. Outros 9% se destinaram à transmissão de manchetes, que foram
basicamente sobre a polêmica e 3% do programa teve a propaganda de
merchandising.
No Globo Esporte deste dia, apresentado por Letícia Renna, as manchetes
dão destaque ao tumulto na sede do Atlético e à preparação do Cruzeiro para a
Libertadores. No primeiro bloco, a primeira reportagem é sobre o tumulto na sede do
Galo, depois, há uma matéria de rede sobre o jogo do Cruzeiro contra o Boca
Juniors. Em seguida, há pequenas notas sobre os clubes de Minas.
No segundo bloco, a ordem é a cobertura sobre o Cruzeiro na Argentina, a
votação para o Troféu Globo Minas e três reportagens de rede, uma sobre o futebol
paulista e duas sobre o automobilismo. No terceiro bloco, há duas matérias de
produção local, sobre o Atlético e sobre o Cruzeiro, e duas matérias de produção de
rede, sobre as Olimpíadas de Pequim e sobre a Copa do Mundo de Judô.
Conforme o que mostra o gráfico abaixo, nos 23 minutos e 40 segundos de
programa, 47% do tempo de produção de rede, e, em equilíbrio, 46% de produção
local, restando apenas 4% de notas secas e 3% para as manchetes. Mais uma vez,
tem-se um exemplo de pauta, fixa, sem maleabilidade.
Percentual de Conteúdo Globo Esporte 29/04/08
3%
46%47%
4%
Manchetes
Produção Local
Produção de Rede
Nota Seca
52
Gráfico 4 – Percentual de Conteúdo Globo Esporte 29/04/2008
05/10/2010
Estes programas foram exibidos em uma terça-feira, em que o ponto comum
entre os dois veículos foi a peneira de goleiros no Cruzeiro, com a seleção de
garotos para atuar no clube, que acontecera na segunda-feira.
No programa Alterosa Esporte, o início é composto de manchetes sobre os
times de minas, sobre o jogador Marques eleito, sobre a peneira nos clubes e, ainda,
anuncia o quadro Marcação Cerrada com Thiago Ribeiro¹. No primeiro bloco, há
uma matéria sobre o dia-dia no Atlético com a saída do técnico Luxemburgo; no
estúdio, Leopoldo Siqueira lê e-mail de torcedor provocando cruzeirenses. Em meio
aos comentários da bancada, há muita risada. Destaque para uma matéria que o
apresentador chama com a pergunta “Uma mão lava a outra?”, sobre uma possível
ajuda do Cruzeiro ao Galo, caso a equipe azul ganhasse o jogo. Esta matéria dura 2
¹ Jogador de futebol brasileiro, atualmente, é atacante do Cruzeiro
minutos, com mais 2 minutos de comentários e provocações na bancada. Há
também a chamada para a votação para a Bolsa de Craques, levantamento feito
para a soma de pontos e premiação ao final do campeonato.
O segundo bloco começa com uma matéria de rede, em meio à cobertura
estritamente local, sobre a eleição do ex-jogador Marques como deputado, e outros
ex-atletas e seus respectivos desempenhos nas urnas. Na sequência, há a
Marcação Cerrada em Thiago Ribeiro. Ao voltar ao estúdio, Leopoldo Siqueira passa
algumas informações sobre a troca de técnicos no futebol, em forma de nota seca, e
isto rende muito comentário na bancada (cerca e 1 min e 40 segundos). Já no
terceiro bloco, o programa traz os gols do Campeonato Mineiro de Futebol Júnior e
sobre a manhã daquele dia na Toca da Raposa, mas também há lugar para a
polêmica, de um jogador do Corinthians que faz declarações provocando o time do
Atlético, uma pequena sonora que rende quase 1 minuto de comentário da bancada.
Ao final do programa, a reportagem sobre a peneira de goleiros no Cruzeiro,
anunciada nas manchetes, é transmitida. O programa teve duração total de 29
minutos, e uma configuração de conteúdo de acordo com o gráfico abaixo:
53
Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 05/10/10
3%
39%
4%
53%
1%
Manchetes
Produção Local
Produção de Rede
Comentários daBancada
Nota Seca
Gráfico 5 – Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 05/10/10
Neste dia não havia informação quente sobre jogos ou outro acontecimento
notório. Os comentários foram mais da metade da duração do programa (53%). O
merchandising esteve presente, mas com uma participação muito pequena (1%). A
produção local teve grande participação no conteúdo com programa (39%), que
também teve uma pequena parcela de produção de rede (4%). O restante (3%) foi
reservado para as manchetes.
No Globo Esporte, apresentado por Odilon Amaral, o destaque também é a
peneira de goleiros no Cruzeiro. Logo na manchete, há destaque para as atuações
de Fábio e o nome que se dá é “Fábrica de Goleiros”. A manchete sobre o Atlético
diz que o time tenta sair da degola, e sobre o Palmeiras, a respeito de uma bagunça
feita no vestiário. Neste dia, há uma matéria com o vôlei brasileiro.
O primeiro bloco começa e a primeira reportagem é a peneira de goleiros no
Cruzeiro, com 2 minutos e 50 segundos, depois há uma matéria de 2 minutos sobre
a preparação do Atlético para o próximo jogo, e as matérias de produção local
terminam aí. O restante do bloco é de produção de rede com uma matéria sobre a
bagunça no vestiário do Palmeiras, uma nota seca sobre a seleção brasileira de
futebol e uma matéria com a seleção brasileira de vôlei.
No segundo bloco, Marques é destaque em uma matéria em que está
preocupado com o desempenho do Atlético, e Odilon Amaral dá em nota seca uma
notícia sobre a série C do Brasileirão. Na sequência, uma reportagem de rede sobre
os 40 anos da Fórmula 1 finaliza o bloco. No 3º bloco, o América na série B é notícia
em forma de nota seca do apresentador, depois entra uma matéria sobre a tentativa
54
do Cruzeiro de ganhar mais uma no campeonato. E a última reportagem do
programa é uma produção de rede, sobre a saída de Vanderlei Luxemburgo do Galo
e entrada dele no Flamengo.
Neste dia, há uma grande participação da produção de rede no conteúdo do
programa, conforme mostra o gráfico:
Percentual de Conteúdo Globo Esporte 05/10/10
3%
42%
46%
9%
Manchetes
Produção Local
Produção de Rede
Nota Seca
Gráfico 6 – Percentual de Conteúdo Globo Esporte 05/10/10
16/05/11
Essa é a segunda-feira logo após a vitória do Cruzeiro em cima do Atlético,
que o garantiu campeão do Campeonato Mineiro deste ano. Por isso, este foi o
principal assunto enfocado nos dois programas.
No Alterosa Esporte, a apresentação é de Leopoldo Siqueira, e o programa
não tem manchetes pré-determinadas. O início tem quase 2 minutos de provocação
na Bancada Democrática. No primeiro bloco, Leopoldo Siqueira fala da participação
de um telespectador provocando a bancada, e Thiago Ribeiro, atacante do Cruzeiro,
entra no estúdio para participar do programa. É exibida uma matéria, um clipe, em
homenagem à vitória cruzeirense. Na sequência, há uma matéria com a expectativa
antes do clássico. Entre as matérias, há perguntas para Thiago Ribeiro no estúdio.
O segundo bloco começa com a participação de telespectador no videochat e
a bancada comenta e brinca muito, com Thiago Ribeiro entrando na brincadeira.
Leopoldo Siqueira anuncia jogos do módulo 2 do Campeonato Mineiro. Na
sequência, é exibida uma matéria sobre os torcedores do Atlético que assistiram ao
jogo de longe. Depois, Leopoldo Siqueira dá um panorama geral sobre os títulos
estaduais pelo Brasil, com imagens dos gols sendo exibidas na tela. Vibrantinho,
representante cruzeirense na bancada, comemora no estúdio provocando Dada
55
Maravilha, representante do Atlético. Há a exibição de mais um clipe, matéria, em
homenagem ao Cruzeiro e a bancada comenta simultaneamente. Ao final do bloco,
há uma propaganda de merchandising¹, e a exibição de lances polêmicos do jogo,
sobre os quais o apresentador, a bancada e Thiago Ribeiro comentam. Este
momento dura quase 3 minutos.
No terceiro bloco, são exibidos os melhores momentos do clássico e a
bancada e Thiago Ribeiro comentam. Há a provocação no estúdio com a bancada
com extintor de incêndio para satirizar a derrota atleticana. Depois disso, há mais
uma propaganda de merchandising, que puxa uma matéria com declarações de
jogadores do Atlético após o jogo. Em seguida, há uma matéria de quase 3 minutos
com os torcedores cruzeirenses que não conseguiram comprar o ingresso para o
jogo, em que a equipe acompanhou os torcedores em bar. No encerramento do
programa, a bancada ainda discute e provoca.
¹ Propaganda inserida durante a programação de um jornal, uma ferramenta de marketing diferente dos comerciais convencionais
Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 16/05/2011
7% 7%8%
38%
40%
Produção de Rede
Merchandising
Entrevista
Produção Local
Comentários daBancada
Gráfico 7 – Percentual de Conteúdo Alterosa Esporte 16/05/2011
O programa deste dia teve duração total de 30 minutos. Conforme demonstra
o gráfico acima, os comentários da bancada ocuparam 40% do conteúdo do
programa, com 38% de produção local. Outros 8% foram destinados à entrevista
com o jogador Thiago Ribeiro e 7% com produção de rede e outros 7% com
merchandising.
56
O Globo Esporte, apresentado por Letícia Renna, começa com comentários
de Márcio Rezende de Freitas, especialista em arbitragem, e Bob Faria, jornalista
esportivo, que duram 3 minutos. As manchetes são destinadas aos principais lances
do jogo. O restante do primeiro bloco é composto por produções de rede, com as
finais do Campeonato Paulista, Gaúcho e Pernambucano.
No segundo bloco, o destaque é para a cobertura da decisão, com uma
reportagem com os jogadores, a torcida e a comemoração em si. Em seguida, há
um link ao vivo com Rogério Ferreira falando sobre o Troféu Globo Minas, que seria
então realizado naquela noite, e com o jogador Roger dando entrevista neste link ao
vivo. No terceiro bloco, uma reportagem cobre o jogo, com as principais imagens em
super slow e entrevistas com os jogadores. Ao final do programa, Rogério Ferreira
retorna no linkk ao vivo e entrevista Roger novamente, por cerca de 1 minuto e meio,
e encerra o programa.
Percentual de Conteúdo Globo Esporte 16/05/11
4%
47%
19%
14%
16%Manchetes
Produção Local
Produção de Rede
Comentários
Entrevista
Gráfico 8 – Percentual de Conteúdo Globo Esporte 16/05/11
Este programa teve duração total de 21 minutos, com 47% de produção local
destinada à cobertura da final do Campeonato Mineiro, mais 19% de produção de
rede sobre as finais dos campeonatos pelo Brasil. A entrevista tomou 16% do
conteúdo do programa e os comentários 14%. O restante (4%) é destinado às
manchetes.
As descrições de ambos os programas, expostas acima, sugerem uma
associação às demais observações para que o contexto dos dois programas, suas
semelhanças e diferenças, sejam delineadas neste estudo.
57
6. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS
Após ordenação do conteúdo dos programas e observação empírica dos
mesmos, é necessário considerar posicionamentos estratégicos e conceituais de
cada produto. Para isso, deve-se incluir aqui, a relevância das palavras dos
profissionais envolvidos na produção e arquitetura de cada um dos programas.
Para isto, foram realizadas duas entrevistas: com o jornalista Leopoldo
Siqueira, editor responsável pelo Alterosa Esporte; e com o jornalista Guilherme
Mendes, ex-editor-chefe do Globo Esporte Minas.
Dois momentos:
Em um primeiro momento, trata-se do surgimento do Alterosa Esporte, como
uma aposta ousada, mas que não preocupava a TV Globo Minas, até então líder de
audiência no horário. O Alterosa Esporte estreou, em 1998, com uma equipe
composta por um produtor, um apresentador, um repórter, para cobrir os times de
Belo Horizonte, e uma bancada composta por três jornalistas-torcedores: Neuber
Soares (Cruzeiro), Carlos Cruz (Atlético) e Otávio di Toledo (América), cada um
defendendo o time para o qual torcia; era a chamada Bancada Democrática. Cada
um externava sua paixão e, principalmente, criava polêmicas com provocações aos
outros integrantes da bancada. Então, cabia ao repórter e ao apresentador, a
responsabilidade quanto ao conteúdo jornalístico do programa.
58
Com o passar dos anos, percebeu-se que este formato do Alterosa Esporte
começava a agradar o telespectador mineiro, que sentia falta de uma cobertura mais
aprofundada e voltada exclusivamente para os times de Minas, uma vez que no
Globo Esporte Minas havia muito espaço para cobertura dos times do eixo Rio-São
Paulo. O sucesso do Alterosa Esporte começou a preocupar a TV Globo Minas, que
então sentiu necessidade de aproximar-se do público, em âmbito regional.
Atual editor-chefe do Alterosa Esporte, o jornalista Leopoldo Siqueira comenta
esta fase, ao falar das estratégias que a Globo Minas usou para tentar frear o
crescimento do Alterosa Esporte, em entrevista à pesquisadora, citando a
contratação do então produtor do Alterosa Esporte, Armando Oliveira, e do principal
componente da bancada, o ex-jogador Dario Oliveira, conhecido como Dadá
Maravilha, que foi contratado pela TV Globo em 2001 e chegou a fazer comentários
irreverentes no Globo Esporte Minas:
“ põe um programa aqui pra ver se alavanca e põe bancada e tira e muda o
horário e tal, até o ponto de contratar profissionais nossos da ‘cozinha’, no
caso, da produção ou o próprio Dadá que era de vídeo, saíram daqui para ir
para este programa” ( Leopoldo Siqueira)
Guilherme Mendes, então editor-chefe do Globo Esporte Minas, comenta este
momento de concorrência acirrada entre os programas em conversa com a
pesquisadora: “Em 2001 nós tivemos o ponto máximo da crise. O Alterosa Esporte
dava de 21 até 22 pontos de audiência e o Globo Esporte dava 12. Foi o momento
mais crítico. Foi quando houve uma transformação na Globo”.
Estes acontecimentos se passaram entre os anos de 2000 (ascensão rápida
do Alterosa Esporte) e 2006. Durante este período, a TV Globo Minas adotou várias
estratégias. Com relação à contratação de Dadá Maravilha, Guilherme Mendes
confirma:
“ foi uma estratégia de pensar assim: nós vamos dar uma enfraquecida no adversário, vamos tirar uma peça importantíssima deles. O Dario é a alma do programa e vamos ter no Globo Esporte a irreverência que talvez esteja nos faltando. Eram duas coisas que estavam se casando. E quer saber de uma coisa? Não deu certo nem pra um, nem pra outro... o Dadá na Globo nunca foi um Dadá com cara de Globo. Ele não conseguiu ter isso com a gente.” (Guilherme Mendes))
Também nesta época, o jornalista Armando Oliveira, que estava como
produtor de rede da TV Globo Minas, passou a ser o editor-chefe do Globo Esporte
Minas, substituindo Guilherme Mendes neste cargo. Armando Oliveira se juntou a
Rogério Correa, que já estava no Globo Esporte desde 2000, como apresentador,
59
repórter e narrador esportivo. Assim, estava aberto o caminho para a instauração de
mudanças de linguagem e formato no Globo Esporte Minas.
Os jornalistas Armando Oliveira, Leopoldo Siqueira e Rogério Correa
defendiam, desde os tempos de Alterosa Esporte, o fim do futebolês (termo usado
para exemplificar o uso de jargões usados especificamente na cobertura do futebol)
e o início de uma linguagem e abordagem que agradasse uma maior parcela da
audiência. Assim, o Globo Esporte Minas passou a se assemelhar ao Alterosa
Esporte, utilizando os exemplos de sucesso, que levavam a uma linguagem mais
popularizada e à proximidade com o telespectador.
A linguagem esportiva:
No que diz respeito à linguagem empregada em ambos os programas, pode-
se considerar um ponto em comum: a linguagem descontraída e alternativa. Na
televisão, a forma como o jornalista transmite a informação é considerada um vértice
fundamental.
Neste contexto, é primordial considerar a diferença que se coloca entre o
Alterosa Esporte e o Globo Esporte. Enquanto na Rede Globo o bom-humor é
colocado com cautela no texto do repórter e a linguagem é construída de uma forma
coloquial, porém, poética; na TV Alterosa o bom-humor é trazido com total
irreverência, e tem por objetivo a sustentação de polêmicas durante a apresentação,
traduzida por uma linguagem também coloquial, mas que se aproxima muito do
popular.
É claro que ambos os programas lidam com o produto jornalístico, sendo
assim, consideram como objetivo fundamental a chegada e/ou a manutenção da
liderança no primeiro lugar do Ibope, via transmissão de informação e
entretenimento com qualidade, conforme declara Leopoldo Siqueira: “é um equilíbrio
entre a informação e o bom-humor, é essa rivalidade levada de forma irreverente,
mas sem agressividade ao adversário”, enquanto fala da paixão externada pelos
componentes de sua bancada democrática, que contém representantes dos
principais clubes de futebol de Minas Gerais: Atlético, América e Cruzeiro.
Cobertura de Rede x Cobertura Local
Enquanto o jornalista Leopoldo Siqueira, apresentador do Alterosa Esporte
fala da liberdade que ele e sua “Bancada Democrática” têm dentro da emissora, nas
60
transmissões ao vivo; o jornalista Guilherme Mendes, ex-editor chefe do Globo
Esporte, cita claramente a necessidade de seguir regras dentro da Rede Globo,
enquanto grupo nacional: “ Eu senti na pele esse negócio de não poder inventar
tanto... de uma hora para outra, veio o stop. Pára.”; citando momentos em que teve
que deixar de ousar dentro do Globo Esporte Minas e passou a seguir uma
tendência mais linear, de acordo com a linha editorial aplicada pela emissora.
Inovações tecnológicas:
Acompanhar as inovações tecnológicas e as mudanças no comportamento da
sociedade é tarefa de qualquer produção jornalística que queira se manter no ar.
Assim, é necessário o aprimoramento dos recursos digitais disponíveis no mercado.
Por exemplo, a partir de 2010, tanto Leopoldo Siqueira quanto Letícia Renna,
passaram a usar um tablet, eliminando as antigas fichas que continham os espelhos
dos programas. Estes aparelhos móveis permitem que o apresentador acompanhe a
estrutura do programa, mas também interaja em tempo real com a internet e a
opinião pública, abrindo as portas para a interatividade e moldando o conteúdo dos
programas em tempo real. Estas inovações tecnológicas têm papel fundamental no
aprimoramento dos formatos jornalísticos, e influenciam também no conteúdo destes
programas, principalmente com o avanço das medições do ibope, assunto que será
discutido mais adiante.
Interatividade:
O público sente a necessidade, cada vez maior, de participar da construção
da informação. Leopoldo Siqueira defende que “a interatividade de um programa de
esportes é fundamental. Hoje, os torcedores são muito bem informados. São muito
atentos. Eles são participativos.” No Alterosa Esporte, esta participação é explícita.
Os telespectadores enviam mensagens por e-mail ou twitter, deixam recados na
caixa postal do “Alô, Alterosa”, participam também pelo “videochat” e esta
participação é exibida ao vivo, direcionada pelo apresentador, e assim sentem-se
co-produtores do programa.
Já no Globo Esporte, a forma como o telespectador participa é mais implícita,
muito disso por cautela da emissora, conforme declara Guilherme Mendes: “Estão
puxando para uma coisa que a Alterosa fez, mas que a Globo está fazendo com
muita força, mas devagar, mas também estão fazendo, chama-se interatividade”,
61
citando que eles (Rede Globo) direcionam o telespectador, com certa freqüência,
para a globo.com.
Guilherme Mendes fala sobre o uso da interatividade no Alterosa Esporte e
levanta uma hipótese sobre uma possível aposta da Rede Globo Minas em
Interatividade, o programa Na Rede, apresentado por Bob Faria na página do Globo
Esporte Minas na globo.com, em que um atleta é levado para a câmera e o
internauta participa com perguntas, exibido logo após o término do Globo Esporte
Minas na tevê. O jornalista diz que:
“ A porta foi aberta, escancarada. Qualquer um pode entrar, reclamar e vai embora. Eu acho que as empresas de comunicação deveriam tomar cuidado... Acho que foi importante o que a Alterosa fez, ela talvez tenha sido pioneira aqui em Minas Gerais em dar espaço para o torcedor. Isso é muito importante, é positivo, e é bacana. Mas isso precisa de um controle. A Globo, ela tem medo. Então, o que ela tá fazendo, ela tá usando uma outra porta. Ela tá usando a globo.com, o programa que eles tem na globo.com, se chama Na rede, com Bob Faria. É um exemplo clássico de interatividade. Ele ta lá sentado com o computadorzinho dele, o Ipad. O torcedor tá mandando pergunta. Eles devem fazer uma pré-seleção, mas o programa é muito baseado em perguntas e interatividade. Esse é o forte do programa. “ (Guilherme Mendes)
Investimentos e publicidade:
Para uma evolução constante, é necessário investimento financeiro, que em
muitos casos vem da publicidade. Nos veículos de comunicação, a publicidade é
fundamental para o lucro das emissoras. É aí que a preocupação com o público se
afunila nas produções jornalísticas. Se um programa tem cada vez mais atenção do
público, ele terá mais possibilidades de investimento. Se sua audiência cai, o lucro
da publicidade cai proporcionalmente. Guilherme Mendes afirma que “a audiência, o
ibope, existe para mostrar o quanto você tem de público te assistindo. Se você tem
uma boa audiência você chega no mercado publicitário e fala assim: ‘ Eu tenho um
produto ótimo a te oferecer’.”
Com relação a isto, o Alterosa Esporte traz um artifício importante para o lucro
da empresa, mas perigoso para a credibilidade do jornalismo: o merchandising. Ao
mesmo tempo que leva recursos para o caixa da empresa, o merchandising provoca
uma quebra no ritmo do programa. O telespectador está na expectativa de assistir a
uma matéria sobre o treinamento do dia em seu clube, ou a cobertura dos bastidores
de uma partida e, de repente, tem que esperar mais um pouco e acompanhar a
propaganda que é transmitida entre duas matérias.
62
É necessário um trabalho cuidadoso para que esta publicidade não
comprometa a atenção do telespectador, e a postura de credibilidade alcançada pelo
programa. Porém, Leopoldo Siqueira afirma que foi feito um estudo cuidadoso antes
da inserção dos merchandisings no Alterosa Esporte, e que ele não compromete a
credibilidade. O jornalista traduz esta preocupação: “a empresa tem que se
preocupar com isso. Porque é a credibilidade dela. Por X mil reais eu não posso
perder esse patrimônio que é a verdade que você passa para o seu telespectador”.
A relação entre audiência e conteúdo:
A motivação exercida pela audiência se intensificou com o passar dos anos,
com o avanço das técnicas de medição de Ibope, que é acompanhado
simultaneamente pelas emissoras. Leopoldo Siqueira ressalta a importância da
medição rápida de audiência:
“Depois que começou essa medição no peoplemeter (medidor de pessoas) que era diária e tudo, aí a sua guerra fica mais enlouquecida, porque aí é minuto a minuto e você vê a matéria que deu certo, a que não deu certo, o que o concorrente tinha na hora”. (Leopoldo Siqueira)
Esta relação com a audiência nem sempre foi construída com a velocidade
em que acontece hoje. Antigamente, as medições de audiência eram feitas
manualmente, de porta em porta, mas hoje as respostas sobre as reações do
público vêm em tempo real, conforme completa Leopoldo Siqueira:
“... hoje é tempo real,quer dizer, tá com determinada situação no ar e diz: Oh! Isso aí, derrubou aqui! Aí você pensa: “E agora né?” (risos) Corto a matéria? Ou se for outro tipo de coisa, se for comentário é mais fácil né? “Ishi esse comentário não tá dando não, os caras estão com preguiça desse fulano que tá falando aí – enquanto gesticula pedindo para parar - É assim que acontece, quando você vê uma atração num programa ao vivo, de auditório. O cara chega lá pra cantar uma música e canta 3 ou 4, é porque tá dando Ibope, porque o cara ta em tempo real lá medindo. Então, as estratégias são em função disso. “ (Leopoldo Siqueira)
Desta forma, representa-se com uma situação cotidiana a influência que a
audiência exerce sobre o conteúdo de um programa jornalístico. Somado a isto, está
a velocidade em que esta audiência é medida, o que amplia o poder de decisão da
produção de um programa ao selecionar o que vai ou não ao ar, e o que vai
permanecer em exibição por mais tempo.
Consequências:
63
Levando-se em conta estas considerações, observam-se semelhanças no
conteúdo de ambos os programas, que se aprimoram, tanto para acompanhar a
evolução social, quanto para “não ficar para trás” com relação à concorrência. A
partir disto, há semelhanças fundamentais para associação do Alterosa Esporte ao
Globo Esporte.
Em um primeiro momento, há a expansão do cenário no Globo Esporte, que
usava apenas enquadramentos fechados no apresentador e atualmente utiliza uma
maior amplitude ao enquadrar o estúdio, característica do Alterosa Esporte, desde
sua estreia. Temos a aquisição de uma linguagem bem-humorada e descontraída
pelo Globo Esporte, que há muito já era presente no Alterosa Esporte. Há também a
modernização de recursos tecnológicos em ambas as emissoras, principalmente na
TV Alterosa, uma vez que a Rede Globo é muito avançada neste quesito. Todas
estas considerações nos levam a uma questão: a busca pelo aprimoramento
constante para acompanhar as tendências do mercado jornalístico, principalmente
no que se relaciona à corrida pela audiência.
Já em uma observação mais aprofundada, estão presentes artifícios que
levam a considerar que um programa exerce influência sobre o outro, e vice-versa.
Muitas produções são espelhadas em exemplos de sucesso da concorrência. No
caso do Alterosa Esporte, o diferencial se constrói a partir da necessidade de um
olhar novo sobre o fato. Já no Globo Esporte, as mudanças se justificam a partir de
uma necessidade de aproximação com seu público-alvo.
Troféu Telê Santana:
Um exemplo a ser pontuado é a produção do Troféu Telê Santana pela TV
Alterosa. O evento é realizado desde 2002 e é uma premiação aos melhores atletas
do ano. Nele, a atenção que se dá ao futebol é maior, com a homenagem aos
melhores do Campeonato Brasileiro, mas também há premiações aos destaques
das demais modalidades esportivas.
Em 2004, a TV Globo Minas passou a produzir o Troféu Globo Minas, que
homenageia os melhores do Campeonato Mineiro a cada ano. Assim, podem ser
consideradas semelhanças fundamentais entre os dois eventos. Porém, não pode-
se afirmar que houve influência direta do Troféu Telê Santana no Troféu Globo
Minas. Para isso, precisa-se analisar as declarações dos profissionais envolvidos em
ambas produções. Leopoldo Siqueira diz: “em termos de concorrência regional, não
64
creio que seja uma coincidência”, levando em consideração os objetivos e o foco do
Troféu Globo Minas, bastante próximos aos do Troféu Telê Santana.
Já Guilherme Mendes exprime opinião contrária: “foram duas ideias que
nasceram mais ou menos ao mesmo tempo, uma não copiou a outra não. Mas eram
propostas também diferentes. Só que no final, para não parecer que uma fez o que a
outra tinha feito, aí nós decidimos fazer uma festa que era só voltada para o
Campeonato Mineiro”, citando um projeto anterior que ele mesmo havia apresentado
para a TV Globo Minas, mas que, segundo Guilherme, “demorou demais para essa
ideia amadurecer dentro da empresa”.
Assim, cabem considerações subjetivas a respeito desta influência que um
programa exerce sobre o outro. Levando-se em conta, é claro, os limites que cada
veículo estabelece para suas produções, como a falta de liberdade de criação, no
caso do Globo Esporte Minas, e a inferioridade técnica e financeira para criar ou
produzir grandes eventos esportivos, no caso do Alterosa Esporte. Porém, conforme
ressalta Guilherme Mendes,
“a empresa Alterosa tem um mérito extraordinário, porque é uma televisão ainda pequena, que teve a coragem de peitar a Globo, de partir para uma briga de audiência com a Globo. Isso é um fenômeno. No Brasil, você vai encontrar pouquíssimos casos de uma afiliada, uma rede menor do que a Globo, conseguir o que a Alterosa conseguiu”. (Guilherme Mendes)
Concorrência:
Da mesma forma, Guilherme Mendes acredita que não é só a concorrência
local que influencia nas modificações que ocorrem atualmente no Globo Esporte
Minas: “Acho que o Globo Esporte Minas está fazendo um esforço enorme para
tentar ser igual ao Globo Esporte de São Paulo, e não está conseguindo”, se
referindo à tentativa de aproximação do Globo Esporte Minas ao estilo do atual
apresentador do Globo Esporte São Paulo, Tiago Leifert, que faz um programa para
um público juvenil, com um modo de se vestir diferente, e com a linguagem que o
apresentador adotou.
E com relação ao público, percebe-se uma diferença fundamental entre os
dois programas: enquanto o Globo Esporte Minas define a parcela masculina da
população que se interessa por todos os esportes como seu público-alvo e tenta se
aproximar do público jovem, o Alterosa Esporte tenta abranger todas as camadas da
população, independente de faixa etária, sexo ou idade.
65
Analisados estes diversos pontos, parte-se de uma declaração de Leopoldo
Siqueira para exemplificar a atual concorrência existente entre estes programas:
“não somos concorrentes diretos em horário. Mas tem essa concorrência pela boa
notícia, pela informação, pelo padrão”. Estes artefatos, juntos, compõem o conteúdo
que define cada um dos programas, considerando, primordialmente, que a busca
pela audiência exerce influência prática nas mudanças de estruturação de cada
formato.
7. ANÁLISE DE DADOS
Em um primeiro momento, é certo considerar que os programas pertencem a
emissoras que carregam consigo características fundamentais para diferenciá-los.
Por exemplo, enquanto a Rede Globo Minas faz parte de um grupo nacional de
comunicação, que detém recursos financeiros e mercadológicos para pensar,
produzir, incentivar e patrocinar eventos esportivos e por conseqüência realizar
coberturas jornalísticas com exclusividade, a TV Alterosa é uma afiliada do SBT,
uma rede que não faz investimentos em coberturas esportivas. Como toda emissora
local, é pequena se comparada à TV Globo no que diz respeito à estrutura e
recursos financeiros.
Mas a observação sistemática de características jornalísticas somada ao
embasamento teórico, possibilitam que seja feita uma análise a cerca de
características inerentes tanto ao Alterosa Esporte quanto ao Globo Esporte. Da
mesma forma, é preciso considerar que há semelhanças fundamentais para que
estes dois periódicos sejam tratados em uma mesma temática.
Tanto o Alterosa Esporte quanto o Globo Esporte Minas são divididos em três
blocos e vão ao ar na hora do almoço. Mas se sobrepõem apenas durante 5
minutos. O AE começa as 12h25 e acaba às 12h55. O GE começa as 12h50 e
termina às 13h15. O programa da TV Alterosa privilegia a cobertura local quase que
66
em sua totalidade, enquanto na produção da TV Globo Minas, há um equilíbrio entre
a cobertura regional e nacional.
O foco do Globo Esporte Minas é a cobertura completa dos acontecimentos
relacionados ao esporte, tanto em âmbito regional, quanto em âmbito nacional. Já
no Alterosa Esporte, a pauta é recheada de polêmicas somadas à irreverência da
Bancada Democrática, e as notícias são, geralmente, transmitidas de maneira
descontraída, quase que informal, mas quase em sua totalidade, regionais.
Um exemplo desta diferença significativa entre os dois programas é o caso de
Dadá Maravilha, que saiu do Alterosa Esporte e foi para o Globo Esporte Minas,
conforme citou Guilherme Mendes em sua entrevista. Porém, o comentarista não fez
o sucesso esperado no novo programa e acabou não durando muito tempo no ar.
O fato de Dadá Maravilha não ter feito o sucesso esperado no Globo Esporte
Minas, assim como fez no Alterosa Esporte, se deveu a uma série de fatores, entre
eles, a falta de interação com outros comentaristas tão irreverentes quanto ele, e até
mesmo a ausência da polêmica, ingrediente fundamental no formato do Alterosa
Esporte e, ainda, à liberdade de interação.
Na televisão, a forma como o jornalista transmite a informação é considerada
um vértice fundamental para que um programa adquira rosto e personalidade. De
acordo com Barbeiro e Rangel (2006, p.55): “Hoje, a linguagem jornalística está bem
caracterizada de veículo para veículo. Algumas TVs adotam o estilo do jornalista-
personagem, em que a função não é só passar a informação, relatar o fato. É
preciso “viver” aquela emoção para o telespectador.”
Porém, é preciso considerar que “Embora pareça coloquial, e portanto mais
compreensível à maioria dos brasileiros, o texto lido na televisão não pode ser
confundido com a linguagem falada. Trata-se de uma cuidadosa produção escrita
com roupagem coloquial.” (Zanchetta Jr, 2004, p.107). Assim, é necessário o
cuidado com o tratamento das palavras na televisão, uma vez que a mídia tem
participação fundamental na configuração social contemporânea.
Neste ponto, a semelhança é a linguagem coloquial do Alterosa Esporte e do
Globo Esporte, e a diferença é que a cautela se faz presente na produção do Globo
Esporte Minas, enquanto no Alterosa Esporte a irreverência é o carro chefe e a
sustentação de polêmicas diária se leva a linguagem a ser bastante popular.
As amarras trazidas pela rede fazem com que o Globo Esporte seja um
produto pré-formatado, com pautas em geral, engessadas. Mas esse apoio da
67
produção em rede permite que se tenha uma maior estrutura para produzir com
qualidade contando, por exemplo, com imagens e entrevistas de personalidades do
esporte nacional. No Globo Esporte Minas exibido em 16 de maio de 2011, por
exemplo, o programa foi composto de reportagens sobre o título mineiro conquistado
pelo Cruzeiro e sobre os títulos estaduais por todo o país, com duas reportagens
locais e 3 matérias de rede. As maiores reportagens foram para a cobertura do
esporte local, do clássico em si, enquanto as reportagens produzidas por outras
regionais foram trazidas para dentro do Globo Esporte Minas.
Em contrapartida, enquanto o Alterosa Esporte ressalta ter total liberdade
expressada no formato de suas pautas mais soltas e ajustáveis, tem a deficiência de
não poder contar com uma equipe numerosa. Trinta e oito (38%) por cento do
programa que cobriu a vitória cruzeirense no Campeonato Mineiro de 2011 foi de
reportagens, que cobriam exclusivamente o jogo e suas repercussões, enquanto
outros quarenta (40%) por cento do conteúdo do programa foram destinados a
comentários sobre os acontecimentos relacionados à partida e à polêmica e
provocações entre os integrantes da Bancada Democrática.
Neste sentido, observa-se que a alternativa que o Alterosa Esporte encontrou
foi o reforço do regionalismo, para que não dependessem dos recursos de imagens
e de transmissão, e o espaço da bancada, que então é o principal diferencial. Como
não dava pra competir e muito menos copiar, foi a única aposta que poderiam fazer
e que deu certo, pois agradou aos telespectadores mineiros, que até 1998 não
tinham na televisão a cobertura massiva sobre os times daqui.
Outro ponto a ser considerado é a diferença entre a abrangência dos dois
programas, no que tange às modalidades de esporte. Enquanto o Globo Esporte traz
informações sobre o futebol mineiro conjugadas a outras sobre o futebol a nível
nacional e somadas a notícias sobre outros esportes, como vôlei, basquete e
automobilismo, cujos direitos de transmissão são da emissora, nos levando à
relação teórica com Barbeiro e Lima (2003), que citam que: “Participar de uma
transmissão jornalística em rede pressupõe a formação de uma equipe bem treinada
de técnicos e jornalistas – chefe de reportagem, coordenador, apresentador, locutor,
produtor, redator, editor de entrevistas, operador da mesa de áudio e operadores da
central técnica.”; o Alterosa Esporte se concentra em noticiar o futebol quase em sua
totalidade, deixando um espaço muito pequeno para notícias curtas sobre demais
acontecimentos de outras modalidades.
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Conforme já citado, isso se deve à diferença de estrutura de equipe e de rede,
que traz os direitos de transmissão. Para suprir essa deficiência, o Alterosa Esporte
traz a tentativa de um olhar diferente sobre os acontecimentos. Além disso, tenta
abrir espaço para a promoção da interatividade. Durante a semana existem alguns
quadros para incentivar a participação do telespectador. A Bolsa de Craques é um
deles. O telespectador liga pra votar no melhor jogador da rodada. O quadro se
transforma numa luta de bastidores entre as torcidas que não querem ver o time
perder nem numa disputa na TV. Quem vence leva troféu. O repórter vai ao centro
de treinamento entregar um troféu para o jogador eleito pela torcida.
A interatividade é um artifício utilizado por muitos programas televisivos nos
dias de hoje, que também enxergam na internet a possibilidade de aproximação e
representação da vontade do público. No Alterosa Esporte, podemos identificar uma
maior tendência à participação popular, com o uso do videochat, ou do Alô Alterosa,
e da leitura de e-mails ao vivo. Já no Globo Esporte, é necessária uma análise mais
aprofundada para enxergar esta participação do telespectador, pois há também a
promoção de votações pelo telefone e, no restante das vezes, o internauta é
convidado a participar pela globo.com. É claro que é preciso considerar que esta
participação ainda é pequena. Provavelmente um percentual muito baixo dos
telespectadores que participam têm seus textos, ou palavras exibidos nos
programas.
O comentário também é uma possibilidade de assimilação da linguagem e da
participação do público com o programa telejornalístico. Tanto o Alterosa Esporte
quanto o Globo Esporte trazem o comentarista como artifício do jornalismo
esportivo. Em relação a isso, Silva (2005) considera que:
Em geral, os telespectadores dos programas esportivos já assistiram as transmissões dos jogos, o que significa que eles já possuem a informação básica sobre o evento. Por isso, a expectativa com relação ao jornalismo dos programas é de obter os comentários dos especialistas sobre a partida. (SILVA, 2005, p.14)
Além disso, o público quer se sentir parte daquele programa que está sendo
produzido para ele. O telespectador quer participar, interagir, dar sua opinião. Neste
sentido, há uma diferença relevante entre o Alterosa Esporte e o Globo Esporte:
enquanto no programa da Rede Globo os comentários são embasados, muitas
69
vezes pré-produzidos, e falados apenas por especialistas; na TV Alterosa os
comentários são, na maior parte das vezes, tecidos pelos representantes da
bancada, que não possuem técnicas jornalísticas para isto. Eles falam,
espontaneamente, o que for necessário falar para cada situação.
Muitos destes artifícios impactam na audiência e são incluídos e
experimentados pelos programas a fim de que esta audiência aumente e se
mantenha no topo. Assim é possível vender espaços publicitários como o
mershandising. Vizeu (2003) confirma isto:
Todas as empresas privadas jornalísticas vêem o jornalismo como um negócio. As receitas provêm basicamente das vendas e da publicidade. O espaço ocupado pela publicidade acaba intervindo na produção do produto jornalístico. Na televisão, por exemplo, a publicidade impõe, sobretudo, a lógica das audiências: mais audiência, mais receita. (VIZEU, 2003, p. 8)
A audiência é a principal motivadora de mudanças de conteúdo dentro dos
programas jornalísticos, e a observação dos exemplares do Alterosa Esporte e
Globo Esporte Minas ( dos anos de 2006, 2008, 2010 e 2011) sugere isto. Muitas
transformações de linguagem, de cenário, de enquadramento, e principalmente de
conteúdo foram implantadas ao longo dos anos nestes programas. Bordieu (1997)
coloca a audiência como um artefato de manipulação do conteúdo:
O índice de audiência é a sanção do mercado, da economia, isto é, de uma legalidade externa e puramente comercial, e a submissão às exigências desse instrumento de marketing é o equivalente exato em matéria de cultura do que é a demagogia orientada pelas pesquisas de opinião em matéria de política. (BORDIEU, 1997, pp.96-97)
O jornalista Leopoldo Siqueira, do Alterosa Esporte, cita em sua entrevista a
velocidade das medições do ibope como fator determinante para estas mudanças.
Tanto para ele quanto para todas as produções jornalísticas, o avanço nas técnicas
de medição de audiência influencia a corrida pelo topo diariamente. O fato é que, o
público e a atenção que este público dá a um programa, é a determinante
fundamental para que uma produção alcance o sucesso.
Se os índices de audiência são analisados diariamente, o desempenho da
concorrência também é levado em consideração para se implantar mudanças a fim
de que se mantenha o auge de um programa. O Alterosa Esporte e o Globo Esporte
Minas não são concorrentes diretos em horário, mas são os dois principais
expoentes do esporte mineiro e, como tais, precisam estar em constante
70
aprimoramento de acordo com o desejo do público e com o que está agradando em
um e outro programa.
De certo, a concorrência estabelecida, então, parece ser pela boa notícia,
pela informação e por um padrão de qualidade. Mas desde que todos esses
ingredientes se traduzam em audiência. Na entrevista com Leopoldo Siqueira ele
revela que não adianta colocar uma sumidade da medicina esportiva no ar se a
reportagem não der audiência. Desta forma, estes pontos compõem o conteúdo de
cada um dos programas, direcionados pelo gosto da audiência, considerada a
principal influência na estrutura dos programas telejornalísticos analisados.
8. CONCLUSÃO
Após análise e observação sistemática de referências teóricas e práticas a
cerca do jornalismo esportivo na televisão, buscando trazer respostas à questão:
“Porque são utilizados os atuais formatos presentes no Alterosa Esporte e no Globo
Esporte Minas?”, pode-se chegar a definições que consideram o conteúdo destes
programas como ponto fundamental de definições pertinentes ao assunto.
As semelhanças e diferenças existentes entre o Alterosa Esporte e o Globo
Esporte Minas são significativas do ponto de vista mercadológico e estratégico, e
impactam de maneira abrangente junto ao público e aos índices de audiência. Se no
Alterosa Esporte o público encontra a polêmica e uma cobertura descontraída na
hora do almoço, no Globo Esporte o telespectador encontra a sobriedade de um
programa fundamentado em uma arquitetura que não permite tantas alternâncias.
De fato, a audiência é o principal motivador de mudanças visuais, de
linguagem e de formato, a partir do momento em que o objetivo de um programa é
se manter valorizado junto ao público e ao mercado publicitário, para que os níveis
de satisfação aumentem. A maioria das mudanças é promovida de acordo com o
comportamento deste público, medido por vários termômetros, como a internet, as
redes sociais e os índices de audiência, que hoje não só são medidos minuto a
minuto como são disponibilizados em tempo real para os diretores dos programas. E
no jornalismo esportivo não seria diferente, estes medidores de satisfação existem
para mostrar a visibilidade de um programa. A reação do público modifica os índices
71
de audiência, que diminuem ou aumentam o retorno publicitário, que leva ao
prejuízo ou ao lucro financeiro, este último que permite maiores investimentos. E é
esta uma relação de dependência em um ciclo infindável.
Da mesma forma, consideram-se pontos fundamentais sobre a real situação
de ambos os objetos de análise: o Globo Esporte Minas está buscando uma
aproximação com o público, e, para isto, precisa de um jeito mais descontraído de
fazer o jornalismo esportivo, que vai desde a linguagem empregada, até mesmo à
postura do apresentador diante das câmeras. Para isto, a Rede Globo, da qual faz
parte a TV Globo Minas, investe cada vez mais na interação entre tevê e internet,
para que o público interaja cada vez mais, ainda que com cautela e sob inspeção e
acompanhamento da direção de rede.
Enquanto isto, o Alterosa Esporte busca aprimoramento nesta forma diferente
de cobrir o jornalismo, mas precisa dosar a capacidade de externar a paixão
incondicional ao clube de coração exposta pela Bancada Democrática e a
preocupação com o jornalismo imparcial e de qualidade; considerando, é claro, o
mérito expressivo da TV Alterosa, em uma disputa de audiência de igual para igual
com a maior empresa de comunicação do país, mesmo que não possuindo os
mesmos recursos econômicos.
Por isso, observa-se que os objetivos propostos neste estudo foram atingidos,
verificando-se a abertura de diversas possibilidades de análises futuras ou mais
aprofundadas, por exemplo, no que diz respeito à participação efetiva e diretiva do
telespectador no conteúdo dos programas através do uso das ferramentas
disponibilizadas pela internet.
A partir do momento em que se leva em consideração que este ciclo de
dependência entre conteúdo, nível de audiência e faturamento não tem fim, faz-se
necessária a continuidade do aprimoramento das técnicas de produção destes
programas, trazendo uma gama de segmentações dentro do contexto do jornalismo
esportivo, que vai, desde a análise contínua dos programas definidos como objeto
nesta pesquisa, até novas observações que podem ser direcionadas para canais de
tevê fechada, cujas possibilidades para as produções esportivas se proliferam a
cada dia.
Assim, coloca-se o jornalismo esportivo como uma abrangente temática a ser
continuamente desbravada, principalmente no que diz respeito à cobertura do
futebol, que é a paixão nacional, e que permite contar histórias que encantam,
72
envolvem, e que representam as vontades do público, que quer se sentir um
participante ativo na construção da realidade vivenciada por ele. Resta saber até
que ponto será permitida esta participação ativa.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta análise de conteúdo compreende uma série de fatores que influenciam
na composição do Alterosa Esporte e do Globo Esporte. De uma maneira geral,
estabeleceu-se, aqui, a participação da audiência enquanto motivação para a
implantação de mudanças expressivas na formatação de cada um dos programas.
Contudo, ainda encontram-se presentes diversas possibilidades de abordagem para
a comparação entre estas duas produções telejornalísticas.
Aqui, a interatividade é colocada como uma importante vertente nas
transformações que ocorreram e que ainda podem ocorrer. Porém, é preciso
estabelecer qual é a real parcela desta interatividade e quais seriam as
possibilidades de aplicação deste artifício nos programas analisados. Para isto, é
necessária uma nova análise que se fundamente principalmente no papel da
interatividade no telejornalismo, tanto nos canais de tevê aberta quanto na tevê
fechada.
Outra questão a ser levantada é a parcela de influência da cultura da internet
no conteúdo destes programas. Ou seja, é necessário observar e analisar até que
ponto o ciberespaço colabora com os programas de TV ou até que ponto tira a
atenção do público, a partir do momento em que promove maior liberdade de
expressão no espaço virtual.
Desta forma, cria-se esta análise de conteúdo que embasou principalmente
na observação empírica dos objetos de estudo e nas entrevistas semi-estruturadas,
para comprovar a participação da audiência como fator determinante para o
73
aprimoramento dos produtos, com o intuito de fomentar a discussão acerca dos
temas aqui distribuídos, deixando espaço para novos estudos sobre o tema
jornalismo esportivo.
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76
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http://memoriaglobo.globo.com, acessado em 07/06/2011
http://globoesporte.globo.com, acessado em 07/06/2011
ANEXOS
• Programas exibidos nas datas:
- 04/04/2006
- 29/04/2008
- 05/10/2010
- 16/05/2011
• Reportagem sobre o Troféu Telê Santana exibida em 25/01/2011
• Reportagem dos bastidores do Troféu Telê Santana exibida em 25/01/2011
• Reportagem sobre o Troféu Globo Minas exibida em 17/05/2011
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APÊNDICES
Apêndice A – Decupagem do Programa Alterosa Esporte de 04/04/2006
Alterosa EsporteData 04.04.2006Dia TERÇA-FEIRAReferência Cruzeiro campeão mineiro em final contra o IpatingaApresentação Leopoldo Siqueira
Bancada
Eduardo Schechtel ( Atlético)Rodrigo Lima ( Ipatinga)
Otávio di Toledo ( América)Serginho ( Cruzeiro)
INÍCIO Boa tarde de Leopoldo Siqueira no estúdio
MANCHETES
* Cruzeirenses felizes provocam ( foco com provocação de Zezé Perrela a Ziza Valadares)* Resposta de Ziza Valadares reclamando de influência do Cruzeiro na FMF)* Lateral perdendo vaga no Galo* Votação para escolha dos laterais da seleção do Campeonato Mineiro* Marcação cerrada em Welder ( jogador do Cruzeiro)* Caju e Totonho
1º BLOCO
Local
Leopoldo Siqueira anuncia partida entre Cruzeiro e seleção do Campeonato Mineiro, festa realizada pela TV Alterosa- Os participantes da seleção concorrem a prêmios
Local
Comemoração dentro de campo logo após conquista - Sonora com imagens de Fábio Santos, bastidores e desabafo- Volta para o estúdio e a bancada inteira comenta a matéria, dá pitaco. - Polêmica levantada: o Ipatinga desrespeitou o Cruzeiro?
78
Local
Leopoldo Siqueira anuncia o "Alô Alterosa"- Torcedor envia mensagem para o programa com comentário sobre a final do campeonato, declarações incluem brincadeiras e provocações para os integrantes da bancada
LocalLeopoldo Siqueira anuncia novamente o jogo da seleção do Campeonato Mineiro
Local
Jaeci Carvalho comenta declarações de Fábio Santos- Jornalista do Estado de Minas alfineta e fala da final do Campeonato Mineiro- Leopoldo Siqueira comenta que um telespectador acabou de enviar por e-mail uma mensagem sobre o assunto que Jaeci Carvalho comenta- Leopoldo Siqueira e Jaeci Carvalho conversam espontaneamente- Bancada ri e brinca
Alterosa EsporteData 04.04.2006Dia TERÇA-FEIRAReferência Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Ipatinga
CHAMADA Chamada para o 2º bloco:- Lateral barrado no Galo
INTERVALONo intervalo, tem chamada para participação do público pelo telefone. Chamada é feita pela bancada em uma espécie de teatro
2º BLOCO
Local
Titularidade comprometida no Galo- Na volta para o estúdio, Eduardo Schechtel comenta, bancada dá pitaco.
Local
Leopoldo Siqueira chama para votação do lateral do Campeonato Mineiro- Votação é feita por telefone- Bancada chama votos para os jogadores
Local
Vinda de lateral Luis Cláudio para o Galo- Notícia em primeira mão de Eduardo Schechtel- Luís Cláudio conversa com a bancada por telefone
LocalEduardo Schechtel fala informalmente de interesse do Atlético em outro jogador
LocalSerginho cita informalmente novos jogadores para o Cruzeiro- Especulação
Local
Federação Mineira de Futebol no Rio para garantir América na Copa do Brasil- Otávio di Toledo comenta
Local Leopoldo Siqueira chama para participação na votação
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CHAMADA
Chamada para o 3º bloco:- Bronca atleticana pela provoação azul- Caju e Totonho- Marcação Cerrada
INTERVALONo intervalo, tem chamada para participação do público pelo telefone. Chamada é feita pela bancada em uma espécie de teatro
3º BLOCO
Local
Leopoldo Siqueira anuncia votação para o meio de campo do Campeonato Mineiro- Bancada comenta- Leopoldo Siqueira cita Troféu Telê Santana
Local
Confusão no Ipatingão- Imagens da invasão de campo e briga entre jogadores e torcedores- Bancada comenta
Alterosa EsporteData 04.04.2006Dia TERÇA-FEIRAReferência Cruzeiro campeão mineiro em final contra o IpatingaLocal Serginho comemora Mineiro e vitória no atletismo
LocalOtávio di Toledo dá notícia sobre falecimento de torcedor americano
Local
Dia-dia atleticano- Resposta dos jogadores a provocações cruzeirenses- Presidente faz revisões na equipe- No estúdio, Leopoldo Siqueira anuncia novo diretor de futebol no Atlético- Alexandre Kalil e eleições do conselho- Bancada comenta
Local
Provocação de Zezé Perrela a Ziza Valadares e resposta- No estúdio, os representantes de Atlético e Cruzeiro esticam a discussão
ENCERRAMENTOLeopoldo anuncia destaques do Jornal da Alterosa e encerra programa
80
Considerações
* Em geral, repórteres aparecem em off e não são anunciados nas matérias* Condições ruins para ligação por telefone* Comentários da bancada são constantes* Conversar coloquiais, às vezes atravessadas* Uma mesma polêmica é suitada durante todo o programa* Na bancada, há os 4 mascotes* Reportagens e comentários soltos, sem texto* Menor padronização* Bom humor e descontração* Muita participação do telespectador
Apêndice B – Decupagem do Programa Globo Esporte de 04/04/2006
Globo Esporte Minas
Data: 04.04.2006
Dia: TERÇA-FEIRA
Referência: Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Ipatinga
Apresentação Letícia Renna
INÍCIO Stand-up com Marcos Leandro
MANCHETES * Técnico PC Gusmão (Cruzeiro) valorizado* Galo se prepara para a Copa do Brasil* Anúncio do craque do Campeonato Mineiro* Votação para escolha do gol mais bonito do Campeonato* Time do Racing no Torneio Corujão
1º BLOCO
LocalPreparação do Atlético para a Copa do Brasil- Reportagem de Odilon Amaral
LocalChegada de reforço no Galo- Nota seca de Letícia Renna
81
LocalAnálise sobre a equipe do Atlético- Comentário de Bob Faria
Local
Votação para escolha do craque do Campeonato Mineiro- Chamada de Letícia Renna- Vivo com Larissa Carvalho no Minas Shopping - Rede Globo tem computador touch screen para votação
Local
Torneio Corujão - Destaque para o Racing- Reportagem de Jacyntho Salviano- Telespectador é trazido para a história, com garoto da equipe mirim batendo pênalti no goleiro mais antigo do time
CHAMADA Chamada para o 2º bloco:- Alvimar Perrela(presidente do Cruzeiro) ao vivo no estúdio- PC Gusmão (técnico do Cruzeiro) faz planos para a equipe
2º BLOCO
Local
Descanso no Cruzeiro após conquista- Reportagem de Marcos Leandro- Entrevista com PC Gusmão no aeroporto
Local
Entrevista ao vivo no estúdio com Alvimar Perrela - Direcionada por Guilherme Mendes- Comentários de Bob Faria- A taça do Campeonato Mineiro foi levada para o estúdio
Local
Ipatinga lamenta a perda do Campeonato Mineiro e se prepara para disputar a Copa do Brasil- Chamada de Guilherme Mendes- Reportagem de Cristiane Rodrigues
Globo Esporte MinasData: 04.04.2006Dia: TERÇA-FEIRA
Referência: Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Ipatinga
CHAMADAChamada para o 3º bloco:- Fim da votação para craque do Campeonato Mineiro
3º BLOCO
Local
Encerrada a votação para craque do Campeonato Mineiro- Chamada de Letícia Renna- Off com Edu Dracena(vencedor) por telefone-Stand-up com Larissa Carvalho direto do Minas Shopping anunciando a próxima votação
Rede
Quadro "Os Caçadores de História"- Peladeiros ficaram sem luz na quadra e acenderam velas para não ficar sem futebol- Reportagem de Luciana Valente em Dourados - MS
82
ENCERRAMENTOLetícia Renna encerra o programa em off com imagens do Cruzeiro campeão dizendo "Boa tarde"
Considerações
* Pouco improviso* Padrão Globo de produção* Reportagem segue técnica de : off, passagem, sonora* Presenças ilustres* Tecnologia (votação)* Estúdio bem arquitetado, telão
Apêndice C – Decupagem do programa Alterosa Esporte de 29/04/2008
Data 29.04.2008Dia TERÇA-FEIRAReferência Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Atlético
ApresentaçãoPéricles de Souza
(co-apresentação de Patrícia Andrade)
Bancada
Bolivar (Atlético)Otavio di Toledo (América)
Serginho (Cruzeiro)
INÍCIOImagens de protestos na sede do Galo, bancada já começa comentando e polemizando
MANCHETES Patrícia Andrade anuncia manchetes de maneira informal1º BLOCO
Local
CT do Galo um dia após derrota por goleada- Entrevista com Ziza Valadares, foco no Brasileiro- Bolivar comenta no estúdio
Local
Raposa tenta conquistar Libertadores- Reportagem de Aline Aguiar- Treinamento na Toca da Raposa, entrevista com Fábio- Serginho comenta na bancada
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Local Patrícia Andrade lê e-mails de telespectadores
Local
Imagem surpresa- Marcelo Moreno conversa com seu pai durante treino na Toca da Raposa- Serginho dá informação exclusiva dos bastidores de que o jogador já foi vendido- Otávio di Toledo comenta
LocalPéricles de Souza chama para votação do Gol da Rodada- A votação é feita por telefone, quem participa concorre a prêmio
CHAMADA
Patrícia Andrade chama para o 2º bloco:- Estratégia de atacante azul para rodada- Conflito na sede do Galo
2º BLOCO
Local
Conselho do Galo se reúne a portas fechadas- Cobertura completa - Bancada comenta- Péricles chama para blog de Jaeci Carvalho, do Estado de Minas
Merchandising Geovana Leão faz propaganda
Local
Cobertura da final Atlético x Cruzeiro- Reportagem de Aline Aguiar- História do jogo, entrevistas dentro de campo- Na bancada, provocação e discussão
Alterosa EsporteData 29.04.2008Dia TERÇA-FEIRAReferência Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Atlético
CHAMADA
Péricles de Souza chama para o 3º bloco:- Necessidade de motivação no Galo- Cruzeiro na Argentina para disputar Libertadores- Mais sobre o protesto na sede do Galo
3º BLOCO Local Péricles anuncia novamente a confusão na sede do Galo
Local
Cobertura do antes, durante e depois do clássico- Reportagem de Aline Aguiar- Expectativa dos jogadores que viram torcedores, foco no banco de reservas ao invés do campo- Na volta ao estúdio, Péricles comenta a matéria
Local
América está pronto para entrar em campo na série B- Nota seca de Péricles de Souza- Toledo comenta e convida para missa de aniversário do Coelho
84
Local
Galo só pensa na Copa do Brasil- Patrícia Andrade chama a matéria- Ziza Valadares tenta motivar os jogadores após a derrota por goleada- Imagens do treinoNa volta ao estúdio, Patrícia Andrade fala de manifestos da torcida por e-mail e chama Bolivar para comentar- Serginho provoca e Otávio di Toledo comenta
Local
Cruzeiro já está na Argentina- Péricles de Souza chama matéria- Reportagem de Bruno Furtado do Portal Uai- Entrevistas em plano sequência no hall do aeroporto
Local
Confusão na sede do Galo, em Lourdes:- Cobertura dos bastidores do protesto- Foco para atuação da polícia- Grande tumulto entre manifestantes, dirigentes e conselheiros
ENCERRAMENTOPéricles de Souza, Patrícia Andrade de Laura Lima ( Jornal da Alterosa) dão boa tarde
Apêndice D – Decupagem do programa Globo Esporte de 29/04/2008
Globo Esporte Minas
Data 29.04.2008
Dia: TERÇA-FEIRA
Referência: Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Atlético
Apresentação Letícia Renna
INÍCIO Imagens de protesto e violência na sede do Galo
MANCHETES* Tiros e tumulto na sede do Galo* Torcedores protestam, presidente ameaça fazer cortes* Cruzeiro chega a Buenos Aires para disputar a Libertadores* Torcida azul já está na argentina
1º BLOCO
Local
Torcedores protestam na sede do Galo depois da goleada sofrida para o Cruzeiro- Reportagem de Josino Ribeiro- Polícia interveio com tiros, Presidente do Conselho do clube fala sobre possível crise- Letícia Renna dá nota oficial sobre o tumulto direto do estúdio
85
Rede
Libertadores: Cruzeiro x Boca Júniors- Reportagem de Dirceu Neto - SP- Entrevistas no aeroporto
CHAMADALetícia Renna chama reportagem "ainda hoje" e fala que o GE está em Buenos Aires
LocalVotação para escolha do craque do Campeonato Mineiro- Nota seca de Letícia Renna anunciando que a votação é pelo site
LocalIpatinga traz reforços para disputa do Campeonato Brasileiro- Reportagem de Jaime Júnior
LocalAmérica será julgado pela justiça desportiva por ter um jogador que atuou ilegalmente
CHAMADAChamada para o 2º bloco:- 100 dias para as Olimpíadas- Mudanças no time do Atlético- Repórteres da Globo estão em Buenos Aires
2º BLOCO
Local
"Enviados Especiais" para cobertura em Buenos Aires- Reportagem de Odilon Amaral- Imagens do desembarque da equipe, entrevistas com jogadores e técnico Adilson Batista
Local
Votação para Troféu Globo Minas- Nota seca de Letícia Renna convocando os mineiros para seleção
Rede
Torcedores dormem na fila para conseguir assistir a jogo do Palmeiras- Reportagem de Ivan Moré - SP
Globo Esporte MinasData 29.04.2008Dia: TERÇA-FEIRA
Referência: Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Atlético
RedeAcidente na Fórmula Indy- Reportagem de Glenda Kozlowski - RJ
RedeAcidente na Fórmula Alemã- Reportagem de Cristiane Dias
CHAMADA
Chamada para o 3º bloco:- Contagem regressiva para Pequim- Cruzeiro em Buenos Aires- Galo pensando em dispensas
3º BLOCO
Local
Galo pensa em dispensas e precisa vencer o Náutico na Copa do Brasil- Reportagem de Rogério Ferreira- Imagens do treino, entrevistas pós-treino
86
Local
Vinheta da Libertadores- Letícia anuncia as oitavas de final- Reportagem de Odilon Amaral- Entrevista exclusiva com Guilherme, que quer entrarna partida
Rede
Vinheta das Olimpíadas - Faltam 100 dias para os jogos de Pequim- Reportagem de Pedro Bassan - SP- Preocupação dos chineses com a segurança, questões políticas e culturais
Rede
Brasileiras defendendo o Brasil na Copa do Mundo de Judô- Reportagem de Glenda Kozlowski - RJ- Histórias de duas irmãs judocas do RJ que lutam por dificuldades
ENCERRAMENTO Programa se encerra com vinheta logo após a matéria do Rio.
Apêndice E – Decupagem do programa Alterosa Esporte de 05/10/2010
Alterosa EsporteData 05.10.2010Dia TERÇA-FEIRAReferência Peneira de goleiros no CruzeiroApresentação Leopoldo Siqueira
Bancada
Dadá Maravilha ( Atlético)Otávio di Toledo ( América)
Vibrantinho ( Cruzeiro)INÍCIO Programa já começa com manchetes
MANCHETES
* Diego Souza sem Luxa é outro* Troca-troca nos túneis* Marques lidera a votação na política da bola* Marcação cerrada em Thiago Ribeiro* Gols do clássico do juniores* As pedreiras atleticanas* A peneirada para os futuros goleiros celestes
87
1º BLOCO
Local
Luxemburgo no Flamengo- Nota seca de Leopoldo Siqueira- Bancada toda comenta e discute- Leopoldo Siqueira comenta
Local
Diego Souza quer melhorar as atuações com a saída de Luxemburgo- Reportagem de Sônia Mineiro- Bancada comenta
Local
Leopoldo Siqueira lê e-mail de torcedor provocando Cruzeirenses- Bancada comenta e ri
Local
Uma mão lava a outra - se o Cruzeiro ganhar, pode ajudar o Galo- Reportagem de Péricles de Souza- O Povo fala na Praça Sete- Foco: Tem certeza que o Cruzeiro vai ajudar o Atlético?- Bancada comenta
LocalMinas vence no vôlei- Nota seca de Leopoldo Siqueira
Local
Bolsa de Craques- Leopoldo Siqueira chama para votação por telefone- Ganhador receberá Troféu Telê Santana, ao final do Brasileirão
Alterosa EsporteData 05.10.2010Dia TERÇA-FEIRAReferência Peneira de goleiros no Cruzeiro
CHAMADA
Chamada para o 2º bloco:- Jogadores invadem a política- Luxa no Flamengo- Marcação Cerrada em Thiago Ribeiro
2º BLOCO
Rede
Marques deu goleada nas urnas- Outros jogadores foram eleitos pelo Brasil- Entrevista com Marques- Bancada comenta
LocalLeopoldo Siqueira lê e-mail de telespectador e conversa com a bancada
88
Local
Marcação Cerrada em Thiago Ribeiro- Reportagem de Péricles de Souza- Equipe acompanha Thiago Ribeiro durante todo o jogo. Segue os passos do atleta.- Entrevista com o jogador ao final do jogo- Vibrantinho comenta e anuncia programa Sangue Azul de doação de sangue
Local
Troca-troca no futebol- Nota seca de Leopoldo Siqueira- Silas sai e Luxa entra no Flamengo- Imagens cedidas pelo SBT- Bancada comenta- Leopoldo Siqueira comenta- Toledo fala do aniversário da esposa
CHAMADA
Chamada para o 3º bloco:- Campeonato Mineiro de futebol júnior- Peneira de goleiros no Cruzeiro- Dorival prepara o Galo
3º BLOCO
Local
Campeonato Mineiro de futebol júnior- Leopoldo narra os gols ao vivo com imagens do jogo- Comentários simultânos da bancada
Local
Meio-campo do Corinthians provoca e desrespeita time do Atlético- Nota seca de Leopoldo Siqueira- Dadá comenta- Bancada provoca
Local
Manhã cruzeirense na Toca da Raposa 2- Reportagem de Péricles de Souza- Cuca está tranquilo, cobertura do treino- Bancada comenta
Alterosa EsporteData 29.04.2008Dia TERÇA-FEIRAReferência Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Atlético
Local
Leopoldo Siqueira lê e-mail do telespectador perguntando sobre possível contratação- Bancada comenta
LocalClima no Galo- Reportagem de Sônia Mineiro
Local
Peneira de goleiros no Cruzeiro- Reportagem descontraída, narração de Leopoldo Siqueira- Cita candidatos e selecionados
89
ENCERRAMENTOLeopoldo encerra o programa com os destaques do Jornal da Alterosa
Considerações* Exceção de uma reportagem em rede sobre política* Bom-humor e irreverência
Apêndice F – Decupagem do programa Globo Esporte de 05/10/2010
Globo Esporte Minas
Data 05.10.2010
Dia: TERÇA-FEIRA
Referência: Peneira de Goleiros no Cruzeiro
Apresentação Odilon Amaral
INÍCIO
MANCHETES* Cruzeiro: Fábrica de Goleiros* Galo tenta sair da degola* Palmeiras faz bagunça no vestiário* Brasil no Vôlei
90
1º BLOCO
Local
Peneira de Goleiros no Cruzeiro- Reportagem de Josino Ribeiro- Garotos na expectativa, depoimentos de pais, recursos gráficos utilizados na matéria.- Entrevista com coordenador do Cruzeiro, equipe acompanhou encontro entre mãe e filho aprovado
Local
Atlético vai motivado para o jogo contra o Corinthians- Reportagem de Marcos Leandro- Entrevista com principais jogadores, imagens do treino- O Povo Fala na Praça Sete
RedeLuxemburgo no Flamengo e Felipão suspenso no Palmeiras- Nota seca de Odilon Amaral anunciando "Ainda hoje"
Rede
Bagunça no vestiário do Palmeiras- Reportagem com off de Tiago Leifert - SP- Recursos gráficos para encenar o "Banana Gate"- O Povo Fala para investigar o ocorrido
Rede
Seleção Brasileira de Futebol com desfalques para amistoso- Nota seca de Odilon Amaral- Réver substitui Alex
Rede
Seleção de Vôlei vence a República Tcheca- Reportagem de Marcelo Courrege - RJ- Cronologia do jogo, história
RedeAnúncio do jogo entre Alemanha e República Tcheca- Nota seca de Odilon Amaral
CHAMADAChamada para o 2º bloco:- Túnel do tempo: 1ª vitória do Brasil na Fórmula 1- Marques reforça o Galo, agora como deputado
2º BLOCO
Local
Marques preocupado com o Atlético perto do rebaixamento- Reportagem em off de Carina Rocco- Entrevista com Marques
LocalUberaba na série C- Nota seca de Odilon Amaral
Globo Esporte MinasData 05.10.2010Dia: TERÇA-FEIRA
Referência: Peneira de Goleiros no Cruzeiro
Rede
Fórmula 1: 40 anos da primeira vitória- Reportagem de Bruno Laurencé - SP- Imagens de arquivo e entrevista especial com Emerson Fitipaldi
CHAMADAChamada para o 3º bloco:- Luxa deixa o Galo em situação difícil e vai para o Flamengo- Cruzeiro com boa campanha como visitante
3º BLOCO
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Local
Bons ventos no América ( série B)- Nota seca de Odilon Amaral- Euler liberado pelo departamento médico
Local
Cruzeiro tenta ganhar novamente como visitante- Reportagem de Josino Ribeiro- Preparação do clube para partida contra o Goiás, entrevista com jogadores
RedeNo Flamengo, Silas sai e Luxemburgo entra- Reportagem de Ivan Moré - RJ
ENCERRAMENTO Odilon Amaral encerra o programa direto do estúdio
Considerações
* Bom humor* Descontração* Recursos gráficos
Apêndice G – Decupagem do programa Alterosa Esporte de 16/05/2011
Alterosa EsporteData 16.05.2011Dia SEGUNDA-FEIRAReferência Cruzeiro campeão mineiro em final contra o AtléticoApresentação Leopoldo Siqueira
Bancada
Dadá Maravilha ( Atlético)Otávio di Toledo ( América)
Vibrantinho ( Cruzeiro)
INÍCIO
Programa começa com Leopoldo Siqueira dando "boa tarde" e muita provocação na bancada. Vibrantinho e Otávio di Toledo permeiam uma apresentação lúdica no estúdio, com direito a choro.
92
MANCHETES Programa não tem manchetes pré-determinadas1º BLOCO
Local
Leopoldo Siqueira cita participação de telespectador provocando Dadá- Thiago Ribeiro está no estúdio para participar ao vivo do programa
Local
Homenagem ao Cruzeiro pela vitória- Clipe de imagens da comemoração dentro de campo com a música Guerreiro dos Gramados, segundo hino da torcida celeste
LocalLeopoldo Siqueira anuncia matéria sobre o clássico "Ainda hoje"- Thiago Ribeiro responde a pergunta sobre o clássico
Local
Expectativa antes do clássico- Reportagem de Péricles de Souza- Imagens da torcida na Arena do Jacaré. Bastidores, cambistas, brincadeiras com os torcedores
Local Thiago Ribeiro responde a pergunta sobre seleção brasileira
CHAMADA
Chamada para o 2º bloco:- Pelé atleticano vê o time ser derrotado- Decisões pelo país- Dorival Júnior refazendo o Galo- Cuca comemora título- Nação Azul festejando
2º BLOCO
Local
Videochat- Participação do telespectador sobre o clássico- Thiago Ribeiro entra na brincadeira- Vibrantinho provoca Dadá Maravilha no estúdio, assim como os torcedores se provocam nas ruas
Alterosa EsporteData 16.05.2011Dia SEGUNDA-FEIRAReferência Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Atlético
Local
Módulo II do Campeonato Mineiro- TV Alterosa tem os direitos de transmissão aos sábados- Lances dos jogos comentados ao vivo por Leopoldo Siqueira e bancada
Local
Atleticanos assistiram ao clássico de longe- Reportagem de Isabel Guimarães- Equipe foi até a casa de torcedor Pelé e assiste ao jogo pela televisão- Bancada comenta e provoca- Thiago Ribeiro faz comentários sobre o jogo
93
Local
Títulos estaduais pelo Brasil- Campeonatos Goiano, Gaúcho e Paulista- Imagens cedidas pela rede- Narração ao vivo de Leopoldo Siqueira- Comentários simultâneos da bancada
Local
Comemoração cruzeirense - Vibrantinho comemora no estúdio - Clipe Guerreiro dos Gramados é exibido, agora com imagens da comemoração da torcida- Na bancada, mais comemoração e provocação
Merchandising Geovana Leão faz propaganda
LocalLances polêmicos do jogo- Leopoldo Siqueira e bancada comentam
CHAMADA
Chamada para o 3º bloco:- Melhores momentos da vitória cruzeirense- Galo se recompõe- Final do Módulo 2 ( Exclusividade da TV Alterosa)- Comemoração da torcida celeste
3º BLOCO
Local
Melhores momentos do clássico- Comentários da bancada e de Thiago Ribeiro- Provocação lúdica da bancada ( extintor de incêndio no estúdio)
Merchandising Geovana Leão faz propaganda
Local
Declarações de jogadores atleticanos depois do jogo- Entrevistas com jogadores e técnico Dorival Jr- Leopoldo Siqueira manda "Alô" para telespectadores
Local
Cruzeirenses que não conseguiram ingresso para assistir a final assistiram do lado de fora- Reportagem de Péricles de Souza- Equipe acompanhou torcedores em bar- Reações dos torcedores e entrevistas dentro de campo
ENCERRAMENTO
Leopoldo Siqueira se despede em tom de brincadeira, bancada ainda discute e provoca. Jornal da Alterosa começa dentro do Alterosa Esporte
Considerações Muita polêmica durante o todo programa
Apêndice H – Decupagem do programa Globo Esporte de 16/05/2011
Globo Esporte Minas
Data 16.05.2011
Dia: SEGUNDA-FEIRA
Referência: Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Atlético
Apresentação Letícia Renna
INÍCIO
MANCHETES * Principais lances do jogo1º BLOCO
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Local
No estúdio, Letícia Renna, Márcio Rezende de Freitas e Bob Faria ( os três no mesmo enquadramento)- Márcio Rezende de Freitas comenta a arbitragem com exemplos de lances do jogo- Bob Faria cita lances cruciais para a vitória cruzeirense- Letícia anuncia mais sobre o jogo "ainda hoje" e Troféu Globo Minas
Rede
Final do Campeonato Paulista- Reportagem de Renato Peters - SP- Cobertura completa do jogo
RedeFinal do Campeonato Gaúcho- Reportagem de Alice Bastos Neves - MS
RedeFinal do Campeonato Pernambucano- Reportagem de Sabrina Rocha - PE
CHAMADAChamada para o 2º bloco:- Cruzeiro comemora título mineiro
2º BLOCO
Local
Decisão equilibrada no Campeonato Mineiro- Reportagem de Elton Novais- Cobertura da torcida com belas mulheres no estádio, Montij fora- Comemorações em super slow, Roger fora de campo- Entrevistas com jogadores e técnico Cuca e a mãe dele
Local
Letícia Renna anuncia Troféu Globo Minas "hoje a noite"- Link ao vivo com Rogério Ferreira no local do troféu- Stand-up com Rogério Ferreira anuncia gol mais bonito do campeonato e fala da votação pelo site do GE- Entrevista ao vivo com jogador Roger, com o troféu do campeonato mineiro
CHAMADA
Chamada para o 3º bloco:- Campeonato Baiano- História do clássico mineiro
3º BLOCO
RedeFinal do Campeonato Baiano- Reportagem com off de Cristiane Dias - RJ
Globo Esporte MinasData 16.05.2011Dia: SEGUNDA-FEIRA
Referência: Cruzeiro campeão mineiro em final contra o Atlético
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Local
Decisão do Campeonato Mineiro - cobertura completa- Reportagem de Maíra Lemos- Entrevista com principais jogadores, lamentos de Dorival Jr.- Uso do slow
Local
Troféu Globo Minas- Link ao vivo com Rogério Ferreira e Roger- Jogador comenta o jogo e fala da expectativa para o Campeonato Brasileiro
ENCERRAMENTORogério Ferreira finaliza o programa direto do link. Programase encerra com imagens do clássico e hino oficial do Cruzeiro
Considerações * Uso do super slow (câmera lenta)
Apêndice I – Considerações gerais: Semelhanças e diferenças entre os programas
Considerações Gerais
Semelhanças e diferenças entre os programas
Alterosa Esporte Globo Esporte
Exibição: às 12h55 Exibição às 12h25
99% local Equilíbrio entre local e rede
Duração média de 30 minutos Duração média de 25 minutos
3 blocos 3 blocos
Notícias em forma de nota seca Reportagens mais completas, extensas
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Chamadas para o próximo bloco em off
Pautas soltas, ajustáveis Pautas engessadas
Matérias gravadas Entradas de link ao vivo
Linguagem descontraída e alternativa
Irreverência, polêmica Bom-humor, com cautela
Ditados populares, leveza no texto
Linguagem coloquial popularizada Linguagem coloquial poética
Reportagens no estilo Plano SequênciaReportagens com técnica padrão
( off+passagem+sonora)
Abrange muito os clubes do interior Abrange pouco os clubes do interior
Bancada comenta muito, brinca muitoComentários de especialista sem espaço
para brincadeira
Sempre aborda questões extra-campo Extra-campo só se tiver muita notoriedade
Equipe reduzida, deficiência técnica
Mais recursos, equipe maior. Cobre maior quantidade de esportes, detém os direitos de exibição dos principais campeonatos
Apresentadores utilizam tablets no estúdio a partir do ano de 2010
Novo cenário: mais recursos gráficos - mascotes em led
Novo cenário: Estúdio maior, com espaço para comentaristas - banquinho, telão,
paineisEnquadramento aberto Enquadramento fechado
Notas secas e soltas, misturadas aos comentários da bancada
Comentários com espaço definido dentro do programa
Texto bem informal, espontâneo Texto mais formal
Qualidade de imagem às vezes deixa a desejar Ótima qualidade de imagem
Cobertura no exterior bastante restrita Cobertura completa no exterior
Menor riqueza no esqueleto do programaPrograma bem esqueletado do início ao
fim
Merchandising dentro do programa Publicidade só no comercial
Considerações Gerais
Semelhanças e diferenças entre os programas
Alterosa Esporte Globo Esporte
Exibição: às 12h55 Exibição às 12h25
O foco geralmente gira em torno da movimentação geral para a realização do
jogo e repercussõesFoco geralmente é o jogo enquanto
acontecimento notório
Mexe muito com a paixão e emoção do telespectador Mais beleza estética
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Cobertura restrita aos lances de gol e bastidores
Cobertura completa do jogo, imagens oficiais
Geralmente às segundas-feiras, a cobertura gira em torno do jogo e reações da torcida
Busca pelo aprimoramente constante de deficiências em geral
Os programas mais ricos em relação às pautas são os de segunda e quinta-feira
Muita liberdade dentro da emissora Pouca liberdade de criação
Apêndice J – Questionário para entrevista com Leopoldo Siqueira
Em todo programa jornalístico, há regras do veículo a serem seguidas. Quais são as principais amarras do Alterosa Esporte?
Qual a segmentação de público a que se direciona o Alterosa Esporte?
Qual o principal diferencial do AE com relação aos outros programas de segmentação parecida?
Quais quadros são marcas registradas do AE e o diferenciam dos outros programas?
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O GE seria o principal concorrente do AE. Tanto pelo horário quanto pelo público a que se destina. Você considera que um programa tem reflexo sobre o outro?
Os dois programas são exibidos no horário do almoço e falam de esporte. O público é semelhante. Quais são as principais diferenças destacáveis entre os dois programas, no seu ponto de vista?
Ambos programas trazem entrevistas com personalidades do esporte local ( jogadores, técnicos, presidentes de clubes) dentro do estúdio. É um diferencial vindo do AE ou do GE?
No jornalismo esportivo, a linguagem precisa ser mais solta, mais coloquial, isto está presente em ambos programas. Desta forma, o público se sente bem representado. Quais recursos vocês utilizam para isto?
O AE tem mais participação ativa do público, com promoções, e-mails, twitter, etc. Com que objetivo isto é inserido na grade do programa?
No Alterosa Esporte, atualmente há o merchandising entre uma matéria e outra. O merchandising dentro de um programa jornalístico pode comprometer a credibilidade do programa. Vocês tem um cuidado com isto?
De 2006 até 2011, o GE transformou, principalmente, conteúdo e linguagem; enquanto o AE mudou, principalmente, estúdio e modernização. É uma troca? Um absorve o que o outro apresenta de diferencial?
O Troféu Telê Santana é um grande sucesso desde 2002. É uma iniciativa dos Diários Associados e tem uma divulgação efetiva no Alterosa Esporte. É um sucesso principalmente pelo formato, que promove a interatividade com o público. Agora a Rede Globo também produz o Troféu Globo Minas ao final do Campeonato Mineiro. As semelhanças entre os dois são mera coincidência ou a Globo Minas teve esta iniciativa a partir do sucesso do Troféu Telê Santana? Porque?
A preocupação que faz com que estes dois programas assemelhem seus formatos cada vez mais é estritamente com a audiência ou existe mais algum aspecto que influencia as mudanças? A busca pela manutenção do primeiro lugar em audiência é que provoca as grandes mudanças no GE?
Na Tv Alterosa, as barreiras são principalmente técnicas. Por isso, um programa como o GE não teria recursos para se manter bem produzido. Você acha que na Globo há espaço para um programa exatamente idêntico ao AE?
Apêndice L – Questionário para entrevista com Guilherme Mendes
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Em todo programa jornalístico, há regras do veículo a serem seguidas. Quais são as principais amarras do Globo Esporte?
Qual a segmentação de público a que se direciona o Globo Esporte?
Qual o principal diferencial do GE com relação aos outros programas de segmentação parecida?
Quais quadros são marcas registradas do GE e o diferenciam dos outros programas?
O AE seria o principal concorrente do GE. Tanto pelo horário quanto pelo público a que se destina. Você considera que um programa tem reflexo sobre o outro?
Os dois programas são exibidos no horário do almoço e falam de esporte. O público é semelhante. Quais são as principais diferenças destacáveis entre os dois programas, no seu ponto de vista?
Ambos programas trazem entrevistas com personalidades do esporte local ( jogadores, técnicos, presidentes de clubes) dentro do estúdio. É um diferencial vindo do AE ou do GE?
No jornalismo esportivo, a linguagem precisa ser mais solta, mais coloquial, isto está presente em ambos programas. Desta forma, o público se sente bem representado. Quais recursos vocês utilizam para isto?
O AE tem mais participação ativa do público, com promoções, e-mails, twitter, etc. No GE, isso é menos presente. Isto compromete a atenção que o público dá a uma e a outra veiculação?
No Alterosa Esporte, atualmente há o merchandising entre uma matéria e outra. O merchandising dentro de um programa jornalístico, compromete a credibilidade do programa? A que nível?
De 2006 até 2011, o GE transformou, principalmente, conteúdo e linguagem; enquanto o AE mudou, principalmente, estúdio e modernização. É uma troca? Um absorve o que o outro apresenta de diferencial?
O Troféu Telê Santana é um grande sucesso desde 2002 na Tv Alterosa. É uma iniciativa dos Diários Associados e tem uma divulgação efetiva no Alterosa Esporte. Agora a Rede Globo também produz o Troféu Globo Minas ao final do Campeonato Mineiro. As semelhanças entre os dois são mera coincidência ou a Globo Minas teve esta iniciativa a partir do sucesso do Troféu Telê Santana? Porque?
A preocupação que faz com que estes dois programas assemelhem seus formatos cada vez mais é estritamente com a audiência ou existe mais algum
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aspecto que influencia as mudanças? É a busca pelo 1º lugar que motiva as mudanças no GE?
Apêndice M – Transcrição de entrevista com Leopoldo Siqueira
ENTREVISTA
Entrevistado: Leopoldo Siqueira
Local: TV Alterosa, localizada à Avenida Assis Chateaubriand, 499, no dia 7 de
junho de 2011
ANDREZA: - Leopoldo, primeiro eu queria saber do Alterosa Esporte. Porque em
todo programa, é claro, existem algumas amarras, alguma hierarquia que você tem
que seguir do veículo. Na sua opinião, o que poderia prender o Alterosa Esporte,
qual é a principal dificuldade para o Alterosa Esporte crescer?
LEOPOLDO: - Olha, é um programa regional né... é veiculado pela TV Alterosa em
todo o Estado. E não tem eventos. A gente é afiliada de uma rede, o SBT, que não
tem mais campeonatos de nível nacional como já teve , é o caso da Copa do Brasil,
Copa MERCOSUL. E nessa época, era uma cobertura do SBT que a Alterosa fazia
porque havia times mineiros envolvidos e era um sucesso absoluto. Porque era a
audiência dessas competições, as transmissões da TV Alterosa e o programa só
faziam crescer o interesse público e também mercadológico em termos de retorno
publicitário, comercial.
- É... então, é um programa regional, ele tem essa dificuldades: não tem
eventos grandes, não tem uma rede que tenha o futebol como investimento. Além de
não ter eventos o SBT tem sequer programas esportivos nacionais. O que existe são
exemplos regionais também, em Curitiba, em Recife já teve, eu acho que lá já
acabou a algum tempo. Chegaram a fazer também em Brasília existe, no Ceará não
sei se existe ainda. E eram programas nos mesmos moldes do Alterosa Esporte né,
com três integrantes da bancada. Por exemplo, no Paraná é um representante do
Paraná, um do Atlético Paranaense e um do Coritiba. Brasília é um torcedor do
101
gama e do Brasiliense, enfim... Em Recife é Náutico, Sport e Santa Cruz.
Exatamente nos mesmos moldes.
ANDREZA: E o primeiro foi o Alterosa?
LEOPOLDO: O primeiro foi o Alterosa Esporte. O segundo foi em Curitiba, que era
até o mesmo diretor nosso, que criou esse formato. Daí um tempo saiu da TV
Alterosa e foi pra TV Iguaçu que já é outra emissora, e criou lá também esse
formato. Então, o que havia eram programas irmãos do Alterosa Esporte espalhados
pelo Brasil, mas não um programa nacional né... que já foi até sonho nosso. Mas é
claro que é muito difícil você ingressar num mercado paulista falando de times
mineiros. Assim como o telespectador mineiro em geral odeia programas que são
bairristas, extremamente bairristas como é o caso de alguns programas de São
Paulo e do Rio. Mas então, uma amarra muito complicada do Alterosa Esporte para
um crescimento maior é essa, de não ter uma rede forte no esporte.
ANDREZA: - E qual é o público que o Alterosa Esporte pretende atingir? É claro, o
público da hora do almoço, mas qual que é a segmentação com a qual vocês
trabalham?
LEOPOLDO: - É claro que a gente almeja todo mundo (risos). Mas a gente tem
focos porque na hora do almoço o que a gente tem hoje de variação do público que
são públicos feitos por todas as emissoras, é claro. Que é um segmento grande de
crianças, jovens, as donas de casa ainda são um público de muita assiduidade na
TV aberta nas classes C, D e E.
- Porque hoje há a concorrência de Internet, TV a cabo, né... E a própria
mudança de hábitos do público. A gente encontra até pessoalmente com
telespectadores que dizem: “Ah, eu não tô assistindo mais porque meu horário de
almoço mudou, ah, porque agora eu não vou mais almoçar em casa, e no
restaurante que eu almoço o cara ta ligado em outro canal”... Enfim... há essa perda
de público de todas as emissoras né.. Então, esse foco nosso nessas classes mais
populares, embora a gente faça um trabalho de qualidade da informação que atende
um público A B, posso dizer que é o foco que hoje a TV aberta tá preocupando mais.
ANDREZA: - E como você resume o diferencial do Alterosa Esporte com relação
aos diversos programas que estão sendo veiculados?
LEOPOLDO: - Bem, embora o que a gente chama de bancada democrática, com os
comentaristas torcedores tivesse um formato muito copiado, nunca se chegou ao
exato estágio que o Alterosa Esporte teve com a bancada porque, sei lá, o
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componente de humor que eles tem, o componente de paixão que eles tem, e a
liberdade que eles tem. Em outras emissoras não se conseguiu alcançar né, graças
a Deus ( risos).
- Até mesmo personagens nossos que foram para outras emissoras e
trabalharam lá num formato parecido não deram certo, porque é um molho que a
gente tem aqui, a receita da Vovó, que não tem segredo que eu precise guardar. Tá
no ar! É esse componente: é um equilíbrio entre a informação e o bom humor, é
essa rivalidade levada de forma irreverente mas sem agressividade ao adversário. È
a história de cada um dos caras que fazem parte dessa bancada. Tudo isso são
diferenciais, né. Porque tem um jogador, um jornalista experiente, enfim... E essa
preocupação com o jornalismo esportivo, com o jornalismo em si, que é de, a equipe
toda integrada reunida para traçar planos, é toda uma preocupação muito grande em
fazer um bom jornalismo, jornalismo correto, de ida aos clubes diárias, de cultivar
fontes, enfim. De dar ao público da hora do almoço o entretenimento sim, a diversão
sim, mas com essa preocupação como base. Então, essa mistura toda que eu te
falei para mim são os vários diferenciais do programa.
ANDREZA: - Eu assisto a alguns quadros, por exemplo, o Marcação Cerrada o Gol
Contra a produção do Troféu Telê Santana.. enfim... tudo isso são marcas
registradas do Alterosa Esporte. E o qual é o critério para manter um quadro no ar?
LEOPOLDO: É, veja bem, você citou... Vou começar por um evento que é o Troféu
Telê Santana, que é feito com vários quadros né, que tem a Bolsa de Craques que
tem as enquetes, que é, enfim, um evento grandioso. Ele ta no palácio das artes, e
uma festa maravilhosa, ele lota o auditório, tem a disputa de convites e tudo mais,
tem uma credibilidade muito grande, e é feito com base em um campeonato que não
é nosso, que é o Campeonato Brasileiro. Então, assim, é porque isso? É porque a
gente procura valorizar e destacar o esporte mineiro, os times mineiros, nessa
competição nacional que é importante. Então, é uma forma de um programa
regional, um programa mineiro, feito por uma emissora que não tem os recursos que
tem as redes concorrentes, mas que faz e faz com garra e faz bonito. Então isso é
muito importante a gente ressaltar. Inclusive no próprio Troféu Telê Santana as
premiações que não são só do futebol. E espaço também para o interior que é outra
meta, desafio e missão da TV alterosa que é ser mineira, que é dar o espaço para
todas as manifestações esportivas de todo o estado. Interior também é muito
importante, não é só a capital não. Então assim, foram, ao longo desses anos todos,
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criados vários quadros. O Marcação Cerrada, que você citou, é um dos mais. É bem
conceituado, porque é a tentativa da nossa visão, do algo a mais que determinado
jogador, ou técnico ou, enfim, profissional que tá ali envolvido naquela partida de
futebol. É o algo a mais que ele possa estar proporcionando e a gente... Os olhares
estão lá, aquele lance ali... a gente tem o foco ali. E a gente tem uma lente ali que tá
tentando esmiuçar uma situação.
- Então, ele tem um quê de diferente, de inédito do nosso olhar, enfim, ele é
um dos mais bem conceituados e como ele dá esse retorno, tem audiência e os
próprios jogadores às vezes brincam, conhecem o quadro e dizem “ a marcação é
em mim?!” nas entrevistas eles citam... então é um quadro que a gente procura...
inclusive, nessa reunião de hoje a gente tava até discutindo condições melhores
para a gente fazê-lo, uma vez que não temos mais o Mineirão, é Arena do Jacaré,as
condições de trabalho são diferenciadas. O espaço é diferenciado, então o que a
gente pode fazer para que o quadro não perca, tecnicamente falando, para que a
câmera não tenha dificuldade de focar aquele alvo que foi definido como sendo o
marcação cerrada. É um quadro patrocinado, quer dizer, o sucesso dele por aí já é
confirmado. Então, os critérios basicamente são esses, é a nossa compreensão de
que ele contribui para o conteúdo do programa, se ele tem audiência e se ele for
vendido, aí melhor ainda, aí que ele não sai do ar mesmo! (risos).
ANDREZA: - Ótimo né! Agora, trazendo um pouco para a concorrência, como eu te
falei, de uma forma geral, em Minas Gerais, o Alterosa Esporte é o principal
concorrente do Globo Esporte e vice-versa. E você acha que um programa tem um
reflexo sobre o outro e a que nível chega esta reflexo?
LEOPOLDO: - Ah, tem né.. O auge do Alterosa Esporte né, quando ele saiu de uma
situação assim “ah, um programa novo, tá começando, tem três jornalistas ali que
estão vestindo a camisa de time, que loucura é essa? Cadê o jornalismo imparcial
né?!” O programa nesse começo provocou muito esse tipo de discussão. E de
reações, né? Como ele nasceu sobre o símbolo da polêmica, da critica às vezes
ácida né... ele provocou muita polêmica e também no meio esportivo “ não, peraí,
esse programa é complicado, perigoso e tal...” E, quando ele entrou naquela fase
crescimento de ibope, toda a TV alterosa com uma programação renovada, super
mineira mesmo, aquele investimento em equipes, em novidade, aí a coisa avançou,
chegou o principal concorrente a fazer uma bancada também.. Não sei se você se
recorda disso...
104
ANDREZA: - Claro.
LEOPOLDO: - E, aquelas estratégicas: põe um programa aqui pra ver se alavanca e
põe bancada e tira e muda o horário e tal, até o ponto de contratar profissionais
nossos da ‘cozinha’, no caso, da produção ou o próprio Dadá que era de vídeo,
saíram daqui para ir para este programa citado, enfim, reflexo claro, um assiste o
outro, um acompanha o outro, um tenta ver o que dá certo ali para adaptar aqui e tal.
Né, mas é preciso dizer assim, eu não sei o que diz o outro lado, mas esse lado diz
que a gente sempre procura o diferencial, a nossa linguagem e a nossa condição
estrutural.
- Não temos os eventos esportivos que tem o concorrente, mas procuramos
cobrir todos da melhor forma possível e com o nosso olhar né... Até por causa disso
também, quem sabe a gente pode ser mais isento, mais crítico, mais rigoroso com
certas coisas. Então, a gente tem essa coisa, não somos concorrentes diretos em
horário mas tem essa concorrência pela boa notícia, pela informação, pelo padrão.
Por um formato que agrade. É claro que a gente sabe que se a informação é
importante para o telespectador a gente não pode ficar só na brincadeira, e vice-
versa. Se a sisudez é algo que o público já não tá querendo muito, a gente tem esse
ingrediente. Então, é claro que mesmo sendo formatos totalmente diferentes, a
gente procura ver o que tá acontecendo para não ficar atrás principalmente no
quesito informação.
ANDREZA: - E o acesso aos jogadores, ao presidente. Vocês trazem entrevista pro
estúdio e todo programa faz isso. Esse acesso facilita a irreverência na cobertura?
LEOPOLDO: - É, eu posso dizer que hoje tá muito complicado, não só para o
Alterosa Esporte que tem essa veia mais crítica, mais polêmica, mais irreverente, tá
complicado pra todo mundo esse acesso. Em relação à minha época de repórter
desse mesmo programa, a mais de dez anos, e hoje, mudou tudo né.. Hoje são
sorteados jogadores que vão para a entrevista coletiva, às vezes quando tem algum
assunto polêmico aquele jogador é preservado para o público, aí a regra de sorteio
de escolha da imprensa já não vale mais nesse momento. Antes era livre, você
terminava o treino e abordava quem você quisesse e tal. A ida aos programas é
mais difícil, porque... os horários de treino, a disponibilidade, a mudança também da
postura dos profissionais, eles tem muito mais compromissos hoje do que tinham
antes né.. Antes era mais...
ANDREZA: - Hoje o jogador não é só jogador né?
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LEOPOLDO: - Não é só jogador mais, o cara tem que ir em um evento aqui, numa
situação social ali, enfim. E numa verdade também, a gente não quer trazer, nem
pode, e talvez nem precise, trazer todo mundo para dar entrevista, porque mesmo a
gente sabendo que é importante esse contato com o jogador e do jogador com seu
público através do programa. Há situações, há entrevistas que não vão render né,
não vão render um bom papo, não vão render audiência, e aí? Principalmente
também porque o programa é curto. Não tem um tempo pra você dedicar, e até o
entrevistado esquentar e você conseguir extrair coisas boas. E também, é claro, o
formato não é daquela coisa da entrevista mais... mais... digamos tranqüila. É uma
entrevista com a bancada!
ANDREZA: - Não é formal né ?
LEOPOLDO: - Não é formal, é isso que eu queria dizer. Eu trago um jogador do
Atlético, do Cruzeiro ou do América, o adversário dele vai dar uma cutucada, vai
fazer uma brincadeira, claro, tudo com muito nível e tudo né... E a gente gosta e
quer sempre, e o público responde melhor a isso, quando o cara se integra, quando
o entrevistado tá batendo aquele papo também, entra também na brincadeira, então,
tem jogadores, só pra citar exemplos recentes, como dos treinadores, que adoram
vir, que já vieram mais de uma vez e sempre saem daqui numa boa e tal e quando a
gente chama de imediato já topam. É o caso do Tardelli, do Dorival Júnior, no
Atlético né.. No Cruzeiro, o Thiago Ribeiro, o Fábio, são jogadores que, assim, a
gente até brinca: são parceiros.
- Porque? Porque entendem o formato do programa, porque sabem que é um
veículo que vai respeitá-los profissionalmente, embora possa cobrá-los né, porque,
como você lembrou da entrevista formal, a gente não faz entrevista formal. Entra
torcedor falando, entra o vídeochat alguém perguntando uma coisa mais né, cara de
torcedor mesmo. E a própria bancada né... A gente não pode fazer, seria sacana
com o público, uma entrevista pra puxar o saco só porque o cara tá na minha casa
eu vou só tocar em assuntos agradáveis, não. Vamos falar dos assuntos polêmicos,
afinal de contas, é uma figura pública né. Tudo obviamente com respeito né. Então
assim, não é cotidiana a entrevista de estúdio, por causa de todas essas situações.
ANDREZA: - Eu queria falar um pouquinho sobre a linguagem do Alterosa Esporte.
Como você já citou, é um programa polêmico, irreverente, lida com o bom humor. E
a gente vê, eu coloco a gente porque eu também tô envolvida no jornalismo. A gente
106
vê que dessa forma o público se sente bem representado, mexe com a paixão pelo
esporte, pelo seu time. E você acha que tem alguns recursos que vocês utilizam
para que o público se sinta mais bem representado? Porque, vamos dizer assim,
todo programa jornalístico, principalmente que lida com o esporte, tem que ter uma
linguagem mais coloquial, mais solta, mais brincada, brinca com os jogos de palavra
e tudo. Mas o Alterosa Esporte lida com essa questão da paixão, do bom humor, do
trocadilho. E tem alguma técnica, algum procedimento para isto, ou deixa solto?
LEOPOLDO: - Ele começou assim né, com jornalistas que eram da bancada, com
todo mundo jornalista, com essa preocupação jornalística muito grande, pela boa
informação, pelas coisas bem colocadas. Agora como comunicar isso,
popularmente, e como você falou, com essa paixão, é claro que foi técnica, foram
coisas adquiridas ao longo dos anos, agora recentemente uma substituição aqui de
reportagem, a primeira, uma pessoa de fora que veio fazer, o primeiro texto assim,
tinham algumas colocações, expressões que definitivamente a gente aboliu há muito
tempo. A forma como abordar, o treino ou o jogo ou uma situação. Não, peraí, vai
direto, o quê que a gente fala, é uma conversa com o telespectador. Vamos contar
aqui uma história de uma forma que essa pessoa se envolva nisso sem precisar,
sem rebuscar português, mas também sem falar ‘nóis vai nóis vem’, é claro! (risos) É
claro que no ao vivo, ali na bancada, alguns deslizes são permitidos.
ANDREZA: - Sim, eles brincam com os erros.
LEOPOLDO: - E isso é uma técnica, erros a gente vai cometer, obrigação de corrigir
a gente tem. É melhor fazer isso com bom humor. Com humildade. Falar: “Olha,
desculpa aí, eu errei e tal”. Falei uma bobagem, né... e vamos em frente.; Então, tem
realmente algumas situações em que a gente procura encaixar dentro dessa
linguagem que a gente quer: que é linguagem mineira, linguagem popular,
linguagem de fácil acesso. Com humor, que são realmente regrinhas do Alterosa
Esporte.
ANDREZA: - Ok. Eu vejo que o Alterosa Esporte tem uma participação muito ativa
do público. O público interage, por e-mail, por twitter, né? Você fica no twitter lá
agora com o Ipad. E com as promoções também. Que incentivam a participação,
com brindes e tudo. Com que objetivo que isso é inserido? É para popularizar mais,
é para modernizar, é pra enriquecer o programa. Pra quê?
LEOPOLDO: - A emissora como um todo é popular. Ela atinge de forma mais forte
essas classes ditas mais populares embora tenha um quinhão de AB muito alto
107
também. Então, assim, as coisas, os projetos que a Alterosa faz já nascem
populares. A gente não cria situações para puxar o saco do público. “Ah, olha só
como eu sou pobrinho, popularzinho, gente boa”. Não... a gente é assim né? Tem
essa naturalidade. E a interatividade de um programa de esportes, é fundamental.
Hoje, os torcedores são muito bem informados. São muito atentos, eles são
participativos. Então, muitas vezes aconteceu de “ Oh! Tô aqui no Shopping e o
fulano de tal tá conversando com o cara aqui, diretor de não sei quem!”. Então, a
gente vai checar o troço é verdadeiro.
ANDREZA: - É um furo pra vocês né?
LEOPOLDO: - É um furo pra gente, porque que ele passou? Porque ele gosta do
programa, porque ele se sente, como você já lembrou, representado ali, e que todas
às vezes que ele fez algum tipo de manifestação ele teve o espaço. E respondo
pessoalmente a trocentos e-mails, Críticas, às vezes pesadas, apaixonadas tanto
quanto a bancada é. O cara reage na hora, e escreve, e xinga e faz e acontece. E
eu respondo na hora a pessoa fala: “Pô, mas você mesmo respondeu, que coisa
hein!”. Porque não é comum na imprensa você dar o espaço, criar esse canal de
troca de informações, de críticas e de reflexões sobre o seu trabalho. Jornalista
geralmente... “ah, eu tô certo, sou ético... azar do cara que não gostou”. Não, não é
assim né... Ele sempre tem alguma contribuição a te dar. Então, assim, e a gente vai
modernizando né.. A gente até brinca com as coisas... Quando me deram o Ipad
né... (risos) Mas como é que é isso, Ipod, Ipad e tal. Então, assim, a gente tá sempre
em sintonia, com tudo o que tá acontecendo, e o público tá muito na internet, tá
muito participativo. Os caras assistem e na mesma hora reagem, corrigem,
colaboram, brincam. E isso é muito legal. É como se fosse um teatro. No teatro o
cara faz uma brincadeira e todo mundo ri na hora. E você fala “Isso é ótimo, isso é
muito bom!”
ANDREZA: - Outra coisa que eu vi no programa é que atualmente vocês tem o
merchandising que entra dentro do programa, Você acha que isso pode
comprometer a credibilidade, vocês tomam cuidado com isso, como que é?
LEOPOLDO: - Olha, de cara já vou dizer que não compromete em nada. Mas até a
gente chegar nesse formato foi uma discussão longa. A gente até brinca que durante
essa discussão, que eu te digo que é longa, mas é longa mesmo, assim de um, dois
anos, a gente até perdeu dinheiro, porque enquanto a gente discutia se podia ou
não, se era ético ou não, se era complicado ou não e tal, propostas iam chovendo
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porque, por causa do crescimento do programa, por causa da credibilidade do
programa então é claro que o cara quer botar um produto ali. Então, vi outros
programas todos fazendo. De que forma? No formato de merchandising mesmo,
porque aqui não é bem um merchandising.
ANDREZA: - Nâo é você quem faz né...
LEOPOLDO: - Isso. Não sou eu quem faço nem a bancada. Então a gente chegou
neste formato enquanto outros apresentadores estavam fazendo. Criando
discussões em torno disso, da ética disso e tal. Então, assim “ah não, vamos fazer
assim porque... poxa.. a gente precisa ( o lucro) e vai reverter no meu investimento”.
Poxa, a gente vai conseguir viajar mais, fazer mais cobertura, contratar mais equipe.
Quer dizer, melhorar mais o programa para o telespectador. E eu tenho que tirar isso
de onde? Então, decidiu que vamos fazer mas como? Jornalismo não vai fazer, aí já
é demais e tal.
- Foi uma decisão, uma norma da empresa. Então, coloca-se uma pessoa pra
fazer, pra gravar e esse comercial é inserido ali no programa e vamos tocar lá pra
frente. Ao mesmo tempo que isso tem esse cuidado, isso tem outros problemas.
Porque aí você tem. Eu tô dizendo isso porque é um retorno de boa parte dos
telespectadores. Porque dá aquela quebra né. Tá ali e de repente tal. E, de uma
certa forma assim, hoje em dia são dois por dia. Então assim, um programa de 30
minutos que era muito longo, tá com dois merchandisings de 1 minuto. Isso parece
pouco mas na televisão é uma eternidade.
- Às vezes uma matéria que não entra no ar por um programa técnico que
aconteceu, ou demora 5 segundos você acha que o mundo vai acabar que tá um
tempão. Imagina um minuto de comercial. Mas a gente sempre tá estudando formas
de não atrapalhar a vida do telespectador. Mas precisa, o comercial hoje nem
preciso dizer da importância. Mas eticamente, em termos de credibilidade, de forma
alguma, não tem nada a ver. Eu acho assim, que o atrelamento de comerciais, se
acontecesse. Não estou falando só do caso do Alterosa Esporte. Em qualquer
programa, vamos dizer que o patrocinador do clube tal resolve fazer um programa
aqui e que isso constranja a você fazer uma determinada crítica. Aí não, aí tá
misturando as coisas. Aí eu sou o primeiro a dizer, esse comercial infelizmente vai
complicar a história do programa. E por mais que ele seja rentável, a empresa tem
que se preocupar com isso. Porque é a credibilidade de um produto dela. Por X mil
109
reais eu não posso perder esse patrimônio que é a verdade que você passa para o
seu telespectador.
ANDREZA: - Tá certo. Outra coisa: Analisando os programas de 2006 até agora, eu
observei que, enquanto o Alterosa mudou principalmente o estúdio, modernizou
técnica, estrutura e tudo. O seu concorrente que é o Globo Esporte mudou
principalmente conteúdo e linguagem. Trouxe um pouco mais para o popular,
digamos assim. Você acha que é uma troca contínua? Um vai absorver o que o
outro tem de diferencial? Vai aprimorar?
LEOPOLDO: - É, porque o telespectador quer uma coisa bonita no ar, uma coisa
agradável, uma coisa que o pegue né, por imagens legais, bem feitas e tal, ou na
linguagem. Então, é uma busca constante você se adequar. Em televisão, o cenário,
o visual, é muito importante. Então, vinhetas, enfim. Essa movimentação. Ainda mais
hoje, em que você tem uma infinidade de situações, hoje a garotada fabrica o seu
próprio programa, a molecada vai para a internet e cria lá o seu programa.
- Então, assim, você vai ficar com uma televisão na base da válvula ainda?
Fogão à lenha? Não, você tem que se adequar. Já metendo a colher de pau no
concorrente, isso foi uma coisa que sempre foi muito criticada neles. A questão da
linguagem, do distanciamento do público, de uma coisa mais popular. Então, era,
creio eu, uma obrigação de você buscar uma proximidade maior. Ao mesmo tempo a
gente precisa cuidar sim, de equipamentos, a gente não pode ficar com uma... “ah
hoje é HD e tal”, nós vamos ficar um passo atrás? É nítido quando você zapeia,
assim, “nossa aquela imagem daquela emissora é tão clarinha, tão limpinha, tão
clarinha, tão bonitinha”. Você vai pra outra parece que tá tudo apagado né, quer
dizer. Isso é perda! Então é um buscando a evolução que o outro já buscou. Isso aí
não tenha dúvida...
ANDREZA: - Só voltando a falar um pouco do Troféu Telê Santana... Ele é um
sucesso né, desde 2002 vocês fazem esse Troféu. Ele promove a interatividade com
o público, e isso é garantia de Sucesso para o projeto.
LEOPOLDO: - Sim
ANDREZA: - A Globo está produzindo agora o Troféu Globo Minas. Vocês fazem do
campeonato brasileiro e eles fazem do campeonato mineiro. Você acha que é só
coincidência ou eles quiseram adquirir este formato, montar uma coisa parecida?
LEOPOLDO: - Coincidência se fosse no mesmo ano né. Porque assim, às vezes os
projetos são estrategicamente elaborados em segredo. No momento certo de você
110
lançar é que você faz publicidade disso né, as chamadas, os anúncios, as
badalações né. Se fosse tudo no mesmo ano né, “pô, nós criamos aqui e tudo no
mesmo ano e tal”... Mas não foi.
- Há diferenças fundamentais, óbvio, das competições, mesmo porque eles
tem a rede que faz depois o do Brasileiro né, mas em termos de concorrência
regional, não creio que seja uma coincidência. É claro que, assim, não é privilégio de
ninguém, Troféu todo mundo tem, troféus aí de todo tipo de premiação, não só no
esporte. A gente procurou fazer um que fosse totalmente diferente, para variar.
Porque se vai fazer um programa de esporte, então, peraí, nós vamos botar então
uma bancada.... botar torcedor, botar isso, botar aquilo... A gente tem essa
necessidade de ser diferente. A gente quando eu falo a gente como Alterosa, uma
emissora regional, uma emissora que luta com dificuldades. Ou você faz um troço
que vai pegar ou então você tá ferrado porque eu vou ter o padrão que tem as
outras emissoras que tem bilhões de reais pra gastar? Não vou né?!
- Aí, quê que vai ser? Oh, a primeira coisa: “o nome do troféu tem que ser
uma pessoa em vida”. Que é uma sacanagem você fazer uma homenagem pra
quem já morreu. Telê estava vivíssimo na época. A família aceitou né... Ele. Mas a
família toda abraçou. Sem um centavo de contrato, de nada disso. “Onde é que eu
assino?” - Foi a resposta que ele deu depois que a gente expôs a idéia pra ele. Pra
ceder né, o nome... E uma das coisas mais importantes do projeto que ele gostou foi
exatamente essa democracia, essa popularidade do formato do troféu. O público vai
ser o peso maior na escolha dos maiores do ano. Isso pra ele foi super legal. Que é
um diferencial com relação a outros troféus super bem sucedidos, em que são
cronistas que escolhem, veículos e tal.
- No nosso tem veículos, tem ex-craques e tem o público. E o peso do público
sempre foi e sempre será maior. Diminuiu um pouco ao longo dos anos, pra gente
dar uma equilibrada na paixão, mas sempre será maior que o dos outros formatos.
Então, ele tem a participação do público na escolha do craque do ano, na escolha
dos que vão ser indicados, depois para uma nova disputa que tem o público de novo
votando. Então ele é extremamente popular, democrático e precisa do voto dessas
pessoas que acompanham né.. o torcedor... e tal.. E a gente, embora seja no palácio
das artes, aquela coisa pomposa e tudo. A gente dá umas quebradas também... O
Fábio quando ganhou como craque do ano por exemplo, foi o fã-clube dele que
subiu em cima do palco.
111
ANDREZA: - Uma quebrada no protocolo...
LEOPOLDO: - O protocolo também tem que ser quebrado. Porque né, a gente tem
que estar sempre próximo dessas coisas que são mais naturais.
ANDREZA: - Pra gente falar agora da audiência. Porque, como você mesmo citou
os bilhões aí. É claro que você faz o programa para buscar o seu lucro, e a gente
mesmo citou o merchandising que tá dentro do Alterosa. E aí essa receita da
publicidade vem a partir dos números que você gera na emissora. E aí essa busca
pela manutenção do primeiro lugar para o sucesso. Você acha que a audiência é o
principal motivador desse aprimoramento?
LEOPOLDO: É... quando a gente não tinha a ferramenta do Ibope como tem hoje.
Eram pesquisas que eram feitas literalmente no caderno. Os nossos pesquisadores
iam de porta em porta e a medição disso era muito demorada. Os números, você
tinha acesso um mês depois. Essa guerra diária, esse stress todo, ele não existia.
Você fazia uma coisa querendo dar audiência, mas o retorno imediato que você
tinha era se alguém te reconhecesse na rua, a quantidade de e-mails ou de
telefonemas que você pudesse receber.
- A repercussão que isso aí dava. A imprensa inteira correndo atrás de uma
coisa que você noticiou, enfim... Isso eu falo assim nos primeiros momentos do
crescimento de audiência da TV Alterosa, que foi com a criação do Aqui agora,
mudança do jornal, a criação um pouco depois do Alterosa Esporte dentro deste
formato. Isso aí de 92 pra frente. Depois que começou essa medição no
peoplemeter que era diária e tudo, aí a sua guerra fica mais enlouquecida, porque aí
é minuto a minuto e você vê a matéria que deu certo, a que não deu certo, o que o
concorrente tinha na hora. “Pô, mas eles estavam lá com esse negócio e ganharam,
será que é isso então que eu tenho que fazer pra ganhar deles?” Fica essa loucura.
E vai só piorando porque, hoje é tempo real,quer dizer, tá com determinada situação
no ar e diz: Oh! Isso aí, derrubou aqui! Aí você pensa: “E agora né?” (risos) Corto a
matéria? Ou se for outro tipo de coisa, se for comentário é mais fácil né? “Ishi esse
comentário não ta dando não, os caras estão com preguiça desse fulano que ta
falando aí” ( gestos representando corte)”, “vão, vão, vão, que isso aí ta derrubando”
(risos). É assim que acontece, quando você vê uma atração num programa ao vivo,
de auditório. O cara chega lá pra cantar uma música e canta 3 ou 4, é porque ta
dando Ibope, porque o cara ta em tempo real lá medindo. Então, as estratégias são
em função disso.
112
- Assim, eu falo com a equipe, quase que diariamente. “Olha gente, não
adianta a gente ter certas nostalgias do tempo em que eu fazia uma matéria de 2
minutos do Zé Mané apresentando.... porque se isso aí der certo, legal, vamos fazer
mais mil vezes, se isso não deu certo, nós temos que ver a forma de continuar
fazendo, se aquilo for notícia. Vou dar um exemplo bem claro, pra entender melhor:
“hummm... Campeonato Mineiro né, uma matéria do time lá da cidade do norte de
Minas, fulano de tal, vai te dar um ibope na capital? A notícia se o Antoninho vai
jogar?” Não, não vai. Então, mas eu sou mineiro, eu pego no estado todo. A região
lá ta empolgada com esse time que acabou de subir para a primeira divisão, e aí?
Jornalisticamente é importante porque ele vai jogar com o Cruzeiro, com o Atlético
ou com América? O quê que eu faço para esse cara não derrubar meu ibope? E aí?
E aí entram as estratégias. O tempo não vai ser longo, tem que ser atraente para
todo tipo de público, não só para o torcedor do Antoninho, né? Então, essas coisas,
a gente vai fazer, em função da audiência, é óbvio.
- Hoje não tem jeito né. Posso fazer um programa maravilhoso, Trazer aqui
sumidades da medicina esportiva, discussões profundas sobre a evolução da
cirurgia no joelho, que é importante até pro peladeiro. Pô, cerquei tudo, aí deu 2
pontos né. Nossa! Não tem jeito. Não fica no ar. Tenho que mostrar o Dadá
dançando mesmo.
ANDREZA: - O Dadá de Bin Laden, né?
LEOPOLDO: - É claro que eles estão fazendo essas coisas, com informação né.
Porque senão a gente ia fazer só um programa de humor em outro horário, e aí o
escândalo ia ser maior né, mas não é o caso. O que eu estou tentando explicar é
exatamente isso. Em função de audiência. A gente trabalha em função de audiência
sim, mas não podemos esquecer que a gente faz jornalismo. Então, assim, se há
uma informação que precisa ser dada e ela não vai dar nenhuma audiência nesse
aspecto assim, “ah, ela não tem atraente nenhum, não tem ninguém pelado na
matéria e agora?” É jornalisticamente importante? Tá.
- Dou um exemplo: No RolandGarros Guga tri-campeão e tal, todo mundo
falando. Vamos dar essa matéria, o SBT gerou pra gente, o Guga é importante né?
Derrubou o Ibope! Alguns pontinhos. Nossa, o nosso Ibope tá altíssimo né. Aí
entrou o Tênis e Tum ( caindo). Aí você vai numa faculdade de jornalismo aí tem lá
meia dúzia de alunos e pergunta assim: “Escuta, porque que o seu programa só tem
futebol?” Falei ah, porque eu ponho o Tênis do Guga campeão de RolandGarros e
113
cai o Ibope. Então um monte de algumas coisas, a gente acompanha, a gente tem o
vôlei, a gente coloca também, mas não vai ser nunca na mesma proporção,
porque...
ANDREZA: - Futebol é a paixão nacional né?
LEOPOLDO: - É a paixão nacional, é o carro chefe, não tem jeito.
ANDREZA: - E na sua opinião, Teria espaço para um programa exatamente idêntico
ao Alterosa Esporte em outras emissoras, talvez como a Globo?
LEOPOLDO:-Olha...
ANDREZA: - Você encontraria essa mesma liberdade que você tem na Alterosa, na
Globo?
LEOPOLDO: - Ah, não não... pelo formato da emissora, pela proposta, pelos
compromissos que ela tem com os eventos né. Por uma série de coisas, não tem.
No auge, volto a dizer, quando cresceu demais a audiência do Alterosa Esporte a
ponto de a gente derrubar os concorrentes, tentou-se fazer isto, de torcedor e tal.
Mas não era igual, era uma coisa dentro dos moldes que ela sabe, ou gosta, ou
precisa fazer né. Então, não vejo assim espaço não. Canais de TV Fechada, canais
de esporte, tem coisas muito irreverentes, bem nesta linguagem. Mas eles ainda
não.
ANDREZA: - Talvez não tenha espaço mesmo né?
LEOPOLDO: - Talvez não tenha , talvez seja uma decisão, definitivamente nós não
vamos botar esse tipo de coisa no ar né... Então, cada um na sua.
ANDREZA: - Muito obrigada Leopoldo.
LEOPOLDO: -Nada.
114
Apêndice O – Transcrição de entrevista com Guilherme Mendes
ENTREVISTA
Entrevistado: Guilherme Mendes
ANDREZA: - O Globo Esporte tem que seguir algumas regras, tem que seguir a
hierarquia do veículo. Eu queria saber, na sua opinião, quais são as amarras que
prendem o Globo Esporte enquanto um programa local.
GUILHERME: - Primeiro, deixa eu contar só um pouquinho da história, pra você
entender.
ANDREZA: - Pode contar.
GUILHERME: - O Globo Esporte antigamente tinha apenas um bloco, que era
chamado de bloco local. O restante da edição era uma edição nacional e a gente
passava o Globo Esporte do Rio de Janeiro. E a TV Globo Minas tinha um gestor,
um diretor geral, que ele não era propriamente o comandante da empresa. Ele era
uma espécie de representante da família Marinho em Belo Horizonte. Então, a área
de jornalismo de BH se reportava ao jornalismo do Rio de Janeiro, as engenharias, a
mesma coisa, a área comercial também.
- Em 2006, 2007, quando faleceu o senhor Yves Alves se não me engano ele
deve ter morrido em 2006, a direção, a família Marinho, resolveu regionalizar a
empresa. Mudar o formato da administração. Então eles resolveram ter um diretor
que realmente fosse uma pessoa que respondesse por todas as áreas. E eles
nomearam Marcelo Matt que ta aí até hoje, marido da Isabela Scalabrini. A Isabela
Scalabrini é uma das primeiras repórteres do Globo Esporte na época do Rio de
Janeiro. Ela é mineira aqui de Venda Nova mas ela ficou famosa e fez a carreira
dela no Rio de Janeiro como repórter do Globo Esporte. Eles vieram pra cá em
1997. Quando o Marcelo chegou aqui, ele se deparou com um quadro em que as
pessoas falavam que a TV Globo era muito carioca.
115
- E ele tinha o desafio de melhorar a audiência e principalmente o
faturamento. Naquela época a gente tinha na programação o que na área comercial
eles chamam de calhau. Calhau é toda vez que você tem um espaço que você não
vendeu, aí você roda uma propaganda institucional. Então roda uma chamada de
novela, ou roda alguma coisa “cuidado com o trânsito”, “troque a seta”, “Globo a
gente se vê por aqui”, então esse tipo de comercial que eles rodam, é exatamente
porque faltou alguma coisa comercializada ali. E tinha muito disso na programação.
Então o Marcelo percebeu que pra aumentar o faturamento da empresa, a Globo de
Belo Horizonte precisava ter uma cara de Minas. Não podia ter essa identificação
tamanha com o Rio de Janeiro. E ele fez duas coisas que foram muito interessantes.
Ele criou o Terra de Minas e criou o Globo Esporte todo local. E aí nós deixamos de
produzir um bloco de 5 minutos e passamos para uma edição de 22, 23 minutos,
né?
ANDREZA: - Sim.
GUILHERME: - O que fez aumentar o número de equipes, o número de repórteres,
editores, cinegrafistas. E criou-se uma estrutura maior do que a gente tinha.
Passamos a ter equipamentos próprios, carros, cinegrafistas. Porque primeiro, tudo
a gente pegava com a geral. O repórter era do esporte, o apresentador, o editor,
mas o cinegrafista era da geral, o carro era da geral, o equipamento era da geral. E
a gente chegava lá com uma pauta: “Tô precisando aqui de uma equipe” – “Ah, hoje
não tenho”. Quando ele fez essa transformação, criou-se uma estrutura que fosse
compatível com o departamento. Isso foi em 1997. Em 1998, se eu não estou
equivocado, foi criado o Alterosa Esporte.
ANDREZA: - Foi isto mesmo, em 98.
GUILHERME: - E no começo o Alterosa Esporte não trouxe nenhuma preocupação
para a Globo, a audiência era muito baixa. Dava 1 ponto, quando dava 2, no
máximo. Até que em 99 aconteceu um fenômeno, quando o Atlético chegou na
decisão do Campeonato Brasileiro. Então aquele formato de brincadeira e muita
irreverência. Opinião minha, tá? Eu acho que o Atleticano se identificou muito com o
apelo. Com a proposta do Alterosa Esporte. E aí eles subiram muito de audiência e
depois se travou uma guerra para tentar combater.
- Em 2001 nós tivemos o ponto máximo da crise. O Alterosa Esporte dava 21,
22 pontos de audiência e o Globo Esporte dava 12. Foi o momento mais crítico. Foi
quando houve uma transformação na Globo. Mais uma transformação. Eu passei
116
para apresentação do Globo Esporte, depois eu assumi a chefia do departamento e
entrei com umas coisas que eu achava que eram mais arrojadas. E naquela época
eu tentei fazer... assim... a minha proposta era de ousar o Globo Esporte. A Globo
tinha começado com o Big Brother. Eu coloquei o Big Brother ao vivo dentro do
Globo Esporte. Na primeira edição que tinha o Bambam, lembra?
ANDREZA: -Lembro.
GUILHERME: - Com aquela...
ANDREZA: - Maria Eugênia.
GUILHERME: - Com a Maria Eugênia, e quando eu vi que aquele negócio começou
a dar certo, eu falei: “Pô, fica o dia inteiro o sinal lá no nosso controle mestre, a
gente tinha imagem da casa o dia inteiro. Porque quê eu não vou colocar? – E
vamos dar um pulinho lá na casa pra ver o que está acontecendo no Big Brother e
tal...” Criei um telão, que era virtual, na verdade ele não existia, que foi o primeiro
telão virtual que a Globo criou, foi aqui em Belo Horizonte. Quando eu me virava
assim na verdade eu olhava para um monitor pequenininho, só que o telespectador
em casa via, através de um cromaqui, um telão enorme. E eu interagia com aquela
tela. Aí criei o repórter participativo. Eu tinha a Lia Lombardi que era uma loirinha
muito corajosa e fazia uma coisa muito interessante. Eu fiz ela descer de rapel no
centro da cidade. Botei ela dentro do globo da morte, tudo ao vivo. E comecei a
ousar, e a audiência começou a subir.
- Mas rapidinho veio uma ordem do Rio, prá parar com um monte de coisa,
então eu senti na pele exatamente esse negócio de não poder inventar tanto. Tive
que parar com o Big Brother. Tive que parar com as aventuras ao vivo da repórter. E
comecei com um quadro de humor... Dois humoristas aqui de Belo Horizonte, o
Amauri Reis e o Carlos Nunes me procuraram com um negócio que é muito bacana.
A gente pedia para o telespectador mandar uma história engraçada que ele tivesse
vivido em torno do futebol e os dois de forma bem humorada contavam isso. Então a
gente fazia uma gravação, um quadro de 3, 4 minutos, e a gente narrava de uma
forma bem humorada o episódio que tinha se passado com alguém. Em pouco
tempo depois, a Globo também mandou parar com isso. Criei um concurso de
garota pomponete. E aquilo ali, de uma forma inesperada, sem nenhuma pretensão.
Nós fizemos muito mais porque a coordenadora das pomponentes me procurava
sempre pra falar “Guilherme, valoriza as minhas meninas. As meninas não ganham
nada. Chegam cedo lá na sede do Atlético, pegam ônibus até o Mineirão, não
117
almoçam, ficam lá nas coreografias, vão embora, depois não tem reconhecimento
nenhum. Valoriza as minhas meninas!” Falei: “Olha Janete, vamos criar um concurso
para eleger a pomponete mais bonita” E era pra ser uma coisa bem simplesinha e o
negócio foi um sucesso e a audiência começou a subir.
- Então quando a gente olhava minuto a minuto do Globo Esporte, a gente via
que quando entrava o concurso das garotas, eu tinha mais gente assistindo ao
Globo Esporte. Foi no final de 2001. Quando começou 2002, nós fizemos o concurso
Garota Globo Esporte. Cada menina tinha que praticar um determinado esporte.
Tinha tenista, menina que cavalgava, que jogava futebol, que jogava vôlei, basquete,
tinha uma que nadava. Só menina bonita que a gente escolheu nas academias de
Belo Horizonte. E a audiência tá que sobe. Então eu fui experimentando algumas
coisas e vi: “Pô, o Globo Esporte tem que ter o quê? Mulher”.
- Tinha que ter mulher bonita. Quem assiste, o público básico do Globo
Esporte é o público masculino. Homem gosta de mulher bonita, então eu tinha que
ter mulher no Globo Esporte. Eu tenho que ter humor, as pessoas se divertem, elas
querem rir. Elas não querem só aquela coisa pesada do dia-dia. Eu posso ter
alguma coisa que foge um pouco do esporte mas que o público do esporte gosta,
que era o Big Brother. Então juntando isso tudo. Mas de uma hora pra outra, veio o
Stop. Pára, porque você tá deixando de fazer o Globo Esporte e você tá começando
a descaracterizar demais o programa. E aí nós voltamos para o que era a linha
editorial antiga e nesse ponto a gente tava bem de audiência, estava com 22 pontos
de audiência. Aí voltamos para o modelo antigo.
ANDREZA: - Foi um retrocesso, né?
GUILHERME: - O Globo Esporte começou a cair, cair, foi quando eu achei que eu
precisava colocar uma mulher na apresentação. Se eu não podia fazer um concurso
de mulher, eu pelo menos podia ter uma mulher bonita na apresentação do Globo
Esporte. Mas hoje eles fazem a Musa do Brasileirão né... Cada time tem sua
bonitona.
ANDREZA: - Cada dia num traje menor...
GUILHERME: - É... cada dia num traje menor.
- E aí nós tivemos que voltar para o modelo antigo, e a audiência começou a
cair, e em 2006, eu me desliguei da emissora. Quando eu saí, o Tadeu Schimidt já
estava no Bom dia Brasil fazendo aquele quadro esportivo com uma linguagem
diferente. Engraçada e tal. E isso tava começando a virar uma coqueluche dentro da
118
Globo. Era um jornalista que já estava lá no Rio de Janeiro, Tinha saído de Brasília,
tinha ido pro Rio, ficou uns 3 ou 4 anos no anonimato. Sabe, ninguém dava
importância pro Tadeu. E quem apresentava o esporte do Bom dia Brasil era o
Maurício Torres. Aí a Globo tirou o Maurício, ficou aquela lacuna, um horário difícil e
ingrato. Pra você apresentar o esporte você tem que chegar lá às 4h30 da manhã. E
aí convidaram o Tadeu.
- E o Tadeu começou com um textozinho diferente “Você tá vendo essa bola
que bateu na trave? No segundo tempo ela bateu na mesma trave, só que ajudou o
outro goleiro, que coincidência né...” E aí ele foi brincando com a linguagem. Eu
acho que aí está a grande transformação. Esse é o principal momento em que a
Globo deu esta guinada. Um ano e pouco depois o Tadeu já foi pra Copa do Mundo,
ninguém cogitava o Tadeu na cobertura. Foi parar no Fantástico e virou uma
referência lá dentro. Hoje, acompanhando a distância, eu percebo que todo mundo
lá dentro quer ser o Tadeu Schimidt. Todo mundo quer ter aquele estilo de texto. O
que é muito difícil. Porque, você ser engraçado é um negócio complicado. Você
conseguir arrancar risada das pessoas com um humor que agrade a todos é
complicado. Mas se você tiver a proposta de ser uma pessoa normal, serena e
equilibrada, você pode até não agradar demais, mas você não vai desagradar. O
que é a filosofia da Globo. Vamos trabalhar dentro de uma coisa reta.
ANDREZA: - Bem linear, né?
GUILHERME: - Bem linear né.. “Não vamos ousar”. Quando eles perceberam que o
estilo do Tadeu deu certo, e o telespectador tava pedindo por uma coisa diferente,
eles resolveram apostar. Aí, mais tarde, em um outro momento, apareceu o Tiago
Leifert lá em São Paulo. Aí o Thiago apareceu lá em São Paulo com essa proposta
de se fazer um Globo Esporte diferente. O Globo Esporte lá de São Paulo vivia uma
grande crise. Audiência baixíssima, e eles perdendo para programas, para canais de
televisão que tinham principalmente programação infantil no horário. O que também
é fácil de você entender o porquê. Eu custei pra acreditar que a Globo não chegou a
essa conclusão.
- Nas grandes cidades, na hora do almoço, em casa, você tem um público
infantil. O adulto não vai mais em casa almoçar, ele almoça na rua. Até mesmo os
estudantes, que saem da escola, eles costumam fazer um lanche e no início da
tarde tem uma aula de línguas, ou vai para uma academia de musculação, ou vai
praticar um esporte. Ele tem outras atividades. Quem tá em casa na hora do almoço
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é público infantil e dona de casa. Ponto. Porque que o Globo Esporte de São Paulo
perdia? Porque fazia um estilo de programa para um público adulto. Um outro erro
estratégico que eles cometeram lá em São Paulo era... a maior torcida de São Paulo
é a do Corinthians. Então o conteúdo do Corinthians era muito no programa. Não, a
maior torcida de São Paulo não é a do Corinthians, é a anti-corinthiana. Se você
somar Palmeirense, São Paulino e Santista, eles são maiores. Então esse foi um
outro erro de estratégia. A torcida do Corinthians não é a maior, vocês estão
desagradando a maior parte dos telespectadores de vocês. Aí chega o Tiago com o
projetinho dele debaixo do braço, se propondo a fazer um programa pra quem, para
um público juvenil. Calça rasgada, sapatênis, barba às vezes por fazer, né? O modo
como ele se veste, como ele se apresenta e o estilo de linguagem que ele resolveu
adotar. Muita coisa improvisada sem usar o teleprompter né.
- E aí o Globo Esporte de São Paulo, que vivia momentos horrorosos,
começou novamente a subir. Então eu te contei a minha experiência em Minas, te
contei a experiência de São Paulo, e mais a do Tadeu. Eu acho que foi isso tudo que
a Globo imaginou que era o momento de dar uma guinada. Nós estamos vivendo
uma outra realidade. Quem está nos assistindo? Qual é o maior público que tem
hoje? É o público acima de 50 anos? Não é, né. Se nós olharmos a nossa pirâmide,
no Brasil, é um público jovem que compõe a base da nossa pirâmide, e é esse
público que a televisão tem que pegar. Eles são os novos telespectadores. O que
que a moçada quer hoje? A moçada não quer um jornal careta. Aí o William Bonner
foi pra bancada do Jornal Nacional com a Fátima Bernardes. Com um
enquadramento aberto, um conversa com o outro. O Bonner usa até um anel, que a
Globo jamais poderia admitir aquilo, bate um papo com os repórteres. O texto do
vivo do repórter que antes era todo decorado, você tinha que fazer um texto. Antes
do jornal ir ao ar, você tinha que passar o texto para a emissora. Eles diziam sim ou
não e você tinha que trocar as palavras e vírgulas, você decorava aquele texto e
ficava no teleprompter do telespectador.
- Qualquer coisinha eles tiravam o repórter e o apresentador continuava
lendo. Hoje eles nem decoram mais textos, o repórter tem total liberdade para ele
dizer o que bem pensa. Ele tem só o tempo dele definido, porque nós estamos
vivendo uma nova realidade. A humanidade mudou. As expectativas são outras.
Então, do quê que a gente precisa hoje, de moça bonita apresentando. A garotada
quer isso. Se você tem homem apresentando, eles querem garotões apresentando.
120
uma linguagem diferente, irreverente, extrovertida, bem humorada. Então a Globo
enxergou isso. O Alterosa Esporte, eles apostaram, lá atrás, numa polêmica. Vamos
ter polêmica o jornal inteiro. Quanto mais o cruzeirense puder alfinetar o atleticano e
vice-versa, melhor. Eles apostaram nesse estilo. Aonde eu acho que o Alterosa
Esporte está pecando. Eles até hoje não enxergaram que eles precisam mudar esse
formato que está aí. Hoje (16.06.2011) por exemplo tava lá “Os embalos de sábado
à noite”. Tem Cruzeiro e América no próximo sábado às 9h da noite, aí tava lá o
Vibrantinho com óculos escuros. O Toledinho com óculos escuros. Dançaram,
botaram gelo seco no estúdio, música e tal. Eles estão tentando encontrar um
formato engraçado mas eles estão errando a mão. Eles ainda não descobriram
como é que eles vão ser irreverentes.
- É muito difícil, quando você entra num período de crise, você saber inovar e
inovar da forma correta. Mas ao mesmo tempo você tem hoje ferramentas
importantes, você tem pesquisas de opinião publica, que te ajudam. O ibope, você
tem minuto a minuto. Então, você sabe quando você tem um determinado VT no ar.
Uma polêmica, um debate, a apresentação, como é que o telespectador tá reagindo
àquilo. Quando desce, é porque não gostou. Se o ibope cai, é porque naquele
determinado momento o assunto não sustentou a audiência. Quando sobe. Opa! É
isso aqui que o telespectador gosta.
ANDREZA: - Você acha que a partir do momento em que o Globo Esporte passou
desse formato de 6 minutos para um formato de 20 minutos, ele ganhou uma certa
autonomia para produzir, né? E pelo que eu percebi, muito dessa irreverência, desse
bom humor, desses jogos de palavras, é uma tendência global, é uma tendência dos
meios de comunicação em geral. Inclusive na Globo. Mas muito disso eu acredito
que seja devido a um pouco de irreverência, desse jeito descontraído e irreverente
que o Alterosa trouxe para a tela. Ao mesmo tempo, o Alterosa Esporte busca
modernização, busca melhorar sua estrutura, um aprimoramento constante. Você
acha que é uma troca contínua entre esses dois programas? Entre a concorrência
em geral? Quer dizer, meu concorrente está ali e eu preciso melhorar para
acompanhar...
GUILHERME: - Não. No começo, quando o Alterosa Esporte entrou com a proposta
de ter muita notícia local numa produção de meia hora. Dois, três vts dos times
daqui, eles obrigaram que o Globo Esporte também tivesse muita notícia dos times
de futebol. E quando o Globo Esporte passou a ter essa versão grande local,
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regional, não tinha só Cruzeiro, Atlético e América. A gente cobria muito o vôlei,
cobria esporte especializado. Tanto é que a gente dedicava a parte da manhã para
produção do futebol e no começo da tarde, toda tarde eu ia para a rua fazer uma
matéria sobre esporte especializada, todo começo de tarde.
- Até que o Alterosa Esporte chegou e começou a ganhar audiência. E o que
que tinha bastante e eles carregavam a mão deles, era muita matéria de Atlético e
Cruzeiro. Eles botavam Atlético e Cruzeiro e botavam a bancada pra debater. Em
um momento, a Globo viu a necessidade de fazer algo parecido com o que a
Alterosa estava fazendo. Tanto é que nós contratamos comentarista, levamos
comentarista par a bancada. Nós levamos o Dadá, levei o Éder Aleixo, o Palinha
teve um época com a gente. Chegamos a ter isso. Ter um mais voltado para o
Cruzeiro, um mais voltado para o Atlético e não com esse negócio de um ficar
provocando o outro.
ANDREZA: - Não é com aquela paixão...
GUILHERME: - É, lá tem horas que eles provocam um ao outro. A polêmica não se
sustenta, mas eles ficam tentando ali um alfinetar o outro. Então eu tinha, num
determinado momento, um comentarista pra falar só sobre o Cruzeiro e um pra falar
só sobre o Atlético. Não funcionou. “Opa! Não funcionou porque?” O torcedor não
quer isso na Globo. Ele tá gostando disso no Alterosa Esporte. Na Globo ele não
está esperando isso da gente. Ele quer alguma coisa diferente, mas ele quer muito
Atlético e Cruzeiro. Ele não quer mais ver Corinthians, não quer mais ver Flamengo,
no nosso jornal. Ele quer saber de Minas Gerais. A nossa aldeia é a coisa mais
importante que tem para o nosso torcedor.
- Hoje eu imagino o seguinte: a proposta que a Globo tem, nesse estilo de
Globo Esporte que a Globo faz, ela não tá preocupada com o Alterosa Esporte, Ela
não quer levar furo, Ela não quer deixar de ter a notícia que o concorrente tem. Essa
é a preocupação. Isso aí com certeza eles continuam monitorando. Mas eles não
estão preocupados com o desempenho da bancada, que já foi uma preocupação.
Tanto é que naquela época a gente tirou o Dario do Alterosa Esporte. Em 2002, se
não me engano, a Globo fez uma proposta e nós tiramos o Dario.
ANDREZA: - E ele veio com aquele jeito dele mesmo, meio brincado...
GUILHERME: - É. Foi uma estratégia de pensar assim, nós vamos dar uma
enfraquecida no adversário, vamos tirar uma peça importantíssima deles. O Dario é
a alma do programa e vamos ter no Globo Esporte a irreverência que talvez esteja
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nos faltando. Eram duas coisas que estavam se casando. E quer saber de uma
coisa? Não deu certo nem pra um, nem pra outro. A Alterosa no dia seguinte botou o
Dudu, que acho que a torcida do Atlético se encantou rapidinho com ele. E o
Dadána Globo nunca foi um Dada com cara de Globo. Ele não conseguiu ter isso
com a gente.
ANDREZA: - Porque não tinha aquela provocação constante também né...
GUILHERME: - Não, o perfil dele era um perfil bem mesmo cara de Alterosa, era
povão mesmo. Isso não é denegrir nada não, são estilos a que cada empresa se
propõe. O Dario é a cara do Alterosa Esporte, e não teve na Globo o fim que se
esperava. A parte irreverente do Dadá era sensacional, todo mundo adorava na
Globo, ele fazia o maior sucesso. Só que ele não podia ficar lá o tempo todo
brincando, porque tinha uma parte em que a gente precisava ter comentarista,
analista de futebol e ele não dava conta, entendeu?
- Então nós percebemos, depois de alguns meses, não adianta pegar o Dario
e colocar ele numa cabine para comentar o jogo com o Galvão Bueno, não vai sair
nada, e realmente foi uma decepção, né... Nesse aspecto, nós ficamos muito a
dever, e precisamos corrigir. Então, olha quanta coisa! Isso foram meses, de
desgaste, de aborrecimento. Quase me deprimi! Às vezes você apostava demais
num determinado ponto. Colocava, “pô, o torcedor vai gostar disso, vamos
arrebentar de audiência”. Chegava no dia seguinte, o boletim saía: Globo Esporte,
12. Não é possível. Alterosa Esporte, 20. Não é possível. E outras coisas em que a
gente não apostava começaram a dar certo.
- Então, pra quê que serve a audiência, é para te dar um parâmetro do que o
telespectador quer ver, do que ele gosta, e daquilo que ele se cansou. Então. Não
adianta você lutar contra a vontade do seu público. Não adianta você ter a idéia mais
mirabolante se aquilo ali não está satisfazendo as pessoas. E até hoje funciona
assim. Eu aqui tô fora de televisão, mas às vezes eu tenho uma idéia de implantar
alguma coisa na comunicação do Cruzeiro, que eu acho extraordinário. Eu chamo a
minha equipe eles me falam não. Bom, se eles estão falando não, é porque são
pessoas mais jovens, tem uma outra cabeça, uma outra visão, então você tem que
fazer uma concessão e aí que eu te falo, eu acho que a Alterosa não conseguiu
encontrar uma saída.
- O que eu vejo hoje é isso. Estão buscando o público dele. Porque a Globo
tem o público dela. Acho que o Globo Esporte Minas tá fazendo um esforço enorme
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pra tentar ser igual ao Globo Esporte de São Paulo, e não está conseguindo. Porque
são profissionais diferentes, que tem um outro perfil. Você é uma pessoa alegre,
você é uma pessoa alegre sempre. Eu posso circunstancialmente ou
momentaneamente estar descontraído, mas eu não consigo ser alegre o tempo
inteiro, eu não consigo ser divertido o tempo inteiro. Se você me colocar hoje para
apresentar o Globo Esporte eu vou ser um fracasso, nessa proposta que tem hoje.
ANDREZA: - Em comparação ao Tiago né?
GUILHERME: - Nessa proposta que vem com o Tiago hoje. A Glenda Kozlowsky é
uma pessoa naturalmente engraçada, ela é risonha 24 horas por dia. A Milena
Ciribeli que saiu e tá na Record, ela é assim 100%. Ela não faz tipo. Se você pedir
para o Lacombe que apresenta o Esporte Espetacular ser engraçado o tempo
inteiro, ele não vai conseguir. O Tiago é assim o tempo inteiro. ... Mas é uma fase de
transição né, nós estamos passando por uma fase de transformação e a tendência,
que aqui no Brasil tá demorando demais, é o sucesso da TV aberta acabar.
- Nos Estados Unidos, por exemplo, a audiência é muito segmentada. Se eu
quero ver esportes, eu vou ligar num canal de esporte se eu quero ver filme, eu vou
ligar no canal de filme, eu quero a previsão do tempo, eu tenho um canal que passa
24 horas pra mim. Eu quero ver a cotação da bolsa, a mesma coisa. No Brasil, a
gente tem um fenômeno, que chama-se TV Globo. Essa emissora não tem igual no
mundo. Não tem uma televisão que produza tanto conteúdo diversificado e com a
competência que eles produzem. Novela é um negócio extraordinário. No mundo,
ninguém faz novela como a Globo faz. O telejornalismo dela é sensacional, o
esporte dela também é muito bom, e tá melhorando cada vez mais.
- Então, isso é um fenômeno. Mas acho que daqui a uns anos, esse
fenômeno vai acabar. Vai acabar porque... Porque essa nova geração que ta
chegando aí agora né, a sua geração, a geração das minhas filhas, os mais jovens..
minha filha não perde tempo de ficar na frente da televisão assistindo TV Globo. Ela
quer filme, ela coloca num canal que passa filme. E acho que isso vai acontecer com
os jovens. Então, essa geração que tá vindo aí, vai diminuir bastante ( a visibilidade
da TV Globo). Eu fui da época, e não estou tão velho assim, sou da época em que o
Jornal Nacional chegou a dar 80 pontos de audiência. A última vez que eu ouvi falar
da audiência do jornal nacional, ele ainda liderava disparado mas estava dando 42
pontos. Ou seja, de primeiro o Brasil parava para ver o jornal nacional. Parava.
ANDREZA: - Aham, ninguém ia dormir sem o boa noite do Wiliam Bonner.
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GUILHERME: - Olha como que temos a audiência. Mas se você olhar que tem hoje
42 (pontos), se você olhar quantos telespectadores, com certeza vai ser maior em
número de telespectadores do que os 80 de antigamente. Porque nossa população
cresceu muito. A Globo chega. Em qualquer município do país a Globo chega. Isso é
um fenômeno. E ela é muito arrojada nesse aspecto. Ela tá sempre investindo.
Porque ela não quer perder isto. Ela é a empresa de comunicação que mais fatura
nesse país. Ela tem profissionais extremamente arrojados que estão antenados nas
mudanças de comportamento e de mercado. E acho que é o que peca na TV
Alterosa.
ANDREZA: - Como você mesmo disse, a maioria das mudanças é promovida de
acordo com o comportamento do público, Só que hoje em dia o comportamento do
público é medido por vários termômetros. Tem internet, é o ibope que agora é
minuto a minuto, é instantâneo. É o twitter, o e-mail. E o Alterosa Esporte utiliza mais
essa participação, pode ser até por uma menor riqueza na estrutura do programa, o
Alterosa Esporte utiliza muito essa coisa de twitter, essa coisa de ler o e-mail e já
responder ali na hora, inclusive com provocações à bancada. No Globo Esporte, a
participação do público, é claro, é ativa, é interativa, mas é um pouco mais oculta,
porque fazem hoje em dia enquetes, que o Alterosa Esporte faz demais. Faz
algumas enquetes, chamam pro site. E o público gosta disso, gosta de participar.
Você acha que se o Globo Esporte tivesse um quê a mais disso poderia se
aproximar mais do público que assiste diariamente?
GUILHERME: - Primeiro, eu queria fazer uma ressalva. Comparar Alterosa com a
Globo é sacanagem.
ANDREZA: - Sim, claro. Mas eu estou considerando o âmbito do Globo Esporte
Minas.
GUILHERME: - Porque, pelo que eu falei, as pessoas podem pensar: “Pô, esse cara
tá maluco”. A empresa Alterosa tem um mérito extraordinário, porque é uma
televisão ainda pequena, que teve a coragem de peitar a Globo, de partir para uma
briga de audiência com a Globo. Isso é um fenômeno. No Brasil, você vai encontrar
pouquíssimos casos de uma afiliada, uma rede menor do que a Globo conseguir o
que a Alterosa conseguiu. Então, o que eles conseguiram é extraordinário. Mas o
quê que eu acho que faltou lá dentro. Faltou alguém na Alterosa perceber, assim
como eles tiveram a idéia brilhante de criar o Alterosa Esporte. E quem criou o
Alterosa Esporte foi o Rogério Correa. Assim como eles tiveram a idéia lá atrás de
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ter a bancada, de ter um provocando o outro. Faltou num determinado momento
fala: “Opa, esse modelo gastou”.
- Tá na hora da gente mexer. Aonde que e percebo que a Globo hoje, dentro
daquilo que eu te falei que a TV aberta vai viver daqui a pouco a sua decadência, eu
acho que a Globo já enxergou que o futuro tá na web. Tanto é que de primeiro eles
não falavam nada a respeito da programação do sportv, a respeito da programação
da GloboNews. Não citava.
ANDREZA: - Sim, eram tidos como concorrentes.
GUILHERME: -É, porque a Globo não puxava, não valorizava o produto que
também é dela. Mas hoje eles falam direto na globo.com. Falam direto no G1. Toda
hora que tem enquete a apresentadora fala “ Entra aí no nosso site, o endereço ta
na tela. Participe e tal. E pelas notícias que a gente tem lá de dentro, eles estão
fazendo um investimento muito grande. Porque, porque o futuro é esse. Eu não vou
precisar chegar em casa, ligar a televisão para ver o telejornal. Eu vou ver no meu
telefone celular. É por isso que, devagarzinho, eles estão oferecendo tanto esse
produto na programação deles. Eles estão puxando para a enquete. Estão puxando
para uma coisa que a Alterosa fez, mas que a Globo está fazendo com muita força,
devagar mas também estão fazendo, chama-se interatividade.
- Todo mundo pode participar, todo mundo pode opinar. É claro que isso aí
tem um exagero muito grande. A cada 10 mil telespectadores que mandam
mensagem pra lá aparece de um ou de 2. Mas porque o Brasileiro hoje não quer só
consumir. Ele quer participar, ele quer ter oportunidade de dizer, eu gosto, eu não
gosto, eu quero isso e não quero. Tanto é que o twitter acho que é a maior
demonstração né, as pessoas estão ali o tempo inteiro colocando as suas posições,
as suas opiniões. Isso é uma coisa irreversível. E o Alterosa Esporte fez isso muito
bem no começo. A Itatiaia fez isso com o ‘seu nome e seu bairro’. ‘Seu nome e seu
bairro’ é uma interatividade que deu certo. O cara vai lá pra porta do estádio depois
do jogo, o torcedor tá louco pra desabafar, reclamar do time dele e do jogador, e ele
ta lá pra dar ouvido ao que o torcedor tem a dizer. Esse é um processo irreversível.
Ninguém vai conseguir cortar isso. Eu só acho que a interatividade precisa ter um
certo controle.
- A porta foi aberta, escancarada. Qualquer um pode entrar, reclamar e vai embora.
Eu acho que as empresas de comunicação deveriam tomar cuidado. Acho que foi
importante, para não fugir à sua pergunta. Acho que foi importante o que a Alterosa
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fez, ela talvez tenha sido pioneira aqui em Minas Gerais em dar espaço para o
torcedor. Isso é muito importante, é positivo, e é bacana. Mas isso precisa de um
controle. A Globo, ela tem medo. Então, o que ela tá fazendo, ela tá usando uma
outra porta. Ela tá usando a globo.com, o programa que eles tem na globo.com, se
chama “Na rede”, com Bob Faria. É um exemplo clássico de interatividade. Ele ta lá
sentado com o computadorzinho dele, o Ipad. O torcedor tá mandando pergunta.
- Eles devem fazer uma pré-seleção, mas o programa é muito baseado em
perguntas e interatividade. Esse é o forte do programa. Acho que eles estão usando
aquilo ali como um piloto. Nós podemos fazer isso amanhã na TV aberta? Nós
vamos correr risco? Acho que estão usando isso aí como um piloto. E o retorno que
a gente tem de lá é sempre de que tá sendo muito positivo. Eu acho que você
precisa caminhar. Esse é um desafio que está aí pra todo mundo. Está para mim, tá
pra você, ta pra todo mundo. Se nós tivermos a sacação que o Tadeu Schmidit teve,
nós vamos rachar de ganhar dinheiro, mas nós precisamos encontrar um formato
para a gente poder administrar isso.
ANDREZA: - A Alterosa produz o troféu Telê Santana, desde 2002, com
participação do público e tudo mais. E agora a Globo surgiu com o Troféu Globo
Minas. Existe uma diferença crucial entre os dois, pois o Troféu Telê Santana
baseia-se no Campeonato Brasileiro e o Troféu Globo Minas se baseia no
Campeonato Mineiro. Você acha que a Globo se espelho no sucesso do Troféu Telê
Santana para produzir o Troféu Globo Minas?
GUILHERME: - Não, Foi uma coincidência. Em 2001, eu apresentei um projeto para
a globo, para a gente premiar os melhores do ano. Em uma festa, talvez no
Automóvel Clube, ou no próprio Palácio das Artes, que é onde a Alterosa faz hoje, e
seria uma mega festa, seria o Oscar do esporte. E dentro dessa festa, no finalzinho,
nós íamos pegar, no formato do Oscar, cinco concorrentes de cada categoria. Os 5
na platéia, e anuncia e a câmera mostra eles lá acompanhando. E no final, nós
iríamos dar um carro 0km para o destaque do esporte de Minas. Não só do futebol,
mas de todos os esportes. Seria o Oscar do esporte mineiro.
- É claro que íamos carregar muito no futebol, mas nós também teríamos o
destaque no vôlei e dos outros esportes. E no final, nós íamos dar um carro 0 Km
para o maior destaque do ano. Eu fiz esse projeto e apresentei para a TV Globo. NO
que a TV Globo estava lá amadurecendo a idéia, a TV Alterosa lançou o troféu Telê
Santana, que foi uma sacação sensacional. Pegaram um dos maiores nomes da
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história do futebol mineiro e resolveram fazer em cima do futebol. E aí a Globo deu
uma recuada. Porque já tinha o Troféu Guará, a Alterosa vem com uma votação de
futebol num canal de televisão, e a Globo resolveu segurar. O quê que aconteceu?
Demorou demais para essa idéia amadurecer dentro da empresa. Quando eles
resolveram reativar o processo, resolveram fazer de uma forma diferente. Então
vamos fazer uma coisa que é muito importante para a Globo Minas, dentro daquele
processo de regionalização que eu te falei lá atrás. O quê que a TV Globo Minas
valoriza em Minas Gerais, o que a gente faz do futebol mineiro? Basicamente o que
é muito importante, transmitir o Campeonato Mineiro. Porque que nós não vamos
valorizar todos os times de Minas? Vamos valorizar o Guarani, o Vila Nova, o
América – TO, o Ipatinga, vamos valorizar todo mundo? Vamos. Então vamos criar
uma festa para premiar os melhores do Campeonato Mineiro. Vamos fazer uma
coisa voltada pra gente. Então foi isso, foram duas ideias que nasceram mais ou
menos no mesmo tempo, uma não copiou a outra não. Mas eram propostas também
diferentes. Só que no final, para não parecer que uma fez o que a outra tinha feito, aí
nós decidimos fazer uma festa que era só voltada para o Campeonato Mineiro.
ANDREZA: - Acho que tudo o que a gente conversou aqui chega em um ponto. Que
as transformações, as mudanças dos veículos de comunicação e no jornalismo
esportivo não seria diferente. Tudo vem de acordo com a reação do público e a
reação do público gera audiência e os índices de audiência vão gerar retorno
publicitário e é um ciclo, né. Então, eu queria que você sintetiza-se para mim, se
realmente essas mudanças no conteúdo, no formato, na linguagem dos programas
são só por causa da audiência ou tem algum outro fator que influencia?
GUILHERME: - Aí você definiu tudo.
ANDREZA: - Eu te respondi a minha pergunta, né?
GUILHERME: - Você me respondeu a sua pergunta. Pronto (risos)
ANDREZA: - Não tinha outro jeito de eu te perguntar! (risos)
GUILHERME: - A audiência, o ibope, ele existe pra mostrar o quanto você tem de
público te assistindo. Se você tem uma boa audiência ,você chega no mercado
publicitário e fala assim “Eu tenho um produto ótimo a te oferecer”. Você tem um
jornal que, naquele instante, é assistido por um milhão e meio de pessoas. O seu
produto vai ser visto por um milhão e meio de pessoas. Entendeu a importância da
audiência no mercado?
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- Se eu tenho uma audiência que é baixíssima, eu vou oferecer também no
mercado publicitário, só que o preço que eu vou pedir é outro. O preço tem que ser
compatível com a minha audiência. E aí você vê o caso da Globo, a Globo define
uma grade comercial, Então ela tem uma tabela. Aquela tabela ali é definida talvez
pelo Rio de Janeiro, pois é uma tabela mais fixa. Pra ela mexer naquela tabela é um
prejuízo enorme. Pra ela justificar que ela não vendeu um comercial por 100 mil e
teve que vender por 30 é porque ela só encontrou algum cliente que pagasse 30 em
função da audiência dela.
- Isso é um prejuízo enorme para os gestores também. Então, a audiência, ela
tá muito ligada à parte comercial, à parte de faturamento. Eu faturo se eu tiver
audiência, se eu não tiver audiência eu vou ganhar muito menos. Eu tenho um custo
para produzir. Se eu não conseguir cobrir nem meu custo, não está valendo a pena.
Pode até valer de forma institucional, é importante eu ter Minas Gerais na minha
grade, mas financeiramente não é importante. Aí você até banca. Você até paga
porque é importante, para sua imagem. Mas a audiência está muito relacionada à
parte comercial.
ANDREZA: Ok, Guilherme.
GUILHERME: Acabou?
ANDREZA: - Sim, obrigada!
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